4
34 www.backstage.com.br INSTRUMENTOS Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz Station Records e contrabaixista com Ithamara Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de Contrabaixo Elétrico B Fantásticas máquinas com muitas cordas Esses contrabaixistas malucos e suas... Esta é a última parte deste artigo e traz conclusões (não definitivas, porém muito importantes) sobre a utilização prática de contrabaixos com muitas cordas e subcontrabass. Então... - Parte III - ass Extravagances Seguem alguns exemplos de contrabaixistas conhecidos pelo uso de contrabaixos com mais do que 6 cordas. 8; Trey Gunn, conhecido por seus grooves com timbres reptílicos, solos inusi- tados e escolhas harmônicas herdadas de sua passagem de cinco anos com o King Crimson do gênio Robert Fripp, usa um modelo de oito cordas da Warr guitars em seus projetos solo. Trey usa o instrumento especificamente para o tapping. Trey Gunn 8 (King Crimson, John Paul Jones, solo) WARR SIGNATURE B-E-A-D-G-C-F-Bb 9; Bill Dickens, baixista de Chicago, outro pioneiro das sete cordas, seguidor de Anthony Jackson, rapidamente tem se tornado famoso por seus solos rápidos e fluídicos no baixo de 9 cordas! Neste caso a opção por mais cordas está calcada na velocidade e nos solos. Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN F#-B-E-A-D-G-C-F-Bb 11; Al Caldwell estudou com Antho- ny Jackson (já vimos isso antes…) quan- do decidiu tocar com multi stringed basses. Costumava afinar a sexta corda do seu baixo 6strings em F grave, desde 1984. Al toca cinco dias por semana no Vanessa Willians show, um programa de TV de New York, além de compor, arranjar e gra- var temas para filmes, acompanhar outros artistas e produzir a própria carreira solo. Al Caldwell 11 (Vanessa Willians, Luther Vandross, Chuck Mangione, Stanley Turrentine, Chris Botti, Earth Wind & Fire, solo) BENAVENTE C#- F#-B-E-A-D-G-C-F-Bb-Eb 12; Por último exemplo temos o baixista Jean Baldin, que munido de um baixo de 12 cordas executa seus tapping/ slap/strum com perfeição. Jean Baldin 12 (solo) KENNETH LAWRENCE C#-F#-B-E-A-D-G-C- F-Bb-Eb-Ab Encordoamentos Para obter as freqüências subgraves Al Caldwell costumava afinar a sexta corda do seu baixo 6strings em F grave, desde 1984. Ele toca no Vanessa Willians show, além de compor, arranjar e gravar temas para filmes, acompanhar outros artistas e produzir a própria carreira solo

Fantásticas máquinas com muitas cordas B · PDF fileJorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz ... Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Fantásticas máquinas com muitas cordas B · PDF fileJorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz ... Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

34 www.backstage.com.br

INSTRUMENTOS

Jorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz

Station Records e contrabaixista com Ithamara

Koorax. É autor do livro Dicionário Brasileiro de

Contrabaixo Elétrico

B

Fantásticas máquinascom muitas cordas

Esses contrabaixistas malucos e suas...

Esta é a última partedeste artigo e trazconclusões (nãodefinitivas, porémmuito importantes)sobre a utilizaçãoprática decontrabaixos commuitas cordas esubcontrabass.Então...

- Parte III -

ass Extravagances

Seguem alguns exemplos decontrabaixistas conhecidos pelo uso

de contrabaixos com mais do que 6 cordas.8; Trey Gunn, conhecido por seus

grooves com timbres reptílicos, solos inusi-tados e escolhas harmônicas herdadas desua passagem de cinco anos com o KingCrimson do gênio Robert Fripp, usa ummodelo de oito cordas da Warr guitars emseus projetos solo. Trey usa o instrumentoespecificamente para o tapping.

Trey Gunn 8 (King Crimson, JohnPaul Jones, solo) WARR SIGNATURE

B-E-A-D-G-C-F-Bb

9; Bill Dickens, baixista de Chicago,outro pioneiro das sete cordas, seguidorde Anthony Jackson, rapidamente temse tornado famoso por seus solos rápidos efluídicos no baixo de 9 cordas! Nestecaso a opção por mais cordas está calcadana velocidade e nos solos.

Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, JanetJackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

F#-B-E-A-D-G-C-F-Bb

11; Al Caldwell estudou com Antho-ny Jackson (já vimos isso antes…) quan-do decidiu tocar com multi stringed basses.Costumava afinar a sexta corda do seubaixo 6strings em F grave, desde 1984. Altoca cinco dias por semana no VanessaWillians show, um programa de TV deNew York, além de compor, arranjar e gra-var temas para filmes, acompanhar outrosartistas e produzir a própria carreira solo.

Al Caldwell 11 (Vanessa Willians,Luther Vandross, Chuck Mangione,Stanley Turrentine, Chris Botti, EarthWind & Fire, solo) BENAVENTE C#-

F#-B-E-A-D-G-C-F-Bb-Eb

12; Por último exemplo temos obaixista Jean Baldin, que munido de umbaixo de 12 cordas executa seus tapping/slap/strum com perfeição.

Jean Baldin 12 (solo) KENNETH

LAWRENCE C#-F#-B-E-A-D-G-C-

F-Bb-Eb-Ab

Encordoamentos

Para obter as freqüências subgraves

Al Caldwell costumava afinar a sexta corda do seu baixo6strings em F grave, desde 1984. Ele toca no Vanessa

Willians show, além de compor, arranjar e gravartemas para filmes, acompanhar outros artistas e

produzir a própria carreira solo

Page 2: Fantásticas máquinas com muitas cordas B · PDF fileJorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz ... Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

www.backstage.com.br 35

INSTRUMENTOS

com clareza e definição, os pianos Bösen-dorfer usam, por exemplo, a corda Docom 60mm de espessura e 87 polegadasde comprimento. Mas não se preocupe,nem tudo está perdido se você for tão fa-minto por exceder os limites e pesquisasexóticas como este que voz escreve. Fá-bricas como LaBella Co. fabricam ummodelo com bitola .150”, Hard Rockin’Steel, que serve perfeitamente para subgraves de um F#0. Para o C#0, cordasolta, teremos que optar por bitolas de.165”, .175” ou .195” da S.I.T. Strings.Por meio de encomendas (infelizmente,por enquanto, somente nas empresasamericanas) também são obtidas cordasmais espessas como: (sub strings) .165”;

.170”; .175”; .195”; .200”; .205”;

.210”; .215”+, porém, o preço de cadaunidade pode, em alguns casos, passardos U$35. Tais cordas podem tranqüila e

comprovadamente atingir o F#00 com11.562Hz. Um set completo da LaBellaSuper Steps Sub Bass já está sendo produzi-do. É claro que para ouvir bem estas fre-qüências precisamos de um equipamentoque seja coerente com tal função. Não adi-anta ter um mega sub contrabass e plugá-loem um combo de 150w com um falante de15”... deve-se ter um sistema inteiramenteestéreo com sinais divididos por crossoverativo, equalização ativa paramétrica, um

bom compressor (melhor se for à válvula),um preamp com resposta rápida de 20Hz a20kHz, caixas com falante de 18 para os gra-ves e 10” para as outras freqüências, e no mí-nimo 400w RMS em um amplificador state

of the art para ter acesso ao som 3D destessub graves!

Conselhos

para um bom Setup de contra-

baixo elétrico (por Anthony Jackson)

A seguir, passo algumas dicas deAnthony Jackson para setup de contra-baixos com 6 ou mais cordas.

NATUREZA DA MADEIRA

“Todos nós (baixistas) tocamos instru-mentos de madeira. Por causa de sua es-trutura este material nunca pára de me-xer-se, ou seja, nunca será absolutamen-te estável.”

Al Caldwell

Page 3: Fantásticas máquinas com muitas cordas B · PDF fileJorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz ... Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

36 www.backstage.com.br

INSTRUMENTOS

VIRTUDES DE UM BRAÇO SEM

CURVATURA

“A escala do contrabaixo foi elabora-da com cálculos de milésimos de polega-das demonstrando exatamente ondecada traste deve ficar. Mas estes cálculosassumem que os trastes serão fixados emuma superfície plana, lisa e reta! Umacurva na superfície da escala muda arelação dos espaços entre os trastes. Istoafeta também a afinação, embora compa-rado ao braço reto, esta diferença seja pe-quena. Porém, todo braço reto causatrastejamento, correto? Errado! Basta efe-tuar os ajustes necessários. Deve-se pri-meiro analisar e, se necessário, nivelar ostrastes. Mais sobre este tópico adiante.”

POR TRÁS DO CAPOTRASTE

“Ao lado de uma escala flat paracontribuir com uma resposta nivelada,melhoramentos ocorrem com balance-amento entre a altura das cordas nocapotraste x altura das cordas na pon-te. É possível, desde que o braço já es-teja totalmente reto e os trastes nivela-dos, abaixar as cordas na ponte en-quanto eleva-se a altura delas nocapotraste, aumentando surpreenden-temente a resposta das notas em toda aextensão da escala, sem algum aumen-to ou decréscimo de altura significati-vo das cordas em qualquer ponto. Háum limite na altura do capotraste, poisquando se pressiona a corda no primei-ro traste ela soará sempre um poucoacima do tom. O princípio é a combi-nação de braço reto, escala sem curva-tura, capotraste alto e ponte baixa.

Tudo isto deve ser feito com um profis-sional gabaritado.”

TENSÃO DE CORDAS E COM-

PRIMENTO DE ESCALA

“Com o passar dos anos aprendi quea qualidade da sonoridade de um ins-trumento depende parcialmente dequão firmes são as cordas. Sabemosque os pianos são construídos em tama-nhos diferentes, todos afinados igual-mente, só que os modelos maiores pos-suem maior e melhor sonoridade. Umaimportante razão para isso é o compri-mento e, em conseqüência, a firmeza/tensão das cordas. Quando você temuma dada espessura de corda, afinada

em um determinado pitch, e prolongaseu comprimento inicial, você necessi-tará de maior tensão. Quanto maior emais espessa a corda, mais acurada serásua série harmônica e melhor seu sustain.Por isso, um baixo com escala extralonga(36”) soará muito melhor e mais afinadodo que um baixo escala curta com asmesmas cordas. O preço a pagar é umadigitação mais difícil (as notas estão

mais afas-tadas umadas outras).”

ÂNGULO DE DOBRA DA CORDA

“Outro fator importante é o ângulo dedobra da corda na paleta, logo após ocapotraste. Isto determina maior tensão.Meus instrumentos possuem headstock(paleta) com ângulo extremo.”

OBSERVAÇÕES GERAIS SO-

BRE CAPOTRASTE E ÂNGULO

“Anteriormente, eu disse que o pri-meiro traste soa levemente acima dotom. Aqui está uma forma de mini-mizar isto.

Quando você colocar uma cordanova, note que particularmente as cor-das mais grossas sofrem uma leve cur-vatura exatamente sobre o capotraste.Ou seja, a distância entre a corda e otraste é maior neste ponto. A lição: for-ce a corda com o polegar (ou o cabo deuma chave de fenda) para causar umaligeira dobra, acomodando-a melhorno capotraste.”

ESPAÇAMENTO ENTRE CORDAS

“Existe outro conceito discutívelsobre espaçamento entre as cordas.Nele, se diz que a distância deve sereqüidistante de centro para centro decada corda. Se a distância medida en-tre centro para centro das cordas 1 e 2,for repetida entre as cordas 5 e 6, ob-terá como resultado que estas estarãomais próximas entre si. Isto por queelas são mais grossas do que as anteri-ores (lembre-se de que as medidas sãofeitas de centro para centro). Em ou-tras palavras, se mantidas as medidascentro para centro, adicionando-seprogressivamente mais cordas as cor-das, eventualmente elas irão encos-Jean Baldin

A escala do contrabaixo foi elaborada com cálculos demilésimos de polegadas demonstrando exatamente

onde cada traste deve ficar. Mas estes cálculosassumem que os trastes serão fixados em uma

superfície plana, lisa e reta

Page 4: Fantásticas máquinas com muitas cordas B · PDF fileJorge Pescara é artista-solo exclusivo da Jazz ... Bill Dickens 9 (Ramsey Lewis, Janet Jackson, Bass Extremes, solo) CONKLIN

38 www.backstage.com.br

INSTRUMENTOS

e-mail para esta coluna:

[email protected]

tar-se! O correto espaçamento a sermantido deveria ser entre as bordasinternas das cordas. Assim elas estari-am em distancias iguais ao tato, mes-mo que seus centros estivessem maisafastados. O centro da corda não éimportante neste caso, pois quando setoca a corda é a borda que se atinge enão o centro dela.”

LARGURA DO BRAÇO

“Com a largura da escala de meusbaixos as cordas estão mais afastadas,tanto quanto possível. A não ser quevocê tenha mãos pequenas irá apreciarmais espaço para articular os dedos nosdois extremos do braço dos instrumen-tos de 6 ou mais cordas. Em fraseados epassagens mais rápidas e longas serãomais facilmente digitadas e tocadas seobservar a correta técnica de manter opolegar atrás do braço. Isto reduz a fa-diga. Com o correto setup você nãoterá problemas.”

Mas para que

tanta corda?

Para sintetizar, vamos rever quais asfinalidades e vantagens de um baixomulti string:

1. Facilidade na montagem de acor-des, por causa da maior quantidade decordas agudas

2. Maior expansão melódica pelasmesmas razões acima

3. Maior campo de atuação para atécnica de tapping two-hands

4. Expansão das oitavas para solos eimprovisos

5. Facilidade de instalação de capta-dores MIDI para as cordas agudas

6. Dupla função contrabaixo/guitarra7. Graves e subgraves cada vez mais

profundos8. Maior consistência sonora quando

se juntam acordes com as cordas extre-mamente finas e agudas, com as linhasde baixo nas cordas graves e espessas

No Brasil, temos o santista ChicoGomes que usa dois baixos Tiguez de 8cordas e um de 7 cordas para seu traba-lho de triplo domínio e o baiano JoelMoncorvo com seu 8 cordas Mlaghus,porém ninguém ainda descobriu aspropriedades de um sub-contrabass poraqui! Desculpe se desconheço outrosbaixistas brasileiros que usem multi

string basses, ok?PS: Caro leitor, um prazer indescri-

tível inundou meu cérebro quandopesquisei esta particular matéria. Es-crevo desde 1991 e digo, com total sin-ceridade, que a cada nova jornadauma idéia me toma de assalto sendoque não relaxo enquanto não ler a co-luna impressa na revista subseqüente.Então, seria egoísmo não dividir estedivertimento com você. Portanto, brin-demos... saúde!

Hummmm, estou sentindo uma von-tade de ter mais cordas no baixo... Assim,parafraseando Melvin Davis, “não parafritar notas, mas para ampliar o campo deação.” (risos)

Talvez um 12 cordas! Algum luthierse habilita?

Paz profunda!

O corretoespaçamento a ser

mantido deveria serentre as bordas

internas das cordas.Assim elas estariamem distancias iguais

ao tato