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FACULDADE TERRA NORDESTE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL LUCIA DE FÁTIMA DA SILVA PARENTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA OS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL CAUCAIA/CE 2013 WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR

FACULDADE TERRA NORDESTE CURSO DE SERVIÇO … · Dedico aos idosos que foram e são vitimas de ... geral buscou-se com a pesquisa avaliar a violência contra o idoso e os desafios

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FACULDADE TERRA NORDESTE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

LUCIA DE FÁTIMA DA SILVA PARENTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA

OS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL

CAUCAIA/CE

2013

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LUCIA DE FÁTIMA DA SILVA PARENTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA

OS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL Monografia submetida à Faculdade Terra Nordeste (FATENE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Prof. Dr. Luís de França Camboim Neto

CAUCAIA/CE 2013

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Elaborado por Patrícia Maria de Lima Chaves CRB 3/828

Parente, Lúcia de Fátima da Silva.

Violência contra a pessoa idosa: Desafio contemporâneo para os profissionais de serviço social./ Lúcia de Fátima da Silva Parente. – Caucaia, 2013.

52 f: il. 30 cm Orientador: Prof. Dr. Luís de França Camboim Neto. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade Terra Nordeste, Curso de Serviço Social, 2013.

1. Violência. 2. Idoso. CDD: 342.76 CDU: 342

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LUCIA DE FÁTIMA DA SILVA PARENTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: DESAFIO CONTEMPORÂNEO PARA

OS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL

Monografia submetida à Faculdade Terra Nordeste (FATENE), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.

FOLHA DE APROVAÇÃO

Data: 12 /12/2013 BANCA EXAMINADORA

_______________________________ Prof. Dr. Luís de França Camboim Neto (Orientador)

Faculdade Terra Nordeste

_______________________________ Prof. Dr. Paulo Sérgio Temóteo (1° Examinador)

Faculdade Terra Nordeste

_______________________________ Profª MS. Sandra. Maria Pontes Maia (2ª Examinadora)

Faculdade Terra Nordeste

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DEDICATÓRIA

Dedico aos idosos que foram e são vitimas de

violência e necessitam de maior sensibilização

para tornar efetivos seus direitos junto à

sociedade e à família na promoção dos cuidados

e garantia de uma melhor qualidade de vida na

fase do envelhecimento.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos, primeiramente a Deus que me concedeu além da vida, a

inteligência e a capacidade de chegar até aqui.

Aos meus filhos André Luís e Armando Filho por estarem presentes comigo e

acompanharem esta caminhada compreendendo minha ausência pela necessidade

de atingir este objetivo.

Aos meus irmãos Diana, Socorro e Raimundo Parente por acreditarem que eu

conseguiria conquistar.

Aos meus amigos Cid Sampaio e Iremar Fernandes pela força e coragem que

ofereceram para prosseguir quando muitas vezes pensei em desistir.

Ao Professor Martins pelo incentivo e confiança;

Ao meu companheiro Armando Viana por não me deixar só nesta caminhada.

A colega de turma Francisca Oliveira pelo exemplo de força e incentivo.

Às Assistentes Sociais que trabalham no final de semana no Hospital Geral Dr.

Cesar Cals (Carmem Silva, Goreth de Lavor, Lúcia Martins, Lúcia Moreira, Marlúcia

Sousa e Sônia Regina) pelo apoio oferecido e a confiança depositada.

Ao Prof. Leão Lobo pela colaboração de realizar tão grande sonho.

A Profª. Ms. Coordenadora do Curso de Serviço Social da FATENE, Eniziê Paiva,

pela confiança e colaboração.

As Senhoras Juvina Teles e Cláudia Freitas pela amizade e colaboração.

A memória de minha mãe Tereza e minha tia Maria, muito obrigada sem elas jamais

chegaria aonde cheguei.

A memória do Senhor Guilherme Araújo Nogueira Filho, muito lembrada.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luís de França Camboim Neto pelo incentivo, dedicação

e valores com que me orientou.

Aos professores Paulo Temóteo e Sandra Maia pela participação, como também a

professora Maria Necy pela contribuição

Aos profissionais e Idosos do CIAPREVI que foram objetos de estudos importantes

para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos Professores e funcionários da Fatene as pessoas que contribuíram, direta e

indiretamente, de todas as formas para realização desta monografia e conclusão do

curso.

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A TIGELA DE MADEIRA

Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho. - "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão. Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança:- O que você está fazendo? O menino respondeu docemente: - Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer. O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava

Autor desconhecido

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RESUMO

PARENTE, Lucia de Fátima da Silva, Faculdade Terra Nordeste, Novembro de 2013. Violência contra a pessoa idosa: desafio contemporâneo para os profissionais de Serviço Social. Orientador Prof. Dr. Luís de França Camboim Neto. Membros: Prof. Dr. Paulo Sérgio Temóteo, Profª. Ms. Sandra Maria Pontes Maia.

Relata a violência contra a pessoa idosa fato que está presente em nossa sociedade

tornando-se um desafio para o profissional de Serviço Social. A violência está

inserida em nossa sociedade, tomando espaço e atingindo principalmente os

segmentos mais vulneráveis e estando a pessoa idosa fazendo parte desta

estatística. Para tanto, com o objetivo de avaliar a violência contra o idoso e os

desafios para o profissional de Serviço Social em busca de soluções para o controle

e prevenção desta questão social, enfrentando desafios apresentados de várias

formas, bem como o papel do Assistente Social frente a esta questão, além de

identificar os responsáveis pela violência. Para o desenvolvimento da pesquisa

foram entrevistados três profissionais (uma Assistente Social, uma Coordenadora e

um Advogado) do CIAPREV I - Centro Integrado de Prevenção a Violência Contra a

Pessoa Idosa em Fortaleza, Ceará onde se constatou que a presença da violência

não somente na sociedade como também no seio familiar assume características

próprias mesmo compreendendo que o idoso tem seus direitos assegurados por lei.

Sendo assim, concluiu-se que a violência é promovida por pessoas mais próxima e

que não existem políticas públicas voltadas para o idoso da forma como o mesmo

necessita; a importância da Coordenação, da Assistente Social e do Advogado no

CIAPREVI, haja vista serem preparados para enfrentarem demandas pertinentes a

população de idosos além de resguardar os direitos da população idosa.

Palavras-chave: Pessoa idosa. Violência. Políticas públicas. Direito do idoso.

Serviço Social.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 Denúncias recebidas entre fevereiro de 2009 a setembro de 2011 .... 31

Tabela 2 Denúncias realizados de Janeiro a setembro de 2013 ....................... 34

Tabela 3 Perfil do agressor ................................................................................ 38

Figura 1 Denúncias realizadas de Janeiro a setembro de 2013 ........................ 34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BPC Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social

CFESS Conselho Federal de Serviço Social

CIAPREVI Centro Integrado de Violência Contra a Pessoa Idosa

CLAVES Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde

CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social

DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

LBA Legião Brasileira de Assistência

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PNAS Política Nacional de Assistência Social

PNI Política Nacional do Idoso

RENADI Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa

SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos

SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência

STDS Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social

SUAS Sistema Único de Assistência Social

VCPI Violência Contra a Pessoa Idosa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 12

2 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO ....................................................... 13 2.1 A origem da violência ...................................................................... 13 2.2 Tipos de violência contra a pessoa idosa ..................................... 14 2.3 Causas da violência contra o idoso ............................................... 16 2.4 Direitos fundamentais do idoso ..................................................... 18 2.5 O idoso e a violência na contemporaneidade ............................... 21 2.6 O papel do Assistente Social no enfrentamento da violência

contra o idoso .................................................................................. 23 2.7 O CIAPREVI e a violência contra a pessoa idosa ......................... 26

3 METODOLOGIA ................................................................................ 28 3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................. 28 3.2 Amostragem ..................................................................................... 28 3.3 Estrutura dos questionários aplicados .......................................... 29 3.4 Ética e pesquisa ............................................................................... 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 30 4.1 Resposta da entrevista realizada com a coordenadora do

CIAPREVI .......................................................................................... 30 4.2 Resposta da entrevista realizada com a Assistente Social do

CIAPREVI .......................................................................................... 35 4.3 Resposta da entrevista realizada com o Advogado do

CIAPREVI .......................................................................................... 39 5 CONCLUSÃO .................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ................................................................................. 44 APÊNDICE A - Questionário aplicado à Assistente Social .......... 49 APÊNDICE B – Questionário aplicado à Coordenadora ............... 50 APÊNDICE C - Questionário aplicado ao Advogado .................... 51 ANEXO A – Parecer do comitê de ética da FATENE ..................... 52

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1 INTRODUÇÃO

O aumento da população de idosos vem crescendo em todo o mundo.

Estima-se que no Brasil as pessoas acima de 60 anos em torno de 23,5 milhões,

segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020 a

estatística estimada será em torno de 40 milhões de pessoas colocando o Brasil

como o sexto lugar com mais idosos no mundo. Essa estatística nos faz refletir sobre

os Direitos Humanos previstos na Constituição brasileira onde o fundamental é viver,

mas viver com dignidade e qualidade garantindo assim direitos fundamentais e

sociais.

Como o crescimento do envelhecimento não ocorre somente no Brasil, a

violência contra o idoso configura-se um fenômeno mundial. Esta expressão de

questão social apresenta-se de várias formas em nossa sociedade em desafio aos

profissionais das áreas voltadas ao idoso, como por exemplo, os profissionais de

Serviço Social.

A pesquisa direta, de campo e descritiva onde buscou-se de forma

bibliográfica, através da literatura e aplicação de questionários conhecermos a

convivência dos profissionais responsáveis pela gestão do CIAPREVI buscando

compreender as relações, as formas de desenvolvimento da violência contra a

pessoa idosa, e as soluções aplicadas aos idosos por eles acompanhados.

O tema surgiu devido ao aumento da violência contra a pessoa idosa

embora exista legislação que assegura seus direitos. Neste aspecto como objetivo

geral buscou-se com a pesquisa avaliar a violência contra o idoso e os desafios para

o profissional de Serviço Social em busca de soluções para o controle e prevenção

desta questão social, enfrentando desafios apresentados de várias formas. Como

objetivos específicos buscou-se investigar os principais motivos da prática da

violência, analisar o papel do Assistente Social frente a esta questão e verificar se o

cuidador do idoso é o principal responsável pela violência.

Assim a investigação contribui para o Serviço Social como

desenvolvimento da aplicação de seu projeto ético político onde desenvolve também

o respeito à vida e a defesa da equidade e justiça social.

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2 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO

2.1 A Origem da violência

A violência é um fenômeno mundial e existe desde o inicio da civilização

como afirma Sousa (2010, p.1) em seu artigo sobre a origem da violência:

A violência existe desde os tempos primordiais e assumiu novas formas à medida que o homem construiu as sociedades. Inicialmente foi entendida como agressividade instintiva, gerada pelo esforço do homem para sobreviver na natureza.

A violência no seu sentido amplo pode ser definida como: qualquer

comportamento ou conjunto de comportamentos que vise causar dano a outra

pessoa, ser vivo ou objeto (BISKER, 2006).

Ainda sobre a violência, Arent (2004, p. 39) afirma que: “Dizer que a

violência origina-se do ódio é usar um lugar comum e o ódio pode ser certamente

irracional e patológico, da mesma maneira que pode ser todas as demais paixões

humanas.”

Conforme Penteado, (2011) A violência, considerada como uso da força

bruta, contrária ao direito e à justiça, conduta impetuosa, agitada, tumultuosa,

irascível e irritadiça, intensa e veemente, traduz um comportamento humano que

promove danos àquelas três esferas normativas: moral, jurídica e religiosa.

“Devemos considerar a violência, a nosso ver, se contrapõe ao dialogo, a

um agir ético e comunicativo nas relações interpessoais, sendo o genuíno

relacionamento amoroso entre quaisquer pares de indivíduos.” (SCHALBER, 2005

p.20).

Segundo Souza (2011), existe, com efeito, uma violência difusa, de dupla

face, geralmente negada exercida por poderes que oprimem populações, nos planos

econômicos, político, moral e até mesmo físico, mantendo-se no sofrimento, na

miséria e na humilhação.

“Uma sociedade fundada na violência estrutural, na escravidão, num

processo de colonização violada dos direitos básicos da pessoa humana cria

necessariamente formas de sociabilidade e uma cultura de violência e exclusão.”

(ZENAIDE, 2011, p. 11).

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Parece-nos importante destacar que a capacidade de poder é inerente a

todo ser humano e que pode ser associado ao instinto de sobrevivência (SÓLIO,

2010).

Por ser complexa a noção de violência não é unívoca. Que ela é muito

mutável, muitas vezes difícil de ser definida, alem de designar realidades bastante

diferentes, segundo lugares, épocas, meios e circunstâncias. (CHESNAIS 1981,

apud SOUZA, 2011).

A violência segundo Arent (2004, p.35) segue seu curso em varias

expressões do ser humano:

A violência aparece onde o poder esteja em perigo, mas se deixar que percorra o seu curso natural o resultado será o desaparecimento do poder. O terror não é a mesma coisa que a violência é antes a forma de governo que nasce quando a violência, após destruir todo o poder, não abdica, mas ao contrário, permanece mantendo todo o controle.

A violência esta enraizada na história de nosso País desde a colonização.

E até o momento não houve medidas bastante suficientes por parte do poder público

para modificar esta situação. (SOUSA, 2010).

“O verdadeiro comportamento violento só ocorre em seres humanos que

convivem de forma desequilibrada ou em animais sob indução ou adestramento.”

(FREITAS FILHO, 1999, p. 30).

Evidente que é bem verdade que em sua origem e suas manifestações, a

violência é um fenômeno sócio-histórico e acompanha toda a experiência da

humanidade. Conforme Minayo, (2007).

2.2 Tipos de violência contra a pessoa idosa

Como afirma Dornelles e Costa (2003, p. 153): “A violência contra a

pessoa idosa pode ser definida como qualquer ato ou omissão que resulte em

prejuízo à saúde do idoso.”

“O abuso pode advir da natureza violenta transgeracional (família), da

sociedade (cultural) ou da própria personalidade do cuidador”. (FALCÃO, 2006, p.

178).

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), (2002) o tipo de

violência contra a pessoa idosa é definida como: Ato de acometimento ou omissão que pode ser tanto intencional como voluntário. O abuso pode ser de natureza física ou psicológica ou pode envolver maus tratos de ordem financeira ou material. Qualquer que seja o tipo de abuso certamente resultará em sofrimento desnecessário, lesão ou dor, perda ou violação dos direitos humanos e uma redução na qualidade de vida do idoso.

A família, a sociedade e o Estado estão envolvidos no cenário da pratica

de violência contra a pessoa idosa e desta forma será preciso uma maior

conscientização para o enfrentamento da redução desta questão social. (PESSINI;

BARCHIFONTAINE, 2006.).

Mendes e Belleine (2004) salientam que as reações do idoso frente aos

maus-tratos são condicionadas por fatores objetivos e subjetivos que irão

condicionar suas respostas e a própria concepção que ele tem de violência ou

maltrato.

A violência pode ser visível (abuso físico), podendo ocasionar

hematomas, fraturas, edemas, entre outros, ou invisível através da violência

emocional (xingamentos, humilhações, isolamento social intencional, infantilização,

privação de informações), podendo ocasionar angustia, medo, tristeza, raiva e

sentimento de menos valia. ( DORNELLES; COSTA, 2003).

Como afirmam Grossi e Werba (2001) Existem diferentes expressões de

violência contra os idosos, que vão desde a violência física, sexual, emocional,

negligencia, podendo ocorrer na própria residência da pessoa idosa ou em

instituições (asilos e clínicas geriátricas).

Conforme o documento de Política Nacional de Redução de Acidentes e

Violências do Ministério da Saúde (2001) no que se refere à tipologia, as violências

contra a pessoa idosa são consideradas:

Violência interpessoal: refere-se às interações e relações cotidianas; é a violência sofrida em silêncio, na maioria das vezes praticada por filhos, cônjuges, netos, irmãos ou vizinhos próximos, conhecidos das vítimas. No que se refere a essa forma de violência, são classificados os seguintes tipos. Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física: são expressões que se referem ao uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte. Abuso psicológico, violência psicológica ou maus-tratos psicológicos: correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar

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os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social. Abuso sexual, violência sexual: são termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. Abandono: é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção. Negligência: refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. Ela se manifesta freqüentemente associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade. Abuso financeiro e econômico: consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar. Auto-negligência: diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma. Violência emocional e social: refere-se à agressão verbal crônica, incluindo palavras depreciativas que possam desrespeitar a identidade, dignidade e auto-estima. Caracteriza-se pela falta de respeito à intimidade, falta de respeito aos desejos, negação do acesso a amizades, desatenção a necessidades sociais e de saúde. (BRASIL, 2001).

2.3 Causas da violência contra o idoso

Devemos estar atentos para alguns fatores de risco para a violência

contra idosos, que citamos por Dorneles e Costa (2003, p. 154):

Qualidade no relacionamento dos idosos com seus filhos, no passado; A presença de estresse no cuidador; A presença de psicopatologia nas pessoas que as agridem; A deficiência mental/ou física do idoso; A relação de dependência entre a vítima e o abusador; O isolamento social do cuidador e do idoso; O abuso de álcool e/ ou drogas por parte do cuidador e/ ou do idoso; A violência intergeracional, onde adultos abusados durante a infância podem tornar-se abusadores de seus pais idosos doentes.

Neri (2001, p. 132 apud MOLINA 2011): “A velhice é a última fase do ciclo

vital que é delimitada por evento de natureza múltipla, incluindo perdas

psicomotoras, afastamento social, restrições em papeis sociais e especialização

cognitiva.”

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“As conseqüências da violência contra o idoso nem sempre são

mostradas na mídia, todavia deve-se atentar para esse tipo de violência a fim de se

evitarem situações irreversíveis.” (FALCÃO, 2006).

Muito ainda poderíamos refletir sobre as relações entre o idoso e suas famílias, como violências, negligências e abandono, já que múltiplas realidades familiares agravadas pelas pressões do mundo moderno que afetam frontalmente as famílias tornam mais difíceis as relações, exigindo do idoso e da família uma adaptação constante, que não é fácil, pois exige uma flexibilidade muito grande na dinâmica familiar. (BULLA; ARGIMON, 2009, p. 23).

Segundo Queiroz (2007, p. 31) entre as diversas circunstâncias que

podem favorecer (VCPI) pode-se destacar: − A dependência em todas as suas formas (física, mental, afetiva,

Sócio econômica); − Desestruturação das relações familiares; − Existência de antecedentes de violência familiar; − Isolamento social; − Psicopatologia ou uso de dependências químicas (drogas e

álcool); − Relação desigual de poder entre a vítima e o agressor.

Além das situações anteriores, podemos destacar ainda: – Comportamento difícil da pessoa idosa; − Alteração de sono ou incontinência fecal ou urinária que podem

causar um estresse muito grande no cuidador.

A violência contra o idoso faz parte da violência social, ou seja, no Brasil e

no mundo, ela se expressa nas formas como a sociedade organiza suas relações de

classe, de gênero, de etnias e de grupos etários e de como o poder é exercido nas

esferas macro e micro-políticas e institucionais. Neste caso concreto, as relações no

interior da instituição familiar têm relevância peculiar. (BRASIL, 2005).

“Em muitas sociedades tradicionais, o idoso exercia poder de

aconselhamento, decisão e idosa de cuidado. A modernização valorizou a

produtividade e os idosos foram considerados improdutivos, inativos.” (FALEIROS,

2008, p. 03). O grupo dos que tem de 60 a 69 anos configura o que tradicionalmente denomina terceira idade: nele há menos pessoas físicas e mentalmente dependentes, grande parte delas trabalha e esta ativa. Geralmente, é desse segmento até 75 anos que surgem as denuncias de maus tratos e violência. (MINAYO, 2005, p. 9)

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No processo de envelhecimento, é comum observar que as pessoas que

cercam os idosos, freqüentemente tem atitudes que contribuem para que ele vá

perdendo sua autonomia. (REIS, 2007, p. 127).

Muitas pessoas que cuidam de idosos acreditam que suas regras e os

limites impostos devem ser cumpridos conforme determinado. Assim, qualquer

manifestação contrária e tida como desacato e desobediência, e não como

expressão da vontade do idoso. (FALCÃO, 2006). Poucos são os idosos que fazem denuncias de violência. O silencio tem varias razões. Muitos agredidos se sentem envergonhados e temem as consequências da queixa: o revide maior ainda do agressor. Muitos dependem dos algozes e temem que a situação piore ainda mais, caso o fato tornar-se publico. Muitos morrem, sem admitir que foram vitimas de violência. (GRINBERG, 1999, p. 38)

A mudança da forma familiar pode ser uma causa da violência, como

afirmam Rodrigues e Terra (2006, p. 56): ”A transformação da família patriarcal em

nuclear. Naquela os velhos eram respeitados e amparados quando necessário”.

2.4 Direitos fundamentais do idoso

Segundo Machado (2013), Durante o período da reforma da previdência

em 1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

(SINPAS) tendo a Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) como

responsável pelo atendimento ao idoso em todo o território nacional. Esses

atendimentos se davam em centros sociais, postos de distribuição de material como

alimentos, próteses, órteses, documentos, ranchos e outros.

Conforme Miranda (2006) o princípio de igualdade de todos os seres

humanos, assim no tocante a condição civil (isto é, ao tratamento das relações de

uns com os outros) como no tocante a condição política (isto é, a participação direta

ou indireta no governo do Estado.), deve ser tido por um dos dois ou três pilares

fundamentais da civilização moderna.

Porém, o maior desafio é a politização do cidadão brasileiro para incluir

entre os seus anseios: o direito à velhice com dignidade; o direito a políticas de

cuidado que contemplem a família que possui ou cuida de pessoas vulneráveis; o

direito à promoção do envelhecimento ativo ao longo de todo o ciclo da vida.

(GIACOMIN, 2011, p. 16).

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19

A Constituição Federal de 1988, que é a Lei maior brasileira, prevê em seu

artigo 1º, inciso III, o principio da dignidade da pessoa humana, o qual é fonte da

inspiração e da criação de todos os outros direitos e garantias, sendo um dos

fundamentos da Republica Federativa do Brasil. (BERTTINELLI, 2008).

A promulgação do Estatuto do Idoso pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, em 2003, trouxe o tema da violência como pauta intersetorial, incluindo a área de saúde. Em 2005, foi oficializado um plano de ação intersetorial de enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. Ao setor saúde, cabem ações de promoção, prevenção de agravos, atendimento às várias formas de violência e normalização das casas e clínicas de longa permanência. (MINAYO 2007, p.1263)

“A constituição federal de 1988, trouxe diversas garantias constitucionais,

com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos fundamentais”. (FARIA, 2011, p.

40).

Às políticas públicas em favor do idoso tem inserido o mesmo no quadro

social buscando resgatar sua dignidade e direitos civis e sociais:

Com resultado chega-se a conclusão de que o “idoso” por ser uma pessoa humana deve ter assegurado seus direitos fundamentais: à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito, a convivência familiar e comunitária. (art.3º). (SILVA, 2007, p.163).

O Estado brasileiro segundo Camarano (2011) reconheceu a perca da

capacidade laborativa pela idade avançada como um risco social e estabeleceu as

políticas de previdência e assistência para garantir renda para aqueles que

perderam essa capacidade.

O BPC-LOAS, é um benefício da assistência social, integrante do SUAS,

pago pelo Governo Federal, cujo à operacionalização do reconhecimento do direito é

do INSS e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com

deficiência às condições mínimas de uma vida digna. (BRASIL, 1993).

Sobre o assunto Jaccoud (2011) salienta que complementando a política

de garantia de renda aos idosos, o Beneficio de Prestação Continuada (BPC), de

natureza assistencial, atende um número expressivo de idosos que não contam com

a proteção previdenciária.

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“É preciso assinalar, então que todos os idosos gozam de direitos

fundamentais inerente à pessoa humana para a preservação da sua saúde física e

mental seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social” (FERREIRA, 2012, p. 41).

A busca constante pela cidadania do idoso Reis (2007) enfatiza que ainda

se constitui num avanço a ser obtido, não há como ignorar que o idoso precisa

continuar exercendo suas escolhas e continuar sendo titular de direitos e deveres

perante a sociedade.

A Política Nacional do Idoso; Lei 8842/94 determina em dois artigos um reforço a Constituição de 1988: Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Art. 2º Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade. (BRASIL, 1994).

A Lei Orgânica da Assistência Social LOAS (8742/93), em seu capitulo I

artigo 2º, garante a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à

velhice;afirma a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa

com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria

manutenção ou de tê-la provida por sua família; e no artigo 10º garante ao idoso

políticas publicas e assistenciais voltadas para a saúde, habitação, trabalho ,

previdência social, educação,cultura, esporte e lazer. (BRASIL, 1993).

O Estatuto do Idoso no artigo 3º rege que:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder publico assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária, seguido do artigo 4º onde assegura que “Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligencia, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão será punido na forma da Lei. (BRASIL, 2003).

Com relação ao assunto, Rodrigues e Terra (2006, p. 13) firmam que:

“Esse Estatuto do Idoso foi uma grande conquista. O idoso começou a ser mais

respeitado e tratado com mais dignidade, mas ainda falta muito para esses 118

artigos sejam obedecidos.”

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21

A Lei 10741, de 1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do

Idoso, contempla os direitos da pessoa idosa com vistos, sobretudo, a dar mais

publicidade ao tema envelhecimento humana, proporcionando inserção social e

autonomia da pessoa idosa, que é um dever do Estado, da família e da sociedade

civil. (BERTTINELLI, 2008).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos DUDH em seu artigo 1º

proclama que: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com

espírito de fraternidade. No artigo 3º, Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à

segurança pessoal e no artigo 7º Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem

qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra

qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer

incitamento a tal discriminação. (ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS,

ONU, 1948).

2.5 O idoso e a violência na contemporaneidade

O envelhecimento populacional segundo Rodrigues e Terra (2006) é um

fenômeno novo na humanidade. É algo incontestável e inevitável, preocupa a todos

os governos, tanto dos Países desenvolvidos como dos Países em desenvolvimento.

Retomando o caminho do homem ate sua origem, percebe-se que a violência esteve presente em sua vida nas mais variadas formas, atravessou a Historia da humanidade; já foi estudada em quase todos os seus aspectos, como forma de sobrevivência, busca de poder, efeitos de um ideal totalista, causados por regimes tiranos e perversos, em resposta a um desequilíbrio social dos regimes capitalistas, em patologias, etc. É tão velha quanto o homem, está lá desde o inicio, também como figura da violência, como forma privilegiada na gênese. (MARTTA, 2011, p. 17).

O tema da violência segundo Cherrais (1981 apud MENDES 2004) se

confunde com a história dos homens desde seus primórdios e atinge a todos,

independentemente de classe social, cultura, raça e religião a que sujeito pertence.

É tempo de violência - o mundo esta dominado pela maldade humana,

miséria,felicidade,ignorância e orgulho – tudo esta levando ao homem viver na maior

era da maldade da nossa civilização. (ATAMA, 2009).

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22

“(...) Matar a distância ou torturar mediante interpostas pessoas ou

meios descriminaliza quem o faz. Isso talvez seja o que torne hoje a humanidade

mais violenta do que jamais foi.” (ARRITA 2000, p. 26).

A violência humana, onipresente no cotidiano contemporâneo segundo

Almeida (2010) ignora nossos esforços para mantê-la distante e invade nossas vidas

das mais diversas maneiras.

Para o equacionamento da questão da violência contra idosos, entre nós torna-se necessária a ação conjunta do Estado, da sociedade civil, das organizações comunitárias e dos grupos organizados e representativos da população idosa, tendo como ponto de partida a sua conscientização para a gravidade desse problema, já considerado de saúde pública. (PESSINI; BARCHIFORTANE, 2006, p.495).

Na percepção de Ianni (2002) a violência esta presente e evidente,

escondida e latente, em muitos lugares, nos mais diversos setores da vida social,

envolvendo individuas e coletividades, objetividades e subjetividades.

Na atualidade o tema da violência segundo Vasconcelos (2005, p. 39)-se

um desafio para vários segmentos da sociedade que busca compreender sua

diversidade: Às sociedades contemporâneas tem produzido e reproduzido cenas de violência, nas esferas publica ou privada, atingindo indiscriminadamente todos os segmentos sociais, fazendo destes um tema central para Cientistas Sociais e cidadãos comuns.

Martta (2011) afirma que podemos dar ao século XX um lugar de honra

nos anais da Historia, como o século dos horrores.

Segundo Correa (2009) a fase do envelhecimento faz parte da

contemporaneidade da sociedade mundial e ainda assim tende-se a ver o idoso um

ser do passado. É comum ouvir dizer que o idoso é alguém que vive de lembranças

remoendo e degustando anos que já se foram. Há ate um ditado popular dizendo que “

quem vive de passado é museu”, retratando idosos como museus ambulantes,

extemporâneos, situado em um tempo que não é o atual.

Para Strey (2004) a sociedade contemporânea mostra-se extremamente

permissiva em relação à violência. Ao mesmo tempo em que as relações humanas

se coisificam, tornando-se cada vez menos humanas, acostumamo-nos aos

crescentes atos de brutalidade cometidos contra adultos, idosos e crianças.

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23

Neste aspecto Almeida (2010) salienta que o processo educacional pode

ser considerado como uma forma de violência visto que ele procura ordenar e

adequar pulsões direcionando-as, organizando condutas e pensamentos, através da

ética, da moral, regras e normas, de modo a civilizar o sujeito para sua própria

preservação e convívio coletivo.

Ricos ou pobres, ativos ou com algum tipo de dependência, muitos idosos sustentam famílias, dirigem instituições e movimentam um grande mercado de turismo ao lazer, à cultura, aos produtos farmacêuticos ou estéticos e a assistência medica e social. Amar, respeitar e contar com os idosos e requisito imprescindível de uma sociedade inclusiva e saudável. (MINAYO, 2005, p. 42).

2.6 O papel do Assistente Social no enfrentamento da violência contra o idoso

“Todas as formas de vida social são parcialmente constituídas pelo

conhecimento que os atores têm delas.” (GIDDENS, 1991, p.39).

São princípios da LOAS, Art. 4º: I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. (BRASIL, 1993).

“Portanto, penso que o Serviço Social pode produzir “seus

conhecimentos” quando estes representarem a objetivação própria da sua pratica

profissional.” (MARTINELLI, 1995, p. 155).

Assim sendo, a recorrência à teoria de acordo com Mendes (2004) não

pode existir sem a necessidade da intervenção prática, ou seja, o assistente social

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24

precisa investir em seu próprio teórico-prático para estimular uma relação critico

criadora com a realidade e com as demandas inicialmente apontadas por ela.

Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Em fim, ser um profissional propositivo e não só executivo. (IAMAMOTO, 2000, p.20).

A PNAS tem em seu conteúdo o Sistema Único de Assistência Social

SUAS que é material prático teórico do Assistente Social para desenvolver suas

ações na área da assistência, conforme elucida Rodrigues e Terra (2006, p. 90):

A Política Nacional de Assistência Social é contemplada pela criação do Sistema Único de Assistência Social -SUAS- que é um sistema publico não contributivo, descentralizado e participativo que tem por função a gestão do conteúdo especifico da Assistência social no campo da proteção social brasileira.

Segundo Yazbek (2012) A Constituição e a Loas estabelecem uma nova

matriz para a Assistência Social no país, iniciando um processo que tem como

perspectiva torná-la visível como política pública e direito dos que dela

necessitarem. A inserção na Seguridade aponta também para seu caráter de política

de proteção social, voltada para o enfrentamento da pobreza e articulada a outras

políticas do campo social voltadas para a garantia de direitos e de condições dignas

de vida.

O Código de Ética do Assistente Social em seu artigo 4º, incisos I ao III

cita que: Constituem competências do Assistente Social:

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população. (BRASIL, 1993)

Conforme Minayo (2003) em qualquer política de prevenção e atenção à

violência contra os idosos, atualmente, precisa-se considerar as diferentes formas

de configuração do problema. Devem ser objeto de atenção: políticas públicas que

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redefinam, de forma positiva, o lugar do idoso na sociedade e privilegiem o cuidado,

a proteção e sua subjetividade, tanto em suas famílias como nas instituições, tanto

nos espaços públicos como nos âmbitos privados.

Considerando que o profissional assistente social vem trabalhando em equipe multiprofissional, onde desenvolve sua atuação, conjuntamente com outros profissionais, buscando compreender o indivíduo na sua dimensão de totalidade e, assim, contribuindo para o enfrentamento das diferentes expressões da questão social, abrangendo os direitos humanos em sua integralidade, não só a partir da ótica meramente orgânica, mas a partir de todas as necessidades que estão relacionadas à sua qualidade de vida. (BRASIL, 2009).

“Nós, Assistentes Sociais, que vivemos continuamente a questão da

exclusão e a inclusão da exclusão, trabalhamos continuamente com a diferença.”

(MARTINELLI, 1995, p. 76).

Considerando que os profissionais da Saúde, da Assistência Social e do

Direito segundo Pessini e Barchifontaine (2006) são os mais envolvidos com a

ocorrência de situações de violência, torna-se fundamental sua capacitação para

identificação, intervenção e prevenção dessas situações.

Em relação aos maus tratos (suspeita ou confirmação) contra o idoso,

serão obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde aos órgãos

competentes, entre eles: autoridade policial, Ministério Publico, Conselho municipal

do Idoso, Conselho Estadual do Idoso ou Conselho Nacional do idoso. (FERREIRA

2012).

“O assistente social é um profissional que tem como objeto de trabalho a

questão social com suas diversas expressões, formulando e implementando

propostas para seu enfrentamento, por meio das políticas sociais, públicas,

empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.” (Piana,

2009, P.86)

Desde 1993 com a promulgação da Lei LOAS de nº 8742 de dezembro

daquele ano, que o Assistente Social passou a ser uma política pública.

(RODRIGUES; TERRA 2006)

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26

2.7 O CIAPREVI e a violência contra a pessoa idosa

Dentre outros destacáveis órgãos de proteção ao direito da pessoa idosa

em pleno funcionamento na Capital Cearense, os quais dignamente merecem

citação como CIAPREV e o CREAS, releva-se foco principal, por conhecimento

melhor de atuação, do Ministério Público do Estado do Ceará, por meio de suas

Promotorias especializadas do Idoso. (UNICRED, 2012. P.153).

Segundo a STDS (2009) o CIAPREVI é um órgão que tem por: Objetivo − Fornecer orientação jurídica, psicológica e social ao idoso e sua família e desenvolver ações de prevenção à violência; − Capacitar continuamente profissionais que lidam com a pessoa idosa.

Público Alvo − População idosa, familiares, profissionais, sociedade em geral e

órgãos de controle social. Área de Abrangência − Estado do Ceará Matriz Institucional − Secretarias de Estados e dos Municípios (de Saúde, Segurança

Pública, Assistência Social, Justiça e Cidadania)/Ministério Público/Comissões de Direitos Humanos das Assembléias Legislativas e das Câmaras Municipais/OAB/Delegacias Especializadas/Defensoria Pública/Conselhos de Direitos/Organizações não governamentais que representam as populações vulneráveis da sociedade, dentre outros.

Segundo informações da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento

Social o CIAPREVI Fortaleza veio para apoiar as denuncias contra idosos vitimas de

violência. Tendo sido inaugurado em 2009 com o objetivo de auxiliar idosos vítimas

dessa dura realidade, o Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência contra

a Pessoa Idosa (CIAPREVI), unidade da STDS, já registrou 2.360 denúncias até

maio último. A média mensal de atendimentos fica em torno de 500 casos. (STDS,

2009).

Como afirma a edição do Jornal Tribuna do Ceará (2012) o CIAPREVI

atende casos de violência psicológica, financeira, física e sexual, além de casos de

negligência, abandono e auto negligência por meio dos serviços jurídico, social,

psicológico e terapêutico. A unidade recebe denúncias por meio por telefone, pela

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Ouvidoria do Estado, no número 155; e da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República.

Segundo o Observatório Nacional do Idoso: Os Centros Integrados de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa, implantados em vários Estados do Brasil, integram a Rede Nacional de Defesa de Direitos e Proteção da Pessoa Idosa. Sua criação é uma iniciativa da Secretaria Especial de Direitos Humanos/SEDH da Presidência da República, através da Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos como uma das estratégias de ação do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência e Maus-Tratos contra a Pessoa Idosa. Estão vinculados a instituições governamentais e não-governamentais, com avaliação e monitoramento de suas ações realizados pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli – CLAVES/ENSP/FIOCRUZ em parceria com a SEDH. (BRASIL, 2008).

O Observatório funciona como um espaço permanente e interativo de

intercâmbio de informações entre as equipes dos Centros de Atenção e Prevenção a

Violência contra a Pessoa Idosa e demais usuários. Estes centros oferecem serviços

de prevenção e apoio os idosos vitimas de violência e maus-tratos. Atualmente,

estão em funcionamento 18 Centros no país desenvolvendo diversas atividades de

atenção aos idosos em situação de violência contra o idoso. (BERNSTEIN, 2013).

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3 METODOLOGIA

De acordo com Gildo (2005) a metodologia quer dizer o estudo do

caminho e método científico designa a estrutura da parte do processo do

conhecimento em que são elaboradas e testadas hipóteses que dizem respeito às

ciências.

A pesquisa direta de campo, descritiva, de natureza qualitativa aqui

abordada envolve a violência contra a pessoa idosa, e para tal foi aplicado

questionários, além de entrevistas para consolidação dos objetivos que envolve a

área do curso, ou seja, Ciências Sociais Aplicada.

3.1 Tipo de pesquisa

O Centro Integrado de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Pessoa

Idosa (CIAPREVI) é um campo de grande diversidade para uma investigação

quantitativa e qualitativa, pois há uma grande procura por parte da população idosa

por este serviço, gerando uma intensa relação entre os profissionais que

acompanham os pacientes. Esta interação permite diferentes percepções e

conclusões a respeito dos aspectos que estão sendo submetidos à avaliação.

Sendo assim, a pesquisa realizada foi de natureza qualitativa, exploratória

e transversal para a elaboração do estudo. Além da pesquisa bibliográfica

consultada em livros, revistas, Leis, artigos científico etc.

3.2 Amostragem

A pesquisa foi realizada no CIAPREVI, localizado na Rua Idelfonso

Albano, 725, no Bairro da Aldeota em Fortaleza-Ce, no mês de outubro de 2013,

após obter a permissão da STDS (Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social)

setor de média complexidade e autorizada pela responsável do setor, resposta de

um ofício enviado em setembro de 2013. Para tanto foram entrevistados 03 profissionais que atuam no órgão

sendo: a Coordenadora, a Assistente Social e um Advogado.

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3.3 Estrutura dos questionários aplicados

Para obter as informações relacionadas ao objeto da pesquisa foram

utilizados questionário semi-estruturado para coleta de dados direcionados a

Coordenadora do CIAPREVI, Assistente Social e ao Advogado (Apêndices A, B e C,

respectivamente). Durante a entrevista usou-se gravador para sistematizar as

respostas.

Foram incluídos na pesquisa assuntos sobre idosos que sofreram

violência, os tipos de violências, as causas da violência o perfil do agressor e outros

relatos dos profissionais entrevistados que trabalham no CIAPREVI.

Foram excluídos da pesquisa assuntos que não diziam respeito à

violência contra o idoso.

3.4 Ética e pesquisa

No Brasil, os aspectos éticos envolvidos em atividades de pesquisa que

envolvam seres humanos estão regulados pelas Diretrizes e Normas de Pesquisa,

através da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, estabelecida em

outubro de 1996. (GOLDIM, 2005).

Os profissionais da pesquisa foram informados sobre os procedimentos e

metodologia após concordância da STDS, resultado de um ofício solicitando

permissão, realizaram-se as perguntas. Esta pesquisa foi submetida ao comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade Terra Nordeste, sendo aprovado, conforme Anexo

A.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa são apresentados de forma sistemática, de

acordo com os entrevistados, elencados a seguir:

4.1 Resposta da entrevista realizada com a coordenadora do CIAPREVI

1. Qual sua visão sobre o Serviço Social no atendimento à pessoa idosa?

A coordenadora respondeu que:

Não existem políticas publicas que dirijam atenção à pessoa idosa da forma que ela necessita e cabe ao Serviço Social estimular ao idoso a ir buscar seus direitos e que tenham conhecimentos da existência dos mesmos, embora exista legislações direcionadas ao idoso sozinhas não fazem nada é preciso que alguém vá em busca da efetivação deste direito e este conhecimento pode ser orientado pelo Assistente Social.

Como salienta Iamamoto (2000), o desafio para o Assistente Social

efetivar direitos conforme se apresenta a demanda, o profissional deve ser

propositivo e não somente executivo.

2. Qual a contribuição do Assistente Social neste trabalho?

Sobre o assunto a coordenadora do CIAPREVI respondeu que: “O

Assistente Social contribui na reflexão, no conhecimento do contexto do idoso para

buscar seus direitos.”

Conforme Minayo (2003) em relação a violência contra o idoso é preciso

identificar o problema para buscar políticas públicas que direcionem ao idoso seus

direitos sociais em relação a família e a cidadania.

3. Qual o papel do gestor para contribuir com o atendimento no suporte?

“É preciso ajudar a fluir o trabalho para que sejam dadas respostas

positivas as demandas que chegam ao CIAPREVI, o trabalho é também de

responsabilidade do gestor, salientou a Coordenadora.”

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O Estatuto do Idoso em seu artigo 3º assegura que é obrigação da

família, do Estado, da comunidade e da sociedade garantir ao idoso, direitos

Constitucionais e no artigo 4º alerta para que nenhum idoso seja vítima de qualquer

forma de violência, pois será punido e sujeito à pena de reclusão a violação deste

Estatuto. (BRASIL, 2003).

4 Qual o tipo de violência tem maior frequência nos atendimentos?

Segundo a coordenadora do CIAPREVI, os casos que tem mais

atendimento na Instituição são: “negligência, financeira sendo a psicológica a que

ultrapassa todos os patamares, pois são a primeira violência cometida dando

segmentos as outras.”

Dados obtidos no CIAPREVI sinalizam que de fevereiro de 2009 até

setembro de 2011 os atendimentos das denuncias são: psicológico (37%), financeiro

(25%), negligencia (17%), física (16%), abandono (3%), auto-negligência (2%) e

sexual (0%), conforme Tabela 1.

Tabela 1 -- Denúncias recebidas entre fevereiro de 2009 a setembro de 2011

Tipo de denuncia Total

Psicológica 466 (37%)

Financeira 323 (25%)

Negligência 220 (17%)

Física 207 (16%)

Abandono 39 (3%)

Auto negligência 26 (2%)

Sexual 0 (0%)

Total 1.293

Conforme o documento de Política Nacional de Redução de Acidentes e

Violências do Ministério da Saúde no que se refere à tipologia, as violências contra a

pessoa idosa são consideradas como dominantes os tipos de violência acima

citadas. (BRASIL, 2001).

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5 Qual a importância do trabalho multidisciplinar na violência contra a pessoa

idosa?

Quanto à importância do trabalho multidisciplinar a coordenadora do

CIAPREVI respondeu que: É necessário, pois existe a divisão de tarefas para haver mais eficácia nos atendimentos, um profissional complementa ao outro, trabalham em equipe e, as vezes existem casos que precisam da presença dos três profissionais (Coordenadora, Assistente Social e Advogado).

Conforme resolução 557/09 do CFESS estabelece que o Assistente

Social inserido na equipe multidisciplinar desenvolve seu trabalho com maior

resolução, pois a totalidade do ser exige várias formas de interpretação onde é

inserido o estudo de outros profissionais para que assim o Assistente social em

conjunto com a equipe consiga uma resposta para o enfrentamento da questão

social apresentada no trabalho. (BRASIL, 2009).

6 Qual a maior dificuldade para enfrentar demandas desta Instituição?

Em relação à maior dificuldade para enfrentar demandas na instituição a

coordenadora do CIAPREVI salientou que:

Existe uma grande demanda para uma pequena rede de atenção, grande demandas aguardando resoluções do ministério público, dificuldades de internação com idosos auto-negligentes, dificuldades de realizar visitas para averiguação de denuncias que envolve idosos com maior poder aquisitivo tornando-se um desafio para o assistente social e outros profissionais do CIAPREVI.

Como afirma Mendes (2004) a recorrência à teoria não pode existir sem a

necessidade da intervenção prática, ou seja, o Assistente Social precisa investir em

seu próprio teórico-prático para estimular uma relação critico-criadora com a

realidade e com as demandas inicialmente apontadas por ela.

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7 Qual a importância da criação do CIAPREVI para os idosos vitima de violência?

Em relação à importância da criação do CIAPREVI para os idosos vitimas

de violência a coordenadora informou que:

A criação do CIAPREVI que foi de grande importância e veio para atender a expectativa da pessoa idosa, por ser um órgão que trata especificamente o idoso sendo diferente do CREAS que tem um atendimento misto envolvendo demandas de várias categorias.

Segundo a STDS (2009) o CIAPREVI é um órgão que tem por objetivo

assistir à família e ao idoso, vítima de violência e capacitar aos profissionais que

trabalham na questão da violência, tem como publico alvo o idoso e a família e

envolve profissionais, sociedade e órgãos de controle social para a realização de

seu trabalho.

8 O CIAPREVI atende demandas de outros municípios?

Segundo a Coordenadora: o CIAPREVI atende demandas de outros

municípios do Estado do Ceará, mas o faz com muitas dificuldades e quando recebe

denuncias encaminha para o CREAS do local da origem da denúncia.”

Conforme STDS (2009) o CIAPREVI atende toda área de abrangência do

Estado do Ceará envolvendo as Secretarias do Estado e dos Municípios Cearenses

(Saúde, Segurança Pública, Assistência Social, Justiça e Cidadania) para atender

causas dos idosos vitimas de violência.

9 Quantos atendimentos foram realizados de fevereiro de 2009 a setembro de

2011?

Segunda a Coordenadora do CIAPREVI (Tabela 2): Os atendimentos de

denuncias realizados de Janeiro a setembro de 2013 foram aproximadamente

oitocentos e oitenta casos sendo psicológico seguido de negligência os mais graves.

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Tabela 2 - Denúncias realizadas de Janeiro a setembro de 2013

Meses Total de denuncias

Janeiro 87

Fevereiro 90

Março 112

Abril 98

Maio 120

Junho 73

Julho 71

Agosto 120

Setembro 105

Total 876 Fonte: CIAPREVI, (2013).

Figura 1 - Denúncias realizadas de Janeiro a setembro de 2013

Fonte: CIAPREVI, (2013).

10 Quais os casos mais graves?

Com relação aos casos mais graves, a coordenadora do CIAPREVI

informou que são os psicológicos (37%), seguido pelos financeiros (25%),

negligencia (17%) e agressão física (16%).

0 50 100 150

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Total de denuncias

Total de denuncias

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4.2 Resposta da entrevista realizada com a Assistente Social do CIAPREVI

1 Qual a importância do Assistente Social no enfrentamento a violência contra o

idoso?

Ao entrevistar a Assistente Social sobre a importância do seu trabalho em

relação à violência contra a pessoa idosa a mesma respondeu que: Tenho a mesma visão da coordenadora do CIAPREVI que é primordial o meu papel junto à família e ao idoso por ser uma profissional apta a tratar as questões sociais, que trabalha em equipe para desenvolver soluções que as demandas exigem.

Dessa forma, o trabalho junto à família e ao idoso é de fundamental

importância por ser a assistente social uma profissional preparada para providenciar

resoluções da forma como a demanda que esta resolvendo exija.

Como afirma Pessini e Barchifontaine (2006), os profissionais da saúde,

da assistência social e do Direito estão mais próximos dos casos que envolvem

violência, desta forma é de fundamental importância a capacitação dos mesmos

para identificação, intervenção e prevenção conforme suas atribuições.

2 Quais as dificuldades que o Assistente Social enfrenta para solucionar as

demandas nesta instituição?

Quanto às dificuldades enfrentadas para solucionar as demandas a

Assistente Social enfatizou que: Concorda com a afirmativa da Coordenadora e que a problemática é solicitar o tratamento da questão e a articulação pelas redes sóciassistenciais, pois a resposta depende da rede. A outra dificuldade é em relação à família quando o agressor faz parte é difícil que o mesmo venha comparecer e ainda tem o idoso auto negligente que é vitima de agressão e quando parte de um membro da família o mesmo nega que foi agredido para não comprometer seu agressor, ainda existe idoso que é vitima de violência, mas acha que não é, pois para o mesmo a violência resume-se somente em agressão física e quando sofre outro tipo não reconhece que foi agredido.

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Nesse caso, as redes sócio assistenciais devem trabalhar juntamente

com o CIAPREVI para facilitar a efetivação de direitos e as resoluções das

demandas direcionadas as mesmas, a família quando o agressor é membro deve se

conscientizar que é necessário a formulação da denúncia e a punição do agressor e

ainda o próprio idoso deve ter conhecimento das formas de agressões.

A reação dos idosos em relação aos maus tratos vai depender da forma

como o mesmo interpretou por tanto é preciso à conscientização dos tipos e formas

de tratamento que condiciona o ato de violência. (MENDES, 2004).

3 Qual o papel do Assistente Social nos atendimentos?

Quanto ao papel do Assistente Social nos atendimentos: a Assistente

Social salientou que: “A Assistente Social é responsável pela formalização da

denúncia, faz a visita, procura o agressor, faz o encaminhamento e o

acompanhamento da questão.”

Dessa forma a Assistente Social tem um papel de fundamental

importância, por ser ela conhecedora do caso em sua essência e formuladora de

providencias conforme a denúncia, podendo aplicar sua instrumentalidade da

maneira que está sendo necessitada.

Sobre o assunto Andresa Lopes dos Santos – Assistente Social da

Prefeitura Municipal de Diadema no Conselho Federal de Serviço Social CFESS

afirma que: “... O Assistente Social contribui para a promoção e defesa dos idosos com a participação em conselhos de direito, fóruns e demais espaços de discussão da temática. Realizamos o resgate da condição de sujeito diante da situação apresentada e a inclusão da família na reflexão dos encaminhamentos direcionados.” (BRASIL 2008/2011. p.41).

4 Qual tipo de violência tem maior frequência nos atendimentos?

Os tipos de violência que tem mais frequência segundo a Assistente

Social são os mesmos citados pela coordenadora, ou seja: psicológico (37%),

financeiro (25%), negligencia (17%), física (16%)

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São violências praticadas contra o idoso que se manifesta como um

fenômeno em nossa sociedade, conforme a Política Nacional de Redução de

Acidentes e Violências do Ministério da Saúde (2001).

5 Quais as necessidades e responsabilidades do Estado nos casos de cuidados

para evitar a violência contra o idoso?

Sobre as responsabilidades do Estado. a Assistente Social respondeu

que: “O mesmo tem obrigação principalmente em relação aos abrigos, à saúde

também em relação à medicação acha que o idoso é negligenciado pelo Estado

quando o mesmo se omite e coloca a responsabilidade em outras instituições.”

Dessa forma o Estado é responsável pela efetivação dos direitos

fundamentais que constam na Constituição Brasileira de 1988 e faz-se omisso

direcionando suas responsabilidades a outras instituições.

Conforme Berttinelli (2008), O Estatuto do idoso contempla os direitos

buscando dar prioridade ao envelhecimento, indo ao encontro de formas de inserção

social e resgate de autonomia do idoso que atribui também como dever do Estado.

6 Quais as principais causas da violência?

Em relação às principais causas de violência a Assistente Social informou

que: As drogas, auto negligência, o estresse do cuidador, a omissão de aceitar a denúncia para proteger o agressor quando o mesmo é um parente próximo e quando o idoso é o provedor do lar, são uns dos principais fatores que causam a violência.

Entre outras causas as mais visíveis estão ligadas a dependência

química, a atitude do cuidador e ao próprio idoso que muitas vezes é conhecedor da

violência da qual foi vitima, mas por temer uma violência maior silencia frente a

denúncia.

Como afirma Grinberg (1999) Muitos idosos sentem vergonha de

denunciar ou confirmar a denúncia por envergonhar-se, se torna em uma situação

pior, sofrer negligência e muitos morrem com o silêncio, levando consigo a

agressão. Costa (2003) salienta que entre os fatores que predispõe o idoso a

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violência estão presentes o abuso de álcool ou drogas pelo idoso ou cuidador e

devem ser fatores que merecem ser observados para que se evite a violência.

7 Qual o perfil do agressor?

Quanto ao perfil do agressor foi respondido que em sua maioria são

filhos, netos e outros. Conforme tabela 3:

Tabela 03 - Perfil do agressor

Agressor %

Filho 56%

Outro familiar 16%

Neto 11%

Outros 5%

Vizinho 4%

Não consta 4%

O próprio 3%

O poder público 1% Fonte: CIAPREVI, (2013).

Conforme dados fornecidos pelo CIAPREVI, (2013) o agressor esta

presente em sua maioria na figura do filho, seguido por outros parentes e pessoas

mais próximas que poderiam ser seu protetor, tornam-se seu algoz.

8 O trabalho multidisciplinar é importante no que diz respeito à violência contra a

pessoa idosa?

Em relação ao trabalho multidisciplinar a Assistente Social afirmou que: o

trabalho em equipe facilita a resolução da demanda inerente da situação, pois assim

cada profissional desempenha seus conhecimentos.

“Todos somos trabalhadores, lutamos por causas comuns e das

diferenças de nossas profissões é que devem brotar as possibilidades!”

(MARTINELLI, 1995, p.150).

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9 Qual o grau de escolaridade do idoso atendido?

Quanto ao grau de escolaridade a Assistente Social respondeu que: “Os

idosos de classe C e D, são os que mais sofrem violência por não terem nem o

ensino fundamental um.”

Sendo as classes C e D idosos que não tiveram efetivado o direito a

educação, ficando dessa forma desfavorecido de conhecimentos que os façam

perceberem que estão sendo negligenciados.

10 Qual tipo de sexo e idade sofre mais agressão?

Sobre o assunto a Assistente Social informou que: O tipo de sexo que

sofre mais agressão é o feminino, com a idade entre setenta e setenta e nove anos.

O sexo feminino está vulnerável a agressão pela própria fragilidade do corpo e

tratando-se de idosa acima de setenta anos a mesma fica desprotegida e ainda mais

fragilizada.

Conforme Minayo (2005) a população idosa abaixo de 70 anos

tradicionalmente tem vida ativa, trabalha e provoca menos dependência em relação

aos acima de 70 anos, pois eles ficam expostos a maior facilidade de violência por

terem um processo de envelhecimento mais avançado.

4.3 Resposta da entrevista realizada com o Advogado do CIAPREVI

1 Como é o atendimento com os idosos vítimas de agressão?

Ao entrevistar o advogado do CIAPREVI sobre seu atendimento com os

idosos vítimas de agressão o mesmo respondeu que: “Procuro fazer valer a Lei

10741/03, o Estatuto do Idoso para efetivar seus direitos fundamentados na Lei.”

Como afirma o artigo 4º do Estatuto do Idoso que nenhum idoso será

vítima de qualquer forma de violência podendo ser punido na forma da Lei quem

atentar contra seus direitos. (BRASIL, 1993).

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2 Quais os casos mais graves foram atendidos?

Quanto aos casos mais graves atendidos o Advogado do CIAPREVI

informou que: “A violência física é o mais recorrente.”

De acordo com Falcão (2006, p.176) “O abuso e os maus-tratos com o

idoso chegam a neveis catastróficos. Muitos sofrem agressões físicas, provocado

por mecanismos térmicos, químicos ou mecânicos.”

3 Quantos atendimentos foram realizados no ano de 2013?

Em relação ao total de atendimentos o Advogado do CIAPREVI salientou

que: “O total de atendimento em 2013 foi o mesmo mencionado pela coordenadora,

ou seja aproximadamente 876 atendimentos.”

4 Qual orientação é realizada com a família?

Na orientação que é realizada junto à família do idoso o Advogado do

CIAPREVI citou que: “Quando oriento as famílias, esclareço sobre os artigos 98 e 99

do Estatuto do Idoso, onde informam que é sujeito a pena de detenção os membros

da família que praticarem atos contra os idosos nos artigos citados.”

5 Para onde é encaminhado (a) o (a) agressor (a)?

Com relação ao agressor, o Advogado do CIAPREVI informou que:

“Quando identificado agressor, o mesmo é encaminhado ao Ministério Público para

providências.”

6 Qual o papel do Advogado nos atendimentos?

Em relação ao seu papel na instituição o Advogado do CIAPREVI

informou que:” Minha função no CIAPREVI é resguardar os direitos dos idosos

fazendo com que o Estatuto seja cumprido.”

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5 CONCLUSÃO

Conhecer a origem e causas da violência contra o idoso e seus direitos

fundamentais, conduz a analises e várias reflexões, tendo em vista sua relevância

no processo de humanização do cuidado do idoso. A violação dos direitos da pessoa

idosa repercute direta e negativamente na sua qualidade de vida. Nesse aspecto e baseado nas respostas das entrevistas com os

profissionais que acompanham as denúncias contra idosos no CIAPREVI,

apresentamos a conclusão em três partes, para um melhor entendimento, conforme

relato a seguir:

COORDENADORA DO CIAPREVI:

A visão do Serviço Social nos atendimentos sobre a violência contra o

idoso segundo a coordenadora é que:

− Não existem políticas públicas voltadas ao idoso da forma como o mesmo

necessita, o serviço Social de posse de suas atribuições e competências

estimula a busca pela efetivação destas políticas;

− A reflexão e o conhecimento sobre direitos da pessoa idosa são primordiais para

solucionar as demandas da instituição;

− É necessário trabalhar em equipe, o que possibilita conhecer o problema, facilitar

o acesso e buscar responder as demandas que chegam a instituição;

− A denúncia que tem maior frequência é a psicológica por ser o primeiro ato

praticado contra o idoso dando continuidade as demais.

− O trabalho multidisciplinar divide tarefas e permite que os profissionais troquem

conhecimentos para solucionar as demandas.

− As redes sócio assistenciais, a falta de consciência do idoso para aceitar que

sofre violência e a família que dificulta em determinados casos a comprovação

da denúncia são as maiores dificuldades para enfrentar as demandas da

instituição.

− As demandas de todo o Estado do Ceará contra a pessoa idosa são enviadas ao

CIAPREVI e a falta de acessibilidade faz com que o mesmo encaminhe para o

CREAS do município que originou a denúncia para devidas providencias.

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− Nos meses de janeiro a outubro de 2013 foram atendidos aproximadamente 800

casos sendo a violência psicológica seguida da negligencia as dominantes da

estatística.

RESPOSTAS DA ASSISTENTE SOCIAL DO CIAPREVI

A visão do Serviço Social nos atendimentos sobre a violência contra o

idoso segundo a Assistente Social é que:

− A importância do Assistente Social em relação ao enfrentamento da violência

contra o idoso é primordial junto à família e ao idoso, pois a profissional tem o

preparo para tratar demandas pertinentes a essa população;

− A função do Assistente Social nos atendimentos é de formular denúncias, visitar

o local da origem, procurar o agressor, oficializar a denúncia, encaminhar para o

órgão competente e acompanhar o caso;

− Quanto às necessidades e responsabilidades do Estado para evitar a violência

se concluiu que o mesmo deve disponibilizar acesso à saúde e proteção social

assumindo suas responsabilidades constitucionais sem atribuir competências

suas a outros órgãos;

− As principais causas da violência contra o idoso são as drogas, a não

conscientização do idoso, o estresse do cuidador, a proteção do idoso ao seu

agressor e a responsabilidade do idoso em relação às finanças do lar;

− O perfil do agressor aparece nos filhos, outros familiares, o próprio idoso e o

poder público.

− Os idosos que sofrem mais violência são os de baixa escolaridade, por fazerem

parte de uma classe social que não teve acesso a educação; e,

− O sexo feminino com a idade entre 70 e 79 anos estão mais vulneráveis a

agressão.

RESPOSTAS DO ADVOGADO DO CIAPREVI

A visão do Serviço Social nos atendimentos sobre a violência contra o

idoso segundo o Advogado do CIAPREVI é que:

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− O Advogado deve fazer valer o Estatuto do Idoso faz parte do atendimento do

advogado no CIAPREVI, pois desta forma efetiva direitos constitucionais

direcionados ao idoso;

− A violência física foi o caso mais grave que exigiu mais atenção do advogado;

− O esclarecimento sobre os artigos 98 e 99 do Estatuto do Idoso que punirá com

detenção os membros da família que praticarem a violência faz parte da

orientação realizada pelo advogado junto a família; e,

− Resguardar os direitos do idoso.

Diante desse cenário de reflexões acerca da violência em sua forma

direcionada ao idoso, percebe-se que programas como o do CIAPREVI de

promoção da saúde, efetivação de direitos e qualidade de vida do idoso são cada

vez mais requeridos em face das demandas crescentes do envelhecimento

populacional. É claro a necessidade de continuidade em investimentos, tanto

públicos quanto privados, no desenvolvimento de ações abrangentes dos cuidados

do idoso, onde os desafios do assistente social para a ampliação das práticas de

combates a violência contra a pessoa idosa permeiam a promoção do

envelhecimento saudável como um tema em evidência na atualidade. Neste sentido

de novo olhar, visualiza-se a educação, a conscientização da pessoa idosa acerca

de seus direitos, o trabalho em equipe multidisciplinar a execução das políticas

públicas relativas ao tema aqui abordado como medidas preventivas e curativas do

combate a violência contra a pessoa idosa.

Nesse contexto, os cuidados direcionados ao idoso figuram como modelo

de assistência integrada e multiprofissional, buscando evitar que os últimos dias do

ser humano que biologicamente é o envelhecimento se convertam em dias

saudáveis, com cidadania e promoção social, oferecendo um tipo de cuidado

apropriado às suas necessidades.

Diga-se, ainda, que os cuidados e efetivações dos direitos da pessoa

idosa, como modelo de abordagem centrado no que foi violado, tendo como foco o

conforto físico e espiritual, respeito por seus valores e suas preferências,

promovendo a autonomia na tomada de decisões, através da disponibilização de

informação clara e compreensível ao mesmo e a seus familiares.

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APÊNDICE A - Questionário aplicado à Coordenadora

1. Qual sua visão sobre o Serviço social no atendimento a pessoa idosa?

2. Qual a contribuição do assistente social neste trabalho?

3. Qual o papel do gestor para contribuir com o atendimento no suporte?

4. Qual o tipo de violência tem maior frequência nos atendimentos?

5. Qual a importância do trabalho multidisciplinar na violência contra a pessoa

idosa?

6. Qual a maior dificuldade para enfrentar demandas desta Instituição?

7. Qual a importância da criação do CIAPREVI para os idosos vitima de

violência?

8. O CIAPREVI atende demandas de outros municípios?

9. Quantos atendimentos foram realizados de janeiro a outubro de 2013?

10. Quais os casos mais graves?

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APÊNDICE B - Questionário aplicado à Assistente Social

1. Qual a importância do assistente social no enfrentamento a violência contra o

idoso?

2. Quais as dificuldades que o assistente social enfrenta para solucionar as

demandas nessa instituição?

3. Qual o papel do Assistente Social nos atendimentos?

4. Qual tipo de violência tem maior frequência nos atendimentos?

5. Quais as necessidades e responsabilidades do Estado nos casos de cuidados

para evitar a violência contra o idoso?

6. Quais as principais causas da violência?

7. Qual o perfil do agressor?

8. O trabalho multidisciplinar é importante no que diz respeito a violência contra a

pessoa idosa?

9. Qual o grau de escolaridade do idoso atendido?

10. Qual tipo de sexo e idade sofre mais agressão?

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APÊNDICE C- Questionário aplicado ao Advogado

1. Como é o atendimento com os idosos vitimas de agressão?

2. Quais os casos mais graves foram atendidos?

3. Quantos atendimentos foram realizados no ano de 2013?

4. Qual orientação é realizada com a família?

5. Para onde é encaminhado (a) o (a) agressor (a)?

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ANEXO A – Parecer do comitê de ética da FATENE

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP/FATENE Protocolo CEP/FATENE-CE NO 11/2013. Projeto: Pesquisador: Lucia de Fátima da Silva Parente Orientador: Luís de França Camboim Neto Instituição: Faculdade Terra Nordeste Objetivos: Geral: avaliar a violência contra o idoso e os desafios para o profissional de Serviço Social Específicos: investigar o principal motivo da pratica da violência, analisar o papel do Assistente Social frente a esta questão e verificar se o cuidador do idoso é o principal responsável pela violência. Sumário: A violência contra a pessoa fato que está presente em nossa sociedade torna-se um desafio para o profissional de Serviço Social. A violência está inserida em nossa sociedade, tomando espaço e atingindo principalmente as classes mais vulneráveis e estando a pessoa idosa fazendo parte desta estatística. Para tanto, com o objetivo de avaliar a violência contra o idoso e os desafios para o profissional de Serviço Social em busca de soluções para o controle e prevenção dessa questão social, enfrentando desafios apresentados de várias formas e também com o objetivo de investigar o principal motivo da pratica da violência, analisar o papel do Assistente Social frente a esta questão e verificar se o cuidador do idoso é o principal responsável pela violência, foi realizada esta pesquisa. Para o desenvolvimento da pesquisa foram entrevistados três profissionais (uma Coordenadora, uma Assistente Social e um Advogado) do CIAPREVI (Centro Integrado de Atenção e Prevenção Contra a Pessoa Idosa) em Fortaleza, Ceará onde se constatou que a presença da violência não somente na sociedade como também no seio familiar assume características próprias mesmo compreendendo que o idoso tem seus direitos assegurados por lei. Considerações: O Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Terra Nordeste, dentro das normas que regulamentam a pesquisa em seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde - Ministério da Saúde/ Resolução n°196 de 10 de outubro de 1996 considerou o projeto Aprovado, na reunião do dia 22 de novembro de 2013. Esclarecemos sobre a obrigatoriedade do envio do relatório final da pesquisa ao CEP/FATENE, assim como da comunicação de qualquer alteração no desenvolvimento do referido projeto.

Fortaleza, 22 de novembro de 2013.

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