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FACULDADES DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DO TRABALHO NOTA 8,5 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS LER/DORT: uma abordagem para a assistência de enfermagem a pacientes ocupacionais AUTOR: Lúcio Fighera ORIENTAÇÃO: Ms. Cynthia Cândida Corrêa [email protected] [email protected] SINOP-MT 2013

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FACULDADES DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO

JURUENA - AJES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DO TRABALHO

NOTA 8,5

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS – LER/DORT: uma abordagem

para a assistência de enfermagem a pacientes ocupacionais

AUTOR: Lúcio Fighera

ORIENTAÇÃO: Ms. Cynthia Cândida Corrêa

[email protected]

[email protected]

SINOP-MT 2013

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FACULDADES DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E DE ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO

JURUENA - AJES

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DO TRABALHO

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS – LER/DORT: uma abordagem

para a assistência de enfermagem a pacientes ocupacionais

AUTOR: Lúcio Fighera

ORIENTAÇÃO: Ms. Cynthia Cândida Corrêa

“Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação de Enfermagem do Trabalho, da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena - AJES como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do Trabalho”.

SINOP – MT

2013

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por tudo que sou e o que consegui

até o momento.

À minha família, pelo amor, apoio e carinho.

Às pessoas que colaboraram para o meu crescimento pessoal e

profissional.

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DEDICATÓRIA

À minha família que é a minha razão de viver.

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“Hoje é meu dia de sorte, estou

respirando, viva! Estou andando, viva a

saúde, estou pensando, viva a

inteligência, estou vivendo, viva a vida! ”

(Silvia Aparecida Maia)

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RESUMO

A dor é uma das principais causas de sofrimento humano, que compromete a qualidade de vida nas pessoas. Ela é sem dúvidas, uma das mais íntimas e exclusivas sensações experimentadas pelo ser humano que envolve vários componentes, dentre os quais os sensoriais, afetivos e cognitivos, sociais e comportamentais do indivíduo. Diante disso, atualmente as doenças que envolvem esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), são patologias que representam um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países, e vem assumindo um caráter epidêmico. Daí a necessidade de se abordar essa temática dentro de um novo contexto, a presente pesquisa tem por objetivo principal descrever a ênfase da Enfermagem frente à dor relacionada ao trabalho, por meio de uma revisão bibliográfica baseadas em produções cientificas do eixo temático. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que teve por base uma abordagem a Saúde do Trabalhador, de maneira que os artigos selecionados com a temática foram fundamentos por alíneas relacionados à Enfermagem do Trabalhador e Manuais do Ministério da Saúde relacionados a Doenças ocupacionais. De acordo com o referencial teórico dessa temática, dividiram-se categorias como: A Enfermagem e a Saúde do Trabalhador; A Epidemiologia da Dor Relacionada ao Trabalho; Como Identificar a LER/DORT e Medidas Terapêuticas Aplicadas. Diante dos ascendentes números de casos de doenças ocupacionais osteomusculares e por esforço de repetição, que assumem cada vez mais caráter epidêmico no mundo, tornando-se um problema grave de saúde pública. Portanto há grande necessidade de uma abordagem específica baseada em intervenções terapêuticas e avaliações juntamente com uma equipe especializada na saúde do trabalhador, dentre esses profissionais o Enfermeiro assume cargo necessário frente à saúde do trabalhador.

Palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Movimentos Repetitivos;

Saúde do trabalhador.

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ABSTRACT

Pain is a major cause of human suffering, which compromises the quality of life in

people. She is undoubtedly one of the most intimate and unique sensations

experienced by humans that involves several components, among which the

sensory, affective and cognitive, social and behavioral individual. Therefore, currently

involving diseases (CTD) or work-related musculoskeletal disorders (MSDs) are

disorders that represent one of the groups most controversial illnesses in Brazil and

other countries, and has acquired an epidemic character. Hence the need to address

this issue within a new context, the present study aims to describe the main

emphasis of Nursing regarding pain related to work, through a literature review based

on scientific productions of the main theme. This is a qualitative study that was based

on an approach to Occupational Health, so that the articles were selected on the

basis of thematic points related to Nursing Labour and the Ministry of Health Books

related to occupational diseases. According to the theoretical framework of this

theme, divided categories such as: Nursing and Occupational Health, Epidemiology

of Pain Related to Labor, How to Identify RSI / WMSD Applied and Therapeutic

Measures. Given the rising numbers of cases of occupational diseases and

musculoskeletal strain of repetition, which are increasingly an epidemic in the world,

making it a serious public health problem. Therefore there is great need for a specific

approach based therapeutic interventions and evaluations along with a team

specialized in occupational health, among these professional nurse assumes the

position needed to worker health front.

Keywords: Nursing Care; Repetitive Motion; Occupational Health.

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LISTA ABREVIATURAS

LER - Lesões por Esforços Repetitivos;

DORT - Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho;

SUS - Sistema Único de Saúde;

SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho;

NR - Norma Regulamentadora;

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional;

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação;

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................9

CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................12

1.1 CONCEITOS E HISTÓRIA DA LER/DORT NO BRASIL.....................12

1.2 CAUSAS DA LER/DORT.....................................................................13

1.3 SINAIS E SINTOMAS INICIAIS ........................................................... .13

1.4 TRATAMENTOS PARA LER/DORT........................................... .........14

1.5 O ENFERMEIRO DO TRABALHO........................................................14

CAPÍTULO II – METODOLOGIA DA PESQUISA.....................................................19

CAPÍTULO III - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................20

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ARTIGOS...................................................20

3.2 PARTICIPAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ABORDAGEM TERAPÊUTICA......21

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................25

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................26

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INTRODUÇÃO

A dor relacionada ao trabalho é descrita desde a Antiguidade

(DEMBE, 1996), mas o registro clássico sobre a descrição de vários ofícios e

danos à saúde a eles relacionados está contido na obra de (RAMAZZIN,

1998). São citadas as afecções dolorosas decorrentes dos movimentos

contínuos da mão realizados pelos escribas e notários, cuja função era

registrar manualmente os pensamentos e os desejos de príncipes e

senhores, com atenção para não errar (BRASIL, 2012).

Lesões por Esforços Repetitivos – LER e Doenças Osteomusculares

Relacionadas ao Trabalho – DORT, são as doenças do trabalho

provocada/elo uso inadequado e excessivo do sistema que agrupa ossos,

nervos, músculos e tendões, atingem principalmente os membros superiores:

mãos, punhos, braços, ante-braço, ombros e coluna cervical. Típicas do

trabalho intenso e repetitivo, as LER são causadas por diversos tipos de

pressões existentes no trabalho, são indicadores da morbidade ocupacional

(SCHUCK, 2001).

Para Oliveira (2001), a alta prevalência de LER/DORT tem sido

explicada por decorrentes transformações no ambiente do trabalho e das

empresas cuja organização tem se caracterizado pelo estabelecimento de

metas e produtividade, considerando suas necessidades, particularmente de

qualidade dos produtos e serviços e aumento da competitividade de mercado,

sem levar em conta os trabalhadores e seus limites f ísicos e psicossociais.

Vale lembrar ainda que as LER/DORT trazem conseqüências

imediatas não só para as pessoas que desenvolvem a patologia, mas

também para a empresa onde o trabalhador atua tais como absenteísmo,

acidente de trabalho, perda de produtividade, afastamento das atividades,

altas despesas médicas com tratamento, processo de indenização, por danos

e prejuízos para a imagem da empresa, interferindo assim, de forma

significativa nos custos de produção e na sua qualidade (ROSA; FERREIRA;

BACHION, 2000).

No Brasil, a LER passou a ser reconhecida como doença ocupacional em

1991, pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, por meio da Norma

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Técnica de Avaliação de Incapacidade. E em 1997, com a revisão dessa norma, foi

introduzida a expressão DORT (ALCANTARA; NUNES; FERREIRA, 2011).

As questões relacionadas ao trabalho e sua repercussão na saúde

dos indivíduos vêm despertando o interesse de pesquisadores em âmbito

mundial. O trabalho pode interferir no estado de saúde das pessoas. Entre os

grupos ocupacionais sujeitos a estes riscos, destacam-se: Profissionais de

saúde, enfermagem, auxiliares de odontologia, trabalhadores industriais,

trabalhadores de fábrica de comida congelada, trabalhadores do setor

avícola, digitadores e costureiras (BRASIL, 2002).

Diante deste contexto a ocorrência de LER/DORT assume cada vez

mais caráter epidêmico no mundo, tornando-se um problema grave de saúde

pública. Portanto, há necessidade de uma abordagem específica baseada em

intervenções terapêuticas e avaliações juntamente com uma equipe

especializada na saúde do trabalhador, dentre esses profissionais o

Enfermeiro assume cargo necessário frente à saúde do trabalhador.

Neste sentido, o desenvolvimento da pesquisa propõe aborda a temática por

base numa abordagem a Saúde do Trabalhador, objetivando conhecer a produção

teórica científica da atuação do enfermeiro a assistência à pacientes com

LER/DORT.

A presente pesquisa limita-se em uma pesquisa qualitativa que teve por

base uma abordagem a Saúde do Trabalhador, de maneira que os artigos

selecionados com a temática foram fundamentos por alíneas relacionados à

Enfermagem do Trabalhador e Manuais do Ministério da Saúde relacionados a

Doenças ocupacionais. De acordo com o referencial teórico dessa temática,

dividiram-se categorias como: A Enfermagem e a Saúde do Trabalhador; A

Epidemiologia da Dor Relacionada ao Trabalho; Como Identificar a LER/DORT e

Medidas Terapêuticas Aplicadas.

O Objetivo Geral deste trabalho acadêmico é conhecer a atuação do

enfermeiro na saúde do trabalhador em doenças ocupacionais com enfoque em

LER/DORT, utilizando como referências bibliográficas artigos científicos dos últimos

onze anos. Os objetivos específicos consistem em caracterizar a produção científica

sobre o tema e apontar as principais intervenções de enfermagem na promoção do

ajustamento do trabalhador, referente a LER/DORT.

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CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 CONCEITOS E HISTÓRIA DA LER/DORT NO BRASIL

LER/DORT são síndromes provocadas pelo uso inadequado e

excessivo do sistema que agrupa ossos, nervos, músculos e tendões.

Atingem principalmente os membros superiores: mãos, punhos, braços, ante -

braço, ombros e coluna cervical. Típicas do trabalho intenso e repetitivo, as

LER são causadas por diversos tipos de pressões ex istentes no trabalho, que

atacam as pessoas tanto física quanto psicologicamente, são doenças

ocupacionais (BRASIL, 2002).

Pouco conhecidas até os anos 70, as LER/DORT tiveram rápido

crescimento nos ambientes de trabalho em todo o mundo. No Brasil, na

década de 80, os casos de tenossinovite entre digitadores, levaram os

sindicatos de trabalhadores em processamento de dados a lutar pelo

reconhecimento das lesões como doenças profissionais (ALCANTARA;

NUNES; FERREIRA, 2011).

Em 06 de agosto de 1987, o Ministério da Previdência, atendeu à

reivindicação dos sindicatos e, com a portaria 4.602, incluiu a tenossinovite

do digitador no rol de doenças do trabalho (AUGUSTO, et al., 2008). A portaria,

embora mencionasse outras categorias profissionais além do digitador, na

prática, era entendida pela perícia do INSS como exclusiva aos digitadores.

Em 1993, foi publicada uma norma técnica, que instituiu o nome

lesões por esforços repetitivos LER, ampliando o conceito e aplicando os

direitos previdenciários a esse grupo de doenças relacionas ao trabalho. Em

1998, na revisão de sua norma técnica, a Previdência Social mudou o termo

LER para Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT,

reduzindo consideravelmente os direitos previdenciários (OLIVEIRA, 2001).

A Instrução Normativa nº. 98 do Ministério da Previdência Social define

LER/DORT como uma síndrome que pode ou não estar relacionada ao trabalho.

Sua etiologia pode ter sua gênese associada a outros fatores como esporte,

postura fora do trabalho, traumas prévios, repouso e fatores psicossociais

(ALCANTARA; NUNES;FERREIRA, 2011).

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No campo da prevenção, fruto de mobilização sindical, há uma Norma

Regulamentadora (NR-17), que fixa alguns limites para as empresas em que

há postos de trabalho que exigem esforços repetitivos, ritmo acelerado e

posturas inadequadas, mas ainda não contempla diversos fatores

responsáveis pelas lesões.

1.2 CAUSAS DA LER/DORT

O problema é provocado normalmente por atividades desenvolvidas

no trabalho, pelo excesso de uso do sistema músculo-esquelético (MOREIRA;

CARVALHO, 2001).

A repetição de atividades, a postura incorreta e o excesso de força

podem obstruir a circulação sanguínea, impossibilitando a irrigação de

estruturas importantes como as artérias e os nervos. Quando isso ocorre, há

a fibrose que desencadeia processos inflamatórios nos músculos – bursite e

tendinite (CHIAVEGATO FILHO; PEREIRA JUNIOR, 2004).

É por isso que o ambiente de trabalho inadequado pode ser uma

inesgotável fonte de problemas. Falta de organização, mobiliário não

adaptado, repetição das atividades, má divisão das tarefas, cobrança por

produtividade, pressão no ambiente de trabalho e sobrecarga física são

alguns dos fatores que levam o profissional a desenvolver alguma das

doenças das LER/DORT (NEVES, 2006).

1.3 SINAIS E SINTOMAS INICIAIS

O primeiro sinal é a dor. Depois a pessoa começa a sentir

formigamento e dormência - espécie de insensibilidade ou fraqueza para

segurar objetos. Nesse ponto, a inflamação pode começar a percorrer o

corpo.

Para o início da doença em todos os casos de LER/DORT, são as

mais variadas formas de apresentação da dor, quais sejam a sensação de

peso, o formigamento e o cansaço, assim como as outras formas de

manifestação de início dos sintomas, tais como o estresse, o déficit de força

e de sensibilidade, a dificuldade de movimento dos segmentos corporais, os

distúrbios do sono, a tensão muscular e as dificuldades para realizar as

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atividades da vida diária, estão fortemente presentes nos discursos dos

sujeitos acometidos por LER/DORT. Esses achados já foram largamente

estudados pela literatura médica especializada, com o objetivo de classificar

os quadros inespecíficos dessa síndrome, a fim de fornecer informações úteis

para o planejamento terapêutico, para a avaliação da incapacidade laborativa

e para o prognóstico dessa doença (MATTAR JUNIOR,1995; MELO, 1998).

As LER/DORT no Brasil são vistas como uma condição grave que leva

à invalidez (ALEXANDRE et al, 2002), ou seja, uma visão negativa sobre os

indivíduos afetados, pois se centraliza naquilo que o trabalhador não é capaz

de fazer e no que ele perdeu de sua funcionalidade devido à doença. Por

esse caminho, só se imagina uma possibilidade remota de cura e uma

reabilitação que se restringe a manter a vida com o que resta de funções

(SALIBA, 2008).

1.4 TRATAMENTOS PARA LER/DORT

O tratamento depende do estágio de evolução da lesão, mas

independentemente da fase é indispensável o tratamento interdisciplinar –

acompanhamento médico, fisioterapêutico, terapia ocupacional, acupuntura e

psicológico (nos casos onde há traços de depressão). Remédios

antiinflamatórios também são prescritos durante o tratamento (HERZLICH,

2004).

Recursos alternativos, ginástica terapêutica, a hidroterapia, entre

outros são indicados. No terceiro estágio, em substituição à fisioterapia deve-

se optar pela hidroterapia, acompanhada do shiatsu. Isso ocorre porque a

fisioterapia pode provocar dores no paciente (LIMA, 2005). A caminhada é

outro ótimo recurso, já que ajuda a estimular a liberação de endorfina,

responsável pelo alívio da dor e pelo relaxamento do corpo.

1.5 O ENFERMEIRO DO TRABALHO

A história da enfermagem do trabalho no Brasil é bastante recente.

Inicialmente a assistência de enfermagem do trabalho era vista mais como

atendimento emergencial na empresa, o que não valoriza muito (CARVALHO,

2001).

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A enfermagem do trabalho é um ramo da saúde pública e, como tal

utiliza os mesmos métodos e técnicas visando à promoção da saúde do

trabalhador; proteção contra os riscos decorrentes de suas atividades

laborais, proteção contra agentes químicos, físicos e biológicos e

psicossociais, manutenção de sua saúde no mais alto grau de bem-estar

físico e mental e recuperações de lesões, doenças ocupacionais ou não-

ocupacionais e sua reabilitação para o trabalho (SALIBA, 2008).

Para CARVALHO (2001), o Enfermeiro do trabalho, entre outras

atividades:

...presta assistência e cuidados de enfermagem a empregados,

promovendo e zelando pela sua saúde contra os riscos

ocupacionais, atendendo os doentes e acidentados, visando seu

bem estar físico e mental, como também planeja, organiza, dirige,

coordena, controla e avalia a atividade de assistência de

enfermagem, nos termos da legislação reguladora do exercício

profissional.

A enfermagem do trabalho surge quando as primeiras leis de acidente

do trabalho se originaram na Alemanha, em 1884, estendendo-se logo a

vários países da Europa, até chegar ao Brasil por meio do Decreto legislativo

n. 3.724 de 15 de janeiro de 1919, a fim de dar parâmetros legais para os

trabalhadores que estão expostos aos riscos do dia-a-dia (SCHUCK, 2001).

A Enfermagem do Trabalho pode ser caracterizada por um “conjunto

de ações educativas – assistenciais, que visam interferir no processo

trabalho–saúde–adoecimento, no sentido de promover e valorizar o ser

humano.” (LIMA, 2005).

As atividades que são inerentes ao profissional são destacadas por

CARVALHO (2001), e estão relacionadas a seguir.

Prestar assistência de enfermagem do trabalho ao cliente em

ambulatórios, em setores de trabalho e em domicílio. Executar atividades

relacionadas com o serviço de higiene, medicina e segurança do trabalho,

integrando equipes de estudos. Realizar procedimentos de enfermagem de

maior complexidade e prescrever ações, adotando medidas de precaução

universal de biossegurança.

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Estuda as condições de segurança e periculosidade da empresa,

efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe,

para identificar as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria

do trabalho.

Elabora e executa planos e programas de proteção à saúde dos

empregados, participando de grupos que realizam inquéritos sanitários,

estudam as causas de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças

profissionais e lesões traumáticas, procedem a estudos epidemiológ icos,

coletam dados estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores,

investigando possíveis relações com as atividades funcionais, para obter a

continuidade operacional e aumento da produtividade.

Executa e avalia programas de prevenções de acidentes e de doenças

profissionais ou não-profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de

insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do menor e da mulher,

para propiciar a preservação de integridade física e mental do trabalhador .

Presta primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente

ou doença, fazendo curativos ou imobilizações especiais, administrando

medicamentos e tratamentos e providenciando o posterior atendimento

médico adequado, para atenuar conseqüências e proporcionar apoio e

conforto ao paciente.

Elabora e executa ou supervisiona e avalia as atividades de

assistência de enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes

atendimento ambulatorial, no local de trabalho, controlando sinais vitais,

aplicando medicamentos prescritos, curativos, instalações e teses, coletando

material para exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para

reduzir o absenteísmo profissional; organiza e administra o setor de

enfermagem da empresa, provendo pessoal e material necessários, treinando

e supervisionando auxiliares de enfermagem do trabalho, atendentes e

outros, para promover o atendimento adequado às necessidades de saúde do

trabalhador.

Busca promover cursos de capacitação e treinar trabalhadores,

instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo de trabalho,

para reduzir a incidência de acidentes.

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Planeja e executa programas de educação sanitária, divulgando

conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir

doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar

informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar

em problemas de prevenção de doenças profissionais (CARVALHO, 2001).

Quando os DORT passaram a ser considerados doenças

ocupacionais as equipes multidisciplinares se voltaram para o estudo dessa

patologia, visando um trabalho amplo e completo em nível de prevenção e

tratamento (ROSA; FERREIRA; BACHION, 2000).

Segundo HAAG (2007), na área da enfermagem do trabalho há um

vasto campo para se desempenhar suas funções, quer na prestação de

assistência de enfermagem aos trabalhadores da empresa e seus

dependentes, quer assumindo funções administrativas, educativas e de

pesquisas.

Assim, tendo em vista que os trabalhadores em geral são expostos

aos esforços repetitivos, e que trata-se de um grupo numericamente

expressivo da população ativa, é necessário investigar os indícios de

ocorrência de LER/DORT continuamente, visando a prevenção e assistência

aos mesmos.

Não há uma causa única e determinada para a ocorrência de

LER/DORT. Conforme a literatura nos demonstra, vários são os fatores

existentes no trabalho que podem concorrer para seu surgimento:

repetitividade de movimentos, manutenção de posturas inadequadas por

tempo prolongado, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão

mecânica sobre determinados segmentos do corpo – em particular membros

superiores, trabalho muscular estático, choques e impactos, vibração, frio,

fatores organizacionais e psicossociais (HERZLICH,2004)

Para que esses fatores sejam considerados como de risco para a

ocorrência de LER/DORT, é importante que se observe sua intensidade,

duração e freqüência. Como elemento predisponente ressalta-se a

importância da organização do trabalho caracterizada pela exigência de ritmo

intenso de trabalho, conteúdo das tarefas, existência de pressão,

autoritarismo das chefias e mecanismos de avaliação de desempenho

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baseados em produtividade – desconsiderando a diversidade própria de

homens e mulheres.

Ainda de acordo com REPULLO JUNIOR (2006), por constituir-se

num grupo de distúrbios com múltiplas causas, de ordem psicossocial e

física, que se apresenta através de várias formas clínicas, o diagnóstico e o

tratamento de afecções do grupo LER/DORT devem levar em conta essa

gama de variáveis e, na medida do possível, envolver uma equipe

multiprofissional e uma abordagem interdisciplinar. Quanto mais precoce o

diagnóstico e o início do tratamento, maiores serão as possibilidades de

êxito.

Trabalhadores dos mais diversos ramos da economia, empregados

e desempregados, do mercado formal e informal, ativos e inativos, buscam

espontaneamente o serviço, ou são encaminhados por centros de referência

em saúde do trabalhador nos mais diversos ambulatórios de assistência do

país, sindicatos de trabalhadores, serviços especializados em engenharia de

segurança e medicina do trabalho de empresas e outros.

Dentro do Programa de Atendimento de Pacientes com LER/DORT,

a equipe responsável pelo atendimento é constituída por médicos do trabalho

e Ortopedista, Enfermeiro e equipe de Psicologia e profissional em Saúde

Mental e Trabalho (REPULLO JUNIOR, 2006).

Para padronizar todos os procedimentos envolvidos na atenção, há

necessidade de se utilizar um protocolo de atendimento que permita uma

utilização mais racional dos recursos existentes e um aperfeiçoamento do

atendimento prestado ao trabalhador.

A anamnese clínica, a ocupacional e o exame físico são realizados

por enfermeira, psicóloga, médicos do trabalho e médico ortopedista, sendo

os exames complementares, principalmente exames de imagem e consultas

com especialistas, realizados nos demais serviços do local de atendimento

(REPULLO JUNIOR, 2006).

O cuidado de enfermagem profissionalizado veio à tona para ser

dirigido aos trabalhadores desde uma simples palestra de educação em

saúde, primeiros-socorros, e até a reduzir o consumo de mão de obra

desamparada por aspectos ético-legais, fazendo com que surja a

enfermagem do trabalho.

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CAPITULO II

METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a realização desse estudo foi usado o método de revisão

bibliográfica utilizando-se as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde

(BIREME), a Biblioteca Científica Eletrônica em Linha (SCIELO) e a Literatura

Científico-Técnica (BVS). Foram previamente selecionados para serem

analisados 23 artigos. A partir dos dados coletados, foi realizada a

elaboração de fichamentos, resumos e resenhas, a fim de selecionar material

e formular a revisão literária.

Partindo da visão de PINA (2006) que afirma que a revisão

bibliográfica, ou revisão da literatura é análise crítica, meticulosa e ampla das

publicações correntes em uma determinada área do conhecimento. De um

modo geral, a revisão bibliográfica é realizada como parte inicial de um

estudo científico, seja da graduação ou pós-graduação, sendo parte

fundamental em uma monografia, dissertação ou numa tese.

O estudo da literatura contribui para definição dos objetivos do

trabalho, construções teóricas, planejamento da pesquisa, comparações e

validação (RIBEIRO, FOGLIATTO e SILVEIRA, 2007).

A pesquisa objetivou conceituar a “Doença de LER/DORT”, suas causas,

tratamento e medidas preventivas visando contribuir com referencial teórico cientifico

ao profissional enfermeira da equipe de saúde do trabalhador na ótica da

importância de identificar e notificar os casos de doenças ocupacionais.

Como critérios de inclusão dos meios eletrônicos foram utilizados as

seguintes palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Movimentos Repetitivos;

Saúde do trabalhador. Das demais referências bibliográficas foram relevantes todos

os assuntos relacionados ao tema.

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CAPITULO III

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ARTIGOS

Conforme os critérios de seleção e análise, os 23 artigos analisados

confirmaram a relação com a ergonomia, a enfermagem do trabalho e as medidas

de prevenção primária desenvolvidas nos ambientes laborais, enfocando a

promoção da saúde dos trabalhadores, conforme será discutido a seguir.

Em analise quanto ao sexo dos autores, verificou-se que a maioria das

publicações eram de mulheres, possivelmente em razão de o maior número de

publicações se encontrar na área de profissionais de enfermagem hospitalar e sua

categoria ser predominantemente feminina (LUIZ ,2003).

Apesar de os avanços na área da ergonomia representar conhecimentos

necessários e aplicáveis à saúde do trabalhador e os efeitos da sua não observância

nos ambientes de trabalho acarretar agravos físicos e mentais aos trabalhadores,

ainda não se verificam muitos estudos nessa área da enfermagem do trabalho. É

notável, que a globalização tem exigido da enfermagem a busca constantemente de

meios de qualificação, comprovados pela abertura de cursos de pós-graduação em

diversos Estados do Brasil, aumentando o nível e quantidade da produção científica.

Quanto à análise da formação profissional, verificou se que a maior parte

dos autores é da área de enfermagem. Dos 66 autores identificados, 43(65,3%) são

enfermeiros, 2(3%) estudantes de graduação em enfermagem, 13(19,7%) estão

divididos entre engenharia, psicologia e medicina e não foi possível identificar a

formação de 8(12%) autores.

Quanto ao nível de formação, constatou-se maior número de publicações

entre aqueles que possuem doutorado em enfermagem, totalizando 13(19,7%) dos

autores. As publicações, cujos autores possuíam graduação e pós-doutorado,

apresentaram resultados iguais, ou seja, 10(15,2%) cada um, fato possivelmente

explicado pelo estímulo às iniciações científicas durante a graduação. Entre os

autores detentores do título de mestre, encontraram-se 4(6,1%) publicações,

mostrando, talvez, que estão na fase inicial de produção científica.

Observou-se apenas 2(3%) autores com titulo de especialista em

enfermagem do trabalho o que talvez possa caracteriza a escassez de publicações

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nesta área, o que dificulta a análise da quantidade e qualidade das publicações

desses profissionais.

3.2 PARTICIPAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ABORDAGEM TERAPÊUTICA

O melhor jeito de evitar as doenças das LER/DORT é cuidar das

questões da ergonomia, ou seja, organizar o trabalho em função da relação

entre o homem e a máquina, para que o profissional não force o corpo

adotando uma postura errada. Ter mobiliário adequado é outro ponto

importante (NEVES, 2006).

De acordo com SCHUCK (2001), uma das primeiras medidas preventivas

para evitar a cronicidade e incapacidade em trabalhadores consiste numa avaliação

precoce das afecções do sistema osteomuscular. Para isso, deve-se realizar uma

checagem cuidadosa empregando métodos semiológicos padronizados. Uma

propedêutica deve englobar uma anamnese, com ênfase ocupacional e ergonômica

e um exame físico que pode utilizar os seguintes métodos:

• Inspeção estática e exame cultural;

• Inspeção dinâmica;

• Palpação;

• Avaliação da força e flexibilidade musculares;

• Exame neurológico e manobras especiais.

É importante também avaliar o cliente em relação aos diferentes aspectos

relacionados aos sintomas osteomusculares, tais como intensidade da dor,

capacidade funcional, qualidade de vida e estado emocional (ROSA & FERREIRA,

2000).

Segundo PICOLOTO & SILVEIRA (2008), O diagnóstico de LER/DORT

deve, sempre que possível, contar com a investigação do ambiente ou posto de

trabalho. Às informações fornecidas pelo paciente, devem se associar dados obtidos

pela equipe do serviço de saúde, inclusive aqueles dados decorrentes de inspeção

no ambiente de trabalho, sobretudo, em casos mais atípicos quanto à relação da

ocupação com a LER/DORT.

No Protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção de

LER/DORT do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), estabelece os seguintes

parâmetros para a investigação dos casos:

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• A investigação das condições de trabalho deve ser realizada por profissional

ou equipe técnica imbuída do diagnóstico clínico-ocupacional, não sendo

impedimento para tal a ausência de especialista em ergonomia na equipe.

Informações adicionais devem ser obtidas do responsável pelo Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). É responsabilidade do

empregador disponibilizar as informações sobre as condições de trabalho.

• Em avaliação do local/ posto de trabalho deve se observar no meio ambiente,

aspectos técnicos, aspectos organizacionais: mobiliário, instrumentos de

trabalho, organização do trabalho, condições ambientais, "lay-out" do posto

de trabalho.

• Averiguar, entre outros aspectos: possibilidades de mudança postural pelo

trabalhador, variedade e diversidade de funções, autonomia e discernimento

do trabalhador, pausas regulares ou possibilidade de pausa entre um ciclo e

outro, possibilidade fácil de interromper o trabalho para necessidades

fisiológicas. Além destes, alguns aspectos já assinalados como fatores de

risco devem ser observados: existência de repetitividade, fragmentação da

tarefa, pressão de tempo, incentivos à produtividade, ritmo de trabalho

induzido por esteira de produção ou equivalente, possibilidade de aumento do

ritmo da produção e/ou da esteira pela supervisão, horas-extras ou dobras de

turno, existência de sazonalidade da produção que implique maior

concentração de atividades como consequente sobrecarga em épocas do

mês ou do ano; número de pessoas insuficiente para produção exigida.

• Quanto aos aspectos mais ligados à biomecânica, observar:

qualidade da cadeira; características de mesa de trabalho com computador,

de caixa registradora ou de caixa de banco; uso de ferramentas manuais

vibratórias; situações de trabalho que impliquem manutenção de braços

suspensos, sem apoio; posição do tronco; presença de trabalho sentado em

balcão ou bancadas feitas para o trabalho em pé.

Realizada a inspeção, o conjunto de informações obtido deve permitir a

adequada definição da exposição à sobrecarga no trabalho, orientando

melhor a investigação diagnóstica.

Segundo RAMAZZINI (1998), a enfermagem deve participar da

implementação das alterações ergonômicas no ambiente de trabalho e participar

ativamente de todas as abordagens educativas, quanto orientações em relação às

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técnicas adequadas de levantamento, manuseio e transporte de cargas, em relação

à postura e movimentos.

É função do enfermeiro do trabalho participar periodicamente de programas

de treinamento em relação aos equipamentos e materiais, relações interpessoais

entre os trabalhadores, providenciar educação continuada, bem como verificar o

conforto térmico, visual e acústico.

A LER/DORT são lesões que podem ser prevenidas. Atitudes

preventivas e cuidados devem ser observados diariamente para evitar estas

lesões. O modelo da Vigilância à Saúde do Trabalhador pressupõe articulação entre

as ações de assistência, prevenção e promoção (BRASIL, 2012). Assim, uma vez

cumpridos os passos para assistência ao paciente, o serviço deve estruturar as

informações disponíveis em um sistema de informações que viabilize as demais

ações de Vigilância à Saúde do Trabalhador. Recomenda-se a utilização do Sistema

de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

O profissional de enfermagem do trabalho realiza procedimentos adotando

medidas de precaução universal de biossegurança, além de planejar e executar ações

de prevenção de riscos e acidentes aos trabalhadores. Cabe a ele a coleta de dados

de casos de doenças ocupacionais, realização de inquéritos sanitários, coleta de dados

estatísticos de morbidade e mortalidade de trabalhadores e etapas precedentes aos

estudos epidemiológicos.

Ainda, executa e avalia programas de prevenções de acidentes de trabalho e

de doenças profissionais ou não-profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores

de insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho, para propiciar a

preservação de integridade física e mental do trabalhador.

Ultrapassar os limites do diagnóstico individual, em direção a uma ação

coletiva, deve ser o princípio orientador na abordagem das LER/DORT. Dentro dos

limites possíveis para cada serviço, a organização dos dados, especialmente o

registro da procedência dos trabalhadores atendidos, pode determinar uma

intervenção em empresas e locais de trabalho, possibilitando uma ação mais eficaz

de impacto coletivo na prevenção das LER/DORT.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se observou, a LER/DORT são síndromes provocadas pelo uso

inadequado e excessivo do sistema que agrupa ossos, nervos, músculos e

tendões.

É válido lembrar, que a LER/DORT tem prevenção. No campo da

prevenção, fruto de mobilização sindical, há uma Norma Regulamentadora

(NR-17), que fixa alguns limites para as empresas em que há postos de

trabalho que exigem esforços repetitivos, ritmo acelerado e posturas

inadequadas, mas ainda não contempla diversos fatores responsáveis pelas

lesões.

É importante destacar, que atualmente há uma preocupação com a

temática da saúde do trabalhador, isto devido à realização de diversos estudos por

profissionais de diferentes níveis de formação e qualificação. A partir dos artigos

selecionados, identificou-se que os casos de LER/DORT tem possibilidade de

redução e controle mediante ações preventivas implementadas por

empregados e empregadores.

É necessário citar, que a prevenção primária é função principal da

enfermagem do trabalho, pois, através dela, é possível evitar danos à saúde

que podem ocorrer entre os trabalhadores. A inserção do enfermeiro do

trabalho na equipe de provedores da saúde do trabalhador é, certamente,

grande conquista tanto para os empregados quanto para os profissionais da

enfermagem que têm a responsabilidade de zelar pelo bem-estar das

pessoas, independente de condições sociais ou posições no mercado de

trabalho, contribuindo, assim, para a melhoria das condições laborais no seu

ambiente de trabalho.

Sugerimos que mais pesquisas sejam realizadas e que os dados obtidos no

presente estudo sejam utilizados em estratégias que tenham por objetivo a

prevenção e promoção da saúde desses trabalhadores, bem como na melhoria das

estratégias de saúde atuais, para que dessa forma esses funcionários possam

conhecer entender e conscientizar-se sobre a assistência á saúde que lhe é

oferecida e necessária, para uma melhor qualidade de vida sua e de toda a sua

família.

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Este trabalho atingiu todos os objetivos pretendidos, sem a intenção de

esgotar o assunto. As questões levantadas durante a sua realização poderão ser

complementadas em futuras pesquisas.

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