73
FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ELBIO COSTA SOUZA AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PARAFUSOS DE RETENÇÃO DE PRÓTESES IMPLANTO SUPORTADAS CONEXÃO HEXÁGONO INTERNO Porto Alegre 2015

FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ELBIO COSTA SOUZA

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PARAFUSOS DE RETENÇÃO DE PRÓTESES IMPLANTO SUPORTADAS –

CONEXÃO HEXÁGONO INTERNO Porto Alegre

2015

Page 2: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

ELBIO COSTA SOUZA

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE PARAFUSOS DE RETENÇÃO DE

PRÓTESES IMPLANTO SUPORTADAS – CONEXÃO HEXÁGONO INTERNO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em Materiais Dentários pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gonçalves Mota

Porto Alegre, abril de 2015

Page 3: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

S729a Souza, Elbio Costa

Avaliação do comportamento de parafusos de retenção de próteses implanto suportadas: conexão hexágono interno. / Elbio Costa Souza. – Porto Alegre, 2015.

71 f.; il

Dissertação (Mestrado em Odontologia) - Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Faculdade de Odontologia, PUCRS.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Gonçalves Mota

1. Odontologia. 2. Implantodontia. 3. Materiais Dentários. 4. Torque. 5. Prótese Dentária. I. Mota, Eduardo Gonçalves. II. Título.

CDD 617.69

Ficha elaborada pela bibliotecária Anamaria Ferreira CRB 10/1494

Page 4: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

Dedico essa Dissertação aos meus pais, Arno e Maria Cristina, aos meus avós, Elbio

e Maria Ignêz, ao meu irmão, Edson, à minha cunhada, Paola, à minha afilhada

Érica e à minha amada namorada, Veridiana, por sempre me apoiarem e estarem ao

meu lado me dando força para enfrentar mais essa etapa.

Page 5: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Gonçalves

Mota, por toda a dedicação e companheirismo, sem nunca medir esforços em

transmitir conhecimento;

Agradeço ao Prof. Dr. Alexandre Bahlis, diretor da Faculdade de Odontologia

da PUCRS, por sempre estar disponível a ajudar e se demonstrar um grande amigo;

À professora Ana Maria Sphör, pela competência com que coordena o

programa de Pós - Graduação desta Faculdade;

Ao Prof. Dr. Hugo Mitsuo Silva Oshima e à Profa. Dra. Luciana Mayumi

Hirakata , pelo conhecimento transmitido e companheirismo;

Aos colegas, amigos e professores do curso de Especialização em Prótese

Dentária da PUCRS Edson Mesquita, Marina Lobato, Regênio Herbstrith Segundo e

Américo Löf.

À toda equipe da Clínica Odontopós;

Aos meus colegas de consultório Maria Cristina Costa Souza, Flávio Tonial,

Irma Stein, Helen Tonial dos Santos e Elaine da Cunha.

Aos colegas e amigos Lucas Pereira, Luiz Fernando Pacheco, Carlos Petry,

Carlos Eduardo Pasquali, Marcel Kunrath, Bruno Barbo;

Aos colegas e amigos Gustavo F. Barbosa e Marilson Dondoni, pelo

companheirismo e pelas oportunidades;

Ao Prof. Dr. Léder Leal Xavier, pela autorização do uso do Centro de

Microscopia e Microanálise;

Page 6: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

Ao técnico Wagner Prates Soares do LABCEMM, pelo auxílio e disposição na

confecção das imagens no MEV;

Ao meu colega, amigo e irmão Augusto Wingert, por cruzar junto essa estrada

sem nunca esmorecer, sendo sempre essa pessoa com esse coração imenso. Muito

obrigado irmão!

Page 7: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um

objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo

fará coisas admiráveis.”

(José de Alencar)

Page 8: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar “in vitro” possíveis alterações em

parafusos de retenção de próteses sobre implantes com plataforma hexágono

interno, pois o afrouxamento deste componente é muito frequente na prática clínica

odontológica. Foram avaliados parafusos de pilares UCLA de titânio da marca

Neodent® e 3i BIOMET® e de titânio com superfície tratada com carboneto de

tungstênio da marca Neodent®. Duas técnicas de utilização dos parafusos foram

comparadas, a técnica I, recomendada pelo fabricante com apenas o torque

definitivo, e a técnica II, procedimento que é comumente realizado pelos

profissionais no Brasil, onde são aplicados múltiplos torques no mesmo parafuso,

simulando as etapas clínicas até a instalação definitiva. Foi registrado o peso inicial

de todos os parafusos (T0), nos parafusos da técnica I foi dado torque definitivo

(32N.cm para Neodent® e 20N.cm para 3i BIOMET®), submetidos a ciclagem

mecânica e registrado o peso final (TF). Nos parafusos da técnica II foram aplicados

ciclos de abertura e fechamento e seus pesos registrados (T1, T2 e T3) antes da

aplicação do torque definitivo e ciclagem mecânica, após o peso final foi registrado

(TF). As morfologias e as composições de superfície dos parafusos foram avaliadas

através de MEV e EDS em cada tempo. Os resultados evidenciaram perda

significativa de peso nos três grupos de parafusos da técnica I (p<0,001 para

Neodent® sem revestimento, p=0,001 para Neodent® com revestimento e p<0,001

para 3i BIOMET®), e em uma das etapas do grupo Neodent sem cobertura e duas

etapas dos outros dois grupos da técnica II (p<0,001 para todos os grupos), sendo

que comparando o peso final dos parafusos das duas técnicas, apenas os parafusos

Neodent® sem revestimento da técnica I apresentaram valores significativamente

maiores que os parafusos da técnica II, (p=0,021 para Neodent® sem revestimento,

p=0,089 para Neodent® com revestimento e p=0,095 para 3i BIOMET®), do mesmo

modo a MEV evidenciou menor deformação permanente para a técnica I desses

parafusos. EDS não apresentou grandes alterações nas composições de superfície.

Portanto, a utilização do parafuso definitivo apenas no momento do torque final não

minimizará necessariamente problemas com relação ao afrouxamento de parafusos

de retenção de próteses implanto suportadas.

Palavras Chave: Implantes Dentários. Torque. Perda de peso.

Page 9: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

ABSTRACT

This study aimed to evaluate "in vitro" possible changes on prosthetic retaining

screws on implants with platform external hexagon, this because the loosening this

component is very common in clinical dentistry practice. Were assessed screws of

UCLA's pillars of titanium Neodent® brand and 3i BIOMET® and of titanium with

surface treated with tungsten carbide Neodent® brand. Two techniques of utilization

of the screws were compared, the technique I, recommended by the manufacturer

with only the definitive torque, and the technique II , utilized in broad scale in Brazil

where multiple torques are applied in the same screw simulating the clinical steps, up

to definitive installation. The initial weight of all the screws (T0) was registered, in the

screws of technique I, it was given definitive torque (32N.cm to Neodent® and

20N.cm to 3i BIOMET®) submitted to mechanical cycling and the final weight (TF)

registered. In the screws of technique II have been applied opening and closing

cycles, and their weights registered (T1, T2 and T3) before applying the definitive

torque and mechanical cycling after the final weight has been registered (TF). The

morphologies and the surface compositions of the screws were evaluated using SEM

and EDS at each time. The results showed significant weight loss in the three screws

groups, of technique I (p< 0.005 for uncoated Neodent®, p = 0.001 for coated

Neodent® and p < 0.001 to 3i BIOMET®) and on one step of the uncoated Neodent®

group and two steps of the other two groups of technique II (p <0.001 for all groups),

and comparing the final weight of the screws of the two techniques, only the

uncoated Neodent® screws of the technique I, showed significantly higher values

than the screws, of the technique II (p = 0.021 for uncoated Neodent®, p = 0.089 for

coated Neodent® and p = 0.095 to 3i BIOMET®), as well as SEM showed less

permanent deformation for the technique I of these screws. EDS showed no major

changes in the surface compositions. Therefore, the use of the definitive screw only

at time of final torque would not necessarily minimize problems regarding to the

loosening the retaining screws of implant supported prostheses.

Keywords: Dental Implants. Torque. Weight Loss

Page 10: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

1

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Regularização do cilindro de PVC em politriz ........................................... 25

Figura 2 - Vazamento da resina acrílica autopolimerizável ....................................... 26

Figura 3 - Máquina de ensaio universal .................................................................... 26

Figura 4 - Inclusão do implante ................................................................................. 27

Figura 5 - Implante incluído fixado na morsa............................................................. 27

Figura 6 - Pilar UCLA posicionado sobre a plataforma hexágono interno ................. 28

Figura 7 - Organograma parte 1: distribuição dos grupos de acordo com as variáveis

estudadas: marca comercial, composição dos parafusos e grupo controle (Técnica I)

e grupos experimentais (Técnica II). ......................................................................... 29

Figura 8 - Limpeza dos parafusos em cuba ultrassônica .......................................... 30

Figura 9 - Secagem dos parafusos ao ar livre ........................................................... 31

Figura 10 - Pesagem do parafuso da marca comercial Neodent com cobertura....... 31

Figura 11 - Torque definitivo recomendado pelo fabricante ...................................... 32

Figura 12 - Ciclagem mecânica ................................................................................. 33

Figura 13 - Organograma parte 2: subdivisões dos grupos experimentais (Técnica II)

.................................................................................................................................. 34

Figura 14 - Microscópio Eletrônico de Varredura ...................................................... 36

Figura 15 -Parafusos posicionados nos “stubs” ........................................................ 36

Figura 16 - Representação gráfica do efeito do torque e ciclagem mecânica na

técnica I. .................................................................................................................... 39

Figura 17 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque e

ciclagem mecânica na técnica I. ................................................................................ 39

Figura 18 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica I (T0 e

TF). ............................................................................................................................ 40

Figura 19 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica I ...... 41

Figura 20 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica I (T0 e TF) ........................ 42

Page 11: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

2

Figura 21 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica II (T0,

T1, T2, T3 e TF). ..............45Figura 22 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com

cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF). ............................................................ 48

Figura 23 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF). .... 50

Figura 24 - Representação gráfica do efeito dos torques e ciclagem mecânica na

técnica II para os tempos estudados ......................................................................... 51

Figura 25 - Representação gráfica com média e desvio do efeito dos torques e

ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados. ................................... 51

Figura 26 - Representação gráfica das composições de superfície no efeito dos

torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados dos três

grupos ....................................................................................................................... 52

Figura 27 - Representação gráfica do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas

técnicas I e II ............................................................................................................. 53

Figura 28 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque

final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II............................................................. 54

Figura 29 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura nos tempos finais

(Técnica I e Técnica II). ............................................................................................. 55

Figura 30 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura nos tempos finais

(Técnica I e Técnica II). ............................................................................................. 56

Figura 31 - Imagens do MEV para o grupo 3i BIOMET nos tempos finais (Técnica I e

Técnica II).................................................................................................................. 57

Page 12: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

3

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Materiais da marca comercial Neodent® .................................................. 24

Tabela 2 - Materiais da marca comercial 3i BIOMET® ............................................. 24

Tabela 3 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção dos tempos estudados de

acordo com a técnica I .............................................................................................. 38

Tabela 4 - Comparação estatística entre os parafusos em T0 e TF de acordo com a

técnica I. .................................................................................................................... 38

Tabela 5 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent sem cobertura dos tempos

estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II. ................................... 43

Tabela 6 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo

Neodent sem cobertura ............................................................................................. 43

Tabela 7 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent com cobertura dos tempos

estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II .................................... 46

Tabela 8 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo

Neodent com cobertura ............................................................................................. 46

Tabela 9 - Estatística descritiva dos parafusos 3i dos tempos estudados (T0, T1, T2,

T3 e TF) de acordo com a técnica II .......................................................................... 49

Tabela 10 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo 3i

BIOMET..................................................................................................................... 49

Tabela 11 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção no tempo final de

acordo com as técnicas I e II. .................................................................................... 52

Tabela 12 - Comparação estatística dos parafusos entre as técnicas I e II no tempo

final ............................................................................................................................ 53

Page 13: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

4

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS e SÍMBOLOS

Al - Alumínio

C - Carbono

CAD - Computer aided desing

CAM - Computer aided manufacture

CCEFO - Comissão Científica e de Ética da Faculdade de Odontologia

Co - Cobalto

Cr - Cromo

EDS - Espectroscopia por energia dispersiva

EUA - Estados Unidos da América

g - Grama

GC - Grupo controle

GE - Grupo experimental

gl - Grau de liberdade

HE - Hexágono externo

Hz - Hertz

MEV - microscopia eletrônica de varredura

mm - Milímetros

N - Newton

n - Número da amostra

N.cm - Newton por centímetro

p - Valor-p

PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

PVC - Policloreto de vinil

RPM - Rotações por minuto

R$ - Reais

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

T0 - Tempo zero

T1 - Tempo um

T2 - Tempo dois

T3 - Tempo três

TF - Tempo final

Ti - Titânio

TI - Técnica um

TII - Técnica dois

UCLA - Pilar Universal Longo Calcinável

W - Tungstênio

X - Número de aumentos

# - Granulometria

% - Porcentagem

- Nível de significância

º - Grau

® - Marca registrada

< - Menor que

= - Igual

Page 14: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17

2.1 GERAL ................................................................................................................ 17

2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 18

4 MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................ 24

4.1 MATERIAIS ......................................................................................................... 24

4.2 MÉTODO ............................................................................................................. 24

4.2.1 Confecção dos corpos de prova e distribuição dos grupos ...................... 24

4.2.2 Análise da alteração de peso ........................................................................ 30

4.2.3 Protocolo da Técnica I ................................................................................... 31

4.2.4 Protocolo da Técnica II .................................................................................. 33

4.2.5 Análise qualitativa da deformação do parafuso de retenção em MEV ...... 35

4.2.6 Análise quantitativa da composição superficial do parafuso de retenção

com EDS................................................................................................................... 37

4.2.7 Análise estatística .......................................................................................... 37

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 38

5.1 TÉCNICA I .......................................................................................................... 38

5.2 TÉCNICA II ......................................................................................................... 43

5.2.1. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent

sem cobertura estão apresentados nas tabelas 5 e 6. ......................................... 43

5.2.2. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent

com cobertura estão apresentados nas tabelas 7 e 8 ......................................... 46

5.2.3. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo 3i estão

apresentados nas tabelas 9 e 10 ............................................................................ 49

Page 15: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

6

5.3 OS RESULTADOS OBTIDOS NA COMPARAÇÃO DA TÉCNICA I COM

TÉCNICA II NO TEMPO FINAL (TF) ESTÃO APRESENTADOS NAS TABELAS 11

E 12 E NAS FIGURAS 27 E 28. ................................................................................ 52

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 58

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68

Page 16: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

14

1 INTRODUÇÃO

Inicialmente os implantes osteointegrados foram desenvolvidos para

restabelecer principalmente a função mastigatória, sendo utilizados nos chamados

pacientes inválidos orais ou desdentados totais1, 2. Até os anos 80, um único dente

perdido era substituído por próteses parciais fixas ou removíveis, porém estas

próteses (principalmente as fixas) exigiam um preparo com desgaste dos dentes

adjacentes, hoje em dia, se os dentes vizinhos não apresentam cáries ou

restaurações extensas, esse preparo é considerado irreversível e, possivelmente

inaceitável pelo paciente3. Nas últimas décadas, os implantes dentários têm sido

cada vez mais utilizados em pacientes com perdas unitárias, tendo resultados

estéticos e funcionais a longo prazo4, 5.

Bränemark idealizou e desenvolveu o primeiro tipo de conexão protética para

implantes odontológicos, denominada hexágono externo, que foi amplamente

utilizada para reabilitações múltiplas onde os implantes eram unidos por uma

infraestrutura rígida, em aplicações mais recentes, como em próteses unitárias ainda

são muito utilizadas, porém seus componentes acabam expostos a cargas mais

amplas e rigorosas6. Para minimizar problemas biomecânicos que começaram a

surgir, tais como fratura e afrouxamento do parafuso de retenção devido à pequena

altura do hexágono e micromovimentos dos componentes, encaixes alternativos

baseados na conexão de um hexágono interno foram desenvolvidos7, que poderiam

diminuir o estresse sobre o parafuso do pilar, pois as tensões estariam distribuídas

entre as paredes do encaixe interno e o parafuso8, 9, que teoricamente é a menor

parte e mais fraca entre os componentes dos implantes10, 11. Fabricantes de

implantes têm reconhecido que o afrouxamento do parafuso é um problema

significativo e através de características inovadoras, como sistemas antirrotacionais,

eles têm tentado resolver este dilema. Os sistemas antirrotacionais com conexão

interna têm mostrado menor potencial de fratura do conjunto implante/pilar, além de

prevenir na perda do parafuso12.

Page 17: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

15

As próteses sobre implante podem ser cimentadas sobre um pilar ou

aparafusadas sobre o implante ou um pilar, que por sua vez é conectado ao

implante por meio de um parafuso de retenção ligando esses componentes

verticalmente5, 13. Esses parafusos de uma forma geral têm sido amplamente

estudados na literatura de engenharia e os parafusos de implantes dentários têm

melhorado como consequência14. Uma das principais preocupações em torno do

parafuso é com relação a sua pré-carga, que é a força de compressão gerada no

aperto do mesmo13, 15, 16. Quando o parafuso é apertado, ele alonga e distorce,

criando uma tensão, denominada pré-carga14, sendo uma força axial ao longo eixo

do parafuso, que carrega o material dentro do seu limite elástico (até o limite de

escoamento), idealmente até 75% da resistência à deformação17.

Atualmente uma grande gama de profissionais têm utilizado próteses

aparafusadas para reabilitações sobre implante, pois a reversibilidade e versatilidade

são suas principais vantagens18, porém o afrouxamento dos parafusos é uma das,

se não a maior, complicações em reabilitações com implantes dentários3,15,16,19. Os

fatores principais para este afrouxamento são: torque aplicado, adaptação imprópria

dos componentes, tipo de parafuso, elasticidade dos componentes e manipulação

incorreta do operador20, 21. Muitos esforços têm sido feitos pra diminuir a incidência

do afrouxamento do parafuso, que incluem principalmente a incorporação de

componentes antirrotacionais e tratamento de superfície dos parafusos, todos

voltados para manutenção da pré-carga do parafuso3, 5, 15, 16, 20, 22.

Sabe-se, que quanto maior for a pré-carga aplicada no parafuso, maior será a

resistência ao afrouxamento11 e mais estável se torna a união, enquanto as forças

de atrito permanecerem altas, maior força externa será necessária para o

afrouxamento23. Perda da pré-carga está relacionada com a deformação e abrasão

do parafuso20, esta deformação e abrasão ocorrem com o efeito da mastigação ao

longo do tempo e diminuem significativamente os valores de torque de remoção15, a

resistência do parafuso é feita por avaliação “in vitro” da manutenção de pré-carga

associados à simulação da função mastigatória através da ciclagem mecânica24.

Outro fator importante, e que pode ser controlado pelo operador para a redução da

perda da pré-carga, é a utilização dos parafusos definitivos apenas no momento da

Page 18: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

16

finalização e instalação do trabalho, sendo esse procedimento o recomendado pelos

fabricantes, mas para reduzir os custos do tratamento, muitos cirurgiões dentistas

acabam reutilizando os parafusos das etapas laboratoriais e das várias consultas de

provas e ajustes das coroas protéticas, usando os mesmos na instalação das coroas

protéticas. Cada vez que um parafuso é apertado e afrouxado, deformações

permanentes podem ocorrer na sua superfície, podendo causar desgaste dos

componentes e diminuindo o atrito entre as peças, que leva à grande perda da pré-

carga resultando em um possível fracasso clínico3, 4, 18 até mesmo, porém em menor

grau, em parafusos com superfície tratada, que possuem uma maior força de atrito

entre os componentes16, 20, 22, 25.

Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar a alteração em peso de

parafusos de retenção (com superfície tratada e sem tratamento de superfície) de

próteses sobre implante de hexágono interno após os mesmos passarem por um

procedimento de torque final na instalação do trabalho protético (técnica I), sendo

esse o protocolo recomendado pelos fabricantes, e após passarem por torques

múltiplos que simulariam as etapas de provas do trabalho protético até a instalação

do mesmo com o torque final (técnica II), procedimento que é comumente realizado

pelos profissionais no Brasil.

Page 19: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

17

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Avaliar “in vitro” possíveis alterações em parafusos de retenção de próteses

sobre implantes com plataforma hexágono interno.

2.2 ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos foram:

a) Avaliar e comparar o efeito do torque final indicado pelo fabricante (Técnica I)

e da ciclagem mecânica sobre o peso em parafusos novos da marca

Neodent® (titânio com e sem cobertura de carbono) e 3i BIOMET® (titânio);

b) Avaliar e comparar o efeito de múltiplos torques (Técnica II) em quatro tempos

e após torque final mais ciclagem mecânica sobre o peso nos parafusos;

c) Comparar o efeito sobre o peso dos parafusos no tempo final (TF) na Técnica

I e na Técnica II;

d) Avaliar qualitativamente as morfologias e quantitativamente as composições

de superfície dos parafusos de retenção através de MEV e EDS em cada

tempo.

Page 20: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

18

3 REVISÃO DE LITERATURA

A humanidade é acompanhada pela perda de elementos dentários desde os

primórdios. Spiekermann26 descreveu que descobertas antropológicas na Europa, no

Oriente Próximo e na América Central indicaram que o homem tentou repor dentes

perdidos com materiais homólogos e aloplásticos, até mesmo dentes humanos e

principalmente de animais, osso esculpido, pedaços de marfim e pérolas, através de

amarrilhos aos dentes adjacentes. Porém, o propósito era apenas estético, pois em

termos de função mastigatória estas reposições eram inúteis. A expansão da

indicação de implantes para repor mais de um dente veio com Hartmann em 1891.

Foi proposto que próteses fossem fixadas por meio de parafusos sobre implantes

aloplásticos em forma de raiz, mas este método teve uma história curta, devido ao

grande número de fracassos e reabsorções ósseas. Strock tentou mudar a forma de

raiz dentária dos implantes em 1939, foi usada uma liga de cromo-cobalto-

molibdênio para criar um implante dentário com rosca que se assemelhava a um

parafuso de madeira. Foram inúmeros os projetos de aparelhos de implantes feitos

para sustentar uma estrutura dentária, eles incluíam uma estrutura apoiada na

mandíbula, mas sob o mucoperiósteo; estruturas que tinham contato com o osso

somente na sínfise mandibular e no ramo ascendente; e uma ampla variedade de

estruturas intraósseas de varios tamanhos e formas. Foi somente com os estudos de

Brånemark e colaboradores que a implantodontia pôde alcançar o reconhecimento

científico e os índices de sucesso que hoje são relatados.

Branemark27 relatou que o último grande feito de grande importância foi

apresentado por Per-Ingvar-Branemark e seus colaboradores em 1982 numa

conferência sobre osseointegração, em Toronto. Foi apresentada uma revisão que

compreendia as ciências básicas, biomateriais e investigação clínica de um estudo

longitudinal com 17 anos de duração produzido em seus laboratórios. Estudos

demonstraram a possibilidade do contato direto do osso com o implante e

determinando a osseointegração como a adesão microscópica estrutural e funcional

direta entre osso vital e a superfície do titânio.

Page 21: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

19

Khaisat et al.8 relataram que as conexões hexagonais internas foram

desenvolvidas com o objetivo de melhorar a adaptação entre os hexágonos e

estabelecer uma interface mais estável, aumentando dessa forma a resistência e

reduzindo consequentemente complicações, como afrouxamento ou fratura do

parafuso de retenção. Neste tipo de conexão, o centro de fixação do parafuso é

protegido pela altura do hexágono do pilar dentro do implante, obtendo uma maior

facilidade de adaptação e uma maior área de contato, deste modo as forças laterais

são transmitidas diretamente às paredes do implante, criando uma menor tensão no

parafuso e proporcionando uma melhor resistência às tensões cisalhantes na união.

Maeda et al.28 definiram que os sistemas de conexão interna apresentam

resultados promissores e que os implantes com hexágono interno se tornaram mais

populares por apresentarem vantagens como: facilidade no encaixe do pilar;

adequado para procedimentos de instalação em um estágio e carga imediata; maior

estabilidade e efeito antirrotacional, devido à maior área de conexão entre o implante

e o pilar, tornando-os mais adequados para restaurações unitárias; maior resistência

às cargas laterais, pelo fato do centro de rotação ser mais apical; melhor distribuição

de forças oclusais no osso adjacente. As desvantagens apresentadas por esses

sistemas são: paredes mais finas ao redor da conexão, dificuldade em se ajustar

divergências de angulação entre os implantes.

Binnon6 definiu uma classificação da extensa variedade de implantes

disponíveis, baseando-se no formato da conexão implante/pilar e na forma e

superfície do implante. Em relação à forma do conjunto pilar/implante, declarou que

existem mais de 20 tipos diferentes de configurações dessa interface.

Resumidamente, dois tipos de conexões são conhecidas (interna e externa), as

quais são caracterizadas pela presença ou ausência de uma configuração

geométrica que se estende acima da plataforma do implante. Um tipo encontrado é

a união de topo, que consiste em duas superfícies de ângulos retos, outro é a união

angulada, onde as superfícies são anguladas interna e externamente. A superfície

de união também pode incorporar uma geometria que inclua uma configuração de

resistência rotacional ou antirrotacional. Dessa forma, a geometria pode ser

octogonal, hexagonal, cone morse, cone hexagonal, cilíndrica hexagonal, spline,

Page 22: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

20

entre outras. Segundo o autor, conexões internas em que o parafuso recebe pouca

carga e as superfícies do pilar estão em íntimo contato com as paredes do implante

para resistir a micro movimentos, resultam em uma interface mais estável.

Weiss18 et al comparou a perda de torque como resultado de vários ciclos de

fechamento de parafusos de retenção em vários sistemas. Sete sistemas de

conexão foram usados para testar alterações no torque de remoção após múltiplos

torques de aperto a uma força de 20N.cm para simular o aperto manual. Cada pilar

foi posicionado sobre seu respectivo implante e foi dado torque de 20N.cm por 5

segundos, depois de 10 segundos de repouso o parafuso foi aberto e o valor do

torque de remoção foi registrado por um segundo operador. Este procedimento foi

repetido por 200 ciclos de abertura e fechamento consecutivos. Os resultados

demonstraram uma diminuição progressiva estatisticamente significante de torque

de remoção para todos os sistemas de implantes testados, chegando à conclusão

de que a porcentagem de perda de torque variou de 3% a 20% sobre a abertura

imediata, de 3% a 31% após 5 aberturas, e de 4,5% para 36% após 15 aberturas.

Sistemas de implante com conexão interna cônica foram os que mostraram menores

perdas de torque de remoção. Os valores de torque de remoção reduziram

progressivamente provavelmente devido à diminuição do coeficiente de atrito. Os

autores recomendaram então, que para minimizar o afrouxamento do parafuso de

retenção, o número de ciclos de abertura e fechamento em procedimentos clínicos e

laboratoriais devem ser reduzidos.

Assunção et al24 avaliaram o efeito de diferentes níveis de desadaptação

unilateral sobre a manutenção da pré-carga de parafusos de retenção de coroas

unitárias submetidos à ciclagem mecânica. Quarenta e oito coroas fabricadas a

partir de pilares UCLA foram divididas em quatro grupos (n=12). O grupo A não

apresentava desadaptação e os grupos B, C e D possuíam desadaptação de 50µm,

100µm e 200µm respectivamente, as coroas foram anexadas a implantes com

plataforma de hexágono externo com um parafuso de retenção de titânio com torque

de 30N.cm como recomendado pelo fabricante. Foram aplicadas cargas oblíquas de

Page 23: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

21

130N a 2Hz de 500.000 e 1.000.000 de ciclos. Os valores de torque de remoção

foram avaliados logo após a ciclagem mecânica. Os valores registrados para o

torque de remoção inicial, após 500.000 ciclos e após 1.000.000 de ciclos, foram

respectivamente os seguintes: grupo A 25.18 (±0.52), 22.25 (±1.18) e 22.29 (±1.08);

grupo B 23.60 (±1.09), 21.00 (±1.51) e 22.29 (±2.02); grupo C 22.47 (±1.35), 19.50

(±3.04) e 20.92 (±1.65); grupo D 23.84 (±1.02), 22.38 (±2.08) e 21.82 (±2.32). Todos

os grupos apresentaram valores iniciais de torque de remoção reduzidos (p<0,05)

em comparação ao torque de inserção e o grupo A exibiu a menor redução, porém

não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos após a ciclagem

mecânica.

Gumus et al29 analisaram os efeitos da contaminação por sangue, saliva e

clorexidina sobre os valores de torque reverso de parafusos de retenção. Quarenta

implantes foram divididos em 4 grupos, 3 grupos de acordo com o tipo de

contaminação e 1 grupo controle. Foi aplicado torque de 25 N.cm, realizado

ciclagem mecânica e registrado o torque reverso nos parafusos. Um parafuso de

retenção de cada grupo foi selecionado e avaliado com microscopia eletrônica de

varredura. Todas as amostras tiveram valores de torque reverso menores que o

torque inicial. O menor valor foi do grupo contaminado por sangue (18.95±2.641),

seguido pelo contaminado por saliva (19.370±1.26), o contaminado por clorexidina

(20.280±0.878) e o controle (21.0±1.317). A análise com MEV revelou uma camada

significativa de biofilme sobre a amostra contaminada com sangue.

Stüker et al30 avaliaram, através de medidores de tensão, os valores de pré-

carga e torque de remoção de três parafusos protéticos. Foram utilizados 3

implantes hexágonos externos, 3 pilares Cera One, 10 parafusos de ouro (grupo A),

10 parafusos de titânio (grupo B) e 10 parafusos de titânio com superfície tratada

(grupo C). Foi aplicado torque de 30,07±0,28 Ncm, obtido valores de pré-carga após

1, 2, 3, 4 e 5 minutos desse torque, calculado o valor médio dessas pré-cargas e

obtido o valor de torque de remoção. Depois disso, o mesmo parafuso foi fixado

mais 4 vezes e realizados os mesmos procedimentos de medição. Os parafusos de

ouro apresentaram os maiores valores de pré-carga (131.72±8.98Ncm) e os de

titânio os menores (37.03±5.69Ncm). Com relação ao torque de remoção os

parafusos de ouro não apresentaram diferenças estatisticamente significantes

Page 24: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

22

(p=0,3713), os de titânio apresentaram diferenças estatisticamente significantes

(p<0,001) e os de titânio com superfície tratada apresentaram diferenças

estatisticamente significantes (p=0,004). Os autores concluíram que o material de

escolha para os parafusos deve ser o ouro, uma vez que os mesmos obtiveram os

melhores valores de pré-carga. Com relação ao torque de remoção os parafusos de

ouro tiveram valores menores apenas do que os de titânio.

Feitosa et al31 verificou antes e depois de um ensaio de fadiga o valor do

torque de remoção de implantes hexágonos externos, internos e cone morse, com

simulação de um ano de função. Trinta implantes foram distribuídos em três grupos,

de acordo com a plataforma, nos quais foram aparafusados pilares, com parafusos

revestidos, e cimentadas coroas sobre os mesmos. O torque aplicado foi de 20 Ncm,

após foi medido o torque de remoção, realizado a ciclagem mecânica (força de 400

N, frequência de 8 Hz e um total de 1.000.000 ciclos) e, por fim, registrado o torque

de remoção final. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os valores

de torque de remoção inicial e final nas amostras intra grupo. O grupo da plataforma

cone morse obteve os maiores valores tanto para o torque inicial, quanto para o

torque final, seguido da plataforma hexágono interno e por último hexágono externo.

Os autores concluíram que as conexões internas foram mais estáveis do que as

conexões externas.

Park etal32 testaram os efeitos do revestimento de superfície de carboneto de

tungstênio na pré-carga de parafusos de retenção em diferentes sistemas de

conexão de implante. Foram utilizados três implantes, sendo um hexágono externo e

dois cone morse, cinco parafusos revestidos e cinco lisos para cada um desses

sistemas de implante. Foram aplicados torques de 30 Ncm, após foi medido o torque

de remoção, realizada a ciclagem mecânica (mínimo de 10N e máximo de 250N de

força, 2Hz de frequência e 1.000.000 de ciclos) e medido novamente o torque de

remoção. A média de força de torque de remoção inicial não foi significativamente

diferente entre as conexões, já a média de força de torque de remoção após a

ciclagem foi significativamente maior para os parafusos revestidos nas três

conexões. O percentual de perda de pré-carga foi significativamente maior para os

parafusos lisos nas três conexões. A manutenção da pré-carga foi mais eficaz nas

conexões internas cônicas.

Page 25: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

23

Jung et al20 avaliaram a abrasão em parafusos revestidos de estanho após

repetidos ciclos de aperto e desaperto, e analisaram o efeito do revestimento de

estanho na abrasão. Foram utilizados quatorze implantes hexágonos externos,

quatorze parafusos com revestimento e quatorze sem revestimento divididos em

quatro grupo (grupo A sem revestimento, grupo B com revestimento, grupo C sem

revestimento e grupo D com revestimento), os quais sofreram apertos e desapertos

20 vezes com torque de 30Ncm. A medição de peso foi realizada três vezes para

cada amostra. A perda de peso foi mensurada em todos os parafusos de cada grupo

e o resultado foi analisado. Os grupos dos parafusos com revestimento tiveram

menores valores de perda de peso. Os autores concluíram que o parafuso revestido

demonstrou durabilidade à abrasão após seu uso repetido.

Page 26: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

24

4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1 MATERIAIS

Os materiais utilizados neste estudo estão descritos nas tabelas abaixo:

Tabela 1- Materiais da marca comercial Neodent®

Componente Quantidade Lote

Implante Alvim II Plus 2 800113806

Pilar Ucla CrCo HI 2 800139854

Parafuso Titânio hexagonal 18 (HI) 800127500

Parafuso Titânio hexagonal Superficie tratada (Neotorque)

18 (HI) 800113727

Fonte: o autor (2013)

Tabela 2 - Materiais da marca comercial 3i BIOMET®

Componente Quantidade Lote

Implante Osseotite Certain HI 1 2014021526

Pilar Ucla Liga de Titânio HI 1 10391PB

Parafuso Titânio hexagonal 18 (HI) 10157PB Fonte: o autor (2013)

4.2 MÉTODO

4.2.1 Confecção dos corpos de prova e distribuição dos grupos

Para os ensaios do comportamento dos parafusos de retenção, três

implantes, dois hexágonos internos da marca comercial Neodent (Implante

osteointegrável, Curitiba, PR, Brasil) e um hexágono interno da marca comercial

BIOMET (Implant innovations, Palm Beach, Flórida, EUA) foram utilizados (Tabela 1

e 2). Cilindros de PVC, com 13mm de altura e 10mm de diâmetro, foram

previamente regularizados com lixa com carbeto de silício granulação # 400 (3M do

brasil, Sumaré, SP, Brasil) aproximadamente à uma rotação de 600 RPM com fluxo

contínuo de água em Politriz DPU-10 (Panambra, São Paulo, SP, Brasil) (figura 1)

para o vazamento de resina acrílica autopolimerizável incolor JET (Clássico, São

Page 27: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

25

Paulo, SP, Brasil) (Figura 2). Os implantes foram então inclusos nos cilindros, com o

auxílio da Máquina de Ensaio Universal modelo DL 2000 (EMIC, São José dos

Pinhais, PR, Brasil) (figuras 3 e 4) para ter-se o controle da distância entre o ápice

dos implantes e a laje de vidro, acomodada previamente abaixo do cilindro de PVC

para mantê-lo estabilizado. As amostras foram fixadas em uma morsa (figura 5) e os

pilares UCLA, de cada marca comercial, foram estabilizados manualmente em suas

respectivas plataformas de forma perpendicular ao solo (figuras 6 e 7).

Figura 1 - Regularização do cilindro de PVC em politriz

Fonte: o autor (2013)

Page 28: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

26

Figura 2 - Vazamento da resina acrílica autopolimerizável

Fonte: o autor (2013)

Figura 3 - Máquina de ensaio universal

Fonte: o autor (2013)

Page 29: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

27

Figura 4 - Inclusão do implante

Fonte: o autor (2013)

Figura 5 - Implante incluído fixado na morsa

Fonte: o autor (2013)

Page 30: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

28

Figura 6 - Pilar UCLA posicionado sobre a plataforma hexágono interno

Fonte: o autor (2013)

Trinta e seis parafusos de retenção (18 de titânio usinado hexagonal e 18 de

titânio usinado hexagonal com superfície tratada) de plataforma hexágono interno da

marca comercial Neodent e 18 parafusos de retenção de titânio usinado hexagonal

de plataforma hexágono interno da marca comercial 3i BIOMET foram distribuídos

aleatoriamente em 6 grupos, sendo que destes são 3 grupos controles (Técnica I) e

3 grupos experimentais (Técnica II), conforme o organograma a seguir (figura 7).

Cada grupo experimental apresentou 4 parafusos a mais que os grupos controle

devido à eliminação dos parafusos que foram analisados em MEV e EDS no

microscópio eletrônico de varredura modelo XL30 (Phillips, Alemanha), pois havia

possibilidade da análise ser destrutiva, resultando em n=718,20.

Page 31: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

29

Figura 7 - Organograma parte 1: distribuição dos grupos de acordo com as variáveis estudadas: marca comercial, composição dos

parafusos e grupo controle (Técnica I) e grupos experimentais (Técnica II).

Implantes n= 3 Neodent®

n= 2 3i BIOMET®

n= 1

Platafoma Hexágono Interno

n= 2

Platafoma Hexágono Interno

n= 1

Pilar UCLA CrCo

n= 2

Pilar UCLA Titânio n= 1

Parafuso Titânio n= 18

Parafuso Tit. Trat. n= 18

Parafuso Titânio n= 18

GC (TI) n= 7

GC (TI) n= 7

GC (TI) n= 7

GE (TII) n= 11

GE (TII) n= 11

GE (TII) n= 11

Page 32: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

30

4.2.2 Análise da alteração de peso

A medição da alteração de peso dos parafusos foi realizada de acordo com

metodologia desenvolvida por Jung et.al.20 para avaliar o desgaste dos parafusos

após múltiplos torques e torque único, com e sem ciclagem mecânica após o torque

final. As amostras foram limpas em cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus

(Odontobrás, Ribeirão Preto, SP, Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10

minutos (Figura 8) assim que retiradas do invólucro do fabricante, em seguida foram

secas ao ar por 60 minutos (Figura 9) e pesadas em balança de precisão modelo AG

204 (Mettler Toledo, Suíça) e seu valor registrado em g (±0,0001) (Figura 10). Após

cada uma das quatro etapas de torque manual e da de torque final, as amostras

foram removidas, limpas e pesadas como descrito anteriormente.

Figura 8 - Limpeza dos parafusos em cuba ultrassônica

Fonte: o autor (2014)

Page 33: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

31

Figura 9 - Secagem dos parafusos ao ar livre

Fonte: o autor (2014)

Figura 10 - Pesagem do parafuso da marca comercial Neodent com cobertura

Fonte: o autor (2014)

4.2.3 Protocolo da Técnica I

Os parafusos do grupo controle (Técnica I) foram submetidos à pesagem

inicial (T0) da análise de alteração de peso e posicionados sobre seus respectivos

pilares UCLA, foi dado torque único definitivo, conforme indicação do fabricante de

Page 34: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

32

32N.cm para os componentes Neodent (figura 11), e 20N.cm para os 3i BIOMET.

Após 5 minutos, para estabilização dos parafusos, as amostras foram submetidas à

ciclagem mecânica (TF), feita a fim de simular a função mastigatória por 5 anos após

o torque final em todas as amostras, as mesmas foram colocadas em recipientes

com água destilada e submetidas à carga de 100N ao seu longo eixo, a uma

frequência de 1 Hz por 1.000.000 ciclos11,15 em simulador de fadiga mecânica

modelo ER 11000 (Erios, São Paulo, SP, Brasil) (Figura 12). Para finalmente serem

removidas e analisadas qualitativamente (MEV) e quantitativamente (EDS).

Figura 11 - Torque definitivo recomendado pelo fabricante

Fonte: o autor (2013)

Page 35: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

33

Figura 12 - Ciclagem mecânica

Fonte: o autor (2014)

4.2.4 Protocolo da Técnica II

Os parafusos do grupo experimental (Técnica II) passaram por etapas, as

quais foram denominadas como T0, T1, T2, T3 e TF (figura 13), nas quais os

procedimentos foram:

T0 - Remoção dos parafusos dos invólucros, pesagem inicial para análise da

alteração de peso, um dos 11 parafusos (escolhido aleatoriamente) foi enviado para

análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS), torque de 20N.cm (simulando torque

manual)21 nos 10 restantes;

Page 36: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

34

Figura 13 - Organograma parte 2: subdivisões dos grupos experimentais (Técnica II)

Fonte: o autor (2013)

T1 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em

cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,

Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos20,

pesagem para análise da alteração de peso, um dos 10 parafusos (escolhido

aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),

torque de 20N.cm (simulando torque manual) nos 9 restantes;

T2 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em

cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,

Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,

pesagem para análise da alteração de peso, um dos 9 parafusos (escolhido

aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),

torque de 20N.cm (simulando torque manual) nos 8 restantes;

Grupo

Experimental (T0)

n= 11

Grupo

Experimental (T1)

n= 10

Grupo

Experimental (T2)

n= 09

Grupo

Experimental (T3)

n= 08

Grupo

Experimental (TF)

n= 07

MEV/EDS

n=1

MEV/EDS

n=1

MEV/EDS

n=1

MEV/EDS

n=1

MEV/EDS

n=1

Page 37: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

35

T3 - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em

cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,

Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,

pesagem para análise da alteração de peso, um dos 8 parafusos (escolhido

aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS),

torque definitivo (recomendado pelo fabricante) de 32N.cm para os componentes

Neodent e 20N.cm para os 3i BIOMET nos 7 restantes, após 5 minutos, para

estabilização dos parafusos, as amostras foram submetidas à ciclagem mecânica

como já descrito anteriormente;

TF - Remoção dos parafusos de seus respectivos componentes, limpos em

cuba ultrassônica modelo Ultra Sonic 1440 Plus (Odontobrás, Ribeirão Preto, SP,

Brasil) com álcool isopropílico 99,8% por 10 minutos, secos ao ar por 60 minutos,

pesagem para análise da alteração de peso, um dos 7 parafusos (escolhido

aleatoriamente) foi enviado para análise qualitativa (MEV) e quantitativa (EDS).

4.2.5 Análise qualitativa da deformação do parafuso de retenção em MEV

A microscopia eletrônica de varredura foi utilizada para analisar fisicamente a

superfície dos parafusos de retenção, tais como desgaste das roscas,

irregularidades, brunimento, ranhuras e desprendimento de estrutura, antes e após

cada etapa dos múltiplos torques e torque único, assim como antes e após a

ciclagem mecânica. Foi escolhido um parafuso aleatoriamente em cada fase para

ser analisado em microscópio eletrônico de varredura modelo XL30 (Phillips,

Alemanha) (Figura 14 e 15), sendo seguidas as recomendações do fabricante do

microscópio. A superfície foi examinada em 50, 200 e 1000X de aumento.

Page 38: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

36

Figura 14 - Microscópio Eletrônico de Varredura

Fonte: o autor (2014)

Figura 15 -Parafusos posicionados nos “stubs”

Fonte: o autor (2014)

Page 39: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

37

4.2.6 Análise quantitativa da composição superficial do parafuso de retenção

com EDS

A análise em unidade de espectroscopia por energia dispersiva (EDS) foi

utilizada para analisar quimicamente a composição superficial dos parafusos de

retenção nos mesmos parafusos e equipamento em que será feito a MEV. Após as

análises qualitativas e quantitativas, os referidos parafusos foram descartados,

devido à possibilidade de alteração destrutiva dos mesmos.

4.2.7 Análise estatística

Os dados foram registrados e tabulados no software SPSS (15.0, SPSS INC.,

Chicago, IL, EUA) e submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov

(α=0,01). As comparações estatísticas entre os grupos foram realizadas da seguinte

forma:

a) Comparação do efeito do torque final e ciclagem mecânica sobre os

parafusos de retenção (Técnica I), os resultados foram comparados com

teste-t pareado para os tempos T0 e TF ao nível de significância de 5%;

b) Comparação do efeito dos tempos T0, T1, T2, T3 e TF e ciclagem

mecânica em cada parafuso (Técnica II), os resultados foram comparado

com ANOVA e Tukey ao nível de significância de 5%;

c) Comparação do efeito das técnicas (Técnica I x Técnica II) no TF, os

resultados foram comparados com teste-t pareado ao nível de significância

de 5%.

Page 40: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

38

5 RESULTADOS

5.1 TÉCNICA I

Os resultados obtidos na técnica I estão apresentados nas tabelas 3 e 4 e nas

figuras 16 e 17.

Tabela 3 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção dos tempos estudados de

acordo com a técnica I

Média n Desvio Padrão

Neodent sem cobertura T0 0,074900 7 0,0012503

Neodent sem cobertura TF 0,074557 7 0,0012340

Neodent com cobertura T0 0,072886 7 0,0004180

Neodent com cobertura TF 0,072529 7 0,0004192

3i T0 0,067486 7 0,0002610

3i TF 0,067229 7 0,0002752

Tabela 4 - Comparação estatística entre os parafusos em T0 e TF de acordo com a técnica I.

Diferenças Pareadas

Intervalo de Confiança

de 95% da Diferença

Média Desvio

Padrão Erro

Padrão Menor Maior t gl p

Neodent sem cobertura T0

- Neodent sem cobertura

TF 0,0003429 0,0001272 0,0000481 0,0002252 0,0004605 7,129 6 0,000

Neodent com cobertura T0

- Neodent com cobertura

TF 0,0003571 0,0001512 0,0000571 0,0002173 0,0004970 6,250 6 0,001

3i T0 - 3i TF 0,0002571 0,0000535 0,0000202 0,0002077 0,0003066 12,728 6 0,000

De acordo com os resultados obtidos na técnica I, pôde ser observado que

houve diferença significativa dentro de cada marca nos dois tempos (p<0,05).

Page 41: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

39

Neodent® sem cobertura (p<0,001), Neodent® com cobertura (p=0,001) e 3i

BIOMET® (p<0,001).

Figura 16 - Representação gráfica do efeito do torque e ciclagem mecânica na técnica I.

Figura 17 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque e

ciclagem mecânica na técnica I.

Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica I, para

os grupos Neodent sem cobertura (T0 e TF), Neodent com cobertura (T0 e TF) e 3i

(T0 e TF) estão apresentados nas figuras 18, 19 e 20, respectivamente.

Page 42: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

40

Figura 18 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica I (T0 e TF).

*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)

Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras e detritos provenientes do processo de usinagem e em “b” e “d” brunimento das roscas do parafuso.

b

c d

a

Page 43: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

41

Figura 19 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica I (T0 e TF)

*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)

Pode-se observar em “a”, “b”, “c” e “d” porosidades provenientes do revestimento.

d c

b a

Page 44: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

42

Figura 20 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica I (T0 e TF)

*a) T0 (x200); b) TF (x200); c) T0 (x1.000); d) TF (x1.000)

Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras provenientes do processo de usinagem e em “b” e “d” brunimento das roscas do parafuso.

a b

c d

Page 45: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

43

5.2 TÉCNICA II

5.2.1. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent

sem cobertura estão apresentados nas tabelas 5 e 6.

Tabela 5 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent sem cobertura dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II.

Grupo Média n Desvio Padrão

T0 0,074491 a 11 0,0011811

T1 0,074050 ab 10 0,0008396

T2 0,073922 ab 9 0,0008438

T3 0,073775 ab 8 0,0008190

TF 0,073229b 7 0,0004716

*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey

(p<0,05)

Tabela 6 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo Neodent sem cobertura

Soma do

Quadrado

gl Média do

Quadrado

F p

Entre Grupos 0,000 4 0,000 2,252 0,080

Dentro dos

Grupos

0,000 40 0,000

De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo

Neodent sem cobertura, analisados por ANOVA (p=0,08), pôde ser observado que

houve diferença significativa apenas de T3 para TF.

Page 46: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

44

Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o

grupo Neodent sem cobertura (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura

21.

Page 47: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

45

Figura 21 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).

*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3

(x1000); j) TF (x1000)

a b c d e

f g h i j

Page 48: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

46

5.2.2. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo Neodent com cobertura estão apresentados nas tabelas 7 e 8.

Tabela 7 - Estatística descritiva dos parafusos Neodent com cobertura dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II

Grupo Média n Desvio Padrão

T0 0,072864ª 11 0,0003171

T1 0,072680ab 10 0,0002486

T2 0,072556ab 9 0,0001667

T3 0,072338bc 8 0,0002615

TF 0,072086c 7 0,0003805

*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey

(p<0,05)

Tabela 8 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo Neodent com cobertura

Soma do

Quadrado

gl Média do

Quadrado

F p

Entre Grupos 0,000 4 0,000 9,968 <0,001

Dentro dos

Grupos

0,000 40 0,000

De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo

Neodent com cobertura, analisados por ANOVA (p<0,001), pôde ser observado que

houve diferença significativa apenas de T2 para T3 e de T3 para TF.

Page 49: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

47

Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o

grupo Neodent com cobertura (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura

22.

Page 50: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

48

Figura 22 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).

*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3

(x1000); j) TF (x1000)

a b c d e

f g h i j

Page 51: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

49

5.2.3. Os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo 3i estão apresentados nas tabelas 9 e 10.

Tabela 9 - Estatística descritiva dos parafusos 3i dos tempos estudados (T0, T1, T2, T3 e TF) de acordo com a técnica II

Grupo Média n Desvio Padrão

T0 0,067382ª 11 0,0002960

T1 0,067240ab 10 0,0002989

T2 0,067111ab 9 0,0003100

T3 0,067088bc 8 0,0002696

TF 0,066886c 7 0,0002968

*Médias seguidas de letras distintas diferem-se significativamente ao teste de ANOVA/Tukey

(p<0,05)

Tabela 10 - Análise de variância ANOVA entre os tempos estudados para o grupo 3i

BIOMET

Soma do

Quadrado

gl Média do

Quadrado

F p

Entre Grupos 0,000 4 0,000 3,423 0,017

Dentro dos

Grupos

0,000 40 0,000

De acordo com os resultados obtidos na técnica II para os parafusos do grupo

3i Biomet, analisados por ANOVA (p=0,017), pôde ser observado que houve

diferença significativa apenas de T2 para T3 e de T3 para TF.

Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura na técnica II para o

grupo 3i Biomet (T0, T1, T2, T3 e TF), estão apresentados na figura 23.

Page 52: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

50

Figura 23 - Imagens do MEV para o grupo 3i na técnica II (T0, T1, T2, T3 e TF).

*a) T0 (x200); b) T1 (x200); c) T2 (x200); d) T3 (x200); e) TF (x200); f) T0 (x1000); g) T1 (x1000); h) T2 (x1000); i) T3

(x1000); j) TF (x1000)

a b c d e

f g h i j

Page 53: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

51

As figuras 24 e 25 apresentam os gráficos dos três grupos da técnica II,

Neodent sem cobertura, Neodent com cobertura e 3i, na evolução dos tempos

estudados (T0, T1, T2, T3 e TF).

Figura 24 - Representação gráfica do efeito dos torques e ciclagem mecânica na

técnica II para os tempos estudados

Figura 25 - Representação gráfica com média e desvio do efeito dos torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados.

Os resultados das composições de superfície através do EDS dos grupos

Neodent sem cobertura, Neodent com cobertura e 3i BIOMET nos tempos T0, T1,

T2, T3 e TF estão apresentados na figura 26.

Page 54: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

52

Figura 26 - Representação gráfica das composições de superfície no efeito dos torques e ciclagem mecânica na técnica II para os tempos estudados dos três

grupos

Para os parafusos com cobertura da marca Neodent percebemos uma

diminuição acentuada no percentual de titânio de T0 para os demais tempos. Para

os parafusos sem cobertura das marcas Neodent e 3i, percebemos oscilações nas

composições superficiais, mas sem nenhuma tendência específica.

5.3 OS RESULTADOS OBTIDOS NA COMPARAÇÃO DA TÉCNICA I COM

TÉCNICA II NO TEMPO FINAL (TF) ESTÃO APRESENTADOS NAS TABELAS 11 E

12 E NAS FIGURAS 27 E 28.

Tabela 11 - Estatística descritiva dos parafusos de retenção no tempo final de

acordo com as técnicas I e II.

Média n Desvio

Padrão

Neodent sem cobertura TF (múltipla) 0,073229 7 0,0004716

Neodent sem cobertura TF (controle) 0,074557 7 0,0012340

Neodent com cobertura TF (múltipla) 0,072086 7 0,0003805

Neodent com cobertura TF (controle) 0,072529 7 0,0004192

3i TF (múltipla) 0,066886 7 0,0002968

3i TF (controle) 0,067229 7 0,0002752

Page 55: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

53

Tabela 12 - Comparação estatística dos parafusos entre as técnicas I e II no tempo final

Diferenças Pareadas

Intervalo de Confiança de 95% da

Diferença

Média Desvio Padrão Erro Padrão Menor Maior t gl p

Neodent sem cobertura T0 -

Neodent sem cobertura TF -0,0013286 0,0011295 0,0004269 -0,0023732 -0,0002840 -3,112 6 0,021

Neodent com cobertura T0 -

Neodent com cobertura TF -0,0004429 0,0005769 0,0002181 -0,0009764 0,0000907 -2,031 6 0,089

3i T0 - 3i TF

-0,0003429 0,0004577 0,0001730 -0,0007662 0,0000805 -1,982 6 0,095

De acordo com os resultados obtidos na técnica II, pôde ser observado que

houve diferença significativa dentro do grupo Neodent sem cobertura em TF da

técnica I (controle) e técnica II (experimental) (p<0,05), no entanto, nos grupos

Neodent com cobertura e 3i não houve diferença significativa (p>0,05). Comparando

o grupo Neodent sem cobertura nas técnicas I e II o p calculado foi igual a 0,021,

para o grupo Neodent com cobertura nas técnicas I e II o p calculado foi igual a

0,089 e para o grupo 3i nas mesmas técnicas o p calculado foi igual a 0,095.

Figura 27 - Representação gráfica do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II

Page 56: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

54

Figura 28 - Representação gráfica com média e desvio padrão do efeito do torque final e ciclagem mecânica nas técnicas I e II.

Os resultados das microscopias eletrônicas por varredura para o tempo final

na técnica I e técnica II, para os grupos Neodent® sem cobertura, Neodent com

cobertura e 3i BIOMET estão apresentados nas figuras 29, 30 e 31 respectivamente.

Page 57: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

55

Figura 29 - Imagens do MEV para o grupo Neodent sem cobertura nos tempos finais (Técnica I e Técnica II).

a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF

Técnica II (x1000).

Pode-se observar em “a” e “c” ranhuras provenientes do processo de usinagem, em “b” afilamento das rocas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do parafuso.

a b

c d

Page 58: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

56

Figura 30 - Imagens do MEV para o grupo Neodent com cobertura nos tempos finais (Técnica I e Técnica II).

a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF

Técnica II (x1000).

Pode-se observar em “a” leve afilamento, em “b” afilamento das roscas do parafuso,

em “c” leve brunimento das roscas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do

parafuso.

a b

c d

Page 59: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

57

Figura 31 - Imagens do MEV para o grupo 3i BIOMET nos tempos finais (Técnica I e Técnica II)

a) TF Técnica I (x200); b) TF Técnica II (x200); c) TF Técnica I (x1000); d) TF

Técnica II (x1000).

Pode-se observar em “a” leve afilamento, em “b” afilamento das roscas do parafuso,

em “c” leve brunimento das roscas do parafuso e em “d” brunimento das roscas do

parafuso.

a b

c d

Page 60: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

58

6 DISCUSSÃO

A fratura e, principalmente, o afrouxamento dos parafusos de retenção de

próteses implanto suportadas aparecem como uma das complicações mecânicas

mais comumente encontradas nas reabilitações orais envolvendo este tipo de

tratamento, ocorrendo em cerca de 5% das próteses em cinco anos33. Uma revisão

sistemática de literatura34, em que vários estudos foram analisados, chegou a

conclusão que o afrouxamento do parafuso de retenção é a complicação mecânica

mais frequentemente relatada, independente do tipo de conexão (externa ou

interna). A fratura do parafuso foi um evento raro encontrado, enquanto nenhuma

fratura do pilar foi relatada. Quando esses problemas ocorrem, geralmente levam a

um número maior de consultas do que o inicialmente planejado, causando

transtornos indesejáveis ao clínico e ao paciente, além de que o tratamento para o

possível afrouxamento do parafuso requer uma grande compreensão das

características e parâmetros biomecânicos. A maior incidência de afrouxamento de

parafusos, ao longo de 5 anos, é vista em coroas unitárias com taxas de até 12,7%,

enquanto que para próteses fixas de mais de um elemento este valor praticamente

reduz pela metade (6,7%)35.

Para entender como o afrouxamento do parafuso pode ocorrer, é necessário

compreender alguns princípios de engenharia mecânica. A estabilidade do conjunto

implante-pilar-parafuso é influenciada principalmente pela pré-carga, que é definida

como a força de tração que é construída no parafuso ao ser apertado contra as

roscas internas do implante16, que irá resultar em atrito destas com as roscas do

parafuso3. O desenvolvimento de uma pré-carga que se estende a uma tensão

pouco abaixo de seu ponto de escoamento (75%), irá maximizar a estabilidade dos

componentes, diminuindo a possibilidade de afrouxamento dos parafuso36. Enquanto

as forças de atrito entre as roscas permanecem altas, uma força externa maior será

necessária para causar o afrouxamento, porém se a força externa for superior, esta

elimina rapidamente o remanescente da pré-carga e resulta em vibrações e

micromovimentos que conduzem o parafuso a um recuo. Uma vez que esta segunda

fase tenha ocorrido, o conjunto do parafuso deixa de realizar a função para a qual foi

concebido e afrouxa37, ou seja, esse afrouxamento do parafuso irá acontecer

Page 61: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

59

quando o efeito total das forças oclusais for maior do que o alongamento elástico do

parafuso, causando deformações plásticas em sua morfologia38. Schawarz

descreveu que a natureza de tais complicações pode ser ligada diretamente a perda

da pré-carga, esta vem ser a única força que resiste a forças funcionais/oclusais

para impedir que o parafuso se solte do implante39. O direcionamento destas forças

mastigatórias pode ser vertical, inclinado, lateral e de torção, elas são forças cíclicas

e variam de intensidade dependendo da localização na boca. Forças verticais

tendem a serem maiores nas regiões posteriores que em regiões anteriores. Forças

verticais atuam no longo eixo do implante e forças horizontais ou laterais atuam na

interface implante/intermediário gerando momentos de força ao redor do parafuso, a

soma dessas forças acaba gerando na restauração sobre implante o recebimento de

forças que tendem a separar o intermediário do implante. Portanto, para minimizar

complicações protéticas sobre os implantes na clínica diária foram estabelecidos

critérios e condições biomecânicas fundamentais, dentre elas estão a diminuição ou

ausência de cantilevers, diminuição das mesas oclusais, pouca inclinação das

cúspides, centralização dos contatos oclusais e o uso de placas em pacientes com

hábitos parafuncionais40.

A deformação e abrasão do parafuso estão intimamente ligadas à perda da

pré-carga no conjunto implante-pilar-parafuso, diminuindo a fricção entre os

componentes20, podendo ocorrer através do efeito da mastigação ao longo do tempo

que diminuem os valores de torque de remoção15 ou ainda com repetidos apertos e

afrouxamentos intencionais dos parafusos nas consultas de confecção do trabalho

protético20, gerando deformações permanentes a partir destes torques e contra

torques, levando a uma “perda” de estrutura e alteração de peso dos parafusos.

Portanto, levando em consideração esta lógica, quando obtemos perda de peso em

um parafuso, este mesmo componente acabou sofrendo deformação e abrasão,

ocorrendo assim a diminuição da pré-carga e por consequência maior tendência ao

afrouxamento do parafuso de retenção.

Inúmeros autores têm estudado maneiras para minimizar a perda da pré-

carga, seja alterando as plataformas com o implante hexágono interno6, 7, 8,

Page 62: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

60

avaliando a adaptação dos componentes38,41, testando técnicas alternativas para o

apertamento do parafuso42, 43, adicionando lubrificantes (revestimentos) líquidos e

secos, como cobertura nos parafusos de retenção44,32,30, ou recomendando a

utilização de parafusos novos no momento da entrega do trabalho

protético.18,20,29,45,46

A plataforma hexágono interno foi desenvolvida com conceitos baseados na

justaposição interna entre as paredes dos pilares e dos implantes7, o que diminuiria

o estresse sofrido pelo parafuso do pilar, pois a tensão oclusal transmitida ao pilar

estaria dividida entre as paredes do encaixe interno e o parafuso retentor6. Tal

fenômeno ocorre pois o centro de fixação do parafuso é protegido pela altura do

hexágono do pilar dentro do implante, tendo, portanto, uma maior facilidade de

adaptação e uma maior área de contato, deste modo as forças laterais são

transmitidas diretamente às paredes do implante, criando uma menor tensão no

parafuso e proporcionando uma melhor resistência às tensões de cisalhamento na

união8. A maior resistência às cargas laterais se dá pelo fato do centro de rotação

ser mais apical. O hexágono interno apresenta algumas desvantagens, como:

paredes mais finas ao redor da conexão e dificuldade no ajuste de divergências de

angulação entre os implante28 . No entanto, Binon (2000-b)47 descreveu que nos

casos das restaurações unitárias o poder de retenção friccional do hexágono interno

é aproximadamente quatro vezes maior do que o do hexágono externo, evitando

conseqüentemente os índices de afrouxamento dos parafusos

Park et al.38 realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a estabilidade da

interface entre implante-pilar com pilares UCLA de ouro e pilares usinados por

CAD/CAM, dois grupos com implantes de conexão interna e dois de conexão

externa foram foram conectados por seus respectivos pilares UCLA de ouro e

usinados por CAD/CAM, foi dado torque de 35N.cm e dez minutos após o aperto os

valores de contra torque foram registrados, após 1.000.000 de cargas cíclicas foi

novamente registrado. Os valores de contra torque iniciais dos pilares usinados por

CAD/CAM foram significativamente maiores do que os pilares fundidos a ouro,

porém os valores registrados após a ciclagem mecânica não mostraram diferença

significativa entre os grupos, não houve gap significativo em nenhum dos grupos.

Page 63: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

61

Embora nosso estudo não verificou a adaptação da interface implante-pilar, esta

ausência de gap minimizaria os micromovimentos do parafuso, causando menores

deformações plásticas e abrasão nos parafusos e, assim, diminuiria a perda de peso

dos mesmos.

Esta relação da adaptação dos componentes com a força de contra torque

pode ser observada também por Kano et al.41, estes autores avaliaram o efeito dos

procedimentos de fundição dos pilares na perda do torque aplicado no parafuso. Foi

relatado que os pilares fundidos geraram maior rugosidade de superfície que os

pilares usinados, levando a uma maior desadaptação dos componentes e assim

uma diminuição do torque inicial. Com esta desadaptação, possivelmente os

parafusos de retenção estariam mais propensos à perda de peso devido a maior

abrasão nas roscas dos parafusos ao apertá-los, pois não estariam sendo

conectados de forma passiva.

Binon42 avaliou a eficácia de um protocolo de estabilização do parafuso de

retenção quando sujeito às cargas cíclicas, onde os implantes com plataformas de

hexágono externo e seus respectivos pilares UCLA foram posicionados sobre as

plataformas, no grupo controle as amostras receberam torque de 20N.cm como

recomendado pelo fabricante e as amostras do grupo experimental receberam

torque manual máximo do operador sem torquímetro, após este torque foi injetado

material de moldagem (poliéter) e condensado contra as paredes dos pilares com

uma bolinha de algodão que foi deixada no interior do acesso ao parafuso, os

orifícios foram fechados com resina composta fotopolimerizável e as amostras de

ambos os grupo foram levadas para ciclagem mecânica até ocorrer o afrouxamento

dos parafusos. O autor chegou à conclusão de que esta nova técnica leva a um

afrouxamento do parafuso significativamente mais rápido do que a técnica controle.

O torque manual gerou uma pré-carga menor nos parafusos do que os parafusos do

grupo controle, provavelmente esta foi a justificativa para essa tendência ao

afrouxamento.

Já Gratton et al.43 investigaram a micromovimentação dos parafusos de

retenção e a fadiga dinâmica variando o torque de aperto dos mesmos, quando

Page 64: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

62

testados sob ciclagem mecânica. Quinze implantes com seus respectivos pilares

UCLA e parafusos de retenção foram separados em três grupos de cinco cada um,

em cada grupo foi dado um valor de torque 16N.cm, 32N.cm (recomendado pelo

fabricante) e 48N.cm. O grupo cujo torque foi de 16N.cm apresentou maior

micromovimentação significativa após 100.000 ciclos do que os outros dois grupos e

o grupo que sofreu torque de 48N.cm gerou menos micromovimentação sem

aparentemente comprometer morfologicamente os parafusos. Apesar de o autor

conseguir um resultado satisfatório, observamos que diferentemente do nosso

estudo o número de ciclos foi dez vezes menor que o apresentado no nosso estudo,

assim um novo estudo com um número maior de ciclos se faz necessário para

avaliar a deformação permanente que o torque acima do recomendado pelo

fabricante causaria na estrutura do parafuso de retenção, causando a perda da pré-

carga.

Com relação à adição de revestimentos nos parafusos, Diez et al.44 avaliaram

a área de interface implante-pilar e os valores para afrouxamento de parafusos

revestidos com carbono antes e depois de ciclagem mecânica. Foram

confeccionados quatro grupos, dois com implantes hexágono externo (parafusos

com e sem revestimento) e dois com implantes hexágono interno (parafusos com e

sem revestimento), a interface pilar-implante foi medida, após o aparafusamento,

antes e depois da ciclagem mecânica, então os valores de torque de remoção foram

registrados. Nos grupos com parafusos de titânio houve um aumento da área de

interface do implante e pilar, já nos grupos com parafusos revestidos esta área de

interface foi reduzida. Os valores de torque de remoção dos parafusos de todos os

grupos reduziram após a ciclagem mecânica dos parafusos. Esta redução dos

valores do torque de remoção pode ser relacionada aos resultados do presente

estudo, em que tivemos significativa perda de peso e consequentes deformações

permanentes nos parafusos novos após um único torque e ciclagem mecânica

(técnica I) em todos os grupos, tanto nos parafusos com revestimento, quanto nos

parafusos sem revestimentos.

Page 65: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

63

Park et al.32 testaram o efeito do revestimento de superfície de carboneto de

tungstênio na pré-carga de parafusos em diferentes conexões de implantes. O

torque de remoção dos parafusos com e sem revestimento foi medido antes e após

a ciclagem mecânica. A pré-carga gerada pelos parafusos com cobertura foi

significativamente superior em todos os sistemas de conexão, já o torque de

remoção inicial foi superior para os parafusos sem revestimento, porém o torque de

remoção após a ciclagem foi significativamente maior para os parafusos com

revestimento, indicando que esses foram muito mais eficazes na preservação da

pré-carga. Apenas os resultados dos parafusos sem revestimento vão de acordo

com os resultados obtidos na perda de peso do nosso estudo, onde tivemos

diferença significativa entre todos os parafusos, porém em menor grau nos

parafusos com revestimento (p=0,001), esta diferença pode ter se dado devido à

utilização de um único implante para cada grupo em nosso estudo.

Na mesma linha de pesquisa, Vianna et al.48 avaliaram a estabilidade de

diferentes parafusos de retenção de ouro, titânio revestido e titânio submetidos à

ciclagem mecânica, entretanto nenhum dos grupos se diferenciou significativamente

nos valores de torques de remoção após a ciclagem mecânica, mesmo que os

parafusos revestidos tenham obtido resultados ligeiramente melhores, justamente

como os achados em nosso estudo. Provavelmente esses achados se diferem dos

encontrados por Park et al.32 devido a maior carga utilizada na ciclagem mecânica

(240N contra 130N de Vianna e 100N de nosso estudo) e angulação de 30° com

relação ao longo eixo das amostra, sendo que nos outros dois estudos a carga foi ao

longo eixo das amostras.

Stuker et al.30 também avaliaram os valores de pré-carga e torques de

remoção de três tipos de parafusos (ouro, titânio e titânio revestido). Foi dado torque

de 30N.cm em cada grupo e o valor médio inicial e o valor médio final da pré-carga

foram calculados. Esses valores se diferenciaram significativamente nos três grupos,

tendo os maiores valores os parafusos de ouro, seguidos pelos parafusos de titânio

revestidos e por último os parafusos de titânio. Os parafusos de ouro e os parafusos

de titânio revestido não mostraram diferenças estatisticamente significantes em

relação ao torque de remoção, mas em relação aos parafusos de titânio os mesmos

Page 66: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

64

apresentaram diferenças significativas. No que se refere ao presente estudo, a

deformação permanente ocorreu nos parafusos de titânio e nos parafusos de titânio

tratado, porém as imagens de MEV evidenciaram uma aparente deformação menor

nos parafusos revestidos, possuindo um coeficiente de atrito menor, isto

possivelmente poderia explicar uma maior manutenção da pré-carga e

consequentemente um valor de remoção de torque mais elevado. Devemos levar em

consideração que Stuker et al. não simularam as forças mastigatórias através de

ciclagem mecânica que poderiam ter reduzido os valores encontrados no seu

estudo.

Com o objetivo de avaliar o efeito da contaminação de fluído no torque de

remoção, Gumus et al29 dividiram quarenta implantes em quatro grupos e

contaminaram um grupo com clorexidina, um com saliva fresca humana, outro com

sangue e um sem contaminação (grupo controle). Após torque recomendado pelo

fabricante e termociclagem, o torque de remoção de todos os grupos diminuiu,

porém a contaminação com sangue foi a que se diferenciou estatisticamente das

demais e poderia gerar um maior afrouxamento dos parafusos de retenção na

prática clínica. A técnica II em nosso estudo é uma simulação da realidade clínica de

muitos protesistas, os quais utilizam o mesmo parafuso para as etapas clínicas de

prova de coroas implanto suportadas, estando susceptível à contaminação salivar ou

sanguínea, que poderia acarretar numa deformação permanente maior do que já

observado em nosso estudo, pois essa contaminação geraria uma película entre as

roscas do parafuso e do implante não permitindo o íntimo contato entre os

componentes. Portanto, novos estudos se fazem necessários para correlacionar

estes dois fatores.

Este efeito das múltiplas aberturas e fechamentos de parafusos de retenção

já havia sido relatado por Weiss et al, onde eles chegaram a conclusão de que

limitar o número de fechamento e abertura dos componentes nas etapas clínicas e

laboratoriais, antes do torque e fechamento definitivo, pode minimizar a perda do

parafuso18, pois ao comparar a perda de torque de parafusos de retenção em sete

sistemas distintos de conexões, após repetir por 200 vezes o ciclo de abertura e

fechamento destes parafusos, os resultados mostraram uma diminuição progressiva

Page 67: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

65

dos valores de torque de remoção para todos os sistemas testados. Nossos

resultados se equiparam em parte com os encontrados neste estudo, já que

encontramos redução de peso em todos os grupos após cada simulação de torque

manual, porém esta redução de peso se demonstrou mais acentuada nos parafusos

Neodent sem cobertura, indicando que não apenas a redução dos ciclos de abertura

e fechamento seriam necessários para reduzir o afrouxamento deste parafuso, mas

também a sua substituição por um parafuso novo. Com relação aos parafusos

Neodent com cobertura e 3i essa redução de ciclos e substituição de parafuso não

seria necessário.

Resultados similares foram encontrados por Guzaits et al45 que também

avaliaram o torque de remoção após repetidos ciclos de abertura e fechamento dos

parafusos, porém com uma solução salina para simular a saliva. Os maiores valores

de torque de remoção foram encontrados nos primeiros apertos dos parafusos, eles

encontraram também, nas imagens de MEV, um polimento das roscas internas dos

implantes, sugerindo que nem mesmo a utilização de um novo parafuso iria

recuperar a pré-carga máxima, mas essas alterações nas superfícies dos implantes

foram menores do que as sofridas pelos parafusos. Assim concluíram que quanto

mais ciclos de abertura e fechamento forem feitos nos parafusos, maior a

probabilidade de afrouxamento do parafuso, principalmente após o décimo aperto,

devendo o parafuso ser substituído por um novo. Novamente os resultados se

assemelham em parte aos nossos achados, pois os parafusos Neodent com

cobertura e os 3i sofreram uma redução de peso menos significativa durante os 4

torques e no estudo de Guzaitis et al45 somente após o décimo aperto dos parafusos

a probabilidade de afrouxamento foi maior. Portanto, de acordo com nosso estudo

não necessitaria a troca por um novo parafuso até o quarto aperto, nem mesmo

após a ciclagem.

Diferentemente dos achados anteriores, Bernardes et al46, ao avaliarem se os

repetidos apertos dos parafusos diminuiriam o torque de remoção dos mesmos, não

encontraram diferenças estatísticas entre os torques de remoção antes e após os

repetidos apertos. Assemelhando-se aos parafusos Neodent com cobertura e 3i do

nosso estudo.

Page 68: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

66

Apenas um único estudo20 foi encontrado na literatura que também avaliou a

abrasão e consequente perda de peso após repetidos ciclos de aperto dos

parafusos de retenção. Foram utilizados dois grupos com parafusos com

revestimento de estanho e dois grupos sem revestimento, foram dados torques

recomendados pelos fabricantes por vinte vezes. Os resultados mostraram menor

perda de peso significativa nos parafusos com revestimento. No nosso estudo

também foi observada essa menor perda de peso significativa nos parafusos com

cobertura após repetidos apertos e desapertos.

Clinicamente esse estudo sugeriu que o mesmo parafuso, no caso dos

parafusos Neodent com cobertura e 3i Biomet, que foi submetido às etapas clínicas

e laboratoriais pode ser utilizado como definitivo, após torque final e entrega do

trabalho protético. Esta sugestão embasou-se na menor perda de peso e

deformação permanente dos referidos parafusos.

Este estudo apresentou algumas limitações, como a utilização de apenas um

implante por grupo de parafusos, podendo assim interferir nos resultados, já que as

roscas internas dos implantes também poderiam estar sofrendo deformações

permanentes. O ideal seria um implante por parafuso, mas como isto não seria

possível foi preferível manter um erro padrão, pois foi um fato ocorrido para todos os

grupos da mesma forma.

Trabalhos futuros se fazem necessários comparando e avaliando se

realmente a perda de peso dos parafusos influencia na pré-carga e torque de

remoção e estudar os revestimentos dos parafusos de retenção com a utilização de

novos lubrificantes líquidos que possam ser adicionados a estes no momento da

finalização dos trabalhos de prótese sobre implante. Sugere-se também estes

mesmos estudos, porém “in vivo” e com acréscimo de parafusos de liga nobre e

implantes com conexão cone morse.

Page 69: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

67

CONCLUSÃO

Segundo a metodologia aplicada e levando-se em conta os resultados obtidos

deste estudo, foi possível concluir que:

De acordo com a Técnica I, que é a indicada pelo fabricante, onde utilizamos

os parafusos de retenção apenas no momento da finalização do trabalho de

reabilitação protética, conclui-se que esse aperto final já é suficiente para levar a

uma alteração do peso dos parafusos, tanto em parafusos de titânio da marca

comercial Neodent com cobertura (p=0,001) e sem cobertura (p<0,001), quanto nos

parafusos de titânio da marca comercial 3i BIOMET (p<0,001), porém os parafusos

Neodent com cobertura foram os que tiveram menor perda de peso.

Verificamos também que a utilização da técnica II, onde o mesmo parafuso é

usado em muitos momentos, acaba alterando gradualmente o peso do parafuso a

cada aperto em todos os grupos estudados, sendo em maior intensidade após o

aperto definitivo e ciclagem mecânica.

Ao compararmos as duas técnicas, concluímos que apenas no grupo dos

parafusos Neodent sem cobertura, a técnica I foi a que sofreu menos alterações. No

grupo dos parafusos Neodent com cobertura e no dos parafusos 3i Biomet, as

alterações da técnica I e técnica II foram semelhantes. Para Neodent sem cobertura

p=0,021, para Neodent com cobertura p=0,089 e para 3i BIOMET p=0,095.

As análises das imagens de MEV apontaram visível deformação plástica na

morfologia dos parafusos de todos os grupos tanto na técnica I, como na técnica II.

Quantitativamente, nas composições de superfície de todos os parafusos

estudados percebemos leves oscilações, porém sem nenhuma tendência específica.

Page 70: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

68

REFERÊNCIAS

1 Jemt, T; Laney, W. R; Harris, D; Henry, P. J; Krogh, P.H. J; Polizzi, G;Zarb, G. A; Herrmann, I. Osseoitegrated Implants for Single Tooth Replacement:A 1-year Report from a Multicenter Prospective study. The International Journal ofOral & Maxillofacial Implants, v. 6, n 1, p. 29-36, 1991.

2 Carvalho, W; Casado, P. L; Caula, A. L; Barboza, E. P. Implants for Single First

Molar Replacement: Important Treatment Concerns. Implant Dentistry, v. 13, n. 4, p. 328-335, 2004.

3 Dixon DL, Breeding LC, Sadler JP, McKay ML. Comparison of screw loosening,

rotation, and deflection among three implant designs. J Prosthet Dent. 1995 Sep; 74(3).

4 Kim SK et al. An abutment screw loosening study of a diamond like carbon-coated

CP titanium implant. J Oral Rehab. 2005; 32; 346-350. 5 Martin WC, Woody RD, Miller BH, Miller AW. Implant abutment screw rotations and

preloads for four different screw materials and surfaces. J Prosthet Dent. 2001 Jul; 86(6).

6 Binon P. Implants and Components: Entering the New Millennium. J. Oral Maxillo.

Imp. 2000; 15(1):77-93. 7 Lang LA, Kang B, Wang RF, Lang BR. Finite element analysis todetermine implant

preload. J. Prosthet. Dent. 2003; 90(6):539-545. 8 Khraisat A, Stegaroiu R, Nomura S, Miyakawa O. Fatigue resistance of two

implant/abutment joint desings. J. Prosthet. Dent. 2003; 88(6):604-610. 9 Herbstrith Segundo RM, Oshima HMS, Silva INL, Burnett Jr. LH, Mota EG, Silva

LL. Stress distribution of an internal connection implant prostheses set: A 3D finite element analysis. Stomatologija, Baltic. Dent. Maxillo. J. 2009; 11(2):55-59.

10 Drago CJ. A Clinical Study of the Efficacy of Gold-Tite Square Abutment Screw in

Cement-Retained Implant Restorations. J. Oral Maxillo. Imp. 2003; 18(2):273-278. 11 Cibirka RM, Nelson SK, Lang BR, Rueggeberg FA. Examination of the implant-

abutment interface after fatigue testing. J. Prosthet. Dent. 2001; 85(3):268-75. 12 Akour SN, Fayyad MA, Nayfeh JF. Finite element analyses of two antirotacional

designs of implant fixtures. Imp. Dent. 2005; 14(1):77-80. 13 Cantwell A, Hobkirk JA. Preload loss in gold prosthesis-retaining screws as a

function of time. J Oral Maxill Implants. 2004; 19(1).

Page 71: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

69

14 Assunção WG et al. Preload Evaluation of different screws in external hexagon joint. Implant Dentis. 2012; 21(1).

15 Khraisat A, Abu-Hammad O, Dar-Odeh N, Al-Kayed AM. Abutment screw

loosening and bending resistance of external hexagon implant system after lateral cyclic loading. Clinic Implant Dent Relat Research. 2004; 6(3).

16 Khraisat A, Hashimoto A, Shuichi N, Miyakawa O. Effect of lateral cyclic loading

on abutment screw loosening of an external hexagon implant system. J Prosthet Dent. 2004 Apr; 91(4).

17 Booggan RS, Strong JT, Misch CE, Bidez MW. Influence of hex deometry and

prosthetic table width on static and fatigue strength of dental implants. J Prosthet Dent. 1999 Oct; 82(4).

18 Weiss EI, Kozak D, Gross MD. Effect of repeated closures on opening torque

values in seven abutment-implant systems. J Prosthet Dent. 2000 Aug; 84(2). 19 Goodacre CJ, Bernal G, Rungcharassaeng K, Kan JYK. Clinical complications

with implants and implant prostheses. J Prosthet Dent. 2003 Aug; 90(2). 20 Jung SW, Son MK, Chung CH, Kim HJ. Abrasion of abutment screw coated with

TiN. J Adv Prosthodont. 2009;1:102-6. 21 Al Jabbari YS, Fournelle R, Ziebert G, Toth J, Lacopino AM. Mechanical behavior

and failure analysis of prosthetic retaining screws after long-term use in vivo. Part 1: Characterization of adhesive wear and structure of retaining screws. J Prosthodont. 2008;17:168-180.

22 Choe HC, Lee CH, Jeong YH, Ko YM, Son MK, Chung CH. Fatigue fracture of

implant system using TiN and WC coated abutment screw. Proc Engin. 2011; 10:680-685.

23 Lang LA, Wang RF, May KB. The influence of abutment screw tightening on

screw joint configuration. J Prosthet Dent. 2002 Jan; 87(1). 24 Assunção WG, Barão VAR, Delben JA, Gomes EA, Garcia Jr. IR. Effect of

unilateral misfit on preload of retention screws of implant-supported prostheses submitted to mechanical cycling. J Prosthont. Research, 2011; 55:12-18.

25 Ortorp A, Jemt T, Wennerber A, Berggren C, Brycke M. Screw preloads and

measurements of surface roughness in screw joints: an in vitro study on implant frameworks. Clinic. Imp. Dent. Relat. Reser. 2005; 7(3).

26 Spiekermann, H. Implantologia. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 27 Branemark, P.; Zarb, G. A.; Albrektsson, T. Protesis tejido-integradas. La

oseointegração em la odontologia clínica. Trad. por Jaime A. Gil. Los Angeles: Quintessence books, 1987. p. 117-6

Page 72: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

70

28 Maeda, Y.; Satoh, T.; Sogo, M. In vitro differences of stress concentrations for internal and external hex implant connections: a short communication. J Oral Rehabil. 2006; 33: 75-78.

29 Gumus HO, Zortuk M, Albayrak H, Dincel M, Kocaagaoglu HH, Kilinc HI. Effect of fluid contamination on reverse torque values in bone-level implants. Implant Dent. 2014 Oct;23(5):582-7. doi: 10.1097/ID.0000000000000139.

30 Stüker RA, Teixeira ER, Beck JC, da Costa NP. Preload and torque removal

evaluation of three different abutment screws for single standing implant restorations.J Appl Oral Sci. 2008 Jan-Feb;16(1):55-8.

31Feitosa PC, de Lima AP, Silva-Concílio LR, Brandt WC, Neves AC.

Stability of external and internal implant connections after a fatigue test. Eur J Dent. 2013 Jul;7(3):267-71. doi: 10.4103/1305-7456.115407.

32 Park JK, Choi JU, Jeon YC, Choi KS, Jeong CM.

Effects of abutment screw coating on implant preload. J Prosthodont. 2010 Aug;19(6):458-64. doi: 10.1111/j.1532-849X.2010.00595.x. Epub 2010 Apr 23.

33 Pjetursson BE, Thoma D, Jung R, Zwahlen M, Zembic A. A systematic review of

the survival and complication rates of implant-supported fixed dental prostheses (FDPs) after a mean observation period of at least 5 years. Clin Oral Implants. Res. 2012 Oct;23 Suppl 6:22-38.

34 Gracis S, Michalakis K, Vigolo P, Vult von Steyern P, Zwahlen M, Sailer I. Internal vs. external connections for abutments/reconstructions: a systematic

review. Clin Oral Implants Res. 2012 Oct;23 Suppl 6:202-16. doi: 10.1111/j.1600- 0501.2012.02556.x.

35 Jung RE, Pjetursson BE, Glauser R, Zembic A, Zwahlen M, Lang NP. A

systematic review of the 5‑year survival and complication rates of

implant‑supported single crowns. Clin Oral Implants Res 2008;19:119‑30.

36 Yousef H, Luke A, Ricci J, Weiner S.

Analysis of changes in implant screws subject to occlusal loading: a preliminary analysis. Implant Dent. 2005 Dec;14(4):378-82.

37 Bickford JH. An introduction to the design and behavior of bolted joints. New York:

Marcel Dekker Inc; 1981. 38 Park JM, Lee JB, Heo SJ, Park EJ.A comparative study of gold UCLA-

type and CAD/CAM titanium implant abutments. J Adv Prosthodont. 2014 Feb;6(1):46-52. doi: 10.4047/jap.2014.6.1.46. Epub 2014 Feb 14.

39 Schwarz, M. S. Mechanical complications of dental implants. Clin Oral Impl Res.

2000, v.11, supl.1, p.156-158.

Page 73: FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS ...repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7495/1...Pós-Graduação em Odontologia da PUCRS como parte dos requisitos para obtenção

71

40 Kim, Y.; Oh., T. J.; Misch, C. E. et al. Occlusal considerations in implant therapy: clinical guidelines with biomechanical rationale. Clin. Oral Impl. Res. v 16, n 1, February 2005 , pp. 26-35(10). 41 Kano SC, Binon P, Bonfante G, Curtis DA.

Effect of casting procedures on screw loosening in UCLA-type abutments. J Prosthodont. 2006 Mar-Apr;15(2):77-81.

42 Binon PP.Evaluation of the effectiveness of

a technique to prevent screw loosening. J Prosthet Dent. 1998 Apr;79(4):430-2. 43 Gratton DG, Aquilino SA, Stanford CM.

Micromotion and dynamic fatigue properties of the dental implant-abutment interface. J Prosthet Dent. 2001 Jan;85(1):47-52.

44 Diez JS, Brigagão VC, Cunha L, Neves AC, da Silva-Concilio LR. Influence of

diamondlike carbon-coated screws on the implant-abutment interface. Int J Oral Maxillofac Implants. 2012 Sep-Oct;27(5):1055-60.

45 Guzaitis KL, Knoernschild KL, Viana MA.

Effect of repeated screw joint closing and opening cycles on implant prosthetic screw reverse torque andimplant and screw thread morphology. J Prosthet Dent. 2011 Sep;106(3):159-69. doi: 10.1016/S0022-3913(11)60115-7.

46 Bernardes SR, da Gloria Chiarello de Mattos M, Hobkirk J, Ribeiro RF. Loss of

preload in screwed implant joints as a function of time and tightening/untightening sequences . Int J Oral Maxillofac Implants. 2014 Jan-Feb;29(1):89-96. doi: 10.11607/jomi.3344.

47 Binon P.The external hexagonal interterface and screw-joint stability: A primer on

threaded fasteners in implant dentistry. Quint Dent. Tecnolog, p.91-105. 2000b. 48 Vianna Cde A, Delben JA, Barão VA, Ferreira MB, dos Santos PH, Assunçao

WG. Torque stability of different abutment screws submitted to mechanical cycling. Int J Oral Maxillofac Implants. 2013 Sep-Oct;28(5):e209-14. doi: 10.11607/jomi.3110