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UNIVERSlDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS REITOR Clclio Campolina Diniz VICE-REITORA Rocksane de Carvalho Norton EDITORA UPMG DrRETOR Wander Melo Miranda VrCF.-DlRETOR Roberto Alexandre do Canno Said CONSELHO EDITORIAL Wander Melo Miranda (PRESIDENT E) Antonio L\liz Pinho Ribeiro Plavio de Lemos Carsalade Hdoisa Maria Murgel Starling Marcio Gomes Soares Maria das Grayas Santa Barbara Maria Helena Damasceno c Silva lvlegale Roberto Alexandre do Carmo Said ORGANIZADORES FAMILIA, ESCOLA E JUVENTUDE Olhares cruzados Brasil-Portugal Belo Horizonle Editora UFMG 2012

FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

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Page 1: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

UNIVERSlDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

REITOR Clclio Campolina Diniz

VICE-REITORA Rocksane de Carvalho Norton

EDITORA UPMG

DrRETOR Wander Melo Miranda

VrCF-DlRETOR Roberto Alexandre do Canno Said

CONSELHO EDITORIAL

Wander Melo Miranda (PRESIDENT E)

Antonio Lliz Pinho Ribeiro

Plavio de Lemos Carsalade

Hdoisa Maria Murgel Starling

Marcio Gomes Soares

Maria das Grayas Santa Barbara

Maria Helena Damasceno c Silva lvlegale

Roberto Alexandre do Carmo Said

ORGANIZADORES

FAMILIA ESCOLA EJUVENTUDE Olhares cruzados Brasil-Portugal

Belo Horizonle Editora UFMG

2012

2012 Os autores 2012 Editora UFMG

Este livro ou parte dele nilo pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorizayao escrita do EdItor

Familia escola e juventude olhares cruzados Brasil-Portugal FI98 Juarez Dayrell [et aL] organizadores - Belo llorizonte Editora

UFMG2012 449p il

Outms organizadores Maria Alice Nogueira Jose Manuel Resende Maria Manuel Vieira

Indui JiJliografia [SBN 978-85-7041-9194

Sociologia 2 Educaltiio 3 Familia 1 Dayrell Juarez II Nogueira Maria Alice Ill Resende Jose Manuel IV Vieira Maria Manuel

COD 30685 CDU 30118514

Elahorada pela DI1TI Setor ll-atamento da lnformaao Bibliotcca Universitltiria da UFMG

COOIWENAcAO EDITORIAL I DANlVIA WOLFF

AssrsTfNcIA EDITORIAL I ELIANE SOUSA E EUCLIDIA MACEDO

COORDENAcAO DE TEXTOS I MARIA DO CARMa LIITE RIBEIRO

PREPARA=AO DE TEXTOS I MICHEL GANNAM

REVrSAO DE PROVAS I BEATRIZ TRINDADE DAVID BEZERRA DE SOUZA

NATHALIA CAMPOS E SIMDNE FERREIRA

COORDENAcAO GRAFlCA ICAsslO RIBEIRO

PRO)ETO GRAFf CO IWARREN MAIHLAC

FORMATAcAO CAPA E PRODU=AO GRAFfCA IDlfGO OLIVEIRA

EDITORA UFMG Av Antonio Carlos 66gt7 Ala direita da Biblioteca Central Terreo Campus Pampulha 31270-901 Belo Horizonte-MG Brasil Tel +55 31 3409-4650 Fax 55 313409-4768

wwweditoraufmgbreditoraufmgbr

SUMARIO

APRESENTAltAO

Os organizadores 9

PRIMElRA

A fAMILIA NA SOCIEDADE CONTEMPORANEA

A LEGITIMIDADE CULTURAL NO MUNDO CONTEMPORANEO

DO POLITEISMO CULTURAL CONTEMPORANEO AO

TRABALHO ESCOLAR DE ELlMINAltAO DA DISSONANCIA

Jolio Teixeira Lopes 24

EXPERIENCIAS DE SOCIALIZMAO

E DISPOSIltOES nfBRIDAS DE HABITUS

Maria da Jacintha Setoil 38

AS MUI~ltltOES DA PAISAGEM CUnURAL

ENTRE A LEGITIMIDADE E A LEGlTIMAyAO DO CAPITAL

CULTURAL EM SUA FORMA ESCOLAR

Zaia Brandao 56

A RELAyAO FAMILlA-ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE

SOCIOLOGICA DA RELAltAo ESCOLA-FAMfuA

UM ROTElRO SOBRE 0 CASO PORTUGUES

Pedro Silva 76

UM TEMA REVISITADO

As CLASSES MEDIAS E A EDUCAltAO ESCOLAR

Maria Alice Nogueira 110

A RELAltAO ~--(( )lA NOS MEIOS POPULARES

ApONTAMENTOS DE UM ITINERARIO DE PESQUISAS

Nadir 132

SOCIOLOGIA DA EDUCA(AO R PRATICA DOCENTE Lea PinheiTO Paixao 151

As PESQUTSAS SOBRE 0 EFEITO DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO

ESTRATEGIAS DE FAMIUAS E ESCOLAS

COMPOSlyAO SOCIAL E EFEITOS DE ESCOLA

Ana Matias Diogo 172

TRA(OS DA RETORICA PRODUZlDA SOBRE o EFEITO DE ESCOLA

ANALISE EXPLORATORIA VA OPINIAO DIFUNDIDA NA IMPRENSA ESCRITA

E DAS RFPRFSPN DOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDARIO

Moria Bentciita Portlltgal e Melo

o PARADIGMA DA ESCOLA EFICAZ ENTRE A

E A APROPRIAltAO SOCIAL Bruno Dionisio 215

QUALlDADE DA EDUCAltAo

Jose Francisco Soares 231

SEGUNDA SEyAO

JUVENTUDE CONTEMPORANEA E EDUCAcAo

]UVENTUDE E COTIDIANO ESCOLAR

SOCIALIZAltAO

NA ESCOLA SECUNDARIA PORTUGUESA

As COMPOSlyOES ENTRE 0 PROJETO ESTATAL IMAGINADO DE CIDADANIA

E AS GRAMATICAS POLlnCAS DISPONIVEIS

Jose Manuel Resende IPedro Jorge Caetano 258

INCERTEZA E INDIVIDUAltAo

COMO PROCESSO DE BIOGRAFICA

Maria Marluel Vieira 276

SOCIAUZA~AO E ESCOLA

298

NOVAS DESIGUALDADES CRIADAS PELA ESCOLAR NA DECADA DE 1990

EFETTOS SOBRE A TlWTTTTTU

Monica Peregrina 323

COLETIVAS

RESISTENCIA VERSUS A DlMENSAO POLlTICA DAS MICROCULTURAS JUVENIS

Vitor Sergio h~rreira 344

AUTONOMIA E SOCIOLOGIA

REDEFININDO CONCElTOS TRANSVERSAlS A PARTIR

DO DEBA1E ACERCA DAS TRANSIOES PARA A VIDA ADULTA

PafJfJamikal 372

AltAO COLETIVA cunURA E

CONSIDERAlt6ES PRELIMINARES

Marilia Pontes Sposito

NO BRASIL

394

JUVENTUDE E DIVERSIDADE

RAltAiETNIA GENERO E SEXUALIDADE

TRAJETORIAS ESCOLARES PROPRIEDADES SOCIALS E ORIGENS NACIONAIS

DESCENDENTES DE IMIGRANTES NO ENSINO BASICO PORTUGUES

Teresa Seabra ISandra Mateus 408

E DTVERSIDADE

ARTICULANDO GENERO RAltA E SEXUALIDADE

Wivian Weller 425

SOBRE OS AUTORES 445

I

-

VITOR SIRGIO FERREIRA

RESISTENCIA VERS EXISTENCIA DIMENSAo POLlnCA

IS

INTRODUCAO

o trabalho de campo realizado no ambito do meu doutorashymento 0 qual versava a problemMica da modificaltao corporal com recurso a tatuagem e body piercing em larga extensao na

levou-me ate aos mundos clas rnicroculturas juvenis contextos socials de rnargem mais ex-dntricos e ex-otizados3 em que ocorre um fluxo de significados e valores manejados por pequenos grupos de jovens na vida quotidiana atendendo a situaltoes locais concretas1 Como notam algumas das suas

mais recentes5 essas estruturas sociabilisticas foram objeto de acentuadas transformaltoes no tempo refletindo-se nas socializaltoes vivencias e experiencias dos seus

a pertenlta era entendida como permanente exigindo um elevado grau de compromisso dos participantes a adesao passou a ser assumida como transeunte e grau de eompromisso substancialmente mais fraco onde subsistia lim baixo nivd de mobilidade passou a persistir um acentuado grau de mutabishylidade intergrupal implicando a circulaltao atraves de socialidades reticulares estruturadas em redes microculturais cujos n6s se intercruzam em afinidades fdgeis e lealdades temporarias revisionaveis e transitorias a qualquer tempo renegociadas ou canceladas6 onde a homogeneidade estilistica imperava passou a existir uma profusao eddiea e aeumulada de estilos visuais e musicais sendo tambem bastante mais diversificada a pleiade de

recursos slmDollCOS em torno dos quais se estruturam as sociabilishydades c iclentidades juvenis por oncle permanecia uma forte

nticlade de grupa passou a haver uma identidade fragmentada provisoria e acentuadamente indivicluada

Mas as diferemas nao ficam por aqui Considerando a pesquisa de terreno feita em Portugal 0 objetivo deste ensaio sera dar cOl1ta das diferenltas entre as realidades microculturais juvenis atuais relativamente as do passado - tal como nos foram apresentadas em pesquisas empreendidas na epocaB aqui tamanda como dimenshysao de analise as suas ideologias e eticas de vida Resumindo onde existia uma politica de militante e coletiva orientada por uma etica de vida contestatiiria movida por valores univershysalistas de melhoria das condiltoes de vida passa a existir uma polftica de existencia orient ada por uma etica de vida celebratoria que cultiva valores particularistas hedonistas experimentalistas presenteistas e canvivialistas no sentido do alargamento das posshyibilidades de expressao individual Senao

DISTANCIA DAPOLlTICA APROXIMAcAo SUBPOLlTlCA

As mieroculturas juvenis eresceram impressivamente em Portugal descle os anos de 1980 num contexto marcado pda desencantamiddot mento com as instfmcias politicas tradicionais segllido pela euforia do periodo p6s-revolucionario crescimento eeonomico e maior propensao ao conSllmo e ao lazer aberlura cultural ao exterior com a consequente clemocratiza~ao do espa~o co e relativa liberaltao dos costumes e ainda pela prolongamento da escolaridade obrigatoria que coloea os numa situaltao de moratoria de integraltao civica e depenclencia parental mais prolongada Nesse contexto as microculturas juveshynis com os seus valores praticas e recurs os estilisticos tiveram

tuniclade de difundir-sc nas zonas urban as do pais enCOllshytrando um lugar receptiv~ nos corpos e mentes muitos jovens desafetados eou desencantados com os formatos mais ortodoxos da participa~~ao social e poUtica

345

~

Objetivamente a margem dos centros de poder e dos processos institucionais de tomada de decisao e nao venda neles represenshytados os seus interesses e preocupa~6es alguns jovens encontrashyram nas microculturas oportunidade de sc fazerem represenlar socialmente como tal Ai eles deixam de constituir viti mas que necessitam de cuidados intervencionistas (como acontece nos espa~os politicos tradicionalmente orientados para os jovcns) ou meros de consumo (como sucede no espa~o das economias que tern os jovens como publico-alvo) configurando formas soshyciabilisticas espccificamenle juvenis de socializa~ao participa~ao e protagonismo social com linguagens e codigos proprios para se expressarem enquanto sujeitos de si mesmos para produzirem e manifestarem as suas opinioes e aspira~6es sobre 0 mundo conshyforme os seus pr6prios interesses e expectativas

Na cren~a de que a poliLica eum mundo distante que esta para alem do seu poder de influencia e indisponivel para responder as suas desejos e necessidades os jovens que foram objeto desta pesquisa revelam-se ctetivamente bastante ceticos quanto a relevancia e eficacia da a~ao movida atraves dos mecanismos convencionais disponiveis para 0 exerdcio da cidadania polilica9

Pouco confiantes nos atuais moldes de funcionamento do sistema politico bem como nas instituiltoes e pessoas que 0 representam

ainda alguma dificuldade em se ci(mar no espectro poHtico-partidltirio portugues bem como em lidar com a tradicional clivagem esquerda-direita cada vez mais fragil enquanto polo de identifica~ao politica e secundarizada em favor de novas formas de olhar e ordenar 0 politico 0 ideol6gico e os conflitos sociais

Nem pereo tempo a falar de politicas Eu e que me tenho de safar C) E assim que eu vejo seja qual for 0 governo C ) Seja de direita ou de esquerda ( ) Sou apolitieo nao tenho nada a vcr com essas eolsas ( ) [Nunca votaste] Nao nunea Nlmca na vida nem me vou dar a esse trabalho ( ) Eassim eu estou mesmo a eagar para a sociedade Os meus valores sao s6 naqueJes que me rodeiam al eque eu gosto de ver a democracia ( ) Para mim quando falo de demoeracia nao epreciso ser logo a falar do pafs e de politi ca A demoeracia acho que tem de comeltar eem casa se for preciso Primeiro assim 110 grupo de amigos

Confrontados com a escassez de programas ideol6gicos credlshyveis e disponiveis em que se revejam esses jovens partilham entre si nao apenas um sentimento de distfmcia ao poder como tambem um sentimel1to de incapacidade perante a hip6tese de protagonismo

atraves das vias tradicionais e alinhadas de excrdcio da cidadania representadas em movimentos organizados e formais de altao coletiva Mesmo quando representam areas de natureza mais expressiva as praticas de sociabilidade mais organizada e institucional despertam-Ihes um reduzido interesseY

A dificuldade em lidar com os mecanismos e institui~6es represhysentalivas do modo tradicional de exercicio da cidadania caracshyteristica da cultura poHtica desses jovens nao implica contudo a sua alegada despolitiza~iio no sentido da inercia ou resignaltao passiva perante os atuais problemas sociais ou da inexistencia de reflexividade discussao e empenhamento social Pelo contnirio a atitude critica que assumem per ante a a~ao e institui~oes politicas comencionais indicia algnma consciencia civica por parte desses jovens meSI110 quando esta implica rea~6es de saida como resposta estrategica ao modo de funcionamento do sistema ls Saidas designadamente em dire~ao a espa~os de socialidades alternashytivas16 ou retiros 5ubcuturais17 que nao deixam de ser animados por uma 16gica de divergencia reformista das fundacoes sociais

econ6micas e culturais Sc Illuitas vezes as novas negligenciam e se mostram

aliPl1l1das das agendas causas e formas de a~ao politic a mais instishydos centros de poder e decisao tradicionais em

alguns desses jovens esse sentimento de aliena~ao corresponde a uma postura consciente e cultivada na medida em que pretendem justamente escapar a essa esfera de a~ao tradicional rumando em

a outras A aliena~ao eaqui entendida nao no sentido rnarxista do termo mas no sentido da partilha de um sentimento de alien dentro das sociedades contemporaneas ou seja lIm sentimento de distanciamcnto critico perante 0 mundo que os rodeia percebido com desencanto e pessimismo um sentimento de demarca~ao do sistema em que se veem implicados na sua ordell1

Alienar do [atim alienare quer transferir para outrern 0 dominio

346 347

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 2: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

2012 Os autores 2012 Editora UFMG

Este livro ou parte dele nilo pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorizayao escrita do EdItor

Familia escola e juventude olhares cruzados Brasil-Portugal FI98 Juarez Dayrell [et aL] organizadores - Belo llorizonte Editora

UFMG2012 449p il

Outms organizadores Maria Alice Nogueira Jose Manuel Resende Maria Manuel Vieira

Indui JiJliografia [SBN 978-85-7041-9194

Sociologia 2 Educaltiio 3 Familia 1 Dayrell Juarez II Nogueira Maria Alice Ill Resende Jose Manuel IV Vieira Maria Manuel

COD 30685 CDU 30118514

Elahorada pela DI1TI Setor ll-atamento da lnformaao Bibliotcca Universitltiria da UFMG

COOIWENAcAO EDITORIAL I DANlVIA WOLFF

AssrsTfNcIA EDITORIAL I ELIANE SOUSA E EUCLIDIA MACEDO

COORDENAcAO DE TEXTOS I MARIA DO CARMa LIITE RIBEIRO

PREPARA=AO DE TEXTOS I MICHEL GANNAM

REVrSAO DE PROVAS I BEATRIZ TRINDADE DAVID BEZERRA DE SOUZA

NATHALIA CAMPOS E SIMDNE FERREIRA

COORDENAcAO GRAFlCA ICAsslO RIBEIRO

PRO)ETO GRAFf CO IWARREN MAIHLAC

FORMATAcAO CAPA E PRODU=AO GRAFfCA IDlfGO OLIVEIRA

EDITORA UFMG Av Antonio Carlos 66gt7 Ala direita da Biblioteca Central Terreo Campus Pampulha 31270-901 Belo Horizonte-MG Brasil Tel +55 31 3409-4650 Fax 55 313409-4768

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SUMARIO

APRESENTAltAO

Os organizadores 9

PRIMElRA

A fAMILIA NA SOCIEDADE CONTEMPORANEA

A LEGITIMIDADE CULTURAL NO MUNDO CONTEMPORANEO

DO POLITEISMO CULTURAL CONTEMPORANEO AO

TRABALHO ESCOLAR DE ELlMINAltAO DA DISSONANCIA

Jolio Teixeira Lopes 24

EXPERIENCIAS DE SOCIALIZMAO

E DISPOSIltOES nfBRIDAS DE HABITUS

Maria da Jacintha Setoil 38

AS MUI~ltltOES DA PAISAGEM CUnURAL

ENTRE A LEGITIMIDADE E A LEGlTIMAyAO DO CAPITAL

CULTURAL EM SUA FORMA ESCOLAR

Zaia Brandao 56

A RELAyAO FAMILlA-ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE

SOCIOLOGICA DA RELAltAo ESCOLA-FAMfuA

UM ROTElRO SOBRE 0 CASO PORTUGUES

Pedro Silva 76

UM TEMA REVISITADO

As CLASSES MEDIAS E A EDUCAltAO ESCOLAR

Maria Alice Nogueira 110

A RELAltAO ~--(( )lA NOS MEIOS POPULARES

ApONTAMENTOS DE UM ITINERARIO DE PESQUISAS

Nadir 132

SOCIOLOGIA DA EDUCA(AO R PRATICA DOCENTE Lea PinheiTO Paixao 151

As PESQUTSAS SOBRE 0 EFEITO DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO

ESTRATEGIAS DE FAMIUAS E ESCOLAS

COMPOSlyAO SOCIAL E EFEITOS DE ESCOLA

Ana Matias Diogo 172

TRA(OS DA RETORICA PRODUZlDA SOBRE o EFEITO DE ESCOLA

ANALISE EXPLORATORIA VA OPINIAO DIFUNDIDA NA IMPRENSA ESCRITA

E DAS RFPRFSPN DOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDARIO

Moria Bentciita Portlltgal e Melo

o PARADIGMA DA ESCOLA EFICAZ ENTRE A

E A APROPRIAltAO SOCIAL Bruno Dionisio 215

QUALlDADE DA EDUCAltAo

Jose Francisco Soares 231

SEGUNDA SEyAO

JUVENTUDE CONTEMPORANEA E EDUCAcAo

]UVENTUDE E COTIDIANO ESCOLAR

SOCIALIZAltAO

NA ESCOLA SECUNDARIA PORTUGUESA

As COMPOSlyOES ENTRE 0 PROJETO ESTATAL IMAGINADO DE CIDADANIA

E AS GRAMATICAS POLlnCAS DISPONIVEIS

Jose Manuel Resende IPedro Jorge Caetano 258

INCERTEZA E INDIVIDUAltAo

COMO PROCESSO DE BIOGRAFICA

Maria Marluel Vieira 276

SOCIAUZA~AO E ESCOLA

298

NOVAS DESIGUALDADES CRIADAS PELA ESCOLAR NA DECADA DE 1990

EFETTOS SOBRE A TlWTTTTTU

Monica Peregrina 323

COLETIVAS

RESISTENCIA VERSUS A DlMENSAO POLlTICA DAS MICROCULTURAS JUVENIS

Vitor Sergio h~rreira 344

AUTONOMIA E SOCIOLOGIA

REDEFININDO CONCElTOS TRANSVERSAlS A PARTIR

DO DEBA1E ACERCA DAS TRANSIOES PARA A VIDA ADULTA

PafJfJamikal 372

AltAO COLETIVA cunURA E

CONSIDERAlt6ES PRELIMINARES

Marilia Pontes Sposito

NO BRASIL

394

JUVENTUDE E DIVERSIDADE

RAltAiETNIA GENERO E SEXUALIDADE

TRAJETORIAS ESCOLARES PROPRIEDADES SOCIALS E ORIGENS NACIONAIS

DESCENDENTES DE IMIGRANTES NO ENSINO BASICO PORTUGUES

Teresa Seabra ISandra Mateus 408

E DTVERSIDADE

ARTICULANDO GENERO RAltA E SEXUALIDADE

Wivian Weller 425

SOBRE OS AUTORES 445

I

-

VITOR SIRGIO FERREIRA

RESISTENCIA VERS EXISTENCIA DIMENSAo POLlnCA

IS

INTRODUCAO

o trabalho de campo realizado no ambito do meu doutorashymento 0 qual versava a problemMica da modificaltao corporal com recurso a tatuagem e body piercing em larga extensao na

levou-me ate aos mundos clas rnicroculturas juvenis contextos socials de rnargem mais ex-dntricos e ex-otizados3 em que ocorre um fluxo de significados e valores manejados por pequenos grupos de jovens na vida quotidiana atendendo a situaltoes locais concretas1 Como notam algumas das suas

mais recentes5 essas estruturas sociabilisticas foram objeto de acentuadas transformaltoes no tempo refletindo-se nas socializaltoes vivencias e experiencias dos seus

a pertenlta era entendida como permanente exigindo um elevado grau de compromisso dos participantes a adesao passou a ser assumida como transeunte e grau de eompromisso substancialmente mais fraco onde subsistia lim baixo nivd de mobilidade passou a persistir um acentuado grau de mutabishylidade intergrupal implicando a circulaltao atraves de socialidades reticulares estruturadas em redes microculturais cujos n6s se intercruzam em afinidades fdgeis e lealdades temporarias revisionaveis e transitorias a qualquer tempo renegociadas ou canceladas6 onde a homogeneidade estilistica imperava passou a existir uma profusao eddiea e aeumulada de estilos visuais e musicais sendo tambem bastante mais diversificada a pleiade de

recursos slmDollCOS em torno dos quais se estruturam as sociabilishydades c iclentidades juvenis por oncle permanecia uma forte

nticlade de grupa passou a haver uma identidade fragmentada provisoria e acentuadamente indivicluada

Mas as diferemas nao ficam por aqui Considerando a pesquisa de terreno feita em Portugal 0 objetivo deste ensaio sera dar cOl1ta das diferenltas entre as realidades microculturais juvenis atuais relativamente as do passado - tal como nos foram apresentadas em pesquisas empreendidas na epocaB aqui tamanda como dimenshysao de analise as suas ideologias e eticas de vida Resumindo onde existia uma politica de militante e coletiva orientada por uma etica de vida contestatiiria movida por valores univershysalistas de melhoria das condiltoes de vida passa a existir uma polftica de existencia orient ada por uma etica de vida celebratoria que cultiva valores particularistas hedonistas experimentalistas presenteistas e canvivialistas no sentido do alargamento das posshyibilidades de expressao individual Senao

DISTANCIA DAPOLlTICA APROXIMAcAo SUBPOLlTlCA

As mieroculturas juvenis eresceram impressivamente em Portugal descle os anos de 1980 num contexto marcado pda desencantamiddot mento com as instfmcias politicas tradicionais segllido pela euforia do periodo p6s-revolucionario crescimento eeonomico e maior propensao ao conSllmo e ao lazer aberlura cultural ao exterior com a consequente clemocratiza~ao do espa~o co e relativa liberaltao dos costumes e ainda pela prolongamento da escolaridade obrigatoria que coloea os numa situaltao de moratoria de integraltao civica e depenclencia parental mais prolongada Nesse contexto as microculturas juveshynis com os seus valores praticas e recurs os estilisticos tiveram

tuniclade de difundir-sc nas zonas urban as do pais enCOllshytrando um lugar receptiv~ nos corpos e mentes muitos jovens desafetados eou desencantados com os formatos mais ortodoxos da participa~~ao social e poUtica

345

~

Objetivamente a margem dos centros de poder e dos processos institucionais de tomada de decisao e nao venda neles represenshytados os seus interesses e preocupa~6es alguns jovens encontrashyram nas microculturas oportunidade de sc fazerem represenlar socialmente como tal Ai eles deixam de constituir viti mas que necessitam de cuidados intervencionistas (como acontece nos espa~os politicos tradicionalmente orientados para os jovcns) ou meros de consumo (como sucede no espa~o das economias que tern os jovens como publico-alvo) configurando formas soshyciabilisticas espccificamenle juvenis de socializa~ao participa~ao e protagonismo social com linguagens e codigos proprios para se expressarem enquanto sujeitos de si mesmos para produzirem e manifestarem as suas opinioes e aspira~6es sobre 0 mundo conshyforme os seus pr6prios interesses e expectativas

Na cren~a de que a poliLica eum mundo distante que esta para alem do seu poder de influencia e indisponivel para responder as suas desejos e necessidades os jovens que foram objeto desta pesquisa revelam-se ctetivamente bastante ceticos quanto a relevancia e eficacia da a~ao movida atraves dos mecanismos convencionais disponiveis para 0 exerdcio da cidadania polilica9

Pouco confiantes nos atuais moldes de funcionamento do sistema politico bem como nas instituiltoes e pessoas que 0 representam

ainda alguma dificuldade em se ci(mar no espectro poHtico-partidltirio portugues bem como em lidar com a tradicional clivagem esquerda-direita cada vez mais fragil enquanto polo de identifica~ao politica e secundarizada em favor de novas formas de olhar e ordenar 0 politico 0 ideol6gico e os conflitos sociais

Nem pereo tempo a falar de politicas Eu e que me tenho de safar C) E assim que eu vejo seja qual for 0 governo C ) Seja de direita ou de esquerda ( ) Sou apolitieo nao tenho nada a vcr com essas eolsas ( ) [Nunca votaste] Nao nunea Nlmca na vida nem me vou dar a esse trabalho ( ) Eassim eu estou mesmo a eagar para a sociedade Os meus valores sao s6 naqueJes que me rodeiam al eque eu gosto de ver a democracia ( ) Para mim quando falo de demoeracia nao epreciso ser logo a falar do pafs e de politi ca A demoeracia acho que tem de comeltar eem casa se for preciso Primeiro assim 110 grupo de amigos

Confrontados com a escassez de programas ideol6gicos credlshyveis e disponiveis em que se revejam esses jovens partilham entre si nao apenas um sentimento de distfmcia ao poder como tambem um sentimel1to de incapacidade perante a hip6tese de protagonismo

atraves das vias tradicionais e alinhadas de excrdcio da cidadania representadas em movimentos organizados e formais de altao coletiva Mesmo quando representam areas de natureza mais expressiva as praticas de sociabilidade mais organizada e institucional despertam-Ihes um reduzido interesseY

A dificuldade em lidar com os mecanismos e institui~6es represhysentalivas do modo tradicional de exercicio da cidadania caracshyteristica da cultura poHtica desses jovens nao implica contudo a sua alegada despolitiza~iio no sentido da inercia ou resignaltao passiva perante os atuais problemas sociais ou da inexistencia de reflexividade discussao e empenhamento social Pelo contnirio a atitude critica que assumem per ante a a~ao e institui~oes politicas comencionais indicia algnma consciencia civica por parte desses jovens meSI110 quando esta implica rea~6es de saida como resposta estrategica ao modo de funcionamento do sistema ls Saidas designadamente em dire~ao a espa~os de socialidades alternashytivas16 ou retiros 5ubcuturais17 que nao deixam de ser animados por uma 16gica de divergencia reformista das fundacoes sociais

econ6micas e culturais Sc Illuitas vezes as novas negligenciam e se mostram

aliPl1l1das das agendas causas e formas de a~ao politic a mais instishydos centros de poder e decisao tradicionais em

alguns desses jovens esse sentimento de aliena~ao corresponde a uma postura consciente e cultivada na medida em que pretendem justamente escapar a essa esfera de a~ao tradicional rumando em

a outras A aliena~ao eaqui entendida nao no sentido rnarxista do termo mas no sentido da partilha de um sentimento de alien dentro das sociedades contemporaneas ou seja lIm sentimento de distanciamcnto critico perante 0 mundo que os rodeia percebido com desencanto e pessimismo um sentimento de demarca~ao do sistema em que se veem implicados na sua ordell1

Alienar do [atim alienare quer transferir para outrern 0 dominio

346 347

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 3: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

A RELAltAO ~--(( )lA NOS MEIOS POPULARES

ApONTAMENTOS DE UM ITINERARIO DE PESQUISAS

Nadir 132

SOCIOLOGIA DA EDUCA(AO R PRATICA DOCENTE Lea PinheiTO Paixao 151

As PESQUTSAS SOBRE 0 EFEITO DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO

ESTRATEGIAS DE FAMIUAS E ESCOLAS

COMPOSlyAO SOCIAL E EFEITOS DE ESCOLA

Ana Matias Diogo 172

TRA(OS DA RETORICA PRODUZlDA SOBRE o EFEITO DE ESCOLA

ANALISE EXPLORATORIA VA OPINIAO DIFUNDIDA NA IMPRENSA ESCRITA

E DAS RFPRFSPN DOS PROFESSORES DO ENSINO SECUNDARIO

Moria Bentciita Portlltgal e Melo

o PARADIGMA DA ESCOLA EFICAZ ENTRE A

E A APROPRIAltAO SOCIAL Bruno Dionisio 215

QUALlDADE DA EDUCAltAo

Jose Francisco Soares 231

SEGUNDA SEyAO

JUVENTUDE CONTEMPORANEA E EDUCAcAo

]UVENTUDE E COTIDIANO ESCOLAR

SOCIALIZAltAO

NA ESCOLA SECUNDARIA PORTUGUESA

As COMPOSlyOES ENTRE 0 PROJETO ESTATAL IMAGINADO DE CIDADANIA

E AS GRAMATICAS POLlnCAS DISPONIVEIS

Jose Manuel Resende IPedro Jorge Caetano 258

INCERTEZA E INDIVIDUAltAo

COMO PROCESSO DE BIOGRAFICA

Maria Marluel Vieira 276

SOCIAUZA~AO E ESCOLA

298

NOVAS DESIGUALDADES CRIADAS PELA ESCOLAR NA DECADA DE 1990

EFETTOS SOBRE A TlWTTTTTU

Monica Peregrina 323

COLETIVAS

RESISTENCIA VERSUS A DlMENSAO POLlTICA DAS MICROCULTURAS JUVENIS

Vitor Sergio h~rreira 344

AUTONOMIA E SOCIOLOGIA

REDEFININDO CONCElTOS TRANSVERSAlS A PARTIR

DO DEBA1E ACERCA DAS TRANSIOES PARA A VIDA ADULTA

PafJfJamikal 372

AltAO COLETIVA cunURA E

CONSIDERAlt6ES PRELIMINARES

Marilia Pontes Sposito

NO BRASIL

394

JUVENTUDE E DIVERSIDADE

RAltAiETNIA GENERO E SEXUALIDADE

TRAJETORIAS ESCOLARES PROPRIEDADES SOCIALS E ORIGENS NACIONAIS

DESCENDENTES DE IMIGRANTES NO ENSINO BASICO PORTUGUES

Teresa Seabra ISandra Mateus 408

E DTVERSIDADE

ARTICULANDO GENERO RAltA E SEXUALIDADE

Wivian Weller 425

SOBRE OS AUTORES 445

I

-

VITOR SIRGIO FERREIRA

RESISTENCIA VERS EXISTENCIA DIMENSAo POLlnCA

IS

INTRODUCAO

o trabalho de campo realizado no ambito do meu doutorashymento 0 qual versava a problemMica da modificaltao corporal com recurso a tatuagem e body piercing em larga extensao na

levou-me ate aos mundos clas rnicroculturas juvenis contextos socials de rnargem mais ex-dntricos e ex-otizados3 em que ocorre um fluxo de significados e valores manejados por pequenos grupos de jovens na vida quotidiana atendendo a situaltoes locais concretas1 Como notam algumas das suas

mais recentes5 essas estruturas sociabilisticas foram objeto de acentuadas transformaltoes no tempo refletindo-se nas socializaltoes vivencias e experiencias dos seus

a pertenlta era entendida como permanente exigindo um elevado grau de compromisso dos participantes a adesao passou a ser assumida como transeunte e grau de eompromisso substancialmente mais fraco onde subsistia lim baixo nivd de mobilidade passou a persistir um acentuado grau de mutabishylidade intergrupal implicando a circulaltao atraves de socialidades reticulares estruturadas em redes microculturais cujos n6s se intercruzam em afinidades fdgeis e lealdades temporarias revisionaveis e transitorias a qualquer tempo renegociadas ou canceladas6 onde a homogeneidade estilistica imperava passou a existir uma profusao eddiea e aeumulada de estilos visuais e musicais sendo tambem bastante mais diversificada a pleiade de

recursos slmDollCOS em torno dos quais se estruturam as sociabilishydades c iclentidades juvenis por oncle permanecia uma forte

nticlade de grupa passou a haver uma identidade fragmentada provisoria e acentuadamente indivicluada

Mas as diferemas nao ficam por aqui Considerando a pesquisa de terreno feita em Portugal 0 objetivo deste ensaio sera dar cOl1ta das diferenltas entre as realidades microculturais juvenis atuais relativamente as do passado - tal como nos foram apresentadas em pesquisas empreendidas na epocaB aqui tamanda como dimenshysao de analise as suas ideologias e eticas de vida Resumindo onde existia uma politica de militante e coletiva orientada por uma etica de vida contestatiiria movida por valores univershysalistas de melhoria das condiltoes de vida passa a existir uma polftica de existencia orient ada por uma etica de vida celebratoria que cultiva valores particularistas hedonistas experimentalistas presenteistas e canvivialistas no sentido do alargamento das posshyibilidades de expressao individual Senao

DISTANCIA DAPOLlTICA APROXIMAcAo SUBPOLlTlCA

As mieroculturas juvenis eresceram impressivamente em Portugal descle os anos de 1980 num contexto marcado pda desencantamiddot mento com as instfmcias politicas tradicionais segllido pela euforia do periodo p6s-revolucionario crescimento eeonomico e maior propensao ao conSllmo e ao lazer aberlura cultural ao exterior com a consequente clemocratiza~ao do espa~o co e relativa liberaltao dos costumes e ainda pela prolongamento da escolaridade obrigatoria que coloea os numa situaltao de moratoria de integraltao civica e depenclencia parental mais prolongada Nesse contexto as microculturas juveshynis com os seus valores praticas e recurs os estilisticos tiveram

tuniclade de difundir-sc nas zonas urban as do pais enCOllshytrando um lugar receptiv~ nos corpos e mentes muitos jovens desafetados eou desencantados com os formatos mais ortodoxos da participa~~ao social e poUtica

345

~

Objetivamente a margem dos centros de poder e dos processos institucionais de tomada de decisao e nao venda neles represenshytados os seus interesses e preocupa~6es alguns jovens encontrashyram nas microculturas oportunidade de sc fazerem represenlar socialmente como tal Ai eles deixam de constituir viti mas que necessitam de cuidados intervencionistas (como acontece nos espa~os politicos tradicionalmente orientados para os jovcns) ou meros de consumo (como sucede no espa~o das economias que tern os jovens como publico-alvo) configurando formas soshyciabilisticas espccificamenle juvenis de socializa~ao participa~ao e protagonismo social com linguagens e codigos proprios para se expressarem enquanto sujeitos de si mesmos para produzirem e manifestarem as suas opinioes e aspira~6es sobre 0 mundo conshyforme os seus pr6prios interesses e expectativas

Na cren~a de que a poliLica eum mundo distante que esta para alem do seu poder de influencia e indisponivel para responder as suas desejos e necessidades os jovens que foram objeto desta pesquisa revelam-se ctetivamente bastante ceticos quanto a relevancia e eficacia da a~ao movida atraves dos mecanismos convencionais disponiveis para 0 exerdcio da cidadania polilica9

Pouco confiantes nos atuais moldes de funcionamento do sistema politico bem como nas instituiltoes e pessoas que 0 representam

ainda alguma dificuldade em se ci(mar no espectro poHtico-partidltirio portugues bem como em lidar com a tradicional clivagem esquerda-direita cada vez mais fragil enquanto polo de identifica~ao politica e secundarizada em favor de novas formas de olhar e ordenar 0 politico 0 ideol6gico e os conflitos sociais

Nem pereo tempo a falar de politicas Eu e que me tenho de safar C) E assim que eu vejo seja qual for 0 governo C ) Seja de direita ou de esquerda ( ) Sou apolitieo nao tenho nada a vcr com essas eolsas ( ) [Nunca votaste] Nao nunea Nlmca na vida nem me vou dar a esse trabalho ( ) Eassim eu estou mesmo a eagar para a sociedade Os meus valores sao s6 naqueJes que me rodeiam al eque eu gosto de ver a democracia ( ) Para mim quando falo de demoeracia nao epreciso ser logo a falar do pafs e de politi ca A demoeracia acho que tem de comeltar eem casa se for preciso Primeiro assim 110 grupo de amigos

Confrontados com a escassez de programas ideol6gicos credlshyveis e disponiveis em que se revejam esses jovens partilham entre si nao apenas um sentimento de distfmcia ao poder como tambem um sentimel1to de incapacidade perante a hip6tese de protagonismo

atraves das vias tradicionais e alinhadas de excrdcio da cidadania representadas em movimentos organizados e formais de altao coletiva Mesmo quando representam areas de natureza mais expressiva as praticas de sociabilidade mais organizada e institucional despertam-Ihes um reduzido interesseY

A dificuldade em lidar com os mecanismos e institui~6es represhysentalivas do modo tradicional de exercicio da cidadania caracshyteristica da cultura poHtica desses jovens nao implica contudo a sua alegada despolitiza~iio no sentido da inercia ou resignaltao passiva perante os atuais problemas sociais ou da inexistencia de reflexividade discussao e empenhamento social Pelo contnirio a atitude critica que assumem per ante a a~ao e institui~oes politicas comencionais indicia algnma consciencia civica por parte desses jovens meSI110 quando esta implica rea~6es de saida como resposta estrategica ao modo de funcionamento do sistema ls Saidas designadamente em dire~ao a espa~os de socialidades alternashytivas16 ou retiros 5ubcuturais17 que nao deixam de ser animados por uma 16gica de divergencia reformista das fundacoes sociais

econ6micas e culturais Sc Illuitas vezes as novas negligenciam e se mostram

aliPl1l1das das agendas causas e formas de a~ao politic a mais instishydos centros de poder e decisao tradicionais em

alguns desses jovens esse sentimento de aliena~ao corresponde a uma postura consciente e cultivada na medida em que pretendem justamente escapar a essa esfera de a~ao tradicional rumando em

a outras A aliena~ao eaqui entendida nao no sentido rnarxista do termo mas no sentido da partilha de um sentimento de alien dentro das sociedades contemporaneas ou seja lIm sentimento de distanciamcnto critico perante 0 mundo que os rodeia percebido com desencanto e pessimismo um sentimento de demarca~ao do sistema em que se veem implicados na sua ordell1

Alienar do [atim alienare quer transferir para outrern 0 dominio

346 347

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 4: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

I

-

VITOR SIRGIO FERREIRA

RESISTENCIA VERS EXISTENCIA DIMENSAo POLlnCA

IS

INTRODUCAO

o trabalho de campo realizado no ambito do meu doutorashymento 0 qual versava a problemMica da modificaltao corporal com recurso a tatuagem e body piercing em larga extensao na

levou-me ate aos mundos clas rnicroculturas juvenis contextos socials de rnargem mais ex-dntricos e ex-otizados3 em que ocorre um fluxo de significados e valores manejados por pequenos grupos de jovens na vida quotidiana atendendo a situaltoes locais concretas1 Como notam algumas das suas

mais recentes5 essas estruturas sociabilisticas foram objeto de acentuadas transformaltoes no tempo refletindo-se nas socializaltoes vivencias e experiencias dos seus

a pertenlta era entendida como permanente exigindo um elevado grau de compromisso dos participantes a adesao passou a ser assumida como transeunte e grau de eompromisso substancialmente mais fraco onde subsistia lim baixo nivd de mobilidade passou a persistir um acentuado grau de mutabishylidade intergrupal implicando a circulaltao atraves de socialidades reticulares estruturadas em redes microculturais cujos n6s se intercruzam em afinidades fdgeis e lealdades temporarias revisionaveis e transitorias a qualquer tempo renegociadas ou canceladas6 onde a homogeneidade estilistica imperava passou a existir uma profusao eddiea e aeumulada de estilos visuais e musicais sendo tambem bastante mais diversificada a pleiade de

recursos slmDollCOS em torno dos quais se estruturam as sociabilishydades c iclentidades juvenis por oncle permanecia uma forte

nticlade de grupa passou a haver uma identidade fragmentada provisoria e acentuadamente indivicluada

Mas as diferemas nao ficam por aqui Considerando a pesquisa de terreno feita em Portugal 0 objetivo deste ensaio sera dar cOl1ta das diferenltas entre as realidades microculturais juvenis atuais relativamente as do passado - tal como nos foram apresentadas em pesquisas empreendidas na epocaB aqui tamanda como dimenshysao de analise as suas ideologias e eticas de vida Resumindo onde existia uma politica de militante e coletiva orientada por uma etica de vida contestatiiria movida por valores univershysalistas de melhoria das condiltoes de vida passa a existir uma polftica de existencia orient ada por uma etica de vida celebratoria que cultiva valores particularistas hedonistas experimentalistas presenteistas e canvivialistas no sentido do alargamento das posshyibilidades de expressao individual Senao

DISTANCIA DAPOLlTICA APROXIMAcAo SUBPOLlTlCA

As mieroculturas juvenis eresceram impressivamente em Portugal descle os anos de 1980 num contexto marcado pda desencantamiddot mento com as instfmcias politicas tradicionais segllido pela euforia do periodo p6s-revolucionario crescimento eeonomico e maior propensao ao conSllmo e ao lazer aberlura cultural ao exterior com a consequente clemocratiza~ao do espa~o co e relativa liberaltao dos costumes e ainda pela prolongamento da escolaridade obrigatoria que coloea os numa situaltao de moratoria de integraltao civica e depenclencia parental mais prolongada Nesse contexto as microculturas juveshynis com os seus valores praticas e recurs os estilisticos tiveram

tuniclade de difundir-sc nas zonas urban as do pais enCOllshytrando um lugar receptiv~ nos corpos e mentes muitos jovens desafetados eou desencantados com os formatos mais ortodoxos da participa~~ao social e poUtica

345

~

Objetivamente a margem dos centros de poder e dos processos institucionais de tomada de decisao e nao venda neles represenshytados os seus interesses e preocupa~6es alguns jovens encontrashyram nas microculturas oportunidade de sc fazerem represenlar socialmente como tal Ai eles deixam de constituir viti mas que necessitam de cuidados intervencionistas (como acontece nos espa~os politicos tradicionalmente orientados para os jovcns) ou meros de consumo (como sucede no espa~o das economias que tern os jovens como publico-alvo) configurando formas soshyciabilisticas espccificamenle juvenis de socializa~ao participa~ao e protagonismo social com linguagens e codigos proprios para se expressarem enquanto sujeitos de si mesmos para produzirem e manifestarem as suas opinioes e aspira~6es sobre 0 mundo conshyforme os seus pr6prios interesses e expectativas

Na cren~a de que a poliLica eum mundo distante que esta para alem do seu poder de influencia e indisponivel para responder as suas desejos e necessidades os jovens que foram objeto desta pesquisa revelam-se ctetivamente bastante ceticos quanto a relevancia e eficacia da a~ao movida atraves dos mecanismos convencionais disponiveis para 0 exerdcio da cidadania polilica9

Pouco confiantes nos atuais moldes de funcionamento do sistema politico bem como nas instituiltoes e pessoas que 0 representam

ainda alguma dificuldade em se ci(mar no espectro poHtico-partidltirio portugues bem como em lidar com a tradicional clivagem esquerda-direita cada vez mais fragil enquanto polo de identifica~ao politica e secundarizada em favor de novas formas de olhar e ordenar 0 politico 0 ideol6gico e os conflitos sociais

Nem pereo tempo a falar de politicas Eu e que me tenho de safar C) E assim que eu vejo seja qual for 0 governo C ) Seja de direita ou de esquerda ( ) Sou apolitieo nao tenho nada a vcr com essas eolsas ( ) [Nunca votaste] Nao nunea Nlmca na vida nem me vou dar a esse trabalho ( ) Eassim eu estou mesmo a eagar para a sociedade Os meus valores sao s6 naqueJes que me rodeiam al eque eu gosto de ver a democracia ( ) Para mim quando falo de demoeracia nao epreciso ser logo a falar do pafs e de politi ca A demoeracia acho que tem de comeltar eem casa se for preciso Primeiro assim 110 grupo de amigos

Confrontados com a escassez de programas ideol6gicos credlshyveis e disponiveis em que se revejam esses jovens partilham entre si nao apenas um sentimento de distfmcia ao poder como tambem um sentimel1to de incapacidade perante a hip6tese de protagonismo

atraves das vias tradicionais e alinhadas de excrdcio da cidadania representadas em movimentos organizados e formais de altao coletiva Mesmo quando representam areas de natureza mais expressiva as praticas de sociabilidade mais organizada e institucional despertam-Ihes um reduzido interesseY

A dificuldade em lidar com os mecanismos e institui~6es represhysentalivas do modo tradicional de exercicio da cidadania caracshyteristica da cultura poHtica desses jovens nao implica contudo a sua alegada despolitiza~iio no sentido da inercia ou resignaltao passiva perante os atuais problemas sociais ou da inexistencia de reflexividade discussao e empenhamento social Pelo contnirio a atitude critica que assumem per ante a a~ao e institui~oes politicas comencionais indicia algnma consciencia civica por parte desses jovens meSI110 quando esta implica rea~6es de saida como resposta estrategica ao modo de funcionamento do sistema ls Saidas designadamente em dire~ao a espa~os de socialidades alternashytivas16 ou retiros 5ubcuturais17 que nao deixam de ser animados por uma 16gica de divergencia reformista das fundacoes sociais

econ6micas e culturais Sc Illuitas vezes as novas negligenciam e se mostram

aliPl1l1das das agendas causas e formas de a~ao politic a mais instishydos centros de poder e decisao tradicionais em

alguns desses jovens esse sentimento de aliena~ao corresponde a uma postura consciente e cultivada na medida em que pretendem justamente escapar a essa esfera de a~ao tradicional rumando em

a outras A aliena~ao eaqui entendida nao no sentido rnarxista do termo mas no sentido da partilha de um sentimento de alien dentro das sociedades contemporaneas ou seja lIm sentimento de distanciamcnto critico perante 0 mundo que os rodeia percebido com desencanto e pessimismo um sentimento de demarca~ao do sistema em que se veem implicados na sua ordell1

Alienar do [atim alienare quer transferir para outrern 0 dominio

346 347

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 5: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

~

Objetivamente a margem dos centros de poder e dos processos institucionais de tomada de decisao e nao venda neles represenshytados os seus interesses e preocupa~6es alguns jovens encontrashyram nas microculturas oportunidade de sc fazerem represenlar socialmente como tal Ai eles deixam de constituir viti mas que necessitam de cuidados intervencionistas (como acontece nos espa~os politicos tradicionalmente orientados para os jovcns) ou meros de consumo (como sucede no espa~o das economias que tern os jovens como publico-alvo) configurando formas soshyciabilisticas espccificamenle juvenis de socializa~ao participa~ao e protagonismo social com linguagens e codigos proprios para se expressarem enquanto sujeitos de si mesmos para produzirem e manifestarem as suas opinioes e aspira~6es sobre 0 mundo conshyforme os seus pr6prios interesses e expectativas

Na cren~a de que a poliLica eum mundo distante que esta para alem do seu poder de influencia e indisponivel para responder as suas desejos e necessidades os jovens que foram objeto desta pesquisa revelam-se ctetivamente bastante ceticos quanto a relevancia e eficacia da a~ao movida atraves dos mecanismos convencionais disponiveis para 0 exerdcio da cidadania polilica9

Pouco confiantes nos atuais moldes de funcionamento do sistema politico bem como nas instituiltoes e pessoas que 0 representam

ainda alguma dificuldade em se ci(mar no espectro poHtico-partidltirio portugues bem como em lidar com a tradicional clivagem esquerda-direita cada vez mais fragil enquanto polo de identifica~ao politica e secundarizada em favor de novas formas de olhar e ordenar 0 politico 0 ideol6gico e os conflitos sociais

Nem pereo tempo a falar de politicas Eu e que me tenho de safar C) E assim que eu vejo seja qual for 0 governo C ) Seja de direita ou de esquerda ( ) Sou apolitieo nao tenho nada a vcr com essas eolsas ( ) [Nunca votaste] Nao nunea Nlmca na vida nem me vou dar a esse trabalho ( ) Eassim eu estou mesmo a eagar para a sociedade Os meus valores sao s6 naqueJes que me rodeiam al eque eu gosto de ver a democracia ( ) Para mim quando falo de demoeracia nao epreciso ser logo a falar do pafs e de politi ca A demoeracia acho que tem de comeltar eem casa se for preciso Primeiro assim 110 grupo de amigos

Confrontados com a escassez de programas ideol6gicos credlshyveis e disponiveis em que se revejam esses jovens partilham entre si nao apenas um sentimento de distfmcia ao poder como tambem um sentimel1to de incapacidade perante a hip6tese de protagonismo

atraves das vias tradicionais e alinhadas de excrdcio da cidadania representadas em movimentos organizados e formais de altao coletiva Mesmo quando representam areas de natureza mais expressiva as praticas de sociabilidade mais organizada e institucional despertam-Ihes um reduzido interesseY

A dificuldade em lidar com os mecanismos e institui~6es represhysentalivas do modo tradicional de exercicio da cidadania caracshyteristica da cultura poHtica desses jovens nao implica contudo a sua alegada despolitiza~iio no sentido da inercia ou resignaltao passiva perante os atuais problemas sociais ou da inexistencia de reflexividade discussao e empenhamento social Pelo contnirio a atitude critica que assumem per ante a a~ao e institui~oes politicas comencionais indicia algnma consciencia civica por parte desses jovens meSI110 quando esta implica rea~6es de saida como resposta estrategica ao modo de funcionamento do sistema ls Saidas designadamente em dire~ao a espa~os de socialidades alternashytivas16 ou retiros 5ubcuturais17 que nao deixam de ser animados por uma 16gica de divergencia reformista das fundacoes sociais

econ6micas e culturais Sc Illuitas vezes as novas negligenciam e se mostram

aliPl1l1das das agendas causas e formas de a~ao politic a mais instishydos centros de poder e decisao tradicionais em

alguns desses jovens esse sentimento de aliena~ao corresponde a uma postura consciente e cultivada na medida em que pretendem justamente escapar a essa esfera de a~ao tradicional rumando em

a outras A aliena~ao eaqui entendida nao no sentido rnarxista do termo mas no sentido da partilha de um sentimento de alien dentro das sociedades contemporaneas ou seja lIm sentimento de distanciamcnto critico perante 0 mundo que os rodeia percebido com desencanto e pessimismo um sentimento de demarca~ao do sistema em que se veem implicados na sua ordell1

Alienar do [atim alienare quer transferir para outrern 0 dominio

346 347

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 6: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

modos de funcionamento padroes de

de contravis6es em as COI1shy

fJ 4

I l de eo que esses jovens fazem alheiam-se de determinados n mundos deixando 0 seu dominio ao cuidado (ingI6rio na Suar-i j perspectiva) dos politicos profissionais e i rnais apeteciveis sedutores receptivos aos seus I fundos e conectados com as suas pv-iZIe em que

POLlTICAS DE RESISTENCIA POLITICAS DE EXISTENCIA

Enessa medida que as microculturas juvenis tern vindo a ser tradicionalmente caractcrizadas como culturas de resisiencia conlestatarias de determinados modelos de ordem socialY

mais ortodoxa revela-se explorado para caracterizar as -hegemonicas nos atuais contextos duao social e culturaL

Tal como foram analisadas para as subculturas do passado as pniticas de resistencia pressupunham dotadas de uma intencionalidade transformadora da ordcm coletiva tendo como

produzir a ruptura na ordem social e ganhar 0 lugar dominante no que os atores percepcionavam como relayoes de

scndo tais priticas preconizadas com consciencia dos deitos sociais que del as poderiam advir 24 Nessa concepyao os recursos materiais e sim b6licos mobilizados pelos jovens cram subsumidos ao selllugar de classe e vistos como reflcxo da sua posiyao domishynada oprimida e explorada enquanto membros da dasse de onde emergiam as subculturas reprcsentantes sociais dos sellS membros mais jovens

Giroux26 acrescenta ainda que para llma tefa de passar de uma

condenayao ideologic a aberta HIltVIV~lltt

de revelaidio e provtc1enClar a oportuIlld

interesses de emancipayao social Para tal a resistencia pressupoe organizayao grupal associada a um programa politizado

autocentrada e fechada orientada no sentido de satisfazcr os interesses do coletivo que celebra e iTIteressada em resultar em mudanyas efetivas na estrutura do sistema que denuncia

Ora cssa concepyao de resistcncia enquanto exercfcio de poder subversivo torna-se analiticamente menos quando as identidades iuvenis microculturais na sua

de pensar de ver e de scr no I serI

da estrategica como das praticas e das causas po1iticas

ancoradas na realpolitik esses jovens acabam por valorizar espayos

de participayao intervenyiio e exprcssao social dotacios de recursos e canais de produyiio mobilizayiio e difusao mals apeteciveis que os convencionais 110 senlido de anunciar as Suas preocupayoes valores e interesses e de atuar em conformidade com as suas expectativas e desejos medos e anseios Sao jovens que encontram nas microculturas espayos sociativos em conexao com a sua pr6pria vividaIB sentindo-os tambem

avivcncia de Draticas c atitudes perante a vida e a sociedade uma criativa e e

revelam-se espayOS na medida em que concedem aos

sens atores nao apenas urn contexto disponivel aexperimentayao de eticas e estilos de vida dissidentes dos dominantes como tambetn

urn vasto de recursos expressivos e performativos de intervenyao agregado a um circuito relativamente organi zado de canais de difusao21 muitos deles globalizados a distill1cia de urn click Nesses circuitos sociais marginais os jovens van sendo expostos e socializados em entendimentos cdtieos a realidade social (ou determinadas parcel as da 111eLlldj

348

349

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 7: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

e fragmentaltao reticular contemporaneas ja nao surgem estrushyturadas na base da classe social em [unltao das 0 conceito

comeltou por ser desenhado A potencialidade analitica desse conceito surge assim mais localizada contextualizada sendo particularmente di[kil identi[icar com nitidez por exemplo os focos de oposiltao das ditas praticas de resistencia Estas de ja nao sc observam orientadas para a rejeiltao de uma de dominaltao estrutural em [ace de uma hegemonia classista mas endereltadas a uma certa ordem social

Fssa ordem social IS descrita e aDresentada pelos entrevistados como urn complexo e diluido sistema elacoes de poder e de [ormas de oHranizacao social capitalista sociedade de consumo ou sociedade tecnocratica por exemplo) de processos culturais difusos associ ados a noltoes de progresso ou desenvolvimento operadas pela das form as sociais capitalistas

desumanizaltao burocratizaltao tecnologiza-ao polarizaltao social individualizaltao corrupltao ou amealta eco16gica) bem como de valores que Ihes sao correlacionados

materialismo ou sucesso) Estes focos de crttica confluem na resistencia a uma cullura mainstream

que erepresentada pelos jovens como premiando a de adaptaltao do agente as contingencias e

do sistema e vivida como forma de corrosao do caracter

Estou numa fase da minha vida em que tive que me prostltUlr urn pouco se quiseres la esta ao estereotipo ao modelo existente E nao me sinto bem Nao me sinto bern por estar desprovido de brincos nao me sinto bern por ter de ir trabalhar a ter de esconder partes das tatuagens algumas nao mesma esconder por muito que tentasse E cusla-me ( ) A imagem inicial que a pessoa da para ser aceite tem que ser uma coisa ja bastante comprometida ja

Ea por outro lado uma redultao de escala na intencao enos desejados na atual operacionalizaltao de praticas

cionais Apesar de potencialmente conterem intenltoes e deitos disruptiyoS a rejlexividade transformadora subjacente amobilishy

dessas praticas tende a ser pouco ambiciosa em termos de

cn

T I de mudanlta social29 A natureza politica das

I que lhes estao subjacenles e mais latente do que manifesta sendo as respectivas consequencias de transformaltao e inovaltiio social

I nao deliberadas e de absor~ao incera

i Sem perder 0 sen proposito dissidente no senlido do agir em

nao conformidade a politica que subjaz as praticas oposicionais empreendidas em contextos microculturais nao epropriamente revolucionaria no senlido de tentar substituir os modelos domishynantes pelos seus proprios modelos Sao praticas que tendem a assumir mais a forma de demarca~ao pes50al perante os modelos prescritivos da sociedade global(izada) do que de imposi~~ao coletiva de urn dado model() enquanto tentativa por parte de urn dado grupo no senlido de impor a todos os outros 0 seu modo de vida

A sua reflexividade transformadora cst amais direcionada para atraves do desafio que advem da oposiltao e confronto) 2arantir urn espalto social para a existemia da sua diferenca modelo alternativo de estilo de vida estereotipos que sobre estes recaem e em ultima insilncia ten tar

I

o seu reconhecimento social enquanto possibilidades legitim as de vivcr a vida l

Nao serao portanto de preiticas anishyquilatorias no sentido que o[ereccm a possibilidade de mudar 0

mundo cnquanto estrategias de luta com 0 objetivo de deslruir a social vigente e impor uma nova ordem substitutiva

sobretudo praticas predat6rias ou pdticas que aproveitam o espalto e os meios que a atual ordem social Ihcs disponibiliza no sentido de se (a)firmarem e se fazerem reconhecer possibilidades alternativas a par de outras tentando desse modo

das fronleiras culturais da expressao e da criatividade (atraves do corpo da

da imagem

minha primeira tatuagem foil um pouco de indole pOl1tlca que ja na altura mostrava 0 meu desagrado pela forma como se orientava a sociedade ( ) [As lOomcacoes no corpo] no meu caso em tennos de

nao serao bem vltlla a forma de passar uma mensagem Sera mais uma postura 0 desprezo pelo estereotipo mas sera uma postura que contesta os valores imDostos Nao eDfoDriamente ir contra 0 esteshy

mas Ou seja ecomo afirmar eu posso continuar a ser

351

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 8: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

T

tiio born quanta os outros sem querer aparentar como todos os outras 0

querem tazer Ou sem 0 modelo existente ( ) Talvez degque haja seja uma necessidade por das pessoas de se demarcarem desta sociedade dita moderna Ao dizer niio estamos de aeordo com isto entao procuramos outras maneiras de estar32

As praticas oposicionais desses jovens nao tem pretens()es de dar voz a coletivos uniformes nem implicam a subversao ativa e intencional sobre 0 sistema atraves de um combate coletivamente organizado Pelo contrario consubstancializam (que se pretendem) individualizadas tendo como transformashydora uma escala que nflO vai muito alcm de uma certa esfera de domesticidade formada pela sociabilistica que funda e densifica 0 mundo de vida do ator que as esse set or do mundo quotidiano que esta ao seu alcance e que do seu ponto de vista se ordena e em volta de si como centroJ3

nos urn sentimento comumente hipotese modelo de de alt30 social de movimentos do Eles nao de fato armados de novos artefatos sociais para tentar instituir coletivamente uma nova ordem social Essa sequer e

Embora desafetos ao modelo social existente nao de programa social

por ~~dHIV)~ a

no sentido de expressar um UlJLoiW

sociedade ideal corn futuras de igualdade harmoshynia e justilta como acontece em parte dos programas sociais de natureza utopica Feio ha da sua parte uma recusa konoclasta das maquetas sociais que denotem apartida tal ambiCaO 34

Em dtima analise a propria noCao de utopia social vai contra os prindpios e valores mais baskos desses jovens Todos os proshygramas utopicos de forma a suspender as turbulencias cia historia sao dotados de uma racionalidade identitaria que tende a promover

cidadaos uniformizados e sociais (de produltao e por legisladores que tem por e 19Udllldl da vida coletiva

do modo de habitar cia e do consumo regushylamenta~ao dos easarnentos e dos nascimentos

normativo da ciencia moral dessas sociedades alternativas Mercier

Tudo 0 que os entrevistados demonstram nao querer

Os program as sociais que a o comunismo ou 0 nacional-socialismo por

sao por vezes invocados sob a forma de mas mais no crftico que proporcionam relativamente as recentes

form as de organizalt~io social das sociedades que na

dimensao prcpositiva e que os seus manifestos tendem a prescrever para 0 futuro societario denunciam mais do que anunciam diagnosticam mais do que prognosticam

A sociedade ideal nao existe Nao hoi nada ideal para mim os ideais morreram hJ multo ( ) Creio em mim Pronto De resto nao ereio assim em muito mais coisas Crcio tipo nas fimas c6smieas sou uma formiga no meio do nada mas que ao mesmo tempo eu sou tudo porque vivo para mim acima de tudo E emesmo assim Eno que ell ereio acima de tudo 37

Esses jovens nao pretendern mais do que marcar performativashymente a sua distancia pessoal perante 0 ordenamento que percepshycionam na sociedade contemporanea e nele demarcar urn espayo alternativo de existencia social Essa forma de (re )ayao social e empreendida ja nao Hum sentido idealista e holista orientada por elaborados sistemas ideologicos em do bem mas num sentido pragmatko e microsc6pico tao somente construir e fazer reconhecer 0 seu proprio mundo de

das orientaltoes de um programa reveiam antes lIma que reivindicam uma e

352

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

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68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

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Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 9: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

a coexistencia cultural atraves do questionamento e desafio dos canones que tendem a 11l0delar a sua vida 0 que estl em causa ja nao e a reclamayao coletiva de uma mudanya no sistema mas a reivindicayao individualizada de urn espalto social em que uma

e

de existir se imapinf viavel

de a politica de resisterlcia fundamentada no

propria da cxperiencia subcultural das culturas juvenis do pos-guerra da lugar a ul1la polftica de existf~ncia tnobilizadora de pniticas que procuram possibilidades de constnlyaO expressao e reconhecimento de utna identidade imaginada como autcntica e num estilo de vida que

e itinenirios sociais mais normativishyzados no atual sistema social Num sistema em que percebem a sua social sujeita a e

prcscriyoes no scntido da massificayao e homogeneizayao cultural as suas praticas oposicionais correspondem a formas de reayao que lhes per mite simultaneamente (de)marcar esteticamcnte a Sua presenya no mundo e protagonizar performativamente uma forma de existencia no mundo

Eu adquiri um estilo de vida ) Quer dizer tenho uma vida de sou contribuinte como os outros sao mas tenho a m1nha

nao se metam quero viver it minha maneira com as minhas com os meus piercings com as minhas ideias malucas Fazer 0 que todos os seres humanos querem a felicidadc it minha maneira ( ) Porque afinal de contas se nao aquila que nos gostamos para que eque est amos a viver para que eque 0 ser humano vem d Por que eque tem que ser tudo como os OLltroS como meia duzia de gravatinhas mandam Nao tern que ser assim a vida epara nos sentirmos bem

das mlcroculturas da esfera economica e ClVlCa para 0 campo 40 no sentido de um

de Iiberdade dignidade e respeito para 0 desenvolvimento estilos de vida que se pretendem escapat6rios amassificayao e

normativizayao encontrada nos padroes culturais dominantes frequentemente representados pela

em causa - criando sistemas de e de que OUSall1 o~~oYn

cultura de origem dos

culturais a matriz ideologic a das suas altoes passa entao 3 ser dominada por de ordem moral que visam ao reconhecimento quotidiano de determinadas estCticas eticas c pragmltiticas de vida ou seja 0 reconhecimento social de determinadas formas de existencia individual

A reflexividade transformadora da cultura politic a das microculturas juycnis como se viu nao surge associada a reivindicayao defesa ou extensao coletiva do usu[ruto de direitos estrilamente politicos ou socia is sequer mesl1lo dos cham ados direitos negativos Existe sim a redamaltao de direitos culturais

no sentido da liberdade individual para escolher e viver um dado estilo de

Oaf a centralidade que questoes associadas a consumo como 0 visual a music a ou 0 corpo entre outros recursos de estilo adquirem na vivencia libertaria desscs jovens

Mais do que luta pela equidade de direitos a sua 3yaO aponta para uma luta pela subjetividade43 orientada por llma concepltao de pessoa ja nao vinculada a considerayoes sobre 0 mundo mas a questoes existenciais de identidade pessoal A critica imanente a ordem social de que esses jovens sao produtores e tores nao repousa sobre

de ordem gularidade As suas reivindicayoes prefiguram -se equacionadas nao no quadro tradicional e universalista da cidadania - que pressup6e o mesmo conjunto de liberdades e responsabilidades dvicas para todos os cidadaos mas num quadro de diversidade social cultural e etica que implica um modelo de sociedade mais pJuralista

354 355

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 10: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

l

Recusando os entendimentos dominantes e normativos sobre

a vida em sociedade que categorizam 0 seu comportamento

individual dentro de urn codigo exclusivo de valores e virtudes

publicas recolocam-no como possibilidade entre tantas outras

Mais do que funcionar como antitese social as politicas de exisshy

tencia procuram promover a incorporaltao social de estruturas de reciprocidade intersubjectiva44 no sentido da abertura it alteridade

da sensibilidade it diferenlta do reconhecimento da pessoa na sua

singularidade e nao na continuidade de traltos classificatorios que

a posicionam no contexto de determinadas identidades coletivas45

Estruturas em suma que permitam a esses jovens viver a sua diferenlta em condilt6es de indiferenlta perante a sua visibilishy

dade ao olhar do outro que possibilitem viver urn estilo de vida

que se pretende alternativo aos que sao disponibilizados pelo

supermercado de estilos em condilt6es de dignidade respeito e

liberdade individual Uma liberdade que na linha de uma certa

tradiltao praxiologica da anarquia (mais vivida que refletida) ja

encontrada no movimento punk nao se observa arbitraria apreshy

sentando-se como exerdcio de autodisciplina moral ponderado

e realizado em condilt6es de pluralismo coexistencial no sentido de ver instituida uma desordem da moral expressa na existencia

de multiplas moralidades frequentemente conflituantes entre si46

[Sou] anarquista Se quiseres Nao anarquico anarquista Anarquista e isto e a minha propria explicaltao nao e baseada nem em filosofos nem pens adores Anarquista e quando se pretende promover a filosofia Anarquico equando pretende promover a altao em si C ) Livre de preshyconceitos livre de tabus Livre de barreiras C ) Neste momenta dou-me com gente mais nova como com gente mais velha com gente de varias correntes literarias de varias correntes filosMicas de varias correntes de pensamento E nunca segreguei ninguem porque e isto ou porque e aquilo ou porque tern aspiraltoes a ser ou porque ja deixou de ser isto ou aquilo Nem em termos de escolhas sexuais eu falto discriminaltoes Tenho amigos e amigas com as mais variadas cores e com os mais variados feitios Nao aborrelto ninguem Desde que nao se metam La esta 0 grande principio da anarquia e a minha liberdade acaba onde comelta a liberdade do ~Utro e vice-versa A partir do momenta em que nao comecem a querer interferir com 0 meu mundo eu respeito 0 mundo dos outros Abarco no meu mundo todos aqueles que eu acho que devem participar dele47

Numa epoca em que existe uma verdadeira acumulaltao

de diferenltas48 a pretensao politica das microculturas juvenis

reflete ness a perspectiva uma estrategia de remoraliza~ao da vida quotidiana no sentido de integrar na ordem moral da atual

sociedade a necessidade de dignidade na diferenlta individual e de fazer reconhecer uma cultura de civilidade que a respeite atraves

da amplialtao das conceplt6es dominantes da normalidade Urn

reconhecimento que neste caso nao se orienta no sentido da esfera

institucional do sistema politico49 sequer se almeja no plano do

direito juridico50 0 reconhecimento e aspirado no plano da propria

quotidianeidade dos individuos considerando as suas necessidades 51afetivas e de reciprocidade na estima social de outros concretos

Choca-me a intransigencia e 0 it vontade que eu acho que e tipico portugues com que as pessoas se sentem de opinar umas sobre as outras 0 it vontade a liberdade que as pessoas se dao a elas pr6prias de comentar de falar e de apontar umas para as outras C ) Por isso e que eu tenho pouca esperanlta que isso mude de fato porque as pessoas nao sao civilizadas nao sao educadas e nao ha uma cultura de respeito da individualidade de tudo isso que se cultiva ja urn bocado la fora C )

o respeito e 0 aceitar a liberdade a diferenlta tudo isso acho que ja dava uma volta de 180deg52

A politica de dignidade na diferenlta aqui implica ser-se recoshy

nhecido como unico no sentido que se e reconhecido nao apenas

como cidadao susceptivel de ter direitos iguais mas reconhecido

na sua particularidade e respeitado enquanto pessoa Trata-se

portanto de uma cultura politica contra a humilha~ao a injuria e 0 insulto mundano53 ou seja contra todas as alt6es ultrajantes

discriminatorias e menos corteses que de uma forma ou de outra

afetam quotidianamente 0 sentido de dignidade desses jovens A

sua exigencia de reconhecimento vai a par da reivindicaltao e luta

pela dissolultao de uma sociedade menos prescritiva e normativa

com criterios de normalidade cuja rigidez e grau de institucioshy

nalizaltao e susceptivel de transformar toda e qualquer diferenlta

radical em estigma

356 357

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

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Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 11: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

-------f I~ II

I ETlCA tiTICA

CONTESTAltAO VER5 LIS CELEBRAltAo

Longe da holista de coletiva caracteristica de alguns movimenlos juvenis tradicionais os estilos de vida

palorios construidos no ambito das microculturas juvenis ~ sem percler os con tornos de ativismo a partir dos ~

o mundo e questionado e desafiado sao assumidos de uma forma mais mundana com ambi~6es mais rasantes e lcncoes mais pessoalizadas em lorno da rownrnn

e a~memaQa de valores sensiveis como 0 o presenshytcismo on 0 experimentalismo Pretendendo lutar mais por uma existencia marginal dentro das eslruturas que pelo acesso a uma posi~ao de centro aos jovens que encenam os seus modos de vida a partir das microculturas juvenis interessa menos sobre 0

mundo do que aproveita-Io predd-lo no que de melhor ele oferece A ambiltao de vida desses jovens e vive-Ja como uma deriva

rotas exoticas que se atravessam no Huir das rotinas54 na constante experimentarao proporcionada pelo desafio dos limites e do risco E um modo de vida estruturado no sentido da abershy

lura ao irnprevisivel e ao imponderavel que 0 quotidiano traz

com pontos de partida concretos mas sem pontos de chegada predefinidos 0 mais livre possive de constrangimentos predeterrninados

Eu era mesmo todo certinho E sei que prescindia de bue de coisas E sei que agora tambem estou a prescindir porquc podia atinar e saber muito mais cenas mas para mim expcriencia ctudo C ) Ja experimentei montes de coisas ( ) E pronto fui venda fui escolhcndo cenas que me interessam mais ( ) Acima de tudo sou uma pessoa que nao con segue estar presa assim muito Tern alta necessidade de

de movimento ( ) de andar mesmo a deriva ( Nunca aceitei que me impusessem nacia sem ser as meus pais claro De resto quis sempre ( ) Eu vivo a vida mcsmo alucinantemente Sinlo

o mesmo passar mas sem parar Ate os rnomentos de descanso nao sao tis aver isso eque e mesmo bue de esquisito Constantemente

estresse Mas nao e aquele estresse de tenho de fazer isto nao E a cena de estar sempre a querer fazer coisas e a viver coisas E uma cena

358

positiva mas que e um bocado ( ) Nao sei como eque eu mas para mim a vida emesmo em pleno

o ceticismo que compartilham perante 0 futuro SOCial assoshyciado a consciencia da transiloriedade subjacente it juvenil bem como aos atributos de inconformismo e airreverencia que the sao socialmente imputados proporciona a esses jovens uma vivencia mais livre de constrangimentos e sociais Dai a sua preocupa~ao nao so em aproveitar essa ao maximo como em prolonga-Ia adotando uma etica da celebrarao da existencia Em contraponto as form as passivas de matar 0 tempo ou as formas combativas de viver a vida essa etica evidencia uma constante procura do lado festivo da enquanto demonstra~ao de vitalidade e de energia criativa56 Os valores que a caracterizam passam experimentalismo enquanto tentativa constante de testar 0 Ii mite possive peo hedonismo como

do prazer do gozo e da em torno do presentismo como forma imediata e desfuturizada de viver

intensivamente 0 momento

Eu tinha que ter urn Ja andava a meter que nao wna semana antes do meu acidente eu dormia oito horas numa semana estava a viver muito intensamente todos os dias como se fosse 0 (tltimo ( ) Hoje ern dia sou contra a folina sempre a favor de uma cena nova viver 0 dia a dia como de e ( ) Porque eque tem que haver uma rotina uma hora de jantar escravos de Nao Sou contra os escravos de

ernbora que estou dentro cia sociedade ter que se ser escravo do deles de vez em quando sou obrifmdo a iSSO8

Na sua vivcncia quotidiana a etica de ceebraltao surge nitidashymente associada aos momentos de lazer dos jovens enlrevistados encarados como de ruptura insurrciltao liberdade e evasao reativamente as obrigatoriedades rotineiras dos tempos de trabalho

No decorrer dos tempos de lazer e convocado urn conjunto de praticas em que os consumos de musica nas suas mais variadas formas drogas eves e bebidas alcoolicas assumem um papel

relevante pda sua recorrencia habitual mente desenvolvidas no contexto de uma forte solidariedade convivial fundada em redes

de afinidades eletivas e afetivas

059

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 12: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

~gt

A muska nas suas varias formas de aFropriaao em conjunto com as drogas e as bebidas alco6licas operam como ingredientes relevantes na arte de bem viver desses jovens59 proporcionando a construao de um paraiso arlificial como forma de evasao a

urn quotidiano sentido como opressivo e rotineiro60 Alterando as percepltoes habituais esse tipo de substancias permite a idealizaao

subjetiva de um novo mundo um mundo de sensaoes novas que desvaloriza 0 mundo real e a ele se sobrepoe Sobreposiao eva siva essa que dada a consciencia da sua aparencia se pretende

e guardada para momentos de exceao e nao continllamente cultivada

[0 meu quotidianoJelevantar cedo if para 0 trabalho passar Ja oito hora5 vir para casa e dar banho ao pulo cnquanto eJa faz 0 jantar

a IlOiLe olha ou vou urn bocadinho para 0 cornputador me entreter ou

vou ate ama ter com 0 pessoaL Mas eassim todos os dias e s6 ao fim

de semana e que um homem se estica S6 ao tim de semana cque lim

se estica assim vai curtir concertos ensaio pronto tenho a minha

banda Cnrto sempre ter uma banda tis aver musica eaquela basco

) Egiro efuma las e bebe-Ias e rir Fa ecurtido tas aver Ecurth

aonde a curtc for Fa aprocura da meJhor gargalhada tas a vet ( )

Quem quiser dar nas drogas da A unica coisa que eu condeno ea gente

ser dependente Seja de alcool seja de qualquer Lipo de droga tas aver

( ) Mas uma pessoa que sember dar pa isso e feito para curtir entao curtam Seiam emodcrados Sc forem moderados ainda vivem uma vida a curtir Senao estao que gosto de de ~-

que emcsmo assim ( _) Eu sou um

que curta de aprendet

Felizmente nao fez nada de

de constitllircm redes de rela-6es sociais fluidas disshypersas e intrincadas os participantes das microculturas juvenis convergem na partilha de uma etica de celebra3o da existencia em que valores como a autenticidade~ a diferen-a 0 a convivialidade 0 hedonismo 0 presenteismo a experishyrnenta~~ao a rebcldia~ a liberdade etc se organizarn enquanto

sistema oricntador da COI1stru-ao de estilos de vida escapatorios Formando-se nas orl as dos qllotidianos juvenis esses espa-os fomenshytam 0 encontro social e de universos simbolicos relativamente

360

informais e subterraneos em que sao experimentados e legitim ados gostos esteticos mais marginais bern como perante a vida e a sociedade mais ex-centricas numa comunhao de afinidades e afetividades conviviais

Dai serem contextos sociais onde tendem a valores mais heterodoxos muitas vezes expressos em VerS(leS mais

exacerbadas de comporlamento Ao contrario das formas de organiza3o rnais burocraticas em que os jovens correm 0 risco de serem olhados como uma massa indiferenciada com 0 mesrno tipo de problemas interesses e expectativas as microculturas acabarn por Ihes conceder uma forma flexivcl de social para viver mna sllbjetividade e urn estilo de vida que se pretende djferente e singular conccdendo-Ihes urn rcpert6rio de recursos materiais e sirnb6licos que articulam para dar sentido a uma existencia que se pretende individual(izada)

Constituindo nos em redes de afinidades e afetivas nas a ttica do desvio e a norma nas microculturas os seus

protagonistas encontram disponibilidade 1 inovaao e margem de Iiberdade para experimental novos modelos esteticos e eticos que

nao) a reificar-se ern estilos de vida com continuishySao espaltos de deriva sem grandes

de navega-ao ern que se exaItam os val ores da Iiberdade atraves do culto do excesso da extravagancia do bizarro tudo 0 que possa chocar a moral burgucsa mais tradicional assegurando assim a possibilidade de romper com 0 banal 0 saturado 0 normativo 0

convencional Contextos 50ciais portanto de serern como laborat6rios de experimellta(ao criativa 65 ou

laboratOrios culturais66 potenciando a criatividade e inovacao em diversas esferas

CONCLusAo

Num contexto de intensa proliferaao e pulverizaao das possishybilidades de escolha cultural sociahnente disponfveis por meio de transformaoes flls6es e revivalism os varios e sucessivos a manlltenao das fronteiras sociais e sirnb6licas das microculturas

fragilizou-se profundamente Hoje em elia as

361

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 13: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

T

sociais a contextos microculturais nao sao exdusivistas e baseadas em compromissos de longa duraltao Os jovens van vagueando

por varias microculturas paralela eou sucessivamente Nesse processo acumulam um importante capital de sua fragmenlaltao se vai construindo em redes de

n6s vao constituindo espaltos privilegiados de vivencia e referencia quotidiana investidos de maior ou menor densidade afetiva

No quadro de interaltoes que esses espaltos sociais proporshycionam os jovens adquirem capacidade critica e reflexiva de confronto e discussao de iniciativa e proposta de agenciamento e desempenho de e em suma de protagonismo social

Sao por con sequencia espacos em que os jovens se descobrem mais cidadaos do que vitimas de desvantagens sociais neles encontrando estimulo e reconhecimento para as suas iniciativas criativas disponibilidade it experiencia e ao exercicio de novas

de vida autonomia e liberdade na cOllstrwao de uma individualidade que nao colide com uma intensa vida sociativa

bem como capacidade de intervenltao no sentido de influenciar a adoltao de novos c6digos culturais e fundalt(les eticas na socieshydade contemporanea Autorrealizaltao sociabilidade convivial e

cidadania tendem portanto a andar a par nesse tipo de contextos Perante esse cenario juntamo-nos a Crossley para quem

em dia a cidadania deve ser vista do ponto de vista do mundo de vida e da intersubjetividade1i7 a par de outros autores6B

no sentido da necessidade de alargar 0 universo de observaveis da cidadania para alem da abordagem sistemica e holista que na esteira de Marsha169 a tem caraclerizado bem como

para alem da formalidade que a associa ao mero exercicio de luta e reivindiealtao de conjunto de prMicas legais e politicas Ha que ampliar a sua esfera da altao e de reflexao vislumbrando nao apenas as estrategias que visam a indusao formal mas tambem as lutas simbolieas e pouco visiveis que oeorrem no campo cultural

desconstrultao das nolt()es de normalidade bem como pdo

reconhecimento da mesma dignidade e respeito perante formas e recursos culturais escapat6rios aos legitimos

As microculturas juvenis contemporaneas sao disso um bomi exemplo sendo espacos onde os seus atores pretendem afirmar

362

e construir subjetividades que procuram nao ser reduzidas a categorias funcionais ou disfuncionais do sistema mas que pelo eontrario buscam 0 reconhecimenlo e a dignificaltao social da sua diferenlta espedfica Dal os seus atores ao mesmo tempo que

a cultivar laltos de cumplicidade 11a expressao pllblica da os forjem tambem no direilo it liberdade ao respeito e a

dignidade os quais se reivindicam servindo-se das microculturas

como espacos experimentais de auto11omia e pessoal bem como de formulacao e legitimaltao social de estilos e eticas de vida que se pretende rn escapat6rios aos mais mainstream

NOTAS

1 Em termos mctodoogicos a informa~ao empfrica aoresentaaa rccolhida no ambito do trabalho de campo que mento da autor sobre a pratica de no corpa a qual se constaloU set simb6licos natureza microculturaL Os relatos aprcsenlauos em situa~ao de entrevista individual serniestruturada na sua preparafiio e na sua aplica~ao

de corpogt extensivamente marcados mllititatuados e sionais ou apenas consumidores de I atuagem clou Vilor Marcas que demarcam tatllagcm body piercillge Lisboa lmprensa de Ciendas Sociais 2008)

2 Como salientam Cabral e Meneses (CABRAL Joao de Pina MENESES Ines Apresenta~ao do numero especial Lisboa cidade de margcns Arullise Social v XXXIV n 153 p 8612000) quando falamos de centro e de margens rcshycorremos a llmJ metMora espaciaJ para referir algo que ultrapassa em muito a espadaJidade - ou ate a sua correlata tcmporalidade Em ultima instancia quando falamos de ccntros e margens estamos a falar do que esta inscrito nas vivencias socioculturais da forma como a 5e em termos de negocia6es constantes sobrepostas e comp6sitas de A condiltao de margem nesse sentido abrange objetos pniticas e significado que sao menos legitimados pela operai1O dos processos de poder simb6lico (CABRA L loao de Pina A condi~ao do imiar nias e contradi~6es Analise Soda 1 v XXXIV n 153 874 20UO) esse de constituir 0 dado pda emmciaao de fazer ver e crer de confirmar ou de transformar a visao do mundo e desse modo a a3o sobre 0 mundo (BOURDIEU Pierre 0 poder sirnbalim Lishoa Dife 1989 p 14) Ora desde

meados do secul0 XX que e val ores se produzem e reproduzem socialmente lradicionais e formais de rcgulayao e controlo das como a familia a escola 01 as organiza6es polft ieas e civicas por exemnlo

363

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 14: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

juvenil socialmente mals normativa c

4 FEIXA Carles De j6vencs tribus Barcelona Ariel 1998 p 270

I Nomeadamcnte as que consubstanciam a viragem conceitual ruralista Ver MUGGLETON David Inside Subculture The Postmodern

Oxford Berg 2002 MUGGLETON David WEINZIERL Rupert (Eds) The Post-Subcultures Reader Oxford Berg 2003 BENNETT Andy KAHN-HARRIS K (Eds) After Subculture London 2004 HESMONDHALGH David Subcultures Scenes or Tribes None Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 21-402005

6 0 conceito de a problematic a dos movimentos jnvenis por McDonald (McDONALD Kevin From Solidarity to Social Movements Beyond Colectivc Identity The Case of Globalization Conflicts Social Movement Studies v I n 2 p 109-128) justamente para evitar a rcificaltao ontol6gica e estatica a homogeneidade e fechamento social a cristaJizayao identitaria e a determinacao ideologica suposta ou p6s-suposta em anteriores nomenclaturas como por e)cCIIlJlO

as de tribo (vcr BENNET1 Andy Subcultures or Neo-tribes the Relationship between Youth Style and Musical Taste Sociomrv n 3 p 599617 1999 COSTA Pcre-Oriol TORNERO lose TROPEA Fabio Trilms urbanas eI ansia de identidad juvcnil enlre cl culto de Ja y la autofirmallon a traves de la violencia Barcelona Paidos 1996 DIAZ Andres Soriano Microculturas juveniles las tribus urbanas como fenomeno emergente Jovenes Revista de Estudios sobre Juvcntud n 15 p 134-1492001 FElXA op cit FOURNIER Valerie Les nouvelles tribus urbaines voyage au coeur de quelques formes contcmporaines de margin ali culturellc Paris Georg Editeur 1999 MAFFESOLI MicheL Le temps des tribus Ie dedin de lindividu alisme dans Ie Socieles de masse Paris Meridishyens Klincksieck 1988 MAGNANI lose Guilherme Cantor Tribos urbanas metiifora ou categoria Cadernos de Campo Revista de Pos-Graduapjo em

tropologia v 3112 1992 PAIS Jose Machado Jovens bandas musiciais e revivalismo tribais In PAIS Jose Machado BLASS Leila da Silva Tribos urbanas orodultao artistica e identidades Lisboa IeS 2004 p 23-55)

BLACKMAN Shane Youth Subcultural Theory A Criti Engagement with the its Origins and Politics [rom the

to Postmodernism Journal of Youth Studies v 8 n 1 p 1-20 2005 GELDER Ken THORNTON Sarah (Eds) inc Subcultures Reader London New York Routledge 1997 MUNGHAM Geoff PEARSON Geoff (Eds)

Class Youth Culture London Routledge amp Kegan Paul 1976) ou de contracultura (vcr ROSZCAK Theodore A contracultura reflex6es sobrc a sociedade tecnocratica e a oposiltiio juvcnil Petropolis Vozes 1972 SAVATER Fernando VILLENA Antonio Heterodoxias

Montesinos Editor 1982 SCHAFRAAD Pytrik More than Music Punk as a Counterculture In AAVV - Transitions (if Youth Culture Subculture and Identity Estrasburgo Concdho da p 61-80 YINGER John Milton Countercultures New York The free Press 1982 para uma discllssao atualizada do conceito de contraculturi ver tambem MENDES DE ALMEIDA Maria Isabel NAVESSantuza Cambraia rOrll) Por

364

ruptllras e continuidades da contracultura Rio de Janeiro fLelras 2007) o conceito de rede de afinidade da conta de uma forma social que nao passa necessariamente pela condiltao proxemica circunscrita e estalica inerente as tradicionais nomenclaturas conceituais mas por uma conglomeraltao de teias sociais justapostas e fluidas por ondc os jovens se movem ancoradas em universos sociais e simbolicos que podem ir alem das fronleiras (7PM e situalt6es territorialmente delimitadas quando ciberespalto

jogos outros recursos simb61icos

Ver por exemplo BLACKMAN op ciL GELDER THORNTON op cit MUNGHAM PEARSON op cit

9 Alias refugiando-se em critCrios formais frequcntemente etaristas as nolt6es tradicionais e orevalecentes de cidadania tendem a excluir muitos jovcns

direilos e dcvcres legalmente consignados e que os um estatuto de cidadania

correspons]vel na reivindicaltiio e manutenltao de intcresses pr6prios a assul1ltao da maioridade os jovens tern cfetivamente poucas oporlunishydades para se fazercm presentes enquanto sujeitos (TOURAINE Alain La formation dt sujetln DUllEr Francois WIEVIORKA Michel (Eds) Pcnscr Ie sujct autollr dAlain Touraine Paris 1995 p 21-45 DAYRELL Juarez 0 jovcm como sujeito social Revista Brasileira de EduCl1ao n 24 p 40-522003) vivendo uma de indifere1lla intantilizadora (GIROUX

A Teenage Sexuality Body Politics and the Pedagogy of Display In EPSTEIN Jonathon S (Ed) Youth Culture Identity in a Postmodern World Oxford Blackwell Publishers 1998 p 28) que os coloca sodalmente nlUna posilt1o moratoria e relativamcnte aparticipaltao efetiva (mais do que consultiva Oil representativa) em processos de tomada de decisao acerca de aspectos da vida social que os concern em diretamente Para aprofundar as imagens e representac6es sociais dos jovens entrevistados sobre a sociedade

vcr FERREIRA Vitor Sergio PoHtica do corpo e polilica de vida a tatuagern e 0 body piercing como cxpressao corporal de uma etica da dissidencia Etnognifica vll n 2 p 291-3262007

LO BECK Ulrich A rcinvcnltao da politica rumo a uma teoria da modernizacao reflexiva In BECK Ulrich GLDDENS Anthony LASH Scott (Eds) Moshy

tradiltao e estetica no mundo moderno Oeiras Celta 2000

]1 Eletricista na construcao civil oil avo ano de cscolaridadc sexo masculino 28 anos

l2 CABRAL Manuel Villaverde ~laaaama Portugal Oeiras Celta 1997

13 Como afirma Santos as organizayoes de porto ou Gutras formas de que ao mesmo tempo se espera que atue como mentos considerados disruptivos e como dctonador

36)

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 15: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

uma duplicidade dificil de harmonizar (SANTOS Maria de Lourdes Lima Cultura tempos ivres e associativismo juveni In CONGRESSO PORTUGUES DE SOCIOLOGIA - ESTRUTURAS SOCIAlS E DESENVOLVIMENTO 2 Lisboa Alas Lisboa Fragmentos 1993 v II p 287-288) Na mesma Iinha Willis vem afirmar que muita da criatividadc que identificamos [no que de designa de protocomunidades] evaporaria

transferida para as instituioes Muitas das reais encrgias simbolicas jovens sao essencialmente ir~formai5 na sua 16gica scntido e motivaltao

(WILLIS Paul Common Culture Simbolic Work at Play in the Cultures of the Young Buckingham University Press 1990 p 55)

11 Conjunto de atitudes e de comportarnentos que os tradicionais autores da ciencia politka vem a dcsignar como negligencia politica no sentido do 5ishylencio inaltao abandono redLlltao de esfono e de aten~iio ao exercicio politico institucional e aos problemas sociais a que este acorre Ver Pedro Democratas descontenles e desaplusmnetos as atitudcs dos portugueses

ao sistema politico In FREIRE Andre LOBO Marina Costa Pedro (Org) Portugal U voios as eleioes legislativas de 2002

de Ciencias Sociais 2004 p 356-357 J 5

MAFFESOLI Michel La la tribalisatlOn elu illonde

postmodcrne Paris La Table Jloderne 2002 p 85

RUCIn Dieter The StrM In RUSSEL Dalton

Order New Social and Political Movements in Western Democraties Cam-Polity Press 1990 p 162

as redes de sociabilidade microcultural correspondem a la~os socials mais sociativos (inspirado no conceito de SimmeJ SIMMEL Georg SOclabilidade um exemnln riP sociologia pura ou formal In HUIO Evaristo

Sao Paulo J983) que associativos significa que respomiem a quadros de rclayoes sociais que longe dos compromissos de

prazo e fusionismos gregarios caracte

e hierarquicas que pautam a formalidadc da vida associativa sao caracterizashydas por uma estrutura ilexivei voluntarista e conVivial scm qualquer tipo de

formal e institucional nem ideologica unidirccioshymais afinitivos e afetivos que definitivos e vinculativos

represent ativos de interesses mais expressivos que instrumentais

Na acepltiio de Beck (op cit 118) a subpolitica concerne as altoes areas da vida social que tradicionalmente fora das instancias burocraticas e forshymais do cxerdcio politico e das suas representativas tem sido

de repolitizaltao ou seja de atribuicao no reccnte contexto de de reinven~ao da vez

ao recente alargamento da paleta de formas conte lIdos politicos a pratieas causas e valores alternativos aos institucionalrnente inlDostos

A mllsica a escrita a banda 0 ou outras formas de as tatuagens e 0 body piercing e outros acess6rios de constrwilO

21 Bares discotecas e centros culturais estudios e editoras fanzines concertos e outros eventos regulares etc

Alraves de websites chats FKcbook Twitter Orkut e outros rccursos virtualmente

COHEN Stanley J TAYLOR Lauric Escape Attempts The and Pmcmiddot lice of Resistance to Everyday Life London Penguin Books 1978 COllEN Peter Subcultural Conflict and Working-class Community In HALL S e al (Eds) Culture Media Language London Hutchinson 1984 HALL Stuart JEHERSON (Eds) Resistence Through Rituals Youth Cultures in PostshyWar Britain London Hutchinson and cCCSfUniversity of 1976

Vcr entre outros GIROUX Henry A Border London Kouueage 1992 HA ENFLER Ross Rethinking Subcultural Resistence Journal

v 33 n 4 p 406-4362004 RABY Rebecca What is Youth Studies v n 1 p 151-1712005 SEYMOUR

Susan v 6 n 3 p 303-321 2006

25 por Centre for

26 GIROUX Border Crossings p 288290

21 SENNETT Richard The Corrosion The Personal ofWork in the New Capitalism New YorkLondon W W Norton 1998

28 Profissional de eauenCla universitaria sexo masculino 25 anos

rptlrraquovlr1a1r transjormadora essa reHexividade prunordlal que os consensos peIo simples fato de os (PAIS Jose

Machado Quotidiano e reilexividade In TORRES Anaha BAPTISTA Luis (Eds) Sociedades contempodineas reflexividade e a~ao Porto Afronlamenlo 2008 p 246) concedendo-lhe uma capacidade de intervenyao na rcalidadc que passa peIa modificaltiio das represcntaltoes que a reflelem Dodendo dar origem a novas na sua que no quotidiano surge como radicalmente diferente induz efetivarnente a atenltao e interrogaltao sobre a respectiva presena no mundo expondo-sc como opao a ser cOllsiderada e slmbolo enigmatico a ser decifrado

30 HOLZER Boris SORENSEN Mads P the Iron Cage of Modern Politics Culture and Society v 20 II 2 p 92-932003

Lash e Featherstone (LASH Scott FEATHERSTONE Mike Recognition and Difference Politics Identity Multiculture Culture and Society v 18 n2-3 1-192001) advogam a utilidade do cotlceito de reconhecimento na analise atuais formas de cultura politica na medida em que abre espaoo para a analise das novas realidades emDiricas cncetadas Delos nmros movimcntos

366 367

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

371370

Page 16: FAMILIA, ESCOLA EJUVENTUDE

sociuis em termos de u6es (FRASER Nancy HONNETH Axel Rldtrihl1itol1

viragem das preocupa~oes reshypresentadas pelas primeiras para questaes levantadas pelas segundas no ambito dos mais recentes movimentos sociais As construidas com base na noltao social sendo sobretudo focalizadas em ohiCtivl1lt

mente na dos bens por sua vez sao em objetivos de natureza cultural social e 11 necessidade de respeito e

Profissiollal de univcrsitaria exo masculino 25 an05

PAIS Jose Machado da vida Lisboa de Cierlshy89 Em contraste corn a zona das coisas distantes (MEAD

Ie soi la societe Paris PUF 1963 BIUMER llerbert Trltemeionism and Method New York Prentice-Hall

Enllcwoocl Cliffs 1(1)9)0 munda de vida ao I1Ilmdo de acanee do individuo sua zona de opera~ao quotidiana (SCHUTZ Allied

LUCKMANN Thomas Las estructums del nundo de la vida Buenos Aires Amonorlu 1977 p 54-55) em lorno do aqui do meu corpo e do agora do meu Este aqui e agora Ii 0 lDco da atenltiio que presto realidade da (LUCKMANN Thomas BERGER Peter A constru~iio social da realidade tratado de sociologia do conhecimento Lisboa Dina Livro 1999 p 39-40)

)4 do mililantismo coletivista e programatico que caracteriZ3va alguns dos movimentos juvenis contestatarios dos anos de 1970 e 1980 chcga-se a ironizar a aoao social de rnovimentos como os e os plinks

que nao existe ou existe (au-t6pas) Desde a obra

fulura de um mundo vivido no prescnle Os programas

sociais nesse sentido a le6ricas que apresentam sociais evocativos de um futuro distante sem nem tempo proprio qne nao existem senao na forca das que lhes ciao forma expressiva

WUNENBURGER Societes n 10 p 5 1986

Estudante universitario masculino 20 anos

In Dits et rierits

Fiel de armazem setimo ano de escolaridadc sexo mas(ulino 23 anos

T Identificando esta tendencia para alguns ltlos novos movimentos sociais

autores como Fried1l1an (FRIEDMAN Jonathan Cultural and Global Process London Sage 1994) ou Touraine (TOURAINE Alain On the Frontier of Social Movements Current Sociology v 52 n 4 717middot7252004) prop6em a substituiltao da expressao movirnento movimento cultural para as atuais formas de a~ao coletiva carateI historicamenle contextualizado dos primciros

que em dom(middot aos gostos esteticamente

mais padronizados e as experiencias sociais mais normativas e rotineiras as rotas de mais lineares e saturadas aos modelos prcscritivos e estandardizados dos olhados como vias prescritivas e saluradas de viver a vida (PAIS Jose Machado Ganchas tachas e biscates jovens trabalho c futuro Porto 2001 p 71)

42 Direttos civis e sociais que a cidadania estatui como universals ou seja veis e conferidos a loda as determinados segmcntos sociais rnais vulnenlveis em atributos (cor d oricnta~ao sexual etc) Ou

sua universal tern de ern dClenninadas nilo no sentido de lhes conferir situalt6es excepclOllais mas de evidenciar c acautelar as condiiies de discriminaltao de preconceito a que estcio (CABRAL Mannel Villaverde 0 exercicio dacidadama ern v35 n lS4-155p 85-113 20(0)

3 McDONALD Kevin 0tmggles Experience

44 YAR Majid Recognition and the Politics ofHuman(e) Desire Culture and Society v 18 n 2-3 p 72-732001

45 Como 0 gcncro a ra~a ou a orientaltao sexual por traltos identitarios que foram c conlinuam a SCI mobilizados

16 PAIS Quolidiano e reflexividade p 253

47 Profissional de bod) piercing universitaria sexo masculino 25 anos

4S LASH FEATHERSTONE op cit p 9

49 Recognition Morality e moral estabelecido entre

os novos movimentos sociais tenda que sc garantcm as condicaes sociais de existencia necessarias ao acesso ao reconhccimento moral

50 Com base na de uma moralidade de ordem universalista e norshymaliva baseada em de solidariedade e jusli~a perante as instituiltiies

FRASER HONNETH op cit

368 369

Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

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Profisional de piercing nono ano de cscolaridade sexo feminino 34 an os

FRASER HONNETH op cit

54 Na verda de 0 termo exotica (do grego exotik6s) remete para tudo 0 que e dcsconhccido extravagante Extravagar por sua vez remete para a de andar fora de ordem que neste caso seria a ordem da rotina (PAIS Jose Machado A vida C01110 aventura uma nova etica de lazer In CONGRESSO MUNDIAL DO LAZER- NEW ROUTES FOR LEISURE Alas Lisboa ImlJrensa de Ciencias Sociais 1994 p 1(0)

50 Estudante univcrsitlrio sexo masculino 20 anos

CAILLOIS Roger () homem eo Lisboa Ediyocs 701988

NU111a sociedade caracterizada em term05 de recursos que

o prcsente (0 passado e 0 futuro) e torna -se no

para os jovens como se perdessem 0 seu lIIlUluaue historica (PAIS Jose Machado Introduyao In _ (Org)

Gerar6cs e valores ria (ontemporimea Lisboa Secretaria de Estado da JuventudeInstituto de Ciencias Sociais 1998 p 45-46)

Fie de armazem oitavo ano de escolaridade sexo rnasculino 23 anos

PAIS A vida como aventura p 104

DUMAZEDlER Joffre nevolution cultureie du temps fibre 1968-1988 Paris Meridiens Klinckieck 1988 p 62

PAIS j()vens bandas mu~iciais e revivalismo triba15 p J7

Alias as situayoes de dependencia ou em face dos consumos de drogas e alcool sao objeto de cemura mesmo por parte daqueles que ja passaram por esse tipo de situaltao na medida em que significam a perda do controlo que detim sobre 5i proprios e a sua vida

61 Electricisla na construyiio civil oitavo ano sexo masculino 28 allOS

64 enpr Heinzlmaier e Zentner (GROSSEGGER Beate HEINZLMA1ER ZENTNER Manfred Youth Scenes in Austria In AAVV Trans i-

Citizenship it Culture Subculture and Identity Estras-Concelho da Europa 200 I p 197) fazem a distinao entre cuturas

juvenis e cstios de vida em termos de fase etaria quando se ejovem adota-se uma cultura juvenil quando se c adulto adota-se lim estilo de vida que pressupoe aIguma estabilidadc e individualidade na aproprialtao dos recur~os proporcionados pelas cenas em que Sf circulou

FElXA Carles CARMEN COSTA Joan Pallares From Okupas to Makineros tizenship and Youth Cultures in Spain In AAVV -- Transitions of Youth

Lttizenship in Europe Culture Subculture and Identitv Estrasbuo COllcelho da Europa 2001 p 305-320

MELUCCI Alberto Nomads ofhe Present Social Movements and Individual Needs in Contemporary Society Filadelphia Temple University Press 1989

and the Lifeworld In STEVENSON Nick (Ed) Culture alld nZeml11D London 2001 p 37 CROSSLEY Nick

68 Vcr por ELLlOT1 STEVENSON Nick (Ed) Culture 47-61 NASH Kate The Cultural Turn in Social of Cultural Politics Sociology v 35 n I p 77 922001

Citizenship London Sage 2001 TURNER Bryan S Outline of Cultural Citizenship In STEVFNSON Nick (Jid)

Culture alld nzensnip London Sage 2001 p 1112 TLJRNFR Bryan S (Ed) and Social London Sage 2001 TURNER S HAMILTON (Eds) Critical Concepts London 1994

MARSHAL T 11 117 11lt1111) and Social Class Unishyversity Press 1963

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