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1 FACULDADE REDENTOR ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA Patrícia Beloto Lopes do Rego AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA EM ADULTOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA São Paulo 2011

FACULDADE REDENTOR ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA · São Paulo,30 de novembro de 2011. Patrícia Beloto Lopes do Rego Rego, Patrícia Beloto Lopes do Auriculoterapia no Tratamento

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FACULDADE REDENTOR

ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA

Patrícia Beloto Lopes do Rego

AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA EM ADULTOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

São Paulo

2011

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FACULDADE REDENTOR

ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA

Patrícia Beloto Lopes do Rego

AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA EM ADULTOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialização em Acupuntura, ao Centro Integrado de Atualização em Acupuntura (CIAA) – Faculdade Redentor, sob a orientação da Professora Dra. Eneida Mara Gonçalves.

São Paulo

2011

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Autorizo a impressão parcial do ou total do meu trabalho para fins de

divulgação científica.

São Paulo,30 de novembro de 2011.

Patrícia Beloto Lopes do Rego

Rego, Patrícia Beloto Lopes do

Auriculoterapia no Tratamento da Insônia em Adultos: Revisão Bibliográfica/ Patrícia Beloto Lopes do Rego; orientadora: Professora Eneida Mara Gonçalves – São Paulo, 2011.

Projeto de monografia para obtenção do título de especialização em Acupuntura no CIAA (Centro Integrado de Atualização em Acupuntura) – Faculdade Redentor.

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Patrícia Beloto Lopes do Rego

AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INSÔNIA EM ADULTOS: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialização em Acupuntura, ao CIAA (Centro Integrado de Atualização em Acupuntura) e

Faculdade Redentor.

São Paulo, 18 de Dezembro de 2011.

____________________________________

Eneida Mara Gonçalves

Professora Orientadora

____________________________________

Arlete Silva

Professora Examinadora

____________________________________

Lucienne Colombo Martini

Professora Examinadora

Conceito Final: __________

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais,

namorado, família e amigos que tanto

colaboraram, incentivaram e ajudaram para

que fosse possível sua concretização. A

professora Eneida Mara Gonçalves, pela

valiosa orientação, apoio e incentivo, os quais

foram indispensáveis para a realização de

mais este sonho.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por me proporcionar saúde, garra e

ousadia nesta nova etapa da minha vida.

A meus pais Vera e Jairo, por terem tornado possível a realização da

minha pós-graduação e pelo apoio e incentivo de sempre, á minha família pela

paciência em tolerar por muitas vezes minhas ausências.

Ao Neto (meu namorado) pelo apoio e incentivo a todos os momentos,

por sempre adaptar sua rotina aos compromissos decorrentes da pós, por me

auxiliar e acompanhar em todos os passos do curso e deste trabalho.

A minha tia e amiga Joice por sempre ter uma palavra de conforto nos

momentos difíceis.

As amigas da faculdade, de trabalho e às amizades conquistadas nestes

últimos dois anos, período em que pudemos compartilhar sentimentos,

angustias, desesperos, duvidas e conquistas em todos os encontros, e

especialmente por saber que sem o apoio e incentivo mutuo, nenhuma de nós

seria tão forte quanto todas juntas.

Agradeço em especial a professora Deise Arcocha pela indicação e

incentivo ao curso, à Elisa por sempre responder prontamente ás nossas

solicitações e dúvidas, por preparar sempre um café delicioso para renovarmos

as energias e à professora Eneida por estar sempre disposta a nos repassar

sua sabedoria e experiência, por acreditar no meu potencial e no meu projeto

de pesquisa.

Á todos os mestres que foram de fundamental importância para minha

formação profissional.

Por fim á todos aqueles que de alguma forma muito especial

colaboraram e fizeram parte de todo este trajeto.

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Epígrafe

"Quanto mais aumenta nosso

conhecimento, mais evidente fica nossa

ignorância".

John F. Kennedy

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RESUMO

A insônia é o transtorno do sono mais frequente na população em geral,

sendo reconhecida pela OMS como um problema de saúde pública devido ao

impacto negativo à saúde física e mental, atividade social, capacidade para o

trabalho e qualidade de vida dos indivíduos (ROBAINA, 2009). Este trabalho

tem como objetivo identificar os benefícios da aplicação da Auriculoterapia no

tratamento de pacientes com insônia. Trata-se de um estudo de revisão

bibliográfica, realizado nas bases de dados Scielo e PubMed, incluindo artigos

nos idiomas português, inglês e um em espanhol, publicados entre os anos de

2000 a 2011. Os artigos demonstram que os tratamentos medicamentosos e

psicológicos (cognitivo) são os mais utilizados, em português apenas um artigo

de revisão abordou o tema proposto.

Concluiu-se que a ainda há poucos estudos a respeito da aplicação da

Auriculoterapia como tratamento da insônia e que ainda é pouco utilizada

quando comparado ao tratamento medicamentoso e às terapias,

comportamental e cognitiva para estes casos.

Palavras-Chave: Auriculoterapia, Auriculopuntura, Insônia.

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ABSTRACT

Insomnia is the most common sleep disorder in the general population

and is recognized by OMS as a public health problem due to the negative

impact on physical and mental health, social activity, work capacity and quality

of life of individuals (ROBAINA, 2009). This study aims to identify the benefits of

implementing Auriculotherapy for the treatment of patients with insomnia. It is a

literature review study, conducted in the databases PubMed and Scielo,

including articles in Portuguese, English and one in Spanish, published between

the years 2000 to 2011. The articles demonstrate that the drug treatments and

psychological (cognitive) are the most commonly used in Portuguese only one

review article addressed the theme. It was concluded that there are few studies

regarding the application of ear acupuncture as a treatment for insomnia and

that is still little used when compared to drug treatment and therapies, cognitive

behavioral and in these cases.

Key Words: Auriculotherapy, Auriculopuntura, Insomnia.

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LISTA DE IMAGENS

Figura 1. TAO............................................................................................................ 30

Figura 2. Distribuição dos Pontos Auriculares.......................................................... 32

Figura 3. Nomenclatura Anatômica do Pavilhão Auricular........................................ 33

Figura 4. Distribuição dos Pontos Auriculares.......................................................... 36

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LISTA DE FIGURAS

Gráfico 1. Distribuição dos artigos por idiomas e livros .............................................

Gráfico 2. Distribuição dos artigos por Bases de dados.............................................

Gráfico 3. Artigos por ano de publicação...................................................................

Gráfico 4. Distribuição de Pontos no Pavilhão Auricular............................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

MTC: Medicina Tradicional Chinesa

SUS: Sistema Único de Saúde

OMS: Organização Mundial da Saúde

TCC: Técnicas Cognitivo-Comportamentais

CAM: Medicina Complementar ou Alternativa

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 1.1. Conceito de Qi.................................................................................. 1.2. Conceito de Xue............................................................................... 1.3 Insônia.............................................................................................. 1.3.1 Prevalência da Insônia...................................................................... 1.3.2 Insônia (Visão da Medicina Tradicional Chinesa)............................. 1.3.4 Conseqüências da Insônia................................................................ 1.3.5 Tratamento da Insônia...................................................................... 2. OBJETIVO...................................................................................................... 3. METODOLOGIA............................................................................................. 3.1. Critérios de Inclusão......................................................................... 3.2. Critérios de Exclusão........................................................................ 4. DESENVOLVIMENTO.................................................................................... 4.1 A Teoria do Yin-Yang........................................................................ 4.2 Acupuntura no Brasil......................................................................... 4.3 Auriculoterapia.................................................................................. 4.3.1 Diagnóstico através do Pavilhão Auricular....................................... 4.3.2 Auriculoterapia na Insônia................................................................ 4.3.3 Pontos Auriculares............................................................................ 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 6. CONCLUSÃO.................................................................................................

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7. REFERÊNCIAS..............................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

A população tem dormido menos a cada dia, a quantidade de horas

trabalhadas (expediente) associada às tarefas atribuídas após (ou antes) o

expediente contribui para uma rotina mais agitada, estressante e com menos

horas de sono. A insônia é uma queixa que tem se tornado comum e as

terapias não medicamentosas tem se mostrado um dos recursos terapêuticos

cada vez mais procurados em seu tratamento.

Ainda hoje, a insônia continua a ser uma entidade clinica de difícil

diagnóstico, segundo PINTO JR et al (2010), que acaba por exigir uma

abordagem estratégica adequada e planejamento.

Segundo MULLER (2007), o sono normal varia ao longo do

desenvolvimento humano quanto à duração, distribuição de estágios e ritmo

circadiano.

As variações na quantidade de sono são maiores durante a infância,

decrescendo de 16 horas por dia, em média, nos primeiros dias de vida, para

14 horas ao final do primeiro mês e 12 horas no sexto mês de vida. Depois

dessa idade o tempo de sono da criança diminui 30 minutos ao ano até os

cinco anos. Na vida adulta decresce a quantidade e varia o ciclo do sono em

função da idade e de fatores externos. Com o avanço da idade, ocorrem

perdas na duração, manutenção e qualidade do sono. A dor, o uso de

medicações e diferentes condições clínicas são exemplos de fatores que

podem afetar a quantidade e a qualidade do sono, especialmente entre idosos,

que são mais propensos a essas condições (MULLER 2007).

BRECHERET (1997) cita que os distúrbios do sono, principalmente o

sono não reparador, representam um dos achados mais freqüentes na clínica

diária e estão, geralmente, relacionados à dores crônicas do sistema músculo-

esquelético, fadiga crônica e alterações emocionais.

SOUZA (2004) e MARCHI et al. (2004) descrevem em seus estudos, a

insônia como um sintoma que pode ser definido como dificuldade em iniciar

e/ou manter o sono, presença de sono não reparador, ou seja, que não é

suficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar físico e mental

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durante o dia, com o comprometimento conseqüente do desempenho nas

atividades diurnas.

Os fatores que desencadeiam a insônia primária podem ser diferentes

daqueles que mantêm o processo. Na maioria dos casos, o início é repentino,

coincidindo com uma situação de estresse psicológico (tristeza, afastamento de

um familiar), social (perda do emprego, dificuldade econômica) ou médico

(iminência de uma intervenção cirúrgica). (MONTI, 2000)

Na insônia crônica, de longa duração, SOUZA (2004), menciona o

aumento de sintomas cognitivos e alteração do humor, irritabilidade, redução

do desempenho acadêmico e profissional, redução da concentração e

memória. Além do aumento da fadiga associada á insônia, há também o

aumento do risco de acidentes de trabalho, domésticos e de trânsito.

Segundo SANTOS et. al. (2009), o Ministério da saúde incluiu apenas

em 1999, as consultas médicas em homeopatia e acupuntura na tabela de

procedimentos do SUS.

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) possui uma visão bastante

peculiar do corpo humano (SILVA FILHO, 2007).

As doenças são interpretadas como sendo causadas principalmente,

por fatores externos e internos, conforme SILVA FILHO (2007), estes fatores

impedem o funcionamento adequado dos Órgãos e Vísceras (Zang Fu) e a

circulação de Qi e Xue pelo corpo, principalmente através dos Canais e

Colaterais (Jing Luo), onde estão localizados os pontos de acupuntura.

Yang Qi e Yin Qi são as duas partes antagônicas da energia de base. Se

tomarmos como referência as funções e a matéria, a energia Yang indica as

funções, a energia Yin, indica a matéria, conforme AUTEROCHE (1992), se

tomarmos a direção dos movimentos e sua natureza, um movimento para o

exterior, para o alto, que prospera, reforça ou acalma, é Yang Qi, um

movimento para o interior, para baixo, que oprime, é Yin Qi.

Conforme MACIOCIA (1996), o Qi é Yang em relação ao Xue, o Qi tem a

função de aquecer, proteger, transformar e ascender as funções Yang, o Xue

tem a função de nutrir e umedecer, funções tipicamente Yin.

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1.1 Conceito de Qi

Segundo MACIOCIA (1996), o Qi é a base de tudo, todas as outras

substâncias vitais são manifestações do Qi em vários graus de materialidade,

variando do completamente material, como os Fluídos Corpóreos (Jin Ye), até

o totalmente imaterial, como a Mente (Shen). O Qi apresenta dois aspectos

principais, indicando inicialmente a Essência (Jing) apresentando a função de

nutrir o organismo e a mente, e posteriormente o Qi indica atividade funcional

dos Sistemas Internos.

As funções básicas do Qi são:

- Transformação (O Qi do Rim transforma os fluídos, por exemplo),

- Transporte (O Qi do Baço transporta o Qi dos alimentos, por exemplo),

- Manutenção (O Qi do Rim mantém a urina, por exemplo),

- Ascendência (O Qi do Rim ascende),

- Proteção (O Qi do Pulmão protege o organismo dos fatores

patogênicos exteriores)

- Aquecimento (Esta função é do Qi do Yang, tanto o Yang do Baço

como o Yang do Rim, apresentam a função de aquecer o organismo).

MACIOCIA (1996) cita as funções fisiológicas normais, dos Sistemas

Internos e os vários tipos de Qi, que dependem de um equilíbrio complexo, não

somente entre os Sistemas Internos e as características Yin-Yang do Qi, mas

também da direção do movimento do Qi, este complexo de diferentes direções

do Qi é chamado de “Ascendência-descendência e Saída-entrada”.

1.2 Conceito de Xue O Sangue (Xue) é o fruto da transformação da essência dos alimentos

(Jing Qi) pelo Baço e o Estômago, sua função é nutrir o organismo

(AUTEROCHE, 1992).

O Xue é em si uma forma de Qi, muito denso e material, é inseparável

do Qi, pois este proporciona vida ao Sangue (Xue). Conforme MACIOCIA

(1996), o Xue deriva na maior parte, do Qi dos Alimentos produzidos pelo Baço

(Pi), o Baço (Pi) envia o Qi dos alimentos em ascendência para o Pulmão (Fei)

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e através de ação impulsora do Qi do Pulmão (Fei), este é enviado para o

Coração (Xin), onde é transformado em Sangue (Xue).

AUTEROCHE (1992) menciona que o Sangue (Xue), circula em todo o

corpo, no interior atinge todos os órgãos (Zang Fu) e no exterior, atinge a pele,

a carne, tendões e músculos. Sua atuação é dupla, nutre e umedece os tecidos

orgânicos do corpo inteiro e por outro lado serve como base material à

atividade mental.

1.3. Insônia

Segundo LOAYZA et al. (2001), a insônia é um conceito amplo que tem

sido descrito como um sintoma, uma queixa, uma perturbação e / ou uma

conseqüência de outros problemas clínicos.

Conforme citado por ROBAINA et al. (2009) a insônia é o transtorno do

sono mais frequente na população em geral, sendo reconhecida pela OMS

como um problema de saúde pública devido ao impacto negativo à saúde física

e mental, atividade social, capacidade para o trabalho e qualidade de vida dos

indivíduos. Segundo a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono, ter

insônia é apresentar dificuldades repetiras para iniciar e/ou manter o sono

(insônia inicial e de manutenção), despertar precoce (insônia terminal) ou sono

não restaurador, conforme PASSOS (2007).

Na maioria das vezes, a insônia é definida como a queixa de “dificuldade

para iniciar ou manter o sono”, “sono não reparador”, “despertares noturnos”,

ou conforme os critérios de escalas de frequência ou intensidade desses

sintomas conforme descrito por MULLER (2007). Alem de ser o distúrbio do

sono mais comum conforme MARCHI (2004), a insônia esta diretamente

associada aos transtornos psiquiátricos (PASSOS, 2007).

Conforme SILVA FILHO (2007), pode estar relacionada à alguma causa

especifica: ansiedade, depressão, estresse, dor muscular e/ou articular, uso de

medicamentos, ambiente inadequado. Nos casos em que não se relaciona com

um fator causal evidente, é tida como insônia primaria, sem causa bem

definida, havendo melhora espontânea.

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SOARES (2006) descreve o sono normal como um processo dinâmico,

constituído basicamente por duas fases que se alternam durante o período em

que um indivíduo dorme: fase de movimentos oculares rápidos, ou sono REM,

e o sono não-REM. O sono REM é caracterizado pela baixa amplitude de

atividades cerebrais, seguida pela perda do tônus muscular, flutuações do

pulso e pressão arterial, esta fase é relacionada diretamente aos sonhos, alem

de importante para armazenamento de dados na memória. O sono não-REM

possui 4 fases: estagio 1, período de latência (transição entre alerta e sono),

estagio 2 é o primeiro período do sono, estágios 3 e 4 chamados de “sono

profundo”, sono delta ou de ondas lentas.

Insônia pode significar coisas diferentes dependendo do quadro clínico

apresentado pelo sujeito. Conforme KOZASA (2010), a insônia pode ser uma

queixa (relacionada a quantidade ou qualidade do sono), uma parte dos

sintomas (de um distúrbio do sono ou de um transtorno mental ou orgânico) ou

um diagnóstico de distúrbio do sono (primária ou secundária), indicando a

necessidade de um processo de diagnóstico diferencial.

Na insônia crônica, de longa duração, observam-se mais sintomas

cognitivos e alteração do humor, irritabilidade, redução do desempenho

acadêmico, profissional, redução da concentração e da memória, além do que

a insônia e a fadiga aumentam significativamente o risco de acidentes

conforme citado por SILVA FILHO (2007).

MACIOCIA em 1996 descreve o termo “insônia” como abrangente a

vários e diferentes problemas, como a incapacidade de adormecer com

facilidade, acordar durante a noite, sono inquieto, acordar muito cedo e

apresentar um sono perturbado pela presença de sonhos.

Segundo a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono, ter insônia

é apresentar dificuldades repetidas para iniciar e/ou manter o sono (insônia

inicial e de manutenção), despertar precoce (insônia terminal) ou sono não

restaurador (PASSOS, 2007).

Em relação à sua duração, a insônia deve ser considerada crônica

quando os sintomas persistem por um período superior a um mês, ou aguda se

ela estiver diretamente associada à presença de um fator estressor e não

exceder um período superior a três meses.

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ESCOBAR-CÓRDOBA (2009) cita que a insônia é classificada de

acordo com sua causa, gravidade, duração e natureza, a regra geral é usar sua

duração para classificá-lo, por exemplo: insônia ocasional, que dura por alguns

dias, transitória, caso dure por algumas semanas, e crônica caso prolongue-se

por mais de quatro semanas. Com relação á gravidade, ela pode ser leve,

moderada ou grave, e ainda quanto à sua natureza, se estiver presente no

inicio do sono (insônia inicial), se ocorrer despertares durante a noite (insônia

media), ou se ocorrer antes do despertar normal (insônia precoce).

Segundo LIUBA (2005), o sono é um processo restaurativo, tanto física

quanto psicologicamente, um fator de estado de saúde e é uma parte essencial

do ciclo humano. É fisiológicamente conhecida a

existência de mediadores químicos envolvidos no sono e há evidências de que

as aminas serotonina e catecolaminas biogênicas estão envolvidas na

regulação do mesmo.

1.3.1. Prevalência da Insônia

Apesar de ter uma alta prevalência e, embora seja uma causa comum

nos serviços de saúde primários, segundo MARCHI (2004) raramente a insônia

é a queixa principal em uma consulta médica.

A insônia apresenta uma prevalência de cerca de 30-50% da população,

conforme SILVA FILHO (2007), MARCHI et al (2004) em seu estudo, encontrou

uma prevalência de 32% da população de insones em São José do Rio Preto.

SOUZA et al. (2002) encontrou na população de Campo Grande uma

prevalência de 19,1%. SOUZA et al. (2002) ainda cita que 35% da população

adulta americana experimenta a insônia durante o período de um ano.

MARCHI et al (2004), cita que dormimos 25% menos do que os nossos

antepassados de um século atrás e não há nada que indique que eles

necessitavam mais horas de sono do que temos ou que precisamos de menos

do que eles.

A maior prevalência de insônia entre mulheres é o achado mais

consistente na literatura sobre distúrbios do sono, o aumento da prevalência

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com a idade também tem sido observado segundo ROBAINA et. al. (2009), os

dados encontrados por SOUZA et al. (2002) também indicam uma prevalência

maior de insônia em mulheres, tendo como resultado 25,2% em um estudo

realizado em Campo Grande.

SOARES (2006) cita que “Transtornos do sono e insônia são mais

frequentemente observados entre as mulheres do que entre homens durante a

vida adulta”. MARCHI (2004), após realizar analise demográfica em São José

do Rio Preto, obteve uma maior prevalência em mulheres (35,41%) do que em

homens (27,94%).

LOAYZA et al. (2001), após realizar uma pesquisa com estudantes de

Medicina, identificou que a dificuldade de manter o sono foi mais associada ao

sexo feminino, enquanto o problema de adormecimento tardio foi associado ao

sexo masculino.

Um estudo realizado por OLIVEIRA et al. em 2011, mostra que a insônia

é altamente prevalente e afeta entre 28% e 63% das mulheres em período de

pós-menopausa. Cita ainda que a busca por terapias complementares têm se

mostrado cada vez maior.

Conforme SOARES (2006) a insônia é comumente observada em todas

as fases da vida adulta, alguns estudos epidemiológicos sugerem que cerca de

15% da população em geral sofre de insônia crônica, enquanto 20% a 40%

podem apresentar sintomas de insônia de forma intermitente, porém entre os

adultos, as mulheres apresentam risco significativamente maior para quadros

de insônia – cerca de 30% a 80% mais frequentes entre as mulheres do que

entre os homens.

1.3.2 Insônia (Visão da Medicina Tradicional Chinesa)

A quantidade e a qualidade do sono dependem do curso no estado da

mente (Shen). A Mente é enraizada no Coração, especificamente no Sangue e

no Yin do Coração. Se o Coração for saudável e o Sangue abundante, a Mente

é devidamente enraizada e o sono será profundo. Se o Coração for deficiente

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ou agitado por fatores patogênicos como o Fogo, a mente não é devidamente

enraizada e o sono será afetado.

MACIOCIA (1996) descreve que na Medicina Chinesa, há um

relacionamento entre o corpo e a Mente. Por um lado, a deficiência do Sangue

ou o fator patogênico como o Fogo, pode afetar a Mente; por outro lado,

estresse emocional afetando a Mente pode causar uma desarmonia dos órgãos

internos. De fato, qualquer desarmonia dos órgãos internos , seja proveniente

de Deficiência de Excesso, afeta o Sangue e a Essência. Uma vez que a

Essência e o Qi são a raiz da Mente (“Os Três Tesouros”), a Mente não terá

residência, resultando em insônia. A Alma Etérea (Hun) também cumpre uma

função importante na fisiologia e patologia do sono, a duração e a qualidade do

sono, são relacionadas com seu estágio. Se for bem enraizada no Fígado, o

sono é normal, profundo e sem muitos sonhos. Se o Yin ou o Sangue do

Fígado for deficiente, a Alma Etérea é despojada de sua resistência e vagueia

a noite, causando sono inquieto, acompanhado de vários sonhos fatigantes. A

Alma Etérea é afetada não apenas por uma Deficiência do Fígado, mas

também por qualquer fator patogênico (como o Fogo ou o Vento), agitando o

Fígado.

Segundo as teorias da MTC, conforme SILVA FILHO (2007), o Coração

(Xin) é o responsável, governante, da Mente (Shen), sendo assim é o Órgão

(Zang) mais envolvido nos casos de pacientes portadores de insônia, e deve

ser tratado direta ou indiretamente. Alem disso pontos que estimulam a Mente

(Shen) devem ser sempre considerados nestes pacientes. Queixas de

ansiedade, insônia, compulsão são comuns nos casos de exacerbação do fluxo

energético do Coração que juntamente com o Fígado são os órgãos mais

emocionais (http://www.acupuntura.psc.br/artigos&livros.htm#saudepossivel).

SILVA FILHO (2007) cita a seguinte passagem da obra clássica Jing

Yue Quan Shu “...O sono se origina do Yin e é governado pela Mente (Shen).

O sono vem de uma Mente (Shen) tranquila e a insônia vem de uma

intranquilidade da Mente (Shen)...”

Os Órgãos e Vísceras (Zang Fu) descritos pela MTC possuem nomes

idênticos àqueles da Medicina Moderna Ocidental, no entanto o conceito

clássico chinês extrapola a visão anatômica e fisiológica do ocidente,

oferecendo a esses Órgãos e Vísceras (Zang Fu), funções, relações e

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associações importantes do ponto de vista prático para o praticante de MTC e

que podem parecer errados e absurdos para praticantes ocidentais, conforme

citado por SILVA FILHO em 2007.

1.3.3 Consequências da Insônia

SOUZA (2004) cita que no ano de 2003 foi publicado o I CONSENSO

BRASILEIRO DE INSÔNIA, o qual relacionou a frequência das consequências

e co-morbidades da insônia com o seu tempo de duração. Na insônia crônica,

de longa duração, observam-se mais sintomas cognitivos e alteração do

humor, irritabilidade, redução do desempenho acadêmico e profissional,

redução da concentração e da memória. Além do que, a insônia e a fadiga

aumentam, significativamente, o risco de acidentes de trabalho, domésticos e

de trânsito.

A qualidade do sono parece estar intimamente ligada a sintomas como a

dor crônica, que segundo TAKIGUCHI (2008), mostra-se difícil determinar qual

desses dois sintomas seria a causa e qual a consequência.

Foi demonstrado em estudo controlado, que pacientes com insônia

primária buscam na terapia a melhora do sintoma, e pelo menos em curto

prazo não demonstraram comportamento de escalonamento de dose nem

abuso. Ainda não está bem estabelecido na literatura o aumento do risco de

mortalidade, apesar de alguns estudos apontarem esses dados (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE SONO, 2003).

Ainda no I Consenso Brasileiro de Insônia, uma vez que a insônia pode

ser o sintoma de diversas doenças, devemos ter em mente que a doença de

base deverá ser tratada.

São exemplos comuns desse sintoma:

- Transtornos respiratórios

- Transtorno dos movimentos periódicos dos membros inferiores

- Síndrome das pernas inquietas

- Fibromialgia

- Transtornos neurológicos

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- Transtornos psiquiátricos

- Drogas e álcool

- Ambiente inadequado e etc.

1.3.4 Tratamento da Insônia

O uso de terapias complementares ou alternativas tem se tornado a

cada dia mais conhecidas. Segundo o I Consenso Brasileiro de Insônia a

abordagem terapêutica deve focar em cuidados para o tratamento dos

sintomas diurnos, noturnos e a doença de base em si, destacando o tratamento

farmacológico, o tratamento não-farmacológico e a combinação de ambos.

Além disso, o uso de intervenções não-farmacológicas tem vindo a

aumentar na população em geral, conforme descrito por KOZASA (2010), de

acordo com uma pesquisa realizada pelo governo em todo o país,

aproximadamente 38% dos adultos dos EUA com 18 anos ou mais e cerca de

12% das crianças usam alguma forma de medicina complementar ou

alternativa (CAM).

Segundo SILVA FILHO (2007) a acupuntura e suas variantes, como

acupuntura auricular e acupuntura craniana, têm sido empregadas com grande

freqüência para o tratamento da insônia, por parte dos praticantes de MTC.

O tratamento mais comum para a insônia crônica é o medicamentoso,

segundo PASSOS (2007), embora a utilização de medicamentos cause alguns

prejuízos em longo prazo, entre os quais a tolerância e a dependência, diante

de tal situação, diversos estudos têm sugerido a utilização de terapias não

medicamentosas.

Conforme SILVA FILHO (2007), a diferenciação de Síndromes é

fundamental para a obtenção dos resultados desejados, abaixo serão

apresentadas as Síndromes, desde as mais citadas até as menos citadas:

- Deficiência do Coração e do Baço (Xin Pi Liang Xu)

- Hiperatividade do Fogo devido á Deficiência do Yin (Yin Xu Huo Wang)

- Ascensão do Fogo Excessivo do Fígado (Gan Huo Shang Rao)

- Desordem do Qi do Estômago (Wei Qi Bu He)

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- Deficiência do Coração e da Vesícula Biliar (Xin Dan Liang Xu)

- Desarmonia entre o Coração e o Rim (Xin Shen Bu Jiao)

- Calor Mucosidade agredindo o Coração (Tan Re Xin Rao)

- Fogo Exuberante do Coração (Xin Huo Sheng)

Segundo MONTI (2000), a Insônia primária pode ser tratada com os

seguintes procedimentos: higiene adequada do sono, terapia cognitiva e de

conduta e uso de fármacos hipnóticos.

SOARES (2006) comenta as Técnicas cognitivo-comportamentais, que

se mostram tão eficaz quanto o uso de medicamentos, além de orientações

gerais sobre higiene do sono, as TCC incluem o controle do estimulo do sono e

de restrição do sono. Para que as terapias sejam consideradas efetivas, devem

diminuir a latência do sono, aumentar o tempo total do sono e melhorar o

funcionamento diurno dos pacientes. CARVALHO (2003) define as TCC para

os pacientes insones pois pode mudar os habitos e valores que definem a

insatisfação com o sono.

Terapia de controle do estímulo do sono Basicamente melhora o sono inicial, e reduz o tempo de vigilia após

adormecer. O paciente é orientado a estabelecer um horário para se levantar

pela manhã, independente da qualidade e quantidade do sono (SOARES,

2006).

Conforme PASSOS (2007), essa terapia é baseada na premissa de que

a insônia é uma resposta condicionada aos fatores temporais (tempo

despendido na cama), e ambientais (quarto de dormir/cama) relacionados com

o sono, tendo como objetivo treinar o insone a reassociar o quarto de dormir e

a cama com o início rápido do sono.

Terapia de Restrição do Sono Conforme SOARES (2006), é baseada em horários preestabelecidos

para o despertar, e trabalha no conceito de eficiência do sono (porcentagem do

tempo de sono em relação ao tempo de permanência na cama).

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PASSOS (2007) diz que esta terapia consiste na redução do tempo

despendido na cama, de modo que este se aproxime do tempo total de sono,

por exemplo, se o insone relata que dorme cinco horas e permanece na cama

por oito horas, recomenda-se que reduza o tempo despendido na cama para

cinco horas.

Terapia Cognitiva

Conforme SOARES (2006), esta terapia tem por objetivo eliminar as

crenças e as atitudes errôneas relacionadas ao sono, como uma falsa

expectativa do tempo necessário de sono, uma concepção inadequada das

causas da insônia, e a amplificação das consequencias.

Terapia de Relaxamento

Segundo PASSOS (2007), esta intervenção foi estabelecida a partir da

observação de que frequentemente os pacientes com insônia relatam um alto

estado de alerta, tanto durante a noite quanto durante o dia. Os principais

relaxamentos são o muscular progressivo (tensionar e relaxar diferentes grupos

musculares de todo corpo, visando diminuir o alerta fisiológico) e o biofeedback

(utiliza estímulos visuais, como imagens confortáveis, cores neutras, músicas,

para desfocar a atenção do paciente).

Terapia de Intenção Paradoxal

PASSOS (2007) cita que esta terapia consiste em convencer o paciente

a encarar o seu mais temido comportamento, como por exemplo ficar acordado

durante a noite, desta forma o paciente deixará de tentar dormir para insistir em

ficar acordado, a ansiedade pré-sono vai reduzindo e o inicio do sono poderá

ser atingido mais facilmente.

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Fototerapia

Seu objetivo é aumentar o estado de alerta do paciente por intermédio

de estimulo luminoso, PASSOS (2007), menciona o posicionamento de uma

caixa de luz ao nivel dos olhos, a uma distância de aproximadamente 90cm, a

potência desta luz pode variar entre 2.500 e 100.000 lux e, o tempo de

exposição pode variar de 30 minutos a 2 horas.

Higiene do Sono

Visa educar os habitos relacionados á saúde (dieta e exercício físico por

exemplo), e ao comportamento (luz, barulhos, temperatura e o colchão) que

sejam benéficos ou prejudiciais ao sono, PASSOS (2007) cita alguns

exemplos:

1- Usar o quarto e a cama somente para dormir e praticar atividade

sexual

2- Evitar barulho, luz e temperatura excessiva durante o periodo do

sono

3- Evitar, entre outras substâncias a cafeína, nicotina e as bebidas

alcoólicas nas ultimas 4-6 horas que antecedem o sono.

KOZASA (2010) sugere que esta técnica foi mais citada dentro de seu

estudo, considerando que muitos insones possuem maus hábitos antes

de dormir.

Exercicio Fisico

É sugerido para melhorar a qualidade do sono, porém segundo PASSOS

(2007), o tipo e a duração dos exercicios ainda nao estao definidos.

Alguns autores ainda citam hipnóticos, benzodiazepínicos e não-

benzodiazepínicos e antidepressivos como medicamentos utilizados como

forma de tratamento, porém não entraremos em detalhes pois o foco do

trabalho está em torno de terapias não medicamentosas.

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2. OBJETIVO Identificar na literatura científica nacional e internacional, a aplicação da

Auriculoterapia no tratamento de pacientes com insônia, no período de 2000 a

2011.

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3. METODOLOGIA

3.1. Tipo de Pesquisa

Foi feita uma Revisão bibliográfica, através de uma busca científica nas

bases Scielo, PubMed e Google Acadêmico, de artigos que tivessem em seu

título as palavras “Auriculoterapia” ou “Insônia”, nas línguas inglesa e

portuguesa.

Foram localizados 21 artigos sobre insônia na base Scielo, utilizando as

palavras-chave: “Auriculoterapia” ou “Insônia”, porém apenas 12 preencheram

os critérios de inclusão, e 11 artigos no PubMed, utilizando as palavras chave:

auriculotherapy AND insomnia, dos quais apenas 1 preencheu os critérios, os

demais artigos foram localizados através do Google Acadêmico.

Para fundamentar o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas

referências (artigos e livros) de qualquer período, porém para responder aos

objetivos delimitamos o período de 2000 a 2011, devido a necessidade uma

busca atualizada.

3.2. Critérios de Inclusão - Artigos que possuam em seu titulo as palavras Auriculoterapia e/ou

Insônia.

- Artigos publicados entre os anos de 2000 e 2011.

- Livros que abordassem a Medicina tradicional Chinesa, Acupuntura ou

Auriculoterapia para fundamentação do desenvolvimento do trabalho.

- Artigos que estejam liberados para acesso na integra através da

internet.

3.3. Critérios de Exclusão - Foram excluídos artigos que tivessem em seu titulo a insônia, e/ou

Auriculoterapia em crianças, neonatos, adolescentes ou idosos.

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- Foram excluídos artigos que utilizassem apenas tratamento

farmacológico para a insônia.

- Foi excluído artigo a respeito de insônia após envenenamento por

mercúrio.

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4. DESENVOLVIMENTO

4.1 A Teoria do Yin-Yang

Segundo uma lenda antiga Chinesa, no universo existia um grande ovo,

onde morava uma pessoa chamada de Pan Gu, um dia essa pessoa deu um

soco forte na casca do ovo, fazendo um tremendo barulho e quebrando o ovo,

o material contido se dividiu em duas partes: uma quente e leve que subiu

(atmosféra ou céu) e foi denominada Yang e outra fria e pesada que desceu

(água ou terra) e foi denominada Yin, segundo descrito por HONG (2005). A

partir deste par formaram-se as quatro estações, dia e noite, chuva e umidade,

calor, vento e outros.

AUTEROCHE (1992) descreve Yin e Yang como a reunião das duas

partes opostas que existem em todos os fenômenos e objetos em relação

recíproca ao meio natural. Para os chineses não ha Yin sem Yang e nem Yang

sem Yin. De um modo geral, tudo que é animado, tem movimento, exterior,

quente, luminoso corresponde a uma ação Yang. Tudo que está em repouso,

tranquilo, interior, frio, corresponde a uma substância Yin.

Yin e Yang são por natureza conflitantes, antagônicos e, ao mesmo

tempo, interdependentes, onde não podemos separar um princípio do outro

(HONG, 2005).

Segundo MACIOCIA (1996), o conceito de Yin e Yang é provavelmente

o mais importante e distintivo da Teoria da Medicia Chinesa, pode-se dizer que

toda fisiologia médica chinesa, patologia e tratamento podem, eventualmente,

ser reduzidos ao Yin-Yang.

Figura 1. TAO

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O TAO representa o Yin e o Yang, como interdependentes, não há Yin

sem Yang e nem Yang sem Yin, expressa o equilibrio dinâmico entre forças

opostas e complementares entre si.

4.3 Acupuntura no Brasil

Em 1810, os primeiros imigrantes chineses no Rio de Janeiro, iniciaram

a prática da MTC no Brasil, segundo HONG (2005). Em 1908, os imigrantes

japoneses introduziram a acupuntura japonesa. Em 1984 houve uma cisão

entre profissionais que praticavam a acupuntura, e foram fundadas sociedades,

objetivando o aperfeiçoamento da prática desta técnica.

Em 1987, HONG (2005) cita a criação do Centro de Estudo Integrado de

Medicina Chinesa (CEIMEC), sendo o pioneiro em nosso estado a integrar a

MTC com a medicina ocidental no nosso estado. Aos poucos foram criados

cerca de 50 cursos de especialização em acupuntura e 90 serviços de

atendimento na rede pública, vinculados ao SUS.

4.4 Auriculoterapia

Depois da fundação da nova China, o sistema médico neste país ganhou

um amplo e rápido desenvolvimento, que serviu de base para que no final da

década de 80 e inicio de 90, a Auriculoterapia fosse instituída como

especialidade dentro do estudo da Acupuntura conforme GARCIA (1999), na

década de 50, o desenvolvimento da Auriculoterapia era ainda pobre, mas

começava a ser motivo de atenção cada vez mais crescente dentro da prática

clinica. Dentro dos microssistemas da Acupuntura, a Auriculoterapia é, na

atualidade, um dos mais populares, tanto dentro como fora da China, este

método conseguiu impor-se pelos resultados obtidos e por geralmente ser

pouco invasivo, sendo bem aceito pelos pacientes.

Ainda segundo GARCIA (1999), o diagnóstico e tratamento através do

microssistema da orelha teve sua origem na China, se justificava a estreita

relação do pavilhão auricular com o resto do corpo, nutrindo-se este

conhecimento, com a experiência posterior.

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A acupuntura tem sido uma técnica muito utilizada na atualidade, e tem

se mostrado muito eficaz, nas mais diversas áreas, pois visa minimizar os

desequilíbrios orgânicos ou a dor propriamente dita.

Conforme descrito por TAKIGUCHI (2008), a Acupuntura visa o

equilíbrio das energias do corpo através de pontos de acúmulo de energia

conhecidos como meridianos de acupuntura segundo a sua linha clássica, com

alguns mecanismos de ação cientificamente comprovados.

O mapa auricular com a representação do feto em posição pré-natal

serviu aos médicos chineses de grande impulso, conforme GARCIA (1999)

para começar um profundo estudo na Auriculoterapia, tanto dentro como fora

da China, tomando-se como base para este estudo, a experiência capturada

nos textos antigos, assentando desta maneira, as bases da Auriculoterapia

chinesa atual.

No mapa auricular temos a localização de um feto em posição cefálica,

conforme GARCIA (1999), este feto marca os princípios gerais para a

representação de cada parte do corpo humano, conforme abaixo na Figura 2.

Podemos dizer que a Auriculoterapia constitui um ponto de partida para

a integração da Medicina Tradicional Chinesa e a Ocidental. O microssistema

da orelha oferece a possibilidade de localizar e utilizar pontos sob o respaldo,

tanto da teoria dos Zang Fu e Jing Luo, como sob os princípios da fisiologia

moderna (GARCIA, 1999).

Figura 2. Distribuição dos Pontos Auriculares.

Fonte: GARCIA (1999). .

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4.4.1 Diagnóstico através do Pavilhão Auricular

No Huang Ti Nei Jing se fazia menção ao uso do pavilhão auricular

como método diagnóstico, conforme GARCIA (1999) através da observação do

pavilhão auricular, de seu tamanho, textura, coloração e forma, determinavam

o estado dos Zang Fu. O povo chinês foi provavelmente o primeiro a esboçar

a estreita relação existente entre o pavilhão auricular, os canais e colaterais, os

Zang Fu e o resto do organismo, alem de legar as bases teóricas para o

diagnóstico e tratamento, através do pavilhão auricular. De acordo com o

trajeto dos canais e vasos descritos no Ling Shu, se estabelece que os três

canais Yang da mão e os três canais Yang dos pés têm em seu trajeto uma

estreita relação com o pavilhão auricular. Além disso, os três canais Yin, ainda

que em suas trajetórias regulares não entrem diretamente no pavilhão, o fazem

através de seus canais distintos. O que se pode resumir dizendo que os doze

canais chegam ao pavilhão auricular.

As orelhas são a abertura somática dos Rins, conforme descrito por

AUTEROCHE (1992) correspondem ao meridiano Shao Yang, neste exame é

preciso notar a coloração da orelha, seu brilho e seu aspecto interior.

O Pavilhão Auricular é dividido em duas faces e uma circunferência,

conforme GARCIA (1999), na face anterior se observa uma serie de

proeminências alternando com depressões, que circunscrevem uma escavação

profunda, a concha, no fundo da qual se abre o canal auditivo externo. As

proeminências presentes no pavilhão são: hélix, anti-hélix, trago e anti-trago,

além destes, o pavilhão é formado por lóbulo, raiz do hélix, tubérculo auricular,

fossa triangular, fossa escafóide, incisura supratrago, etc, conforme podemos

observar a seguir na Figura 3.

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Figura 3. Nomenclatura anatômica do Pavilhão Auricular

Fonte: GARCIA (1999).

4.4.2 Auriculoterapia na Insônia

A partir da perspectiva do Sistema de Meridianos, a insônia é

proveniente de uma interrupção na interconexão entre o Yin e o Yang. O Yang-

Qi e o Yin-Qi devem ser harmônicos, fluindo um para dentro do outro, em um

ciclo diário. O Qi de Defesa flui no Yang durante o dia e no Yin durante a noite.

Se permanecer no Yang durante a noite e durante o dia, o individuo não

consegue dormir, como descrito por MACIOCIA (1996).

O uso da técnica de acupuntura conhecida com a Medicina Tradicional

Chinesa, tem se espalhado por vários países incluindo o Brasil, sendo usado

desde os anos 60, com um crescimento nos anos 80, praticado em diferentes

níveis de problemas de atenção saúde da população. De acordo com os

critérios da Medicina Tradicional Chinesa, a insônia pode ser causada por um

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aumento de fogo do fígado, por depressão que

transformada em calor leva ao aumento de Qi. Às vezes, um excesso de

excitação emocional (Normalmente medo excessivo) pode causar

hiperatividade do fogo do coração e afetar o Yin do Rim, é insuficiente e há

uma desarmonia entre o coração e rim e incoordenação entre a água e o fogo,

quando a água não sobe nos rins, o coração perde o controle, a mente torna-se

inquieta, com irritabilidade e insônia, conforme exposto por LIUBA em 2005.

4.4.3 Pontos Auriculares

Os Pontos Auriculares são zonas específicas distribuídas na superfície

auricular, que refletem fielmente a atividade funcional de todo nosso corpo,

conforme GARCIA (1999). Quando ocorrem mudanças patológicas no

organismo, elas se manifestam no ponto ou na área específica da região

comprometida.

GARCIA (1999) cita os pontos auriculares divididos de acordo com sua

classificação:

- Pontos da Zona Correspondente: Representam a anatomia corporal

dentro do pavilhão auricular.

- Pontos Zang Fu: São os onze pontos que representam os órgãos e as

vísceras, esses pontos são: coração, fígado, baço, pulmão, rim, intestino

grosso, intestino delgado, vesícula biliar, bexiga, estômago e San Jiao. Estes

são os pontos mais importantes para diagnóstico e tratamento através do

pavilhão auricular.

- Pontos do Sistema Nervoso: Não só representam partes do sistema

nervoso, como por exemplo, o cérebro, tronco cerebral, tálamo, simpático,

ciático, etc. como também determinadas atividades excitadoras ou repressoras

do Sistema nervoso, como no caso do ponto Shenmen.

- Pontos do Sistema Endócrino: Representam cada uma das glândulas

do sistema endócrino dentro do pavilhão auricular, como a hipófise, tiróide, etc.

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- Pontos Específicos: São aqueles que possuem função limitada

(diagnóstica e terapêutica), são os pontos, alergia, tuberculose, hipertensor,

etc.

- Pontos do dorso da orelha: São pontos representativos dos cinco Zang,

tem estreita relação com os pontos da face ventral do pavilhão, por exemplo, o

ponto baço do dorso do pavilhão se encontra diretamente em oposição com o

ponto estômago na face ventral.

Gráfico 1. Distribuição de Pontos no Pavilhão Auricular

O Gráfico 1 trás a distribuição dos pontos no Pavilhão Auricular, de

acordo com as “Zonas” corporais.

A Zona correspondente abrange 46,10% do pavilhão auricular, os Zang

Fu correspondem a 7,14%, o Sistema Nervoso corresponde a 11,69%,

enquanto o Sistema Endócrino representa 5,19%, Os pontos específicos

representam 16,23% do pavilhão e por fim os pontos do dorso da orelha e

outros pontos adicionais representam 13,64%.

Podemos perceber que a Zona correspondente é a mais abrangente, e

estes pontos desempenham um importante papel tanto no diagnóstico como no

tratamento, conforme observado por GARCIA (1999), podemos considerar que

não existe estratégia terapêutica onde sejam obviados os pontos desta zona.

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Figura 4. Distribuição dos Pontos auriculares.

Fonte: GARCIA (1999).

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5 RESULTADOS e DISCUSSÃO SILVA FILHO e PRADO (2007) destacam a utilização dos pontos

auriculares Shenmen, Coração, Occipital e Subcórtex, regularizando,

acalmando o Coração (Xin) e por consequência a Mente (Shen), e este foi o

único artigo localizado em português que trouxe a Auriculoterapia como opção

de tratamento.

Durante o período das pesquisas (Maio a Novembro de 2011) foram

localizadas 26 publicações, 21 artigos e 5 livros, que possuíam como

abordagem principal a insônia. Houve grande dificuldade em localizar artigos

em português que abordassem especificamente o tema solicitado

(Auriculoterapia no Tratamento da Insônia), alguns trabalhos trouxeram

tratamentos não-medicamentosos, cognitivos e/ou comportamentais, como

foco do estudo, porém não incluíram a Auriculoterapia ou Acupuntura com uma

das opções de tratamento, apenas um trabalho em português, elaborado por

SILVA FILHO e PRADO (2007) abordou a Acupuntura como principal forma de

Tratamento da insônia, e trouxe também, porém de forma muito sucinta a

aplicação da Auriculoterapia, com seus pontos correspondentes, sendo

necessário realizar novos estudos acerca do tratamento da insônia dentro da

Medicina Tradicional Chinesa.

Dos 11 artigos localizados na língua inglesa, sua grande maioria

apresentava a Auriculoterapia ou Acupuntura como forma de tratamento

(obtidos através do filtro Auriculotherapy AND Insomnia), porém a grande

dificuldade foi no acesso desses artigos, apenas um estava liberado na integra,

enquanto os outros 10 apenas em resumo, não possibilitando uma análise fiel

dos dados abordados e propostos.

Dos 12 artigos localizados na língua portuguesa todos tinham a insônia

como foco do estudo, e abordavam as terapias cognitivo/comportamentais

como forma de tratamento. Estes serviram de grande embasamento para a

condução do estudo.

Este estudo foi realizado com o intuito de primeiramente constatar se

apenas a aplicação da Auriculoterapia sem o seria suficiente para o tratamento

da insônia e de seus sintomas, por se tratar de um método praticamente

indolor, de fácil aplicação e baixo custo, e também a fim de identificar na

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literatura os estudos e pesquisas que têm sido publicados a respeito do tema,

analisando também se a localização dos estudos é algo acessível, haja vista a

quantidade de insones e o fácil acesso da população à internet, em busca de

soluções, antes mesmo de procurar um profissional da área da saúde.

Foi possível desmembrar alguns dados para elaboração de gráficos a

fim de identificarmos alguns aspectos dos artigos localizados:

Gráfico 2. Distribuição dos artigos por idiomas.

O Gráfico 2 demonstra a distribuição dos artigos em cada um dos

idiomas, sendo que foram utilizados 5 livros traduzidos em português, 1 artigo

em Espanhol, 8 em inglês e 12 em português, totalizando 21 artigos e 5 livros.

Gráfico 3. Distribuição dos artigos por Bases de dados.

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Os artigos foram localizados em sua maioria, na base de dados Scielo,

seguido pelo Google Acadêmico e pelo PubMed.

A grande dificuldade apresentada na busca dos artigos foi encontrada na

base PubMed e foi com relação aos artigos liberados na integra, este foi um

dos critérios de inclusão, objetivando identificar o fácil acesso da população ao

material de estudos.

Foram localizados 32 artigos no total, porém após analise apenas 21

foram selecionados por preencherem os critérios de inclusão.

Gráfico 4. Artigos por ano de publicação.

Este gráfico ilustra a quantidade de artigos distribuídos de acordo com o

ano de sua publicação, podemos verificar que a maior parte das publicações se

concentra entre os anos de 2007 e 2009, seguido dos anos 2003, 2004, 2010 e

2011. Podemos observar que trata-se de um gráfico com picos após o ano de

2002, e com discreto aumento após o ano de 2006, o que pode sugerir o

aumento das pesquisas na atualidade em busca de novos tratamentos para a

insônia.

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6 CONCLUSÃO SILVA FILHO e PRADO (2007) descrevem a acupuntura assim como as

demais técnicas da MTC de grande valia para a população sendo amplamente

indicada para uma grande variedade de doenças pela Organização Mundial de

Saúde e pelo National Institute of Health, incluindo a insônia dentre essas

doenças.

Diante dos artigos pesquisados, foi possível identificar que a insônia esta

cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, e que cada ano há o

aumento de publicações a respeito desta desordem do sono, e de tratamentos,

o que nos leva a acreditar que a busca de tratamentos para a insônia esta cada

vez mais voltada para os tratamentos não medicamentosos e para as terapias

complementares, e/ou Cognitivas, que podem trazer menos danos à saúde, e

menos dependência.

Embora a Auriculoterapia não represente um volume de achados

bibliográficos relevante, aparece como uma alternativa complementar ao

tratamento medicamentoso e cognitivo, sendo necessária a elaboração de

novas pesquisas a respeito deste tema, incluindo principalmente estudos de

caso, ensaios clínicos e também revisões.

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