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FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
ELBIO COSTA SOUZA
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PARAFUSOS DE RETENÇÃO DE PRÓTESES IMPLANTO SUPORTADAS –
CONEXÃO HEXÁGONO INTERNO Porto Alegre
2015
ELBIO COSTA SOUZA
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PARAFUSOS DE RETENÇÃO DE
PRÓTESES IMPLANTO SUPORTADAS – CONEXÃO HEXÁGONO INTERNO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em Materiais Dentários pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gonçalves Mota
Porto Alegre, abril de 2015
S729a Souza, Elbio Costa
Avaliação do comportamento de parafusos de retenção de próteses implanto suportadas: conexão hexágono interno. / Elbio Costa Souza. – Porto Alegre, 2015.
71 f.; il
Dissertação (Mestrado em Odontologia) - Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Faculdade de Odontologia, PUCRS.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gonçalves Mota
1. Odontologia. 2. Implantodontia. 3. Materiais Dentários. 4. Torque. 5. Prótese Dentária. I. Mota, Eduardo Gonçalves. II. Título.
CDD 617.69
Ficha elaborada pela bibliotecária Anamaria Ferreira CRB 10/1494
Dedico essa Dissertação aos meus pais, Arno e Maria Cristina, aos meus avós, Elbio
e Maria Ignêz, ao meu irmão, Edson, à minha cunhada, Paola, à minha afilhada
Érica e à minha amada namorada, Veridiana, por sempre me apoiarem e estarem ao
meu lado me dando força para enfrentar mais essa etapa.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Gonçalves
Mota, por toda a dedicação e companheirismo, sem nunca medir esforços em
transmitir conhecimento;
Agradeço ao Prof. Dr. Alexandre Bahlis, diretor da Faculdade de Odontologia
da PUCRS, por sempre estar disponível a ajudar e se demonstrar um grande amigo;
À professora Ana Maria Sphör, pela competência com que coordena o
programa de Pós - Graduação desta Faculdade;
Ao Prof. Dr. Hugo Mitsuo Silva Oshima e à Profa. Dra. Luciana Mayumi
Hirakata , pelo conhecimento transmitido e companheirismo;
Aos colegas, amigos e professores do curso de Especialização em Prótese
Dentária da PUCRS Edson Mesquita, Marina Lobato, Regênio Herbstrith Segundo e
Américo Löf.
À toda equipe da Clínica Odontopós;
Aos meus colegas de consultório Maria Cristina Costa Souza, Flávio Tonial,
Irma Stein, Helen Tonial dos Santos e Elaine da Cunha.
Aos colegas e amigos Lucas Pereira, Luiz Fernando Pacheco, Carlos Petry,
Carlos Eduardo Pasquali, Marcel Kunrath, Bruno Barbo;
Aos colegas e amigos Gustavo F. Barbosa e Marilson Dondoni, pelo
companheirismo e pelas oportunidades;
Ao Prof. Dr. Léder Leal Xavier, pela autorização do uso do Centro de
Microscopia e Microanálise;
Ao técnico Wagner Prates Soares do LABCEMM, pelo auxílio e disposição na
confecção das imagens no MEV;
Ao meu colega, amigo e irmão Augusto Wingert, por cruzar junto essa estrada
sem nunca esmorecer, sendo sempre essa pessoa com esse coração imenso. Muito
obrigado irmão!
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis.”
(José de Alencar)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo avaliar “in vitro” possíveis alterações em
parafusos de retenção de próteses sobre implantes com plataforma hexágono
interno, pois o afrouxamento deste componente é muito frequente na prática clínica
odontológica. Foram avaliados parafusos de pilares UCLA de titânio da marca
Neodent® e 3i BIOMET® e de titânio com superfície tratada com carboneto de
tungstênio da marca Neodent®. Duas técnicas de utilização dos parafusos foram
comparadas, a técnica I, recomendada pelo fabricante com apenas o torque
definitivo, e a técnica II, procedimento que é comumente realizado pelos
profissionais no Brasil, onde são aplicados múltiplos torques no mesmo parafuso,
simulando as etapas clínicas até a instalação definitiva. Foi registrado o peso inicial
de todos os parafusos (T0), nos parafusos da técnica I foi dado torque definitivo
(32N.cm para Neodent® e 20N.cm para 3i BIOMET®), submetidos a ciclagem
mecânica e registrado o peso final (TF). Nos parafusos da técnica II foram aplicados
ciclos de abertura e fechamento e seus pesos registrados (T1, T2 e T3) antes da
aplicação do torque definitivo e ciclagem mecânica, após o peso final foi registrado
(TF). As morfologias e as composições de superfície dos parafusos foram avaliadas
através de MEV e EDS em cada tempo. Os resultados evidenciaram perda
significativa de peso nos três grupos de parafusos da técnica I (p<0,001 para
Neodent® sem revestimento, p=0,001 para Neodent® com revestimento e p<0,001
para 3i BIOMET®), e em uma das etapas do grupo Neodent sem cobertura e duas
etapas dos outros dois grupos da técnica II (p<0,001 para todos os grupos), sendo
que comparando o peso final dos parafusos das duas técnicas, apenas os parafusos
Neodent® sem revestimento da técnica I apresentaram valores significativamente
maiores que os parafusos da técnica II, (p=0,021 para Neodent® sem revestimento,
p=0,089 para Neodent® com revestimento e p=0,095 para 3i BIOMET®), do mesmo
modo a MEV evidenciou menor deformação permanente para a técnica I desses
parafusos. EDS não apresentou grandes alterações nas composições de superfície.
Portanto, a utilização do parafuso definitivo apenas no momento do torque final não
minimizará necessariamente problemas com relação ao afrouxamento de parafusos
de retenção de próteses implanto suportadas.
Palavras Chave: Implantes Dentários. Torque. Perda de peso.
ABSTRACT
This study aimed to evaluate "in vitro" possible changes on prosthetic retaining
screws on implants with platform external hexagon, this because the loosening this
component is very common in clinical dentistry practice. Were assessed screws of
UCLA's pillars of titanium Neodent® brand and 3i BIOMET® and of titanium with
surface treated with tungsten carbide Neodent® brand. Two techniques of utilization
of the screws were compared, the technique I, recommended by the manufacturer
with only the definitive torque, and the technique II , utilized in broad scale in Brazil
where multiple torques are applied in the same screw simulating the clinical steps, up
to definitive installation. The initial weight of all the screws (T0) was registered, in the
screws of technique I, it was given definitive torque (32N.cm to Neodent® and
20N.cm to 3i BIOMET®) submitted to mechanical cycling and the final weight (TF)
registered. In the screws of technique II have been applied opening and closing
cycles, and their weights registered (T1, T2 and T3) before applying the definitive
torque and mechanical cycling after the final weight has been registered (TF). The
morphologies and the surface compositions of the screws were evaluated using SEM
and EDS at each time. The results showed significant weight loss in the three screws
groups, of technique I (p< 0.005 for uncoated Neodent®, p = 0.001 for coated
Neodent® and p < 0.001 to 3i BIOMET®) and on one step of the uncoated Neodent®
group and two steps of the other two groups of technique II (p <0.001 for all groups),
and comparing the final weight of the screws of the two techniques, only the
uncoated Neodent® screws of the technique I, showed significantly higher values
than the screws, of the technique II (p = 0.021 for uncoated Neodent®, p = 0.089 for
coated Neodent® and p = 0.095 to 3i BIOMET®), as well as SEM showed less
permanent deformation for the technique I of these screws. EDS showed no major
changes in the surface compositions. Therefore, the use of the definitive screw only
at time of final torque would not necessarily minimize problems regarding to the
loosening the retaining screws of implant supported prostheses.
Keywords: Dental Implants. Torque. Weight Loss
1
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Regularização do cilindro de PVC em politriz ........................................... 25
Figura 2 - Vazamento da resina acrílica autopolimerizável ....................................... 26
Figura 3 - Máquina de ensaio universal .................................................................... 26
Figura 4 - Inclusão do implante ................................................................................. 27
Figura 5 - Implante incluído fixado na morsa............................................................. 27
Figura 6 - Pilar UCLA posicionado sobre a plataforma hexágono interno ................. 28
Figura 7 - Organograma parte 1: distribuição dos grupos de acordo com as variáveis
estudadas: marca comercial, composição dos parafusos e grupo controle (Técnica I)
e grupos experimentais (Técnica II). ......................................................................... 29
Figura 8 - Limpeza dos parafusos em cuba ultrassônica .......................................... 30
Figura 9 - Secagem dos parafusos ao ar livre ........................................................... 31
Figura 10 - Pesagem do parafuso da marca comercial Neodent com cobertura....... 31
Figura 11 - Torque definitivo recomendado pelo fabricante ...................................... 32
Figura 12 - Ciclagem mecânica ................................................................................. 33
Figura 13 - Organograma parte 2: subdivisões dos grupos experimentais (Técnica II)
.................................................................................................................................. 34
Figura 14 - Microscópio Eletrônico de Varredura ...................................................... 36
Figura 15 -Parafusos posicionados nos “stubs” ........................................................ 36
Figura 16 - Representação gráfica do efeito do torque e ciclagem mecânica na
técnica I. .................................................................................................................... 39
Figura 17 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque e
ciclagem mecânica na técnica I. ................................................................................ 39
Figura 18 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica I (T0 e
TF). ............................................................................................................................ 40
Figura 19 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica I ...... 41
Figura 20 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica I (T0 e TF) ........................ 42
2
Figura 21 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica II (T0,
T1, T2, T3 e TF). ..............45Figura 22 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com
cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF). ............................................................ 48
Figura 23 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF). .... 50
Figura 24 - Representação gráfica do efeito dos torques e ciclagem mecânica na
técnica II para os tempos estudados ......................................................................... 51
Figura 25 - Representação gráfica com média e desvio do efeito dos torques e
ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados. ................................... 51
Figura 26 - Representação gráfica das composições de superfície no efeito dos
torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados dos três
grupos ....................................................................................................................... 52
Figura 27 - Representação gráfica do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas
técnicas I e II ............................................................................................................. 53
Figura 28 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque
final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II............................................................. 54
Figura 29 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura nos tempos finais
(Técnica I e Técnica II). ............................................................................................. 55
Figura 30 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura nos tempos finais
(Técnica I e Técnica II). ............................................................................................. 56
Figura 31 - Imagens do MEV para o grupo 3i BIOMET nos tempos finais (Técnica I e
Técnica II).................................................................................................................. 57
3
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Materiais da marca comercial Neodent® .................................................. 24
Tabela 2 - Materiais da marca comercial 3i BIOMET® ............................................. 24
Tabela 3 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção dos tempos estudados de
acordo com a técnica I .............................................................................................. 38
Tabela 4 - Comparação estatística entre os parafusos em T0 e TF de acordo com a
técnica I. .................................................................................................................... 38
Tabela 5 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent sem cobertura dos tempos
estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II. ................................... 43
Tabela 6 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo
Neodent sem cobertura ............................................................................................. 43
Tabela 7 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent com cobertura dos tempos
estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II .................................... 46
Tabela 8 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo
Neodent com cobertura ............................................................................................. 46
Tabela 9 - Estatística descritiva dos parafusos 3i dos tempos estudados (T0, T1, T2,
T3 e TF) de acordo com a técnica II .......................................................................... 49
Tabela 10 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo 3i
BIOMET..................................................................................................................... 49
Tabela 11 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção no tempo final de
acordo com as técnicas I e II. .................................................................................... 52
Tabela 12 - Comparação estatística dos parafusos entre as técnicas I e II no tempo
final ............................................................................................................................ 53
4
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS e SÍMBOLOS
Al - Alumínio
C - Carbono
CAD - Computer aided desing
CAM - Computer aided manufacture
CCEFO - Comissão Científica e de Ética da Faculdade de Odontologia
Co - Cobalto
Cr - Cromo
EDS - Espectroscopia por energia dispersiva
EUA - Estados Unidos da América
g - Grama
GC - Grupo controle
GE - Grupo experimental
gl - Grau de liberdade
HE - Hexágono externo
Hz - Hertz
MEV - microscopia eletrônica de varredura
mm - Milímetros
N - Newton
n - Número da amostra
N.cm - Newton por centímetro
p - Valor-p
PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PVC - Policloreto de vinil
RPM - Rotações por minuto
R$ - Reais
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
T0 - Tempo zero
T1 - Tempo um
T2 - Tempo dois
T3 - Tempo três
TF - Tempo final
Ti - Titânio
TI - Técnica um
TII - Técnica dois
UCLA - Pilar Universal Longo Calcinável
W - Tungstênio
X - Número de aumentos
# - Granulometria
% - Porcentagem
- Nível de significância
º - Grau
® - Marca registrada
< - Menor que
= - Igual
5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
2.1 GERAL ................................................................................................................ 17
2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................... 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 18
4 MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................ 24
4.1 MATERIAIS ......................................................................................................... 24
4.2 MÉTODO ............................................................................................................. 24
4.2.1 Confecção dos corpos de prova e distribuição dos grupos ...................... 24
4.2.2 Análise da alteração de peso ........................................................................ 30
4.2.3 Protocolo da Técnica I ................................................................................... 31
4.2.4 Protocolo da Técnica II .................................................................................. 33
4.2.5 Análise qualitativa da deformação do parafuso de retenção em MEV ...... 35
4.2.6 Análise quantitativa da composição superficial do parafuso de retenção
com EDS................................................................................................................... 37
4.2.7 Análise estatística .......................................................................................... 37
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 38
5.1 TÉCNICA I .......................................................................................................... 38
5.2 TÉCNICA II ......................................................................................................... 43
5.2.1. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent
sem cobertura estão apresentados nas tabelas 5 e 6. ......................................... 43
5.2.2. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent
com cobertura estão apresentados nas tabelas 7 e 8 ......................................... 46
5.2.3. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo 3i estão
apresentados nas tabelas 9 e 10 ............................................................................ 49
6
5.3 OS RESULTADOS OBTIDOS NA COMPARAÇÃO DA TÉCNICA I COM
TÉCNICA II NO TEMPO FINAL (TF) ESTÃO APRESENTADOS NAS TABELAS 11
E 12 E NAS FIGURAS 27 E 28. ................................................................................ 52
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 58
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68
14
1 INTRODUÇÃO
Inicialmente os implantes osteointegrados foram desenvolvidos para
restabelecer principalmente a função mastigatória, sendo utilizados nos chamados
pacientes inválidos orais ou desdentados totais1, 2. Até os anos 80, um único dente
perdido era substituído por próteses parciais fixas ou removíveis, porém estas
próteses (principalmente as fixas) exigiam um preparo com desgaste dos dentes
adjacentes, hoje em dia, se os dentes vizinhos não apresentam cáries ou
restaurações extensas, esse preparo é considerado irreversível e, possivelmente
inaceitável pelo paciente3. Nas últimas décadas, os implantes dentários têm sido
cada vez mais utilizados em pacientes com perdas unitárias, tendo resultados
estéticos e funcionais a longo prazo4, 5.
Bränemark idealizou e desenvolveu o primeiro tipo de conexão protética para
implantes odontológicos, denominada hexágono externo, que foi amplamente
utilizada para reabilitações múltiplas onde os implantes eram unidos por uma
infraestrutura rígida, em aplicações mais recentes, como em próteses unitárias ainda
são muito utilizadas, porém seus componentes acabam expostos a cargas mais
amplas e rigorosas6. Para minimizar problemas biomecânicos que começaram a
surgir, tais como fratura e afrouxamento do parafuso de retenção devido à pequena
altura do hexágono e micromovimentos dos componentes, encaixes alternativos
baseados na conexão de um hexágono interno foram desenvolvidos7, que poderiam
diminuir o estresse sobre o parafuso do pilar, pois as tensões estariam distribuídas
entre as paredes do encaixe interno e o parafuso8, 9, que teoricamente é a menor
parte e mais fraca entre os componentes dos implantes10, 11. Fabricantes de
implantes têm reconhecido que o afrouxamento do parafuso é um problema
significativo e através de características inovadoras, como sistemas antirrotacionais,
eles têm tentado resolver este dilema. Os sistemas antirrotacionais com conexão
interna têm mostrado menor potencial de fratura do conjunto implante/pilar, além de
prevenir na perda do parafuso12.
15
As próteses sobre implante podem ser cimentadas sobre um pilar ou
aparafusadas sobre o implante ou um pilar, que por sua vez é conectado ao
implante por meio de um parafuso de retenção ligando esses componentes
verticalmente5, 13. Esses parafusos de uma forma geral têm sido amplamente
estudados na literatura de engenharia e os parafusos de implantes dentários têm
melhorado como consequência14. Uma das principais preocupações em torno do
parafuso é com relação a sua pré-carga, que é a força de compressão gerada no
aperto do mesmo13, 15, 16. Quando o parafuso é apertado, ele alonga e distorce,
criando uma tensão, denominada pré-carga14, sendo uma força axial ao longo eixo
do parafuso, que carrega o material dentro do seu limite elástico (até o limite de
escoamento), idealmente até 75% da resistência à deformação17.
Atualmente uma grande gama de profissionais têm utilizado próteses
aparafusadas para reabilitações sobre implante, pois a reversibilidade e versatilidade
são suas principais vantagens18, porém o afrouxamento dos parafusos é uma das,
se não a maior, complicações em reabilitações com implantes dentários3,15,16,19. Os
fatores principais para este afrouxamento são: torque aplicado, adaptação imprópria
dos componentes, tipo de parafuso, elasticidade dos componentes e manipulação
incorreta do operador20, 21. Muitos esforços têm sido feitos pra diminuir a incidência
do afrouxamento do parafuso, que incluem principalmente a incorporação de
componentes antirrotacionais e tratamento de superfície dos parafusos, todos
voltados para manutenção da pré-carga do parafuso3, 5, 15, 16, 20, 22.
Sabe-se, que quanto maior for a pré-carga aplicada no parafuso, maior será a
resistência ao afrouxamento11 e mais estável se torna a união, enquanto as forças
de atrito permanecerem altas, maior força externa será necessária para o
afrouxamento23. Perda da pré-carga está relacionada com a deformação e abrasão
do parafuso20, esta deformação e abrasão ocorrem com o efeito da mastigação ao
longo do tempo e diminuem significativamente os valores de torque de remoção15, a
resistência do parafuso é feita por avaliação “in vitro” da manutenção de pré-carga
associados à simulação da função mastigatória através da ciclagem mecânica24.
Outro fator importante, e que pode ser controlado pelo operador para a redução da
perda da pré-carga, é a utilização dos parafusos definitivos apenas no momento da
16
finalização e instalação do trabalho, sendo esse procedimento o recomendado pelos
fabricantes, mas para reduzir os custos do tratamento, muitos cirurgiões dentistas
acabam reutilizando os parafusos das etapas laboratoriais e das várias consultas de
provas e ajustes das coroas protéticas, usando os mesmos na instalação das coroas
protéticas. Cada vez que um parafuso é apertado e afrouxado, deformações
permanentes podem ocorrer na sua superfície, podendo causar desgaste dos
componentes e diminuindo o atrito entre as peças, que leva à grande perda da pré-
carga resultando em um possível fracasso clínico3, 4, 18 até mesmo, porém em menor
grau, em parafusos com superfície tratada, que possuem uma maior força de atrito
entre os componentes16, 20, 22, 25.
Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar a alteração em peso de
parafusos de retenção (com superfície tratada e sem tratamento de superfície) de
próteses sobre implante de hexágono interno após os mesmos passarem por um
procedimento de torque final na instalação do trabalho protético (técnica I), sendo
esse o protocolo recomendado pelos fabricantes, e após passarem por torques
múltiplos que simulariam as etapas de provas do trabalho protético até a instalação
do mesmo com o torque final (técnica II), procedimento que é comumente realizado
pelos profissionais no Brasil.
17
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Avaliar “in vitro” possíveis alterações em parafusos de retenção de próteses
sobre implantes com plataforma hexágono interno.
2.2 ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos foram:
a) Avaliar e comparar o efeito do torque final indicado pelo fabricante (Técnica I)
e da ciclagem mecânica sobre o peso em parafusos novos da marca
Neodent® (titânio com e sem cobertura de carbono) e 3i BIOMET® (titânio);
b) Avaliar e comparar o efeito de múltiplos torques (Técnica II) em quatro tempos
e após torque final mais ciclagem mecânica sobre o peso nos parafusos;
c) Comparar o efeito sobre o peso dos parafusos no tempo final (TF) na Técnica
I e na Técnica II;
d) Avaliar qualitativamente as morfologias e quantitativamente as composições
de superfície dos parafusos de retenção através de MEV e EDS em cada
tempo.
18
3 REVISÃO DE LITERATURA
A humanidade é acompanhada pela perda de elementos dentários desde os
primórdios. Spiekermann26 descreveu que descobertas antropológicas na Europa, no
Oriente Próximo e na América Central indicaram que o homem tentou repor dentes
perdidos com materiais homólogos e aloplásticos, até mesmo dentes humanos e
principalmente de animais, osso esculpido, pedaços de marfim e pérolas, através de
amarrilhos aos dentes adjacentes. Porém, o propósito era apenas estético, pois em
termos de função mastigatória estas reposições eram inúteis. A expansão da
indicação de implantes para repor mais de um dente veio com Hartmann em 1891.
Foi proposto que próteses fossem fixadas por meio de parafusos sobre implantes
aloplásticos em forma de raiz, mas este método teve uma história curta, devido ao
grande número de fracassos e reabsorções ósseas. Strock tentou mudar a forma de
raiz dentária dos implantes em 1939, foi usada uma liga de cromo-cobalto-
molibdênio para criar um implante dentário com rosca que se assemelhava a um
parafuso de madeira. Foram inúmeros os projetos de aparelhos de implantes feitos
para sustentar uma estrutura dentária, eles incluíam uma estrutura apoiada na
mandíbula, mas sob o mucoperiósteo; estruturas que tinham contato com o osso
somente na sínfise mandibular e no ramo ascendente; e uma ampla variedade de
estruturas intraósseas de varios tamanhos e formas. Foi somente com os estudos de
Brånemark e colaboradores que a implantodontia pôde alcançar o reconhecimento
científico e os índices de sucesso que hoje são relatados.
Branemark27 relatou que o último grande feito de grande importância foi
apresentado por Per-Ingvar-Branemark e seus colaboradores em 1982 numa
conferência sobre osseointegração, em Toronto. Foi apresentada uma revisão que
compreendia as ciências básicas, biomateriais e investigação clínica de um estudo
longitudinal com 17 anos de duração produzido em seus laboratórios. Estudos
demonstraram a possibilidade do contato direto do osso com o implante e
determinando a osseointegração como a adesão microscópica estrutural e funcional
direta entre osso vital e a superfície do titânio.
19
Khaisat et al.8 relataram que as conexões hexagonais internas foram
desenvolvidas com o objetivo de melhorar a adaptação entre os hexágonos e
estabelecer uma interface mais estável, aumentando dessa forma a resistência e
reduzindo consequentemente complicações, como afrouxamento ou fratura do
parafuso de retenção. Neste tipo de conexão, o centro de fixação do parafuso é
protegido pela altura do hexágono do pilar dentro do implante, obtendo uma maior
facilidade de adaptação e uma maior área de contato, deste modo as forças laterais
são transmitidas diretamente às paredes do implante, criando uma menor tensão no
parafuso e proporcionando uma melhor resistência às tensões cisalhantes na união.
Maeda et al.28 definiram que os sistemas de conexão interna apresentam
resultados promissores e que os implantes com hexágono interno se tornaram mais
populares por apresentarem vantagens como: facilidade no encaixe do pilar;
adequado para procedimentos de instalação em um estágio e carga imediata; maior
estabilidade e efeito antirrotacional, devido à maior área de conexão entre o implante
e o pilar, tornando-os mais adequados para restaurações unitárias; maior resistência
às cargas laterais, pelo fato do centro de rotação ser mais apical; melhor distribuição
de forças oclusais no osso adjacente. As desvantagens apresentadas por esses
sistemas são: paredes mais finas ao redor da conexão, dificuldade em se ajustar
divergências de angulação entre os implantes.
Binnon6 definiu uma classificação da extensa variedade de implantes
disponíveis, baseando-se no formato da conexão implante/pilar e na forma e
superfície do implante. Em relação à forma do conjunto pilar/implante, declarou que
existem mais de 20 tipos diferentes de configurações dessa interface.
Resumidamente, dois tipos de conexões são conhecidas (interna e externa), as
quais são caracterizadas pela presença ou ausência de uma configuração
geométrica que se estende acima da plataforma do implante. Um tipo encontrado é
a união de topo, que consiste em duas superfícies de ângulos retos, outro é a união
angulada, onde as superfícies são anguladas interna e externamente. A superfície
de união também pode incorporar uma geometria que inclua uma configuração de
resistência rotacional ou antirrotacional. Dessa forma, a geometria pode ser
octogonal, hexagonal, cone morse, cone hexagonal, cilíndrica hexagonal, spline,
20
entre outras. Segundo o autor, conexões internas em que o parafuso recebe pouca
carga e as superfícies do pilar estão em íntimo contato com as paredes do implante
para resistir a micro movimentos, resultam em uma interface mais estável.
Weiss18 et al comparou a perda de torque como resultado de vários ciclos de
fechamento de parafusos de retenção em vários sistemas. Sete sistemas de
conexão foram usados para testar alterações no torque de remoção após múltiplos
torques de aperto a uma força de 20N.cm para simular o aperto manual. Cada pilar
foi posicionado sobre seu respectivo implante e foi dado torque de 20N.cm por 5
segundos, depois de 10 segundos de repouso o parafuso foi aberto e o valor do
torque de remoção foi registrado por um segundo operador. Este procedimento foi
repetido por 200 ciclos de abertura e fechamento consecutivos. Os resultados
demonstraram uma diminuição progressiva estatisticamente significante de torque
de remoção para todos os sistemas de implantes testados, chegando à conclusão
de que a porcentagem de perda de torque variou de 3% a 20% sobre a abertura
imediata, de 3% a 31% após 5 aberturas, e de 4,5% para 36% após 15 aberturas.
Sistemas de implante com conexão interna cônica foram os que mostraram menores
perdas de torque de remoção. Os valores de torque de remoção reduziram
progressivamente provavelmente devido à diminuição do coeficiente de atrito. Os
autores recomendaram então, que para minimizar o afrouxamento do parafuso de
retenção, o número de ciclos de abertura e fechamento em procedimentos clínicos e
laboratoriais devem ser reduzidos.
Assunção et al24 avaliaram o efeito de diferentes níveis de desadaptação
unilateral sobre a manutenção da pré-carga de parafusos de retenção de coroas
unitárias submetidos à ciclagem mecânica. Quarenta e oito coroas fabricadas a
partir de pilares UCLA foram divididas em quatro grupos (n=12). O grupo A não
apresentava desadaptação e os grupos B, C e D possuíam desadaptação de 50µm,
100µm e 200µm respectivamente, as coroas foram anexadas a implantes com
plataforma de hexágono externo com um parafuso de retenção de titânio com torque
de 30N.cm como recomendado pelo fabricante. Foram aplicadas cargas oblíquas de
21
130N a 2Hz de 500.000 e 1.000.000 de ciclos. Os valores de torque de remoção
foram avaliados logo após a ciclagem mecânica. Os valores registrados para o
torque de remoção inicial, após 500.000 ciclos e após 1.000.000 de ciclos, foram
respectivamente os seguintes: grupo A 25.18 (±0.52), 22.25 (±1.18) e 22.29 (±1.08);
grupo B 23.60 (±1.09), 21.00 (±1.51) e 22.29 (±2.02); grupo C 22.47 (±1.35), 19.50
(±3.04) e 20.92 (±1.65); grupo D 23.84 (±1.02), 22.38 (±2.08) e 21.82 (±2.32). Todos
os grupos apresentaram valores iniciais de torque de remoção reduzidos (p<0,05)
em comparação ao torque de inserção e o grupo A exibiu a menor redução, porém
não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos após a ciclagem
mecânica.
Gumus et al29 analisaram os efeitos da contaminação por sangue, saliva e
clorexidina sobre os valores de torque reverso de parafusos de retenção. Quarenta
implantes foram divididos em 4 grupos, 3 grupos de acordo com o tipo de
contaminação e 1 grupo controle. Foi aplicado torque de 25 N.cm, realizado
ciclagem mecânica e registrado o torque reverso nos parafusos. Um parafuso de
retenção de cada grupo foi selecionado e avaliado com microscopia eletrônica de
varredura. Todas as amostras tiveram valores de torque reverso menores que o
torque inicial. O menor valor foi do grupo contaminado por sangue (18.95±2.641),
seguido pelo contaminado por saliva (19.370±1.26), o contaminado por clorexidina
(20.280±0.878) e o controle (21.0±1.317). A análise com MEV revelou uma camada
significativa de biofilme sobre a amostra contaminada com sangue.
Stüker et al30 avaliaram, através de medidores de tensão, os valores de pré-
carga e torque de remoção de três parafusos protéticos. Foram utilizados 3
implantes hexágonos externos, 3 pilares Cera One, 10 parafusos de ouro (grupo A),
10 parafusos de titânio (grupo B) e 10 parafusos de titânio com superfície tratada
(grupo C). Foi aplicado torque de 30,07±0,28 Ncm, obtido valores de pré-carga após
1, 2, 3, 4 e 5 minutos desse torque, calculado o valor médio dessas pré-cargas e
obtido o valor de torque de remoção. Depois disso, o mesmo parafuso foi fixado
mais 4 vezes e realizados os mesmos procedimentos de medição. Os parafusos de
ouro apresentaram os maiores valores de pré-carga (131.72±8.98Ncm) e os de
titânio os menores (37.03±5.69Ncm). Com relação ao torque de remoção os
parafusos de ouro não apresentaram diferenças estatisticamente significantes
22
(p=0,3713), os de titânio apresentaram diferenças estatisticamente significantes
(p<0,001) e os de titânio com superfície tratada apresentaram diferenças
estatisticamente significantes (p=0,004). Os autores concluíram que o material de
escolha para os parafusos deve ser o ouro, uma vez que os mesmos obtiveram os
melhores valores de pré-carga. Com relação ao torque de remoção os parafusos de
ouro tiveram valores menores apenas do que os de titânio.
Feitosa et al31 verificou antes e depois de um ensaio de fadiga o valor do
torque de remoção de implantes hexágonos externos, internos e cone morse, com
simulação de um ano de função. Trinta implantes foram distribuídos em três grupos,
de acordo com a plataforma, nos quais foram aparafusados pilares, com parafusos
revestidos, e cimentadas coroas sobre os mesmos. O torque aplicado foi de 20 Ncm,
após foi medido o torque de remoção, realizado a ciclagem mecânica (força de 400
N, frequência de 8 Hz e um total de 1.000.000 ciclos) e, por fim, registrado o torque
de remoção final. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os valores
de torque de remoção inicial e final nas amostras intra grupo. O grupo da plataforma
cone morse obteve os maiores valores tanto para o torque inicial, quanto para o
torque final, seguido da plataforma hexágono interno e por último hexágono externo.
Os autores concluíram que as conexões internas foram mais estáveis do que as
conexões externas.
Park etal32 testaram os efeitos do revestimento de superfície de carboneto de
tungstênio na pré-carga de parafusos de retenção em diferentes sistemas de
conexão de implante. Foram utilizados três implantes, sendo um hexágono externo e
dois cone morse, cinco parafusos revestidos e cinco lisos para cada um desses
sistemas de implante. Foram aplicados torques de 30 Ncm, após foi medido o torque
de remoção, realizada a ciclagem mecânica (mínimo de 10N e máximo de 250N de
força, 2Hz de frequência e 1.000.000 de ciclos) e medido novamente o torque de
remoção. A média de força de torque de remoção inicial não foi significativamente
diferente entre as conexões, já a média de força de torque de remoção após a
ciclagem foi significativamente maior para os parafusos revestidos nas três
conexões. O percentual de perda de pré-carga foi significativamente maior para os
parafusos lisos nas três conexões. A manutenção da pré-carga foi mais eficaz nas
conexões internas cônicas.
23
Jung et al20 avaliaram a abrasão em parafusos revestidos de estanho após
repetidos ciclos de aperto e desaperto, e analisaram o efeito do revestimento de
estanho na abrasão. Foram utilizados quatorze implantes hexágonos externos,
quatorze parafusos com revestimento e quatorze sem revestimento divididos em
quatro grupo (grupo A sem revestimento, grupo B com revestimento, grupo C sem
revestimento e grupo D com revestimento), os quais sofreram apertos e desapertos
20 vezes com torque de 30Ncm. A medição de peso foi realizada três vezes para
cada amostra. A perda de peso foi mensurada em todos os parafusos de cada grupo
e o resultado foi analisado. Os grupos dos parafusos com revestimento tiveram
menores valores de perda de peso. Os autores concluíram que o parafuso revestido
demonstrou durabilidade à abrasão após seu uso repetido.
24
4 MATERIAIS E MÉTODO
4.1 MATERIAIS
Os materiais utilizados neste estudo estão descritos nas tabelas abaixo:
Tabela 1- Materiais da marca comercial Neodent®
Componente Quantidade Lote
Implante Alvim II Plus 2 800113806
Pilar Ucla CrCo HI 2 800139854
Parafuso Titânio hexagonal 18 (HI) 800127500
Parafuso Titânio hexagonal Superficie tratada (Neotorque)
18 (HI) 800113727
Fonte: o autor (2013)
Tabela 2 - Materiais da marca comercial 3i BIOMET®
Componente Quantidade Lote
Implante Osseotite Certain HI 1 2014021526
Pilar Ucla Liga de Titânio HI 1 10391PB
Parafuso Titânio hexagonal 18 (HI) 10157PB Fonte: o autor (2013)
4.2 MÉTODO
4.2.1 Confecção dos corpos de prova e distribuição dos grupos
Para os ensaios do comportamento dos parafusos de retenção, três
implantes, dois hexágonos internos da marca comercial Neodent (Implante
osteointegrável, Curitiba, PR, Brasil) e um hexágono interno da marca comercial
BIOMET (Implant innovations, Palm Beach, Flórida, EUA) foram utilizados (Tabela 1
e 2). Cilindros de PVC, com 13mm de altura e 10mm de diâmetro, foram
previamente regularizados com lixa com carbeto de silício granulação # 400 (3M do
brasil, Sumaré, SP, Brasil) aproximadamente à uma rotação de 600 RPM com fluxo
contínuo de água em Politriz DPU-10 (Panambra, São Paulo, SP, Brasil) (figura 1)
para o vazamento de resina acrílica autopolimerizável incolor JET (Clássico, São
25
Paulo, SP, Brasil) (Figura 2). Os implantes foram então inclusos nos cilindros, com o
auxílio da Máquina de Ensaio Universal modelo DL 2000 (EMIC, São José dos
Pinhais, PR, Brasil) (figuras 3 e 4) para ter-se o controle da distância entre o ápice
dos implantes e a laje de vidro, acomodada previamente abaixo do cilindro de PVC
para mantê-lo estabilizado. As amostras foram fixadas em uma morsa (figura 5) e os
pilares UCLA, de cada marca comercial, foram estabilizados manualmente em suas
respectivas plataformas de forma perpendicular ao solo (figuras 6 e 7).
Figura 1 - Regularização do cilindro de PVC em politriz
Fonte: o autor (2013)
26
Figura 2 - Vazamento da resina acrílica autopolimerizável
Fonte: o autor (2013)
Figura 3 - Máquina de ensaio universal
Fonte: o autor (2013)
27
Figura 4 - Inclusão do implante
Fonte: o autor (2013)
Figura 5 - Implante incluído fixado na morsa
Fonte: o autor (2013)
28
Figura 6 - Pilar UCLA posicionado sobre a plataforma hexágono interno
Fonte: o autor (2013)
Trinta e seis parafusos de retenção (18 de titânio usinado hexagonal e 18 de
titânio usinado hexagonal com superfície tratada) de plataforma hexágono interno da
marca comercial Neodent e 18 parafusos de retenção de titânio usinado hexagonal
de plataforma hexágono interno da marca comercial 3i BIOMET foram distribuídos
aleatoriamente em 6 grupos, sendo que destes são 3 grupos controles (Técnica I) e
3 grupos experimentais (Técnica II), conforme o organograma a seguir (figura 7).
Cada grupo experimental apresentou 4 parafusos a mais que os grupos controle
devido à eliminação dos parafusos que foram analisados em MEV e EDS no
microscópio eletrônico de varredura modelo XL30 (Phillips, Alemanha), pois havia
possibilidade da análise ser destrutiva, resultando em n=718,20.
29
Figura 7 - Organograma parte 1: distribuição dos grupos de acordo com as variáveis estudadas: marca comercial, composição dos
parafusos e grupo controle (Técnica I) e grupos experimentais (Técnica II).
Implantes n= 3 Neodent®
n= 2 3i BIOMET®
n= 1
Platafoma Hexágono Interno
n= 2
Platafoma Hexágono Interno
n= 1
Pilar UCLA CrCo
n= 2
Pilar UCLA Titânio n= 1
Parafuso Titânio n= 18
Parafuso Tit. Trat. n= 18
Parafuso Titânio n= 18
GC (TI) n= 7
GC (TI) n= 7
GC (TI) n= 7
GE (TII) n= 11
GE (TII) n= 11
GE (TII) n= 11
30
4.2.2 Análise da alteração de peso
A medição da alteração de peso dos parafusos foi realizada de acordo com
metodologia desenvolvida por Jung et.al.20 para avaliar o desgaste dos parafusos
após múltiplos torques e torque único, com e sem ciclagem mecânica após o torque
final. As amostras foram limpas em cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus
(Odontobrás, Ribeirão Preto, SP, Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10
minutos (Figura 8) assim que retiradas do invólucro do fabricante, em seguida foram
secas ao ar por 60 minutos (Figura 9) e pesadas em balança de precisão modelo AG
204 (Mettler Toledo, Suíça) e seu valor registrado em g (±0,0001) (Figura 10). Após
cada uma das quatro etapas de torque manual e da de torque final, as amostras
foram removidas, limpas e pesadas como descrito anteriormente.
Figura 8 - Limpeza dos parafusos em cuba ultrassônica
Fonte: o autor (2014)
31
Figura 9 - Secagem dos parafusos ao ar livre
Fonte: o autor (2014)
Figura 10 - Pesagem do parafuso da marca comercial Neodent com cobertura
Fonte: o autor (2014)
4.2.3 Protocolo da Técnica I
Os parafusos do grupo controle (Técnica I) foram submetidos à pesagem
inicial (T0) da análise de alteração de peso e posicionados sobre seus respectivos
pilares UCLA, foi dado torque único definitivo, conforme indicação do fabricante de
32
32N.cm para os componentes Neodent (figura 11), e 20N.cm para os 3i BIOMET.
Após 5 minutos, para estabilização dos parafusos, as amostras foram submetidas à
ciclagem mecânica (TF), feita a fim de simular a função mastigatória por 5 anos após
o torque final em todas as amostras, as mesmas foram colocadas em recipientes
com água destilada e submetidas à carga de 100N ao seu longo eixo, a uma
frequência de 1 Hz por 1.000.000 ciclos11,15 em simulador de fadiga mecânica
modelo ER 11000 (Erios, São Paulo, SP, Brasil) (Figura 12). Para finalmente serem
removidas e analisadas qualitativamente (MEV) e quantitativamente (EDS).
Figura 11 - Torque definitivo recomendado pelo fabricante
Fonte: o autor (2013)
33
Figura 12 - Ciclagem mecânica
Fonte: o autor (2014)
4.2.4 Protocolo da Técnica II
Os parafusos do grupo experimental (Técnica II) passaram por etapas, as
quais foram denominadas como T0, T1, T2, T3 e TF (figura 13), nas quais os
procedimentos foram:
T0 - Remoção dos parafusos dos invólucros, pesagem inicial para análise da
alteração de peso, um dos 11 parafusos (escolhido aleatoriamente) foi enviado para
análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS), torque de 20N.cm (simulando torque
manual)21 nos 10 restantes;
34
Figura 13 - Organograma parte 2: subdivisões dos grupos experimentais (Técnica II)
Fonte: o autor (2013)
T1 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em
cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,
Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos20,
pesagem para análise da alteração de peso, um dos 10 parafusos (escolhido
aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),
torque de 20N.cm (simulando torque manual) nos 9 restantes;
T2 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em
cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,
Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,
pesagem para análise da alteração de peso, um dos 9 parafusos (escolhido
aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),
torque de 20N.cm (simulando torque manual) nos 8 restantes;
Grupo
Experimental (T0)
n= 11
Grupo
Experimental (T1)
n= 10
Grupo
Experimental (T2)
n= 09
Grupo
Experimental (T3)
n= 08
Grupo
Experimental (TF)
n= 07
MEV/EDS
n=1
MEV/EDS
n=1
MEV/EDS
n=1
MEV/EDS
n=1
MEV/EDS
n=1
35
T3 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em
cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,
Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,
pesagem para análise da alteração de peso, um dos 8 parafusos (escolhido
aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),
torque definitivo (recomendado pelo fabricante) de 32N.cm para os componentes
Neodent e 20N.cm para os 3i BIOMET nos 7 restantes, após 5 minutos, para
estabilização dos parafusos, as amostras foram submetidas à ciclagem mecânica
como já descrito anteriormente;
TF - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em
cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,
Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,
pesagem para análise da alteração de peso, um dos 7 parafusos (escolhido
aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS).
4.2.5 Análise qualitativa da deformação do parafuso de retenção em MEV
A microscopia eletrônica de varredura foi utilizada para analisar fisicamente a
superfície dos parafusos de retenção, tais como desgaste das roscas,
irregularidades, brunimento, ranhuras e desprendimento de estrutura, antes e após
cada etapa dos múltiplos torques e torque único, assim como antes e após a
ciclagem mecânica. Foi escolhido um parafuso aleatoriamente em cada fase para
ser analisado em microscópio eletrônico de varredura modelo XL30 (Phillips,
Alemanha) (Figura 14 e 15), sendo seguidas as recomendações do fabricante do
microscópio. A superfície foi examinada em 50, 200 e 1000X de aumento.
36
Figura 14 - Microscópio Eletrônico de Varredura
Fonte: o autor (2014)
Figura 15 -Parafusos posicionados nos “stubs”
Fonte: o autor (2014)
37
4.2.6 Análise quantitativa da composição superficial do parafuso de retenção
com EDS
A análise em unidade de espectroscopia por energia dispersiva (EDS) foi
utilizada para analisar quimicamente a composição superficial dos parafusos de
retenção nos mesmos parafusos e equipamento em que será feito a MEV. Após as
análises qualitativas e quantitativas, os referidos parafusos foram descartados,
devido à possibilidade de alteração destrutiva dos mesmos.
4.2.7 Análise estatística
Os dados foram registrados e tabulados no software SPSS (15.0, SPSS INC.,
Chicago, IL, EUA) e submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov
(α=0,01). As comparações estatísticas entre os grupos foram realizadas da seguinte
forma:
a) Comparação do efeito do torque final e ciclagem mecânica sobre os
parafusos de retenção (Técnica I), os resultados foram comparados com
teste-t pareado para os tempos T0 e TF ao nível de significância de 5%;
b) Comparação do efeito dos tempos T0, T1, T2, T3 e TF e ciclagem
mecânica em cada parafuso (Técnica II), os resultados foram comparado
com ANOVA e Tukey ao nível de significância de 5%;
c) Comparação do efeito das técnicas (Técnica I x Técnica II) no TF, os
resultados foram comparados com teste-t pareado ao nível de significância
de 5%.
38
5 RESULTADOS
5.1 TÉCNICA I
Os resultados obtidos na técnica I estão apresentados nas tabelas 3 e 4 e nas
figuras 16 e 17.
Tabela 3 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção dos tempos estudados de
acordo com a técnica I
Média n Desvio Padrão
Neodent sem cobertura T0 0,074900 7 0,0012503
Neodent sem cobertura TF 0,074557 7 0,0012340
Neodent com cobertura T0 0,072886 7 0,0004180
Neodent com cobertura TF 0,072529 7 0,0004192
3i T0 0,067486 7 0,0002610
3i TF 0,067229 7 0,0002752
Tabela 4 - Comparação estatística entre os parafusos em T0 e TF de acordo com a técnica I.
Diferenças Pareadas
Intervalo de Confiança
de 95% da Diferença
Média Desvio
Padrão Erro
Padrão Menor Maior t gl p
Neodent sem cobertura T0
- Neodent sem cobertura
TF 0,0003429 0,0001272 0,0000481 0,0002252 0,0004605 7,129 6 0,000
Neodent com cobertura T0
- Neodent com cobertura
TF 0,0003571 0,0001512 0,0000571 0,0002173 0,0004970 6,250 6 0,001
3i T0 - 3i TF 0,0002571 0,0000535 0,0000202 0,0002077 0,0003066 12,728 6 0,000
De acordo com os resultados obtidos na técnica I, pôde ser observado que
houve diferença significativa dentro de cada marca nos dois tempos (p<0,05).
39
Neodent® sem cobertura (p<0,001), Neodent® com cobertura (p=0,001) e 3i
BIOMET® (p<0,001).
Figura 16 - Representação gráfica do efeito do torque e ciclagem mecânica na técnica I.
Figura 17 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque e
ciclagem mecânica na técnica I.
Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica I, para
os grupos Neodent sem cobertura (T0 e TF), Neodent com cobertura (T0 e TF) e 3i
(T0 e TF) estão apresentados nas figuras 18, 19 e 20, respectivamente.
40
Figura 18 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica I (T0 e TF).
*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)
Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras e detritos provenientes do processo de usinagem e em “b” e “d” brunimento das roscas do parafuso.
b
c d
a
41
Figura 19 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica I (T0 e TF)
*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)
Pode-se observar em “a”, “b”, “c” e “d” porosidades provenientes do revestimento.
d c
b a
42
Figura 20 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica I (T0 e TF)
*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)
Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras provenientes do processo de usinagem e em “b” e “d” brunimento das roscas do parafuso.
a b
c d
43
5.2 TÉCNICA II
5.2.1. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent
sem cobertura estão apresentados nas tabelas 5 e 6.
Tabela 5 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent sem cobertura dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II.
Grupo Média n Desvio Padrão
T0 0,074491 a 11 0,0011811
T1 0,074050 ab 10 0,0008396
T2 0,073922 ab 9 0,0008438
T3 0,073775 ab 8 0,0008190
TF 0,073229b 7 0,0004716
*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey
(p<0,05)
Tabela 6 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo Neodent sem cobertura
Soma do
Quadrado
gl Média do
Quadrado
F p
Entre Grupos 0,000 4 0,000 2,252 0,080
Dentro dos
Grupos
0,000 40 0,000
De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo
Neodent sem cobertura, analisados por ANOVA (p=0,08), pôde ser observado que
houve diferença significativa apenas de T3 para TF.
44
Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o
grupo Neodent sem cobertura (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura
21.
45
Figura 21 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).
*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3
(x1000); j) TF (x1000)
a b c d e
f g h i j
46
5.2.2. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent com cobertura estão apresentados nas tabelas 7 e 8.
Tabela 7 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent com cobertura dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II
Grupo Média n Desvio Padrão
T0 0,072864ª 11 0,0003171
T1 0,072680ab 10 0,0002486
T2 0,072556ab 9 0,0001667
T3 0,072338bc 8 0,0002615
TF 0,072086c 7 0,0003805
*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey
(p<0,05)
Tabela 8 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo Neodent com cobertura
Soma do
Quadrado
gl Média do
Quadrado
F p
Entre Grupos 0,000 4 0,000 9,968 <0,001
Dentro dos
Grupos
0,000 40 0,000
De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo
Neodent com cobertura, analisados por ANOVA (p<0,001), pôde ser observado que
houve diferença significativa apenas de T2 para T3 e de T3 para TF.
47
Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o
grupo Neodent com cobertura (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura
22.
48
Figura 22 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).
*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3
(x1000); j) TF (x1000)
a b c d e
f g h i j
49
5.2.3. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo 3i estão apresentados nas tabelas 9 e 10.
Tabela 9 - Estatística descritiva dos parafusos 3i dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II
Grupo Média n Desvio Padrão
T0 0,067382ª 11 0,0002960
T1 0,067240ab 10 0,0002989
T2 0,067111ab 9 0,0003100
T3 0,067088bc 8 0,0002696
TF 0,066886c 7 0,0002968
*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey
(p<0,05)
Tabela 10 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo 3i
BIOMET
Soma do
Quadrado
gl Média do
Quadrado
F p
Entre Grupos 0,000 4 0,000 3,423 0,017
Dentro dos
Grupos
0,000 40 0,000
De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo
3i Biomet, analisados por ANOVA (p=0,017), pôde ser observado que houve
diferença significativa apenas de T2 para T3 e de T3 para TF.
Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o
grupo 3i Biomet (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura 23.
50
Figura 23 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).
*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3
(x1000); j) TF (x1000)
a b c d e
f g h i j
51
As figuras 24 e 25 apresentam os gráficos dos três grupos da técnica II,
Neodent sem cobertura, Neodent com cobertura e 3i, na evolução dos tempos
estudados (T0, T1, T2, T3 e TF).
Figura 24 - Representação gráfica do efeito dos torques e ciclagem mecânica na
técnica II para os tempos estudados
Figura 25 - Representação gráfica com média e desvio do efeito dos torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados.
Os resultados das composições de superfície através do EDS dos grupos
Neodent sem cobertura, Neodent com cobertura e 3i BIOMET nos tempos T0, T1,
T2, T3 e TF estão apresentados na figura 26.
52
Figura 26 - Representação gráfica das composições de superfície no efeito dos torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados dos três
grupos
Para os parafusos com cobertura da marca Neodent percebemos uma
diminuição acentuada no percentual de titânio de T0 para os demais tempos. Para
os parafusos sem cobertura das marcas Neodent e 3i, percebemos oscilações nas
composições superficiais, mas sem nenhuma tendência específica.
5.3 OS RESULTADOS OBTIDOS NA COMPARAÇÃO DA TÉCNICA I COM
TÉCNICA II NO TEMPO FINAL (TF) ESTÃO APRESENTADOS NAS TABELAS 11 E
12 E NAS FIGURAS 27 E 28.
Tabela 11 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção no tempo final de
acordo com as técnicas I e II.
Média n Desvio
Padrão
Neodent sem cobertura TF (múltipla) 0,073229 7 0,0004716
Neodent sem cobertura TF (controle) 0,074557 7 0,0012340
Neodent com cobertura TF (múltipla) 0,072086 7 0,0003805
Neodent com cobertura TF (controle) 0,072529 7 0,0004192
3i TF (múltipla) 0,066886 7 0,0002968
3i TF (controle) 0,067229 7 0,0002752
53
Tabela 12 - Comparação estatística dos parafusos entre as técnicas I e II no tempo final
Diferenças Pareadas
Intervalo de Confiança de 95% da
Diferença
Média Desvio Padrão Erro Padrão Menor Maior t gl p
Neodent sem cobertura T0 -
Neodent sem cobertura TF -0,0013286 0,0011295 0,0004269 -0,0023732 -0,0002840 -3,112 6 0,021
Neodent com cobertura T0 -
Neodent com cobertura TF -0,0004429 0,0005769 0,0002181 -0,0009764 0,0000907 -2,031 6 0,089
3i T0 - 3i TF
-0,0003429 0,0004577 0,0001730 -0,0007662 0,0000805 -1,982 6 0,095
De acordo com os resultados obtidos na técnica II, pôde ser observado que
houve diferença significativa dentro do grupo Neodent sem cobertura em TF da
técnica I (controle) e técnica II (experimental) (p<0,05), no entanto, nos grupos
Neodent com cobertura e 3i não houve diferença significativa (p>0,05). Comparando
o grupo Neodent sem cobertura nas técnicas I e II o p calculado foi igual a 0,021,
para o grupo Neodent com cobertura nas técnicas I e II o p calculado foi igual a
0,089 e para o grupo 3i nas mesmas técnicas o p calculado foi igual a 0,095.
Figura 27 - Representação gráfica do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II
54
Figura 28 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II.
Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura para o tempo final
na técnica I e técnica II, para os grupos Neodent® sem cobertura, Neodent com
cobertura e 3i BIOMET estão apresentados nas figuras 29, 30 e 31 respectivamente.
55
Figura 29 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura nos tempos finais (Técnica I e Técnica II).
a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF
Técnica II (x1000).
Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras provenientes do processo de usinagem, em “b” afilamento das rocas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do parafuso.
a b
c d
56
Figura 30 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura nos tempos finais (Técnica I e Técnica II).
a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF
Técnica II (x1000).
Pode-se observar em “a” leve afilamento, em “b” afilamento das roscas do parafuso,
em “c” leve brunimento das roscas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do
parafuso.
a b
c d
57
Figura 31 - Imagens do MEV para o grupo 3i BIOMET nos tempos finais (Técnica I e Técnica II)
a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF
Técnica II (x1000).
Pode-se observar em “a” leve afilamento, em “b” afilamento das roscas do parafuso,
em “c” leve brunimento das roscas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do
parafuso.
a b
c d
58
6 DISCUSSÃO
A fratura e, principalmente, o afrouxamento dos parafusos de retenção de
próteses implanto suportadas aparecem como uma das complicações mecânicas
mais comumente encontradas nas reabilitações orais envolvendo este tipo de
tratamento, ocorrendo em cerca de 5% das próteses em cinco anos33. Uma revisão
sistemática de literatura34, em que vários estudos foram analisados, chegou a
conclusão que o afrouxamento do parafuso de retenção é a complicação mecânica
mais frequentemente relatada, independente do tipo de conexão (externa ou
interna). A fratura do parafuso foi um evento raro encontrado, enquanto nenhuma
fratura do pilar foi relatada. Quando esses problemas ocorrem, geralmente levam a
um número maior de consultas do que o inicialmente planejado, causando
transtornos indesejáveis ao clínico e ao paciente, além de que o tratamento para o
possível afrouxamento do parafuso requer uma grande compreensão das
características e parâmetros biomecânicos. A maior incidência de afrouxamento de
parafusos, ao longo de 5 anos, é vista em coroas unitárias com taxas de até 12,7%,
enquanto que para próteses fixas de mais de um elemento este valor praticamente
reduz pela metade (6,7%)35.
Para entender como o afrouxamento do parafuso pode ocorrer, é necessário
compreender alguns princípios de engenharia mecânica. A estabilidade do conjunto
implante-pilar-parafuso é influenciada principalmente pela pré-carga, que é definida
como a força de tração que é construída no parafuso ao ser apertado contra as
roscas internas do implante16, que irá resultar em atrito destas com as roscas do
parafuso3. O desenvolvimento de uma pré-carga que se estende a uma tensão
pouco abaixo de seu ponto de escoamento (75%), irá maximizar a estabilidade dos
componentes, diminuindo a possibilidade de afrouxamento dos parafuso36. Enquanto
as forças de atrito entre as roscas permanecem altas, uma força externa maior será
necessária para causar o afrouxamento, porém se a força externa for superior, esta
elimina rapidamente o remanescente da pré-carga e resulta em vibrações e
micromovimentos que conduzem o parafuso a um recuo. Uma vez que esta segunda
fase tenha ocorrido, o conjunto do parafuso deixa de realizar a função para a qual foi
concebido e afrouxa37, ou seja, esse afrouxamento do parafuso irá acontecer
59
quando o efeito total das forças oclusais for maior do que o alongamento elástico do
parafuso, causando deformações plásticas em sua morfologia38. Schawarz
descreveu que a natureza de tais complicações pode ser ligada diretamente a perda
da pré-carga, esta vem ser a única força que resiste a forças funcionais/oclusais
para impedir que o parafuso se solte do implante39. O direcionamento destas forças
mastigatórias pode ser vertical, inclinado, lateral e de torção, elas são forças cíclicas
e variam de intensidade dependendo da localização na boca. Forças verticais
tendem a serem maiores nas regiões posteriores que em regiões anteriores. Forças
verticais atuam no longo eixo do implante e forças horizontais ou laterais atuam na
interface implante/intermediário gerando momentos de força ao redor do parafuso, a
soma dessas forças acaba gerando na restauração sobre implante o recebimento de
forças que tendem a separar o intermediário do implante. Portanto, para minimizar
complicações protéticas sobre os implantes na clínica diária foram estabelecidos
critérios e condições biomecânicas fundamentais, dentre elas estão a diminuição ou
ausência de cantilevers, diminuição das mesas oclusais, pouca inclinação das
cúspides, centralização dos contatos oclusais e o uso de placas em pacientes com
hábitos parafuncionais40.
A deformação e abrasão do parafuso estão intimamente ligadas à perda da
pré-carga no conjunto implante-pilar-parafuso, diminuindo a fricção entre os
componentes20, podendo ocorrer através do efeito da mastigação ao longo do tempo
que diminuem os valores de torque de remoção15 ou ainda com repetidos apertos e
afrouxamentos intencionais dos parafusos nas consultas de confecção do trabalho
protético20, gerando deformações permanentes a partir destes torques e contra
torques, levando a uma “perda” de estrutura e alteração de peso dos parafusos.
Portanto, levando em consideração esta lógica, quando obtemos perda de peso em
um parafuso, este mesmo componente acabou sofrendo deformação e abrasão,
ocorrendo assim a diminuição da pré-carga e por consequência maior tendência ao
afrouxamento do parafuso de retenção.
Inúmeros autores têm estudado maneiras para minimizar a perda da pré-
carga, seja alterando as plataformas com o implante hexágono interno6, 7, 8,
60
avaliando a adaptação dos componentes38,41, testando técnicas alternativas para o
apertamento do parafuso42, 43, adicionando lubrificantes (revestimentos) líquidos e
secos, como cobertura nos parafusos de retenção44,32,30, ou recomendando a
utilização de parafusos novos no momento da entrega do trabalho
protético.18,20,29,45,46
A plataforma hexágono interno foi desenvolvida com conceitos baseados na
justaposição interna entre as paredes dos pilares e dos implantes7, o que diminuiria
o estresse sofrido pelo parafuso do pilar, pois a tensão oclusal transmitida ao pilar
estaria dividida entre as paredes do encaixe interno e o parafuso retentor6. Tal
fenômeno ocorre pois o centro de fixação do parafuso é protegido pela altura do
hexágono do pilar dentro do implante, tendo, portanto, uma maior facilidade de
adaptação e uma maior área de contato, deste modo as forças laterais são
transmitidas diretamente às paredes do implante, criando uma menor tensão no
parafuso e proporcionando uma melhor resistência às tensões de cisalhamento na
união8. A maior resistência às cargas laterais se dá pelo fato do centro de rotação
ser mais apical. O hexágono interno apresenta algumas desvantagens, como:
paredes mais finas ao redor da conexão e dificuldade no ajuste de divergências de
angulação entre os implante28 . No entanto, Binon (2000-b)47 descreveu que nos
casos das restaurações unitárias o poder de retenção friccional do hexágono interno
é aproximadamente quatro vezes maior do que o do hexágono externo, evitando
conseqüentemente os índices de afrouxamento dos parafusos
Park et al.38 realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a estabilidade da
interface entre implante-pilar com pilares UCLA de ouro e pilares usinados por
CAD/CAM, dois grupos com implantes de conexão interna e dois de conexão
externa foram foram conectados por seus respectivos pilares UCLA de ouro e
usinados por CAD/CAM, foi dado torque de 35N.cm e dez minutos após o aperto os
valores de contra torque foram registrados, após 1.000.000 de cargas cíclicas foi
novamente registrado. Os valores de contra torque iniciais dos pilares usinados por
CAD/CAM foram significativamente maiores do que os pilares fundidos a ouro,
porém os valores registrados após a ciclagem mecânica não mostraram diferença
significativa entre os grupos, não houve gap significativo em nenhum dos grupos.
61
Embora nosso estudo não verificou a adaptação da interface implante-pilar, esta
ausência de gap minimizaria os micromovimentos do parafuso, causando menores
deformações plásticas e abrasão nos parafusos e, assim, diminuiria a perda de peso
dos mesmos.
Esta relação da adaptação dos componentes com a força de contra torque
pode ser observada também por Kano et al.41, estes autores avaliaram o efeito dos
procedimentos de fundição dos pilares na perda do torque aplicado no parafuso. Foi
relatado que os pilares fundidos geraram maior rugosidade de superfície que os
pilares usinados, levando a uma maior desadaptação dos componentes e assim
uma diminuição do torque inicial. Com esta desadaptação, possivelmente os
parafusos de retenção estariam mais propensos à perda de peso devido a maior
abrasão nas roscas dos parafusos ao apertá-los, pois não estariam sendo
conectados de forma passiva.
Binon42 avaliou a eficácia de um protocolo de estabilização do parafuso de
retenção quando sujeito às cargas cíclicas, onde os implantes com plataformas de
hexágono externo e seus respectivos pilares UCLA foram posicionados sobre as
plataformas, no grupo controle as amostras receberam torque de 20N.cm como
recomendado pelo fabricante e as amostras do grupo experimental receberam
torque manual máximo do operador sem torquímetro, após este torque foi injetado
material de moldagem (poliéter) e condensado contra as paredes dos pilares com
uma bolinha de algodão que foi deixada no interior do acesso ao parafuso, os
orifícios foram fechados com resina composta fotopolimerizável e as amostras de
ambos os grupo foram levadas para ciclagem mecânica até ocorrer o afrouxamento
dos parafusos. O autor chegou à conclusão de que esta nova técnica leva a um
afrouxamento do parafuso significativamente mais rápido do que a técnica controle.
O torque manual gerou uma pré-carga menor nos parafusos do que os parafusos do
grupo controle, provavelmente esta foi a justificativa para essa tendência ao
afrouxamento.
Já Gratton et al.43 investigaram a micromovimentação dos parafusos de
retenção e a fadiga dinâmica variando o torque de aperto dos mesmos, quando
62
testados sob ciclagem mecânica. Quinze implantes com seus respectivos pilares
UCLA e parafusos de retenção foram separados em três grupos de cinco cada um,
em cada grupo foi dado um valor de torque 16N.cm, 32N.cm (recomendado pelo
fabricante) e 48N.cm. O grupo cujo torque foi de 16N.cm apresentou maior
micromovimentação significativa após 100.000 ciclos do que os outros dois grupos e
o grupo que sofreu torque de 48N.cm gerou menos micromovimentação sem
aparentemente comprometer morfologicamente os parafusos. Apesar de o autor
conseguir um resultado satisfatório, observamos que diferentemente do nosso
estudo o número de ciclos foi dez vezes menor que o apresentado no nosso estudo,
assim um novo estudo com um número maior de ciclos se faz necessário para
avaliar a deformação permanente que o torque acima do recomendado pelo
fabricante causaria na estrutura do parafuso de retenção, causando a perda da pré-
carga.
Com relação à adição de revestimentos nos parafusos, Diez et al.44 avaliaram
a área de interface implante-pilar e os valores para afrouxamento de parafusos
revestidos com carbono antes e depois de ciclagem mecânica. Foram
confeccionados quatro grupos, dois com implantes hexágono externo (parafusos
com e sem revestimento) e dois com implantes hexágono interno (parafusos com e
sem revestimento), a interface pilar-implante foi medida, após o aparafusamento,
antes e depois da ciclagem mecânica, então os valores de torque de remoção foram
registrados. Nos grupos com parafusos de titânio houve um aumento da área de
interface do implante e pilar, já nos grupos com parafusos revestidos esta área de
interface foi reduzida. Os valores de torque de remoção dos parafusos de todos os
grupos reduziram após a ciclagem mecânica dos parafusos. Esta redução dos
valores do torque de remoção pode ser relacionada aos resultados do presente
estudo, em que tivemos significativa perda de peso e consequentes deformações
permanentes nos parafusos novos após um único torque e ciclagem mecânica
(técnica I) em todos os grupos, tanto nos parafusos com revestimento, quanto nos
parafusos sem revestimentos.
63
Park et al.32 testaram o efeito do revestimento de superfície de carboneto de
tungstênio na pré-carga de parafusos em diferentes conexões de implantes. O
torque de remoção dos parafusos com e sem revestimento foi medido antes e após
a ciclagem mecânica. A pré-carga gerada pelos parafusos com cobertura foi
significativamente superior em todos os sistemas de conexão, já o torque de
remoção inicial foi superior para os parafusos sem revestimento, porém o torque de
remoção após a ciclagem foi significativamente maior para os parafusos com
revestimento, indicando que esses foram muito mais eficazes na preservação da
pré-carga. Apenas os resultados dos parafusos sem revestimento vão de acordo
com os resultados obtidos na perda de peso do nosso estudo, onde tivemos
diferença significativa entre todos os parafusos, porém em menor grau nos
parafusos com revestimento (p=0,001), esta diferença pode ter se dado devido à
utilização de um único implante para cada grupo em nosso estudo.
Na mesma linha de pesquisa, Vianna et al.48 avaliaram a estabilidade de
diferentes parafusos de retenção de ouro, titânio revestido e titânio submetidos à
ciclagem mecânica, entretanto nenhum dos grupos se diferenciou significativamente
nos valores de torques de remoção após a ciclagem mecânica, mesmo que os
parafusos revestidos tenham obtido resultados ligeiramente melhores, justamente
como os achados em nosso estudo. Provavelmente esses achados se diferem dos
encontrados por Park et al.32 devido a maior carga utilizada na ciclagem mecânica
(240N contra 130N de Vianna e 100N de nosso estudo) e angulação de 30° com
relação ao longo eixo das amostra, sendo que nos outros dois estudos a carga foi ao
longo eixo das amostras.
Stuker et al.30 também avaliaram os valores de pré-carga e torques de
remoção de três tipos de parafusos (ouro, titânio e titânio revestido). Foi dado torque
de 30N.cm em cada grupo e o valor médio inicial e o valor médio final da pré-carga
foram calculados. Esses valores se diferenciaram significativamente nos três grupos,
tendo os maiores valores os parafusos de ouro, seguidos pelos parafusos de titânio
revestidos e por último os parafusos de titânio. Os parafusos de ouro e os parafusos
de titânio revestido não mostraram diferenças estatisticamente significantes em
relação ao torque de remoção, mas em relação aos parafusos de titânio os mesmos
64
apresentaram diferenças significativas. No que se refere ao presente estudo, a
deformação permanente ocorreu nos parafusos de titânio e nos parafusos de titânio
tratado, porém as imagens de MEV evidenciaram uma aparente deformação menor
nos parafusos revestidos, possuindo um coeficiente de atrito menor, isto
possivelmente poderia explicar uma maior manutenção da pré-carga e
consequentemente um valor de remoção de torque mais elevado. Devemos levar em
consideração que Stuker et al. não simularam as forças mastigatórias através de
ciclagem mecânica que poderiam ter reduzido os valores encontrados no seu
estudo.
Com o objetivo de avaliar o efeito da contaminação de fluído no torque de
remoção, Gumus et al29 dividiram quarenta implantes em quatro grupos e
contaminaram um grupo com clorexidina, um com saliva fresca humana, outro com
sangue e um sem contaminação (grupo controle). Após torque recomendado pelo
fabricante e termociclagem, o torque de remoção de todos os grupos diminuiu,
porém a contaminação com sangue foi a que se diferenciou estatisticamente das
demais e poderia gerar um maior afrouxamento dos parafusos de retenção na
prática clínica. A técnica II em nosso estudo é uma simulação da realidade clínica de
muitos protesistas, os quais utilizam o mesmo parafuso para as etapas clínicas de
prova de coroas implanto suportadas, estando susceptível à contaminação salivar ou
sanguínea, que poderia acarretar numa deformação permanente maior do que já
observado em nosso estudo, pois essa contaminação geraria uma película entre as
roscas do parafuso e do implante não permitindo o íntimo contato entre os
componentes. Portanto, novos estudos se fazem necessários para correlacionar
estes dois fatores.
Este efeito das múltiplas aberturas e fechamentos de parafusos de retenção
já havia sido relatado por Weiss et al, onde eles chegaram a conclusão de que
limitar o número de fechamento e abertura dos componentes nas etapas clínicas e
laboratoriais, antes do torque e fechamento definitivo, pode minimizar a perda do
parafuso18, pois ao comparar a perda de torque de parafusos de retenção em sete
sistemas distintos de conexões, após repetir por 200 vezes o ciclo de abertura e
fechamento destes parafusos, os resultados mostraram uma diminuição progressiva
65
dos valores de torque de remoção para todos os sistemas testados. Nossos
resultados se equiparam em parte com os encontrados neste estudo, já que
encontramos redução de peso em todos os grupos após cada simulação de torque
manual, porém esta redução de peso se demonstrou mais acentuada nos parafusos
Neodent sem cobertura, indicando que não apenas a redução dos ciclos de abertura
e fechamento seriam necessários para reduzir o afrouxamento deste parafuso, mas
também a sua substituição por um parafuso novo. Com relação aos parafusos
Neodent com cobertura e 3i essa redução de ciclos e substituição de parafuso não
seria necessário.
Resultados similares foram encontrados por Guzaits et al45 que também
avaliaram o torque de remoção após repetidos ciclos de abertura e fechamento dos
parafusos, porém com uma solução salina para simular a saliva. Os maiores valores
de torque de remoção foram encontrados nos primeiros apertos dos parafusos, eles
encontraram também, nas imagens de MEV, um polimento das roscas internas dos
implantes, sugerindo que nem mesmo a utilização de um novo parafuso iria
recuperar a pré-carga máxima, mas essas alterações nas superfícies dos implantes
foram menores do que as sofridas pelos parafusos. Assim concluíram que quanto
mais ciclos de abertura e fechamento forem feitos nos parafusos, maior a
probabilidade de afrouxamento do parafuso, principalmente após o décimo aperto,
devendo o parafuso ser substituído por um novo. Novamente os resultados se
assemelham em parte aos nossos achados, pois os parafusos Neodent com
cobertura e os 3i sofreram uma redução de peso menos significativa durante os 4
torques e no estudo de Guzaitis et al45 somente após o décimo aperto dos parafusos
a probabilidade de afrouxamento foi maior. Portanto, de acordo com nosso estudo
não necessitaria a troca por um novo parafuso até o quarto aperto, nem mesmo
após a ciclagem.
Diferentemente dos achados anteriores, Bernardes et al46, ao avaliarem se os
repetidos apertos dos parafusos diminuiriam o torque de remoção dos mesmos, não
encontraram diferenças estatísticas entre os torques de remoção antes e após os
repetidos apertos. Assemelhando-se aos parafusos Neodent com cobertura e 3i do
nosso estudo.
66
Apenas um único estudo20 foi encontrado na literatura que também avaliou a
abrasão e consequente perda de peso após repetidos ciclos de aperto dos
parafusos de retenção. Foram utilizados dois grupos com parafusos com
revestimento de estanho e dois grupos sem revestimento, foram dados torques
recomendados pelos fabricantes por vinte vezes. Os resultados mostraram menor
perda de peso significativa nos parafusos com revestimento. No nosso estudo
também foi observada essa menor perda de peso significativa nos parafusos com
cobertura após repetidos apertos e desapertos.
Clinicamente esse estudo sugeriu que o mesmo parafuso, no caso dos
parafusos Neodent com cobertura e 3i Biomet, que foi submetido às etapas clínicas
e laboratoriais pode ser utilizado como definitivo, após torque final e entrega do
trabalho protético. Esta sugestão embasou-se na menor perda de peso e
deformação permanente dos referidos parafusos.
Este estudo apresentou algumas limitações, como a utilização de apenas um
implante por grupo de parafusos, podendo assim interferir nos resultados, já que as
roscas internas dos implantes também poderiam estar sofrendo deformações
permanentes. O ideal seria um implante por parafuso, mas como isto não seria
possível foi preferível manter um erro padrão, pois foi um fato ocorrido para todos os
grupos da mesma forma.
Trabalhos futuros se fazem necessários comparando e avaliando se
realmente a perda de peso dos parafusos influencia na pré-carga e torque de
remoção e estudar os revestimentos dos parafusos de retenção com a utilização de
novos lubrificantes líquidos que possam ser adicionados a estes no momento da
finalização dos trabalhos de prótese sobre implante. Sugere-se também estes
mesmos estudos, porém “in vivo” e com acréscimo de parafusos de liga nobre e
implantes com conexão cone morse.
67
CONCLUSÃO
Segundo a metodologia aplicada e levando-se em conta os resultados obtidos
deste estudo, foi possível concluir que:
De acordo com a Técnica I, que é a indicada pelo fabricante, onde utilizamos
os parafusos de retenção apenas no momento da finalização do trabalho de
reabilitação protética, conclui-se que esse aperto final já é suficiente para levar a
uma alteração do peso dos parafusos, tanto em parafusos de titânio da marca
comercial Neodent com cobertura (p=0,001) e sem cobertura (p<0,001), quanto nos
parafusos de titânio da marca comercial 3i BIOMET (p<0,001), porém os parafusos
Neodent com cobertura foram os que tiveram menor perda de peso.
Verificamos também que a utilização da técnica II, onde o mesmo parafuso é
usado em muitos momentos, acaba alterando gradualmente o peso do parafuso a
cada aperto em todos os grupos estudados, sendo em maior intensidade após o
aperto definitivo e ciclagem mecânica.
Ao compararmos as duas técnicas, concluímos que apenas no grupo dos
parafusos Neodent sem cobertura, a técnica I foi a que sofreu menos alterações. No
grupo dos parafusos Neodent com cobertura e no dos parafusos 3i Biomet, as
alterações da técnica I e técnica II foram semelhantes. Para Neodent sem cobertura
p=0,021, para Neodent com cobertura p=0,089 e para 3i BIOMET p=0,095.
As análises das imagens de MEV apontaram visível deformação plástica na
morfologia dos parafusos de todos os grupos tanto na técnica I, como na técnica II.
Quantitativamente, nas composições de superfície de todos os parafusos
estudados percebemos leves oscilações, porém sem nenhuma tendência específica.
68
REFERÊNCIAS
1 Jemt, T; Laney, W. R; Harris, D; Henry, P. J; Krogh, P.H. J; Polizzi, G;Zarb, G. A; Herrmann, I. Osseoitegrated Implants for Single Tooth Replacement:A 1-year Report from a Multicenter Prospective study. The International Journal ofOral & Maxillofacial Implants, v. 6, n 1, p. 29-36, 1991.
2 Carvalho, W; Casado, P. L; Caula, A. L; Barboza, E. P. Implants for Single First
Molar Replacement: Important Treatment Concerns. Implant Dentistry, v. 13, n. 4, p. 328-335, 2004.
3 Dixon DL, Breeding LC, Sadler JP, McKay ML. Comparison of screw loosening,
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