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0 FACULDADES OSWALDO CRUZ MBA EM PERÍCIA, AUDITORIA E GESTÃO AMBIENTAL NILSON MANOEL DE OLIVEIRA CUNHA CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS ADOTADAS NAS ÁREAS DE ENTORNO DO PARQUE DA CIDADE DO NATAL DOM NIVALDO MONTE Natal /RN 2009

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FACULDADES OSWALDO CRUZ

MBA EM PERÍCIA, AUDITORIA E GESTÃO AMBIENTAL

NILSON MANOEL DE OLIVEIRA CUNHA

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS ADOTADAS NAS ÁREAS DE ENTORNO DO PARQUE DA

CIDADE DO NATAL DOM NIVALDO MONTE

Natal /RN

2009

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NILSON MANOEL DE OLIVEIRA CUNHA

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS ADOTADAS NAS ÁREAS DE ENTORNO DO PARQUE DA CIDADE DO NATAL

DOM NIVALDO MONTE

Trabalho apresentado às Faculdades Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso MBA de Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental.

Natal / RN

2009

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NILSON MANOEL DE OLIVEIRA CUNHA

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E MEDIDAS ADOTADAS NAS ÁREAS DE ENTORNO DO PARQUE DA CIDADE DO NATAL DOM

NIVALDO MONTE

Trabalho apresentado às Faculdades Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso MBA de Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental.

Trabalho aprovado em _______/________________/__________

---------------------------------------------------------------------------------- Prof. D. Sc. Josimar Ribeiro de Almeida

Presidente da Banca Examinadora

(UFRJ/USP)

--------------------------------------------------------------------------------- Profa. D. Sc. Lais Alencar de Aguiar

Membro da Banca Examinadora

(UFRJ)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a

concretização deste trabalho, em especial a:

Deus por me dispensar forças e serenidade para continuar nesta luta cotidiana;

Ao Chefe do Departamento de Unidades de Conservação da SEMURB, Sr.

José Petronilo da Silva Júnior e a Promotora de Justiça de Defesa do Meio

Ambiente de Natal, Dr.ª Gilka da Mata Dias, que se predispuseram a responder

as perguntas enviadas em questionário, contribuindo em muito para auxiliar na

construção deste documento;

Aos colegas do IBAMA/RN, Antônio Felipe Neto, Ivan Medeiros de Araújo e

Joaquim Moreira da Silva, pelo empréstimo de equipamento e apoio nas

atividades de campo;

Aos colegas do Programa Nacional de Florestas, Newton Barcelos e

Auxiliadora Gariglio pela elaboração do Abstract;

As professoras Erenice Alencar e Zilma Alencar da Câmara de Orientação

Pedagógica, pelas informações e apoio na revisão deste Trabalho de Conclusão

de Curso;

Hermantina Cunha e Claudina Ribeiro, minhas avós, e João Basílio de

Oliveira, meu sogro, "In memorium", pelo amor e respeito que eu tinha por

eles;

Nilson de Souza Cunha e Maria Francisca de Oliveira Cunha, meus pais, que

contribuíram para que eu pudesse me tornar um cidadão de bem;

Rita, Nilson Henrique e Natalia, minha esposa e meus filhos, pela

compreensão, carinho e apoio nos bons e maus momentos de nossas vidas.

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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso se propôs a caracterizar e analisar os impactos e agressões ambientais, bem como os estudos e ações desenvolvidas e programadas na área do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte e no seu entorno, que se mostram em uma Zona de Proteção Ambiental (ZPA 1) definida no Plano Diretor da Cidade de Natal. Este trabalho tomou como referencial teórico estudos e levantamentos técnicos inerentes a situação ambiental da ZPA 1 e do Parque da Cidade, que se situam em ambiente de dunas que se mostram fundamentais para o abastecimento d’água proveniente do aqüífero freático para a população de Natal. Para complementar e aprofundar as informações pesquisadas, realizou-se vistorias “in loco” e foram feitas entrevistas com representantes da SEMURB e da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual. Verificou-se que a partir de Ação Civil Pública interposta pela Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, houve a realização de ações efetivas como a elaboração de Diagnóstico Ambiental e proposição de Plano de Manejo para a ZPA 1 e a criação de uma Unidade de Conservação na categoria de Proteção Integral, no caso o Parque da Cidade. Entretanto, verificaram-se diferentes problemas e impactos ambientais, principalmente na área situada no entorno do Parque da Cidade (Subzona de Conservação 1 da ZPA 1), através de deposição de lixo e metralha de construção civil, degradação de vegetação das dunas, ocupação irregular de flancos dunares por população de baixa renda, poluição do lençol freático causado por falta de sistema adequado de coleta, transporte e tratamento de esgotos, etc. Entre as diferentes sugestões constantes neste trabalho, destaca-se a necessidade de que a Prefeitura de Natal faça a retomada da implementação do Plano de Manejo da ZPA 1, além de tentar expandir o máximo possível a área do Parque da Cidade, utilizando para isto o instrumento urbanístico da “Transferência de Potencial Construtivo”.

Palavras-chave: Unidade de Conservação, Impactos Ambientais, Gestão Ambiental

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ABSTRACT

The objective of this end-of-course essay is to describe and to analyze the environmental impacts, as well as studies and actions undertaken and planned in the Municipal Park Dom Nivaldo Monte located on an Environmental Protection Zone of Natal. The study has as its theoretical reference technical surveys related to the EPZ and the Municipal Park, both situated in a dune complex which is vital to the city water supply. Information was gathered by visiting the area and interviewing employees from the Natal Environment Secretary and the Environment Enforcement Promontory of the State Public Ministry. As a result of a Public Civil Action charged by the referred promontory several effective actions were taken, such as the elaboration of a management plan for the Environmental Protection Zone as well as the creation of the municipal park itself. However, its was observed that several problems are still occurring in the area around the park such as domestic litter, debris, deforestation, and also underwater contamination due to an inadequate sewage system. As a suggestion to the city environment authorities the author emphasizes the urgent need to effectively implement the management plan of the Environmental Protection Zone, besides trying to expand the municipal park area, by using the “Potential Constructive Transference” urban instrument.

Key words: Conservation Unit; environment impact; environment management

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LISTA DE SIGLAS CAERN Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte

CONPLAN Conselho de Planejamento de Natal

DATANORTE Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte

FUNCARTE Fundação Capitania das Artes

FUNPEC Fundação Norte-rio-grandense de Pesquisa e Cultura

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBAMA/RN Superintendência Estadual do IBAMA no Rio Grande do Norte

IDEMA Instituto de Defesa de Meio Ambiente do Rio Grande do Norte

MPE Ministério Público Estadual

ONG Organização Não Governamental

RAA Relatório de Avaliação Ambiental

SEMURB Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal

SERHID Secretaria Estadual de Recursos Hídricos

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SZ1-A Subzona de Conservação 1-A

SZ2 Subzona de Uso Restrito

SZUC Subzona de Uso Conflitante

SZUE Subzona de Uso Extensivo

UC Unidade de Conservação

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ZP Zona Primitiva

ZPA Zona de Proteção Ambiental

ZUC Zona de Uso Conflitante

ZUE Zona de Uso Extensivo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO ......................................................... 11

2.1 – O PLANO DIRETOR DE NATAL E AS ZONAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ................................................................................................ 11

2.2 – A ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 1 .................................................... 14 2.3 - O PLANO DE MANEJO DA ZPA 1 ................................................................ 17

2.3.1 - Contextualização Sócio-ambiental ................................................... 17 2.3.2 - Diagnóstico e caracterização da ZPA 1 ........................................... 19 2.3.3 - Planejamento e proposta de zoneamento da ZPA 1 ....................... 25 2.3.4 - Os programas de Manejo e Desenvolvimento do Plano de Manejo

da ZPA 1 ........................................................................................... 32 2.4 - O PARQUE DA CIDADE DO NATAL DOM NIVALDO MONTE ............... 37

2.4.1 – Antecedentes ..................................................................................... 38 2.4.2 – Síntese do Relatório de Avaliação Ambiental ................................ 39 2.4.3 – Realização de vistoria prévia na área ............................................. 43 2.4.4 – A efetiva criação do Parque da Cidade .......................................... 48 2.4.5 – A inauguração do Parque da Cidade e a sua ampliação ............... 53

3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 55

3.1 – PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 55 3.2 – REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS ............................................................... 57 3.3 – REALIZAÇÃO DE VISTORIAS “IN LOCO” ................................................ 61

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 63

4.1 – RESULTADOS ................................................................................................. 63 4.1.1 – Vistorias “in loco” ............................................................................. 63

4.1.1.1 Vistoria realizada em 6 de Dezembro de 2.008 ...................... 63 4.1.1.2 Vistoria realizada em 22 de Dezembro de 2008 ..................... 75

4.1.2 – Entrevistas realizadas ...................................................................... 86 4.1.2.1 Entrevista com o Geógrafo José Petronilo da Silva Júnior ..... 87 4.1.2.2 Entrevista com a Promotora de Justiça Gilka da Mata Dias ... 92

4.2 – DISCUSSÃO ..................................................................................................... 96 5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................. 105

5.1 – CONCLUSÕES ............................................................................................... 105 5.2 – SUGESTÕES .................................................................................................. 108

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 112 ANEXOS ............................................................................................................................. 113

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1. INTRODUÇÃO

O Plano Diretor de Natal definiu como Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs)

as áreas que devido as suas características físicas restringe o seu uso e ocupação, com estas

zonas visando a proteção, manutenção e recuperação de aspectos ambientais, ecológicos,

paisagísticos, históricos, arqueológicos, turísticos, culturais, arquitetônicos e científicos.

Entre as 10 ZPAs definidas no Plano Diretor, a ZPA 1 se mostra situada nos

bairros Pitimbú, Candelária e Cidade Nova, correspondendo a uma área de ecossistema de

dunas bastante frágeis, os quais detêm uma importância singular para a cidade de Natal.

Esta importância se dá principalmente por esta ZPA se mostrar funcionando

comprovadamente como área de recarga de aqüífero, aproveitado no abastecimento urbano,

além de propiciar efeitos positivos associados à conservação da biodiversidade, importância

paisagística, amenização climática, entre outros.

Com um acelerado crescimento da cidade de Natal, se mostrava cada vez mais

necessária a proteção dos seus remanescentes dunares, sendo que no ano de 2006 através de

decreto, foi criada uma Unidade de Conservação da categoria de Proteção Integral, segundo o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), no interior da ZPA 1. Esta Unidade

de Conservação se mostra como o Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte, que

inicialmente contava com uma área de 64 hectares, tendo a sua extensão duplicada em 2008.

Pautado com o objetivo de compatibilizar o uso e garantir a conservação da

paisagem do ecossistema dunar do Parque da Cidade, se buscou reforçar a necessidade de que

esta Unidade de Conservação viesse a integrar atividades que redundassem em um pólo de

atração turístico-cultural, através de práticas de eco-turismo e lazer ativo e contemplativo.

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Entretanto por se constituir como um ambiente composto por solos bastante

arenosos, as dunas são áreas muito susceptíveis a contaminação do aqüífero por resíduos

provenientes de sistemas inadequados de coleta, transporte e tratamento de esgotos.

No caso da ZPA 1, que se constitui como um dos principais pontos de

abastecimento d’água de boa qualidade para a população de Natal advindo do lençol freático,

esta situação se mostra cada vez mais agravante, pois o sistema fossa/sumidouro amplamente

utilizado em toda área no entorno da ZPA 1, se mostra altamente poluidor do aqüífero.

Além deste problema ambiental, diferentes outras agressões se mostram na

área da ZPA 1 e entorno do Parque da Cidade, como grande deposição de metralha de

construção civil e lixo, esgotos correndo a céu aberto em vários pontos, flancos dunares com

ocupação irregular, destruição da vegetação fixadora de dunas, queimadas, etc.

Preocupada com esta situação, a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do

Ministério Público do Rio Grande do Norte interpôs Ação Civil Pública contra o Município

de Natal em 2006, com a solicitação de diferentes pedidos para buscar providências judiciais

para garantir uma efetiva proteção da Zona de Proteção Ambiental 1.

Desta forma, o presente Trabalho de Conclusão de Curso objetiva efetuar uma

caracterização e uma análise sobre os impactos ambientais e as medidas que foram adotadas

para tentar minimizar esta situação, principalmente nas áreas situadas no entorno do Parque

da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte, com destaque para a Subzona de Conservação

1(SZ1-A) da ZPA 1.

Com a realização de um levantamento bibliográfico inerente a caracterização

da ZPA 1 (Diagnóstico Ambiental e a proposta de Plano de Manejo), bem como avaliando os

estudos ambientais que fundamentaram a criação do Parque da Cidade, foi também realizado

vistorias “in loco” na área do Parque e no seu entorno e entrevistas com representantes da

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direção da Unidade de Conservação e do Ministério Público Estadual, buscando

complementar as informações.

Com base nestes levantamentos e atividades de campo, contou-se com uma

base sólida de informações e dados para que fosse possível fazer uma avaliação e tirar

conclusões, de quais atividades e estratégias foram adotadas e quais as que se mostram

pendentes, para efetivamente fazer a proteção do meio ambiente, evitando ou minimizando

danos e impactos ambientais na ZPA 1 e na área do Parque da Cidade.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO

2.1.O PLANO DIRETOR DE NATAL E AS ZONAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Na atualização do Plano Diretor do Município de Natal instituída pela Lei

Complementar N.º 082 de 21 de Junho de 2007, dentro do que já se encontrava previsto no

Plano Diretor anterior (Lei Complementar N.º 07/94), são abordados diferentes aspectos

jurídicos em relação ao remanejamento de áreas públicas e privadas e procedimentos técnicos,

adotados na elaboração de parâmetros urbanísticos, com o objetivo de regulamentar o uso e

ocupação do solo da cidade.

Em seu Artigo 17, o Plano Diretor de Natal define as Zonas de Proteção

Ambiental (ZPAs) como áreas nas quais as características do meio físico restringem o seu uso

e ocupação. Estas ZPAs visam a proteção, manutenção e recuperação de aspectos ambientais,

ecológicos, paisagísticos, históricos, arqueológicos, turísticos, culturais, arquitetônicos e

científicos.

Conforme consta no documento “Zoneamento Ambiental de Natal” (SEMURB

– 2004), as ZPAs definidas no Plano Diretor de Natal se mostram assim caracterizadas:

ZPA 1 - Campo dunar dos bairros de Pitimbú, Candelária e Cidade Nova,

regulamentada pela Lei Municipal N° 4.664, de 31 de julho de 1995;

ZPA 2 - Parque Estadual das Dunas de Natal e área contígua ao parque,

regulamentada pela Lei Estadual N.º 7.237, de 22 de novembro de 1977;

ZPA 3 - Área entre o Rio Pitimbú e a Avenida dos Caiapós (Conjunto Cidade

Satélite), regulamentada pela Lei Municipal N° 5.273, de 20 de junho de

2001;

ZPA 4 - Campo dunar dos bairros Guarapes e Planalto, regulamentada pela Lei

Municipal N° 4.912, de 19 de dezembro de 1997;

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ZPA 5 - Ecossistema de dunas fixas e lagoas do bairro de Ponta Negra (região de

Lagoinha), regulamentada pela Lei Municipal N° 5.665, de 21 de junho de

2004;

ZPA 6 - Morro do Careca e dunas fixas contínuas;

ZPA 7 - Forte dos Reis Magos e seu entorno;

ZPA 8 - Ecossistema manguezal e Estuário dos rios Potengi/Jundiaí;

ZPA 9 - Ecossistema de lagoas e dunas ao longo do Rio Doce;

ZPA 10 - Farol de Mãe Luíza e seu entorno (encostas dunares adjacentes à Via

Costeira, entre o Farol de Mãe Luiza e a Avenida João XXIII).

Zonas de Proteção Ambiental

Figura 1: Delimitação das ZPAs do Município de Natal Fonte: Zoneamento Ambiental de Natal (SEMURB – 2004)

Conforme previsto no Artigo 19 do Plano Diretor, as ZPAs podem ser

subdivididas, para efeito de sua utilização, em três subzonas, que seriam:

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I - Subzona de Preservação, que compreende:

a) as dunas, a vegetação fixadora de dunas, a vegetação de mangue, os

recifes e as falésias, nos termos do art. 3º do Código Florestal (Lei Federal

N.º 4.771/65);

b) as nascentes, ainda que intermitentes, qualquer que seja sua situação

topográfica num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros;

c) a vegetação presente nas margens dos rios e corpos d’água, numa faixa de

30 (trinta) metros, a partir do nível da maior cheia (leito maior);

d) a cobertura vegetal que contribua para a estabilidade das encostas sujeitas

à erosão e deslizamentos, e demais áreas nos termos do artigo 3º do Código

Florestal;

e) as áreas que abriguem exemplares raros, ameaçados de extinção ou

insuficientemente conhecidos, da Flora e da Fauna, bem como aquelas que

sirvam como local de pouso, abrigo ou reprodução de espécies;

f) as áreas definidas em regulamentações especificas das ZPA’s.

II - Subzona de Conservação, que compreende:

a) a Zona Especial de Preservação Histórica, definida pela Lei Municipal

N.º 3.942 de 17 de julho de 1990;

b) as Zonas Especiais de Interesse Turístico (ZET’s), instituídas por

legislação específica, incluindo a ZET 4 – Redinha;

c) as áreas de controle de gabarito definidas nesta Lei, e;

d) as áreas definidas em regulamentações especificas das ZPA’s.

III - Subzona de Uso Restrito, que compreende:

a) as áreas que se encontram em processo de ocupação, para a qual o

Município estabelecerá prescrições urbanísticas, no sentido de orientar e

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minimizar as alterações no meio ambiente em consonância com o princípio

do uso sustentável;

b) as áreas definidas em regulamentações específicas das ZPA’s.

Em parágrafos deste mesmo Artigo 19 do Plano Diretor de Natal, também é

observado que:

• as diretrizes de uso e ocupação das ZPAs e suas respectivas subzonas serão

definidas em regulamentação própria;

• será aplicado aos terrenos situados em Zonas de Proteção Ambiental o

mecanismo de transferência de potencial construtivo, e;

• não será permitida construções em áreas situadas nas ZPAs, enquanto não

houver a sua devida regulamentação.

2.2. A ZONA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 1

A Zona de Proteção Ambiental 1 (ZPA 1) foi regulamentada pela Lei

Complementar N.º 4.664 de 31 de julho de 1995, dispondo sobre o uso do solo, limites e

prescrições urbanísticas nesta ZPA.

Em termos de caracterização, a ZPA 1 mostra-se como uma área de

ecossistema de dunas ambientalmente bastante frágeis situado nos bairros Pitimbú, Candelária

e Cidade Nova, os quais detêm uma importância singular para a cidade de Natal.

Esta importância se dá principalmente por esta região se mostrar

desempenhando uma função ecológica fundamental para a sustentabilidade do meio urbano,

funcionando comprovadamente como área de recarga de aqüífero, aproveitado no

abastecimento urbano, além de propiciar efeitos associados à amenização climática,

conservação da biodiversidade, purificação do ar, etc.

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Figura 2: Localização da Zona de Proteção Ambiental 1 Fonte: Zoneamento Ambiental de Natal (SEMURB - 2004)

Anexo I da Lei Complementar N.º 4.664/95

A Lei N.º 4.664/95, divide a ZPA 1 em duas subzonas: a Subzona de

Conservação (SZ1) e a Subzona de Uso Restrito (SZ2).

A SZ1 caracteriza-se como as áreas de grande potencialidade de recursos

naturais e que apresentam condições de grande fragilidade ambiental, compreendendo as

seguintes subzonas:

I – Subzona de Conservação 1-A (SZ1-A): Campo dunar com cobertura

vegetal nativa fixadora, correspondendo à área definida pelo perímetro

formado pelas Avenidas Prudente de Morais, dos Xavantes, Abreu e Lima,

Central, Ruas São Geraldo, São Bernardo, Bela Vista, Avenida Leste, Ruas

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São Miguel, São Germano, Avenida Norte, seguindo pela fralda da duna

até a interseção com o prolongamento da Rua dos Potiguares, Rua

Francisco Martins de Assis, Rua Projetada do Loteamento 51, até a

Avenida da Integração;

II – Subzona de Conservação 1-B (SZ1-B): Corredores interdunares com

presença de lagoas intermitentes, correspondente à área definida pelo

perímetro formado pelas Avenidas Prudente de Morais, Antóine de Saint-

Exupéry, Projetada 05 do Loteamento San Vale e Xavantes.

A SZ2 mostra-se como as áreas que se encontram em processo de ocupação,

para a qual o Município estabelece prescrições urbanísticas, no sentido de orientar e

minimizar as alterações no meio ambiente.

Figura 3: Subdivisão da Zona de Proteção Ambiental 1 Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

Consta na Lei Complementar N.º 4.664/95 a proibição da instalação de

quaisquer empreendimentos que resultem na formação de resíduos líquidos poluidores ou de

quaisquer outros que venham a provocar degradação ambiental na área, sendo esta uma

medida preventiva de proteção do aqüífero subterrâneo.

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No artigo 11 desta lei municipal que regulamentou a ZPA 1, é observado que

na SZ2 o uso do solo contará com um gabarito máximo pré-determinado; densidade

demográfica; taxa de permeabilidade e demais prescrições urbanísticas, conforme se pode

observar em quadro anexo a esta legislação.

Quadro 1: Quadro de Prescrições Urbanísticas – SZ2 da ZPA 1 ZONA: ZPA - SUBZONA DE USO RESTRITO - SZ2

DENSIDADE: 75hab/ha LOTE EDIFICAÇÃO

ÁREA MÍNIMA

(m2)

FRENTE MÍNIMA

(m)

ÍNDICES URBANÍSTICOS RECUOS MÍNIMOS

ÁREA (m2)

FRENTE (m)

COEF. APROV.

OCUPAÇÃO PERMEBEALIZAÇÃO FRONTAL LATERAL FUNDOS

800,00 20,00 0.80 40% 40% 5,00 1,50 3,00 Fonte: Anexo III da Lei Complementar N.º 4.664/95

2.3. O PLANO DE MANEJO DA ZPA 1

Através de contrato formalizado em 2006 via Fundação Norte-rio-grandense de

Pesquisa e Cultura (FUNPEC), entre o Departamento de Geografia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de

Natal (SEMURB), foi acordada a realização de um Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 e áreas

do entorno, visando a geração de subsídios para a proposição de um Plano de Manejo para

esta Zona de Proteção Ambiental.

Neste diagnóstico buscou-se gerar dados para a realização de um zoneamento

ambiental, homogeneizando feições ou setores da paisagem sobre os quais seriam

implementadas intervenções, que conduziriam a delimitação para uso e ocupação do solo,

bem como orientações para o seu manejo sustentável.

2.3.1 - Contextualização Sócio-ambiental

No Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN – 2007), observa-se

que Natal se mostra como um município totalmente urbano a partir de 1984, com um processo

de expansão e adensamento urbano bastante acelerado.

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Um exemplo desta situação segundo TINOCO e BENTES (2005), se mostra o

Loteamento Sanvale, localizado entre dois importantes eixos de estruturação urbana da cidade

(a BR-101 e a Av. Prudente de Moraes), que foi objeto de parcelamento em 1983, de uma

área total de 346,87ha. Após a sua aprovação este loteamento teve a sua comercialização

iniciada antes mesmo de encontrar-se integralmente implantado, sendo ocupado

primeiramente nas proximidades da BR-101 em virtude das características físicas e

topográficas da área e pela facilidade de acesso. Ao mesmo tempo em que eram

comercializados os lotes, eram abertas novas ruas gerando, em algumas áreas de cordões

dunares, conflitos com os órgãos ambientais, a despeito da autorização para a implantação do

loteamento dada pela Prefeitura de Natal.

Com a delimitação da ZPA 1 através da Lei Complementar N.º 4.664 de 31 de

julho de 1995, observou-se que esta ocupou parte do Loteamento Sanvale, sendo que com a

implantação do prolongamento da Av. Prudente de Moraes, esta ZPA foi subdividida em

Subzonas de Conservação (SZ1-A e SZ1-B) e de Uso Restrito (SZ2).

No que tange a SZ1-A, esta se mostra com área aproximada de 245 hectares,

abrangendo parte do Loteamento Sanvale (169,02 hectares) e outros 3 loteamentos cuja

implantação data da década de 80 (área aproximada de 75 hectares), que hoje se mostram

representados por uma única empresa incorporadora.

No caso específico do Loteamento Sanvale, no ano de 2005 as negociações

com a Prefeitura evoluíram para que, no processo de regularização da empresa junto ao fisco

municipal, fosse considerada a possibilidade de destinar parte da área da SZ1-A ao município,

devendo a referida porção de terras, na sua regulamentação, receber o uso de parque público,

pactuado através da assinatura de um protocolo de intenções.

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2.3.2 Diagnóstico e caracterização da ZPA 1

O Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 efetuado pela FUNPEC/UFRN, mostrou-

se subdividido em Meio Físico; Biológico, Antrópico e Uso do Solo.

No estudo do Meio Físico, foram observados:

• Fatores Climáticos: Neste estudo efetuou-se uma análise do ciclo de

médias mensais da temperatura do ar e da precipitação, com as

temperaturas mais amenas ocorrendo entre os meses de julho a agosto

(médias em torno de 24,5ºC), e as mais elevadas entre os meses de

dezembro a março (médias em torno dos 27ºC). Aproximadamente 72% da

precipitação anual ocorre durante o período de março a julho (acima de 180

mm mensais), ao passo que o período mais seco do ano ocorre de outubro a

dezembro, cujas precipitações são inferiores a 30 mm.

• Geomorfologia: Na área da ZPA 1 foram encontradas duas feições de

relevo, uma com terrenos com suaves ondulações, representado pelo

tabuleiro costeiro, constituído pela Formação Barreiras, e outra com relevo

na forma de colinas elevadas, que correspondem aos campos dunares (fixos

e móveis), sendo também observados corredores interdunares e lagoas

temporárias ou intermitentes.

• Geologia: A área da ZPA 1 é caracterizada por depósitos eólicos de dunas

antigas, com a unidade aflorante mais antiga nesta área consistindo-se de

sedimentos areno-argilosos, pertencentes à Formação Barreiras de idade

terciária/quaternária.

• Solos: Na área da ZPA 1 ocorre apenas um tipo de solo, classificado como

“neossolo quartzarênico distrófico marinho”, com este solo arenoso

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mostrando-se sujeito a erosão eólica apenas nas áreas onde não há

cobertura vegetal, com um baixo teor de umidade.

• Hidrogeologia: A ZPA 1 mostra-se como uma das principais áreas de

recarga do “Aqüífero Barreiras”, promovendo escoamento subterrâneo que

irá garante a renovação das reservas subterrâneas. As águas subterrâneas do

“Barreiras” na ZPA 1 são literalmente “doces” em sua condição natural,

sendo que as indicações quanto à presença de contaminantes de forma

geral, refletem uma situação ainda muito confortável quanto ao Nitrato,

embora já seja detectado em alguns pontos específicos níveis de NH4 e

Nitrato próximos ao limite máximo permitido.

Os pontos mais vulneráveis do aqüífero na ZPA 1 se mostram em áreas

onde há maior adensamento da infra-estrutura urbana, que seriam o setor

Leste (entre a Prudente de Morais e a BR 101); o extremo Noroeste

(abrangendo parte do bairro de Cidade Nova); e setor Sul (abrangendo

parte do bairro Pitimbú), o que aumenta as preocupações em relação aos

riscos de contaminação das águas subterrâneas nestes locais.

No estudo do Meio Biológico, foram observados:

• Vegetação: Ocupando 52% da ZPA 1, a vegetação nativa compreende as

seguintes tipologias: Floresta estacional semi-decidual, Restinga arbustiva

densa e esparsa e Savana arborizada.

A Floresta estacional semi-decidual é composta por cerca de duas

centenas de espécies, com muitas amplamente distribuídas pelas matas e

savanas brasileiras, sendo que algumas se mostram exclusivas do bioma

Mata Atlântica. As manchas de floresta detectadas encontram-se em bom

estado de conservação e devem ser preservadas, não apenas porque a

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legislação determina, mas pelos serviços ambientais que proporciona para

toda a Sociedade.

A Restinga arbustiva ocupa 48% da área da ZPA 1, sendo subdividida

em densa (cobre de 80 a 90% do solo com arbustos e arvoretas) e esparsa

(predominância de espécies herbáceas, com 10 a 20% do solo coberto com

plantas lenhosas de altura nunca superior a 2 metros, ocorrendo isoladas ou

formando pequenas moitas).

A Savana Arborizada corresponde fisionomicamente ao campo-cerrado,

e que é conhecida regionalmente como vegetação de tabuleiro costeiro.

Compreende ocupando uma pequena área na porção centro-ocidental da

ZPA 1, com fisionomia predominante de arbustos esparsos com até 2

metros de altura, sobre um tapete predominante de gramíneas.

Figura 4: Mapa de Cobertura Vegetal da ZPA-1. Fonte: Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

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• Fauna: Este levantamento indicou a presença possível de 18 espécies de

mamíferos; 65 espécies de aves; 14 espécies de répteis; 2 de anfíbios e

mais de 50 táxons de invertebrados terrestres.

Deve-se destacar a presença na ZPA 1 da ave chorozinho-de-papo-preto

(Herpsilochmus pectoralis), que se mostra endêmica do ecossistema de

Mata Atlântica e é considerada ameaçada de extinção. Verificou-se

também a presença do lagartinho-do-folhiço (Coleodactylus natalensis),

espécie que anteriormente era considerada endêmica do Parque Estadual

Dunas de Natal.

No estudo do Meio Antrópico na ZPA 1 e seu entorno, foi feita uma

subdivisão em três segmentos de estudo, a saber: Cidade Nova/Nova Cidade, Pitimbú e San

Vale.

O segmento Cidade Nova/Nova Cidade é composto por uma população que se

origina, em sua maioria, de outros bairros de Natal, mas também conta com pessoas

provenientes do interior do Rio Grande do Norte e de outros estados. Este segmento conta

com baixa escolaridade; alto percentual de desemprego; baixos salários; não dispõe de infra-

estrutura básica (o que se reflete nas condições sanitárias e de saúde); não têm clareza sobre

as questões ambientais; e manifestam desconhecimento sobre a existência da ZPA 1.

Os segmentos Pitimbú e San Vale não apresentam diferença significativa no

que concerne a origem da população em relação a Cidade Nova/Nova Cidade, sendo que no

entanto, no tocante à escolaridade a diferença é evidente, com a maioria da população

residente no Pitimbú e San Vale contando com o ensino médio completo, além de alto índice

de escolaridade de nível superior, com destaque para o segmento San Vale. No item emprego,

a disparidade comparando com Cidade Nova/Nova Cidade se mostra grande, pois 60% dos

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entrevistados em San Vale/Pitimbú, afirmaram estarem empregados, enquanto este percentual

em Nova Cidade/Cidade Nova foi de somente 37%.

Entretanto a deficiência de infra-estrutura também é uma realidade nos

segmentos Pitimbú e San Vale, principalmente neste último, pois algumas ruas não são

calçadas, não existe rede de esgoto e a coleta dos resíduos é precária, o que tem por

conseqüência vários pontos de disposição de lixo. No que concerne a preservação de toda a

área da ZPA 1 e a criação do Parque da Cidade, no segmento San Vale a população é

claramente favorável.

No que concerne ao Uso do Solo, a área de estudo foi dividida em: Áreas

construídas, Logradouros, Vegetação natural (de dunas e de tabuleiro), Dunas sem vegetação,

Vazios urbanos, Área institucional, Postos de gasolina, Horto Florestal, Área de lazer e

Habitação subnormal.

Figura 5: Mapa do Uso e Ocupação do Solo. Fonte: Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

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As áreas construídas correspondem aos locais de uso artificial intensivo, onde

predominam as superfícies estruturadas principalmente por edificações, que correspondem a

áreas com ocupação predominantemente habitacional e os logradouros que correspondem ao

traçado das vias urbanas.

A vegetação natural compreende formações vegetais originais (primárias) e

formações secundárias arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo-lenhosas, em diversos estágios

sucessionais de desenvolvimento. Estas formações se mostram distribuídos principalmente

nos ambientes de dunas e no tabuleiro costeiro em menor expressão.

As dunas sem vegetação correspondem as feições dunares móveis, que não

são tão significativas na área em termos de extensão.

Os vazios urbanos ocorrem em associação com as áreas construídas, e

correspondem a espaços vazios que fazem parte dos lotes existentes e já ocupados por

edificações.

As águas incluem na área de estudo apenas os corpos d’água naturalmente

fechados, como as lagoas intermitentes de água doce.

A área institucional corresponde a Unidade de Conservação Parque da Cidade

do Natal Dom Nivaldo Monte, que se mostra como um equipamento público sobre campo de

dunas, destinado ao lazer, proteção e educação ambiental.

Postos de gasolina presentes na área fazem parte da área construída, entretanto

devido ao fato de constituir-se como uma atividade com grande potencial poluidor, estes

foram separados no mapeamento de Uso e Ocupação do Solo como uma categoria específica.

Habitação subnormal corresponde a uma pequena porção da área da ZPA 1,

com início de processo de ocupação por barracos.

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O quadro seguinte constante do Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 detalha as

áreas ocupadas, conforme as categorias de uso e ocupação do solo presentes nesta Zona de

Proteção Ambiental.

Quadro 2: Quadro com categorias de uso e ocupação de terras presentes na ZPA 1

Fonte: Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

2.3.3 Planejamento e proposta de zoneamento da ZPA 1

Segundo o zoneamento ambiental proposto no Plano de Manejo da ZPA 1

(FUNPEC/UFRN, 2007), esta se mostra subdividida em Zonas e Subzonas, tendo como base

para esta divisão:

• As condições de conservação dos seus atributos naturais;

• As funções ecossistêmicas e serviços ambientais identificados em cada

unidade de paisagem selecionada;

• Os potenciais de uso sustentável dos recursos, e;

• A minimização dos conflitos relacionados aos potenciais de preservação,

conservação e uso.

Desta forma, os parâmetros de controle do uso do solo propiciarão subsídios

para a definição das metas ambientais e estratégias de manejo, compatibilizando-as com a

constituição natural das áreas e a sua fragilidade e potencialidade ambiental.

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Também se considerou no estudo da FUNPEC/UFRN, o favorecimento da

integração da ZPA 1 com o seu entorno, distinguindo-se áreas com potenciais de conservação

ambiental que devem ser gerenciadas. Estas áreas identificadas visam o estabelecimento de

corredores ecológicos, interligando a ZPA 1 com outras Zonas de Proteção Ambiental

previstas pelo Plano Diretor de Natal.

No que concerne a discriminação, delimitação das zonas e subzonas e

orientação para o Manejo na ZPA 1, foi efetuada a seguinte subdivisão:

• Zona Primitiva (ZP): Zona que se verifica a menor incidência de

intervenções humanas que não comprometem, de forma significativa e

irreversível, os atributos e dinâmicas naturais. Esta zona contém um

número significativo de espécies da Fora e da Fauna, e desempenham

funções de grande valor ecológico e científico.

A Zona Primitiva compreende a maior porção da SZ1 da ZPA 1,

envolvendo feições que correspondem ao campo dunar que não foi

desfigurado pela urbanização, e que conta predominantemente com

vegetação nativa em bom estado de conservação.

• Zona de Uso Extensivo (ZUE): Zona situada no interior da Zona

Primitiva, sendo selecionada por apresentar maior incidência de

intervenções humanas que comprometem, em parte, os atributos e

dinâmicas naturais. Esta Zona se mostra estruturada para oferecer acesso

para visitação pública com fins educativos, contemplativos e recreativos.

Para efeito de manejo, a Zona de Uso Extensivo se subdivide em 4

Subzonas (SZUE):

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SZUE 1 – Trilha Interpretativa do Parque da Cidade - Formada

pelo calçadão, ciclovia, mirantes e áreas de descanso e sanitários de

uso controlado.

SZUE 2 - Canteiro de Reprodução de Mudas – Aproveitamento de

depressão decorrente de escavação antiga para retirada de material

de empréstimo, para a reprodução futura de mudas de espécies

nativas e atividades de recuperação e interpretação ambiental.

SZUE 3 – Mirante Natural da Duna - Formação dunar desnuda com

acesso por trilha natural, localizada nos limites com o bairro

Pitimbú, com utilização para atividades de educação ambiental e

visitação turística controlada.

SZUE 4 – Campo de Futebol da Duna - Depressão interdunar cuja

vegetação foi suprimida para realização de atividades esportivas

pela comunidade do bairro de Cidade Nova, tendo o objetivo de

compatibilizar as práticas tradicionais às necessidades de

conservação ambiental da ZPA 1.

• Zona de Uso Especial: Mostra-se como os portais de acesso e a sede do

Parque da Cidade, onde ocorre a centralização dos serviços e do uso

público através de utilização controlada, abrangendo Guaritas,

Estacionamentos, Praça de Eventos, Torre e Centro de Visitantes.

• Zona de Uso Conflitante (ZUC): Zona constituída por espaços

localizados na SZ1, cujos atributos naturais foram significativamente

descaracterizados em decorrência de usos e atividades instalados antes da

criação ou regulamentação da Zona de Proteção Ambiental.

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Também se enquadram na ZUC os espaços que mesmo localizados

na Subzona de Uso Restrito (SZ2) da ZPA 1, apresentam elevado grau de

conservação dos atributos naturais e desempenho de serviços ambientais.

Entretanto nestes espaços as especificações urbanísticas de uso

estabelecidas pela legislação municipal em vigor, desrespeitam as

previsões de conservação e preservação estabelecidas por legislação

federal, estadual e mesmo municipal.

Para efeito de manejo, a Zona de Uso Conflitante se mostra

subdividida nas seguintes subzonas:

SZUC 1 – Áreas urbanizadas que integram espaços dos bairros de

Cidade Nova, Guarapes e Planalto, situados na porção Noroeste da

ZPA 1. O objetivo proposto de manejo nesta Subzona conforme

previsto no estudo da FUNPEC/UFRN, seria reconhecer essas

urbanizações como de interesse social, tornando possível o

ajustamento da regulamentação de seu uso e o controle de suas

expansões sobre as áreas protegidas da ZPA 1.

SZUC 2 (Granja) – Área antopizada com instalação de edificação

rústica e alterações significativas na vegetação natural, incrustada

na Zona Primitiva, localizada na porção Nordeste da SZ1-A da

ZPA-1, nas proximidades da Avenida Omar O’Grayd. O objetivo

de manejo nesta Subzona seria compatibilizar o seu uso com os

objetivos de conservação ambiental da Zona Primitiva, mediante

implantação de um programa de recuperação.

SZUC 3 – Área urbanizada com equipamentos institucionais localizada

na porção Noroeste do território da SZ1-B da ZPA 1 (bairro

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Pitimbú). O objetivo de manejo nesta Subzona seria reconhecer

essas urbanizações como de interesse social, tornando possível o

ajustamento da regulamentação de uso, bem como o controle de

suas expansões sobre as áreas protegidas da ZPA 1.

SZUC 4 – Esta subzona compreende os espaços naturais encravados na

área urbanizada da SZ2 da ZPA 1, incluído os fundos de vale

revestidos ou não por vegetação primitiva e as dunas total ou

parcialmente cobertas com vegetação natural. A função desses

espaços é entre outras manter a infiltração natural das águas,

amenização climática da área urbana e formação de corredores

ecológicos.

Estes espaços se mostram como depressões de convergência

natural das águas pluviais, sendo essenciais para permitir a

expansão urbana na SZ2 sem provocar enchentes ou acúmulo de

águas em locais impróprios, desde que a drenagem seja executada a

contento.

• Zona de Urbanização Controlada: Compreende a parte urbanizada e em

processo de urbanização da ZPA 1, incidente na SZ1-A (adjacente à

Avenida da Integração que delimita a ZPA com o Bairro de Candelária) e

na SZ2, onde estão presentes arruamentos e demais benfeitorias urbanas,

além de edificações com predomínio de uso residencial.

O objetivo de manejo desta Zona seria o de tentar compatibilizar a

sua ocupação com as restrições impostas pela legislação para a

conservação dos atributos naturais da ZPA 1, funcionando assim como uma

espécie de “zona de amortecimento”.

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• Zona Intangível: A ser identificada e delimitada no futuro por estudos

específicos, deverá abranger espaços onde a primitividade da natureza

permaneça a mais preservada possível, não se tolerando ali quaisquer

alterações humanas, onde será representado o mais alto grau de

preservação. A Zona Intangível terá como objetivo básico de manejo a sua

efetiva preservação, garantindo a evolução natural e não sendo permitida a

visitação a qualquer título.

Figura 6: Mapa de zoneamento proposto para a ZPA 1 Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

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Destaca-se que no Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN, 2007), cada

Zona e Subzona se mostra com um detalhamento de suas respectivas indicações de

usos/atividades, permissões, proibições, metas ambientais, orientações para o manejo e

orientações para o Uso Público.

Quando da realização do Diagnóstico Ambiental da ZPA 1, foram identificadas

algumas áreas contíguas à esta Zona de Proteção Ambiental que ainda se mostram com

características primitivas ou secundárias que podem, por meio de estratégias específicas de

manejo, serem incorporadas a preservação do patrimônio ambiental. Um estratégia que poderá

ser adotada, seria a implantação de corredores ecológicos em espaços naturais e semi-naturais,

que ligariam as áreas verificadas.

As áreas sugeridas para a instauração destes Corredores Ecológicos, integrando

a ZPA 1 a outras Zonas de Proteção Ambiental, compreenderiam:

• Corredor Ecológico 1 – Corresponde a área de tabuleiro costeiro situada

entre o limite da ZPA 1 e a ZPA 4 (Rio Pitimbú).

• Corredor Ecológico 2 – Corresponde ao conjunto de dunas que interliga a

ZPA 1, ZPA 4 (Dunas dos Guarapes) e ZPA 8 (Rio Potengi).

• Corredor Ecológico 3 – Compreende os fragmentos isolados de dunas

incidentes nos bairros de Cidade Nova e Felipe Camarão, interligando a

ZPA 1 com a ZPA 8.

• Corredor Ecológico 4 – Compreende fragmentos de dunas, vazios urbanos

vegetados e corredores viários que possibilitam a integração da ZPA 1 com

a ZPA 5 (Lagoinha), estendendo-se à ZPA 6 (Morro do Careca).

• Corredor Ecológico 5 – Compreende os espaços que abrigam o Campus

Universitário e o Batalhão de Engenharia, parte do conjunto Potilândia,

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Estádio Machadão, Centro Administrativo do Estado, parte do Alto da

Candelária até chegar a ZPA 1, interligando com o Parque das Dunas.

Deve-se destacar, que a delimitação exata dos corredores ecológicos, bem

como as orientações que subsidiarão os ajustes de parâmetros de uso e ocupação do solo,

devem ser efetuadas com base em estudos específicos, para posteriormente serem

encaminhados para apreciação da instância de gestão participativa encarregada do

acompanhamento da implementação do Plano de Manejo da ZPA 1.

2.3.4 - Os programas de Manejo e Desenvolvimento do Plano de Manejo da ZPA 1

Na proposta de Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN, 2007), observa-

se que a implementação das diretrizes destinadas ao planejamento e manejo de uma Zona de

Proteção Ambiental, deve se apoiar na organização das ações gerenciais internas e externas,

por meio de programas temáticos de manejo.

Estes programas temáticos de manejo devem contemplar um escopo mínimo

de atuações, estruturadas em uma matriz lógica que permita um processo contínuo de

planejamento, estabelecendo procedimentos claros e flexíveis, compatíveis com os recursos

institucionais, sociais e financeiros, adequados à complexidade da questão ambiental da área

estudada.

Fundamentadas nas informações e dados levantados durante o Diagnóstico

Ambiental da ZPA 1, foram feitas diferentes proposições para o Plano de Manejo desta Zona

de Proteção Ambiental, onde foram levados em conta as características da área e os anseios e

interesses da sociedade. Estas ações de manejo foram sistematizadas por meio de Programas e

Sub-Programas, que visaram incorporar um rol de atuações destinadas a tornar viável o

cumprimento dos objetivos da ZPA 1.

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Tendo em vista estabelecer ações estruturantes e específicas orientando o

planejamento e gestão da ZPA 1, considerando entre outras a situação fundiária da área e a

necessidade de proteção da biodiversidade e demais atributos e recursos naturais que esta

detém, propõe-se que este Plano de Manejo adote uma formatação abrangente e harmonizada

com o Grupo de Unidades de Uso Sustentável.

Partindo dessa concepção, a proposta do Plano de Manejo da ZPA 1 optou por

estruturar as ações gerenciais de manejo contemplando os seguintes campos temáticos ou

programas: Conhecimento; Gestão Ambiental e Gestão Institucional.

Estes programas estariam divididos em subprogramas com ações estratégicas

específicas, que associadas assegurariam o alcance dos objetivos de proteção e conservação

do patrimônio ambiental da ZPA 1.

Quadro 3: Programas e Subprogramas do Plano de Manejo da ZPA 1

Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

Detalhando os Programas de Manejo propostos para a ZPA 1, se teria:

• Programa de Conhecimento: Este programa visa obter e ampliar o

conhecimento sobre as dinâmicas biorregionais, de modo a proteger e

recuperar as condições de conservação, serviços e funções ambientais

primordiais de seus componentes. Este programa também tende a conhecer

as dinâmicas socioeconômicas, culturais e valores simbólicos das

comunidades e agentes que residem e interagem no espaço estudado.

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Este programa visará capacitar os “atores sociais” envolvidos, para

que estes trabalharem juntos novas bases para o desenvolvimento, a partir

da reflexão sobre os problemas advindos do uso insustentável dos recursos

naturais. Desta forma, será possível a elaboração de acordos voltados para

proteger e conservar os recursos que interessam e influenciam no bem estar

e na qualidade de vida de todos.

Por meio de ações sistemáticas, este programa irá gerar e monitorar

parâmetros e indicadores que informem, periodicamente, as condições do

estado de conservação ambiental e a mensuração da magnitude dos

impactos das diferentes atividades praticadas no interior e entorno do

espaço alvo do estudo, com vistas ao contínuo aperfeiçoamento dos

mecanismos que possibilitem atingir os objetivos e metas ambientais

idealizados como cenário desejado.

O Programa de Conhecimento abrange os subprogramas de Estudos

e Pesquisas e Monitoramento Ambiental, cujas diretrizes e ações

estratégicas se mostram detalhadas na proposta do Plano de Manejo da

ZPA 1.

Quadro 4: Quadro com detalhamento dos subprogramas do Programa de Conhecimento do Plano de Manejo da ZPA 1

Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

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• Programa de Gestão Ambiental: Este programa se destina a estruturar as

atividades gerenciais internas e externas da ZPA 1, abrangendo todos os

aspectos da Administração e do Uso Público desta Zona de Proteção

Ambiental. Neste programa se insere a concepção da infra-estrutura e da

logística de apoio às atividades; da fiscalização e do controle de processos

e atividades; da integração interna e externa da ZPA 1; dos processos

corretivos e de mitigação de impactos ambientais incompatíveis ou

indesejáveis; das orientações para as ações preventivas e corretivas; e das

ações informativas e educativas para divulgar e promover a consciência

ambiental da população necessária ao alcance dos objetivos da ZPA 1.

Composto por quatro Subprogramas, com cada um contando com

ações estratégicas detalhadas na proposta de Plano de Manejo, o Programa

de Gestão Ambiental, se destaca como um dos mais importantes para a

efetivação dos objetivos desta Zona de Proteção Ambiental.

Quadro 5: Quadro com detalhamento dos subprogramas do Programa de Gestão Ambiental do Plano de Manejo da ZPA 1

Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

• Programa de Gestão Institucional: A institucionalização e

regulamentação da ZPA 1 e do Parque da Cidade, envolvem ações de

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curto, médio e longo prazo, que necessitam ser gerenciadas para alcançar

os objetivos que motivaram suas criações. Este programa deve contemplar

atividades destinadas à gestão compartilhada, que atendam as Políticas

Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.

A gestão de áreas protegidas compreende lidar com questões de alta

complexidade, abrangendo desde conflitos relacionados às ocupações de

espaços que deveriam estar protegidos e conservados, até alterações no

potencial construtivo de imóveis localizados no interior dessas áreas ou nos

espaços circundantes.

Assim, um dos grandes desafios da gestão institucional é a

formulação e pactuação de acordos voltados para possibilitar ajustes que

tornem compatíveis a interação entre conservação e uso, o que envolve um

amplo processo de negociações, abrangendo variados segmentos sociais.

A gestão institucional inicia-se com a instituição dos regulamentos,

passando pela criação de uma coordenação a ser assumida pelo agente

público que responde pela política ambiental, e que conta com um papel

estratégico na condução do processo, estabelecendo um modelo de gestão

que deixe bem claro o papel dos “atores públicos” e da sociedade.

Esta gestão ambiental compreende uma enorme teia derivada das

competências institucionais entre as várias esferas de governo e entre as

várias instituições articuladas por essas instâncias, requerendo um contínuo

aperfeiçoamento dos conhecimentos apontando para a necessidade de

ações cooperativas.

Composto por três Subprogramas, com cada um contando com uma

ação estratégica específica, a gestão institucional proposta para o Plano de

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Manejo da ZPA 1, deve desencadear um processo de contínuo

aperfeiçoamento, sendo entendido como o marco referencial para a

primeira fase deste Plano.

Quadro 6: Quadro com detalhamento dos subprogramas do Programa de Gestão Institucional do Plano de Manejo da ZPA 1

Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN - 2007)

Na proposta do Plano de Manejo da ZPA 1 é feita a indicação em quadro

específico, de quais as atividades devem ser adotadas para a implantação deste Plano, com

definição e detalhamento das ações de curto (até 6 meses), médio (até 12 meses) e longo (até

24 meses) prazos (Vide ANEXO I deste Trabalho de Conclusão de Curso).

2.4 - O PARQUE DA CIDADE DO NATAL DOM NIVALDO MONTE

O Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte se mostra como uma

Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral, sendo criada pelo Decreto Municipal

N.º 8.078 de 13/12/2006, tendo o objetivo de preservar o ecossistema dunar localizado na

Subzona de Conservação 1-A (SZ1-A) da ZPA 1, contando inicialmente com uma superfície

de 62,2 hectares.

A importância da criação desta Unidade de Conservação (UC) se dá pela

relevância ecológica existente na área, com destaque para a função de proteção e

reabastecimento do manancial de água subterrâneo, considerado um dos poucos reservatórios

naturais ainda não contaminados em Natal.

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Abrangendo os bairros de Pitimbú, Candelária e Cidade Nova, o Parque da

Cidade se mostra limitado a Leste com a Avenida Omar O’Grady (prolongamento da Avenida

Prudente de Morais), Loteamento Sanvale e Subzona de Conservação 1-B (SZ1-B); a Oeste

com a Rua Santo Amaro no bairro de Cidade Nova; a Sul e Norte com terrenos de

particulares.

Figura 7: Localização do Parque da Cidade Fonte: Site SEMURB (Pesquisa em Novembro 2008)

2.4.1 – Antecedentes

Através de uma negociação entre a Prefeitura de Natal e a empresa NIL

Imóveis, tendo em vista quitação de dívidas com o município e se utilizando um instrumento

urbanístico previsto pelo Plano Diretor da Cidade, denominado “transferência de potencial

construtivo”, foi iniciado o processo de criação de uma UC em terrenos inseridos na SZ1-A.

Através de audiências públicas com participação de instituições

governamentais e não governamentais (ONGs), representantes das comunidades envolvidas e

da Sociedade de forma geral, se iniciou o processo de discussão para a criação desta UC,

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sendo elaborado preliminarmente um Relatório de Avaliação Ambiental (RAA) em Abril de

2006, por técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB).

Neste RAA foi feito um diagnóstico preliminar da área para a implantação de

uma UC na categoria “Parque Natural Municipal”, com avaliações da capacidade de uso

proposto para a área considerando a vulnerabilidade natural do ambiente e as repercussões e

adequações necessárias para a implantação desta Unidade de Conservação.

Este Relatório também serviu como subsídio para uma melhor análise e

avaliação por parte de diferentes instituições1, que foram convocadas pela Promotoria de

Justiça de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, para discussão em

reunião específica. Nesta reunião interinstitucional pode-se discutir a caracterização e usos

propostos na UC que estaria sendo proposta, atendendo o previsto no Plano Diretor de Natal e

na Lei Federal No 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC).

2.4.2 – Síntese do Relatório de Avaliação Ambiental

Elaborado no início de 2006 por técnicos da SEMURB, o Relatório de

Avaliação Ambiental (RAA) se mostra como um diagnóstico preliminar de uma determinada

área para a implantação de uma Unidade de Conservação, que se constituiria como a primeira

em uma Zona de Proteção Ambiental em Natal.

No que se refere à localização, a área que foi estudada se mostrava situada na

Subzona de Conservação 1-A (SZ1-A) da ZPA 1, às margens da Avenida Omar O’Grady

(antigo prolongamento da Avenida Prudente de Morais), com uma superfície de 62,2 hectares.

1 Instituto de Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte (IDEMA), Superintendência Estadual do IBAMA no Rio Grande do Norte (IBAMA/RN), Conselho de Planejamento de Natal (CONPLAN), SEMURB, UFRN, Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte (SERHID), entre outras.

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Figura 8: Localização Parque da Cidade na SZ 1-A Fonte: RAA (SEMURB – Abril 2006)

O RAA efetuou levantamentos preliminares no que concerne a Aspectos

Geográficos; Clima; Geomorfologia; Hidrologia; Hidrogeologia; Cobertura Vegetal; Fauna,

Uso e ocupação da área de estudo e adjacências; Riscos de contaminação dos recursos

hídricos; Enquadramento na legislação ambiental e urbanística; Avaliação dos Impactos

Ambientais; e, Proposição de sugestões para adequação da futura UC.

Em síntese a área de estudo é composta predominantemente por ecossistema de

dunas, com vegetação caracterizada por floresta estacional semi-decidual, restinga arbustiva

densa e esparsa e vegetação de campo (cerrado).

Para garantir a conservação da paisagem característica desse ecossistema, se

reforçou a necessidade de uma organização do espaço na forma de um Parque, integrando

parte da SZ1-A ao grupo de Unidades de Conservação de Proteção Integral. Observou-se que

Limite da SZ 1-A

Limite do Parque da Cidade

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com a criação desta UC poderá se criar um pólo de atrações turístico-culturais, práticas de

eco-turismo e lazer ativo e contemplativo, além da promoção da recomposição e preservação

da vegetação nativa local.

Quanto ao Uso e Ocupação da área, foi observado que esta se mostrava

desprovida de ocupação por habitações, sendo que todavia, se identificou, a abertura de

diferentes picadas com desmatamentos avançando sobre os flancos de dunas; acessos de

veículos abertos clandestinamente; áreas com queimadas da vegetação nativa, principalmente

nos flancos dunares; disposição irregular de resíduos sólidos; retirada de sedimentos para

construção civil; desenvolvimento de regeneração da vegetação anteriormente degradada por

desmates e queimadas; etc.

Nas adjacências da futura UC foi verificada a deposição de lixo e metralha de

construção civil em alguns terrenos vazios inseridos nas SZ1–A e SZ1-B da ZPA 1, e a

ocupação habitacional em flancos dunares no bairro de Cidade Nova, com densidade rala, mas

com crescimento acelerado.

No Relatório de Avaliação Ambiental elaborado por técnicos da SEMURB, foi

feita uma proposição de zoneamento de Uso Público da futura Unidade de Conservação, onde

foi proposta a sua subdivisão em três zonas, a saber: Zona de Uso Intensivo; Zona de Uso

Extensivo e Zona de Recuperação.

Figura 9: Mapa com Zoneamento do Uso Público proposto para o Parque da Cidade Fonte: RAA (SEMURB – Abril 2006)

N

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A Zona de Uso Intensivo abrangeria o espaço previsto para a promoção de

atividades de educação ambiental e recreação ao ar livre, em caráter intensivo e harmonioso

com o meio.

A Zona de Uso Extensivo delimitaria a área destinada a manutenção do

ambiente natural, ou pouco alterado, oferecendo facilidades de acesso público para fins

educativos e recreativos como trilhas, unidades de descanso e mirantes naturais.

A Zona de Recuperação abrangeria mais de 95% da área do futuro Parque,

compreendendo setores que diante do estágio de degradação dos recursos naturais, deveriam

contar com a promoção da conservação e/ou recomposição dos pontos degradados.

Através deste estudo ambiental preliminar, foram detalhadas em quadros

específicos, as seguintes situações:

• Repercussões dos impactos nos principais componentes do meio físico,

biológico e antrópico na área do estudo - Vide ANEXO II deste Trabalho de

Conclusão de Curso;

• Avaliação dos impactos ambientais e os conceitos dos atributos utilizados

para a caracterização destes na área de estudo - Vide ANEXO III deste

Trabalho de Conclusão de Curso;

• Avaliação dos impactos possíveis de serem gerados e/ou previsíveis na

implantação e operação do projeto - Vide ANEXO IV deste Trabalho de

Conclusão de Curso.

Deve-se destacar, que cada impacto significativo na implantação e operação da

futura Unidade de Conservação foi identificado e caracterizado, no que concerne aos seus

atributos de caráter, magnitude, significância, duração, temporalidade, ordem, estado e escala.

Assim segundo análise do RAA elaborado pela SEMURB, as obras previstas

no projeto do Parque da Cidade e os impactos negativos previsíveis no meio físico e biológico

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com a implantação e operação desta UC encontravam-se, em geral, com possibilidades de

alterações pouco significativas. Destacou-se que os impactos no meio antrópico, nas fases de

implantação e operação do projeto, se mostram, segundo o RAA, dominantemente benéficos,

sendo moderadamente significativos.

Desta forma concluiu-se, que a repercussão nos meios físico, biológico e

antrópico nas fases de implantação e operação do Parque da Cidade, se mostram com

condições favoráveis a adequabilidade do projeto ao meio ambiente, não se registrando

adversidades significativas que possam recomendar a opção pela inviabilidade do projeto.

2.4.3 – Realização de vistoria prévia na área

Conforme deliberação em audiência realizada no dia 25 de Outubro de 2006

convocada pela 45ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público

Estadual, se realizou no dia 31 do mesmo mês uma vistoria conjunta com a Promotora Gilka

da Mata Dias e representantes de diferentes instituições2, nas áreas no interior do campo dunar

localizado na SZ1-A da ZPA 1, onde estaria se propondo a criação de uma Unidade de

Conservação denominada “Parque da Cidade”.

A vistoria iniciou-se por uma das diversas trilhas que cortam a SZ1-A,

observando-se setores mais próximos do prolongamento da Avenida Prudente de Morais, com

estes se mostrando com deposição de lixo e metralha; queimadas e outras agressões antrópicas

nocivas ao meio ambiente.

Adentrando-se na área da futura Unidade, foi observado que boa parte da SZ1-

A se mostra como um extenso campo dunar vegetado, se configurando como um dos pontos

de recarga do aqüífero mais importantes para o abastecimento d’água de boa parte da

população de Natal. 2 Instituto de Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte (IDEMA), Superintendência Estadual do IBAMA no Rio Grande do Norte (IBAMA/RN), Conselho de Planejamento de Natal (CONPLAN), SEMURB, UFRN, Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte (SERHID), entre outras.

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A vegetação que recobre estas dunas se mostra com predominância de

vegetação caracterizada como de Restinga, também comumente denominada como de

Tabuleiro Costeiro, variando de rarefeita sobre as cristas dunares que sofreram com ação

antrópica (principalmente por queimadas da vegetação), à densa, principalmente nos vales

dunares.

Também foram detectadas espécies características de ecossistema de Caatinga

como o cardeiro (Cereus sp.), catanduba (Piptadenia moniliformis Benth), facheiro (Cereus

squamosus Guerk) e jurema branca (Pithecolobium dumosum Benth), além de espécies

características de Mata Atlântica, como a guabiraba (Eugenia sp), pau brasil (Caesalpinia

echinata Lam), pau d’arco roxo (Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb), sucupira (Bowdichia

virgilioides H.B.K), peroba (Aspidosperma sp), etc.

Figura 10: Foto com visão de uma das trilhas que entrecortam a

SZ1-A em ambiente dunar Fonte: Relatório de Vistoria IBAMA/RN (Novembro 2006)

Trafegando por uma das trilhas existentes, chegou-se a um dos pontos

limítrofes da SZ1-A e da futura entrada da UC pelo limite Oeste, onde foi possível ter uma

visão panorâmica dos bairros de Cidade Nova e Guarapes e do antigo “Lixão” de Natal.

Observou-se que no RAA, neste ponto do futuro Parque estaria sendo planejada a construção

de um “Plano Inclinado”, visando transportar pessoas da parte de baixo até o alto desta duna.

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Figura 11: Foto tomada de cima do campo dunar em ponto limítrofe da SZ1-

A, onde se observa em visão panorâmica o bairro de Cidade Nova e dunas do bairro Guarapes

Fonte: Relatório de Vistoria IBAMA/RN (Novembro 2006)

A “Zona de Uso Intensivo” observada no RAA elaborado por técnicos da

SEMURB, se mostrava como uma área junto ao prolongamento da Avenida Prudente de

Morais, com topografia plana em ambiente dunar degradado, que viria abrigar os

estacionamentos da futura Unidade de Conservação. Ainda neste setor, observou-se uma área

de crista dunar também com significativa degradação antrópica, onde na proposta se pretende

implantar o Centro de Visitantes da UC e uma Torre Panorâmica com memorial e mirante.

Ao término desta vistoria foram feitas avaliações e oferecidas contribuições

dos profissionais de várias áreas de conhecimento das instituições participantes, sendo que

além da avaliação específica na área onde se pretendia implantar a futura UC, se mostrou

importante uma análise em relação aos impactos ambientais existentes nas áreas

circunvizinhas.

Considerando esta questão, no dia 3 de Novembro de 2006 analistas

ambientais do IBAMA/RN, efetuaram uma vistoria no entorno da SZ1-A da ZPA 1, onde

foram detectadas diferentes situações de conflito e impactos ambientais no entorno desta

Subzona de Conservação.

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Figura 12: Mapeamento efetuado com GPS na SZ1-A em 3 de Novembro de 2006 Fonte: Relatório de Vistoria IBAMA/RN (Novembro 2006)

Nesta vistoria realizada por servidores do IBAMA/RN, detectou-se os

seguintes impactos ambientais:

• Algumas construções, inclusive blocos de apartamentos residenciais, na

margem esquerda da Avenida da Integração (sentido BR 101 - Candelária),

dentro da SZ1-A especificada na Lei Municipal N.º 4.664/95;

• Grande deposição de lixo e metralha, além de marcas recentes de

queimadas no campo dunar situado no final da Avenida da Integração e

Rua Jaguarari;

• Ocorrência de diferentes construções de baixa renda ocupando flancos

dunares na localidade de Nova Cidade;

• Existência no bairro de Cidade Nova de várias casas, comércios e mesmo

condomínios residenciais junto a SZ1-A, sendo que em determinados

pontos foi verificado ações predatórias com queimadas da vegetação,

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colocação de lixo e metralha no sopé das dunas, retirada de areia, esgotos a

céu aberto, etc.;

• Foi verificado em Cidade Nova e no bairro Pitimbú algumas casas no sopé

das dunas, que estariam “aumentando o seu terreno” através da supressão

da vegetação fixadora e posterior retirada de areia, ocasionando a

desestabilização dos taludes dos flancos dunares, com uma tendência ao

“escorregamento” da areia em direção as casas;

• No bairro Pitimbú e no Conjunto Cidade Satélite, existem áreas com

topografia plana antes de chegar o início das feições dunares (flancos e

cristas) nos limites Norte/Nordeste destes conjuntos, sendo verificado

nestes setores a existência de campos de futebol, do Horto Florestal do

Pitimbú e alguns trechos com degradações ambientais (deposição de lixo e

metralha, queimadas, etc.);

• Junto ao prolongamento da Avenida Prudente de Morais, foi verificado

alguns pontos de dunas que sofreram com ação antrópica com queimadas

da vegetação, abertura de trilhas, lançamento de lixo e metralha, etc.

Neste Relatório é avaliado que pelo o que foi observado nas vistorias

realizadas, se mostrava fundamental um maior aprofundamento nos estudos realizados, além

da execução de ações concretas e emergenciais em toda a SZ1-A. Uma estratégia a ser

adotada seria buscar a proteção através de uma Unidade de Conservação que viesse a

englobar todo o campo dunar da SZ1-A, tendo em vista a sua importância na recarga do

aqüífero, diversidade biológica, amenização climática, etc.

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Figura 13: Algumas fotos tomadas na vistoria do dia 3 de Novembro de 2006, retratando diferentes

aspectos do entorno da SZ1-A, ligados a sua ocupação e impactos ambientais decorrentes.

Fonte: Relatório de Vistoria IBAMA/RN (Novembro 2006) 2.4.4 – A efetiva criação do Parque da Cidade

Através do Decreto N.º 8.078 de 13 de Dezembro de 2006, o prefeito Carlos

Eduardo Alves cria o Parque da Cidade, que se mostra como uma Unidade de Conservação do

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grupo de Proteção Integral, segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC). A criação desta Unidade de Conservação têm o objetivo de preservar o ecossistema

de dunas localizado na SZ1-A da ZPA 1, às margens da Avenida Omar O’Grady,

compreendendo inicialmente uma superfície de 62,2 hectares.

Figura 14: Foto aérea do campo dunar que faz parte da ZPA 1, com os

bairros confrontantes e delimitação do Parque da Cidade Fonte: Site da SEMURB (Pesquisa em Novembro 2008)

Projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer com a colaboração de Ana Niemayer

e Jair Varela, as obras do Parque da Cidade começaram no final do ano de 2006, com esta

Unidade de Conservação desempenhando além da proteção dos recursos naturais, tendo uma

função destinada ao lazer ecológico, cultural e promoção da educação ambiental.

O nome desta Unidade de Conservação homenageou Dom Nivaldo Monte, que

além de administrador apostólico de Natal, foi um homem dedicado à botânica e com grande

paixão pela Natureza, deixando ainda como herança um admirável exemplo de vida por seu

apostolado em nome da paz.

O Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte se mostra como uma

Unidade de Conservação subordinada a SEMURB, se encontrando aberto diariamente para

ser utilizado pela população para atividades de lazer, cultura, de pesquisa e educação

ambiental. Estas atividades são acompanhadas e promovidas por uma equipe multidisciplinar

composta por pedagogos, arte-educadores, biólogos, ecólogos, geógrafos, fiscais ambientais,

técnicos agrícolas, engenheiros florestais, enfermeiros e equipe administrativa.

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Em termos de espaço físico e estrutural, o Projeto do Parque da Cidade conta

com:

• Praça de Eventos

• Torre Panorâmica com área aproximada de 560 metros quadrados com

altura total de 45 metros de altura, onde se encontra um Memorial sobre a

história da Cidade de Natal, e que com as suas laterais envidraçadas

permite aos visitantes uma visão panorâmica de boa parte da cidade.

• Centro de Visitantes que concentra a Administração da Unidade de

Conservação (gerenciamento do Parque, serviços administrativos e Guarda

Florestal); Centro de Educação Ambiental (com salas de aula para

realização de oficinas de reciclagem e artes); Biblioteca com acervo

bibliográfico com ênfase na temática ambiental e Auditório.

Figura 15: Foto onde se pode observar a Torre com o Memorial de

Natal, Praça de Eventos e o Centro de Visitantes do Parque da Cidade

Fonte: Site da SEMURB (Pesquisa em Novembro 2008)

• Duas entradas com guarita para acesso de pedestres e veículos, além de

estacionamentos, se mostrando situados no limite Leste (acesso de veículos

pela Avenida Omar O’Grady no bairro de Candelária) e no limite Oeste

(com acesso pela Rua Santo Amaro no bairro de Cidade Nova);

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Figura 16: Croquis indicando as entradas do Parque da Cidade, sendo a da esquerda a do limite Leste (Candelária) e a da direita a do limite Oeste (Cidade Nova).

Fonte: Site da SEMURB (Pesquisa em Novembro 2008)

• Plano Inclinado a ser localizado na entrada Oeste, constituindo-se em um

sistema mecânico de elevação com cabine sobre trilhos, destinado ao

transporte dos visitantes até o alto do campo dunar;

• Trilhas ecológicas pavimentadas e com áreas de descanso e sanitários, que

permitem o contato direto com a Fauna e Flora do local. Esta prática de

turismo ecológico é uma das formas mais inteligentes de utilização do

Parque, promovendo a conscientização ambiental no visitante e ao mesmo

tempo não agredindo o ecossistema da região.

Nas cinco trilhas existentes no Parque da Cidade, o visitante pode ter a

oportunidade de conhecer de perto todo o ecossistema dunar onde esta

Unidade de Conservação se mostra inserida, sempre contando com a ajuda

de guias especializados, onde é observado aspectos inerentes a sua

geomorfologia, Fauna, Flora e os importantes atributos que esta UC se

mostra para a qualidade de vida da população de Natal.

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Figura 17: Croquis indicando as diferentes trilhas existentes no Parque da Cidade: Trilha Nascente (A até B - 305 metros de extensão); Trilha do Vento (B até C - 645 metros de extensão); Trilha do Mirante; Trilha do Lagarto (C até D - 520 metros de extensão) e Trilha do Pôr-do-sol (D até E - 890 metros de extensão).

Fonte: Site da SEMURB (Pesquisa em Novembro 2008)

As práticas a serem adotadas nesta Unidade de Conservação, se mostrarão

estabelecidas em seu Plano de Manejo, que normatiza o uso da área e o manejo dos recursos

naturais, sendo que este deverá ser constituído pelos seguintes programas:

• Programa de Estudos e Pesquisas – Visa ampliar o conhecimento a cerca

do meio físico e biótico;

• Programa de Monitoramento – Visa acompanhar de maneira sistemática e

contínua as condições dos recursos naturais;

• Programa de Integração - Estaria relacionado à parte de

informação/conscientização e educação ambiental na UC e entorno;

• Programa de Recuperação Ambiental – Visa a identificação e recuperação

de áreas naturais degradadas, além da utilização do solo de acordo com a

conservação do patrimônio natural;

• Programa de Gestão Compartilhada – Visa garantir a participação da

sociedade no planejamento e gestão do Parque;

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• Plano de Uso Público - Define as atividades a serem desenvolvidas na área,

estabelecendo as normas e diretrizes para sua execução.

Na proposta do Plano de Uso Público, preliminarmente foi feita uma avaliação

no RAA (SEMURB, 2006) dos aspectos naturais, culturais e históricos, se estabelecendo três

zonas específicas: Zona de Recuperação, Zona de Uso Extensivo e Zona de Uso Intensivo.

A Zona de Recuperação não prevê intervenção antrópica, abrangendo uma

área de mais de 95% da área do Parque, sendo destinada exclusivamente para a promoção de

recuperação das áreas degradadas e a manutenção dos resquícios ainda preservados.

A Zona de Uso Extensivo compreende a área destinada a manutenção do

ambiente natural, ou pouco alterado, oferecendo facilidades de acesso público para fins

educativos e recreativos, sendo previstas trilhas, unidades de descanso e estruturação de

mirante natural.

A Zona de Uso Intensivo com 2,98 % da área total do Parque, delimita o

espaço previsto para a promoção de atividades de educação ambiental e recreação ao ar livre,

em caráter intensivo e harmonioso com o meio.

2.4.5 – A inauguração do Parque da Cidade e a sua ampliação

Inaugurado em 21 de junho de 2008, o Parque da Cidade do Natal Dom

Nivaldo Monte ainda se encontra com as suas obras em conclusão, sendo que conforme

Termo Aditivo publicado no Diário Oficial do Município no dia 1º de Janeiro de 2.009, o

término da obra estaria inicialmente previsto para o dia 29 de Janeiro. Segundo o texto deste

Termo Aditivo, o prazo para a execução das obras foi prorrogado por causa da necessidade de

adequações nos serviços relativos às mudanças ocorridas principalmente nos projetos de

acessibilidade e instalações.

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Figura 18: Foto com visão de Plano Inclinado ainda em construção na

entrada Oeste do Parque da Cidade no bairro de Cidade Nova

Fonte: Foto de Nilson Cunha (Vistoria em 6 de Dezembro de 2008)

Através do Decreto Municipal N.º 8.608 de 11 de Dezembro de 2.008,

publicado no Diário Oficial do Município de Natal de 16 de Dezembro de 2.008,

desapropriou-se para fins de utilidade pública, uma área com aproximadamente 64 hectares no

limite Sul da Unidade de Conservação (lado esquerdo do Parque, sentido Candelária - Cidade

Satélite da Av. Omar O’Grady), que se incorporará ao Parque da Cidade do Natal Dom

Nivaldo Monte.

Esta nova área dobra a superfície do Parque da Cidade (128 hectares), sendo

que esta desapropriação foi feita utilizando o instrumento urbanístico da “Transferência de

Potencial Construtivo”3 com a empresa NIL Imóveis, proprietária do terreno. Destaca-se que

esta desapropriação se mostrou sem ônus pecuniário para a Cidade, conforme previsto no

Capítulo III do Plano Diretor de Natal e no inciso VII da Lei Orgânica do Município.

3 Instrumento urbanístico previsto no Plano Diretor de Natal, que propicia que o proprietário de um imóvel impedido de utilizar o potencial construtivo básico em razão de limitações urbanísticas relativas à proteção e preservação do patrimônio histórico, cultural, natural e ambiental, definidas pelo Poder Público, possa transferir este potencial não utilizável para outra área da cidade com infra-estrutura compatível, mediante autorização especial a ser expedida pela SEMURB.

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3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a elaboração do presente Trabalho de Conclusão

de Curso, se pautou nos seguintes aspectos:

• Pesquisa bibliográfica inerente a caracterização e propostas de uso e

manejo da ZPA 1; estudos ambientais que fundamentaram a criação do

Parque da Cidade; e a legislação pertinente a ZPA 1 e ao Parque da Cidade

do Natal Dom Nivaldo Monte;

• Realização de vistorias “in loco” na área do Parque da Cidade e nas áreas

situadas no seu entorno, especificamente na Subzona de Conservação 1-A

da ZPA 1, e;

• Realização de entrevistas com representantes da SEMURB e do Ministério

Público Estadual, com o objetivo de discutir questões ligadas a

problemática ambiental e estratégias presentes e futuras para minimizar

e/ou evitar possíveis impactos ambientais negativos no Parque da Cidade e

no seu entorno.

3.1 – PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Esta pesquisa objetivando poder dar fundamentação teórica a presente

monografia, inicialmente tomou como base informações, estudos e a legislação relacionada a

caracterização da ZPA 1 e do Parque da Cidade, sendo também pesquisadas notícias

divulgadas na mídia, mapas e fotos, termos e apresentações em audiências públicas e

pesquisas na rede mundial de computadores (INTERNET), etc.

Entre as fontes pesquisadas, se poderia citar:

• Proposta de Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN – 2007);

• Diagnóstico Ambiental da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN – 2007);

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• Relatório de Avaliação Ambiental de um Terreno as Margens da

Avenida Omar O’Grady, Subzona de Preservação da Zona de Proteção

Ambiental 1, Município de Natal/RN (SEMURB – 2006);

• Relatório de Vistoria (IBAMA/RN – datado de 13/11/2006);

• Apresentação do Parque da Cidade (apresentação feita em

“PowerPoint” em Audiência Pública ocorrida em 15/09/2006);

• Ata de Audiência Pública sobre o Plano Manejo da ZPA 1 (ocorrida em

9/04/2008);

• Novo Plano Diretor de Natal [Lei Complementar N.º 082/07 de

21/06/2007, que revogou o Plano Diretor de 1994 (Lei Complementar

N.º 7 de 5/08/1994)];

• Zoneamento Ambiental de Natal (SEMURB – Maio de 2004);

• Lei Municipal N.º 4.664 de 31/07/1995, que trata da Zona de Proteção

Ambiental 1 (ZPA 1);

• Decreto Municipal N.º 8.078 de 13/12/2006, que trata da criação do

Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte;

• Decreto Municipal N.º 8.608 de 11/12/2008, que trata do acréscimo de

área para ampliação do Parque da Cidade;

• Pesquisa no “site” da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Urbanismo de Natal (SEMURB) – http://www.natal.rn.gov.br/semurb/,

na INTERNET em Novembro de 2008;

• Notícias nos sites de jornais do Rio Grande do Norte.

Deve-se destacar, que se tomou como parâmetro o “Manual de Metodologia do

Trabalho Científico” das Faculdades Oswaldo Cruz (2006), com o objetivo de desenvolver

este Trabalho de Conclusão de Curso dentro de parâmetros de organização, coleta e relato de

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informações, permitindo se chegar a conclusões e tecer sugestões/recomendações sobre a

temática escolhida.

3.2 – REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS

Com o intuito de conseguir maiores subsídios para este Trabalho, se optou em

realizar entrevistas com o Chefe do Departamento de Unidades de Conservação da SEMURB,

Sr. José Petronilo da Silva Júnior, que estaria acumulando o cargo de chefe do Parque da

Cidade, e a Promotora de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Drª

Gilka da Mata Dias.

Nestas entrevistas se objetivou conseguir informações complementares sobre a

situação atual em termos de infra-estrutura e atividades desenvolvidas no Parque da Cidade e

no seu entorno, além de saber quais as ações de acompanhamento que estariam sendo

realizadas pelo Ministério Público, no que concerne a tomada de medidas pelo Poder Público

Municipal, principalmente em relação a SZ1 da ZPA 1.

Com o intuito de melhor explicar aos entrevistados este Trabalho de Conclusão

de Curso, se optou por preparar ofícios detalhando a escolha do tema e agregando diferentes

quesitos relacionados à temática escolhida.

Optou-se por agendar com os entrevistados um período pré-determinado para

que se pudesse colher as informações relativas às perguntas formuladas, sendo que

considerando as atividades profissionais rotineiras dos entrevistados, se deixou as perguntas

formuladas para que os entrevistados pudessem fazer o encaminhamento posterior das

respostas por e-mail.

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Figura 19: Ofícios elaborados para a Promotora de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, Dr.ª Gilka da Mata Dias, e para o Chefe do Departamento de Unidades de Conservação da SEMURB, Sr. José Petronilo da Silva Júnior.

Fonte: Nilson Cunha (Ofícios “escaneados” em Dezembro de 2.008)

A entrevista com o geógrafo José Petronilo da Silva Júnior, ocorreu no dia 17

de Dezembro de 2008 na sede da administração do Parque da Cidade, onde aproveitando a

ocasião, conversou-se sobre questões ligadas a situação atual de infra-estrutura da UC; Quais

as estratégias de fiscalização na área do Parque e seu entorno; Os maiores problemas de

degradação ambiental que estariam ocorrendo na Unidade e no seu entorno atualmente; As

estratégias que estariam sendo pensadas para ampliação do Parque da Cidade; entre outros

aspectos.

Além das observações tomadas nesta entrevista, foi deixado com o chefe da

Unidade de Conservação as perguntas que foram elaboradas, que posteriormente foram

respondidas via e-mail, melhorando a fundamentação das informações prestadas na entrevista.

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Figura 20: Perguntas encaminhadas para o Chefe do Departamento de Unidades de

Conservação da SEMURB, José Petronilo da Silva Júnior. Fonte: Nilson Cunha (Perguntas “escaneadas” em Dezembro de 2.008)

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No dia 18 de Dezembro de 2.008, esteve-se na 45ª Promotoria de Justiça de

Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual em Natal, onde foi exposto

rapidamente para a promotora Gilka da Mata Dias o tema do Trabalho de Conclusão de

Curso, e o papel importante do Ministério Público em relação as ações que venham a acelerar

o processo de expansão do Parque da Cidade pelo poder público municipal, bem como das

atividades para minimizar as agressões na área do Parque e seu entorno, especificamente na

SZ1-A da ZPA 1.

Tendo em vista a grande demanda de atividades na Promotoria de Meio

Ambiente, a promotora Gilka da Mata respondeu as perguntas que foram elaboradas via e-

mail.

Figura 21: Perguntas encaminhadas em anexo ao ofício para a Promotora de Meio

Ambiente do Ministério Público do Rio Grande do Norte, Dr.ª Gilka da Mata Dias.

Fonte: Nilson Cunha (Perguntas “escaneadas” em Dezembro de 2.008)

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3.3 – REALIZAÇÃO DE VISTORIAS “IN LOCO”

Com o intuito de registrar “in loco” a situação atualizada na área do Parque da

Cidade e seu entorno, foram efetuadas vistorias no interior da Unidade de Conservação (Dia 6

de Dezembro de 2.008) e no entorno da SZ1-A da ZPA 1 (Dia 22 de Dezembro de 2.008).

Estas vistorias também serviram para poder-se contar com informações e parâmetros de

comparação entre o início da criação da Unidade de Conservação até a presente data.

Em termos de equipamentos de apoio técnico na realização destas vistorias, se

utilizou o aparelho de GPS tipo Garmin 12, ajustado para o Datum SAD’69 <Brasil> e para a

obtenção de pontos de Coordenadas UTM, sendo posteriormente elaborado pelo programa

“Track Maker” um “croquis georeferenciado” das áreas que foram visitadas.

Figura 22: “Croquis georeferenciado” mostrando os trajetos percorridos nas vistorias “in

loco” ocorridas nos dias 6/12/2008 (tracejado em preto) e 22/12/2008 (tracejado em vermelho).

Fonte: Nilson Cunha (Croquis elaborado em Janeiro de 2.009)

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Este “croquis esquemático” foi elaborado na perspectiva de “espacializar” e

contextualizar as diferentes observações realizadas nas vistorias, inclusive servindo também

para a sobreposição em imagens aéreas utilizando o programa “Google Earth”.

Com o objetivo de registrar e ilustrar os diferentes aspectos verificados nas

vistorias “in loco”, foi utilizada uma máquina fotográfica digital.

Figura 23: Foto da entrada do Parque da Cidade pela Avenida Omar O’Grady (Prolongamento da

Av. Prudente de Morais) no bairro de Candelária (Portal de Entrada Leste). Fonte: Nilson Cunha (Foto tomada na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tomando como base a metodologia escolhida para a realização deste Trabalho

de Conclusão de Curso, foi efetuado preliminarmente um levantamento bibliográfico quanto à

caracterização da ZPA 1 e dos estudos ambientais que fundamentaram a criação do Parque da

Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte, com vistas a propiciar uma base teórica sólida na

contextualização da área de estudo.

Após este levantamento bibliográfico para a fundamentação teórica, foram

realizadas vistorias “in loco” na área do Parque da Cidade e no seu entorno, especificamente

na Subzona de Conservação 1-A da ZPA 1, além da realização de entrevistas com o chefe da

Unidade de Conservação e com representante do Ministério Público Estadual.

4.1 – RESULTADOS

4.1.1 Vistorias “in loco”

Foram efetuadas duas vistorias “in loco” (dias 6 e 22 de Dezembro de 2008)

para coleta de informações e subsídios, com vistas a detectar diferentes aspectos ligados a

situação atual das áreas no interior do Parque da Cidade e no seu entorno, especificamente na

Subzona de Conservação 1-A da ZPA 1.

Para apoiar estes levantamentos, utilizou-se o equipamento de GPS Garmin 12

(ajustado para o Datum SAD’69 <Brasil> e Coordenadas UTM) para marcação de pontos de

coordenadas e elaboração de “croquis georeferenciados”, e máquina fotográfica digital, para a

tomada de fotos retratando os diferentes aspectos observados.

4.1.1.1 Vistoria realizada em 6 de Dezembro de 2.008

Iniciou-se esta vistoria observando o limite Leste do Parque da Cidade,

localizado na Avenida Omar O’Grady (prolongamento da Av. Prudente de Morais) no bairro

de Candelária, com este se mostrando cercado por uma grade que delimita este limite do

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Parque. Destaca-se que não foi verificada cercas ou qualquer outra delimitação física nos

limites Norte e Sul do Parque da Cidade, sendo que esta pode ser uma das estratégias para

possibilitar a anexação de áreas vizinhas com as mesmas características ambientais (campos

dunares), como ocorreu no final do ano de 2008.

Adentrando pelo Pórtico de Entrada Leste da Unidade de Conservação,

observou-se além da guarita de entrada com recepcionista e soldados da Guarda Municipal,

um estacionamento com capacidade para 230 vagas, sendo que se pode ter a primeira visão da

torre projetada por Oscar Niemayer que conta com o Memorial de Natal.

Figura 24: (A) Foto da entrada do Parque da Cidade pela Avenida Omar O’Grady no bairro de

Candelária (Portal de Entrada Leste da UC) e Visão da Torre projetada por Oscar Niemayer que abriga o Memorial de Natal (B).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Observa-se que a Torre Panorâmica se mostra situada em uma área de crista

dunar degradada, sendo que pela localização da torre, pode-se ter uma visão de grande parte

da cidade de Natal. Verificou-se que existe um acesso a esta torre ainda em processo de

construção, havendo ainda, a necessidade de que seja feita a recomposição de parte dos

flancos dunares que sofreram degradação com a implantação da Torre e da Praça de Eventos

desta Unidade de Conservação.

Logo na entrada do Parque da Cidade pode-se ter uma noção da importância

desta área, que engloba um significativo campo dunar e desempenha grande importância no

que se refere a recarga do aqüífero, diversidade biológica, amenização climática, etc. Sobre

A B

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este ecossistema dunar, encontra-se na sua maior porção vegetação arbustiva/arbórea de

Restinga, também conhecida comumente como de Tabuleiro Costeiro, variando de rarefeita

(nas cristas dunares que sofreram com ação antrópica) à densa (principalmente nos vales

dunares).

Figura 25: Foto com visão panorâmica do campo dunar que compõe a área do

Parque da Cidade, com vegetação comumente conhecida como de Tabuleiro Costeiro, variando de rarefeita à densa. Foto tomada do Ponto

de Coordenadas UTM: Zona 25M / 253323,504 / 9352915,058 Fonte: Nilson Cunha (Foto tomada na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Iniciando uma caminhada em direção ao limite Oeste do Parque da Cidade

(bairro de Cidade Nova) por uma das trilhas pavimentadas que cortam toda esta Unidade de

Conservação, verificou-se neste trajeto o plantio de mudas de espécies nativas na lateral desta

trilha. Entretanto a mortalidade das mudas se mostra bastante significativa, possivelmente por

falta de irrigação de salvação e de técnicas silviculturais que venham a reter maior umidade

no solo (cobertura morta, por exemplo), que se mostra com característica bastante arenosa.

Observou-se que as chamadas “trilhas ecológicas” existentes nesta Unidade de

Conservação foram implantadas aproveitando caminhos pré-existentes na área, sendo que

além de serem pavimentadas, o que permite a realização de caminhadas, corridas e prática de

ciclismo, as trilhas contam com áreas de descanso, sanitários e placas de sinalização e

orientação para a conscientização ambiental do visitante.

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Figura 26: Fotos com visão de um dos pontos de descanso e banheiros existentes no trajeto das trilhas pavimentadas do Parque da Cidade (A), e de placas indicativas de faixa de ciclismo e de localização e conscientização junto a área de descanso (B). Foto A tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 253104,117 / 9353022,551 Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Continuando o trajeto já na chamada Trilha do Vento, observou-se que estes

acessos contam com demarcação de faixas horizontais no seu piso, em que se mostram

delimitadas as áreas de ciclistas e de pedestres. Destaca-se que em toda a trilha existem

pontos de drenagem que evitam possíveis alagamentos neste trajeto no período chuvoso.

Em termos de conservação deste trajeto, verificou-se a presença de

funcionários do Parque da Cidade realizando trabalhos de limpeza na trilha.

Figura 27: Foto com visão de funcionários realizando trabalho de limpeza da

trilha. Foto tomada do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M /

253027,807 / 9353299,028 Fonte: Nilson Cunha (Foto tomada na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

A B

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Continuando a caminhada, chegou-se ao entroncamento com outra trilha que

leva até a Praça de Eventos da Unidade de Conservação, sendo que se optou em continuar a

seguir pela chamada “Trilha do Lagarto” em direção ao limite Oeste do Parque da Cidade no

bairro de Cidade Nova.

A B Figura 28: Fotos de ponto de entroncamento de trilhas, mostrando área de descanso e trilha que segue

em direção a Praça de Eventos do Parque da Cidade (A) e continuidade de trilha (“Trilha do Lagarto”) em direção a entrada Oeste da UC no bairro de Cidade Nova (B). Fotos

tomadas do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 252805,003 / 9353434,636 Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

No trajeto observou-se a presença de uma viatura da Guarda Municipal de

Natal realizando uma ronda nesta trilha, sendo que a segurança se mostra como uma

preocupação na área do Parque da Cidade, não só em relação a algum problema ambiental que

possa ocorrer, mas também para proporcionar tranqüilidade aos freqüentadores desta Unidade

de Conservação.

Ao final da “Trilha do Lagarto”, verificou-se que a área de descanso e os

banheiros desta estrutura ainda se mostram em construção, caracterizando que apesar da sua

inauguração em Junho de 2008, o Parque da Cidade ainda não se mostra plenamente

concluído.

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Figura 29: Foto de área de descanso e banheiros ainda em construção no final da

chamada “Trilha do Lagarto”. Foto tomada do Ponto de Coordenadas

UTM: Zona 25M / 252435,822 / 9353914,452

Fonte: Nilson Cunha (Foto tomada na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Continuando o trajeto agora já na chamada “Trilha do Pôr do Sol”, chegou-se

ao limite Oeste do Parque da Cidade onde ficará o Pórtico de Entrada, com acesso pela Rua

Santo Amaro no bairro de Cidade Nova.

Detectou-se que também neste setor as obras não se mostram concluídas, com

destaque para o ponto de descanso e banheiros situados no alto do campo dunar; o Pórtico de

Entrada; a área de estacionamentos e o “Plano Inclinado”, que se constitui num sistema

mecânico de elevação com cabine sobre trilhos, destinado ao transporte de visitantes até o alto

da duna situada nesta porção do Parque da Cidade.

Deve-se destacar que na visita a este ponto do Parque da Cidade, é possível

contar com uma visão panorâmica do bairro de Cidade Nova do alto deste campo dunar, além

de poder-se visualizar as dunas do bairro Guarapes e o antigo Lixão de Natal, que foi

recentemente desativado, tendo em vista a inauguração de um aterro sanitário no Município

de Ceará Mirim.

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A B

C D

Figura 30: Fotos observando as obras ainda não concluídas no Pórtico Oeste do Parque da Cidade, entre elas a Guarita de Entrada (A); o ponto de descanso e banheiros situados no alto do campo dunar (B); e o “Plano Inclinado” (C). Destaque para a visão panorâmica do alto da duna do bairro de Cidade Nova, dunas do Guarapes e do antigo Lixão de Natal (D). Fotos tomadas do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 251942,965 /

9354408,019

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Neste ponto do Parque da Cidade encontrou-se alguns componentes da Guarda

Municipal que estavam realizando uma ronda rotineira no local, sendo que em conversa

informal, estes observaram que desempenham as suas atividades na fiscalização do Parque

num esquema de plantão, com a função principal da Guarda estando voltada para propiciar

segurança aos freqüentadores nesta Unidade de Conservação.

No que concerne a realização de ações voltadas para a proteção ambiental, o

grupo da Guarda Municipal lotado no Parque da Cidade (a chamada Guarda Ambiental

Municipal) funciona propiciando um apoio aos técnicos do Parque e da SEMURB em ações

de fiscalização.

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Na discussão foi observado que este grupo da Guarda Municipal poderia ser

melhor utilizado nas ações de fiscalização ambiental, principalmente em atividades

sistemáticas de monitoramento e prevenção na Zona de Proteção Ambiental 1, já que

atualmente este grupo se mostra atuando fora da Unidade de Conservação somente quando

convocado pela fiscalização da SEMURB.

Retornando ao ponto de entroncamento no início da “trilha do lagarto”, seguiu-

se agora pela trilha que leva até a Praça de Eventos do Parque da Cidade.

Chegando à Praça de Eventos pode-se observar melhor a Torre Panorâmica

que abriga o Memorial de Natal e o Centro de Visitantes, que concentra a administração da

Unidade de Conservação (gerenciamento do Parque, serviços administrativos e Guarda

Municipal); Centro de Educação Ambiental, Biblioteca e Auditório.

A B

C D

Figura 31: Fotos observando em visão mais geral a Praça de Eventos (A e B), e detalhe da Torre (C) e do Centro de Visitantes (D). Fotos tomadas do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 253253,379 / 9352914,780

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Na Praça de Eventos observou-se a presença da estátua de Dom Nivaldo

Monte e de placas com mensagens do arquiteto Oscar Niemayer e do prefeito de Natal.

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A B

C D

Figura 32: Fotos tomadas na Praça de Eventos observando a estátua de Dom Nivaldo Monte (A), e placas com homenagem a Dom Nivaldo (B) e com mensagens do arquiteto Oscar Niemayer (C) e do Prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (D).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Seguindo para o Centro de Visitantes do Parque da Cidade, observou-se que ali

se concentra a Administração da Unidade de Conservação; o ponto de apoio da Guarda

Municipal; o Centro de Educação Ambiental, composto de salas de aula para realização de

oficinas de reciclagem e artes, oferecimento de visitas programadas, exposições, etc.; a

Biblioteca da Unidade de Conservação, que conta com acervo bibliográfico com ênfase na

temática ambiental; Auditório com capacidade para 200 pessoas; Lanchonete e Cafeteria;

Cozinha de Apoio e Sanitários. No interior do Centro de Visitantes, também se observou uma

grande maquete do Parque da Cidade, que se mostra muito interessante como parte para o

desenvolvimento de ações voltadas para a Educação Ambiental.

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A B

Figura 33: Fotos do Auditório do Parque da Cidade (A) e de parte da maquete do Parque existente no Centro de Visitantes (B).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Na visita ao Centro de Visitantes manteve-se contato com a engenheira

florestal da Unidade, Neusa Célia, com esta nos mostrando as instalações do Centro. Visitou-

se a sala do Setor de Manejo, onde pode ser observado um “Livro de Ocorrências”, onde são

registradas diariamente as ações de fiscalização e monitoramento da equipe do Parque da

Cidade e da SEMURB, que por determinação judicial contida em Ação Civil Pública

impetrada pelo Ministério Público Estadual, efetua atividades de fiscalização diárias em toda

ZPA 1.

Após a visita ao Centro de Visitantes, seguiu-se para o alto da Torre

Panorâmica que abriga o Memorial de Natal, que se mostra sob responsabilidade da Fundação

Capitania das Artes (FUNCARTE) da Prefeitura Municipal de Natal. Inaugurado em 14 de

Novembro de 2008, o Memorial abriga uma exposição sobre a evolução urbana e a história do

desenvolvimento físico, econômico e intelectual de Natal.

Com apoio e orientação da técnica da FUNCARTE Kayonara Alves, assistiu-

se inicialmente o filme “Cidade do Sol: sob o Céu entre Rios, Dunas e Mar”, que com a

duração de 12 minutos, propicia um resumo sobre diferentes aspectos sócio-ambientais e

históricos da cidade.

Após assistir o documentário principal iniciou-se uma visita a exposição, onde

através de grandes painéis com textos e fotos e equipamentos de multimídia, são abordados

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aspectos da pré-história; o período de fundação e colonização de Natal e do Rio Grande do

Norte; o papel dos índios e jesuítas; a importância de Natal na 2ª Guerra Mundial, como o

chamado “Trampolim da Vitória”, etc.

A B

C D

Figura 34: Fotos dos painéis da exposição abordando aspectos da pré-história (A), Período de fundação da cidade (B), o crescimento da cidade no início do século XX (C) e a participação de Natal na 2ª Guerra Mundial como ponto estratégico para a aviação dos países aliados (D).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008)

Para apoiar o exposto nos painéis existem quatro totens multimídia, que

sequencialmente, através de sete documentários com durações que variam entre seis e quinze

minutos, aprofundam os assuntos retratados na exposição. A exposição também conta com

cerca de vinte peças históricas, que representam diferentes períodos da história da cidade do

Natal, como as estátuas dos três Reis Magos e a arca do Capitão Mor.

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A B

Figura 35: Fotos de algumas peças na exposição do Memorial de Natal, como a Arca do Capitão Mor (A) e as estátuas dos Reis Magos (B).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008) Outro ponto que se mostra como um diferencial do Memorial de Natal, é o fato

de que do alto da torre, que conta com altura total de 45 metros, os visitantes podem observar

grande parte da cidade, já que as paredes desta estrutura são de vidro.

A B

Figura 36: Fotos tomadas do alto da Torre onde se mostra o Memorial de Natal, observando a entrada Leste do Parque, estacionamento e parte da cidade de Natal (A); e visão geral do interior do Parque da Cidade e do extenso campo dunar localizado na Subzona de Conservação 1 - A da ZPA 1 (B).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 6 de Dezembro de 2008) Depois de terminado o trabalho de observações e levantamento com apoio de

equipamento GPS, elaborou-se um pequeno “croquis esquemático” com a trilha feita nesta

vistoria e com os pontos tomados em campo, sendo feito posteriormente, a sobreposição deste

levantamento em imagem aérea obtida na INTERNET no programa “Google Earth”.

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A B

Figura 37: “Croquis Esquemático” com trilha e pontos tomados em campo através de GPS na vistoria realizada no dia 6 de Dezembro de 2008 (A), e sobreposição deste levantamento em imagem obtida no programa “Google Earth” (B).

Fonte: Nilson Cunha (Croquis e sobreposição efetuados em Janeiro de 2009)

4.1.1.2 Vistoria realizada em 22 de Dezembro de 2008

Esta vistoria teve o objetivo de realizar observações “in loco” em áreas

localizadas no entorno da Subzona de Conservação 1-A da ZPA 1, onde se encontra inserido

o Parque da Cidade, detectando os diferentes impactos ambientais neste entorno. Foi possível

também fazer uma comparação da realidade atualmente verificada com o que foi observado

na vistoria realizada em Novembro de 2006 por analistas ambientais do IBAMA/RN.

Com apoio do equipamento GPS e de máquina fotográfica digital, iniciou-se o

trabalho percorrendo o entorno da SZ1-A começando pela Avenida Omar O’Grady

(prolongamento da Avenida Prudente de Morais), junto ao limite desta Subzona com o da

outra Subzona de Conservação da ZPA 1 (SZ1-B), seguindo em direção ao bairro de

Candelária (Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 252916,437 / 9352162,144).

Antes de chegar à entrada Leste do Parque da Cidade, observou-se da Avenida

Omar O’Grady a porção que foi desapropriada em Dezembro de 2008 pela Prefeitura de

Natal, que será incorporada a Unidade de Conservação com área de aproximadamente 64

hectares no limite Sul do Parque, com esta área se mostrando caracterizada por um extenso

campo dunar com cristas e vales recobertos por vegetação nativa herbácea/arbustiva.

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Figura 38: Fotos tomadas a partir da Avenida Omar O’Grady da porção que foi desapropriada em Dezembro de 2008 pela Prefeitura de Natal, que se caracteriza por ser um extenso campo dunar recoberto com vegetação herbáceo-arbustiva. Fotos tomadas do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 253454,740 / 9352341,128

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Na entrada Leste do Parque da Cidade observou-se a presença de um dos poços

da CAERN existentes nesta região da cidade, que se mostra configurada como um dos pontos

de captação de águas subterrâneas sem um grau de contaminação significante em Natal.

A B

Figura 39: Fotos onde se pode observar além da Torre do Parque da Cidade, um dos poços da CAERN de onde é extraída boa parte da água consumida de Natal (A), e o Pórtico de Entrada Leste do Parque da Cidade (B). Foto tomada do Ponto de Coordenadas UTM:

Zona 25M / 253518,648 / 9352860,048

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Seguindo pela Avenida Omar O’Grady antes de chegar à Avenida Governador

Tarcísio de Vasconcelos Maia (antiga Avenida da Integração), observou-se a área

denominada na proposta de Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN 2007) como

“Subzona de Uso Conflitante 2 - SZUC 2 (Granja)”.

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Esta área se mostra com alterações significativas da vegetação natural,

principalmente pelo plantio de espécies como coqueiros, cajueiros, mangueiras e outras

frutíferas.

Figura 40: Foto tomada junto a Avenida Omar O’Grady mostrando porção

antropizada, denominada no Plano de Manejo da ZPA 1 como Subzona de Uso Conflitante 2 (SZUC 2). Foto tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 253832,482 / 9353598,342

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008) Chegando na Av. Governador Tarcísio de Vasconcelos Maia, observou-se uma

faixa urbanizada na SZ 1-A com a largura variando de 100 à 200 metros, com a presença de

edificações com predomínio de uso residencial (casas ou pequenos blocos de apartamentos);

lotes cercados com cercas de arame farpado; ambientes dunares com terraplenagem;

deposição de metralha de construção e lixo.

Destaca-se que na proposta de Plano de Manejo da ZPA 1, esta área seria a

denominada como “Zona de Urbanização Controlada”, que teria o objetivo de tentar

compatibilizar a sua ocupação com as restrições impostas pela legislação para a conservação

dos atributos naturais da ZPA 1, na forma de uma “zona de amortecimento”.

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Observou-se ainda neste setor, um início de queimada na vegetação herbácea

que predomina esta faixa antropizada, sendo que devido o período seco do ano, esta seria um

dos maiores problemas nesta parte da ZPA 1.

A B

Figura 41: Fotos tomadas da Av. Governador Tarcísio Maia, observando lotes cercados com arame

farpado, residências isoladas, marcas de terraplenagens antigas de vales dunares e início de queimada na vegetação herbácea que se mostrava seca à época (A). Visão da faixa urbanizada localizada na SZ 1-A, junto a antiga Avenida da Integração, com destaque para alguns pequenos blocos de apartamentos (B). Foto tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 254009,426 / 9353938,488

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Pela Avenida Tarcísio Maia chegou-se até o final da Rua Jaguarari, sendo que

a partir deste ponto seguiu-se por acesso carroçável em direção a localidade de Nova Cidade.

Destaca-se que neste trajeto há uma grande deposição de metralha de construção civil na faixa

junto ao limite da SZ1-A, muitas vezes misturado com outros tipos de resíduos.

Figura 42: Fotos tomadas no acesso carroçável em direção a Nova Cidade, com uma grande deposição de metralha de construção civil, muitas vezes misturado com outros resíduos. Fotos tomadas do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 253510,062 /

9354278,336

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

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Neste no acesso carroçável em direção a Nova Cidade, verificou-se que este se

mostra como um dos pontos de pressão antrópica mais significativos da SZ1-A. Foi observada

além da deposição de metralha e lixo, processos de ação erosiva em determinados pontos do

campo dunar, causado pela destruição da vegetação fixadora por queimadas.

A B

Figura 43: Foto A tomada no Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 253169,970 / 9354466,891 mostrando muito lixo espalhado e metralha de construção civil, se observando ao fundo diversos barracos no flanco dunar da SZ1-A. A Foto B tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 253350,438 / 9354367,314, mostra além de metralha de construção civil, parte de campo dunar com ação erosiva devido a destruição da sua vegetação fixadora por queimadas.

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Chegando à localidade de Nova Cidade, constatou-se diversas ruas sem

calçamento e diferentes pontos com deposição de lixo e com água residual de esgotos

correndo livremente pelos acessos. Nesta localidade foi verificado que existem diversas

construções de baixa renda (barracos) situadas nas encostas do campo dunar da SZ1-A, sendo

que devido ao acesso difícil de veículos, não se conseguiu chegar às áreas situadas no alto das

dunas.

Seguindo pelos acessos contornando esta Subzona de Conservação, observou-

se que mesmo áreas já urbanizadas se mostram ocupando flancos dunares, sendo que

conforme a proposta do Plano de Manejo da ZPA 1 (FUNPEC/UFRN 2007), estes espaços

estariam compondo a chamada “Subzona de Uso Conflitante 1 - SZUC 1”. Na proposta do

Plano de Manejo, é apontado para o reconhecimento dessas urbanizações como de interesse

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social, tornando possível o ajustamento da regulamentação do seu uso, mas devendo ocorrer o

controle rígido de suas expansões sobre as áreas protegidas da ZPA 1 em Nova Cidade.

A B

Figura 44: Foto A mostrando diversas construções de baixa renda subindo por flancos dunares na área de Nova Cidade. A Foto B tomada do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M /

252643,500 / 9354595,956 , mostra uma das áreas urbanizadas que “sobe” pelo flanco dunar da SZ1-A.

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Dando prosseguimento a vistoria “in loco” trafegando pelas estreitas ruas que

se mostram ao redor do campo dunar da SZ1-A, chegou-se ao bairro de Cidade Nova, que se

caracteriza em sua maior parte pela presença de casas humildes situadas limítrofes a esta

Subzona de Conservação da ZPA 1.

Observou-se que as encostas dunares da SZ1-A existentes nesta bairro, se

mostram em sua maior porção com vegetação nativa as recobrindo e protegendo, sendo que

entretanto, em alguns pontos verificou-se que estaria ocorrendo um “aumento dos terrenos”,

com destruição da vegetação fixadora e retirada de areia das encostas dunares. Destaca-se que

esta prática além de se mostrar degradadora do meio ambiente, faz com que venha a ocorrer o

“escorregamento” do talude de areia do flanco dunar, tendo em vista a inexistência de

vegetação fixadora.

Chegando ao ponto onde se mostra a entrada Oeste do Parque da Cidade na

Rua Santo Amaro no bairro de Cidade Nova, verificou-se que as obras neste local ainda se

encontram em fase de construção. Considerando que o Parque já foi inaugurado, se mostra

necessária a conclusão do Pórtico de Entrada, Guarita, Estacionamentos nesta parte da

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Unidade, e do sistema mecânico com cabine sobre trilhos (Plano Inclinado), destinado ao

transporte de visitantes até o alto da duna nesta parte do Parque da Cidade.

A B

Figura 45: Foto A mostrando diversas casas no bairro de Cidade Nova que se situam limítrofes a SZ1-A da ZPA 1, com vegetação nativa recobrindo e protegendo as encostas, com alguns pontos ocorrendo depredação da vegetação e retirada de areia (Foto tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 252171,646 / 9354738,883). A Foto B tomada do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 251873,811 / 9354461,747, mostra a entrada Oeste do Parque da Cidade em Cidade Nova, que ainda mostrava-se em fase de construção.

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Continuando o trajeto pelas ruas do bairro de Cidade Nova junto ao campo

dunar da SZ1-A, verificou-se um campo de futebol situado em uma depressão interdunar (“pé

da duna”), que se mostra com utilização tradicional para a prática de atividades esportivas e

de lazer pela comunidade do bairro.

No Plano de Manejo proposto para a ZPA 1 (FUNPEC/UFRN 2007), esta área

se mostra classificada como a “Subzona de Uso Extensivo 4 (SZUE 4)”, tendo como objetivo

compatibilizar as práticas esportivas tradicionais às necessidades de conservação ambiental da

ZPA 1.

Ao redor deste campo de futebol verificou-se a presença de vegetação

arbustiva/arbórea densa recobrindo a encosta dunar, sendo que em determinados pontos foi

observada degradação antrópica, principalmente causada pela supressão da vegetação

fixadora das dunas.

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A B

Figura 46: Fotos do campo de futebol de Cidade Nova onde se pode observar alguns pontos com degradação da vegetação que recobre a encosta dunar (A), e a característica bastante densa da vegetação neste ponto que recobre este campo dunar (B). Fotos tomadas do Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 251895,625 / 9353908,742. Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Chegando ao final de Cidade Nova cruzou-se a Linha Férrea nas proximidades

do antigo Lixão de Natal, que foi desativado com a construção do Aterro Sanitário da Região

Metropolitana no Município de Ceará Mirim, sendo observado uma área do campo dunar que

teve a sua vegetação fixadora degradada há algum tempo atrás para interligar os bairros de

Cidade Satélite/Pitimbú e Cidade Nova.

Figura 47: Foto de dunas junto a Linha Férrea que teve a sua vegetação

fixadora destruída há algum tempo atrás para construção de acesso entre os bairros de Cidade Satélite/Pitimbú e Cidade Nova. Foto

tomada do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 251371,124 /

9354139,283. Fonte: Nilson Cunha (Foto tomada na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

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Destaca-se que a obra foi embargada à época pelo IBAMA/RN, pois além de

descumprir o previsto na legislação ambiental, havia a possibilidade de vir a ocorrer um

inevitável “escorrimento” de areia de dunas em direção a Linha Férrea, com probabilidade de

ocasionar acidentes trágicos com o soterramento dos trilhos. Como alternativa de acesso, foi

feita a pavimentação de uma estrada carroçável anteriormente utilizado pelos veículos para

ligação destes bairros de Natal.

Neste trajeto em direção ao bairro Pitimbú, observou-se muitas casas nas

proximidades da Linha Férrea, num quadro bastante diferente do que foi constatado na

vistoria dos analistas do IBAMA/RN em 2006, quando ainda se observava o início das

construções na região.

Entretanto, foi verificada uma questão similar nas duas vistorias realizadas

neste setor, no que tange a degradação da vegetação do campo dunar pertencente a SZ1-A,

provocado principalmente por queimadas criminosas que impactam seriamente a vegetação

fixadora deste ecossistema.

A B

Figura 48: Fotos comparativas das áreas no trajeto de Cidade Nova em direção ao bairro Pitimbú, sendo que a Foto A foi tomada quando da vistoria realizada por analistas do IBAMA em Novembro de 2006, onde se pode observar o início de construções de casas de população de baixa renda. Na Foto B tomada na vistoria realizada em Dezembro de 2008 (Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 251293,826 / 9353702,197), se constata a ocupação de muitas casas nas proximidades da Linha Férrea, sendo que a situação do campo dunar localizado nas vizinhanças continua se mostrando com vegetação rarefeita e degradada.

Fonte: Nilson Cunha (Foto A tomada na vistoria realizada em Novembro de 2006 e Foto B tomada na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

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Chegando ao bairro Pitimbú, iniciou-se o levantamento pela Avenida Abreu e

Lima que se mostra junto ao campo dunar da SZ1-A, sendo verificado a presença de algumas

casas junto a encosta, com estas construções, que se mostram situadas dentro da ZPA 1,

contando com um padrão um pouco melhor em comparação com as de Cidade Nova.

Trafegando por toda a Avenida Abreu e Lima, constatou-se o lançamento de

muito lixo na avenida e na base do campo dunar, além do plantio de algumas árvores nos

sopés das dunas feita por moradores que moram nas vizinhanças.

Figura 49: Fotos observando casas junto a encosta dunar dentro da SZ1-A da ZPA 1 (Ponto de

Coordenadas UTM: Zona 25M / 251637,921 / 9353703,570), e lançamento de lixo na Avenida junto a campo dunar (Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 251775,628 /

9353597,298) Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Ao final da Avenida Abreu e Lima constatou-se uma extensa área com

topografia plana situada junto ao campo dunar, com esta se mostrando cercada e com placas

da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte (DATANORTE),

proibindo a entrada de pessoas na área, observando os dispositivos legais e números de

telefone para denúncias.

Seguindo a cerca que delimita o terreno da DATANORTE chegou-se no setor

onde se mostra o Horto Florestal Parque do Pitimbú, fruto da parceria entre uma ONG e

entidades governamentais, onde se destaca a SEMURB.

Neste ponto pode-se ter uma melhor visão da área cercada pela DATANORTE

que vai até o sopé do campo dunar da SZ1-A, contando com vegetação herbáceo-arbustiva

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secundária rarefeita, sendo que em alguns pontos pode-se detectar marcas de que esta área

servia anteriormente como depósito de lixo e metralha de construções.

Figura 50: Fotos observando a placa do Horto Florestal do Pitimbú e área vizinha de propriedade da DATANORTE, que conta com topografia plana indo até o sopé das dunas; vegetação herbáceo-arbustiva e marcas de colocação de lixo e metralha anteriores. Fotos tomadas

do Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 252182,179 / 9352987,669 Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Trafegando agora pelas Ruas Ararúna, Lago da Pedra e Niquelândia no

Conjunto Cidade Satélite, situadas paralelas ao terreno cercado da DATANORTE, verificou-

se a presença de um campo de futebol no interior desta área, que funciona como ponto de

lazer para os moradores deste bairro.

A B

Figura 51: No Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 252600,926 / 9352447,522, situado na Rua Niquelândia, foram tomadas fotos onde se pode observar além do campo de futebol na área da DATANORTE, uma visão panorâmica de todo limite Sul da SZ1-A da ZPA 1, com destaque para o extenso campo dunar (Fotos A e B).

Fonte: Nilson Cunha (Fotos tomadas na vistoria de 22 de Dezembro de 2008)

Terminando esta vistoria no entorno da SZ1-A, retornou-se ao ponto de saída

na Avenida Omar O’Grady (Ponto de Coordenadas UTM: Zona 25M / 252916,437 /

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9352162,144), sendo que como na vistoria realizada no dia 6 de Dezembro, elaborou-se um

“croquis esquemático” com a trilha e os pontos tomados em campo com o GPS, sendo feita a

sobreposição deste levantamento em imagem obtida na INTERNET no programa “Google

Earth”.

A

B

Figura 52: “Croquis Esquemático” com trilha e pontos tomados em campo através de GPS na

vistoria realizada no dia 22 de Dezembro de 2008 (A), e sobreposição deste levantamento em imagem obtida no programa “Google Earth” (B).

Fonte: Nilson Cunha (Croquis e sobreposição efetuados em Janeiro de 2009)

4.1.2 – Entrevistas realizadas

Seguindo a metodologia para a realização deste Trabalho de Conclusão de

Curso, foram realizadas entrevistas com o Chefe do Departamento de Unidades de

Conservação da SEMURB, Sr. José Petronilo da Silva Júnior, que estaria acumulando o cargo

de chefe do Parque da Cidade, e com a Promotora de Meio Ambiente do Ministério Público

Estadual, Drª Gilka da Mata Dias.

Com o encaminhamento de ofícios explicando o objetivo do trabalho e

agregando em anexo diferentes quesitos relacionados à temática escolhida, optou-se por

agendar com os entrevistados a possibilidade de um contato pessoal para a obtenção das

respostas as perguntas formuladas, e/ou o encaminhamento destas respostas por e-mail.

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4.1.2.1 Entrevista com o Geógrafo José Petronilo da Silva Júnior

Após um agendamento prévio, efetuou-se a entrevista com o geógrafo José

Petronilo da Silva Júnior no dia 17 de Dezembro de 2008 na sede da administração do Parque

da Cidade, sendo que além das respostas prestadas nesta entrevista, o chefe da Unidade de

Conservação também efetuou o encaminhamento das respostas sistematizadas via e-mail,

melhorando a fundamentação das informações prestadas (Vide ANEXO V deste Trabalho de

Conclusão de Curso).

Iniciando-se a entrevista com José Petronilo, este observou que a área da ZPA

1 se mostrava totalmente privada, com grandes porções situadas nos loteamentos San Vale e

Henrique Santana, com a área original do Parque da Cidade se mostrando anteriormente como

de propriedade da empresa NIL Imóveis. Através de uma proposta para sanar algumas dívidas

com impostos municipais, foi aberta uma negociação para disponibilizar a área original do

Parque da Cidade, sendo que nesta negociação foi utilizado um instrumento previsto no Plano

Diretor de Natal, denominado “Transferência de Potencial Construtivo”.

Explicou que com a utilização da “Transferência de Potencial Construtivo”,

um proprietário de determinado imóvel impedido de utilizar o potencial construtivo básico

definido no Plano Diretor em razão de limitações urbanísticas relativas à proteção em

subzonas de conservação de ZPAs por exemplo, pode transferir o potencial não utilizável

desse imóvel para outras áreas com infra-estrutura compatível dentro de Natal. Desta forma,

este instrumento urbanístico faz com que se permita a desapropriação sem ônus pecuniário

para o município de áreas com interesse ambiental importantes, além de se mostrar como um

mecanismo de compensação para os proprietários em processos que visem à preservação

ambiental de determinada área particular.

Observou que o recente decreto de ampliação do Parque da Cidade (N.º 8.608

de 11 de Dezembro de 2.008), também utilizou a “Transferência de Potencial Construtivo”

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com a mesma empresa NIL Imóveis, acrescentando uma área de aproximadamente 64

hectares no limite Sul do Parque da Cidade, dobrando assim a sua superfície.

Em relação a indicação desta nova área que foi anexada ao Parque da Cidade,

na forma de mapa ou levantamento topográfico, foi observado que este mapeamento ainda

encontra-se em fase de elaboração pela SEMURB.

José Petronilo observou que existe também uma outra grande área vizinha no

limite Norte do Parque da Cidade, que segundo informações pertenceria ao Grupo

Empresarial Capuche. Apesar desta informação não se mostrar oficial, esta área num período

futuro poderia também fazer parte de um processo de negociação onde com a utilização da

“Transferência do Potencial Construtivo”, se poderia fazer a expansão da área do Parque

também nesta porção do campo dunar da SZ1-A.

Em relação a infra-estrutura do Parque da Cidade, foi observado que apesar de

ainda se mostrar no início da organização, a Unidade já conta com uma boa base de trabalho,

sendo que o Departamento de Atividades em Unidades de Conservação (DAUC) ligado a

SEMURB, funciona nas dependências do Parque.

Além da estrutura física de boa qualidade, atualmente mostra-se em pleno

funcionamento o Setor de Manejo, o Centro de Educação Ambiental, o Setor

Administrativo/Financeiro e a Guarda Municipal que desenvolve atividades na Unidade. A

biblioteca está ainda em processo de estruturação e catalogação do acervo, mas já recebe

alguns freqüentadores para realização de pesquisas, principalmente em relação a questões

ambientais.

Observou que a Unidade de Conservação funciona nos períodos da manhã e

tarde com entrada gratuita, recebendo além de moradores de Natal, vários visitantes do Rio

Grande do Norte e de outros Estados e países. Destacou que alunos de escolas municipais

semanalmente visitam em caravanas o Parque da Cidade, onde participam de caminhadas

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orientadas pelas trilhas da Unidade, palestras e outras atividades educativas sobre diferentes

temáticas ambientais.

Outro destaque da Unidade seria o Memorial de Natal, que se mostra sob

responsabilidade da Fundação Capitania das Artes (FUNCARTE). Situado no alto da Torre

projetada por Oscar Niemayer, os visitantes podem conhecer através de documentários,

painéis ilustrativos, equipamentos de multimídia e peças históricas, diferentes aspectos

ligados a cidade de Natal.

O geógrafo José Petronilo observou na entrevista, que o número de

funcionários da Unidade se situa em torno de 70, sendo que posteriormente via e-mail, ele fez

o encaminhamento de um quadro detalhado com o número e lotação setorial dos servidores do

Parque da Cidade.

Quadro 7: Quadro com detalhamento dos funcionários do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte

Fonte: José Petronilo da S. Júnior (Dezembro 2008)

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No que concerne ao trabalho de monitoramento e fiscalização, José Petronilo

observou que houve uma decisão judicial acatando Ação Civil Pública do Ministério Público

Estadual, onde entre outras questões estaria o “congelamento” de construções na ZPA 1 até a

efetiva implantação de sistema de coleta e tratamento de esgotos e drenagem, e a

determinação de um trabalho de fiscalização sistemático nesta Zona de Proteção Ambiental.

Assim a SEMURB através da sua equipe de fiscalização, realiza ações de

monitoramento diárias em toda ZPA 1, muitas vezes com apoio da Guarda Municipal quando

existem possíveis situações de risco. Destacou que também existe um trabalho de observação

visual a partir do Centro de Visitantes do Parque, se acionando o Setor de Manejo da

Unidade, a fiscalização da SEMURB e/ou a Guarda Municipal quando é detectada alguma

ocorrência.

Em relação ao trabalho de fiscalização dentro do Parque da Cidade, este é

realizado diariamente pela equipe de campo do Setor de Manejo e pela Guarda Ambiental

Municipal, monitorando as condições ambientais da Unidade. Um dos pontos principais em

termos de fiscalização dentro da área do Parque, se refere a coibição da caça e captura de

animais silvestres nos seus limites, com o recolhimento de armadilhas, com este trabalho

sendo reforçado com apoio da equipe de fiscalização da SEMURB.

Entre outros problemas ambientais detectados pela fiscalização, se teria a

retirada de madeira e de plantas ornamentais (principalmente orquídeas) e a ocorrência de

queimadas, que nesta época do ano com a vegetação seca, se mostra como um dos principais

problemas na área do Parque da Cidade e do seu entorno.

Em termos de estrutura logística para a fiscalização, ela se mostra com cinco

veículos da Guarda Ambiental Municipal (dois quadricículos, dois automóveis marca Gol e

uma caminhonete tipo S10), que entretanto, são os únicos veículos da Guarda para a

fiscalização também nas outras ZPAs de Natal. No que concerne a logística de fiscalização do

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próprio Parque da Cidade, foi observado que se mostra importante um veículo próprio e

específico para a fiscalização da Unidade.

O contingente da Guarda Municipal para a proteção do Parque da Cidade se

mostra com plantões de 24 horas, com oito policiais por plantão, sendo que o trafego da

caminhonete da Guarda se restringe basicamente a área do Parque. O trabalho da Guarda

Municipal estaria mais relacionado a propiciar apoio a fiscalização ambiental quando

convocada, e prestar segurança aos freqüentadores do Parque da Cidade.

No que concerne as principais agressões ambientais no entorno do Parque da

Cidade, mais especificamente na SZ1-A da ZPA 1, estariam relacionadas a disposição de

resíduos sólidos da construção civil e lixo doméstico, o roubo de orquídeas, captura de

animais silvestres, realização de queimadas e prática de circulação de veículos “off road” em

trilhas abertas clandestinamente no campo dunar desta Subzona de Conservação.

Os principais pontos de ocorrência de problemas ambientais na área do entorno

do Parque da Cidade, seriam o final da Avenida Jaguarari com o início da Avenida da

Integração; as comunidades de Nova Cidade e Cidade Nova; as dunas do bairro Pitimbú e o

limite com o Conjunto Cidade Satélite.

José Petronilo observou que além das atividades de fiscalização, existe um

trabalho de sensibilização ambiental com os moradores do entorno da Unidade de

Conservação, com o objetivo de que estes possam vir a contribuir com a manutenção do

Parque da Cidade.

Em relação as estratégias para que possa ocorrer a expansão da área do Parque

da Cidade, foi observado que a “Transferência de Potencial Construtivo” presente no Plano

Diretor de Natal, seria o principal instrumento a ser trabalhado. Destacou que os donos de

terrenos dentro da Subzona de Conservação 1-A da ZPA 1 poderiam transferir o potencial

construtivo destes imóveis para outras áreas da Cidade, permitindo assim a desapropriação

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sem ônus pecuniário para o município, se expandindo o máximo possível a área da Unidade

de Conservação.

4.1.2.2 Entrevista com a Promotora de Justiça Gilka da Mata Dias

Com um agendamento prévio, se esteve no dia 18 de Dezembro de 2.008 na

45ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual em

Natal, onde se conversou com a promotora Gilka da Mata Dias, expondo rapidamente o tema

do Trabalho de Conclusão de Curso e o papel importante do Ministério Público em relação ao

acompanhamento das ações referentes ao Parque da Cidade e a Zona de Proteção Ambiental

1.

Tendo em vista a grande demanda de atividades na Promotoria de Meio

Ambiente, a promotora Gilka da Mata se comprometeu a responder as perguntas que foram

elaboradas e encaminhadas via ofício. As respostas aos quesitos foram prontamente enviadas

por e-mail (Vide ANEXO VI deste Trabalho de Conclusão de Curso), sendo que a promotora

também fez o envio de cópia da Ação Civil Pública impetrada contra o Município de Natal.

Destaca-se que nesta parte do trabalho será feita uma síntese das respostas

encaminhadas pela promotora, observando que a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio

Ambiente desde Junho de 2006 ajuizou uma Ação Civil Pública contra o Município de Natal

em relação a área da Zona de Proteção Ambiental 1, onde foi feito diferentes pedidos em sede

de liminar e de mérito nesta Ação objetivando a efetiva proteção da ZPA 1.

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente na Ação Civil Pública solicita em

sede liminar, que a Justiça determine ao Município de Natal que:

• Abstenha-se de conceder licença ambiental e/ou alvará de construção na

Subzona de Conservação (SZ1) da ZPA 1, sem que se tenha sido

concluídos os estudos ambientais relativos à referida Subzona, ou sem que

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a licença esteja compatível com as atividades que podem ser desenvolvidas

em Unidade(s) de Conservação na categoria de Proteção Integral;

• No caso de instituição de Unidade de Conservação de Proteção Integral na

SZ1, o Município deve seguir os trâmites estabelecidos pela Lei Federal

N.º 9.985/00, que instituí o Sistema Nacional de Gerenciamento de

Unidades de Conservação da Natureza – SNUC;

• Como exceção da impossibilidade de licenciamento de atividades na SZ1,

que seja autorizada com o devido licenciamento, a perfuração de poços

para abastecimento público de água potável para solucionar situações

emergenciais da população dos bairros que tem recebido água contaminada

por nitrato em suas residências;

• Efetive-se a contratação de empresa ou se formalize convênio com

Instituição de Ensino Superior e Pesquisa, para a realização de estudos

ambientais da SZ1, a ser desenvolvido por equipe técnica multidisciplinar,

contando com componente(s) com especialização em hidrogeologia;

• Devido a peculiaridade dos recursos hídricos subterrâneos da ZPA 1, que

sejam incluídos estudos hidrogeológicos considerando toda a Região desta

Zona de Proteção [incluindo a SZ1 e a Subzona de Uso Restrito (SZ2)], até

a margem esquerda do vale do Rio Pitimbú. Estes estudos devem fazer o

cadastramento de poços com reconhecimento da qualidade das águas;

mapeamento da ocupação do solo e fontes potenciais de contaminação;

definição de estratégias de manejo para preservação das águas

subterrâneas; entre outros estudos;

• Realize-se o cadastramento atualizado de todas as construções existentes na

SZ1, com identificação do tipo de construção existente e dos responsáveis

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pelas mesmas em regime de força-tarefa, através de servidores da

Prefeitura ou com a contratação de serviço de terceiros, num prazo exíguo

a ser concedido pela Justiça;

• O Município deve se abster de conceder qualquer licença ambiental de

instalação e de operação e qualquer alvará de construção na SZ2, sem

contar com um Plano de Esgotamento e de Drenagem para a área. Destaca-

se que os Planos de Esgotamento e Drenagem devem ser efetivamente

implantados no local para a concessão do licenciamento ambiental;

• O Município deve realizar atividades de fiscalização em toda SZ2 da ZPA

1, objetivando cadastrar todos os imóveis existentes, especificando todos os

licenciados e os não licenciados, com a aplicação das sanções

administrativas correspondentes às irregularidades verificadas, em prazo a

ser concedido pela Justiça;

• O Município deve abstenha-se de realizar qualquer pavimentação na ZPA

1, seja na SZ1 ou na SZ2, sem o precedente sistema de drenagem da área

devidamente implementado.

Nesta mesma Ação Civil Pública, foi feito pela Promotoria de Defesa do Meio

Ambiente pedidos de mérito para determinar a condenação do Município de Natal,

objetivando este realizar as seguintes obrigações:

• Delimitação da ZPA1 com estipulação precisa dos limites mencionados na

Lei 4.664/95; com fixação de cercas e com aposição de placas informativas

em vários locais do contorno da área, com informações que a área se

mostra como uma ZPA e com advertência das sanções relativas à

construção ou invasão da área;

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• Implementar um plano para desocupação das áreas da ZPA 1 no campo

dunar existente nos bairros de Pitimbú, Candelária e Cidade Nova

(Subzona de Conservação 1-A) invadidas por população de baixa renda,

com a re-locação desta população e recuperação da área atualmente

ocupada;

• Implementar um sistema de fiscalização continuada para toda a área da

ZPA 1, principalmente nas suas Subzonas de Conservação;

• Aplicar todas as sanções administrativas relativas às construções existentes

na ZPA 1 que foram realizadas sem a autorização da SEMURB, e que não

se enquadrem no Plano de re-locação da população instalada em habitação

considerada subnormal;

• Após a realização dos estudos ambientais sobre a SZ1 da ZPA 1, instituir

em toda esta Subzona uma ou mais Unidades de Conservação de Proteção

Integral, realizando todos os procedimentos legais para regularizar a área,

com a desapropriação de terrenos particulares ou adoção de instrumentos

urbanísticos, como o da transferência de potencial construtivo, entre outras

ações necessárias;

• Avaliar a situação dos arruamentos na SZ2, para que esses sejam

devidamente regularizados num prazo a ser concedido judicialmente;

• Confirmando as pesquisas que revelam a importância do aqüífero da região

da ZPA 1 através dos estudos hidrogeológicos, implementar um Sistema de

Esgotamento Sanitário e de Drenagem para a SZ2.

Em relação a proteção das áreas naturais que servem para a recarga do

aqüífero, fundamental ao abastecimento de Natal, foi observado que a criação do Parque da

Cidade não foi acompanhada de medidas efetivas para a proteção do lençol freático por parte

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do Município, tendo em vista que não foi contemplada a implantação de sistema de

esgotamento sanitário para a área no entorno do Parque, tornando o aqüífero muito vulnerável

a contaminação.

Destacou que o Ministério Público tem insistido na necessidade de

implantação de um sistema de esgotamento sanitário na área de entorno da ZPA 1 para

proteção do aqüífero, inclusive já se tendo conseguido uma decisão judicial para obrigar o

Município e a CAERN a implantarem este sistema.

Enfatiza que na fundamentação da Ação Civil Pública impetrada, foram feitas

diferentes ponderações sobre a situação da contaminação do aqüífero, sempre pautado em

dados e informações técnicas/científicas confiáveis. Entre estas argumentações, estariam

resultados de estudos que observam que o tratamento de esgotos feito através do sistema

fossa/sumidouro, onde o resíduo final é lançado no subsolo, se mostra potencialmente

poluidor numa área considerada como de grande fragilidade ambiental como a ZPA 1.

Em relação ao processo de anexação da nova área que dobrou a superfície

original do Parque da Cidade, o Ministério Público não acompanhou este processo, mas

entende e pede na Ação Civil Pública, que inclusive já conta com decisão liminar nesse

sentido, que na Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 em sua integralidade, sejam implantadas

apenas Unidades de Conservação de Proteção Integral, com a expansão do Parque da Cidade

e/ou com a criação de outras UCs na mesma categoria (Proteção Integral).

4.2 – DISCUSSÃO

Nesta parte do Trabalho serão feitas observações e análises com o cruzamento

de dados e informações inerentes ao levantamento bibliográfico efetuado, o observado nas

vistorias “in loco” e nas informações prestadas nas entrevistas.

Começando a discussão enfocando o Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo

Monte, verificou-se que esta Unidade de Conservação além de contar com uma boa estrutura

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física, se caracteriza por buscar compatibilizar as construções implantadas com o ambiente

que está inserido. Esta Unidade de Conservação conta com um bem estruturado Centro de

Visitantes que abriga um Centro de Educação Ambiental, Biblioteca, Auditório, Setor

Administrativo/Financeiro e a Guarda Municipal que desenvolve atividades na Unidade.

Outra obra que merece destaque e maior divulgação é a Torre Panorâmica

projetada por Oscar Niemayer, que além de propiciar uma linda vista de boa parte da cidade,

abriga o Memorial de Natal, que se mostra com uma interessante exposição sobre a história da

cidade, feita através de documentários em vídeo, painéis, peças históricas e totens multimídia.

Em relação às trilhas pavimentadas existentes no Parque da Cidade, estas se

mostram bem dimensionadas, sendo feito o aproveitamento de caminhos já pré-existentes no

campo dunar onde se mostra esta Unidade de Conservação. Mostrando-se ideal para a

realização de caminhadas, corridas e prática de ciclismo, destaca-se no trajeto das trilhas a

presença de áreas de descanso, sanitários e placas de sinalização, com estas estruturas

apoiando as atividades físicas, de lazer e as voltadas para a educação ambiental.

Entretanto na vistoria “in loco”, verificou-se que o Parque da Cidade foi

inaugurado ainda sem contar com todas as suas obras concluídas, com destaque para a porção

situada no limite Oeste da Unidade de Conservação (entrada de Cidade Nova), onde se

observou que os pontos de descanso e banheiros, o Pórtico de entrada, a área de

estacionamentos e o “Plano Inclinado”, se mostram ainda em obras.

Foi verificado ainda, que existem diferentes pontos no Parque da Cidade que

necessitam de recomposição ambiental, principalmente nos flancos dunares que sofreram

degradação com a implantação da Torre, do Centro de Visitantes e da Praça de Eventos, além

de pontos situados no prolongamento das trilhas desta Unidade de Conservação.

Uma questão que nos chamou a atenção nas vistorias realizadas, foi a opção de

não fazer a colocação de cercas ou qualquer outra delimitação física nos limites Norte e Sul

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do Parque da Cidade, sendo feito somente a colocação de grades nos seus limites Leste e

Oeste. Mesmo sem uma confirmação oficial, acredita-se que esta opção de não cercar estes

limites poderia ser uma estratégia para possibilitar a anexação de áreas vizinhas com as

mesmas características ambientais (campos dunares) a esta Unidade de Conservação, como

ocorreu no final do ano de 2008.

Quanto ao cercamento total da área do Parque da Cidade, reconhece-se que

esta questão divide opiniões entre favoráveis e contras, sendo entretanto, deve-se lembrar que

nas primeiras audiências públicas para a discussão da implantação de uma Unidade de

Conservação no local onde hoje se encontra o Parque, uma das principais discussões na

plenária foi a necessidade da efetiva preservação de todo o campo dunar da SZ1-A, não

somente de uma pequena parte desta Subzona de Conservação.

Outra questão que não deve ser desconsiderada, é que com o cercamento de

toda área do Parque da Cidade viria a ocorrer um impacto significativo, principalmente

através da abertura de picadas para colocação de cercas, atingindo cristas e vales dunares

vegetados que se constituem como ambientes bastante frágeis.

No que diz respeito ao trabalho de fiscalização no interior do Parque da

Cidade, observou-se que este é realizado por servidores da Unidade de Conservação e por um

grupo específico da Guarda Municipal de Natal, a chamada Guarda Ambiental Municipal. O

trabalho é feito através de rondas e visitas em diferentes pontos da Unidade diariamente, onde

além de verificar algum problema de ordem ambiental, também é feita a segurança dos

freqüentadores do Parque.

Entretanto nos contatos mantidos, foi observado que o grupamento da Guarda

Municipal lotado no Parque da Cidade poderia contribuir de maneira mais efetiva no apoio

aos técnicos do Parque e da SEMURB em ações de fiscalização ambiental. Este apoio mais

efetivo poderia se dar em ações de fiscalização mais abrangentes, não só no interior do Parque

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mas em toda a área da ZPA 1, principalmente nas atividades sistemáticas de monitoramento e

prevenção na SZ1-A, visto que atualmente este grupo se mostra atuando fora da Unidade de

Conservação somente quando convocado pela fiscalização da SEMURB.

Analisando o constatado na vistoria “in loco” feita no entorno da SZ1-A,

verificou-se que a situação se mostra similar ao que foi constatado na vistoria realizada em

2006 por analistas do IBAMA/RN, sendo que devido a questões ligadas ao acesso, somente

não foi realizada observações mais detalhadas nas áreas situadas no alto dos flancos dunares

em Nova Cidade.

Entre os problemas ambientais visíveis mais significativos verificados nesta

vistoria no entorno, se teria a deposição de metralha de construção civil nos limite da SZ1-A;

diferentes pontos com deposição de lixo e esgotos a céu aberto; presença de diversas

construções de população de baixa renda nas encostas do campo dunar, principalmente em

Nova Cidade; destruição da vegetação fixadora das dunas por queimadas, etc.

Verificou-se na vistoria que os setores da SZ1-A mais susceptíveis de

agressões ambientais visíveis seriam o final da Rua Jaguarari; a localidade de Nova Cidade,

alguns pontos de Cidade Nova e áreas pontuais no bairro de Pitimbú e Conjunto Cidade

Satélite.

Entretanto um dos problemas ambientais mais significativos relacionados a

contaminação do lençol freático, se refere a não existência de um sistema de coleta,

tratamento e deposição de esgotos que não venha trazer contaminação do aqüífero desta

região, sendo que o sistema de saneamento adotado nesta ZPA e suas áreas de entorno, se

mostra como o de fossa/sumidouro, que se constitui com grande impacto no lençol freático

devido a infiltração das águas residuais no solo.

Em termos de contaminação do aqüífero por águas residuais infiltradas por

sumidouros, se teria de forma pontual além das construções localizadas na SZ1-A (destaque

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para as situadas junto à antiga Avenida da Integração), todas as áreas no entorno desta

Subzona de Conservação (Candelária, Nova Cidade, Cidade Nova, Pitimbú, Conjunto Cidade

Satélite, Sanvale e Conjunto Parque das Colinas), que utilizam o sistema fossa/sumidouro

para destino de seus esgotos.

Não obstante o trabalho de fiscalização e monitoramento desenvolvido pela

SEMURB em toda a área da ZPA 1, somente verificou-se a colocação de cercas e placas

indicativas na área de propriedade da DATANORTE, mesmo assim, nestas placas não havia

qualquer informação específica de que esta área faria parte da ZPA 1.

No que diz respeito a área da DATANORTE, se mostra importante uma

consulta para saber qual será o objetivo de uso e ocupação deste amplo espaço, sendo que

dependendo da destinação, nesta área poderia ser implantado de forma oficial equipamentos

públicos de lazer como campos de futebol, quadras, etc. Avaliando esta possibilidade, quem

sabe esta área plana junto o início do campo dunar existente na SZ1-A poderia num futuro ser

anexado ao Parque da Cidade, como um setor de uso controlado e práticas desportivas.

Direcionando agora a discussão para uma análise específica em relação as

ações realizadas na Zona de Proteção Ambiental 1, observa-se preliminarmente a importância

das Zonas de Proteção Ambiental previstas no Plano Diretor de Natal, tendo em vista que

estas se mostram fundamentais para a cidade no que diz respeito a proteção, manutenção e

recuperação de aspectos ambientais, ecológicos, paisagísticos, etc.

Avaliando os trabalhos e estudos técnicos desenvolvidos na ZPA 1, fica

plenamente caracterizado que esta Zona de Proteção Ambiental configurada como uma

expressiva área de ecossistema dunar, funciona na captação de águas pluviais para a recarga

do aqüífero freático, que se mostra aproveitado no abastecimento de boa parte da cidade.

Além da importância no abastecimento d’água, a ZPA 1 também propicia efeitos positivos

associados a conservação da biodiversidade que abriga Flora e Fauna características,

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importância no aspecto paisagístico, amenização climática, purificação do ar e controle da

ocupação e uso do solo da cidade, cada vez mais ameaçada pela especulação imobiliária.

O diagnóstico ambiental da ZPA 1 desenvolvido por professores e

pesquisadores do Departamento de Geografia da UFRN, além da colaboração de professores

de outros departamentos da Universidade e outros especialistas, abordou aspectos inerentes ao

meio físico, biológico, antrópico e do uso do solo desta Zona de Proteção Ambiental, se

constituindo como uma boa base para a elaboração de uma proposta de Plano de Manejo.

O zoneamento ambiental proposto no Plano de Manejo da ZPA 1, em que foi

feita a subdivisão da área em Zonas e Subzonas, levou em conta as condições de conservação

dos atributos naturais, as potencialidades do uso sustentável destes recursos e as estratégias

para a minimização de conflitos entre conservação e uso.

Na proposta do Plano de Manejo as ações foram sistematizadas por meio de

Programas (Conhecimento, Gestão Ambiental e Gestão Institucional) e subdivididos em Sub-

Programas, com estes incorporando um rol de atividades, metas e estratégias de manejo

destinadas a tornar viável o cumprimento dos objetivos da ZPA 1.

Inclusive no final da proposta do Plano de Manejo, é observado o

detalhamento dos procedimentos para validação pela Sociedade da proposta, explicitando as

diferentes ações e atividades a serem realizadas em curto, médio e longo prazos, para a efetiva

implementação do Plano de Manejo da ZPA-1.

Entretanto pelo que foi pesquisado e nos contatos mantidos, a proposta

concebida para o Plano de Manejo da ZPA 1 deve ser ainda institucionalizada e

regulamentada. Assim o município através da SEMURB, deverá inicialmente resgatar o ponto

em que o processo de institucionalização e regulamentação foi paralisado, para iniciar um

trabalho de retomada deste processo.

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Deve-se chamar a atenção que este processo seja conduzido como prevê o

Estatuto das Cidades e o Plano Diretor de Natal, observando critérios que assegurem a efetiva

participação da sociedade em discussões públicas da proposta, validando-a para apresentação

ao legislativo e efetivamente a implementando, evitando que todos os estudos e planos já

realizados não fiquem, conforme popularmente se observa, “somente no papel”.

Na realização das entrevistas, a Promotora de Justiça Gilka da Mata Dias

detalhou em suas respostas, inclusive citando partes da Ação Civil Pública que interpôs contra

o Município de Natal em 2006, diferentes ponderações apoiadas em dados e informações

técnicas/científicas sobre a situação da contaminação do aqüífero da ZPA 1.

Considerando estas argumentações que apoiaram tecnicamente a Ação Civil

Pública, destacam-se os estudos sobre a ação do nitrato, os pontos de contaminação do

aqüífero em Natal e os que indicam que o tratamento de esgotos feito através do sistema

fossa/sumidouro se mostra potencialmente poluidor, numa área de grande vulnerabilidade

ambiental como a ZPA 1.

No que concerne aos pedidos expressos na Ação Civil Pública, observa-se que

apesar de algumas ações já terem sido realizadas ou estarem em processo de realização, como

os estudos ambientais realizados e a realização de atividades de fiscalização sistemática pela

SEMURB na ZPA 1, ainda existe necessidade da realização de diversos outros solicitados na

Ação Civil Pública.

Como exemplo de pedidos ainda não realizados, se teria a desocupação das

áreas invadidas no campo dunar da ZPA 1, com a devida re-locação da população de baixa

renda ali presente e a recuperação ambiental das áreas degradadas; a delimitação precisa da

área da ZPA 1; a aposição de cercas e placas informativas em vários locais do contorno da

área, com referência a esta se constituir em uma ZPA, com as advertências e as sanções

relativas à construção ou invasão; etc.

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A promotora Gilka da Mata observa a necessidade de proteção das áreas

naturais que servem para a recarga do aqüífero, sendo que apesar da criação do Parque da

Cidade, que protege parte do campo dunar da ZPA 1, não houve um acompanhamento de

outras medidas fundamentais para a proteção do lençol freático. Entre estas medidas, se teria a

implantação de um sistema de saneamento básico para as áreas no entorno desta Unidade de

Conservação, sendo que foi observado pela Promotora que já existe uma decisão judicial para

obrigar o Município e a CAERN a implantarem este sistema.

Ao final de sua entrevista, a promotora reafirma que na Ação Civil Pública

impetrada, que inclusive já conta com decisão liminar nesse sentido, o Ministério Público

solicita que na SZ1-A em sua integralidade, sejam implantadas apenas Unidades de

Conservação de Proteção Integral, quer seja através da expansão do Parque da Cidade e/ou

com a criação de outras UCs na mesma categoria (Proteção Integral).

Na entrevista com o geógrafo José Petronilo, além de uma gama de

informações sobre o Parque da Cidade e seu entorno, no que diz respeito à situação logística e

de pessoal; ações de monitoramento e fiscalização realizadas; principais agressões ambientais;

pontos com maior incidência de agressões ambientais; as atividades desenvolvidas ligadas a

informação e educação ambiental; entre outros aspectos, foi observada a importância do

instrumento urbanístico da “Transferência de Potencial Construtivo” previsto no Plano

Diretor de Natal.

Observa-se que com a aplicação deste instrumento urbanístico, a Prefeitura

pode contar com uma alternativa viável e concreta para a paulatina expansão da área do

Parque da Cidade para grande parte da SZ1-A, com a realização de desapropriações sem ônus

pecuniário para o município.

Todavia para a implementação desta estratégia, existe a necessidade da

realização de um levantamento completo dos proprietários de áreas e lotes na SZ1-A, para que

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a partir daí, a Prefeitura de Natal inicie um trabalho de articulação com estes proprietários, na

perspectiva de expandir a área do Parque através da “Transferência de Potencial Construtivo”.

Entretanto, este processo deve ser conduzido e devidamente supervisionado pela SEMURB,

para que esta transferência de construção seja direcionada para pontos da cidade que

detenham condições de infra-estrutura compatíveis e disponíveis para efetuar esta permuta,

evitando a sobrecarga urbanística em determinados bairros de Natal.

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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Após uma avaliação de todo o material pesquisado, atividades de campo,

contatos e entrevistas realizadas, foi possível se chegar a conclusões e propor algumas

sugestões em relação a temática escolhida para este Trabalho de Conclusão de Curso.

Entretanto deve-se lembrar que devido ao tempo relativamente curto

propiciado para o encaminhamento do presente trabalho, há a possibilidade de um maior

aprofundamento nas análises sobre o tema, com este Trabalho de Conclusão de Curso se

mostrando apenas como mais uma pequena contribuição para demonstrar a importância

ambiental da ZPA 1 para Natal.

5.1 CONCLUSÕES

Inicialmente observa-se que as formações de dunas existentes em Natal se

mostram entre outros aspectos, com uma grande importância na captação de águas pluviais

para a recarga de aqüíferos, utilizados para abastecer grande parte da população. Neste

contexto além do Parque Estadual das Dunas de Natal, a Zona de Proteção Ambiental 1 se

mostra como um outro corpo de dunas expressivo, não só no tocante a recarga do lençol

freático, mas também no que tange a amenização climática, elevação da umidade relativa,

purificação do ar, aspecto paisagístico, etc.

Na perspectiva de buscar compatibilizar as construções implantadas com o

ambiente natural em que está inserido, o Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte se

constitui em uma Unidade de Conservação com diferentes ações integradas, compatibilizando

aspectos de preservação ambiental e propiciando diferentes atrativos em termos de lazer,

educação ambiental e cultura para os visitantes.

Exemplificando esta situação, se teria o Memorial de Natal localizado na Torre

projetada por Oscar Niemayer que conta com uma excelente e bem estruturada exposição

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descrevendo toda a história de Natal, além das trilhas existentes no Parque que se mostram

ideais para a realização de caminhadas, corridas e prática de ciclismo.

Entretanto, foi verificado que o Parque da Cidade ainda necessita ser

concluído, principalmente em termos de estrutura física no seu limite Oeste (Cidade Nova) e

na recomposição ambiental em diferentes pontos que sofreram degradação com a implantação

das instalações da Unidade de Conservação.

A não colocação de cercas ou outra delimitação física nos limites Norte e Sul

do Parque da Cidade, pode se constituir em uma estratégia para a anexação de áreas vizinhas

com as mesmas características ambientais (campos dunares) a esta Unidade de Conservação,

buscando a efetiva preservação da maior parte possível da SZ1-A.

Para isto entretanto, existe necessidade de que a fiscalização e o

monitoramento da Unidade fique mais atenta, além de que seja acelerado um trabalho de

articulação da Prefeitura com os proprietários de áreas e lotes na Subzona de Conservação 1-

A da ZPA 1, na perspectiva de expandir ainda mais a área do Parque para os ambientes

dunares vizinhos.

O instrumento urbanístico da “Transferência de Potencial Construtivo”, que já

foi utilizado com sucesso para ampliação do Parque da Cidade no final de 2008, deve ser mais

divulgado, propiciando que as desapropriações sejam feitas sem ônus para a prefeitura.

No que tange a fiscalização no interior do Parque da Cidade, esta é

desenvolvida por servidores da Unidade de Conservação e pela Guarda Ambiental Municipal,

se mostrando sistemática, não só em relação ao monitoramento de agressões ambientais, mas

também para propiciar segurança para os visitantes. Entretanto o trabalho de fiscalização

realizado pela Guarda Ambiental Municipal, poderia contar com uma maior participação

deste grupamento envolvendo toda a ZPA 1, não se restringindo somente ao apoio aos fiscais

da SEMURB quando solicitado.

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Deve-se destacar que seguindo paralelo ao trabalho de fiscalização e

monitoramento, se mostra fundamental a realização de atividades informativas e de educação

ambiental abrangendo a população no entorno da Unidade, demonstrando aspectos ligados a

importância da preservação do ecossistema dunar existente em toda ZPA 1, o previsto na

legislação ambiental, participação popular, etc.

Fazendo um paralelo da situação verificada na vistoria realizada em 2006 por

analistas do IBAMA/RN e na vistoria realizada em Dezembro de 2008 no entorno da SZ1-A,

nos pareceu que a situação ambiental nesta Subzona se mostra estabilizada no que refere a um

agravamento de impactos ambientais, possivelmente devido a ação de fiscalização e

monitoramento efetuada pela SEMURB.

Entre as áreas mais susceptíveis em termos de agressões ambientais, verificou-

se que estas se mostram como o trajeto carroçável do final da Rua Jaguarari em direção a

Nova Cidade, com deposição de metralha de construção civil e lixo, além de esgotos correndo

a céu aberto; as áreas de flancos dunares com ocupação irregular por barracos em Nova

Cidade; diferentes avanços de terrenos de residências em áreas com vegetação fixadora de

dunas em Cidade Nova e no bairro Pitimbú; e pontos com colocação de lixo e metralha na

área do bairro Pitimbú e Conjunto Cidade Satélite.

Outro impacto ambiental importantíssimo em relação à contaminação do lençol

freático, e que muitas vezes passa despercebido pela população, diz respeito a falta de um

sistema adequado de coleta, transporte e tratamento de esgotos, tendo em vista que o sistema

fossa/sumidouro amplamente utilizado em toda área no entorno da ZPA 1, se mostra

altamente poluidor do aqüífero.

No que concerne ao Diagnóstico Ambiental da ZPA 1, este se mostrou como

um grande esforço técnico e científico que redundou na proposta do Plano de Manejo da ZPA

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108

1, sendo que se mostra urgente a retomada do processo de articulação para a efetiva

implementação deste Plano.

Este processo deve avaliar preliminarmente o estágio das ações de curto,

médio e longo prazo determinadas no planejamento proposto, com a SEMURB coordenando

todo o seu andamento na busca da institucionalização e regulamentação do Plano de Manejo,

com as devidas contribuições de outras instituições e garantindo a efetiva participação da

sociedade.

Figurando como um catalisador que propiciou maior agilidade no avanço dos

estudos e propostas para garantir uma efetiva proteção da ZPA-1, a Promotoria de Justiça de

Defesa do Meio Ambiente se mostra como uma parte importante na busca eficaz da resolução

desta problemática, inclusive não só cobrando providências via judicial, mas também

articulando discussões e debates entre instituições, técnicos especializados e segmentos da

sociedade para suscitar alternativas de solução e encaminhamento de “saídas” para os

problemas.

Paralelo a questão técnica, mostra-se fundamental um trabalho de articulação

institucional a ser realizado pela Prefeitura de Natal na busca de parcerias e captação de

recursos, para que se tenha plena condição de implantar e manter com sustentabilidade, as

diferentes atividades e ações concebidas no Plano de Manejo da ZPA 1.

5.2 SUGESTÕES

Ao final deste Trabalho de Conclusão de Curso, considerando os diferentes

pontos e questões que foram observados no seu andamento, procurou-se fazer a indicação de

algumas sugestões e recomendações pertinentes, na perspectiva de contribuir com a

continuidade deste processo que busca a proteção e utilização sustentável de uma das áreas

mais frágeis da cidade sob o ponto de vista ambiental.

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109

Entre estas sugestões, se poderia citar:

• Após a conclusão das estruturas físicas do Parque da Cidade do Natal Dom

Nivaldo Monte, a Prefeitura de Natal deve iniciar um trabalho de

divulgação mais intensiva desta Unidade de Conservação, principalmente

no que concerne a sua grande importância para Natal;

• As equipes técnicas do Parque da Cidade e da SEMURB, quem sabe com

apoio de outras instituições, devem realizar um levantamento minucioso

das áreas degradadas existentes no interior do Parque da Cidade e nas

Subzonas de Conservação da ZPA 1, para elaboração e implementação de

projetos de recuperação/recomposição destes ambientes;

• A SEMURB deve continuar o trabalho de fiscalização diário da área do

Parque da Cidade e de toda a ZPA 1, contando com participação mais ativa

da Guarda Municipal Ambiental nestas ações;

• Além da intensificação do trabalho de fiscalização, existe necessidade da

elaboração e implantação de projetos ligados a educação ambiental e

informação junto a população do entorno da ZPA 1;

• Existe necessidade de que se realize uma consulta pela Prefeitura de Natal

para observar o objetivo de uso e ocupação do amplo espaço cercado e com

placas da DATANORTE, para quem sabe tentar futuramente implantar

oficialmente diferentes equipamentos públicos de lazer e uso controlado, e

se for o caso, fazer a anexação desta área ao Parque da Cidade;

• A Prefeitura de Natal deve realizar um levantamento de todos os

proprietários de áreas e lotes na Subzona de Conservação 1-A da ZPA 1,

iniciando um processo de conversação com estes objetivando, tentar

expandir o máximo possível a área do Parque da Cidade, inclusive podendo

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110

utilizar o instrumento urbanístico da “Transferência de Potencial

Construtivo”, com desapropriações sem ônus para a municipalidade;

• A Prefeitura de Natal deve fazer a retomada do processo de articulação

para a efetiva implementação do Plano de Manejo da ZPA 1, avaliando

preliminarmente o estágio das ações (curto, médio e longo prazos)

determinadas no planejamento de implantação deste Plano;

• Com base neste diagnóstico, a Prefeitura deve montar um cronograma de

execução com os diferentes passos para a institucionalização e

regulamentação do Plano de Manejo da ZPA 1, sempre considerando a

possibilidade de contar com apoio advindo de outras instituições e com a

efetiva participação da sociedade em todo este processo;

• Marcando a sua importante participação neste processo de garantir a

efetiva proteção da ZPA-1, a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio

Ambiente poderia convocar preliminarmente uma reunião com a SEMURB

e com outros setores da Prefeitura de Natal, para avaliar o andamento dos

pedidos feitos na Ação Civil Pública impetrada em 2006;

• Após esta reunião preliminar, a Promotoria poderia convocar uma

Audiência Pública com a Prefeitura de Natal e representantes das

instituições que participaram das discussões inerentes a implantação do

Plano de Manejo da ZPA 1 e do Parque da Cidade, com o intuito de se

avaliar o quadro atual e as diferentes alternativas na busca de apoios

técnicos e parcerias institucionais, para a efetiva solução dos problemas

levantados na Ação Civil Pública impetrada;

• A Prefeitura de Natal deve buscar alternativas de captação de recursos

financeiros e materiais, objetivando fazer com que as diferentes atividades

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111

e ações concebidas tanto para o Plano de Manejo da ZPA 1 quanto para o

Parque da Cidade de Natal Dom Nivaldo Monte, tenham a plena condição

de se manterem com sustentabilidade.

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112

REFERÊNCIAS LIRIA, C. W.; MISSIO, J.M.; RICCI, M.C.; BONETTO, N. C. F. Manual de Metodologia

do Trabalho Científico. São Paulo: Faculdades Oswaldo Cruz. 2006, 43 p. PARQUE DA CIDADE. Natal: 2006. Disponível em: < http://www.natal.rn.gov.br/semurb>.

Acesso em: 2 de novembro de 2008. PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. Decreto N.º 8.078, de 13 de dezembro de 2006. Cria o Parque da Cidade e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Poder Executivo. Natal, RN. PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. Decreto N.º 8.093, de 2 de janeiro de 2007. Altera o artigo 1º do Decreto nº. 8.078, de 13.12.2006, que cria o Parque da Cidade do Natal e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Poder Executivo. Natal, RN. PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. Decreto N.º 8.608, de 11 de dezembro de 2008. Declara de utilidade pública para fins de desapropriação os imóveis que especifica, e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Poder Executivo. Natal, RN, n. 1482, 16 dez. 2008. PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. Lei Complementar N.º 82, de 21 de junho de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Poder Executivo. Natal, RN PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. Lei N.º 4.664, de 31 de julho de 1995. Dispõe sobre o uso do solo, limites e prescrições urbanísticas da Zona de Proteção Ambiental - ZPA, do campo dunar existente nos bairros de Pitimbú, Candelária e Cidade Nova, no município do Natal. Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte. Natal, RN, publicado no DOE de 3 de agosto de 1995. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO. Parque da Cidade. Apresentação feita em Audiência Pública ocorrida em 15 de setembro de 2006. Natal, 2006. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO. Relatório de

Avaliação Ambiental de um terreno as Margens da Avenida Omar O’Grady, Subzona de

Preservação da Zona de Proteção Ambiental 1. Natal, 2006. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE E URBANISMO. Zoneamento

Ambiental de Natal. Natal, Maio de 2004. TINOCO, M.; BENTES, D. Transferência de Potencial Construtivo em Zona de Proteção

Ambiental: proposta de regulamentação no Plano Diretor de Natal. Natal, 2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE/FUNDAÇÃO NORTE-RIO-GRANDENSE DE PESQUISA E CULTURA/DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA. Plano

de Manejo da ZPA 1. Natal, 2007. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE/FUNDAÇÃO NORTE-RIO-GRANDENSE DE PESQUISA E CULTURA/DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA Diagnóstico Ambiental da ZPA 1. Natal, 2007.

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113

ANEXOS

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114

ANEXO I – Quadro com planejamento da Fase I – Implementação do Plano de Manejo da

ZPA 1

ANEXO II – Quadro dos componentes ambientais susceptíveis de alterações com a opção

pela implantação do projeto

ANEXO III – Quadro com conceito dos atributos e definição dos parâmetros de avaliação

utilizados para caracterização dos impactos ambientais

ANEXO IV - Quadro com descrição dos impactos ambientais previstos na área de influência

ANEXO V – Respostas aos quesitos da entrevista do Geógrafo José Petronilo da Silva Júnior

ANEXO VI – Respostas aos quesitos da entrevista da Promotora de Justiça Gilka da Mata

Dias

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115

ANEXO I – QUADRO COM PLANEJAMENTO DA FASE I – IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MANEJO DA ZPA-1

Fonte: Plano de Manejo da ZPA 1 – FUNPEC/UFRN / 2007

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ANEXO II: Quadro dos componentes ambientais susceptíveis de alterações com a opção pela

implantação do projeto.

Meio Físico Meio Biológico

- Clima / Acústica - Cobertura Vegetal � Qualidade do ar - Fauna � Temperatura � Circulação de ventos � Evaporação � Umidade Meio Antrópico

- Solos - População � Qualidade � Dinâmica populacional � Alagamento � Contingente � Capacidade de drenagem � Ocupação / Renda

� Expectativas - Geomorfologia / Geologia � Relações sociais

� Morfologia / Relevo � Tradições / costumes � Erosão � Nível de educação � Assoreamento � Nível de saúde � Paisagem

- Águas Superficiais - Economia � Qualidade � Setores produtivos � Disponibilidade � Arrecadação de tributos

- Infra-estrutura

- Água subterrânea � Urbanização � Qualidade � Esgotamento sanitário � Disponibilidade � Recarga de aqüíferos � Exutório � Fluxo

Fonte: Relatório de Avaliação Ambiental - SEMURB / Abril 2006

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Fonte: Relatório de Avaliação Ambiental - SEMURB / Abril 2006

117

ANEXO III: Quadro com conceito dos atributos e definição dos parâmetros de avaliação

utilizados para caracterização dos impactos ambientais

ATRIBUTOS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO SÍMBOLO Caráter: expresso a alteração ou modificação gerada pelo Plano de Zoneamento sobre um dado fator ambiental

Benéfico ou positivo Quando o efeito gerado for positivo para o fator ambiental considerado

+

Adverso ou negativo Quando o efeito gerado for negativo para o fator ambiental considerado

Indefinido Quando o efeito esperado pode assumir caráter adverso ou benéfico, dependendo da medida a ser mitigadora.

+

Magnitude: expressa a extensão do impacto, na medida em que se atribui uma valorização gradual às variações que as ações do desenvolvimento do Plano de Zoneamento poderão produzir num dado componente ou fator ambiental afetado pela adoção do referido Plano

Sem criticidade Quando a variação no valor dos indicadores for incipiente ou inexpressiva, sem alterar o fator ambiental considerado

0

Baixa criticidade Quando a variação no valor dos indicadores for pequena, com alteração do fator ambiental considerado, porém sem alcance para sua descaracterização.

1

Média criticidade Quando a variação no valor dos indicadores for expressiva, porém sem alcance para descaracterizar o fator ambiental considerado.

2

Alta criticidade Quando a variação no valor dos indicadores for de tal ordem que possa levar à descaracterização parcial do fator ambiental considerado

3

Excessiva criticidade Quando a variação no valor dos indicadores é muito forte, levando à descaracterização total do fator considerado, podendo ser adverso ou benéfico a qualidade de vida

4

Significância: Estabelece a importância de cada impacto em relação a interferência com o meio ambiente

Não significativo A intensidade do impacto não é passível de valorização nos demais atributos

NS

Ausente

Moderado A intensidade do impacto sobre o meio ambiente assume dimensões recuperáveis, ou de pouca intensidade quando adverso (negativo), ou conserva sua qualidade ou assume melhoria na qualidade do meio ambiente, quando positivo.

MD

Magnitude entre 0, 1 e

2 Significativo

A intensidade da interferência do impacto sobre o fator do meio ambiente considerado, assume dimensões irrecuperáveis, quando adverso; quando benéfico, assume melhoria contínua no parâmetro ou fator ambiental considerado, ou constituir uma ação para preservação de ecossistema de suma importância costeira.

SG

Magnitude

3 e 4

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Fonte: Relatório de Avaliação Ambiental - SEMURB / Abril 2006

118

Continuação

ANEXO III: Conceito dos atributos e definição dos parâmetros de avaliação utilizados para

caracterização dos impactos ambientais

ATRIBUTOS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO SÍMBOLO Duração: É o registro de tempo, de permanência do impacto após a execução do uso proposto no Plano de Zoneamento.

Imediato Quando o impacto termina após a ação que o originou.

Imd

Médio Prazo Quando o impacto gerado continua, após a conclusão da ação, por um certo período de tempo.

Mdp

Longo Prazo Se registra um longo período de tempo a ocorrência do impacto, após a conclusão da ação

Lgp

Temporalidade: Qualidade de temporário dos impactos no fator ambiental considerado.

Temporário Impacto provisório, que dura certo tempo.

Tp

Permanente Impacto contínuo

Pm

Cíclico Impacto que reaparece periodicamente, fazendo parte de um ciclo.

Cc

Ordem: Sistema de relação do impacto com o fator do meio ambiente considerado

Direta Impacto que incide imediatamente sobre o fator do meio ambiente considerado.

Dr

Indireta Impacto que incide indiretamente, ou seja, após afetar outro ou outros parâmetros do meio ambiente, que possam alterar o fator considerado.

Idr

Estado: Diz respeito a alteração do fator do meio ambiente se retorna ou não as condições anteriores.

Reversível O impacto que altera um fator do meio ambiente, devendo voltar este ao estado anterior a ação do impacto

Rv

Irreversível Diz respeito as alterações de um fator do meio ambiente sem retorno ao estado anterior.

Irv

Escala Local Impacto pertinente a área em estudo ou de zoneamento.

Lc

Regional Impacto com interferência em fator do meio ambiente de caráter regional ou extrapolando a área de estudo.

Rg

Estratégico Impacto previsto ou que interfere na política ou diretrizes governamentais.

Est.

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119ANEXO IV: Quadro com descrição dos impactos ambientais previstos na área de influência

Caracterização do impacto ambiental na fase de

implantação

Caracterização do impacto ambiental na fase de operação

Meios físico, biológico e sócio - econômico

Componentes do sistema ambiental

considerado 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8

Descrição dos impactos e medidas minimizadoras

Qualidade do ar +; 0; NS; Imd; Tp; Dr; Rv; Est +; 2; Md; Lap; Pm; Idr e Rv

No caso da fase de implantação, observa-se que a produção de material particulado em suspensão (poeira) prevista, será inerente aos procedimentos temporários de terraplanagem e correções topográficas para a instalação da torre (memorial). O Parque da Cidade constitui impacto significativamente positivo, pois garantirá a preservação de Parte da Sub-Zona de Conservarão (SZ1A) da Zona de Proteção Ambiental.

Temperatura -; 0; NS; Mdp; Tp; Rv e Lc +; 1; Md; Mdp; Tp; Rv e Est Com a garantia de preservação, bem como a previsão de ações de recuperação vegetal da área, estima-se resgatar índices de conforto térmico que hoje se registra na área.

Circulação dos ventos/ Evaporação/ Umidade

Ausente Ausente Sem interferência perceptível. Todavia, a consolidação do Projeto Parque da Cidade significará a garantia de preservação de corredor de circulação eólica.

Clim

a

Qualidade sonora -; 0; NS; Imd; Tp; Rv e Lc -; 2; Md; Imd; Cc; Idr; Rv e Lc

As atividades construtivas, o manejo de equipamentos para correção de superfície, entre outras ações, irá alterar os ruídos de fundo, com produção de vibrações sonoras, localmente. Na operação, se prevê alteração do ruído de fundo, ocasionada pela dilatação do tráfego de veículos e pelo desenvolvimento urbano que será atraído pelo investimento.

Qualidade

Permeabilidade -; 0; NS; Imd; Pm; Dr; Rv e Lc.

. +; 2; Md; Lgp; Cc;Idr; Rv; Est

A implantação das obras irá interferir nas condições físicas dos solos, modificando suas características pedológicas e sua capacidade de drenagem natural. Todavia, a operação das mesmas manterá as qualidades da fase de Implantação.

Sol

os

Alagamento Ausente Ausente Sem interferência perceptível. A consolidação do Parque da Cidade significará a garantia de preservação das condições atuais de permeabilidade, sendo prevista a infiltração de toda pluviosidade incidente no próprio terreno do Parque.

Morfologia/Relevo -; 2; NS; Imd; Pm; Dr; Irv e Lc. +; 2; Md; Mdp; Cc; Idr; Rv; Est

A movimentação de terra nas áreas de intervenção para regularização da superfície topográfica e construção de estruturas de alvenaria, altera a superfície topográfica da Zona de Uso Intensivo. Contudo, não ocorre alteração significativa das formas geomorfológicas. A implantação das trilhas demandarão corte e contenções de trechos dos flancos dunares.

Erosão -; 1; NS; Imd; Pm; Dr; Rv e Lc. -; 2; Md; Imd; Cc; Dr; Rv e Lc.

Risco de erosão pluvial pode se fazer presente durante a implantação das obras de regularização da superfície topográfica, caso sejam realizados em período de chuvas. Na fase de operação, poderá ser observado a concentração de águas e aumento da energia hídrica do escoamento, potencializando risco de erosão, principalmente nos vales ou nas bordas do tabuleiro costeiro (trilhas), podendo ser anulado com projeto de drenagem adequado, prevendo, quando necessário, a construção de dissipadores de energia.

Assoreamento Ausente -; 2; Md; Imd/Mpd; Cc; Dr; Rv e Lc.

O traçado das trilhas a serem adequadas à acessibilidade, inserida em situações intermediárias nas micro-bacias de drenagem pluvial, podem viabilizar risco de carreamento de sedimentos para o leito das mesmas, através de erosão pluvial. Todavia, esse impacto pode ser anulado com adoção de projeto de drenagem pluvial adequado.

ME

IO F

ÍSIC

O

Geo

mor

folo

gia

/ Geo

logi

a

Paisagem +; 1; Sg; Imd; Pm; Irv e Lc. + ; 3; Sg; Mdp; Pm; Dr; Irv e Lc.

A extensão da Zona de Recuperação abrange mais de 90 % do terreno previsto para a instalação do Parque da Cidade. Assim sendo, a longo prazo, tem-se a expectativa de enriquecimento da biocenose, bem como o resgate da paisagem natural.

Legenda: 1 – Caráter; 2 - Magnitude; 3 - Significância; 4 – Duração; 5 - Temporalidade; 6 - Ordem; 7 – Estado; 8 - Escala.

+ = positivo 0 = sem criticidade NS = não significativo a ausente Tp = temporário Rv = reversível – = negativo 1 = baixa criticidade Md = moderadamente significativo Pm = permanente Irv = irreversível + = indefinido 2 = média criticidade Sg = significativo Cc = cíclico Lc = local 3 = alta criticidade Imd = imediato Dr = direta Rg = regional 4 = excessiva criticidade Mdp = médio prazo Idr = indireta Est = estratégico Lgp = longo prazo

Fonte: Relatório de Avaliação Ambiental - SEMURB / Abril 2006

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120Continuação

ANEXO IV: Quadro com descrição dos impactos ambientais previstos na área de influência

Caracterização do impacto ambiental na fase de implantação

Caracterização do impacto ambiental na fase de operação

Meios físico, biológico e sócio - econômico

Componentes do sistema ambiental considerado 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8

Descrição dos impactos e medidas minimizadoras

Ausente Ausente Ausente Sem interferência perceptível.

Disponibilidade Ausente Ausente Sem interferência na implantação e operação.

Águ

as S

uper

ficia

is

Drenagem -; 0; Ns; Imd; Pm; Dr; Rv e Lc.

-; 3; Md; Imd; Pm; Dr; Rv e Lc.

A modificação das condições de permeabilidade dos solos com as obras de pavimentação e a concentração de águas pluviais alteram o processo natural da capacidade de drenagem dos solos, podendo ocorrer escoamentos superficiais e resultar em erosão, sendo anulados ou minimizados, esses escoamentos, com implantação de projetos de drenagem pluvial.

Qualidade

Disponibilidade

Recarga

Exutório

ME

IO F

ÍSIC

O

Águ

as

Sub

terr

ânea

s

Fluxo

Ausente + ; 2; Md; Mdp a Lgp; Pm; Dr; Rv e Lc.

Não foram previstos impactos significativos na implantação. Na operação do sistema de esgotamento sanitário previsto, a carga contaminante deverá ser redirecionada para estações de tratamento e reuso, viabilizando, dessa forma, a proteção do aqüífero livre de coliformes fecais. A utilização de sistema de tratamento local dos efluentes, bem como a efetivação de projeto de reuso da água, viabilizarão um maior controle dos efluentes gerados pela atividade.

Co

bert

ura

ve ge tal

Cobertura vegetal +; 3; Sg; Imd; Pm; Dr; Irv e Lc

+; 2; Sg; Imd; Pm; Dr; Irv e Lc

ME

IO

BIO

LÓG

ICO

F a u n a Fauna +; 2; Sg; Imd; Pm; Dr; Irv e Lc.

+; 2; Sg; Mdp/Lgp; Pm; Idr; Rv e Lc.

Impactos positivos significativos na implantação de Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), podendo reverter o atual estágio de degradação para positivos. A fauna, com a recuperação da massa vegetal e de refúgios naturais, inevitavelmente será ampliada quantitativa e qualitativamente.

Dinâmica e contingente populacional

+; 0; NS; Imd/Mdp; Tp; Dr; Rv e Lc/Rg.

+; 2; Md; Imd; Pm/Cc; Dr/Idr; Irv e Est.

As obras previstas não repercutirão em mudanças significativas nos movimentos populacionais intra-urbano (migração pendular, intra-bairros,etc.). Na implantação as obras construtivas significarão uma restrição temporária ao acesso ao local pela população circunvizinha. Na operação, com a conclusão das obras do Centro de Visitantes, a dinâmica populacional urbana à área será ampliada.

ME

IO S

ÓC

IO -

E

CO

MIC

O

Po

pu

laç

ão

Ocupação/Renda +; 0; Ns; Imd/Mdp; Tp; Dr/Idr;

Rv; Lc e Rg. +; 2; Md; Imd/Mdp; Pm/Cc;

Dr/Idr; Irv.

Na implantação, gerará prestação de serviços e ocupação de mão-de-obra e aumento de renda de forma temporária. Na operação do empreendimento proposto poderá ser observado um aumento significativo da oferta de emprego público, pois está previsto a realização de concurso público para contratação de funcionários para o Parque da Cidade.

Legenda: 1 – Caráter; 2 - Magnitude; 3 - Significância; 4 – Duração; 5 - Temporalidade; 6 - Ordem; 7 – Estado; 8 - Escala.

+ = positivo NS = não significativo a ausente Dr = direta – = negativo Md = moderadamente significativo Idr = indireta + = indefinido Sg = significativo Rv = reversível 0 = sem criticidade Imd = imediato Irv = irreversível 1 = baixa criticidade Mdp = médio prazo Lc = local 2 = média criticidade Lgp = longo prazo Rg = regional 3 = alta criticidade Tp = temporário Est = estratégico 4 = excessiva criticidade Pm = permanente Cc = cíclico

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121

ANEXO V – RESPOSTAS AOS QUESITOS DA ENTREVISTA DO GEÓGRAFO JOSÉ PETRONILO DA SILVA JÚNIOR

1) Como a Prefeitura de Natal conseguiu a área para a implantação do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ? Resposta: Através de uma negociação com os proprietários, sendo utilizado um

instrumento previsto pelo plano diretor, denominado transferência de potencial construtivo.

2) Como se encontra estruturado o quadro de funcionários do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ?

QUADRO FUNCIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DO PARQUE DA CIDADE

SETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

ADMINISTRADOR GERAL DO DEPARTAMENTO 01 CHEFE ADMINISTRATIVO FINANCEIRO 01 SETOR PESSOAL 01 ADMINISTRADOR 01 ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 04 ASG 20 MOTORISTA 02 ELETRICISTA 01 TÉCNICO DE ENFERMAGEM 02 TOTAL 33

SETOR DE MANEJO AMBIENTAL

CHEFE DO SETOR 01 ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 01 ASSISTENTE SOCIAL 02 TURISMOLOGA 02 AUXILIAR DE CAMPO 06 TÉCNICO AGRICOLA 01 TÉCNICO DE GESTÃO AMBIENTAL 01 BIÓLOGA 01 TÉCNOLOGO DO MEIO AMBIENTE 04 ENGENHEIRA FLORESTAL 01 ECÓLOGO 02 ESTAGÍARIA 02 TOTAL 24

CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CHEFE DO SETOR 01 BIBLIOTECARIA 03 BIOLOGA 01 TÉCNICO EM LAZER E RECREAÇÃO 02 ARTE EDUCADORA 05 PEDAGOGA 03 TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR GEOGRAFIA 03 TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO/CONTROLE DE MEIO AMBIENTE 01 ESTÁGIARIOS 02 TOTAL 21

TOTAL GERAL 78

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122

3) Como efetivamente é efetuado o trabalho de fiscalização no interior do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ? Resposta: O trabalho é efetuado através de vistorias realizadas diariamente pela

equipe de Campo do setor de Manejo Ambiental (SMA) e pela Guarda Ambiental Municipal (GAM) executando um monitoramento permanente das condições ambientais do Parque e coibindo a caça em seus limites. Durante as vistorias são recolhidas armadilhas utilizada para captura de amimais. A fiscalização é reforçada com o apoio da equipe de fiscalização da SEMURB, que passa pelas trilhas pavimentadas no interior do Parque.

4) Qual a estrutura logística de fiscalização para o trabalho de proteção no interior do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ? Resposta: Atualmente a estrutura logística disponível compreende cinco veículos da

Guarda Ambiental Municipal (GAM), sendo dois gols, dois quadrículos e uma caminhonete tipo S10 a gasolina. Vale salientar, que esses veículos também são os únicos disponíveis para as ações da GAM nas outras ZPAs de Natal.

5) Como se dá o trabalho de fiscalização na área do entorno do Parque da Cidade, especificamente na Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 ? Resposta: O trabalho é realizado através de vistorias diárias, tanto pela equipe de

fiscalização da SEMURB quanto pela equipe da GAM. Ocorre também, o trabalho visual de monitoramento a partir do centro de visitante onde está localizado o Setor de Manejo Ambienta, uma vez que a edificação está em local estratégico. Quando é detectada alguma ocorrência, imediatamente são acionadas as equipes da GAM e da fiscalização.

6) Quais são as ações verificadas como de degradação ambiental mais comuns na área do entorno do Parque da Cidade, especificamente na Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 ? Resposta: As principais ações de degradação compreendem a disposição de

resíduos sólidos, tanto da construção civil quanto doméstico, roubo de orquídeas, queimadas e prática de off-road.

7) Quais os pontos e locais onde ocorrem os maiores problemas de degradação ambiental na área do entorno do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ? Resposta: Os hot spot de ocorrência problemas no entorno Parque são: Final da Av.

Jaguarari com início da Av. Integração, comunidade de Cidade Nova e Nova Cidade, Dunas Pitimbú e limite com loteamento Cidade Satélite.

8) Além do trabalho de fiscalização, quais as outras estratégias que estariam sendo

adotadas no interior do Parque da Cidade e nas áreas de entorno para minimizar as

degradações ao ambiente ?

Resposta: Alem dos trabalhos de fiscalização é feito um trabalho de sensibilização ambiental com moradores do entorno para que os mesmos contribuam com a manutenção do Parque.

9) Como sabemos uma das questões principais para a criação do Parque da Cidade, se refere a proteção de áreas naturais para servir como recarga do aqüífero, que se mostra fundamental para abastecimento de parte da cidade de Natal. Quais as

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estratégias adotadas atualmente pela Prefeitura de Natal e as propostas futuras para que possa ocorrer a expansão da área do Parque da Cidade para toda a Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 ? Resposta: A estratégia montada foi a colocação em prática do instrumento de

transferência de potencial construtivo, presente no Plano Diretor de Natal. O princípio é que os donos dos terrenos dentro da Subzona de Conservação possam transferir o potencial construtivo para outras áreas da Cidade.

10) Como se deu a anexação da nova área que dobrou a superfície original do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ? Resposta: Ocorreu da mesma forma que na consecução da área original, tendo,

portanto, a mesma resposta da questão 1.

11) Já existe mapa ou levantamento topográfico indicando esta nova área que foi anexada ao Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ?

Resposta: Ainda está em fase de elaboração pela SEMURB.

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ANEXO VI – RESPOSTAS AOS QUESITOS DA ENTREVISTA DA PROMOTORA DE JUSTIÇA GILKA DA MATA DIAS

1) O Ministério Público Estadual estaria realizando alguma ação ou atividade,

tendo em vista verificar como estaria sendo efetuado o trabalho de fiscalização no

interior do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte e principalmente no seu

entorno, especificamente na Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 ?

Resposta: A questão encontra-se judicializada. Desde junho de 2006, a área da

ZPA -1, onde se localiza o Parque da Cidade está sub-judice, em razão da

ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público contra o Município de Natal.

Na ação, foram realizados pedidos em sede de liminar e de mérito.

Os pedidos em sede liminar foram para determinar ao Município de

Natal que:

1. abstenha-se de conceder qualquer licença ambiental e/ou alvará de

construção na Subzona de Conservação - SZ1 da Zona de Proteção

Ambiental regulamentada pela Lei 4664/95, sem que tenham sido

concluídos os estudos ambientais relativos à referida Subzona ou

sem que a licença esteja compatível com a(s) Unidade(s) de

Conservação do Grupo de Proteção Integral (nos termos do PU do

art. 2º da Lei Municipal 4664/95 e do art. 8º da Lei Federal 9.985/00)

instituída pelo Município para o local;

2. no caso de instituição de Unidade de Conservação do Grupo de

Proteção Integral na Subzona de Conservação - SZ1 (Estação

Ecológica, Reserva Biológica, Parque, Monumento Natural ou

Refúgio da Vida Silvestre), que o Município siga os trâmites

estabelecidos pela Lei 9.985/00, inclusive com a consulta pública

mencionada no art. 3º do Decreto 4.340/02, que regulamenta a Lei

9.985/00;

3. como exceção da impossibilidade de licenciamento de atividades na

Subzona de Conservação, SZ1, que seja autorizada, através do

devido licenciamento, a perfuração de poços para abastecimento

público de água potável para solucionar situações emergenciais da

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população de bairros ou localidades urbanas que tem recebido água

contaminada por nitrato em suas residências;

4. com o objetivo de cumprir a determinação do Parágrafo Único do art.

2º da Lei 4664/95 e como requisito essencial para o conhecimento da

área e para a instituição de Unidades de Conservação, determinadas

pela mesma Lei: efetive a contratação de empresa ou instituição

capacitada, formalize convênio com Instituição de Ensino Superior e

Pesquisa ou com entidade com capacitação técnica para a realização

dos estudos arrolados no Termo de Referência de fl. 499 que versam

sobre os estudos ambientais da Subzona de Conservação, SZ1;

estudos esses que devem ser realizados por equipe técnica

multidisciplinar, com componente(s) com especialização em

hidrogeologia;

5. que além dos estudos arrolados no termo de referência que a

SEMURB preparou à fl. 4999, em razão da peculiaridade dos

recursos hídricos subterrâneos da ZPA, que sejam incluídos os

estudos hidrogeológicos da área que, por sua vez, devem considerar

toda a Região da ZPA (incluindo as Subzonas de Conservação, SZ1

e a de Uso Restrito, SZ2), até a margem esquerda do Vale do Rio

Pitimbu, com cadastramento de poços, reconhecimento da qualidade

das águas em campo; caracterização do fluxo subterrâneo; avaliação

de parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero; mapeamento da

ocupação do solo e fontes potenciais de contaminação; avaliação da

vulnerabilidade do aqüífero e riscos potenciais de contaminação;

definição de estratégias de manejo para preservação das águas

subterrâneas; avaliação da recarga e recursos explotáveis de águas

subterrâneas, conforme orientação de fl. 2078;

6. considerando que desde o final de 2004, o município de Natal está

realizando o cadastramento das ocupações na Subzona de

Conservação, SZ-1 da ZPA em apreço e que este cadastramento

ainda não chegou ao término por falta de pessoal e que os dados

obtidos, em razão da acelerada invasão da área, já precisam ser

refeitos, com inclusão de locais de difícil acesso (ver fl. 516): que o

Município de Natal realize um cadastramento atualizado de todos as

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construções existentes na SZ1 da ZPA-1, com identificação do tipo

de construção existente e de todos os responsáveis pelas mesmas

em regime de força-tarefa, com seus próprios servidores ou através

de contratação de serviço de terceiros, num prazo exíguo a ser

concedido por Vossa Excelência;

7. nos termos dos arts. 8.º e 12º da Lei 4.664/95; considerando a

fragilidade da área e diante da iminente possibilidade de

contaminação do aqüífero existente na região da ZPA: abstenha-se

de conceder qualquer licença ambiental de instalação e de operação

e qualquer alvará de construção na Subzona de Uso Restrito- SZ2 da

Zona de Proteção Ambiental regulamentada pela Lei 4.664/95, sem a

existência de um Plano de Esgotamento e de Drenagem para a área

e sem a efetiva implantação desses Planos no local;

8. Considerando que a SEMURB afirmou que nunca realizou uma

vistoria completa na Subzona de Uso Restrito, SZ2, mas que sabe

que existem muitas construções não licenciadas na área que adotam

sistema de fossas sépticas no local; considerando, ainda, que o

Município precisa conhecer as áreas que precisam ser monitoradas

para contenção da poluição do aqüífero: que o Município realize uma

fiscalização em toda a Subzona de Uso Restrito, SZ2, para cadastrar

todos os imóveis existentes, com especificação de todos os imóveis

que foram licenciados e todos os que não foram licenciados e

aplicação as sanções administrativas correspondentes às

irregularidades verificadas, no prazo a ser concedido por Vossa

Excelência;

9. Considerando que a pavimentação é uma parte integrante de um

plano de drenagem - essencial para a área - e que mesmo sem plano

de drenagem o Município, através da SEMOV, tem pavimentado ruas

na ZPA (como demonstrado à fl 59): que o Município abstenha-se de

realizar qualquer pavimentação na ZPA, seja na Subzona de

Conservação, SZ1, seja na Subzona de Uso Restrito SZ2, sem o

precedente sistema de drenagem da área devidamente

implementado;

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Os pedidos de mérito foram para determinar a condenação do

Município de Natal nas seguintes obrigações:

1. realizar a delimitação da área da ZPA, com estipulação precisa dos

limites mencionados na Lei 4.664/95 como falda da duna; com

fixação de cercas ou outro material e com aposição de placas

informativas em vários locais do contorno da área, com referência de

que a área diz respeito a uma ZPA e com advertência das sanções

relativas à construção ou invasão da área;

2. realizar e implementar um plano para desocupação das áreas da

ZPA do campo dunar existente nos bairros de Pitimbu, Candelária e

Cidade Nova, conhecida como ZPA1 ou ZPA do San Vale, invadidas

pela população de baixa renda, com a re-locação da população do

local e recuperação da área atualmente ocupada, de modo a não

prejudicar as condições sanitárias do local;

3. realizar e implementar um sistema de fiscalização continuada para

toda a área da ZPA-1, principalmente para a área da Subzona de

Conservação, SZ1;

4. aplicar todas as sanções administrativas relativas às construções

existentes na ZPA-1 que foram realizadas sem a autorização da

SEMURB e que não se enquadrem no Plano de re-locação da

população instalada em habitação considerada subnormal;

5. após a realização dos estudos ambientais sobre a Subzona de

Conservação, SZ1, da ZPA regulamentada pela Lei 4.664/95:

instituir em toda a Subzona referida, uma ou mais Unidades de

Conservação do Grupo das Unidades de Proteção Integral, nos

termos dos arts 7.º e 8.º da Lei 9.985/2000, que regulamenta o art.

225,§1º, incisos I, II, III, VII da Constituição Federal e institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e do

Decreto 4.340/2002, que regulamenta a Lei 9.985/2000, realizando

todos os procedimentos legais para regularizar a área, tais como

desapropriação de áreas particulares ou adoção de instrumentos

urbanísticos (transferência de potencial construtivo etc.),

denominação, categoria de manejo, objetivos etc.

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6. avaliar a situação dos arruamentos na Subzona de Uso Restrito,

SZ2, para que esses sejam devidamente regularizados no prazo a

ser concedido judicialmente;

7. após o resultado dos estudos hidrogeológicos já requeridos em sede

de liminar, com a confirmação das pesquisas já inseridas nos autos

que revelam a importância do aqüífero da região da ZPA:

implementar um Sistema de Esgotamento Sanitário e de Drenagem

para a Subzona de Uso Restrito, SZ2

2) Como sabemos uma das questões principais para a criação do Parque da Cidade,

se refere a proteção de áreas naturais para servir como recarga do aqüífero, que se

mostra fundamental para abastecimento de parte da cidade de Natal. Como o

Ministério Público Estadual estaria acompanhando as estratégias adotadas

atualmente pela Prefeitura de Natal e as propostas futuras para que possa ocorrer a

expansão da área do Parque da Cidade para toda a Subzona de Conservação 1 da

ZPA 1 ?

Resposta: Infelizmente a criação do Parque da Cidade não foi acompanhada

medidas de efetiva proteção do aqüífero por parte do Município, que não

contemplou a implantação de um sistema de esgotamento sanitário para a área

do entorno do Parque. Sem a implantação do sistema de esgotamento no

entorno na área da ZPA que admite adensamento, o aqüífero torna-se muito

vulnerável.

O Ministério Público tem insistido na necessidade de implantação de

um sistema de esgotamento sanitário na área do entorno para proteção do

aqüífero e já conseguiu uma decisão judicial para obrigar o Município e a

CAERN a implantarem o sistema. (a decisão pode ser acessada pelo site do

TJ. O processo é o 001.06.014114-0.

Na ação civil pública foram realizadas as seguintes ponderações sobre

a situação da contaminação do aqüífero:

Sabe-se que em todo tratamento de esgotos através de fossas

sépticas, o resíduo final, depois de passar por tanque séptico e sumidouro

(conforme explicação à fl. 1209 e 1210), é lançado no subsolo. Esses resíduos

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são potencialmente poluidores e numa área considerada pela própria lei como

de grande fragilidade, esse sistema não pode ser admitido. Portanto, a

SEMURB não poderia ter permitido construções no local, sem um sistema

efetivo de tratamento dos esgotos sanitários.

Nesse sentido, vale transcrever alguns trechos do trabalho denominado

Avaliação das Possibilidades de Infiltração de Efluentes Domésticos no

Aqüífero Dunas na Área de Natal - RN, elaborado pela ACQUA-PLAN, nos

autos à fl. 1995:

O aqüífero Dunas é formado de sedimentos inconsolidados, de boa,

seleção, com baixo ou nenhum teor de argila. A inexistência de material

adsorvente (argila) faz com que as infiltrações de águas pluviais se processem

com grande rapidez na zona insaturada, daí a elevada capacidade de infiltração

das dunas, que lhes atribuem riscos de poluição.

No trabalho denominado Comportamento do Fluxo Subterrâneo em

Ambientes Urbanos: Avaliação Atualizada da Cidade de Natal e apresentado

em 2004 no Congress XXXIII IAH - 7º ALHSUD Groundwater Flow

Undestandeing from local do regional scales em Zacatecas City, México, o

Professor JOSÉ GERALDO MELO, à fl. 967, esclarece:

O sistema de disposição local de efluentes é o principal responsável

pela contaminação da águas subterrâneas de Natal por nitrato, que já atinge

uma área bastante expressiva da cidade com teores que em alguns locais

chegam a mais de 180mg/l.

Também merecem destaque os trechos de sua tese de doutoramento,

que explicam a origem do nitrato e a correlação deste com a densidade

populacional e a disposição de esgotos domésticos através de sistema de

tratamento de fossas sépticas, como se observa:

De um modo geral existe uma correlação entre a densidade

populacional e os níveis de nitrato nas águas subterrâneas. Provavelmente, a

oxidação dos amoníacos das descargas dos tanques sépticos é o principal

responsável pela elevada concentração de nitrato nas águas subterrâneas.

No setor sul e sudoeste da áreas, onde a densidade populacional é

baixa (inferior a 100 hab/ha), as águas são de excelente qualidade química,

com teores de nitrato inferiores ao nível geral de base (curva de 0 mg/l). A

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medida que se desloca para os setores mais habitados ao norte, os teores de

nitrato tendem a crescer.

No bairro Cidade Satélite observa-se a evolução nas concentrações de

nitrato que atingem a níveis próximos de 20 mg/l, ultrapassando este valor em

Pirangi. Neste caso, um outro fator deve ser levado em consideração que é o

tempo de implantação e funcionamento das atividades urbanas. Nos setores

mais novos, os teores de nitrato tendem a ser mais baixos ou ainda não

influenciados pelas ações potencialmente impactantes. Situação similar é

verificada em Ponta Negra, onde os teores de nitrato crescem de menos de 10

mg/l para 40 mg/l em direção as zonas reconhecidamente mais habitadas. Em

direção a Cidade Nova e Cidade da Esperança (setor oeste), bairros de

elevada densidade populacional, os teores de nitrato evoluem para mais de 100

mg/l. (fl. 1125)

(...)

Os teores de nitrato nas águas subterrâneas de Natal sofrem

modificações ao longo do tempo e, em geral essas variações tendem a ser

crescentes. (fl. 1134)

Em suas considerações finais, o Professor afirma que:

O Sistema Aqüífero Dunas Barreiras está ameaçado à degradação

devido às atividades do desenvolvimento urbano, salientando-se como as mais

impactantes o sistema de saneamento com disposição local de efluentes

domésticos (fossas e sumidouros) e a ocupação irregular e desordenada do

terreno.

A conclusão que chegaram o mencionado Professor e o Geólogo

MARCELO AUGUSTO QUEIROZ, no trabalho conjunto que escreveram com

JOHANNES HUNZIKER (Lausanne, Suíça), à fl. 959 foi de que:

As águas subterrâneas de Natal estão sujeitas à degradação devido ao

sistema de saneamento adotado com disposição local de efluentes domésticos

(fossas e sumidouros) e pela alta vulnerabilidade do sistema hídrico de ser

afetado pelas cargas contaminantes dispostas no terreno. Isto tem resultado na

contaminação das águas subterrâneas por nitrato em conseqüência da

biodegradação dos excrementos humanos.

No parecer técnico da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, o Dr.

ELMO MARINHO DE FIGUEREDO advertiu que:

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Analisando a tabela sobre a evolução temporal das concentrações de

nitrato, verifica-se um incremento lento, mas continuo, da concentração do íon

nitrato, nas águas dos poços (do San Vale)

Esse ato é causado pelo lançamento dos efluentes domésticos no

aqüífero através de fossas no bloco SE do San Vale. O processo de

urbanização causará degradação da qualidade sanitária das águas

subterrâneas.

Pelos trechos dos estudos mencionados, chega-se à conclusão de que

o sistema de fossas e sumidouros realizado em solo de grande vulnerabilidade

e em área de grande potencialidade de reserva de água potável para

abastecimento público, como é o caso da Subzona de Uso Restrito, SZ2, não

pode ser admitido, porque potencialmente poluidor.

3) O Ministério Público Estadual acompanhou o processo de anexação da nova área

que dobrou a superfície original do Parque da Cidade do Natal Dom Nivaldo Monte ?

Resposta: O Ministério Público não acompanhou o processo mas entende e pede

na ação que na Subzona de Conservação - SZ1 da ZPA5 sejam implantadas

apenas Unidades de Conservação do grupo de proteção integral. Desse modo,

o Município poderá expandir o Parque criado ou criar UCs de outros tipos. Não

pode permitir uso diverso no local.

4) Quais as estratégias que serão adotadas pelo Ministério Público Estadual para

tentar acelerar o processo de expansão da área do Parque da Cidade para toda a

Subzona de Conservação 1 da ZPA 1 ?

Resposta: O Ministério Público aguarda a decisão de mérito da ação civil pública

para que na subzona 1 da ZPA5 (em sua integralidade, tendo em vista que o

Parque é apenas uma parte da subzona) seja instituída Unidade(s) de

Conservação do Grupo de Proteção Integral. O MP já tem decisão liminar

nesse sentido.