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FACULDADES CEARENSE-FAC GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS AUDITORIA INDEPENDENTE COMO FORMA DE TRANSPARÊNCIA NO TERCEIRO SETOR Paula Roberta dos Anjos Tavares Orientação: Profa. Monica Valesca Veras Machado Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Cearense-FAC como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação da Profa. Monica Valesca Veras Machado. FORTALEZA - CE 2014

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FACULDADES CEARENSE-FAC

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

AUDITORIA INDEPENDENTE COMO FORMA DE TRANSPARÊNCIA NO

TERCEIRO SETOR

Paula Roberta dos Anjos Tavares

Orientação: Profa. Monica Valesca Veras Machado

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso

de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade

Cearense-FAC como pré-requisito para obtenção do

título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob

orientação da Profa. Monica Valesca Veras Machado.

FORTALEZA - CE

2014

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AUUDITORIA INDEPENDENTE COMO FORMA DE TRANSPARÊNCIA NO

TERCEIRO SETOR

Paula Roberta dos Anjos Tavares

Mônica Valesca Veras Machado

RESUMO

A ausência do Estado tem ocasionado o aumento do número de entidades do terceiro setor.

No meio de muitas sociedades, há aquelas que não cumprem a sua finalidade. As instituições

sérias estão preocupadas em se diferenciar das ilícitas. A auditoria é uma importante ajuda na

certificação dessas unidades junto à sociedade. A auditoria independente pode auxiliar essas

unidades para o convencimento da sociedade e demais interessados, através da ratificação dos

dados apresentados e sugestões de melhoria. Percebe-se a importância da auditoria externa na

credibilidade junto à sociedade, além de transparência nas ações com os seus mantenedores e

administradores. Este estudo aborda os benefícios da auditoria externa para a transparência

das unidades do terceiro setor. Para objetivar a pesquisa, um estudo de caso foi realizado, com

as instituições de apoio à UFC com auxílio de questionários respondidos pelos gestores

responsáveis da entidade. Dentre as inúmeras sociedades do terceiro setor que estão surgindo,

as instituições corretas, procuram maneiras de se manter na sociedade. Esse artigo possui

como objetivo geral, analisar a importância da auditoria externa, como forma de transparência

no terceiro setor. Será verificada que a auditoria externa é uma excelente ferramenta de gestão

para a permanência e melhoria das instituições do terceiro setor.

Palavras-chave: Auditoria independente. Terceiro Setor. Transparência.

ABSTRACT The absence of the rule has caused an increase in the number of third sector entities . In the midst of many societies , there are those who do not fulfill their purpose . Serious institutions are concerned to differentiate illicit . The audit is an important aid in the certification of these units in the society . The independent audit can help these units to be convinced of the society and other stakeholders through the ratification of the data and suggestions for improvement . Realizes the importance of the external audit credibility in society , and transparency in the actions with their maintainers and administrators . This study discusses the benefits of the external audit for the transparency of the third sector units . To objectify research, a case study was conducted with the support institutions UFC with the aid of questionnaires completed by the responsible managers of the numerous societies entidade.Dentre third sector that are emerging , the right institutions , seeking ways to keep in sociedade.Esse article has as a general objective to analyze the importance of the external audit , as a form of transparency in the third setor.Será verified that the external audit is an excellent management tool for improving the permanence and third sector institutions .

Keywords: Independent audit. Third Sector. Transparency.

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Referencial teórico. 3. Aplicabilidade.

4. Metodologia. 5. Conclusão. 6. Referências Bibliográficas.

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade civil é dividida em três setores: O primeiro setor, sendo o público, é

formado pelo Estado e possui como papel fundamental cuidar da sociedade, através de ações

que proporcionem saúde, educação, segurança e condição econômica de sobrevivência para a

população em geral. O setor privado, como segundo setor, é formado pelo mercado, visa o

lucro, ou seja, benefício pessoal. O terceiro setor é composto por instituições da sociedade

civil que não possui fins lucrativos, visa o bem estar comum.

De acordo com reportagens publicadas na Revista Época nº816 e 831 em 2014,

demonstram que o Estado tem se mostrado ausente na execução do seu papel, de proporcionar

aos cidadãos os aspectos mínimos para uma vida digna em sociedade, enquanto o mercado

privado investe no lucro nas suas próprias atividades. Dessa forma, tem-se multiplicado o

número de entidades que atuam nas deficiências estatais e privadas.

Dentre as inúmeras sociedades sem fins lucrativos há aquelas, que não possuem

compromisso com os seus mantenedores, que realizem desvio de verbas, além de não cumprir

com a sua finalidade social, o que ocasiona nas instituições corretas, uma preocupação em

relação à transparência, gestão e imagem perante a sociedade em geral, fornecedores e mídia,

com o intuito de se diferenciar, bem como, seguir na sociedade executando a sua razão social.

Uma das maneiras que pode ser utilizada é a contratação de uma Auditoria, a fim de validar a

instituição para a coletividade.

A auditoria externa têm se mostrado, na sociedade em geral, uma valorosa ferramenta

de identificação e prevenção de fraudes, transparência, ajudando os dirigentes na

administração, e proporcionando credibilidade às entidades auditadas.

Dessa forma, esta pesquisa auxilia a entender: Como a auditoria externa pode ajudar

na maior transparência das instituições do terceiro setor?

Neste contexto, procura-se como objetivo geral analisar como a auditoria externa pode

contribuir para a transparência e continuidade das instituições de terceiro setor.

Com o fito de buscar o objetivo geral, foram definidos alguns objetivos específicos,

quais sejam:

1. Examinar como se dá o trabalho de uma Auditoria Independente;

2. Identificar a importância dos documentos produzidos no trabalho de auditoria

externa;

3. Constatar os benefícios que uma Auditoria Externa pode trazer para a entidade.

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Este artigo está estruturado em seções. Na seção 01, apresenta a introdução, com

exposição do tema, e os objetivos esperados.

Na seção 02, apresentam-se os aspectos gerais de auditoria, tais como, origem,

conceito, importância, assuntos abordados com o intuito de conhecer a atividade.

Na seção 03, comenta-se a aplicabilidade da auditoria independente nas instituições de

terceiro setor. Na seção 04 a metodologia para a condução deste artigo. Na seção 05 consta o

estudo de caso e na seção 06 a conclusão e posteriormente as referências bibliográficas.

2 Referencial Teórico

2.1 Auditoria

Nessa seção serão abordados alguns conceitos sobre Auditoria para nortear a pesquisa

em questão.

Conforme Attie (2011), os primeiros registros de Auditoria que se tem conhecimento

são datados de 1314, com a criação do cargo de auditor do tesouro na Inglaterra.

Conforme Almeida (2010), a auditoria avançou com a abertura de mercado e aumento

da concorrência, quando as empresas deslumbraram a oportunidade de aumentar a produção e

consequentemente o ganho, através de investimentos em tecnologia, como a aquisição de

maquinários, que seriam adquiridos através de captação de recursos juntos a terceiros,

principalmente bancos, e estes precisavam obter informações para avaliação do investimento,

e a melhor forma de obtenção de informações, era através das demonstrações contábeis.

Observa-se que a auditoria evoluiu paralelamente com a expansão da atividade

empresarial e a necessidade de ratificação das informações econômico-financeiras, tanto para

os empresários, quanto para os investidores, aqueles precisavam conhecer o patrimônio das

suas próprias empresas, enquanto estes precisavam ratificar as informações financeiras das

empresas, com o intuito de proporcionar segurança e minimizaçãode riscos nos investimentos

concretizados, realizando empréstimos a empresas com as melhores condições financeiras,

para quitação de dívidas.

No Brasil, há indícios de auditoria, a partir da década de 60, devido à necessidade de

os investimentos no exterior serem auditados, conforme ratifica Perez (2010, página 06):

No Brasil, a partir da década de 1960, diversas firmas de auditoria

instalaram-se com associações internacionais de auditoria externa. Isso

ocorreu em função da necessidade legal, principalmente nos EUA, de os

investimentos no exterior serem auditados.

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A evolução da auditoria no Brasil está relacionada com as instalações de empresas de

auditoria independente, devido a investimentos internacionais implantados, e

obrigatoriamente tiveram de ter suas demonstrações contábeis auditadas. (ATTIE, 2011)

Atualmente a auditoria pode ser utilizada também como ferramenta de gestão, e de

orientação aos administradores da empresa, podendo ocasionar o aperfeiçoamento das práticas

de gestão, e aperfeiçoamento dos resultados econômicos, financeiros e sociais das empresas.

“Auditoria [...] significa conferência, verificação, análise e avaliação e, acima de tudo,

comunicação dos resultados dentro de um determinado objetivo ao qual a auditoria se propõe”

Lins (2011). Este conceito diverge do conceito contábil como única função da auditoria,

demonstrando assim o seu conceito abrangente.

No tocante a função contábil da auditoria, Perez Junior (2012, página 02) define

auditoria como:

O levantamento, o estudo e a avaliação sistemática das transações,

procedimentos, rotinas e demonstrações financeiras de uma entidade, com o

objetivo de fornecer a seus usuários uma opinião imparcial e fundamentada

em normas e princípios sobre sua adequação.

Pode-se inferir que auditoria é a confrontação, entre se o que está sendo realizado

encontra-se de acordo com o estabelecido, especificamente, para aquela situação ou entidade.

Com a comunicação do resultado da auditoria aos gestores responsáveis.

A auditoria pode ser utilizada para verificação de qualquer atividade ou setor,

analisando os controles internos da empresa, contribuindo para uma gestão de qualidade, que

proporcione bem estar à instituição, e não exclusivamente a finalidade de examinar e emitir

uma opinião sobre as demonstrações contábeis das entidades auditadas.

2.2 Tipos de Auditoria

A auditoria pode ser dividida em dois grandes grupos: A auditoria interna e auditoria

externa ou independente.

Conforme Lins (2011), a auditoria interna é conduzida por um empregado da

instituição, continuamente, com o objetivo de averiguar a efetividade e eficácia dos controles

internos estabelecidos na empresa, dos seus sistemas informatizados, produtos e serviços,

avaliando o desempenho da instituição. Busca prevenir e detectar falhas, possibilitando

confiabilidade das informações, e proteção aos ativos da empresa. A auditoria interna é um

auxílio na gestão da entidade, para o cumprimento dos seus objetivos.

Lins (2011), comenta que auditoria externa é realizada por funcionários de uma

empresa de auditoria independente, possui como finalidade a emissão de opinião sobre as

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Demonstrações Contábeis, e a empresa de Auditoria Independente deve manter as

informações da entidade auditada sob sigilo.

Percebe-se que a importância da auditoria interna e externa se complementa, visto que

ambas validam informações, que serão repassadas à sociedade em geral.

Conforme Attie (2011), a auditoria interna foca os seus trabalhos na gestão e

avaliação. A auditoria externa possui como objetivo principal ratificar os dados das

demonstrações financeiras, confirmando se realmente as informações emitidas pela entidade

são válidas e corretas, e se refletem a legítima situação patrimonial, econômica e financeira da

instituição.

Attie (2011) analisa que devido à quantidade e complexidade das operações realizadas

pela empresa, a auditoria independente é realizada através de seleções, testes e amostragem,

seus métodos objetivam a obtenção de elementos concisos e evidentes, para a emissão do

Parecer de Auditoria.

A auditoria independente pode ser exigida por disposições legais ou determinação de

órgãos reguladores. Perez Júnior (2012) aponta como exemplos dessas disposições as leis:

6.404/76 e 11.638\07, que determinam a obrigatoriedade de auditoria externa nas sociedades

anônimas de capital aberto, e sociedades anônimas fechadas ou Sociedades Limitadas, cujo

ativo seja superior a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta superior a R$ 300.000.000,00. Como

exemplo de órgãos fiscalizadores e reguladores citam-se: O BACEN – Dispõe sobre a

auditoria independente nas instituições financeiras, e o Conselho Nacional de Seguros

Privados (CNSP) – Dispõe sobre a auditoria para sociedades seguradoras, capitalização e

previdência complementar.

Mas independente de previsão legal, há eventos em que os gestores podem contratar

uma auditoria caso observem alguma necessidade, como possíveis fusões, cisões, saída de

sócios, ou ainda, assumindo a gestão da empresa.

Conforme Perez Junior et al (2010) a estrutura normativa da auditoria independente

adotada mundialmente divide-se em três partes: normas relativas à pessoa, normas relativas à

execução do trabalho e normas relativas à emissão de parecer de auditoria.

De acordo com Silva (2012), o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu a

Resolução nº 821, que preceitua as normas profissionais do auditor independente; as normas

relativas ao trabalho do auditor são regulamentadas pela Resolução 820\97; e o parecer de

auditoria está normatizado na Resolução nº 830.

As normas relativas aos profissionais que executarão a atividade de auditoria

determinam como se dará o comportamento do auditor, bem o conhecimento técnico

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necessário para o exercício da profissão; as normas relativas à execução do trabalho

constituem padrões a serem seguidos para a qualidade e padronização dos trabalhos de

auditoria; e as normas relativas à emissão de parecer de auditoria, padronizam a redação dos

pareceres, com o intuito de facilitar o entendimento de todos os leitores.

Lins (2011), afirma que o processo de auditoria compreende as fases: Planejamento,

execução e a conclusão, com a emissão do parecer.

Perez Júnior (2012) complementa que a etapa de planejamento consiste no

conhecimento da empresa auditada, determinar os riscos de auditoria, e aspectos relevantes,

faz-se a definição de quadro de pessoal, necessidade de trabalho de outros especialistas, além

de definição dos procedimentos de auditoria, o planejamento deve ser documentado e é

considerado como parte essencial do trabalho de auditoria.

A fase de execução compreende os trabalhos em campo, onde serão confeccionados

papéis de trabalho, por meio dos procedimentos de auditoria, que Attie (2011, página 209),

define abaixo.

(...) os procedimentos de auditoria são as ferramentas técnicas, das quais o

auditor se utiliza para a realização de seu trabalho, consistindo na reunião das

informações possíveis e necessárias e avaliação das informações obtidas, para

a formação de sua opinião imparcial.

Pode-se inferir que o processo de auditoria, inicia-se antes do trabalho de auditoria,

propriamente dito, visto que os auditores precisarão antes, conhecer a legislação aplicada à

instituição, suas normas, procedimentos, colegiados, gestores e etc.

As informações produzidas pela entidade auditada devem estar de acordo com os

preceitos legais, a que a instituição auditada está subordinada. A validação pela Auditoria

Externa está vinculada a produção correta dos dados, pela entidade, através de embasamento

legal apropriado.

O resultado final do trabalho de auditoria é a opinião dos auditores acerca da entidade.

Opinião essa, expressa na forma de um parecer de auditoria. Lins (2011) define parecer de

auditoria, como a expressão de uma opinião sobre as demonstrações contábeis analisadas, e se

localiza normalmente no final das demonstrações contábeis publicadas.

De acordo com Almeida (2010), existem basicamente quatro tipos de pareceres do

auditor:

Parecer sem ressalvas: Emitido quando a equipe de Auditoria conclui que o objeto

auditado, está totalmente de acordo com as convenções e regulamentações

preestabelecidas;

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Parecer com ressalvas: Emite-se quando os Auditores encontram distorções, que não

consideradas relevantes;

Parecer adverso: Emitido quando após a realização do trabalho de Auditoria,

conclui-se que o objeto auditado está destoante dos procedimentos pré-determinados,

comprometendo o resultado final.

Negativa de parecer ou com abstenção de opinião: Emite-se quando no trabalho de

auditoria, não se consegue obter evidências para a emissão de uma opinião.

O parecer como produto final do trabalho de auditoria, possui importância, pois

através dele, será conhecida a situação da empresa, se os sistemas informativos são eficazes, e

se a entidade está trabalhando adequada a norma que a regulamenta.

Conforme Attie (2011) os auditores externos podem emitir, também, relatório-

comentário, descrevendo recomendações sobre os aspectos relevantes que vieram ao seu

conhecimento, apresentando sugestões e recomendações de melhorias.

O relatório, contendo pontos de recomendação, pode proporcionar à instituição

conhecer as suas falhas, e melhorar a qualificação dos seus processos operacionais e

financeiros, assim como a qualificação dos colaboradores.

Conforme Almeida (2010), a auditoria externa deve estar atenta para levantar pontos e

dar sugestões que levem a empresa, principalmente, a ter maior controle sobre seus ativos,

melhorar a qualidade e segurança das informações.

Uma equipe externa à instituição pode visualizar falhas e lacunas, não percebidas pela

entidade, pois os auditores externos estarão isentos dos vícios rotineiros, existentes naquela

instituição.

2.3 Terceiro Setor

Nesse tópico serão abordados alguns conceitos sobre terceiro setor para complementar

a pesquisa em questão.

Paes (2006, página 122) define terceiro setor.

Terceiro Setor é o conjunto de organismos, organizações ou instituições em

fins lucrativos dotados de autonomia e administração própria que apresentam

como função e objetivo principal atuar voluntariamente junto à sociedade

civil visando ao seu aperfeiçoamento. [...] apresentam como características

comuns [...] o atendimento de fins públicos e sociais.

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Pode-se verificar que o Terceiro setor é um conjunto de entidades, constituídas com o

objetivo de prestar ações voltadas ao bem comum. Essas entidades não possuem fim lucrativo,

ou seja, não distribuem lucro aos seus dirigentes e/ou administradores.

Paes (2006) analisa que o terceiro setor se iniciou marcado pelo assistencialismo e

paternalismo, através da igreja católica, que detinha a concentração das funções sociais,

cuidando dos menos favorecidos, através do excedente econômico que dispunha. Com o

surgimento da Igreja Protestante, criou-se um conceito de responsabilidade individual para

com toda a comunidade. Nas décadas de 60 e 70 surgiram as ONGs, através de um trabalho

pastoral realizado pela igreja, começando a vigorar no Brasil a ideia de organização da

sociedade, independente da política existente no país. Depois, outros grupos, independente de

Igreja foram surgindo, como os ambientalistas e exilados. A partir da década de 70, houve

uma expansão significativa de associações civis, movimentos sociais, sindicatos, grupos

ambientalistas e de defesas de minorias.

Estudo publicado em 2012, pelo IBGE e IPEA, referente às Fundações Privadas e

Associações sem Fins Lucrativos, relativo ao ano de 2010, mostra que houve um acréscimo

de 8,8%, das instituições que compõem o Terceiro Setor, passando de 267,3mil para 290,7

mil, em relação ao ano de 2006.

Pode-se explicar o aumento das instituições do terceiro setor, como reflexo de uma

maior consciência de responsabilidade social individual. A deficiência do estado na

comunidade induz à população a uma organização, para atuar em diversos setores, com

objetivo de atender alguma necessidade social, a fim de proporcionar qualidade de vida, à

sociedade, oferecendo serviços que auxiliam na construção da cidadania.

Paes (2006, página 123) comenta a importância do terceiro setor:

Tais organizações e agrupamentos sociais cobrem um amplo espectro de

atividades, campos de trabalho ou atuação, seja na defesa dos direitos

humanos, na proteção do meio ambiente, assistência á saúde, apoio a

populações carentes, educação, cidadania, direitos da mulher, direitos

indígenas, direitos do consumidor, direitos das crianças, etc.

O código civil, vigorando a partir de 2003, admite 02 tipos de pessoas jurídicas sem

fins lucrativos, as associações e fundações.

2.3.1 Associações

Conforme o código civil, vigorando a partir de 2003, no seu artigo 53, associações é a

união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.

Conforme Paes (2006), as associações são constituídas através de Assembleia Geral de

Constituição, que deverá aprovar o estatuto da entidade, no qual deverá constar a assinatura

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do Presidente e de um advogado com registro na OAB, posteriormente levado para registro no

Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Essas entidades têm em regra duração

indeterminada, com finalidade lícita de interesse geral, e que sirva ao bem comum.

As associações devem exercer a finalidade, que consta no seu estatuto social, e para

tanto, a conduta dos seus administradores deve refletir o interesse da associação, com

embasamento em valores éticos e morais, obedecendo às normas que regem a sua atividade.

Paes (2006. p.159), demonstra como se dá a administração de uma associação:

Na administração de uma associação há, em regra, a presença de pelo menos

três órgãos: a Assembleia Geral, órgão deliberativo responsável pelas

deliberações mestras da entidade; a Diretoria Administrativa, responsável

pela administração executiva da entidade, e o Conselho Fiscal, responsável

pelo controle das contas da entidade. [...] Conselho deliberativo, que é órgão

colegiado detentor de funções deliberativas.

As associações podem ser dissolvidas por vias administrativas ou judiciais, ou seja,

por decisão unânime ou maioria absoluta dos membros, ou por órgão do Ministério Público e

qualquer interessado.

Conforme Paes (2006), a dissolução administrativa também chamada de extrajudicial,

pode se dar por término da duração, fim exclusivo realizado, falecimento ou desaparecimento

de todos os associados, além da extinção por determinação legal. A dissolução judicial é

exclusiva às associações que recebem recursos do Poder Público, além de contribuições

recorrentes de terceiros, e a dissolução judicial se a associação for compulsoriamente

dissolvida ou tiver suas atividades suspensas por decisão judicial.

2.3.2 Fundações

As fundações nasceram sob a ótica de servir a um fim exclusivamente social, foram

criadas pelo Estado, que com a obrigação de oferecer os melhores serviços aos cidadãos,

permitiu a criação das Fundações de Direito Privado. (PAES, 2006).

Pode-se entender que as Fundações, surgiram com o intuito de suprir alguma

deficiência estatal, e atuar exclusivamente em áreas sociais, oferecendo bem estar à população

em geral.

Conforme Paes (2006), as Fundações são classificadas em:

Fundações instituídas pelo Poder Público: Com personalidade jurídica de

direito privado, com personalidade de direito público – autarquias.

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Fundações de Direito Privado: Instituídas por pessoas físicas ou jurídicas, por

empresas, por partidos políticos, previdência privada/complementar e de apoio a

instituições de ensino superior.

As Fundações de apoio a instituições de ensino superior possuem como finalidade

auxiliar projetos de ensino, pesquisa e extensão, das universidades Federais, e outras

instituições de Ensino Superior.

Em 20 de Dezembro de 1994, foi publicada a lei 8.958, que normatiza como deve se

dá o relacionamento, entre as instituições de ensino superior, e as instituições de apoio.

A lei 8.958/94 define as instituições de apoio, como sendo instituições criadas com a

finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de desenvolvimento

institucional, científico e tecnológico, de interesse das instituições federais de ensino superior.

Conforme Paes (2006) as Fundações de Apoio são fiscalizadas pelo Ministério

Público, devido aos convênios firmados com o Poder Público – Universidades Federais. Além

de terem a obrigatoriedade de cadastro prévio junto ao Ministério da Educação e do Desporto,

Ciência e Tecnologia, renovando a cada 02 anos.

Para a contratação por instituições de ensino superior Federais, a licitação é

dispensada, podendo ser utilizado materiais e serviços da unidade contratante, por tempo

determinado e mediante compensação; há previsão de disponibilização dos servidores

Federais, nas atividades das fundações, desde que não seja em seu horário de trabalho na

Universidade, com exceção em assuntos de conhecimento do servidor, contanto que seja de

forma esporádica. (PAES, 2006)

Pode-se verificar que as fundações de apoio, atuam em parceria com as instituições de

ensino superior, cedendo materiais e profissionais, contanto que não prejudique o andamento

das atividades normais da instituição de ensino superior.

Paes (2006) informa que quando da prestação de serviços por parte das fundações de

apoio com verbas públicas, os princípios da administração Pública devem ser respeitados.

Conforme a Constituição Federal, vigorando a partir de 1988, nos seus artigos 70 e 74,

os princípios da administração pública são: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,

Publicidade e Eficiência.

As fundações de apoio possuem o benefício de contratar funcionários que não sejam

integrantes das Universidades apoiadas, porém, esses não podem prestar serviço de maneira

contínua nas entidades apoiadas.

A auditoria externa realiza um trabalho de excelência, analisando os processos da

empresa, os resultados analisados são reportados aos gestores responsáveis. Dessa forma, a

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auditoria independente atua na manutenção e melhorias das boas práticas da instituição

auditada, proporcionado credibilidade a todos os interessados no bem estar da entidade. As

instituições de terceiro setor podem utilizar o trabalho da auditoria independente, como meio

de controle e transparência.

3 Auditoria Independente no Terceiro Setor

As instituições do terceiro setor, têm se multiplicado no Brasil, e a sociedade quer

conhecer as instituições que são idôneas, que administram os recursos recebidos corretamente,

e se as informações repassadas à coletividade são verídicas.

Almeida (2010, p. 13), menciona os principais motivos que levam uma empresa a

contratar um auditor externo ou independente, conforme transcrito abaixo.

Obrigação legal;Como medida de controle interno tomada por acionistas,

proprietários ou administradores da empresa;Imposição de um banco para

ceder empréstimo;Imposição de um fornecedor para financiar a compra de

matéria prima;Atender ás exigências do próprio estatuto ou contrato social da

companhia ou empresa;para efeito de compra da empresa;para efeito de

incorporação da empresa;para efeito de fusão de empresas; para fins de cisão

da empresa e para fins de consolidação das demonstrações contábeis.

Dentre os motivos acima referidos, o terceiro setor se enquadraria em 02 motivos, para

contratação de auditoria independente: Como medida de controle interno e/ou possível

exigência citada no estatuto social.

Pode-se citar, ainda, como motivo para uma auditoria independente nas instituições de

terceiro setor, a obrigação de transparência que a sociedade e os seus mantenedores exigem.

Apesar da auditoria independente não ser obrigatória para as instituições sem fins

lucrativos, a mesma possui extrema importância na sustentação dessas instituições na

sociedade.

Os demonstrativos que possuem um parecer favorável de uma Auditoria Independente

evidenciam responsabilidade, credibilidade e licitude da instituição auditada, demonstrando

transparência, pois suas informações contábeis refletem que a administraçãoestá aplicando os

recursos exclusivamente na finalidade da entidade, obedecendo á legislação contábil que a

orienta. O parecer de auditoria é uma certificação de que a entidade está administrando de

forma íntegra os recursos, a ela confiado, sejam públicos ou privados.

A auditoria externa proporciona aos administradores das entidades do terceiro setor,

certeza na elaboração de possíveis prestações de contas, pois a mesma será fiel aos volumes

reais da instituição.

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As instituições sem fins lucrativos podem utilizar trabalho voluntário para a execução

de suas atividades, as entidades que possuem suas demonstrações contábeis aprovadas, irão

aproximar uma quantidade maior de voluntários, pois o parecer de auditoria é um instrumento

de visibilidade da instituição, junto ao público externo, em virtude de fornecer aos seus

leitores uma noção exata da entidade auditada.

A auditoria independente pode auxiliar as instituições sem fins lucrativos na correção

de possíveis falhas contábeis e administrativas, na avaliação e auxílio no desenvolvimento

periódico dos métodos operacionais, na identificação de falhas nos controles internos da

entidade, na verificação de fraudes financeiras, na demonstraçãode possível desvio

definalidade, além de revelarsistemas ou processos/métodos deficitários.

As instituições sem fins lucrativos, podem se utilizar da auditoria externa como forma

de aumentar o seu alcance na sociedade, e ampliação de mantenedores, devido à credibilidade

proporcionada por um parecer de auditoria.

4 Metodologia de Pesquisa

Esta seção mostrará como a pesquisa foi classificada e como os dados foram coletados

e analisados.

Conforme Silva (2006), metodologia é o estudo do método para se buscar determinado

conhecimento. As metodologias de pesquisa usadas foram: Bibliográfica, Estudo de caso,

exploratória e de campo.

Conforme Silva (2006), pesquisa bibliográfica explica um tema com base em

referências teóricas já publicadas em livros; e pesquisa exploratória é realizada em área na

qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, possui como objetivo proporcionar

maior familiaridade com o problema, para torna-lo mais explícito ou para construir hipóteses.

Conforme Bastos (2008), estudo de caso é a investigação sistemática de uma instância

específica, não permitindo a generalização de resultados, mas pode permitir a formulação de

hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas; De campo é o pesquisador colocar-se

em contato direto com o fenômeno a ser estudado e a coleta de dados no local.

Esse artigo pode ser classificado como quantitativo e qualitativo, Bastos (2008), define

o objetivo da pesquisa quantitativa como a busca de um critério de representatividade

numérica; e pesquisa qualitativa como pesquisa subjetiva, seu critério não é numérico. Há

uma maior preocupação com o aprofundamento e abrangência da compreensão das ações e

relações humanas.

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A técnica utilizada para a coleta de dados foi um questionário, com perguntas abertas,

em cinco instituições de apoio à Universidade Federal do Ceará, quais sejam: Associação

Técnico-Cientifica Eng. Paulo de Frontin- ASSOCIAÇÃO ASTEF; Fundação de Apoio a

Serviços Técnicos, Ensino e Fomento a Pesquisa-FUNDAÇÃO ASTEF; Associação Cearense

de Estudos e Pesquisas – ACEP; Centro de Treinamento e Desenvolvimento – CETREDE e

Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura – FCPC, porém só foram recebidosde duas

instituições, a saber: Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura-FCPC e o Centro de

Treinamento e Desenvolvimento – CETREDE.

A pesquisa da FCPC foi respondida pela Controladoria e pela Auditoria Interna,

enquanto do CETREDE foi respondido pela Célula de Controladoria. Destaca-se que a

auditoria interna do CETREDE é efetuada pela controladoria. Conforme menciona Figueiredo

e Caggiano (2008), a controladoria está profundamente envolvida com a busca da eficácia

organizacional, e tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo decisório,

colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial.

5 Apresentação e análise dos resultados

Da população envolvida no estudo, ou seja, das cinco empresas sem fins lucrativos e

de apoio à Universidade Federal do Ceará, duas devolveram o questionário. Apesar da

redução do número de empresas pesquisas, não prejudicou a visão de demonstrar a

importância do assunto pesquisado.

O questionário foi composto por 10 questões. A primeira questão procurou saber se a

instituição possui Auditoria Independente, sendo que as 02 instituições pesquisadas, possuem

Auditoria Independente. Uma delas não é obrigatória, mesmo assim, contratam anualmente

para uma mulher transparência em suas ações. Possuir auditoria independente demonstra que

as entidades estão atentas à imagem da instituição, de transparecer credibilidade e limpidez,

além de contar com um auxílio à administração das instituições, corroborando para o

aperfeiçoamento dos processos. Nascimento e Reginato (2010) informam que a auditoria

externa é um órgão de monitoramento, que pode ajudar e apoiar a organização a criar um

programa sustentável para o gerenciamento de riscos, com a adoção de práticas para um

adequado controle administrativo.

A 2ª questão tratou da Auditoria Interna, ou seja, se as empresas tem auditoria interna,

sendo que uma, a FCPC, possui um setor específico, enquanto que a Auditoria Interna do

CETREDE é realizada pelo setor de Controladoria. Nascimento e Reginato (2010) explicam

15

que a controladoria e a auditoria interna, visam à difusão de boas práticas por toda a

organização. Nascimento e Reginato (2010) explanam que a função básica da auditoria

interna é proteger os ativos da empresa. Attie (2011) comenta a importância da auditoria

interna, no fortalecimento e melhoria do controle interno, como forma de possibilitar o

desenvolvimento harmônico, seguro e adequado de todas as ações e permitir o reflexo aos

setores e pessoal interessado nas informações.

A importância da auditoria interna, é que os administradores possuem um retorno

contínuo e analítico da entidade, podendo solucionar possíveis problemas de forma

tempestiva, ocasionando segurança aos procedimentos aplicados na instituição, e continuidade

à entidade.

A 3ª questão refere-se à apresentação e publicação das demonstrações financeiras. O

CETREDE somente elabora as demonstrações, a FCPC elabora e publica no site da

instituição. A publicação das demonstrações financeiras juntamente com o parecer da

auditoria independente, atesta para a sociedade a legitimidade dos dados divulgados. E a

elaboração acompanhada do parecer externo, proporciona aos administradores responsáveis,

certeza dos dados produzidos, por todos os setores da instituição.

Attie (2011, página 12) descreve como devem ser preparadas as demonstrações

contábeis:

As demonstrações contábeis, de modo geral, precisam ser preparadas de

forma que exprimam com clareza a real situação da empresa em termos de

seus direitos, obrigações e resultados das operações realizadas no período em

exame.

A obrigatoriedade da Auditoria Independente foi tema da 4ª pergunta. Das duas

instituições pesquisadas, o CETREDE não tem obrigatoriedade de possuir auditoria externa,

mas possui mesmo assim pelo motivo de melhor transparência em suas atividades e porque

mantém convênio e contratos com órgãos públicos. A FCPC possui obrigatoriedade de ter

auditoria independente. Pode-se verificar a preocupação das entidades pesquisadas, com a

eficácia dos seus controles internos, com o intuito de gerar informações claras e fidedignas

aos administradores e ao público externo.

Almeida (2010) comenta que o controle interno representa em uma organização o

conjunto de métodos com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis

confiáveis (controles contábeis) e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios

da empresa (controle administrativo).

A 5ª pergunta refere-se à previsão no estatuto social, de contratar auditoria

independente. O CETREDE não tem no seu estatuto social, a obrigatoriedade de contratar

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auditoria externa, mas a faz, a fim de obter uma melhor transparência nas suas atividades. Já a

FCPC possui no seu estatuto social, publicado em 20\02\2013, a previsão de contratação de

auditores para exame da prestação de contas do presidente da FCPC, sendo responsável pela

contratação o Conselho Fiscal e o Conselho Curador.

Conforme a Constituição Federal, vigorando a partir de 1988, no parágrafo único do

art. 70, comenta que prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou

pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza

pecuniária. A FCPC está obrigada a elaborar prestação de contas, conforme Lei 8.958 de 20

de Dezembro de 1994, e publicá-las na rede mundial de computadores.

A prestação de contas publicada na internet propicia aos usuários externos, conhecer a

situação econômico-financeira, demonstrando transparência à destinação dos recursos obtidos

pela Fundação. Referida prestação de contas, acompanhada de um parecer de auditoria

independente, ratifica aos usuários a veracidade das informações publicadas.

Attie (2011) comenta que o parecer de auditoria é o instrumento pelo qual o auditor

expressa sua opinião, em obediência às normas de auditoria; após a realização de todo o

trabalho de campo.

Os motivos para contratação da Auditoria Independente foram respondidos na

pergunta de nº 6, O CETREDE informa que as causas do contrato da Auditoria Externa

foram: Maior transparência, verificação e conserto de erros, evitar possíveis fraudes, ação

corretiva. A FCPC cita que os motivos foram: Exigência dos órgãos financiadores, exigência

do estatuto social e como prova da transparência da instituição. Pode-se verificar que os

gestores das instituições pesquisadas, preocupam-se com a licitude dos atos praticados, além

de atender a exigências legais.

Nascimento e Reginato (2010) apresentam a atuação e importância da auditoria

externa, além das demonstrações contábeis, na afirmação de que a auditoria externa não atua

somente sobre as demonstrações contábeis, assim como também o exame destas e o parecer

queidentificam áreas de riscos de negócio.

O objetivo da pergunta de nº 7 foi demonstrar onde se questiona se ocorreram

alterações por conta de recomendações da auditoria externa. O CETREDE informa que

ocorreram mudanças em alguns processos internos para melhor viabilidade e transparência

das atividades e na comunicação entre os setores. A FCPC informa que houve mudanças de

gestores e nos controles internos.

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Nascimento e Reginato (2010) mencionam que a auditoria externa procura adicionar

valor ao cliente, ao empregar um conjunto de ações de assessoria e consultoria em

combinação com os trabalhos rotineiros de auditoria, auxiliando a administração, garantindo

através dos seus trabalhos a transparência das informações no âmbito interno e externo,

abrangendo também os aspectos éticos, estratégicos, executivo e corporativo.

Com base nas respostas acima mencionadas, pode-se perceber que as instituições estão

dispostas a atender recomendações da auditoria externa, demonstrando a disposição de

aprendizado e de melhoria contínua dos processos e da organização, como um todo.

A pergunta nº 8 questiona se já ocorreu algum parecer adverso ou com ressalva. Tanto

a FCPC como o CETREDE, nunca receberam parecer adversos ou com ressalvas. Isto

demonstra que as instituições pesquisadas estão executando as suas atividades, obedecendo à

legislação cabível, com bom controle interno e com eficácia nas suas atividades.

Nascimento e Reginato (2010) explicam que a auditoria externa se baseia na análise

do sistema de controles internos. A verificação de normas e procedimentos de controles

internos e a validação de sua observância pelos funcionários permitem ao auditor, emitir uma

opinião.

A necessidade de se ter auditoria independente foi tema da 9ª pergunta, o CETREDE

informa que a precisão decorre da importância de saber se a instituição está agindo em

conformidade com as leis externas e transparência de cumpri-las. A FCPC salienta a

transparência das ações.

As ações das instituições estão de acordo com a legislação que a regulamenta. A

auditoria externa irá validar a confiabilidade dos dados, analisados conjuntamente com a

norma específica à instituição.

Lins (2011, página 4) menciona as vantagens da auditoria externa:

Melhor segurança nos números apresentados com relação a possíveis fraudes,

distorções e erros não intencionais; desestímulo a fraudes; maior segurança

para os investidores; menor custo de capital; melhores controles e operações

mais seguras e eficientes.

A 10ª pergunta interroga se a instituição recomenda a contratação de auditoria

independente. As duas instituições responderam que sim, que indicam contratar Auditoria

Externa, sendo que a FCPC ratificaque através da auditoria independente, a entidade passa a

ter mais credibilidade e confiabilidade em suas ações.

Nascimento e Reginato (2010) comentam que a auditoria externa é um mecanismo

externo de governança corporativa, permitindo a realização de monitoramento da

administração de uma empresa com vistas à proteção daqueles que por ela são interessados.

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Verifica-se que as instituições pesquisadas, reconhecem a importância da auditoria

independente como órgão externo, de apoio a administração da entidade. Dessa forma, está

atendendo aos interesses de usuários internos (administradores) e externos, estes precisando

de informação para verificar a legitimidade da entidade, e aqueles para administrar

corretamente a entidade.

6 Considerações Finais

O presente artigo objetivou explicar como a auditoria externa pode ajudar na maior

transparência das instituições de terceiro setor, com pesquisa realizada nas instituições de

apoio à UFC.

A multiplicação de instituições do terceiro setor exige das entidades corretas, para se

manterem ativas, a necessidade de se possuir um adequado controle interno acompanhado de

uma gestão profissional. A necessidade de transparência junto à sociedade e aos seus

mantenedoresresulta, na necessidade de um controle das informações apresentadas.

Nesse contexto a auditoria externa se constitui um importante meio de auxílio para a

sustentação e aperfeiçoamento das instituições que compõem o terceiro setor. A auditoria

independente possui como objetivo primordial a emissão de uma opinião acerca dos controles

internos da instituição, garantindo confiabilidade às demonstrações financeiras elaboradas.

As empresas de auditoria também analisam os controles internos, e os procedimentos

internos da entidade, recomendando atuações por parte da instituição, com o intuito de

proporcionar melhoria nos processos, minimização dos riscos nas atividades, prevenção e

detecção de fraudes.

Nas pesquisadas realizadas junto às instituições de apoio à UFC, identificou-se a

necessidade de uma ferramenta, que venha transmitir credibilidade aos usuários externos e

segurança aos usuários internos, efetuando levantamento de riscos e sugestões de melhoria,

necessidade essa que pode ser suprida com o auxílio da auditoria externa.

Através da análise deste estudo nas instituições pesquisadas, revela-se que as

instituições de apoio à UFC estão preocupadas com a credibilidade e transparência das

instituições, bem como o crédito junto aos seus fornecedores. As instituições pesquisadas já

realizaram mudanças em seus processos e controles internos. Sendo assim percebe-se que a

auditoria externa deve ser explorada em todas as instituições de terceiro setor, com o fito de

melhorar a atuação da instituição.

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Dessa forma, pode-se concluir que a auditoria externa é uma importante ferramenta

para melhorar a transparência do terceiro setor, já que auxilia na ratificação para a sociedade,

dos atos praticados pelas instituições, e que os recursos existentes foram aplicados, de acordo

com a finalidade prevista no estatuto social da instituição.

Nesse contexto, verifica-se a auditoria externa, também, como uma ferramenta de

apoio para os gestores, proporcionando segurança aos gestores e contribuindo para a

continuidade da entidade.

7 Referências

ANGHER, Anne Joyce. Código Civil organização e [coordenação]. (Coleção de leis Rideel.

Série compacta) – 15ed. – São Paulo: Rideel, 2009.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo: textos, exemplos

e exercícios resolvidos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 517 p. ISBN 978-85-2245-864-6;

ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo/SP: Atlas, 2011. 674 p.,

il. ISBN 978-85-224-6238-4;

BASTOS, Núbia Maria Garcia. Introdução á metodologia do trabalho acadêmico. 5. Ed.

Fortaleza: 2008. 104p.

CAGGIANO, Paulo Cesar; FIGUEIREDO, Sandra. Controladoria: Teoria e prática. 4.ed. –

São Paulo: Atlas,2008.

LINS, Luiz dos santos. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa.

São Paulo/SP: Atlas, 2011. 242 p. ISBN 978-85-224-6145-5;

NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciane. Controladoria – Instrumento de

apoio ao processo decisório. São Paulo: Atlas, 2010.

PAES, José Eduardo Sabo. Fundações, associações e entidades de interesse social: aspectos

jurídicos, administrativos, contábeis, trabalhistas e tributários. 6. ed. rev. ampl. atual.

Brasília/DF: BrasíliaJurídica, 2006. 1010 p.

20

PEREZ JÚNIOR, José Hernandez. Auditoria das demonstrações contábeis: normas e

procedimentos. 5. ed. São Paulo/SP: Atlas, 2012. 183 p;

PEREZ JÚNIOR, José Hernandez et al. Auditoria das demonstrações contábeis. Rio de

Janeiro/RJ: FGV, 2010. 155 p. (Série Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria). ISBN

978-85-225-0630-9;

SILVA. Antonio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade:

orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses. 2. Ed.

São Paulo: Atlas, 2006.

SILVA, Moacir Marques da. Curso de auditoria governamental : de acordo com as normas

internacionais de auditoria pública aprovadas pela INTOSAI. 2. ed. São Paulo/SP: Atlas,

2012. 180 p. ISBN 978-85-22468102;

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APÊNDICE A - Questionário aplicado às instituições de apoio à UFC, com objetivo, de

coletar dados para pesquisa.

1. A instituição possui Auditoria Independente?

2. A instituição possui Auditoria Interna?

3. A instituição elabora e publica demonstrações financeiras? Se realizar somente 01 ação,

destacar.

4. A instituição possui obrigatoriedade de ter Auditoria Independente?

5. A instituição possui em seu estatuto social a previsibilidade de contratação da Auditoria

Independente?

6. Quais os motivos que levaram a entidade a contratar uma Auditoria Independente?

7. A Fundação/associação já realizou alguma mudança na instituição, ocasionada por

recomendações da Auditoria Independente?

8. Já ocorreu algum parecer da Auditoria Independente com ressalvas ou adverso?

9. A instituição reconhece a necessidade de se ter Auditoria Independente?

10. A instituição recomenda a contratação de auditoria independente, para outras entidades do

terceiro setor?

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FACULDADE CEARENSE-FAC

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Artigo apresentado ao curso de graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Cearense-

FAC, como pré-requisito para obtenção do título de graduação em Ciências Contábeis, sob

orientação da Profa. Monica Valesca Veras Machado.

Auditoria Independente como forma de transparência no Terceiro Setor

Paula Roberta dos Anjos Tavares

_________________________________________________

Prof.a – Monica Valesca Veras Machado

Orientadora

_________________________________________________

Profª Dra. Liliana Faria Lacerda

Membro I

_________________________________________________

Profa. Esp.Aline da Rocha Xavier Casseb

Membro II

FORTALEZA – CE

Junho/2014