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FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GRUPOS GERADORES A DIESEL APLICADOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR Criciúma Julho 2016

FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

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Page 1: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

FACULDADE SATC

VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GRUPOS GERADORES A DIESEL

APLICADOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Criciúma

Julho – 2016

Page 2: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GRUPOS GERADORES A DIESEL

APLICADOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Graduação em Engenharia Elétrica, da Faculdade

SATC, como requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Me. André Abelardo Tavares.

Coordenador do Curso: Prof. Me. André Abelardo Tavares.

Criciúma

Julho – 2016

Page 3: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GRUPOS GERADORES A DIESEL

APLICADOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Graduação em Engenharia Elétrica, da Faculdade

SATC, como requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista.

Criciúma, (dia) de Julho de 2016

______________________________________________________

Professor e orientador André Abelardo Tavares, Me.

Faculdade SATC

______________________________________________________

Prof. Nome do Professor, Título.

Faculdade SATC

______________________________________________________

Prof. Nome do Professor, Título.

Faculdade SATC

Page 4: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

A meu pai Herval, minha mãe Edilene e meus

irmãos, pelo constante apoio aos estudos. Aos

meus colegas de trabalho e de estudos, por

todas as dificuldades já enfrentadas e

superadas.

Page 5: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Herval e Edilene, aos meus irmãos, Cássio e Flávio, e toda minha

família. Por ser à base de meus princípios, apoio das minhas dificuldades, refúgio das minhas

frustrações e companhia de minhas conquistas.

A Deus, pelo dom da vida, pela saúde e pelas oportunidades que até hoje me

foram dispostas.

A todos os meus professores, pelo poder da transmissão do conhecimento e

companheirismo nos momentos pós hora aula.

Pelos colegas e amigos, que estavam presentes em todos bons e maus momentos

do curso.

Por todas as madrugadas, finais de semanas e feriados, dedicados aos estudos,

principalmente nas matérias de cálculo, física, eletromagnetismo e circuitos elétricos.

Page 6: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

“O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade. O otimista vê oportunidade

em cada dificuldade.” (Winston Churchill)

Page 7: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

RESUMO

Os sistemas de autoprodução de energia elétrica à diesel são utilizados com frequência em

empresas, com intuito de obter maior segurança no sistema elétrico e menor custo no

fornecimento de energia elétrica. O estudo refere-se à análise de usinas geradoras a diesel,

com configurações distintas, aplicadas em duas instituições de ensino superior. Utilizando os

dados coletados nos sistemas de geração e nas plantas aplicadas, esse trabalho faz um

comparativo entre ambos, e apresenta os prós e contras de cada sistema. Ao final desta

análise, poderá ser concluído qual dos métodos se mostrou mais atraente para aplicação,

justificando, com base nos dados obtidos, o motivo dessa escolha. Também ressaltará meios

possíveis de aperfeiçoamento dos sistemas aplicados atualmente.

Palavras-chave: Grupos Geradores, Geradores à Diesel, Geração de Energia, Autoprodução.

Page 8: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 - Arranjo típico de um grupo gerador a diesel: 1- Caixa de ligação; 2- Gerador

síncrono; 3- Motor à diesel; 4- Radiador; 5- Escapamento [7] ................................................ 10

Fig. 2 – Representação básica de geração centralizada e geração distribuída [Do autor, 2016]

.................................................................................................................................................. 11

Fig. 3 – Fluxograma de projeto dos grupos geradores [Do autor, 2016] .................................. 16

Fig. 4 – Diagrama unifilar de transferência em média tensão [16] .......................................... 20

Fig. 5 - Diagrama unifilar ligação em média tensão com transferência em baixa tensão [16]. 21

Fig. 6 - Diagrama unifilar interligação e transferência em baixa tensão [16] .......................... 22

Fig. 7 – Histórico de demanda máxima anual UNESC – Fora Ponta [Do autor, 2016] ........... 27

Fig. 8 – Histórico de demanda máxima anual SATC – Fora Ponta [Do autor, 2016] .............. 28

Fig. 9 – Configuração da rede elétrica interna UNESC [Do autor, 2016] ................................ 31

Fig. 10 – Configuração da rede elétrica interna SATC [Do autor, 2016]................................. 34

Fig. 11 – Histórico de demanda máxima anual UNESC – Ponta [Do autor, 2016] ................. 36

Fig. 12 – Fluxograma de análise dos resultados [Do autor, 2016] ........................................... 42

Page 9: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

LISTA DE TABELAS

Tab. 1 – Funções do sistema de proteção do acessante (fronteira CELESC) [17] ................... 25

Tab. 2 – Características específicas do gerador UNESC [Do autor, 2016] .............................. 30

Tab. 3 – Características específicas do gerador SATC [Do autor, 2016] ................................. 33

Tab. 4 – Valores investimento implantação usina geradora UNESC [Do autor, 2016] ........... 38

Tab. 5 – Valores investimento implantação usina geradora SATC [Do autor, 2016] .............. 39

Tab. 6 – Valores médios de geração de energia com usina a diesel UNESC [Do autor, 2016]

.................................................................................................................................................. 40

Tab. 7 – Valores médios de geração de energia com usina a diesel SATC [Do autor, 2016] .. 41

Tab. 8 – Custos de Implantação - UNESC x SATC [Do autor, 2016] ..................................... 43

Tab. 9 – Custos de Operação - UNESC x SATC [Do autor, 2016] ......................................... 43

Tab. 10 – Eficiência geração de energia com usina a diesel SATC [Do autor, 2016] ............. 46

Tab. 11 – Eficiência geração de energia com usina a diesel UNESC [Do autor, 2016] .......... 46

Tab. 12 – Eficiência geração de energia - UNESC x SATC [Do autor, 2016] ........................ 47

Tab. 13 – Comparativo geral usinas geradoras – SATC x UNESC [Do autor, 2016] ............. 48

Page 10: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

LISTA DE ABREVIAÇÕES

SIGLAS

ANEEL ___ Agência Nacional de Energia Elétrica

SATC ___ Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina

TUSD ___ Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição

CELESC ___ Centrais Elétricas de Santa Catarina

UNESC ___ Universidade do Extremo Sul Catarinense

f.e.m. ___ Força Eletromotriz

SÍMBOLOS

dB [dB] Decibéis

[%] Rendimento do Gerador

[T] Indução do Campo Magnético

S [kVA] Potência Aparente

P [kW] Potência Ativa

cv [cv] Cavalo Vapor

hp [hp] Horse Power

A [Ampére] Unidade de corrente elétrica

k [Quilo] Múltiplo equivalente a 10³

Pg [kW] Potência Gerador

)(Cos ___ Fator de Potência.

Page 11: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 5

1.1 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES .......................................................................... 6

1.2 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 6

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................. 6

2 INTRODUÇÃO A GRUPOS GERADORES ................................................................... 8

2.1.1 Gerador síncrono........................................................................................................... 8

2.1.2 Geradores a diesel ......................................................................................................... 9

2.1.3 Classificação das unidades geradoras ....................................................................... 10

2.1.3.1 Geração distribuída ..................................................................................................... 12

2.1.3.2 Geração centralizada .................................................................................................. 12

2.2 CLASSIFICAÇÃO E TARIFAÇÃO DE ENERGIA ...................................................... 13

2.2.1 Tarifação da energia elétrica ...................................................................................... 14

2.2.1.1 Tarifa horo-sazonal azul ............................................................................................. 14

2.2.1.2 Tarifa horo-sazonal verde ........................................................................................... 15

2.3 PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GERADORES ..................................................... 15

2.3.1 Classificação de usina geradora e regime de operação ............................................ 16

2.3.2 Dimensionamento do grupo gerador ......................................................................... 17

2.3.3 Alternativas de configuração de transferência de cargas ........................................ 19

2.3.3.1 Transferência em média tensão .................................................................................. 19

2.3.3.2 Ligação em média tensão com transferência em baixa tensão ................................... 21

2.3.3.3 Interligação e transferência em baixa tensão .............................................................. 22

2.3.4 Parâmetros para escolha do grupo gerador ............................................................. 23

2.3.5 Exigências para conexão do autoprodutor em rede pública ................................... 24

2.3.6 Custos de implantação ................................................................................................ 25

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 26

3.1 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA - UNESC ............................................... 27

3.2 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA - SATC .................................................. 28

3.3 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES - UNESC ............................................... 29

3.4 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES – SATC.................................................. 32

3.5 DIMENSIONAMENTO DOS GRUPOS GERADORES - UNESC ............................... 35

3.6 DIMENSIONAMENTO DOS GRUPOS GERADORES - SATC .................................. 37

3.7 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO - UNESC ..................................................................... 38

Page 12: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

3.8 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO - SATC ........................................................................ 38

3.9 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO - UNESC ............................................ 39

3.10 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO - SATC ............................................... 40

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 42

4.1 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO ...................................................................................... 43

4.2 CUSTOS DE OPERAÇÃO ............................................................................................. 43

4.3 CONFIABILIDADE ........................................................................................................ 44

4.4 DESEMPENHO ............................................................................................................... 45

4.5 EFICIÊNCIA ................................................................................................................... 45

4.6 FLEXIBILIDADE ........................................................................................................... 47

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 48

5.1 TRABALHOS FUTUROS .............................................................................................. 49

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50

ANEXOS ................................................................................................................................. 52

ANEXO A – FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA UNESC ............................................ 53

ANEXO B – FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA SATC ................................................ 54

Page 13: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

5

1 INTRODUÇÃO

O uso de grupo gerador a diesel é amplamente utilizado em empresas de médio e

grande porte, sendo para utilização na falta de energia da rede pública e/ou atuando no horário

de ponta para redução de custos. Mostram-se uma opção segura e robusta para essas

aplicações.

Com o intuito de reduzir os custos de operações das empresas, vários pontos são

levados em consideração, um deles é a “fatura de energia elétrica”, item amplamente

observado devido a sua alta contribuição no quesito custos.

Sendo assim, a utilização de grupos de geração a diesel se faz uma atraente opção

para consumidores que desejam reduzir seus custos com energia elétrica, sem a necessidade

de alterar as características de cargas já aplicadas na empresa.

As instituições de ensino SATC, Associação Beneficente da Indústria Carbonífera

de Santa Cataria, e a UNESC, Universidade do Extremo Sul Catarinense, atuam no segmento

de ensino técnico e superior abrangendo diversos cursos nas áreas de ciências exatas e

humanas. Visando à economia de custos em energia elétrica e também a segurança de

fornecimento em eventuais faltas de eletricidade, ambas as instituições optaram pelo uso dos

grupos geradores a diesel, porém, com características diversificadas.

No momento presente, a SATC faz o uso de grupos geradores de forma

distribuída, os quais são destinados à alimentação das edificações (cargas) de maneira

individual e isoladas. Já a UNESC, opera uma unidade geradora composta por quatro grupos

geradores instalado num mesmo local em paralelo, suprindo a demanda necessária a todo o

campus da instituição. Portanto, há duas alternativas distintas para a resolução do mesmo

problema.

Visando à busca pelo aperfeiçoamento das instalações, a maior eficiência em

geração, à confiabilidade do sistema e à orientação para futuras aplicações de grupos

geradores, faz-se necessário um estudo destes sistemas já inseridos e aplicados in loco. Desse

modo, será possível a visualização dos pontos positivos e negativos de cada método com a

verificação de dados reais extraídos das próprias plantas existentes.

Este trabalho tem por objetivo o estudo e análise comparativa entre os diferentes

métodos de geração aplicados, com o propósito de, associando os dados coletados em campo

e em pesquisa bibliográfica, apontar quais os pontos a serem melhorados e qual dos métodos

se mostra mais vantajoso, abordando a questão da confiabilidade, eficiência, flexibilidade e

também dos custos em instalação, geração e manutenção.

Page 14: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

6

1.1 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES

A utilização dos grupos geradores se tornou uma alternativa indispensável em

empresas que dependem de uma estabilidade de fornecimento de energia elétrica e em

paralelo procuram a redução de custos com eletricidade. Por esses motivos, é comum

encontrar aplicação de moto-geradores em todo território nacional e internacional.

Os grupos geradores à diesel são utilizados diariamente nas empresas SATC e

UNESC durante o horário de ponta e também nos momentos de faltas decorrentes de

tempestades, acidentes ou sobrecargas no sistema elétrico fornecido pela CELESC, Centrais

Elétricas de Santa Catarina. Sendo os geradores um sistema alternativo de fornecimento de

energia, os custos de implantação e operação, a estabilidade e qualidade de energia gerada são

pontos primordiais a serem analisados para aplicação dos mesmos.

O corrente trabalho contribuirá, principalmente, no auxílio da escolha de futuras

instalações de grupos geradores, de modo que poderá aumentar a confiabilidade, desempenho,

eficiência, e a economia do sistema de geração. Contribuirá, também, para as instituições

SATC e UNESC indicando pontos que podem ser aperfeiçoados em seus atuais sistemas.

1.2 OBJETIVO GERAL

- Apresentar qual dos métodos distintos de geração presentes nas instituições de

ensino, SATC e UNESC, se mostra mais vantajoso para aplicação.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Caracterizar os modelos distintos de geração presentes nas instituições SATC e

UNESC;

- Coletar dados das medições referentes à potência gerada, consumida e

demandada;

- Identificar as linhas de tarifação aplicadas às empresas estudadas conforme suas

características de consumo elétrico;

- Estruturar os custos de operação dos grupos geradores, incluindo despesas com

combustível e manutenção corretiva e preventiva;

Page 15: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

7

- Comparar os modos distintos de geração presentes nas instituições SATC e

UNESC, e classificar prós e contras para cada alternativa; e

- Indicar qual dos métodos se mostrou ser mais vantajoso para aplicação.

Page 16: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

8

2 INTRODUÇÃO A GRUPOS GERADORES

Após a crise do setor elétrico brasileiro em 2002, as indústrias foram motivadas a

pensar em novas formas de suprir suas demandas elétricas sem a dependência das

concessionárias. Uma opção robusta já conhecida, o grupo gerador a diesel, foi uma

alternativa amplamente visada na época. [1]

Atualmente, os grupos geradores já são utilizados para centros comerciais,

shopping centers, hotéis, hospitais entre outros. [1]

Os itens seguintes exibem, de forma simplificada, o funcionamento e constituição

dos geradores a diesel, assim como, suas possíveis classificações em relação aos tipos de

usinas geradoras.

2.1.1 Gerador síncrono

Os geradores síncronos são um dos principais responsáveis pela geração de

energia elétrica em sistemas de potência, podendo ser utilizados para compensação de energia

reativa e controle de tensão na rede. Esses geradores podem ser atuados por máquinas

primárias como turbinas a vapor, hidráulicas, motores à combustão interna com utilização de

combustíveis fósseis entre outros. [2]

Caracteriza-se máquina síncrona aquela que o número de rotações é diretamente

relacionado com a frequência das linhas de campo magnéticos geradas, ou seja, não possui

escorregamento entre o rotor e o campo girante. [3]

O princípio de funcionamento do gerador síncrono se da pela lei de Faraday que

evidencia que o valor das tensões induzidas em uma espira de material condutor é

proporcional à razão da variação das linhas de força que transpassam essa espira. Assim

sendo, pode-se obter o aumento da f.e.m. induzida gerada por meio da elevação da força do

campo magnético. [4]

Em um gerador, quanto maior a potência solicitada pela carga, maior será o torque

necessário para rotaciona-lo, por seguinte, maior o torque exigido à máquina primária. O

aumentando do torque na máquina primária ocasiona no maior consumo de combustível para

sistemas de combustão interna, e de forma análoga maior fluxo de água para sistemas

hidráulicos. A força motriz, por sua vez, é controlada conforme o sistema exige potência

necessária para suprir suas cargas. Em sua maioria, os geradores a diesel possuem sistema de

Page 17: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

9

monitoramento de tensão, variando a corrente de excitação de forma automática de acordo

com a necessidade do sistema. [5]

A frequência da f.e.m. gerada depende exclusivamente do número de pares de

polos da máquina síncrona e da rotação que ela é operada. De modo que pode ser calculada

pela equação (1). [3]

60

npf

[Hz] (1)

Onde:

p : Número de pares de polos do alternador; e

n [r.p.m.]: Rotações por minuto.

Deseja-se operar em frequência fixa de 60 Hz conforme característica da rede

pública local, para isso, a rotação dos geradores será fixa, não devendo se alterar de forma

significativa com a variação de potência da carga suprida.

2.1.2 Geradores a diesel

A utilização dos grupos geradores se tornou uma alternativa muito visada para

empresas que procuram a redução de custos com eletricidade. Os geradores podem trabalhar

no horário de ponta a fim de gerar energia com custo inferior ao que é proposto pela

concessionária. Além disso, se mostra ser um sistema eficiente, confiável, estável e de baixo

custo de aplicação. [6]

Outras aplicações comuns aos geradores a diesel é o uso quando há faltas de

energia da concessionária, ou em instalações que ficam distantes da rede pública de energia.

[1]

O grupo gerador a diesel é composto, de forma simplificada, por um motor de

combustão interna, que a partir da queima do combustível, diesel, fornece força motriz na

ponta do eixo do motor. Esse eixo por sua vez é conectado ao eixo de um alternador, também

chamado de gerador síncrono, que converte a potência mecânica em potência elétrica.

Veja na Fig. 1, a imagem do arranjo típico de um gerador a diesel.

Page 18: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

10

Fig. 1 - Arranjo típico de um grupo gerador a diesel: 1- Caixa de ligação; 2- Gerador síncrono; 3- Motor à

diesel; 4- Radiador; 5- Escapamento [7]

O Fig. 1 representa um gerador a diesel de forma aberta, como não possui

proteção para ambientes externos, o grupo deve ser protegido por construção em alvenaria,

carenagem ou com por container atenuador. [8]

O arranjo típico do grupo gerador pode ser decomposto em:

a) Caixa de ligação, local onde é feita a conexão dos cabos de potência do

alternador;

b) Gerador ou alternador síncrono, incumbido de transformar a energia mecânica

na ponta do eixo da máquina primária, em energia elétrica em seus terminais de ligação;

c) Motor à diesel, máquina primária responsável pela força de giro do alternador;

d) Radiador, sistema de arrefecimento do motor a diesel; e

e) Escapamento, liberação dos gases provenientes a queima de combustível no

motor. [9]

2.1.3 Classificação das unidades geradoras

A classificação das unidades geradoras pode ser designada como geração

distribuída ou geração centralizada, os critérios para essa classificação são desde o ponto de

conexão à rede de distribuição, tipo de geradores e até a potência máxima fornecida por

determinado gerador. [1; 3; 10]

Page 19: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

11

Apesar disso, essa classificação é atribuída partindo do pressuposto que sua

referência é o sistema elétrico num todo, podendo ser regional em redes de sub-distribuição

ou até nacional em sistemas de distribuição.

A Fig. 2 ilustra a configuração básica de geração centralizada e distribuída de

energia.

Fig. 2 – Representação básica de geração centralizada e geração distribuída [Do autor, 2016]

Levado em consideração a classificação apresentada na Fig. 2, as duas formas de

geração presentes nesse estudo se classificariam como geração distribuída. Contudo, para uma

melhor organização e entendimento deste trabalhado, faz-se uma analogia entre o sistema

nacional e/ou regional, com os limites das instituições SATC e UNESC, alvo desta pesquisa.

Deste modo, a SATC se caracteriza como geração distribuída, por apresentar

diversos geradores conectados diretamente aos centros de cargas. Já a UNESC, pode-se

definir como geração centralizada, por se tratar de um único ponto de geração, necessitando

assim de um sistema de distribuição interno para conexão de todas as cargas da instituição.

Os conceitos de geração distribuída e centralizada podem ser compreendidos com

os próximos tópicos.

Page 20: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

12

2.1.3.1 Geração distribuída

A geração distribuída é um termo utilizado para geração de energia com fim de

alimentar determinada carga local ou centros de cargas. Estes geradores podem ter conexão

direta ou próxima a estas cargas. [10]

a) Vantagens da geração distribuída

- Geração com ligação direta ao barramento de baixa tensão da carga, não

necessita de transformador elevador;

- Uso em cargas com pontos de consumo muito distantes; e

- Em caso de defeito da unidade geradora, as demais não são afetadas. [1; 3]

b) Desvantagens da geração distribuída

- Um único grupo gerador para operar com rendimento máximo, deve ser

carregado com sua carga nominal. Isso não será possível vendo que a carga oscilará conforme

uso da edificação;

- Em necessidade de reparos e manutenções, a edificação suprida pela máquina

ficará sem energia proveniente do gerador;

- Custos maiores por kW instalado; e

- Maior custo para manter uma capacidade de reserva, vendo que todos os

geradores, de forma individual, devem ter uma potência de reserva para eventuais

sobrecargas. [1; 3]

2.1.3.2 Geração centralizada

São aquelas que geram energia elétrica a partir de fontes geradoras de grande

porte, como grandes usinas hidroelétricas, grandes termoelétricas entre outros. Devido ao seu

tamanho físico elevado, comumente ocupando grandes áreas, é necessária sua instalação em

locais apropriados. Por sua vez, a geração acaba sendo localizada em pontos afastados das

cargas, carecendo assim de linhas de transmissão para transporte da energia gerada. [1]

Mesmo sendo concentrada a geração em um ponto, não é conveniente usar-se um

único gerador de elevada potência, e sim, múltiplos de potências menores. [3]

a) Vantagens da geração centralizada

- Custos menores por kW instalado;

- Custos menores para manter uma capacidade de reserva;

Page 21: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

13

- Com uso de grupos em paralelo, se houver defeito num único gerador, os demais

podem assumir a carga excedente, mantendo o funcionamento da usina;

- No período de pequena demanda, podem ser desligados os geradores conforme

necessário, poupando custos com a geração e aumentando o rendimento das máquinas em

trabalho; e

- De modo simples, na necessidade de aumento de potência de geração, é possível

a inserção de mais unidades geradoras em paralelo às já existentes. [1; 3]

b) Desvantagens da geração centralizada

- Pode haver a necessidade de rede de distribuição de energia em média tensão;

- Se houver um defeito da rede elétrica de distribuição o sistema não conseguirá

alimentar parte das cargas existentes, podendo também ficar sem fornecimento de energia da

concessionária;

- Pode ser necessária a instalação de transformador elevador para distribuição da

energia gerada; e

- Com uso de grupos em paralelo sem haver potência reserva, se houver defeito

num único gerador, os demais podem não suprir a carga total da instalação, bloqueando o

funcionamento dos demais geradores. [1; 9]

2.2 CLASSIFICAÇÃO E TARIFAÇÃO DE ENERGIA

A classificação de tarifa segundo a resolução n° 414/2010 da Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL), é dada por dois grupos, o grupamento A e grupamento B.

Grupo A: grupamento composto por unidades consumidoras com fornecimento

em tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de

distribuição em tensão secundária, caracterizado pela tarifa binômia. [11]

Grupo B: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em

tensão inferior a 2,3 kV, caracterizado pela tarifa monômia. [11]

O grupo A é subdividido da seguinte forma:

a) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

b) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

c) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;

d) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;

e) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV; e

Page 22: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

14

f) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema

subterrâneo de distribuição. [11]

O grupo B é subdividido da seguinte forma:

a) Subgrupo B1 - residencial e residencial baixa renda;

a) Subgrupo B2 – rural;

b) Subgrupo B3 - demais classes; e

c) Subgrupo B4 - Iluminação pública. [11]

2.2.1 Tarifação da energia elétrica

As tarifas de energia elétrica para unidades pertencentes ao grupo A, são

classificadas em duas modalidades distintas de tarifação: tarifa horo-sazonal azul, tarifa horo-

sazonal verde. [12; 13]

As diferenças das tarifas se dão pela aplicação dos postos tarifários e da coleta dos

valores referentes à TUSD – (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição) no horário de ponta.

Na tarifação verde os custos são cobrados em energia (R$/MWh), já na azul os

custos de rede são cobrados em demanda (R$/kW). [12; 13]

O termo horo-sazonal é utilizado, pois, os preços das tarifas variam de acordo com

diferentes horários do dia (ponta e fora ponta), e seus períodos do ano (seco ou úmido). [12;

13]

2.2.1.1 Tarifa horo-sazonal azul

A tarifa horo-sazonal azul é caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo de

energia e de demanda de potência, segundo as horas de utilização do dia. [12; 13]

Indicada aos consumidores que possuem alto fator de carga na ponta, tendo

capacidade de modulação de carga nesse período. [12; 13]

As tarifas são diferenciadas da seguinte forma:

a) Demanda na ponta;

b) Demanda fora da ponta;

c) Consumo na ponta; e

d) Consumo fora da ponta. [12; 13]

Page 23: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

15

2.2.1.2 Tarifa horo-sazonal verde

A tarifa horo-sazonal verde é caracterizada por tarifas diferenciadas de consumo

de energia, segundo as horas de utilização do dia, assim como é caracterizada por uma única

tarifa de demanda de potência. [12; 13]

Indicada aos consumidores que possuem baixo fator de carga na ponta, dispondo

de modulação limitada de carga nesse período. [12; 13]

As tarifas são diferenciadas da seguinte forma:

a) Demanda única, independente de posto horário;

b) Consumo na ponta; e

c) Consumo fora da ponta. [12; 13]

2.3 PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GERADORES

O projeto para usinas geradoras dependerá de cada caso estudado, o número de

máquinas, suas potências, modos de operação, transferência entre outros itens, poderá ser

alterado conforme necessidade de cada instalação ou cliente.

A elaboração do projeto deve seguir as normas vigentes aplicáveis à grupos

geradores (ABNT NBR ISO 8528:2014), e a trabalhos em eletricidade (NR 10), assim como

as normas técnicas estabelecidas pelas autoridades locais, proporcionando assim, maior

confiabilidade e segurança ao sistema gerador. [9]

O fluxograma apresentado na Fig. 3 tem por objetivo organizar a estrutura de

projeto a ser aplicada na análise de grupos geradores.

Page 24: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

16

Fig. 3 – Fluxograma de projeto dos grupos geradores [Do autor, 2016]

Os itens que segue nessa seção conforme ordem do fluxograma, apresentado na

Fig. 3, indicam os pontos principais a serem analisados no projeto e na escolha dos grupos a

diesel.

2.3.1 Classificação de usina geradora e regime de operação

A classificação das usinas de geração de energia elétrica dependerá de sua

capacidade de geração, aplicação e tipo de geração. As unidades de geração podem ser

classificadas como usinas para a produção de energia elétrica, usinas de co-geração, usinas de

autoprodução e usinas de emergência. [1]

As usinas de autoprodução e emergência são alvo desta pesquisa por

caracterizarem os sistemas instalados nas empresas estudadas.

Page 25: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

17

Usinas de autoprodução são aquelas que geram energia para consumo próprio da

empresa, geralmente são utilizados motores de combustão interna a combustíveis líquidos ou

a gás natural e turbinas a gás natural ou a vapor. O regime de trabalho desse tipo de usina,

quando utilizado para geração em horário de ponta, denomina-se power prime. Pode ser

também classificado como Continuous Power, onde as instalações não possuem outra fonte de

energia, operando assim, 24 horas por dia pela usina a diesel. [1; 14]

O regime Power Prime é utilizado para trabalho em horário de ponta e serviços de

emergência. É recomentado a aplicação, segundo fabricante de alternadores síncronos, em

usinas cujo tempo de trabalho seja de 800 a 1.000 h/ano. [15]

As usinas de emergência são aquelas que geram energia para consumo próprio da

empresa quando ocorrem faltas de fornecimento de eletricidade por parte da concessionária

local. O regime de trabalho desse tipo de usina denomina-se Emergency Standby Power e é

limitado ao funcionamento de 500 horas por ano. [1; 14]

O regime Emergency Standby Power é indicado, segundo fabricante de

alternadores síncronos, para aplicações em usinas que trabalham até 300 h/ano, comumente

em situações de emergência. [15]

2.3.2 Dimensionamento do grupo gerador

O primeiro passo para o dimensionamento dos grupos geradores é o levantamento

das cargas da instalação. Quando não há a possibilidade de levantamento total das cargas,

deve-se fazer uma estimativa para o cálculo do dimensionamento inicial. Deve-se atentar a

grandes cargas, como, grandes motores de indução, linhas de produção, entre outras. [9]

Para cargas com potências acima de 500 kW, recomenda-se o uso de grupos

geradores conectados em paralelo com múltiplas máquinas. Porém, quando a instalação

demanda potências inferiores a 300 kW, o gerador singelo se mostra a melhor opção. [9]

O local disponível para instalação da usina geradora também é um ponto

extremamente importante para análise da aplicação dos geradores, podendo ser, singelos ou

múltiplos em paralelo. Locais com espaço reduzidos como terraços ou subsolos de prédios,

são mais propícios ao uso de pequenos geradores em paralelo. [9]

A potência do grupo gerador dependerá de seu regime de trabalho, podendo ser

classificados em Emergency Standby Power, Power Prime e Continuous Power, conforme

Page 26: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

18

citado no item 2.3.1. A norma que regulamenta a classificação do regime de trabalho é a

ABNT NBR ISO 8528:2014. [14]

Para o dimensionamento em regime Emergency Standby Power é considerado a

potência nominal do conjunto gerador, ou seja, 100% da potência, sem possibilidade de

sobrecarga. [14]

Para o dimensionamento em regime Power Prime é considerado o uso para 90%

da potência nominal do conjunto gerador, possibilitando que o sistema atinja momentos de

sobrecarga, desde que respeite a temperatura de classe de isolamento. [14; 15]

Um terceiro tipo de regime, o Continuous Power, é a condição onde se faz a

utilização do grupo gerador no período de 24 horas por dia sob carga constante, geralmente

utilizado em locais onde não há o fornecimento de energia elétrica por parte da

concessionária. Para esse regime é considerado o uso para 80% da potência nominal do

conjunto gerador, possibilitando que o sistema atinja momentos de sobrecarga. Recomenda-se

a uso para usinas que trabalham em torno de 8.400 h/ano. [14; 15]

Deve-se atentar à diferença entre conceitos de potência ativa (kW) e potência

aparente (kVA). A potência ativa é a potência utilizada para realização de trabalho, enquanto

a potência aparente é o montante de energia absorvido pela instalação, ou a soma vetorial das

potências ativas e reativas (kVAr). [8]

Para determinar a potência ativa disponível do gerador, deve-se levar em

consideração o fator de potência do alternador e a potência aparente do grupo gerador,

conforme pode ser obtido pela equação (2). [15]

)(Cos

PgS [kVA] (2)

Onde:

S: Potência Aparente [kVA];

Pg: Potência Gerador [kW]; e

)(Cos : Fator de Potência do Alternador.

Com uso da equação (2), pode-se calcular a potência necessária do gerador a

diesel para atender as cargas da instalação.

Page 27: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

19

2.3.3 Alternativas de configuração de transferência de cargas

As empresas com alimentação em média tensão devem atentar a alguns requisitos

quando houver a operação em regime de paralelismo momentâneo com a concessionária. Nos

próximos tópicos, são demostrados três configurações mais comuns ao acoplamento do

autoprodutor junto à rede pública de energia.

2.3.3.1 Transferência em média tensão

A geração de energia em média tensão é utilizada normalmente para instalações

com grande potência instalada, fazendo com que a corrente dispendida para alimentação das

mesmas, torne inviável e impraticável a utilização de cablagem de baixa tensão. Na prática,

isso ocorreria em instalações com exigência de correntes de 4.000 A ou mais. Também é

indicado o uso em média tensão, para instalações onde a distância, entre o gerador e a carga,

sejam consideravelmente longas. Geradores únicos com potências acima de 2,5 MVA, e usina

com múltiplos geradores com potência acima de 2 MVA são indicados para aplicação em

média tensão. [9]

A utilização de sistemas de média tensão pode ser feito com geração direta em

alta tensão, ou, geração em baixa tensão com elevação por transformador. O uso de

alternadores com geração de potências menores que 1 MW não são economicamente viáveis,

nesses casos, é preferível o uso de alternadores em baixa tensão em conjunto com

transformador elevador. [9]

A transferência em média tensão, pode ser feita com a instalação de um disjuntor

geral de média tensão e um segundo disjuntor interligador de média tensão para o sincronismo

e transferência das cargas do autoprodutor. [16]

Page 28: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

20

Fig. 4 – Diagrama unifilar de transferência em média tensão [16]

a) Funções 50/51, 50/51N, 32 (62) e 67 - no disjuntor geral em média tensão;

b) Função 59N no disjuntor de interligação; e

c) “check” de Sincronismo (25), subtensão e USC (unidade de supervisão e

controle de rampa) no disjuntor de interligação e no disjuntor geral em média tensão. [16]

A Fig. 4 apresenta um diagrama unifilar de ligação em média tensão, e que pode

utilizar múltiplos transformadores, assim como múltiplos geradores. A configuração ilustrada

demonstra apenas uma unidade geradora, único transformador para o gerador e outro para as

cargas, contudo, podem ser utilizados diversos transformadores e geradores em paralelo

conforme necessidade de carga. [9]

Page 29: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

21

2.3.3.2 Ligação em média tensão com transferência em baixa tensão

A ligação em média tensão com transferência em baixa tensão, pode ser feita com

a instalação de um disjuntor geral de média tensão e dois disjuntores interligadores de baixa

tensão, um próximo ao gerador e o segundo próximo à carga, para o sincronismo e

transferência das cargas do autoprodutor. [16]

Fig. 5 - Diagrama unifilar ligação em média tensão com transferência em baixa tensão [16]

a) funções 50/51, 50/51N, 32 (62) e 67 - no disjuntor geral em média tensão;

b) função 59N no disjuntor de interligação próximo ao gerador; e

c) “check” de Sincronismo (25), subtensão (27) e USC (unidade de supervisão e

Page 30: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

22

controle de rampa) no disjuntor de interligação próximo ao gerador e no disjuntor geral em

média tensão. [16]

2.3.3.3 Interligação e transferência em baixa tensão

A interligação e transferência em baixa tensão são feitos com uso de um disjuntor

geral em média tensão, um disjuntor geral em baixa tensão e dois contatores de interligação,

um no lado da rede pública, e outro no lado da fonte geradora, para sincronismo e

transferência de carga. [16]

Fig. 6 - Diagrama unifilar interligação e transferência em baixa tensão [16]

a) funções 50/51 e 50/51N, 32 (62) e 67 - no disjuntor geral em média tensão; e

b) “check” de sincronismo (25), subtensão (27) e USC (unidade de supervisão e

Page 31: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

23

controle de rampa) deverão atuar sobre os contatores de BT. [16]

A configuração de interligação e transferência em baixa tensão, Fig. 6, pode ser

utilizada em diversas instalações, como prédios, shoppings centers, indústrias entre outros

casos. Utilizando os contatores, junto ao módulo de transferência dedicado, o sistema, de fácil

operação, faz o intercâmbio do fornecimento de energia da concessionária para o grupo

gerador. [9]

2.3.4 Parâmetros para escolha do grupo gerador

A escolha do sistema gerador deve feita levando-se em conta diversos fatores,

sendo os principais:

- Tipo de usinas, emergência de autoprodução;

- Instalação de forma distribuída ou centralizada;

- Operação singela ou paralela com outros geradores;

- Tipos de partidas, fechada em rampa ou direta aberta;

- Acionamento automático ou manual;

- Análise da potência elétrica e demanda da empresa;

- Tipos e características de cargas (motores de indução de grande porte, fornos de

indução);

- Conexão do sistema em média (13.800 V) ou baixa (380 V) tensão;

- Isolamento acústico;

- Altitude; e

- Temperatura ambiente. [9; 15]

Conforme utilização e sistema escolhido serão necessários a utilização de

equipamentos de monitoramento e controle do grupo gerador. Também se deve observar a

necessidade do emprego de equipamentos e dispositivos de proteção que garantam o correto

funcionamento do grupo de forma segura e estável. [8]

Apesar de aparentar ser mais vantajosa, a instalação de único gerador de potência

elevada é menos versátil, e pode apresentar menor rendimento ao se sujeitarem ao trabalho em

baixas potências. Grupos geradores de pequeno porte possuem manutenção mais barata e

apresentam maior eficiência em relação às máquinas maiores. [9]

Um ponto importante para ser analisado é o desempenho, ou rigidez, dos grupos

geradores. Os geradores podem ser assemelhados à rede pública de energia, por se tratar de

Page 32: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

24

um barramento “infinito” a rede pública sofre pouca, ou nenhuma, alteração de tensão e

frequência quando adicionado uma carga considerável. Essa característica da rede pública

pode ser considerada como um bom desempenho ou como um sistema rígido. [9]

Para aquisição dos grupos geradores, o mercado possui diversas empresas

fornecedoras de equipamentos e serviços que possuem linhas padronizadas de seus produtos.

Contudo, é recomendado que se faça o estudo de aplicação mais aprofundado do sistema a ser

alimentado, devido a cada caso possuir características específicas e então fabricar o gerador

conforme necessidade de aplicação.

2.3.5 Exigências para conexão do autoprodutor em rede pública

Quando o autoprodutor, com ou sem venda de energia excedente, tem sua geração

em paralelo com a rede de distribuição em alta tensão, deverão ser observados alguns critérios

para o correto funcionamento do sistema. Assim como por motivos de segurança devem ser

atendidas todas as normas vigentes sobre o tema abordado, como normas de segurança em

eletricidade, norma da concessionária local entre outras. [17; 9]

A CELESC, concessionária pública local, determina alguns critérios para conexão

do autoprodutor de energia elétrica, sendo alguns deles:

- Não é permitida a conexão do autoprodutor por meio de transformadores de

força protegidos por elos fusíveis; [17]

- A proteção deve ser por meio de disjuntores automáticos instalado no ponto de

interligação, deve ser acionado por relé secundário, que remova e bloqueie de forma imediata

a conexão, sempre que ocorrer uma anomalia (curto-circuito, queda de tensão anormal,

variação de frequência acentuada, falta de fase, etc) no sistema elétrico da concessionária ou

do acessante. [17]

- A proteção deverá ser capaz de detectar a desconexão da rede CELESC,

evitando que o sistema de geração opere de forma isolada e alimente outros consumidores. A

energização da rede da concessionária por parte do acessante pode comprometer a segurança

de técnicos de manutenção da rede. [17]

A Tab. 1 apresenta as funções do sistema de proteção do acessante, na fronteira

com a concessionária, essas funções dependerão da análise de cada conexão:

Page 33: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

25

Tab. 1 – Funções do sistema de proteção do acessante (fronteira CELESC) [17]

Relé Tipo Função

59N Desequilíbrio de tensão Abertura do disjuntor, quando da ocorrência de

faltas à terra na rede ou linha de interligação

59Q Sequência negativa Abertura do disjuntor, quando da ocorrência de

faltas fase/terra, bifásico e fase aberta

27 Subtensão instantâneo Abrir e bloquear o fechamento do disjuntor,

quando da falta de tensão

81 Frequência Abertura do disjuntor

59 Sobretensão trifásica temporizado e

instantâneo

Abertura do disjuntor, em caso de sobretensão

67

Sobrecorrente direcional instantâneo Abertura do disjuntor, para faltas localizadas

na rede da Celesc com contribuição do

acessante

50/51 Sobrecorrente instantâneo / temporizado Abertura do disjuntor, em caso de ocorrência

de faltas localizadas na linha de interligação

32 Direcional de potência Abertura do disjuntor, quando fluir potência do

acessante para a rede da Celesc

25

Sincronismo Verificar se no ponto de interligação, os

parâmetros de frequência e ângulo de fase de

tensão estão dentro dos limites desejados para

permitir a conexão

Para o caso de autoprodutor sem venda de energia excedente é obrigatório à

instalação do rele 32, proteção por direcional de potência. [17]

2.3.6 Custos de implantação

Os custos de geração variam conforme requisitos e características de cada

aplicação. Os valores médios de uma usina geradora a diesel variam de US$300,00/kW à

US$600,00/kW de capacidade instalada. [1]

Os custos principais médios de implantação de uma usina são:

- motores a diesel: 47%;

- geradores: 13%;

- subestação elevadora: 9%;

- montagem e comissionamento: 12%;

- transporte: 3%; e

- obras civil: 16%.

No entanto, para elaboração de estudo de viabilidade econômica, é necessário o

uso de outros parâmetros, como custos de consumo específico de combustível e custos com

manutenção. [1]

Page 34: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

26

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo se realizará sobre as instalações já existentes e aplicadas nas instituições

de ensino SATC e UNESC, as quais apresentam características semelhantes de cargas,

funcionamento, localização e fornecimento de energia elétrica. A SATC e UNESC são

instituições vizinhas e estão localizadas na cidade de Criciúma, Santa Catarina.

Foram levantadas a partir das faturas de energia elétrica das unidades consumidos

dados como:

a) Classificação de fornecimento;

b) Tarifação de energia existente;

c) Demanda contatada; e

d) Consumo fora ponta.

A partir dos dados obtidos nas faturas de energia, é possível, com auxílio de

planilhas de dados, obter a curva característica de demanda das instalações, auxiliando assim

no dimensionamento do grupo gerador. Quando há apenas o uso de autoprodução de energia

no horário de ponta, o consumo nesse período deverá ser obtido por meio do histórico de

geração dos grupos a diesel, já que esse dado não constará na fatura de energia da

concessionária.

As características das instalações serão expostas através dos dados obtidos na

instalação dos geradores efetivos.

Os custos de operação serão obtidos por meio de planilhas de controle interno de

cada instituição apresentando informações como:

a) Consumo de combustível;

b) Energia gerada;

c) Valor médio de energia gerada (R$/kWh); e

d) Custos de manutenção.

Os investimentos iniciais de aplicação dos grupos serão conseguidos mediante

valores reais aplicados às instalações.

Os dados levantados no estudo serão confrontados com as pesquisas bibliográficas

exposta no capítulo anterior e contribuirão para classificação da configuração de geração mais

indicada às instituições. As informações contidas no levantamento de dados são reais,

portanto, servem como uma fonte segura na orientação da pesquisa.

O fornecimento de energia elétrica consumida pela UNESC e SATC, por serem

localizadas de modo a serem vizinhas, ocorre através da mesma concessionária, a CELESC.

Page 35: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

27

Com isso, possuem as mesmas opções de fornecimento e características de energia da rede

pública. Também desfrutam da disponibilidade das mesmas tarifas de energia elétrica.

3.1 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA - UNESC

Com uso da fatura apresentada no Anexo A, são mostrados os custos com a

compra de energia da concessionária no período de um mês, sendo que os dados da fatura

referem-se ao mês de março do ano de 2016.

Pode-se observar também a classificação da instituição como “GRUPO A” e

“Subgrupo A4”, tendo então, conforme item 2.2 deste trabalho, tensão de fornecimento de 2,3

kV a 25 kV.

Por motivo da variação de consumo de energia elétrica da UNESC, em

determinados meses do ano, no momento da utilização dos dados para o dimensionamento

dos grupos geradores, deverá ser considerado histórico anual de consumo conforme é

apresentado na Fig. 7.

Fig. 7 – Histórico de demanda máxima anual UNESC – Fora Ponta [Do autor, 2016]

Os dados demonstrados na Fig.7 são provenientes da demanda máxima registrada

pelo medidor da concessionária, CELESC, e indica o valor de maior consumo obtido no mês.

Esses dados são encontrados nas faturas de energia.

Page 36: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

28

Pode-se observar, conforme gráfico da Fig. 7, que no período de férias letivas,

dezembro à janeiro, a demanda cai consideravelmente, enquanto em fevereiro e março se

obteve o ponto de maior consumo registrado, que foi de 1279,04 kW. Portanto, deve-se

atentar à verificação dessa demanda, quando for dimensionado o grupo gerador.

3.2 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA - SATC

Com uso da fatura apresentada no Anexo B, são mostrados os custos com a

compra de energia da concessionária no período de um mês, sendo que os dados da fatura

referem-se ao mês de março do ano de 2016.

Pode-se observar também a classificação da instituição como “GRUPO A” e

“Subgrupo A4”, tendo então, conforme item 2.2 deste trabalho, tensão de fornecimento de 2,3

kV a 25 kV.

Por motivo da variação de consumo de energia elétrica da SATC em alguns meses

do ano, no momento da utilização dos dados para o dimensionamento dos grupos geradores,

deverá ser considerado histórico anual de consumo, conforme é apresentado na Fig. 8.

Fig. 8 – Histórico de demanda máxima anual SATC – Fora Ponta [Do autor, 2016]

Page 37: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

29

Os dados demonstrados na Fig. 8 são provenientes da demanda máxima registrada

pelo medidor da concessionária, CELESC, e indica o valor de maior consumo obtido no mês.

Esses dados são encontrados nas faturas de energia da instituição.

Observa-se, conforme gráfico da Fig. 8, que a variação de consumo é semelhante

à registrada para instituição UNESC presente na Fig. 7. Pode-se verificar que no período de

férias letivas, de dezembro à janeiro, a demanda cai consideravelmente, enquanto em

fevereiro e março se obteve o ponto de maior consumo registrado que foi de 704,64 kW.

Portanto, deve-se atentar à verificação dessa demanda, quando for dimensionado o grupo

gerador.

3.3 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES - UNESC

As instalações das instituições de ensino não apresentam equipamentos que

proporcionem picos de demanda consideráveis, ou seja, não possuem linhas de produção

industriais ou motores de grande porte que ao serem ligados demandam grande potência em

um pequeno espaço de tempo. As cargas presentes nas instalações são basicamente do tipo

prediais, como, iluminação, computadores, bombas hidráulicas de pequeno porte e

equipamentos de refrigeração como chillers e ares condicionados.

A UNESC, classificada como subgrupo A4, tem sua alimentação fornecida em

média tensão, 13,8 kV. Possui subestação interna abrigada onde se encontram o medidor da

concessionária, os sistemas principais de proteção e alguns transformadores rebaixadores. Os

transformadores tem tensão de saída 220V entre fase e neutro e 380V entre fases, esses

alimentam alguns dos centros de cargas.

Como os centros de cargas, edificações, são distribuídos ao longo de todo o

campus, faz-se necessário o uso de uma rede de distribuição compacta interna da UNESC,

com tensão de 13,8 kV. Essa rede, por sua vez, alimenta diversos transformadores

rebaixadores e, portanto, os demais centros de cargas inseridos na instituição.

Como o sistema interno é totalmente interligado pela rede compacta de média

tensão, 13,8 kV, optou-se pela geração em 380 V pelo grupo a diesel, e com o auxílio de um

transformador elevador de 2,5 MVA, possibilitar a conexão dos geradores na rede interna.

No total, a UNESC possui quatro usinas geradoras de 700 kVA, totalizando 2,8

MVA, ligadas em paralelo num único ponto de geração, caracterizando, segundo item 2.1.3.2,

como um sistema de geração centralizada. Os geradores trabalham com frequência de 60 Hz e

Page 38: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

30

tensão de geração de 220 V entre fase e neutro, e 380 V entre fases. A Tab. 2 apresenta, de

forma mais detalhada, as características específicas do gerador utilizado pela UNESC.

Tab. 2 – Características específicas do gerador UNESC [Do autor, 2016]

Marca do Motor SCANIA

Modelo do Motor DC16 48A

Regime de Operação POWER PRIME

Potência Total 700 kVA

Potência Aparente Máxima - Regime 630 kVA

Potência Ativa Máxima - Regime 504 kW

Potência Mecânica 839 CV

Número de Cilindros do Motor 8

Modo de Operação do Cilindro EM V

Massa 3510 kg

Consumo Combustível 100% de Carga 134,6 (L/h)

Consumo Específico 4,16 (kWh/L)

Rotação de Operação 1800 RPM

Frequência 60 Hz

Tensão de Fase 220 Vca

Tensão de Linha 380 Vca

Norma Vigente ABNT NBR ISO 8528:2014 

Alternador WEG - 4 Pólos - Sem Escovas

Sistema de Controle NEMA

EspecificaçõesItem

A UNESC possui o sistema de transferência de cargas para a rede pública segundo

item 2.3.3.1, ou seja, transferência em média tensão. Pode-se observar, no esquema da Fig. 9,

a configuração de forma simplificada, das instalações da UNESC.

Page 39: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

31

Fig. 9 – Configuração da rede elétrica interna UNESC [Do autor, 2016]

O transformador denominado T.1, na Fig. 9, é a representação do transformador

elevador do grupo gerador, já o T.2 representa todos os demais transformadores da instituição

de forma simplificada, devido a tratar-se de vários transformadores de potências distintas.

O sistema possui o Q.T.R.1 – M.T. (quadro de transferência em média tensão 1),

nele se encontra o disjuntor de média tensão, que faz a comutação de forma automática entre a

CELESC e a UNESC. Desse modo, quando em funcionamento, proporciona o isolamento do

sistema gerador diesel UNESC com a rede da concessionária. No Q.T.R.1 – M.T., também é

encontrado o relé de proteção exigido pela concessionária, conforme item 2.3.5 deste

trabalho.

Page 40: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

32

O Q.T.R.2 – M.T. (quadro de transferência em média tensão 2), é responsável pela

conexão e desconexão do transformador elevador dos geradores, trabalha em paralelo com o

controle do Q.T.R.1 – M.T..

Para o correto funcionamento dos geradores em paralelo e com acoplamento em

rampa, cada grupo gerador, unidade de 700 kVA, possui um Q.T.R.P.-B.T. (quadro de

transferência em rampa paralelo em baixa tensão). Com o uso dos Q.T.R.P.-B.T., é possível

também ligar apenas o número de geradores conforme demanda instantânea necessária,

desligando os demais geradores e obtendo a faixa de potência de maior rendimento da

máquina.

Os geradores estão configurados para operação em horário de ponta e em

possíveis faltas da concessionária.

3.4 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES – SATC

A SATC, classificada como subgrupo A4, tem sua alimentação fornecida em

média tensão, 13,8 kV. Possui subestação interna abrigada onde se encontram o medidor da

concessionária e os sistemas principais de proteção de entrada de energia.

Como os centros de cargas, edificações, são distribuídos ao longo de todo o

campus, faz-se necessário o uso de uma rede de distribuição compacta interna da SATC, com

tensão de 13,8 kV. Essa rede por sua vez alimenta diversos transformadores rebaixadores

abordando todas as cargas da instituição. Os transformadores distribuídos pelo campus têm

tensão de saída 220V entre fase e neutro e 380V entre fases.

A SATC atualmente dispõe de três usinas geradoras distribuídas pelo campus e

estão alocadas próximo aos centros de cargas. A usina 03 é composta por dois geradores de

260 kVA, enquanto as usinas 01 e 02 possuem um gerador de 260 kVA cada, totalizando 1,04

MVA. Os geradores possuem as mesmas características entre si, tanto no motor, quanto no

alternador. Os geradores trabalham com frequência de 60 Hz e tensão de geração de 220 V

entre fase e neutro, e 380 V entre fases.

A Tab. 3 apresenta, de forma mais detalhada, as características específicas do

gerador utilizado pela SATC.

Page 41: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

33

Tab. 3 – Características específicas do gerador SATC [Do autor, 2016]

Marca do Motor MWM

Modelo do Motor 6.12TCA

Regime de Operação POWER PRIME

Potência Total 260 kVA

Potência Aparente Máxima - Regime 234 kVA

Potência Ativa Máxima - Regime 187,2 kW

Potência Mecânica 318 CV

Número de Cilindros do Motor 6

Modo de Operação do Cilindro EM LINHA

Massa 1713 kg

Consumo Combustível 100% de Carga 52 (L/h)

Consumo Específico 4,00 (kWh/L)

Rotação de Operação 1800 RPM

Frequência 60 Hz

Tensão de Fase 220 Vca

Tensão de Linha 380 Vca

Norma Vigente ABNT NBR ISO 8528:2014 

Alternador WEG - 4 Pólos - Sem Escovas

Sistema de Controle STEMAC

EspecificaçõesItem

A SATC possui o sistema de transferência de cargas para a rede pública segundo

item 2.3.3.3, ou seja, interligação e transferência em baixa tensão. Pode-se observar, no

esquema da Fig. 10, a configuração de forma simplificada, das instalações da SATC.

Page 42: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

34

Fig. 10 – Configuração da rede elétrica interna SATC [Do autor, 2016]

Os transformadores denominados T.1, T.2, T.3, na Fig. 10, são os responsáveis

pela alimentação das cargas com energia proveniente da concessionária.

O T.4 representa todos os demais transformadores da instituição de forma

simplificada, devido a tratar-se de vários transformadores de potências distintas. Essa parte

das cargas da instituição não é comportada pelo sistema de geração a diesel, ficando

susceptível às eventuais faltas de energia pela rede pública.

Para o correto funcionamento dos geradores na falta de energia ou horário de

ponta, cada grupo gerador, unidade de 260 kVA, possui um Q.T.R.-B.T. (quadro de

transferência em rampa em baixa tensão). Nesse quadro são encontrados dois contatores

Page 43: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

35

responsáveis pela alternância da carga para ser alimentada pelo transformador ou pelos

geradores. A usina 03 também possui o sistema de paralelismo de geradores, devido a

atuarem duas máquinas de forma simultânea. Esse processo é feito em baixa tensão, de modo

que os transformadores fiquem isolados da carga enquanto o gerador está em funcionamento.

Os geradores estão configurados para operação em horário de ponta e em

possíveis faltas da concessionária.

3.5 DIMENSIONAMENTO DOS GRUPOS GERADORES - UNESC

O dimensionamento dos grupos geradores deverá ser efetuado levando em

consideração seu regime de operação, Emergency Standby Power, Power Prime ou

Continuous Power. Suas definições podem ser vistas no item 2.3.1 deste trabalho.

As usinas geradoras da SATC e UNESC atuam no horário de ponta da

concessionária, período esse compreendido das 18h30min às 21h30min, totalizando 3 horas

diárias, de segunda a sexta-feira com exceção de feriados. Por esse motivo, seu regime de

trabalho se caracteriza como Power Prime, onde é considerado, segundo item 2.3.2, o

dimensionamento do gerador para uso de no máximo 90% de sua potência nominal.

O dimensionamento do grupo diesel UNESC, como faz o uso de um único ponto

de geração, ou uma geração centralizada conectada no mesmo ponto do ramal interno de alta

tensão, deverá ser dimensionado a fim de suprir toda a demanda das instalações da

universidade.

Dessa maneira, além da análise dos valores de demanda máxima fora ponta

fornecido pela CELESC e indicados na Fig. 7, precisa-se levantar os valores máximos de

demanda registrados no período de ponta. Esses dados serão extraídos com auxílio de um

multimedidor que faz a medição no barramento de baixa tensão do transformador elevador

dos geradores. Caso não houvesse a instalação dos grupos geradores, esses dados poderiam

ser extraídos diretamente da fatura de energia, onde evidenciaria os pontos máximos de

demanda registrados.

Os dados demonstrados na Fig. 11 são provenientes da demanda máxima

registrada no horário de ponta.

Page 44: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

36

Fig. 11 – Histórico de demanda máxima anual UNESC – Ponta [Do autor, 2016]

Pode-se observar, conforme gráfico da Fig. 11, e em comparação com o gráfico da

Fig. 7, que a demanda máxima obtida no sistema é durante o horário de ponta, portanto,

deverá ser considerado esse período como base para o dimensionamento do grupo gerador.

O valor de maior consumo registrado foi de 1417,50 kW no horário de ponta,

durante o mês de março de 2016. Esse valor de máxima registrada será utilizado para o

cálculo de dimensionamento dos grupos a diesel.

Considerando o regime power prime, utiliza-se 90% da potência total do grupo

gerador. Com o registro máximo de 1417,50 kW, necessita-se então de 1575,00 kW

disponíveis para suprir as cargas totais da instituição. Porém, deve-se considerar também o

fator de potência do gerador, nesse caso sendo igual a 0,8. Com o auxílio da equação (2)

apresentada no item 2.3.2, chega-se ao valor de potência total de 1968,75 kVA.

A UNESC atualmente possui o sistema com quatro geradores de 700 kVA cada,

totalizando 2800 kVA e 2016 kW, atendendo assim à condição mínima de funcionamento

para o regime power prime. É interessante frisar que a potência excedente pode ser utilizada

para possíveis ampliações nas cargas da instituição, como novos prédios ou laboratórios de

grande porte. Também diminui os riscos de queda do sistema, uma vez que, possa ocorrer

Page 45: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

37

algum erro de operação em uma das quatro máquinas e a demanda excedente seja obrigada a

ser suportada pelas três máquinas restantes.

3.6 DIMENSIONAMENTO DOS GRUPOS GERADORES - SATC

O dimensionamento dos grupos diesel SATC, diferente do sistema da UNESC,

deve ser dimensionado de forma individual, de modo que cada usina geradora seja

responsável pela alimentação dos centros de carga, já que trabalham de forma isolada.

Também se leva em consideração que a instalação da SATC não dispõe o uso de geradores

para todas as cargas, conforme representado pelo T.4 da Fig. 10. Deste modo, para efetuar a

verificação do dimensionamento dos geradores, houve a necessidade de efetuar o teste de

carga por medição de potência fornecida no horário de ponta.

As medições foram registradas no período de maior consumo da instituição, ou

seja, no horário de ponta, onde se encontram em uso a maior parte das salas de aula,

equipamentos e iluminação pública. As potências registradas por usina foram:

- Usina 01: 88,2 kW;

- Usina 02: 77,1 kW; e

- Usina 03: 103,2 kW.

Considerando o mesmo regime da UNESC, o power prime utiliza 90% da

potência total do grupo gerador.

Deve-se considerar também o fator de potência do gerador, nesse caso, sendo

igual a 0,8, esse valor é identificado na placa do gerador.

A usina 03 é composta por dois geradores de 260 kVA, totalizando 520 kVA,

considerando 90% do regime de trabalho e fator de potência de 0,8, chega-se na potência ativa

máxima para uso de 374,4 kW. Já as usinas 01 e 02 possuem um gerador de 260 kVA cada,

atribuindo os fatores mencionados anteriormente, obtém-se 191,36 kW de potência ativa

máxima para uso para cada usina. Atendendo assim, conforme teste de carga, à condição

mínima de funcionamento para o regime power prime.

A soma das potências total das usinas compreende à 1040 kVA e 748,8 kW.

Da mesma forma das instalações da UNESC, a potência excedente pode ser

utilizada para possíveis ampliações nas cargas da instituição, como novos prédios,

laboratórios ou ainda climatização de salas de aula.

Page 46: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

38

3.7 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO - UNESC

Os investimentos, apresentados nas Tab. 4 e Tab. 5, são valores reais dos custos

aplicados para instalação dos grupos geradores a diesel das instituições.

O custo total de investimento de implantação pode ser dividido em motores a

diesel, geradores, subestação elevadora, quadros de transferência em baixa ou média tensão,

atenuadores e obras civis.

O investimento da UNESC, exposto na Tab. 4, pode ser analisado considerando

cada item de forma separada, podendo assim ser utilizado para estimativas de projetos

semelhantes.

Tab. 4 – Valores investimento implantação usina geradora UNESC [Do autor, 2016]

Conjunto Moto-Gerador 700kVA R$ 142.500,00 4 R$ 570.000,00 44%

Q.T.R.P.-BT R$ 24.500,00 4 R$ 98.000,00 8%

Q.T.R.-MT R$ 134.500,00 1 R$ 134.500,00 10%

Transformador 2,5MVA a seco + Cubículo R$ 95.500,00 1 R$ 95.500,00 7%

Container atenuado 85dB R$ 30.500,00 4 R$ 122.000,00 9%

Instalações Q.T.R.-MT.1 R$ 20.500,00 1 R$ 20.500,00 2%

Cubículo + Instalações Q.T.R.-MT.2 R$ 35.000,00 1 R$ 35.000,00 3%

Instalações baixa tensão geradores R$ 20.000,00 4 R$ 80.000,00 6%

Instalações comunicação e fibra óptica R$ 20.500,00 1 R$ 20.500,00 2%

Adequação rede compacta média tensão R$ 34.500,00 1 R$ 34.500,00 3%

Tanque auxiliar 10.000 litros - Comodato R$ - 1 R$ - 0%

Adequações Civis R$ 95.020,00 1 R$ 95.020,00 7%

R$ 1.305.520,00 100%

Valor TotalQuantidade

Total Geral

Valor unitárioItem Valor (% )

O total geral despendido pela UNESC é representado na Tab. 4, esse valor

comporta todos os itens necessários para instalação de uma usina geradora com capacidade de

2800 kVA e 2016 kW, em condições plenas de funcionamento para o regime power prime.

3.8 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO - SATC

Os custos totais de implantação da usina geradora da SATC podem ser vistos na

Tab. 5 classificados por seus respectivos itens.

Page 47: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

39

Tab. 5 – Valores investimento implantação usina geradora SATC [Do autor, 2016]

Conjunto Moto-Gerador 260kVA R$ 78.624,00 4 R$ 314.496,00 55%

Q.T.R.-BT, rede de comunicação e fibra óptica,

instalações elétricas em baixa tensão,

acessórios gerais.

R$ 54.180,00 3 R$ 162.540,00 28%

Tanque auxiliar 2.000L - Comodato R$ - 3 R$ - 0%

Adequações Civis R$ 33.000,00 3 R$ 99.000,00 17%

R$ 576.036,00 100%

Item Valor unitário Quantidade Valor Total Valor (% )

Total Geral

O total geral despendido pela SATC é representado na Tab. 5, esse valor comporta

todos os itens necessários para instalação de uma usina geradora com capacidade de 1040

kVA e 748 kW, em condições plenas de funcionamento para o regime power prime.

3.9 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO - UNESC

Os custos de operação em usinas geradoras a diesel são atribuídos às manutenções

preventivas e corretivas, e, principalmente, pelo consumo de seu combustível, o diesel.

Será levantado o custo de geração em R$/kWh por meio de dados da usina

geradora no período de um ano. Consumo de óleo diesel, custo do combustível, energia total

gerada e, por final, o custo atribuído à manutenção dos equipamentos, são os itens necessários

para cálculo do custo de geração de energia elétrica.

A Tab. 6 representa o custo médio de geração de energia pela usina a diesel, esses

valores foram coletados através dos históricos de geração e consumo de combustível dos

grupos geradores. No período de um ano, entre março de 2015 e março de 2016, constatou-se

um valor médio geral de 0,70 R$/kWh para geração de energia, somando o custo de

manutenção, representando 0,024 R$/kWh, totaliza-se o custo de 0,73 R$/kWh.

Page 48: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

40

Tab. 6 – Valores médios de geração de energia com usina a diesel UNESC [Do autor, 2016]

Valores médios de geração de energia com usina a diesel UNESC

Período do registro Custo médio de geração energia usina a

diesel (R$/kWh)

mar/15 R$ 0,69

abr/15 R$ 0,66

mai/15 R$ 0,67

jun/15 R$ 0,67

jul/15 R$ 0,69

ago/15 R$ 0,69

set/15 R$ 0,67

out/15 R$ 0,68

nov/15 R$ 0,69

dez/15 R$ 0,71

jan/16 R$ 0,75

fev/16 R$ 0,81

mar/16 R$ 0,76

Valor médio geral R$ 0,70

Custo médio manutenção (R$/kWh) R$ 0,024

Custo total geração e manutenção (R$/kWh) R$ 0,73

No período entre os meses de janeiro à fevereiro de 2016, houve reajuste no custo

do óleo diesel, passando de 2,52 R$/L, para 2,65 R$/L. O diesel atualmente utilizado é o S500

– comum.

A manutenção preventiva com troca de óleo lubrificante e filtros é feita a cada

250 horas de operação.

3.10 CUSTOS DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO - SATC

A Tab. 7 representa na coluna da direita, o custo médio de geração de energia pela

usina a diesel, esses valores foram coletados através dos históricos de geração e consumo de

combustível dos grupos geradores.

Page 49: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

41

Tab. 7 – Valores médios de geração de energia com usina a diesel SATC [Do autor, 2016]

Valores médios de geração de energia com usina a diesel SATC

Período do registro Custo médio de geração energia usina a

diesel (R$/kWh)

mar/15 R$ 0,86

abr/15 R$ 0,91

mai/15 R$ 0,68

jun/15 R$ 0,69

jul/15 R$ 0,88

ago/15 R$ 1,04

set/15 R$ 1,02

out/15 R$ 0,79

nov/15 R$ 0,97

dez/15 R$ 1,06

jan/16 R$ 0,95

fev/16 R$ 0,91

mar/16 R$ 0,97

Valor médio geral R$ 0,90

Custo médio manutenção (R$/kWh) R$ 0,102

Custo total geração e manutenção (R$/kWh) R$ 1,00

No período de um ano, entre março de 2015 e março de 2016, constatou-se um

valor médio geral de 0,90 R$/kWh para geração de energia, somando o custo de manutenção,

representando 0,102 R$/kWh, totaliza-se o custo de 1,00 R$/kWh.

No período entre os meses de julho à agosto de 2015, houve reajuste no custo do

óleo diesel, passando de 2,61 R$/L para 2,82 R$/L, e posteriormente para 2,87 R$/L em

janeiro de 2016. O diesel atualmente utilizado é o S500 – comum.

A manutenção preventiva com troca de óleo lubrificante e filtros é feita a cada

250 horas de operação.

Page 50: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

42

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta etapa, serão comparados os dados levantados nos procedimentos

metodológicos desse trabalho, evidenciando assim, as vantagens e desvantagens de cada

modo de geração.

A comparação dos métodos será apresentada e organizada conforme fluxograma

da Fig. 12.

Fig. 12 – Fluxograma de análise dos resultados [Do autor, 2016]

A afirmação de vantagem ou desvantagem será atribuída conforme informações

obtidas no estudo das usinas aplicadas e na pesquisa bibliográfica deste trabalho. Os itens 4.1

à 4.6 indicam os pontos principais para comparação das usinas da SATC e UNESC.

Page 51: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

43

4.1 CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO

Os custos de implantação são apresentados na Tab. 8, onde foram considerados os

valores de potência ativa e aparente disponível para cada instalação, e os custos totais dos

investimentos.

Tab. 8 – Custos de Implantação - UNESC x SATC [Do autor, 2016]

Custos de Implantação - SATC x UNESC

ITEM Instituição

SATC UNESC

Custo total de implantação R$ 576.036,00 R$ 1.305.520,00

Potência aparente total disponível 1040 kVA 2800 kVA

Potência ativa total disponível 749 kW 2016 kW

Relação custo por kVA instalado 554 kVA 466,26 R$/kVA

Relação custo por kW instalado 769,28 R$/kW 647,58 R$/kW

Conforme esperado, segundo item 2.1.3.1, a UNESC obteve uma relação de custo

de instalação por potência instalada menor que a SATC. Provando assim que o sistema

centralizado de geração realmente tem um custo de aplicação menor do que as usinas

geradoras distribuídas.

4.2 CUSTOS DE OPERAÇÃO

Os custos de operação das usinas podem ser comparados na Tab. 9, onde são

apresentados os custos médios da energia gerada e manutenção dos sistemas. A soma dos

valores de manutenção e geração de energia representa a relação de custo de operação das

usinas.

Tab. 9 – Custos de Operação - UNESC x SATC [Do autor, 2016]

Custos de Operação - SATC x UNESC

ITEM Instituição

SATC UNESC

Custo médio de geração energia por kWh gerado 0,90 R$/kWh 0,70 R$/kWh

Custo médio manutenção por kWh gerado 0,102 R$/kWh 0,024 R$/kWh

Relação custo por kWh gerado 1,00 R$/kWh 0,73 R$/kWh

Conforme apresentado na Tab. 9, a UNESC obteve um custo de geração de

energia por potência gerada menor que a SATC.

Page 52: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

44

Isso pode ser atribuído, conforme itens 2.3.4 e 2.1.3.2, devido à operação das

máquinas da SATC serem singelas, e então trabalham com a potência acima ou abaixo do seu

rendimento máxima. A UNESC, por trabalhar com as máquinas em paralelo e dispor do

controle de demanda, aciona apenas as máquinas necessárias conforme a carga a ser suprida,

fazendo com que os geradores trabalhem no ponto de seu melhor rendimento.

Como a SATC opera com as máquinas constantemente, sem a opção de

revezamento em controle de horas de trabalho, as manutenções preventivas, feitas a cada 250

horas de operação, acabam acontecendo num período mais curto que a UNESC. Esse fato

ocasionando também um maior custo de manutenção.

4.3 CONFIABILIDADE

Sendo os grupos geradores utilizados também como backup em situações de

emergências, a confiabilidade é um fator essencial no momento da escolha dos sistemas.

Por se tratar de uma geração distribuída, conforme item 2.1.3.1 desse trabalho, a

SATC possui uma vantagem, levando em conta que caso ocorra um defeito de uma unidade

geradora, as demais não serão afetadas.

A UNESC, tratando-se de uma geração centralizada, ao ocorrer um defeito em

uma das máquinas paralelas, as demais devem suprir a potência excedente da máquina

defeituosa. A instalação da UNESC atende a esse requisito de potência extra, porém, caso seu

consumo seja ampliado, o grupo pode não suportar a quebra de uma das unidades geradoras,

fazendo com que haja a desestabilização do sistema e consequentemente a queda de toda a

usina.

Outro ponto a ser analisado, caso haja um curto circuito na rede compacta de

média tensão interna da UNESC, os geradores podem entrar em falha, bloqueando assim, a

atuação dos mesmos. Esse fato também provocará o desligando da alimentação vinda da rede

pública. Esse fato pode acontecer em tempestades com ventos fortes, descargas atmosféricas,

acidentes internos de transito entre outros. De forma semelhante, havendo algum problema de

comunicação entre o controlador do quadro de transferência de média tensão, Q.T.R.1-M.T. e

o controlador de transferência de baixa tensão Q.T.R.P.-B.T., o grupo gerador ficará

inoperante até que a comunicação retorne ao seu estado normal.

Page 53: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

45

4.4 DESEMPENHO

Como visto no item 2.3.4 desse trabalho, o desempenho, dos grupos geradores

deve ser rígido o suficiente para suportar a partida de suas maiores cargas sem que a

qualidade de energia seja afetada.

A SATC dispõe de unidades geradoras de forma distribuída, sendo que ao acoplar

uma grande carga à barra, o gerador tentará suprir a potência adicional atribuída a ele,

podendo haver variação na tensão ou frequência fornecida. As usinas 01 e 02 possuem

geradores singelos, logo, sendo menos rígidas. Diferente da usina 03 que possui duas

máquinas em paralelo e disponibiliza uma barra com maior capacidade.

A UNESC, por se tratar de quatro unidades paralelas, distribui a potência

excedente nas máquinas que estão trabalhando naquele instante, distribuindo assim, a potência

instantânea provocada pelo acoplamento das cargas. O efeito transiente é diminuído com a

distribuição das cargas.

4.5 EFICIÊNCIA

Eficiência é um item extremamente importante na análise dos grupos, sendo que,

seu principal objetivo para as instituições SATC e UNESC é a redução de custos com a

geração de energia no horário de ponta.

A Tab. 6 e Tab. 7, que apresentam os custos de operação, não foram utilizadas

para verificação de eficiência, devido aos valores de diesel pagos por cada instituição serem

diferentes.

De forma semelhante às tabelas de custos de operação apresentadas no item 3.9 e

3.10, são apresentados, na Tab. 10 e Tab. 11, os valores de consumo de combustível em litros

e energia gerada em kWh. Esses dados foram obtidos através de planilhas de controle de

geração e consumo das instituições.

A Tab. 10 apresenta o histórico de consumo e geração da usina SATC no período

de março de 2015 à março de 2016.

Page 54: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

46

Tab. 10 – Eficiência geração de energia com usina a diesel SATC [Do autor, 2016]

Eficiência geração de energia com usina a diesel SATC

Período do registro Diesel Consumido

(L)

Energia Gerada

(kWh)

mar/15 7854 23715

abr/15 3799 10895

mai/15 3585 15102

jun/15 3334 13600

jul/15 3713 11595

ago/15 6266 16936

set/15 7632 18410

out/15 3551 14207

nov/15 3716 10805

dez/15 4313 11464

jan/16 2003 2719

fev/16 1737 7056

mar/16 7638 22454

Total Geral 59141 L 178958 kWh

Valor médio kWh gerado por litro 3,03 kWh/L

A Tab. 11 apresenta o histórico com consumo e geração da usina UNESC no

período de março de 2015 à março de 2016.

Tab. 11 – Eficiência geração de energia com usina a diesel UNESC [Do autor, 2016]

Eficiência geração de energia com usina a diesel UNESC

Período do registro Diesel Consumido

(L)

Energia Gerada

(kWh)

mar/15 17714 64636

abr/15 11454 43475

mai/15 10342 38791

jun/15 13587 50818

jul/15 8832 32456

ago/15 10426 37880

set/15 13445 50495

out/15 17334 64640

nov/15 11091 40658

dez/15 9992 35381

jan/16 8656 30123

fev/16 5387 19094

mar/16 18312 68481

Total Geral 156572 L 576928 kWh

Valor médio kWh gerado por litro 3,68 kWh/L

Com o auxílio da Tab. 12, podem-se comparar os valores médios de geração de

energia por litro de combustível consumido.

Page 55: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

47

Tab. 12 – Eficiência geração de energia - UNESC x SATC [Do autor, 2016]

Eficiência geração de energia - SATC x UNESC

ITEM Instituição

SATC UNESC

Diesel Consumido 59141 L 156572 L

Energia Gerada 178958 kWh 576928 kWh

Valor médio kWh gerado por litro 3,03 kWh/L 3,68 kWh/L

Conforme Tab. 12 observa-se que a UNESC obteve uma relação de consumo e

geração mais eficiente que o sistema da SATC.

O maior rendimento, apresentado pela usina geradora da UNESC, está

relacionado, conforme item 2.3.4 e 2.1.3.2, à utilização de máquinas geradoras em paralelo

com controle de demanda. Esse controle tem, por objetivo, trabalhar apenas com as máquinas

necessárias para suprir as cargas no instante de operação, aumentando o rendimento das

máquinas operantes e desligando as máquinas desnecessárias.

4.6 FLEXIBILIDADE

A flexibilidade é um item importante para ser analisado em instalações com a

possibilidade de alterações futuras, o sistema deve ser flexível o suficiente para atender

ampliações de cargas de forma simples.

A UNESC possui um sistema com disponibilidade de potência para possíveis

ampliações de cargas, porém, ao passo que essa carga for alcançada, haverá a necessidade de

ampliação de sua infraestrutura civil, o acréscimo de geradores em paralelo aos existentes e

revisão do dimensionamento do transformador elevador.

A SATC, de forma semelhante, pode conectar máquinas em paralelo na eventual

necessidade de ampliação, porém, haverá a necessidade de instalação do sistema de

paralelismo de geradores. Como as usinas comportam apenas cargas pontuais, havendo o

acréscimo de cargas em toda a instituição, como a instalação de condicionadores de ar em

todas as salas de aulas e laboratórios, todas as usinas deverão ser analisadas e possivelmente

ampliadas.

Page 56: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

48

5 CONCLUSÕES

Observado a crescente procura das empresas para redução de custos na utilização

de energia elétrica e maior segurança no seu fornecimento, percebe-se uma alternativa

amplamente utilizada, os grupos geradores a diesel. Porém, a escolha dos grupos geradores

possuem diversos fatores a serem analisados para a seleção da melhor opção. Esse trabalho

teve por objetivo a análise comparativa de sistemas geradores a diesel instalados in loco, de

modo a orientar a escolha desses em futuros projetos e instalações das usinas de

autoprodutores de energia.

Com as diretrizes do projeto de aplicação para grupos geradores, foi possível

coletar as informações necessárias para análise e comparação das usinas de geração

centralizada e distribuída, pertencentes às instituições UNESC e SATC, respectivamente.

A Tab. 13 apresenta a comparação final dos itens descritos na seção 4 desse

trabalho, nela podem ser observados os valores de implantação, operação, eficiência e

também o resultado de análise de confiabilidade e desempenho dos grupos geradores SATC e

UNESC.

Tab. 13 – Comparativo geral usinas geradoras – SATC x UNESC [Do autor, 2016]

SATC UNESC

Custos de Implantação 769,28 R$/kW 647,58 R$/kW -15,82% UNESC

Custos de Operação 1,00 R$/kWh 0,73 R$/kWh -27,63% UNESC

Confiabilidade x - SATC

Desempenho x - UNESC

Eficiência 3,03 kWh/L 3,68 kWh/L 21,77% UNESC

Flexibilidade x - UNESC

UNESC

Relação

Percentual

Análise

Parcial

Análise total geral

Comparativo geral usinas geradoras - SATC x UNESC

ITEMInstituição

Com a análise da Tab. 13, podem-se observar algumas considerações, são elas:

- Nos custos de implantação, a UNESC obteve relação, em R$/kW instalado, de

15,82 % menor que os valores apresentados pelas usinas geradoras SATC.

- A UNESC alcançou relação de custo de operação 27,63 % menor que os custos

exibidos pela usina SATC;

- A SATC apresentou possuir um sistema mais confiável e menos susceptível a

falhas que poderiam deixar as instalações sem fornecimento de energia elétrica;

Page 57: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

49

- O desempenho da UNESC atingiu classificação superior à SATC devido ao seu

sistema mais rígido e robusto na ocasião de transientes de cargas;

- A melhor eficiência foi obtida pela usina geradora UNESC, indicando ser 21,77

% mais eficientes em comparação às usinas SATC; e

- A UNESC mostrou dispor um sistema mais flexível para ampliação de cargas e

alteração das instalações atuais.

Levando em conta todos os fatores analisado, conclui-se que a usina geradora à

diesel centralizada com operação paralela de máquinas e controle de demanda, da UNESC,

apresenta ser a alternativa mais atraente para aplicação, em comparação à usina geradora

distribuída da instituição SATC.

5.1 TRABALHOS FUTUROS

- Estudo de viabilidade econômica da migração de um consumidor cativo para o

mercado livre de energia;

- Projeto e análise de viabilidade econômica para alteração de transferência em

“baixa tensão” por sistema de transferência em “meia média tensão”, aplicado aos grupos

geradores SATC; e

- Estudo de variação de tensão no acoplamento, inrush, de transformadores de

potência, aplicados ao sistema de geração e distribuição UNESC.

Page 58: FACULDADE SATC VÍTOR GHISLANDI CÚNICO

50

REFERÊNCIAS

[1] MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

[2] KUNDUR, Prabha. Power System Stability and Control. New York: McGraw-Hill,

1994.

[3] MARTIGNONI, Alfonso. Máquinas de Corrente Alternada. São Paulo: Globo, 2005.

[4] KOSOW, Irving L. Máquinas Elétricas e Transformadores. São Paulo: Globo, 2005.

[5] CARVALHO DO NASCIMENTO JUNIOR, Geraldo. Máquinas Elétricas Teoria e

Ensaios. São Paulo: Érica, 2008.

[6] RAY, P. K. et al. Dynamic modeling and control of renewable energy based hybrid

system for large band wind speed variation. 2010 IEEE PES Innovative Smart Grid

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[7] Empresa Nema. Disponível em: <http://www.nema.com.br/wp-

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abr. 2016.

[8] DE SOUZA VARGAS, Tiago. Estudo de viabilidade econômica de migração de um

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(Graduação em Engenharia Elétrica). Faculdade SATC. Criciúma, 2014.

[9] CUMMINS, Power Generation: Engenharia de Aplicações - Manual de Aplicações

para Grupos Geradores Arrefecidos a Água. Disponível em:

<http://www.cumminspower.com.br/pdf/engenharia/T030Portugu%C3%AAs.pdf>. Acesso:

02 jun. 2016.

[10] SANTOS, Fernando António; SANTOS, Fernando Miguel. Geração distribuída versus

centralizada. Millenium,Viseu, n. 35, nov. 2008. Disponível em:

<http://hdl.handle.net/10400.19/350>. Acesso em: 30 mai. 2016.

[11] ANEEL: Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica. Disponível em:

<http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/REN_414_2010_atual_REN_499_20

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[12] COPEL: Tarifas de Energia da COPEL. Disponível em:

<http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel

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Acesso: 12 abr. 2016.

[13] ANEEL: ANEEL Altera Estrutura Tarifária para Consumidores de Alta Tensão.

Disponível em:

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ea=90>. Acesso: 12 abr. 2016.

[14] MOREIRA, Saulo G. et al. Utilização de Controlador de Demanda e Gerador Diesel

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[15] WEG. Características e especificações de geradores. 2014 [Apostila de Treinamento

para Clientes].

[16] CELESC: Conexão de Gerador Particular em Unidade Consumidora Ligada a Rede

de Distribuição. Disponível em: < https://pt.scribd.com/doc/299567083/i3210028-Conexao-

de-Gerador-Particular-Em-Unidade-Consumidora-Ligada-a-Rede-de-Distribuicao >. Acesso:

13 abr. 2016.

[17] CELESC: Requisitos Gerais para Conexão de Autoprodutor e Produtor

Independente de Energia à Rede da Celesc. Disponível em:

<http://novoportal.celesc.com.br/portal/images/arquivos/normas/I4320003.pdf >. Acesso: 12

abr. 2016.

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ANEXOS

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ANEXO A – FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA UNESC

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ANEXO B – FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA SATC