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Castelo Branco Científica - Ano III - Nº 06 - julho/dezembro de 2014 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Juliana Machado da Silva 1 Débora Andrade Malfer 1 Rubia Fachetti Bolsanelo 1 Cidimar Andreatta 2 RESUMO Este estudo trata do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino e aprendizagem, tendo como base informações levantadas por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com duas professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de Colatina-ES, bem como informações levantadas por meio de pesquisa bibliográfica. Tem o propósito de permitir aos leitores refletir sobre a necessidade de empregar as Tecnologias da Informação e Comunicação em favor da aprendizagem significativa e repensar o novo papel da educação frente às exigências da sociedade, enfocando a necessidade de a escola assumir verdadeiramente o compromisso de formar cidadãos. Cabe ao processo educativo a formação de certas habilidades e competências necessárias aos sujeitos para beneficiarem-se de todas essas tecnologias emergentes a fim de não se tornarem sujeitos alienados. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias da informação e comunicação (TIC). Ensino e aprendizagem. Formação de cidadãos. Paradigmas. Metodologias e estratégias. INTRODUÇÃO Nos últimos anos a sociedade tem presenciado com mais frequência e intensidade a “invasão” das tecnologias da informação e comunicação na realidade, que está sendo culturalmente transformada. Diante das novas exigências da sociedade, exigências impostas pelas aceleradas transformações, tanto na maneira de pensar, de agir, quanto na maneira de 1 Alunas do curso de Pedagogia da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail: / [email protected] [email protected] [email protected] / 2 M.Sc. em Educação em Ciências e Matemática, Pedagogo, Professor da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail: [email protected]

Faculdade Castelo Branco O USO DAS TECNOLOGIAS DA ... · Nos últimos anos a sociedade tem presenciado com mais frequência e intensidade a “invasão” das tecnologias da ... essa

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Castelo Branco Científi ca - Ano III - Nº 06 - julho/dezembro de 2014 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 1

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

O USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO

DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Juliana Machado da Silva 1

Débora Andrade Malfer 1

Rubia Fachetti Bolsanelo 1

Cidimar Andreatta 2

RESUMO

Este estudo trata do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino e aprendizagem,

tendo como base informações levantadas por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com duas professoras dos

anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal de Colatina-ES, bem como informações levantadas

por meio de pesquisa bibliográfica. Tem o propósito de permitir aos leitores refletir sobre a necessidade de empregar as

Tecnologias da Informação e Comunicação em favor da aprendizagem significativa e repensar o novo papel da educação

frente às exigências da sociedade, enfocando a necessidade de a escola assumir verdadeiramente o compromisso de formar

cidadãos. Cabe ao processo educativo a formação de certas habilidades e competências necessárias aos sujeitos para

beneficiarem-se de todas essas tecnologias emergentes a fim de não se tornarem sujeitos alienados.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias da informação e comunicação (TIC). Ensino e aprendizagem. Formação de cidadãos.

Paradigmas. Metodologias e estratégias.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a sociedade tem presenciado com mais frequência e intensidade a “invasão” das tecnologias da

informação e comunicação na realidade, que está sendo culturalmente transformada. Diante das novas exigências da

sociedade, exigências impostas pelas aceleradas transformações, tanto na maneira de pensar, de agir, quanto na maneira de

1 Alunas do curso de Pedagogia da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail: / [email protected]

[email protected] [email protected]/

2 M.Sc. em Educação em Ciências e Matemática, Pedagogo, Professor da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail:

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ensinar e aprender, a escola, como instância formadora tem, por obrigatoriedade, educar os cidadãos para agir diante de toda

essa avalanche tecnológica que atinge o século XXI. A escola está inserida numa sociedade e numa cultura, em que

influencia e recebe influências, logo deve trabalhar com questões emergentes da sociedade, e, se as tecnologias estão

presentes na sociedade, devem estar presentes também no cotidiano escolar, permeando as estratégias de ensino e

aprendizagem. Se a escola tem como finalidade formar cidadãos aptos para a vida em sociedade, aptos para exercerem sua

cidadania e frequentarem o mercado de trabalho é obrigatoriedade de esta utilizar em suas estratégias metodológicas de

ensino aqueles recursos e instrumentos presentes na sociedade e com os quais os indivíduos já mantêm contato direto fora da

escola. “[...] Propomos a utilização das tecnologias na escola por serem frutos da produção humana, parte da sociedade e,

como tal – como todas as tecnologias criadas pelo homem, como a escrita, por exemplo –, devem ter seu acesso

democratizado, sendo desmistificadas. Os alunos devem ser educados para o domínio do manuseio, da criação e

interpretação de novas linguagens e formas de expressão e comunicação, para irem se constituindo em sujeitos responsáveis

pela produção [...]” (LEITE; POCHO; AGUIAR; SAMPAIO, 2003, p. 15). Sendo assim, o presente artigo pretende

analisar a presença e influência das tecnologias na vida do ser humano e consequentemente a necessidade de utilizá-las no

processo de ensino e aprendizagem, considerando a finalidade principal da educação: o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Finalidade esta que está prevista no

artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96. Mudaram-se as maneiras de se relacionar, de se

comunicar, de se vestir, de entrar em contato com as informações e com o conhecimento, etc, uma vez que, “[...] a evolução

tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos.

A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o

comportamento individual, mas o de todo o grupo social [...]” (KENSKI, 2007, p. 21). Essas transformações acarretam em

mudanças de pensamento, muitas vezes implícitas, mas que provocam mudanças significativas nas formas de ensinar e

aprender. A chamada geração z, cujos integrantes são considerados nativos digitais, constitui a clientela escolar atual. São

pessoas que já nasceram em meio a várias tecnologias e que de certa forma dominam seu uso desde pequenas, no entanto,

seu grande desafio se constitui em selecionar e separar o joio do trigo, isto é, em meio a milhões de informações despejadas

diariamente cabe a eles, por meio de posturas críticas, analisarem a veracidade das informações que circulam nos meios de

comunicação e “lapidá-las”, transformando-as em conhecimentos significativos. A escola, como espaço de sistematização

do saber, tem por finalidade auxiliar os educandos no desenvolvimento de posturas críticas e reflexivas, ao passo que busca

formar cidadãos aptos para agir tanto individualmente quanto coletivamente, contribuindo para o crescimento e

desenvolvimento da sociedade. É papel dos profissionais da educação mostrar aos alunos que as TICs, tais como a Internet,

não se reduzem a utilização apenas para acessar redes sociais, mas também como forma de adquirir conhecimentos. Espera-

se que o artigo possibilite reflexões acerca das novas exigências do ensinar e do aprender no século XXI, viabilizando o

reconhecimento da importância do uso racional e pedagógico das tecnologias no processo educativo bem como a

necessidade de repensar e reorientar os currículos escolares e o Projeto Político-Pedagógico das instituições, a fim de

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garantir maior qualidade à educação.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização deste estudo foi necessário um trabalho de pesquisa criterioso. No grupo de trabalho selecionamos temas

relacionados ao processo de ensino e aprendizagem e dentre os vários temas levantados elencamos apenas um, que

demonstrasse relevância tanto para o meio acadêmico quanto para as escolas de ensino fundamental, e que acima de tudo

nos instigasse enquanto pesquisadoras para buscar mais informações e conhecimentos relevantes acerca da temática.

Depois de escolhido o tema foi necessário delimitar o assunto, sendo que nossa escolha foi falar sobre a inclusão de

tecnologias da informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental

com base em entrevistas semiestruturadas realizadas com duas professoras de uma escola pública do município de Colatina-

ES. Iniciamos o processo de pesquisa bibliográfica com o levantamento de obras referentes ao assunto que serviram como

instrumental teórico de fundamentação para a construção do artigo. Nessa revisão de literatura por meio de leitura crítica e

reflexiva procuramos localizar capítulos e trechos com informações úteis a serem utilizadas no decorrer da elaboração do

trabalho de pesquisa. A partir disso, realizamos a coleta de dados complementares, isto é, por ser tratar de uma pesquisa que

envolve o cotidiano escolar fomos à fonte, à escola, realizar algumas entrevistas semiestruturadas com professores dos anos

iniciais do ensino fundamental. A entrevista foi realizada por meio de questões discursivas, as quais permitiram aos

entrevistados expor suas ideias e contribuir para a eficácia desse trabalho. Os dados coletados foram estruturados no

decorrer do trabalho. Dispondo de informações coletadas nas entrevistas e de informações coletadas na pesquisa

bibliográfica estruturamos o artigo fundamentando-o em alguns autores que discutem a temática abordada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

É notável entre os professores dos anos iniciais do ensino fundamental o reconhecimento da importância de, no processo de

ensino e aprendizagem, englobar aquilo que está presente na sociedade, aquilo que os alunos já mantêm contato fora da

escola, inclusive as tecnologias da informação e comunicação. No entanto se pode dizer que ainda faltam reestruturações e

reformulações nas técnicas e metodologias de ensino de modo que as TICs sejam utilizadas no processo educativo com

finalidades bem definidas, com base em um planejado sólido e contextualizado, a fim de propiciar aos educandos, jovens

cidadãos, experiências em que possam desenvolver e aperfeiçoar a criticidade para lidar com as milhares de informações,

com as transformações que a todo instante afetam nossa vida tanto enquanto estudantes como enquanto cidadãos. Os

professores reconhecem a necessidade de utilizar as TICs na educação, no entanto alegam que para que isso ocorra de

maneira sistemática e eficaz é necessário que se invista mais na formação inicial e continuada dos professores, no que tange

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ao uso de recursos tecnológicos, e que se vença o mito de não querer fazer algo diferente no processo de ensino e

aprendizagem porque dá trabalho. O uso das TICs é algo que torna as aulas mais atraentes e motivadoras para os alunos, no

entanto o professor precisa se interessar e aprender a lidar com essas tecnologias para que possa aplicá-las eficazmente na

educação. A tecnologia mudou o jeito de aprender e tem seu lado positivo, mas, de acordo com relato das professoras

entrevistadas, seu uso precisa ser dosado com outros métodos que também são importantes formadores na educação. Tanto

os alunos quanto os professores, aos poucos, vão se adaptando a esse mundo tecnológico e aprendendo a lidar com as

inúmeras tecnologias, tudo em seu tempo. Professores e alunos estão em processo de aprendizagem, estão em processo de

trocas de experiências e contribuem para a formação de um e de outro igualmente, e nesse processo o professor passa a ser o

mediador do processo e o aluno deixa de ser a tábula rasa que deve ser preenchida com o conhecimento que só o professor

tem, para ser o agente de sua própria aprendizagem. O aluno se torna sujeito ativo nessa trajetória pela busca e

transformação do conhecimento, sendo um sujeito que pensa, pesquisa e descobre novos caminhos, novas experiências,

construindo novas aprendizagens. Cumpre ressaltar que “[...] não se trata de inundar as escolas e outras instituições de

computadores, como que caídos de paraquedas [...]” (DOWBOR, 2013, p. 8), mas de planejar e organizar as ações

educativas de modo que as tecnologias sejam utilizadas como ferramentas educativas e não como meros instrumentos

apassivadores que permitem que as coisas sejam feitas com mais rapidez. “[...] A escola representa na sociedade moderna o

espaço de formação não apenas das gerações jovens, mas de todas as pessoas. Em um momento caracterizado por mudanças

velozes, as pessoas procuram na educação escolar a garantia de formação que lhes possibilite o domínio de conhecimentos e

melhor qualidade de vida [...]” (KENSKI, 2007, p. 19). Sendo assim, é papel dos profissionais da educação propiciar aos

alunos experiências que lhes permitam desenvolver as habilidades necessárias para refletir, analisar, caracterizar as

informações e transformá-las em conhecimento útil, numa constante relação de reciprocidade, em que tanto professores

quanto alunos são sujeitos aprendentes, e em que o professor domine algumas competências que também exige dos seus

alunos, tais como pensamento crítico, habilidade para resolver problemas, boa comunicação e abertura ao diálogo,

disponibilidade para o trabalho em equipe, dentre outras.

CONCLUSÃO

A tecnologia pode favorecer muito a aprendizagem, mas cabe a cada instituição de ensino contribuir para que o ensino e a

aprendizagem com base em tecnologias sejam significativos e construtivos. Em meio a tantas transformações, a escola deve

introduzir as diversas tecnologias da informação e comunicação, no processo educacional, e não deve deixar que se tornem

apenas artigos de luxo, uma vez que deve buscar meios de formar cidadãos mais críticos, e capazes de repensar seus papéis

na sociedade tecnológica. Ou seja, a escola deve empregar no processo educacional as novas tecnologias emergentes, mas

sem lançar mão de outros fatores que influenciam a educação, tais como a afetividade. É urgente que se repense e reoriente

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as metodologias e estratégias de ensino de modo que a educação de fato contribua para a formação de sujeitos autônomos

aptos para exercer sua cidadania e para lidar com todo o arsenal tecnológico e com a avalanche de informações que

diariamente nos atingem.

REFERÊNCIAS

DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento: Os desafios da educação. –. São Paulo: Vozes, 2013.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação. –. Campinas, SP: Papirus, 2007.

LEITE, Lígia Silva (coord.); POCHO, Cláudia Lopes; AGUIAR, Márcia de Medeiros; SAMPAIO, Marisa Narcizo.

Tecnologia educacional: Descubra suas possibilidades na sala de aula. 2.Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.