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Obras Civis 1 Revestimento de Tetos e Paredes 1.11 Falhas em Revestimentos 1.11.12 1 FALHAS EM REVESTIMENTOS O presente trabalho foi transcrito integralmente do capítulo “Falhas em Revestimento” do autor, o Engº Roberto José Falcão Bauer face ao seu alto valor científico e à importância do tema para os que militam com a construção civil. RESUMO Por diversas vezes o Centro Tecnológico Falcão Bauer tem sido solicitado para analisar casos de anomalias em revestimentos. Em muitos casos as causas são várias, porém em um determinado momento, uma delas, embora de pequena importância isoladamente, se torna preponderante e, atuando no limite, ocasiona o caso patológico. As falhas que ocorrem nos revestimentos podem ser causadas por deficiências de projeto; por desconhecimento das características dos materiais empregados e/ou emprego de materiais inadequados; por erros de execução, seja por deficiência de mão-de-obra, desconhecimento ou não observância de Normas Técnicas e por problemas de manutenção. Neste trabalho serão analisadas na primeira parte várias anomalias de revestimentos que vêm sendo diagnosticadas pelo Centro Tecnológico Falcão Bauer nos últimos anos. FALHAS EM REVESTIMENTOS Descolamentos Os revestimentos podem apresentar uma série de patologias prejudiciais ao seu bom funcionamento no que se refere a aspectos estéticos, bem como em relação às funções de proteção e isolamento. Entre os problemas mais comumente encontrados pelo Centro Tecnológico Falcão Bauer fugiram os descolamentos. A seguir serão tratados alguns aspectos dessa patologia. Descolamentos em revestimentos de argamassa Os descolamentos ocorrem de modo a separar uma ou mais camadas dos revestimentos argamassa dos e apresentam extensão que varia desde áreas restritas até dimensões que abrangem a totalidade de uma alvenaria. Podem se manifestar com empolamento em placas, ou com pulverulência. Entre os principais fatores causadores de descolamentos nas argamassas de cal estão o uso de produtos não hidratados devidamente, a hidratação incompleta da cal extinta, a qualidade da cal e o preparo inadequado da pasta de cal. Argamassas mistas com excesso de cimento na composição também poderão apresentar problemas de descolamento. Descolamento por empolamento A cal constitui o material que está diretamente envolvido com este tipo de patologia, portanto, tal anomalia ocorre nas camadas com maior proporção de cal. Geralmente o reboco se destaca do emboço, formando bolhas cujo diâmetro aumenta progressivamente. A cal livre, ou seja, a cal não hidratada existente no revestimento de argamassa por ocasião da sua execução, irá se extinguir depois de aplicada, aumentando de volume e conseqüentemente causando expansão. A instabilidade de volume também pode ser atribuída à presença de óxido de magnésio não hidratado. A hidratação deste óxido é muito lenta e se não tiverem sido tomados os devidos cuidados poderá ocorrer meses após a execução da argamassa, produzindo expansão e empolando o revestimento. Nem sempre as cales dolomíticas são expansivas; isso depende de determinadas circunstâncias, como temperatura de calcinação, velocidade de resfriamento e tipo de cristalização, entre outros fatores. No caso de argamassas mistas, o fenômeno da expansão aumenta consideravelmente, sendo devido a causas mecânicas, principalmente porque as argamassas contendo cimento Portland são muito mais rígidas e neste caso a expansão causa desagregação da argamassa, enquanto que em argamassas menos rígidas parte da expansão é passível de acomodação. O óxido de cálcio presente na cal é avaliado no ensaio de estabilidade. A superfície da pasta endurecida submetida a ensaio não deverá apresentar cavidades ou protuberâncias após cinco horas de cura sob vapor de água.

Falhas Em Revestimentos

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FALHAS EM REVESTIMENTOS

O presente trabalho foi transcrito integralmente docapítulo “Falhas em Revestimento” do autor, o EngºRoberto José Falcão Bauer face ao seu alto valorcientífico e à importância do tema para os que militamcom a construção civil.

RESUMO

Por diversas vezes o Centro Tecnológico FalcãoBauer tem sido solicitado para analisar casos deanomalias em revestimentos. Em muitos casos ascausas são várias, porém em um determinadomomento, uma delas, embora de pequenaimportância isoladamente, se torna preponderantee, atuando no limite, ocasiona o caso patológico.

As falhas que ocorrem nos revestimentos podemser causadas por deficiências de projeto; pordesconhecimento das características dos materiaisempregados e/ou emprego de materiaisinadequados; por erros de execução, seja pordeficiência de mão-de-obra, desconhecimento ounão observância de Normas Técnicas e porproblemas de manutenção.

Neste trabalho serão analisadas na primeira partevárias anomalias de revestimentos que vêm sendodiagnosticadas pelo Centro Tecnológico FalcãoBauer nos últimos anos.

FALHAS EM REVESTIMENTOS

Descolamentos

Os revestimentos podem apresentar uma série depatologias prejudiciais ao seu bom funcionamentono que se refere a aspectos estéticos, bem comoem relação às funções de proteção e isolamento.

Entre os problemas mais comumente encontradospelo Centro Tecnológico Falcão Bauer fugiram osdescolamentos. A seguir serão tratados algunsaspectos dessa patologia.

Descolamentos em revestimentos de argamassa

Os descolamentos ocorrem de modo a separar umaou mais camadas dos revestimentos argamassa dose apresentam extensão que varia desde áreasrestritas até dimensões que abrangem a totalidadede uma alvenaria. Podem se manifestar comempolamento em placas, ou com pulverulência.

Entre os principais fatores causadores dedescolamentos nas argamassas de cal estão o usode produtos não hidratados devidamente, ahidratação incompleta da cal extinta, a máqualidade da cal e o preparo inadequado da pastade cal.

Argamassas mistas com excesso de cimento nacomposição também poderão apresentar problemasde descolamento.

Descolamento por empolamento

A cal constitui o material que está diretamenteenvolvido com este tipo de patologia, portanto, talanomalia ocorre nas camadas com maior proporçãode cal.

Geralmente o reboco se destaca do emboço,formando bolhas cujo diâmetro aumentaprogressivamente.

A cal livre, ou seja, a cal não hidratada existente norevestimento de argamassa por ocasião da suaexecução, irá se extinguir depois de aplicada,aumentando de volume e conseqüentementecausando expansão.

A instabilidade de volume também pode seratribuída à presença de óxido de magnésio nãohidratado. A hidratação deste óxido é muito lenta ese não tiverem sido tomados os devidos cuidadospoderá ocorrer meses após a execução daargamassa, produzindo expansão e empolando orevestimento.

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Nem sempre as cales dolomíticas são expansivas;isso depende de determinadas circunstâncias, comotemperatura de calcinação, velocidade deresfriamento e tipo de cristalização, entre outrosfatores.

No caso de argamassas mistas, o fenômeno daexpansão aumenta consideravelmente, sendodevido a causas mecânicas, principalmente porqueas argamassas contendo cimento Portland sãomuito mais rígidas e neste caso a expansão causadesagregação da argamassa, enquanto que emargamassas menos rígidas parte da expansão épassível de acomodação.

O óxido de cálcio presente na cal é avaliado noensaio de estabilidade. A superfície da pastaendurecida submetida a ensaio não deveráapresentar cavidades ou protuberâncias após cincohoras de cura sob vapor de água.

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A existência de óxido de magnésio não hidratado édeterminada pela expansibilidade de corpos deprova de argamassa mista de cimento e cal, apósauto clonagem.

O limite proposto pela ASTM para o teor de óxidoslivres na cal utilizada em construção civilcorresponde a 8%.

Descolamento em Placas

As placas do revestimento de argamassa que sedescolam englobam geralmente o reboco e oemboço e a ruptura ocorre na ligação entre essascamadas e a base (alvenaria).

A placa pode se apresentar endurecida, quebrandocom dificuldade, ou então quebradiça, podendo separtir com certa facilidade. Em ambos os casos osom produzido quando a superfície é submetida àpercussão é cavo.

As causas dessa anomalia geralmente estãorelacionadas à falta de aderência das camadas derevestimento à base. Um chapisco executado comareia fina compromete a aderência à base namedida em que constitui uma camada de maiorespessura, visando obter superfície com rugosidadeadequada, e conseqüentemente gerando tensõesdevido à retração da argamassa.

Sabe-se que a aderência é obtida pela penetraçãoda nata de cimento nos poros da base eendurecimento subseqüente, e pelo efeito daancoragem mecânica da argamassa nasreentrâncias e saliências macroscópicas da base.

Para que se obtenha boa aparência dosrevestimentos, os poros da base devem estarabertos, assim a superfície sobre a qual seráaplicada a outra camada de revestimento não podeser muito alisada (camurçada), bastando que sejasarrafeada para tomar-se áspera.

Caso a base seja de concreto liso, a superfície deveser preparada conforme as recomendações da NBR7200 - Revestimentos de Paredes e Tetos comArgamassas - Materiais, Preparo, Aplicação eManutenção - Procedimento, e, se necessário,utilizado chapisco aditivado sobre a superfíciepreviamente apicoada e escovada.

Argamassas aplicadas com espessura superior àrecomendada pela NBR 7200 criarão esforços,podendo comprometer a aderência do revestimento.

Constatamos em várias obras com descolamentosde revestimento, espessuras de emboço de até 10em. Segundo a NBR 7200, quando necessário,podem ser utilizados meios especiais para garantira aderência, como a aplicação de telas ou outrosdispositivos à base, quando esta não merecercontabilidade quanto à aderência.

Quando a espessura do revestimento for superior a4 cm, recomenda-se a utilização de telas fixadascom pinos à base, cravados com pistola apropriada,com espaçamentos de 40 cm, caso seja utilizadatela tipo estuque, e de 60 cm, caso seja utilizadatela eletrosoldada, com diâmetro de 2 mm.

Argarmassas de cimento e areia, ricas emaglomerantes, com espessuras excessivassuperiores a 2 cm, são passíveis de apresentarproblemas, uma ver que gerarão, pela retençãonatural, tensões elevadas de tração entre a base e orevestimento, podendo ocorrer descolamentos.

Outro fato gerador de tensões corresponde àsgrandes variações de temperatura, que podemgerar tensões de cisalhamento na interfaceargamassa-base capazes de provocar odescolamento do revestimento.

Uma preparação adequada da base fornecerá ascondições necessárias para a criação da ligaçãomecânica.

Não havendo água suficiente para a hidratação daspartículas de cimento que se localizam junto à facede contato da argamassa com a base, devido aopoder de sucção de água pela alvenaria ouconcreto, a aderência fica comprometida. Nessecaso recomenda-se molhar bem a base antes daaplicação de cada camada de revestimento.

Deve-se verificar problemas na base, comodeficiência de limpeza para eliminação de pó eresíduos em bases de concreto, a presença deagentes desmoldantes, chapiscos executados comareia fina, ou até a ausência da camada dechapisco em determinados casos.

Descolamento com Pulverulência ou ArgamassaFriável

Os sinais de pulverulência mais observados são adesagregação e conseqüente esfarelamento daargamassa ao ser pressionada manualmente. Aargamassa se toma friável, ocorrendodescolamento com pulverulência.

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Em revestimentos argamassa dos que recebempintura, compostos de emboço e reboco, temosobservado que a anomalia ocorre geralmente noreboco.

Com a desagregação da camada de reboco, nocaso de revestimentos que receberam pintura, apelícula de tinta se destaca com facilidadecarregando partículas de reboco no seu verso. Emcasos de massa única ou emboço paulista,geralmente a camada se esfarela como um todo.

Uma das principais causas do problemacorresponde ao tempo insuficiente de carbonataçãoda cal existente na argamassa, principalmentequando se aplica pintura sobre o revestimento emintervalo inferior a 3qdias.

Após a aplicação da argamassa ocorre a secagem eo endurecimento. A água de mistura se evapora ea seguir, pela ação do anidrido carbônico do ar, aágua de hidratação é liberada regenerando ocarbonato de cálcio, através da seguinte reação:

carbonatação

Ca (OH)2 + Co2 -------->Ca CO3 + H2O argamassa endurecida (carbonato de cálcio)

Assim, por ser o endurecimento resultante dacarbonatação da cal, a resistência da argamassa éfunção de condições adequadas à penetração doCO2 do ar através de toda a espessura da camada.

Podem ser utilizados produtos substitutivos da cal,desde que apresentem propriedades pozolânicas.Esses materiais, se forem pozolânicos,desenvolvem suas propriedades aglomerantespotenciais em presença do cimento e da cal.Assim, antes da utilização desses produtos, érecomendável que se verifique a capacidadeaglomerante do material, pois caso o mesmo nãotenha atividade pozolânica, o efeito seráexclusivamente de propiciar plasticidade à mistura,não promovendo a ligação dos agregados de mododuradouro, e fazendo com que a argamassaendurecida, ao sofrer expansões e contrações, emfunção do grau de umidade, venha a se desagregarcom relativa facilidade.

Argamassas pobres, ainda que apresentemporosidade favorável à carbonatação, não possuem

resistência suficiente para garantir sua aderência àbase.

No caso de argamassas que contenhamaglomerantes hidráulicos, uma situação quecontribui para a friabilidade é a falta de molhagemda base, por ocasião da aplicação da argamassa,causando perda da água de amassamento,necessária para que ocorra a perfeita hidratação doaglomerante hidráulico.

A friabilidade também ocorre quando a proporçãoágua massa semi-pronta utilizada é superior àrecomendada pelo fabricante, ou quando o materialé utilizado após o prazo máximo de estocagem.

Uma argamassa deverá ser utilizada antes quedecorra intervalo de tempo superior ao prazo deinício de pega do cimento empregado, que é daordem de duas horas e meia. Muitas vezes asargamassas mistas com cimento são preparadas demodo inadequado e são deixadas em repouso,"curtindo", antes de sua aplicação como se fossemargamassas, de cal e areia, comprometendo aporção aglomerante hidráulica.

O Centro Tecnológico Falcão Bauer tem verificadocom freqüência o emprego de argamassas comgesso e cimento em revestimentos de cantos defachadas, jardineiras e em determinados pontos dasfachadas, onde o guincho de serviço estavamontado. O guincho é desmontado após aexecução do revestimento externo, ficando somenteessa área a ser executada.

Esse tipo de argamassa geralmente é utilizadopensando-se nas vantagens quanto aoendurecimento rápido e, conseqüentemente, naredução do tempo de execução. Entretanto, deve-se alertar quanto à formação de etringita, levando aum aumento de volume da argamassa, gerandotrincas no revestimento e conferindo característicasde friabilidade à argamassa.

Descolamentos em revestimentos cerâmicas

É com grande freqüência que o Centro TecnológicoFalcão Bauer tem sido solicitado para o diagnósticode descolamentos de peças cerâmicas.

As causas mais comuns são a inexistência de juntasde movimentação, deficiências na execução doassentamento das peças e até falta derejuntamento.

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No caso de revestimentos com peças cerâmicas, anecessidade da execução de juntas demovimentação longitudinais e/ou transversaisdeverá ser estudada, na fase de projeto.

NOTA: Etringita - O alumínio de cálcio hidratadoreaciona com o sulfato de cálcio e forma umsulfoaluminato, conhecido pelo nome de Sal deCandlot on Etringita. A cristalização desse sal se dácom fixação de muita água.

Havendo cal dissolvida na água, o aluminato nãoestá dissolvido, e forma-se nos poros da massauma quantidade de sulfoaluminato maior do queeles podem conter, o que provoca a expansão edesagregação do material.

Juntas de movimentação

As juntas de movimentação são juntasintermediárias, normalmente mais largas do que asde assentamento, projetadas para aliviar tensõesgeradas por movimentações da parede e/ou dopróprio revestimento, devido às variações detemperatura ou por deformação lenta do concretoda estrutura revestida.

A Sociedade Francesa de Cerâmica recomenda aexecução, em revestimentos externos, de juntas demovimentarão no máximo a cada 6 m e/ou 32 m².

As Especificações Americanas para Cerâmicaindicam para revestimentos externos juntas de 12mm a cada 5 m no máximo, as quais devem serexecutadas até a argamassa de emboço.

Trabalhos australianos sugerem a execução dejuntas de movimentação a distâncias adequadaspara absorver todas as expansões e deformaçõesdiferenciais, com abertura superior a 12 mm, a cada6 m. As juntas deverão ser executadas de modoque o efeito diferencial dos movimentos daestrutura e alvenaria, no revestimento, sejaminimizado.

A NBR 8214 - Assentamento de Azulejos -Procedimento - recomenda a execução de juntas demovimentação longitudinais e/ou transversais emparedes externas com área igual ou maior que 24m² ou sempre que a extensão do lado for maior que6 m, e em paredes internas com área igual ou maiorque 32 m² ou sempre que a extensão do lado formaior que 8 m. As juntas de movimentação devemser aprofundadas até a superfície da parede,

preenchidas com materiais deformáveis e a seguirvedadas com selantes flexíveis.

A Fig. 1 indica os materiais e a configuraçãoutilizada para a execução das juntas demovimentação.

A NBR 8214 adota as dimensões da largura dajunta e da altura do selante em relação àsdimensões do painel limitado pela junta, conformeIndica a Tabela 30. 1.

Fig.01. Juntas de movimentação com material deenchimento e selante

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Tabela 1.Disposições construtivas das jutas de movimentação executadas com selantes flexíveis

As juntas de movimentação podem ainda serexecutadas com tiras pré-formadas constituídas pormateriais resilientes. Essas tiras, colocadas duranteo assentamento das peças cerâmicas, devem terconfiguração adequada para absorver asmovimentações do revestimento e propiciarestanqueidade às juntas.

Sugerimos que os estudos sejam previamenterealizados e definidos em conjunto com o autor doprojeto arquitetônico, de forma a conciliar asprescrições técnicas com os preceitosarquitetônicos, quanto aos locais em que serãoexecutadas as juntas de movimentação.

Sempre que possível, as juntas de movimentaçãodeverão ser coincidentes com as posições deencunhamento das alvenarias juntas horizontais) eligação alvenaria/estrutura juntas verticais).

Juntas de assentamento

No assentamento das peças cerâmicas deve-semanter entre as mesmas, juntas com largurasuficiente para que haja perfeita infiltração da pastaou argamassa de rejuntamento, e o revestimentocerâmico deverá ter um relativo poder deacomodação às movimentações da alvenaria e/ouda própria argamassa de assentamento.

De acordo com as dimensões das peças cerâmicas,devem ser mantidas as juntas mínimas deassentamento, constantes da Tabela 30.2.

Temos constatado alguns problemas dedestacamento loção de revestimento cerâmico,devido à infiltração de água por deficiência decalafetação das juntas de assentamento, permitindoacesso de água na argamassa de assentamento eno corpo cerâmico das peças, gerando esforços nasmesmas por dilatação e contração por absorção deágua, além da possibilidade de formar pressão devapor d'água e eflorescências localizadas norevestimento.

Deficiências de assentamento

É comum a falta de análise da configuração dotardoz das peças a serem assentadas, com relaçãoa serem lisas, com reentrâncias ou garras.

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Tabela 2. Dimensões numéricas das juntas de assentamento

Juntas de assentamento mínimas (mm)Dimensões das peças

Parede Interna Parede Externa

110 x 140 1 2110 x 220 2 3150 x 150 1,5 3150 x 200 2 3200 x 200 2 4200 x 2.50 2,5 4

Peças cerâmicas extrudadas e algumas fabricadaspor prensagem apresentam garras no tardoz, o quepermite, desde que adequadamente assentadas,melhor aderência à base.

Tem-se verificado que em vários casos dedestacamento os vãos entre garras não foramdevidamente preenchidos com a argamassa deassentamento, ocasionando posterior destacamentogeneralizado do revestimento. Portanto, énecessário programar com antecedência o tipo deargamassa de assentamento (adesiva à base decimento ou convencional), a necessidade depreencher com argamassa o espaço entre garrasantes do assentamento e ainda as dimensões dosdentes da desempenadeira metálica, que formarãoos sulcos e cordões, para verificar se sãoadequadas à conformação do tardoz.

No caso de argamassas adesivas à base de cimentodeve-se verificar o eventual desgaste dadesempenadeira dentada, o que compromete aaltura do cordão de assentamento e,conseqüentemente, a aderência do revestimentocerâmico.

Durante o assentamento das peças, as mesmasdeverão ser batidas uma a uma, até que sejamposicionadas adequadamente e o espaçamentoentre as peças seja obedecido.

Argamassas adesivas à base de cimento

Considerações gerais. As considerações a seguir, arespeito das argamassas adesivas à base decimento, foram obtidas em trabalho técnicoelaborado pelo Instituto Eduardo Torroja daConstrução e do Cimento, em 1982.

As argamassas adesivas à base de cimento sãoargamassas geralmente produzidas em indústrias,constituídas de cimento, areia e resinas.

Ao misturar o produto em pó com a água deamassamento forma-se um sistema de três fases(sólido granulado - líquido - ar). Os polímerospresentes no material formam uma dispersãocoloidal e, pelas características de atividadesuperficial, tendem a interpor-se entre as partículasde cimento, lubrificando o contato entre aspartículas sólidas e, como conseqüência,modificando a plasticidade da argamassa. Destamaior plasticidade e da atividade superficial dopolímero depende, em geral, a aderência inicial doproduto.

Para que a pasta da argamassa adesiva adquira aspropriedades mínimas de aderência, tanto inicialcomo final, é necessário que transcorra um tempode espera mínimo a partir da mistura do produtoanidro com a água de amassamento, paraocorrerem as reações dos constituintes ativos domaterial, principalmente a passagem dos polímerosorgânicos, a dissolução coloidal e as primeirasetapas da hidratação do cimento.

Em geral, este tempo mínimo de espera é deaproximadamente 30 minutos, superior ao mínimode 15 ou 20 minutos recomendado pelo fabricantes.

A argamassa preparada tem uma vida útil limitada,condicionada principalmente pela pega do cimento,limitando o tempo de emprego da mesma.

O tempo em aberto de uma argamassa refere-se aointervalo de tempo no qual, uma vez entendidasobre a base, uma camada de argamassa conseguemanter as peças cerâmicas assentadas e alcancevalores de aderência final aos 28 dias de idade,igual à estabelecida como mínimo de 0,5 Mpa (noBrasil a NBR-8214 estabelece como sendo 0,3MPa).

Após estender a argamassa sobre a base ocorrerefluxo paulatino para a superfície do material, departe dos aditivos orgânicos, juntamente com as

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bolhas de ar incorporado. Este fato pode serobservado pela formação de uma películasuperficial de cor esbranquiçada e brilhante depequena espessura. Este intervalo de tempodepende da composição do produto e tem grandeinfluência na durabilidade do revestimento.

A formação da película faz com que se alterem asforças de coesão inicial da argamassa, reduzindo opoder total de aderência da mesma, e com isso otempo em aberto da argamassa adesiva à base decimento.

Em geral, o tempo em aberto destes materiais emcondições de laboratório varia entre 20 e 30minutos, ficando reduzido este parâmetro demaneira brusca à medida que seja diminuído, naformulação do produto, o teor de polímeros(aditivos).

O tempo em aberto é considerado como terminadoa partir do momento em que o valor de aderênciaobtido por meio de ensaios for interior a 0,5 MPa.

Ao estender a argamassa adesiva devidamentepreparada e passar a desempenadeira dentada,deve ser caracterizada a superfície máxima deargamassa a ser estendida sobre a base de umaúnica vez, que é função do tempo em aberto, davelocidade de formação da película e,naturalmente, das condições ambientais, de talmaneira que possam ser aplicadas as peçascerâmicas com garantia de que a aderência seja amínima especificada (0,5 Mpa).

Cuidados especiais devem ser tomados para que ooperário não estenda argamassa em grandes áreas,levando em consideração que o tempo decorridodesde o assentamento da primeira peça até aúltima não seja superior ao tempo útil, ou seja, aotempo em aberto do produto. Caso o mesmo nãoocorra, embora a peça possa permanecer aderidainicialmente, após certo tempo acaba destacando,mostrando limpo o tardoz (sem resíduos deargamassa).

A aderência depende também da estabilidadedimensional da argamassa de assentamento.

Entretanto, também pode influir no comportamentofinal o coeficiente de dilatação potencial frente àumidade das peças cerâmicas. Caso a umidadeseja elevada, poderão ocorrer tensões significativas

de cimento no plano do revestimento, todavia o usode peças cerâmicas com baixa absorção e dilataçãohigroscópica reduz consideravelmente aspossibilidades de destacamento.

Ensaios Realizados pela L.A. Falcão Bauer

Apresentamos a seguir os valores obtidos no ensaiode tempo em aberto, realizado em nossolaboratório, em três amostras de argamassasadesivas à base de cimento adquiridas, emdezembro de 1991, em casa de materiais deconstrução na cidade de São Paulo.

Inicialmente as três amostras foram submetidas aensaio de determinação da resistência de aderênciana idade de 28 dias, conforme NBR-8214. Ascondições ambientais quando do preparo doscorpos de prova foram de laboratório (umidaderelativa do ar: 70% - temperatura: 230 +/- 2"C).

Com as mesmas amostras realizamos o ensaio dedeterminação do tempo em aberto, conformemetodologia descrita a seguir.

Mediante aplicação com desempenadeira metálicadas argamassas sobre alvenaria revestida deemboço misto, com mais de 28 dias de idade,foram assentadas 03 (três) peças cerâmicas deseção quadrada de 10 centímetros de lado, aintervalos de os (cinco) minutos da aplicação daargamassa de assentamento até que ocorressecomprometimento no assentamento, seja pelodestacamento da peça recém-assentada e/ou pornão se conseguir o esmagamento dos cordões deargamassa.

As condições climáticas quando do assentamentodas peças cerâmicas eram de sol incidente naargamassa, com ventos moderados e temperaturaambiente de 27ºC.

Posteriormente foi determinada a resistência deaderência aos 28 dias de idade, conforme NBR-8214.

A Tabela 3 apresenta o resumo dos resultadosobtidos nos ensaios realizados.

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Tabela 3. Ensaios de tempo em aberto realizados pela L.A. Falcão Bauer

Resistência de Aderência Média (MPa)TempoMinutos

CondiçõesAmbientais Amostra n. 01 Amostra n. 02 Amostra n. 03

0 De Laboratório 0,42 (06) 0,41 (06) 0,39 (06)05 Temp. 27ºC 0,41 (03) 0,36 (03) 0,32 (03)10 0,12 (03) 0,32 (02)* 0,13 (03)

15 Sol incidentenas amostras 0,22 (03) 0,11 (O3) 0,09 (02)*

20 0,18 (03) 0,06 (03) -------(*)25 0,07 (02)* -----(*) -------(**)30 -------(*) -----(*) -------(**)35 0,04 (02) ----(**) -------(**)

Observações: Os valores entre parênteses correspodem ao número de corpos de prova ensaiados o que entraram nocálculo do valor das resistências médias.(*) corpo de prova com som cavo o destacado durante a montagem do dispositivo de ensaio (aderênciadeficiente).(**) destacamento de peça cerâmica logo ap6s o assentamento.

Portanto, com base na documentação técnica doInstituto Eduardo Torroja e nos resultados obtidosnos ensaios realizados em nosso laboratório,entendemos que é de fundamental importânciaconhecer o tempo em aberto do produto emutilização na obra, nas condições ambientaisespecíficas, de modo a garantir aderênciaadequada.

O CB-2 (Comitê Brasileiro de Construção Civil) daABNT está elaborando texto de Norma - ArgamassaColante para assentamento - levando emconsideração o tempo em aberto da argamassa.

Peças cerâmicas – Fabricação

Após a preparação e mistura homogênea dasmatérias-primas para a massa do corpo cerâmico,conformação e secagem reduzindo o teor deumidade a valores próximos a 1 %, é procedida aqueima das peças.

No caso de bioqueima, a peça conformada e seca ésubmetida à temperatura de aproximadamente1050ºC – 1100ºC, na qual reações físico-químicasconferem à peça cerâmica consistência definitiva, eposteriormente, em uma das faces, é aplicado oesmalte que é vitrificado entre 800ºC e 1000ºC.

No processo de monoqueima, além da vitrificação eestabilização das cores, acontece também asinterização do corpo cerâmico, simultaneamente àvitrificação do esmalte, gerando fortes ligações

entre a base cerâmica e a decoração. Astemperaturas para monoqueima são superiores a1100ºC, variando em função da porosidadedesejada.

É de fundamental importância a escolha correta dacomposição química do vidrado em relação àmassa, de forma que os coeficientes de dilataçãotérmica sejam próximos.

Durante o processo de fabricação a massa fica emtensão de compressão, visando aumentar aresistência mecânica das peças cerâmicas. Atensão de compressão não pode ser muito elevada,pois provocaria empenamento das peças,entretanto ela existe e ocorre em geral nascamadas mais superficiais da massa da peça.

Essa tensão residual vai sendo liberada com odecorrer do tempo (meses ou anos), e caso ocorratração no vidrado, o mesmo se romperá, ficandogretado.

Dilatação higroscópica que ocorre na peça cerâmicaassentada, por absorção de umidade pela massaporosa, também pode causar o gretamento dovidrado, bem como variações bruscas

Dilatação Higroscópica da Cerâmica

Entre as causas que podem contribuir para odestacamento de peças cerâmicas assentadas estáa dilatação higroscópica da cerâmica, também

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designada dilatação úmida ou dilatação porumidade.

Esse fenômeno é provocado por absorção de água,na forma líquida ou de vapor, absorção essa que,ao contrário da simples absorção de água retidaapenas nos poros do material, provocamodificações na sua própria estrutura, comaumento de volume.

A dilatação higroscópica é responsável peloaparecimento retardado de gretamento nas peças,pois o vidrado não apresenta igual dilatação,podendo entrar em esforços de tração gretando.

Normalmente, a dilatação higroscópica de peçascerâmicas ocorre de maneira muito rápida no início,com tal intensidade que começa ainda dentro doforno, no período de resfriamento após a queima,diminuindo a velocidade do fenômeno com o passardo tempo. Apesar disso, está provado que, apósdez ou mais anos, ainda continua, muitolentamente, a se manifestar.

A influência dessa dilatação no gretamento dovidrado ou esmalte cerâmico fez com que seestabelecesse, desde 1928, um método parareproduzir em laboratório a dilatação e, porconseguinte, o gretamento do vidrado que iriaaparecer, se fosse o caso, após algum tempo decontato com água ou seu vapor. O método sebaseia no ensaio de autoclave, na presença devapor d'água, a pressão de várias atmosferas.

Há diversas Normas para esse ensaio, e a Brasileirausa sete atmosferas durante 60 minutos.

A ASTM também normalizou, além do ensaio deautoclave, o ensaio para determinação da dilataçãohigroscópica do corpo cerâmico sem vidrado. Acorrelação entre esses ensaios e os resultadosobtidos em condições ambientes de temperatura epressão é variável, e esta, para maior exatidão,deveria ser estabelecida caso a caso, pois podevariar com a natureza da cerâmica e pela maior oumenor presença de poros na mesma. O ensaioacelerado é aceito normalmente, devido àdificuldade prática de se realizar ensaios emcondições normais ao longo do tempo, de meses eanos.

A ANFACER, associação que congrega osfabricantes de revestimentos cerâmicas, comentaque as peças cerâmicas de boa qualidade devemter baixa dilatação higroscópica e que o teste de

autoclave reproduz a expansão que a peça sofreráao longo do tempo.

Hoje em dia é de conhecimento dos fabricantesmaneiras de produzir materiais com baixa dilataçãohigroscópica, evitando a dilatação excessiva docorpo cerâmico, e o conseqüente gretamento dovidrado.

Há uma maneira de se determinar quanto um corpocerâmico se dilatou por dilatação higroscópica atéum dado momento, por meio da verificação dacontração das peças pelo recozimento atemperaturas elevadas, porém inferiores às docozimento inicial (fabricação). Num trabalhopublicado mostrou-se que 700ºC é suficiente.

Quando a dilatação higroscópica medida peloensaio de autoclave for pequena - por exemplo, deaté 0,05 % - torna-se difícil definí-Ia comoresponsável pelo destacamento das peçascerâmicas, pois parte ou toda a dilatação pode serabsorvida pela retração das juntas (rejuntamento),por deformação lenta e elástica da argamassa derejuntamento. Além disso, outros fatores, comovariações térmicas da estrutura, retração doconcreto e da argamassa de emboço e da própriaargamassa de assentamento (quando aplicada emespessura elevada), também podem produzirefeitos semelhantes, e com valores da mesmaordem que os de dilatação higroscópica, de modoque haveria dificuldade em definir aresponsabilidade de cada um dos fatoressupracitados.

Porém, quando a dilatação higroscópica for muitoelevada, é correto indicá-la como causa provável dodestacamento, especialmente quando observaçõesde campo confirmam essa conclusão.

Conforme a doutora Kai L. Uemoto, do Instituto dePesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo -IPT, normas européias fixam limites de até 0,6mm/m de expansão (0,06 %).

A ANFACER recomenda que peças cerâmicas aserem utilizadas em revestimento de fachadasatendam aos requisitos relacionados a seguir: -absorção de água < 5,O%;

] expansão higroscópica < 0,06% (< 0,6 mm/m);] peças com garra no tardoz.

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Teor de Umidade de Peça Cerâmica x Aderência

O pesquisador E. H. Waters, da Austrália - CSIRO,Division of Building Research, no trabalho "Effect ofMoisture Content on the Tile Mortar Bond",estudando o efeito do teor de umidade de azulejosna resistência de adesão entre azulejo/argamassa,chegou à conclusão de que a ligação mais forteocorre com as peças secas e que há uma reduçãona adesão à medida que se aumenta o teor deumidade do azulejo no momento da aplicação.

Este efeito é mais acentuado em peças de massaporosa, com absorção de água da ordem de 12 %(doze por cento) e menor em peças com absorçãode água da ordem de 1 a 3 %.

Em peças muito porosas não há diminuição daforça de adesão até 50% da saturação com água;entre 50% e 70% de saturação há uma grandequeda na força de ligação; acima de 70% não hámais diminuição apreciável.

Ensaios Realizados pela Falcão Bauer

Apresentamos a seguir os resultados obtidos noensaio de resistência de aderência de poçascerâmicas assentadas com argamassa adesiva A

base de cimento, em função do teor de umidadedas mesmas.A argamassa foi adquirida em dezembro de 1992,em casa de materiais de construção na cidade deSão Paulo.

Os ensaios foram realizados com peças de azulejoem três condições de umidade.

] condição 01: secas ao ar;

] condição 02: passagem de brocha com águaem duas demãos sobre o tardoz;

] condição 03: peças imersas em água porperíodo de 30 segundos, e antes doassentamento mantidas na vertical, de modo aescorrer a água em excesso.

Os azulejos submetidos a ensaio eram dedimensões 200mm x 200mm x 7,15mm, na corbranca, e a absorção de água determinadaconforme NBR-6127 foi de 18,4%.

A Tabela 30.4 apresenta o resumo dos resultadosobtidos nos ensaios realizados.

Tabela 4. Ensaios de resistência de aderência realizados pela L. A. Falcão Bauer

Condição de Preparo doTardoz

TensãoMédia(mpa)

Umidade(%)

Umidade x 100Absorção

Tensão x 100Tensão Seco Ao

Ar

01-Soco ao ar 0,99 0,2 01% 100%

02-Duas demãosde brocha 01,00 02,0 11% 101%

03-lmersão por30 segundos 0,75 08,5 46% 076%

Observações: 1 - Ensaios de resistência de aderência realizados conformo NBR-8214, aos 28 dias de idade.2 - Os valores de tensão de aderência correspondem à média de O5 ensaios.

Gretamento

A anomalia consiste na formação de fissuras muitofinas (capilares) sobre a superfície vidrada.

A peça cerâmica, quando exposta a determinadascondições higrotérmicas, tem favorecida aformação de tensões entre o vidrado e o corpocerâmico da peça. O fenômeno pode ocorrerdevido à falta de compatibilidade entre os

oeficientes de expansão do vidrado e do corpoerâmico.

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Se o revestimento foi assentado corretamente eexposto a condições normais de uso considera-seque o fenômeno é intrínseco da peça cerâmica, noentanto, às vezes pode ser favorecido peloassentamento inadequado.

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Depois que aparece o defeito este só pode sereliminado pela troca do revestimento cerâmico.

O ensaio em autoclave reproduz a expansão porumidade que a peça sofrerá ao dos anos, depois deassentada.

Absorção de Água

A absorção de água corresponde a uma estruturaporosa; materiais compactos e rizados apresentamuma estrutura com baixa absorção de água.

Muitas características físicas e químicas dosrevestimentos cerâmicos dependem da suaporosidade.

Inspeção

A execução do revestimento deve ser inspecionadanas suas d inerentes fases, devendo-se dedicarespecial atenção aos itens a seguir :

] recepção dos materiais, e verificação aoatendimento das normas existentes;

] limpeza da superfície a ser revestida, prumo epreparo da superfície;

] dosagem, mistura e tempo de validade dasargamassas;

] execução do revestimento, verificação dasdimensões das juntas;

] alinhamento das juntas, nivelamento e prumodo revestimento cerâmico;

] rejuntamento e limpeza.

Verificação da resistência de aderência

O revestimento cerâmico deve aderiradequadamente à parede, para tanto, devesatisfazer às condições a seguir relacionadas,conforme NBR-8214, parágrafo 4.3.5.:

] Quando a peça for submetida a pequenosimpactos com instrumento rijo, nãocontundente, não deverá produzir som cavo;

] Sempre que a fiscalização julgar necessário,consideradas seis determinações de resistênciade aderência, efetuadas segundo NBR-8214,

parágrafo 6.2., após cura do material utilizadono assentamento (28 dias caso possuacimento), pelo menos quatro valores devem seriguais ou superiores a 0,3 MPa (3,0 kgf/cm²).

Fissuras

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Fissuras em revestimentos de argamassa

Nas argamassas de revestimento a incidência defissuras, sem que haja movimentação e/oufissuração da base (estrutura em concreto,alvenaria), ocorre devido a fatores relativos àexecução do revestimento argamassado,solicitações higrotérmicas, e principalmente porretração hidráulica da argamassa.

A fissuração é função de fatores intrínsecos, comoo consumo de cimento, o teor de finos, quantidadede água de amassamento, e de outros fatores quepodem ou não contribuir na fissuração, corno aresistência de aderência à base, o número eespessura das camadas, o intervalo de tempodecorrido entre a aplicação de uma e outra camada,a perda de água de amassamento por sucção dabase ou pela ação de agentes atmosféricos.

O agregado deve apresentar granulometria contínuae teor de finos adequado. O excesso de finosacarreta maior consumo de água de amassamento,gerando maior retração por secagem.

As condições ambientas e a capacidade deretenção de água da argamassa fresca podemregular a perda da umidade do revestimento para abase durante as fases de endurecimento edesenvolvimento inicial de resistência. Assim afalta e/ou deficiência de molhagem da base antesda aplicação de cada camada de revestimento poderesultar num processo gerador de fissuras.

Em regiões mui to quentes, com umidade relativado ar baixa, ensolaradas e com ventos, é preferívelutilizar primer específico (também úmido, paraevitar a aplicação do emboço sobre primer seco), aconfiar na molhagem abundante da base.

Em tais condições, a deficiência ou falta de cura dorevestimento é também uma das causas geradorasde fissuração.

As fissuras de retração hidráulica em geral não sãovisíveis a não ser que sejam molhadas, e a águapenetrando por capilaridade assinale sua trajetória.

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Umidificações sucessivas podem gerar mudança detonalidade, permitindo visualização das fissurasinclusive com o paramento seco. A água de cai salpelas fissuras formando carbonato de cálcio de coresbranquiçada ou escurecimento das mesmas pordeposição de fuligem.

As microfissuras de retração hidráulicas podem sercobertas sobre película de tinta (pintura).

A abertura das fissuras é proporcional à espessurada camada do revestimento fissurado. Orevestimento deve ser o menos espesso possível,caso as irregularidades da superfície ou aimpermeabilidade exija determinada espessura, sefaz necessário aplicar o revestimento em camadas.

Nas argamassas bem proporcionadas, as ligaçõesinternas são menos resistentes e as tensões podemser dissipadas na forma de microfissuras à medidaque ocorrem nas microscópicas interfaces entre osgrãos do agregado e a pasta aglomerante.

Nas argamassas ricas em aglomerantes, com maiorlimite de resistência, as tensões se acumulam e aruptura ocorre com aparecimento de fissurasmacroscópicas.

A aplicação de uma camada de emboçoexcessivamente rico em cimento ocasionará umrevestimento sem a necessária elasticidade, nãoacompanhando eventuais movimentações da base,fissurando-se.

A incidência de fissuras será tanto maior quantomaiores forem a resistência à tração e o modulo dedeformação da argamassa, assim, as argamassasde revestimento deverão apresentar teoresconsideráveis de cal, sendo comum o emprego dostraços 1:2:8; 1:2:9; e 1:3:12 (cimento, cal hidratadae areia, em volume).

No caso de revestimentos com múltiplas camadas,o módulo de deformação da argamassa de cadacamada deverá ir diminuindo gradativamente dedentro para fora, portanto, o consumo de cimentodeverá diminuir no mesmo sentido.

Uma camada de revestimento aplicada entrecamadas de menor teor de aglomerante gerarádeficiência de aderência, podendo ocorrer fissurasna última camada do revestimento.

A técnica de execução é um fator importante, namedida em que está relacionada com o teor de

umidade remanescente no revestimento e no graude adensamento alcançado.

São fatores que estão diretamente relacionadoscom a base (sua natureza, sua espessura e seuestado), com o revestimento (sua granulometria, oaglomerante empregado e sua dosagem, e aespessura) e as condições atmosféricas. Aexperiência do operário é fundamental, uma vezque deve conhecer o momento ideal, no qual aargamassa ainda conserva uma pequenaplasticidade superficial para as operações desarrafeamento, de maneira que eventuais fissurassejam fechadas, e as tensões potenciais de traçãodevidas à retração antes da pega sejam anuladas.

Pode ocorrer que o revestimento tenha boaaderência à base, porém, caso esta apresente,menor resistência, poderão ocorrer fissuras eposterior destacamento do revestimento.

Quanto maior é a aderência do revestimento, maispróximas e finas serão as fissuras; é, portanto,primordial uma boa aderência.

Quando se verificam as características de umafissura em um revestimento, como extensão eabertura, é essencial observar se a mesma coincidecom uma fissura na base (alvenaria ou estrutura).Geralmente, nestes casos, a configuração dafissura é distinta da mapeada, atribuindo se outrascausas para o quadro patológico.

Inúmeras outras causas podem gerar fissuras emum revestimento, mas, apesar da pato lógicatambém se estar no revestimento argamassado,tem sua origem relacionada a outros elementos daedificação.

Vários problemas têm contribuído para a ocorrênciade fissuras, mas alguns deles são particularmenteencontrados com freqüência nas inspeções técnicasrealizadas pelo Centro Tecnológico Falcão Bauernos últimos anos, destacando-se aqueles relativosao cobrimento deficiente da armadura, àsdeficiências de encunhamento da alvenaria e àdeformação lenta do concreto, entre outros fatores.

Fissuras relacionadas ao cobrimento deficiente doconcreto

Nas regiões em que o concreto não recobre ourecobre deficientemente a armadura, ocorre ocontato da barra de aço com o ar e a umidade,causando oxidação. O volume de óxido produzido

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pela corrosão é de 3 até 8 vezes superior aovolume original do aço da armadura, gerando fortestensões no concreto e a sua ruptura por tração,permitindo a penetração de agentes agressivos e acarbonatação do concreto.

Como sintoma inicial surgem fissuras seguindo asIinhas armaduras principais, inclusive as dosestribos. Às vezes podem aparecer manchas deóxido nas fissuras, realçando o processo corrosivo.

A corrosão das armaduras pode ser evitada desdeque se tomem medidas preventivas, como evitar ocontato da armadura com água que contenhaoxigênio dissolvido ou com água em presença deoxigênio.

O melhor procedimento para evitar o processo decorrosão consiste em envolver as barras em umamassa de concreto compacto com espessuraadequada. Sabe-se que em um concreto maiscompacto, com menos poros, a penetração dosagentes agressivos será dificultada, de modo que aestabilidade e durabilidade ocorram.

A Norma NBR 6118 - Projeto e Execução de Obrasde Concreto Armado indica valores para oscobrimentos de concreto, de modo que qualquerarmadura, inclusive de distribuição, de montagem eestribos, deve ter cobrimento pelo menos igual aoseu diâmetro, mas este valor não deve ser menordo que:

Para concreto revestido com argamassa deespessura mínima de 01 cm:

] em lajes no interior de edifícios - 0,5 cm

] em paredes no interior de edifícios - 1,0 cm

] em lajes e paredes ao ar livre - 1,5 cm

] em vigas, pilares e arcos no interior de edifícios- 1,5 cm

] em vigas, pilares e arcos ao ar livre - 2,0 cm

Para concreto aparente:

] no interior de edifícios - 2,0 cm

] ao ar livre - 2,5 cm

] Para concreto em contato com o solo - 3,5 cm

] Para concreto em meio fortemente agressivo -4,5 cm

Para cobrimentos maiores que 6 cm deve-secolocar uma armadura de pele complementar emrede, cujo cobrimento não deve ser inferior aoslimites especificados acima.

Fissuras relacionadas à deficiência deencunhamento da alvenaria

As estruturas, bem como as alvenarias internas ede vedação em edificações, apresentamdeformabilidade que lhes permite um certo grau dedistorção, sem que sejam alcançados os limites deresistência dos materiais que as constituem.

Caso ocorram esforços que ultrapassem aresistência à compressão ou ao esforço cortantedos materiais, ocorrerá em alguns locais oaparecimento de fissuras ou trincas. Caso ahetcrogencidade da resistência ocorra no perímetrodo painel de alvenaria e sendo as juntas o plano dedebilidade, aparecerão fissuras no encontro daalvenaria com a viga ou pilar.

A utilização de tijolos maciços cerâmicas, nãoatendendo a NBR 7170 - Tijolo Maciço Cerâmicopara Alvenaria, principalmente quanto à resistência àcompressão, tem ocasionado deficiências noencunhamento de alvenarias, como a quebra dotijolo ao se realizar o encunhamento. Com oobjetivo de evitar a quebra, utiliza-se argamassaem excesso em torno do tijolo de encunhamento.Este procedimento ocasiona retração daargamassa, gerando fissuras no encunhamento daalvenaria e, conseqüentemente, no revestimento.

A utilização de blocos vazados de concreto simplespara alvenaria sem função estrutural ainda verdes,ou seja, não curados, ocasionará retração naalvenaria.

O emprego de blocos com resistência à compressãoinferior ao valor mínimo estabelecido pela NBR7173 - Blocos Vazados de Concreto Simples paraAlvenaria sem Função Estrutural, sem atender amínima qualidade especificara, contribuirá para oaparecimento de problemas.

No caso de construções modulares, blocos comdimensões que não atendam às tolerânciaspermitidas em Normas contribuirão para oencunhamento deficiente.

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Devem ser tomadas algumas medidas quanto àexecução do encunhamento, que deve ser realizadaapós um período mínimo de 15 a 30 dias,aproximadamente, para que a argamassa deassentamento da alvenaria possa retrair.

Alvenarias encunhadas antes da aplicação desobrecargas nas lajes vizinhas a esta, como emlajes de periferia que receberão lâmina de terra dejardinagem e piscinas, irão apresentar problemas.

O encunhamento da alvenaria somente deve serrealizado após os dois pavimentos imediatamentesuperiores estarem com as alvenarias levantadas.

A aplicação de chapisco nas laterais dos pilares efundos de viga não deve ser executada com areiafina. Deve-se prever também ferros de amarração,e no caso das construções modulares preverespaçamento suficiente para o encunhamento.

Caso a argamassa de assentamento da alvenariaapresente resistência mecânica inferior à doselementos da alvenaria (blocos cerâmicas, blocosvazados de concreto simples), e a alvenaria venhaa ser solicitada, poderão ocorrer fissuras naargamassa de assentamento.

Fissuras relacionadas à deformação lenta doconcreto

A deformação lenta do concreto pode estarrelacionada à origem de fissuras no revestimento.

Alguns fatores, como a utilização de seçõesdistintas de concreto e aço em pilares vizinhos deum mesmo pavimento, modificações nacomposição do concreto entre pavimentos, o uso deconcretos ricos em cimento para lançamentosbombeáveis, a granulometria e o tamanho máximodos agregados utilizados, o tipo e a fissuras docimento e as condições de umidade relativa do ardurante as concretagens são fatores quecontribuem para a deformação lenta do concreto.

Fissuras relacionadas à argamassa deassentamento

A presença de argilo-minerais montimoriloníticos naargamassa de assentamento constitui uma causageradora do aparecimento de fissuras norevestimento, assim como a expansão daargamassa de assentamento, devido à hidrataçãoretardada do óxido de magnésio ou de cálcio, ou areações expansivas cimento-sulfatos.

Fissuras relacionadas à ausência de vergas econtravergas

A não utilização de vergas e contravergas nasjanelas, ou a utilização deficiente, contribui para osurgimento de fissuras nos revestimentos.

As vergas e contravergas deverão avançar de 30 a40 cm após o vão das janelas, e ter aberturamínima de 10 cm, a fim de neutralizar aconcentração de tensões nos cantos das mesmas.

Caso os vãos sejam relativamente próximos e namesma altura, recomenda-se uma única vergasobre todos eles.

Fissuras relacionadas a alguns outros fatores

Alguns procedimentos construtivos, como a falta deferro de amarração ou deficiência no chumbamentodos mesmos, entre laterais dos pilares e alvenaria,podem causar fissuras.

Alvenarias executadas sobre balanços e lajes deterraços, com fissuras devido ao deslocamento dosferros negativos durante a construção, ousobrecargas de paredes, peitoris e jardineiras,correspondem a um procedimento gerador defissuras no revestimento.

NOTA:

Argilo-minerais montimoriloníticos são passíveis dereações expansivas. São filosilicatos comestruturas em camadas lamelares, entre as quaissituam-se cátions hidratados. As camadassucessivas estão ligadas frouxamente entre si e aágua pode entrar nelas chegando a separá-lastotalmente, o fenômeno é reversível, pois porsecagem o cristal volta à dimensão inicial.

A laje de cobertura dos edifícios, além daimpermeabilização, deverá receber isolação térmicaeficiente, para minimizar a diferença detemperatura entre a face superior e a inferior dalaje. A ausência desta isolação favorece aformação de fissuras, não somente na laje, comotambém nas alvenarias dos últimos andares,provocada pela constante movimentação pordilatação dos elementos de concreto da última lajeexposta ao sol.

Sugere-se a utilização, no revestimento dos últimosandares e na junções estrutural alvenaria, de umatela em toda a extensão, visando minimizar afissuração.

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Em pavimentos térreos, onde a água do terrenopode subir por capilaridade pela alvenaria, poderãoocorrer fissuras próximas ao piso, provocadas peloincitamento da alvenaria e argamassa, pelo contatoconstante com a água.

É conveniente, portanto, somente iniciar a alvenariasobre camada de concreto ou argamassa hidrófuga,evitando o contato direto com o solo.

Quando ocorre um recalque diferencial em urnaedificação, as alvenarias apresentarão fissuras etrincas inclinadas obedecendo as isostáticas decompressão.

Geralmente, as trincas, ao seguirem as isostáticasde compressão, apontam ou dirigem-se aos pontosrígidos da fundação (regiões do terreno menosdeformáveis, sapatas melhor apoiadas etc). Anteuma situação de fundação deficiente, entra em jogoa rigidez estrutural, redistribuindo as cargas nasfundações e concentrando-se nos pontosrelativamente firmes. As isostáticas de compressãoconsistem em um feixe de retas que passam peloponto de aplicação da carga.

Manchas

As manchas podem se apresentar com coloraçõesdiferenciadas, como marrom, verde e preta, entreoutras, conforme a causa.

Os revestimentos freqüentemente estão sujeitos àação da umidade e de microorganismo, os quaisprovocam o surgimento de algas e mofo, e oconseqüente aparecimento de manchas pretas ouverdes.

As manchas marrons, geralmente, ocorrem devido àferrugem.

Eflorescências

A eflorescência é decorrente de depósitos salinosprincipalmente de sais de metais alcalinos (sódio epotássio) e alcalino-terrosos (cálcio e magnésio) nasuperfície de alvenarias, provenientes da migraçãode sais solúveis presentes nos materiais e/oucomponentes da alvenaria.

As eflorescências podem alterar a aparência dasuperfície sobre a qual se depositam e emdeterminados casos seus sais constituintes podemser agressivos, causando desagregação profunda,como no caso dos compostos expansivos.

Condições para o aparecimento de eflorescências

Na,Tabela 30.5 estão indicados os sais maiscomuns em eflorescências, fontes prováveis do seuaparecimento e a sua solubilidade em água.

A eflorescência é causada por três fatores de igualimportância: o teor de sais solúveis existentes nosmateriais ou componentes, a presença de água e apressão hidrostática necessária para que a soluçãomigre para a superfície.

As três condições devem existirconcomitantemente, pois, caso uma delas sejaeliminada, não ocorrerá o fenômeno.

Os sais solúveis podem ser provenientes dosmateriais e/ou componentes das alvenarias ourevestimentos.

Os sais solúveis do cimento agem como fonte deeflorescência. Cimentos que contenham elevadoteor de álcalis (Na2O e K2O) na sua hidrataçãopodem transformar-se em carbonato de sódio epotássio, muito solúveis em água.

A água de amassamento e os agregados também

podem contribuir para a ocorrência daseflorescências. Caso a água ou a areia utilizadassejam provenientes de regiões próximas ao mar,podem conter em sua composição cloretos esulfatos de metais alcalinos terrosos.

Blocos vazados de concreto, eventualmente,podem ser a causa de eflorescências, caso osmateriais constituintes contenham sais solúveis,que podem ser provenientes do próprio aglomerante(cimento Portland), dos agregados conforme seuprocesso de fabricação ou até de aditivos à base decloretos.

No caso dos tijolos e materiais cerâmicas, aspossíveis fontes de sais são as matérias primas

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cerâmicas, a água usada na fabricação e a reaçãode componentes da massa com 6xido de enxofre docombustível, durante a secagem e início da queima.

Caso a queima dos produtos cerâmicas sejarealizada em temperatura adequada, os sulfatossão eliminados. Os sulfatos alcalinos e demagnésio são eliminados a temperatura acima de950ºC, e os de cálcio a temperatura de 1050ºC.

Outra situação possível é a reação entre o cimentoda argamassa que contém hidróxidos alcalinos e os

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tijolos (sulfato de cálcio), resultando em sulfatos desadio e de potássio.

Existem outros fatores que contribuem para aformação de eflorescências na medida em que

fornecem sais solúveis. Nitratos de sadio, potássioe amônio, muito solúveis em água, podem serencontrados em solos adubados ou contaminadosindustrialmente.

Natureza Química das Eflorescências

Tabela 5. Natureza Química das Eflorescências

Composição Química Fonte Provável Solubilidade em água

Carbonato de CálcioCarbonatação da cal lixiviada da

argamassa ou concreto e de argamassade cal não carbonatada

Pouco Solúvel

Carbonato de MagnésioCarbonatação da cal lixiviada de

argamassa de cal não carbonatadaPouco Solúvel

Carbonato de PotássioCarbonatação dos hiróxidos alcalinos de

cimentos com elevado teor de álcalisMuito Solúvel

Carbonato de SódioCarbonatação dos hiróxidos alcalinos de

cimentos com elevado teor de álcalisMuito Solúvel

Hidróxido de Cálcio Cal liberada na hidratação do cimento Solúvel

Sulfato de Cálcio Desidratado Hidratação do Sulfato de Cálcio do Tijolo Parcialmente Solúvel

Sulfato de Magnésio Tijolo, água de amassamento Solúvel

Sulfato de Cálcio Tijolo, água de amassamento Parcialmente Solúvel

Sulfato de PotássioReação tijolo-cimento, agregados, água

de amassamentoMuito Solúvel

Sulfato de SódioReação tijolo-cimento, agregados, água

de amassamentoMuito Solúvel

Cloreto de Cálcio Água de amassamento Muito Solúvel

Cloreto de Magnésio Água de amassamento Muito Solúvel

Nitrato de Potássio Solo adubado ou contaminado Muito Solúvel

Nitrato de Sódio Solo adubado ou contaminado Muito Solúvel

Nitrato de Amônia Solo adubado ou contaminado Muito Solúvel

Cloreto de Alumínio Limpeza com ácido muriático Solúvel

Cloreto de Ferro Limpeza com ácido muriático Solúvel

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Devem ser redobrados os cuidados em edificaçõessituadas em terrenos ácidos, já que a acidezaumenta a solubilização dos sais alcalinos.

O anidrido sulforoso, gás residual da queima decombustíveis, pode se transformar em contato coma chuva em ácido sulfúrico, o qual reage com oscompostos do tijolo e da argamassa para formarsais solúveis.

O segundo fator necessário para que ocorraeflorescências corresponde à presença de água. Aágua em geral é proveniente da umidade do solo;da água de chuva, acumulada antes da coberturada obra ou infiltrada através das alvenarias,aberturas ou fissuras; de vazamentos de tubulaçõesde água, esgoto, águas pluviais; da água utilizadana limpeza e de uso constante em determinadoslocais.

O terceiro e último fator que deve coexistir com osoutros fatores para a ocorrência das eflorescênciascorresponde à pressão hidrostática necessária àmigração da solução para a superfície.

O transporte de água através dos materiais e aconseqüente cristalização dos sais solúveis nasuperfície ocorrem por capilaridade, infiltração emtrincas e fissuras, percolação sob o efeito dagravidade, percolação sob pressão por vazamentosde tubulações de água ou de vapor, pelacondensação de vapor de água dentro de paredes,ou pelo efeito combinado de duas ou mais dessascausas.

Eflorescências provenientes da limpeza derevestimentos cerâmicas com ácido

Após a execução de revestimentos em fachadas eusual proceder à limpeza com solução ácida,visando eliminar resíduos de argamassa. Oprocedimento de lavagem deve ser o maishomogêneo possível para todas as superfícies aserem tratadas.

O procedimento recomendado estabeleceinicialmente a saturação do revestimento com águaem abundância, a fim de evitar penetraçãoprofunda do ácido, seguida de limpeza com umasolução de ácido muriático em concentração de até10%, e finalmente a lavagem com água emabundância e, se necessário, com escavação dasuperfície do revestimento, visando eliminar asolução ácida e a retirada dos compostos formados

na reação química com a argamassa derejuntamento.

Caso não seja procedida prévia saturação comágua do revestimento, poderá haver penetraçãoprofunda da solução ácida, gerando formação degrande quantidade de eflorescências, pois o ácidomuriático em contato com o cimento dorejuntamento formará cloretos muito solúveis emágua.

As reações químicas ocorridas durante o processode limpeza das fachadas com a solução ácidaformam uma série de compostos, gerandodeposições sobre a superfície.

O cimento Portland é constituído principalmente porquatro compostos, que reagindo com a solução doácido muriático formarão compostos de reaçãoquímica, em sua maioria de cor branca e solúveisem água.

As equações químicas a seguir mostram osprodutos formados.

C3s + HCI --> CaCl2+ Sio2

C2S + HCI --> CaCl2+ S'02

C3A + HCI --> CaCl2 + AIC'3

C4AF + HCI --> CaCl2+ AICI, + FeCl3

] O cloreto de cálcio (CaCl2) é muito solúvel emágua e é de cor branca.

] O cloreto de alumínio (AICI3) é solúvel em águae é de cor branca.

] O cloreto de ferro (FeCl3) é solúvel em água eapresenta tonalidade verde-amarelada.

] O dióxido de silício (SiO2) é branco e insolúvel,dando a impressão de minúsculos grãos deareia.

Caso as eflorescências ocorram em alvenariasexternas de edificações recém-terminadas, omelhor é deixar que desapareçam por si mesmas.Em primeiro lugar, porque as reações ainda nãoestão terminadas e, em segundo lugar, porque,sendo os sais solúveis em água, a eflorescênciatende a desaparecer ap6s um período mais oumenos prolongado com a ação da chuva.

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A eliminação mais rápida é realizada com aremoção dos sais depositados na superfície dorevestimento com uma escova de fios de aço aseco, seguida de lavagem com água emabundância com escavação. A água deve penetrarna alvenaria e dissolver os sais existentes.

Falhas Relacionadas à Umidade

Entre as manifestações mais comuns referentes aosproblemas de umidade em edificações encontram-se manchas de umidade, corrosão, bolor, fungos,algas, líquens, eflorescências, descolamentos derevestimentos, fiabilidade da argamassa pordissolução de compostos com propriedadescimentíceas, fissuras e mudança de coloração dosrevestimentos.

Há uma série de mecanismos que podem gerarumidade nos materiais de construção, sendo osmais importantes os relacionados a seguir:

] absorção capilar de água;

] absorção de águas de infiltração ou de fluxosuperficial de água

] absorção higroscópica de água

] absorção de água por condensação capilar

] absorção de água por condensação.

Nos fenômenos de absorção capilar e por infiltraçãoou fluxo superficial de água, a umidade chega aosmateriais de construção na forma líquida, nosdemais casos a umidade é absorvida na fasegasosa.

Absorção capilar de água

Os materiais de construção absorvem água naforma capilar quando estão em contato direto com aumidade. Isso ocorre geralmente nas fachadas eem regiões que se encontram em contato com oterreno e sem impermeabilização.

A água é transportada pelos capilares segundo asleis da física, sendo importante a velocidade deabsorção capilar e a altura de elevação.

A altura de elevação capilar será maior quantomenor for o raio do capilar, sendo que a velocidadede absorção segue a relação direta, ou seja, quanto

maior o raio do capilar maior será a velocidade deabsorção de água.

Caso a água seja absorvida permanentemente pelomaterial de construção em região em contato diretocom o terreno, e não seja eliminada por ventilação,será transportada paulatinamente para cima,através do sistema capilar. Este é o mecanismotípico de umidade ascendente.

Quanto melhor for o sistema de impermeabilizaçãosuperficial do material de construção, tanto maisalta será a elevação da água na parede, de formaque, caso haja umidade ascendente em paredes,não se deve adotar sistemas impermeabilizantes desuperfície.

O método mais eficaz de combater umidadeascendente em paredes é por meio deimpermeabilização horizontal eficaz.

Águas de infiltração ou de fluxo superficial

Se o local que está em contato com o terreno nãotiver impermeabilização vertical eficaz, ocorreráabsorção de água, pela terra úmida com o materialde construção absorvente, que poderá seintensificar caso a umidade seja submetida a certapressão, como no caso de fluxo de água em pisocom desnível.

Nestes casos deverá ser adotadaimpermeabilização vertical, e se necessáriodrenagem.

Formação de água de condensação

A uma determinada temperatura o ar não podeconter mais que uma quantidade de vapor de águainferior ou igual a um máximo, denominado peso devapor saturante.

Esse peso é, por exemplo, de 20 g/kg de ar a 25ºC.

Caso o peso de vapor seja menor, o ar estaráúmido porém não saturado. Este estado écaracterizado pelo grau higrométrico, igual à relaçãoentre o peso de vapor contido no ar o peso de vaporsaturante.

Por exemplo, para o ar a 25ºC contendo 12 gramasde vapor de água por quando de ar, grauhigrotérmico é de 60%.

12/20 x 100 = 60%

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A diferença entre o peso de vapor saturante e opeso de vapor contido no ar, ou seja, 20-12 = 8 g/kgde ar, representa o poder dessecante do ar.

O poder dessecante do ar e, conseqüentemente, avelocidade de evaporação são mais elevadosquando o ar é mais quente e seco, este últimoindica que o grau higrométrico é menor.

O gráfico a seguir nos mostra que, caso uma massade ar a 25ºC, com grau higrométrico de 60 %,apresente um abaixamento da temperatura semmodificação do peso de vapor gerará maiorumidade (grau higrotérmico).

Por exemplo, a 20ºC o grau higrotérmico é de 80%,aproximadamente; a 17ºC resulta 100 %, ou seja,ar saturado.

Para uma temperatura menor o peso de vapor nãopoderá exceder o peso de vapor saturante, o quefará o vapor de água condensar-se.

A temperatura de 17ºC se denomina ponto deorvalho, correspondente à temperatura de 25ºC e aum grau higrotérmico de 60%.

A condensação irá acompanhada dedesprendimento de calor.

A condensação de um litro de água desprendeaproximadamente 0,6 kcal.

Deve-se levar em consideração que a temperaturado ar e a temperatura das paredes de um edifíciopodem ser muito distintas. Especialmente emplatibandas e cantos dos edifícios, de acordo com aproteção térmica existente, ocorrerá uma baixaconsiderável da temperatura.

Efetivamente pode ser possível que a temperaturado ar seja de aproximadamente 20ºC, e nasparedes exteriores seja de 150ºC ou 16ºC.

Nos cantos do edifício, pode-se chegar inclusive atemperaturas mais baixas, da ordem dos 12ºC.Caso a umidade do ar seja de 60 a 70%, nossetores com temperatura de 12ºC obrigatoriamenteocorrerá condensação de água, devido à umidaderelativa do ar mais elevada causada pela queda datemperatura.

Nesses casos deve-se consultar um especialista,visando melhorar a proteção térmica da paredecorrespondente do prédio.

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Absorção higroscópica de água e condensaçãocapilar

Em ambos os mecanismos a água é absorvida naforma gasosa.

Na condensação capilar a pressão de vapor desaturação da água diminui, ou seja, ocorre umidadede condensação abaixo do ponto de orvalho.

Quanto menores forem os poros do material deconstrução, mais alta será a quantidade de umidadeproduzida por condensação capilar. Além dotamanho dos poros, o mecanismo dependeprincipalmente da umidade relativa do ar. Quantomaior for a umidade relativa, maiores serão osespaços dos poros do material de construção quepoderão ser ocupados pela condensação capilar.

Um ambiente com umidade relativa do ar em tomode 70% produz nos materiais de construção umaquantidade de umidade por condensação capilar,este valor se denomina "umidade de construçãoprática" ou "umidade de equilíbrio".

Normalmente, nos materiais não são encontradosteores de umidade menores que a te umidade deequilíbrio".

Caso o material de construção contenha sais, aumidade de equilíbrio pode variarconsideravelmente. O mecanismo de absorçãohigrosc6pica da umidade é desencadeado do ar,grau e tipo de salinização, a água pode serabsorvida na forma higroscópica durante o temponecessário até alcançar a umidade de saturação.

Naturalmente, a absorção higroscópica da umidadedesempenha papel especial nas partes daedificação que se apresentam salinizadas porumidade ascendente.

Os locais subterrâneos e o térreo são os maisafetados por este fenômeno.

Faz-se necessário conhecer exatamente osmecanismos individuais de umedecimento, ou seja,as causas das anomalias, para poder eliminá-loseficazmente.

Para o diagnóstico das anomalias deve-se verificar,especialmente, o grau de umidade e a existência desais. Em seguida é necessário determinar o graude umidade dos materiais componentes, tomando-se o cuidado de manter constante a umidaderelativa do ar das amostras até ensaio, pois a

variação da mesma pode alterar os teores deumidade higroscópica e de condensação capilar.

Posteriormente deve-se determinar a absorçãomáxima de água, por imersão. Com este resultado,pode-se determinar o grau de umedecimento,relacionando o teor de umidade com a absorçãomáxima de umidade.

Para a determinação da absorção higroscópica daumidade deve-se extrair amostras do material deconstrução, secá-las, e em seguida mantê-lasarmazenadas em ambiente com umidade relativado ar correspondente ao valor médio de umidade doar do local de retirada da amostra.

Após três a quatro semanas de medição, obtém-sea umidade higroscópica de equilíbrio.

Conhecida a proporção da umidade higroscópicacom relação à umidade total, e determinando-se ainfluência da formação de água de condensação,pode-se deduzir a parte correspondente à umidadeascendente real nesse momento.

Um edifício antigo que inicialmente não tinha sidoimpermeabilizado sofreu umedecimento paulatinode forma ascendente, além de penetração lateral.Sobre o nível do terreno a água pode evaporar,permitindo ao longo do tempo a sedimentação desais na região. A partir de determinadasconcentrações, os sais puderam reter água naforma higroscópica.

As regiões da edificação com umidade foram sedeslocando lentamente para cima, produzindoatualmente um quadro visível de danos.

Após anos a sanilização atingiu elevadaconcentração, à qual pode ser atribuída atualmentea causa determinante da anomalia.

Portanto, uma vez no passado, a causa geradora foia umidade ascendente na parede, porém hoje ofator determinante é a absorção higroscópica deumidade.

Além da umidade, deverão ser determinados eanalisados os compostos solúveis em água nosmateriais de construção, e analisados os saisexistentes, que possam ser agressivos. Em geral,nestes casos tem importância os teores de cloretos,sulfatos e nitratos.

Não só os dados químicos e físicos devem serlevados em consideração na restauração ou

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tratamento da anomalia, também é de fundamentalimportância avaliar as condições de contorno.

Deve-se avaliar especialmente a influência de águasubterrânea, de fluxos superficiais de ladeiras, e deáguas provenientes de infiltrações. Também não sedeve esquecer de avaliar

e eliminar defeitos de construção, como porexemplo, caimentos, prumadas e ralos, para águaspluviais e/ou de lavagem que muitas vezes podemser deficientes, ou estarem rompidos ou entupidos.

Medidas protetoras

As medidas de proteção contra a umidade naconstrução deverão ser adequadas ao tipo demecanismo gerador.

A seguir citaremos alguns dos procedimentosadotados na Europa.

Umidade ascendente em paredes

] Impermeabilização horizontal, combinando comimpermeabilização vertical das paredesexteriores, se for o caso;

] Procedimento de injeções de produtos químicospor perfurações na parede, com função dereduzir o diâmetro dos capilares e com efeitohidro-repelente.

Impermeabilização vertical-drenagem

Para eliminação de água do terreno por saturaçãodo solo em contato com vigas baldrames e paredesda edificação e de fluxo superficial de água.

Umidade por condensação

] Melhorar a ventilação do local;

] Isolamento térmico eficiente, impedindo aformação de pontes térmicas.

Manchas de Fachadas por ContaminaçãoAtmosférica

Nas médias e grandes cidades é muito comum orecobrimento dos revestimentos externos deedificações por pó, fuligem e partículascontaminantes.

O principal responsável por esse fenômeno é apoluição atmosférica, que pode ser classificada empoluentes naturais ou biológicos, e resíduosprovenientes de indústrias.

Os poluentes naturais incluem compostos desubstâncias minerais, vegetais e animais. Osresíduos químicos e industriais são provenientes detrês grandes fatores de emissão: as indústrias deelaboração de produtos semimanufaturados oumatérias-primas; a combustão industrial oudoméstica de todas as espécies de combustíveis,sejam sólidos, líquidos ou gasosos; e a emissãoproveniente da combustão dos motores de veículos,especialmente os movidos a diesel.

Partículas contamitantes

Setenta por cento da contaminação atmosférica sãoconstituídos por partículas com diâmetrocompreendido entre 1 e 5 µm (1 µm = 10-3 mm),27% de tamanho superior, e 3% inferior a 1 µm,sendo que quase a totalidade destas partículas sedepositará por via seca em dois ou três dias.

Com vento, a difusão turbulenta afetafundamentalmente as partículas na faixaintermediária, que irá influir decisivamente nomanchamento das superfícies verticais eprotegidas.

As partículas estarão afetadas pelo choque inercial,ocorrendo deposição sempre que a energia dorebote não superar a força de adesão ao substrato.A possibilidade de que ocorra

é inversamente proporcional ao tamanho dapartícula, e a perpendicularidade da direção dochoque.

A adesão das partículas contaminantes podeocorrer por vários processos, segundo a naturezado material de substrato e as condições ambientais.

Pode ocorrer desde um mero apoio sobre amicroplataforma, e neste caso a partícula pode serfacilmente varrida por um simples vento, até umaverdadeira aglutinação que pode tomar impossívelsua eliminação a não ser exclusivamente por meiosde limpeza mecânica.

Fatores que influenciam o manchamento

] Agentes climáticos Vento

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O vento, através da velocidade e na direção dospoluentes, pode atuar como dispersante dosmesmos, desde que em direção favorável.

Entretanto, com vento incidente de menorintensidade e com turbilhonamentos rasantes, e emzonas de remanso da edificação (partes maisabrigadas) haverá deposição de partículas. Apátina nestas partes irá aumentando lentamentecaso a ação do vento não seja reforçada pelalavagem ocasionada pela chuva.

] Chuva Direta

A chuva incide principalmente na parte superior dafachada, bem como nos bordos laterais, caso nãohaja obstáculos à sua frente, independentemente daintensidade da chuva.

Nas partes inferiores das fachadas as trajetórias dachuva são quase paralelas, ou seja, verticais,portanto toma-se difícil a lavagem dos paramentosverticais pela água de chuva direta.

] Chuva Escorrida

A chuva direta incidente na fachada ricocheteiapara o exterior, ou normalmente permanece nasuperfície do revestimento, sendo em partesuccionada por capilaridade e absorvida por tensãosuperficial, e após saturação e sobre certascircunstâncias, a água restante começa a deslizarna fachada.

A chuva escorre em forma de fina lâmina oupelícula, sensível às irregularidades do paramento, ecom baixa velocidade, sendo absorvida pelomaterial de revestimento e pela camada de sujeiradepositada.

A água produz uma leve erosão físico-químicasobre o material, estabelecendo caminhospreferenciais. O efeito principal, em relação àpoluição, é o de lavagem ou arraste parcial ou totaldas partículas de sujeira depositadas.

Outra conseqüência é a redistribuição da sujeira,depositando-se conforme vai sendo absorvida,sobre as trajetórias preferenciais.

] Temperatura e Vapor D'água

Normalmente a temperatura decresce regularmenteem função da altitude, o que produz um movimentoascensional das camadas quentes de ar inferioresem relação às superiores, mais frias. É essacorrente ascensional que dispersa os poluentes.

A exceção ocorre nas situações em que se temlugar fenômenos de inversão térmica, que impedema ação de dispersão dos poluentes, quando osefluentes vertem massas gasosas debaixo dacamada de inversão.

A ocorrência de umidade relativa elevada ou denevoeiro conduz a um incremento notável dedeposição e adesão de partículas, e, portanto, demanchamento dos materiais porosos poucoexpostos à ação da água e vento. a

Materiais de revestimento - Tipos de materiais

Os tipos de materiais se classificam, de maneirageral, em pétreos naturais, incluindo as rochas maisfreqüentes, calcário, arenito, granito e mármore;pétreos conglomerados, incluindo os concretos,independentemente do processo de fabricação, eargamassas de revestimentos; e pétreos Cercos,que incluem, os tijolos e os revestimentoscerâmicos.

Porosidade dos Materiais

A influência da porosidade no manchamento defachadas intervém diretamente na formação dalâmina de água (lavagem indireta), e naredistribuição da sujeira. Contribui na formação dapatina de sujeira, a penetração das partículas nosporos capilares, colmatando-se ou aderindo nasuperfície, reforçando a deposição de sujeira.

Textura Superficial dos Materiais

] Cor dos Materiais

A intensidade com que se visualiza as lesões nasfachadas é diretamente proporcional ao contrastede cor e tonalidade entre os materiais derevestimento e a pátina de sujeira.

] Dureza dos Materiais

A dureza intervém passivamente no processo demanchamento, pois, segundo o balanço dasenergias de incidência e rebote, assim como otamanho das partículas, ocorrerá o rebote dasmesmas ao exterior ou ficarão aderidas à superfíciedo material.

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Formas de fachadas

Um dos aspectos mais importantes é a inclinaçãodos planos. Caso haja superfícies horizontais,haverá deposição de partículas por gravidade, edependendo do acesso e quantidade de água dechuva direta que pode alcançar esses planos,haverá maior formação de manchas isoladas desujeira, e inclusive deposição de água de chuva.

Todos os elementos que compõem o relevo geralda fachada, que possam criar descontinuidadessobre a superfície do paramento, constituirão fontesde acumulo de sujeiras e, sob certas condições, deágua de chuva direta.

Exemplos desses elementos são as irregularidadesornamentais da fachada, como estrias e relevos,sobressalentes ou rebaixadas; juntas de tijolos, demontagem, ou funcionais; terraço; varanda;decorativos ou de drenagem como cornijas,gárgulas ou prumadas externas de águas pluviais.

Contaminação Ambiental por SubstânciasAgressiva

A estabilidade dos materiais de construção estárelacionada à absorção de água, e principalmente àcaptação de substâncias agressivas.

Estas últimas se dividem genericamente em doisgrupos: salinas e gasosas.

Os sais são incorporados ao material junto com aágua absorvida por capilaridade, e as gasosaspodem penetrar dissolvidas na água de chuva ou naforma de gases por difusão.

As principais substâncias gasosas são compostaspor gases ácidos que se encontram na atmosfera,basicamente os óxidos de enxofre e de nitrogênio.

O concreto armado é afetado também pelo dióxidode carbono, que provoca a redução da alcalinidadedo concreto ao longo do tempo.

Com relação aos danos, é, a princípio, indiferentese as substâncias gasosas penetraram no materialjunto com a água de chuva, por absorção capilar,ou mediante difusão, pois ambos os casosconduzirão à formação de sais dentro do material deconstrução.

Seus aglomerantes são transformados em saissolúveis, conforme esquema abaixo:

Aglomerante Alcalino + ácido - Sal + água

As substâncias agressivas penetram no material deconstrução por meio da absorção capilar.

As maneiras mais usuais de captação direta dossais pelos materiais de construção ocorrem nasregiões de respingo ou névoa de água, ou empartes não impermeabilizadas da construção que seencontram em contato com o terreno.

Um tipo de contaminação ambiental muito comumnos centros urbanos é a formação de chuva ácida,conforme equações abaixo:

H20 + So2 - H2SO4

Dióxido de enxofre resultante da queima decombustíveis (indústrias, residências e .veículos) eágua de chuva forma ácido sulfúrico.

H2So4 + CaCo3 – CaSO4 + H20

O ácido sulfúrico reage com o carbonato de cálcio(rochas calcárias, mármore, concreto e argamassasendurecidas) formando gesso.

Danos decorrentes de absorção de água esubstâncias agressivas

] Corrosão mecânica

Os sais solúveis ocorrem nos materiais através dediferentes mecanismos de captação; por exemplo,sais aspergidos pelo ar, sobre o piso ou sobre asmatérias primas.

Entre os sais agressivos, os principais são ossulfatos solúveis, os cloretos e nitratos.

A água ao evaporar faz com que os sais secristalizem nos poros, e conseqüentemente aconcentração de sais vai aumentandopaulatinamente.

Os danos são decorrentes da cristalização eformação de hidratos. Essas variações de origemfísica e química produzem, pelo aumento devolume, pressões expansivas elevadas, as quaisacabam por destruir e estrutura porosa do material.

Essas pressões entre 20 e 200 MPa superam aresistência da maioria dos materiais de construçãode origem mineral.

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] Corrosão química

Os gases ácidos de queima dos combustíveisorgânicos provocam a destruição dos aglomerantesnos materiais de construção de origem mineral.

O caso clássico constitui os aglomerantes calcáriosnão solúveis (carbonato de cálcio) que sãotransformados em gesso solúvel (sulfato de cálcio).A troca química dos aglomerantes, a retribuição dosmesmos, é de fundamental importância no processode deterioração.

Os componentes do gesso solúvel vão seconcentrando lentamente na superfície do materialde construção, formando incrustações agressivas,produzindo erosão e deterioração superficial.

A corrosão pela ação de cloretos é muito importanteem estruturas de concreto armado. A partir deconcentrações de aproximadamente 0,4% damassa de cimento, os íons cloreto dentro doconcreto provocam o processo de corrosão daarmadura.

As conseqüências deste processo destrutivocorrespondem à ruptura do concreto de cobrimentoda armadura.

] Corrosão biológica

Superfícies úmidas de materiais de construção sãoatacadas freqüentemente por microorganismos deorigem botânica e animal.

Trata-se principalmente de bactérias, mofos, algase líquens, que possuem metabolismo ativo.

As superfícies afetadas são mantidaspermanentemente úmidas pelos microorganismos,e por precipitação de produtos metabólicos podemchegar inclusive a gerar uma salinização adicionaldo material.

A corrosão biológica dos materiais de construção deorigem mineral é agravada por danos provocadospor água de condensação.

] Perda de isolamento térmico por umedecimento

O material de construção molhado ou umedecidotem sua capacidade isolante térmica reduzida,ocorrendo condensações de vapor de água,gerando maior grau de umidade.

Consequentemente, a isolação térmica diminui,aumentando a condensação.

O material úmido constitui um campo de cultivoideal para os microorganismos.

RECOMENDAÇOES NAS FASES DE PROJETO,EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO DOSREVESTIMENTOS

Recomendações na Fase do Projeto

O desempenho dos materiais e sistemas derevestimento de uma edificação está relacionadodiretamente com o projeto.

Nas fases de anteprojeto e projeto deverá serdefinida e especificada a qualidade desejada dorevestimento levando-se em consideração asexigências funcionais de estética, estabilidade,permeabilidade à água, durabilidade e manutenção.

As exigências estéticas estão relacionadas aoacabamento compatível com o padrão daedificação, previamente julgado pelo usuário.

A estabilidade refere-se à aderência e à capacidadede absorver, deformações compatíveis às tensõesnormais e tangenciais atuantes no revestimento ena interface com a base, advindas das deformaçõesdas alvenarias e das condições climáticas às quais orevestimento está exposto.

O sistema de revestimento deve garantirdeterminadas características de impermeabilidade àágua, através da própria argamassa, caso sejaaditivada, ou pelo material de acabamento (pintura,revestimento em pedra, cerâmico etc.).

Os revestimentos devem apresentar, ainda,características de durabilidade quanto àconservação da cor, brilho, textura, e integridade domaterial de revestimento relativamente a condiçõesde exposição, utilização e aplicação de produtos delimpeza.

O custo de manutenção deve ser baixo, sendoprevistas em projeto condições de acesso caso sejanecessária a realização de serviços de limpeza eeventual execução de reparos localizados nopróprio revestimento ou em outros materiais oucomponentes que façam parte da fachada.

Escolha dos materiais de revestimento

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Na falha de projeto é necessário escolhe materiaisadequados às condições de uso, exposição eagressividade do meio, levando-se e consideraçãoas várias exigências funcionais.

Assim, a escolha dos materiais de revestimentorequer premissas como o conhecimento dosmateriais e sistemas de revestimento, suascaracterísticas, cuidados e detalhes executivo eeventuais deficiências (projetista); a caracterizaçãodas condições de uso, exposição e agressividadedo meio (projetista/usuário); e as especificações dasexigências funcional (usuário/projetista).

Devem ser elaborados desenhos, contendoesquemas e detalhes construtivos (projetista)cadernos de encargos e de manutenção.

Os cadernos de encargos devem conterespecificações técnicas dos materiais e sistema derevestimento a serem utilizados, e procedimentosde execução (projetista).

Nos cadernos de manutenção devem serespecificados os cuidados e procedimentos d modoque a manutenção a ser realizada pelo usuário sejaadequada aos revestimentos.

Deverá ser feita uma análise das condiçõesregionais, locais e do terreno onde se executada aedificação, quanto às condições de exposição eagressividade do meio de mo a selecionar eespecificar os materiais de revestimento maisapropriados às solicitações a estarão submetidos.

As condições de exposição e agressividade do meiodeverão ser identificadas na do projeto. Na relaçãoa seguir estão indicados os principais aspectos aserem analisados e cada uma das condiçõespreviamente apresentadas.

Condições regionais

] Índice pluviométrico

] condições ambientais (temperaturas média,máxima e mínima anual, velocidade do vento,umidade relativa);

] fontes de contaminação do ar da região e seu

encaminhamento pelas correntes de ar.

Condições locais

] a edificação será construída em área urbanaindustrial ou rural? (deposição de fuligem, pó epoluentes lançados na atmosfera);

] fluxo e tipo de veículos em rodovias e/ou viaspúblicas próximas ao empreendimento(liberação de monóxido de carbono, enxofre,vibrações etc.);

] condições higrométricas do local (próximo arepresas, matas etc.);

] local é sujeito a inundações?

] a edificação ficará em área sujeita à maresia? o

] Condições do terreno

] nível do lençol d'água em relação à cota doterreno;

] contaminação do solo quanto à existência desais solúveis, que possam causar deterioraçãoda estrutura e/ou da argamassa, ou provocareflorescências?

] presença de vegetação ao lado da edificaçãomodificando as condições de ventilação eumidade? (árvores, arbustos, jardineiras,floreiras);

] microorganismos e animais?

Condições de edificação

] gráfico de insolação com relação à orientaçãodas fachadas da edificação;

] incidência de chuva, turbulência e insolação emrelação às edificações existentes no entorno;

] a altura da edificação poderá expor as fachadas(revestimentos e caixilhos) a condiçõesespecíficas de exposição a chuvas sob pressãode vento;

] contato com produtos químicos agressivos e/oudurante o processo de fabricação dessesprodutos, no caso de indústrias.

A escolha do tipo de argamassa dependerá daaparência final desejada e da compatibilidade daargamassa com o acabamento decorativo proposto.

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Após a escolha dos materiais e sistemas derevestimentos a serem utilizados na edificação,deverá ser elaborada uma relação deespecificações técnicas quanto à qualificação dosconstituintes, materiais e/ou sistemas derevestimentos a serem utilizados. Os materiais nãonormalizados deverão ter sua qualidade definida.

Os procedimentos referentes à execução das basese preparação das superfícies que receberão osmateriais de revestimento, critério de inspeção e osprocedimentos de execução referentes aosmateriais de revestimento e seus critérios deinspeção e aceitação também deverão serrelacionados.

Deverão ser elaborados desenhos contendoesquemas e detalhes construtivos.

Esta documentação se faz necessária para afixação das medidas de controle, visando assegurara inclusão dos requisitos estipulados em projeto nasetapas relacionadas a seguir:

] aquisição de materiais, equipamentos eserviços;

] verificações da conformidade dos materiais,equipamentos e serviços de forma a asseguraro cumprimento das especificações;

] controle de manuseio, transporte earmazenamento dos materiais, de modo aevitar contaminações, danos, deteriorações ouperdas;

] controle da execução, verificando aconformidade dos serviços, por meio de planos,especificações, procedimentos e instruçõespertinentes, juntamente com listas deverificação.

Detalhes de projeto

Na fase de projeto devem ser adotadosdeterminados cuidados de modo a minimizar asfalhas dos revestimentos.

As chuvas, sob pressão do vento ou não, provocama formação de lâminas de água que irão escorrersobre as fachadas, portanto, para garantir aestanqueidade e minimizar a deterioração dorevestimento, deverão ser adotados alguns detalhesconstrutivos, como pingadeiras, molduras,

cimalhas, peitoris e frisos, visando dissiparconcentrações de água.

A geometria das fachadas deverá ser estudada demodo a evitar que o fluxo de água se dirija parapontos vulneráveis, como juntas e caixilhos,permitindo que o próprio fluxo de água faça alimpeza do paramento de modo a evitar adeposição de fuligem e empoçamento de água.

As prumadas externas de águas pluviais, em tubode PVC, galvanizado ou zinco, em geral são fixadasna alvenaria.

Caso a superfície da parede apresenteirregularidades, o que é normal, a prumada e aalvenaria se tocarão em certos locais e a sujeira,como pó e folhas, se acumulará formandodeposições que reterão na alvenaria umidadeproveniente de água de chuva.

Pode ser que não ocorram infiltrações, se aalvenaria estiver em uma fachada ensolarada.Porém, não é possível descobrir a tempo asinfiltrações, e poderão ocorrer problemas sériosantes que se perceba a causa.

A utilização de espaçadores entre o parafuso defixação e a prumada evitará possíveis pontos decontato e, portanto, o acumulo de sujeira eumidade.Deve-se evitar que os parafusos de fixação sejamintroduzidos diretamente nas argamassas deassentamento dos blocos, a fim de impedir queocorram preferenciais de penetração de umidade.

É fundamental prever verificações periódicas doestado da tubulação, quanto a eventuaisentupimentos, perfurações, corrosão e estado dapintura, se for o caso.

A elaboração de projeto de isolação térmica eimpermeabilização das lajes é essencial para quese obtenha desempenho satisfatório das alvenarias,e conseqüentemente dos revestimento, oriundodesta maneira a ocorrência de trincas em alvenariase de infiltrações de água pelas fissuras dorevestimento, ou por deficiência daimpermeabilização.

A ocorrência de ponte térmica (parte de fachadaque oferece menor resistência térmica) geracondensações, e se não houver queda detemperatura abaixo do ponto de orvalho, adiferença de temperatura entre diferentes partes fazcom que as correntes de conexão sejam maiores

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nas superfícies mais frias, gerando deposição depoeira e fuligem rapidamente nestes locais. Estefenômeno é particularmente notado em terraços eplatibandas com elementos vazados, onde asnervuras se apresentam mais limpas e próximo acantos formados pela interseção de paredes.

Na medida do possível, é conveniente evitar aspontes térmicas ou compensá-las com isolamentocomplementar.

Tabela 6.Controle de deposição de partículas nasfachadas

Textura dos Materiais Redução da rugosidade quando:

] a visualização da deposição irá ser muito evidente;] a exposição irá ser alta e a proteção escassa;] a exposição é boa, nas partes não afetadas;] está prevista deposição acelerada;] não está prevista manutenção periódica.

Textura e Disposição da Fachada Os relevos exclusivamente decorativos devem ser evitados,independentemente do grau de exposição.

Planos inclinados para fora da fachada (para baixo) só sãorecomendáveis caso posam estar submetidos a lavagem total.

Devo-se estudar a continuidade dos planos supracitados com osimediatamente inferiores, de modo a evitar escorridos de sujeira edeposições.

Controle para eliminação e redistribuição dedeposição de partículas nas fachadas

Fachadas abrigadas (sem lavagem)

Aceitáveis, salvo:

] com revestimentos calcáreos em ambientessulfurosos;

] com texturas profundas (dos materiais ou dafachada;

] caso apresentem componentes contendo saissensíveis à lavagem diferencial

Fachadas submetidas à ação do vento o da chuva

Controle de água de chuva direta

Fator de Exposição

] Sempre é preferível exposição elevada.

] grau de exposição pode ser indiferente caso aproteção seja elevada

] Em edifício desprotegido a exposição pode sermuito variável, conforme a orientação dasfachadas

Fator de Proteção

] É aconselhável o menor fator de proteçãopossível

] Distintos níveis de proteção em urna mesmafachada são perigosos.

] A proteção total atua como uma exposiçãomuito baixa

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Notas:

Fator de exposição – parâmetro que avalia a açãoda chuva o do vento. É obtido pela soma dosprodutos da velocidade do vento pela quantidade oa chuva precipitada, para cada direção considerada.

Fator de proteção - parâmetro que avalia ascondições atenuantes com relação à ação da chuvao do vento, em relação a cada fachada considerada

da edificação. Está relacionado com o perfil dotorreno, morfologia urbanística, proteção deedificações vizinhas, da rua, o da própria mediçãode proteção das fachadas.

Tabela 7. Controle do grau demanifestação/percepção da deposição. Controle daaparência com o uso de materiais.

Textura Não se deve utilizar a textura isoladamente, a não serem combinação com cores o outros fatores.

A textura rugosa devo ser evitada, salvo com garantiasde lavagem abundante ou com cores fortes.

A textura dos agregados aparentes ou que imitamtijolos ou concreto é adequada caso seja colorida.

Cor É adequada nos bordos com absorção de águaescorrida ou em outras áreas de lavagem irregular(parapeitos planos ou com diversas inclinações,curvaturas etc.)

Cores com intensidades intermediárias são preferíveisàs de tonalidades quentes.

Quanto mais escura for a cor do material, maiorcapacidade terá de dissimulação.

São preferíveis as cores não lisas, com desenhos,marcas, decorações, etc., que favorecem mais adissimulação da pátina de poluição.

Combinação o Modulação de Materiais É recomendável as combinações de materiais porquea diversidade de texturas o colorações contribua paradissimular a irregularidade da sujeira.

Como critério geral, juntas profundas, poças pequenas,diferença de cor ou tom entre peças e junta, coloraçãoescura para as poças.

São utilizáveis as juntas de modulação de materiais,principalmente as profundas. As funcionais ou demontagem de grandes peças são pouco úteis o àsvezes perigosas.

Imposta A determinada dístância (preferencialmente um ou doispor andar), com sacada suficiente porém dotada dovertedor e pingadeiras para evitar escorrimento.

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Relevos Decorativos Adequados caso sejam pouco destacados ohomogeneamente distribuídos no paramento.

É desaconselhável os isolados ou muito salientes ouprofundos.

Estriados São mais adequados em forma de estrias,preferencialmente verticais a distribuídas a pequenasou médias distâncias.

É conveniente que sejam evitados detalhes quefavoreçam o acumulo de água. Assim, não devemser utilizadas seções em "U" desprovidas de pontosde drenagem em sistemas de captação de águapluvial de coberturas.

As superfícies horizontais devem ter inclinação depelo menos 1 %. Este caimento será previsto demodo que a água verta para o exterior da obra.Além disso, deverão ser tomados cuidadosespeciais de manutenção, a fim de que os pontosde drenagem não fiquem obstruídos de modo que aágua de telhados e balcões verta distante da obra.

Os ralos e respectivos condutos de captação deágua devem ser dimensionados corretamente,evitando vazamentos e encharcamentos deplatibandas.

Os caixilhos podem constituir um ponto vulnerávelàs infiltrações de água na medida em que possamapresentar problemas de estanqueidade.

As janelas devem ser submetidas a ensaio, a fim deserem detectados eventuais pontos susceptíveis ainfiltrações de água, para que sejam procedidas asdevidas correções no projeto, de modo que seobtenha perfeita vedação, evitando-se, dessaforma, a penetração de água, que poderá gerarquadros patológicos na argamassa de revestimento.

Os ensaios de desempenho quanto à estanqueidadeao ar e à água e quanto à resistência à carga devento são realizados conforme metodologiaespecífica, segundo a NBR 7202. DesempenhoJanela de Alumínio em Edificações de UsoResidencial e Comercial.

O ensaio visa simular condições de exposição achuvas com vento, e ao vento simplesmente, com aaplicação de pressões equivalentes a velocidadesde vento determinadas seguindo as isopletas devento, específica para cada região.

Constam das tabelas a seguir algumas dasrecomendações elaboradas pelo arquiteto FranciscoJavier León Vallejo, da Universidade de Valladolid,Espanha, quanto a cuidados na fase de projetovisando minimizar a deposição de poluentes e oconseqüente manchamento de fachadas.

Recomendações na fase de execução

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A adequada execução dos serviços de revestimentonecessita de elaboração prévia de cadernos deencargos, contendo Normas, especificaçõestécnicas e procedimentos.

Os cadernos de encargos facilitam o controle dorecebimento, estocagem, manuseio e transportedos materiais, além do próprio controle daexecução, na medida em que é verificada aconformidade dos serviços, por meio de listas deverificação adotadas como registro.

A qualificação e treinamento dos operários é umfator importante na fase de execução. Os operáriosdevem conhecer com clareza as atividades que irãodesenvolver e ter suas respectivasresponsabilidades definidas.

É fundamental, também, que se disponha deequipamentos e ferramentas adequadas para o bomandamento da execução.

Execução de revestimentos de argamassa

A constituição do revestimento de argamassadepende de alguns requisitos, assim como suacapacidade de absorção, da aspereza da superfícieexterna da base do emboço e até do clima local.

A resistência da argamassa deve diminuir de dentropara fora, isto é, do emboço para o reboco, e essaresistência nunca deve ser interrompida, como nocaso de duas camadas mais resistentes estaremseparadas por uma menos resistente.

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Na preparação da argamassa e na execução dorevestimento devem ser consideradas algumasrecomendações.

Preparo das superfícies

A superfície da base para as diversas argamassasdeverá apresentar as seguintes características:

] ser regular, para que a argamassa seja aplicadaem espessura uniforme;

] apresentar-se limpa, livre de pó, materiaissoltos, graxas, óleos ou resíduos orgânicos(desmoldante);

] as eflorescências deverão ser totalmenteremovidas antes da aplicação da argamassa;

] ser áspera, quando demasiadamente lisadeverá ser escarificada e/ou coberta com umaaplicação de argamassa de chapisco.

Caso a base do revestimento apresente elevadaabsorção, deverá ser suficientemente pré-moldada;e deverá ser aplicada argamassa de chapisco casoseja parcial ou totalmente não absorvente, etambém quando não apresentar-se suficientementeáspera ou constituir-se de materiais de graus deabsorção diferentes.

Superfícies impróprias, como, por exemplo,madeira ou ferro, deverão ser cobertas com umsuporte de revestimento (tela de arame etc.).

Caso seja empregado chapisco, a camada deveráser uniforme, em pequena espessura, eacabamento áspero. O revestimento só poderá seraplicado quando o chapisco apresentarendurecimento tal que não possa ser removido coma mão, o que requer, para argamassas de cimento eareia, no mínimo 24 horas para aplicação doemboço.

Preparação da argamassa

Durante a preparação da argamassa, na mistura doaglomerante e de eventuais aditivos, devem sertomados alguns cuidados especiais. Deve-seobservar procedimentos de execução como tempode repouso da pasta de cal e da argamassa.

deverá ser misturado separadamente à água eadicionado à argamassa de cal somente poucotempo antes da execução do reboco.

As argamassas em estado de endurecimento e quecontenham aglomerantes hidráulicos ou gesso nãose tornam novamente trabalháveis mediante novasadições de água.

O gesso para construção não deve ser misturadocom cimento.Se o cal e o gesso forem utilizados juntos, o gesso

Execução da camada de emboço

Após o correto posicionamento das taliscas e aexecução das guias com argamassa mista decimento e cal para emboço, é executada a camadade emboço.

O desempeno é realizado com régua apoiada sobreas gulas, movimentada da direita para a esquerda evice-versa, e de baixo para cima.

Em dias muito quentes, principalmente em locaisexpostos ao sol, os revestimentos devem sermantidos úmidos por pelo menos 48 horas após aaplicação.

A camada de emboço necessita de um período decura de pelo menos sete dias antes da aplicação doreboco.

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