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FACULDADE DE TECNOLOGIA EM SAÚDE
CIEPH – CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM CURSO ESPECIALISTA EM ACUPUNTURA
NELIS MARIA PALLAORO DE SOUZA
ALIMENTAÇÃO COMO COADJUVANTE NA PREVENÇÃO, MANUTENÇÃO
DA SAÚDE E TRATAMENTO DE DOENÇAS SEGUNDO A MTC
FLORIANÓPOLIS
2013
NELIS MARIA PALAORO DE SOUZA
ALIMENTAÇÃO COMO COADJUVANTE NA PREVENÇÃO, MANUTENÇÃO
DA SAÚDE E TRATAMENTO DE DOENÇAS SEGUNDO A MTC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria de Trabalhos Monográficos da Faculdade de Tecnologia em Saúde Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem (CIEPH), para obtenção do título de Especialista em Acupuntura.
Orientador: Prof. Especialista Marcelo Fabián Oliva
Florianópolis 2013
NELIS MARIA PALLAORO DE SOUZA
A ALIMENTAÇÃO COMO COADJUVANTE NA PREVENÇÃO, MANUTENÇÃO
DA SAÚDE E NO TRATAMENTO DE DOENÇAS SEGUNDO A MTC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria de Trabalhos
Monográficos da Faculdade de Tecnologia em Saúde Centro Integrado de
Estudos e Pesquisas do Homem (CIEPH), para obtenção do título de
Especialista em Acupuntura, sendo submetido à Banca Examinadora e
considerado aprovado em 23/10/2013.
Florianópolis, 23 de outubro de 2013.
_____________________________________________ Prof. Especialista Marcelo Fabián Oliva
___________________________________________________
Profª Especialista Cleusa Regina Fritzen
________________________________________________
Profa Especialista Thais Habkost Machado
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter guiado meus caminhos e ser o maior mestre.
A minha família pelo apoio e compreensão nos momentos que fiquei ausente.
A Faculdade de Tecnologia em Saúde – CIEPH e toda sua equipe de
professores e funcionários pelo apoio e dedicação durante minha permanência
na instituição.
Ao meu orientador Professor Marcelo Fabián Oliva, pelo apoio dispensado para
a efetivação deste trabalho.
“A puntura só é realmente eficaz quando
procede da mão de um acupunturista
cujo espírito consegue alcançar o âmago
da animação, que são os Espíritos do
paciente”
(Larre & Vallée)
“O Homem vive através da Terra e seu
destino está suspenso no Céu”
(Suwen, cap 25)
RESUMO
A alimentação segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) está
fundamentada nos conceitos e teorias milenares deste precioso sistema médico
criado pela sabedoria de grandes Mestres Chineses, que observaram e
interpretaram a si, a natureza e todos os seus fenômenos, transformando-os em
consciência e conhecimento. A partir destes conceitos da Medicina Tradicional
Chinesa, a terapia dietética chinesa utiliza os elementos Yin Yang na
alimentação, ou seja, considera sempre as características energéticas dos
alimentos e a energia dos alimentos a partir da filosofia dos cinco elementos. O
conhecimento sobre estas características, onde a influência das cinco cores dos
alimentos: verde, vermelho, amarelo, branco e preto, como a natureza de cada
alimento: morna, quente, neutro, fresco, e frio, os sabores: azedo ou ácido-
adstringente, amargo, doce, picante, salgado. assim como os movimentos:
ascendente, descendente, neutro, centrípeto e centrífugo, relacionada aos
efeitos que estas características provocam no organismo, inclusive nas
emoções, faz da alimentação um aliado imprescindível a qualquer outro
tratamento alternativo. A importância da alimentação natural adotada pela
Dietética Chinesa torna o seu uso, de acordo com as características individuais,
clima, estação do ano e diagnóstico de cada um, não somente uma fonte de
prazer sensível aos órgãos sensoriais e à mente, mas uma prática de
prevenção, preservação da saúde e tratamento de doenças.
Palavras chave: Dietética, Características energéticas, Diagnóstico.
ABSTRACT
The food according to Traditional Medicine Chinese (TCM) is based on the
concepts and theories of this precious ancient medical system created by the
wisdom of the great Masters Chinese, who observed and interpreted to itself,
nature and all its phenomena, transforming them into awareness and knowledge.
From these concepts of TCM, Chinese dietary therapy uses elements Yin Yang
in power, ie, always consider the energy characteristics of foods and food energy
from the philosophy of the five elements. Knowledge of these characteristics,
where the influence of the five food colors: green, red, yellow, white and black, as
the nature of each food: hot, warm, neutral, cool and cold, the flavors: bitter,
sweet, spicy, salty, sour, sour and astringent, as well as the movements: up,
down, neutral, centripetal and centrifugal effects related to these characteristics
cause the body, including the emotions, makes food an ally indispensable to any
other alternative treatment. The importance of natural feeding adopted by
Chinese Dietetics makes its use, according to the individual characteristics,
climate, season and diagnosis of each, not only a source of pleasure sensitive
sensory organs and the mind, but a practice of prevention, health maintenance
and disease treatment.
Keywords: Dietetics, energy Features, Diagnosis.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................09
1.1 Objetivo geral..........................................................................................11
1.2 Objetivos específicos.............................................................................11
2. METODOLOGIA............................................................................................12
3. BASES DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA...................................13
3.1 O Tao....................................................................................................13
3.2 Yin e Yang..........................................................................................13
3.3 As energias humanas..........................................................................14
3.4 Surgimento das estações do ano........................................................15
3.5 Relação Yin e Yang com Órgãos e Vísceras........................................16
3.6 Lei dos Cinco Movimentos.................................................................17
3.6.1 Ciclo fisiológico de Geração.................................................................17
3.6.2 Ciclo fisiológico de dominância...............................................................18
3.6.3 Ciclo patológicos maiores ..........................................................................19
3.6.4 Ciclos patológicos menores .................................................................19
3.7 Funções energéticas do Zang-Fu........................................................20
3.7.1 Fígado..............................................................................................20
3.7.2 Coração............................................................................................20
3.7.3 Baço...................................................................................................20
3.7.4 Pulmão.............................................................................................21
3.7.5 Rim..................................................................................................21
3.7.6 Vesícula Biliar.....................................................................................21
3.7.7 Intestino Delgado..............................................................................22
3.7.8 Estômago..........................................................................................22
3.7.9 Intestino Grosso................................................................................22
3.7.10 Bexiga..............................................................................................23
3.7.11 Triplo Aquecedor.............................................................................23
4 A IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS NA MTC............................................24
4.1. Aspectos Energéticos dos Alimentos.................................................27
4.1.1 As cores dos alimentos e os cinco movimentos.........................................27
4.1.2 Os Sabores dos Alimentos....................................................................27
4.1.2.1 Funções dos Alimentos de Sabor Amargo...........................................29
4.1.2.2 Funções dos Alimentos de Sabor Doce.............................................30
4.1.2.3 Funções dos Alimentos de Sabor Picante............................................30
4.1.2.4 Funções dos Alimentos de Sabor Salgado..........................................30
4.1.2.5 Funções dos Alimentos de Sabor Azedo, Ácido....................................31
4.1.3 A Natureza dos Alimentos...................................................................31
4.1.4 Movimentos dos Alimentos..................................................................33
4.2. Os Nutrientes......................................................................................37
4.3 Alimentos e Emoções.........................................................................38
4.3.1 As Emoções em Fogo.........................................................................38
4.3.2 As Emoções em Terra........................................................................40
4.3.3 As Emoções em Metal......................................................................41
4.3.4 As Emoções em Água.......................................................................42
4.3.5 As Emoções em Madeira..................................................................42
4.4 Como utilizar a alimentação de forma adequada.................................43
CONCLUSÃO...........................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................50
10
1 INTRODUÇÃO
Os antigos diziam que ”o alimento é a necessidade primária para qualquer
povo”. Para manter a vida e a saúde, humanos devem procurar alimentos e
explorar suas funções na preservação da saúde, na prevenção e no tratamento
de doenças. Discutindo este ponto de vista podemos dizer que o estudo da
Terapia Dietética tem existido conscientemente ou inconscientemente desde o
surgimento da raça humana (PERINI, 2003).
Nas antigas dinastias chinesas já havia uma preocupação muito grande
com a alimentação como forma de manter a saúde, prevenir e tratar as doenças.
Segundo Perini (2003) a Terapia dietética na MCT tem uma história de mais do
que três mil anos e um conteúdo muito rico, que não é somente relatado na
literatura, mas também tem sido passado de geração em geração.
Conforme Pisani (2004), a dietética ocidental nos campos de nutrição e
nutrologia, que fazem parte da medicina moderna, estudam os alimentos de
acordo com a sua constituição física, como a forma, consistência e composição
(carboidratos, proteínas, gorduras, sais minerais, vitaminas...), mas isto se refere
principalmente as características yin do alimento. Esta abordagem é unilateral e
insuficiente, pois está deixando de lado as características mais sutis dos
alimentos, que são as características Yang e estão associadas com a cor,
cheiro, sabor e o movimento que o alimento produz na energia vital e estão mais
intensas enquanto o alimento não foi colhido e vão diminuindo gradativamente
mais rapidamente dependendo o tipo de alimento.
Na dietoterapia chinesa, os alimentos são considerados de maneira mais
qualitativa, de acordo com as suas propriedades em termos de efeito sobre o
organismo. Estas propriedades são principalmente a sua natureza, os seus
sabores, seus movimentos e grau de toxidade (CÓRDOVA, 2003). Segundo
Perini (2003), estas características mais sutis estão relacionadas ao aspecto
yang dos alimentos, sua vitalidade, com o campo etérico da planta e estarão
mais intensas enquanto o alimento não foi colhido.
Para a MTC todos os alimentos são permitidos já que todos têm energia
vital. A escolha deve levar em conta o clima, estação do ano, idade, sexo, o
11
perfil energético e emocional de cada um. É importante não abusar ou excluir
qualquer alimento. A alimentação deve ser variada, colorida, fresca e natural
(PINHEIRO, 2005).
A Medicina Tradicional Chinesa enfoca sobremaneira a importância do
alimento para a constituição da forma física e do psíquico, pois é ele que vai
constituir o nosso suporte material, a parte Yin à qual a Energia Yang vai fixar-
se, para promover toda a nossa dinâmica da mente e do corpo (YAMAMURA,
2001). Segundo Perini (2003) além de ser uma fonte de prazer sensível aos
órgãos sensoriais e à mente.
Ainda segundo Yamamura (2001) as concepções da MTC são derivadas
de um conhecimento maior, a Filosofia Chinesa, baseada nas leis do Universo,
da Natureza, das Concepções da Vida e da Morte, da Física, das Ciências puras
e biológicas. A partir de um campo filosófico do Tao, da dualidade dinâmica do
Yin e do Yang, do princípio dos Cinco Movimentos, a Medicina Tradicional
Chinesa reflete a integração do Ser Humano ao meio ambiente com a fisiologia
do corpo humano. O exemplo maior desta integração são os alimentos, tanto
Celeste (ar-oxigênio) quanto Terrestre (comida), vão fazer parte do nosso corpo
nutrindo, fortalecendo, reparando e harmonizando as nossas funções
energéticas e fisiológicas ou mesmo podendo energias diferentes, às da nossa
composição, por meio de alimentos, dar início a um processo de adoecimento.
A dietoterapia, entre tantas outras técnicas utilizadas pela MTC como:
acupuntura, moxabustão, fitoterapia, massagens e exercícios tem como
finalidade manter, prevenir ou restaurar a saúde, promovendo o equilíbrio
energético de qualquer manifestação física.
Segundo Perini (2003), na China antiga o médico era condecorado
quando a população da qual ele cuidava não adoecia; no Ocidente, o médico é
aquele que trata as doenças já instaladas.
12
1.1 Objetivo geral
Estudar a alimentação e a terapia dietética segundo a sabedoria
milenar da Medicina Tradicional Chinesa.
1.2 Objetivos específicos
Identificar, por meio de revisão bibliográfica, os aspectos energéticos
dos alimentos segundo os cinco cores, cinco sabores, cinco naturezas
e cinco movimentos.
Analisar a interferência e interação dos alimentos e emoções segundo
a dietética Chinesa.
Apresentar as formas mais adequadas de utilizarmos a alimentação
segundo a Sabedoria Milenar Chinesa.
13
2 METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado através de revisão bibliográfica, pois
procura explicar o problema proposto através de referenciais teóricos, cuja
análise irá contribuir para o conhecimento científico (LAKATOS e MARCONI,
1990; RUDIO, 1980). Além disso, procurou-se os referenciais teóricos em livros,
artigos e base de dados eletrônicos, como blogs e sites, que abordam o assunto
sob o ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa.
Definido o tema, obteve-se através da leitura interpretação e análise do
material pesquisado extrair os dados mais relevantes das fontes consultadas
para compor a pesquisa.
14
3 BASES DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
3.1 Tao
“Parece a origem de todas as coisas, se manifesta como antepassado
dos deuses, não sei de quem é filho”(LAO TZE apud PEREZ, 2010).
“A energia é a causa de toda produção e de toda destruição”. (NEI JING
SU WEN apud PEREZ, 2010).
A tese oriental sustenta que a matéria é um estado de condensação da
energia e que esta, ao dispersar-se, retorna ao seu estado inicial de energia
(PEREZ, 2010).
O T’CHI é o Principio Primário que parte do Tao, contém a cifra 2 em seu
simbolismo, é a origem do 3, e do 3 partirão todas as coisas “os 10.000 seres”.
É a origem de tudo e para os orientais constitui o objeto primordial de seu estudo
(PEREZ, 2010).
Segundo Córdova (2003), TAO é a essência primária da realidade.
Composto por duas energias opostas e complementares, o YIN e o YANG. O
TAO é tudo o que existe. E tudo o que existe esta em incessante movimento e
contínua renovação.
Em bioenergética a dualidade (energia e sangue), está representada
pelo denominado TAO VITAL, ou relação intima do YANG (energia) e do YIN
(sangue ou matéria) (PEREZ, 2010).
3.2 Yin e Yang
Para o Taoísmo os conceitos dualistas clássicos de bem e mal, corpo e
alma, espírito e matéria, homem e mulher (que no Ocidente são concebidos
como entes opostos e independentes) não são mais do que manifestações
complementares do Princípio Primordial T’CHI, sem cuja alternância não existiria
a vibração ou movimento e, em consequência, a própria vida (PEREZ, 2010).
15
A teoria energética da formação do Universo baseia-se na concepção
da dualidade dinâmica do Yin e do Yang, da Matéria e da Energia e da inter-
relação entre eles, em que a existência de um provoca a complementaridade do
outro, ambos completando-se. A necessidade que a energia tem de fixar-se na
matéria e que a matéria tem de fixar-se em energia para o seu dinamismo,
enfoca a dualidade entre energia e matéria, isto é, a energia transforma-se em
matéria e vice-versa (YAMAMURA, 2003).
Segundo Pisani (2004) [... não há nada que seja totalmente Yin nem
totalmente Yang, sempre que um chega na sua plenitude começa a se
transformar no outro, para manter o equilíbrio].
Yang é a energia em seu estado mais fluído, etéreo, menos palpável. É a
energia expansiva, menos condensada, de movimento centrifugo (que foge do
centro). É calor, luz e movimento (CORDÓVA, 2003).
Yin é a energia em seu estado condensado, palpável, material. É uma
energia contrativa, de movimento centrípeto (em direção ao centro). É escuridão,
frio e repouso (CÓRDOVA, 2003).
Figura 1 - Yin-yang – Complementaridade. http://www.brasilescola.com/filosofia/yin-yang.htm
3.3 As energias humanas
Segundo Wen (2006), na China antiga, as primeiras observações
efetuadas levaram à conclusão de que a estrutura básica do ser humano era a
mesma do universo.
Perez (2010) divide as energias humanas em dois grandes grupos:
16
a) energias do céu anterior (Jing inato): YUAN imutável e invariável que
no ser humano se denomina Thân a qual produz uma série de reações
bioquímicas em função da vibração do sopro original dando-lhe aptidões
que permitem desenvolver o intelecto, a comunicação oral e a consciência
e a Zhong energia ancestral, genética que é como um capital herdado não
suscetível de ser ampliado nem revalorizado, produzido pela eclosão
entre o óvulo e o espermatozoide que se replica a cada mitose, variável
adaptando-se às condições do meio e a raça dentro da espécie, e
mutável com ciclos de gasto energético durante a existência. Para evitar
seu desgaste fisiológico, o ser humano e seus sistemas energéticos
aportam as energias complementares ou de apoio adquiridas. Do êxito
desse empreendimento dependerá a duração da vida;
b) as do céu posterior (Jing adquirido) conhecidas por Rong ou Nutrícia e
Wei ou Defensiva adquiridas respectivamente de duas fontes
fundamentais: a dieta e a respiração.
A união destas três energias básicas do organismo vai formar a ENERGIA
ESSENCIAL ou ZHENG.
3.4 Surgimento das estações do ano
Conforme Yamamura (2003), a transmutação das duas energias básicas,
o Yang e o Yin, foram as responsáveis pelo aparecimento das Energias Celestes
básicas, o Calor e o Frio, que deram origem a duas estações do ano: o Verão e
o Inverno, respectivamente, cada uma representando o Yang Máximo(yang do
Yang) e o Yin máximo(Yin do Yin)...”quando as energias celestes atingem o
máximo passam a transmutar-se no seu complemento”, significa que dentro do
Yin, com o crescer do yang que corresponde ao nascer do Sol, à estação
sazonal Primavera, à Energia Celeste Vento. À medida que o yang máximo vai
se transmutando em Yin, no momento de equilíbrio do Yin dentro do Yang,
promovendo o aparecimento da estação do Outono e Energia Celeste secura.
Essas quatro Energias Celestes deram origem aos cinco pontos cardeais: Norte
(frio), Sul (calor), Leste(vento), Oeste (secura) e o Centro. Este último para onde
são direcionadas todas as energias e representa a essência da vida, a Terra, o
17
núcleo de todos os acontecimentos vitais e está em permanente movimento e
mutação. A Energia resultante destas quatro energias do Céu que ao agir sobre
o centro promovem o aparecimento da Umidade, Energia do Centro, e
representa um estágio intermediário das ações do Calor, do Frio, do Vento e da
Secura. A Umidade sob a ação do calor Solar forma a Umidade-Calor,
responsável pela biossíntese a partir de elementos e substâncias inorgânicas
gerando os seres vivos e também pelos processos de multiplicação celular. A
semente de uma planta somente germina quando encontra as condições ideais
de Umidade-Calor, que é própria para cada espécie. Quanto mais inferior é o ser
vivo maior é a influência das Energias Celestes, e quanto mais diferenciado,
maior é a capacidade de adaptação.
3.5 Relação Yin e Yang com os Órgãos e Vísceras, sistema Zang-Fu
Segundo Perez (2010), ao grupo Yang, Víscera ou Fu, seguindo o ciclo
generativo dos cinco movimentos, pertence: a Vesícula Biliar(VB), o Intestino
Delgado (ID), o Triplo Aquecedor (TA), o Estômago (E), o Intestino Grosso (IG) e
a Bexiga (B). Ao Grupo Yin, Órgão, ou Zang, seguindo o mesmo ciclo
pertencem: o Fígado (F), o Coração (C), o Mestre do Coração (MC), o Baço
Pâncreas (BP), o Pulmão (P) e o Rim (R). A função dos yang, terá
características Yang, isto é, são chamados “oficinas”, onde se fabrica ou se cria
a energia. A função dos Yin, terá características Yin. Portanto, são chamados os
“órgãos tesouro”, onde a energia produzida por seus respectivos Yang é
recepcionada, administrada e metabolizada para a função que lhes é própria.
Cada um deles (6 Yang e 6 Yin) tem ao longo do corpo humano trajetos
energéticos aos quais regem e dão nome, são chamados Meridianos.
Ainda segundo Perez (2010) não é possível o movimento sem a união do
Yin e do Yang. Portanto, a todo Yang lhe corresponde um Yin com o qual realiza
a mutação. Assim se formam os chamados Movimentos.
18
3.6 Lei dos Cinco Movimentos
Conforme Perez (2010) A Grande Regra, Lei dos Cinco Movimentos
parece ser anterior à Lei Yin-Yang, segundo especificam os sinólogos
baseando-se nos legados antigos. Parece desenvolver-se na aurora da
civilização chinesa mediante atenta observação da Natureza.
Esses cinco movimentos que os textos antigos denominaram como:
MADEIRA ( F - VB), FOGO (C – ID e MC – TA), TERRA (BP – E), METAL P –
IG) E ÁGUA R – B), são símbolos tomados da natureza e representam o
equilíbrio dinâmico e a inter-relação entre os Órgãos, as Vísceras, os Sabores,
as Cores, as Estações do Ano, os Planetas, os Sentidos, os Sentimentos, os
Alimentos, etc. Tudo aquilo que forma parte do ser humano (PEREZ, 2010).
3.6.1 Ciclo fisiológico de Geração (SHENG)
Observando o esquema dos cinco movimentos (Fig.2), notamos que o
sentido dextrógiro de circulação concorda com as influências cósmicas e
naturais. Assim um movimento vai produzir-se como consequência do anterior
(PEREZ, 2010). Esta inter-relação é conhecida como regra “mãe-filho”, sendo
chamado de “mãe” o Movimento que gera, e de “filho” o Movimento que foi
gerado.
Figura 2 – Ciclo de Geração Fonte:http://hapkidors.blogspot.com.br/2007/12/os-5-elementais-
mutaveis.html
19
Logicamente, não é possível a geração contínua, já que isso levaria a
uma destruição do sistema por expansão. (PEREZ, 2010).
3.6.2 Ciclo fisiológico de Dominância (KE)
O princípio de dominância (Fig 3) tem a finalidade de controlar o
crescimento desenfreado que ocorreria se houvesse somente o princípio de
geração. Os ecossistemas representam uma manifestação desse princípio na
natureza. Chama-se de “avô o Movimento que domina e de “neto”, o que é
dominado (YAMAMURA, 2003).
Figura 3 – Ciclo de Geração e Dominância Fonte:http://hapkidors.blogspot.com.br/2007/12/os-5-elementais-mutaveis.html
20
3.6.3 Ciclos patológicos maiores (T’CHENG E WU)
Nestes casos pode ocorrer uma invasão, isto é, o controle de uma
maneira exagerada do “avô” sobre o “neto” ou então uma inversão da
dominância onde o “neto” voltar-se contra o “avô”, inibindo-o patologicamente. É
o caso, por exemplo, da hiperatividade da Fogo, contra dominando a Água. (Fig
4).
Figura 4 – Ciclos de Geração/Controle/Contra Dominância Fonte:http://hapkidors.blogspot.com.br/2007/12/os-5-elementais-
mutaveis.html
3.6.4 Ciclos patológicos menores (MUZI E ZIMU)
Ocorre um sobre domínio ou contra domínio, isto é enfermidade da mãe
alcança o filho (Muzi), por exemplo, uma plenitude de Fígado pode produzir uma
plenitude de Coração ou a enfermidade do filho alcança a mãe (Zimu), por
exemplo, uma plenitude de Fígado pode produzir um estancamento de Rim.
21
3.7 Funções energéticas do Zang-Fu
3.7.1 Fígado (Gan)
Tem as funções de assegurar o fluxo suave e livre do Qi, controlar
os músculos e tendões, manifesta-se nas unhas, abre-se nos olhos e abriga a
alma Etérea. O Fígado facilita e assegura o movimento, direciona a circulação
do sangue e regula o ciclo menstrual, a circulação e transformação do Qi
(energia), levando a uma harmonização dos sentimentos e emoções, auxilia o
baço nas funções de digestão e assimilação dos alimentos e na circulação das
águas do corpo.
Irritabilidade, hipertensão, dismenorréia, insuficiência hepática, vertigens
e câimbras são algumas das várias manifestações clínicas decorrentes do
desequilíbrio energético do fígado.
3.7.2 Coração (Xin)
Tem como função energética governar o sangue, controlar os vasos
sanguíneos, se manifesta na face determinando a expressão, a coloração e o
brilho do rosto, abre-se na língua, que é o “broto” do coração, além de ser a
morada da mente, a casa do espírito (SHEN).
Dentre as alterações que o desequilíbrio energético do coração pode
acarretar temos: perda ou alteração da consciência, amnésia, insônia, sonhos
excessivos e afasia.
3.7.3 Baço (Pi)
O Baço controla a atividade energética de todo o tubo digestivo, rege o
processo de transporte e transformação da essência dos alimentos, assim como
a função de subir o puro e de conter o sangue dentro dos vasos sanguíneos. O
Baço comanda “a carne” e os 4 elementos. Abre-se na boca (paladar) e
manifesta-se nos lábios.
22
Déficit de memória, hemorragias crônicas, ptoses, hérnias, hipotrofia em
membros, gastrites, obsessões, cabeça e corpo pesados são complicações
clínicas apresentadas por distúrbios do Pi.
3.7.4 Pulmão (Fei)
O pulmão tem a função energética de dirigir o Qi, governar a difusão,
controlar a descida e a eliminação e regularizar a via das Águas. O Pulmão está
relacionado à energia de defesa Wei Qi (tanto a defesa interna como a externa).
Abre-se no nariz e exterioriza-se na epiderme.
Segundo Yamamura (2001), as desarmonias energéticas do pulmão
podem resultar em desânimo, tristeza, emagrecimento, déficit de imunidade
tissular, voz fraca, respiração difícil, tosse, obstrução nasal, rinites e etc.
3.7.5 Rim (Shen)
As funções energéticas do Rim são uma das mais importantes do nosso
organismo ao armazenar o Jing (Essência Vital), regendo o crescimento e a
reprodução, além de produzir as medulas óssea, espinhal e o encéfalo, governar
os ossos e a água do corpo.
Algumas das manifestações provocadas pelo desequilíbrio energético do
rim são: impotência, infertilidade, zumbidos, lombalgias, osteopenia e
osteoporose, cálculo renal e perda da libido.
3.7.6 Vesícula Biliar (Dan)
A Vesícula Biliar está ligada ao Fígado onde se armazena a bile com a
finalidade ajudar o estômago e o Baço/Pâncreas na digestão. A bile se origina
no Fígado sendo alimentada na VB. Tem como função a drenagem e dispersão
da bile e sua função está ligada a mudanças das atividades emocionais. A
preponderância ou deficiência da VB causa transtornos emocionais com
23
sintomas e sinais de medo, terror, e insônia (WEMBU,1993). Podem ocorrer
também complicações clínicas decorrentes de alterações energéticas na
Vesícula-biliar como, perda de apetite, distensão no epigástrio, diarreia, icterícia,
pele amarelada e urina amarela.
3.7.7 Intestino Delgado( Xiao Chang)
Conforme Wenbu (1993), as funções principais do ID são de digerir,
absorver e separar o puro do turvo. O ID recebe os alimentos semidigeridos pelo
estômago, termina a digestão e manda o puro para o Baço/Pâncreas que o
transporta para todo o corpo e o turvo para o IG pelo íleo e uma parte dos
líquidos canalizados à Bexiga. A enfermidade manifesta-se pela má digestão e
má assimilação dos alimentos e anormalidades da urina provocadas por calor do
ID com urina escassa e amarela, ardor ao urinar e hematúria pela lesão dos
vasos sanguíneos. O frio, associado à deficiência do ID, conduz a disfunção em
separar o puro do turvo, apresentando fezes moles.
3.7.8 Estômago (Wei )
A principal função fisiológica do estômago é receber, digerir e transformar
a água e o alimento. Yamamura (2001) cita também o controle do
amadurecimento e decomposição dos alimentos, a descendência do Qi e o fato
de ser a origem dos fluidos corpóreos.
Indigestão, eructação, distensão e dor epigástrica, soluços, náuseas e
vômitos são manifestações comuns decorrentes de desordens estomacais.
3.7.9 Intestino Grosso (Da Chang)
O Intestino Grosso tem a função fisiológica de transmitir os alimentos
digeridos e excretá-los. Ele recebe o bolo alimentar e líquidos do ID e realiza a
absorção dos fluidos corpóreos e excreta a matéria fecal, isto é, ele tem funções
semelhantes àquelas atribuídas pela medicina ocidental.
24
Os transtornos do IG conduzem a um quadro de constipação ou diarreia,
disenteria, dor abdominal, constipação e tenesmo; ou pode levar a uma
deposição de sangue na parede intestinal causada pela lesão dos vasos
sanguíneos no IG.
3.7.10 Bexiga (Pang Guan )
Segundo Wenbu (1993), a Bexiga está situada no aquecedor inferior. A
função principal da Bexiga é de acumular a urina e depois fazer a eliminação. O
liquido do organismo é transformado em urina sob a ação do Qi dos Rins e
acumulado na Bexiga após a transformação. A função de excreção da Bexiga
realiza-se com a ajuda do Yang dos Rins. A alteração do Qi da Bexiga conduz à
má transformação dos líquidos, podendo apresentar disúria, retenção urinária,
polaciúria e enurese. Pode conduzir também a umidade-calor da Bexiga
provocando a polaciúria, necessidade urgente de urinar e disúria.
3.7.11 Triplo Aquecedor (Sanjiao)
É uma generalização dos três Jiaos (Três Aquecedores): O Aquecedor
Superior, o Médio e o Inferior. O Aquecedor superior inclui Coração e Pulmões, o
Médio Estômago e Baço/Pâncreas e o Inferior Fígado, Rins, Bexiga, Intestino
delgado e Intestino Grosso. A função principal e dirigir as funções de Qi de todo
o corpo (WEMBU,1993). O Triplo Aquecedor engloba todos os órgãos internos
(zang-fu) e dessa maneira é responsável por todas as funções anteriormente
citadas, encarregando-se do controle das atividades do Qi em todo o corpo
humano.
25
4 IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS NA MTC
A Terapia dietética em MTC trata as propriedades dos alimentos, seus
efeitos na saúde e o uso terapêutico de alimentos na preservação de saúde e na
prevenção e tratamento de doenças (PERINI, 2003).
Daí a importância do sistema alimentar da Medicina Chinesa, uma vez
que permite a cada um alimentar-se segundo a sua natureza individual e única.
Como diz o aforisma “O Homem é aquilo que come” que podemos
complementar com “e absorve” ou como acrescenta Pisani (2004) “o como come
e o quanto come”, uma vez que o alimento ingerido vai se transformar em
nutrientes que incorporados ao sangue circularão por todo o organismo
abastecendo todos os sistemas e transformando-se em tecidos e energias.
Para Yamamura (2001) a MTC enfoca sobremaneira a importância do
alimento para constituição da forma física e do psíquico, pois é ele que vai
constituir o nosso suporte material, a parte Yin à qual a Energia Yang vai fixar-
se, para promover toda nossa dinâmica da mente e do corpo. O autor destaca,
também, o quão é importante a alimentação materna, pois o embrião utiliza a
Energia Ancestral até a fase trofoblástica, quando passa a receber a Energia
Materna, proveniente do Alimento do céu e da Terra para formar seu corpo físico
e mental.
A alimentação deve ser alterada segundo algumas variáveis, a saber:
idade, crescimento, atividade física e mental, localização, clima, estação do ano
e doenças (PISANI, 2004)
O homem, por natureza, é um ser onívoro, que deve ingerir alimentos
tanto de origem vegetal quanto animal e seus derivados. O nosso tubo digestivo
é adequado para esse tipo de alimentação. Os herbívoros possuem os intestinos
mais longos e os carnívoros mais curtos, e os onívoros têm comprimento
intermediário. Assim se o Ser Humano se alimentar exclusivamente de vegetais
(vegetarianos), não terá os intestinos suficientemente longos para digestão e a
assimilação energética e nutritiva dos alimentos, assim como se fizer
26
alimentação somente carnívora, o seu intestino será longo para este tipo de
alimentação, trazendo, em consequência, distúrbios do trânsito intestinal,
retenção de fezes por um período mais longo, e consequentemente,
promovendo maior absorção de toxinas intestinais e de radicais livres devidos ao
fenômeno de putrefação o que pode ocasionar processos degenerativos,
envelhecimento precoce e formações de tumores (YAMAMURA, 2001).
O horário que comemos também é importante, no sentido de
respeitarmos nossos ritmos biológicos e a circulação de energia dentro de nosso
sistema. O melhor horário para se comer de tudo é o período da manhã, até a
hora do almoço, pois é o horário que a energia circula no estômago e baço-
pâncreas (PISANI, 2004).
Para Yamamura (2001) e Pisani (2004) energeticamente os alimentos são
constituídos por dois componentes: o primeiro, de característica Yang,
constituindo a Essência, que representa os aspectos energéticos do alimento
(cor, sabor, local de ação, propriedades, características, local e meio de
cultivo...) e o segundo, de característica Yin, os constituintes do alimento
(nutrientes).
Assim como tudo mais, os alimentos podem ser classificados como YANG
que aquecem o organismo e são de natureza ascendente e YIN que esfriam e
fazem a energia descender. Assim como um alimento pode ser mais YANG do
que outro, as estações do ano influenciam os nossos órgãos internos e suas
respectivas vísceras, assim também o sabor dos alimentos exerce influência
sobre os mesmos. Desta forma podemos classificar os alimentos quanto ao
Sabor, Natureza e Movimento (CÓRDOVA, 2007).
O Quadro 1 apresenta algumas características dos cinco elementos e
suas correspondências.
27
QUADRO 1: Características dos Cinco elementos e suas correspondências
Fonte: adaptado de PINHEIRO, Ana; HIRSCH, Sonia e MACIOCIA (1996).
Madeira Fogo Terra Metal Água
Yin/Yang Yang Mínimo
Yang Máximo Centro Yin Mínimo Yin Máximo
Cor Verde Vermelho Amarelo Branco Preto
Órgão Fígado Coração Baço-Pâncreas
Pulmão Rim
Víscera Vesícula Biliar
Intestino delgado
Estômago Intestino Grosso
Bexiga
Liquido orgânico
Lágrimas Suor Saliva Muco Urina
Órgão/sentido
Olhos, visão
Língua, fala Boca, paladar
Nariz, olfato Ouvido, audição
Tecidos Tendões Vasos Tecido Conjuntivo
Pele Ossos
Odor Rançoso Queimado Aromático De peixe De podre
Som Grito Riso Canto Choro Gemido
Emoção Raiva Alegria(euforia)
Preocupação Tristeza, melancolia
Medo Pavor
Fase da Vida
Nascimento, Infância
Crescimento, Adolescên- cia
Transforma Cão, Jovem adulto
Envelhecimento, Maturida de
Morte, Terceira Idade
Estação Primavera Verão Canícula Outono Inverno
Fator da natureza
Vento Calor Umidade Secura Frio
Pontos cardeais
Leste Sul Centro Oeste Norte
Sabor Ácido Amargo Doce Picante Salgado
Vitamina A, B12 B3, B5, C B1, B6 E D
Glândula Endócrina
Gônadas Pituitária (Hipófise)
Timo Tireoide Adrenais
Componente Bioquímico
Gordura Eletrólitos, estimulantes
Carboidrato Proteína Água
Atitude Planeja- mento e decisão
Alegria, Comunica- ção, Calor Humano.
Reflexão, simpatia
Ordenação, ritmo
Perseverança, Força
Virtudes Bondade Moralidade Confiança Honradez Sabedoria
28
4.1 Aspectos Energéticos dos Alimentos
4.1.1 As Cores dos Alimentos e os Cinco Movimentos
Na concepção dos cinco movimentos da MTC, ao movimento Madeira,
simbolizado pelas plantas, corresponde a cor verde ou azul esverdeado e que
corresponde a Energia Celeste Vento e relaciona-se ao Gan (Fígado); o
movimento Fogo corresponde ao vermelho e ao Calor e ao Xin (Coração); o
Movimento Terra corresponde ao amarelo e à Umidade e ao Pi (Baço/Pâncreas);
Movimento Metal, à cor branca e à Secura e ao Fei (Pulmão)e o Movimento
Água, à cor preta e ao Frio e ao Shen (Rins). O órgão encontra na cor uma fonte
de Energia pra realizar suas atividades fisiológicas. Assim ao ingerir um alimento
de cor escura estaria fortalecendo a energia do Movimento Água que
corresponde no nosso organismo ao Shen (Rins). A necessidade de uma
determinada cor, seja de alimentos, de objetos de uso pessoal ou do meio
ambiente, indica que o órgão correspondente à cor desejada está enfraquecido
ou está enfraquecendo. Então, o órgão vai procurar na cor correspondente, a
Energia necessária para seu fortalecimento, em um processo de auto regulação
(YAMAMURA, 2001).
As cores estão relacionadas com os aspectos energéticos dos alimentos,
pois cada movimento e seus respectivos órgãos correspondem a uma cor
peculiar e encontram na cor uma fonte de Energia para realizar suas atividades.
4.1.2 Os Sabores dos Alimentos
O Movimento Madeira, representado pelo Gan(Fígado) em nosso
organismo, necessita do sabor ácido/azedo, para fortalecer a Energia do
Movimento, consequentemente do órgão correspondente; o Movimento fogo,
representado pelo Xin (Coração), necessita do sabor amargo; o Movimento
Terra, representado pelo Pi (Baço/Pâncreas), do sabor doce; o Movimento
Metal, representado pelo Fei (Pulmão) do sabor picante e o Movimento Água,
representado pelo Shen (Rins), do sabor salgado (YAMAMURA, 2001).
29
Segundo Pisani (2004) o sabor, para fortalecer o órgão, deve ser em
pequena quantidade, o excesso é sempre lesivo. Por outro lado, a necessidade
constante de um sabor ou alimento específico vai indicar qual órgão está em
vazio.
Toda vez que a Energia de um Órgão enfraquece, esse Órgão passa
mensagem para o Pi (Baço/Pâncreas)e este órgão faz com que a pessoa sinta
vontade de comer algo salgado, doce, picante, amargo ou ácido/azedo,
dependendo do órgão que emitiu a mensagem, o Pi também é responsável pela
recepção e reconhecimento do sabor ingerido. Quando o desejo é insaciável é
porque o Qi de determinado Órgão está com pouca energia e o excesso de
sabor consome a energia do Órgão ocasionando um ciclo vicioso. Para
restabelecer o órgão enfraquecido deve-se ingerir o sabor mãe que gerará o
sabor desejado e não ingerir o sabor avô que inibe a geração do sabor pelo
sabor mãe, pois a dominância prevalece sobre a geração. Por exemplo, no caso
dos diabéticos, além de se evitar a ingestão de doces, ingerir amargo e evitar o
ácido/azedo que inibe o doce gerado pelo amargo. (YAMAMURA, 2001).
Para Pinheiro (2005) o sabor tem relação direta com a porção yin do
órgão relacionado. Acrescenta que o desejo por um determinado sabor é
indicativo de deficiência da porção yin do órgão correspondente e a aversão ao
sabor, pode indicar um padrão de excesso de yin.
Su Wen(cap.3) apud Auteroche & Navailh (1992) “A matéria prima do Yin
(os cinco sabores extraídos dos alimentos) deve ser equilibrada, a fim de não
ferir as cinco moradias. O abuso de acidez faz transbordar o Fígado e exaurir o
Baço. Sal em demasia contrai as carnes, cansa os ossos grandes e freia o
coração. O abuso de açucarados sufoca o coração e desequilibra o Rim,
escurecendo a tez. O abuso do amargo resseca o Baço, espessa a emanação
do Estômago. O abuso de azedume, relaxa os músculos e os vasos, maltrata a
essência e os espíritos”.
Segundo Córdova (2007) os sabores dos alimentos ainda podem ser
classificados como: Sutis que são aromáticos; Moderados de uso diário; Fortes
que devemos usar em pequenas quantidades para temperar e Tóxicos que são
os que machucam, ofendem, ferem. Podem até não intoxicar, mas não devemos
30
abusar de seu uso como o café (amargo), açúcar (doce), bebidas alcoólicas,
pimenta, pimentões (picante), sal (salgado) e vinagre (azedo ou ácido).
Para Yamamura (2001) o tóxico é toda a substância que possa causar
danos energéticos e físico-químicos ao organismo. Pode ser de origem gasosa,
líquida ou sólida. A toxicidade pode ser verdadeira quando ultrapassa os limites
de adaptação, de neutralização e de eliminação do organismo sadio. A
toxicidade falsa quando os órgãos ou vísceras estão em deficiência na sua
Energia (vazio), e quantidades menores do que aquela estipulada já tem efeito
tóxico. Na natureza existem alimentos que combatem as toxinas podendo
produzir efeitos antitóxicos ou desintoxicantes: fortalecendo a energia dos Rins
que ocupam papel de destaque na eliminação de resíduos energéticos e
aumentando o trânsito intestinal diminuindo desta forma a absorção de toxinas
no Intestino Grosso. O efeito antitóxico dos alimentos faz-se antes da
penetração das toxinas, neutralizando-as, são exemplos: abóbora-moranga,
alho-porro, banana, caqui, nabo, nêgui, pepino, arroz integral, frutas
principalmente a maçã, sementes entre outros. Já o efeito desintoxicante faz-se
após a penetração da toxina na corrente sanguínea através da ingestão da
bardana, nêgui, tomate, feijão preto, natô entre outros.
4.1.2.1 Funções dos Alimentos de Sabor Amargo (Xin – Xiao Chang)
Os alimentos de sabor Amargo reduzem o calor do corpo, drenam fluidos
corporais e provocam eliminações intestinais, dispersam a energia do coração,
tonificam a energia dos Rins(revitalizam o sangue) e harmonizam a energia do
Pulmão(ajudam a função da descendência do Qi). O amargo estimula o paladar
(função do Fogo controlando a Madeira) e torna a digestão mais rápida (função
do Fogo nutrindo a Terra, ação sobre o Baço-Pâncreas).
Em excesso, o sabor amargo causa perda de apetite, dores de cabeça,
instabilidade emocional, pele seca e sensação de vazio e fraqueza (os amargos
reduzem o Qi).
A falta pode provocar retenção de líquidos e estagnação do Qi
(CÓRDOVA, 2007).
31
4.1.2.2. Funções dos Alimentos de Sabor Doce (Pi – Wei)
Os alimentos de sabor doce são essencialmente nutritivos. Tonificam,
harmonizam e regulam o Qi. Acalmam sensações agudas de desconforto e
neutralizam efeitos tóxicos de carnes e peixes, acalmam a sede, tonificam a
energia do Baço, dispersam e energia do Coração (sedam o Shen, as emoções)
e harmonizam a energia do Fígado. O sabor doce gera umidade interna que
nutre o sangue e músculos. Porém, o excesso de sabor doce gera
complacência, avidez, dependência emocional, lentidão, obesidade e
sonolência. A falta pode causar desnutrição. Os alimentos de sabor doce são a
grande maioria de nosso prato, pois a sábia natureza nos oferece mais daquilo
que mais precisamos (CÓRDOVA, 2007).
4.1.2.3 Funções dos Alimentos de Sabor Picante (Fei – Da Chang)
Alimentos de sabor Picante ativam a circulação de energia (Qi) e fazem
suar, dispersam a energia do Pulmão, tonificam a energia do Fígado (atuam
sobre a Madeira dispersando ou expulsando o Vento. Bons nas infecções de
qualquer natureza) e harmonizam a energia do Rim (estimulam o Qi Ancestral).
São revigorantes (aumentam o YANG QI). Os Alimentos se sabor picante
facilitam a digestão, aquecem o corpo e facilitam a saída de mucos. Limpam as
cavidades dos seios nasais e paranasais, sendo benéfico para pessoas com
asma ou bronquite crônica (ação dispersiva sobre o Metal). O sabor Picante
ajuda a limpar a pele e retira a oleosidade excessiva. Em excesso queima a pele
e fere os lábios e os olhos, provoca sede exagerada, tonturas e instabilidade.
Pessoas animadas e extrovertidas têm uma inclinação natural pelos alimentos
de sabor picante. Porém, se comem em excesso, ficam eufóricas (o que esgota
o Coração) (CÓRDOVA, 2007).
4.1.2.4 Funções dos Alimentos de Sabor Salgado (Shen – Pan Guand)
Alimentos de sabor Salgado amaciam a rigidez de músculos e glândulas e
dispersam a energia do Rim, tonificam a energia do Coração e harmonizam a
32
energia do Baço. O principal alimento de sabor salgado é o próprio sal. Abre o
apetite e faz fluir a saliva e o suco gástrico. Porém, o excesso de sal na comida
leva à obesidade e à oleosidade da pele. Pode provocar acne e calor exagerado.
Seu uso em excesso é associado aos “desejos obsessivos” (CÓRDOVA, 2007).
4.1.2.5 Funções dos Alimentos de Sabor Azedo ou Ácido-Adstrigentes (Gan-
Dan)
Os Alimentos de Sabor Azedo ou Ácido são produtores de fluidos
corpóreos, podendo assim conter diarreias e suores excessivos. Um pouco de
ácido ajuda a formar os líquidos digestivos. Porém é um sabor que deve ser
usado com muito cuidado: pode causar retenção de líquido e juntar muco nos
tecidos. Queijos e iogurtes são ácidos devido à fermentação. Álcool e vinagre
são considerados ácido tóxico, por causa da fermentação. Intoxicam o sangue e
retêm toxinas nos tecidos. O excesso de sabor ácido pode causar úlceras,
distúrbios químicos no sangue, irritações da pele e do estômago. Comidas
fermentadas só são desejadas em pequenas quantidades. Os alimentos de
sabor azedo ou ácido dispersam a energia do Fígado, tonificam a energia do
Pulmão e harmonizam a energia do Coração (CÓRDOVA, 2007).
4.1.3 Natureza dos Alimentos
Segundo a MTC além da cor e do sabor outro aspecto importante dos
alimentos é quanto à sua natureza que pode ser: morna, quente, neutra, fresca,
e fria, e que tem respectivamente a energia da Primavera, Verão, Canícula,
Outono e Inverno. Esta natureza não se refere à temperatura em que o alimento
é servido ou a forma de preparo, mas as suas características energéticas e dos
efeitos que a ingestão dos diferentes tipos ou naturezas destes alimentos
provoca no organismo. Porém, segundo Pisani (2004) estas características
podem ser alteradas através da preparação e pelo uso de temperos. Já para
Córdova ( 2007) a temperatura que o alimento é servido e a forma de preparo,
pode ou não influenciar sua natureza, e como exemplo cita o molho de pimenta,
que mesmo servido gelado continua de natureza quente. Já a banana, de
33
natureza fria, cozida com canela torna-se morna. Isso porque, os alimentos não
são quentes ou frios em si, mas sua natureza aquece ou esfria nosso organismo.
Córdova (2007) diz que a Natureza dos alimentos refere-se à energia
mais Yang ou mais Yin de um determinado alimento. Os alimentos de natureza
Quente e morna aquecem o organismo, aumentando o Yang. Alimentos de
natureza Fria e Fresca resfriam o organismo, aumentando o Yin. Alimentos de
natureza neutra nem esfriam, nem esquentam, são neutralizadores,
equilibradores. Para Yamamura( 2001) o ser humano alimentando-se de
vegetais de característica refrescante, estará combatendo o calor interno e ao
mesmo tempo estará refrescando-se, preparando-se para adaptar-se ao frio do
inverno. E, nesse período, ingerindo-se alimentos amornantes e ou caloríferos,
estará aquecendo o corpo e preparando-se para adaptar-se a do calor o verão.
Assim, as frutas de modo geral têm características refrescantes (melancia, uva,
maçã...), enquanto as raízes, rizomas e as sementes possuem características
amornantes (gergelim, amendoim, batata...). A não observação deste princípio
simples, originado da concepção do Yang e do Yin, poderá iniciar processo de
adoecimento do tipo Calor ou do Frio.
Para Pinheiro (2005) a natureza dos alimentos é um aspecto que deve ser
bastante valorizado, pois é um dos critérios de escolha do alimento adequado,
baseado no clima e padrão energético de cada um.
Segundo Córdova (2007), quando falta Yang Qi no organismo devemos
ingerir algum alimento quente, muitos mornos e neutros e algum fresco para
equilibrar. Quando falta Yin Qi, ingerir algum alimento frio, muitos frescos e
neutros e algum morno, para dar equilíbrio. Se o organismo está equilibrado
ingerir alimentos mornos, neutros e frescos, de vez em quando quentes e frios
ou quando o organismo precisar.
Para Pisani (2004) a natureza dos alimentos pode determinar o sucesso
ou o fracasso dos tratamentos. Segundo ele este aspecto é extremamente
importante, tanto para tratarmos como para evitarmos os desequilíbrios.
Ainda para Pisani (2004) de uma forma geral os alimentos possuem uma
ação mais acentuada em alguns órgãos. As verduras e as frutas atuam sobre o
34
Fígado e o Coração. As folhas mais sobre a energia do Pulmão. Os cereais de
maneira geral sobre o Baço/Pâncreas e estômago. E as raízes sobre os Rins.
4.1.4 Movimento dos Alimentos
Segundo Pisani (2004) os alimentos podem produzir certos movimentos
na energia vital. Para Córdova (2007) é a capacidade de cada alimento de
mover energia (Qi) em determinadas direções dentro do corpo. Pinheiro (2005)
afirma que dependendo da natureza e do sabor, o alimento poderá gerar um
movimento interno específico, o que fará com que tenha indicação para cada
caso.
Segundo Henry C. Lu em seu livro Sistema Chinês de Curas Alimentares,
“[... os alimentos possuem uma tendência de mudar em diferentes direções no
organismo. Alguns alimentos movem-se para fora, outros para dentro; alguns
alimentos possuem tendência a moverem-se para cima; outros para baixo. Para
ver como isso funciona pense no corpo humano como dividido em quatro
regiões: interior (região interna); exterior (pele e superfície corpórea), superior
(acima da cintura); inferior (abaixo da cintura].
Para Córdova (2007) são cinco os tipos de alimentos quanto aos
movimentos:
-ASCENDENTE: Dirigem o Qi para cima. São bons para ingerir na Primavera,
aliviam diarreia, prolapsos, hemorroidas e varizes. Exemplos: arroz, alcaparra,
atum, batata doce, cebola, cenoura, germe de trigo, limão, ovos, repolho, vinho
etc.
-DESCENDENTE: Dirigem o Qi para baixo. São bons para comer no Outono,
aliviam vômitos, soluços, asma e tosse. Exemplos mais comuns: alface, banana,
clara de ovo, chá verde, maçã, manga, pepino, pêssego, tangerina, tomate, trigo
etc.
-NEUTRO: Não deslocam o Qi. Exemplos comuns: abacaxi, abóbora redonda,
aveia etc.
-CENTRÍFUGO: Dirigem o Qi para superfície do corpo. São bons para comer no
Verão, fazem suar e reduzem a febre. Exemplos mais comuns: canela em pau,
35
cebola branca, mangerona, alecrim, gengibre seco, pimentas branca e vermelha,
vinho etc.
-CENTRÍPETO: Dirigem o Qi para o interior do corpo. São bons para comer no
Inverno, facilitam os movimentos intestinais e reduzem o inchaço abdominal.
Exemplos mais comuns: alface, algas, abobora amarga, óleo de gergelim, siri,
sal, mariscos etc.
Porém há alimentos que provocam mais de um tipo de movimento do Qi
que são:
-ASCENDENTE E CENTRÍFUGO: Dirigem o Qi para cima e para superfície do
corpo. Fazem transpirar, eliminar catarro, vomitar, abrir os orifícios, dispersar o
frio e o vento. Geralmente são de natureza quente ou morna, de sabor picante
e/ou doce. São eles: alecrim, óleo de soja, pimenta do reino e pimentões.
-DESCENDENTE E CENTRÍPETO: Dirigem o Qi para baixo e para o interior do
corpo. Geralmente de natureza fresca e fria, de sabor azedo e/ou salgado.
Favorecem a purgação, eliminam o calor, facilitam a digestão, revertem as
contracorrentes de energia, tranquilizam o espírito e acalmam o vento. São eles:
alga nori, trigo e sal.
-ASCENDENTE E DESCENDENTE: Dirigem o Qi tanto para cima como para
baixo. São eles: agrião, ameixa, aspargo, azeitona, porco, rabanete, sardinha,
uva, peixe etc.
-ACETINADOS: Aumentam a circulação de Qi, são escorregadios, facilitando os
movimentos. Bons para constipação e secura interna. São eles: Mel e espinafre.
- OBSTRUTIVOS: Retardam a circulação do Qi, acalmam o Qi, impedem a
saída. São bons para diarreia e emissão seminal. São eles: goiaba, azeitona,
caqui.
36
QUADRO 2: Ações gerais dos Alimentos Fonte: Adaptado de Perini, M., 2003
Sabor Energia Mov. Orgão /Viscera que atua
Benefício/ efeito
Alimento P I C A N T E
D O C E
A Z E D O
A M A R G O
S A L G A D O
F R I O
Q U E N T E
M O R N O
F R E S C O
N E U T R O
C I M A
B A I X O
D E N T R O
F O R A
ABACAXI X X X X E/B INDUZ URINAÇÃO
ABÓBORA X X X BP / E DISSOLVER MUCO
AÇUCAR BRANCO
X X X P/BP/E ALIVIA ESPASMOS
ALGA MARINHA
X X X F/E/R ALIVIA MASSAS DURAS
ALHO X X X X BP/E/P AJUDA DIGESTÃO
AMEIXA X X X X F/E LIMPA CALOR DE FIGADO
AMENDOIM X X X BP/P DISSOLVE MUCO
ARROZ POLIDO
X X BP/E HARMONIZA ESTÔMAGO
BANANA X X X IG/E NUTRE YIN
BATATA X X X BP/E ALIVIA ESPASMO
BATATA DOCE
X X X BP/E/IG
PRODUZ JIN YE
BERINGELA X X X E/IG LIMPA CALOR
BROTO DE BAMBU
X X X X P/E/IG ALIVIA A SEDE
CAMARÃO X X F/R PROMOVE PRODUÇÃO DE LEITE
CANELA X X X BP/E/F DESBLOQUEIA CANAIS E
37
COALTERAIS
CAQUI X X X P/E/IG ADSTRINGENTE DE INTESTINO
CEBOLA X X X P/E/IG PROMOVE MOV. INTESTINO
CENOURA X X X BP/F/P LIMPA CALOR
CEREJA X X X BP/F NUTRE FIGADO E RIM
COELHO X X BP/E ENRIQUECE CHI
COGUMELO
X X BP/E/P REABASTECE CHI
ERVILHA X X BP/E FORTALECE BP
ESPINAFRE X X X IG/E/F UMEDECE SECURA
FEIJÃO PRETO
X X E/R TONIFICA YANG DE RIM
FIGO X X X BP/P/IG
UMEDECE INTESTINO
FRANGO X X BP/E TONIFICA CHI E JING
GENGIBRE X X X X BP/P/E PÁRA VOMITOS
LARANJA X X X E/B PRODUZ JIN YE
LIMÃO X X E/F/P ALIVIA CALOR DE VERÃO
MELANCIA X X X E/C/B ALIVIA A SEDE
MILHO X X E/B REGULARIZA AQUECEDOR MEDIO
NABO X X X X E/P LIMPA CALOR
PEPINO X X X E/B ALIVIA EDEMA
PÊRA X X X P/E LIMPA
38
CALOR
PIMENTA MALAGUETA
X X X BP/E/C SECA UMIDADE
PORCO X X X X P/BP/F ENRIQUECE SANGUE
REPOLHO X X X P/E/B AJUDA URINAÇÃO
SAL X X BP/R FORTALECE RIM
SARDINHA X X F/R EXPELE PARASITA
TANGERINA
X X X E/IG REGULARIZA O ESTOMAGO
TRIGO X X X C/BP/R NUTRE CORAÇÃO
TOMATE X X X E/F NUTRE YIN
UVA X X X X R/F/E REABASTECE CHI E SANGUE
VACA X X X BP/E ENRIQUECE FIGADO E SANGUE
4.2 Nutrientes
Os nutrientes são a parte material (Yin do Yin) dos alimentos, constituídos
de água, proteínas, hidratos de carbono, gorduras, sais minerais e vitaminas.
Cada um deles desempenha o seu papel na formação, no crescimento, no
desenvolvimento e na manutenção do organismo. O modo de ação destes
nutrientes, principalmente o dos micronutrientes, vem esclarecer, em parte, o
mecanismo de atuação dos alimentos contidos nos conceitos antigos da MTC
sobre a alimentação. A visão energética e dos nutrientes, seu papel na função e
forma, se complementam (YAMAMURA, 2001).
39
4.3 Alimentos e Emoções
Segundo Córdova (2007), os alimentos influenciam nas nossas reações
emocionais, podendo nos deixar mais ou menos equilibrados. Eles podem
auxiliar nosso modo de sentir e aumentar nossa disposição e determinação.
Para Auteroche & Navailh (1992), os 7 sentimentos (Qi Jing) Raiva,
Alegria, Preocupações, Pensamento, Tristeza, Medo, Pavor que na teoria dos
cinco movimentos têm o nome de cinco emoções: Alegria, Raiva, Pensamento,
tristeza e Medo, representam as modificações do espírito em reação à
percepção de mensagens emocionais transmitidas pelo ambiente. A ação
patogênica dos 7 sentimentos vai diretamente aos órgãos, por isso são os
principais fatores de doenças de origem interna. A atividade mental necessita do
Jing Qi dos órgãos, como base material. O excesso de emoção fere o órgão ao
qual corresponde, afeta essencialmente sua atividade funcional e acarreta um
desregramento da “subida e da descida do Qi”, cria desordem entre o Qi e o
sangue, esvaziam os cinco órgãos, o Qi e o sangue perdem conteúdo.
De acordo com Campiglia (2004), o equilíbrio entre o Yin e o Yang, entre
o individuo e o meio e entre o Zang e Fu é dinâmico como a própria natureza. A
diminuição da energia Vital e do Qi correto gera o desequilíbrio, levando ao
adoecimento. O Qi correto, por sua vez, depende de vários fatores entre eles a
alimentação equilibrada.
4.3.1 As Emoções em Fogo (C e ID)
Conforme Córdova (2007) O Coração é a residência da mente, que na
MTC significa pensamento, memória, consciência, cognição, inteligência e sono.
Quando somos perturbados por uma emoção fulminante estas atividades
mentais ficam confusas. As emoções que mais mexem com o Coração são:
excitação, inquietude, euforia, drama, sincope. Emoções que podem tirar nosso
discernimento na hora de tomar uma decisão (Intestino delgado).
O sabor amargo tem efeito sobre todo o organismo, mas influencia
diretamente o sistema Coração-Intestino Delgado. Podendo, tanto dispersar a
40
energia do Coração, que é o máximo do Yang, equilibrando-os dos excessos
emocionais e de líquidos dentro dos vasos(Hipertensão), como estimular, no
caso de esgotamento, que acarretam falta de ânimo, vitalidade e de sangue.
Pessoas Yin, que têm tendência à hipotensão, dormem muito, não gostam muito
de atividades físicas, sentem certo cansaço, podem beneficiar-se com um
cafezinho ou um vinho. Porém, pessoas Yang com tendência a hipertensão, face
vermelha, inquietas por natureza, falam muito, riem ou choram por tudo, não
devem usar alimentos amargos estimulantes e se o fizerem deve ser em
pequenas quantidades. O uso de amargos diuréticos como, chá de sálvia, chá
de dente-de-leão, é mais recomendado.
Para manter as emoções mais equilibradas e proteger o Coração dar
preferência a alimentos que movem o Qi para baixo (energia descendente) e
neutros como: alface, banana, berinjela, cevada, maçã, painço, tangerina, trigo
entre outros e fortificar o Centro (Estômago- Baço) com beterraba, arroz integral,
carnes brancas, chuchu, geleira real, nozes e castanhas entre outros. Além
disso, alimentos de natureza fresca e fria como abacaxi, agrião, alface e aveia,
podem contribuir para o equilíbrio do Coração, não esquecendo o princípio: ”O
uso moderado nutre, o excesso e a falta agridem”. O consumo excessivo de
chocolate (sabor amargo), quando estamos tristes, é um exemplo clássico de
alimento que para os Mestres Chineses pode espoliar o Coração, o que é
explicado na Medicina Ocidental pela oscilação dos níveis de serotonina,
substância mediadora do Sistema Nervoso Central, que traz uma sensação de
euforia. Logo após ingestão os níveis de serotonina aumentam, porém em um
curto espaço de tempo, baixam a um limiar inferior ao de antes do consumo,
tornando maior o sentimento de tristeza, ansiedade e depressão, além de outros
efeitos colaterais, como por exemplo, acidez estomacal, prisão de ventre,
desmineralização dos ossos, obesidade entre outros.
Auteroche & Navailh (1992), cita que o Ling Shu (cap.8) diz: Quando o Qi
do Coração está em vazio, há choros, em estado de Plenitude, há risos
ininterruptos.
Para Campiglia (2004), o coração é o único órgão na língua chinesa que
não apresenta em seu ideograma o radical comum Rou, que significa carne
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(posição fixa), ele é dinâmico, está em vários lugares, pois na MTC parte do que
é chamado Coração incluí os vasos sanguíneos, ou seja, o Shen ao se alojar no
coração circula com o sangue nos vasos. Adquiri-se e desenvolve-se a
consciência interagindo com o mundo e com os próprios órgãos e o Shen está
presente em cada um deles. O Shen orquestra a vida psíquica e naturalmente
influencia o corpo e a relação entre o físico e o psíquico.
4.3.2. As Emoções em Terra (E – BP)
Conforme Córdova (2007), as emoções que desequilibram o Estômago-
Baço-Pâncreas são a ansiedade, a preocupação, o pensamento obsessivo e as
ideias fixas, que podem ser a origem de gastrites e úlceras estomacais. A
grande maioria dos alimentos é de sabor doce (não de paladar doce), de energia
e movimento neutros que favorecem o sistema Estômago- Baço-Pâncreas. Da
terra vem todo alimento; do centro vem todo o Qi. Estômago e Baço-Pâncreas
retiram o Qi dos alimentos e o transformam para que possa ser incorporado ao
sangue.
Os alimentos de sabor doce podem acalmar a mente, ajudar a reconhecer
e controlar a raiva e predispor à compreensão e ao diálogo. Porém, o excesso
lentifíca o metabolismo, causam obesidade e sonolência. Alimentos açucarados
e o açúcar de cana são sempre um excesso, já que todos os grãos e a maioria
das raízes e frutos contém açúcar.
Segundo Auteroche & Navailh (1992), o Qi do Baço em estado de Vazio,
manifesta-se por depressão, astenia mental, em Plenitude, por obcessão, ideia
fixa.
Para Campiglia (2004), o Baço abriga o Yi que é o aspecto mental e
simboliza o centro do Shen, cujo ideograma significa “o canto e o som que o
coração do homem registra”. Se traduz como memória, ideias, intenções e
imagem corporal. Tem assim como a Terra, a função de recepção, acolhimento
e nutrição. Por isso doenças como bulimia e anorexia são relacionadas ao Baço.
Quando o Baço está em plenitude, a pessoa fica inundada de ideias e
pensamentos, sem poder usá-los em seu favor, tornando-se obsessivos,
42
repetitivos e pouco criativos. Quando em deficiência ocorre dificuldade de
concentração, memorização e raciocínio lógico, como um tipo de astenia mental.
Quando o fluxo natural de Qi é interrompido, cria-se uma repetição de padrões.
4.3.3. As Emoções em Metal (P- IG)
De acordo com Córdova (2007), as emoções que desequilibram o Pulmão
são a tristeza, a melancolia e o luto. Os alimentos picantes, que atuam sobre o
Pulmão e Intestino Grosso, alimentos de natureza morna e quente, de
movimento ascendente, descendente e centrífugo, consumidos em quantidades
moderadas, vão nos colocar a salvo de gripes, resfriados e outros males
respiratórios, pois dispersam o Qi fazendo-o descer para o Rim. A falta ou
excesso de alimentos picantes pode baixar a imunidade e a capacidade de
compreender o vai e vem da vida, isto é, que tudo é impermanente, nada é
eterno, nem mesmo o luto. Os de movimento ascendente e centrifugo auxiliam a
difundir o Qi defensivo sob a pele, aquecer todo o corpo e aumentar nossa
capacidade de conviver com as emoções do movimento metal.
Conforme Auteroche & Navailh (1992), o Qi do Pulmão em estado de
Vazio, manifesta-se por Angústia e em Plenitude por superexcitação.
Segundo Campiglia (2004), o Po se aloja no Pulmão e é a camada mais
primitiva da consciência, também chamado de alma corporal. Está relacionado
aos reflexos, aos sentidos e aos instintos. O Pulmão é um centro de distribuição
e difusão de energia. O ar e a energia provenientes dos alimentos deverão
passar pelo Pulmão para serem distribuídos pelo corpo. O Po é um espírito
estruturante, que ajuda na condensação das energias para a formação da
estrutura de cada ser, proporcionando sua individualidade, integridade e
autopreservação. A energia de nutrição (Rong Qi) está intimamente ligada ao
Po, pois ao nutrir o corpo inteiro, ajuda na sua função estruturante. Emoções
como a tristeza e pesar podem afetar o Po diretamente.
43
4.3.4 As Emoções em Água (R – BX)
Segundo Córdova (2007), a emoção que desequilibra o Rim é o Medo,
porém ele é necessário à sobrevivência. Sua falta ou excesso é que são
prejudiciais. Muito medo indica deficiência de Qi do Rim. O Rim é o celeiro da
energia vital, de Qi. O Qi original mora no Rim, a harmonia do Rim é
fundamental para o bom funcionamento e desenvolvimento do organismo.
Inversamente o Rim é a morada da Força de Vontade, determinação,
iniciativa, coragem, persistência e também da libido. O sabor que o nutre é o
salgado, alimentos de energia ascendente, de natureza morna ou neutra. Todas
as sementes como nozes, castanhas e avelãs entre outras (celeiros da vida),
nutrem o Rim. Como exemplo a autora sugere consumir, sem excessos, à noite
uma sopa quentinha de feijão ou raízes, com pouco sal, temperada com salsa e
cebolinha, com doces de nozes de sobremesa para aumentar a segurança e a
autoconfiança.
De acordo com Auteroche & Navailh (1992), quando o Qi do Rim está em
Vazio, manifesta-se por indecisão, apreensão, quando está em Plenitude,
manifesta-se por autoritarismo, extravagância.
Conforme Campiglia (2004), O Zhi aloja-se nos Rins e é a potência,
aspiração do coração, a ambição, o interesse, o poder criador e de adaptação
presente em cada um de nós, força de viver, o Tao pessoal. Os Rins são a raiz,
o chão, a base, portanto, o chão que enraíza o Shen. As alterações de Zhi
podem gerar medo, sentimento de inferioridade, timidez, desconfiança e, no polo
oposto, sentimento de superioridade, autoritarismo e falta de limites.
4.3.5 As Emoções em Madeira (F- VB)
Como define Córdova (2007), o excesso de Raiva desequilibra o Fígado
(ficar verde de raiva). A raiva, o ressentimento e frustração, fazem mais mal para
o Fígado do que uma comida bem gordurosa. Emoções podem equilibrar ou
desequilibrar o organismo. Alimentos podem reequilibrar ou desequilibrar as
emoções.
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O sabor azedo de natureza neutra e fresca de movimento neutro nutre o
Fígado, melhoram o humor e a capacidade de reação. O excesso de azedo o
agride. Pessoas irritadas, de pavio curto, ou que acordam sempre de mau humor
devem ingerir o azedo com moderação e acalmar o Fígado e suas emoções com
uma dieta compatível.
Auteroche & Navailh (1992) citam que o Ling Shu (cap.8) diz: Quando o
Qi do Fígado está em Vazio, há medo, em Plenitude, há raiva.
Para Campiglia (2004), o Hun aloja-se no Fígado e como o próprio Fígado
tem característica o movimento, a ação, o fluxo livre de energia. É responsável
pelo relacionamento do indivíduo com o mundo e por sua capacidade de projetar
seus pensamentos para fora. Os sonhos, a imaginação e a linguagem vem do
Hun. Ele confere a capacidade de planejar, traçar objetivos e metas na vida. O
Fígado exterioriza sua energia através do Wei Qi, que é a energia de defesa, o
Hun também faz parte da estrutura de defesa. È responsável também pela
energia que dá o ímpeto da inspiração nasal. Ele põe em movimento a roda dos
cinco elementos. É responsável pela memória inconsciente de experiências
passadas, analisa o presente e planeja o futuro. Com o Hun desequilibrado, a
pessoa não consegue avaliar o sentido emocional dos fatos. O uso de álcool e
drogas pode danificar o Fígado e desalojar o Hun de sua morada. Alterações no
Hun levam a irritabilidade, agressividade, raiva, frustração, hostilidade e, no
outro polo, culpa, baixa auto estima, perda de motivação e tédio.
4.3 Como utilizar a alimentação de forma adequada
A importância da alimentação na conservação de saúde foi apontada tão
cedo quanto registra a obra Clássico Interno de Huangdi, que também
recomenda que você deve comer uma variedade completa e balanceada de
alimentos, sendo importante usar alimentos corretamente no tratamento de
doenças (PERINI, M., 2003).
Campiglia (2004) acrescenta como regras básicas para uma boa
alimentação, comer em horários regulares, não pular refeições nem diminuir ou
aumentar exageradamente a quantidade dos alimentos, comer lenta e
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calmamente (para que a energia dos alimentos possa ser absorvida
corretamente), comer mais pela manhã, moderadamente no almoço e pouco no
jantar, pois os órgãos responsáveis pela digestão e assimilação da energia dos
alimentos funcionam no período da manhã. Lembrar que o açúcar é
excessivamente doce e, em vez de tonificar o Baço, irá piorar sua condição.
Evitar álcool, alimentos fritos e gordurosos, pois provocam alterações do tipo
calor e Fogo do Fígado, evitar ingestão excessiva de leite e derivados, pois
estagnam a energia (obstrução do fluxo de Qi) e pioram a função do E e BP.
Frutas, vegetais e legumes crus devem ser ingeridos com moderação e de
preferência ao fim da refeição. A refeição deve ser iniciada coma alimentos
neutros ou mornos como sopas, carnes e cereais, pois esquentam o Estômago e
facilitam a digestão. Alimentos crus são preferencialmente ingeridos no verão.
Não se recomenda fazer regimes à base de saladas e frutas cruas, pois isso
atrapalha ainda mais a função do BP e dificulta até certo ponto o
emagrecimento. Evitar bebidas geladas, pois atrapalham o fluxo do E e pioram
as condições de pacientes com baixa energia Yang e quadros de invasão de
Frio patogênico externo. Procurar alimentos orgânicos, sem antibióticos e
agrotóxicos (que pioram a condição do F), e em bom estado de conservação.
Segundo Córdova (2007), a MTC não tem um modelo de dieta que sirva
para todo mundo. Ela leva em conta as diferenças individuais. Receitar uma
dieta depende de um diagnóstico específico, identificando se existem
desequilíbrios dos sistemas internos, se o indivíduo é Yin ou Yang, se a
constituição do indivíduo é quente, seca, fria, úmida, debilitada ou excessiva,
entre outros.
De acordo com Auteroche & Navailh (1992), a energia nutriente, Rong Qi,
é proveniente do Jing Qi da alimentação elaborada pelo Baço e Estômago. Ela
é formada pelas matérias as mais nutritivas do Qi da alimentação. O Yin Qi
(Rong Qi) percorre o organismo seguindo os meridianos, começando às 3 horas
ao nível do Pulmão. Percorre o conjunto dos meridianos em 24 horas,
demorando 02 horas com atividade máxima em cada meridiano e doze horas
após encontrar-se no mínimo energético.
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Conforme Córdova (2007), entre 3 h e 5 h é a vez do Pulmão. Precisamos
nos abastecer de Qi através do ar, por isso, neste horário, é melhor evitar
ambientes poluídos. É a hora que as doenças pulmonares se manifestam, pois o
Pulmão está recebendo mais Qi, luta mais. Entre 5 h e 7 h o Qi está no Intestino
Grosso, “hora da faxina”. Entre 7 h e 9 h, o Estômago está em atividade máxima,
a insulina está pronta para colocar a glicose para dentro das células. Quem não
se alimenta pela manhã é vulnerável à hipoglicemia. Das 9 h às 11 h o
Baço/Pâncreas transforma e transporta os alimentos para serem incorporados
ao sangue e das 11 h às 13 h o Coração produz sangue. Se você não se
alimentou o organismo utiliza sua Essência (energia ancestral). É hora do
almoço. O Coração está no seu máximo, um vegetal de sabor amargo, um
cereal, pouca carne sem gordura para não desviar o Qi do Coração para o
Estômago e ele acabar trabalhando no vermelho. Entre 13 h e 15 h ID, e entre
15 h e 17 h Bexiga, que separa o puro do impuro, um lanche leve à base de
chás, pães e biscoitos integrais ou um punhadinho de sementes. Ente 15 h e 19
h o Qi está no Rim. Das 19 h e 21 h no Pericárdio e entre 21 h e 23 h Triplo
Aquecedor que integra as funções de respiração, digestão e armazenamento,
por isso quem está de dieta não deve comer depois do sol se pôr. Das 23 h à
1 h Vesícula Biliar e da 1 h às 3 h o Qi está no Fígado fazendo a desintoxicação,
não é hora para comidas pesadas, drinks e bebidas alcoólicas. O Qi acumulado
durante a noite (yin), energia de repouso, é que vai possibilitar a todos os
sistemas internos uma boa performance durante o dia (Yang).
Ainda segundo Córdova (2007) em muitos países e até no interior de
Minas Gerais o desjejum, horário do E/BP, é uma refeição bem completa, com
alimentos formadores de sangue e de Qi. Para qualificar uma dieta como
equilibrada é necessário levar em consideração o local de habitação, o clima, o
horário, a atividade física e intelectual da pessoa, bem como a estação do ano,
pois o que a natureza produz em cada estação, é o melhor alimentos para
aquela época.
Assim, no Verão (Fogo) precisamos reduzir os amargos como chocolate e
café, pois os Mestres chineses dizem que o sabor já está no ar. Não ingerir
alimentos quentes nem muito frios, pois o Triplo Aquecedor terá que trabalhar
muito para manter a temperatura do organismo de 36,5°. Utilizar, de uma
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maneira geral, alimentos de Sabor Doce e natureza fresca e neutra além de
diminuir a quantidade e aumentar o número de refeições ao longo do dia.
No Outono, início do Yin, o Sabor Picante está no ar, privilegiar a
respiração profunda, calma e lentamente doze vezes, pelo menos uma vez ao
dia e ingerir alimento refrescantes de sabor amargo em pequena quantidade
para o Fogo ajudar na descendência do Qi do Pulmão, alimentos doces, neutros
e mornos para se preparar para o inverno, um pouco de salgado para equilibrar,
azedos, para proteger o F, e água, pois o outono é seco e sem umidade os
Pulmões e Intestino Grosso sofrem.
No Inverno procurar ingerir alimentos amargos, mornos, de movimento
ascendente, além de acetinados e temperos de natureza morna para ativar a
circulação do Qi e do Sangue. Evitar os crus.
Na Primavera o sabor que vem no vento é o ácido do pólen (e o
adstringente). Alimentos frescos, doces e de movimento neutro são bem-vindos.
Quentes e frios em pequenas doses, ingerir com moderação os amargos e os
azedos e não exagerar no sal.
4.3.1 Alimentos e padrão de desarmonia, segundo Campiglia (2004)
Deficiência de Qi: abóbora, arenque, arroz, batata, batata-doce, carne
bovina, cereja, shitake, coco, fígado de boi, feijão branco, frango, ginseng,
jaca, mel, tofu, tâmara, uva, enguia, alcaçuz.
Deficiência de sangue: carne bovina, mariscos, espinafre, polvo, ostra,
presunto, rabada, uva, fígado de boi, ovo, queijo, açúcar, pé de porco.
Deficiência de Yin: abacaxi, abóbora amarga, açúcar, arroz, aspargo,
camarão, cana de açúcar, carambola, cogumelo branco, damasco,
ervilha, feijão, figo, geleia real, leite, limão, maçã, maltose, manga, mel,
melancia, nozes, ovo, pera, porco, queijo, tofu, tangerina, tomate, vagem.
Deficiência de Yang: anis estrelado, canela, castanha, cavo da índia,
erva doce, raiz de erva doce, pimenta malagueta, rabada, framboesa.
Para diminuir o calor excessivo: abóbora, aipo, alface, babosa, batata,
berinjela, broto de bambu, bardana, folha de beterraba, carambola,
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caranguejo, mariscos, figo, flor-de-lis, clara de ovo, caule e raiz de lótus,
raiz de malva, manjericão doce, mel, morango, tofu,trigo, folha de uva.
Para melhorar a circulação de Qi: açafrão, alho, anis estrelado, carne
bovina, semente de melão cantalupe, raiz e cabeça branca de cebola
verde, cebolinha, cenoura, mariscos, shitake, erva doce(semente e raiz),
folha de figueira, ovo, hortelã, folha de laranjeira, folha de limão
manjericão doce, orégano, rosa, tangerina, vagem vinagre.
Para melhorar a circulação de sangue: açafrão, açúcar mascavo, aipo,
raiz de aipo, semente de ameixa, arroz glutinoso, castanha, folha de
beterraba, vinagre, feijão de soja amarelo, feijão preto, folha de gengibre,
manjericão doce, pêssego, pimenta branca e malagueta, tofu, rabanete.
Vazio de Qi ou Yang do Coração: trigo, couve, coração de porco,
semente de lótus e leite de vaca.
Vazio de sangue do C: Nutrir - leite de vaca (nutre), milho, carne de
carneiro, ovo de galinha (acalmam o C), pó de ostra, lúpulo e alcaçuz,
bardana, trigo, frango jujuba, mel, ovo de galinha (acalmam o Shen),
coração e fígado de porco, jujuba, pó de ostra, pétala de lírio, alcaçuz e
valeriana (acalmam palpitações).
Obstrução dos orifícios do C por mucosidade-calor do C: vesícula de
boi ou de porco, semente de lótus, pétala de lírio (eliminam a
mucosidade), vesícula de boi, porco e javali, carne de javali, escargot,
carneiro, leite de ovelha, gema, arruda, alcaçuz, oliva chinesa (abrir os
orifícios do C).
Fogo do C: bardana, leite de vaca, pera e vesícula de boi.
Aumento do Yang do Fígado: caranguejo, carne de porco e uvas
(aumentam), cabelo de milho, semente de girassol, gergelim, vesícula de
boi (acalmam), vesícula de boi e de cavalo (eliminam o Fogo do F),
alimentos quentes e picantes são contra indicados.
Estagnação de Qi do F: folha de laranjeira, alho, alho porro, manjericão,
alface. Dar preferência às refeições leves, usar o sabor picante, alimentos
mornos ou quentes. Evitar o ovo de galinha e açúcares, alimentos frios ou
de sabor ácido.
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CONCLUSÃO
O aforisma “O homem é aquilo que ele come”, que podemos
complementar com “ e absorve” e “ como come e o quanto come”, é verdadeiro,
pois o que o homem come e quanto come e absorve revela o que ele se
transforma.
Os alimentos são imprescindíveis à existência humana, pois sem eles não
sobreviveríamos e é através das energias complementares dos alimentos e
respiração, denominadas energias do céu posterior, que se preserva a energia
Yuan e Zhong que são anteriores ao ser humano, a primeira imutável, é o sopro
original da vida, isto é, a vibração celular peculiar de cada espécie e a segunda
variável de acordo com o código genético herdado de cada raça, que serão
utilizadas no decorrer de nossa existência.
Para os orientais matéria e energia alternam-se entre si, sendo a matéria
um estado de condensação da energia e a energia um estado de dispersão da
matéria, as duas representam o princípio primário, o T’CHI, que contém a cifra 2
em seu simbolismo e que parte do Tao, o “um”. Todo e qualquer forma de vida,
seja animal ou vegetal necessita suprir-se de matéria e energia para seu
desenvolvimento e manutenção.
Os seres humanos, assim como qualquer outro ser vivo, estão em
constante transformação, desde o momento da concepção inicia-se o processo
de incorporação das energias essenciais à vida. Os alimentos são as fontes que
incorporam a matéria e a energia aos seres humanos através inicialmente do
útero e aleitamento materno, que após esse período necessitarão
progressivamente ser adquiridos da dieta para garantir o crescimento e
manutenção na vida.
As características Yin dos alimentos referem-se mais a matéria e sua
constituição física, como forma, consistência e composição, isto é seus
componentes químicos como proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e
vitaminas. Os componentes energéticos, segundo seu sabor, cor, cheiro,
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natureza, movimento que o alimento que produz na energia vital, pertence às
características Yang.
Os alimentos possuem as energias celestial e terrestre, Yang e Yin que
devem estar em equilíbrio no organismo. A escolha dietética adequada de cada
alimento deve levar em conta as características de cada alimento como cor,
sabor, natureza, movimento do Qi, horário, clima, estação do ano, idade, sexo, o
perfil energético e emocional de cada um, como forma de prevenir, preservar a
saúde e tratar doenças, além de ser uma fonte de prazer sensível aos órgãos
sensoriais e a mente. Como diz a sabedoria chinesa: “O uso moderado nutre, o
excesso e a falta agridem”.
Como cada ser humano possui uma constituição física, diferenças
individuais e emocionais, não tem um modelo de dieta que sirva para todo
mundo. As características de cada alimento é que irão determinar se ele é
apropriado ou não para aquele indivíduo.
A dietética Chinesa pode se tornar uma grande aliada no tratamento das
desordens energéticas e dependem de um diagnóstico específico para cada
caso, pois na MTC a concepção integracionista do Céu-Homem-Terra, ou
espírito holístico com a estrita individualização do paciente, que é uma premissa
derivada da própria circunstância energética do homem, um ente regido por leis
universais, forma um todo indissolúvel e inter-relacionado.
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