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Faculdade de Tecnologia “José Crespo Gonzales” Flávia Cristiane Gobbo Estudo de Corrosão por PIT do Aço Inox 321H Soldado pelo Processo GTAW Autógeno Sorocaba 2017

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Faculdade de Tecnologia “José Crespo Gonzales”

Flávia Cristiane Gobbo

Estudo de Corrosão por PIT do Aço Inox 321H Soldado pelo Processo

GTAW Autógeno

Sorocaba

2017

Estudo de Corrosão por PIT do Aço Inox 321H Soldado pelo Processo

GTAW Autógeno

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado a

Faculdade de Tecnologia de Sorocaba (FATEC) “José

Crespo Gonzalez” para a obtenção do título de

Tecnólogo em Processos Metalúrgicos.

Orientador: Prof. M. Sc. Marcos Dorigão Manfrinato

Sorocaba

2017

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus e minha família pela vida e força para enfrentar as

adversidades que sobrevieram durante esse período de aprendizado e crescimento

profissional.

A todos os professores e orientadores em especial ao Marcos Dorigão, Luciana Sgarbi

Rossino, Igor Franco e César Antonio que me proporcionaram todos os suportes necessários,

e que contribuíram para que obtivesse sucesso em meus estudos.

Também agradeço aos colegas de classe pelo companheirismo e motivação durante

minha trajetória nesta conceituada Faculdade.

“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.”

(Albert Einstein)

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RESUMO

Neste trabalho foi utilizado o aço 321H austenítico, que foi desenvolvido para evitar a

sensitização, através da adição de titânio. Este elemento apresenta maior afinidade com o

carbono do que com o cromo, e induzem a formação de carbonetos. A soldagem GTAW

autógena do aço inoxidável austeníticos AISI 321H foi realizada de maneira automática na

empresa Senior Flexonics Brasil. Após a soldagem, o tratamento térmico realizado em uma

amostra foi a 1050°C por 30 minutos para remover os precipitados de carbonetos de cromo

(Cr23C6) que ocorrem preferencialmente nos contornos de grãos na zona afetada pelo calor. A

área que sofre a precipitação de carbonetos fica empobrecida de cromo em sua matriz e, por

consequência, apresenta uma forte tendência a processos de corrosão. Os ensaios

metalográficos para caracterização microestrutural foram realizados com ataque eletrolítico.

A obtenção de imagens foi possível com auxílio de microscópio eletrônico de varredura. O

ensaio de corrosão eletroquímica por pite em solução de NaCl à 0,1 Mol com PH =2. O ciclo

de polarização foi realizado durante 30 minutos, e após, o ensaio de polarização cíclica para

revelar os pites de corrosão. Os ensaios de corrosão eletroquímica foram realizados no cordão

de solda sem tratamento e com tratamento térmico de solubilização e foram replicados 3

vezes para garantir a precisão do ensaio. Os ensaios foram realizados na zona fundida, zona

afetada pelo calor e metal de base. Nas análises da zona afetada pelo calor após o tratamento

de solubilização, foi possível verificar a presença do titânio e, um aumento na composição do

carbono na matriz. Os carbonetos de titânio formados dentro do grão não cresceram devido a

capacidade do titânio se estabilizar em altas temperaturas, sua presença diminui a

concentração de cromo, através da sua precipitação no tratamento térmico. O potencial de pite

para as regiões do material soldado e solubilizado aumentou consideravelmente em relação ao

material soldado e não tratado termicamente. Este fato, deve-se ao tratamento térmico de

solubilização que eliminou a pequena quantidade de carboneto de cromo que se formou

devido ao fluxo de calor durante a soldagem.

Palavras-chave: soldagem, aço inoxidável, corrosão, solubilização.

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ABSTRACT

In this work 321H austenitic steel was used, which was developed to avoid the sensitization,

through the addition of titanium. This element exhibits greater affinity with carbon than with

chromium, and induces the formation of carbides. The welding GTAW autogenous of the

austenitic stainless steel AISI 321H was realized of automatic way in the company Senior

Flexonics Brazil. After welding, the heat treatment performed in a sample was at 1050 ° C for

30 minutes to remove precipitates of chromium (Cr23C6) carbides which occur preferentially

in grain contours in the heat affected zone. The area that undergoes the precipitation of

carbides is depleted of chromium in its matrix and, consequently, presents a strong tendency

to processes of corrosion. The metallographic assays for microstructural characterization were

performed with electrolytic attack. The imaging was possible using a scanning electron

microscope. The electrochemical corrosion test by pitting in 0.1 Mol NaCl solution with PH =

2. The polarization cycle was performed for 30 minutes, and after, the cyclic polarization test

to reveal corrosion pits. The electrochemical corrosion tests were performed on the weld bead

without treatment and with solubilization heat treatment and were replicated 3 times to

guarantee the accuracy of the assay. The tests were carried out in the melt zone, zone affected

by heat and base metal. In the analyzes of the heat affected zone after the solubilization

treatment, it was possible to verify the presence of titanium and an increase in the

composition of the carbon in the matrix. The titanium carbides formed within the grain did

not grow due to the ability of the titanium to stabilize at high temperatures, its presence

decreases the chromium concentration, through its precipitation in the heat treatment. The

pitting potential for the regions of the welded and solubilized material has increased

considerably with respect to welded and untreated material. This fact is due to the

solubilization heat treatment that eliminated the small amount of chromium carbide that

formed due to the heat flux during welding.

Keywords: welding, stainless steel, corrosion, solubilization.

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1- INTRODUÇÃO

O aço inoxidável austenítico AISI 321 foi desenvolvido para evitar o processo de

sensitização, através da adição de titânio. Este elemento apresenta maior afinidade com o

carbono do que com o cromo e induzem a formação de carbonetos, reduzindo drasticamente a

quantidade de carbono na matriz. A adição de elemento estabilizante nesse aço inoxidável,

tem o objetivo de eliminar a sensitização, inibir o crescimento de grão pelo ancoramento dos

contornos de grão por partículas de precipitados (SILVA, 2007). Dessa forma, este tipo de aço

inoxidável estabilizado pode ser utilizado em equipamentos para indústria de petroquímica e

química que operam na faixa de temperatura de 500°C à 800°C, mas para tal devem passar

por um tratamento térmico de estabilização (TAVARES, 2008).

O fenômeno da sensitização que ocorre em aços inoxidáveis faz com que o material

fique sensível à corrosão intragranular, pois as regiões adjacentes aos contornos de grão ficam

escuros e pobres em Cr, pois há a formação de carbonetos de Cr (Cr23C6 e TiC) nos contornos

de grão em uma faixa de temperatura entre 450OC a 850

OC conforme a Figura 1. [LIPPOLD,

2005]

Figura 1: Corrosão intragranular no contorno de grão – ASTM A240 Gr304

Fonte: Lippold (2005)

Para reduzir o fenômeno da sensitização podemos utilizar a solubilização, que é o

aquecimento do material entre 1050 O

C e 1100 O

C e logo após resfriar em água. Podemos

também utilizar materiais com baixo teor de C, como os aços inoxidáveis com o sufixo “L”

(304L, 316L, etc.), com o baixo teor de C retardando a formação de carbonetos. Outra opção e

3

a utilização de materiais com elementos de liga como o Ti e o Nb, os quais tendem a formar

os carbonetos de Ti e Nb evitando a formação de Cr23C6. [LIPPOLD, 2005]

Para qualquer processo de soldagem a condução de calor do cordão de solda modifica

a granulometria, transformação de fase e precipitação de carbonetos nos contornos

principalmente na região de granulação fina e parcialmente transformada, como ilustra a

Figura 2. [MANFRINATO, 2014]

Figura 2: Microestrutura típica de uma zona afetada pelo calor (ZAC

Fonte: Manfrinato (2014)

2- REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 COROSSÃO DE MATERIAIS METÁLICOS

São bastante elevados os prejuízos causados pela corrosão. Estimativas mostram que

oscilam em torno de 3 a 4% do PIB, o que representa valores significativos da economia de

uma nação, sendo equivalente aos gastos em educação ou mesmo em financiamento de

pesquisas científicas. [GEMELLI, 2001]

Os problemas de corrosão são frequentes e ocorrem nas mais variadas atividades,

como por exemplo nas indústrias química, petrolífera, petroquímica, naval, de construção

civil, automobilística, na medicina (ortopedia) e em obras de arte como monumentos e

esculturas. [GENTIL, 2014]

ZONA AFETADA PELO CARLOR

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Os fenômenos de corrosão de metais envolvem uma grande variedade de mecanismos

que, no entanto, podem ser resumidos em quatro grupos: [WOLYNEC, 2003]

Corrosão em meios aquosos (90%);

Oxidação e corrosão a quente (8%);

Corrosão em meios orgânicos (1,8%);

Corrosão por metais líquidos (0,2%).

Uma reação de corrosão implica na transferência de elétrons entre um elemento

químico do material e outro meio, essa transferência de elétrons pode ocorrer através de um

mecanismo químico, chamado corrosão química, ou através de um mecanismo eletroquímico,

chamada corrosão eletroquímica. [GEMELLI, 2001]

Na corrosão eletroquímica, os elétrons são transferidos indiretamente, ou seja,

difundem-se através da superfície do sólido (metal ou filme) até o ponto onde são recebidos

pelo elemento do meio (oxidante). Nesse caso, o doador e o receptor encontram-se em lugares

diferentes. Esse processo faz com que haja a geração de corrente elétrica na interface

sólido/meio corrosivo (corrente eletrônica no metal ou iônica e eletrônica no filme e iônica no

meio líquido). A região onde ocorre oxidação é chamada de anodo e aquela em que os

elétrons são consumidos denomina-se catodo. [GEMELLI, 2001]

A corrosão pode ocorrer sob diferentes formas, e o conhecimento das mesmas é muito

importante nos processos corrosivos. As formas (ou tipos) de corrosão podem ser

apresentadas considerando-se a aparência ou forma de ataque e as diferentes causas de

corrosão e seus mecanismos que estão ilustrados na Figura 3, como: uniforme, por placas,

alveolar, puntiforme ou por pite, intergranular (ou intercristalina), intragranular (ou

transgranular ou transcristalina), filiforme, por esfoliação, grafítica, dezincificação, em torno

de cordão de solda e empolamento pelo hidrogênio. [GENTIL, 2006]

Figura 3: Formas de corrosão conforme sua aparência e diferentes causas de ataque

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Fonte: ICZ Portal da Galvanização (2017)

2.1.1. Corrosão por Polarização Cíclica – PITE

A corrosão que ocorre em pontos localizados na superfície metálica dá-se o nome de

corrosão por pite. Esse tipo de corrosão são cavidades que apresentam o fundo em forma

angulosa e profundidade geralmente maior que o seu diâmetro. A norma ASTM G46-2005

apresenta diferentes formas de pites como ilustrada na Figura 4.

Figura 4: Seção tranversal das diferentes morfologias de pites conforme norma ASTM G46-2005.

Fonte: Norma ASTM G46-2005.

A corrosão por pite é caracterizada por um ataque altamente localizado e se inicia em

diferentes pontos da superfície de aços inoxidáveis passivos na presença de cloretos. É uma

(a) Narrow , Deep (b) Eliptical

(d) Subsurface (e) Undercutting

(Horizontal) (Vertical)

(c) Wide, Shallow

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forma destrutiva de corrosão, uma vez que causa a perfuração do equipamento. É muito difícil

medir quantitativamente e comparar a extensão dos pites devido à variação de profundidade e

o número de pites que podem ocorrer sob idênticas condições. [FONTANA, 1986]

A corrosão por pites pode iniciar de diversas formas, dentre elas podemos destacar:

danos à camada protetiva de óxidos, através de fatores que podem acentuar a quebra desta

camada protetora (tintas, por exemplo) danificada ou aplicada de forma incorreta presença de

não uniformidades na estrutura cristalina do metal, como a presença de inclusões.

[MORONA, 2007]

A corrosão por pite é regida exclusivamente por reação anódica autocatalítica, isto é, o

processo de corrosão dentro dos pites produz condições nas quais tanto são estimuladas,

quanto são necessárias pela atividade contínua dos pites, o que está apresentada na Figura 5,

onde um metal é atacado por uma solução aerada de cloreto de sódio. O processo de

nucleação, onde ocorre a quebra da camada passiva na superfície do material, formando assim

uma célula eletrolítica. Com isso, a diferença de potencial entre ânodo e o cátodo faz com que

a dissolução anódica seja bem acentuada, originando alta densidade de corrente. [FONTANA,

1986]

Figura 5: Processo autocatalítico ocorrendo em corrosãopor pite

Fonte: Morona (2007)

Como observado na ilustração da Figura 5, ocorre um excesso de cargas positivas

produzidas devido à rápida dissolução do material, resulta na migração de íons cloreto para

manter a neutralidade elétrica. Com alta presença de íons cloreto dentro do pite, ocorre a

formação de grande quantidade de MCl. Como resultado da hidrólise do MCl, aumenta-se a

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produção de íons H+, como consequência ocorre o aumento da acidez localizada, aumentando

a dissolução do material com o tempo. [MORONA, 2007]

O conhecimento do comportamento eletroquímico de um metal num potencial de

eletrodo diferente do Ecorr (ou de equilíbrio) apresenta interesse tanto prático quanto teórico.

Para impor experimentalmente a um eletrodo, um potencial de eletrodo diferente com de

corrosão é preciso lançar mão de fontes externas de potencial, como, por exemplo, uma

bateria. Neste caso, no entanto, não se consegue manter um controle desse potencial.

[MORETO, 2012]

Um controle adequado do potencial de eletrodo é conseguido com um potenciostato,

através do qual é possível, além de impor ao eletrodo o potencial desejado com o eletrodo de

referência, também medir a corrente de polarização e, inclusive resgistrá-la em função do

potencial. Dessa forma, é possível obter as curvas de polarização experimentais que

representam a relação entre potencial de eletrodo aplicado e a correspondente corrente medida

no potenciostato [MORETO, 2012]. As Figuras 6(a) e 6(b) ilustram esquematicamente o

arranjo experimental utilizado para o levantamento das curvas de polarização

potenciodinâmica.

Figura 6: Polarização Potenciodinâmica. (a) Arranjoesquemático para levantamento das curvas de polarização

[MORETO, 2012] e (b) detalhes esquemático da célula eletroquímica contendo o eletrodo de trabalho, eletrodo

de referência e contra-eletrodo

(a) (b)

Fonte: MORONA (2007)

Uma curva potenciodinâmica pode ser observada na Figura 7. Nessa curva podemos

obter algumas informações, dentre elas: o potencial de passivação primário (Epp) é o potencial

após a qual ocorre um decréscimo de corrente ou então esta corrente se torna constante até um

determinado potencial; o potencial de ruptura (Eb), é o potencial onde ocorre aumento da

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corrente devido ao aumento do potencial; a região passiva é a região entre o potencial de

passivação primário (Epp) e o potencial de ruptura (Eb); a região ativa é a região da curva onde

os potenciais são menores que o potencial de passivação primário (Epp); já a porção da curva

onde os potenciais são maiores que o potencial de ruptura (Eb) é denominada como sendo a

região transpassiva. [MORONA, 2007]

Figura 7: Curva potenciodinâmica para corrosão passiva

Fonte: Morona (2007)

2.1.2 Técnica de Varredura com Eletrodo Vibratório – SVET

A técnica SVET (do nome inglês Scanning Vibrating Electrode Technique, que em

português pode ser traduzido por Técnica do Elétrodo Vibrante de Varrimento) foi

originalmente desenvolvida por biólogos entre as décadas de 1950 e 1970 com o objetivo de

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medir as correntes iónicas associadas a processos de diferenciação celular, regeneração de

tecidos e electrofisiologia, áreas onde é conhecida como Vibrating Probe. [BASTOS, 2013]

Atualmente a técnica SVET é um procedimento rápido no processamento de dados

com o objetivo de fazer medições em tempo real e em diferentes tipos de superfícies.

Técnicas eletroquímicas de varredura com alta resolução espacial permitem fazer medidas “in

situ” fornecendo informação valiosa sobre comportamento de um processo de corrosão em

nível microscópio. [ROQUE, 2015]

As técnicas eletroquímicas convencionais utilizam eletrodos com dimensões da ordem

de milímetros ou centímetros, obtendo-se valores médios correspondentes à resposta de toda a

amostra. Particularmente, no estudo da corrosão de metais soldados, estas técnicas podem

limitar a investigação, uma vez que as regiões afetadas pela soldagem podem ter dimensões

reduzidas. Dentre as técnicas eletroquímicas localizadas, a utilização da técnica SVET vem

crescendo significativamente. [BERTONCELLO, 2014]

Essa técnica é capaz de medir variações muito pequenas na atividade eletroquímica à

superfície ativa, imersa em um meio eletrolítico. Como resultado, obtêm-se mapas de

potencial e densidade de corrente que permitem avaliar a severidade do processo corrosivo na

superfície do material em estudo, inclusive sendo possível a detecção de densidade de

corrente de ordem 5A.cm-2

. [BERTONCELLO, 2014]

Quando ocorre a corrosão localizada de um metal é gerada uma separação espacial das

áreas anódicas e catódicas, a qual conduz a pequenas variações no potencial e geração de um

fluxo iônico dentro do eletrólito. Este fluxo iônico gera uma corrente iônica de potencial é

distribuído acima dos sítios ativos de corrosão, conforme ilustra a Figura 8(a). Dessa forma, a

técnica de varredura com eletrodo vibratório usa um microelétrodo fino acima da amostra, o

qual é capaz de medir estes gradientes de potencial entre os pontos de vibração, permitindo

assim fazer um estudo in situ da corrosão. A Figura 8(b) apresenta diferentes resultados

obtidos de acordo com as intensidades de corrente na região anódica e catódica. [ROQUE,

2015]

Figura 8: Interpretação química e elétrica do processo de corrosão. (a) interpretação dos processos que ocorrem

em termos químicos. (b) interpretação em termos elétricos

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Fonte: Bastos (2013)

Um diagrama esquemático do SVET é apresentado na Figura 9. Este modelo incorpora

um amplificador que retifica o sinal AC usando filtros de frequência eletrônica que convertem

a corrente contínua em corrente alternada, com uma frequência igual à da vibração do

eletrodo, a qual é analisada num amplificador que só aceita o sinal proveniente da frequência

de vibração do microelétrodo, dessa forma, eliminando o ruído não desejado e aumentando a

sensibilidade técnica, possibilitando assim detectar variações de corrente elétrica da ordem de

nanoamperes. [ROQUE, 2015]

Figura 9: Esquema de funcionamento do SVET

Fonte: Roque (2015)

A Figura 10 apresenta os mapas de densidade de corrente obtidos via SVET realizado

por Bertoncello em 2014 na soldagem por fricção linear em juntas sobrepostas das ligas

AA7050-T76511 e AA2024-T3. Nos mapas de densidade de corrente observam-se correntes

(a) (b)

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anódicas mais intensas na região central da janela, ou seja, no núcleo da solda, além de uma

leve tendência catódica para a liga AA2024-T3. Os pontos de maior intensidade anódica são

na verdade pites que nucleam na região central da solda, principalmente na parte da liga AA

7050. Ainda, foi possível identificar que ao longo do ensaio houve a modificação da atividade

local, isto é, em determinado local houve diminuição da corrente ao longo do tempo, enquanto

em outro houve aumento ao longo do tempo. Obviamente existe um tempo para ocorrência de

determinado fenômeno, entretanto, não houve necessariamente um tempo específico, pois ele

se dará ao mesmo tempo em toda a amostra.

Figura 10: (a) Microscopia Optica antes do ensaio SVET, (b) Microscopia Optica após o ensaio SVET, (c) mapa

imediatamente após imersão, (d) mapa após 15 minutos de imersão, (e) mapa após 30 minutos de imersão e (f)

mapa após 45 minutos de imersão.

Fonte: Bertoncello (2014)

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2.2 SOLDAGEM TIG

A soldagem TIG (Tungsten Inert Gas) ou GTAW (Gas-Shielded Tungsten Arc

Welding) é um processo que utiliza um eletrodo sólido de tungstênio não consumível. O

eletrodo, o arco e a área em volta da poça de fusão da solda são protegidos por uma atmosfera

protetora de gás inerte. Se um metal de enchimento é necessário, ele é adicionado no limite da

poça de fusão. [ESAB, 2017]

A soldagem TIG produz uma solda limpa e de alta qualidade. Como não é gerada

escória, a chance de inclusão da mesma no metal de solda é eliminada, e a solda não necessita

de limpeza no final do processo. A soldagem TIG pode ser usada para quase todos os metais e

o processo pode ser manual ou automático. A soldagem TIG é largamente utilizada para solda

com alumínio e com ligas de aço inoxidável onde a integridade da solda é de extrema

importância. É também utilizada para juntas de alta qualidade em indústrias nucleares,

químicas, aeronáuticas e de alimentos. [ESAB, 2017]

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O arco elétrico é formado na ponta de um eletrodo de tungstênio não consumido

durante o processo, porém é preciso deixa a ponta dele com um formato de cone, e sempre

bem afiado para garantir melhor controle do arco elétrico o que acaba o consumindo. Por

conta disso o arco elétrico fica mais concentrado, reduzindo a zona afetada pelo calor,

transformações de microestrutura e distorções no metal base. É um processo que pode ser

utilizado para quase todos os materiais, podendo ser automatizada ou manual, com ou sem

adição de material. Quando necessário é feita a deposição de um metal de adição junto a poça

de fusão, é utilizado um arame de soldagem nu (ou vareta) com a composição química

desejada, essa vareta se funde junto ao metal de base. Esse processo permite que se tenha um

excelente controle da quantidade de material depositado, isso faz com que seja muito

empregado em diversas áreas, como, petroquímica, papel e celulose, naval, aeronáutica,

alimentícia, entre outras, possibilitando assim um ótimo acabamento, porém com uma

velocidade de soldagem baixa. [BRACARENSE, 2000]

A soldagem TIG pode ser feita utilizando corrente contínua (CC- ou CC+) ou corrente

alternada (CA). Cada uma dessas alternativas irá influenciar fortemente os mecanismos de

emissão de elétrons e consequentemente as características de soldabilidade. [ESAB, 2017]

Na Figura 11, podemos ver de forma esquemática o equipamento utilizado no

processo TIG, com a fonte, cilindro de gás e tocha com o detalhe da tocha com o arco elétrico

aberto com adição de material para a poça de fusão.

Figura 12: Processo de soldagem TIG

Fonte: DBC Oxigênio (2017)

A utilização de fontes de energia com um estabilizador de alta freqüência, em que não

é necessário encostar o eletrodo na peça para iniciar o arco. Uma tensão de alta frequência

ioniza o gás de proteção, tornando-o condutor, e um arco elétrico é estabelecido. A alta

frequência é automaticamente desligada imediatamente após o início do arco. [ESAB, 2017]

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A escolha do gás de proteção para vários metais base e suas ligas: Argônio é o gás de

proteção mais utilizado em soldagem pelo processo TIG. Hélio (He), misturas de

Argônio/Hélio ou a mistura de Argônio/Hidrogênio são utilizados em casos específicos.

[DBC OXIGENIO, 2014]

O processo TIG, é mais comum em soldagens de chapas finas de aço inoxidável e

metais não ferrosos, como alumínio, magnésio e ligas de cobre. [DBC OXIGENIO, 2014]

2.2.1- Soldagem do Aço Inox

O processo de soldagem de uma maneira geral causa uma modificação na

microestrutura do material, devido a sua elevada temperatura, e essa modificação afeta

diretamente as características do material, como diminuição da resistência mecânica,

resistência a corrosão, ductilidade, entre outras. Entre tanto, independente das modificações

ocorridas o principal objetivo da soldagem, é de proporcionar juntas soldadas com a mesma

característica do metal de base ou superior. Observando esquematicamente uma peça soldada

possui 3 áreas, zona fundida (ZF), zona afetada pelo calor (ZAC) e o metal de base (MB)

como pode ser visto na Figura 11 [AMERICAN WELDING SOCIETY, 1991].

Figura 11: Esquema das zonas formadas durante processo de soldagem.

Fonte: Bracarense (2000)

Os aços inoxidáveis possuem um comportamento metalúrgico similar aos aços

carbono possíveis de serem temperados. Pelo fato de também poder ser austenitizados quando

aquecidos a uma determinada temperatura. E durante o resfriamento desses aço pode ocorrer a

transformação dessa austeníta em outros produtos, dependendo da velocidade desse

resfriamento. Quando em velocidade de resfriamento baixa, obtém-se ferrita e alguns

carbonetos, para velocidades elevadas o produto formado é a martensita. Na soldagem desse

material, ocorre a solidificação da poça de fusão na forma de ferrita δ, que se transforma em

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austeníta durante o resfriamento. A transformação dessa ferrita δ ocorre somente se os teores

de Cr, C e outros elementos estiverem corretamente ajustados. Si, Mo e Al por exemplo,

estabilizam a ferrita δ, enquanto que o Nb e o V, formam finos carbonetos muitos estáveis.

Porém mesmo que a liga esteja corretamente ajustada pode ocorrer de nem toda a ferrita δ se

transformar em austeníta, isso acontece em velocidade de resfriamento elevada, como ocorre

comumente a soldagem. Por causa desse fato, em geral, é indesejável a presença de muita

ferrita na zona fundida [MODENESI, 2001].

2.3- TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO

O tratamento de solubilização deve ser feito sob temperatura de no mínimo 900°C,

durante período de uma a dez horas. É ocasionalmente empregado em conjuntos soldados,

quando sua utilização em trabalho for na faixa de 400 a 900°C. O objetivo da solubilização é

a aglomeração dos carbonetos para a prevenção de precipitação intergranular de carbonetos;

tal como no alívio pleno, conseguem-se bons resultados de susceptibilidade à corrosão

intergranular, de acordo com ASTM A262. [INFOSOLDA, 2017]

Tabela 1: Finalidade e temperatura do tratamento térmico de solubilização

Fonte: Infosolda (2017)

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3- OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é realizar a soldagem TIG de uma junta em “I” de maneira

autógena e automática para determinar as propriedades de corrosão do cordão de solda e da

zona afetada pelo calor. Realizar o tratamento térmico de solubilização da junta soldada para

verificar se ocorreu a diluição dos carbonetos de cromo nos contorno de grão na zona afetada

pelo calor, aumentando a resistência a corrosão. Através da realização deste trabalho,

pretende-se:

Comparar os valores de corrosão por pit do Aço Inox 321H obtido para o material

soldado e material soldado e solubilizado, e determinar os fatores que influenciam no

resultados obtidos, como por exemplo, tamanho dos carbonetos, tipos de carbonetos,

diferenças de potencial no ensaio de corrosão.

4- MATERIAIS E MÉTODOS

O procedimento experimental apresentado no presente trabalho, está detalhado em

forma de fluxograma a seguir.

O material utilizado no desenvolvimento deste trabalho foi o aço inoxidável

austenítico AISI 321H. O material foi fornecido pela empresa Senior Flexonics Brasil na

forma de chapas laminadas a frio com espessura de 1,5mm, das quais foram cortadas 4 chapas

de 150mm de largura por 500mm de comprimento. A composição química nominal em

percentagem em peso do aço inoxidável austenítico AISI 321H está apresentado na Tabela 2.

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Tabela 2: Composição química em percentagem em peso do aço inoxidável austenítico AISI 321H conforme

norma ASTM A240 GR 321H.

Fonte: autor

As chapas foram soldadas de topo sem abertura de chanfro e folga e soldadas pelo

processo TIG seam welder sem adição de metal utilizando um backing de cobre.

A soldagem TIG foi realizada em um equipamento seam welder da marca JetLine,

ilustrada na Figura 13, com controlador de altura da tocha e velocidade de soldagem. O

equipamento possui uma fonte de tensão da marca Miller modelo MaxStar200.

Figura 13: Dispositivo de solda automática TIG JetLine pertencente à empresa Senior Flexonics Brasil.

Fonte: Senior Flexonics Brasil (2016)

O dispositivo de soldagem GTAW automático possui uma tocha refrigerada e utiliza

um eletrodo de tungstênio com thório (EWTh-2) de 2,4 mm de diâmetro e 45° de ângulo de

apontamento do eletrodo. O gás de proteção do arco elétrico e também da raiz foi o argônio.

A Figura 14 apresenta a fixação das chapas utilizando pinças, o backing (barramento) de

cobre com a entrada de gás de proteção para a raiz.

C Si Mn Cr Ni Ti P S

0,04 - 0,10 1,00 máx. 1,00 máx. 17 - 19 9 - 12 0,60 máx. 0,04 máx. 0,03 máx.

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Figura 14: Ilustração do sistema de fixação de chapas e alimentação de gás de proteção do barramento

de cobre da Jet Line

Fonte: Kawano (2013)

Os parâmetros utilizados para a soldagem estão apresentados na Tabela 3. O operador

possui qualificação para soldar o aço inoxidável AISI 321H e espessura de chapa.

Tabela 3: Parâmetros de soldagem autógena GTAW seam welder.

Velocidade de soldagem 15 cm/min.

Corrente elétrica 135 A

Tensão 8,6 V

Gás de proteção Argônio

Vazão de gás da tocha 14,0 Lpm

Vazão de gás na raiz 2,0 Lpm

Fonte: autor

Após o término do processo de soldagem as chapas foram submetidas a um processo

chamado planish, no qual consiste em conformar mecanicamente com rolos o reforço de solda

da face e da raiz, conforme ilustra a Figura 15. A máquina que fez o reforço o planish nesse

trabalho não pode ser fotografada pois está em processo de patente, e a imagem da Figura 13

é uma máquina do maior fabricante desse tipo de equipamento. Este processo de planish

diminui o reforço da solda da face e da raiz da solda pois de acordo com a norma ASME 31.3

seção VII o reforço de solda não pode ser superior a 10% da espessura da chapa, e no

processo de soldagem TIG autógeno automático o reforço é maior que 10% da espessura. Este

19

processo aumenta as propriedades mecânicas da região do cordão de solda pois o material

nessa região fica encruado.

Figura 15: Sistema de conformação mecânica para reduzir o reforço do cordão de solda da face e raiz,

processo planishing

Fonte: Techweld (2017)

4.1 TRATAMENTO TÉRMICO DE SOLUBILIZAÇÃO

O tratamento térmico foi realizado na própria faculdade em apenas uma das chapas

soldadas, no patamar de temperatura de 1050°C por 30 minutos, com um tempo de 15

minutos de encharque. Após, a mesma foi resfriada em água em temperatura ambiente.

4.2 ENSAIOS METALOGRÁFICOS

Para avaliar e microestrutura formada na zona fundida, zona afetada pelo calor e metal

de base os cordões de solda para todas as condições com e sem tratamento térmico de

solubilização cortadas transversalmente ao cordão de solda. Após o corte, as amostras foram

embutidas em baquelite e posteriormente lixadas. A sequência de lixamento em água

obedeceu à ordem crescente de granulométrica da lixa (120, 240, 320, 400, 600, 1200 e 2000).

20

Após a lixamento as amostras foram polidas com óxido de alumina de granulométrica de 1μm

e 0,5μm. As amostras foram preparadas conforme o estabelecido pela norma ASTM E3-2011.

Para revelar a microestrutura do aço inoxidável austenítico AISI 321H utilizou-se o

reagente água régia (50% HCl e 50% HNO3). Para demonstrar o grau de sensitização do

material após o processo de soldagem com e sem tratamento de solubilização utilizou-se o

ataque eletrolítico em solução de 10% de ácido oxálico (H2C2O4x2H2O), que avalia a

suceptibilidade à corrosão intergranular, conforme a norma ASTM A262-2014. Executou-se o

ataque eletrolítico com uma densidade de corrente de 1A/cm2 por um tempo de 60 segundos.

A análise microestrutural foi realizada com auxílio de um microscópio ótica da marca Leica

modelo DMi8M com câmera acoplada da marca Leica DFC365 Fx com resolução de 1,4MP e

software de captura LAS com pacote Quantimet da Leica.

Todas as análises foram realizadas utilizando um microscópio eletrônico de varredura

(MEV) da marca HITACHI modelo TM3000, com módulo EDS para análise química pontual.

O MEV pertence ao laboratório de caracterização da UFSCar de Sorocaba. Com auxílio do

MEV/EDS realizou-se a análise da superfície de corrosão por pite, análise microestrutural dos

precipitados do aço inoxidável austenítico AISI 321H no metal de base, zona fundida e zona

afetada pelo calor e precipitados de carbonetos de titânio, precipitação dos carbonetos de

cromo, eficiência do tratamento térmico de solubilização.

4.3 ENSAIO ELETROQUÍMICO DE CORROSÃO

Os ensaios eletroquímicos foram realizados para obter o potencial de corrosão,

potencial de pite, densidade de corrente para passivação e densidade de corrente passiva.

Utilizou-se um potenciostato da marca Gamry Instruments modelo Reference 600 com um

software de aquisição de dados pertence ao laboratório de eletroquímica de corrosão do

Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Utilizou-se uma célula eletroquímica clássica de três eletrodos com área exposta do eletrodo

de trabalho de 0,0314cm2 (diâmetro 2mm), a escolha de uma área pequena deve-se ao fato

que a solda tig autógena possuir um cordão de solda estreito e, respectivamente, a zona

afetada pelo calor. Utilizou-se um eletrodo de referência de Ag/AgCl(KCl sat), e um contra-

eletrodo de platina, para promover a corrente elétrica entre o eletrodo de trabalho e o contra-

eletrodo. A Figura 16 apresenta a montagem da célula eletroquímica utilizada nesse trabalho.

21

Figura 16: Célula eletroquímica utilizada nos ensaios de corrosão por pite.

Fonte: autor

A preparação dos corpos de prova foi realizada cortando na região da solda uma placa

de 40mm x 40mm, conforme ilustra a Figura 17. As medidas foram programadas para iniciar

a aquisição dos dados após 30 minutos de potencial de circuito aberto. As curvas de

polarização potenciodinâmicas foram obtidas apartir do potencial de circuito aberto e

limitando a corrente de retorno em 2mA/cm2, retornando até o potencial de circuito aberto. O

eletrólito utilizado foi a solução de 0,1 mol/L de NaCl acidificado com HCl até pH = 2, à

temperatura ambiente de 25°C. Realizou-se três ensaios por região (zona fundida, zona

afetada pelo calor e metal de base) para creditar confiabilidade aos resultados repetiu-se o

mesmo ensaio três vezes em cada região para as seguintes condições:

AISI 321H soldado;

AISI 321H soldado e solubilizado à 1050°C;

Após a realização dos ensaios de corrosão as amostras foram limpas com álcool e feito

a análise dos pites de corrosão com auxílio de um microscópio eletrônico de varredura.

Figura 17: Dimensões do corpo de prova para realização dos ensaios eletroquímicos de corrosão (dimensões

em milímetro). As posições referentes as áreas molhadas do ensaio de corrosão com eletrólito de 0,1 mol/L de

NaCl acidificado com HCl em pH= 2.

22

Fonte: autor

4.4 MEDIDAS COM O ELETRODO VIBRATÓRIO (SVET)

Para realizar as medidas de potencial com eletrodo vibratório, a região da solda

necessitou ser preparada utilizando o embutimento em resina epóxi e posterior processo de

lixamento e polimento conforme norma ASTM E3-2011. A região de leitura do potencial foi

de 4mm x 7mm pegando as regiões do metal de base, zona afetada pelo calor e a zona

fundida, conforme ilustra a Figura 18. As medidas foram realizadas utilizando o equipamento

da marca Applicable Eletronics e controlado pelo software ASET (Sciencewares). O eletrodo

vibratório utilizado foi de platina-iridio recoberto com polímero e ficando apenas uma ponta

descoberta com diâmetro variando entre 40m à 50m. A distância da ponta do eletrodo para

à superfície da amostra foi mantida em 100m. A solução de imersão utilizada foi de 0,1

mol/L de NaCl acidificado com HCl até pH = 4, à temperatura ambiente de 25°C.

Figura 18: Região analisada pela técnica de eletrodo vibratório (SVET)

Fonte: autor

5- RESULTADOS E DISCUSSÕES

23

5.1 ANÁLISE QUÍMICA

O resultado de análise de composição química está apresentado na Tabela 4.

Conforme analisado através da composição química nominal deste material, observa-se que

os valores obtidos estão de acordo com a norma.

Tabela 4: Composição química encontrada pelo espectrômetro do AISI 321H.

C Si Mn Cr Ni Ti P S

Obtido 0,04 0,2 1 19 9,48 0,2 0,03 0,005

Nominal 0,04 -

0,10

1,00

max

1,00

max 17 - 19 9 - 12

0,60

max

0,04

max

0,03

max Fonte: autor

5.2 METALOGRAFIA

Na Figura 19 são apresentadas as imagens metalográficas das regiões: metal base

(MB), zona afetada pelo calor (ZAC) e zona fundida (ZF) para a amostra soldada e sem

tratamento térmico de solubilização. Observa-se na Figura 19(a) e 19(c) a presença de

austeníta () grãos claros, e ferrita () grãos escuros, na zona fundida. No trabalho realizado

por Passos em 2010, a presença de ferrita () contribui fortemente, para a ocorrência de

precipitados intermetálicos, principalmente a fase , dependendo da temperatura de aplicação

do aço inoxidável austenítico.

Figura 19: Cordão de solda do aço inoxidável austenítico AISI 321H soldado pelo processo TIG autógeno

automático. (a) sem tratamento e aumento de 200x na região de transição do metal de base e zona fundida, (b)

sem tratamento e aumento de 1000x na região da zona afetada pelo calor, (c) sem tratamento e aumento de 200x

na região central da zona fundida

24

Fonte: autor

Na Figura 19(b), interface entre zona fundida e zona afetada pelo calor, apresenta

crescimento de grão epitaxial na direção do centro da zona fundida, dando início a

solidificação, formando as dendritas colunares, como indicado na Figura 19(c). Observa-se

também na Figura 19(b) a presença de carbonetos no contorno de grão na zona afetada pelo

calor. Possivelmente são carbonetos de cromo (CrxCy),de acordo com a análise MEV/EDS

que será discutida posteriormente.

A presença de ferrita () na zona fundida da Figura 19(c) é devida a participação de

seu elemento químico promotor, como o cromo [PESSANHA, 2011]. Para prever a

microestrutura da zona fundida durante a sua solidificação podemos empregar a relação

Creq/Nieq. Para calcular o Creq e o Nieq utilizou-se a as equações de Schaeffler e a Tabela 3

com a composição química do metal de base em percentagem em peso. Tem-se então os

seguintes valores:

Dendrita

celular

Dendrita

colular

(b) (a)

(c)

25

Pelo critério elaborado por Nayal em 1986, o modo de solidificação da junta soldada

foi do tipo III, ou seja, Creq/Nieq entre 1,5 e 2,0. Nesse tipo de solidificação ocorre a formação

de dendritas de ferrita e a austeníta é formada posteriormente na interface ferrita e liquido.

A Figura 20 apresenta a metalografia do cordão de solda, soldado e solubilizado das

regiões do metal de base (MB), zona fundida (ZF) e zona afetada pelo calor (ZAC). Na ZAC

apresentada na Figura 20(a) não se observou a presença de carbonetos de contorno de grão,

como já visto na junta apenas soldada e sem tratamento térmico de solubilização na Figura

20(b). Dessa forma, o tratamento térmico de solubilização eliminou os precipitados de fases

que surgiram devido ao ciclo térmico de soldagem a qual a junta foi submetida nesse trabalho.

GONÇALVES (2015) observou que, grande parte dos precipitados formados durante a

solidificação é dissolvida, mantendo os elementos de liga em solução sólida na matriz

eutetóide, o que pode ser observado nas Figuras 20(a) e 20(b).

Observa-se que após o tratamento térmico de solubilização ocorreu um aumento de

grão, como observado na Figura 20(c). Além de aumentar o tamanho de grão no metal de

base, ocorreu um aumento na quantidade de precipitados e seus tamanhos do mesmo ficaram

menores que o material sem tratamento térmico de solubilização.

Com a análise da Figura 20(a) na resolução de 50x, foi possível observar um aumento

no tamanho de grãos do material que foi submetido ao tratamento térmico de solubilização

maior dos seus precipitados ao longo da mostra, em ambos aumentos.

Figura 20: Cordão de solda do aço inoxidável austenítico AISI 321H soldado pelo processo TIG autógeno e

solubilizado. (a) interface entre zona fundida e metal de base com aumento de 50x, (b) região central da zona

fundida com aumento de 100x, (c) metal de base com aumento de 200x.

26

Fonte: autor

Os constituintes de menor tamanho como os carbonetos, existentes no material, são

impossíveis de serem analisados com o método comum de microscopia óptica, somente com a

utilização do método de raios-X, o qual não foi possível realizar. Foi necessário recorrer ao o

uso do MEV/EDS, pois, possibilita analisar a composição química pontual.

A Figura 21 ilustra a presença de carbonetos no contorno de grão (linhas escuras) na

região da zona afetada pelo calor sem realizar o tratamento térmico de solubilização.

Figura 21: Presença dos carbonetos na matriz e no contorno de grão. (a) Sem tratamento 4000x, (b) Com

tratamento 4000x, (c) Sem tratamento 3000x, (d) Com tratamento 3000x. Ataque eletrolítico com ácido oxálico

(b) (a)

(c)

27

Fonte: autor

Os carbonetos se comportaram de maneiras diferentes no material solubilizado e no

material sem o tratamento térmico de solubilização. O material não submetido ao tratamento

térmico de solubilização os carbonetos precipitam do contorno de grãos e na matriz, e suas

dimensões e composições químicas são diferentes. Para o material solubilizado, os carbonetos

de contornos de grão foram eliminados e surgiram carbonetos dentro do grão, como ilustra a

Figura 21(d). A variação da composição química pontual dos carbonetos e do grão foram

analisadas via EDS e estão apresentados na Figura 22.

Figura 22: Composição química em percentagem em peso (%wt) para diferentes regiões na ZAC do aço AISI

321H soldado sem tratamento térmico de solubilização. (a) contorno de grão; (b) região central do grão. Ataque

eletrolítico com ácido oxálico

28

%wt %at.

Fe 70,4 62,66

Cr 19,45 18,61

Ni 7,05 5,97

C 3,08 12,77

Ti 0,00 0,00

%wt %at.

Fe 72,34 65,63

Cr 15,96 15,55

Ni 9,09 7,84

C 2,06 10,97

Ti 0 0,00

Fonte: autor

Pela análise química pontual realizada pela técnica EDS na ZAC, conforme ilustra a

Figura 22, ocorreu a formação de carbonetos de cromo no contorno de grão, porém não é

possível determinar qual carboneto que se formou, somente com o ensaio de Raio-X.

Observa-se também nas imagens do MEV das Figuras 22(a) e 22(b) (ZAC sem sofrer

tratamento térmico de solubilização) a presença de precipitados no meio do grão. As análises

químicas pontuais destes precipitados no centro do grão foram realizadas via EDS estão

apresentadas na Figura 23.

A presença de titânio nos dois pontos da análise química pontual da Figura 23,

demonstra que os carbonetos dentro do grão são possivelmente carbonetos de titânio.

Figura 23: Composição química em percentagem em peso (%wt) para diferentes precipitados no centro do grão

na região na ZAC do aço AISI 321H soldado sem tratamento térmico de solubilização. (a) ponto 1; (b) ponto 2.

Ataque eletrolítico com ácido oxálico

(a)

(b)

29

%wt %at.

Fe 67,91 56,15

Cr 12,65 11,24

Ni 8,46 6,65

C 5,34 20,53

Ti 5,63 5,43

%wt %at.

Fe 69,61 56,45

Cr 14,40 12,54

Ni 6,88 5,31

C 6,05 22,80

Ti 3,06 2,90

Fonte: autor

A Figura 23 apresenta a análise química pontual via EDS da ZAC do aço AISI 321H

soldado com tratamento térmico de solubilização. Nesta Figura, não se observa a presença de

carbonetos de contornos de grão, apenas carbonetos dentro do grão. O tratamento térmico de

solubilização dos carbonetos de contornos de grão foi eficiente, pois na Figura 24(a) a

composição química do elemento cromo, 17,30%wt, está de acordo com a composição

química apresentada pela Tabela 1, composição química nominal do aço AISI 321H, o cromo

varia de 17 a 19%wt. A Figura 24(b) apresenta a composição química do carboneto dentro do

grão após realizar o tratamento de solubilização e observa-se a presença de titânio e um

aumento da composição de carbono em relação a matriz, Figura 24(a), que possivelmente

pode ser um precipitado de carboneto de titânio (TiC).

Figura 24: Composição química em percentagem em peso (%wt) para diferentes regiões do grão na região na

ZAC do aço AISI 321H soldado com tratamento térmico de solubilização. (a) centro do grão; (b) precipitado

dentro do grão. Ataque eletrolítico com ácido oxálico

(a)

(b)

30

%wt %

at.

Fe 67,0

1

54,

93

Cr 17,3

0

15,

20

Ni 9,85 7,6

8

C 5,83 22,

19

Ti 0,00 0,0

0

%wt %

at.

Fe 67,5

3

53,

05

Cr 17,7

9

15,

01

Ni 7,02 5,2

5

C 7,19 26,

26

Ti 0,47 0,4

3

Fonte: autor

A análise quantitativa do tamanho dos carbonetos de titânio estão apresentados nos

histogramas da Figura 25. O tamanho de grão diminui com o tratamento térmico de

solubilização, a zona fundida solubilizada posui um tamanho médio entre 18 a 19 enquanto

que a zona fundida com tratamento possui o mesmo tamanho médio entre 18 à 19. O metal de

base solubilizado possui um tamanho médio do de 19 à 20 enquanto que para o metal sem

tratamento térmico possui um tamanho médio entre 18 à 19.

(a)

(b)

31

Figura 25: Histograma do tamanho de carboneto de Titânio (a) metal de base do corpo de prova soldado sem

tratamento térmico; (b) zona fundida do corpo de prova soldado sem tratamento térmico; (c) zona fundida do

corpo de prova soldado e solubilizado; (d) metal de base do corpo de prova soldado e solubilizado.

Fonte: autor

5.3 ENSAIOS DE CORROSÃO

Nessa seção será demonstrado o estudo comparativo de resistência à corrosão, a partir

de curvas de polarização cíclicas e potencial do aço inoxidável austenítico 321H soldado pelo

processo TIG autógeno nas condições de sem tratamento térmico de solubilização e

solubilizado.

4,45% 4,45%

14,63%

25,39% 29,69%

21,38%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

15 a 16 16 a 17 17 a 18 18 a 19 19 a 20 20 a 21

2,77%

9,70%

16,62%

11,08% 14,96%

20,50% 24,38%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

14 a 15 15 a 16 16 a 17 17 a 18 18 a 19 19 a 20 20 a 21

1,49% 1,49% 3,73% 3,73% 2,99%

10,95% 16,42%

27,86% 31,34%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

12 a13

13 a14

14 a15

15 a16

16 a17

17 a18

18 a19

19 a20

20 a21

6,28%

18,85% 17,06% 14,45%

20,11% 23,25%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

15 a 16 16 a 17 17 a 18 18 a 19 19 a 20 20 a 21

(a)

(b)

(c)

(d)

32

Na Figura 26, ilustra a curva potenciostática para o material sem tratamento térmico de

solubilização e do material solubilizado, nas posições da zona fundida, zona afetada pelo calor

e metal de base. O potencial para o material solubilizado cai com o tempo e estabiliza para o

MB á -0,04V depois de 30 minutos. O mesmo ocorre para a ZF com 0,01V e ZAC com

0,09V. Para o material sem tratamento, o potencial cai drasticamente com o tempo logo após

o início do ensaio e estabilizando com -0,10V para o MB, 0,13V para a ZAC e 0,14V para a

ZF, todas as posições com 30 minutos.

Figura 26: Curvas Potenciostática realizadas na zona fundida, metal de base e zona afetada pelo calor do aço

inoxidável austenítico AISI 321H soldado sem tratamento e solubilizado.

Fonte: autor

Na Figura 27, é apresentado o resultado de polarização cíclica para a condição de

solubilizado para as posições da zona fundida, zona afetada pelo calor e metal de base. Os

potenciais de circuito aberto para as amostras solubilizadas variam de 0,1022V para o metal

de base, -0,0648V para a zona afetada pelo calor e na zona fundida esse potencial é de -

0,0115V. Na região passiva, o metal não corrói, ou a faz em uma velocidade muito baixa, a

menos que algum fator intervenha e favoreça a quebra da película passiva, fazendo o material

atingir o seu potencial de pite, EPIT, a partir da qual a densidade de corrente cresce muito

rapidamente.

Para as regiões da amostra solubilizada que o potencial de pite da zona fundida é de

1,3606V e para a zona afetada pelo calor é de 1,2907V. O potencial de pite para a região da

zona afetada pelo calor para o material solubilizado aumentou consideravelmente em relação

ao material soldado e não tratado termicamente, como ilustra a Figura 27. Este fato deve-se ao

tratamento térmico de solubilização que eliminou a pequena quantidade de carboneto de

33

cromo que se formou na região da ZAC devido ao fluxo de calor durante a soldagem, como

pode ser observado nas Figuras 21 e 22. O potencial de pite para o metal de base solubilizado

é 1,2907 já o metal de base sem tratamento o potencial de pite foi de 0,7148. O metal de base

solubilizado apresentou um ligeiro aumento do potencial de pite em relação ao material sem

tratamento térmico.

Figura 27: Curvas de Polarização cíclica realizadas na zona fundida, metal de base e zona afetada pelo calor do

aço inoxidável austenítico AISI 321H soldado e solubilizado.

Fonte: autor

As metalografias da zona fundida para o material sem tratamento térmico

apresentaram além da fase austeníta, uma boa quantidade de ferrita , ilustrado na Figura 19.

A presença de fases secundárias como a ferrita , promove uma maior incidência de pites. Já

o tratamento de solubilização eliminou por completo a ferrita na zona fundida, como ilustra

a Figura 28. O potencial de pite para a zona fundida para o material sem tratamento térmico

foi de 1,0669V e o material solubilizado apresentou na zona fundida um potencial de corrosão

de 1,3606V, devido a eliminação da ferrita durante o tratamento térmico, nesta faixa de

temperatura a ferrita é totalmente dissolvida.

Figura 28: Curvas de Polarização cíclica realizadas na zona fundida, zona afetada pelo calor e no metal de base

no aço inoxidável austenítico AISI 321H soldado sem tratamento térmico.

34

Fonte: autor

Para ilustrar os valores dos potencias de pite, potenciais de repassivação e potencial de

corrosão para o material soldado e solubilizado da Figura 27 e o material soldado sem

tratamento térmico da Figura 28, elaborou-se a Tabela 5 com os valores para cada região

analisada.

Não ocorreu aumento na quantidade de pites de corrosão, pois, toda corrente elétrica

após a quebra da camada passiva foi destinada para o crescimento, e desta forma, ocorreu a

repassivação da superfície. O fenômeno da repassivação da camada de oxido ocorreu tanto no

material solubilizado quando no material sem tratamento térmico.

Tabela 5: Parâmetros eletroquímicos no eletrólito de 0,1Mol/L de NaCl acidificado com HCl em PH 2 para o

material nas condições de solubilizado e sem tratamento térmico.

Parâmetros Eletroquímicos

MB

solubilizado

MB sem

tratamento

ZAC

solubilizado

ZAC sem

tratamento

ZF

solubilizado

ZF sem

tratamento

ECORR

(VECS) -0,1022 -0,0853 -0,0648 -0,1446 -0,1150 -0,1632

ICRIT

(nA/cm2)

9,2791 3,9126 4,4769 6,6667 10,1514 8,2823

EPIT

(VECS) 1,1208 1,0301 1,2907 0,7148 1,3606 1,0691

IPIT

(A/cm2)

1,9905 2,9843 1,9408 6,0741 3,8377 3,2869

EREP

(VECS) -0,1143 -0,0517 -0,1310 -0,1085 -0,1001 -0,0817

IREP

(nA/cm2)

10,9657 11,436 28,2774 365,5639 13,1326 55,6357

35

Fonte: autor

Ao analisar via MEV/EDS na região do ensaio de polarização cíclica observou-se que

para o metal de base sem tratamento térmico apareceram uma grande quantidade pontos

escuros, carboneto de titânio, que iniciaram o processo de abertura de pite, porém não

cresceram. A Figura 29(a) e 29(b) ilustram esses pontos. O metal de base solubilizado

apresentou também uma quantidade menor de regiões de carbonetos de titânio, porém o perfil

são os mesmos na Figura 29.

Figura 29: Região do ensaio de polarização cíclica para o metal de base sem tratamento térmico. (a) carbonetos

de titânio no metal de base com aumento de 250X; (b) grande quantidade de carboneto de titânio com aumento

de 150X.

Fonte: autor

O formato do pite de corrosão para o ensaio de polarização cíclica está apresentado na

Figura 30. Na região da zona fundida tanto para o material solubilizado, quanto para o

material sem tratamento térmico, apresentaram 2 pites na região do ensaio, como ilustra a

Figura 30(b).

Figura 30: Pite superficial. (a) pite no metal de base solubilizado; (b) 2 pites na zona fundida do cordão de solda

sem tratamento térmico.

(a) (b)

36

Fonte: autor

A causa da nucleação do pite nem sempre é de natureza local, embora as alterações ou

defeitos intrínsecos na interface do metal e a solução (por exemplo, inclusões que emergem

através da película passiva em aços inoxidáveis) representam frequentemente núcleos para

dissolução local. Todos esses núcleos potenciais não são atacados, mas o acoplamento

galvânico pode ser estabelecido entre as zonas descontínuas, que formam um ânodo pequenos

onde ocorre dissolução do metal, e o restante da superfície onde a reação catódica ocorre

[LOTO, 2013].

Um exemplo de produto de reação catódica esta apresentado na Figura 31. A Figura

31(a) representa o pite da zona afetada pelo calor solubilizada e a Figura 31(b) é o carboneto

de titânio dentro do pite de corrosão mostrando que esta inclusão não é atacada, mas sim

forma um par galvânico e o ânodo é a matriz austenítica que começa a dissolução do metal.

Figura 31: Pite na zona afetada pelo calor para o material submetido ao tratamento térmico de solubilização. (a)

superfície da nucleação do pite; (b) carbonitreto de titânio dentro da dissolução do metal do pite.

Fonte: autor

A Tabela 6 apresenta o diâmetro médio dos pites encontrados para as diferentes

regiões analisadas para o aço inoxidável soldado com e sem tratamento térmico de

solubilização. Diferentes regiões possuem diâmetros diferentes. Para o metal de base sem

(a) (b)

(a) (b)

37

tratamento térmico o diâmetro médio foi de 522,67 m, já o metal de base solubilizado possui

um diâmetro médio de 454,67 m. Para a zona fundida independente ao tratamento térmico

ou não apareceram 2 pites nessa região, sendo um de diâmetro maior e outro de diâmetro

menor. O diâmetro médio dos pites para a zona fundida sem tratamento térmico foi 425m e

286m, foram bem maiores que os pites da zona fundida solubilizada, que apresentam um

diâmetro médio de 274m e 226,67m. Na zona afetada pelo calor ocorreu o mesmo efeito de

o diâmetro médio para o material soldado sem tratamento térmico possuir maior diâmetro que

o material soldado e solubilizado.

Como visto na Figura 31 a presença de carbonetos de titânio, suas quantidades e

tamanhos são responsáveis pelo diâmetro médio dos pites. O metal de base sem tratamento

térmico possui um tamanho médio de carbonitreto entre os tamanhos entre 18 e 19, já o metal

de base solubilizado possui um tamanho médio de carbonitreto 19 e 20. O mesmo raciocínio

se aplica para a zona afetada pelo calor e a zona fundida.

Tabela 6: Análise da região da polarização cíclica para contagem dos pits abertos e seus respectivos diâmetros

médios para o aço inoxidável austenítico AISI 321H sem tratamento térmico e solubilização.

Sem Tratamento Térmico de Solubilização

ZF

PIT 1

ZF

PIT 2

ZF

PIT 3

ZAC

PIT 1

ZAC

PIT 2

ZAC

PIT 3

MB

PIT 1

MB

PIT 2

MB

PIT 3

QTD 2 2 2 1 1 1 1 1 1

(m) 423 414 438 495 472 498 511 536 521

(m) 283 297 278

Médio

(m) 425,00 ± 12,12 488,33 ± 14,22 522,67 ± 12,58

Médio

(m) 286,00 ± 9,85

Com Tratamento Térmico de Solubilização

ZF

PIT 1

ZF

PIT 2

ZF

PIT 3

ZAC

PIT 1

ZAC

PIT 2

ZAC

PIT 3

MB

PIT 1

MB

PIT 2

MB

PIT 3

QTD 2 2 2 1 1 1 1 1 1

(m) 258 278 286 396 404 385 457 448 459

(m) 217 225 238

Médio

(m) 274,00 ± 14,42 395,00 ± 9,54 454,67 ± 5,86

Méd

io (m) 226,67 ± 10,60

Fonte: autor

38

A análise química quantitativa em linha do carboneto de titânio está apresentada na

Figura 32. Este carboneto de titânio está localizado na zona fundida do material soldado sem

tratamento térmico. Observa-se que a na região escura da micrografia tem-se um pico para o

elemento titânio e um leve aumento para o elemento carbono. Já para o elemento cromo

quando passa pelo carbonitreto de titânio tem sua percentagem de sua composição diminuída

a zero e depois volta a sua concentração normal.

Figura 32: Análise química em linha do carboneto de titânio na zona fundida do material soldado e sem

tratamento térmico.

Fonte: autor

Para esse mesmo carboneto de titânio apresentando na Figura 33, realizou-se a análise

química pontual nos círculos em amarelo sobre o carboneto e na região circunvizinha a ele

ilustrado na Figura 33. Composição química em percentagem em peso da Figura 33(a) é o

elemento titânio presente, com 94,77%, demonstrando também que este escuro na imagem é

um carbonitreto de titânio. Na Figura 33(b) tem-se o titânio diluído na matriz austenítica do

aço em percentagem em massa de 1,5% e o cromo possui uma composição química de 17,5%

que está dentro da especificada para esse aço inoxidável austenítico AISI 321H que é entre

17% a 19% de cromo.

Figura 33: Analise química pontual via MEV/EDS na zona fundida do material soldado e sem tratamento

térmico. (a) sobre o carbonitreto de titânio; (b) região vizinha ao carbonitreto de titânio.

%wt %at.

Ti 94,77 89,43

Fe 2,16 1,75

C 2,13 8,04

Cr 0,64 0,52

(a)

39

Ni 0,00 0,00

%wt %at.

Ti 1,50 1,41

Fe 71,8 58,17

C 2,6 9,81

Cr 17,5 14,21

Ni 6,6 16,40

Fonte: autor

5.4 SVET

A análise Svet para o corpo de prova soldado e solubilizado esta apresentado na Figura

34(a), e a Figura 34(b) apresenta a fotografia após a 10 horas de ensaio. Não verificou-se a

formação de produtos de origem de corrosão durante o ensaio para essa amostra. O tratamento

de solubilização foi eficiente, pois o potencial catódico (em azul) demonstra a completa

solubilização dos precipitados de carbonetos de cromo. Esta é uma região que nunca abrirá

um pite de corrosão. Na zona fundida não se verificou nenhum ponto anódico, e se verificou

apenas pontos anódicos (vermelho) na região do metal de base. Essas regiões possuem

potenciais para iniciar uma corrosão por pite.

Figura 34: Análise SVET da amostra soldada e solubilizada. (a) análise SVET em 2D após 10 horas de ensaios;

(b) fotografia da região analisada após 10 horas de ensaio.

(b)

40

Fonte: autor

A análise Svet para o corpo de prova soldado sem tratamento térmico está apresentado

na Figura 35(a), e a Figura 35(b) apresenta a fotografia após a 10 horas de ensaio. Não é

possível verificar a formação de produtos de origem de corrosão durante o ensaio para essa

amostra. Tem-se uma distribuição de pontos anódicos e catódicos sobre a superfície analisada.

Se compararmos a Figura 35(a) com a Figura 35(a) verifica-se um aumento significativo nos

campos anódicos (vermelhos) que poderiam nuclear pites. Não existe uma região clara onde

as regiões anódicas ficam concentradas.

Figura 35: Análise SVET da amostra soldada sem tratamento térmico. (a) analise SVET em 2D após 10 horas

de ensaios; (b) fotografia da região analisada após 10 horas de ensaio.

(a)

(b)

41

Fonte: autor

6- CONCLUSÕES

Através do processo de soldagem, o material sofre aquecimento e há a formação de

fases secundárias na microestrutura que podem afetar em sua resistência mecânica

posteriormente. Essas mudanças na microestrutura, são a ferrita e austeníta, que contribui

fortemente para a formação de pites. O tratamento térmico de solubilização tem papel

importante, pois elimina as fases secundárias presentes, evitando a sensitização do material.

Quando o material não é submetido ao tratamento térmico de solubilização, os

carbonetos precipitam do contorno do grãos até a matriz, além disso, há alterações nas

(a)

(b)

42

dimensões e em sua composição química. Para o material que sofreu a solubilização, os

carbonetos de contornos de grão foram eliminados e surgiram carbonetos dentro do grão.

Nas análises da zona afetada pelo calor após o tratamento de solubilização, foi

possível verificar a presença do titânio e, um aumento na composição do carbono na matriz.

Os carbonetos de titânio formados dentro do grão não cresceram devido a capacidade do

titânio se estabilizar quando em altas temperaturas, e sua presença diminui a concentração de

cromo, através da sua precipitação no tratamento térmico.

O potencial de pite para as regiões do material soldado e solubilizado aumentou

consideravelmente em relação ao material soldado e não tratado termicamente. Este fato,

deve-se ao tratamento térmico de solubilização que eliminou a pequena quantidade de

carboneto de cromo que se formou devido ao fluxo de calor durante a soldagem.

Através do ensaio com Eletrodo Vibratório, SVET, não foi verificar a presença de

indícios de produtos de corrosão. O tratamento de solubilização foi eficiente, pois demonstra a

completa solubilização dos precipitados de carbonetos de cromo na zona afetada pelo calor e

zona fundida que, posteriormente, poderiam contribuir para a formação de pites de corrosão.

A presença de pontos anódicos foi possível verificar no metal de base. Essas regiões possuem

potenciais para iniciar uma corrosão por pite.

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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