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1 FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO PATRÍCIA BERZIN CANDELÁRIA JORNALISTAS EMPREENDEDORAS NA BLOGOSFERA: A internet como ferramenta profissional São Paulo 2013

FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO PATRÍCIA BERZIN … · FIESP: Federação das ... um domínio tradicionalmente masculino, ... promoções e Daiana Henckes com o blog Lápis de Olho

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FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO

PATRÍCIA BERZIN CANDELÁRIA

JORNALISTAS EMPREENDEDORAS NA BLOGOSFERA:

A internet como ferramenta profissional

São Paulo

2013

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PATRÍCIA BERZIN CANDELÁRIA

JORNALISTAS EMPREENDEDORAS NA BLOGOSFERA:

A internet como ferramenta profissional

Monografia apresentada às Faculdades Integradas Rio Branco, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo. Orientador: Prof. Me. Renata Carraro

São Paulo

2013

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Patrícia Berzin Candelária Jornalistas Empreendedoras na Blogosfera

Monografia apresentada às Faculdades Integradas Rio Branco, Curso Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo.

Aprovado em:

Banca Examinadora

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________________________________________

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São Paulo

2013

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Dedico este trabalho à minha mãe que sempre me incentivou, e me fez descobrir na

escrita um prazer, meu pai que ajudou na minha educação e me ofereceu apoio para

que não desistisse do meu sonho. Aos Mestres que durante minha trajetória

acadêmica me aconselharam e estiveram sempre presentes nessa jornada que

agora chega ao fim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e aos espíritos de luz, por ter tido a força

necessária para concluir mais esta etapa da minha vida. A minha mãe que suportou

meus momentos de angústia e cansaço, meu pai por sua compreensão.

Agradeço à professora Patrícia Ceolin pela leitura, correção e orientação outorgada,

professora Clara Corrêa por sua incansável ajuda com conselhos e atenção. Ao

professor André Rosa, que ampliou minha visão sobre o assunto em questão e me

ajudou quanto às pesquisas. E também às professoras presentes em minha pré-

banca: Renata Carraro e Virgínia Antunes de Jesus. Posteriormente pela orientação

no oitavo semestre da professora Renata Carraro que me incentivou a continuar e

me ofereceu apoio psicológico para apresentar o trabalho à banca final.

Agradeço de forma especial à colaboração do colega Gilson Gomes da Silva, que

me apoiou e esteve ao meu lado desde o início de minha graduação em jornalismo.

Meus sinceros agradecimentos a todos.

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Enfeitar-se é um ritual tão grave.

A fazenda não é um mero tecido,

é matéria de coisa.

É a esse estofo que com meu corpo eu dou corpo.

Ah, como pode um simples pano ganhar tanta vida?

Meus cabelos,

Hoje lavados e secados ao sol do terraço,

estão da seda mais antiga.

Bonita?

Nem um pouco, mas mulher.

Meu segredo ignorado por todos e até pelo espelho:

mulher.

Clarisse Lispector, 1968

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABDE : Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento

BB: Banco do Brasil

ACSP: Associação Comercial de São Paulo

BNDE: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEBRAE: Centro Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas

CEF: Caixa Econômica Federal

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONSIC: Conselho Governamental da Indústria e do Comércio

COPEME: Conselho de Desenvolvimento da Micro, Pequena e Média Empresa

FAESP: Federação da Agricultura do Estado de São Paulo

FECOMÉRCIO: Federação do Comércio do Estado de São Paulo

FIESP: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FIPEME: Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa

IPEA: Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas

IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas

MIC: Ministério da Indústria e Comércio

ParqTec: Fundação Parque Alta Tecnologia de São Carlos

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresas

SENAC: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SEPLAN: Secretaria do Planejamento e da Modernização da Gestão Pública

SESI: Serviço Social da Indústria

SINDIBANCOS: Sindicato dos Bancos do Estado de São Paulo

SOFTEX: AssociaçãoparaPromoção da Excelênciado Software Brasileiro

SUDENE: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

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Resumo Há cerca de 50 anos o jornalismo era composto predominantemente pela figura

masculina. Hoje o perfil do profissional de jornalismo brasileiro é feminino. Elas

trabalham na mídia, em assessorias de imprensa e como docentes. Porém, ainda

existe discriminação em relação aos ganhos da mulher jornalista, que ainda são

menores em relação aos do homem. Este trabalho procura demonstrar como e

porque as mulheres jornalistas empreendem por meio de blogs. Para realizar esta

tarefa foram entrevistadas cinco jornalistas blogueiras e quatro especialistas. Além

disso, seus blogs foram cuidadosamente analisados. O resultado da pesquisa está

exposto em uma web-reportagem vinculada a um blog, ambos produzidos pela

autora.

Palavras-chave: Mulher, jornalista, blog, blogueira, freelancer, empreendedora.

Abstract

About 50 years the journalism was composed predominantly by male figure.

Currently the professional profile of Brazilian journalism is female. They work in

the media, press agencies and as teachers. However, there is still discrimination

against woman journalist gains, which are still lower than those of

men. This study demonstrates how and why women journalists undertake through

blogs. To accomplish this task were interviewed five bloggers journalists and four

specialists. In addition, their blogs have been carefully analyzed. The search

result is displayed in a web-reportage linked to a blog, both produced

by the authoress.

Keywords: woman, journalist, blog, blogger, freelancer, entrepreneur.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO 1 – A IMPRENSA COM ALMA FEMININA 13

1.1 O início da imprensa no Brasil 13

1.2 A visão da mulher pela sociedade 16

1.3 A trajetória da imprensa feminina 19

1.3.1 A trajetória da imprensa feminina no Brasil 20

1.3.2 A consolidação da imprensa feminina no Brasil 24

CAPÍTULO 2 –

JORNALISMO FEMININO DIALOGANDO COM MULHERES 26

2.1 Definindo a jornalista brasileira 26

2.2 A comunicação voltada para mulheres 29

2.3 A mulher jornalista no mercado de trabalho atual 31

CAPÍTULO 3 – EMPREENDEDORISMO À BRASILEIRA 33

3.1 A origem do empreendedorismo no Brasil 33

3.2 Surgimento e consolidação do SEBRAE 35

3.3 Perfil do empreendedor 38

3.4 A importância da mulher para o empreendedorismo 40

CAPÍTULO 4 – JORNALISMO NA BLOGOSFERA 43

4.1 Tendências de negócios na Blogosfera 43

4.2 Os caminhos do jornalismo freelancer na internet 47

4.3 A tecnologia utilizada a favor do jornalista 50

CAPÍTULO 5 – WEB REPORTAGEM:

JORNALISTAS EMPREENDEDORAS NA BLOGOSFERA 53

5.1 Descrição do produto e layout 53

5.1.1 A Autora 54

5.1.2 Sobre o Blog 54

5.1.3 Monografia 55

5.1.4 Vídeos 55

5.1.5 Relatos e Grande reportagem 55

5.1.6 Galeria de fotos 55

5.1.7 Bastidores do TCC 55

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5.1.8 Contato 56

5.2 Público Alvo 56

5.3 Custos de Produção 56

5.4 Cronograma 57

5.5 Memorial Descritivo 58

5.6 Pautas 60

5.7 Textos do Blog Raposas Blogueiras 86

5.8 Print Screen do Blog Raposas Blogueiras 101

CONSIDERAÇÕES FINAIS 103

REFERÊNCIAS 104

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Introdução

A escolha do tema deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) surgiu da

limitação provocada pelo regime CLT, e pelo aumento de jornalistas que se tornaram

empreendedores ou freelancers, bem como pela massiva presença feminina no

mercado de trabalho, e no jornalismo brasileiro por meio de importantes conquistas

de âmbito cultural e social, que vem se acentuando desde a década de 80 do século

passado. As mulheres estão presentes nas redações, inicialmente nos veículos

impressos, nos eletrônicos e, mais recentemente na web.

As jornalistas procuraram através da imprensa feminina, novas formas de

empreendedorismo por meio de blogs. O blog, ou plataforma digital é um serviço de

informação e entretenimento oferecido pela internet. Ele possui uma estrutura

atualizada cronologicamente por meio de postagens ou artigos. Os blogs são

apresentados de forma aberta ao público, permitindo todos os tipos de

manifestações sejam elas pessoais, profissionais, empresariais e institucionais.

Foram usados para justificar esta pesquisa como objeto de empreendedorismo, já

existe um modo mais simples para sua criação e funcionalidade que outros tipos de

empreendimentos como as micro e pequenas empresas.

Na tentativa de suprir os números de blogs existentes na web, o trabalho irá

apresentar alternativas como a escolha de blogs com temas voltados ao público

feminino, já que muitas mulheres jornalistas recém-formadas ou com alguns anos de

experiência estão migrando para esta área do empreendedorismo. A pesquisa

buscará compreender por que essas jornalistas passam a criar blogs para seu

sustento, para se destacar na vida profissional, ou como elas conseguem conciliar o

trabalho em regime CLT aos blogs.

Com a convergência midiática sofrida pelos meios de comunicação em massa

impressos, televisivos e radiofônicos, a informação foi parar em apenas um suporte:

a internet. O projeto será interessante para demonstrar que o que foi tratado como

um domínio tradicionalmente masculino, um dos aspectos que inibiam o avanço das

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mulheres na carreira profissional, elas também promoveram o progresso no

jornalismo e no ciberespaço e utilizaram a internet como ferramenta profissional.

Há cerca de vinte anos, a maioria dos formandos se especializava em apenas

um tipo de veículo, atualmente o profissional precisa ser capaz de produzir material

informativo (muitas vezes simultaneamente) em texto, áudio, vídeo e fotografia.

Ferramentas capazes de explorar a tecnologia disponível ao seu favor. Isso traz

novas oportunidades de negócios, e exprime as mudanças na função do jornalista.

O produto será um blog que agregará não somente a monografia em si, mas

também os bastidores do TCC. Os entrevistados e suas histórias serão

apresentados por meio de fotos, vídeos, e textos compondo relatos, uma grande

reportagem escrita e vídeos. Não sendo apenas um repositório do trabalho, mas

permitindo que haja um feedback dos internautas através de opiniões, visitas, etc.

O trabalho contará histórias de cinco profissionais que atuam na blogosfera.

Tais como a jornalista e historiadora, Fabiana Camilo que criou o blog

fabianacamilo.com em 2011, ganhando espaço nas mídias sociais, para debater de

forma democrática ideias sobre o tema Plus Size; Daniela Anfimof com o blog

Departamento de Beleza, no qual trata de beleza, moda, cabelos, esmaltes e o look

do dia; Natália Clementin, jornalista e blogueira possuí o blog intitulado Blog da Nala

que promove assuntos voltados também ao público feminino sobre moda, beleza e

saúde, tv e cinema, música, decoração e um mix contendo um pouco de tudo;

Déborah Klug e Helô Paganelli duas jornalistas que escrevem para o mesmo blog

sobre assuntos femininos. Com o blog Cadê meu Blush? Tratam de assuntos

tipicamente femininos, com roupas, modelos, acessórios, divulgando-o e fazendo

promoções e Daiana Henckes com o blog Lápis de Olho. Além dos quatro

especialistas consultados para produzir a web reportagem. São elas: Dulcília Buitoni,

Regina Helena de Paiva Ramos, Ana Fontes, e Alice Salvo Sosnowski, jornalista e

especialista em empreendedorismo. Entre outras experiências, atuou por seis anos

no mercado no desenvolvimento de produtos digitais, tais como sites, intranets e

marketing digital. Escreve para o blog “O pulo do gato” sobre tecnologia,

empreendedorismo e inovação.

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CAPÍTULO 1 – A IMPRENSA COM ALMA FEMININA

1.1 O início da imprensa no Brasil

Segundo Sodré (1999) o marco inicial da imprensa no Brasil data em10 de

setembro de 1808, com a Gazeta do Rio de Janeiro pelo editor Frei Tibúrcio José da

Rocha. Nesta época, o jornal publicava apenas notícias favoráveis ao governo. Em

1809, construía-se o primeiro prelo de madeira.

O Correio Braziliense ou Armazém Literário foi o jornal fundado, dirigido e

redigido por Hipólito da Costa, em Londres, a partir de 1808. Em 1814, o jornal

tratou da questão dos escravos, porém, não seguiu a sua “tendência democrática”,

porque ficou do lado das Cortes, quando tentaram recolonizar o Brasil. Hipólito

também apoiou o regresso ao Reino do príncipe D. Pedro, com o objetivo de “manter

a desejada união entre Brasil e Portugal.”

Hipólito admite que o jornal surgiu com o fim de “preparar para o Brasil instituições liberais e melhores costumes políticos”. Mas admite, também, que “evidentemente, não foi fundado para pregar a independência e não a pregou”. O próprio jornalista deixaria entrever, ou expressaria claramente, as suas finalidades, nas matérias que divulgava. (SODRÉ, 1999, p. 23)

Em outubro do mesmo ano, o Correio Braziliense chega ao Rio de Janeiro, e

ganha repercussão nas classes favorecidas, mas é apreendido por D. Rodrigo de

Sousa Coutinho que atribui a Hipólito, manifestos contra o governo: “calúnias contra

a nação e o governo inglês.” (SODRÉ, 1999, p. 25).

Em 11 de setembro de 1811, o mesmo D. Rodrigo de Sousa Coutinho determinava aos governadores de Portugal a proibição da entrada do jornal de Hipólito da Costa: “O Príncipe Regente Nosso Senhor tem sido servido determinar imediatamente que se proíba nesse Reino e seus dominios a entrada e publicação do periódico intitulado Correio Brasiliense, assim como de todos os mais escritos de seu furioso e malévolo autor. (SODRÉ, 1999, p. 26)

O Correio Brasiliense foi criado para atacar “os defeitos da administração do

Brasil”, e conforme seu criador admitia ter caráter “doutrinário muito mais do que

informativo”. A perseguição do governo pelo Correio Brasiliense sofreu altos e

baixos, até o ano de 1820, com a revolução do Porto. O direito de circular foi

concedido, e as perseguições cessaram.

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Em abril de 1960, Assis Chateaubriand, diretor dos Diários Associados,

fundou juntamente com a inauguração da cidade e a TV Brasília, o Correio

Brasiliense. Assis aperfeiçoou o título do jornal criado por Hipólito, tornando-o

adjetivo pátrio de Brasília. Após a morte de Chateaubriand, o Correio continuou a

pertencer aos Diários Associados, sendo o principal jornal da Capital Federal.

O atraso da imprensa no Brasil, aliás, em última análise, tinha apenas uma explicação: ausência de capitalismo, ausência de burguesia. Só nos países em que o capitalismo se desenvolveu, a imprensa se desenvolveu. A influência do Correio Brasiliense, pois, foi muito relativa. Nada teve de extraordinário. Quando as circunstâncias exigiram, apareceu aqui a imprensa adequada. E por isso é que só por exagero se pode enquadrar o Correio Brasiliense no conjunto da imprensa brasileira. Quando começou a circular, com a clandestinidade obrigada ou não a que se submeteu – clandestinidade porque proibido ou clandestinidade porque pouco lido – não se haviam gerado aqui ainda as condições para o aparecimento da imprensa. O que existia era arremedo. Quando surgiram aquelas condições, o Correio Brasiliense perdeu a razão de ser. (SODRÉ, 1999, p. 28)

Depois da Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal a circular em território

nacional em 1808, surgiu a Idade de Ouro do Brasil, periódico publicado na Bahia

que circulava nas terças e sextas-feiras, escrita pelos portugueses: Diogo Soares da

Silva e padre Inácio José de Macedo. Seu objetivo era mostrar como “o caráter

nacional ganha em consideração no mundo pela adesão ao seu governo e à

religião.” (SODRÉ, 1999, p. 29) O jornal durou até julho de 1823.

O Patriota foi fundado por Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, que

sucedeu frei Tibúrcio na redação da Gazeta, nela permaneceu até 1821, quando a

censura prévia fora extinta em Portugal. Em 1821, surgiram duas tipografias no Rio

de Janeiro, a Nova Tipografia e a de Moreira e Garcez. No ano seguinte

inauguraram-se mais quatro. Neste mesmo ano, contabilizavam-se ao menos nove

livrarias na Corte. Após a proclamação da Independência, surgiram outras.

O ano da Independência assinalou o aparecimento de numerosos periódicos, na Corte e nas províncias, caracterizando a tensão político vigente e assinalando as tendências. Vindos do ano anterior, continuavam a circular, na Corte, o Diário do Rio de Janeiro, na sua omissão política; o Revérbero Constitucional Fluminense, em seu destacado papel; O Espelho, mantendo a orientação que o motivara; A Malagueta, que atingira agora o auge de seu prestígio; e a Gazeta do Rio de Janeiro, como folha oficial, mudando o título depois da Independência, para Diário do Governo; no Maranhão, prosseguia O Conciliador; em Pernambuco, a Sagarrega, durante todo o ano e, até maio, o Relator Verdadeiro. Novas tentativas surgiriam agora, juntando-se a estas e substituindo as que haviam malogrado. (SODRÉ, 1999, p. 64; 65)

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Em 1824, surgem O Universal, O Companheiro do Conselho, O Patriota

Mineiro, e O Diário do Conselho do Governo da Província de Minas Gerais. No ano

de 1827, os primeiros jornais a circular no interior mineiro eram São João D’El Rei, o

Astro de Minas e O Amigo da Verdade. Mais tarde, em 1828, surge o Eco do Serro,

de Diamantina. Segundo Sodré(1999) o primeiro periódico paulista foi manuscrito,

devido às dificuldades apresentadas para a imprensa na época. A falta de tipografia

tornava a cópia um processo medieval. O Paulista durou apenas alguns meses.

Algumas tentativas de estabelecer a tipografia em São Paulo foram feitas,

sem sucesso. “O primeiro jornal impresso em São Paulo apareceu somente a 7 de

fevereiro de 1827. Foi O Farol Paulistano, dirigido por José da Costa Carvalho.”

(SODRÉ, 1999, p. 87)

Mas entre 1827, quando apareceu O Farol Paulistano, e 1854, ao surgir o Correio Paulistano, apareceram, segundo registrou Afonso A. de Freitas, 64 periódicos, todos de vida efêmera. No Rio Grande do Sul, a imprensa inaugurou-se com o Diário de Porto Alegre que começou a circular a 1º de junho de 1827, cinco anos depois da Independência, portanto, como em São Paulo. (SODRÉ, 1999, p. 88)

Em 1827, o francês Pierre Plancher dono da tipografia que passou a imprimir

o Jornal do Comércio, ajudou a contribuir para impulsionar a imprensa brasileira.

Segundo Sodré (1999) os primeiros redatores do Jornal do Comércio foram além do

Plancher, Emil Seignot, João Francisco Sigaud, Júlio César Muzzi, Francisco de

Paula Brito e Luís Sebastião Fabregas Surigué.

Pouco adiante, Plancher, por ter de regressar à França, deixou o jornal a cargo de Seignot, que o vendeu, a 4 de fevereiro de 1834, a Julius de Villeneuve e Reol de Mongenot. Aquele comprou, pouco depois, a parte deste, e impulsionou o jornal, fazendo de Francisco Antônio Picot seu braço direito. Desde 1868, o jornal teria como colaborador, enviando correspondência de Nova Iorque, a José Carlos Rodrigues, que viria, a 15 de outubro de 1890, a adquirir Villeneuve e Picot a propriedade do jornal. Muito avançara a imprensa brasileira, entretanto, quando isso aconteceu. À época a que nos referimos, o Jornal do Comércio estava longe de ser a folha que se tornaria quando José Carlos Rodrigues o adquiriu. (SODRÉ, 1999, p. 110)

Em agosto de 1844, o Diário do Rio de Janeiro publicava o surgimento da

Lanterna Mágica que anunciava “Lanterna Mágica-Jornal de Caricaturas”. “O novo

jornal, que apresentava o primeiro sério avanço técnico na imprensa brasileira,

rixava com A Sentinela da Monarquia e fazia a crítica dos costumes.” (SODRÉ,

1999, p. 179) Surgiu assim, a caricatura na imprensa brasileira, trazendo recursos

de forma grandiosa para que o processo político da época não saísse imune.

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As inovações técnicas que se esboçam no fim da primeira metade do século XIX e definem-se na segunda metade encerram as possibilidades da imprensa artesanal que, a partir de então, e até hoje, refugia-se no interior, nos pequenos jornais das pequenas cidades onde, entretanto, inexistem as condições políticas que salvaram os precursores de se tornarem inócuos. (SODRÉ, 1999, p. 180)

1.2 A visão da mulher pela sociedade

Desde os primórdios, a sociedade tem visto a mulher sobre diversos

aspectos. Entre esses aspectos é possível destacar o mental: de forma ingênua,

ignorante ou passiva e o físico: como objeto para apreciação do observador

masculino. Segundo Schaun; Rizzo; Pascal e Schwartz (org.) (2007) ambos os

sexos carregam uma carga de subjetividade em seu comportamento ao longo dos

séculos, determinando assim, sua imagem na sociedade.

A imagem da mulher como objeto de apreciação do olhar masculino não pode ser dissociada da realidade em que foi moldada, das suas referências de tempo e espaço e do seu contexto histórico e social, dos quais emergem os valores, os papéis, as representações e os significados que são distintos para ambos os sexos. Pode-se considerar que os conflitos suscitados pela sexualidade são tão antigos que se fundem com a história da humanidade. Nesse sentido, a mulher também formou uma subjetividade em um espaço social que determinou sua imagem ao longo da História. (SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ, 2007, p. 234)

Ainda para Schaun; Rizzo; Pascal e Schwartz (org.) (2007) a imagem da

mulher tem se perpetuado também sob o aspecto visual na perspectiva de diferentes

artistas, tais como pintores e artistas plásticos que as representava de sua maneira

alta, baixa, gorda, magra, feia ou bonita, mas sempre como uma figura de adoração

com forte apelo sexual e carnal. “Na arte a mulher é vista como personagem lírica,

alimentando-se dos cuidados e da adoração masculina, e seu corpo nu torna-se um

espetáculo.” (SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ, 2007, p. 235)

Segundo Rosaldo e Lamphere (1979) toda sociedade elabora diferenças

entre os sexos, seja no vestuário, no comportamento, ou nas tarefas diárias. Porém,

mesmo que em certas sociedades ocorra o inverso das tarefas de ambos os sexos,

as atividades exercidas pelos homens tornam-se mais importantes que as praticadas

pelas mulheres.

Encontramos em algumas partes da Nova Guiné, por exemplo, que as mulheres cultivam batata doce e os homens inhame, alimento de maior prestígio e distribuído nas festas. Na sociedade Filipina, estudada por mim, os homens caçavam em grupos enquanto as mulheres cultivavam, em sua maioria individualmente e embora o arroz cultivado por elas tenha se

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tornado o suprimento alimentar de sua família, seu alimento básico, a carne sempre foi compartilhada pela comunidade e o alimento mais valorizado. O mesmo padrão prevalece em outras sociedades caçadoras, onde as mulheres podem ajudar na caça, mas sua distribuição compete ao homem e a carne, ao contrário das raízes nutritivas e nozes coletadas pelas mulheres, é socialmente valorizada e distribuída. Entre os grupos aborígenes na Austrália, somente a carne, a qual o homem distribui, é considerada um “alimento” adequado. (ROSALDO e LAMPHERE, 1979, p. 35;36)

Portanto, as ações e a figura masculina demonstram poder e autoridade

diante das mulheres, o sexo frágil, tratado como desimportante. Todo poder

destinado às mulheres é ignorado, demonstrando que a desigualdade sexual é um

fato universal nas sociedades. Segundo Rosaldo e Lamphere (1979) a posição

feminina na sociedade é de dona de casa, devido ao seu papel de mãe. Sua função

está pautada nos afazeres domésticos como lavar, passar e cozinhar.

Suas atividades econômicas e políticas são restringidas pelas responsabilidades nos cuidados com os filhos e o enfoque de suas emoções e atenções é particularista e dirigido para os filhos e o lar. (ROSALDO e LAMPHERE, 1979, p. 40)

Para Rosaldo e Lamphere (1979) a sociedade traça o caminho da

personalidade feminina e masculina a partir da infância. Ao criar seus filhos, a

mulher torna-se um exemplo para sua filha, uma “pequena mãe”: “As maneiras e as

atividades femininas são adquiridas de uma forma que parece fácil e natural.” Porém

quando a mãe cria seu filho, em certa idade ele busca referências masculinas para

“aprender ser homem”. Como o pai geralmente está ausente na criação do filho, pois

tem a obrigação de trabalhar fora de casa, “ele tende a estar impaciente e agressivo

e a procurar laços horizontais com seus companheiros masculinos.” (ROSALDO e

LAMPHERE, 1979, p. 41)

Uma mulher torna-se mulher ao seguir os passos de sua mãe, enquanto que na experiência masculina é necessário haver uma quebra. Para um menino se tornar adulto ele precisa provar a si mesmo (sua masculinidade) entre seus companheiros. E embora todos os meninos sejam bem sucedidos ao atingir a maioridade, as culturas tratam esse desenvolvimento como algo que cada indivíduo tenha conquistado. (...) Enquanto os homens alcançam classificações como um resultado de conquista explícita, as diferenças entre as mulheres geralmente são vistas como o produto de características idiossincráticas, tais como temperamento, personalidade e aparência. (ROSALDO e LAMPHERE, 1979, p. 45; 46)

Então, sendo a figura feminina não compreendida publicamente, de um

ponto de vista mais amplo, elas são concebidas como “desviadoras ou

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manipuladoras”, já que, são classificadas em conjunto e suas características

individuais são ignoradas. Para Rosaldo e Lamphere (1979) em certos países,

mulheres cometem atrocidades para “celebrar” a morte de um ente querido ou

mesmo de seus maridos. Exemplo: “No Mediterrâneo, as que perderam um parente

próximo são obrigadas a usar roupas negras o resto de suas vidas (...); as mulheres

índias de castas altas costumavam se arremessar nas piras funerárias de seus

maridos”. Mesmo tratadas desta forma, sabe-se que elas são indispensáveis para a

reprodução humana e a perpetuação da espécie.

Fatores importantes, para forjar alianças políticas entre grupos, que implicam

à mulher o poder e valor estão relacionados à herança e dotes de sua família e a

laços com homens ricos e, consequentemente, influentes na sociedade. Além

destas, existem outras formas das mulheres incitarem seus maridos a agir de acordo

com seus interesses:

Portanto, por exemplo, a mulher tradicional americana pode obter o poder encobertamente, bajulando a vaidade de seu marido (privativamente dirigindo sua vida pública). Ou ela pode forjar um mundo público para ela própria, desde instituições de caridade até campeonatos de assados. Em outros lugares, elas podem formar sociedades de negócios, clubes de igreja ou mesmo organizações políticas, através dos quais elas forçam os homens imprudentes a entrar na linha. (ROSALDO e LAMPHERE, 1979, p. 55)

É possível notar que os atributos femininos com capacidade de vinculá-las

ao poder também são provenientes da mitologia grega. Segundo Schaun; Rizzo;

Pascal e Schwartz (org.) (2007) a importância hierárquica da deusa grega Atena e

seu símbolo de mulher no poder, provêm de seu nascimento da cabeça de Zeus.

“Atena é a ‘guardiã das acrópoles, deusa guerreira, deusa da inteligência, deusa da

razão, do equilíbrio apolíneo’.” (SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ, 2007, p.

104; 105)

Então, as diferentes formas, anteriormente citadas de tornar a mulher um ser

minoritário, provocam a desigualdade e a desvalorização da figura feminina diante

da masculina, de uma forma natural e não social. Mas muita coisa mudou ao longo

dos séculos, principalmente no Brasil. Para Schaun; Rizzo; Pascal e Schwartz (org.)

(2007) a Declaração dos Direitos Humanos assinada pelo Brasil em 1948, proíbe

todas as formas de discriminação pelo ser humano e busca demonstrar que os

direitos das mulheres existem e tem se empenhado para transformá-lo em políticas

públicas.

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Num estudo analítico da IV Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas sobre a Mulher, em (2002) destaca que os direitos do homem têm se modificado sob a influência dos avanços da tecnologia e das alterações econômicas, políticas, culturais e sociais, num movimento que não deverá sofrer solução de continuidade. Cabe acrescentar a essa metamorfose a questão da religião, um dado sempre presente na elaboração dos construtos de defesa e proteção das mulheres.(SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ, 2007, p. 110; 111)

Desta forma, os direitos tornam-se propriedade histórico-cultural da

humanidade, que provém ao longo de sua trajetória experiências, e uma verdadeira

revolução no campo das relações masculinas e femininas, trazidas para a

atualidade. Conforme a política de vida, homens e mulheres são seres humanos, e,

portanto deveriam ter os mesmos direitos: “estabelecer entre si relações de

solidariedade e de generosidade, e não de fortalecimento das desigualdades.”

(SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ, 2007, p. 116). Em muitos casos, a

mulher abandona seu bem estar para dedicar-se ao sustento de sua casa: “É próprio

da cultura feminina proteger a vida”. (SCHAUN; RIZZO; PASCAL e SCHWARTZ,

2007, p. 117)

A emancipação das mulheres é uma realidade, sendo que os progressos são visíveis em diversas áreas. Elas passaram da esfera privada para o domínio público, embora ainda continue a existir uma divisão entre o homem público e a mulher privada. (CERQUEIRA; RIBEIRO e CABECINHAS, 2009, p. 113)

1.3 A imprensa feminina

A imprensa feminina surgiu no final do século XVII, Ocidente, dirigido a um

público definido, as mulheres: “a imprensa feminina privilegia o ser mulher, propõe

modelos culturais como sendo lógicos e naturais” (BUITONI, 1981, p. 6).

Desde o princípio da imprensa, os jornais eram redigidos e impressos para

homens e mulheres, porém apenas os homens eram letrados. Havia poucas

mulheres alfabetizadas, esse direito só as foi outorgado por volta da metade do

século.

Os almanaques foram os antecessores da imprensa feminina. Traziam conselhos de economia doméstica, medicina caseira, agricultura – enfim, eram repositórios de todo um saber transmitido de geração a geração. Esse caráter de conselheiro iria passar para os periódicos femininos. (...) Os primeiros jornais para mulheres, no entanto, não seguiram muito o almanaque; preferiam literatura, correspondência de editores e leitoras, pequenas crônicas sociais e comentários sobre espetáculos. O correio era o suporte principal da imprensa nessa época, de modo que cartas e respostas ocupavam bastante espaço em suas páginas. O critério de utilidade para a

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vida cotidiana das leitoras ainda não imperava – a imprensa feminina objetivava um certo esnobismo e verniz cultural. (BUITONI, 1990, p. 62;63)

A sociedade brasileira, na época, era muito influenciada pelos costumes

portugueses que retiam a mulher no lar com afazeres domésticos como lavar,

passar, cozinhar, cuidar dos filhos e bordar. Atualmente, o conceito de público é

amplo, ligado a diversas camadas sociais.

Existem seguimentos de mercados voltados aos diferentes públicos, porém,

a “Imprensa feminina é um conceito definitivamente sexuado: o sexo de seu público

faz parte de sua natureza” (BUITONI, 1990, p. 7) Três grandes patamares sustentam

a imprensa feminina: moda, casa e coração. Na sequência: vestir, morar e sentir.

Porém, tudo pode ser colocado em pauta:

A imprensa feminina talvez seja a mais eclética de todas; praticamente qualquer assunto pode ser seu objeto. Do calo no pé a matérias sobre ecologia; da jardinagem à violência contra as mulheres, tudo pode ser colocado em pauta. (BUITONI, 1990, p. 67)

Segundo Buitoni (1990) entre a futilidade e a atualidade, a imprensa

feminina no Brasil envolve temas sociais, econômicos e culturais. Possui grande

importância na atualidade, por seu desenvolvimento desde os primórdios histórico

estrangeiro até sua evolução em revistas e web sites.

Houve um momento em que apareceu, na civilização ocidental, um tipo de veículo impresso dirigido às mulheres. Provavelmente o surgimento de jornais ou revistas femininos estava relacionado com a ampliação dos papéis femininos tradicionais, circunscritos até então ao lar ou ao convento. E também com a evolução do capitalismo, que implicava em novas necessidades a serem satisfeitas. De qualquer modo, entre a literatura e as chamadas artes domésticas, o jornalismo feminino já nasceu complementar, revestido de um caráter secundário, tendo como função o entretenimento e, no máximo, um utilitarismo prático ou didático. (BUITONI, 1981, p. 9)

1.3.1 A trajetória da imprensa feminina

Segundo Buitoni (1990) a ideia de imprensa feminina teve início

principalmente na França em parte como consequência da Revolução Francesa, e

também na Alemanha e na Itália. O primeiro circular feminino foi lançado na

Inglaterra, em 1693, intitulado Lady’s Mercury. Nesta época eram comuns os longos

títulos para revistas. De 1770 até 1837, se estabeleceu a revista “Magazine, and

Museus of Belles Lettres or Entertaining Companion for the Fair Sex”. Na Alemanha,

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foi lançada em 1774 a revista Akademie der Grazien. Nos idos de 1800, na

Alemanha e Áustria surgiram veículos impressos voltados à moda.

Em 1770, Itália, surge Toilette, e Biblioteca Galante em 1775. Giornale dele

Done em 1781 e, no século XIX revistas como La Donna e La Famiglia Cattolica. A

imprensa feminina obteve grande repercussão na França, através do trabalho de

Evelyne Sullerot, denominado La Presse Féminine. Em 1758, surge o primeiro

veículo considerado famoso Courrier de La Nouveauté. E entre os anos 1759 e 1778

aparece o Journal dês Dameset dês Modes.

Durante a Revolução Francesa, surgem circulares com temas políticos Les

Annales de I’Education Du Sexe (1790), Les Evénements du Jour

(1791). Fanny Richome inaugurou o Le Journal dês Femmes em 1832-1838.

O jornalismo de serviço foi criado pela jornalista americana Sarah Josespha

Hale. O periódico de Sarah Hale tratava de temas como entretenimento,

esclarecimento e serviço. Em 1830, juntou-se ao Lady’s Book do editor Louis Godey

e o nome passou a Godey’s Lady’s Book até 1877. Sarah “Era uma feminista

lutadora, mas usando sedas e luvas. Falava de moda, beleza, e jamais pronunciou a

palavra política em suas revistas”. (BUITONI, 1990, p. 28)

Até a metade do século XIX, a maioria das leitoras da imprensa feminina era

da elite, pois apenas elas possuíam tempo disponível e eram letradas.

Segundo Buitoni (1990) os EUA também colaboraram para a disseminação

dos moldes em papel impressos. Desde 1869, as revistas começaram a ser

comercializadas em lojas e livrarias. No final do século XIX a imprensa feminina

evoluiu muito nas tiragens. O primeiro jornal das sufragetes que defendia o voto da

mulher foi o La Citoyenne inaugurado em 1881 por Hubertine Auclert. Na França,

surgiu o Revue Féministe, o L’Harmonie Sociale, L’Abeille, e Fémina a primeira

grande revista ilustrada.

Duas revistas que atingiram um milhão de exemplares foram criadas em

1904, o Lady’s Home. Em 1934, surgem duas grandes revistas na Itália, a Gioia e

Anabella. Com propostas editoriais bastante inovadoras, a Amica é inaugurada em

1962. No século XVIII a imprensa feminina atingiu seu ápice na Europa. Já no Brasil,

só houve permissão para elaboração no início do século XIX.

Segundo Buitoni (1990) provavelmente, o primeiro circular feminino brasileiro

foi O Espelho Diamantino lançado no Rio de Janeiro em 1827. “Dedicado às

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senhoras brasileiras” pelo historiador Gondin da Fonseca, dedicava-se à política,

literatura, belas-artes e moda. O Espelho das Brasileiras, o segundo jornal para

mulheres foi fundado no início de 1831. Em 1835 surge o Jornal de Variedades,

Relator de Novellas (1838), Espelho das Bellas (1841), Correio das Modas (RJ

1839-1841), A Marmota sucessor de A Fluminense Exaltada surge de 1849 a 1864.

Os primeiros jornais operários surgiram em 1890. As mulheres viam na

imprensa feminina um canal voltado para sua liberdade de expressão. A revista “A

Mensageira”, lançada em 1897-1900, trazia artigos literários, notícias culturais e

femininas.

Segundo Buitoni (1990) a fotografia na imprensa brasileira começa a ser

utilizada no século XX pelas revistas.

Na década de 20, Renascença, revista simpatizante do anarquismo, não teve grande repercussão; na época da Revolução de 1932, saía um jornal de mulheres paulistas, A Reacção, que discutia algumas questões sociais. No entanto, mais do que em veículos específicos, as vozes feministas ganhavam espaço nos veículos da grande imprensa. (BUITONI, 1990, p.54)

Fundada em 1901 no Rio de Janeiro, a Revista da Semana possuía uma

seção intitulada “Cartas de Mulher” com crônicas, e “Jornal das Famílias” com

reportagens ligadas à moda, beleza, trabalhos manuais e outros.

A revista Kosmos foi lançada em 1904, e contava com nomes importantes

da literatura brasileira, além de introduzir novas formas de linguagem humorística.

Em 1914, a lançou-se a Revista Feminina no Brasil, que circulou durante 22 anos,

até 1936. A Revista Feminina conquistou 30 mil exemplares, algo em torno de 15 mil

em 1915. Em 1918, vendia entre 20 e 25 mil.

Em São Paulo, já fazendo parte do sentimento ‘paulista’ das mulheres deste estado, surge o jornal ‘A Reacção’, a 9 de maio de 1931. Apesar do nome, que hoje tem conotação negativa, trazia algumas preocupações sociais, embora terminassem diluídas num apelo ao assistencialismo ou numa ideologia bem classe média, aliada ao sentimento cívico que vigorava então. De qualquer momento se no 1º número há um artigo ‘A classe média’ de Cynira Riedel de Figueiredo, dizendo que a classe média sofre tanto como a pobre e ninguém se preocupa com ela, no n. 30, uma matéria sobre a Casa de Repouso Maternal defende a mãe solteira. (BUITONI, 1981, p. 67)

Até 1940, não ocorreram mudanças significativas na imprensa feminina

brasileira. Por volta de 1948, a imprensa feminina tratou apenas de assuntos

tradicionais como moda, beleza, crianças, etc. A revista Capricho surgiu em 1952

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para fortalecer a editora Abril. Segundo Buitoni (1981) os textos eram literários ou

pseudoliterários, tratava-se de contos, crônicas, poesias provérbios, frases de amor,

pensamentos, ou no máximo artigos escritos em linguagem formal. As reportagens

não eram inseridas no contexto: “Por isso, a relação da imprensa feminina com o

fato da atualidade era – e ainda é hoje – pouco freqüente.” (BUITONI, 1981, p. 71)

Os americanos e franceses descobriram que casa e comida eram

indispensáveis para a imprensa feminina, já que a praticidade estava por trás de

tudo.

Poesias, receitas de bolo, reportagens, figurinos, consultório sentimental, artigos de psicologia, entrevistas, testes, horóscopo, contos, fofocas, maquilagem, plantas de arquitetura, moldes, saúde, educação infantil, tudo parece caber dentro da imprensa feminina. Sua área de abrangência parece infinita embora frequentemente ligados ao âmbito doméstico, seus assuntos podem ir da dor de dente no filho de sete anos à discussão da política de controle da natalidade, passando pelos quase inevitáveis modelos de roupa e pelas receitas que prometem delícias. (BUITONI, 1990, p. 8)

Somente da década de 70, surge uma imprensa feminina reivindicatória por

conta das contradições sociais marcadas pela ditadura. A revista Nova foi lançada

em outubro de 1973. A revista “Nós mulheres”, em seu 5º número Junho/Julho de

77, possuía o objetivo de: “fazer um jornal para a mulher trabalhadora, a mãe e a

dona de casa da periferia de São Paulo; para a estudante, a profissional, a

intelectual.”

(...) mulheres bem diferentes, a exigir diferentes linguagens. Daí a disparidade de tratamento das matérias nos tablóides: embora a maioria se detivesse nos problemas das classes mais pobres, o discurso intelectualizante atrapalhava a compreensão para certas pessoas; para outras, o tom didático e às vezes simplório não despertava interesse. Mesmo assim, esses jornais marcaram importante momento da sociedade brasileira. (BUITONI, 1990, p.55)

Segundo Buitoni (1990) a maior editora de revistas femininas no Brasil é a

Abril, que ocupa a liderança na produção de outras revistas e fascículos: “A Abril

tornou-se uma verdadeira escola de jornalismo feminino, pela variedade de suas

publicações e pelo conhecimento que vem acumulando ao longo dos anos.”

(BUITONI, 1990, p.61) As concorrentes da editora Abril no Rio de Janeiro são Bloch,

Rio-Gráfica e Vecchi.

Desde os anos 50 até meados de 70, a censura interna das editoras e a censura governamental permitiam avanços extremamente vagarosos no tratamento da questão sexual. Não se podia, por exemplo, nomear as

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partes do aparelho genital feminino, mesmo pelos nomes científicos; só era possível descrevê-los. Havia problemas para publicar desenhos, ainda que esquemáticos; fotos eram praticamente proibidas. Depois, a liberação. As revistas para homens tipo Playboy foram pouco a pouco rompendo barreiras. A década de 70 foi marcada pela presença do sexo na imprensa brasileira, já então associado ao consumo. (BUITONI, 1990, p. 66; 67)

Em 1981, é lançado Mulherio, uma revista idealizada e redigida por

mulheres como Adélia Borges, Fúlvia Rosemberg e Marília de Andrade. Seu objetivo

era ser um elo entre os vários grupos de mulheres espalhadas pelo Brasil.

A revista foi-se tornando, ao longo do tempo, o veículo por excelência da imprensa feminina, seja no aspecto de apresentação gráfica, seja nas correspondentes maneiras de estruturar seu conteúdo. (...) Um programa que marcou época como o TV Mulher, da Rede Globo, foi todo pensado na fórmula de revista, inclusive dispensando, de certo modo, a imagem em movimento: a telespectadora podia ocupar-se dos afazeres domésticos e apenas ouvir o áudio, pois a imagem raramente era imprescindível. (BUITONI, 1990, p.57)

1.3.2 A consolidação da imprensa feminina no Brasil

A imagem da mulher na imprensa feminina possui a seguinte representação:

“é preciso ter para ser”, esta frase representa as necessidades femininas que

continuam a ditar receitas sobre seu comportamento.

Essas necessidades muito válidas do ser humano – o que comer, o que vestir, como morar, como amar – traduzem-se em desejos que foram tratados pela imprensa feminina. Houve simplificações, fantasias, distorções. As coisas do cotidiano das pessoas parecem menos importantes que os acontecimentos políticos, abordados pela imprensa em geral; mas são elas que trazem a felicidade e o bem-estar de cada um. Os desejos das mulheres foram muitas vezes transformados em mercadoria pela imprensa feminina, aliás, dentro das regras de uma economia capitalista. A imprensa para mulheres também já exerceu a função conscientizadora, a função catártica, psicoterápica, pedagógica, de lazer. A imprensa em geral exerce funções do mesmo tipo; no entanto, geralmente não consegue mexer tanto com os sentimentos e a vida diária concreta das pessoas. A imprensa feminina é múltipla e por isso permite uma infinidade de abordagens. (BUITONI, 1990, p. 69)

Segundo Buitoni (1990) durante toda a trajetória da imprensa feminina foi

possível notar sua utilidade social, pois continham conselhos úteis sobre economia

doméstica, por exemplo. Porém, “Inicialmente, a questão da utilidade não se

impunha tanto; a pretensão de muitos veículos era apenas cultural. A informação

utilitária parece ser o grande motor da imprensa feminina. Com exceção da época

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das pretensões literárias e das lutas feministas, o utilitário parece imperar.”

(BUITONI, 1990, p. 73; 74)

Para Buitoni (1990) textos dirigidos à figura feminina são verdadeiras formas

de comunicação persuasiva com conselhos sobre o que fazer. O discurso da

imprensa feminina raramente se abre em questionamentos.

Alguns estudos já apontaram a armadilha lingüística usada pela imprensa feminina. Por detrás do tom coloquial, existe todo um ordenamento de conduta. “Você, minha amiga” traz uma imposição sub-reptícia; a leitora aceita muito mais facilmente a ação que vem sugerida logo adiante. (...) As matérias que se pretendem informativas buscam um certo tom impessoal e caem no pedagógico. Quase sempre os textos de especialistas têm como objetivo ensinar. No entanto, esse ensinamento traz em si a imposição e a ordem, porque partem da valorização da autoridade científica. Dá-se a palavra do especialista para que ele diga qual a maneira certa de amamentar o bebê; não se entrevistam mães para que transmitam sua experiência. A utilização da ciência que as revistas femininas fazem frequentemente traduz um discurso autoritário. A pretexto de informar, mostra-se que a mulher não sabe. (...) Conservadores, alienante, consumista, estereotipada, despolitizadora – essas são algumas das fortes críticas que são feitas à imprensa feminina. Não há dúvida de que ela preserva o status quo em quase todas as suas publicações. (BUITONI, 1990, p.75; 76)

Para Buitoni (1990) a imprensa feminina submete-se ao mercado, porque

vive num mundo de publicidade. Progressos na democratização de costumes como

roupas, móveis, alimentação, pedagogia, saúde e lazer estão associados ao lucro,

porém continuam a ser uma ampliação de conhecimentos que muitas vezes tornou-

se “qualidade de vida”.

A representação das mulheres nos meios de comunicação social tem sido largamente debatida pelos acadêmicos, por diversos organismos internacionais e pelas várias correntes do movimento feminista. No entanto, foi sobretudo a partir das décadas de 60 e 70 do século XX que se começou a perceber o poder que as mídias têm como agentes de produção das representações e práticas que definem o gênero.(...) O meio digital tem facilitado o acesso das mulheres à esfera pública, pois oferece inúmeras possibilidades de participação (formatos específicos, sistemas interativos, conteúdos multimídia, etc.). Porém, elas continuam numa posição assimétrica no que se refere especificamente à sua representação na imprensa digital. Em paralelo, existem obstáculos, entre os quais se destacam o acesso desigual aos computadores e o fato de a informática ser um domínio tradicionalmente masculino, aspectos que inibem a entrada das mulheres no ciberespaço. (CERQUEIRA; RIBEIRO e CABECINHAS, 2009, p. 112;114)

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CAPÍTULO 2 – JORNALISMO FEMININO DIALOGANDO COM MULHERES

2.1 Definindo a jornalista brasileira

Segundo Ramos (2010) meio século atrás, São Paulo possuía dois milhões e

meio de habitantes, dentre os quais havia pouco mais de 30 jornalistas paulistanas,

a maioria atuando na imprensa feminina, escrevendo em colunas sociais. Nesta

época, havia um preconceito em torno das mulheres em que elas poderiam escrever

apenas sobre assuntos brandos.

O objetivo inicial deste trabalho era falar das trinta mulheres que conheci no começo da carreira. Naquela altura da vida, quando dava os primeiros passos na carreira, eu não achava o caminho difícil, nem dava a mínima importância a esse tema. Gostava demais do que fazia e vivia feliz por fazê-lo. Não tinha tempo para pensar em dificuldades. No decorrer da vida profissional fui muitas vezes entrevistada sobre feminismo, dificuldades na profissão, e, quando vinha a pergunta indefectível, “você foi discriminada por ser mulher?”, respondia prontamente que não. (...) À medida que os anos foram passando – e com perspectiva para olhar o passado -, convenci-me de que fui discriminada, sim. Às vezes de maneira simpática, protecionista. Mas era, sempre, discriminação. A coisa começava em casa, com minha mãe dizendo às amigas e parentes que aquilo que sua filha fazia não era “profissão para uma mocinha”. (Eu tinha vinte anos.) Fazia-me rir, mas a conversa a meu respeito era uma só: “Coitadinha, trabalha muito, vai a lugares esquisitos, não tem hora para chegar em casa, o jornal é lá no fim do mundo, numa rua escura. Um buraco! Tem vezes que mandam ela fazer reportagem no meio de grevistas, com bombas de gás e tudo. Isso é lá profissão para uma moça?” Daí que, em 1954, quando fui convidada para trabalhar na Gazeta, dirigir a “Página Feminina”, minha mãe exultou: “Agora, pelo menos, você vai fazer uma coisa mais apropriada.” (...) Profissionalmente, a coisa era mais grave. (RAMOS, 2010, p. 25;26)

Para Ramos (2010) no trabalho jornalístico a mulher era tida como frágil e

precisava ser defendida por um homem. Com o passar do tempo, a mulher jornalista

foi ganhando espaço na imprensa brasileira. Conforme relatos de Ramos, a Folha da

Manhã foi o primeiro jornal a trazer uma mulher para sua redação.

É possível notar que nos perfis escritos por Ramos (2010) várias das jornalistas

descritas por ela, possuem um espírito independente, algumas delas foram

incentivadas pela família. A perfilada Helô Machado, por exemplo, paulistana,

nascida em 1946 “Cresceu aprendendo a ser independente. O pai ensinou-a a guiar

carro aos oito anos, incentivou-a a ler e a gostar de gente, a defender as coisas

certas.” (RAMOS, 2010, p. 179;180).

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Muitas delas ganharam espaço na profissão e ficaram famosas, como é o

caso de Carmen da Silva, nascida de uma família tradicional, quis ganhar o mundo e

ficou conhecida como “a grande dama do feminismo no Brasil”.

Ela mesma conta sua vida no livro Histórias híbridas de uma senhora de respeito. Nasceu numa família cheia de tradições; menina, leitora voraz, quis escapar da cidade pequena e teve medo de ir para o Rio de Janeiro, que lhe parecia longínquo e assustador. Então foi, aos 20 anos, para Montevidéu, na década de 40, onde se sustentou com dois empregos fixos e traduções feitas em casa. Depois do Uruguai foi viver na Argentina, em Buenos Aires, onde trabalhou em um escritório de exportações e importações e estreou como escritora e jornalista. Era o que sempre quisera fazer. (...) O sucesso foi estrondoso. A jornalista criou um vínculo com as leitoras que ninguém, ainda, tinha conseguido. E com leitoras do Brasil todo, de diversas idades e classes sociais. Começou cuidadosamente, não queria afastar a clientela. Mas também não tinha papas na língua: tentava, realmente, a conscientização da mulherada. Falava de relacionamentos, de infidelidade, de aborto, de divórcio, de lugar ao sol, de sexo, de orgasmo, de trabalho fora de casa, da submissão aos maridos, de creches (e da ausência delas), dos abusos de autoridade masculina (pais, maridos, irmãos). (RAMOS, 2010, p. 74;75)

São mulheres que amam seu trabalho, como é o caso de Cecília Zioni,

jornalista que considera que sua profissão “ajuda a formar caráter e firma conceitos

e princípios.” “Em 1975, Ano Internacional da Mulher, passou a fazer uma página

feminina diária, que trataria de trabalho, emancipação e direitos femininos.”

(RAMOS, 2010, p. 100)

Christina Sampaio Motta é outro exemplo de jornalista que valoriza sua profissão.

Começou no jornalismo em 1948 ou 1947. “Cristina é modesta, Não houve nada que

a obrigasse a falar de si mesma. Reuniu sua vida em algumas palavras e pronto.

Acabou-se. Mas a repórter insistiu.” (RAMOS, 2010, p. 105).

Ainda uma pergunta da repórter: Você gosta da profissão de jornalista? “Gosto muito. Faço jornalismo com muito idealismo, com entusiasmo. Mas o jornalismo não é o que todos pensam. Geralmente, as moças de hoje envolvem a mulher jornalista numa aura de romantismo e pensam que deve ser excelente, sob todos os pontos de vista, entrar para a profissão. Aliás, está muito na moda. Mas jornalismo não é isso que pensam: exige sacrifício e é uma profissão ingrata, em que não se faz mais nada senão viver em função do leitor e em que se fazem inimigos com muita facilidade, gratuitamente. Assim mesmo eu adoro a profissão que escolhi. Gosto tanto, que até hoje é uma grande emoção receber uma carta, um telegrama, um ramo de rosas de um leitor que diz ter gostado do que escrevi. É uma emoção sempre renovada saber que um, dentre muitos, gostou do que escrevi, compreendeu-me.” (RAMOS, 2010, p. 106)

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Outra, como Cida Damasco, desde cedo, aos 14 ou 15 anos sabia o que

queria e foi atrás da realização do seu sonho. Clycie Mendes Carneiro formou-se em

jornalismo no ano de 1954, aos 36 anos. Na década de 60 se tornou editora. “Era

agradável, bem educada, ‘caxias’ como aluna e depois como profissional. Poderia

acrescentar: muito séria e determinada no que fazia. (...) Era uma idealista.”

(RAMOS, 2010, p. 112;113)

Eduardo Martins foi tão amigo de Clycie que a convidou para madrinha do seu casamento. Fala dela com carinho e recorda que “Clycie vivia um embate entre a mulher moderna que era, independente, que tinha conquistado um lugar na redação mais visada pelos profissionais, a do Estadão, e seus princípios. Vinha de família tradicionalista, freqüentava muito a igreja – era católica. Generosa, Clycie se preocupava com as pessoas à sua volta – eu mesmo fui apadrinhado por ela. Companhia agradável, tinha uma linguagem elegante, expressava-se corretamente. Eu era moço na época e aprendi muito com ela.” (RAMOS, 2010, p. 115)

Precursora do jornalismo especializado à mulher, Maria do Carmo de

Almeida, mais conhecida por seu pseudônimo “Capitu” foi a primeira mulher

jornalista profissional de São Paulo e talvez do Brasil, lançada pela Folha da Noite.

Segundo Ramos (2010) enquanto não havia modelos de estilo feminino para ser

seguido, ou seja, nenhuma escritora, poetisa ou jornalista, Capitu se tornou um

exemplo de feminilidade para o jornalismo brasileiro. “Essa jornalista encontrou seus

específicos vocábulos, sua maneira muito marcada de apelar a um público de

mulheres que andavam na aurora de seu interesse pelas coisas do mundo.”

(RAMOS, 2010, p. 83)

No dia 25 de setembro de 1953 as leitoras de O Estado de S. Paulo recebiam o Suplemento Feminino pela primeira vez. E Capitu via surgir esse primeiro número com um certo orgulho – ele era a conseqüência das páginas que vinha publicando todas as sextas-feiras no jornal e que tratavam de moda, culinária, trabalhos manuais e uma crônica escrita por ela mesma. Aquele tablóide que ela agora dirigia era o resultado de sua experiência como jornalista, aliás uma das primeiras do país. Capitu, diretora, guardava sob seu pseudônimo o nome de Maria do Carmo de Almeida. Antes de fazer o suplemento ela pssou por várias redações sempre causando espanto (naquele tempo se usava dizer “causando espécie”) entre os colegas. Mulher que trabalhasse em jornal era uma raridade. (...) O que Capitu publicava nos primeiros números de nosso suplemento era uma moda mais completa do que aquela de suas páginas, assim como seções maiores e melhor cuidadas de beleza, culinária, trabalhos manuais. E como havia espaço incluiu também grafologia, literatura infantil, cartas de leitoras (o nome da seção era “Resposta a Seus Problemas”), reportagens, notícias do

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Brasil e do exterior, além das crônicas dela e de outros. Com o tempo surgiram as notas sociais. (RAMOS, 2010, p. 81)

Segundo Casadei (2011) as mulheres jornalistas precisaram lutar no mercado

de trabalho para garantir seu espaço, já que, em meados da década de 1930, nos

locais de trabalho predominavam apenas os homens, as mulheres estavam

presentes como telefonista, faxineira ou mesmo para servir o café.

A situação mudou de forma lenta. Em 1986, as mulheres já ocupavam 36% dos quadros profissionais do país e, dez anos mais tarde, esse número chegava a pouco mais de 40%. Em 2006, segundo dados do Ministério do Trabalho, 52% das vagas de jornalista eram ocupadas por mulheres (contabilizando 6.131 funções jornalísticas ante as 5.640 ocupadas por homens), mostrando uma tendência de uma maioria feminina no mercado de trabalho jornalístico. (CASADEI, 2011, p. 2)

Por volta da década de 40, segundo Ramos (2010) as crônicas que

interessavam à mulher usavam assuntos “água com açúcar”: sobre moda, lar e

crianças. As páginas femininas supunham tinham a meta de entrar em uma

universidade.

Para Ramos (2010) a presença feminina no jornalismo aumentou nas

décadas de 60 e 70. “Em alguns jornais a redação é majoritariamente de mulheres.”

(RAMOS, 2010, p. 110)

Discriminação, pelo fato de ser mulher? “Sim, sempre havia um pouco. O preconceito machista não era apenas dentro do jornal, mas de toda a sociedade brasileira. Naquela época se falava muito palavrão nas redações, era uma espécie de afirmação da masculinidade, e a presença de uma mulher constrangia um pouco, inibia. (...)” (RAMOS, 2010, p. 115)

2.2 A comunicação voltada para mulheres

Segundo Lobato (2013) o jornalismo feminino teve que acompanhar as

mudanças de seu público para definir novos conceitos e ideias, regulando e

atualizando o tom do seu diálogo com as leitoras brasileiras.

No século XX, a mulher alcançou a evolução que não havia conseguido ao longo de toda a história da humanidade; mais do que isto, nunca um novo padrão de conduta se estabeleceu e se legitimou tão rapidamente quanto o assumido pela nova mulher que os últimos cem anos assistiram à ascensão. Grandes mudanças no centro da condição feminina,

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naturalmente, significam também grandes mudanças na sociedade. (LOBATO, 2013, p. 1)

Para Freitas (2013) a identidade e comunicação voltada ao público feminino,

buscam um sentido que defina o “eu”, sendo “uma necessidade inerente ao ser

humano.” Segundo Freitas, as mulheres praticam a escrita sobre elas mesmas, ou

sobre outras mulheres como uma “verdadeira arma de libertação”.

Com as esferas do público e do privado rigidamente delimitadas, resultado das correntes filosóficas em vigor no século XIX, restou a ela o foro da intimidade, marca definitiva de sua subjetividade nos âmbitos social e cultural. Em terreno feminino, os diários íntimos crescem em sua importância – muitas vezes foram os únicos legados históricos de um sexo que, fadado à vida doméstica, encontrava ali o seu canal de expressão. (FREITAS, 2013, p. 8)

Freitas (2013) ressalta que ao longo das décadas, o universo feminino era

compreendido e analisado por meio de seus conteúdos veiculados pelas mídias, e

pela ideologia nela impressa. O objetivo das fotonovelas, por exemplo, “era

demonstrar que os temas e os valores dominantes nesse tipo de literatura feminina

reforçavam um modelo de feminilidade baseado no cumprimento de papeis

tradicionais, tais como mãe, esposa e dona-de-casa.” (FREITAS, 2010, p. 16)

O foco das pesquisas em comunicação baseadas na mensagem também vigorou no período de 1992 a 1996, abrangendo as mídias impressas e audiovisuais. De 1997 a 1999, prossegue Escosteguy, os estudos se desviaram do enfoque da mensagem para a importância da recepção. Essa perspectiva buscava compreender como o público feminino era afetado pelos meios e, também, como se dava essa coprodução de sentido (uma vez que o receptor não só aceitava o que lhe era imposto, mas também modificava quando concedia ao produto midiático novos sentidos, de acordo com seu universo cultural). Uma das pesquisas da época, intitulada “O imaginário feminino e a opção pela leitura dos romances em série”, investigava os possíveis efeitos da leitura dos romances seriados em suas leitoras. (...) Destes estudos, destacaram-se pesquisas sobre os modelos propostos de atuação feminina em novelas e seriados televisivos, assim como a representação de gênero na publicidade (audiovisual e impressa) e em revistas diversas. (...) (FREITAS, 2013, p. 16;17)

Para Freitas (2013) as questões abordadas para o público feminino são de

caráter sério, de importância ou mesmo de “interesse masculino”. Fazendo com que

a mulher obtenha o estereótipo de “sensível, inconstante, misteriosa, associada ao

domínio do privado e às questões da intimidade ainda prevalece na sociedade

atual.” (FREITAS, 2013, p. 17)

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O autor explica que a forma com que a mulher é representada na sociedade,

geralmente “denigrem, generalizam, simplificam e distorcem imagens de mulheres,

encaixando-as em uma única identidade que muitas vezes não corresponde ao que

‘é tido como verdadeiro sobre a categoria’.” (FREITAS, 2013, p. 18)

Dificuldades à parte, Castro enfatiza que as conquistas alcançadas com o processo de emancipação feminina parece ter sido superado. Se não completamente livre de coibições sociais e culturais, a mulher se vê, ao menos, mais apta a lidar com a liberdade conquistada – a liberdade de, inclusive, dar livre curso à subjetividade. (FREITAS, 2013, p. 19)

Para Freitas (2013) a ideia de diário tendo um blog como ferramenta, foi

“destinado” às mulheres na metade do século XIX. “Elas, por sua vez, tomaram o

diário como um local onde foram permitidas e, mais que isto, encorajadas a explorar

o autoconhecimento”. (FREITAS, 2013, p. 23).

Freitas observa que os escritos pessoais voltados para o público feminino,

expressavam a vida social de suas autoras, sobre os aspectos domésticos e

espirituais. Elas tendiam a escrever para outras mulheres, sendo: amigas, família,

filhas, ou outras pessoas, e também para elas mesmas.

Na história, como na cultura, elas estão ali – à espreita, à sombra de grandes homens, nos espaços privados do conforto doméstico – mas sempre de forma velada, clandestina, menor, superficial. Se a asfixia de suas individualidades as privou dos mesmos direitos masculinos, a história era diferente dentro dos limites de seu próprio jugo: a referida escrita de diários íntimos, assim como trabalhos de cunho intelectual, com destaque para a literatura continuou a ser produzidos. Em seu ensaio “A room of one’s own”, Virginia Woolf, ela mesma escritora consagrada em uma época controversa, clama por um espaço próprio onde as mulheres poderiam dar livre curso à 25 criação de suas obras. (FREITAS, 2013, p. 24;25)

2.3 A mulher jornalista no mercado de trabalho atual

Segundo SantAnna (2013) em seu artigo para o Observatório da Imprensa,

intitulado “Jornalismo, cada vez mais, uma profissão das mulheres” há mais

mulheres do que homens jornalistas trabalhando nas redações tradicionais. Porém,

a figura masculina ainda está presente com mais intensidade nas mídias eletrônicas,

TV e rádio, sendo que esses veículos de comunicação são os que menos empregam

mulheres. “Entretanto, aí também já se percebe uma mudança permanente. Em

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2004, as mulheres representavam 39,23% e, em 2007, 42,25%. Não tenho dados de

2012, mas não seria surpresa se o quadro já tiver se invertido.” (SANTANNA, 2013)

É na imprensa escrita, que existe um maior equilíbrio de gêneros nas redações. E nesse setor estaria ocorrendo um processo inverso, ou seja, a masculinização das redações. Pelos dados oficiais, em 2004, as jornalistas ocupavam quase a metade do plantel: 46,89%. Três anos depois, a presença delas havia se reduzido para 45,44%. A maior presença feminina acontece no ramo das assessorias de imprensa e da comunicação institucional, os quais são responsáveis pela contratação de seis entre cada dez jornalistas no Brasil. Em 1986, elas representavam 38,96% dos profissionais contratados por este segmento. Em 2004, já eram absoluta maioria, 58,42% - mas aí a estabilização é mais visível: em 2007, elas representavam 58,82%. (SANTANA, 2013)

Atualmente, existem mais mulheres que homens atuando na profissão. Sendo

que conforme uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política

da UFSC, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ),

realizada por Bergamo, Mick e Lima em 2012, a quantidade de mulheres e homens

jornalistas é respectivamente 64% a 36%.

Durante essa mesma pesquisa, foi comprovado que o perfil do jornalista

brasileiro é majoritariamente mulheres brancas, solteiras, com até 30 anos. De 18 a

22 anos são 11%; de 23 a 30 anos são 48%; de 31 a 40 anos são 21,9%; de 41 a 50

anos são 11,1% e acima de 51 anos são 8%.

Independente dos motivos que levam uma maior presença das mulheres no segmento de comunicação institucional, os dados nos levam a concluir que a tendência de feminização do jornalismo brasileiro é fortemente impulsionada pelas estruturas de comunicação existentes fora das redações tradicionais. (...) Na mesma publicação do Sindicato dos Jornalistas, ressaltou-se que a opinião pública considera a mulher mais confiável e honesta, firme e responsável. Os motivos podem ser muitos, inclusive até o salarial, pois pesquisas demonstram que o salário feminino no meio jornalístico é menor do que o masculino, o que revela que se as mulheres conseguiram espaço no setor, não conseguiram, de todo, eliminar as discriminações entre os gêneros. Mas o certo é que hoje, como salientou Sônia Flgueiras, “estamos próximos de um equilíbrio saudável, civilizado, entre homens e mulheres” na busca da notícia. (SANTANNA, 2013)

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CAPÍTULO 3 – EMPREENDEDORISMO À BRASILEIRA

3.1 O empreendedorismo e sua origem no Brasil

O termo empreendedorismo ou “entrepreneur” surgiu na França, por volta

dos séculos XVII e XVIII, e denota o indivíduo que se arrisca para o novo, para o

progresso econômico.

Para Dornelas (2001) o primeiro uso do termo empreendedorismo tem suas

raízes em Marco Polo, visto que ao tentar estabelecer uma rota comercial para o

Ocidente, formou o conceito de que há uma diferença entre “empreendedor” pelo

fato de assumir riscos de maneira ativa e “capitalista” por fornecer o capital de

maneira passiva.

No século XVII, Richard Cantillon, economista franco-irlandês autor de

Essaisur La Naturedu Commerce em Général, livro considerado como o “berço da

economia política”, foi considerado um dos precursores do termo

empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor do

capitalista.

Século XVIII, nesse século o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo. Um exemplo foi o caso das pesquisas referentes à eletricidade e química, de Thomas Edison, que só foram possíveis com o auxílio de investidores que financiaram os experimentos. (DORNELAS, 2011, p. 28)

Assim, empreendedorismo trata-se de um conceito antigo aprimorado ao

longo do tempo. Em 1950, Joseph Schumpeter utilizou o termo para expressar um

ser criativo e inovador. Em 1967, Kenneth E. Kinight, e em 1970, Peter Drucker

concebeu que o empreendedor deve assumir riscos em seus negócios. Em 1985,

Gifford Pinchot introduziu o conceito de intra-empreendedor, ou seja, o

empreendedor dentro de uma organização.

Segundo Pedrosa (2012) entre 1980 e 1990, era necessário adquirir

experiência profissional para conquistar um espaço no mercado de trabalho. Em

1990, o conceito de empreendedorismo começou a crescer no Brasil, e foram

inauguradas entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE).

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O empreendedorismo começou a ganhar repercussão no Brasil em 2004,

quando muitos jovens mergulharam na criação de pequenas empresas que logo

vieram a falir: “De acordo com pesquisa do Sebrae, 27 em cada 100 empresas

abertas no Brasil desaparecem antes de completar o segundo ano de vida.”

(REVISTA LÍDERES EMPREENDEDORES, 2012, p. 85).

Após dez anos, a ideia de empreendedorismo encontra-se amadurecida

sobre diversos aspectos.

Uma pesquisa feita pelo Sebrae, relatada na revista da ESPM,

“empreendedorismo: o grande sonho dos brasileiros”, revela que em 2013 há cerca

de 27 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil, com predomínio do varejo,

lanchonetes e serviços pessoais.

Especificamente no Brasil, o cenário geral de empreendimentos também tem se expandido por meio da criação de novas políticas de favorecimento à abertura de empresas, desde o início do terceiro milênio. Em decorrência disso, uma projeção do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que em 2020 haverá 41 empresas para cada grupo de mil habitantes, o que fará do Brasil um dos países com maior índice de empreendedorismo no mundo. (PEDROSA, 2012,p. 15)

Atualmente, é possível destacar outro tipo de empreendedorismo, o social,

que promove a inovação social por meio de ferramentas utilizadas para resolver

problemas sociais. A diferença do empreendedorismo tradicional para o

empreendedorismo social é que tenta adquirir o retorno social ao invés de maximizar

os lucros.

Uma das figuras mais célebres, identificada com o empreendedorismo social no Brasil, é o maestro João Carlos Martins. No trabalho O espetáculo da recuperação e do trabalho: histórias de vida exemplares na cultura midiática (...) analisamos um episódio do programa Profissão Repórter, da Rede Globo de Televisão, no qual o maestro era o protagonista das narrativas de superação apresentadas por personagens anônimos que sofreram traumas físicos e agora lutam pela recuperação. A história de João Carlos Martins, que aparece na cena midiática de maneira recorrente, retrata uma trajetória de superação dos problemas físicos que afetaram o seu principal instrumento de trabalho, pelo qual se tornou célebre no mundo da música erudita: as mãos. (CASAQUI, 2013 p. 92)

O empreendedor social tem a função de promover o bem comum e as

mudanças sociais, tem o intuito de aproveitar oportunidades, criar e disseminar

soluções sustentáveis que agreguem valor social.

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Para o empreendedor, o ser é mais importante do que o saber. A empresa é a materialização dos nossos sonhos. É a projeção da nossa imagem interior, do nosso íntimo, do nosso ser em sua forma total. O estudo do comportamento do empreendedor é fonte de novas formas para a compreensão do ser humano, em seu processo de criação de riquezas e de realização pessoal. Sob este prisma, o Empreendedorismo é visto também como um campo intensamente relacionado com o processo de entendimento e construção da liberdade humana.(DOLABELA, 1999, p. 259)

3.2 Surgimento e consolidação do Sebrae

Nos anos 60, foram iniciados desenvolvimentos e financiamentos nas

pequenas empresas, pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

(SUDENE) e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), cada um

visando à geração de renda e sua ampliação.

O BNDE manteve um Grupo de Trabalho para estudar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. Em 1960, o BNDE enviou ao governo um memorando contendo um diagnóstico do setor e propondo formas de apoio às médias empresas. Conhecido como documento 33, estava o estudo ‘Problemas da Pequena e Média Empresa’ que propunha a criação do GEAMPE (Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa) e anexava um anteprojeto de decreto encaminhado à Presidência da República. O GEAMPE foi criado em 1960, porém não chegou a sair do decreto. (MELO, 2008, p. 39)

Nessa época a denominação pequena, média ou grande empresa, ou

mesmo, o termo microempresa não existia legalmente, apenas era útil para

instituições de crédito sendo instituído pelo documento 33, ou o estudo “Problemas

da Pequena e Média Empresa” que propunha a criação do GEAMPE.

Em 1964, o BNDE inaugurou o Programa de Financiamento à Pequena e

Média Empresa (FIPEME), que destinava créditos e sua contribuição financeira para

o atendimento de serviço técnico, na elaboração de projetos industriais e de

assistência técnica, visando à produtividade. Para a FIPEME, as pequenas

empresas deveriam ser tratadas tal como as grandes, porém em menor escala.

Surgiram assim, as primeiras formas de consultoria às pequenas e médias

empresas e tinham o objetivo de acompanhar o desenvolvimento das pequenas

empresas, seu aumento de produtividade, etc.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)

originário na década de 70 no Brasil, na época, intitulado Centro Brasileiro de Apoio

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Gerencial às Pequenas e Médias Empresas (CEBRAE), era uma estrutura da

administração pública.

De 1972 a 1990, o CEBRAE se constituía em estrutura da administração pública. O CEBRAE foi vinculado ao Ministério do Planejamento de 1972 a 1984, neste ano, passa à administração do Ministério da Indústria e Comércio e assim permaneceu até 1990. Sabendo que nesta época as PMEs eram consideradas secundárias em relação às grandes indústrias, não podemos esperar que uma entidade que atuasse em prol delas fosse uma entidade de prestígio e mesmo de poder. (MELO, 2008, p. 28)

O CEBRAE possuiu seis estatutos, o terceiro instituído em 1976, visava à

mudança da nomenclatura para Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média

Empresa, porém, a sigla foi mantida. O quarto estatuto determinou a mudança na

atuação do CEBRAE, devido à escolha do diretor-presidente pelo secretário do

Ministério Público que viria a presidir o Conselho Deliberativo do CEBRAE.

O quinto estatuto estipulado em 1984 incutiu as micro e pequenas empresas

ao campo de atuação do CEBRAE, e permitiu que executasse as diretrizes do

COPEME e assessoraria o Ministério. Houve alterações no Conselho Deliberativo

que abrangeu o MIC, SEPLAN, BNDES, IPEA, ABDE, Caixa Econômica Federal

(CEF), Banco do Brasil (BB), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), Conselho Governamental da Indústria e do Comércio

(CONSIC). Na época, para administrar o CEBRAE foi inaugurado o Conselho de

Desenvolvimento da Micro, Pequena e Média Empresa (COPEME).

Em 1976, o CEBRAE começou a operar programas de crédito em nível

nacional, pelo fato da incorporação obtida por diversas entidades já credenciadas

antes. O CEBRAE modificou sua estrutura em 1990, quando foi transformado em um

serviço social autônomo e recebeu o chamado Sistema S (SESI, SENAI, SENAC,

etc.) intitulando-se Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

Para que haja maior compreensão do conceito SEBRAE, é necessário

instituir as relações entre o mercado de crédito e o Estado, e a institucionalização

das pequenas e médias empresas.

Em 1971, a proposta de criação do CEBRAE foi levada pelo BNDE ao

governo e aceita. Em 1972, o Centro Brasileiro de Apoio Gerencial às Pequenas e

Médias Empresas (CEBRAE) foi criado para responder às necessidades de crédito

no mercado. Tratava-se de um órgão sem fins lucrativos, tinha o objetivo de prestar

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assistência às empresas que procuravam financiamento dos bancos de

desenvolvimento.

Cabia ao CEBRAE prestar assistência gerencial às empresas que procuravam financiamento dos bancos de desenvolvimento. Esta mesma função era realizada por estes bancos durante o FIPEME, porém, a criação do CEBRAE permitiu desvincular a concessão de crédito dos serviços de consultoria. Inicialmente, suas ações eram fragmentadas, uma vez que o CEBRAE atuava por meio de inúmeras entidades credenciadas. (MELO, 2008, p. 43)

O Conselho Deliberativo Nacional (CDN) do SEBRAE é composto por treze

membros, oito representantes da iniciativa privada e cinco do governo. O SEBRAE é

o resultado de uma parceria entre os setores públicos e privado. Sendo que o setor

privado, representado por todas as confederações empresariais, e o público

representa as instituições financeiras oficiais e o Ministério da Indústria, do Comércio

e do Turismo.

É, no país, o Fórum Nacional mais amplo de debate entre governo e iniciativa privada, em defesa de uma causa comum: o estímulo e o fortalecimento das micro e das pequenas empresas. (MELO, 2008. p.30)

O Sebrae-SP surgiu de um Centro de Assistência Gerencial (CEAG) que em

1990 passou a fazer parte do Sebrae. Segundo Melo(2008) as Instituições membros

do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP são compostas pela Associação Comercial

de São Paulo (ACSP), Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e

Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI), Banco Nossa Caixa S.A.,

Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Federação do Comércio do Estado de

São Paulo (FECOMÉRCIO), Fundação Parque Alta Tecnologia de São Carlos

(ParqTec), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Secretaria de Estado da

Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Serviço Brasileiro de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Sindicato dos Bancos do Estado

de São Paulo (Sindibancos), Superintendência Estadual da Caixa Econômica

Federal (CEF) e Superintendência Estadual do Banco do Brasil (BB).

Além da atuação do CEBRAE já mencionada inicialmente, é possível

destacar sua atuação na assistência aos programas de crédito, na educação

transmitida pela mídia e os trabalhos de assessoria aos parlamentares. Juntamente

aos programas de crédito, aumentava o trabalho de consultoria, exigindo a formação

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dos consultores pela própria organização. O CEBRAE começou como uma empresa

de treinamento e consultoria e cresceu trazendo especialistas da França, Alemanha

e dos Estados Unidos para dar palestras e fazer treinamentos inclusive para os

consultores acerca dos empresários. Foram adicionados também, programas e

metodologias para a pequena empresa, cedendo assim, sucesso à organização.

3.3 Perfil do empreendedor

Empreendedorismo é fenômeno cultural, ou seja, empreendedores nascem por influência do meio em que vivem. Pesquisas mostram que os empreendedores têm sempre um modelo, alguém que os influencia. (DOLABELA, 1999, p. 30)

Segundo Dolabela (1999) empreendedores são aqueles que identificam e

aproveitam oportunidades, tomam decisões rápidas e seguras com restrição de

recursos, trabalham de forma árdua em relação a seus empregados para atingir

metas, são auto-eficazes, possuem autonomia e lócus de controle interno. Buscam

realizar um sonho, por meio de inovações, geram recursos financeiros e contribuem

para o bem-estar da sociedade.

Acredita-se hoje que o empreendedor seja o ‘motor da economia’, um agente de mudanças. Muito se tem escrito a respeito, e os autores oferecem variadas definições para o termo. O economista austríaco Schumpeter (1934) associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. (DOLABELA, 1999, p. 28)

No âmbito econômico, os empreendedores agem racionalmente para

estabelecer um equilíbrio entre a inovação e o aproveitamento de oportunidades em

negócios. Para Joseph Shcumpeter, um dos mais importantes economistas do

século XX, os empreendedores têm papel decisivo na introdução das inovações com

ofertas de novos produtos e serviços.

Destaca-se a figura de Max Weber, que relacionou a ética do protestantismo com o empreendedorismo. Para ele, a incorporação de determinados valores, atitudes, hábitos de uma crença religiosa estariam relacionados a um comportamento econômico específico (capitalismo) – dedicação ao trabalho, parcimônia e conquista de bens materiais.(LOPES, 2013, p. 65)

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Características provindas da realização do empreendedor são baixa

necessidade de status e poder, comprometimento, determinação e perseverança.

Segundo a Revista da ESPM (2013) a motivação do empreendedor é dada pelo grau

de dificuldade existente no ambiente ao seu redor, quanto mais fácil é a tarefa, mais

desmotivados ele se torna.

Destacam-se também, algumas características relacionadas à pró-atividade:

iniciativa e assertividade, percepção e ação sobre oportunidades. E outras

determinantes como praticidade, otimismo, disciplina e paixão pelo trabalho,

peculiaridades essas, importantes, mas não fundamentais, porque não determinam

quem será um empreendedor de sucesso.

Presume-se que, se uma pessoa tem características e aptidões mais comumente encontradas em empreendedores de sucesso, terá melhores condições para empreender. Como se sabe, é pelas características comportamentais básicas que o candidato a empreendedor deve se pautar. Por outro lado, sem tais características, a pessoa terá dificuldades em obter sucesso. (DOLABELA, 1999, p. 28)

Esse conjunto de características não nasce com o empreendedor, são

adquiridas ao longo do tempo, através da influência do meio em que vivem, pelas

relações próximas ao longo da vida. Pesquisas mostram que os empreendedores

têm sempre um modelo, alguém que os entusiasma, como por exemplo, família,

amigos ou figuras importantes tidas como “modelo”.

Estas figuras importantes são capazes de influenciá-los com hábitos,

práticas e valores imprescindíveis para a formação do indivíduo como

empreendedor, mas o fator que realmente impulsiona o indivíduo a tornar-se

empreendedor, são as características de seu comportamento, ou seja, a

personalidade, que o conduz ao esforço e ação para alcançar seus objetivos: “A

leitura e a interpretação que o empreendedor faz do meio ambiente é que irão

conduzi-lo ou não ao sucesso”. (DOLABELA, 1999, p. 25)

Caso o empreendedor não possua tais características, pode desenvolvê-las

por meio da relação com outras pessoas (sócios, colaboradores ou mentores), ou

mesmo por meio de palestras e informações obtidas por meio de pesquisas de

campo.

Novas tecnologias, cursos e formas de conduzirem seus negócios, agregam

valor à sociedade e satisfazem seus clientes. Para eles, o valor monetário que seus

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empreendimentos rendem é tratado como evidência concreta de sua excelência no

trabalho. Empreendedores buscam eficiência no sentido de fazer as coisas.

Mas para desenvolver o processo de formação da visão, o empreendedor tem que se apoiar em alguns elementos. O principal deles são as chamadas Relações, já descritas. Mas ele tem que trabalhar intensamente, sempre voltado para os resultados. O alvo não é o trabalho em si, mas o resultado que dele advém.(DOLABELA, 1999, p. 43)

Segundo a Revista da ESPM (2013) as características do empreendedor

estão pautadas em perfis como agente de cultura, ou seja, o formador e intérprete

da cultura corporativa; o líder integrador: motivador da liderança compartilhada e

responsável pela unidade de pensamento e comprometimento com objetivos

grupais; articulador de estratégia consensual: que induz a todos a direcionarem seus

objetivos e metas, interiorizadas como missão; líder de cliente: estimulador e

educador para as equipes da atitude de cliente, ou seja, na sua concepção, cliente

satisfeito não é meta, é filosofia.

3.4 A importância da mulher para o empreendedorismo

Desde os primórdios, as injustiças sociais existentes na situação econômica,

social, sexual e política da mulher, fazem com que ela esteja em constante busca

por diversos meios para combatê-las. Segundo Rosaldo e Lamphere (1979) o

primeiro passo contra essas injustiças é a não aceitação e interiorização da imagem

frequentemente depreciativa, constrangedora feminina e da sua forma subordinada

ao homem.

Em todos os lugares vemos a mulher ser excluída de certas atividades econômicas e políticas decisivas; seus papeis como esposas e mães são associados a poderes e prerrogativas inferiores aos dos homens. Pode-se dizer, então, que em todas as sociedades contemporâneas, de alguma forma, há o domínio masculino, e embora um grau e expressão a subordinação feminina varie muito, a desigualdade dos sexos, hoje em dia, é fato universal na vida social. (ROSALDO e LAMPHERE, 1979, p. 19)

Atualmente, no Brasil, contribuindo para o sucesso das empresas, a

presença feminina tem se firmado em diversas áreas do mercado de trabalho. A

necessidade da auto-realização permite que as mulheres coloquem em primeiro

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plano os estudos e o trabalho, e faz com que tenham motivação para trabalhar em

grupo, administrar conflitos e recursos escassos.

Hoje, as mulheres representam 56% do público acadêmico e aumentam a participação em cursos profissionalizantes e de especialização. No campo dos negócios, as mulheres já representam 42% do total de empreendedores brasileiros, segundo o GEM (Global Entrepeneurship Monitor). (TOMAZ e FAVILLA, 2003, p. 44)

A permanência da mulher no mercado de trabalho se intensificou a partir da

segunda metade do século XX. Desde então, há uma crescente participação da

mulher no mercado. Segundo a Revista Líderes Empreendedores (2012) 27% das

vagas no mercado de trabalho do Brasil, são ocupados pelas mulheres, enquanto a

média mundial fica em 21%. Há uma forte tendência em relação ao melhor

desempenho da mulher no mercado de trabalho.

De fato, desde meados dos anos 80, a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais elevada que a masculina, levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados. A absorção da mão-de-obra feminina tem sido, portanto, superior à da masculina em todas as fases recentes da economia brasileira. (LAVINAS, 2003, p. 58)

Este favorecimento da mulher no mercado de trabalho é dado por muitas

razões, dentre elas é possível destacar a amplitude do processo de reestruturação

produtiva iniciada nos anos 90, que afeta o emprego industrial com uma redução

mais sobre os homens do que sobre as mulheres, também se destaca neste sentido,

a inserção produtiva das mulheres quanto à expansão da economia de serviços.

A comparação da mão-de-obra feminina sobre a masculina provém do

número de mulheres empregadas em relação aos homens. Porém há uma

desigualdade salarial entre ambos os sexos, independente do nível de escolaridade

e do setor ocupacional.

Além disso, as mulheres registram elevação constante do número médioo de horas da sua jornada semanal de trabalho, enquanto ocorre o inverso para homens. Isso significa que, aqui também, prevalece a tendência à convergência horária, invalidando a idéia de que apenas a expansão do emprego em tempo parcial permite a maior absorção da força de trabalho feminina. (LAVINAS, 2003, p. 60)

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Segundo a Tomaz e Favilla (2003), a responsabilidade com a família, e o

compromisso com a renda familiar são fatores pelos quais provém a necessidade do

empreendedorismo feminino.

A mulher, mesmo trabalhando fora, está atenta ao que se passa dentro de casa. Acompanha mais de perto os problemas e a educação dos filhos. E quanto menor a renda familiar, maior a sua responsabilidade. (TOMAZ e FAVILLA, 2003, p. 45)

A responsabilidade está pautada na baixa renda familiar, já que o homem da

classe média e da alta pode arcar com seus gastos pessoais, sem influenciar na sua

capacidade de prover unicamente ou parcialmente as despesas do lar. Porém, nas

famílias de renda mais baixa, pobres ou miseráveis, a mulher deve compartilhar as

despesas com o seu cônjuge, ou arcar com os todos os custos sozinha, caso não

tenha marido. “Dificilmente abandonam a família em caso de dificuldades extremas

e mais dificilmente ainda formam uma nova, caso frequente entre os

homens.”(TOMAZ e FAVILLA, 2003, p. 45)

Com o passar dos anos, a mulher vem adquirindo competências

provenientes de conhecimentos que as levam a condições e cargos superiores,

como direção e gerenciamento de empresas.

Brasil já tem uma expressiva lista de mulheres em postos de comando – e, com o exemplo de Dilma Rousseff e de tantas outras, a tendência é que elas ocupem todo o espaço que merecem no mercado de trabalho.(REVISTA LÍDERES EMPREENDEDORES, 2012, p. 28)

Elas apresentam sucesso também no empreendedorismo, por possuírem

certas habilidades para encarar desafios e alcançar seus objetivos. São elas:

motivação, capacidade de trabalhar em grupo, intuição, criatividade, administração

de conflitos, organização, administração de recursos escassos, administração do

tempo, atenção para o detalhe e simultaneidade.

A boa notícia é que, de forma geral, o País tem uma lista de bons exemplos da força das mulheres nos altos escalões empresariais e tende cada vez mais tornar robusta a presença feminina nas posições de comando.(REVISTA LÍDERES EMPREENDEDORES, 2012, p. 29)

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CAPÍTULO 4 – JORNALISTAS NA BLOGOSFERA

4.1 Tendências de negócios na Blogosfera

O empreendedorismo digital agora é uma realidade no Brasil. (REVISTA LÍDERES EMPREENDEDORES, 2012, p. 92)

A internet transformou a maneira de fazer negócios das pequenas, médias e

grandes empresas, e reforçou a voz e o envolvimento dos parceiros, colaboradores

e clientes. Essa transformação realizou-se por meio de ferramentas como websites,

e-mails e redes sociais, utilizados pelas empresas como canais de comunicação,

marketing, suporte ao cliente, vitrines de produtos e serviços, informações

profissionais e corporativas, relacionamento com a imprensa e ferramentas de

pesquisa.

Munida da ferramenta correta, sua empresa pode obter dados valiosos sobre os hábitos, costumes e preferências dos clientes, nos moldes de um Orkut ou um Facebook. E, como conseqüência disso, melhorar ainda mais seu relacionamento com os clientes e vendas, aliando os sentimentos ao marketing. (CIPRIANI, 2008, p. 29)

Segundo Cipriani (2008) a internet viabiliza esse tipo de comunicação de

forma rápida e eficaz. Sabe-se que a internet é uma realidade na vida das empresas

e que não pode deixar de existir. A cada dia as empresas buscam novas formas de

divulgação por meio da internet, os diversos canais de comunicação migraram para

o universo on-line. E hoje têm suas informações disponíveis para qualquer lugar do

planeta.

Muitos aplicativos e sistemas desenvolvidos para empresas também dependem de uma estrutura de comunicação de dados ligada à internet. Pode ser necessário, por exemplo, que um funcionário distante das dependências da empresa precise interagir enviando ou recebendo dados importantes para suas tarefas por intermédio de um aplicativo em seu computador portátil ou PDA (Personal Digital Assistant – os famosos computadores de bolso). A internet viabiliza esse tipo de comunicação de maneira rápida e eficaz. (CIPRIANI, 2008, p. 18;19)

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Rapidamente, a internet tornou-se uma teia, uma rede complexa, com

milhares de computadores interligados em todo o mundo. Integrando

conhecimentos, a internet torna economicamente viável a cooperação em massa

entre as pessoas.

Outro fator contemplado pela internet é a independência. O internauta sente-

se independente, pois expressa sua opinião sozinho. Pode permanecer ligado a um

grupo, ou ser influenciado por algum ideal, mas expressa suas palavras de forma

anônima.

A “Geração C”, ou seja, a “Geração Criatividade e Conteúdo” é formada a

partir das “multidões inteligentes” que buscam informações nos websites das

empresas. Os consumidores vão muito além do consumo, querem participar da

criação dos produtos, opinar e interagir com outros clientes e com a própria

empresa.

No Brasil, a Interlig lançou em 2005 a campanha ‘Crie Seu Comercial 23’, na qual a provedora de serviços de telefonia de longa distância convidava os clientes a participar da criação de um comercial televisivo, por meio da mistura de elementos como cenário, apresentador, figurino, entre outros. (CIPRIANI, 2008, p. 21)

Enquanto o conceito da Geração C é instituído por algumas empresas,

outras utilizam o chamado Crowdsoursing, ou seja, um grupo de pessoas anônimas

que contribuem em atividades antes realizadas por funcionários.

A internet torna a interação entre as empresas e a ‘Geração C’ completamente viável, e o blog se encaixa no contexto como uma das ferramentas ideais para isso. (CIPRIANI, 2008, p. 22)

Segundo Hewitt (2007) no ano 2000 os blogs já existiam, mas não eram

amplamente conhecidos. No final de 2004, a Technorati, uma fundamental

ferramenta de navegação, contabilizava quatro milhões de blogs. Em 2005, a

blogosfera se expandiu largamente.

A Wikipédia diz que: ‘Um weblog ou blog é um registro publicado na internet relativo a algum assunto organizado cronologicamente (como um histórico ou diário)’. Blog é o uso reduzido da palavra weblog (web + log), vista por muitos como uma palavra simpática e engraçada. (CIPRIANI, 2008, p. 31)

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Blogs possuem diversas definições, porém elas não são permanentes,

porque essa ferramenta adquiriu e adquire diferentes finalidades ao longo do tempo.

Para Hewitt (2007) o blog tornou-se uma revolução na tecnologia da comunicação.

É possível considerar o blog como uma ferramenta digital muito fácil de

fabricar e colocar no ar. Possui textos apresentados em ordem cronológica

decrescente, organizados em arquivos; espaços para comentários; links que

direcionam o internauta a outras informações áudios-visuais e escritas; entre outras.

Os blogs podem apresentar funções como: portfólios, diários pessoais,

blocos de notas, manuais de instrução de certa tecnologia, caderno on-line para

estudantes, para informar e opinar. Muitos deles tornam-se fonte de renda para seus

autores, e desde que os comunicólogos perceberam um novo nicho de mercado por

meio dos blogs, começaram a valer-se dele. Um dos pioneiros foi o americano Matt

Drudge.

Em 18 de janeiro de 1998, Drudge publicou o primeiro furo de reportagem da história a partir de um blogue. Ele noticiou nada menos que o escândalo sexual protagonizado pelo então presidente dos EUA, Bill Clinton, e sua secretária, Monica Lewinsky, no DrudgeReport, on-line até hoje.(PEDROSA, 2012, p. 60)

Ao pensar em blog corporativo, ou blog de negócios, é necessário planejar o

retorno. Para chegar a um retorno financeiro é necessário tomar medidas como:

aperfeiçoar processos e racionalização de custos, introduzir uma campanha de

marketing, satisfazer as dúvidas dos clientes dando-lhes um feedback, aumentando

a visibilidade da marca, entre outros.

A introdução de blogs de negócios pode ser o agente transformador que dará início à migração de sua empresa para o mesmo caminho de sucesso. Ele será (ou poderá ser) o primeiro passo que apresentará o seu diferencial diante dos concorrentes. (CIPRIANI, 2008, p. 38)

O blog possui vantagens em relação aos outros meios de comunicação em

massa e proporciona uma série de fatores positivos ao poder de comunicação

bidirecional. Tais vantagens caracterizam-se por torná-lo mais veloz através da

leitura agradável e cronológica, facilidade para fazê-lo e mantê-lo, baixo custo,

navegação simples, espaço para comentários, troca de links, personalizado para

cada perfil de blog e de blogueiro, demonstra conhecimento da empresa, permite a

criação de uma comunidade.

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Vemos que o blog se destaca por ser altamente interativo e instantâneo. Também sai na frente por proporcionar uma comunicação na voz dos clientes, sem formalidades e com o conteúdo correto para atingir as expectativas dos mesmos. Contudo o grande diferencial está na enorme sensação de intimidade com a empresa; o blog é uma gigantesca porta aberta para que o cliente, o parceiro ou o funcionário entre, sente e se sinta à vontade. (CIPRIANI, 2008, p. 39)

Uma das principais formas de introduzir o blog nos negócios é por meio da

comunicação de marketing. O blog associado ao marketing pode trazer muitos

benefícios para a empresa.

O blog é uma extensão de sua empresa sob a forma de histórias, dicas e trocas de experiência. Como estamos nos dirigindo a pessoas, o blog para comunicação de marketing deve trazer a opinião de um ‘blogueiro profissional’ apaixonado pela sua marca, ou mesmo de clientes da empresa. (CIPRIANI, 2008, p. 44)

A linguagem do blog deve possuir uma quebra dos padrões formais

instituídos pela empresa e pelo marketing. A informalidade dos textos deve ser

pautada pela liberdade de expressão. Quanto maior a liberdade permitida aos

autores do blog, e mais opinativo e imparcial o texto, melhor sua imagem e a visão

da empresa para o consumidor.

Na web, em geral, quem produz bom conteúdo tem audiência garantida. O

conteúdo deve apresentar uma periodicidade definida, possuir qualidade em termos

de pesquisa, dedicação para que alcance um público maior.

Não é de admirar que, nos últimos dez anos, garotos que produziram blogues a partir de computadores desktops posicionados na garagem ou no próprio quarto, tornaram-se empresários da Comunicação. (...) Os probloggers (algo como blogueiro profissional) chegam a receber até R$ 25 mil por mês.(PEDROSA, 2012, p. 64)

Os jornalistas também podem empreender por meio dessa mídia, mas nem

sempre o conteúdo e o marketing nela postos conseguem suprir os gastos do

profissional. Em relação à entrada de capital, o blog é semelhante às revistas e aos

jornais, já que quase todos eles possuem mais que publicidade como fonte de

renda. Segundo Pedrosa(2012) para empreender por meio de blogs, é necessário

agregar outros meios para obtenção de renda.

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4.2 Os caminhos do jornalismo freelancer na internet

O ciberjornalismo freelancer, como é chamado o jornalismo na internet, é tido

por Deak e Foletto (2012) como o “novo” jornalismo capaz de ampliar o

conhecimento do profissional em diversas áreas, tais como programação de sites,

desenvolvimento de bancos de dados, gestão de mídias sociais, produção

multimídia e web, além do empreendedorismo.

Em muitos destas ocupações deste “novo jornalismo”, o jornalista passará a ter como função a edição do fluxo de informações muito mais do que a própria produção delas. Uma das funções passa a ser a de arquiteto da informação. (DEAK e FOLETTO, 2012, p.4)

Segundo a pesquisa realizada por Deak e Foletto (2012), os novos jornalistas

que trabalham na internet tanto como freelancer, quanto como empreendedor.

Independente do tema em pauta se divide em jornalista programador, jornalista

especialista em bancos de dados, gestor/editor de mídias sociais, jornalista

multimídia, produtor web e jornalista empreendedor.

Os autores destacam que a característica do jornalista programador está

pautada no termo tech-savvy, ou seja, o profissional tem proficiência no uso de

tecnologia, especialmente computadores, geralmente oferecendo suporte técnico em

TI (Tecnologia da Informação).

Para eles, o jornalista especialista em bancos de dados, que possui

conhecimentos de RAC (Reportagem com Auxílio do Computador) e inclui

disciplinas como: matemática e biblioteconomia. O gestor/editor de mídias sociais

produz o jornalismo colaborativo, ou cidadão.

Alguns requisitos para o gestor de mídias sociais são: compreensão e uso frequente de redes sociais (hard-user), facilidade para comunicação online, capacidade de pesquisa na internet, capacidade de mediação entre a produção do público e as diretrizes editoriais, organização, e, num sentido amplo, edição. Outros requisitos são não ser resistente à experimentar plataformas, linguagens, ferramentas; não ter medo do público, ou resistência a comentários do público; similaridades com o trabalho de Ouvidoria – sem ser essa instituição, propriamente: paciência, curiosidade, mas atenção para checar tudo – há quem tente vender informações, boatos, com as mais diferentes finalidades; ética e boas maneiras voltadas para as relações na rede; organização, para trabalhar com planilhas e horários de intervenção nas redes, de acordo com o planejamento. (DEAK e FOLETTO, 2012, p. 9)

O jornalismo multimídia que engloba diversas plataformas, dentre elas o blog

tema desta monografia, lida com áudio, vídeo, jogos, texto, experimentação

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narrativa, criação de roteiro, infográficos, planejamento de estratégias em redes

sociais e sites. Tem ligação com as áreas de marketing, publicidade e TI.

Alguns dos requisitos encontrados para o jornalista multimídia são conhecer os processos digitais de produção e edição de foto, áudio e vídeo, incluindo seus softwares; capacidade para criar narrativas multimídia interativas não-lineares ou lineares e noções de programação em linguagem HTML para desenvolver as plataformas na rede onde estas reportagens estarão publicadas. (DEAK e FOLETTO, 2012, p. 11)

Ainda segundo Deak e Foletto (2012) o produtor web tem a função de

promover eventos de diversos tipos. No âmbito do jornalismo na internet, o produtor

web é um profissional que não exerce todas as tarefas de uma reportagem

multimídia interativa, mas organiza profissionais para executar essa tarefa.

Já o jornalista empreendedor é visto por Deak e Foletto (2012) como um

“passo adiante na profissão, em que este produtor poderia ser considerado também

como empreendedor”. Então, se trata de um produtor web executivo, já que tem a

função de criar cronogramas de execução, imaginar e buscar fontes para alcançar

seus objetivos.

Tem, em muitos casos, uma visão mais ampla, que inclui o mercado e a articulação de parceiros. Este já é caso de alguns jornalistas, que podem ser chamados de empreendedores, estejam realizando seus projetos próprios ou não. (...) A internet, apesar de ter já algumas décadas, está ainda em construção – assim como as oportunidades e os problemas surgidos com ela. O jornalista que buscar neste meio processos inovadores e que sejam sustentáveis financeiramente terá que acompanhar tendências, ou talvez até mesmo criá-las; e buscar qualidade editorial, com bases éticas sólidas – fatores que já eram necessários mesmo no modelo de negócio mais tradicional. Será preciso experimentar novas fronteiras entre o jornalismo, o empreendedorismo, a produção e a internet. (DEAK e FOLETTO, 2012, p. 12;13)

Sendo a internet um meio de comunicação interpessoal, como argumenta

Pereira (2003), trata-se de uma “incubadora midiática”, com informações

apresentadas em formato digital/hipertextual que são transmitidas por canais como o

chat, icq, web, plataformas como sites e blogs (ênfase desta pesquisa), e mídias

sociais tais como facebook, twitter, e outras utilizadas por milhões de pessoas

comuns, e capazes de se tornar ferramentas para uso do jornalismo, bem como para

o jornalismo freelancer na web, sendo transmitido a um grande número de pessoas

num curto espaço de tempo, através de suportes distintos, tais como computador,

celular e TV digital.

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(...) acredita-se que a Web se constitui, por excelência, num espaço privilegiado para a veiculação de informações. É na elaboração de produtos para a Web que se concentram a quase totalidade dos investimentos realizados pelas empresas de comunicação. É a partir dela que os veículos on-line organizam e disponibilizam as demais ferramentas da comunicação em Rede. É dentro da Web também que se desenvolvem novas práticas produtivas e um formato narrativo característico do meio on-line. (PEREIRA, 2003, p.60)

Segundo Carrilho (2012) há várias condições que levam ao trabalho do

jornalista pela internet, são elas: a objetividade jornalística, já que a informação

transmitida necessita da veracidade dos fatos e da fidelidade das fontes como

geradoras de opinião; o tempo, “já não se dá apenas prioridade às questões de

qualidade das notícias, mas também a rapidez com que as pessoas recebem.”

(CARRILHO, 2012, p. 6) e os lucros institucionais, já que o jornalismo convencional

produzido pela imprensa produz gastos, o que limita a conduta do jornalista.

Hoje em dia, principalmente em ambiente online, é cada vez mais difícil fazer uma relação de qualidade da informação com o tempo que se tem para divulgá-la ao público. O processo de produção de notícias – liberdade de seleção, de relato e apresentação das “estórias” - está, atualmente, num ritmo completamente alucinante. Interessa, cada vez mais, a velocidade com que os conteúdos são disponibilizados. “Estamos numa era de proeminência da instantaneidade” (...) A imprensa, por exemplo, nunca conseguiu nem conseguirá dar uma notícia uns minutos depois de ter acontecido, pelas suas características óbvias. No entanto, para reverter à situação, os jornais em papel criaram as suas páginas online, para que chegue a um ritmo acelerado ao público. (CARRILHO, 2012, p. 6;7)

Para Carrilho (2012), a imprensa tradicional teve que se adaptar ao

ciberjornalismo, contraindo interatividade. “No entanto, o risco é grande no que toca

a filtrar e comprovar toneladas de informação que circula na rede, talvez, grande

parte dela, imprecisa e especulativa.” (CARRILHO, 2012, p. 17)

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4.3 A tecnologia utilizada a favor do jornalista

Para Carrilho (2012), as mudanças do jornalismo ocorrida dos anos 1960 para

hoje tem em sua estrutura: a internet. As conexões que atualmente nos tornam mais

próximos nesse universo online estão pautadas nas redes sociais tais como

Facebook, Twitter, Linkedin e os blogs, ambientes que mudaram o modo de trabalho

tradicional do jornalismo.

Vivemos numa era de globalização, a qual é marcada por uma diversidade de culturas e ideologias, conectadas em rede, através da internet, a qual se constitui cumulativamente a principal ferramenta de organização da sociedade contemporânea. E o conceito de sociedade em rede, está, precisamente, assente nas novas tecnologias de informação, onde se inscreve uma ordem social comum, onde os indivíduos se relacionam e partilham informação. A internet procura criar espaços de interação social, com base em temas de interesse comum, como, por exemplo, política, economia, educação, desporto, etc. Em rede, os indivíduos estão aptos para trocar informação, debater sobre assuntos do seu interesse e relacionarem-se virtualmente. Estamos perante uma nova cultura comunicacional e informacional. (...) Criada em 1969 com o objetivo de garantir a comunicação militar e científica estratégica nos Estados Unidos, em caso de guerra nuclear, a Internet desenvolveu-se de rede essencialmente científica, financiada por recursos públicos, para, hoje, uma crescente utilização comercial, em que o comércio eletrônico (e-commerce) e os negócios em rede (e-business) convivem com aplicações como correio eletrônico, grupos de discussão, bibliotecas virtuais, jornalismo online”, etc. No fundo, isto está ligado à noção de liberdade de ação sobre a informação, que é percepcionada pelos jornalistas, no ambiente da Internet. O autor cita Castells, que vai ainda mais longe, dizendo que a Internet a base da sociedade em rede. (CARRILHO, 2012, p. 16)

Segundo Carrilho (2012), ao se falar em sociedade em rede lembra-se de

redes sociais. A troca da informação, conhecimentos, opiniões e interesses em

comum ocorrem por meio das redes sociais nos aspectos pessoal, profissional ou

político. As redes sociais cada uma com sua especificidade possuíram públicos

diferentes, sendo páginas públicas e não somente pessoais. São geralmente usadas

para relações pessoais com familiares, amigos, no trabalho, ou mesmo para

objetivos em comum.

É, então, importante discernir que as redes não são apenas a mediação entre os sujeitos e a sociedade, mas são as relações pessoais e familiares, ou seja, o fortalecimento de laços sociais, como um jantar de família. “As redes sociais que criamos quando fazemos uso do Facebook, Hi5 ou quando passamos SMS em cadeia são, antes de serem tecnologias de mediação de redes sociais, pessoas ligadas em redes de relacionamento social, interagindo. Quando nos encontramos com amigos num café, com a família numa celebração ou com os colegas de trabalho num evento estamos a lidar com as nossas redes sociais.” No entanto, as redes sociais podem afastar os indivíduos ou ajudar à integração social, uma vez que

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“podem aumentar o número de laços fracos que um indivíduo pode criar e manter, pois estas tecnologias tornam mais fácil e menos custoso manter esse tipo de sites. Podemos assim argumentar que, as redes sociais mediadas introduzem uma gestão muito mais flexível, adaptável e reestruturável dos nossos laços fortes e fracos e consequentemente do nosso acesso a apoio social, emocional e informação”. (CARRILHO, 2012, p. 18)

Para a autora, as tecnologias da informação e da comunicação, sendo as

redes sociais, adquirem-se na sociedade e são trazidas para a casa. Ou seja, seu

consumo é realizado no conforto do lar, mas também no espaço público. Ainda

segundo Carrilho (2012), as redes sociais são utilizadas conforme três vertentes:

como “fontes de informação”; como “feedback”; e como “espaço de atuação social”.

Como “fonte de informação”, o número de fontes, bem como o número de

informações é infinito e a credibilidade é maior, já que se trata de especialistas que

podem gerar notícias. Quanto ao “feedback” se prioriza a repercussão que

determinada notícia terá em um determinado grupo social. E ainda como “espaço de

atuação” já que “estar presente onde está seu público é uma característica dos

veículos jornalísticos de grande importância.” (CARRILHO, 2012, p. 20)

Quantas vezes nos deparamos no Facebook, por exemplo, com partilhas de notícias de boas reportagens, boas notícias (efeitos positivos) ou de fails televisivos, gralhas nos rodapés (efeitos negativos). Esta interacção entre grupos pode oferecer clareza ao meio naquilo que deve fazer melhor, naquilo que os públicos gostam ou até naquilo que os insatisfaz. Daí que se defenda que a conexão das pessoas em rede leva a uma amplitude dos canais de informação e a uma “maior capacidade de receberem informações relevantes”. E, por isso, é importante a existência de “notícias especializadas, focadas e localizadas”, com uma forte possibilidade de serem “bastante ampliadas nas redes sociais, gerando também valor para o veículo”. (CARRILHO, 2012, p. 19;20)

Carrilho (2012) considera o jornalismo e as redes sociais como mídias

congruentes ao jornalismo, onde se concentra a informação sob diferentes pontos

de vista. “Neste contexto, o jornalismo deve ser, também, as redes sociais.”

(CARRILHO, 2012, p. 24)

A comunicação em ambiente digital faz com que a notícia seja dada dentro da noção de “imediatismo”. A internet trabalha com rapidez e instantaneidade. Já não há espaço para um jornalismo tardio, com notícias do dia ou de dias anteriores. Segundo Cleyton Torres, do Observatório de Imprensa do Brasil, referindo o caso da imprensa escrita, “reportar algo dias depois já não faz o menor sentido”. No entanto, considero que o jornalismo deve entrar numa parceria com as redes sociais, uma vez que são um meio informativo e até colaborativo que está a solidificar-se a cada dia. (CARRILHO, 2012, p. 24)

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Capítulo 5 – Web Reportagem: Jornalistas Empreendedoras na

Blogosfera

5.1 Descrição do produto e layout

Para Ferrari (2006), a melhor forma de contar uma história em sites e blogs, é

utilizando textos, áudio, imagens, links, etc. combinando-os. Por isso, o produto será

um blog que agregará não somente a monografia, mas também uma vídeos,

imagens e texto, no intuito de haver um maior aproveitamento dos recursos

permitidos pela tecnologia e uma maior interatividade com o público alvo,

promovendo assim, feedback: opiniões, críticas ou elogios acerca do assunto em

questão.

Jornalismo digital não pode ser definido apenas como o trabalho de produzir e colocar reportagens na Internet. É preciso pensar na enquete (pesquisa de opinião com o leitor); no tema do chat, o bate-papo digital; nos vídeos e áudios; e reunir o maior número possível de assuntos e serviços correlatos à reportagem. (FERRARI, 2006, p. 45)

Para a autora, a interatividade é dada por qualidades convidativas, ou seja,

nenhum custo, temas variados e a personalização dos sites. Características estas

que transmitem a usabilidade, ou o conjunto de fatores que definem o grau de

interação com o internauta. “A Web é a fronteira entre o empreendedor e o cliente.

Se ele der dois cliques no mouse e não encontrar o que procura, outros

competidores no mundo oferecerão o mesmo produto, mas num outro clique, fora do

seu site. (Jakob Nielsen, Designing Web usability)” (FERRARI, 2006, p. 60)

A chave para maximizar a usabilidade é empregar um design interativo e que dê mostras de evolução. Os passos de avaliação permitem aos designers e desenvolvedores do sistema incorporar o feeedback dos usuários até o produto atingir níveis cada vez mais aceitáveis de usabilidade. E o responsável por promover e até debater sobre usabilidade nas redações é o jornalista digital. Isso parece estranho e realmente é. O jornalista de um veículo digital assume e agrega muitas funções similares a um gerente de produto que precisa cuidar, planejar, viabilizar financeiramente e até manter vivo o produto em questão. Por isso, usabilidade está se tornando uma peça chave na vida desse jornalista. É uma ferramenta que pode auxiliá-lo e muito no seu atribulado dia-a-dia. (FERRARI, 2006, p. 62).

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O título do blog será Raposas blogueiras, já que por ser um astuto e atento

animal, o símbolo do jornalismo é a raposa. Além disso, trata-se de um título original,

porque poucos têm o conhecimento desta informação. Logo abaixo do título, um

subtítulo com a descrição “TCC feito por Patrícia Berzin Candelária”.

Abaixo, haverá uma sequência de botões cujos links levarão para páginas

subsequentes que estarão atreladas entre si. Os botões serão intitulados: A Autora,

Bastidores do TCC, Contato, Galeria de fotos, Grande Reportagem, Enquete,

Monografia, Relatos, Vídeos.

Logo na primeira página será feita uma breve apresentação do trabalho,

elucidando as seguintes questões: Quem? O quê? Como? Quando? Onde? Por

quê? Para quem?. Haverá no blog matérias textuais e fotos das entrevistadas,

sendo elas as jornalistas que empreendem por meio de blogs: Fabiana Camilo,

Déborah Klug e Helô Paganelli, Natália Clementin, Daniela Anfimof, Daiana

Henckes. Além das escritoras Dulcília Buitoni e Regina Helena de Paiva Ramos, das

especialistas em emprendedorismo Ana Fontes e Alice Salvo Sosnowski.

O blog trará os bastidores do TCC, ou seja, como foram produzidas as

matérias, as dificuldades, os erros e acertos, etc.

5.1.1 A Autora

Esta página conterá uma foto da autora, nome completo, idade, bem como uma

breve explicação de quem ela é, e por que optou fazer o curso de jornalismo.

Esclarecerá também, de forma bastante pessoal, por que decidiu fazer este trabalho.

5.1.2 Sobre o Blog

Esta página conterá um mapa do site, para que haja maior facilidade do internauta

encontrar o que procura. Além de uma descrição física e ideológica do trabalho.

Para que o site foi feito? Para qual público? Questões como essas serão

respondidas.

5.1.3 Monografia

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Esta página conterá o objetivo do pré-projeto transcrito e a monografia em PDF logo

abaixo.

5.1.4 Vídeos

Serão apresentados quatro vídeos com os seguintes entrevistados: Dulcília Buitoni,

Regina Helena de Paiva Ramos, Ana Fontes, e Alice Sosnowski.

5.1.5 Relatos e Grande reportagem

Serão expostos cinco relatos com as seguintes fontes: Fabiana Camilo, Déborah

Klug e Helô Paganelli, Natália Clementin, Daniela Anfimof, Daiana Henckes.

Embaixo dos textos, haverá um espaço para que o internauta dê sua opinião,

sugestão, elogio ou crítica.

Haverá além dos cinco textos-reportagens, uma grande reportagem escrita sobre os

cinco especialistas, e dentro do texto haverá a possibilidade do internauta clicar no

link “Veja o vídeo” para ver o vídeo da entrevistada correspondente.

5.1.6 Galeria de Fotos

Haverá uma exposição de fotos de todos os entrevistados em seus respectivos

ambientes de trabalho. E uma breve descrição abaixo de cada uma.

5.1.7 Bastidores do TCC

Segue como uma espécie de memorial descritivo, cujo propósito é descrever de

maneira histórica, reflexiva e crítica, como ocorreu a execução do trabalho por trás

das câmeras. Quais foram as dificuldades existentes ao longo da pesquisa, e do

trabalho de campo, as trocas realizadas com as fontes, ajudas obtidas por

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professores, por outras instituições universitárias nas quais pude consultar a

biblioteca, enfim, nesta página, as contribuições ou perdas serão apresentadas.

5.1.8 Contato

Segue nesta página os contatos da autora, tais como e-mail, facebook, twitter e

skype.

5.2 Público Alvo

O público alvo são todas as pessoas interessadas no tema: jornalismo

empreendedor na blogosfera. Sendo que o projeto aguçará a curiosidade de

mulheres e homens jornalistas dispostos a abrir um blog para empreender, em

conjunto ao seu trabalho CLT ou não.

Pretendem-se por meio deste site, incitar as mulheres jornalistas iniciantes na

carreira ou mesmo aquelas que já possuem experiência profissional, para que

tenham coragem de empreender, para que percebam sua real importância diante da

esfera do jornalismo online, não fiquem apenas na sombra de seus empregadores e

percebam o futuro promissor que poderão ter na rede, blogando por meio de

assuntos femininos.

O público alvo terá a possibilidade de interagir com a autora e com o site, por

meio de comentários, compartilhamentos e curtidas.

5.3 Custos de Produção

Encadernação: R$

Impressão de 5 cópias da monografia: R$

Condução: R$

Alimentação: R$

HD Externo: R$ 250,00

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5.4 Cronograma

Mês Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Semanas Atividades

02 09

09 16

16 23

23 31

31 06

06 13

13 20

20 27

27 04

04 11

11 18

18 25

25 01

01 08

08 15

15 22

22 29

29 06

06 13

13 20

Redigir Capítulo Jor na Blogosfera

Pesquisa de fontes e execução das pautas Fazer entrevistas por e-mail Redigir Capítulo Jor Feminino Redigir capítulo do produto Postagem da monografia no Moodle Fazer entrevistas filmadas Editar vídeos Redigir texto-reportagens Criar site e subir mídias Encadernação

Entrega do produto Apresentação

Banca final

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5.5 Memorial Descritivo

A ideia do tema para meu Trabalho de Conclusão de Curso surgiu a partir de

uma aula ministrada pela professora Clara Corrêa, no 6º semestre, para a disciplina

de Comunicação Empresarial. Seu objetivo era mostrar que muitos jornalistas

passam a empreender ou trabalhar como freelancer, porque o regime CLT é

deficiente em alguns aspectos. Para esta mesma disciplina, o meu grupo e eu

havíamos realizado um trabalho de assessoria de imprensa para uma personalidade

jornalística muito conhecida por seu trabalho no mundo do jornalismo de moda, mais

especificamente para o padrão Plus Size.

Percebi então a oportunidade de criar um TCC sobre mulheres jornalistas que

empreendem por meio de blogs, e a agarrei, assim como faz um empreendedor ao

ver a oportunidade de um bom negócio à sua frente. O título do trabalho surgiu

primeiro: “Jornalistas Empreendedoras na Blogosfera”, simples e de fácil

entendimento. Depois para redigir o pré-projeto, tive primeiro que fazer uma ampla

pesquisa para direcionar de maneira adequada o meu trabalho. Então só consegui

escrevê-lo após a leitura de 10 livros, que deram origem ao primeiro capítulo e aos

capítulos seguintes.

Ao longo do caminho, muitas vezes, pedi auxílio bibliográfico aos professores:

Clara Corrêa, André Rosa e Renata Carraro. Alguns livros foram emprestados das

Faculdades Integradas Rio Branco, outros da biblioteca da Faculdade Cásper

Líbero, outros ainda, como Mulher de Papel da autora Dulcília Buitoni, emprestei de

uma biblioteca pública, sendo que não tive custos com livros. Também não tive

problemas para denominar os capítulos do sumário. Escrevi o capítulo 1 A Imprensa

com Alma Feminina e o capítulo 2 que até então era intitulado Empreendedorismo à

Brasileira.

A ordem dos capítulos foi modificada após a execução do terceiro capítulo.

Notou-se que a forma mais correta de apresentar os capítulos no sumário não era a

pirâmide invertida, ou o afunilamento, como se é chamado. A forma tida como

correta foi a aproximação dos capítulos A Imprensa com Alma Feminina e

Jornalismo Feminino Dialogando com Mulheres, já que, imprensa feminina e

jornalismo feminino são assuntos que conversam entre si e há uma linha tênue que

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os separa. O desafio então foi escrever cada capítulo de forma a não confundi-los e

promovendo um seguimento para o próximo.

Durante todo o processo de pesquisa e redação do meu trabalho, senti certa

insegurança quando falava em produto, sobre o tão temido último capítulo, no qual

detalharia o web site e mostraria de forma crítica a trajetória da monografia. Mas

depois de ter tido muito trabalho em relação às pesquisas, depois de ficar horas em

casa e perder finais de semana para redigir os textos científicos da monografia,

finalmente escrever o último capítulo, é um grande alívio. Vou ainda mais longe, ver

o trabalho pronto e entregue é um orgulho.

Neste oitavo semestre, conforme escrevia os terceiro, quarto e quinto

capítulos, pesquisei também algumas das 9 fontes que serão entrevistadas para

meu produto. As encontrei no Google, através do Facebook e também por meio de

indicações de amigas e professores. Entrevistei cinco delas por e-mail, para que

pudesse agilizar meu trabalho, e através da pauta respondida por elas, farei os

relatos para incluir no web site.

Assim que terminei toda a monografia, entrei em contato com o restante dos

entrevistados, ou seja, os especialistas. Emprestei da faculdade a câmera, tripé e

microfone de lapela para então um a um entrevistar em seu respectivo ambiente de

trabalho todos eles. Os relatos outorgados a mim foram pouco mais técnicos. Após

transcrevê-los, deram origem à grande reportagem escrita que será postada no site.

Durante a primeira entrevista pedi a amiga Priscila Pires que me ajudasse com a

câmera e ela gentilmente me concedeu esse apoio físico e, portanto, moral. Um

pouco mais segura de mim, nas entrevistas seguintes fui sozinha. Levei cerca de um

final de semana para transcrever as entrevistas filmadas e escrever o texto. A edição

dos vídeos ficou por conta da estagiária das FRB Naryana, há quem muito

agradeço.

Por meio deste trabalho, eu pretendi não somente comprovar como e por que

as mulheres jornalistas empreendem por meio de blogs, mas também de um modo

mais pessoal, se trata de um meio pelo qual aprenderei a também fazê-lo, por isso o

produto será um blog. Percebo que ele significa muito mais para mim, do que um

mero produto para meu trabalho. Trata-se de demonstrar o conhecimento adquirido

ao longo das pesquisas, ao longo do curso, e penso que será um bom treinamento,

para futuros projetos pessoais que surgirão no decorrer do tempo. Certamente

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evoluirei muito após a apresentação na banca, pois sinto certo desconforto ao falar

em público, desconforto este que causa sintomas, como o esquecimento. Esta será

uma ótima oportunidade para ultrapassar essa barreira e para meu amadurecimento

pessoal e intelectual.

5.6 Pautas

Jornalistas Helô Paganelli e Déborah Klug com o blog Cadê meu Blush?

1) De onde surgiu a idéia de criar um blog?

O blog surgiu em uma matéria da faculdade, cada uma tinha o seu blog. Helô

já foi modelo e trabalhou nesse mundo da moda e Déborah sempre gostou.

Com a necessidade de cuidar melhor das redes sociais, e-mail, comentários e

as próprias postagens, resolvemos unir os dois em um único blog.

2) Por que você decidiu escrever um blog voltado para mulheres?

Como citamos em cima, as duas sempre gostaram de moda, assunto que

interessa mais o público feminino.

3) Como o jornalismo te ajudou/influenciou durante a execução do blog e

no dia-a-dia da blogosfera?

Durante a execução teve a influência de ser uma matéria da faculdade, foi lá

que surgiu a ideia. Já no dia-a-dia a gente sempre coloca em prática alguma

coisa que aprendeu na faculdade, seja na forma de escrever ou a ética

quando pega alguma citação de alguém, foto, sempre deixamos claro de

onde é.

4) Como você conseguiu divulgar o blog?

O blog é divulgado na página do facebook e nos nossos perfis pessoais, e as

próprias leitoras divulgam quando gostam de algum post.

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5) Quais foram as principais dificuldades existentes na blogosfera?

É sempre difícil, afinal, a cada dia surgem centenas de blog, mas buscamos

sempre um diferencial para tentarmos nos destacar.

6) Você trabalha no regime CLT e bloga, ou você é apenas blogueira?

Nós duas temos emprego além do blog.

6.a. Como foi o momento em que você decidiu deixar a carreira jornalística,

ou seja, o regime CLT para se dedicar exclusivamente ao blog?

6.b. Como é conciliar os dois trabalhos (CLT e blog)?

Não é difícil, como trabalhamos em duas no blog, normalmente já sabemos o

que vamos postar durante a semana e deixamos as coisas pré organizadas.

Quando temos algum evento no horário de trabalho, verificamos nossas

folgas e tiramos, quando possível, para ir aos eventos.

7) Como você consegue conciliar a vida pessoal ao empreendedorismo

através do blog?

A vida de blogueira é como qualquer vida ligada a qualquer profissão, tem

compromissos e vida pessoal. Não temos dificuldades em conciliar as duas.

As vezes temos semanas mais corridas e outras mais leves, agenda na mão

e nos programamos antes.

8) Diante de muitas mulheres blogueiras que escrevem sobre o mesmo

assunto que você, qual a sua visão em relação a este tipo de

concorrência?

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É uma concorrência igual a qualquer outra, toda empresa ou comércio tem

concorrência, como eles fazem, nós também buscamos um diferencial para

nos destacarmos

9) Colocando seu blog sob um olhar crítico, como você o vê hoje, e o que

você espera para o futuro do blog?

O Cadê Meu Blush? cresceu muito nesses dois anos, vemos ele como um

blog de moda acessível e para a mulher real. Esperamos que ele cresça cada

vez mais e quem sabe um dia possamos viver só como blogueiras!

Jornalista Daiana Henckes com o blog Lápis de Olho

1) De onde surgiu a idéia de criar um blog?

A ideia surgiu de repente, pois eu sempre assistia vídeo tutoriais de makeup e

fazia maquiagens para as amigas. Um dia na frente do computador pensei

que também poderia fazer algo parecido, conversei com amigos publicitários

e uma fotógrafa que me ajudaram e surgiu o Lápis de Olho.

2) Por que você decidiu escrever um blog voltado para mulheres?

Acredito que essa resposta esteja em partes respondida na primeira questão.

Pois o que surgiu primeiramente foi o grande interesse por blogs e vídeos

femininos, depois que veio a ideia do blog e não o contrário.

3) Como o jornalismo te ajudou/influenciou durante a execução do blog e

no dia-a-dia da blogosfera?

O jornalismo foi fundamental desde o ínicio, durante o começo do projeto do

blog eu estava cursando a disciplina de Lab. De Digital, o que desencadeou

ideias e auxilio para a criação do meu blog. As diversas maneiras de

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divulgação, posts e modo de escrever, como fazer posts humanizados que

tragam as leitoras para perto do blog, entre outros.

4) Como você conseguiu divulgar o blog?

Digo que a divulgação é principalmente pelas redes sociais, em especial o

facebook, acredito que elas sejam fundamentais para o crescimento do blog.

5) Quais foram as principais dificuldades existentes na blogosfera?

Descobrir o que as leitoras estão afim de saber, ler, etc e também tem muita

menina no meio que acredita não ter espaço para todas, penso diferente,

acredito que devemos nos ajudar e crescer juntas.

6) Você trabalha no regime CLT e bloga, ou você é apenas blogueira?

Sim, eu trabalho como locutora de rádio e blogueira.

6.a. Como foi o momento em que você decidiu deixar a carreira jornalística,

ou seja, o regime CLT para se dedicar exclusivamente ao blog?

6.b. Como é conciliar os dois trabalhos (CLT e blog)?

Conciliar os dois trabalhos é muitas vezes cansativo e corrido, porém muito

gratificante pois faço com amor demais. Muitas vezes falho algum post, deixo

de gravar algum vídeo ou atraso a edição dele pela correria, mas são coisas

possíveis de organizar e no final vencer as dificuldades.

7) Como você consegue conciliar a vida pessoal ao empreendedorismo

através do blog?

Conciliar o blog com a vida pessoal, e mais um trabalho não é nada fácil,

muitas vezes a família, o noivo e companheiro, e também as amigas, não

entendem que você não pode sair pois tem que gravar e editar, ou que você

tem evento no sábado e não poderá ir naquela janta, etc. Trabalhar com o

blog é transformar seus 7 dias da semana em dias possíveis de trabalhos,

pois muitas vezes é no final de semana que você tem tempo de fazer os

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posts, gravar, ou então ir a eventos. Diferente de quando você trabalha

apenas em uma empresa e tem horário específico para cumprir.

8) Diante de muitas mulheres blogueiras que escrevem sobre o mesmo

assunto que você, qual a sua visão em relação a este tipo de

concorrência?

Como citei na questão 5, não considero outros blogs concorrentes e sim

parceiros, se não o que diríamos de tantas lojas dos mesmos segmentos,

como lojas de roupas, marcas, etc, existe espaço para todos, pois as leitoras

se identificam com uma, com a outra, gostam do seu jeito, estilo de falar,

posts, etc, e se gostam vão buscar você, sendo que com as outras

blogueiras, pode-se fazer posts juntos, ideias, etc.

9) Colocando seu blog sob um olhar crítico, como você o vê hoje, e o que

você espera para o futuro do blog?

Eu vejo que meu blog hoje está do tamanho e do modo que eu consigo

monitorar, dar conta do trabalho, penso que com meu outro emprego se ele

ficasse muito diferente talvez eu não conseguisse conciliar. Gostaria de poder

postar mais, dar mais atenção as leitoras, caprichar mais nos posts, etc, mas

no momento não encontro maneira de ele ficar mais profissional. Espero que

no futuro ele continue em minha vida, que cada vez mais meninas se

identifiquem com ele e que ele continue trazendo tantas alegrias como já traz

para minha vida.

Jornalista Daniela Anfimof com o Blog Departamento de Beleza

1) De onde surgiu a idéia de criar um blog?

Fiz a faculdade de jornalismo pensando em textos femininos. Porém, acabei

indo trabalhar na assessoria de impressa do metrô de são Paulo.

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Como tinha muita vontade de escrever para mulher, acabei criando o blog

como um diário de beleza para mim.

2) Por que você decidiu escrever um blog voltado para mulheres?

Porque sempre amei conversar com a mulher através dos textos.

3) Como o jornalismo te ajudou/influenciou durante a execução do blog e

no dia-a-dia da blogosfera?

Acabei fazendo coberturas mais jornalísticas dos eventos e isso me ajudou

com as parcerias.

4) Como você conseguiu divulgar o blog?

No começo foi aquela coisa de amigas e familiares acompanharem... Depois

com os eventos e as amizades acabei sendo chamada para participar do

quadro das blogueiras no programa você bonita da gazeta

5) Quais foram as principais dificuldades existentes na blogosfera?

Acho q a maior dificuldade é ter diferentes ideias de posts já q hj existem

muitos blogs.

6) Você trabalha no regime CLT e bloga, ou você é apenas blogueira?

Faço meus trabalhos como jornalista também. O blog é o complemento. O

que faltava na minha vida.

A. Quando voltei do EUA. Morei em San Diego por 3 meses e 1 em NYC. Lá

pude realmente ver o que queria.

7) Diante de muitas mulheres blogueiras que escrevem sobre o mesmo

assunto que você, qual a sua visão em relação a este tipo de

concorrência?

Não vejo como concorrência. O legal do blog é isso. Tem espaço e público

pra todo mundo!

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8) Colocando seu blog sob um olhar crítico, como você o vê hoje, e o que

você espera para o futuro do blog?

Acho que meu blog ganhou vida quando mudei o layout. .ficou mais

profissional e nos posts consigo tem um feedback bem legal das leitoras.

Pro futuro do blog espero ganhar mais leitoras. Claro. Acho que o boom dos

boots ainda vai permanecer por um bom tempo, já que vivemos na era online

Jornalista Fabiana Camilo com o blog fabianacamilo.com

1) De onde surgiu a idéia de criar um blog?

Sou jornalista formada há 10 anos e já trabalhei em veículos impressos.

Aproveitei a minha experiência com jornal impresso aliada ao meu trabalho de

modelo Plus Size para criar esse blog dando dicas de moda, saúde, beleza

para o público com sobrepeso ou obesidade.

2) Por que você decidiu escrever um blog voltado para mulheres?

Engordei 30kg e tive muita dificuldade em encontrar roupas bonitas e

modernas que se adequassem a minha idade e ao meu novo peso. Vi que

existia uma carência muito grande de informação para pessoas com

obesidade de encontrar lojas e até mesmo de se vestir porque não tem (ou

pouco é divulgado) consultoria de moda para esse público. Quis supri mesmo

essa carência e mostrar que o fato de estar gorda não me condenava a ser

mal vestida.

3) Como o jornalismo te ajudou/influenciou durante a execução do blog e

no dia-a-dia da blogosfera?

Desculpem-me aqueles que possuem blog e não são jornalistas, mas não tem

como fazer uma coisa de qualidade e fidedigno se a pessoa responsável não

sabe o mínimo de ética e noções de estrutura textual. E isso só um

profissional da área é capaz de fazer com excelência.

4) Como você conseguiu divulgar o blog?

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A minha fama como modelo me ajudou muito, mas sem dúvida as redes

sociais são um grande aliado para divulgar qualquer coisa hoje em dia.

5) Quais foram as principais dificuldades existentes na blogosfera?

A dificuldade é mesmo se diferenciar de blogs que fazem apenas copias de

outros, os famosos ctrl c crtl v. O meu blog é escrito diariamente com matérias

escritas por mim e com base em pesquisas e estudos. Pegar uma matéria

pronta e simplesmente copiar é além de antiético roubo de propriedade

intelectual e infelizmente é o que mais acontece no meio virtual.

6) Você trabalha no regime CLT e bloga, ou você é apenas blogueira?

Atualmente trabalho por conta mesmo, presto assessoria de imprensa e

consultoria de moda para algumas lojas e marcas Plus Size. Além de

consultoria de imagem para mulheres que querem ingressar no ramo da

moda GG.

6.a. Como foi o momento em que você decidiu deixar a carreira jornalística,

ou seja, o regime CLT para se dedicar exclusivamente ao blog?

Não larguei minha carreira jornalista, continuo atuando no mercado só que

agora não tenho patrão. Meus rendimentos vem dos anúncios prestados no

meu blog e das assessorias que realizo.

6.b. Como é conciliar os dois trabalhos (CLT e blog)?

Não teria condição de trabalhar em regime CLT porque não tenho horário de

trabalho. A minha carreira de modelo tem horários e dias muito diferenciados

e ficaria impossível cumprir carga horária de regime CLT.

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7) Como você consegue conciliar a vida pessoal ao empreendedorismo

através do blog?

No começo foi complicado porque eu não tinha delimitado horários e dias

para cuidar do blog e às vezes me pegava trabalhando aos finais de semana

e madrugadas. Hoje, já com 3 anos de blog, escrevo e divulgo apenas em

horário comercial e quando estou com a semana cheia deixo tudo agendado

já para a semana inteira.

8) Diante de muitas mulheres blogueiras que escrevem sobre o mesmo

assunto que você, qual a sua visão em relação a este tipo de

concorrência?

O fato de escreverem sobre o mesmo assunto não quer dizer que façam a

mesma coisa são visões diferentes e experiências também diferentes. Moda é

um tema muito abrangente e tem um leque interminável de assuntos. Mesmo

se tratando de um evento em que todos os veículos de comunicação fizeram

cobertura, você irá notar que cada jornalista terá uma abordagem diferente

sobre o assunto. Então não vejo essa concorrência como algo negativo, ao

contrário, acho importante mesmo que tenha e que fique a critério do leitor

querer ou não ler o que você escreveu.

9) Colocando seu blog sob um olhar crítico, como você o vê hoje, e o que

você espera para o futuro do blog?

Hoje o Blog Fabiana Camilo caminha com suas próprias pernas, não preciso

correr atrás de patrocinador e nem de anunciantes. Já conquistei espaço no

mercado e aquela mulher que procura um blog sério que trata a moda com

respeito, mas acima de tudo que trata a mulher obesa com dignidade, sabe

que no blog Fabiana Camilo encontrará uma moda inclusiva e muito próxima

da vida real.

Pois no meu blog a abordagem é de marcas totalmente acessíveis e com

preços que aquela senhora da roça ou a executiva é capaz de adquirir.

Eu espero atingir cada vez mais mulheres com problema de autoestima e

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mostra que a moda não é algo para ser sofrido, mas para ser aliado da beleza

do indivíduo e independente do tamanho do manequim. A moda tem e dever

ser inclusiva, se não for assim não serve para ninguém.

Jornalista Natália Clementin com o Blog da Nala

1) De onde surgiu a idéia de criar um blog?

Trabalho com blogs há pelo menos 15 anos e os tenho há mais ou menos

este tempo todo. O Blog da Nala tem 3 anos e eu solidifiquei essa marca

porque, como uma boa jornalista, eu tenho a “necessidade” de compartilhar

informações. Como meu trabalho era com notícias de policia, economia, e

não me permitia esse partilhamento de opiniões tão profundamente, resolvi

criar um espaço para que eu pudesse fazer isso.

2) Por que você decidiu escrever um blog voltado para mulheres?

É um assunto que sempre amei, para ler, para escrever, para compartilhar.

Acho que o blog me ajudou muito a ser uma mulher mais cuidadosa, ajudou

na busca de informações e hoje tenho muito orgulho de ser referência.

3) Como o jornalismo te ajudou/influenciou durante a execução do blog e

no dia-a-dia da blogosfera?

Fica muito mais fácil entendendo de comunicação para a execução de um

blog. É mais fácil para eu organizar informações, fazer textos mais claros e

completos e isso fez toda diferença para meu blog. No dia-a-dia consigo

organizar melhor as informações que preciso o jeito certo de divulgar o blog

na internet e acabo fazendo um trabalho bem profissional por conta disso.

4) Como você conseguiu divulgar o blog?

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É um trabalho de formiguinha, na verdade eu divulgo o link e o blog se auto-

divulga. Quando você cria um conteúdo próprio, com boas fotos suas, bons

textos e sabe criar pautas interessantes, o blog acaba dando certo sozinho.

5) Quais foram as principais dificuldades existentes na blogosfera?

Hoje existem muitos blogs. Se destacar é difícil se você não fizer um bom

trabalho, que significa ter profissionais a sua volta que entendam de

fotografia, de conteúdo, bons contatos, marketing, agência. É trabalhoso

quando se cria algo profissional.

6) Você trabalha no regime CLT e bloga, ou você é apenas blogueira?

Sou contratada como editora da Globo.com e blogo nos meus horários de

folga, madrugadas etc.

6.a. Como foi o momento em que você decidiu deixar a carreira jornalística,

ou seja, o regime CLT para se dedicar exclusivamente ao blog?

Não me dedico inteiramente ao blog, e nem acho que devo fazer isso. Amo o

que faço

6.b. Como é conciliar os dois trabalhos (CLT e blog)?

Entendo que tenho dois trabalhos, eles não colidem em forma de conteúdo,

mas se completam para me tornar uma comunicadora cada vez melhor. Amo

o trabalho como editora online e amo meu trabalho com os blogs. É difícil

encontrar tempo, às vezes demoro um pouco para organizar o blog, porque

meu trabalho na Globo.com vem sempre em primeiro lugar, mas tem dias que

durmo pouco e saio menos para poder blogar e abastecer tudo. Precisa de

dedicação e organização, nada vem por acaso no colo.

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7) Como você consegue conciliar a vida pessoal ao empreendedorismo

através do blog?

É muito difícil, de verdade. Tenho amigas blogueiras e às vezes, é difícil

separar, principalmente as informações profissionais. Se você não tem

maturidade pra entender fica difícil, porque “competimos” profissionalmente e

somos amigas ao mesmo tempo. Sua figura acaba se misturando, não dá

para querer ter um facebook só para amigos ou ignorar perguntas e

comentários. Separar é difícil, mas hoje entendo que é parte do que escolhi

ser, uma pessoa pública agora, tenho que me comportar bastante e agir como

uma.

8) Diante de muitas mulheres blogueiras que escrevem sobre o mesmo

assunto que você, qual a sua visão em relação a este tipo de

concorrência?

Acho que existe uma linha tênue entre dois mundos: o nacional e o local. No

nacional, acho muito legal o que as blogueiras fizeram, trazendo para a

internet um conteúdo que nem todo mundo tinha acesso e ficava restrito a

revistas e formadores de opinião que não sabíamos de onde vinham.

Gosto e não considero concorrência.

Localmente, é um pouco difícil, pois sou amiga/colega de várias pessoas que

fazem a mesma coisa que eu. Evito perguntas do tipo “quanto vc cobra”,

“como fez ou faz isso”, mas eu respondo porque não tem como fugir. Gastei

uma nota preta numa boa câmera para fazer fotos pro meu blog e não gosto

também que venham ficar pedindo ou copiando minhas fotos. Esse tipo de

relacionamento fica difícil quando são colegas e conhecidas suas. Ainda mais

quando te escolhem para um trabalho e tiram alguém que convive com você,

já tive problemas com isso. Então é preciso muito jogo de cintura para

aguentar a pressão e segurar para não brigar quando, por exemplo, copiam

um texto seu. Acontece sempre e as pessoas acham que não estão dando na

cara. Eu vivo pra comunicar, então sei exatamente onde está meu texto

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“cozido”. Essa concorrência é difícil, mas acredito muito em fazer um bom

trabalho pessoal e basta para que as pessoas vejam que você é dono

daquele bom conteúdo e a boa capacidade para ser melhor no que faz. Basta

para a concorrência ser apenas uma concorrência fraca.

9) Colocando seu blog sob um olhar crítico, como você o vê hoje, e o que

você espera para o futuro do blog?

Tenho uma gana grande por novidades e tenho aplicá-las no blog sempre.

Ele vem mudando seu conteúdo e acho que hoje adquiriu uma cara própria.

Não é um blog de looks do dia, nem de imagens de internet sem fim e textos

copiados. Quando posto eu pesquiso, eu reúno as informações, eu faço fotos,

crio minhas próprias opiniões, são sempre muito bem construídos e quero

que seja cada vez mais assim. Quero trazer a ele, para o futuro, uma cara

mais pop, mais lazer & cult que pretendo aplicar. Também vou começar com

um canal de vídeos complementar e aplicar textos e profissionais para

discussão de relacionamentos e comportamento. Espero que ele fique um

canal cada vez mais completo e colaborativo, capaz de incentivar

positivamente e levar conteúdo pro dia a dia das pessoas.

Jornalista e especialista em empreendedorismo e tecnologia Alice Salvo

Sosnowsky

1) Por que você criou O Pulo do Gato?

2) Você considera que o jornalismo te ajudou a empreender? Como?

3) Como você acha que a jornalista pode obter sucesso empreendendo por meio

de blogs?

4) Você considera mais fácil o jornalista empreender por meio de blogs? Por

quê?

5) Em sua opinião, qual a importância da mulher jornalista para o trabalho

empreendedor na blogosfera?

6) Existem regras para o bom empreendedor na web? Quais são elas?

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7) Qual conselho você daria à jornalista que procura empreender por meio dos

blogs?

8) Existe mais alguma coisa que você queira acrescentar?

Transcrição literal da entrevista com Alice Salvo:

Oi, boa tarde!

Meu nome é Alice Sosnowsky, eu sou jornalista há 37 anos, sou formada pela

UFMG em Belo Horizonte. Em 1999 eu vim pra São Paulo trabalhar, e trabalhei em

várias redações, em várias revistas, jornais e internet.

Em 2006 eu decidi empreender, montei a minha agência digital, passei por vários

percalços, várias dificuldades, tanto que em 2009, eu resolvi compartilhar todo o

aprendizado, tudo que eu vivia e já tinha aprendido, e montei o blog “O Pulo do

Gato” que falava sobre empreendedorismo, sobre inovação, sobre a vida de

empresária. O blog cresceu e criou uma comunidade em torno dele, e eu comecei a

responder perguntas e trocar idéias e ter mais informações.

Em 2011, eu fechei a minha agência digital e continuei com o blog, e o blog virou um

meio para eu empreender. Como? Ele virou um meio não só de divulgação, como

um meio de reflexão de ideias, então é lá que eu uso como plataforma pra conhecer

pessoas, pra discutir com as pessoas, pra arrumar inclusive trabalho. Ele não é o

meu negócio, mas ele é um meio onde eu faço negócio. Não é fácil empreender por

meio de blog, mas ele é muito recompensador, porque é onde você discute ideias.

Você não fica falando só de negócios, só de orçamentos, só de dinheiro, você

discute ideias, é muito recompensador.

Então, eu recomendo muito pra quem tem um negócio tenha um blog. Então por

exemplo, se você tem uma loja de roupa, você pode ter um blog falando sobre

moda, eu por exemplo dou aula, faço consultoria de negócios, então ter um blog

falando sobre inovação, sobre empreendedorismo, pra mim é super importante,

onde eu tenho novas ideias, onde eu descubro coisas novas.

A importância da mulher jornalista para o trabalho:

Desde que eu comecei o blog, eu comecei a pesquisar muito sobre a vida do

empreendedor, o comportamento dele. Há uns três anos, eu comecei a fazer várias

entrevistas perguntando para empreendedores, para especialistas, pra consultores,

qual era “o pulo do gato” pra empreender. Que é o nome do meu blog, “O Pulo do

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Gato”. E recebi respostas sensacionais, cada um falava uma coisa, a partir dessas

respostas eu fiz dezenas de entrevistas quase cem, a partir dessas respostas eu

achei padrões que me fizeram chegar numa espécie de fórmula do sucesso para

empreender. São seis caminhos que eu indico para todo empreendedor, seja na web

ou fora dela Que são os princípios do Pulo do Gato:

Que é você ser apaixonado pelo que você faz, é você fazer sempre, é você

vislumbrar, compartilhar, persistir, e se transformar. Esses passos, sendo estudados

ponto a ponto, é você juntar uma série de habilidades, uma série de potencialidades,

que se trabalhadas juntas, elas avançam, faz o empreendedor avançar e alcançar o

pulo do gato, não só nos negócios, como também na vida.

Esse projeto hoje é colaborativo, eu dei o passo inicial, mas outras pessoas foram

participando, eu coloquei isso numa plataforma web, então as pessoas respondem

espontaneamente lá na web, o meu projeto no futuro é fazer um livro sobre o pulo do

gato dos empreendedores, eu acho que cada um tem o seu.

Qual a importância da mulher jornalista para o trabalho?

Em 2010, eu participei de um curso na GV chamado “10 mil mulheres”, patrocinado

pela Goldman Sachs na FGV São Paulo, e lá com uma colega de curso, nós

montamos a rede mulher empreendedora, que é uma rede pra mulheres que tem

negócios, discutirem e se reunirem e compartilharem, e por aí a gente percebe,

conversando com essas mulheres que a mulher tem um jeito muito específico, muito

característico de empreender. Ela compartilha mais, ela planeja mais, ela é mais

cuidadosa, e pra isso ela precisa trocar muita ideia. Ela precisa entender o que as

outras pessoas estão fazendo, então é muito importante essas redes de

compartilhamento, essa troca. O blog, as redes sociais, o site, eles acabam sendo

ferramentas muito importante para essas mulheres, porque elas não conseguem

empreender sozinhas, tomar decisões sem ter conhecimento, sem ter opiniões de

pessoas que ela confia, pra tomar as decisões certas. A Rede Mulher

Empreendedora, hoje, reúne 50 mil mulheres empreendedoras no país inteiro, nós

prestamos suporte, ela não tem fins lucrativos, nós conversamos com essas

mulheres, fazemos encontros presenciais. Então, foi outro projeto que surgiu com O

Pulo do Gato, e que tem crescido bastante, outra forma de empreender.

Pediram-me pra dar conselhos ao empreendedor, pra como ele atua, como ele

consegue evoluir e avançar nos negócios. Há 3 anos, por causa do blog O Pulo do

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Gato, eu comecei um projeto onde eu pesquisei e conversei, entrevistei

especialistas, empreendedores, consultores, todas as pessoas dessa área do

universo empreendedor, e eu fui perguntando pra elas qual era o pulo do gato do

empreendedor. Foram dezenas de entrevistas, cada um me respondeu uma coisa

bastante interessante, mas no final reunindo isso tudo, eu achei padrões

importantes, que é quase uma receita pra você se dar bem como empreendedor, pra

você dar seu próprio pulo do gato. São seis padrões que eu chamei de princípios.

São eles: Apaixone-se. Em primeiro lugar você tem que ser apaixonado por aquilo

que você faz, você vai passar por obstáculos, vai passar por dificuldades, então a

paixão é o que vai te manter no rumo certo; Fazer. Nenhum empreendedor vive de

ideias, ele tem que fazer, errar, acertar e fazer de novo, até achar o seu modo de

fazer; Vislumbrar o futuro. O empreendedor inovador é aquele que imagina o que vai

acontecer antes das pessoas mesmo terem essa noção, então, estar sempre ligado

em inovação, vislumbrar como nós viveremos no futuro é super importante;

Compartilhar. Estamos numa era de colaboração, onde a internet, as redes sociais,

a informação está circulando, então se nós não compartilharmos o que temos, se

não aprendermos as coisas com outras pessoas, ficaremos isolados em nosso

castelo de sabedoria e não faremos muita coisa; Persistir. Porque obstáculo é o que

mais iremos passar, então tem que persistir numa ideia, tem que persistir no sonho;

e em último lugar, o Transforme-se. Todo empreendedor, quando ele começa um

empreendimento, um projeto, uma empresa, ele começa de um jeito, ele vai

aprendendo com as pessoas, ele vai aprendendo com os erros, ele vai vendo os

acertos que ele fez também, e ele se transforma em outra pessoa. No final, dando

certo ou não seu negócio, essa transformação é uma jornada, é quase que a jornada

do herói. É uma transformação super importante, e o que eu percebo, é que todos

os empreendedores de sucesso, eles tem humildade pra se transformar e pra

aprender. Então essas são as seis dicas, os seis princípios do Pulo do Gato nos

negócios e também na vida.

Empreendedora Ana Fontes

1) Quantas mulheres e homens existem, hoje, empreendendo no Brasil?

2) Em sua opinião, qual a importância da mulher para o empreendedorismo

brasileiro?

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3) Qual a quantidade de jornalistas empreendedores fora e dentro da web?

4) Qual é o perfil do empreendedor no Brasil?

5) Como um jornalista pode obter sucesso como empreendedor na blogosfera?

6) Como o SEBRAE pode ajudar os jornalistas que queiram empreender por

meio dos blogs?

7) Existe mais alguma coisa que você queira acrescentar?

Transcrição literal da entrevista com Ana Fontes:

Olá, meu nome é Ana Fontes, tenho 47 anos, tenho duas filhas, eu sou

empreendedora desde 2008, em 2010 eu fundei a Rede Mulher Empreendedora que

hoje é a maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil, nós temos

mais de 50 mil mulheres envolvidas na nossa rede. O fenômeno de mulheres

empreendedoras no Brasil, tem cerca de dez anos, hoje nós temos quase 45% dos

pequenos e micro negócios são tocados por mulheres, e isso é muito relacionado a

questão do mundo corporativo, não tem um ambiente muito amigável pra mulheres,

principalmente mães de filhos pequenos. Então empreender virou uma opção de

carreira, virou uma movimentação de vida pra essas mulheres. Hoje você tem muitos

jornalistas, que são empreendedores, é muita gente que trabalha na área de

comunicação, os meios digitais proporcionaram isso, com que vários jornalistas

viessem a empreender. Você tem vários sites, vários blogs, não existe uma

quantidade certinha de quantos jornalistas fazem isso, mas eu pessoalmente

conheço uma infinidade deles que ou tem blog, ou tem site, ou estão trabalhando

com isso. Porém, apesar de terem muitos jornalistas trabalhando, jornalistas

homens, mulheres empreendendo, você ainda têm poucos que são especializados

na área de empreendedorismo. O ecossistema empreendedor no Brasil, ainda é

muito novo, ou seja, nós estamos ainda aprendendo muito as coisas e por conta

disso você tem bastante gente especializada no meio, mas não muita gente

especializada que possa de fato multiplicar o conceito pra muitos lugares. Por conta

disso, você vê algumas grandes redes de televisão, fazendo programas numa

linguagem bem simples pra explicar o que de fato é ser empreendedor, quais são as

dificuldades, e quais são os problemas que esses empreendedores podem passar. É

nesse ambiente que estamos vivendo hoje. No Brasil existem várias instituições de

apoio ao empreendedorismo, o Sebrae é uma delas, é o mais antigo, é um dos mais

importantes, eles tem vários programas de capacitação, boa parte deles totalmente

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gratuito que podem ajudar tanto os jornalistas a entender um pouco melhor o mundo

dos empreendedores, como os jornalistas que queiram empreender, como

empreendedores de qualquer área que estejam buscando empreender. Eles tem

uma capilaridade muito grande que ajuda bastante, em qualquer lugar do país onde

você estiver, você tem sempre um posto, uma sede, ou um lugar do Sebrae que

você pode buscar apoio, além do próprio site deles também. É importante hoje a

gente acrescentar o seguinte, como eu disse, nós estamos vivendo um mundo em

que o empreendedorismo aqui no Brasil é muito recente, ele tem cerca de 10 anos

que estamos vivendo esse grande movimento.

A grande recomendação que eu faço pra jornalista que queira empreender ou que

quer cobrir o ambiente empreendedor, busque conhecimento, busque se capacitar

busque entender como funciona o mundo dos empreendedores, existem

particularidades como qualquer mundo, existem questões hoje, existem seguimentos

como o Movimento do Empreendedorismo Feminino, as Estataps que estão criando

várias novas empresas de tecnologia, as mulheres e mães que estão saindo do

mundo corporativo para empreender, enfim, existe uma série de movimentos, e é

muito importante que o jornalista entenda profundamente esses movimentos, para

que a informação sobre o ecossistema empreendedor não seja uma informação

glamurizada, tem muita gente falando do mundo dos empreendedores como se

fosse fácil, tranquilo, como se as pessoas ganhassem dinheiro rápido, e não é

assim. A minha dica importante é que vocês de fato procurem entender

corretamente como funciona o mundo dos empreendedores, pra que aí vocês

consigam informar de uma forma muito tranqüila e muito correta, as pessoas que

querem vir pra esse mundo. É muito importante ter bastante empreendedor, o Brasil

precisa de muitos empreendedores, mas precisa de empreendedores capacitados e

informados. É isso.

Jornalista e escritora Dulcília Buitoni

1) Como você vê a representação da mulher na imprensa feminina?

2) Como o jornalismo feminino mudou a imprensa no Brasil?

3) Quem é a jornalista brasileira hoje?

4) Deve a mulher ocupar cargos públicos de responsabilidade?

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5) Em sua opinião, por que as mulheres se destacaram e ocuparam o espaço

dos homens no jornalismo?

6) Como você considera que a mulher tem sido representada na imprensa

feminina?

7) É mais difícil para a mulher conciliar a vida profissional e pessoal?

8) Qual a importância do jornalismo feminino feito para o público feminino?

9) Em sua opinião qual a importância da evolução do jornalismo feminino da

imprensa para a web?

10) Você acha que houve mudança no modo de fazer revista no Brasil?

11)Existe mais alguma coisa que você queira acrescentar?

Transcrição literal da entrevista com Dulcília Buitoni:

(DB 1)

Eu acho que as revistas femininas, elas conseguiram um ou outro retrato, uma ou

outra imagem de verdade que não tinha, mas a maioria das mulheres que aparecem

são as tais das mulheres de papel. A mulher de verdade, a mulher brasileira em toda

sua diversidade, diversidade de etnia, diversidade também de jornal, aparece muito

pouco. Então é uma idéia mais de padrão, padrão de beleza, um padrão “ostental”,

um padrão branco, apesar de que já se introduziram muito mais, nos últimos 20

anos, muito mais mulheres negras ou mulheres orientais, mais ainda o grande

padrão de beleza é esse padrão quase que do cinema americano.

(DB 2)

A revista feminina havia trazido alguns avanços para as mulheres. Hoje, eu dei uns

descontos a mais, porque essa questão aí da Capricho que empreendeu todo um

trabalho de educação sexual, as coisas que a tribo faz, eu não sou tão crítica no

geral, mas eu continuo achando que a mulher brasileira está mudando. Apesar de

que com as revistas de auto consumo, essas revistas mais baratas, da Ana Maria,

essas daí, elas também trouxeram para o mercado de revista, todo contingente que

não lia, então essas coisas são muito interessantes, apesar de se concentrar em

novelas e tudo, mas elas tem muitos serviços, elas tem matéria de serviço.

Tem agora uma revista que chama Minha Casa, que é sobre decoração, é uma

revista assim que teve muito sucesso com toda essa questão de nascimento que é a

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casa de pau, e está ajudando as pessoas a decorarem melhor, a fazerem coisas

melhores na sua casa, comprar, então, assim, tem todo um serviço da imprensa

feminina, mas por outro lado, essa questão do consumo, o incentivo, a beleza, a

cirurgia plástica, que eu também acho um horror. Então tem algo assim vai para

esse lado sensacionalismo, das celebridades, do padrão para querer ser as

celebridades, as revistas antes estampavam na capa, fotos de mulheres, modelos e

tudo mais.

Nem se sabia o nome da modelo, as modelos não eram celebridades, como são

hoje. De 10 anos pra cá, ou 15 anos pra cá, passava-se nas revistas femininas só as

mulheres da televisão. Então, é uma padronização muito forte, esses são os únicos

modelos das pessoas, com as novelas que tem todo esse acompanhamento e tal, é

uma pressão muito grande e que também comparando, eu acho que no Brasil

também seja uma grande influência que em cima de padrão, padrão de

comportamento, padrão de imagem da televisão, do que outros países, porque na

Argentina se vê televisão, mas não é tanto quanto aqui. Na Europa, muito menos, as

pessoas ficam uma semana, ninguém nem liga a televisão nem pra ver telejornal

nada, e aqui no Brasil por conta das novelas que criam esse habito de ver todos os

dias sempre no horário nobre, porque as novelas dos outros países não são. É tudo

detalhe, é um horário mais diferente também, mas não tem esse poder de atração e

de fixação das pessoas como tem aqui, então a diferença aqui é muito, muito grande

e as revistas são completamente atreladas às celebridades da televisão. E em

relação à passagem para a web, há algumas coisas interessantes assim como o

blog, mas eu acho enquanto cliente editorial, ou de projetos editoriais, eu acho que

ainda não se encontrou um jeito bem interessante de se explorar a web. A revista

Abril lançou, tem um grande site sobre mulheres de várias revistas, ta bem dentro

desse esquema da indústria, bem colada com o consumo, com a publicidade. E os

outros sites mais jornalísticos, na web, ainda eu acho que não encontraram um jeito

de falar com a mulher, a mulher é muito utilizada como chamariz para, é como as

mulheres seminuas com biquínis para os jornais populares, as mulheres são usadas

como atrativo para justamente ter mais clicadas, seja porque a última briga da fulana

na Fazenda, no reality show, quando tem o BBB, você abre o UOL, você abre o

Terra, abre não sei o quê. As matérias mais lindas é só sobre a fulana que brigou,

que xingou, que traiu, que aconteceu, e também em relação aos vários casamentos

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das celebridades, e com isso a mulher fica estereotipada. Eu lembro um exemplo

que o pessoal do UOL eles tinham uma cobertura muito interessante de futebol e

tinham muitos jornalistas por lá que não acharam interessante fazer perguntas para

a torcida, mas quando o jornal viu que isso atrai muitos críticos, decidiram que a

torcida tem um espaço muito grande, em detrimento das matérias mais

aprofundadas. E quanto a parte de recursos técnicos, ou também estéticos, a web

usa muito o que poderia usar. Tanto o jornalismo na web quanto o jornalismo mais

geral.

(DB 3)

A diretora do Jornal Nacional, logo no começo foi uma das implantadoras a Alice

Maria que era uma mulher, mas hoje e há um bom tempo são homens, mesma coisa

quase como acontece no professorado é um trabalho fundamentalmente feminino.

No jornalismo, as ocupações menos importantes de decisão estão sendo ocupadas

pelas mulheres, mas na direção eu acredito que ainda tenha, e é o mesmo caso, no

professorado, ficou fundamentalmente feminino, até porque as mulheres professoras

conseguem conciliar o trabalho de casa e o cuidado dos filhos, e isso é uma

distorção, porque geralmente acaba sendo menos valorizado, ou o professorado

quando nós tínhamos mais professores homens, o salário do professor homem da

rede pública conseguia sustentar a família dele toda e a mulher ficava só como dona

de casa, nos anos 50 e 60 isso ainda era possível. E hoje temos ainda muitos

professores homens, mas ainda é muito menor quantidade do que havia antes,

enquanto que nos outros países como é mais valorizado, a função na Europa, a

função de professor, já mesmo no ensino fundamental nós temos muitos professores

homens. Ou no Japão, sei lá, tem muito professor homem, enquanto que aqui não,

aqui as mulheres são as principais funcionárias da educação.

(DB 4)

Quando eu comecei nas redações, as chefias eram bem masculinas, mesmo nas

revistas femininas, tinha uma ou outra diretora, mas a chefia e os diretores principais

eram homens. Apesar de que a maioria das redatoras, editoras e repórteres eram

mulheres. Com as faculdades de jornalismo, claro que o número de mulheres, até

porque nós, no Brasil nós temos mais mulheres universitárias que homens em

instituições de jornalismo. As mulheres foram penetrando bastante nas redações,

mas eu acho que ainda refletindo sobre o que acontece em toda a sociedade, a

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mulher ainda não tem tanto espaço assim é meio sub representada nesse sentido de

ter espaço. Eu tenho um exemplo bem chocante que é fazendo uma pesquisa sobre

a Veja e novas mulheres, idosos e várias coisas assim já há uns 10 ou 15 anos

atrás, e isso se manteve até agora, de repente, pesquisando, nós caímos nas

páginas amarelas da Veja, fizemos uma simples contagem, coisa de 95%, dos

entrevistados são homens. As mulheres têm pouquíssimas, é uma loucura porque

se nós fomos ver hoje em dia quem são as comentaristas de rádio e televisão de

política, nós temos uma grande quantidade de mulheres, essas mulheres também

poderiam ser objeto lá nas páginas amarelas, mas é uma coisa muito maluca, as

poucas que aparecem, claro, apareceu a pesquisadora da USP que trabalha com

genoma, ela tem muito que falar, então ela foi entrevistada, mas as outras assim tipo

a Hebe Camargo, Adriane Galisteu, mulheres que são famosas, mas que não tem o

mesmo perfil que os homens tem lá, porque os homens poucas vezes tem lá um

ator, um apresentador, ou sei lá o que. Então isso pra mim já é um índice muito forte

da presença da mulher no jornalismo, seja como jornalista, ou seja, como fonte ela

não é muito valorizada, e isso vai acontecer também nos cargos públicos, ainda nós

temos poucas mulheres, tem aquelas cotas, mas não alcançam muitas mulheres

para serem candidatas, mas acho que está se encaminhando se compararmos a

países que as coisas são muito mais complicadas, se comparar com países árabes

que você aqui com o cabelo amostra já é uma grande diferença.

Isso também de conciliar, já entra no esquema geral da sociedade capitalista, do

mundo do trabalho, do mercado de trabalho, é muito difícil conciliar a vida pessoal,

pras mulheres mais ainda, porque de qualquer modo, as mulheres ainda são as que

cuidam mais da casa, dos filhos e tudo, e há alguns homens que, por exemplo,

abdicam do trabalho para cuidar do filho, porque a mulher tem um emprego melhor,

mas isso ainda é exceção. E as nossas leis, apesar de darem licença maternidade,

que em outros países nem nos Estados Unidos tem licença maternidade como a

gente tem. Mas de qualquer modo, é super complicado, porque as mulheres

cansando mais e se dividindo entre muitas atividades, e também tem uma teoria

minha que eu acho que a única coisa que resolveria isso é realmente a gente mudar

o esquema da jornada de trabalho para todo mundo. A minha utopia é que o padrão

do trabalho fosse um trabalho tipo cinco ou seis horas pra qualquer pessoa. Quem

quer trabalhar mais trabalharia, mas se a gente tivesse esse sistema, iria ter muito

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mais tempo. Na cidade grande os transportes podiam ter vários horários de saída,

podia fazer mil rodízios, as pessoas podiam estudar, a nossa maior riqueza é o

tempo. O que adianta você trabalhar, ter um salário, mas chega em casa às 11h da

noite, pega 3h de condução e por aí vai, eu sou contra cursos a noite. Eu acho que

todo mundo poderia estudar na outra parte do dia que não ta trabalhando. Eu acho

que é o único jeito de dividir a jornada do trabalho e as atividades domésticas.

Cuidado com o filho, cuidado com a casa entre homem e mulher é isso, e se você

não tiver isso, enquanto você continuar esse esquema de trabalho o dia inteiro, é

uma coisa assim insana, sabe? Não vai. Eu até também queria fazer um blog sobre

esse negócio, porque é algo que já me incuca há muito tempo, porque é claro que

isso tem lei, tem sindicato, mas claro, hoje com toda a internet, toda a informática,

todos os computadores, poderia ter mais trabalho em casa, claro que a gente não

precisa trabalhar mais 8h por dia, quem quer tudo bem, mas se você soubesse que

você tem metade do dia para você, as suas 5 ou 6h de trabalho renderiam um pouco

mais, trabalharia muito mais.

(...)

Eu tenho algumas amigas que são fotógrafas e elas conseguem, porque só vão

trabalhar nos jornais determinadas horas, quando chamam, então dá para conciliar

um pouco a vida pessoal, mas as minhas amigas que trabalhavam na Veja, é uma

loucura, ou o marido é jornalista também é entendido, ou a maioria das mulheres

não conseguiu ficar mais de dois anos, três anos na Veja, porque assim acabava a

vida pessoal.

Jornalista e escritora Regina Helena de Paiva Ramos

1) Fazendo uma retrospectiva em poucas palavras, como você considera que

ocorreu a mudança do preconceito em relação às mulheres jornalistas?

2) Quem era a jornalista brasileira naquela época, e quem ela é hoje?

3) Como o jornalismo feminino mudou a imprensa no Brasil?

4) Deve a mulher ocupar cargos públicos de responsabilidade?

5) Qual a importância do jornalismo feminino feito para o público feminino?

6) Existe mais alguma coisa que você queira acrescentar?

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Transcrição literal da entrevista com Regina Helena de Paiva Ramos:

Meu nome é Regina Helena de Paiva Ramos, sou jornalista desde 1952, eu sou da

4ª turma da faculdade de jornalismo da Cásper Líbero, sou escritora também, me

aposentei, mas continuo trabalhando.

Fazendo uma retrospectiva, você me pergunta como é que ocorreu essa mudança

de preconceito contra a mulher jornalista. Então eu respondo da seguinte forma: é

uma questão muito complexa, primeiro lugar é devido às pioneiras as que se

jogaram nessa estrada e conseguiram domar preconceitos, etc. E foram exemplos

pras outras que vieram depois. Em segundo lugar foi que na década de 60, as

mulheres aqui no Brasil e em outros países, começaram a entrar para as faculdades.

Não apenas para as faculdades de jornalismo em massa, mas para as faculdades

de direito, de engenharia, economia, arquitetura. Não que não tivessem entrado

antes, mas em pequeno número. Foi na década de 60 que as mulheres começaram

a se jogar mais para essas profissões, e em primeiro lugar entrando nas

universidades. Foi um movimento muito bonito, eu tenho a impressão que as

mulheres não se deram conta disso, e resultou então que as mulheres avançaram

em várias profissões, e o preconceito foi então diminuindo, quase que acabando,

não diria que acabou totalmente, mas a situação hoje está muito melhor.

A jornalista da época em que eu iniciei, era uma pessoa que não tinha bem

consciência, muitas não tinham consciência de que elas sofriam discriminação.

Gostavam do que faziam, muitas delas eu conheci muitas delas, que entraram para

a profissão como meio de sustentar filhos, eram mulheres desquitadas ou viúvas,

acabaram gostando muito do que faziam, e foram se tornando pioneiras, foram

abrindo caminho. Eram geralmente mulheres da classe média e da classe média

alta, que buscavam alguma coisa a mais que apenas ser dona de casa, mulher,

esposa, mãe e deu no que deu. Foram indo e muitas delas conseguiram prestígio,

nome e assim foi. Agora, o jornalismo feminino, eu não diria que ele mudou a

imprensa no Brasil, eu acho que o jornalismo foi feito por mulheres e homens, foi se

modificando conforme a tecnologia, eu mesma passei por várias tecnologias,

quando eu comecei, os meus chefes escreviam a caneta tinteiro, aquela caneta que

molhava em um tinteiro e escrevia a mão. Eu já escrevia a máquina de escrever,

depois vieram as máquinas elétricas, depois as eletrônicas, o tipo de impressão foi

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também passando por várias tecnologias, as faculdades de jornalismo foram

transmitindo a tecnologia e os estilos que ocorriam em outros países. Então eu não

acho que foi a mulher que modificou o jornalismo, eu acho que o jornalismo foi

modificado por mulheres e homens competentes, nós tivemos jornalistas

competentíssimos aqui no Brasil, e foi isso. Não acho que a mulher tenha modificado

a imprensa sozinha.

Você me pergunta também se a mulher deve ocupar postos de responsabilidade, eu

acho que sim, em todos os sentidos. Eu não sou aquela feminista exagerada,

radical, eu acho que mulheres e homens tem que se dar a mão tem que

compreender cada um o papel do outro. Eu acho que a mulher tem um papel

importantíssimo dentro das profissões, tanto quanto o homem, e acho que ela deve

sim ocupar todos os cargos que ela possa ocupar, que tenha competência para

tanto, não acho que falte competência para a mulher ocupar qualquer cargo, ela

pode, ela deve, ela quer e ela vai em frente sempre que ela quer.

O jornalismo feminino hoje tem uma importância muito mais do que quando a gente

iniciou. Quando eu iniciei, havia em São Paulo 30 mulheres jornalistas apenas, hoje

em dia, segundo o Sindicato dos Jornalistas elas são mais que 52%, então elas

assumiram o seu papel mesmo. Agora, havia um pouco de preconceito, não apenas

dos homens, mas da própria mulher contra o jornalismo feminino, quer dizer, elas

entravam pra página feminina e logo que tinham uma oportunidade elas saíam para

economia, pra política, pro que desse, pras chances que pudessem, porque o

jornalismo feminino era considerado de segunda classe. Era bordado, moda, tricô,

cozinha, etc. e tal. Eu mesma. Eu comecei fazendo geral. O preconceito começava

na minha casa, a minha mãe achando que o que eu fazia não era uma profissão

para uma mocinha, então quando eu fui convidada para ir à Gazeta ganhando mais,

pra fazer uma página feminina, a minha mãe achou que agora eu iria fazer uma

coisa de acordo com o meu sexo, a minha vida, etc. Pra mim não foi tão glorioso

assim, eu achava que podia fazer mais, eu não era uma dona de casa perfeita, eu

não sabia bordar, nem cozinhar, hoje eu cozinho muito bem, mas eu não sabia

cozinhar, bordar, costurar, tomar conta de casa, era uma coisa que eu não gostava,

não estava nos meus planos, e eu colocava então dentro das páginas femininas

entrevistas com cantoras, com poetizas, com escritoras, com atrizes, porque era o

que eu gostava e eu achava que eu tinha que elevar o nível das pessoas que liam

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páginas femininas, mas também colocava bordados e culinária, etc. e tal. Muito mais

tarde eu fui gostar de culinária apaixonadamente e dirigi um programa na televisão

chamada Revista Feminina que era feito pela Maria Tereza Gregori e Ofélia

Anunciato uma culinarista que todo mundo conhecia e apreciava, etc. E acabei

sendo até goswriter (9:44) dos 11 livros que a Ofélia fez.

Então, hoje em dia a coisa mudou muito. As revistas femininas hoje têm as mulheres

que fazem as revistas femininas são bem remuneradas, tem orgulho do que fazem

não se importam de falar de todos os assuntos, não apenas dos assuntos caseiros

que interessam a dona de casa, uma mulher sem uma profissão de fora de casa, a

diferença então é muito grande. Não existe mais na profissão, preconceito contra o

jornalismo dito feminino, isso eu acho que é muito bom, eu só gostaria que as

revistas femininas, existem algumas muito boas, que dessem menos importância a

beleza e a como conquistar um homem e não abandonarem os assuntos que

interessa à mulher, mas partissem para outros assuntos, porque eu considero que a

mulher hoje se interessa por vários assuntos: por política, por moda, por política

internacional, política nacional, por tudo, tudo hoje interessa a mulher moderna.

5.7 Textos do blog Raposas Blogueiras

<http://tccraposasblogueiras.wordpress.com>

Início: Quem fez o quê, como, quando, onde e por quê?

Deixem-me apresentar. Sou a autora deste blog e da monografia postada nele. Meu

nome é Patrícia Berzin Candelária, tenho 24 anos. Fiz este blog para a obtenção do

título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelas

Faculdades Integradas Rio Branco.

Meu perfil completo, bem como minha foto estão na página A Autora.

A Raposa, como poucos sabem, é o símbolo do jornalismo. Entre suas

características, é possível destacar que este esperto e astuto animal possui visão,

audição e olfato muito apurados, está sempre ligado em tudo a sua volta, além de

ser inteligente e ágil. O jornalista experiente deve possuir as mesmas características

de uma raposa, por isso o animal é uma espécie de mascote para o profissional.

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O blog Raposas Blogueiras se trata do produto do meu TCC intitulado “Jornalistas

Empreendedoras na Blogosfera”, e visa não somente comprovar a pesquisa feita,

mas também demonstrar com fatos reais, por que as mulheres jornalistas criam

blogs para seu sustento ou como elas conseguem conciliar a vida pessoal e o

regime CLT com o empreendimento por meio de blogs.

Há cerca de vinte anos, a maioria dos formandos se especializava em apenas um

tipo de veículo; atualmente o profissional precisa ser capaz de produzir material

informativo (muitas vezes simultaneamente) em texto, áudio, vídeo e fotografia.

Ferramentas capazes de explorar a tecnologia disponível a seu favor. Isso traz

novas oportunidades de negócios, e exprime as mudanças na função do jornalista.

Este trabalho foi feito durante o ano de 2013 em SP, a partir de entrevistas

realizadas com cinco jornalistas blogueiras por meio da internet (e-mail), e quatro

especialistas, por meio de filmagens, originando cinco relatos e quatro vídeos.

Apesar de o tema ser voltado às mulheres jornalistas, o blog está aberto a homens e

mulheres jornalistas que desejam saber um pouco mais acerca do assunto em

questão. Espero assim, promover um feedback com os internautas, recebendo

elogios, críticas e sugestões.

A Autora

Patrícia Berzin Candelária, 24 anos, se esforçando muito, muito mesmo, para

ganhar o título de Bacharel em Jornalismo pelas Faculdades Integradas Rio Branco.

Escolhi ser jornalista, não somente por gostar de ler e escrever, mas também por ser

uma profissão nobre, culta e que a cada dia oferece um novo horizonte.

Senti a necessidade de escrever sobre empreendedorismo na blogosfera, para

tentar tirar proveito da pesquisa para meu futuro profissional. Este foi o meio que

encontrei para compreender melhor o assunto e entrar como jornalista nesse

universo dos blogs.

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Espero após concluir mais esta etapa, conquistar um trabalho fixo no regime CLT,

continuar meus estudos, porque estudar nunca é demais, escrever livros, como

sempre sonhei, e quem sabe também blogar.

Bastidores do TCC

A ideia do tema para meu Trabalho de Conclusão de Curso surgiu a partir de uma

aula ministrada pela professora Clara Corrêa, no 6º semestre, para a disciplina de

Comunicação Empresarial. Seu objetivo era mostrar que muitos jornalistas passam a

empreender ou trabalhar como freelancer, porque o regime CLT é deficiente em

alguns aspectos. Para esta mesma disciplina, o meu grupo e eu havíamos realizado

um trabalho de assessoria de imprensa para uma personalidade jornalística muito

conhecida por seu trabalho no mundo do jornalismo de moda, mais especificamente

para o padrão Plus Size.

Percebi então a oportunidade de criar um TCC sobre mulheres jornalistas que

empreendem por meio de blogs, e a agarrei, assim como faz um empreendedor ao

ver a oportunidade de um bom negócio à sua frente. O título do trabalho surgiu

primeiro: “Jornalistas Empreendedoras na Blogosfera”, simples e de fácil

entendimento. Depois para redigir o pré-projeto, tive primeiro que fazer uma ampla

pesquisa para direcionar de maneira adequada o meu trabalho. Então só consegui

escrevê-lo após a leitura de 10 livros, que deram origem ao primeiro capítulo e aos

capítulos seguintes.

Ao longo do caminho, muitas vezes, pedi auxílio bibliográfico aos professores: Clara

Corrêa, André Rosa e Renata Carraro. Alguns livros foram emprestados das

Faculdades Integradas Rio Branco, outros da biblioteca da Faculdade Cásper

Líbero, outros ainda, como Mulher de Papel da autora Dulcília Buitoni, emprestei de

uma biblioteca pública, sendo que não tive custos com livros. Também não tive

problemas para denominar os capítulos do sumário. Escrevi o capítulo 1 A Imprensa

com Alma Feminina e o capítulo 2 que até então era intitulado Empreendedorismo à

Brasileira.

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A ordem dos capítulos foi modificada após a execução do terceiro capítulo. Notou-se

que a forma mais correta de apresentar os capítulos no sumário não era a pirâmide

invertida, ou o afunilamento, como se é chamado. A forma tida como correta foi a

aproximação dos capítulos A Imprensa com Alma Feminina e Jornalismo Feminino

Dialogando com Mulheres, já que, imprensa feminina e jornalismo feminino são

assuntos que conversam entre si e há uma linha tênue que os separa. O desafio

então foi escrever cada capítulo de forma a não confundi-los e promovendo um

seguimento para o próximo.

Durante todo o processo de pesquisa e redação do meu trabalho, senti certa

insegurança quando falava em produto, sobre o tão temido último capítulo, no qual

detalharia o blog e mostraria de forma crítica a trajetória da monografia. Mas depois

de ter tido muito trabalho em relação às pesquisas, depois de ficar horas em casa e

perder finais de semana para redigir os textos científicos da monografia, finalmente

escrever o último capítulo, é um grande alívio. Vou ainda mais longe, ver o trabalho

pronto e entregue é um orgulho.

Neste oitavo semestre, conforme escrevia os terceiro, quarto e quinto capítulos,

pesquisei também algumas das 9 fontes que serão entrevistadas para meu produto.

As encontrei no Google, através do Facebook e também por meio de indicações de

professores. Entrevistei cinco delas por e-mail, para que pudesse agilizar meu

trabalho, e através da pauta respondida por elas, farei os relatos para incluir no

blog.

Assim que terminei toda a monografia, entrei em contato com o restante dos

entrevistados, ou seja, os especialistas. Emprestei da faculdade a câmera, tripé e

microfone de lapela para então um a um entrevistar em seu respectivo ambiente de

trabalho todos eles. Os relatos outorgados a mim foram pouco mais técnicos. Após

transcrevê-los, deram origem à grande reportagem escrita que será postada no site.

Durante a primeira entrevista pedi à amiga Priscila Pires que me ajudasse com a

câmera e ela gentilmente me concedeu esse apoio físico e, portanto, moral. Um

pouco mais segura de mim, nas entrevistas seguintes fui sozinha. Levei cerca de um

final de semana para transcrever as entrevistas filmadas e escrever o texto. A edição

dos vídeos ficou por conta da jornalista Naryana Caetano, há quem muito agradeço.

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Por meio deste trabalho, eu pretendi não somente comprovar como e por que as

mulheres jornalistas empreendem por meio de blogs, mas também de um modo

mais pessoal, se trata de um meio pelo qual aprenderei a também fazê-lo, por isso o

produto será um website. Percebo que ele significa muito mais para mim, do que um

mero produto para meu trabalho. Trata-se de demonstrar o conhecimento adquirido

ao longo das pesquisas, ao longo do curso, e penso que será um bom treinamento,

para futuros projetos pessoais que surgirão no decorrer do tempo. Certamente

evoluirei muito após a apresentação na banca, pois sinto certo desconforto ao falar

em público, desconforto este que causa sintomas, como o esquecimento. Esta será

uma ótima oportunidade para ultrapassar essa barreira e para meu amadurecimento

pessoal e intelectual.

Contato

E-mail: [email protected]

Facebook: https://www.facebook.com/patricia.candelaria.79

Twitter: @PCandel

Grande Reportagem

As jornalistas e o orgulho pela imprensa que interessa a mulher moderna

A imprensa feminina surgiu no final do século XVII, Ocidente, dirigido a um público

definido, ou seja, as mulheres. No início, pelos costumes da época, a mulher era

retida no lar para cumprir com os afazeres domésticos e o homem trabalhava fora

para o sustento do lar. Como poucas mulheres eram alfabetizadas, e esse direito só

as foi outorgado por volta da metade do século, o público alvo dos jornais da época

eram os homens e parte das mulheres letradas.

Havia poucas mulheres nas redações, na década de 1930, nos locais de trabalho

predominavam apenas os homens, as mulheres estavam presentes como

telefonista, faxineira ou mesmo para servir o café. Na década de 40, os assuntos

voltados à mulher eram “água com açúcar” sobre moda, culinária, costura, etc. Na

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década de 50 havia um preconceito em torno das mulheres jornalistas, em que elas

poderiam escrever apenas sobre assuntos brandos. A presença feminina no

jornalismo aumentou apenas nas décadas de 60 e 70.

Jornalista desde 1952, Regina Helena de Paiva Ramos, foi da 4ª turma da

Faculdade de Jornalismo da Cásper Líbero. Escritora, ela se aposentou, mas

continua trabalhando. Regina considera a questão do preconceito contra a mulher

na imprensa muito complexa, porque algumas mulheres conseguiram conquistar seu

espaço na profissão e se tornaram um espelho para as jornalistas sucessoras.

“A mulher deve ocupar cargos de responsabilidade em todos os

sentidos. Eu não sou aquela feminista exagerada, radical, eu acho que

mulheres e homens têm que se dar a mão, tem que compreender cada

um o papel do outro.” Regina Helena de Paiva Ramos

O preconceito na época era não somente dos homens, mas também da própria

mulher em relação ao jornalismo feminino. “Elas entravam para a página feminina e

logo que tinha uma oportunidade elas saíam para economia, para a política, para o

que desse, para as chances que pudessem, porque o jornalismo feminino era

considerado de segunda classe. Era bordado, moda, tricô, cozinha, etc. e tal”, conta.

Ela conta que na década de 60, as brasileiras começaram a entrar para as

faculdades em grande número. Não apenas para as faculdades de jornalismo, mas

para as faculdades de direito, de engenharia, economia, arquitetura. “Foi um

movimento muito bonito, eu tenho a impressão que as mulheres não se deram conta

disso. E resultou então que elas avançaram em várias profissões, e o preconceito foi

então diminuindo, quase que acabando, não diria que acabou totalmente, mas a

situação hoje está muito melhor”, conta Regina.

Regina explica que algumas mulheres jornalistas de sua época não tinham ideia de

que sofriam discriminação, ela mesma em seu livro “Mulheres Jornalistas: a grande

invasão” (Ed. Imprensa Oficial, 2010) relata que não tinha o conhecimento de que

sofria preconceito na época, mas atualmente ela percebe e conta o que

passou. Veja o vídeo.

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Segundo Regina, muitas mulheres entraram na profissão para sustentar os filhos,

ela conta que eram mulheres desquitadas ou viúvas, que se apaixonaram pela

profissão e se tornaram pioneiras. “Eram geralmente mulheres da classe média e da

classe média alta, que buscavam alguma coisa mais que apenas ser dona de casa,

mulher, esposa, mãe e deu no que deu. Foi indo e muitas delas conseguiram

prestígio, nome e assim foi.” Ela conta também que quando iniciou havia em São

Paulo apenas 30 mulheres jornalistas, e que hoje em dia mais da metade está

assumindo seu papel de jornalista na imprensa brasileira.

“Pra mim não foi tão glorioso assim, eu achava que podia fazer mais, eu não era

uma dona de casa perfeita, eu não sabia bordar, nem cozinhar, hoje eu cozinho

muito bem, mas eu não sabia cozinhar, bordar, costurar, tomar conta de casa, era

uma coisa que eu não gostava, não estava nos meus planos, e eu colocava então

dentro das páginas femininas entrevistas com cantoras, com poetizas, com

escritoras, com atrizes, porque era o que eu gostava e eu achava que eu tinha que

elevar o nível das pessoas que liam páginas femininas, mas também colocava

bordados e culinária, etc. e tal. Muito mais tarde eu fui gostar de culinária

apaixonadamente e dirigi um programa na televisão chamada Revista Feminina que

era feito pela Maria Tereza Gregori e Ofélia Anunciato uma culinarista que todo

mundo conhecia e apreciava, etc. E acabei sendo até ghost writer dos 11 livros que

a Ofélia fez.” Regina Helena de Paiva Ramos

A imprensa feminina revela: É preciso ter para ser

A Jornalista, mestra e escritora, Dulcília Buitoni, explica como o jornalismo feminino

contribuiu para o crescimento da imprensa feminina brasileira implicando no avanço

para o público feminino: “A revista feminina havia trazido alguns avanços para as

mulheres. Hoje, eu dei uns descontos a mais, porque essa questão aí da revista

Capricho que empreendeu todo um trabalho de educação sexual, as coisas que a

tribo faz, eu não sou tão crítica no geral, mas eu continuo achando que a mulher

brasileira está mudando.” Ela conta que as revistas mais baratas, também trouxeram

para o mercado, todo o contingente que não lia, porque elas fazem o jornalismo de

serviço ao público alvo.

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Dulcília em seu livro “Imprensa Feminina” (Editora Ática, 1990) conta que a imagem

da mulher na imprensa feminina possui a seguinte representação: “é preciso ter para

ser”, esta frase em sua visão, possui as necessidades femininas que continuam a

ditar receitas sobre seu comportamento. Para ela, existe um padrão estético

estabelecido na imprensa feminina brasileira. “Eu acho que as revistas femininas,

elas conseguiram um ou outro retrato, uma ou outra imagem de verdade que não

tinha, mas a maioria das mulheres que aparecem são as tais das mulheres de papel.

A mulher de verdade, a mulher brasileira em toda sua diversidade, diversidade de

etnia, diversidade também de jornal, aparece muito pouco.” Para ela, apesar da

imprensa feminina já ter adicionado as mulheres negras e orientais nas páginas das

revistas, o grande padrão de beleza existente, é do cinema americano.

Ela conta que a imprensa feminina se submete ao mercado, porque vive num mundo

de publicidade. O sensacionalismo das celebridades está atrelado ao lucro, e por

isso as revistas investem no jornalismo/publicidade de modelos, atrizes, e mulheres

que tiveram algum tipo de escândalo na televisão, em programas de reality shows.

“Então tem algo assim vai para esse lado sensacionalismo, das celebridades, do

padrão para querer ser as celebridades, as revistas estampavam na capa, fotos de

mulheres, modelos e tudo mais.” Neste contexto, Dulcília revela também como

ocorre a mudança da imprensa feminina em jornais e revistas para a web. Veja o

vídeo.

“Quando eu comecei nas redações, as chefias eram bem masculinas, mesmo nas

revistas femininas, tinha uma ou outra diretora, mas a chefia e os diretores principais

eram homens. Apesar de que a maioria das redatoras, editoras e repórteres eram

mulheres. Com as faculdades de jornalismo, claro que o número de mulheres, até

porque nós, no Brasil nós temos mais mulheres universitárias que homens em

instituições de jornalismo. As mulheres foram penetrando bastante nas redações,

mas eu acho que ainda refletindo sobre o que acontece em toda a sociedade, a

mulher ainda não tem tanto espaço assim é meio sub-representada nesse sentido

de ter espaço.” Dulcília Buitoni

Ana explica como se fixar no ecossistema empreendedor

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Ana Fontes, 47 anos, empreendedora desde 2008, fundou a Rede Mulher

Empreendedora em 2010, e hoje é a maior rede de apoio ao empreendedorismo

feminino no Brasil, com mais de 50 mil mulheres envolvidas. Ana Fontes, uma

referência para o empreendedorismo brasileiro, conta que atualmente existem

muitas jornalistas empreendedoras, por conta dos meios digitais. “Você tem vários

sites, vários blogs, não existe uma quantidade certinha de quantos jornalistas fazem

isso, mas eu pessoalmente conheço uma infinidade deles que ou tem blog, ou tem

site, ou estão trabalhando com isso”, conta.

Segundo ela, apesar de existir muitos jornalistas de ambos os sexos

empreendendo, existem poucos especializados em empreendedorismo, já que o

“ecossistema” empreendedor tem cerca de 10 anos, e é muito recente. Para se ter

uma ideia do mercado empreendedor atual, “nós temos quase 45% dos pequenos e

micro negócios tocados por mulheres, e isso é muito relacionado à questão do

mundo corporativo, não tem um ambiente muito amigável pra mulheres,

principalmente mães de filhos pequenos. Então, empreender virou uma opção de

carreira, virou uma movimentação de vida pra essas mulheres”, explica Ana.

Pelo fato de poucas pessoas entenderem sobre o assunto, existe grandes redes de

televisão fazendo programas numa linguagem acessível a todos os telespectadores,

para aprenderem o que é ser empreendedor, o percalço por eles passados, a

necessidade de se tomar rápidas decisões, o modo como devem identificar as

oportunidades, a forma com que trabalham arduamente, sua auto-eficácia,

autonomia, etc. Explicam o modo de buscar o sonho, inovando, gerando recursos

financeiros e contribuindo para o bem-estar da sociedade.

Ana explica que no Brasil existem diversas instituições de apoio ao empreendedor,

dentre elas o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas),

originário na década de 70 no Brasil, na época, intitulado Cebrae (Centro Brasileiro

de Apoio Gerencial às Pequenas e Médias Empresas), na época uma estrutura da

administração pública. “(…) é o mais antigo, é um dos mais importantes, eles tem

vários programas de capacitação, boa parte deles é totalmente gratuito que podem

ajudar tanto os jornalistas a entender um pouco melhor o mundo dos

empreendedores, como os jornalistas que queiram empreender, como

empreendedores de qualquer área que estejam buscando empreender. Eles tem

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uma capilaridade muito grande que ajuda bastante, em qualquer lugar do país onde

você estiver, você tem sempre um posto, uma sede, ou um lugar do Sebrae que

você pode buscar apoio, além do próprio site deles também”, explica Ana.

Ana então faz uma recomendação a todas as mulheres jornalistas que desejam

empreender ou que queiram cobrir o ambiente empreendedor. Veja o vídeo.

Alice conta quais são os seis princípios do pulo do gato no empreendedorismo

Alice Salvo Sosnowsky, jornalista há 37 anos, formada pela UFMG em Belo

Horizonte, especializada em empreendedorismo, criou em 2009 o blog O Pulo do

Gato onde ela compartilha todo o aprendizado que possuiu ao montar sua agência

digital em 2006, passando por várias dificuldades. No blog, Alice fala sobre

empreendedorismo, inovação, sobre a vida de empresária. Alice conta que o blog

cresceu e criou uma comunidade em torno dele, então, ela começou a responder

perguntas e trocar experiências, recebendo assim um feedback.

Em 2001 ela fechou sua agência digital e continuou com seu blog, que se tornou um

meio de empreendedorismo. “Como? Ele virou um meio não só de divulgação, como

um meio de reflexão de ideias, então é lá que eu uso como plataforma pra conhecer

pessoas, pra discutir com as pessoas, pra arrumar inclusive trabalho. Ele não é o

meu negócio, mas ele é um meio onde eu faço negócio.” Ela revela que não é fácil

empreender por meio de blog, mas é uma tarefa muito recompensadora, porque é

possível discutir com o internauta sobre diversos assuntos.

“Não é fácil empreender por meio de blog, mas ele é muito recompensador,

porque é onde você discute ideias. (…) Então eu recomendo muito pra quem tem

um negócio, tenha um blog”. Alice Salvo Sosnowsky

Alice conta que em 2010 participou do curso na Fundação Getúlio Vargas de São

Paulo chamado “10 mil mulheres”, e montou juntamente a uma colega de curso a

Rede Mulher Empreendedora, já apresentada acima. “Nós percebemos,

conversando com essas mulheres que a mulher tem um jeito muito específico, muito

característico de empreender. Ela compartilha mais, ela planeja mais, ela é mais

cuidadosa, e pra isso ela precisa trocar muita ideia. Ela precisa entender o que as

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outras pessoas estão fazendo, então é muito importante essas redes de

compartilhamento, essa troca.” Para ela, a web é uma ferramenta muito importante

para que as mulheres consigam empreender sozinhas. A Rede Mulher

Empreendedora hoje, reúne 50 mil mulheres empreendedoras no país inteiro, com o

objetivo de prestar suporte, sem fins lucrativos.

Então, Alice mostra que há seis caminhos para todo empreendedor, seja na web ou

fora dela. Que são os princípios do Pulo do Gato. E oferece conselhos ao

empreendedor. Veja o vídeo.

Relatos

Cadê meu Blush? Um blog de moda acessível para a mulher real

As jornalistas Helô Paganelli e Déborah Klug sempre gostaram de figurinos, e

decidiram criar o blog “Cadê meu Blush?” para falar sobre moda, assunto que

interessa o público feminino. A idéia surgiu de uma matéria da faculdade, na qual os

alunos deveriam criar blogs. Helô já foi modelo e trabalhou no universo fashion e

Déborah sempre esteve antenada no mundo da moda. “Com a necessidade de

cuidar melhor das redes sociais, e-mail, comentários e as próprias postagens,

resolvemos unir os dois em um único blog”, explica Déborah. Ambas possuem o

blog, mas continuam cada uma com seu trabalho fixo.

Elas explicam que durante a execução do blog, o jornalismo contribuiu para que elas

pudessem colocar em prática o aprendizado que foi adquirido ao longo do curso na

faculdade. O fato de serem jornalistas colaborou no dia-a-dia da blogosfera, tanto na

escrita, com a boa execução da língua portuguesa, quanto na ética jornalística,

característica inerente ao profissional, já que existe a necessidade de identificar

autores, ao extrair uma citação, dar créditos aos fotógrafos, etc. “Sempre deixamos

claro de onde é”, conclui.

Com o passar do tempo, foi preciso divulgar o blog, para isso utilizaram ferramentas

como as mídias sociais, ou seja, seu blog assim como seus perfis pessoais, são

divulgados na página do Facebook, e as leitoras quando gostam de algum post, se

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encarregam de informar suas amigas e parentes. “É sempre difícil, afinal, a cada dia

surgem centenas de blogs, mas buscamos sempre um diferencial para tentarmos

nos destacar.”

Organizadas, ambas não tem dificuldades em conciliar a vida pessoal e a

profissional. Conseguem se programar para semanas tumultuadas ou não. “Não é

difícil, como trabalhamos em duas no blog, normalmente já sabemos o que vamos

postar durante a semana e deixamos as coisas pré-organizadas. Quando temos

algum evento no horário de trabalho, verificamos nossas folgas e tiramos, quando

possível, para ir aos eventos. A vida de blogueira é como qualquer vida ligada a

qualquer profissão tem compromissos e vida pessoal.”

Ambas reconhecem que o blog “Cadê Meu Blush?” cresceu muito durante os últimos

dois anos. “Nós o vemos como um blog de moda acessível e para a mulher real.

Esperamos que ele cresça cada vez mais e quem sabe um dia possamos viver só

como blogueiras!”.

Daiana Henckes e o poder de humanização do blog Lápis de Olho

Daiana Henckes, jornalista, garante que o jornalismo foi fundamental desde o

começo na criação do seu blog. Ao cursar na faculdade a disciplina de Laboratório

Digital, obteve ideias e as colocou em prática. O jornalismo a ajudou com as

diferentes formas de divulgação de seu blog, com a forma de escrever seus posts e

para ela, “como fazer posts humanizados que tragam as leitoras para perto do blog.”

Ela explica que a ideia do blog surgiu repentinamente, a partir do seu grande

interesse por essa plataforma digital fácil de ser utilizada e pelo interesse em vídeos

femininos. Daiana assistia vídeos tutoriais de makeup e fazia maquiagens nas

amigas. “Um dia na frente do computador, pensei que também poderia fazer algo

parecido, conversei com amigos publicitários e uma fotógrafa que me ajudaram, e

surgiu o Lápis de Olho”, conclui.

Suas principais dificuldades foram pesquisar seu público alvo. O que as leitoras

estão a fim de saber? Ler? Outro percalço para Daiana é conciliar o trabalho como

locutora de rádio e o trabalho como blogueira com a vida pessoal. “Conciliar os dois

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trabalhos é muitas vezes cansativo e corrido, porém muito gratificante, pois faço com

amor demais. Conciliar o blog com a vida pessoal, e mais um trabalho não é nada

fácil, muitas vezes a família, o noivo e companheiro, e também as amigas, não

entendem que você não pode sair, pois tem que gravar e editar, ou que você tem

evento no sábado e não poderá ir naquele jantar, etc. Trabalhar com o blog é

transformar seus sete dias da semana em dias possíveis de trabalhos, pois muitas

vezes é no final de semana que você tem tempo de fazer os posts, gravar, ou então

ir a eventos. Diferente de quando você trabalha apenas em uma empresa e tem

horário específico para cumprir.”

Em relação à concorrência, Daiana acredita que é possível ocorrer ajuda mútua e

crescimento coletivo, como parceiros. Ela exemplifica a questão como uma loja de

roupas do mesmo segmento, em que existe espaço para todas. Para ela, as leitoras

devem ficar livres para se identificar com diferentes blogs, cada um com seu estilo, e

permanecem fiéis àqueles que gostam mais. Quando questionada quanto ao futuro

de seu blog, ela responde: “Eu vejo que meu blog hoje está do tamanho e do modo

que eu consigo monitorar, dar conta do trabalho, penso que com meu outro emprego

se ele ficasse muito diferente talvez eu não conseguisse conciliar. Gostaria de poder

postar mais, dar mais atenção às leitoras, caprichar mais nos posts, etc. Mas no

momento não encontro maneira de ele ficar mais profissional. Espero que no futuro

ele continue em minha vida, que cada vez mais meninas se identifiquem com ele e

que ele continue trazendo tantas alegrias como já traz para minha vida.”

Daniela Anfimof e seu diário de beleza

“Sempre adorei conversar com a mulher através dos textos”, por isso Daniela

Anfimof decidiu criar o blog “Departamento de Beleza”. A idéia para criar o blog

surgiu na faculdade de jornalismo, ela sempre pensava em escrever textos

femininos, mas no começo de sua carreira foi trabalhar na assessoria de imprensa

do metrô em São Paulo. “Como tinha muita vontade de escrever para mulher, acabei

criando o blog como um diário de beleza para mim”, explica.

Ela conta que o jornalismo a ajudou durante a execução do blog, com suas

parcerias, já que acabou fazendo coberturas mais jornalísticas dos eventos. Daniela

fala que no começo de seu blog, havia como seguidores apenas as amigas e os

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familiares, mas depois com os eventos e as amizades, ela conseguiu uma

participação no quadro das blogueiras no programa Você Bonita, da Gazeta. Este foi

considerado o início da divulgação de seu blog.

Ela exprime que as dificuldades existentes na blogosfera estão pautadas em torno

das diferentes ideias de posts, já que são muitos blogs na web e,

consequentemente, muita concorrência. Porém, ela não vê a concorrência como

algo negativo, e crê que “o legal do blog é isso. Tem espaço e público pra todo

mundo!”

Atualmente Daniela trabalha como jornalista e bloga. Para ela, o blog é o

complemento, o que faltava em sua vida. “Acho que meu blog ganhou vida quando

mudei o layout. Ficou mais profissional e nos posts consigo ter um feedback bem

legal das leitoras. Para o futuro do blog espero ganhar mais leitoras. Claro. Acho que

o boom dos boots ainda vai permanecer por um bom tempo, já que vivemos na era

online.”

Fabiana Camilo mostra que moda não é algo para ser sofrido

Jornalista formada há 10 anos, Fabiana Camilo trabalhou em veículos impressos e

como modelo Plus Size. Aproveitou sua experiência nas áreas de jornalismo e moda

para criar o blog fabianacamilo.com em que ela oferece dicas de moda, beleza e

saúde para mulheres gordinhas.

Fabiana decidiu criar um blog voltado para mulheres quando engordou 30 quilos e

percebeu a falta de roupas bonitas, jovens e modernas no mercado. Ao notar que

existia uma enorme carência de informações para mulheres gordinhas, de encontrar

lojas ou uma boa consultoria de moda, viu a oportunidade e agiu para suprir essa

carência. Para Fabiana, o fato de estar gorda não a condenava a ser mal vestida.

A divulgação do blog ocorreu não somente por meio de sua fama como modelo, mas

também através das redes sociais. Ela conta que o jornalismo foi o sustentáculo

necessário para o dia-a-dia de seu blog. “Não tem como fazer uma coisa de

qualidade e fidedigno se a pessoa responsável não sabe o mínimo de ética e noções

de estrutura textual. E isso só um profissional da área é capaz de fazer com

excelência”, explicou.

Fabiana revela que a dificuldade existente na blogosfera é possuir um diferencial da

concorrência. “O fato de escreverem sobre o mesmo assunto não quer dizer que

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façam a mesma coisa são visões diferentes e experiências também diferentes. Moda

é um tema muito abrangente e tem um leque interminável de assuntos. Mesmo se

tratando de um evento em que todos os veículos de comunicação fizeram cobertura,

você irá notar que cada jornalista terá uma abordagem diferente sobre o assunto.

Então não vejo essa concorrência como algo negativo, ao contrário, acho importante

mesmo que tenha e que fique a critério do leitor querer ou não ler o que você

escreveu”, explica.

Atualmente, Fabiana Camilo trabalha sem patrão. Ela presta serviço em assessorias

de imprensa e consultorias de moda para algumas lojas de marcas Plus Size, além

de prestar consultoria de imagem para mulheres que queiram ingressar no ramo da

moda GG. “Meus rendimentos vêm dos anúncios prestados no meu blog e das

assessorias que realizo”, completa.

Para conciliar a vida pessoal ao blog, Fabiana teve que ajustar seus horários. Ela

conta que no começo foi complicado, às vezes ela se pegava trabalhando aos finais

de semana e madrugadas, porém, atualmente, com três anos de blog, ela escreve e

posta tudo apenas em horário comercial.

“Hoje o blog “Fabiana Camilo” caminha com suas próprias pernas, não preciso correr

atrás de patrocinador nem de anunciantes. Já conquistei espaço no mercado e

aquela mulher que procura um blog sério que trata a moda com respeito, mas acima

de tudo que trata a mulher obesa com dignidade, sabe que no meu blog encontrará

uma moda inclusiva e muito próxima da vida real.”

Para o futuro, Fabiana pretende atingir cada vez mais mulheres gordinhas com baixa

auto-estima e continuar provando que “a moda não é algo para ser sofrido, mas para

ser aliado da beleza do indivíduo e independente do tamanho do manequim. A moda

tem e deve ser inclusiva, se não for assim não serve para ninguém”, conclui

Fabiana.

Blog da Nala: Um trabalho feito com amor

A jornalista Natália Clementin trabalhou com notícias policiais, economia e possui

experiência com blogs há 15 anos. Ao sentir a “necessidade” de compartilhar

informações acerca do público feminino, Natália criou seu blog em 2010. “É um

assunto que sempre amei, para ler, para escrever, para compartilhar. Acho que o

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blog me ajudou muito a ser uma mulher mais cuidadosa, ajudou na busca de

informações e hoje tenho muito orgulho de ser referência”, explica.

Para Natália, o jornalismo a ajudou na organização de informações, na redação de

textos

mais claros e completos. “Fica muito mais fácil entendendo de comunicação para a

execução de um blog. No dia-a-dia consigo organizar melhor as informações que

preciso o jeito certo de divulgar o blog na internet e acabo fazendo um trabalho bem

profissional por conta disso.” Ela conta que o trabalho de divulgação é como “um

trabalho de formiguinha”, ou seja, ela divulga o link e o blog se auto-divulga.

“Quando você cria um conteúdo próprio, com boas fotos suas, bons textos e sabe

criar pautas interessantes, o blog acaba dando certo sozinho.”

Diante da concorrência, Natália pensa que se destacar é difícil, por isso faz um bom

trabalho, que para ela significa ter bons profissionais, especialistas de fotografia,

conteúdo, bons contatos, marketig e agência. “É trabalhoso quando se cria algo

profissional.” Ela conta que é amiga e colega de muitas pessoas que fazem a

mesma coisa que ela, e que fica chateada quando alguém copia um texto seu, ou

uma foto. “Eu vivo pra comunicar, então sei exatamente onde está meu texto

‘cozido’. Essa concorrência é difícil, mas acredito muito em fazer um bom trabalho

pessoal e basta para que as pessoas vejam que você é dono daquele bom conteúdo

e boa capacidade para ser melhor no que faz. Basta para a concorrência ser apenas

uma concorrência fraca”, conclui.

Atualmente, Natália é contratada como editora da globo.com e bloga nos horários de

folga, de madrugada, etc. Ela crê que os dois trabalhos completem sua vida,

tornando-a uma comunicadora cada vez melhor. “Amo o trabalho como editora

online e amo meu trabalho com os blogs. É difícil encontrar tempo, às vezes demoro

um pouco para organizar o blog, porque meu trabalho na globo.com vem sempre em

primeiro lugar, mas tem dias que durmo pouco e saio menos para poder blogar e

abastecer tudo. Precisa de dedicação e organização, nada vem por acaso no colo.”

Natália gosta do novo, e vem reciclando seu conteúdo para que ele adquira uma

“cara própria”. Para ela, não é um blog de looks do dia-a-dia, nem de imagens do

Google e textos copiados. “Quando posto eu pesquiso, eu reúno as informações, eu

faço fotos, crio minhas próprias opiniões, são sempre muito bem construídos e quero

que seja cada vez mais assim. Quero trazer a ele, para o futuro, uma cara mais pop,

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mais lazer & Cult que pretendo aplicar. Também vou começar com um canal de

vídeos complementar e aplicar textos e profissionais para discussão de

relacionamentos e comportamento. Espero que ele fique um canal cada vez mais

completo e colaborativo, capaz de incentivar positivamente e levar conteúdo para o

dia-a-dia das pessoas”, completa.

5.8 Print Screen do blog Raposas Blogueiras

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que segundo a pesquisa recente da UFSC juntamente à FENAJ, ¼ dos

jornalistas são freelancers ou pessoas jurídicas, e 4 em cada 10, trabalham no setor

privado com carteira assinada. Comprovou-se por meio das entrevistas com a

empreendedora Ana Fontes e com a jornalista Alice Sosnowsky, fundadoras da

Rede Mulher Empreendedora, que atualmente há muitas jornalistas

empreendedoras, e que seu empreendimento hoje reúne 50 mil mulheres no país

inteiro. Isso se deve por conta dos meios digitais. Não existe uma quantidade

definida de jornalistas na blogosfera, mas é possível dizer que muitos deles estão

migrando para essa área do empreendedorismo.

A mulher foi conquistando seu espaço na sociedade, no trabalho e mais

recentemente na web. Comprovou-se por meio da entrevista com Regina Helena,

que as mulheres não sabiam que sofriam discriminação, e que o preconceito em

relação às jornalistas no mercado de trabalho não era somente dos homens, mas da

própria mulher, porque assim que elas tinham oportunidade, deixavam as áreas

como moda e beleza, assuntos ditos femininos.

Conforme relatos de Dulcília Buitoni, a mudança da imprensa feminina para a web

se deu também por meio dos blogs. Ela mostra outra visão das mídias digitais, a

qual, segundo ela, permite que a mulher fique estereotipada por meio da publicidade

de sua imagem, considerada sensual, com a finalidade de vender ou garantir

clicadas e seguidores.

É possível concluir, conforme as cinco jornalistas que empreendem por meio de

blogs, que muitas delas, conseguem conciliar a vida profissional com o blog, e não

somente o vê como um complemento de sua renda, mas o faz com amor. Porém,

algumas delas consideram complicado conciliar as suas duas formas de rendimento

com a vida pessoal. Além disso, elas reproduzem no blog o aprendizado adquirido

na faculdade, promovendo um excelente trabalho.

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GADÊLHA, Pollyana de Fátima Páscoa. Do outro lado da tela: o “sujeito-

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