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Sumário Didática Fundamental APRESENTAÇÃO ............................... ............................................ ............................................ ...............................7 INTRODUÇÃO ................................. ............................................ ............................................ ..................................7 Unidade I 1 O OBJETO DE ESTUDO DA DIDÁTICA: O PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM ........................9 1.1 A interação professor- aluno ...................................... ............................................ ..........................15 1.2 As tendências pedagógicas no Brasil ..................................... ............................................ ..........16 1.3 A teoria na didática ................................... ............................................ ............................................ ..19 2 OS PROFESSORES E A CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA ............................. ........................................20

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Sumário

Didática FundamentalAPRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7

Unidade I1 O OBJETO DE ESTUDO DA DIDÁTICA: O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ........................91.1 A interação professor-aluno ............................................................................................................151.2 As tendências pedagógicas no Brasil ...........................................................................................161.3 A teoria na didática .............................................................................................................................192 OS PROFESSORES E A CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA .....................................................................202.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos .................242.1.1 Os conhecimentos prévios dos alunos como ponto departida para a aprendizagem ........................................................................................................................242.1.2 A exploração dos conhecimentos prévios no desenvolvimentodo processo ensino-aprendizagem .............................................................................................................263 COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO PROFESSOR ..............................................................................293.1 A organização e a direção de situações de aprendizagem ..................................................29

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3.1.1 Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a seremensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem ...............................................................303.1.2 Trabalhar a partir das representações dos alunos ..................................................................... 313.1.3 Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem ........................................... 313.1.4 Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas .......................................................323.1.5 Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento ...........324 A ADMINISTRAÇÃO E A PROGRESSÃO DAS APRENDIZAGENS ....................................................344.1 Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nívele às possibilidades dos alunos ................................................................................................................344.2 Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino ...................................................354.3 Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem ..........364.4 Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem,de acordo com uma abordagem formativa ......................................................................................364.5 Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão ............37

Unidade II5 APRENDIZAGEM: CICLOS, PLANEJAMENTO, OBJETIVOS, CONTEÚDOS E AVALIAÇÃO ......... 415.1 Rumo a ciclos de aprendizagem .................................................................................................... 415.2 O planejamento da ação didática ..................................................................................................42

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5.3 A formulação dos objetivos educacionais ..................................................................................455.4 Conteúdos curriculares e procedimentos de ensino ..............................................................465.4.1 A aprendizagem de conteúdos factuais, conceituais,procedimentais e atitudinais .........................................................................................................................485.5 A avaliação .............................................................................................................................................. 516 A PEDAGOGIA DOS PROJETOS ...................................................................................................................546.1 Projetos – do significado às vantagens .......................................................................................556.2 Trabalho procedimental: ....................................................................................................................576.3 O conhecimento como rede de significados: ............................................................................576.4 Projeto e autonomia ...........................................................................................................................586.5 Projetos e o espectro de competências .......................................................................................586.6 Etapas, papéis e atores de um projeto .........................................................................................596.7 A profissão docente e a pedagogia da diversidade ................................................................626.8 A atuação transformadora do professor ....................................................................................75

Unidade III

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7 HISTÓRIA DA EAD ............................................................................................................................................967.1 Alunos, professores e escola face à sociedade da informação ..........................................997.2 A cabeça benfeita ...............................................................................................................................1037.3 As sereias do ensino eletrônico ....................................................................................................1078 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: UMA NOVA DIDÁTICA? ........................................111

7APRESENTAÇÃOCaro aluno,Esta disciplina tem como objetivos trazer a você a possibilidade de:• Dominar princípios teórico-metodológicos das áreas de conhecimento que se constituam objetoda prática didática do professor.• Compreender o processo de construção do conhecimento no indivíduo inserido no seu contextosocial e cultural da escola para a infância.• Compreender a construção da didática numa perspectiva histórico-crítica da educação da infância,situando a prática pedagógica no contexto das relações entre educação e sociedade.• Identificar a contribuição da Didática na organização e sistematização do trabalho docente paracrianças, situando-a na construção da prática pedagógica.• Analisar alternativas para o trabalho dentro da escola numa proposta de pedagogia diferenciada.• Administrar seu processo de formação contínua como pressuposto necessário para o trabalho nasociedade contemporânea das classes de crianças entre 0 e 10 anos.

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• Analisar os desafios da atuação do professor, frente às novas tecnologias de comunicação einformação.INTRODUÇÃOOlá, aluno!Bem vindo ao estudo da Didática. Esperamos que você aprenda o que propomos e compreenda oquanto conhecer a fundo as questões levantadas neste material é fundamental para sua formaçãopedagógica.Cada um dos capítulos apresenta uma particularidade do tema e foi organizado tendo em vistafacilitar seu percurso dentro da temática.Os objetivos deste livro são: levar você ao conhecimento e entendimento da importância da Didáticacomo área de estudo e ferramenta pedagógica; levantar as competências profissionais do professor;levá-lo a conhecer as tendências pedagógicas desenvolvidas e criadas ao longo dos tempos; aprofundaro estudo da concepção construtivista; possibilitar a você entender a pedagogia de projetos, conhecer eplanejar ambientes virtuais de aprendizagem.Aproveite a leitura e não deixe de buscar as Indicações de leitura e/ou filme para aprimorar seusconhecimentos!Seja bem-vindo e boa jornada!89Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL

Unidade I1 O OBJETO DE ESTUDO DA DIDÁTICA: O PROCESSO ENSINOAPRENDIZAGEMSe você procurar no dicionário Aurélio pelo termo didática encontrará o termo comofeminino substantivado de didático. Vamos começar por ele, didático: do grego didaktikós.

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Relativo ao ensino ou à instrução, ou próprio deles, e didática: a técnica de dirigir e orientar aaprendizagem.A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega Τεχνη´ διδακτικη´ (techné didaktiké), quepode ser traduzida como arte ou técnica de ensinar.Relacionando a didática com a pedagogia, podemos afirmar que aquela é a parte da pedagogiaque se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em prática as diretrizes da teoriapedagógica. A didática estuda os processos de ensino e aprendizagem.O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai dadidática moderna e um dos maiores educadores do século XVII.Sua principal obra é a Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, na qual oautor descreve um verdadeiro tratado de como ensinar, ou em suas próprias palavras:um método universal de ensinar tudo a todos. E de ensinar com tal certeza,que seja impossível não conseguir bons resultados. E de ensinar rapidamente,ou seja, sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunose para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros.E de ensinar solidamente, não superficialmente e apenas com palavras,mas encaminhando os alunos para uma verdadeira instrução, para os bonscostumes e para a piedade sincera. Enfim, demonstraremos todas estas coisasa priori, isto é, derivando-as da própria natureza imutável das coisas, comode uma fonte viva que produz eternos arroios que vão, de novo, reunir-se

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num único rio; assim estabelecemos um método universal de fundar escolasuniversais (COMENIUS, 2001, p.3).Assim como Comenius, certamente o que pensamos nós, educadores, é em metodologias,caminhos que sejam seguidos tendo como principal objetivo o aprendizado de nossos alunos, ea construção de seu conhecimento a partir de nossas aulas, das leituras que indicamos e das discussões que promovemos.10Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11 Saiba maisPesquise o endereço digital abaixo:<http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/didaticamagna.html>Nele você encontrará na íntegra o e-book (livro digital) de Comenius,Didática magna.A Didática vem como arte de conseguir atingir este objetivo: ensinar, promover aprendizagens aosnossos alunos.Assim, entre outras informações, você encontra a Didática como arte ou técnica de ensinar. Nestecontexto, dizemos que a Didática liga-se a ensinar, instruir, orientar, acompanhar o processo de ensinoaprendizagem. ObservaçãoLembre-se: a Didática estuda os processos de ensino e aprendizagem!Mas é necessário lembrar que nós vivemos em constante transformação, seja como sociedade, sejacomo indivíduos participantes dessa sociedade. Isso significa que existem, dentro de cada época, pessoas,conteúdos e contextos representativos de seu próprio tempo.Dentro da história da Didática ainda hoje nos reportamos a Comenius, lá do século XVII, masestamos no século XXI e muitos outros educadores também se ocuparam dos processos de ensinoaprendizagem.

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Um exemplo é a educadora Vera Maria Candau, professora da Pontifícia Universidade Católica doRio de Janeiro, que ressalta que a Didática pode ser entendida como reflexão sistemática e busca dealternativas para os problemas da prática pedagógica. É mais uma forma de conceituar a disciplina.Mas... como entender essa ideia de Didática como reflexão sistemática? Vamos pensar nos elementosda ação didática:• o professor;• o aluno;• a disciplina (matéria ou conteúdo);11Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL• o contexto da aprendizagem;• as estratégias metodológicas.O que isso significa? Vamos dizer que a Didática, como arte ou técnica de dirigir a aprendizagem, daforma como encontramos no dicionário Aurélio, não é solitária. Outras personagens devem fazer partedessa arte, para que ela realmente seja real, concreta.Quem seriam as personagens que fariam essa composição? O professor, o aluno, os conteúdos, ocontexto, as estratégias metodológicas.Para Masetto (1997)a didática como reflexão sistemática é o estudo das teorias de ensino eaprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, bemcomo dos resultados obtidos (p. 13).Aplicação ConhecimentoCompreensãoAnáliseSíntese AvaliaçãoEducaçãoFigura 1Necessitaremos, dessa forma, de inúmeros conhecimentos para compor nosso trabalho didático. Por

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isso, várias áreas que pesquisam o desenvolvimento humano estão presentes nos estudos da Didática:antropologia, teorias da comunicação, história, sociologia, psicologia, filosofia, entre outras.Os conhecimentos das diversas áreas nos ajudam a pensar e refletir sobre questões relacionadas àescola e à sala de aula:• Como a criança constrói o seu conhecimento?• Qual o papel do professor no processo de construção do conhecimento da criança?• Como as interações professor-aluno, aluno-aluno interferem no processo de ensino e aprendizagem?• A escola como organização social tem um papel significativo nas ações educativas em sala de aula?• Como deverá ser organizado o currículo de uma escola?• Como construir um processo de avaliação formativa?Como você pode perceber, muitos elementos encontram-se envolvidos no ato de aprender e no atode ensinar. Hoje, pensamos em um ato conjunto, que chamamos de ensino e aprendizagem. Na verdade,processo de ensino e aprendizagem.12Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11O processo de aprendizagem pode ser definido, de forma sintética, como o modo como os seresadquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, acomplexidade desse processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo. Poroutro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de pressupostos politico-ideológicos,relacionados à visão de homem, sociedade e saber. LembreteO processo de aprendizagem desenvolve-se em três dimensões: humana,político-social e técnica.Podemos entender a aprendizagem como o desenvolvimento da pessoa como um todo?

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Os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC,1997) concretizam as intençõeseducativas em termos de capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da escolaridade:capacidades de ordem cognitiva, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética.Ou seja, quando falamos de aprendizagem falamos de inteligência, afetividade, comportamento moral,relacionamento consigo mesmo, com o grupo mais próximo, que é a família, e com a comunidade na qualse está inserido. Isso significa fazer parte de uma história, de uma nação. Isso vai fazer com que o processode ensino e aprendizagem se desenvolva em três dimensões: humana, político-social e técnica.Você se lembra quando falamos sobre a didática não ser solitária? A aprendizagem também guardaessa característica. Masetto (1997) coloca queo processo de aprendizagem se realiza através do relacionamento interpessoalmuito forte entre alunos e professores, alunos e alunos, professores eprofessores, enfim, entre alunos, professores e direção (p. 14).Esta seria a dimensão humana da aprendizagem.O processo de ensino e aprendizagem se realiza em uma determinada escola, situada em um bairrocom determinadas características sociais e econômicas, essa escola recebe suas orientações e diretrizeseducacionais propostas por políticas governamentais, que influirão por meio de legislação e normas emseu trabalho.Alunos, pais, professores, diretores, funcionários, pesquisadores, autores, editores, todos, são pessoasque vivem e convivem em uma cultura específica e, portanto, têm posições políticas e sociais que sãotransmitidas em seus trabalhos e nas suas relações com a escola, cujo trabalho é educar a criança parauma participação ativa na sociedade.

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Masetto (1997) afirma que essa dimensão político-social interessa à didática, uma vez que esseselementos influenciam a aprendizagem do aluno.13Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALA aprendizagem, no caso da escola, é um processo intencional, ou seja, orientado por objetivosa serem alcançados por aqueles que dele participam. Nesse processo, é significativo que os alunosconsigam aprender o que se propõe, através de condições apropriadas.A dimensão técnica do processo de aprendizagem implica definição de objetivos, seleção deconteúdos, técnicas e recursos de ensino, organização e definição do processo e técnicas de avaliação,planejamentos, da escola e da sala de aula.Exercício de aplicaçãoQual o papel da escola? Para que serve a escola?Aproveite esses questionamentos e pergunte a seus familiares e amigos sobre suas lembrançasescolares, expectativas e dificuldades.Coloque no papel as suas lembranças, refletindo sobre o que elas, a escola e a vivência escolar,provocaram e/ou provocam na vida das pessoas.Masetto (1997) nos conta quea escola surge historicamente como fruto da necessidade de se preservar ereproduzir a cultura e os conhecimentos da humanidade, crenças, valores econquistas sociais, concepções de vida e de mundo, de grupos ou de classes.Ela permaneceu e se modernizou à medida que foi capaz de se tornarinstrumento poderoso na produção de novos valores e crenças, na difusãoe socialização de conquistas sociais, econômicas e culturais desses gruposou classes (p. 21).

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A escola é um espaço de convivência e troca. Pessoas com experiências e ideias diferentes seencontram , conversam, discutem, interagem. Em função dessa característica, é importante a vinculaçãoda escola com as questões sociais e os valores éticos. A escola deve pensar em seu aluno.Sabemos hoje que a escola tem um papel significativo no sucesso ou insucesso do aluno emseu processo de ensino e aprendizagem. Sua eficácia está diretamente ligada ao cumprimento depropósitos estabelecidos coletivamente. Sua comunidade escolar deverá ligar-se à sua comunidadesocial na elaboração de uma proposta de trabalho definida como projeto educativo ou projeto políticopedagógico.Conforme é mencionado no material retirado do curso da Escola de Gestores (INEP), Unidade 3.1.O Projeto Político-Pedagógico (PPP) deve se constituir na referêncianorteadora de todos os âmbitos da ação educativa da escola. Por isso, 14Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11sua elaboração requer, para ser expressão viva de um projeto coletivo,a participação de todos aqueles que compõem a comunidade escolar.Todavia, articular e construir espaços participativos, produzir nocoletivo um projeto que diga não apenas o que a escola é hoje, mastambém aponte para o que pretende ser, exige método, organização esistematização.Queremos dizer que não é apenas com “boas intenções” ou voluntarismo que se constrói um projetodessa natureza; é preciso muito trabalho organizado se quisermos, de fato, que o projeto proposto

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desencadeie mudanças na direção de uma formação educativa e cultural, de qualidade, para todas ascrianças e jovens que frequentam a escola pública (CAMPOS; SCHEIBE, s/d).É necessário que cada escola discuta e construa seu projeto educativo, segundo sua particularidade.A escola, em seu trabalho, deve pensar em seu aluno, conhecer o contexto social no qual ele se insere,suas características, carências, particularidades. Afinal, esse trabalho que se desenvolve dentro dela évoltado para o aluno, e nós já vimos, anteriormente, que ela buscará o seu desenvolvimento. Falamosem aprendizagem e agora já estamos falando em desenvolvimento.Vamos aproveitar, resumidamente, as definições de Masetto (1997):• Por desenvolvimento cognitivo entende-se adquirir novos conhecimentos e rever os que já sepossui; relacionar e organizar informações; desenvolver a imaginação, a capacidade de pensar ede criar soluções; desenvolver habilidades artísticas.• O desenvolvimento afetivo-emocional compreende, entre outros aspectos, o crescenteconhecimento de si mesmo (diferentes recursos que se possui, limites existentes e potencialidadesa serem desenvolvidas). Isso significa abrir espaço para que se trabalhem diferentes emoções:alegria, sofrimento, raiva, ódio, amor, autodefesa, atenção, respeito etc.• No desenvolvimento motor, as atividades físicas são fundamentais. Ajudam o desenvolvimentodos órgãos dos sentidos e da coordenação motora etc.• Na área social, é importante que o aluno desenvolva sua sociabilidade e comunicabilidade comos colegas de turma, da escola, com os professores e comunidade em geral.Exercício de aplicação

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Pense sobre a importância da escola e de uma boa gestão para que o aluno tenha as melhorescondições para aprender.Coloque no papel as suas ideias, refletindo sobre o que você, como pedagogo poderá fazer paracontribuir com essa escola.15Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL1.1 A interação professor-alunoA escola tem uma função social e cada sala de aula constitui também um grupo social, em processode interação social que acontece por meio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno.Haydt (1999) expõe que “é no contexto da sala de aula, no convívio diário com o professor e com oscolegas, que o aluno vai exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando valores” (p. 33).Assim, podemos afirmar que no processo de construção do conhecimento, essa interação humanaassume um valor pedagógico significativo e evidente.O professor, por sua vez, vai exercer uma função incentivadora, despertando e estimulando o interessedo aluno, bem como orientando-o na construção de seu conhecimento e autonomia. LembreteNa sala de aula, professor e aluno constroem novos conhecimentos.Nesse processo interativo, tanto o professor quanto o aluno constroem novos conhecimentos. Oaluno, que em sua vinda para o ambiente escolar traz conhecimentos construídos em suas vivências eexperiências anteriores, poderá, mediante a intervenção do professor e do contato com os conteúdosapresentados, transformá-los também em culturalmente relevantes. Esses conhecimentos assimiladospelo aluno deverão servir para inseri-lo na sociedade de forma produtiva tanto como indivíduo quantocomo ser social.

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O professor, por outro lado, precisa conhecer o aluno que está em sua sala de aula e os conhecimentosprévios que ele possui. Esse conhecimento deverá ser o ponto de partida do professor. Isso é importante,pois, partindo de um universo familiar ao aluno, poderá despertar seu interesse pela participação,envolvendo-o em situações-problemas nas quais ele se sentirá capaz para resolver.Para o professor, esse ato de conhecer e compreender o aluno mediará não somente seu trabalhocom os conteúdos a serem apresentados, mas também seu próprio envolvimento na busca de atitudesmais positivas na relação com esse aluno e suas dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. ObservaçãoTodos nós conhecemos as expectativas das crianças em relação à escolano início das aulas e aos professores que as acompanharão durante o ano.Lembre-se do seu primeiro ano na escola, seus professores, suas experiências.Quais sentimentos ou impressões são mais nítidos? Como você se sentiaenquanto aluno? Capaz, competente ou inseguro? Tímido ou receoso?16Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11Os professores precisam saber que as representações que os eles mesmos têm de seus alunos (o quepensam e esperam deles, as capacidades e intenções que lhes atribuem) influem no trabalho desenvolvido nasala de aula, da mesma forma que ocorre com as representações que os alunos têm de seus professores.Ainda, é importante pensar na importância de um autoconceito positivo dos alunos na construçãode seus conhecimentos e autonomia. O autoconceito refere-se ao conhecimento e conceito que alguém

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tem de si mesmo, uma autoimagem que influi na autoestima. Crianças com alto nível de autoestimaconseguem melhores resultados na escola.Quando o professor conhece o aluno e favorece seu envolvimento no processo de ensino eaprendizagem mediante o diálogo, estimula sua participação e interesse nas atividades e trabalhos. Amotivação é um processo psicológico interno e profundo que o professor poderá incentivar o aluno aalcançar, mediante esses procedimentos.1.2 As tendências pedagógicas no BrasilFalamos anteriormente sobre a dimensão político-social da aprendizagem e estamos constantementerefletindo sobre a educação como um organismo vivo dentro da sociedade. Qual o significado disso? Saiba maisVá ao endereço digital abaixo:<http://scholar.google.com.br/>Nele você poderá pesquisar textos e artigos acadêmicos sobre a escoladentro da história brasileira.Outra dica é assistir filmes como A Missão ou Sociedade dos PoetasMortos que, apesar de serem obras de ficção, ilustram essa história.Veja as definições das tendências pedagógicas do prof. José Carlos Libâneo (1994) que transcrevemos:Na Pedagogia Tradicional, a didática é uma disciplina normativa, umconjunto de princípios e regras que regulam o ensino. A atividade de ensinaré centrada no professor que expõe e interpreta a matéria. O meio principalutilizado é a exposição oral. É importante que o aluno preste atenção,porque ouvindo facilita-se o registro do que se transmite, na memória. O

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aluno é, assim, um recebedor da matéria e sua tarefa é decorá-la. A matériade ensino é tratada isoladamente, desvinculada dos alunos e dos problemasreais da sociedade e da vida.17Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL Lembrete“Na concepção de Saviani (1988) a pedagogia tradicional é classificadacomo intelectualista, e às vezes como enciclopédica, pois os conteúdos sãoseparados da experiência do aluno e das realidades sociais, o que vale éuma educação formalíssima e acrítica” (BARROS JUNIOR, 2001, p. 21).A pedagogia renovada inclui várias correntes que de certa forma estão ligadas ao movimento daEscola Nova ou Escola Ativa. Nesse contexto, a Didática é entendida como direção de aprendizagem,considerando o aluno como sujeito da aprendizagem, ser ativo e curioso. O professor é visto como umfacilitador no processo de busca que deve partir do aluno. A ideia é que o aluno aprende melhor o quefaz por si próprio. O professor incentiva, orienta, organiza as situações de aprendizagem, adequando-asàs capacidades e características individuais dos alunos. Lembrete“O professor é visto como facilitador no processo de busca doconhecimento pelo aluno; organiza e coordena situações de aprendizagem,adaptando suas ações às características individuais dos alunos. Na salade aula, tende a ficar circulando entre grupos de alunos que trabalhamindependentemente” (VALENTE, 2008, p.2).O tecnicismo educacional, embora seja considerado como uma tendência pedagógica incluiu-se, em certo

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sentido, na pedagogia renovada, ganhando nos anos 60 autonomia, quando se constituiu especificamente comotendência, inspirada na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensino. Defineuma prática pedagógica controlada e dirigida pelo professor, com atividadesmecânicas inseridas em uma proposta educacional rígida e passível de sertotalmente programada em detalhes (...) O que é valorizado nessa perspectivanão é o professor, mas a tecnologia; o professor é um mero especialistana aplicação de manuais e sua criatividade não é considerada. A funçãodo aluno é reduzida a um indivíduo que reage aos estímulos de forma acorresponder às respostas esperadas pela escola, sendo que seus interesses eseu processo particular não são considerados (MENEZES; SANTOS, 2002).No final dos anos 70 e início dos anos 80, com a abertura política decorrente do final do regimemilitar e a grande mobilização em busca de uma educação crítica que trouxesse transformaçõessociais, econômicas e políticas para superação de desigualdades existentes na sociedade, destacam-se apedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos.A pedagogia libertadora tem suas origens nos movimentos de educação popular que ocorreramno final dos anos 50 e início dos anos 60 e não tem uma proposta didática explícita. A atividade escolaré centrada na discussão de temas sociais e políticos, um ensino centrado na realidade social, no qual 18Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11professor e alunos analisam problemas e realidades locais, com seus recursos e necessidades, tendo

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em vista uma ação coletiva frente a esses problemas e realidades. O professor é um coordenador ouanimador das atividades que se organizam sempre pela ação conjunta dele e dos alunos. Lembrete“Convencionou-se denominar de ‘pedagogia libertadora’ a concepçãopedagógica cuja matriz remete às ideias de Paulo Freire. [...] valoriza ointeresse e iniciativa dos educandos, dando prioridade aos temas e problemasmais próximos das vivências dos educandos sobre os conhecimentossistematizados” (LOMBARDI; SAVIANI; NASCIMENTO, 2006).A pedagogia crítico social dos conteúdos surge no final dos anos 70 e início dos anos 80 eassegura a função social e política da escola mediante o trabalho com osconhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes populares emcondições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Entende que nãobasta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas é necessárioque se tenha domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades maisamplas, para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida edefender seus interesses de classe (BRASIL, 1997). Lembrete“No caso específico da pedagogia crítico-social dos conteúdos oupedagogia dos conteúdos, entende-se que a difusão de conteúdos é tarefaprimordial desde que não abstratos, sendo vivos, concretos e indissociáveisdas realidades sociais” (LIBÂNEO, 2002, p. 39).

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Interessante conhecer essas tendências pedagógicas, não é? A partir da leitura, certamente vocêficou pensando: nossa história da educação tem muitos altos e baixos, muitos percalços... Saiba maisPara entender mais sobre o tema deste tópico, que tal ler:FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.<http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Pedagogia_do_Oprimido.pdf>19Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALExemplo de aplicaçãoAgora que já conheceu as tendências e assistiu aos vídeos, que tal pensar sobre as característicasmais marcantes de cada uma delas e fazer uma imagem mental de como seria a sala de aula à luz dasmesmas?Certamente será uma reflexão enriquecedora! Bom trabalho!1.3 A teoria na didáticaEste é o momento de refletirmos sobre a disciplina de Didática retomando algumas questões discutidasanteriormente. Atualmente a Didática manifesta-se como quase sinônimo de “novas mediações”. O queisso quer dizer?Houve um tempo em que ensinar era possuir o conhecimento dos conteúdos (assuntos) a seremtransmitidos aos alunos, planejar as estratégias e organizar os recursos a serem utilizados nesseprocesso. No final do mesmo, elaborava-se uma avaliação que definia se o aluno havia ou não aprendidoos conteúdos daquele determinado período na escola. Pensemos num “receituário”, no qual haviaobjetivos, conteúdos, estratégias, recursos e avaliações determinados para cada série escolar. Era umtempo favorável às reproduções de “diários” de professor para professor e de ano para ano. Acreditavase

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na possibilidade de uma educação estática e mecânica.Atualmente isso já não é mais possível. Mesmo que tentemos uma prática com esses moldes, avelocidade com que caminham fatos e produções no mundo atual e, quem mais nos interessa, nossosalunos, nos cobrarão uma posição mais dinâmica nesse processo. Portanto estamos sim mediados porvários fatores e diversas aplicações na nossa prática educativa, mas sempre como possibilidades dereflexões muito mais do que como conclusões que possam transformar-se em um rol de atitudes e/ousugestões a serem absorvidas na mesma prática educativa. ObservaçãoVamos pensar um pouco: se esses comentários acima são válidos,como então ensinar? O que você, como futuro professor, pode fazer paratornar sua prática efetiva, competente e com resultados favoráveis? Penseindividual ou coletivamente, como seria sua atuação como professor? Oque mediaria essa atuação?Convém, neste momento, destacarmos o termo mediação para entendermos nosso estudo. Nodicionário Aurélio, uma de suas definições é intermédio que quer dizer entremeio, ou estar entre. Bem,o que está entre o ensino e a aprendizagem? O que possibilita ou não ao professor ensinar e ao alunoaprender?20Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11 LembreteMediação pedagógica será o encaminhamento dado pelo professoràs atividades educativas de forma a motivar a aprendizagem do aluno– e a sua própria – sendo seu papel o de incentivador de atitudes ativasdesse aluno frente às informações recebidas para que sejam processadas,

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contextualizadas e transformadas em conhecimento (BARREIRO, 2004,p.96).2 OS PROFESSORES E A CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTAÉ necessário e imprescindível que nós professores possamos refletir sobre a importância da teoria paraa nossa prática. Mas para que servem as teorias? Esta é uma questão polêmica e, às vezes, redundante,mas podemos pensá-la tal como Solé e Coll (1996):para que teorias? Para interpretar, analisar e intervir na realidade que, pormeio dessas teorias, tenta-se explicar. Acentuando desse modo o caráterinstrumental das explicações teóricas, evidenciamos a necessidade de queelas se mostrem potentes para dar conta de sua função (p. 87).Um professor, ou qualquer outro profissional necessita de um respaldo teórico para suas ações.Necessita fundamentar, justificar e exemplificar questões que foram fundamentadas, justificadas eexemplificadas anteriormente e através de exaustivas pesquisas.Segundo Solé e Coll (1996), nas situações de ensino-aprendizagem encontramos múltiplas variáveise inúmeras causas para os seus fenômenos, exatamente por essas situações, como já dissemos, seremdinâmicas e entre seres humanos. Nessas há diversos elementos presentes e incidências previstasdiante das quais o professor precisa tomar decisões que nem sempre são somente suas. Estas decisõesdemandam reflexões que se baseiem em referenciais e teorias servindo como “marco que guia” sem,porém, determinar a ação. Há que se destacar que as reflexões do professor sobre sua atuação nãosão exclusivamente internas, mas também externas no que se refere à administração educacional, aocurrículo da escola baseado ou não nas suas características e valores, à existência ou não de um projetode formação permanente.

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Assim,necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial para contextualizare priorizar metas e finalidades; para planejar a atuação; para analisar seudesenvolvimento e modificá-lo paulatinamente, em função daquilo queocorre e para tomar decisões sobre a adequação de tudo isso (SOLÉ; COLL,1996, p. 87).21Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALNeste momento poderíamos então pensar em uma ou em várias teorias que nos dessem soluçõespara os problemas surgidos nas situações de aprendizagem. Mas não as encontraremos, ao menos nãocomo um “livro de receitas” do que fazer para resolver um ou outro problema da prática educativa. É, noentanto, possível encontrar respostas do que acontece no âmbito individual, do aluno ou do professor,ou no âmbito social, desse aluno e desse professor num contexto escolar e este num projeto educacional.Em outras palavras, há uma concepção, a construtivista, que é um conjunto articulado de princípios emque é possível diagnosticar, julgar e tomar decisões fundamentais sobre o ensino. ObservaçãoVamos pensar um pouco: se esses comentários acima são válidos,como então ensinar? O que você, como futuro professor, pode fazer paratornar sua prática efetiva, competente e com resultados favoráveis? Penseindividual ou coletivamente, como seria sua atuação como professor? Oque mediaria essa atuação?Um dos princípios mais relevantes da concepção construtivista está não apenas na ênfase de que

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o conhecimento aprendido (aquele que fica e do qual nunca mais nos esquecemos) só é aprendidorealmente se for construído pelo indivíduo, mas sim na crença de que a educação se dá numadimensão social. Se buscarmos um, apenas um elemento do processo educacional – seu conteúdo deensino – para explicar essa dimensão social, é provável que possamos entendê-la melhor. Por exemplo,o mesmo conteúdo de aprendizagem pode ser aprendido e construído de inúmeras diferentes formas,conforme os alunos que o estiverem construindo, o ambiente no qual estes alunos estão inseridos, oentorno da escola onde estes alunos estudam, suas histórias de vida, seus objetivos, suas relações comos professores e entre eles, o projeto de políticas educacionais que há para eles etc.A dimensão social presente e destacada na concepção construtivista contém a possibilidade deresponder a algumas daquelas perguntas dos professores diante dos seus problemas quando estãoensinando e sobre as quais falávamos anteriormente.Dessa forma, a escola é um elemento importante do processo ensino-aprendizagem na concepçãoconstrutivista, por oferecer aos alunos aspectos da cultura fundamentais para o seu desenvolvimentopessoal (cognitivo, afetivo e social) de forma ativa e contextualizada culturalmente. O aluno constróiseu conhecimento na interação com ambiente escolar e seus elementos. ObservaçãoMas, o conhecimento é construído a partir do quê? Melhor, um aprendizaprende sozinho? A opção pela concepção construtivista de aprendizagempor parte de um professor o “desobriga” de atuar sobre a construção doconhecimento realizada por seu aluno?22Unidade I

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Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11Esses questionamentos têm sido aplicados não apenas como busca de respostas, mas comoafirmações aceitas como verdades. Não somente profissionais da educação, como também asociedade como um todo, tem se pautado na crença de que “construtivismo é uma forma de o alunoaprender sozinho” e com a justificativa de que há naturalidade nessa crença já que o “indivíduoconstrói seu conhecimento”. Há nesse pensamento um equívoco. O conhecimento é, sim, construídopelo indivíduo, mas nas relações que este tem com quem lhe ensina, com outros aprendizes, com oambiente em que vive, com os meios de comunicação, com os conteúdos explorados, enfim com omundo que o cerca.Assim podemos esclarecer que a concepção construtivista da aprendizagem e do ensino,não contrapõe construção individual à interação social; constrói-se,porém se ensina e se aprende a construir. Em definitivo, não contrapõe aaprendizagem ao desenvolvimento, e entende a educação – as diversaspráticas educativas das quais um mesmo indivíduo participa – como a chaveque permite explicar as relações entre ambos (SOLÉ; COLL, 1996, p. 118). Lembrete“Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, estápronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não édado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constituipela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismohumano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de

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sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditáriaou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação nãohá psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento” (BECKER,2001, p. 20).Construir conhecimento é aprender realmente ou significativamente. Mas, o que é umaaprendizagem significativa? É o ato de construirmos um significado próprio e pessoal para um objeto deconhecimento que existe objetivamente. Como Solé e Coll (1996) esclarecem:não é um processo que conduz à acumulação de novos conhecimentos, masà integração, modificação, estabelecimento de relações e coordenação entreesquemas de conhecimento que já possuímos, dotados de uma certa estruturae organização que varia, em vínculos e relações, a cada aprendizagem querealizamos (p. 116).A escola é considerada o local no qual se aprende. Obviamente aprendemos muito em diferentesambientes, mas as intervenções escolares são planejadas e sistematizadas. Isso não significa quea transmissão de conhecimentos memorizados garanta efetivamente o aprendizado por parte dosalunos.23Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL Saiba maisVá ao endereço digital seguinte:<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf>Nele você poderá ler na íntegra o texto O que é o construtivismo,de Fernando Becker, que o auxiliará a compreender melhor o tema aqui

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discutido.Pensemos nos conteúdos como elemento crucial para entender, articular, analisar e inovar a práticadocente. Eles são concretos e resultados de convenções sociais. Existem como patrimônio históricoda humanidade e não podem ser modificados a cada aprendizagem realizada por cada indivíduo. Umexemplo para explicar: quando está se alfabetizando, um aluno cria no seu processo de construção umaregra diferenciada para uma questão ortográfica. Isso não quer dizer que essa regra deva ser incorporadaà ortografia da língua portuguesa. A regra existe e é concreta, a forma/meio como o aluno chegará atéa mesma é que o fará ou não construir conhecimento sobre a mesma.Essa construção, repetimos, está atrelada à atribuição de significado pessoal que o aprendiz dá àmesma, mas também às condições criadas pelo professor e demais atores desse cenário escolar para queessa significação protagonize a ação.Esta é uma das razões pelas quais a construção dos alunos não pode serrealizada solitariamente: porque nada garantiria que sua orientação fosseadequada, [...] outra razão, muito mais importante, é que de forma solitárianão seria assegurada a própria construção (SOLÉ; COLL, 1996, p. 88). ObservaçãoPense no que efetivamente você aprendeu até agora na sua vidaescolar. A forma como isso se deu foi pela memorização ou pelo significadopessoal atribuído a essas aprendizagens? Ou ainda, o quanto outras pessoasafetaram você com a significatividade dessas aprendizagens?Os motivos ou motivações que tornam uma aprendizagem significativa para o indivíduo são internos

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e, de forma exata e encantadora (eis o “belo” do ser humano), são infindáveis. O que isso quer dizer?Que pela utilidade ou pelo simples prazer de uma aprendizagem, o indivíduo a constrói. No entanto, osconteúdos sociais e culturais se confrontam com os conhecimentos prévios desse indivíduo a respeitodos mesmos. É esse confronto que garante a construção do conhecimento e é sobre o mesmo que oprofessor deve atuar como mediador entre o aluno e a cultura.24Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11Podemos esclarecer que a construção na escola funciona como “ponte” entre o saber acumuladohistoricamente e o saber de cada um dos seus alunos. Faz-se na escola (de acordo com a concepçãoconstrutivista), um processo de conciliação a partir dos conhecimentos prévios (mesmo que adquiridosna própria escola em situações anteriores) com os conteúdos que configuram o currículo escolar.Enfim, a concepção construtivista oferece:• ao professor, um referencial para analisar e fundamentar muitas das decisões que toma noplanejamento e no processo do ensino para proporcionar-lhe critérios que o façam compreendero que acontece com seus alunos durante as aulas;• à escola, um referencial para um trabalho de equipe articulado com outras escolas (em projetoscurriculares propostos, por exemplo, por políticas educacionais) e com outras disciplinas;• à escola, o desenvolvimento de um trabalho de formação de seus professores pela construção desuas práticas profissionais. ObservaçãoPense um pouco e faça uma relação de conteúdos factuais, conceituais,procedimentais e atitudinais possíveis de serem aprendidos na escola atual de

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Ensino Fundamental. Compare e discuta com seus colegas esses conteúdos.2.1 A mediação social da prática educativa sustentada pelos conhecimentos2.1.1 Os conhecimentos prévios dos alunos como ponto de partida para a aprendizagemQuando você estiver atuando como professor, sentirá que seus alunos possuem vários conhecimentosadquiridos antes de serem seus alunos e mesmo antes de serem alunos “e a concepção construtivistaassume este fato como elemento central na explicação dos processos de aprendizagem e ensino na salade aula” (MIRAS, 1996, p. 28).Mesmo quando iniciam sua escolaridade, os alunos constroem pessoalmente um significado ouo reconstroem do ponto de vista social com base no que conheceram previamente. Chamamos essemomento de estado inicial do aluno, determinado por três elementos básicos.Em primeiro lugar, a apresentação por parte do aluno de uma determinada disposição para realizar aaprendizagem; não é inexplicável ou imprevisível, mas advém de inúmeros fatores pessoais e interpessoaiscomo, por exemplo: sua autoimagem e autoestima; experiências anteriores de aprendizagem; capacidadede assumir riscos e esforços, de pedir, de receber; suas representações sobre as tarefas que vai realizar,sobre o professor e os colegas, bem como seus interesses por essas tarefas.Em segundo lugar, em qualquer situação de aprendizagem, os alunos dispõem de capacidades,instrumentos, estratégias e habilidades gerais para completar o processo. Possuem capacidades 25Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALcognitivas (com mais ou menos níveis de inteligência, raciocínio e memória), motoras, de equilíbrio

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pessoal e de relação interpessoal. Dispõem ainda de um conjunto de instrumentos, estratégias ehabilidades gerais que adquiriram em diferentes contextos durante seu desenvolvimento e, em especial,no contexto escolar. Por exemplo: a linguagem (oral e escrita), a representação gráfica e numérica,habilidades para sublinhar, anotar, resumir, pesquisar, organizar informação, ler com compreensão ouescrever reflexivamente.E, como último elemento, podemos pensar que nessa “radiografia” do estado inicial do aluno,é possível “ver” conhecimentos que estes já possuem quando diante da aprendizagem de um novoconteúdo. São os conhecimentos que chamamos de prévios, ou seja, há sempre uma maior ou menoraproximação com o conteúdo a ser aprendido presente na “bagagem” – escolar ou não – do aluno. Deacordo com Miras:Como se justifica a necessidade de considerar esses conhecimentos prévioscomo elemento fundamental do estado inicial do aluno? [...] entendemosque a aprendizagem de um novo conteúdo é, em última instância, produtode uma atividade mental construtivista realizada pelo aluno, atividademediante a qual constrói e incorpora á sua estrutura mental os significadose representações relativos ao novo conteúdo (MIRAS, 1996, p. 29).Os conhecimentos prévios dos alunos cumprem um papel fundamental nosprocessos de aprendizagem. O primeiro passo do processo de aprendizagem éa busca de compreensão daqueles novos elementos aos quais estamos tendoacesso e essa compreensão é construída pelo relacionamento de nossos

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conhecimentos anteriores com os novos saberes. Conceitos e relações sãoassim desestabilizados e reconstruídos, mas apenas se acontecer esse diálogoentre os conhecimentos prévios, também chamados de representaçõesdos alunos, concepções alternativas ou culturas de referência e os novossaberes. Os conhecimentos prévios são as estruturas de acolhimento dosnovos conceitos e por isso devem ser cuidadosamente investigados peloprofessor e levados em conta no momento de se construir propostas deatividades de aprendizagem. Para isso é necessário que cada educadordomine e aplique em seus cursos diferentes estratégias de sondagem deconhecimentos: questionários, entrevistas, debates, júris simulados, jogos edinâmicas, dentre outros (BURNIER, 2001).Mas, há sempre, para qualquer aluno de qualquer série, conhecimentos prévios a respeito de umnovo conteúdo? Segundo Miras (1996), de uma perspectiva externa ao aluno esses conhecimentosprévios podem não ser verificados, mas da perspectiva do próprio aluno e da concepção construtivistasempre o são, pois, se não, como seria possível que esse aluno fizesse uma primeira leitura sobre onovo conhecimento? Há, porém, que se levar em consideração condições como: distância maior oumenor entre esses conhecimentos (os prévios e os novos), significatividade e apresentação adequada doconteúdo pelo professor.26Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11 Observação

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Vamos “enfrentar” um desafio? Relacione seus conhecimentos préviose os conhecimentos novos a respeito da mediação pedagógica. Em seguida,pense em sua própria aprendizagem.Estamos falando, neste momento, dos esquemas de conhecimento que segundo Coll (1983), citadopor Miras (1996) são definidos como “a representação que uma pessoa possui em um determinadomomento de sua história sobre uma parcela da realidade”.Os esquemas de conhecimento incluem as representações da realidade que cada aluno possui porinformações sobre fatos e acontecimentos, experiências e casos pessoais, atitudes, normas, valores,conceitos, explicações, teorias e procedimentos relacionados a essa realidade. De onde provêm essesesquemas? Do meio familiar, de convivências diversas, de leituras, dos meios de comunicação, mastambém da vivência escolar anterior.Possuir esquemas de conhecimento não implica que estes sejam coerentes e estejam organizadosda mesma forma em relação aos mesmos alunos. Os esquemas que os alunos possuem caracterizam-senão apenas pela quantidade de conhecimentos, mas também pelo nível de organização interna de cadaum desses alunos e de como estes os manejam.A validade dos esquemas de conhecimento apresenta-se atrelada às atitudes, valores e normas deuma determinada cultura ou grupo social. Aqueles que são válidos para, por exemplo, o grupo familiar,podem não sê-lo para um grupo com critérios de avaliação científicos.2.1.2 A exploração dos conhecimentos prévios no desenvolvimento do processo ensinoaprendizagemO interesse por parte da concepção construtivista pelos conhecimentos prévios não se dá apenas paraestudo e análise das questões relativas ao processo ensino-aprendizagem (teoria), mas principalmente

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pela repercussão que eles têm neste processo. O que isso quer dizer? Que o sucesso referente ao ensinare ao aprender, depende muito de se ensinar o que o aluno ainda não sabe ou a partir do que este jásabe.Ao planejar seu curso ou sua aula, é importante que o professor dedique-se a detectar os conhecimentosprévios de seus alunos. Cabe aqui destacar que esse conhecimento por parte de um professor, no iníciode um processo educativo, é uma tarefa bastante difícil, mas primordial ao pensarmos na organização eno planejamento desse processo.O primeiro critério nessa “busca” realizada pelo professor dos conhecimentos prévios dos alunos,pauta-se na seleção de quais desses conhecimentos devem ser explorados, ou seja, quais questões sãoimportantes para que se descubra o que sobre determinado assunto os alunos já sabem.27Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALUm segundo critério a ser considerado são os objetivos concretos do professor em relação aosconteúdos e ao tipo de aprendizagem pretendida. Se esses objetivos encontram-se na superficialidadeou na profundidade do conteúdo em questão.A consideração simultânea e relacionada de ambos os fatores, o conteúdo enossos objetivos, deveria levar-nos a fazer perguntas como: o que pretendoque os alunos aprendam concretamente sobre os conteúdos? Como pretendoque o aprendam? O que precisam saber para poder entrar em contato eatribuir um significado inicial a estes aspectos do conteúdo que pretendoque aprendam? Que coisas já podem saber que tenham alguma relação

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ou que possam chegar a relacionar-se com esses aspectos do conteúdo?(MIRAS, 1996, p. 32).Responder a estas perguntas nos ajuda a ter “em mãos” os aspectos básicos que devem ser exploradose conhecidos quanto àquilo que nossos alunos já sabem.Mas, e se detectamos que nossos alunos nada sabem? Ou que não possuem nenhuma noção arespeito do que é nossa proposta ensinar-lhes? É necessário refletir se nada sabem ou se sabem pouco.Ainda assim, precisamos enfrentar o desafio de descobrirmos “de onde partir” para que o processoeducativo ocorra efetivamente. Se, por exemplo, nossos alunos não estão alfabetizados, é impossívelplanejar um ensino de determinada regra ortográfica. Então, diante desse exemplo, você poderá estarpensando: tenho primeiro que alfabetizá-los? E a resposta é sim.Da mesma maneira, é importante que detectemos como ocorreram as aprendizagens anteriores denossos alunos. Superficialmente? Memorizadas? Há aqui outra tarefa para nós professores, talvez aindamais árdua: a de transformar a maneira como nosso aluno pode aprender. ObservaçãoMas não desanime! Essas ações não são impossíveis. Os referenciaisteóricos e a nossa própria prática, nos apontarão alternativas e, também anós, desafios possíveis de serem vencidos.A ação do professor depende de constantes atualizações reflexivas sobre o processo educativo. O queisso quer dizer? É fundamental que constantemente analisemos:• a disponibilidade dos nossos alunos para a aprendizagem;• a possibilidade da falta de sentido que atribuem à atividade;• a escassa motivação deles;• a forma como organizamos nosso ensino na relação direta com os alunos ou no contexto (decurrículo, da falta de relação entre as áreas etc.).28

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Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11Nossas observações acerca desses fatores nos permitirão saber se nossos alunos atualizam ounão os seus conhecimentos prévios e, na negativa, nossa ajuda é imprescindível. Como? Tendoconstantemente presentes os conhecimentos prévios deles, necessários para a atribuição de sentidoe significado ao novo conteúdo, orientando-os a utilizá-los nos momentos que devem atualizá-losou explicando as relações entre os tais conhecimentos prévios e os novos no processo educativo.Em quais situações? Nas apresentações e introduções aos novos conteúdos, nas sínteses e nasrecapitulações.Vamos então discutir a exploração desses conhecimentos prévios de nossos alunos utilizando trêsquestões:1. O que explorar? A experiência da prática é importante para responder esta questão, pois oque devemos explorar enquanto conhecimentos prévios de nossos alunos está atrelado aosobjetivos (tão mais claros quanto maior nossa experiência) que temos para a aprendizagemde um novo conteúdo. Além disso, também nossa experiência nos fornece elementos que nospermitem, por exemplo, saber quais as dificuldades mais habituais de determinados conteúdos.Ainda, é preciso levar em consideração aspectos além de uma lista de fatos, conceitos,procedimentos ou atitudes, mas necessariamente a relação ou relações estabelecidas entreesses elementos.2. Quando? Sempre. É natural que no início do processo educativo exploremos os conhecimentosprévios de nossos alunos para que saibamos “de onde partir”, mas é necessário que isso ocorra

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constantemente. Porém, a principal questão é: o que fazermos com isso? Se detectamos osconhecimentos prévios e as relações que nossos alunos estabelecem entre estes e os novosconteúdos, mas não replanejamos nossa prática, não reformulamos estratégias, não buscamosdiferentes recursos, enfim, não refletimos sobre os resultados detectados por nós, de nada teráadiantado nosso “esforço”.3. Como realizar a exploração? Há vários instrumentos, os mais padronizados ou fechadose os de caráter mais aberto ou flexível. A inter-relação professor/aluno, o nível deescolaridade e também os conteúdos indicarão os melhores instrumentos. Por exemplo,instrumentos mais fechados (questionários, mapas etc.) são úteis para a exploração deconteúdos conceituais, já a exploração dos conteúdos procedimentais exige observaçõesconstantes durante a realização de atividades e, parece mais adequado que se exploreconteúdos atitudinais utilizando instrumentos mais abertos como observação e diálogosentre professor e alunos.Obviamente o início e desenvolvimento do processo educativo não incluem apenas a exploraçãodos conhecimentos prévios de nossos alunos. Outras questões estão em jogo como a disposição delespara a aprendizagem, seus recursos e capacidades gerais. Mas é importante que possamos contar comuma contribuição que nos dê referências do ponto de partida para a organização da nossa atuação emsala de aula.29Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALExemplo de aplicaçãoConvém agora retomarmos aquele conceito que você escreveu (sugerido na página 13) como sendo

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seu conhecimento prévio sobre este nosso conteúdo trabalhado. Compare-o com o que você aprendeuestabelecendo uma relação entre sua concepção antes e depois do processo.3 COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO PROFESSORPara uma atuação profissional de boa qualidade, se faz necessário ter um profissional docenteformado com essa mesma boa qualidade. Isso significa dizer que é de fundamental importância odesenvolvimento de competências específicas para o professor.Pensar no conceito de competência, que ressurgiu no discurso educacional por volta dosanos 90, tem sido, para a área da educação, nos últimos anos, uma grande encruzilhada, já quea docência é uma área com uma especificidade muito particular, ou seja, precisamos pensarque lidamos com formação dos futuros cidadãos que, como na linguagem popular se diz, “são ofuturo da nação”.Desse modo,há a necessidade de forjarmos uma acepção especializada de “competência”em educação e em formação de professores, em torno da qual osinvestigadores possam convergir e que contribua para intervenções maisconsistentes dos profissionais (ESTEVES, 2009, p. 37).Assim, vamos, agora, pensar sobre a construção e o desenvolvimento das competências dosprofessores tendo em vista seu papel diante da formação dos educandos.3.1 A organização e a direção de situações de aprendizagemO professor tradicional sempre foi, e em alguns casos ainda é, o detentor de conhecimentos que desi faz emergir os saberes. Transmitir esses seus conhecimentos, “dar lições”, corrigi-las e instruir alunosforam, ou são, competências desse modelo de profissional.O destaque, porém, nesta unidade será para competências novas num novo conceito de professor:

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o conceito de dirigente de situações de aprendizagens. Para tal é preciso transformar-se a partirdo entendimento do processo educativo atual e com coragem para trabalhar muito e de formadiferente.Há várias dificuldades presentes nesse processo e em seus diferentes níveis. Por exemplo, a interaçãoque um professor tem com seus alunos nas séries iniciais de escolaridade é bastante diversa da que temcom alunos adolescentes ou adultos. Pela diferente quantidade de aprendizes por classes, pela formacomo se organizam os currículos, pela distribuição de tempo e de espaço etc.30Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11A nossa intenção aqui é destacar um ensino-aprendizagem mais centrado nos alunos (com suasrepresentações, suas atividades, as situações concretas nas quais são mergulhados e seus efeitosdidáticos) do que no professor que acredita estar fazendo sua parte ensinando pela opção por transmitirseus conhecimentos. Trata-se sim de um professor com vontade de conceber situações didáticasótimas. Situações amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação com pesquisas, identificação eresolução de problemas.Para a concepção, organização e animação de situações de aprendizagem, o professor competenteprecisa:• conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução emobjetivos de aprendizagem;• trabalhar a partir das representações dos alunos;• trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;• construir e planejar dispositivos e sequências didáticas;• envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.Vejamos cada uma das ações descritas a seguir.

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3.1.1 Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua traduçãoem objetivos de aprendizagemO eixo aqui está na tradução dos conteúdos em objetivos de aprendizagem, é mais para que sepretende determinada aprendizagem de um conteúdo do que o conteúdo propriamente dito.Não sejamos ingênuos em pensar que basta então listar objetivos. O ensino obviamente persegueobjetivos, mas não mecânica e obsessivamente. Eles intervêm no planejamento didático, na análise dassituações e das atividades para delimitar ou ampliar o que realmente foi desenvolvido e na avaliaçãopara o controle dos conhecimentos que os alunos adquiriram.A tradução dos programas em objetivos de aprendizagem tem sua importância na transposiçãodestes para as situações e atividades de aprendizagem. Para que trabalharei um e não outro conteúdo e,portanto, para que utilizarei esta situação ou atividade e não outra? Isso valoriza e destaca o que é paraser valorizado e destacado no processo ensino-aprendizagem: a ação propriamente dita.Mas, as ações educativas são dinâmicas e envolvem mais de um objetivo e mais de uma disciplinapela multiplicidade e complexidade das situações. A competência do professor está em organizar edirigir estas situações. É necessário, então, que ele conheça os conteúdos que a envolvam, mas nãoapenas para torná-los inteligíveis aos seus alunos.A competência requerida hoje em dia é o domínio dos conteúdos comsuficiente fluência e distância para construí-los em situações abertas e 31Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALtarefas complexas, aproveitando ocasiões, partindo dos interesses dos alunos,

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explorando acontecimentos, em suma, favorecendo a apropriação ativa e atransferência dos saberes, sem passar necessariamente por sua exposiçãometódica, na ordem prescrita por um sumário (PERRENOUD, 2000).O gráfico a seguir pode ilustrar melhor essa competência do professor:ObjetivosConteúdos SituaçõesAções3.1.2 Trabalhar a partir das representações dos alunosJá discutimos bastante esta questão, mas é importante que a retomemos aqui num sentido decompetência para ensinar.É preciso que o professor coloque-se no lugar do aluno, para conseguir ajudá-lo a fundamentarsenas suas representações prévias. Em seguida, encorajá-lo a encontrar um ponto de entrada em seusistema cognitivo. Enfim, conseguir uma maneira de desestabilizá-lo apenas o suficiente para novamenterestabelecer o equilíbrio, incorporando novos elementos às representações existentes, reorganizando-asse necessário.3.1.3 Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem ObservaçãoVocê consegue imaginar um trabalho assim? Pense um pouco: o que vocêjá aprendeu até este momento na sua vida a partir de erros e obstáculos?Certamente sua resposta terá vários itens.Aprender não é memorizar, mas reestruturar o sistema de compreensão de mundo. Isso requer umimportante trabalho cognitivo para restabelecer-se um equilíbrio rompido.A partir de um problema diante da aprendizagem de um determinado conteúdo, o aluno “procura”

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entre os conhecimentos construídos, alternativas para resolvê-lo, mas nem sempre as tem ou as temcom conceitos e procedimentos errôneos do ponto de vista científico.Aproveitar esses erros requer uma competência do professor para “caminhar” junto com seus alunosnas suas buscas de soluções. Ensinar dessa forma é bastante diferente de se “dar” uma fórmula pronta 32Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11para que se resolva um problema. Por exemplo, para resolver a situação de ter saído de casa com certaquantia de dinheiro, ter gasto 70 reais primeiramente e depois 40 e querer saber quanto era a quantiaquando saiu de casa, o aluno que “recebeu” como fórmula para resolver problemas de subtração e“dicas” de palavras como “gastar”, tentará resolver este problema subtraindo 40 de 70. Mas a soluçãonão é coerente, pois 30 como resultado é um valor inferior a cada uma das quantias gastas. Deste “erro”,pode-se solucionar o problema pela soma dos gastos.Deparar-se com o obstáculo é, em um primeiro momento, enfrentar o vazio,a ausência de qualquer solução, até mesmo de qualquer pista ou método,sendo levado à impressão de que jamais se conseguirá alcançar soluções. Seocorre a devolução do problema, ou seja, se os alunos apropriam-se dele,sua mente põe-se em movimento, constrói hipóteses, procede a explorações,propõe tentativas “para ver”. Em um trabalho coletivo, inicia-se a discussão,o choque das representações obriga cada um a precisar seu pensamento e alevar em conta o dos outros. (PERRENOUD, 2000, p. 79).3.1.4 Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas

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A construção do conhecimento é uma trajetória coletiva que o professor orienta, criando situações edando auxílio, sem ser o guia que transmite o saber e nem o guia que propõe a solução para o problema.É importante o professor conceber situações que estimulem o conflito cognitivo entre os alunos ou namente de cada um, ou seja, entre o que o aluno antecipa e o que observa.A competência do professor busca um amplo repertório de dispositivos que façam os alunosconstruírem efetivamente conhecimentos refazendo caminhos que levaram às grandes descobertas pelahumanidade. Há que se planejar, mas também que criar possibilidades de se abrir replanejamentos e dese reordenar movimentos que levem à solução de problemas.3.1.5 Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimentoO envolvimento e o compromisso do professor com o saber são suas “armas” mais eficazes nestacompetência com seus alunos. Trata-se de conseguir desses parceiros que “comprem juntos a briga” doconhecimento compreensivo.Mas não há fórmulas ou listas de estratégias ou recursos que façam “brilhar os olhos” dos alunosdiante de um novo conhecimento. Há conteúdos que por sua utilidade ou funcionalidade encantamaprendizes por si só como, por exemplo, a leitura. Mas nem todo novo conhecimento possui estacaracterística.Assim, o professor é o modelo pela sua relação com o saber e com a pesquisa. A demonstraçãoverdadeira de que ele, professor, caminha junto com seus alunos entendendo-os, fazendo as reflexõescabíveis, lançando questões, pesquisando, conhecendo seus “caminhos cognitivos”, é a mais forte esincera ação para envolver alunos no processo educativo.33Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL

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O professor tem que tornar acessível e desejável sua própria relação com o saber e a pesquisa,encarnando um modelo plausível de aprendiz. A dinâmica de uma pesquisa é simultaneamenteintelectual, emocional e relacional.O papel do professor é relacionar os momentos fortes, assegurar a memória coletiva ou confiá-la acertos alunos, fazer buscar materiais requeridos ou encorajá-los a confeccionar o que for necessário paraos experimentos. O professor precisa ser capaz de estabelecer uma cumplicidade e uma solidariedadeverossímeis na busca do conhecimento.Nem todo conhecimento, como já foi dito, suscita uma utilidade. Fazer “funcionar” um aparelho deDVD, por exemplo, não demanda conhecer toda a tecnologia que envolve esse funcionamento. Portanto,nem todo conhecimento é justificável por si só e por isso, muitas vezes, é necessário que se crie com osalunos uma paixão “desinteressada” pelo saber.Como tornar o conhecimento apaixonante por si mesmo? Essa não ésomente uma questão de competência, mas de identidade e de projetopessoal do professor. Infelizmente, nem todos os professores apaixonadosdão-se o direito de partilhar sua paixão, nem todos os professores curiososconseguem tornar seu amor pelo conhecimento inteligível e contagioso. Acompetência aqui visada passa pela arte de comunicar-se, seduzir, encorajar,mobilizar, envolvendo-se como pessoa (PERRENOUD, 2000).As competências abordadas trazem à tona, principalmente a última, a questão do sentido e dasubjetividade não só do aluno, mas também do professor, assim como as relações constituídas entreambos.Exemplo de aplicação

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Pense e responda recorrendo à sua memória: você já conviveu com algum professor que o fizesseapaixonar-se pelo conhecimento? Discuta a respeito com seus colegas e tente extrair desses “modelos”as suas competências profissionais. LembreteDe acordo com Perrenoud (2000), são competências fundamentais atodo educador:1. organizar e dirigir situações de aprendizagem;2. administrar a progressão das aprendizagens;3. conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;34Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/114. envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;5. trabalhar em equipe;6. participar da administração da escola;7. informar e envolver os pais;8. utilizar novas tecnologias;9. enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;10. administrar sua própria formação contínua.4 A ADMINISTRAÇÃO E A PROGRESSÃO DAS APRENDIZAGENSGeralmente a escola é organizada com programas voltados para cada série, ano ou ciclo. Nessetipo de organização, os objetivos visados para alcance dos alunos, bem como os métodos e meiospara tais objetivos, estão atrelados ao cumprimento de um período de tempo. Não há, nesse caso,exigência de muita competência por parte do professor que organiza seu trabalho com determinadosconteúdos a serem conhecidos por seus alunos em certo período de tempo. Basta que ele os divida emmeses ou semanas e busque estratégias e recursos didáticos que “caibam” nessa divisão, vamos dizer,organizacional.Parece assim que estamos nos referindo a um trabalho com objetos ou coisas, um trabalho pautado

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na sua funcionalidade, ou seja, basta que todos façam a sua parte para que o produto final possa serobtido com sucesso. No caso da escola, professores parecem ensinar, alunos parecem aprender, diretoresparecem administrar etc., e tudo durante o período de tempo estabelecido. Os problemas surgidos devemajustar-se ao cumprimento do programa pré-elaborado. Como? Por exemplo, o aluno que não aprendeudeterminado conteúdo durante determinada semana, deverá “estudar” mais, fazer “trabalho extra”, teraulas particulares etc. Já o aluno que aprendeu compreensivamente o mesmo conteúdo no primeiro diada semana ajustar-se-á “esperando” pelo próximo novo conteúdo ou buscando outras coisas para fazer,inclusive indisciplinando-se.Ora, estamos falando de ambiente escolar e este só existe porque nele existem sujeitos autônomos ediversos. Suas progressões de aprendizagens já se delineiam em ciclos plurianuais em várias escolas e seencaminham rumo à individualização dos percursos de formação e à pedagogia diferenciada.Nesse contexto, as decisões de progressão passam a ser assumidas mais pelo professor quanto menosestiver sendo decididas pela escola. Então, novas competências mais específicas precisam ser mobilizadas:4.1 Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e àspossibilidades dos alunosPrimeiramente vamos pensar numa situação-problema e nas suas características:• girar em torno da resolução de um obstáculo;35Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTAL• permitir formulações por parte dos alunos;• ser um enigma a ser resolvido;• possibilitar aos alunos apropriarem-se de instrumentos intelectuais;

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• oportunizar questionamentos e elaboração de novas ideias pelos alunos;• operar em uma zona próxima, propícia ao desafio intelectual (nem muito fácil e nem impossívelde ser resolvida);• oportunizar que alunos assumam riscos quando antecipam os resultados (suas hipóteses);• funcionar como um debate científico dentro da classe (conflitos sociocognitivos potenciais);• possibilitar a sua validação através do próprio modo de como se estrutura;• auxiliar os alunos nos retornos reflexivos durante todo o processo.A competência do professor para a prática de uma pedagogia das situações-problema está naadministração das progressões das aprendizagens através da otimização da gestão do tempo e dotrabalho com os alunos na zona de desenvolvimento proximal.Uma pergunta que naturalmente surgiu em você: preparamos uma situação-problema diferentepara cada aluno já que estamos buscando a individualização das progressões de aprendizagem?Se você respondeu não, você acertou. Uma mesma situação-problema poderá ser solucionada dediferentes maneiras por diferentes alunos ou grupos e, ainda suscitar diferentes aprendizagens.4.2 Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensinoFocalizar o ensino no aluno e na progressão das suas aprendizagens requer do professor a competênciapara uma visão longitudinal dos objetivos do ensino. Não basta mais possuir objetivos que se encerremnum período letivo ou enquanto se está convivendo com o aluno. É preciso enxergar este aprendiz muitoà frente, vivenciando novos conhecimentos e aprofundando os anteriores, além também de conhecersuas conquistas até então.É claro que isso requer também concepções diferenciadas por parte dos elementos presentes (às

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vezes determinantes) no contexto escolar, como por exemplo, a organização anual ou plurianual ou oincentivo ou não para reflexões conjuntas entre professores de uma mesma escola.Ensinar os alunos a ler, por exemplo, deveria ser objetivo de todos os professores de crianças ouadolescentes. Em momentos diferentes da escolaridade ou em desenvolvimento de diferentes disciplinashá variadas leituras para variados tipos de textos.Pode haver resistências a uma visão longitudinal dos objetivos de ensino por parte dos professoresque têm o seu arsenal de trabalho construído durante anos para um mesmo nível de escolaridade.36Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/114.3 Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades deaprendizagemÉ necessário além da competência, ter energia e coragem para se questionar “porque se faz o que faz”. ObservaçãoO professor deve dominar a teoria da aprendizagem das atividadestrabalhadas tendo competência para escolhê-la conscientemente porseu valor tático e estratégico na progressão das aprendizagens e não porhábito ou por “falta de algo melhor”. Trata-se de criar/inventar atividades esequências didáticas a partir dos objetivos visados.4.4 Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordocom uma abordagem formativaPara gerir a progressão dos alunos, é necessário que se façam balanços periódicos de suas aquisições.A observação contínua tem uma intenção formativa e em uma perspectiva pragmática considera-setudo o que o aluno tem de melhor:• suas aquisições;• sua maneira de aprender e de raciocinar;

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• sua relação com o saber;• suas angústias;• seus eventuais bloqueios diante de certo tipo de tarefa;• o que faz sentido para ele e o mobiliza;• seus interesses;• seus projetos;• sua autoimagem como sujeito mais ou menos capaz de aprender;• seu ambiente escolar e familiar.Mas, principalmente, o professor precisa saber o que fazer com o que se detectou como aquisiçõesou não de aprendizagens.em suma, não mais separar avaliação e ensino, considerar cada situação deaprendizagem como fonte de informações ou de hipóteses preciosas paradelimitar melhor os conhecimentos e a atuação dos alunos (PERRENOUD,2000, p. 98).37Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALOs alunos precisam ser olhados, observados e analisados de forma que suas ações e atitudes sejamconsideradas pelo professor como demonstração de suas aprendizagens.A todo o momento o professor precisa estar atento para perceber como/o que/por que seu alunoconstrói conhecimento.Desse modo, sua visão precisa considerar a avaliação, não apenas a medida educacional, já queavaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativoque se realize em um constante trabalho de ação-reflexão, porque educaré fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos parasuperar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-loconstantemente (GADOTTI, 1984, p. 90).

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E esta será uma atitude formativa, de forma que o educador preocupe-se, efetivamente, com aaprendizagem e o desenvolvimento de cada um de seus educandos sendo seu olhar uma atitude que osajude a aprender.4.5 Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões deprogressãoUma série de decisões ou orientações são tomadas no final de cada ano letivo ou de cada ciclo emqualquer formação escolar. Essas decisões são tomadas a partir de um balanço das aquisições e, aomesmo tempo, de um prognóstico e de uma estratégia de formação que considere recursos e dispositivosdisponíveis. Nesse caso nos encontramos no coração do ofício do professor.Não é tarefa fácil a decisão entre um aluno refazer uma série de escolaridade ou um ano dedeterminado ciclo. Decidir esse “dilema” vai além de preparar e aplicar provas ou optar entre a repetênciado aluno, por não ter este aprendido conteúdos importantes para a sequência de sua progressão, ou anão interrupção na trajetória de sua escolaridade. Em ambos os casos a decisão é complicada porqueo aluno pode carregar “buracos vazios” nas suas aprendizagens ou tornar-se desmotivado por refazerparte dessa trajetória. ResumoNesta unidade você estudou sobre a didática e todas as possibilidadesque, a partir dela, são geradas visando a um processo de ensino e deaprendizagem desenvolvido com boa qualidade.Você foi levado a pensar sobre a escola e o desenvolvimento dos alunostendo como foco principal a aprendizagem. Devemos pensar que esta, a

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aprendizagem, é a razão primeira da existência da escola, ou seja, é esteo espaço em que a aprendizagem é plenamente planejada, de forma 38Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11sistemática, para que o aluno que lá esteja, construa, com auxílio e mediadopor seu professor, todo o conhecimento que for possível.Você conheceu as diferentes tendências pedagógicas já desenvolvidasno Brasil e pôde perceber o quanto a interação entre alunos, professores,equipe escolar, conteúdos são fundamentais para o sucesso de todo oprocesso de ensinar e aprender.Um dos itens mais importantes nesta unidade diz respeito àscompetências profissionais do professor. Perceber e entender como esteprofissional deve organizar e dirigir as diversas situações de aprendizagemnos faz pensar, não é mesmo?Você já se deu conta de como é necessário ter conhecimento dosconteúdos da disciplina ministrada, assim como trabalhar a partir dasrepresentações dos alunos, de seus erros e obstáculos à aprendizagem?Foi o que acabamos de estudar. Agora, antes de entrar na próximaunidade e conhecer as possibilidades que o trabalho com projetos nos abre,vamos realizar alguns exercícios, ok?Bons estudos! ExercíciosQuestão 1. Phillippe Perrenoud, ao discutir a coordenação das práticas pedagógicas, observaque quanto mais extensivo o trabalho em equipe, tanto mais se modificam as relações de poder. Tais

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modificações, segundo o autor, ocorrem em sentidos contraditórios, uma vez que os estabelecimentosde ensino obtêm ganhos e perdas. Para os administradores, sobretudo os que apresentam resistências emudanças, as equipes pedagógicas produzem problemas em relação à direção escolar. Segundo a análisedo autor, é incorreto afirmar que as equipesA) Precisam da liderança do diretor da escola, ao qual cabe exercê-la com prudência, cuidandopara que todas as regras fiquem claras aos sujeitos de modo a evitar problemas e confrontosdesgastantes, sobretudo com órgãos superiores.B) Tornam mais complexa a gestão de pessoal, uma vez que se tem de considerar as escolhas mútuasdos docentes. São capazes, porém, de contribuir para que alguns professores se sintam encorajadosa romper com o individualismo.C) Tendem a contestar as regras comuns, mas podem ser mais competentes na resolução de problemasdo que problemas que não sabem trabalhar juntos.39Revisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11DIDÁTICA FUNDAMENTALD) Contestam regras e podem ameaçar a ordem tradicional, interferindo nos procedimentosburocráticos, mas contribuem para um clima otimista por assumirem uma postura menos passivafrente ao sistema.E) Constituem um “contrapoder” frente à direção, mais forte do que atuação de pessoas isoladas,podendo criar suas próprias regras e política. Estimulam, porém, a direção a avançar e facilitam adesconcentração ou descentralização dos poderes da gestão.Resposta correta: AAlternativa corretaA) Precisam da liderança do diretor da escola, ao qual cabe exercê-la com prudência, cuidandopara que todas as regras fiquem claras aos sujeitos de modo a evitar problemas e confrontos

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desgastantes, sobretudo com órgãos superiores.Justificativa: A afirmativa é falsa porque na visão pedagógica de Perrenoud, o diretor não é umaliderança tradicional, mas um articulador da equipe.Alternativa incorretaB) Tornam mais complexa a gestão de pessoal, uma vez que se tem de considerar as escolhas mútuasdos docentes. São capazes, porém, de contribuir para que alguns professores se sintam encorajadosa romper com o individualismo.Justificativa: A afirmativa é verdadeira porque segundo Perrenoud: “Em um trabalho coletivo,inicia-se a discussão, o choque das representações obriga cada um a precisar seu pensamento ea levar em conta o dos outros” (extraído do livro texto p. 51) o que confirma a complexidade dagestão de pessoal que reside na diversidade de opiniões e escolhas dos indivíduos do grupo.Alternativa incorretaC) Tendem a contestar as regras comuns, mas podem ser mais competentes na resolução de problemasdo que professores que não sabem trabalhar juntos.Justificativa: A afirmativa é verdadeira, pois na visão pedagógica de Perrenoud, o individualismodo professor que não sabe trabalhar em equipe é um grande problema para a qualidade daeducação.Alternativa incorretaD) Contestam regras e podem ameaçar a ordem tradicional, interferindo nos procedimentosburocráticos, mas contribuem para um clima otimista por assumirem uma postura menos passivafrente ao sistema.Justificativa: A afirmativa é verdadeira, pois na visão pedagógica de Perrenoud a ordem e osprocedimentos burocráticos não tem a importância do clima otimista de uma postura menospassiva dos professores.40

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Unidade IRevisão: Leandro Freitas - Diagramação: Léo - 01/08/11Alternativa incorretaE) Constituem um “contrapoder” frente à direção, mais forte do que atuação de pessoas isoladas,podendo criar suas próprias regras e política. Estimulam, porém, a direção a avançar e facilitam adesconcentração ou descentralização dos poderes da gestão.Justificativa: A afirmativa é verdadeira, pois na visão pedagógica de Perrenoud é importante quehaja um contraponto nas relações de poder na escola, portanto um “poder” e um “contrapoder”que facilitem a descentralização da gestão.Questão 2. Segundo Maria Inês de Matos Coelho, a concepção de formação humana vem sendoconsiderada na educação escolar comoA) A função social precípua da escola, universalizando a cultura por meio de um currículo escolar quepermite a todos o acesso aos conteúdos culturalmente acumulados e a apropriação dos meios paraparticipar politicamente dessa cultura pelo desenvolvimento de competências e habilidades.B) Reveladora da responsabilidade da escola, educando para a cidadania e para a autonomia, paraaprendizagem dos códigos da modernidade capazes de impulsionar a criatividade no acesso, difusãoe domínio das inovações científico-tecnológicas que concretizam a igualdade de oportunidades.C) A própria educação escolar, na medida em que ela foi identificada com o amplo campo da educação,fazendo dominar na ordem política e social do mundo moderno, uma concepção pragmática eutilitária que confere a processos escolares atuais a preparação dos indivíduos para a cidadania.D) Guia para as funções do processo formativo da ação escolar em três aspectos: o reconhecimentodo mundo e de sua transformação em mundo simbólico, o preparo para o relacionamento com a

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realidade participando de sua conservação e o ajuste da ação individual na vivência coletiva.E) Pressuposto para as reformas de ensino atuais que incorporam à educação escolar o desenvolvimentodas competências necessárias ao mundo do trabalho e as habilidades que permitem permanentestransformações advindas da interculturalidade e da presença da tecnologia no âmbito escolar.