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FACULDADE DE SÃO BENTO CURSO DE TEOLOGIA NOÉ ARAÚJO DOS SANTOS A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ SÃO PAULO 2018

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FACULDADE DE SÃO BENTO

CURSO DE TEOLOGIA

NOÉ ARAÚJO DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA

VIDA CRISTÃ

SÃO PAULO

2018

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NOÉ ARAÚJO DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA

VIDA CRISTÃ

Trabalho de Conclusão do Curso de

Teologia apresentado à Faculdade

de São Bento como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel

em Teologia, sob a orientação do

Profº Dr. Domingos Zamagna

SÃO PAULO

2018

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NOÉ ARAÚJO DOS SANTOS

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA

VIDA CRISTÃ

Dedico este trabalho aos meus pais

Domingos e Ana pelo empenho e

dedicação que sempre tiveram em

me incentivar em todas as minhas

empreitadas. Que Deus os proteja.

SÃO PAULO

2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

NOÉ ARAÚJO DOS SANTOS

Trabalho defendido em 28/02/2019, como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Teologia pela Faculdade de

Teologia São Bento, tendo como membros da banca examinadora:

______________________________________________________

Prof. Dr. Domingos Zamagna

______________________________________________________

Prof. Magno Vilela

______________________________________________________

Prof. Fr. Márcio Alexandre Couto OP

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e por mais esta oportunidade de realização

como ser humano, na busca do conhecimento. Aos meus familiares, que me

incentivaram e contribuíram na realização deste curso. À instituição Faculdade

de São Bento que me possibilitou concluir mais este curso na trajetória iniciada

na graduação da Filosofia. Ao meu orientador Profº. Dr. Domingos Zamagma,

que apoiou na escolha do tema, bem como orientou o seu desenvolvimento,

que se desdobrou em apoiar nas dificuldades encontradas ao longo do seu

desenvolvimento e possibilitou concluir mais esta importante etapa do curso de

Teologia. Aos Professores da Banca Examinadora agradeço pela contribuição,

pelo tempo dedicado e necessário para que eu possa concluí-lo. Aos meus

amigos de curso, a todos meus professores, aos funcionários da secretaria e

da biblioteca pela atenção e convivência durante este período.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise da importância da

oração para os cristãos, quais os sentidos atribuídos na abordagem por

diversas fontes utilizadas na pesquisa que contemplou: Bíblia – Antigo e Novo

Testamento, Documentos religiosos e Livros acadêmicos religiosos. Nas

diversas passagens da Bíblia, os apóstolos e os profetas descrevem a oração

como a comunicação com Deus, é o falar com Ele e ouvir Dele, em forma de

diálogo, através de Jesus Cristo e do Espírito Santo; o caráter trinitário da

oração cristã. Este contato entre nós e Deus através da oração é como nos

relacionamos com Ele. A forma da oração faz este relacionamento mais rico e

interativo, mais reflexivo, nos ajudando a permanecer fortalecidos ao longo da

vida. A fé cristã, que nos dá o sentido da presença de Deus, promove

tranquilidade e serenidade. Sabemos que a confiança em Deus nos dá

segurança e que Ele nos compreende e nos fortalece quando o buscamos pela

oração, tanto para pedir como para agradecer.

Palavras-chave: Bíblia. Deus. Jesus Cristo. Espírito Santo. Oração. Fé cristã.

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ABSTRACT

The goal of this paper is to analyze the relevance of prayer among

Christians and the meanings attributed to it in the several sources used in this

study, which included the New and Old Testaments of the Bible, religious

documents and academic books on religion. Apostles and prophets describe

prayer as a means of communicating with God in several passages of the Bible;

prayer means speaking to Him and being heard by Him, a means of dialog that

takes place through Jesus Christ and the Holy Spirit, in the trinitary character of

Christian prayer. The contact between us and God through prayer is the way we

relate to Him. The forms of prayer makes this relationship richer, more

interactive and reflexive, helping us remain strong through life. Christian faith,

together with intention and awareness of the presence of God, promote

tranquility and serenity; we know that the trust in God makes us safe and that

He understands and strengthens us when we search for Him in prayer, either in

appeal or in praise.

Keywords: Bible. God. Jesus Christ. Holy Spirit. Prayer. Christian faith

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9

CAPÍTULO I.................................................................................................................. 11

ACEITAÇÃO DA ORAÇÃO PELOS CRISTÃOS .................................................. 11

I. 1. A oração solidifica a comunhão dos cristãos com Deus. ..................... 14

I. 2. A oração como um agradecimento a Deus............................................. 16

I. 3. A oração é indispensável e significativa para Jesus Cristo.................. 19

CAPÍTULO II................................................................................................................. 22

ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DOS CRISTÃOS ................. 22

II. 1. O Espírito Santo intervém em favor dos cristãos. .................................. 25

II. 2. O Espírito Santo atende aos cristãos pela oração.................................. 27

II. 3. Os cristãos são as moradas do Espírito Santo. ...................................... 30

CAPÍTULO III ............................................................................................................... 33

OS CRISTÃOS CHEGAM A DEUS PELA ORAÇÃO ........................................... 33

III. 1. Respeito às coisas sagradas...................................................................... 36

III. 2. Disposição firme para ser honesto............................................................ 39

III. 3. Segurança constante de procedimentos.................................................. 41

CONCLUSÃO............................................................................................................... 45

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

Este trabalho vai ao encontro dos textos bíblicos, Antigo e Novo Testamento.

Pareceu-me de grande importância. A oração é um meio que Deus utiliza para

desenvolver a comunhão dos cristãos com Ele. Os Cristãos em Jesus desenvolvem

o seu relacionamento com Deus e a fé cristã por meio da oração constante,

confiante e disciplinada. Desde a oração pessoal, solitária, até a oração mais

perfeita, a Eucaristia

Talvez não seja necessário que os cristãos sejam lembrados do quanto a

oração é importante para suas vidas, pois quaisquer convertidos deve ter a

consciência disso, entretanto, é importante que o povo de Deus esteja atento para

empregar mais tempo de suas vidas à oração. Todos os cristãos sabem que o êxito,

seja na vida espiritual ou material passa pela relação com a nossa vida de oração.

O Catecismo da Igreja Católica nos diz que “Grande é o mistério da fé”. A

Igreja o professa no Símbolo dos Apóstolos, e o celebra na Liturgia sacramental,

para que a vida dos fiéis seja conforme a Cristo no Espírito Santo para a glória de

Deus Pai. Esse Mistério exige que os fiéis creiam, celebrem e vivam numa relação

viva e pessoal, com o Deus vivo e verdadeiro. Essa relação é a oração.

Este trabalho encontra-se dividido em três capítulos sendo seqüencialmente

da seguinte forma:

Capítulo I - observarei a aceitação do valor da oração pelos cristãos.

I. 1 – A oração solidifica a comunhão dos cristãos com Deus.

I. 2 – A oração como um agradecimento a Deus.

I. 3 – A oração é indispensável e significativa para Jesus Cristo.

Capítulo II - será abordada a atuação do Espírito Santo nas orações dos cristãos.

II. 1 – O Espírito Santo intervém em favor dos cristãos.

II. 2 – O Espírito Santo atende aos cristãos pela oração.

II. 3 – Os cristãos são as moradas do Espírito Santo.

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Capítulo III - analisarei como os cristãos chegam a Deus pela oração.

III. 1 – Respeito às coisas sagradas.

III. 2 – Disposição firme para ser honesto.

III. 3 – Segurança constante de procedimentos.

Os cristãos desenvolvem os seus relacionamentos com Deus através de

Jesus e a fé cristã por meio da oração contínua e disciplinada. A oração é um dos

diversos meios que o Senhor Jesus empregou e ainda utiliza para aperfeiçoar a

integração dos cristãos com Ele. Todos os cristãos devem ficar muito felizes e

fortalecidos, quando fazem suas orações meditando na presença do Senhor.

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CAPÍTULO I

ACEITAÇÃO DA ORAÇÃO PELOS CRISTÃOS

A Bíblia Sagrada é uma das referências principais para recorrermos na

construção deste trabalho. A oração é um tema dos mais importantes em todas as

atividades dos cristãos. É sugerida para todos os homens, para toda a humanidade,

a fim de que levemos uma vida com plena dignidade (1 Tm 2: 1-3). É possível que

sejam muitas as pessoas que se descuidam de rezar, mesmo sendo batizadas,

embora seja um dever de cada cristão. Em Lucas (Lc 18,1) Jesus mostra a

necessidade que temos de orar sempre e nunca fracassarmos. Dessa maneira a

oração faz parte de nossa vida espiritual e cotidiana.

Através da oração os cristãos mantêm seu caminhar junto com o Senhor

Jesus, e preparam a base para o resultado de outras atividades espirituais. Rezar é

colocar-se nas mãos de Deus para que seja realizada a sua vontade, aqui na terra.

Os discípulos pediram a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11: 1). Na vida dos

cristãos as suas espiritualidades são elevadas quando entram em oração e na

comunhão com Deus e com sua palavra. Se não rezarmos, e nem lermos a Bíblia

com certeza fracassaremos.

A oração na Escritura e na Igreja primitiva: Na Escritura, a súplica é um

aspecto essencial da oração. Orar é reconhecer sua fragilidade e sua dependência e

a necessidade que se tem da ajuda ou da graça de Deus. Mas orar assim supõe o

arrependimento e a confissão dos pecados, com o pedido de perdão, e acarreta a

ação de graças, o louvor, e por fim, a adoração. A oração, portanto, está longe de

consistir somente em pedido para si e para os outros. Os salmos são, por tradição, a

base da oração judaica e cristã, mas toda a Bíblia também põe à luz aquilo que

torna possível a oração, o que podemos chamar de seus fundamentos, e contém

exemplos de oração, em particular a oração de Cristo1

1. LACOSTE, Jean-Yves, Dicionário Crítico de Teologia. São Paulo: Loyola e Paulinas, 2014.

Pags.1283 e1284

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No livro do Gênesis, os seres humanos foram criados a imagem e à

semelhança de Deus (Gn 1: 26). A idéia de que o homem é a imagem e semelhança

de Deus se solidificou no pensamento cristão muito depressa. Por isso, é natural

comunicarmo-nos ou comungarmos com Deus em nossas orações.

A oração é de acordo com o que as escrituras nos dizem o caminho através

do qual o cristão se aproxima da presença de Deus, que vem ao seu encontro, com

as soluções prontas (Jr 33: 3).

Dispensando muitos detalhes que ilustram a vida interna das primeiras

comunidades cristãs, a Didaqué foi de muito significado na história dos dogmas, na

história da liturgia. Despertou grande interesse, de imediato, à sua descoberta no

século passado, e o enorme trabalho científico que foi desenvolvido a seu respeito.

É um documento intermediário entre a geração apostólica e a Igreja pós-apostólica.

O jejum e a oração na Didaqué são duas práticas que estão muito ligadas. O

jejum lembra à pessoa que só a vinda do Reino de Deus pode satisfazer. A oração

mantém a pessoa sem preconceito, para o projeto de Deus e consciente dos

pedidos necessários, para que esse projeto se realize.

Não rezem como os falsos enganadores, mas de acordo com o que o Senhor

ensinou no seu Evangelho. Rezem assim:

“Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome venha o teu

reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos

hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa dívida, assim como

também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair

em tentação, mas livrai-nos do mal, porque teu é o poder e a glória

para sempre”. Rezem assim três vezes por dia.2

Um autêntico e verdadeiro cristão deverá ser sensível ao amor, a Deus, bem

como a todas as criaturas. É necessário aprender a rezar. No mundo de hoje, cheio

de atrações que não são das melhores para o fortalecimento da fé dos cristãos,

teremos que nos proteger com a oração. Jesus nos ensinou com muita clareza: “O

2 “Dão instruções litúrgicas. Instruções sobre o modo de administrar o batismo, sobre o jejum, a

oração e a eucaristia”. Patrística - Padres Apostólicos. São Paulo: Paulus, 2008. págs. 338, 340 e 352, 353

.

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espírito está pronto, mas a carne é fraca. Vigiai e orais para que não entreis em

tentação” (Mt 26: 41).

Em Lucas podemos observar que o Senhor Jesus tinha noites inteiras em

lugares desertos, bem como, nos picos das montanhas orando ao seu Pai, Iahweh

(Lc 5: 16; 6: 12; 9: 28-29). O Senhor Jesus costumava transmitir a sua mensagem

durante o dia e a noite rezava. A oração dava muita força a Jesus. Ele convidou aos

seus discípulos a rezar (Mt 6: 9-13) e mostrou-lhes a necessidade de orar sempre

(Lc 18: 1). “Pedi e vos será dado; buscai e achareis, batei e vos será aberto” (Mt 7:

7-8). Nenhum cristão consegue satisfazer a vontade de Deus se não rezar, pois a

oração é um mandamento de Deus. “Permanecei em mim, como eu em vós. Como o

ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim mesmo

vós, se não permanecerdes em mim.” (Jo 15: 4).

Vejamos que os cristãos sozinhos, sem Deus, não poderão fazer muita

coisa. Não conseguiremos praticar a caridade, muito menos a bondade e a

solidariedade, mais ainda, evitar a maldade. A Igreja e as Escrituras, pelo que eu

aprendi, não autorizam qualquer tipo de busca de benefícios deixando de lado o

Senhor Jesus, pois se assim fosse estaríamos praticando o paganismo (1Cor 10: 20;

Dt 18: 9-13).

Santo Afonso de Ligório ao convidar para a oração recomenda confiar e rezar,

e Deus virá em vosso auxílio:

“Rezai sempre; fazei que vossas orações sejam ouvidas por Deus e

agradecei-lhe sempre as promessas que vos fez de conceder-vos

sempre os dons que pedis, a graça eficaz, a perseverança, a

salvação, e tudo o que quiserdes. O Senhor pôs-nos em batalha

contra poderosos inimigos, mas é fiel às suas promessas. Não

consente que sejamos atacados além das nossas forças. “Deus é fiel

e não permitirá que sejais tentados mais do que podem as vossas

forças”3

3 Para teólogos como São Basílio, São João Crisóstomo, Clemente de Alexandria e outros, inclusive

Santo Agostinho a oração para os adultos é “necessária, não somente por ser um mandamento de Deus, mas também por ser um meio necessário para a salvação”.

Santo Afonso de Ligório, A Oração. São Paulo, Aparecida: Editora Santuário. 2016. Pags. 20 e 48.

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I. 1. A oração solidifica a comunhão dos cristãos com Deus.

Tornar-se ansioso por motivos diversos parece ser um mal, no entanto, consta

nos dias aflitos de muitas pessoas. Todavia, o cristão andar ansioso é inconciliável

com a segurança em Deus (Mt 6: 25), ainda assim, é correto os cristãos usarem de

meios lícitos para satisfazerem suas necessidades materiais (2Co 12: 14; 1Tm 5: 8).

As preocupações ou as ansiedades das pessoas diariamente não têm

aprovações de Deus e revela a falta de fé na atenção e no amor de Jesus Cristo (Fl

4: 6). Veja que o Apóstolo Paulo utiliza a inclusão social na linguagem e diz que não

se pode restringir nada, mas todas as necessidades devem ser expostas na oração.

O antídoto melhor e apropriado para as preocupações e ansiedades é a oração. Ao

rezarmos o terço de Jesus Cristo e de nossa mãe Santíssima revivemos nossa

confiança na fidelidade do Senhor Jesus ao entregarmos todos os problemas que

nos afligem porque Ele cuida de nós (Mt 6: 25-34; 1Pd 5: 7).

Nossos corações e mentes são guardados pela paz que nos foi confiada como

efeito da nossa participação em comunhão com Cristo Jesus (Is 26: 3; Cl 3: 15),

somos fortalecidos pelo Espírito Santo e por Nosso Senhor Jesus Cristo, para

realizarmos todas as obras que Ele gostaria que fizéssemos (Ef 3: 16 -17). Nessa

íntima participação em comunhão obteremos misericórdia, graça e ajuda na medida

em que necessitamos (Hb 4: 16) e temos convicção de que tudo que o Senhor Jesus

consente em nosso favor contribui ao nosso progresso espiritual (Rm 8: 28).

Rezai sempre pelas outras pessoas, pois nelas existem as esperanças de

conversões, para que alcancem a Deus. Deixai que, pelo menos através de vossas

obras, elas se transformem em vossos discípulos. No momento em que elas

estiverem com seus acessos de ira, sejam mansos; defronte de seus hábitos

incontroláveis de grandeza, sejam humildes; diante de suas maldades, oponham

vossas orações; perante seus erros, sejam firmes na fé; em presença de sua

ferocidade, sejam pacíficos, não procurando imitá-los. Sejamos irmãos delas através

da bondade, como também, imitadores do Senhor. Não estejam entre vós nenhuma

erva daninha, mas permanecei em Jesus Cristo com a carne e o espírito. Se tiverdes

em Jesus Cristo fé e amor que são o começo e o fim da vida e juntos, são de Deus,

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e tudo o mais que se refere a perfeição e a santidade os seguem. Cada pessoa se

mantenha na força da fé até o fim.4

No momento em que apresentamos a Deus, em oração, os nossos problemas

e desassossegos, a plenitude de Sua paz se estenderá como guardiã na entrada de

nosso coração e de nossa mente, para não permitir que as inquietações e aflições

atrapalhem-nos o viver e a confiança em Cristo Jesus, nosso Senhor (Is 26: 3- 4, 12;

Rm 8: 35-39; 1Pd 5: 7).

Se o temor e a angustia voltarem, outra vez a oração, o pedido e a ação de

graças nos conduzirão a paz de Deus que protegerá os nossos corações e

novamente sentiremos segurança e nos alegraremos no Senhor Jesus. Com o

Senhor Jesus engajado na vida dos cristãos, teremos força e tranquilidade. Logo

que atendemos a vontade de Deus em oração e a escutar e satisfazer o que Ele nos

pede através do seu Evangelho, Ele nos traz segurança e paz. Nele existe toda a

segurança e Nele colocamos toda a nossa esperança.

A sagrada oração é de grande importância em todas as atividades dos

cristãos. Pela ajuda da oração qualquer cristão, comprometido com os ensinamentos

do Senhor Jesus, pode conservar um caminhar íntimo e seguro com o Senhor

Jesus, e lança o alicerce para o sucesso de muitas outras ações espirituais. A

sagrada oração também assegura êxito no trabalho dos cristãos, realizado contra as

injustiças sociais e a defesa dos valores cristãos ao assumirmos compromissos

através da fé e da graça benevolente do Senhor Jesus Cristo.

Os cristãos poderiam tentar compreender melhor e valorizar por completo a

importância da oração, porque se mirarmos somente como um canal que suporta a

vida espiritual de cada cristão, sem enxergarmos como uma incumbência que nos foi

entregue por nosso Senhor Jesus Cristo, então o nosso trabalho espiritual, o estudo

das escrituras sagradas e a oração ficarão, de fato, comprometidos.

Os discípulos do Senhor Jesus pediram-lhe que os ensinassem a orar.

“Senhor ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos”. Respondeu-lhes:

“Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu Nome; venha o teu Reino; o pão

nosso cotidiano dá-nos a cada dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também

4 Patrística – Padres Apostólicos. São Paulo: Paulus, 2008. págs. 85, 86, 87

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nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação” (Lc 11:

1- 4). Observamos no texto de Mateus a verdadeira oração ensinada por Jesus, o

Pai nosso, encontra-se em (Mt 6: 7-14).

Todos os cristãos deveriam adquirir conhecimento, do talento, da habilidade

da oração e da intercessão, com o Senhor Jesus Cristo. É um estudo em que

deveríamos progredir em graça e conhecimento (2Pd 3: 18). Poderíamos até pensar

que a oração, em sua forma inicial, não seja difícil, mesmo para uma criança,

poderia orar, entretanto, ela, a oração é a mais sublime, maneira de devotamento, a

que todos os cristãos são chamados.

A oração na vida cristã - “Grande é o Mistério da fé”. A Igreja o professa no

Símbolo dos Apóstolos (Primeira parte) e o celebra na Liturgia sacramental

(Segunda parte), para que a vida dos fiéis seja conforme a Cristo no Espírito Santo

para a glória de Deus Pai (Terceira parte). Esse Mistério exige, pois, que os fiéis

nele creiam, celebrem-no e nele vivam numa relação viva e pessoal com Deus vivo e

verdadeiro. Essa relação é a oração5

I. 2. A oração como um agradecimento a Deus.

O escrito de (Rm 8: 28) transmite imenso bem-estar aos cristãos que tem

confiança e que tem fé em Deus, principalmente, quando estamos diante de

obstáculos que nos trazem sofrimentos na vida. Deus edificará em Bem todas as

tribulações, situações aflitivas, castigos e padecimentos, sem consideração da força

ou intensidade. O Bem que Deus proporciona é assemelharmo-nos à imagem de

Cristo e realizarmos nossa elevação espiritual. No entanto, existe uma limitação

nesse compromisso, ele é restrito aos que o amam e lhe são submissos pela fé em

Cristo Jesus (Êx 20: 6; Dt 7: 9 ; Sl 37: 17; Is 56: 4 -7; 1Co 2: 9).

Em Mateus (Mt 22: 37-38), encontramos um importante e valioso mandamento

no qual O Senhor Jesus nos ensina: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu

5 A oração quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e nossa. Deus tem sede de que

tenhamos sede dele. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000. Nº. 2558, 2560, págs.

657 e 658

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coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. Esse é o maior e o

primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: “Amarás o teu próximo

como a ti mesmo”.

Nossa afeição a Deus é evocada devido à compreensão que temos de que o

Senhor Jesus nos ama e que sua intenção nos afiança o bem, visto que, a

providência Divina tem o comando de todas as coisas de maneira que garante que

todas as coisas que acontecem conosco resulta em nossa felicidade! Reconhecer de

maneira alegre a bondade divina, que exprima agradecimento (Sl 69: 30), agrada

aos céus (Mt 11: 25). No livro IX das Confissões de Santo Agostinho ele faz uma

oração de agradecimento,

Vejamos:

“Sou teu servo, Senhor, e filho de tua serva. Quebraste-me as

cadeias; vou oferecer-te um louvor”. Louvem-te meu coração e minha

língua, e digam: “Quem é semelhante a ti, Senhor”? E tu, responde-

me e “dize à minha alma: Eu sou o teu salvador”. Quem sou eu? Que

malícia não houve nos meus atos! Ou, existiu nas minhas palavras, e

na minha vontade! Mas tu, Senhor misericordioso, com tua mão

exploraste as profundezas de minha morte e purificaste o abismo de

corrupção do meu espírito. Isso aconteceu quando eu não queria

mais o que antes desejava, e queria o que tu querias. Mas, onde tinha

estado o meu livre-arbítrio? De que misterioso abismo foi ele

chamado num instante, a fim de que eu inclinasse a cabeça sob teu

jugo suave, e os ombros sob o teu fardo que é leve. O Cristo Jesus,

“minha ajuda e meu redentor”? Quão suave se tornou para mim a

privação das falsas delicias! Eu que tanto temia perdê-las, senti

prazer agora em abandoná-las. Tu, ó verdadeira e suprema

suavidade, as afastavas de mim. Afastavas e entravas em lugar

delas, mais luminoso que toda luz, porém mais oculto que qualquer

segredo, mais sublime que todas as honras. Meu espírito libertava-se

agora das preocupações torturantes da ambição e da avareza, dos

pruridos da sarna das paixões. Ó minha glória e salvação Senhor

meu Deus.”6

6 “O verdadeiro mediador, que tua insondável misericórdia manifestou e enviou aos homens, a fim de

que aprendessem a humildade a exemplo dele, este “mediador entre Deus e os homens é o homem Jesus Cristo”. AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus, 2002. Livro IX. págs. 231 e 232,

Livro X pág. 324

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Cada cristão poderia conservar uma amizade pessoal com o Senhor Jesus

através da sagrada oração. Pretender encontrar um lugar adequado no qual tenha

todas as condições de conversar a sós com Jesus Cristo: “Tu, porém, quando

orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá no

segredo; e o teu Pai que vê no segredo, te recompensará. Mas não useis de vãs

repetições, como fazem os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado

excessivo que serão ouvidos. Porque vosso Pai dos céus sabe do que tendes

necessidade antes de lho pedirdes.” (Mat. 6: 6- 8).

A oração quando rezada sozinha, no quarto, se tornará uma fonte energética

de luz na vida do cristão. Mas deverá ser uma prática constante em nossas vidas,

assim sendo, o Senhor Jesus se satisfaz e nos compensará em público. Nos

momentos em que estivermos diante do público e tivermos de passar por

dificuldades, O Senhor nos mostrará o caminho adequado para sairmos dos

embaraços.

O público presente perceberá que nossa confiança, perseverança e

honestidade de intenções somente poderão brotar do Senhor Jesus. Existe uma

graça divina para os encontros de orações:

“Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa

que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está

nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome,

ali estou eu no meio deles (Mt 18: 19-20)”7

Os cristãos sentem a necessidade de rezar pessoalmente em segredo, mas

também das orações públicas juntos com outros cristãos. Os cristãos estão reunidos

juntos como membros de um todo através do Espírito Santo, e devem trabalhar

unidos como, principalmente, em oração, pois a oração foi um dos principais meios

que Jesus Cristo utilizou para divulgar seu Evangelho e para atingir seus objetivos.

Habitualmente quando fazemos nossas orações solicitamos de alguma forma,

alguma graça ou benção que nos favoreça na vida, entretanto, é necessário não

deixarmos de ser gratos por todas as coisas que já conquistamos. Normalmente as

pessoas que se sentem gratificadas e meditam sobre a gratidão querem que tudo

aquilo que é de melhor aconteça na vida das pessoas. Uma oração curta e simples

7 Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1995. págs.1872 e 1873

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de ser rezada, dentre tantas outras possíveis, é: Senhor Jesus, muito obrigado pelo

dia de ontem, de hoje e de amanhã e pela paz. Por favor, dirija-me, oriente-me e

guie-me. Devemos sempre pedir a Deus a sua graça e salvação e que nos

acompanhe sempre.

O salmo 4 da Bíblia Sagrada é conhecido como a Oração da tarde ou da

Noite. Este salmo é assim conhecido por ser uma mensagem de agradecimento do

Rei Davi ao Senhor Iahweh e pedido de descanso com serenidade e segurança. O

Salmo foi composto pelo Rei Davi em suas tribulações. Ao anoitecer, antes de

dormir, ele entregava ao Senhor Iahweh, o Pai Espiritual de Jesus, as suas aflições

e em seguida adormecia em paz. Mas é bom lembrarmos de que tanto ao anoitecer

quanto ao amanhecer no dia seguinte é bom fazermos nossas orações e em paz.

I. 3. A oração é indispensável e significativa para Jesus Cristo.

O caminho do ser humano neste mundo abarca toda a sua vida, suas práticas

de vivência, seus resultados favoráveis ou desfavoráveis. O nosso caminhar na fé

requer dos cristãos a devoção à oração. A importância da oração está em sua

prática diária como elemento essencial à nossa vida Espiritual. A oração faz parte do

embate dos que labutam no dia-a-dia onde os resultados mais favoráveis são

alcançados por meio da cooperação de Deus. Se não orarmos com empenho e

dedicação nas mais diversas situações demonstraremos insensibilidade espiritual

(Lc 18: 1; Rm 12: 12; Fl 4: 6; Cl 4: 2; 1Ts 5: 17).

Quando erguemos a Deus nossas preces, com o sentimento colocado em

Jesus Cristo e nos seus ensinamentos (Jo 15: 7), a paz do Senhor Jesus enche

nossa alma atribulada, dando-nos uma serenidade interna que o Espírito Santo nos

transfere (Rm 8: 15 - 16). Jesus marcou seu tempo ensinando e orando.

Percebemos Jesus dando ênfase ao valor da oração em diversas condições: Em (Lc

11: 5 – 8), Ele menciona uma interessante parábola, reconhecida como a de um

amigo inoportuno, cujo tema principal é a oração. Um homem vai à casa do amigo,

no meio da noite, pedir três pães emprestados. Jesus então ensina dois fatos:

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De início, confiar no amigo para solucionar o problema, porque ele tinha os

pães e certamente poderia atendê-lo; em seguida, conservar-se firme e constante,

criando embaraço no coração daquele que faz o benefício, de acordo com a

conclusão do verso 8: caso o amigo se recusar em atender ao pedido, mesmo

considerando o valor da amizade, ainda assim, o atenderá totalmente diante da

importunação. Em (Jo 11: 41-42), no fato relacionado com a ressurreição de Lázaro,

podemos observar mais uma importante continuação da oração. Jesus enaltece a

indispensável certeza que devemos ter ao realizarmos nosso pedido. Vejamos que

Jesus afirmou: “Pai, dou-te graças porque me ouviste”.

Na Patrística, Padres Apostólicos, encontramos a Didaqué, o catecismo dos

primeiros cristãos. Nesse documento encontramos um pedido para não rezarmos

como os hipócritas, mas como o Senhor nos ordenou no seu Evangelho. Rezem

assim, três vezes ao dia:

“Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu

reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos

hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa dívida, assim como

também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair

em tentações, mas livrai-nos do mal, porque teu é o poder e a glória

para sempre.”8

No Catecismo Da Igreja Católica encontramos de forma detalhada como a

oração nos conecta a Jesus, orando com humildade, numa relação de Aliança entre

Deus e o homem em Cristo que nasce da alma ou Espírito Santo, num impulso do

coração, que é superior a razão.

“Ao orar, o Senhor Jesus já nos indica como fazer nossas preces. A

via teológica de nossa proteção é a oração a seu Pai. Também o

Evangelho nos apresenta um ensino claro de Jesus sobre a oração.

Como mestre, Ele nos recebe onde estamos e, gradativamente, nos

dirige ao Pai. Encaminhando-se às multidões que o acompanham,

Jesus parte daquilo que elas já aprenderam da oração, de acordo

com a Antiga Aliança, e as abre para a novidade do Reino que

vem.Depois lhes revela em parábolas essa novidade. Finalmente,

8 Oração e jejum são duas práticas intimamente ligadas. O jejum lembra à pessoa que existe uma

fome maior; que só a vinda do Reino de Deus pode satisfazer. A oração mantém a pessoa aberta para o projeto de Deus e consciente dos pedidos essenciais, para que esse projeto se realize. Patrística -. Padres Apostólicos. São Paulo: Paulus, 2008. págs. 352 e 353.

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falará abertamente do Pai e do Espírito Santo a seus discípulos, que

deverão ser pedagogos da oração em sua Igreja.”9

No capítulo 6 de Mateus, o termo hipócrita é utilizado para representar

aquelas pessoas que executavam boas ações, não por piedade ou outros bons

motivos, mas para conquistar fa,a diante dos homens. Seus atos praticados eram

bons, mas os interesses não. A vanglória para os hipócritas, como recompensa, é

muito significativa, porém o Senhor Deus gratificará os que são sinceros em sua fé.

O Senhor Jesus nos ensina que ao efetuarmos alguma oferenda a Deus ou,

no geral, darmos qualquer coisa às pessoas, teremos de ofertar e dar com o coração

puro, sem desejar obter qualquer benefício em troca. Todas as nossas ações, por

conseguinte, terão de ser entregues a Deus.

O Senhor Jesus também nos da instrução de que a parte fundamental da

oração não é a justificação ou legitimação em público, mas a comunicação ou união

particular com Deus. No entanto, é permitida a oração em público, contudo, se

alguém ora cujo objetivo é ser visualizado pelos outros, compreende-se que tal

pessoa não se dirige de verdade a Deus.

Quando estivermos orando não devemos utilizar de inúteis repetições de

palavras. Se ao rezarmos formos honestos e sinceros em nossas orações não

correremos o risco de pensarmos que estamos rezando demais. Deste modo, o

cristão, antes de iniciar suas orações deve certificar-se de sua sinceridade diante de

Deus, e utilizar palavras que manifestem seus sentimentos verdadeiros.

O Senhor Jesus indicou aos seus discípulos como orar, mas todos os cristãos,

também, deverão aceitar como exemplo para as suas orações. O “Pai nosso, que

estais nos céus, santificado é o teu nome, venha a nós o seu reino, seja feita a sua

vontade, na terra como nos céus” pode ser compreendido como uma confissão de

louvor e uma promessa feita de dignificar e respeitar o nome do Senhor Deus.

O reino religioso do Pai foi comunicado na aliança com Abraão (Mt. 8: 11);

(Lc 13: 28), e encontra-se no reino de Jesus Cristo, no coração de todas as pessoas

(Lc 17: 21). O Reino Espiritual de Cristo é de todos os cristãos e é também para toda

a Humanidade

9 Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000. págs. 670 e 671

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CAPÍTULO II

ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO DOS CRISTÃOS

Os cristãos somente conseguem viver melhor com a atuação contínua do

Espírito Santo em suas vidas. Diante disto, ao confortar e animar aos seus

discípulos a respeito de sua ida para junto do Pai, Jesus lhes disse que mandaria o

Espírito Santo, o qual lhes daria proteção e amparo para sempre (Jo 14: 16-17). O

compromisso que Jesus assumiu se realizou e a sua Igreja permaneceria por todos

os tempos com os cristãos.

Os cristãos acreditavam no grande valor da atuação do Espírito Santo porque

daria energia e poder à Igreja de Cristo conduzindo-a a testemunhar “... até os

confins da Terra” (At 1: 8). Este compromisso se realizou no dia de Pentecostes (At

2: 1) e o Espírito Santo chegou e ocupou como morada os cristãos. Ele desempenha

uma função essencial na proteção dos cristãos, conduzindo-os a tomar consciência

de seus erros e voltar-se para Deus.

A oração é uma nascente de crescimento espiritual. Ela é uma

importantíssima ferramenta a disposição dos cristãos. Muitas pessoas dizem que

ninguém deve reivindicar nenhuma coisa a Deus, porque Ele tem plena ciência de

todas as nossas carências. Entretanto o Senhor Jesus indicou aos seus discípulos

como orar.

Vejamos: (MT 6: 5 -15)

“E quando orardes, não sejais como os hipócritas,... Tu, porém, quando

orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no

segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. Nas vossas orações

não useis de vãs repetições, como os gentios,... Não sejais como eles, porque o

vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes.” Portanto, orai

desta maneira:

“Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu Nome, venha o

teu Reino, seja feita a tua Vontade na terra, como no céu. O pão

nosso de cada dia dá-nos hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas como

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também nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos exponhas

à tentação, mas livra-nos do Maligno.”10

Através do costume de rezar e por motivo do pedido com humildade, nossas

solicitações terão como resultado o reconhecimento perante Deus (Fl: 4: 6). O

Espírito Santo nos concede ajuda pela prática da oração, conduzindo-nos a orar

mediante o desígnio de Deus (Rm 8: 26-27 e 1Jo 5: 14). A igreja dos tempos dos

apóstolos permanecia continuamente em oração (At 2: 42). Por este motivo tinha

muito vigor e dinamismo; sua demonstração de testemunho provocava mudança na

sociedade e muitas pessoas se voltavam para Jesus Cristo.

Quando rezamos, com a ajuda do Espírito Santo, “O pão nosso de cada dia

nos daí hoje” confirmamos que O Senhor Deus é quem nos mantém e preenche

nossas carências. Expressamos a confiança em Deus pelos suprimentos diários

daquilo que Ele sabe que necessitamos. Como seguidores do Senhor Jesus, os

cristãos expressam as suas obrigações de rezar para que estejam amparados nos

tempos difíceis. Isto não quer dizer que a oração realizada com a ajuda do Espírito

Santo seja algum tipo de amuleto.

A sagrada oração é uma graça divina generosa que o Senhor Jesus Cristo

ensinou e deu para todos os cristãos. O Senhor Deus anunciou que não permitirá

que soframos tribulações acima de nossas capacidades de suportá-las (1Co 10: 13).

No mundo inteiro, atualmente, todas as pessoas vivenciam alguns tipos de conflitos

e dificuldades, mas com a graça do Espírito Santo, pedimos a Deus que nos ajude a

reconhecê-los e vencê-los e a escolher o caminho melhor para seguirmos.

O Senhor Jesus nos instrui também sobre o perdão. Em nossas orações se

não aceitarmos conceder perdão aos outros, o Senhor Deus, da mesma forma, se

recusará a nos dar o seu perdão. Pois se renunciarmos a perdoar aos outros, não

admitimos a intervenção e a graça do Espírito Santo e discordamos de nossa

posição de pecadores que necessitam do indulto de Deus. Não existe nenhuma

dificuldade em pedirmos perdão a Deus, entretanto, não é fácil e comum

concordarmos a conceder perdão aos outros. Em Mateus encontramos: “Pois, se

perdoardes, aos homens os seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará;

10

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008. págs. 1713.

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mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos

delitos. (Mt. 6: 14-15)

Quando Jejuamos e entramos em oração realizamos uma atividade

importante e fundamental, porém difícil. Através da oração, podemos falar com o

Senhor Deus, aprendemos a nos disciplinarmos, a sermos mais humildes e a

reconhecermos os benefícios recebidos. O Senhor Jesus não reprova o jejum

quando praticado com boas intenções pelos cristãos, porém, a prática do jejum

realizada com hipocrisia para obter reconhecimento público não é aprovada (Mt. 6:

16 – 18). Os fariseus praticavam o jejum, a fim de chamar a atenção do povo por

sua santidade. O Senhor Jesus fez saber que as pessoas quando jejuassem, não

fizessem do jejum uma exibição.

A oração é o que faz mover os cristãos e sem ela não se pode caminhar na fé

e realizar a vontade de Deus. Por suas preces muitos cristãos alcançaram à

santidade; sem o poder da oração, ninguém conhecerá pela experiência a glória e o

poder de Deus. O Senhor Jesus nos mostra a necessidade de “orar sempre sem

jamais esmorecer” (Lc 18: 1), e São Paulo nos indica: “Orai sem cessar. Por tudo daí

graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus” (1Ts 5:

17-18). Jesus pronunciou com muita clareza: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:

5).

A nossa visibilidade espiritual é podermos enxergar com clareza o que Deus quer

mostrar-nos, do mundo, sob a ótica divina. Entretanto, este entendimento espiritual

poderá perder seu brilho. A vontade de satisfazer objetivos e sentir interesses

indignos, perversos e pessoais impedem essa visão. Realizar serviço devocional a

Deus com boas intenções e sem mácula, é o caminho adequado para manter a

conexão com Deus.

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II. 1. O Espírito Santo intervém em favor dos cristãos.

O Espírito Santo oferece continuidade a tudo aquilo que Jesus Cristo realizou

no decorrer de seus ensinamentos na Terra Santa. O Espírito Santo dá continuidade

em ação, por todos os seus discípulos, em tudo aquilo que o Senhor Jesus

concretizou por eles, por todo o tempo em que esteve junto deles. O Espírito Santo

estava com eles para lhes dar proteção (Mt 14: 30-31), direcionar adequadamente

suas vidas, confortar nas angustias, aflições, dificuldades e atuar intervindo, por

seus discípulos em oração (Rm 8: 26-27) e estar com eles por toda a eternidade.

O Senhor Jesus interage na presença de Deus por todos os cristãos, morreu

na cruz e ressuscitou como expiação dos nossos pecados e para o fortalecimento da

nossa fé nEle, além de intercessor de todos nós (Rm 8: 34; Hb 7: 25). O Senhor

Jesus, por isso, nos auxilia e intercede, no céu, junto a Deus, ao passo que, o

Espírito Santo nos dá assistência, socorre e reside em todos os cristãos de todas as

nações (Rm 8: 9, 26; 1Co 6: 16-17; 2Tm 1: 14).

Por meio das palavras de Jesus o Espírito Santo conduz os cristãos ao

caminhar na trilha verdadeira ”(Jo 16: 13). O Senhor Jesus faz alusão ao Espírito

como Espírito da verdade. Dentre suas muitas ocupações uma delas é conduzir os

cristãos na senda da verdade. O Espírito Santo torna possível aos cristãos entender

as Escrituras Sagradas, obtendo, das mesmas, orientação de como viver. Ele atua

como esclarecedor dos ensinamentos Bíblicos que Ele inspirou (2Tm 3: 16).

Irineu de Lião, no livro da Patrística Contra as Heresias, faz referência ao

Profeta Elias que convocou todo Israel no monte Carmelo, diz-lhes, para afastá-los

da idolatria e fala assim aos sacerdotes dos ídolos: “... Vós invocareis o nome dos

vossos deuses e eu invocarei o nome do Senhor, meu Deus: e o Deus que hoje nos

escutar é o Deus verdadeiro”. O profeta indicava que os que se julgavam deuses

não eram divindades reais e os convidava a dirigir-se ao Deus em que ele cria. E

que ele invocava assim: “Senhor Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó,

escuta-me hoje, e que todo este povo entenda que tu és o Deus de Israel! ”

Vejamos a oração de Santo Irineu de Lião:

“Eu também te invoco, ó Senhor, Deus de Abrão, Deus de Isaac,

Deus de Jacó e de Israel que és o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo;

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ó Deus, que na abundância da tua misericórdia te comprazeste em

nós para que te conhecêssemos; que criaste o céu e a terra, que

dominas sobre todas as coisas e que és o único verdadeiro Deus

acima do qual não há outro Deus; que por nosso Senhor Jesus Cristo

nos ofereces o dom do Espírito Santo concede a quem lê este escrito

que reconheça que só tu és Deus, seja confirmado em ti e se afaste

de doutrinas heréticas, negadora de Deus e sacrílega.” 11

O Senhor Jesus nos ensinou que tenhamos apenas um guia ou Senhor. O

mundo inteiro é predominado por sociedades, onde a grande maioria das pessoas

são escravas do dinheiro e dos bens materiais. Empregou todo o tempo de sua vida

acumulando-os, até consciente de que ao falecer não levarão consigo. A cobiça da

maioria das pessoas pelo dinheiro e o desejo de acumular outros bens materiais é

muito superior ao seu compromisso com Deus e com os assuntos espirituais e

religiosos. O amor e o apego excessivo aos seus bens materiais é a origem de

muitas espécies de mal (1Tm 6: 10).

O Senhor Jesus confrontou os valores celestiais com os terrenos no momento

em que ensinou que temos a obrigação de direcionar a nossa vida para tudo aquilo

que não têm a possibilidade de ser roubado ou consumido e que jamais sofre

desgaste. O Senhor Jesus nos chama a decidirmos para vivermos satisfeitos com o

que temos; por isso, teremos que dar preferência pelo que é eterno e duradouro.

Por motivo dos malefícios causados pela preocupação, O Senhor Jesus nos

aconselhou a não ficarmos aflitos diante das carências que o Senhor Deus nos

assegurou prover. A inquietação tem o poder: 1) causar danos a nossa saúde; 2)

diminuir nosso cuidado por causa de certas situações; 3) atingir de modo negativo a

nossa forma de proceder com os outros; 4) reduzir nossa atenção no Senhor Deus,

entre outras reações negativas..

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6: 33) ”12. São

muitos os afazeres no dia-dia das pessoas, no mundo moderno, que elas até não

reservam um pouco de tempo para conversar com Deus em suas orações, e dar

prioridade as coisas de Deus em suas vidas, e com os seus pensamentos voltados

para a vontade do Senhor.

11

IRINEU, Santo, Bispo de Lião, Contra as Heresias. São Paulo: Paulus, 2012. págs. 260-261 12

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1995. págs.1849

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Quando as pessoas se dedicam para estabelecer um planejamento para o dia

a dia é ótimo, entretanto, ter preocupações exageradas com o dia de amanhã, o

futuro, não é aconselhável. Os cristãos poderiam planejar suas vidas, no dia-a-dia,

pois, o planejamento tem a possibilidade de suavizar as preocupações, minimizar as

aflições. Entretanto, aquelas pessoas que ficam cheias de ansiedades são afligidas

pelo temor e, com isso, torna-se muito difícil desenvolver e manter a confiança no

Senhor Jesus. Não podemos deixar que as preocupações com o dia de amanhã

possam prejudicar nosso relacionamento com o Senhor Jesus hoje.

O direcionamento na oração surge do Espírito Santo. “Igualmente o Espírito

Santo nos auxilia nas nossas falhas. Visto que nós não sabemos pelo que devemos

orar, adequadamente, mas o próprio Espírito Santo realiza a intercessão por nós”

(Rm 8: 26). Poderíamos nos consagrar de modo contínuo a sermos conduzidos pelo

Espírito Santo, para administrarmos os nossos pensamentos, orações e toda a

nossa vida.

O Espírito Santo age na transformação da humanidade, e opera como

acelerador do desenvolvimento das vidas dos cristãos. O requisito exigido de todas

as pessoas que queiram ter uma vida cristã de verdade e que queiram conduzir

suas almas a chegarem ao Senhor Jesus é que estejam cheias do Espírito Santo (At

4: 31; Ef 5: 18).

II. 2. O Espírito Santo atende aos cristãos pela oração.

O Espírito Santo nos fortalece nos momentos em que estamos debilitados. Ele

faz questão de socorrer aos cristãos e ensiná-los a orar. Podemos observar que os

cristãos têm dois interventores maravilhosos: Jesus Cristo atua junto ao Pai no céu

pelos cristãos (Hb 7: 25; 9: 24; 1Jo 2: 1) e o Espírito Santo age no coração dos

cristãos, no plano terreno. Por vezes, as situações de desesperanças são tão

intensas que os cristãos poderão entrar em desespero.

É aí, nesse instante, que o Espírito Santo age em socorro aos cristãos que

“gemem”, têm aflições e fraquezas que procedem de seus corações. As intenções e

anseios espirituais dos cristãos surgem no Espírito Santo, que reside nos nossos

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corações. Neste sentido, perseveramos, e com a ação do Espírito Santo junto ao Pai

aguardamos a redenção (Rm 8: 23-25). Ele pede ajuda a Deus para nos socorrer em

nossas necessidades “segundo o desígnio de Deus” (Rm 8: 27). A oração é causa

de amor.

O melhor modo de oração é a ligação de amor entre os cristãos e Deus.

Caminhar com Deus na mais agradável integração da oração é uma amizade

ininterrupta. Os cristãos, em alguns momentos podem se sentirem sem possibilidade

de dialogar com Deus. Todavia, os cristãos têm um excelente orientador! Eles têm O

Espírito Santo que lhes transmite ensinamentos sobre tudo. O nosso aprendizado é

constante, e o de melhor qualidade, porque temos a permanência do Espírito de

Deus em nós.

A Igreja é o Corpo de Senhor Jesus Cristo. De modo individual, cada fiel

cristão é uma parte da igreja (Rm 12: 5). Como entidade atuante de Deus, ela realiza

a sua missão no mundo pela ação de cada membro. Para o desempenho e

realização da missão da igreja a todos os povos, o Espírito Santo outorgou dons

espirituais aos cristãos para cumprimento da obra de Deus (1Co 12: 4-7). Há muitos

dons diferentes, entretanto, o Espírito Santo é único; diversos ministérios, muitas

formas de agir etc., contudo, o Senhor Jesus Cristo é o mesmo e Deus, de todos os

cristãos.

Vejamos como é determinada a oração dos fiéis na Constituição

Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia.

“Restabeleça-se a oração em comum dos fieis, após a leitura do

evangelho e da homilia, principalmente nos domingos e dias de

festividades. As pessoas que dela participarem orem em público pela

Igreja, pelos que governam, por todos os que têm necessidades e

pela salvação de toda a humanidade. ”13

O sagrado Concílio convida de modo persistente e individual, todos os fiéis,

principalmente os religiosos, a que aprendam “a importante ciência de Jesus Cristo”

(Fl 3: 8) com a leitura diária das Sagradas Escrituras. De bom grado tenham contato

com o próprio texto, quer através da sagrada liturgia, rica de palavras divinas, quer

13

VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo:

Paulinas, 2007. pág. 156

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por meios de cursos apropriados e outros meios, com a aprovação e estímulos dos

Pastores da Igreja. Lembremos que a oração deve acompanhar a leitura da Sagrada

Escritura, para que haja colóquio entre Deus e o homem; pois “com Ele falamos

quando rezamos, e a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos”.14

O Espírito Santo habilita os cristãos a difundirem um Evangelho que converte.

Ao mesmo tempo em que o orador fala, o Espírito Santo atua no coração de cada

pessoa que ouve, gerando fé. Ninguém pode separar o Espírito Santo da pregação.

Pois uma pregação sem a devoção ao Espírito Santo não é recomendável e é sem

sentido. Mudanças duráveis na identidade pessoal de cada ser humano só são

realizadas pelo Espírito Santo. Aquelas pessoas que sofrem mudanças

parcialmente, e por pouco tempo, não foram realizadas pelo Espírito de Deus. .

O Espírito Santo oferece o crescimento completo da vida cristã. Os Cristãos

tornam-se umas pessoas que participam de Cristo (Hb 3: 14). Essa convivência

entre os cristãos e o Senhor Jesus é desenvolvida pelo Espírito Santo. Jesus Cristo

é a videira e os cristãos estão associados a Ele pelo Espírito Santo (Jo 15: 5). Esse

modelo de comunhão esteve presente entre os cristãos da Igreja nascente, isto é,

Primitiva (At 2: 42).

Caminhando através da palavra. “... ele vos direcionará em toda a verdade”

(Jo 16, 13). O Senhor Jesus se refere ao Espírito Santo como “Espírito de verdade”.

Dentre suas tarefas uma delas é conduzir os cristãos em situações difíceis. O

Espírito Santo torna possível ao cristão adquirir a compreensão das escrituras

sagradas, obtendo delas direção para as suas vidas. O Espírito Santo atua

iluminando a palavra de Deus que ele próprio inspirou, (2Tm 3, 16).

Depois que Jesus concluiu a obra que o Pai lhe confiara (Jo 17: 4), o Espírito

Santo foi enviado, no dia de Pentecostes, como fonte permanente de santificação da

Igreja, dando assim, a aqueles que acreditam em Cristo, acesso ao Pai (Ef 2: 18). O

Espírito Santo leva a Igreja à verdade plena (Jo 16: 13) e a unifica na comunhão e

no ministério. Com os diversos dons hierárquicos e carismáticos, a instrui, dirige e

enriquece com seus frutos (Ef 4: 11-12; 1Cor 12: 4; Gl 5: 22).

14

DEI VERBUM. Constituição Dogmática sobre a revelação divina. São Paulo: Paulinas, 2011. págs.

34-35

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30

Os cristãos necessitam, para as suas sobrevivências, da ação constante do

Espírito Santo em suas vidas. Por isso, ao dizer aos seus discípulos a respeito de

sua partida para junto do Pai, Jesus garantiu-lhes que enviaria o Espírito Santo, que

os daria assistência em todos os momentos (Jo 14: 16- 17).

II. 3. Os cristãos são as moradas do Espírito Santo.

Os cristãos tendo nascidos de novo, então, o corpo de cada um dos cristãos,

é templo, morada e o habitat do Espírito Santo. Ele é o símbolo de Jesus Cristo filho

de Deus nos cristãos, marca de que a Ele os cristãos pertencem (Rm 8: 9-11).

Devido ao Espírito residir nos cristãos, e sermos partes de Deus, nossos corpos

deveriam ser isentos de todas as impurezas e podermos viver cantando, glorificando

e agradecendo a Deus em nossos corpos. O compromisso do Espírito Santo para

residir nos cristãos, seu povo, concretizou-se após a ressurreição de Jesus Cristo,

no momento que Ele soprou sobre eles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo

20: 22).

Um versículo importante que debate a completude do Espírito Santo neste

tempo é (Jo 14: 16), em que o Senhor Jesus declarou que o Espírito Santo

permanecerá nos cristãos para sempre. É de muita relevância possuir interiormente

o Espírito Santo. Possuir durante todo tempo, internamente, o Espírito Santo, não

será apenas para pequena quantidade de cristãos, ao contrário, será para todos os

cristãos de todo o mundo. Existem diversos comunicados nas escrituras que

fundamentam esta conclusão.

Um deles nos diz que o Espírito Santo é um dom, uma dádiva, gratuito a

todos aqueles que crêm em Jesus Cristo, e só tem uma exigência estabelecida a

isto, a fé em Jesus Cristo (Jo 7: 37-39). Outro nos afirma que o Espírito Santo é dom

gratuito no instante da salvação e que o selo e a ação de acolher ou receber o

Espírito, ocorreram no instante em que se creu (Gl 3: 2; Ef 1: 13). E ainda, o

Espírito Santo mora em todo cristão de modo permanente. O Espírito Santo é dom

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gratuito aos cristãos como segurança ou confirmação de sua salvação em Jesus

Cristo (2Cor 1: 22 ; Ef 4: 30).

Existe um pedido em Efésios para que os cristãos se encontrem repletos, em

plenitude, do Espírito (Ef 5:18). É necessário concordarmos com o Espírito Santo na

medida em que ele nos possua em tudo, e desta forma, tornarmo-nos plenos. Em

(Rm 8: 9) e (Ef 1: 13-14) está confirmado que ele tem sua morada em todo cristão,

entretanto, poderá tornar-se triste (Ef 4:30), e sua ação em nosso interior poderá se

extinguir (1Ts 5:19). No momento em que deixamos que isto ocorra não sentimos a

completude da ação e poder do Espírito Santo, em nosso interior e por meio de nós.

Para que estejamos repletos do Espírito Santo, ele terá que ter total liberdade,

desempenho, para preencher toda nossa vida, conduzindo-nos e direcionando-nos.

Seu agir, com isso, têm as condições de ser feito pelos cristãos, no intuito de que os

frutos de nossas ações agradem a Deus.

“ O Espírito Santo faz brotar a vida e é fonte primária para a vida

eterna, por ele o Deus Pai, dá vida a todas as pessoas que estão

mortas pelo pecado. Ele mora na Igreja e no coração de todos os fiéis

como um templo em que ora e faz conhecer que são filhos adotivos”15

Deus manifesta a sua vontade em comunhão com o ser humano;

enxergamos este fato por meio das escrituras e fomos gerados de acordo com sua

imagem e semelhança (Gn 1: 26-27). Com o coração cheio de amor, mas somente

fica satisfeito, no momento em que lhe houver possibilidade de residir e conviver

com o ser humano, uma de suas criações preferidas.

“Porque assim diz o Senhor que está nos céus, que habita na

eternidade e cujo nome é santo: Numa sublime e virtuosa morada

habito, e também com os humildes e desanimados, para dar vida aos

espíritos dos humildes e para reanimar os corações dos fatigados”. (Is

57: 15).

15

VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo: Paulinas, 2007. pág. 187

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Quando acontece o arrependimento das ações praticadas (At 2: 38) é um

indício de que as pessoas estão atravessando um curso de conversão,

conseqüência do trabalho realizado pelo Espírito Santo no coração humano. Isso é

essencial, uma vez que, mortos em seus delitos e pecados, (Ef 2: 1-3), as pessoas

não se dispõem de meios próprios adequados de voltarem-se para Deus. Suas

naturezas, adulteradas pela contaminação do pecado, impossibilita-as de

relacionarem-se com o Senhor Jesus.

No arrependimento acontece como particularidade a mudança de

pensamento e de atitudes (Rm 12: 12). As pessoas se afastam do pecado e de sua

indisciplina contra Deus. Há, por conseguinte, uma revisão de opinião, uma

correção dos conceitos e, uma posição renovada na vida espiritual surgida da

certeza de pecado e de arrependimento.

O arrependimento e o novo nascimento (Jo 3: 3-5) estão muito ligados um ao

outro mediante o desejo do homem de submeter-se a ação divina. O Senhor Jesus

nos seus ensinamentos nos disse que o compromisso do Espírito Santo é persuadir

o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16: 8-11).

Esse processo tem como resultado a conversão. Na sua carta a Tito, Paulo

afirma: “Não pelas ações justas que houvéssemos praticado, mas por sua plena

misericórdia, fomos libertados pelo poder da regeneração e da renovação do

Espírito Santo” (Tt 3: 5). Depois desse processo, o Senhor Jesus têm o lugar central

na vida daqueles que se converteram. As posses materiais, os ideais pessoais,

dentre outros, ficam lá para trás, colocados em último plano. O Espírito Santo exerce

um papel fundamental na salvação dos homens, levando as pessoas a

reconhecerem seus pecados e voltar-se para Deus.

Conduzidos pelo Espírito Santo, os cristãos dizem: “vem Senhor Jesus!” (Ap.

22, 20). A experiência do Espírito Santo em todas as sociedades faz com que os

cristãos se tornem inquietos e busquem como pátria o mundo todo, e que os faz

buscarem o Reino de Deus (Hb: 13-14), pois é exatamente esta experiência que os

leva a se oporem e a resistirem a um mundo sem Deus, um mundo da violência e da

morte. O Espírito Santo os faz ricos em experiência e ricos em esperança, porém

pobres e solitários vivendo num mundo às avessas. No clamar pela vinda do

Espírito Santo os gritos dos que não têm voz são acolhidos das profundezas e

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levados à presença de Deus. No orar pela vinda do Espírito os homens se abrem

para o seu futuro.

CAPÍTULO III

OS CRISTÃOS CHEGAM A DEUS PELA ORAÇÃO

A vida espiritual não é sintetizada somente na participação ativa na liturgia.

Convidado a orar em comum, com outras pessoas, os cristãos não devem deixar de

entrar em seus quartos, para orar ao Pai no segredo da oração (Mt 6: 6). Ao

contrário, de acordo com a sugestão do Apóstolo, devem orar sem cessar (1Ts 5:

17). Os cristãos aperfeiçoam a sua convivência com Deus e a fé cristã através da

oração constante, confiante e disciplinada.

A oração é um recurso útil e adequado que Deus emprega para aperfeiçoar a

integração dos cristãos com Ele. Conversar com Deus em oração é uma

preciosidade e um momento propício para os cristãos. A perda da ocasião favorável

de falar com Deus e escutá-lo, no momento em que fazemos nossas orações, é

enfermidade espiritual, que requer cuidados (Is 55: 6; Jr 29: 13).

Com a oração torna-se mais próxima à comunhão dos cristãos com Deus e os

cristãos instauram e aperfeiçoam uma convivência mais profunda com Ele. O

Senhor Deus é detentor de saber ilimitado, sabe de tudo! Entretanto, os cristãos têm

a necessidade de serem claros e cuidadosos em suas orações. “As vossas

necessidades sejam apresentadas diante de Deus, pela oração e súplicas em ação

de graças” (Fl 4: 6). Pela oração, os cristãos apresentam ao Senhor Jesus suas

inseguranças, sofrimentos, aflições para que Ele possa agir em seus benefícios (Sl

72: 12-13).

A manifestação, ação de graças, é um modo de festejarmos e louvarmos a

benevolência divina, que revela gratidão (Sl 69: 30-31). Esta prece, de acordo com o

exemplo do Senhor Jesus, é agradável ao céu (Mt 11: 25). Toda uma vida de

contínua oração unida ao conhecimento e ao cumprimento das Sagradas Escrituras,

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guia os cristãos a uma vida de reconhecimento por benefícios recebidos e contínuas

descobertas das grandezas de Deus (1Ts 5: 17-18).

O Senhor Jesus enfatiza a importância da oração com a sua prática habitual

como parte integrante e fundamental, indispensável à vida espiritual de todos os

cristãos. Não devemos esquecer de que a oração “no Espírito Santo” é a porta da

armadura de Deus para com os cristãos nas suas lutas contra os obstáculos

demoníacos (Ef. 6: 11-12, 18).

Os cristãos estão cientes de um Deus, que é pessoal e deseja se unir com

seus filhos. Bem próximo de sua morte, no martírio, o Senhor Jesus consolou e

reanimou seus discípulos com o compromisso de que suas orações seriam

correspondidas se encaminhadas diretamente ao seu Pai, em seu nome (Jo 14: 13-

14).

O Senhor Jesus, em sua missão terrena, percebeu que precisava orar porque

descobriu o quanto era importante à vida diária em oração. Os seus seguidores ao

se defrontarem com o exemplo de Jesus reconheceram que tinham a mesma

necessidade e pediram-lhe. “Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus

discípulos” (Lc 11: 1-4). Vejamos a seguir: “Pai, santificado seja o teu nome; venha

o teu reino; o pão nosso cotidiano dá-nos a cada dia; perdoa-nos os nossos

pecados, pois também nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair

em tentação”.

Depois da morte e da subida de Jesus Cristo ao Céu, os seus discípulos

obtiveram a assistência do Espírito Santo (Jo 14: 16-17) e passaram a saborear da

doce e constante paz de Jesus. Tais graças divinas são conquistadas do Pai que

está nos céus quando os cristãos chegam a Ele pela Oração e com fé inabalável no

Filho de Deus, Jesus Cristo.

O Espírito Santo de Deus age nas orações dos cristãos. O Espírito Santo é

interventor em benefício dos filhos de Deus. Os filhos de Deus jamais estarão

sozinhos quando estão rezando. Existe um protetor designado pelo Senhor Jesus

para ajudá-los em suas dificuldades que é o Espírito Santo (Jo 14: 16). Os cristãos

possuem muita fé e confiança porque sabem que suas orações são orientadas e

vinculadas ao Espírito Santo e Ele ajuda aos cristãos a rezarem.

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O Espírito Santo protege os cristãos quando estão orando. Ele junta-se aos

cristãos em seus pedidos, para modelar a oração de difícil compreensão pelo

entendimento humano. Igualmente da forma que o Senhor Jesus Cristo intercede

pelos cristãos no Céu (Rm 8: 34). O Espírito Santo, conhecedor das carências dos

seres humanos, sabe das necessidades de cada cristão e intercede junto ao Senhor

Jesus pelos que já estão salvos (Rm 8: 27). Jesus Cristo, filho de Deus, celebrado

como “único santo” (Lc 1: 35; Mc 1: 24; Lc 4: 34; Jo 6: 69),

“... amou sua Igreja como esposa, entregou-se por ela para torná-la

santa, uniu-se a ela como a seu corpo e a santificou, com o dom do

Espírito Santo, para a glória de Deus.”16

O culto das Sagradas Escrituras entre os cristãos, os conduz a por em prática

o estudo do livro sagrado: o Evangelho é “força de Deus para a salvação de todo

aquele que crê, seja judeu, seja grego” (Rm 1: 16).

“Invocam o Espírito Santo e buscam a Deus que, como acreditam

lhes fala nas Escrituras em Cristo, prenunciado pelos profetas e

encarnado, como palavra de Deus. Contemplam a vida de Cristo em

sua caminhada e tudo que o divino mestre fez e ensinou para a

salvação dos seres humanos, especialmente os mistérios de sua

morte e ressurreição.”17

.

A força do Evangelho rejuvenesce a Igreja, renova-a continuamente e a conduz

à união consumada com seu esposo, o Cristo. Por isso o Espírito e a Esposa dizem

ao Senhor Jesus: “Vem!” (Ap 22: 17). Pelo apóstolo Paulo, “os cristãos são avisados

de que devem conservar sempre em nossos corpos os sinais da morte de Cristo ,

para que também a sua vida se manifeste, um dia, em nossos corpos mortais” (2 Cor

4: 10-11).

16 VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD).. São Paulo: Paulinas, 2007. pág. 222

17.

VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo: Paulinas, 2007. págs. 273 - 274

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III. 1. Respeito às coisas sagradas.

Todo cristão deveria compreender que ninguém pode se aproximar da

presença do Senhor Jesus sem atitude de respeito e sem o compromisso de ser fiel

a palavra de Deus. Quando o homem foi criado, os anjos já festejavam e

glorificavam a Deus nos céus. A glorificação para com Deus é um dado que está na

Bíblia (Sl 96: 9; 132: 7; Mt 4: 10; 1Tm 1: 17).

Quaisquer tipos de estabelecimentos de relações do ser humano diante do

Senhor Jesus terão de ser posta em prática uma atitude de respeito profundo e

consideração diante das coisas sagradas, tanto no que diz respeito à oração, quanto

também no seu serviço (Hb 12: 28).

Levando-se em consideração de que o Senhor Jesus é Deus, é de se esperar

que Ele mesmo aguarde essas dignas atitudes do ser humano (Eclo 3:14). Quando

rezamos e oramos para Deus, cheios de fé, com o compromisso de sermos fiéis a

sua palavra ficamos diante do Senhor e falamos com Ele através de um caminho

novo e vivo que é o Senhor Jesus Cristo (Hb 10: 20-22) e auxiliado pelo Espírito

Santo (Rm 8: 26-27).

Para os cristãos que crêm o santuário de Deus aqui na Terra é a porta dos

Céus. Se os cristãos, quando entrarem no santuário e fizerem suas orações com o

gesto de saudação respeitoso, com veneração, recordando-se de que se encontram

ali diante do Senhor dos Céus, seu silenciar resultaria numa declaração de

testemunho eficaz. As brigas, fofocas, conversas, as risadas que poderiam ser

admitidas em quaisquer outros ambientes não deverão ser permitidas no santuário

em que Deus é louvado e glorificado.

A Oração é a origem de onde vem todo o crescimento espiritual. Ela é uma

das mais vigorosas defesas que temos a nos ajudar, como cristãos. Já vi e ouvi

muitas pessoas dizerem que não necessitamos solicitar, rogar por qualquer coisa a

Deus, porque Ele já conhece todas as coisas de que necessitamos. Mas, no entanto,

o próprio Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos como orar (Mt 6: 6-14).

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Através da oração e pelo pedido com insistência e humildade, nossas

solicitações devem ser reconhecidas diante de Deus (Fl 4: 6). O Espírito Santo nos

oferece ajuda no momento em que vamos praticar a oração, ajudando-nos a orar de

acordo com a vontade de Deus (Rm 8: 26-27 e 1 Jo 5: 14). A Igreja nos dias dos

apóstolos vivia em constante oração (At 2: 42). Desse modo tornava-se forte e com

muito dinamismo; seu testemunho gerava muito impacto na sociedade e causava

centenas de conversões.

O valor dos ritos sagrados da Igreja.

“Com fidelidade e seguindo com a tradição, o Concilio afirma que

para a santa Igreja os ritos legalmente reconhecidos são todos dignos

de respeito, devem ser cumpridos e promovidos, de acordo com sua

tradição própria, para que sejam fortalecidos e valorizados nas

condições em que se vive hoje.”18

É preciso aos cristãos dirigirem-se a Deus de maneira respeitosa, agraciados,

esperançosos e dispostos a obedecerem. O Senhor Jesus é merecedor de toda a

Glória, Respeito e Adoração. Ele é Exclusivo e não existe outro igual, é Infinito e não

tem princípio e nem fim, é o Máximo e está acima de qualquer coisa, é Grandioso.

A atitude de respeito às coisas sagradas, voluntária a Deus, e o seu sagrado

sentimento de respeito em nós asfixia o orgulho, que é muito comum nas pessoas

do mundo atual e, por vezes, encontra-se camuflado do lado de fora nele, porém

oculto em seu íntimo.

O Senhor Deus se comunica de vários modos (Hb 1: 1). Ele usa as escrituras

sagradas, os seus discípulos, os propagadores da palavra de Deus, Igrejas, a mente

humana, usa o ideal das pessoas, visões, sonhos, objetos, espaços, inclusive o fogo

etc. No percurso até Padã-Aram, Jacó recebeu uma visão e percebeu que o Senhor

Iahweh, Deus, estava presente naquele lugar, o qual ele acreditou ser “a casa de

Deus” (Gn 28: 17), o que lhe fez suscitar o respeito. Posteriormente, Jacó chamou a

família para “purificar-se” e então, subir ao lugar, que denominou de “Betel” (Gn 35:

2-3).

18

Vaticano II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo:

Paulinas, 2007. pág. 142

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O Senhor Iahweh, Deus, se comunicou com Moisés através de uma sarça em

chamas e determinou que ele retirasse as sandálias porque o lugar em que estava

pisando era terra santa (Ex 3: 5). Através de objetos e cerimônias do santuário o

Senhor Iahweh, Deus, se fazia conhecido pelo povo de Israel. Todas essas coisas

eram tidas como sagradas, porque eram mediadoras da revelação de Deus. Os

utensílios do santuário tais como: altares, mesas, cortinas, vasos, taças, lâmpadas,

instrumentos musicais, a própria arca eram considerados objetos sagrados (1Cr 22:

19).

Ao pegar ou mover com as mãos esses utensílios sagrados, os levitas teriam

que santificar-se (1Cr 15: 12; Is 52: 11); teriam que lavar os pés e as mãos cuja

finalidade seria não desrespeitar as coisas sagradas.

Num dos terríveis abandonos de sua crença, o rei Acaz pegou “os objetos da

Casa de Deus” e os desrespeitou (2Cr 28: 24). Esses objetos foram conduzidos para

Babilônia (2Cr 36: 18; Dn 1: 2), e a utilização desrespeitosa que o rei Baltazar fez

desses utensílios foi a causa de sua condenação (Dn 5: 3, 23). Após o cativeiro,

esses bens utensílios, foram mandados de volta para o templo (Esd 6: 5; Ne 13: 9).

Os objetos eram utensílios em geral, comuns, porém, a partir de sua

fabricação tinham destinação com objetivo santo; desta forma, eram tidos como

sagrados. Tanto os judeus, quanto os cristãos dispõem de objetos sagrados em

suas Igrejas e casas de orações, que, através dos quais, Deus lhes fala. Mas

podemos observar, também, que em todas as culturas e religiões existem atividades

permeadas de símbolos sagrados.

Os utensílios sagrados são coisas utilizadas pelo Senhor Deus cujo objetivo é

a Sua Revelação. Esses objetos em si mesmos não são santos; a santidade

consistente neles está quando da destinação e do uso que deles se faz cujo objetivo

é a revelação divina.

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III. 2. Disposição firme para ser honesto.

Honestidade é dizer a verdade sem adulterá-la, vivenciando-a integralmente.

O Senhor Deus encontra satisfação com a honestidade porque Ele é o Deus que

ama aquilo que é verdadeiro e despreza o que é mentiroso. Deus protege aqueles

que agem honestamente. “Queremos nos comportar honestamente em todas as

coisas” (Hb 13: 18). Quando os pais percebem que seus filhos estão aprendendo e

desenvolvendo a honestidade em tudo aquilo que fazem, ficam alegres e satisfeitos.

Não devemos temer a colocar em prática, quando necessárias, nossas ações

quando são honestas. Aliás, um imenso desafio de todos os cristãos é a

aprendizagem a sermos honestos com nós mesmos. O Senhor Jesus deu um

exemplo quando informou aos cristãos em Laodiceia que os mesmos haviam

ludibriado a eles mesmos porque acreditavam que eram ricos e poderosos, mas ao

contrário, eles eram “infelizes porque eram miseráveis, pobres, cegos e nus”

espiritualmente falando – na realidade é um modo de ser deplorável. (Ap 3:17).

Ludibriar a eles mesmos, na realidade piorava muito mais suas situações no dia- a-

dia.

Muitas vezes não somos tão acessíveis quando dividimos com outras

pessoas nossos pedidos de orações, entretanto, o exercício da prática da

honestidade e sinceridade perante Deus e mesmo diante do ser humano é

fundamental. São muitos os matrimônios em que o homem ou a mulher se

aventurou em pedir o divórcio e deixou que as outras pessoas soubessem que o

casal teve muitos problemas, tais como, brigas, falta de dinheiro dentre outros, mas

apesar disso, pediram que as pessoas rezassem, fizessem orações, por eles.

Contudo, apesar de muitos pedidos de orações que fizeram em seus

benefícios, tais pretendentes do divórcio não tiveram um mínimo de honestidade e

sinceridade sobre a inteireza da gravidade de suas pretensões sociais, neste caso, a

separação através do divórcio. Julgaram e tiveram a confiança de que suas lutas,

suas desavenças, seus empenhos e seus esforços eram tão próprios que não

precisariam chamar ninguém para juntar-se aos seus lados e ajudá-los a suportar o

peso, em oração.

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É muito comum e habitual, as pessoas não solicitarem nenhum tipo de auxílio

quando estão necessitadas porque se sentem constrangidas e com vergonha em

aceitar, concordar, de que necessitam de alguma coisa, ou não querem perturbar,

aborrecer, as outras pessoas com seus problemas.

Entretanto, existem muitas pessoas aflitas que Deus tem lhes tocado o

coração para procurar os membros de uma Igreja, padres, freiras e pastores, na

busca de oração. Se não lhes são dadas as diversas ocasiões favoráveis por

deixarem de solicitar ou por não dividir com franqueza e sinceridade,as dificuldades,

os obstáculos, muitos benefícios que Deus teria para dar-lhes não serão mais

entregues.

A Bíblia descreve o sucesso alcançado por Jesus Cristo ao ensinar o Sagrado

Evangelho nas cidades e nos povoados por onde passava, tendo expulsado das

pessoas muitos espíritos malignos e curado diversos enfermos. Com certeza,

aqueles dias, para Jesus eram especiais e de imensurável satisfação.

É possível acreditar que nos seus momentos de orações, Jesus,

principalmente ao raiar do sol, pela manhã, os vários acontecidos do dia

antecedente surgiram em sua lembrança, surgindo em Jesus uma postura e uma

posição de louvor, de glorificação e agradecimento por todas as coisas que Deus, o

seu Pai, fez através de seu intermédio.

Todo esse período de orações praticado por Jesus, naquele tempo, portanto,

foi uma ocasião favorável para apresentar a Deus todo o agradecimento, e total

glorificação por todas as grandes realizações praticadas em favor das multidões em

ações de graças (Fl 4: 6). Os momentos de devoção dos Cristãos também poderão

ser meios alternativos divinos para livrá-los de todas as possibilidades de glória

pessoal.

Depois de alguma grande realização, os cristãos poderão achar que o feito

tenha ocorrido devido a capacidade pessoal de cada um, quando na verdade, a

capacidade é dádiva de Deus (2Co 3: 4-5). Desde o momento que não legitimamos

o próprio feitor da obra, somos seduzidos pelo orgulho, soberba e prepotência.

Somente poderemos amenizar o falso ego no recinto oculto da oração e da

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intimidade afetuosa com Deus. Só lá, então, Ele se nos mostra como a origem de

toda a bondade e bem-aventurança.

No momento em que os cristãos, cientes pelo Espírito Santo e de acordo com

a palavra de Deus, arrependidos confessam seus pecados e suas falhas, os

obstáculos são afastados deles, assim, o Espírito de Deus intervirá em seu favor e

eles se tornarão os beneficiários das compaixões divinas (Pr 28: 13).

Os cristãos poderão realizar de modo rotineiro avaliações de como estão as

suas ações e obediências diante da vontade do Senhor Jesus. Este tipo de

comportamento faz com que as suas orações sejam ouvidas e atendidas (1Jo 3: 19-

22; Jo 15: 7; Sl 139: 24). Atualmente, em várias partes do mundo, existe uma

propensão natural de desmistificar ou não considerar como sagrados os utensílios

de usos das igrejas diminuindo-os ao nível das coisas comuns.

Outras práticas de piedade:

“São recomendadas intensamente as realizações de devoção pelas

coisas religiosas dos cristãos, quando estejam de acordo com as leis

e normas da Igreja, principalmente quando se fizerem por mandato da

Se apostólica. E as praticas indicadas pelos bispos que são dignas de

louvor, realizadas segundo o costume e os livros autorizados. Deve-

se harmonizar com as datas litúrgicas e se articular com a liturgia,

pois dela derivam e são indicadas a conduzir as pessoas, em geral, a

liturgia, que é muito superior a todas as praticas”.19

III. 3. Segurança constante de procedimentos.

Nos dias atuais, grande é o número de pessoas, no mundo, que estão vendo

a importância de Deus como sendo uma necessidade constante. O mundo atual está

cheio de conflitos regionais e diversificados, e em contínuas mudanças, porém Deus

não muda. O Senhor Deus é inalterável e digno de confiança; Ele diz: “Porventura

há algum outro Deus além de mim? Não, não existe nenhum outro Rochedo; eu

19 VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo:

Paulinas, 2007. pág. 146

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desconheço qualquer outro. De fato, Eu o Senhor não mudo” (Is 44: 8; Ml 3: 6).

Deus permanece sempre perto. Os cristãos poderão sempre levar em conta Ele.

Jesus Cristo é “o mesmo ontem, hoje e para a eternidade.” (Hb 13: 8). Deus tem a

autoridade e o poder de se fazer conhecido, Ele é quem nos proporciona toda

confiança e coloca os corações dos cristãos em local seguro.

Grande é o número de pessoas no mundo que concordam em esperar até as

dificuldades se tornarem, de fato, muito complicadas e difíceis, para só então, se

lembrarem de Deus e se voltarem para Ele. Quando as pessoas se sentem felizes e

tranqüilas geralmente não se lembram e até acham que não precisam de Deus é

puro engano, pois sem Ele nada existiria. As pessoas só vão reconhecer a grandeza

de Deus quando os problemas e dificuldades batem em suas portas.

O modo de viver poderá ser uma luta. Tamanhas são as dificuldades que

poderão surgir em nossas vidas, de modo que, nossa segurança poderá ser

efetivamente abalada. É somente nestas situações, quando os problemas e as

dificuldades surgem que, geralmente, buscamos a Deus. E quando procuramos

Deus às dificuldades e os problemas não permanecem, porque Deus o imutável, é

bondoso e misericordioso e disposto sempre a fazer aliança conosco, a se

comprometer em nossas vidas. Ele diz:

“Eu, eu mesmo, sou o Senhor, e fora de mim não há nenhum

salvador. Voltai-vos para mim e sejam salvos ... porque eu sou Deus,

e não há nenhum outro (Is. 43:11 e Is. 45:22).”20

É muito incoerente os cristãos ingressarem diante de Deus em oração, não

acreditando que o Pai tem todos os meios de realizações, da sua graça como dom

divino e dos seus compromissos de promessas. Do cristão é esperada na crença,

nossa fé, diante de Deus que podemos concretizar e alcançar tudo aquilo que

pedimos em oração a Ele, pelo seu poder e graça, que opera em todos os cristãos

(Ef 3: 20; Tg 1: 6).

Todos os cristãos devem reconhecer que são muito frágeis em si mesmos,

suas intenções, inseguranças e privações e a estarem determinados a revelarem

seus erros e desprezá-los, e procurarem realizações que sejam agradáveis a Deus e

20

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008. págs. 1.321 e 1.327

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para as suas vidas (Lc 18: 13-14; Rm 12: 1-2). Os cristãos devem ter compromissos

agradáveis com Deus e acreditar que Ele é a glória dos que o procuram (Hb 11: 6).

O Senhor Jesus não se achou deslumbrante, glorioso, por ter conseguido

diversas conversões nos dias anteriores, devido as suas pregações. Nos momentos

de orações em que ficou sozinho com Deus, voltou-se para os dias anteriores pelos

quais passou e percebeu que muitos acontecimentos maravilhosos haviam

acontecidos, da mesma forma, olhou para adiante de si e compreendeu que teriam,

ainda, muitas realizações a serem concluídas.

Nos momentos de orações com o Pai, Jesus obteve em seu coração a

vontade de conquistar novos adeptos, em outras regiões que ainda não tivessem

sido evangelizados. “Vamos aos outros lugares, aos outros povoados mais próximos

daqui...” foi assim que o Senhor Jesus disse aos seus discípulos quando Lhe

pediram para pregar para as pessoas que estavam à porta da cidade.

Naquele instante que o Senhor Jesus convidou aos seus discípulos para irem

aos outros lugares pregar o Evangelho, ainda não evangelizados, também ali,

afirmou: “... porque foi para isso que eu vim”. No decorrer daqueles magníficos

momentos de orações de Jesus, Deus sempre Lhe relembrava do significado e do

propósito de sua vida. Jesus, aqui na terra, sempre muito consciente da Sua missão.

A sagrada oração possibilita a ação do Espírito Santo no coração de todos os

cristãos, para dirigir-lhes os caminhos mais adequados a seguir (Sl 139:23-24). É o

Espírito Santo quem mostra aos cristãos os caminhos certos ou errados e diz-lhes

para não pecar. Ao demonstrar todas essa coisas no nosso coração, com graça e

gratuitas Ele nos encaminha ao arrependimento sincero e à Verdade, em todos

nossos caminhos (Jo 16: 8 e 13).

Em oração, centraremos a nossa visão em Jesus Cristo e diremos com

firmeza a que viemos. Todos os cristãos vivem num mundo de sociedades que lhes

oferecem diversas opções de caminhos a seguir. Todos nós somos passíveis de

distração e de ilusões por determinadas palavras, visões e por acontecimentos

diversos. Por isso devemos ser sempre vigilantes de nossos atos e termos os

cuidados de não seguirmos caminhos que desagradem a Deus.

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Ao abordarmos a oração, seja praticada na oração privada ou comunitária,

ressaltamos importantes elementos que alimentam a fé em Cristo:

“A Fé em Cristo produz muitos frutos de louvor e de ação de graças

pelos diversos benefícios divinos recebidos, desperta um intenso

senso de justiça e de caridade para com todas as pessoas. A mesma

fé, ativa, faz surgir muitas e diversificadas iniciativas de socorro às

misérias corporais e espirituais, de educação das pessoas jovens, de

conquistar condições mais humanizadas de vida social e de alcance

da paz universal.”21

21 A graça do batismo e o acolhimento da palavra de Deus sustenta a fé em Cristo e pela oração

privada e na meditação bíblica, na vida familiar cristã e no culto comunitário em louvor a Deus, que

mantemos os mais importantes valores da antiga liturgia. VATICANO II, 1962-1965, Vaticano. Mensagens, Discursos e Documentos (MDD). São Paulo: Paulinas, 2007. pág. 275

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CONCLUSÃO

O sentimento de gratidão, a proteção, a estabilidade, a habilidade de ver com

clareza as coisas e a firmeza dos cristãos se ampliam quando é estabelecida em

sua vida uma oração contínua. Em qualquer situação que o cristão se encontrar,

seja favorável ou desfavorável requer-se, em primeiro lugar, a providência da

oração. Qualquer coisa que aconteça na vida, no dia-a-dia dos afazeres o cristão

deverá estar sob a supervisão e providência de Deus. Aproximemo-nos, então, com

segurança, do trono da graça para obtermos misericórdia do Senhor Jesus e

alcançarmos o dom da graça (Hb 4: 16).

O cristão tem a necessidade de aproximar-se do Senhor Jesus, com fé e

oração e acreditar que Deus é o recompensador dos que o procuram (Hb 11: 6).

Rezar com fé consiste em entregar suas carências e tribulações ao Pai Celestial e

acreditar em suas promessas. Assim agindo, confirmaremos que estamos certos do

que Jesus Cristo disse no que diz respeito, ao que pedimos ao Pai em seu nome.

“Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo 14: 14).

No entanto, o cristão deve ser consciente de que Deus é o Supremo Senhor,

e suas ações são próprias e age como quer, concordando ou não com o que lhe

pedimos. Ele tem consciência dos seus filhos e conhece o que é mais benéfico para

eles (Jo 10: 14-15).

A importância da oração apresenta-se com qualidade em sua realização

diária como parte integrante e fundamental à vida espiritual de todos os cristãos. A

intervenção benéfica, o auxílio e a morada indicam a ação do Espírito Santo na vida

do cristão. O cristão deveria ter o compromisso de apresentar-se diante de Deus em

oração: com respeito às coisas sagradas, com disposição em praticar a honestidade

e com esperança e certeza da sua graça.

Porque o Senhor Jesus tem compaixão dos nossos defeitos, como cristãos,

conseguiremos alcançar repletos de certeza a morada celestial, convictos de que

nossas orações serão aceitas e atendidas por Deus Pai que está nos céus (Hb 10:

19-20). Uma das grandes graças divinas é que o Senhor Jesus Cristo, de agora em

diante, é o máximo sacerdote, de todos os cristãos, dirigindo-os até a sua presença,

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para diariamente buscarmos o auxílio de que necessitamos. “Alcancemos, então,

com confiança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a

graça”(Hb 4: 16).

Nos momentos mais difíceis da vida do cristão, muitos atingem um

determinado ponto em que nos ajoelhamos e curvamos as nossas cabeças,

colocamos nossa concentração em Deus e começamos rezar. Muitas vezes

constatamos que as pessoas estão olhando, temos até a possibilidade de ficarmos

inibidos, entretanto, apesar de todos estes obstáculos, todo cristão é aconselhadol a

orar sempre. Rezamos porque, devido ao pressentimento ou experiência,

entendemos e aprendemos que a trilha mais próxima com Deus é através da

conquista da oração.

O apóstolo Paulo quando escreveu aos cristãos Filipenses, disse:

“Não vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as

vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças.

Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os

vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus” (Fl 4: 6-7).

Depois de muitos acontecimentos de milagres e previamente às novas

ocupações, o Senhor Jesus costumava conversar com Deus através de suas

preces. As orações enchiam a posição principal na vida do Senhor Jesus. Aos

cristãos é aconselhável adquirirem conhecimentos a respeito de oração, e,

sobretudo, vivenciá-la, colocando-a em prática diariamente. Sempre que possível

cada cristão poderia tirar um tempo livre, diariamente, para se apresentar diante de

Deus em orações, e tentar entender que muitas situações, tidas de difíceis soluções,

tornar-se-iam mais claras e solucionáveis.

Jesus costumava recorrer a Deus por intermédio da oração para saber se iria

a algum outro lugar para ensinar ou se ficaria no mesmo lugar pregando. “Vamos

aos povoados mais próximos daqui...” com essas palavras o Senhor Jesus

respondia aos seus discípulos no momento em que Ele era procurado para pregar

para as pessoas nas cidades por onde passava. Jesus realizou uma constante

busca e aproximação da presença de seu Pai.

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Através de nossa vivência de intimidade com Deus pela oração, adquirimos a

compreensão espiritual para entendermos onde estão as nossas necessidades, em

conformidade com o desígnio divino, e não com a nossa visão.

Jesus compreendeu que toda a Sua vivência de devoção precisava ser

constatada em todos os instantes de Sua vida terrena. Seus ensinamentos, suas

experiências espirituais e seus propósitos foram ajustados, por Ele, ao plano que

Deus Lhe tinha dado como missão aqui na terra.

Na condição social ou econômica, afetiva ou emocional em que as atuais

sociedades se encontram, pode-se constatar que não existem dificuldades em agir-

se corretamente quando se obtém benefícios em troca, tais como elogios ou outros

quaisquer bens como recompensas. Geralmente quando alguém nos faz alguma

coisa que não gostamos ou nos é prejudicial, a reação imediata e costumeira é

desejarmos algum tipo de vingança. É justamente o contrário do que o Senhor Jesus

nos recomendou, que deveríamos fazer o bem e não olharmos a quem, mesmo

àqueles que praticam o mal.

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