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NOTÍCIAS EM DESTAQUE 4 DE MAIO
Caiu em desgraça - crise e repressão 'derretem' a promessa
Beto Richa Com 76% de desaprovação, tucano é criticado por ter afundado as finanças do Paraná
Professores em greve participam de assembléia na Avenida Paulista para definir os rumos da paralisação da
categoria. FOTO: NELSON ANTOINE / AE
Menos de sete meses se passaram desde que 3,3 milhões de votos reelegeram Beto Richa governador do
Paraná, ainda no primeiro turno. Naquele momento, havia quem apostasse que o tucano teria, no futuro,
capital político para alçar voos mais altos, quiçá até mesmo o Planalto. Com 49 anos e de perfil
conciliador, ele era, ao lado de Aécio Neves, visto como uma das caras da renovação do PSDB. Agora,
poucos dias após a Polícia Militar do Estado ter reprimido e jogado bombas em centenas de professores e
servidores que protestavam contra uma mudança na previdência estadual, a avaliação é que a reputação do
governador derreteu.
―Uma série de erros levaram o governador de presidenciável a uma situação de vala comum‘‖, afirma
Mario Sergio Lepre, cientista político da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Segundo o professor,
Richa subestimou o impacto negativo do pacote de austeridade fiscal que tenta aprovar para tentar aliviar a
crise financeira do Estado, parte dela produzida na sua gestão anterior. Na quarta, dia do protesto, foi
aprovado na Assembleia projeto que modifica o sistema previdenciário dos servidores públicos. ―Ele achou
que bastava ter maioria parlamentar, e se esqueceu que a democracia brasileira está muito mais complexa
do que há dez anos‖, diz. A mudança foi aprovada por 31 votos a 20, mas com parlamentares que integram
a base de sustentação de Richa votando contra a medida.
Lepre acredita que o governador superestimou seu capital político. ―Ele foi eleito no primeiro turno com o
Estado falido‖, afirma. ―Mas é preciso entender que o voto em Richa foi mais um voto de rejeição aos
demais candidatos do que um apoio entusiástico ao tucano.‖ O tucano concorreu contra o ex-governador
Roberto Requião (PMDB) e com a senadora Gleisi Hoffmann (PT).
Para o professor, ao isolar a assembleia e reprimir os professores Richa provavelmente aprofundou o
desgaste em sua popularidade, num panorama que pode ser comparado ao vivido pelo então governador do
Rio de Janeiro Sérgio Cabral no final de seu segundo mandato. Em 2014, a PM fluminense reprimiu com
violência professores e estudantes que se manifestavam contra o Governo, derrubando a popularidade de
Cabral – que se licenciou meses antes do término do mandato e não disputou nenhum cargo aquele ano.
Levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito em março aponta que 76% dos paranaenses desaprovam
seu Governo.
A reação de Richa após a violência da quarta-feira também não o ajudou. À Folha de S. Paulo, ele disse
que os policiais tiveram "uma reação natural da proteção da vida" e revidaram. O saldo de feridos - ao
menos 200 entre os manifestantes - e as imagens da repressão levantaram críticas e a Anistia Internacional
lançou nota cobrando o governador.
Rombo nas contas
Emerson Cervi, cientista política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que é preciso
diferenciar ―a trajetória eleitoral de Richa, que é extremamente positiva‖, de sua ―história administrativa‖.
De acordo com ele, o tucano não conseguiu emplacar sucessor após sua gestão na prefeitura de Curitiba
[2004-2010], "algo comum na capital‖.
Cervi acredita que a imagem de político ―jovem, competente e promissor‖ de Richa sai abalada após os
episódios da semana que passou, mas os grandes prejudicados serão seus aliados. ―Ele vai ter dificuldade
de transferir votos para deputados de seu grupo político que disputarão as eleições em 2016. Em especial
para quem for disputar a prefeitura da capital.‖
O pacote de austeridade proposto pelo Governo é uma tentativa de equilibrar as contas do Estado, que
fechou o ano de 2014 com um déficit de mais de 4 bilhões de reais, o segundo maior do país. Como
resultado, o pagamento de férias e 13o salário dos servidores foi atrasado e obras foram interrompidas. "O
que interessa para a população são as obras. As dívidas, nós vamos administrando", afirmou o governador
em entrevista à Folha de S. Paulo em fevereiro.
Em 2014, Richa justificou a crise econômica culpando o atraso de empréstimos e repasses do Governo
Federal. Seu novo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, disse em entrevista ao jornal Gazeta do
Povo que ―[o governo] errou no momento em que gastou mais do que devia. Se você faz um orçamento
acima das possibilidades de receita, você quebra o Estado".
Durante a campanha em 2014, Richa alegou ter recebido de Roberto Requião uma ―herança maldita‖ no
Governo, altamente endividado e com a máquina pública inchada. Para Cervi, ―o argumento da ‗herança
maldita‘ não vale. Assumir dívidas do antecessor não é uma variável, é uma constante. Houve má gestão
por parte do governador‖. De acordo com o professor, grande parte dos problemas fiscais do Estado se
desenvolveram nos últimos quatro anos, sob a batuta do tucano. ―Houve um inchaço da máquina pública,
em especial depois de 2012, quando o grupo político dele perdeu a prefeitura para o PDT e ele precisou
absorver funcionários comissionados do município no governo‖, afirma Cervi. Isso teria aumentado muito
os custos e reduzido o poder de investimento do Governo.
Para Carlos Magno Andrioli Bittencourt, coordenador do curso de Ciências Econômicas da PUC-PR, a
questão não é tão simples. ―Os oito anos do Governo do Roberto Requião [2003-2010] foram marcados por
um grande desenvolvimento da economia paranaense‖, afirma. O preço das commodities estava em alta, o
que levou o governador a ―realizar uma série de investimentos em serviços públicos‖. ―Quando a crise
econômica chegou, Richa foi eleito e herdou parte desses problemas. Havia hospitais construídos que não
haviam sido pagos.‖
De acordo com o professor, soma-se à ―herança maldita‖ deixada por Requião um orçamento mal
elaborado. ―A equipe econômica do Richa superestimou as receitas para 2014. O déficit nas contas
atualmente é decorrente disso‖, afirma. ―O Paraná tem a economia baseada no agronegócio. Com os preços
em baixa a arrecadação cai, e isso precisa ter sido levado em conta.‖ (FONTE: EL PAÍS)
PF investiga marqueteiro de Lula e Dilma por lavagem de
dinheiro João Santana é suspeito de 'triangulação' na lavanderia do PT
João Santana fez a campanha de Dilma, Lula, Haddad, Delcídio...
O marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais da presidente Dilma Rousseff e do seu
antecessor, Lula, é mais um petista enrolado em suspeita de corrupção e por isso mesmo virou alvo de
investigação da Polícia Federal.
A PF investiga uma triangulação, artimanha comum em maracutaias envolvendo recursos ilegais. Duas
empresas de Santana, inclusive a Pólis Propaganda e Marketing, são investigadas por receberem em 2012,
de empreiteiras brasileiras que atuam na África, como a Odebrecht, US$ 16 milhões (cerca de R$ 55
milhões, em valores atuais) como pagamento pela campanha que Santana fez para o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad (PT).
A forma indireta de receber um dinheiro devido pelo PT constitui crime de lavagem de dinheiro, segundo
suspeita a Polícia Federal.
João Santana - que já se declarou "militante" do PT - ganhou R$ 36 milhões pela campanha de Haddad, em
valores corrigidos, mas só recebeu a maior parte depois da eleição. Ele nega as irregularidades e diz que foi
―uma operação legal e totalmente transparente‖ e garante que ―o PT e somente o PT‖ pagou pelo seu
trabalho.
O inquérito sobre a Pólis, empresa do marqueteiro, foi aberto em 2015 pela PF depois que um órgão do
governo que combate a lavagem de dinheiro considerou atípica a operação que trouxe os US$ 16 milhões.
Segundo a investigação, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, os recursos trazidos ao Brasil por Santana
teriam sido lançados como pagamento pela campanha do presidente José Eduardo dos Santos, também em
2012.
A empresa de Santana e o próprio marqueteiro negaram as irregularidades. "O contrato com a campanha de
Angola foi de U$ 20 milhões, pagos pelo partido MPLA (partido do presidente angolano), depositados
numa conta da Pólis no Banco Sol, em Luanda, capital de Angola", explicou em nota .
"Desse total, US$ 16 milhões foram repatriados ao Brasil gerando uma guia de R$ 6,29 milhões em
pagamentos de impostos", detalhou. Em vídeo, Santana garantiu:"Eu não pago nada aos meus clientes.
Eles que pagam para mim", afirmou. (FONTE: DIÁRIO DO PODER)
Senador petista diz: 'O PT tem que se cuidar para não
perder a vergonha' Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), diz que o seu partido se arrisca ao perder prestígio e
respeito dos cidadãos, por repetir na política o que fazem outras legendas
A família Viana tem história no Acre. Wilde, pai de Sebastião e Jorge, fez uma longa carreira política no
estado antes de seus filhos se apoderarem do Palácio Rio Branco por quatro mandatos (Jorge, de 1998 a
2006 e Tião desde 2011). Engenheiro florestal, o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado,
começou na política empunhando a bandeira do meio ambiente nos anos 80, ao lado de Chico Mendes,
morto em 1988. Naquele período, fundou o Partido dos Trabalhadores no Acre e pavimentou o caminho
que fez dele prefeito, governador e senador. Viana orgulha-se de pertencer ao PT, por acreditar que os
governos Lula e Dilma ―melhoraram a vida do povo‖. Mas faz mea culpa e reconhece que seu partido erra:
―O PT se arrisca quando repete na política aquilo que os velhos partidos fazem. O PT tem que se cuidar
para não perder a vergonha‖. Viana também tece duras críticas ao sistema político brasileiro: ―O custo da
governabilidade é alto demais para quem governa. Este modelo de coalizão está com a validade vencida‖.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RN), disse que o pior do PT é o aparelhamento do
governo. Como o sr. vê essa provocação?
O presidente Renan não bateu no PT. Ele bateu numa modelagem política que, inclusive, muitas pessoas o
acusavam de praticar. Ele bateu muito no atual PMDB e fez uma dura crítica ao próprio ministro da
articulação institucional da Presidência, que é o vice-presidente Michel Temer. Ele foi duro nessas críticas,
ao dizer que o PMDB está seguindo um caminho de só pensar nos recursos humanos, em nomeações, e
teria o risco de virar o partido da boquinha, segundo palavras dele. Mas é realmente importante que haja,
neste momento, uma relação melhor entre PT e PMDB.
O que explica as constantes provocações de Renan, e também do presidente da Câmara, Eduardo Cunha?
O PMDB é um bicho de muitas cabeças. É um partido importante, ninguém governa sem o PMDB. Mas
governar com o PMDB é muito difícil. Há vários líderes no partido, Temer é um grande líder, Renan é um
grande líder, Eduardo Cunha outro, os ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Alves
(Turismo) também. O que existe hoje é um jogo de pesos envolvendo o PMDB da Câmara e o PMDB do
Senado, e isso aflora nesse posicionamento do presidente Renan. Há problemas nas relações PMDB-
governo, mas há mais problemas entre eles mesmos, do PMDB. O presidente Renan é crítico, é duro.
Cobra do governo, cobra da Câmara. Ganha prestígio no Senado quando propõe uma agenda que busque
maior protagonismo para a Casa. E uma coisa a gente não pode deixar de reconhecer: o presidente Renan
entrega a mercadoria. Ele assume compromissos e, na hora H, entra e ajuda a resolver aquilo que é de
interesse do próprio governo. Claro, com a independência que o presidente do Senado precisa ter. Isso é
importante. Já na Câmara, não vejo esse ambiente.
Falta cooperação entre os partidos para votar temas de interesse do país?
O presidente Renan, recentemente, disse algo interessante: o Congresso também é governo, governa o país.
Eu acho que isso todos os congressistas têm que entender. Não podemos ficar cumprindo um papel, como a
oposição tenta estabelecer, de que o Parlamento é o lugar de criar obstáculos, de dificultar a vida do
governo. Porque, com isso, a oposição faz um desserviço ao Brasil. A oposição se apequenou muito, não
tem protagonismo de nada. Hoje, a oposição tem apenas uma proposta: tentar impedir que o governo dê
certo. Com isso, trabalha para que o Brasil não dê certo.
Há quem diga que o partido que faz oposição, de fato, é o PMDB. Como o sr. responde a isso?
De alguma maneira isso tem razão. Eu também diria que, em alguns momentos, o papel que caberia à
oposição no país acaba sendo exercido pela imprensa. Os jornais, as TVs, as novas mídias assumem um
protagonismo que deveria ser assumido pela oposição, que está sempre a reboque de alguém ou de algum
tema levantado pela imprensa. E olha que a oposição tem quadros importantes, mas eles não conseguem
avançar em nada. O Aécio Neves é uma liderança importante, mas se apequena quando opta por um
discurso de baixo nível. Poderia estar propondo grandes temas para o país debater. Aécio deveria falar
menos e falar de temas importantes. A oposição parece não querer que 2014 acabe, mas 2014 acabou em
31 de dezembro. As eleições ficaram para trás. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já deu o seu veredicto.
Mas a oposição teima em querer que 2014 não termine e que 2015 não comece.
Semana passada, o TSE condenou o PT a pagar R$ 4,9 milhões por irregularidades na campanha da
presidenta Dilma Rousseff em 2010. Essa nova condenação abre brecha para pedidos de impeachment da
presidenta?
Hoje em dia, posições parciais, sejam do TCU (Tribunal de Contas da União), sejam do TSE ou de outros
tribunais, são consideradas sentenças obrigatórias. Isso é lamentável. A oposição faz muito isso. Eu não
tenho dúvida de que é uma irresponsabilidade alguns componentes da oposição (porque eu não posso
generalizar) pedirem o impeachment da presidenta Dilma. Isso é um desserviço ao país. A oposição tem
um papel muito importante nesta hora, em que o país precisa debater saídas para a crise econômica, saídas
para voltar a crescer, para que a gente possa transformar a educação na maior prioridade, para que se tenha
o desenvolvimento regional acontecendo. Mas não. A oposição insiste num discurso de uma nota só,
desqualificado e sem nenhum protagonismo.
Como o governo deve reagir aos questionamentos pelo impeachment?
O que eu acho é que o governo tem que governar. Nós demoramos a entender isso, o que foi um erro. A
presidenta Dilma errou, por exemplo, no timing de estabelecer um diálogo com a sociedade, após a eleição.
Ela falava 10 minutos por dia no processo eleitoral. Depois, passou dois meses sem dar palavra nenhuma.
Ficaram valendo só as versões de quem não se conformava com o resultado das eleições. Nós erramos ali.
E como fazer o governo deslanchar após essa paralisia que se viu nesses quatro meses?
Eu sei que a presidenta tem importantes e grandes projetos para o país, sobretudo na área de infraestrutura,
que podem ser a melhor sustentação para a gente enfrentar a crise. Não se enfrenta a crise econômica com
recessão. A gente tinha que seguir o exemplo dos EUA, que criaram mecanismos inteligentes de retomada
de investimentos, de parcerias com o setor privado. A presidenta está fazendo isso, ao anunciar novas
concessões, que não são privatizações. São concessões de serviços, com regras muito claras que
contemplam portos, aeroportos, ferrovias.
O governo precisa assumir seus próprios erros?
A gente tem que assumir esse atraso em fazer o segundo mandato deslanchar como um erro, porque se a
gente não assumir que está errando em alguns aspectos, a gente não ganha confiança da sociedade, Na
questão do ajuste econômico, que, no fundo, é uma tentativa de atravessar este momento, não temos sido
muito felizes em estabelecer esse diálogo, apesar do esforço do ministro Joaquim Levy (Fazenda), do
ministro Nelson Barbosa (Planejamento) e de outros ministros. Mas esse é um debate que a gente não pode
perder. Se necessário, tem que falar toda semana em cadeia de rádio e TV, para poder traduzir esses ajustes
para a sociedade.
O sr. acha que essas medidas provisórias do ajuste vieram na hora errada?
Vieram na hora certa. Isso dá confiança para os investidores, faz com que o Brasil seja respeitado pelas
agências que analisam o risco. Mas elas vieram desacompanhadas de um bom discurso, de uma boa
argumentação. No fundo, nós estamos fazendo ajustes que implicam na vida do andar de baixo. Elas
vieram desacompanhadas de medidas do andar de cima. Nós tivemos um bom discurso durante a
campanha. Agora, precisamos construir um bom discurso durante o governo. Por isso que eu penso que nós
temos que reconhecer os erros, sem deixar de enfatizar tudo aquilo de bom que temos feito. Afinal, o PT
foi líder desse projeto que mudou o Brasil. No fim, a história vai nos julgar bem, não tenha dúvida.
No fim, a história absolverá o PT?
Ela fará um justo julgamento, disso eu não tenho dúvidas. Mas nós estamos precisando ter um bom
julgamento da sociedade agora. Tenho certeza de que a presidenta se sairá muito bem do seu segundo
mandato, diferentemente do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se saiu muito mal. Ela vai sair
mais parecida com Lula do que com Fernando Henrique. Lula saiu extraordinariamente bem. Se ele
quisesse fazer como fizeram outros líderes de partidos, como o PSDB, poderia ter mudado as regras do
jogo para ficar mais tempo na Presidência. Não fez. Preferiu cumprir as regras do jogo. Então, esses são os
legados que o PT deixa para o país. Muitas mudanças boas para a população e sempre respeitando as regras
do jogo, de forma sempre muito republicana. Quem não tem sido republicano conosco são alguns setores
da Justiça e da oposição.
Há algum complô desses setores para alijar o PT do poder?
Não diria que é um complô. Há um inconformismo, uma ação que beira o preconceito com os nossos
governos. Tem uma parcela da elite, que mesmo tendo sido mais foi beneficiada durante os governos de
Lula e de Dilma, não se conforma com a gente governando. O governo da presidenta Dilma tem dia e hora
para acabar. Com isso, nós completaremos 16 anos governando o Brasil. Só que o ex-presidente Lula está
livre e desimpedido. O maior líder do país está em plena forma física e intelectual e livre para,
eventualmente, ser nosso convidado para ser candidato à Presidência em 2018. Eu acho que isso apavora a
oposição. Deixa-os num processo depressivo, que faz com que percam a noção do papel que têm para
desempenhar no país. E, obviamente, setores da elite empresarial também. Acho que nós até contribuímos
para isso, com essa história de ―nós e eles‖. Porque, no fim, nós governamos para todos.
As conquistas sociais estão em risco, por causa da debilidade da economia?
Não acredito que haverá retrocesso nesse aspecto, nem mesmo por causa de crise econômica. Aliás, nesta
crise, nós temos que preservar aquilo que é fundamental. No Brasil, os empresários ganharam fortunas com
a melhoria da capacidade de compra e de renda dos brasileiros. Se esse ciclo passou, temos que iniciar
novo ciclo, que é gerar empregos qualificados e fortalecer nossa indústria. Para isso, precisamos
modernizar relações de trabalho, de tributos, criar competitividade. O que não pode é querer, num
momento de crise, resolver todos os problemas sacrificando os trabalhadores.
Atualmente, no Congresso, há várias medidas que reduzem direitos trabalhistas.
Há, de fato, medidas propostas por setores mais conservadores que não respeitam as mudanças que o Brasil
experimentou nos anos 40, com Getúlio Vargas (que instituiu a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT).
Alguns setores propõem para o país medidas medievais. Nós precisamos modernizar a legislação
trabalhista criada por Getúlio trazendo-a para o século 21, e não levando-a de volta ao século 19.
Sinceramente, eu espero que não prospere nenhuma dessas intenções de querer danificar nossa política de
conquistas sociais usando o argumento de crise econômica — e camuflando aí os verdadeiros objetivos de
intolerância com esses pobres que agora andam de avião, que passam férias na praia. Isso é bom para o país
e é bom, sobretudo, para a elite. É uma pena que algumas pessoas não vejam dessa forma.
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defende que o Senado, como casa revisora
do projeto da terceirização, não tenha que demorar tanto tempo para analisar o projeto. O sr. concorda com
a avaliação dele?
O sr. Eduardo Cunha é presidente da Câmara; não é presidente do Senado, nem do Congresso. Então, eu
acho que, nesse aspecto, para que haja harmonia no trabalho, o melhor é cada um no seu cada um. Não dá
para o presidente Eduardo Cunha querer estabelecer o calendário do Senado. Dá para discutir pautas afins,
isso é importante. O Senado vai aprovar a lei de terceirização, mas não pode ser do jeito que a Câmara
quer. Não vamos aceitar o papel de apenas bater o carimbo numa proposta que veio com sérios problemas.
Eles demoraram 12 anos para votar esse tema e agora querem pressa, aprovar do jeito que mandaram.
Aquilo que abusa e passa do ponto tem que ser modificado no Senado. Permitir a terceirização de
atividades-fim indiscriminadamente é inaceitável.
Ao mesmo tempo em que há uma onda crescente de conservadorismo, parece ocorrer a perda de
relevância do PT no cenário nacional. A que o sr. atribui isso?
Em geral, a política está muito desmoralizada. Todo mundo reclama que, nas últimas pesquisas, a avaliação
do governo era de 13%, mas se esquece que a avaliação do Congresso era de menos de 9% — é muito pior.
Eu acho que nós sofremos uma perda de relevância. O próprio PT, que ainda é o partido mais admirado do
país, perdeu muito prestígio, nossa admiração caiu pela metade. E diminuiu em regiões nas quais gente
tinha admiração alta. O duro é a gente ver que o PT enfrentou o problema do mensalão, enfrenta agora o
problema da Lava Jato, tivemos tesoureiro preso e, independentemente do juízo de avaliação sobre esses
episódios, acho lamentável que fique parecendo sempre uma ação contra o PT.
O interesse seria de desmoralizar petistas e de proteger políticos de outros partidos?
Não há dúvidas. O noticiário carrega na tinta quando algo supostamente envolve alguém do PT. Agora
mesmo surgiu um novo depoimento de um delator (Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras)
detalhando que pagou, através de uma empresa, R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra
(falecido). Trata-se do mesmo delator que ganha tanto crédito junto à Justiça e à oposição. Não tem
nenhum depoimento desse delator dizendo que deu tanto dinheiro para um político de qualquer outro
partido.
Há pouca atenção da imprensa a esse assunto?
Foram R$ 10 milhões para o presidente do PSDB e isso não é notícia? Quer dizer então que o delator só é
bom se acusar o PT ou alguém ligado ao PT? Mas se ele acusar alguém da oposição e, principalmente, do
PSDB, então ele não tem crédito algum para estar acusando? Cadê a apuração? Ao mesmo tempo, há uma
caça inaceitável ao ex-presidente Lula e à presidenta Dilma. Eu acho que há sérios problemas com
componentes do Judiciário e da Polícia Federal. Tem, às vezes, situações que esbarram em posições
políticas e partidárias.
O juiz Sérgio Moro teria motivações políticas?
Eu não posso fazer esse juízo do juiz Moro, porque eu não vi, não li e não me informei de qualquer atitude
dele nesse sentido. Mas que tem gente envolvida nesse processo suspeita de estar fazendo mau uso das suas
funções, e isso já foi inclusive denunciado pela própria imprensa, isso é um fato. Eu acho que é preciso dar
apoio às investigações. Todos nós, como sociedade, temos que nos somar ao juiz Moro ou a qualquer outro
juiz que queira fazer o combate à corrupção. Mas não podemos rasgar as leis e as garantias. Ninguém pode
prender primeiro para ver se tem culpa depois. Isso significa uma antecipação não só de um julgamento,
mas de uma condenação. Isso é rasgar a Constituição. E eu acho que o Supremo Tribunal Federal (STF)
merece elogio, porque retomou um pouco a situação (ao livrar da cadeia nove executivos de empreiteiras
da Lava Jato). Senão, o combate à corrupção será temporário e atenderá a alguns poucos interesses, que
não são os interesses do país. Devemos ter mecanismos de combate à corrupção de forma permanente. Não
podemos permitir que se destrua a principal empresa brasileira. A Petrobras é responsável por 3% do PIB
brasileiro, tem 85 mil empregados, movimenta uma cadeia de quase meio milhão de trabalhadores. Vejo a
ação de muitos e aquilo que sai no noticiário parecendo que querem é destruir a empresa, e não fazer
apuração de ilegalidades que tenham sido cometidas. Se tirarmos a corrupção da Petrobras, vai ser muito
bom para o Brasil. Gostei muito da vinda do novo presidente Aldemir Bendine à Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE). Ele passou muita segurança de que a empresa está passando por um novo processo de
governança, o que nos livra desse joguete de nomeações políticas dentro da Petrobras, e de mau uso que
alguns diretores e funcionários de carreira fizeram na empresa.
Mas essas nomeações não foram feitas pelo PT, que é seu partido?
Foram feitas pelo governo do PT, que trabalha numa coalizão que é fruto dessa insensatez que o Brasil
vive. Em que quem ganha, não consegue governar. Só consegue governar se mudar o discurso da
campanha e se mudar a base aliada da campanha. Isso é a consequência mais perversa que temos dessa
anarquia que virou o Brasil com o número de partidos, de financiamento empresarial de campanha. O
maior crime que se comete no Brasil hoje é querer a permanência do financiamento empresarial de
campanha. Falo com convicção, porque apresentei em 2011 um projeto propondo o fim do financiamento
empresarial. Também apresentei um projeto propondo tornar crime o caixa 2 e apontando caminhos para
fazermos a reforma política. A reforma não sai por conta dos maus políticos que estão instalados hoje na
política brasileira, que não querem que mude porque, se mudar, parte deles será mudada.
Pode dar exemplos?
Há partidos que não querem a reforma política. Estamos caminhando para ser uma Argentina em números
de partidos. Só perdemos para a Argentina, que já tem 70. Temos 30 partidos e mais 30 por vir. Para
muitos, candidatura é algo empresarial. Alguns partidos são criados para fazer negócio, movimenta-se
muito dinheiro, vende-se tempo de televisão. E isso é lamentável, porque a política é algo muito nobre.
Está desmoralizada, mas é nobre. Fui governador do Acre, fui prefeito de Rio Branco. E tenho muito
orgulho do trabalho que fiz. Ajudei a melhorar a autoestima do povo do Acre. Tenho muita satisfação por
ter ajudado a promover mudanças no Acre tão boas quanto o presidente Lula e a presidenta Dilma
promoveram no Brasil. Quando a política é exercida com bons propósitos, muda a vida das pessoas, muda
a história de um país.
Mas muitos petistas hoje têm vergonha de dizer que são petistas...
A gente tem que reconhecer que o PT se rendeu ao financiamento empresarial de campanha e à zona de
conforto de não promover mudanças na política. Nós usamos a política para promover mudanças no país
com um alto custo. O PT precisa sempre se perguntar se nós estamos carregando o atraso com certas
alianças, ou se é o atraso que está nos carregando. Se a resposta for a segunda, não compensa estarmos
neste processo. Por enquanto, acho que dá para afirmar que nós estamos carregando o atraso porque, com
todos os percalços, conseguimos mudar para melhor o Brasil.
Esse atraso a que o sr. se refere seria o PMDB?
Não me refiro ao PMDB, mas a algumas propostas que a gente vê. Temos que fazer um arco de alianças
muito grande. Para governar, nos unimos a partidos que têm posições antagônicas ao que sempre
pregamos. A alternativa seria a ingovernabilidade. O custo da governabilidade é alto demais para quem
governa. Este modelo de coalizão está com a validade vencida. Temos que inventar outra maneira de ter
governabilidade.
Que arrumação seria essa?
O PT adotou uma meia-medida que é a de não mais aceitar financiamento empresarial. Ótimo. Mas eu
quero acrescentar a outra metade, que é proibir que qualquer candidato petista receba doações empresariais.
Alguns analistas apontam que esse compromisso feito pelo PT, de não aceitar financiamento privado, vai
prejudicar o partido nas eleições municipais de 2016. Há esse risco?
O PT se arrisca quando perde prestígio e o respeito do cidadão e dos seus filiados, quando repete na
política aquilo que os outros partidos fazem. O PT tem que se cuidar para não perder a vergonha, porque é
um partido que me orgulha. Tem que tomar atitudes como a defendida pelo Rui Falcão (presidente nacional
do PT), de não aceitar financiamento empresarial. Não sei se serei candidato de novo algum dia. Se for, em
respeito à história do PT, estabelecerei minhas regras, com ou sem reforma política. Uma delas é só aceitar
recursos individuais do cidadão.
A senadora Marta Suplicy, ao deixar o partido, também falou em vergonha...
Com todo o respeito, a Marta Suplicy deveria assumir que está saindo porque tem um projeto pessoal, que
não tem como realizar dentro do PT. Ela foi a pessoa que mais teve espaço no PT: foi prefeita, senadora,
ministra duas vezes. Quem deu esse currículo a ela foi o PT. (FONTE: DECO BANCILLON, EDLA
LULA - BRASIL ECONÔMICO
Lula critica revistas em discurso no Dia do Trabalho Alvo de denúncias das revistas Veja e Época, ex-presidente fez duras críticas às publicações
Presidente fez duras críticas durante discursoRicardo
Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta sexta-feira, durante ato unificado do Dia do
Trabalhador no Centro de São Paulo, revistas e jornalistas, a quem acusou de não ter 10% de sua
honestidade.
Envolvido pelas revistas Veja e Época em supostos esquemas que variam de sua relação com investigados
na Operação Lava Jato a tráfico internacional de influência, Lula fez duras críticas às publicações.
"Vejo nas revistas brasileiras, que são um lixo, as insinuações. Eles querem pegar o Lula, mas me chama
para a briga que eu gosto", afirmou. "Quero dizer aqui, na frente das crianças: pega 10 jornalistas da Veja,
daÉpoca, e enfia um dentro do outro que não dá nem 10% da minha honestidade.‖
Segundo a edição da revista Veja da última semana, o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, tem
estudado a possibilidade de selar acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Ele poderia, segundo
a publicação, implicar Lula, de quem seria amigo pessoal.
De acordo com a reportagem, Lula teria pedido, em 2010, para que o ex-presidente da empreiteira
providenciasse a reforma de um sítio em Atibaia (SP). Segundo a revista, a propriedade é apontada por
políticos e amigos do petista como sendo do ex-presidente. O local, porém, está registrado no nome de
Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios de Fábio Luís da Silva, filho do petista.
Outro favor feito por Pinheiro ao ex-presidente, segundo a publicação, foi a incorporação de prédios
inacabados da Cooperativa dos Bancários (Bancoop) - ligada ao PT - pela OAS. De acordo com a
reportagem, a empresa construiu um prédio na praia do Guarujá onde Lula e o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto têm apartamentos.
Além disso, o ex-presidente da OAS teria ajudado a ex-chefe do escritório da Presidência da República e
amiga de Lula, Rosemary Noronha.
Tráfico de influência
Segundo reportagem da revista Época desta semana, o Ministério Público Federal (MPF) abriu, há uma
semana, investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil.
De acordo com a publicação, o petista teria usado sua influência para facilitar negócios da Odebrecht com
governos de outros países onde a empresa é responsável por obras financiadas com dinheiro do BNDES.
Duro em suas declarações, o ex-presidente disse, hoje, que não há um membro da elite brasileira que não
tenha sido ajudado pelo governo. ―Não tem um cara da elite brasileira que já não tenha recebido favor do
Estado brasileiro, que tenha sido salvo pelo Estado brasileiro. (...) Cada um que olhe para o seu rabo‖,
afirmou o petista.
―Aos meus detratores: eu vou andar este país outra vez, e vou conversar com os desempregados, os
camponeses, os empresários. Vou começar a desafiar aqueles que não se conformaram com o resultado da
democracia", disse. (FONTE: NOTÍCIAS DA BAND – UOL)
Partidos ganham verbas públicas para gastar inutilmente Legendas recebem R$ 340,8 milhões em verbas públicas para investir em doutrinação política e
programática, gasto que tem se mostrado inútil diante da incoerência ideológica da maioria
Com o salto da dotação orçamentária definido pelo Congresso Nacional para o Fundo Partidário de R$ 308
milhões em 2014 para R$ 867,5 milhões, os partidos políticos deverão gastar ao longo deste ano em torno
de R$ 340,8 milhões em ―doutrinação programática e política‖, três vezes mais do que em anos anteriores.
Só nas fundações e institutos criados pelas legendas com fins doutrinários serão investidos, no mínimo, R$
173,5 milhões desse montante, o correspondente a 20% de todo o volume distribuído pelo Fundo
Partidário, segundo estabelece a Lei dos Partidos Políticos. A mais recente prestação de contas partidárias
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disponível para consulta – referente ao exercício de 2013 – indica que
os 32 partidos políticos brasileiros despejaram naquele ano R$ 123,9 milhões em recursos para apregoar as
suas plataformas. Na prática, contudo, a maior parte das legendas joga as supostas ideologias e plataformas
no lixo na hora de firmar as coligações eleitorais.
Não à toa, o cidadão comum se sente incapaz de identificar diferenças programáticas em meio ao arsenal
de siglas do sistema partidário brasileiro. Se muitas legendas tradicionais fazem escola, as ―novatas‖ já
nascem sob o signo de um programa preponderante: a contabilidade eleitoral. O caso do PSD é
emblemático. Criado em 2011 para atender à conveniência das eleições municipais de 2012, no ano
passado integrou a aliança formal da presidente Dilma Rousseff (PT). Só que, em Minas Gerais, a legenda
apoiou a candidatura de Pimenta da Veiga (PSDB) – que por seu turno respaldou Aécio Neves (PSDB),
principal adversário da petista na corrida nacional. Já no Distrito Federal, o PSD aliou-se à candidatura de
Rodrigo Rollemberg, do PSB, que foi primeiro de Eduardo Campos e, com a morte deste, encampado pela
ex-senadora Marina Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.
Em 2013, o PSD gastou aproximadamente R$ 5,2 milhões com fins doutrinários. A ideologia propalada –
assim como o espectro de alianças – dá margem para abrigar todas as preferências. ―Defendemos a
iniciativa e a propriedade privadas, a economia de mercado como o regime capaz de gerar riqueza e
desenvolvimento, sem os quais não se erradica a pobreza‖, anuncia o portal institucional. Ao mesmo tempo
em que sustenta o liberalismo político, o PSD pede ―um estado forte e regulador‖, democrático e centrado
em ―prioridades sociais‖.
Situação semelhante ocorreu nas eleições gerais de 2014 com o PDT. O partido, que se define como um
―socialista‖ de esquerda, trilhou caminho parecido ao do liberal mas nem tanto PSD: coligou-se ao PT na
disputa presidencial, aos tucanos na disputa pelo governo de Minas, aos socialistas no Distrito Federal e
país afora – como de resto a maior parte dos partidos políticos –, passeou pelo espectro ideológico e
―programático‖ segundo a conveniência local. Em 2013, o PDT gastou R$ 5,03 milhões em ações com fins
doutrinários e políticos. Da mesma forma, o PR, o PP, o PV, o PSL e dezenas de outras legendas de porte
pequeno e médio são mais pragmáticos e menos programáticos na hora de definir as suas coligações.
Dos R$ 123,9 milhões utilizados em 2013 por partidos políticos para doutrinação, R$ 71,04 milhões foram
aplicados em manutenção de instituto ou fundação, segundo estabelece a Lei dos Partidos Políticos. Os
outros R$ 52,86 milhões foram gastos em propaganda partidária no rádio e na televisão, em produções
audiovisuais, seminários, congressos e eventos. PT, PMDB e PSDB, legendas que mais receberam
repasses do Fundo Partidário, foram também as que mais gastaram em doutrinação e educação política:
respectivamente R$ 36 milhões, R$ 16,3 milhões e R$ 9,65 milhões.
Mais grave Se nas eleições majoritárias para a Presidência da República e governos dos estados a maioria
das legendas não mantém uma coerência ideológica na natureza das alianças firmadas, nas eleições
proporcionais o quadro é muito mais grave e atinge até o PSDB e o PT, partidos que, ao lado dos mais
ideológicos, como o PSTU, Psol, PCO e PCdoB, apresentam maior coerência na política de alianças
majoritárias. No Distrito Federal, a coligação proporcional para a Câmara, que foi base de apoio para a
candidatura derrotada à reeleição do ex-governador Agnelo Queiroz (PT), teve tempero bastante diverso:
além do PT e do PMDB, que sustentaram a reeleição de Dilma, fizeram parte o PRP, o PHS, o PPL e o
PSL, que apoiaram Marina Silva, o PTdoB, o PEN, o PTN e o PTC, que estiveram com Aécio Neves, e
ainda o PV, que lançou a candidatura própria de Eduardo Jorge. A mesma diversidade se estendeu pela
coligação proporcional que sustentou a eleição de Rodrigo Rollemberg (PSB): o PSB, que ficou com
Marina, uniu-se ao Solidariedade, que estava com Aécio, e ao PDT e PSD, apoiadores de Dilma.
Fundo partidário
O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, conhecido como Fundo Partidário, é
constituído por dotações orçamentárias da União e acrescido de multas e penalidades eleitorais. Os valores
são repassados aos partidos políticos mensalmente e publicados no Diário da Justiça Eletrônico. Enquanto
95% dos recursos do Fundo Partidário são distribuídos às legendas com registro formal no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) segundo os votos nominais e de legenda obtidos em todo o país para a Câmara dos
Deputados (os partidos mais votados recebem mais), 5% desta dotação é partilhada por igual entre as
legendas, beneficiando mesmo aquelas que não conseguiram eleger um só deputado federal.
Imagem fragmentada nos portais das siglas
Análise do discurso institucional dos 32 partidos políticos disponível em seus respectivos portais, realizada
pelo Observatório da Comunicação Institucional (OCI), do Rio de Janeiro, sustenta ser impossível para um
cidadão comum que busca na internet informações sobre as legendas brasileiras apontar com objetividade
quais são as diferenças programáticas substantivas entre elas. A conclusão é do doutor em Ciências da
Comunicação Manoel Marcondes Machado Neto, diretor presidente do OCI.
Com formatos e funcionalidades muito variáveis de um para o outro, alguns websites se mostraram
fragmentados, incompletos e desatualizados. ―Em muitos, simplesmente não há uma seção sobre o partido.
E quando se recorre a seções como a história ou ao estatuto, cai-se em textos gigantescos, inadequados ao
meio, bem como numa infinidade de arquivos em formato PDF‖, sustenta. Além disso, afirma Marcondes,
nem sempre há clareza em relação à data de fundação dos partidos. ―Isso porque há agremiações que, em
diversas datas, e sob diversas lideranças, foram fundadas, extintas, refundadas e fundidas a outras‖, avalia.
Algumas personalidades históricas frequentam mais de uma legenda. ―Há uma espécie de mania de Getúlio
Vargas. Muitos são os herdeiros do ex-presidente. Jesus Cristo também tem grande presença no discurso
dos partidos políticos brasileiros‖, continua Marcondes Neto. O primeiro é a referência maior das legendas
que se declaram ―trabalhistas‖ – como o PDT e o PTB. Mas também é lembrado pelo PPL – Partido Pátria
Livre, de cunho nacionalista.
Segundo Marcondes, os partidos que levam ―cristão‖ no nome, por sua vez, insistem nos valores religiosos,
mas não deixam claro qual é a sua dimensão político-ideológica. ―Apenas o PTC se declara um partido de
direita, ou de centro-direita, associado ao liberalismo‖, diz o pesquisador. Já o Partido Ecológico Nacional
(PEN) se anuncia também como defensor da democracia cristã.
Os partidos mais à esquerda respaldam o seu discurso institucional na ideologia marxista. ―Tanto o PCB
quanto o PCdoB reivindicam o status de legenda comunista mais antiga do país. Ambos fazem referência
ao período em que estiveram na ilegalidade. Luta é a palavra forte para esses partidos‖, diz ele. Os termos
―luta‖, ―sindical‖ e ―estudantil‖ são também centrais no discurso do PSTU, acrescenta Marcondes.
Da análise, a pesquisa conclui: o discurso institucional dos partidos políticos brasileiros não comunica
adequadamente a sua proposta ao eleitor. ―Há ufanismo, bairrismo, casuísmo, personalismo, patriotadas,
promessas e adjetivos. Faltam concisão, objetividade, organização, proposições claras, informação
relevante, elucidação filosófica e esclarecimento político‖, acrescenta o pesquisador. (FONTE: ESTADO
DE MINAS
Apenas 11% dos brasileiros estão satisfeitos com a
economia, aponta pesquisa De acordo com a pesquisa Ipsos Public Affairs, a percepção do brasileiro começou a cair de forma mais
acentuada em 2013
São Paulo - O Brasil é um dos países mais insatisfeitos com sua atual situação econômica. Segundo o
instituto de pesquisa Ipsos Public Affairs, que realiza um ranking global mensal com 24 países, em abril,
apenas 11% dos brasileiros avaliaram o momento econômico do País como bom. É o menor patamar desde
o início da pesquisa, em 2010. No longo prazo, porém, o Brasil segue entre os países mais otimistas com a
possibilidade de reversão do quadro.
A percepção do brasileiro começou a cair de forma mais acentuada em 2013. "Tivemos as manifestações
de junho e a primeira grande queda nesse índice", diz o diretor da Ipsos Dorival Mata-Machado. "Porém,
nós vimos, às vésperas da primeira manifestação deste ano (em março), um novo caminho de queda.
Continua grande a crítica ao momento atual, e a percepção quanto à situação econômica ainda é muito
preocupante", diz.
Para ele, o descontentamento do brasileiro está relacionado sobretudo à queda na oferta de crédito e à alta
inflação, que resultam na queda do consumo. "Essa percepção mais negativa vem atingindo também as
classes mais baixas, bem como o Nordeste, que começa a sentir agora, mais tardiamente, os efeitos da
crise", diz Mata-Machado. Estudo da consultoria IPC Marketing indica que a participação do Nordeste no
consumo nacional cairá de 19,5% para 19% neste ano, o primeiro recuo desde 2010.
"O principal detonador da confiança foi a queda do dinheiro disponível e a maior percepção da inflação -
aquele dinheiro que o trabalhador conseguiu ganhar nos últimos anos começa a sair do seu bolso", diz
Mata-Machado. Segundo o Banco Central, a expectativa dos economistas é de, com a alta do dólar e dos
preços administrados, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 8,25% em 2015.
Pessimismo exagerado
O estudo da Ipsos também contempla a percepção que os brasileiros têm de sua situação local, como cidade
ou Estado. Nesse quesito, 18% da população considera sua economia local forte - cinco pontos porcentuais
acima do mês anterior e sete pontos a mais do que em relação à perspectiva econômica nacional. "É um
dado curioso, pois também pode indicar um certo pessimismo exagerado. Num momento de pessimismo,
todo mundo tende a ver as coisas de forma mais negativa no quadro geral, ainda que não tenha essa mesma
percepção no seu dia a dia."
De acordo com o ranking global, o País mais satisfeito com sua economia atual é a Arábia Saudita, com a
aprovação de 93% da população. Em último lugar, atrás do Brasil e da França, está a Itália, com 10% da
população satisfeita - dois pontos porcentuais a mais do que no início do ano.
Otimismo
Apesar de estar entre os últimos do ranking quanto à percepção atual do momento econômico, o Brasil
continua como um dos mais otimistas no longo prazo entre os países pesquisados. Segundo o estudo, mais
da metade (53%) dos brasileiros acredita que a economia da região onde moram estará mais forte daqui a
seis meses. O Brasil só fica atrás da Índia (59%) e da Arábia Saudita (58%). O país mais pessimista é a
França - apenas 7% da população acredita que a situação vai melhorar nos próximos meses.
Apesar do resultado favorável, a situação do Brasil já foi melhor. Em 2010, o País liderava o ranking, com
79% de otimistas. Em maio de 2014, perdeu o topo para a Índia, e depois caiu mais uma posição.
Para ele, o otimismo, além de um "quê de fé latina", está relacionado ao rumo indicado pela nova equipe
econômica. "Isso tem a ver com duas coisas: por um lado, acabou o número de más notícias grandes
chegando. Outro ponto é que há uma percepção de que mesmo que as ações tomadas pelo governo não
sejam definitivas e decisivas, ações estão sendo tomadas, e a população sente esse movimento", disse.
"Pela primeira vez, tivemos uma deterioração da economia concomitante a um crescimento da percepção
de corrupção. A população fez um link que antes não fazia - está muito mais madura." (FONTE:
AGÊNCIA ESTADO)
Não é o impeachment: os alvos são a esquerda, Lula e o PT Oposição e poder econômico não querem o impeachment da petista, mas sangrá-la até o final para ganhar
em duas frentes, diz analista: arrancar dela tudo que for possível em concessões na área econômica e ainda
fazer o sucessor em 2018
Informações de bastidores dão conta de que o establishment, embora tenha batido e pretenda bater sem
piedade na presidente Dilma, não tem interesse em seu impeachment. Mas tem todo o interesse em
inviabilizar política e eleitoralmente a esquerda brasileira, especialmente o PT e o ex-presidente Lula. Só
enveredarão por outro caminho, apoiando eventual pedido de impedimento, se houver provas
absolutamente contundentes do envolvimento direto da presidente com algo ilegal.
O raciocínio do poder econômico é que uma presidente fraca, impopular e sem apoio político fará
concessões em termos de marcos regulatórios que nenhum outro faria, nem mesmo alguém com perfil
liberal, como Aécio Neves. Os exemplos de concessões seriam a mudança no pré-sal, com o fim do regime
de partilha, a eliminação da exigência de conteúdo nacional na aquisição de bens e serviços pela
Administração Pública, entre outros que atualmente dificultam a entrada do capital privado ou limitam sua
margem de retorno.
Ainda segundo essa visão, o afastamento da presidente não interessaria à oposição nem mesmo ao PSDB,
porque se houvesse o impedimento o partido seria obrigado moralmente a apoiar o sucessor e se
inviabilizaria como alternativa de poder para 2018. Mas eventual pedido de impeachment, mesmo que sem
chances de prosperar, poderia servir ao propósito de também macular moralmente a presidente Dilma e
mantê-la impopular até o fim do mandato.
Também não interessaria ao próprio PMDB, que sendo parte do governo, sem a titularidade, tem todos os
bônus sem nenhum ônus, já que não lhe será debitado ou atribuído eventual fracasso do governo. No
exercício da Presidência da República, além de maior fiscalização da sociedade, as bancadas da Câmara e
do Senado não teriam a mesma liberdade que têm para exigir concessões do governo.
Por essa lógica, uma coisa já seria certa para eles em 2018: o PT não faria o sucessor. O fundamento para
tanto seria, de um lado, a impopularidade e a deslegitimação do governo, incapaz de estancar a onda de
mudanças nos marcos regulatórios (e até mesmo podendo aderir a ela, para buscar o apoio empresarial e da
mídia), inclusive nas relações de trabalho, e, de outro, pela força da liderança dos ministros da Fazenda, da
Industria e Comercio Exterior, da Agricultura e das Pequenas e Micro Empresas, que defendem a agenda
liberal no Governo.
Estão convencidos de que a tática de sangrar a presidente será infalível. Não temem o que ocorreu com
Lula em 2006, porque, diferentemente de Dilma, ele e seu governo se recuperaram por força do carisma
pessoal do ex-presidente e pelo fato de seu governo ter sido beneficiado pelo crescimento econômico
mundial, o que, na avaliação deles, não acontecerá com a presidente.
Além disto, considerando a transição que estaria sendo feita pelos ministros da área econômica, fosse quem
fosse o próximo presidente da República, ele não teria como reverter as mudanças em bases neoliberais que
seriam levadas a efeito na gestão Dilma.
Portanto, a opção de manter uma presidente fraca seria a solução mais adequada, porque eles ganhariam em
qualquer hipótese. Ou seja, arrancariam dela tudo que fosse possível em termos de concessões e ainda
fariam o sucessor. Esse é o cenário com que trabalham as forças de mercado.
Realmente, o risco de retrocesso é grande, especialmente porque o governo, nos últimos 12 anos, apesar de
ter criado as condições para a ascensão social e ter promovido importantes avanços econômicos e sociais
no país, negligenciou a politização da sociedade e sua conscientização cívica. Ou seja, não informou que o
ambiente para a geração de emprego e renda, assim como para a criação e manutenção de programas
sociais e de acesso à educação custeados pelo Estado, dependem das opções ou políticas governamentais.
Com a alienação dos segmentos beneficiados, resta aos setores progressistas e de esquerda –
independentemente de sua posição em relação ao atual governo – liderar um processo de formação política
e de resistência, além de pressionar o governo e o Parlamento para que não se deixem dominar pelas forças
de mercado, como demonstra a desenvoltura do presidente da Câmara dos Deputados e dos ministros da
área econômica. Ou os partidos de esquerda e os movimentos sociais atuam para alterar a correlação de
forças, ou as forças conservadoras e neoliberais conseguirão revogar as conquistas econômicas e sociais
dos últimos anos. (FONTE: ANTÔNIO AUGUSTO DE QUEIROZ - CONGRESSO EM FOCO)
Petições pedem fechamento de site que exibe milhares de
CPFs Não se sabe de onde vieram as informações disponibilizadas pela página, hospedada em servidores nos
Estados Unidos
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Um site que permite visualizar o CPF de alguém apenas procurando pelo nome completo tem deixado
internautas inquietos. Objeto de petição e de reclamações em âmbito virtual, a página dá o número do CPF
e a situação cadastral da pessoa pesquisada. A única restrição é um limite de buscas diário.
Embora a divulgação do CPF de terceiros não seja crime, ela configura ato ilícito de acordo com códigos
como o Marco Civil da Internet e o Código de Defesa do Consumidor. Para se proteger, é necessário ler
com atenção termos e condições de sites e aplicativos para evitar o repasse de dados, uma vez que há
empresas que coletam esse tipo de informação para comercializar. E quem se sentir lesado deve recorrer às
autoridades competentes, diz o consultor de segurança da informação Douglas Rocha:
— Quem se sentir lesado por ter tido os dados expostos pode procurar o Ministério Público ou a Defensoria
pública para denunciar. A partir daí, é dado início a uma apuração dos fatos junto à polícia.
Sem ouvir os proprietários do site, que é sediado nos Estados Unidos, não é possível descobrir de onde
vieram os CPFs divulgados, segundo Rocha. A incerteza causou especulação entre os internautas de que
seria o caso de um vazamento do banco de dados da Receita Federal. Os responsáveis pelo site foram
contatados pelo e-mail disponibilizado para retirada de dúvidas sobre o serviço, mas não haviam retornado
até a noite deste domingo.
Procurada pela reportagem, a Receita Federal declarou em nota que não houve vazamento de informações
de seu banco de dados e que não é atribuição do órgão tomar providências sobre a divulgação de CPFs.
(FONTE: RBS)
Juízes iniciantes fazem curso para aprender que 'ainda
existe racismo no Brasil' Ao todo, 328 magistrados tiveram aulas de Políticas Raciais desde o ano passado; disciplina tem 4
horas de carga horária
Desde agosto do ano passado, 328 juízes em início de carreira se capacitaram na disciplina Políticas
Raciais. A inclusão da matéria ao currículo, apesar de vista como positiva, veio atrasada, dizem
especialistas.
Para o Guilherme Calmon, conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que recomendou a
inclusão da disciplina na grade, a medida está tentando reverter um atraso secular no judiciário.
―A impressão que temos é que nada foi feito antes por força da própria sociedade que ainda tem atitudes
preconceituosas. O judiciário é um reflexo desta sociedade. É uma falha ter passado tanto tempo [sem
nenhuma medida], mas melhor que tenha vindo tarde do que nunca ter vindo", diz Calmon.
O curso é ministrado desde agosto do ano passado nas 32 escolas judiciais ou de magistratura espalhadas
por todos os Estados. Segundo Rai Veiga, secretária-executiva da Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), responsável por ministrar o curso de formação obrigatório a
todos os magistrados inciantes, o objetivo da matéria é ―descontruir o mito da democracia racial‖. Ela diz
que, muitas vezes, os juízes chegam às salas de aulas com as ideias pré-concebidas de que o racismo não
existe no Brasil.
―Vivemos numa sociedade racista que camufla e minimiza esse preconceito. Na sala de aulas, são
apresentados dados, evidências, estatísticas e estudos de caso para que eles [magistrados] cheguem à
conclusão de que realmente existe o racismo‖, diz.
Fotos: Aluna da UnB cria projeto fotográfico para denunciar racismo
Em projeto fotográfico, aluna da UnB retrata universitários negros com frases preconceituosas que já
ouviram. Foto: Reprodução/ahbrancodaumtempo.tumblr.com
―O curso leva o magistrado a refletir sobre o assunto e percebem que é uma questão social. Muitos não
têm essa noção, ou por ingenuidade ao encarar a questão ou por falta de vivência do problema‖, completa
Rai.
A disciplina tem quatro horas de duração, o equivalente a 10% de horas da grade curricular obrigatória do
novo magistrado. O curso total de 40 horas inclui ainda matérias como Judiciário e a Sociedade, Direito
Eleitoral, Juiz e as Relações Interpessoais e Interinstitucionais, Mediação e Conciliação, Vara da Infância e
Juventude e Sistema Carcerário.
A Enfam considera a carga horária destinada à discussão sobre Políticas Raciais ainda insuficiente, mas diz
que está revisando o conteúdo para que essa questão ganhe um modulo único com 40 horas de carga
horária, diz Rai. ―Esse é o início, mas a ideia é que a gente tente recuperar o tempo perdido. Temos que
pensar em ampliar a temática. A escola, contudo, precisa ter uma estrutura mais arrojada para atender os
juízes que já estão atuando. Estamos pensando em alternativas para atendê-los, como aulas a distância e
eventos‖, disse.
Ela concorda que a formação especifica nessa área veio tarde, mas pondera que a própria formação do
magistrado é recente no País. ―A temática racial já vinha sendo discutida em sala desde 2013 em forma de
palestras. O curso, a partir da recomendação do CNJ, é recente e tardio, mas a própria escola é nova e só
foi criada apenas em 2004. Nós não tínhamos uma cultura de formação e aperfeiçoamento contínuo‖.
Calmon, do CNJ, também diz que o curso para ser eficaz deve ser replicado a todo o corpo de 16 mil
magistrado dos País. Otimista, ele diz que os mais experiêntes devem ter acesso à matéria nos próximos
três anos.
Aplicação
Dos 328 magistrados que já cursaram Políticas Raciais, a maioria (107) atua na Justiça Estadual de São
Paulo, 60 trabalham em Pernambuco, 48 no Espírito Santo, 42 em Goiás, 26 no Mato Grosso e 34 no Rio
de Janeiro. Além deles, sete juízes estão alocados no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT), dois do TJ do Piauí, um do TJ do Acre e um do TJ de Mato Grosso do Sul, segundo o CNJ
Para o juiz do Tribunal de Justiça de Goiás, Diego Costa Pinto Dantas, que participou da formação em
setembro do ano passado, o curso serve para que o magistrado consiga relacionar a questão social do
acusado com o crime cometido.
―Principalmente na área criminal, há uma relação direta entre as ausências de políticas raciais e
socioeconômicas com a prática do crime. Muitas vezes o autor é excluído da sociedade. Então, na minha
atuação, sempre que possível, tento levar isso em consideração e dosar a pena tendo essas questões em
mente‖, afirma.
Ele diz que esse curso também serve para aplicação de penas quando a vítima é um negro, como em
processos de injuria racial e racismo.
Ex-delegado, Dantas diz que o curso deveria ser estendido para outros profissionais de atuação judiciária,
como policiais civis, promotores e advogados.
Vitória tardia
Para entidades de militância negra, a medida é comemorada como uma vitória tardia. ―Óbvio que veio
tarde, mas isso não é o mais relevante. O importante é ter vindo‖, diz Edson França, presidente da União de
Negros Pela Igualdade (Unegro).
―É um movimento virtuoso, uma tentativa de mitigar os efeitos do racismo. Não podemos considerar que
tudo está como era antes. Tem sinais positivos em todas as esferas: União, Legislativo e também no
Judiciário. Embora o País tenha sido criado na base da escravidão, não tenha oferecido nenhuma
contrapartida quando libertou os escravos e até hoje não reconhece o racismo, essa é uma questão histórica,
que a gente não vai solucionar de ontem para hoje‖, diz França.
―Há um tratamento desigual. O negro é visto como a imagem do suspeito padrão. Incluir Políticas Raciais
no curso de formação básica do Judiciário ajuda a sensibilizar, fazer uma autocrítica que vai de encontro ao
combate do racismo institucional‖, diz França.
O frade franciscano Frei David, diretor-executivo da Educafro, diz que essa formação já era um pedido
antigo do movimento negro. ―Para nós, sempre foi impossível um juiz se formar sem conhecer a realidade
rica e politênica brasileira‖.
Rede de combate a mortalidade negra
O curso de Políticas raciais aplicado a juízes iniciantes é uma das várias etapas do Protocolo de Atuação
para a Redução de Barreiras de Acesso à Justiça para a Juventude Negra. O documento representa
compromisso de várias instituições, como CNJ, Ministério da Justiça, Governo Federal, Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), entre outras, de combate
ao racismo, e consequentemente, a diminuição da violência contra negros.
Segundo o Mapa da Violência 2014, o número de jovens negros assassinados anualmente no País saltou de
17.499 em 2002 para 23.160 em 2012, um aumento de 32,4%. No mesmo período, o número relativo aos
jovens brancos caiu 32,3%, de 10.072 para 6.823 casos.
―O curso de políticas raciais é uma das ações de prevenção. A formação de juízes é fundamental, mas isso
tem que chegar nas polícias, nos meios de comunicação, na sociedade. Nós estamos criando uma rede de
atuação contra essa violência. São pedaços que precisam se juntar e ainda temos muito o que avançar‖,
afirmou Lindivaldo Junior, gerente de projetos da secretaria de políticas de ações afirmativas da Seppir.
(FONTE: ANA FLÁVIA OLIVEIRA – IG)
Após confrontos, base pressiona Richa a demitir secretários Titular da Educação, Fernando Xavier Ferreira, é visto pelos deputados como o principal nome a ser
substituído
Os deputados que dão sustentação ao governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia estão fazendo forte
pressão para que o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, seja demitido do cargo. Na base do
governo, ele é visto como um dos responsáveis pelo acirramento do clima entre o Palácio Iguaçu e os
professores, que culminou na última quarta-feira com um confronto no Centro Cívico – foram 213 feridos
depois do uso de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e cães policiais.
Embora o protesto dos professores na quarta-feira tivesse mais relação com a reforma da previdência -
aprovada pelos deputados a pedido do governo - do que com a pasta da Educação, a visão dos deputados é
de que Ferreira errou em vários momentos na condução da greve dos professores. Antes de mais nada, por
ter sugerido vários cortes de direitos dos trabalhadores na primeira versão do pacote de ajuste fiscal, em
fevereiro – os trechos foram depois retirados na segunda versão do pacote, aprovada na semana passada.
―Ele é difícil de conversar, não tem diálogo. E não é da área de educação‖, diz um dos deputados
descontentes. ―É um bolha‖, resume outro. Para os deputados, Ferreira não tem condições de gerir a
secretaria. ―Ele vem da iniciativa privada, é um excelente gestor. Mas quer aplicar no governo estratégias
agressivas dos lugares por onde passou, cortando gastos de todo jeito. E sem dialogar. Não dá‖, diz um
parlamentar.
PM diz que cachorros morderam vítimas porque foram ameaçados
A Polícia Militar do Paraná (PM), via assessoria de imprensa, afirmou que os cachorros usados para conter
manifestantes no protesto de quarta-feira (29) ―só atacaram porque foram ameaçados‖. O deputado Rasca
Rodrigues (PV) e o cinegrafista da TV Band, Luiz Carlos de Jesus, foram mordidos por cães das raças pit
bull e pastor belga que estavam com os
Neste fim de semana, o próprio presidente estadual do PSDB, deputado federal Valdir Rossoni, usou o
Facebook para pedir a cabeça de Ferreira. ―O secretário da Educação está fora do contexto da pasta. É um
ótimo técnico, seria muito útil em outro área, mas não está preparado para a área da Educação‖, disse.
Rossoni, no mesmo post, também admitiu o uso de força excessiva e desproporcional por parte da polícia
na contenção dos manifestantes na quarta-feira e disse que todos os ―responsáveis pelas atitudes
desmedidas, pelos desmandos, pelos exageros‖ devem ser exonerados ou ―pedir para sair‖. Em nenhum
momento, porém, disse o nome do secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini.
Comandante das polícias, Francischini deixou de se pronunciar publicamente desde o confronto de quarta-
feira. Entre os deputados estaduais, a impressão é de que a chance de ele cair é menor do que a de Ferreira.
Mas isso não quer dizer que a sua permanência no posto esteja garantida. (FONTE: ROGERIO
WALDRIGUES GALINDO - GAZETA DO POVO)
Ex-ministro do PSDB faz duras críticas à PM do Paraná
pela ação tomada contra professores Ex-secretário de FHC: versão de Beto Richa é uma 'conversa para boi dormir'
O diplomata e acadêmico Paulo Sérgio Pinheiro, que esteve à frente da secretaria de Direitos Humanos de
2001 a 2003 no governo FHC, fez duras críticas à ação da Polícia Militar em Curitiba nessa quarta-feira,
29, que deixou ao menos 180 feridos ao reprimir protesto de professores. "É absolutamente revoltante que,
em plena democracia do século XXI, o governo do Paraná trate manifestantes pacíficos usando bala de
borracha, cachorros Pitbull e bombas", disse.
Apesar de ter sido ministro em um governo do PSDB, mesmo partido do governador Beto Richa, Pinheiro
não hesitou em condenar a ação. Ele disse que é "conversa para boi dormir" a argumentação feita por Richa
de que os policiais combatiam os manifestantes violentos, os chamados black blocs.
"Isso é conversa para boi dormir de que foi para enfrentar os black blocks. Os black blocks são uns gatos
pingados. Para enfrentar os black blocks, a polícia usou uma força absolutamente desproporcional. Só
espero que o procurador-geral de Justiça do Paraná processe os mandantes e os policiais criminosos que
fizeram essa repressão."
Pinheiro afirmou também que, em sua avaliação, a PM do Estado não está preparada para agir nessas
situações. "A polícia do Paraná não sabe como lidar com as manifestações. Não eram delinquentes, eram
professores. evidentemente, é preciso ser revista a maneira que a Polícia Militar no Paraná opera".
Nessa quarta, PMs e professores da rede estadual do Paraná em greve entraram em confronto na frente da
Assembleia Legislativa do Estado. Foi um dos maiores confrontos da história do País envolvendo um
grupo de manifestantes e a polícia. O grupo protestava contra a votação do projeto que autoriza o
governador Beto Richa (PSDB) a usar recursos do fundo de pensão Paraná Previdência como parte das
medidas de austeridade e ajuste fiscal. O projeto foi aprovado. (FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO)
Atitude violenta está nos gabinetes, diz professor de PMs
que não agiram
Paulo Opuszka, doutor em Direito pela UFPR
O projeto de lei que altera o Paranaprevidência foi aprovado na última quarta-feira (29) – com a medida,
33,5 mil beneficiários devem ser transferidos do Fundo Financeiro, bancado pelo governo, para o Fundo
Previdenciário, arcado por servidores, o que deve gerar uma economia mensal de R$ 125 milhões ao
Estado.
E enquanto os 31 votos favoráveis à lei, com 20 contrários e duas abstenções, eram registrados em
plenário, as imediações da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) se transformavam em palco de guerra.
Em cerca de duas horas de confronto entre Polícia Militar (PM) e manifestantes no Centro Cívico, 213
pessoas ficaram feridas, segundo a prefeitura de Curitiba.
Em nota, a cúpula nacional do PSDB lamentou a "falta de habilidade política" do governador do Paraná,
Beto Richa, que aprovou a convocação dos mais de mil policiais que cercaram a Casa do Povo como
medida preventiva a eventuais conflitos.
Fato é que o "massacre", conforme relata o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (APP-
Sindicato), aconteceu e entrou para a história – o Ministério Público do Paraná (MP-PR) já determinou a
realização de uma investigação sobre o uso de violência excessiva durante o conflito.
"Tem cenas chocantes, ninguém pode ser hipócrita, mas os policiais precisavam se defender [dos black
blocs]", disse o governador sobre os supostos agitadores que teriam participado da manifestação.
Mas nem todos os PMs que cercavam a frente da Alep fizeram uso de balas de borracha, spray de pimenta
e bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes.
Segundo fontes ligadas à polícia, 17 policiais que se recusaram a participar da ação foram presos – a
informação, apesar de não ter sido confirmada pelo Estado, será investigada pela OAB.
Se confirmadas as prisões, um habeas corpus em favor dos soldados pode ser impetrado, como explica José
Carlos Cal Garcia, presidente da Comissão dos Direitos Humanos.
Eles entenderam as aulas
"Me sinto orgulhoso por ter sido professor de Direito Constitucional na especialização em Administração
Pública dos policiais que não aceitaram a violência e que poderão ser exonerados", afirma Paulo Opuszka,
doutor em Direito pela UFPR, com ênfase em Direitos Humanos, Democracia e Desenvolvimento.
Fruto de uma parceria entre o Núcleo de Segurança em Pesquisa Pública e Privada da Universidade Tuiuti
e a PM, o curso, cumprido pelos PMs, tem por objetivo provocar reflexão acerca das atividades e atuação
da polícia. Para Opuszka, o que aconteceu no último dia 29 foi um ponto fora da curva, um eco do que foi
anunciado no início da semana.
"O problema está no modelo Lei e Ordem, que não dá certo em lugar algum. Não acredito que os PMs que
se recusaram a entrar no confronto possam ser exonerados, uma vez a opinião pública e até mesmo órgãos
internacionais têm se manifestado a favor deles", diz. Direito à liberdade, à informação e à greve, ainda à
luz da Constituição, garantem a integridade da postura dos policiais.
"Isso, agora sim"
Para Opuszka, a metodologia de ação da PM é que deve ser revisada; a "insubordinação" por parte dos
policiais, conforme classificou Beto Richa, não é a solução. Para além da tomada de decisões racionais
durante momentos de tensão, estão ainda o cumprimento de deveres morais e éticos por parte de quem está
no comando.
"Vídeos mostram pessoas de dentro do Palácio do Iguaçu gritando 'isso, agora sim' quando a polícia atirou
água, em jato, contra os manifestantes. Essa atitude, que é também violenta, não está na rua, mas atrás de
um gabinete", pontua.
De acordo com o Coronel Cesar Vinícius Kogut, comandante-geral da PM, o confronto de quarta-feira (29)
começou na hora em que um grupo de manifestantes tentou romper o cordão de isolamento, que cercava a
Alep.
Nos conformes das orientações do APP-Sindicato, servidores que testemunharam ou sofreram ações
violentas ocorridas desde segunda-feira (27), durante a greve, devem prestar relatos junto ao MP-PR.
A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da PM, mas, até o fechamento desta matéria,
não houve retorno quanto à possível exoneração dos policiais que se recusaram a participar do conflito de
quarta-feira (29). (FONTE: GAZETA DO POVO)
Análise: Beto Richa disse que vai descontar os salários dos
grevistas, mas auditores presos e foragidos seguem
recebendo. Como explicar? O governador Beto Richa (PSDB) anunciou que vai descontar os salários dos professores nos dias em que
eles não trabalharem por conta da greve. Se a ameaça do tucano for cumprida, vai ficar difícil explicar
como os auditores fiscais Márcio de Albuquerque Lima e Miguel Arcanjo Dias, que não trabalharam um
único dia em abril, receberam parte dos seus salários. Os dois tiveram a prisão preventiva decretada pela
Justiça por conta da Operação Publicano, do Gaeco de Londrina, que investiga a denúncia de que auditores
fiscais, contadores e empresários montaram uma ―organização criminosa‖ para favorecer a sonegação
fiscal em troca de propina.
Lima, que é companheiro de Beto Richa em provas de automobilismo, foi alçado a inspetor geral de
fiscalização da Receita Estadual no governo tucano. Ficou foragido quase 50 dias e se apresentou quarta-
feira para escapar de um processo por abandono de emprego. Dias segue foragido e vai responder por
abandono de emprego.
Além deles, outros 10 auditores fiscais estão presos – alguns desde janeiro – e seguem recebendo seus
salários na faixa dos R$ 25 mil aos R$ 32 mil mesmo estando presos. Está dentro da lei, prisão preventiva
não é condenação e por isso o salário está sendo pago. Mas politicamente será difícil Richa explicar porque
está descontando os salários de professores no seu legítimo direito de defesa e reivindicação e os auditores
presos e foragidos continuam recebendo seus polpudos salários pagos pelo contribuinte. (FONTE: BAIXO
CLERO – FÁBIO SILVEIRA – JORNAL DE LONDRINA)
Com 2.552 casos neste ano, doença 'prima' da dengue avança no Brasil
Para Maria Jussara Oliveira, 50, o dia 4 de setembro virou uma data "inesquecível", mas não por uma boa
notícia. "Fui dormir e, quando acordei, já não conseguia me levantar direito. Doía tudo."
A explicação levou quase 60 dias para aparecer. Mas tinha nome: era febre chikungunya, doença conhecida
como "prima" da dengue por ser transmitida pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti.
Antes tida como nova preocupação do verão, a chikungunya acabou ficando em segundo plano devido ao
avanço da dengue. Mas a doença que chegou ao Brasil em setembro continua a crescer.
Ao todo, cinco Estados têm registro de pacientes que contraíram o vírus dentro do país. São eles Amapá e
Bahia, principalmente, e Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Roraima. Também há casos em
investigação em
Minas Gerais.
Outras 11 unidades da federação têm casos importados, de pessoas que foram infectadas no exterior.
Em todo o país, dados do Ministério da Saúde apontam 6.209 casos autóctones desde o início da
transmissão –2.552 neste ano. O número real, porém, é provavelmente é muito maior, pois há demora na
notificação dos Estados para o governo federal.
Editoria de Arte/Folhapress
Só na Bahia, a secretaria de Saúde informa 5.935 notificações desde setembro de 2014. Em 2015, já são
3.397.
E, se no início a chikungunya estava concentrada em poucos bairros de Feira de Santana, uma das cidades
com mais casos, agora ao menos 76 apresentam registros.
"Isso nos preocupa, porque a dengue é um caminho para a chikungunya", diz Denise Mascarenhas,
secretária municipal de Saúde.
Situação semelhante é vista em Oiapoque, no Amapá, com ao menos 886 casos confirmados, de acordo
com o governo estadual.
VÍRUS IMPORTADO
A entrada do vírus importado deixa em aleta os 11 Estados do país atingidos, pois há risco de que o
mosquito Aedes aegypti entre em contato com a pessoa infectada e, a partir daí, passe a transmitir o
chikungunya. Com a explosão da dengue em alguns Estados, como São Paulo, o risco se eleva.
"O fato de já termos no Mato Grosso do Sul deve deixar São Paulo em alerta permanente", diz o
infectologista Carlos Magno Fortaleza.
Ele diz que, antes, havia o temor de que a disseminação fosse maior. "É surpreendente não ter avançado em
São Paulo". O Estado tem sete casos importados confirmados.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, diz que ainda não é possível prever a evolução da doença, mas que os
dados indicam tendência de redução em alguns locais.
SINTOMAS
Embora com sintomas parecidos nos primeiros dias, a chikungunya se difere da dengue por dores nas
articulações que podem se estender por meses -ou até anos.
Quase sete meses depois, Maria Jussara ainda toma remédios para driblar a inflamação nos ombros. "Às
vezes, não consigo nem me vestir sozinha. É muita dor." (FONTE: FOLHAPRESS)