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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária 2013/2014 I Joana Filipa Casais Mota 200800010 Farmácia Aliança

Farmácia Aliança I - Repositório Aberto da Universidade ... · Nos momentos bons e péssimos, nos tropeções da vida e nos maiores triunfos, aos meus pais, ... PRODUTOS DE PROTOCOLO

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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

I

Joana Filipa Casais Mota 200800010

Farmácia Aliança

I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Aliança

Setembro de 2013 a Março de 2014

Joana Filipa Casais Mota

Orientador: Dr. Carlos Costa Brás da Cunha

________________________________

Tutor FFUP: Prof. Drª Susana Casal

________________________________

Setembro de 2014

II

DeclaraçaodeIntegridade

Eu, Joana Filipa Casais Mota, abaixo assinado, nº 200800010, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 18 de Setembro de 2014

Assinatura: ______________________________________

III

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Faculdade de Farmácia, na pessoa da Professora

Susana Casal, por todo o profissionalismo, dedicação e empenho que demonstrou ao longo de

todo o processo de estágio, desde o momento da colocação até ao momento da entrega, tendo

sempre sido um dos maiores apoios que eu, enquanto estagiária, tive. Uma das melhores

profissionais que conheci e que muito me ensinou durante esta fase. Rigor, profissionalismo,

determinação e espirito de sacrifício foram mais valências que aprendi com a professora.

Obrigada pela insistência, sem dúvida uma honra por ter sido a minha tutora.

Ao doutor Carlos, obrigada do fundo do coração. Sendo um dos Homens mais activos que

conheço, o Dr. Carlos prima pela exigência, pela curiosidade e pela audácia. É alguém incapaz

de estar parado, estando sempre à frente do seu tempo. É alguém que acredita no Futuro e não se

assusta com crise, com caras feias ou com falta de apoio pelos seus iguais. De facto, ninguém é

igual a ele. Obrigada a si, doutor, por ter tornado o meu estágio possível, por me ter ajudado

desde sempre, por me ter tirado medos e convicções erradas. Consigo aprendi que com medo,

nunca alcançamos patamares superiores. Obrigada, por tudo.

Às Doutoras Susana e Sónia, por todos os ensinamentos preciosos que me deram, por me terem

mostrado que na nossa profissão o estudo é algo contínuo e que devemos sempre primar pela

melhor formação, para poder servir mais e melhor os nossos utentes. Obrigada por me terem

feito apaixonar pelas medicinas complementares, pelos meus dois amores, homeopatia e

fitoterapia. Obrigada pela paciência.

Ao Doutor Alexandre, que sempre, desde o primeiro dia, foi dos maiores apoios que um

estagiário pode ter. Por tudo o que me ensinou, enquanto farmacêutica e pessoa, por todo o

cuidado em ensinar e por me ter mostrado que o amor às pessoas é a melhor base de um

farmacêutico.

Aos meus técnicos, Eduardo e Pedro, por toda a ajuda, por todo o trabalho em equipa, por todos

as rizadas e por terem sido sempre os maiores companheiros que alguém podia ter na FA.

Obrigada por corrigirem todos os meus erros, e por me ensinarem a colmatá-los.

À minha Paulinha, à minha Fatinha e à Lurdes, que desde o primeiro dia foram as mãezonas da

FA. Obrigada por todos os puxões de orelhas, por todos os mimos nos momentos mais difíceis,

por todo o apoio que me deram. Obrigada por nos ajudarem a crescer, por nos darem a mão nos

primeiros passos. Sem a vossa presença, tudo seria mais complicado. Mais do que colegas,

amigas que ficam no coração.

IV

Ao Rui, o economista de serviço, por todo o apoio, que sem saber, me deu. Obrigada por todas

as parvoíces feitas, todo o riso partilhado, que em dias difíceis fez toda a diferença. Bem mais

que um colega de trabalho, um amigo. Obrigada por me teres feito rir quando o cansaço já era

mais do que suficiente.

Aos meus estagiários, amigos que levo para a vida. Obrigada, por termos sido sempre unidos

mesmo quando resmungávamos. Obrigada por tudo o que me ensinaram e deram, enquanto

futura farmacêutica e enquanto pessoa. Ana, praticamente desde o primeiro dia juntas, o estágio

foi praticamente divido em tudo. Momentos bons e maus. Por todos os conhecimentos

partilhados, por todos os momentos passados juntas. Foste o meu maior apoio, obrigada por

tudo. Mais do que uma colega com quem tive o prazer de crescer, uma amiga para a vida. Sofia

e Jorginho, os mais recentes, obrigada por tudo, pela partilha e entrega desde o primeiro dia.

Espero ter ajudado e ter feito com que se sentissem bem connosco.

Aos meus brilhantes amigos, que sempre estiveram lá. Que nunca me deixaram cair, nem nos

piores momentos. Obrigada pelos abraços no momento certo, pelos telefonemas a horas

impróprias, por tudo e por nada. Obrigada, por serem a minha outra família.

Um especial e sentido obrigada às pessoas que mais lutaram por mim durante todo este tempo.

Nos momentos bons e péssimos, nos tropeções da vida e nos maiores triunfos, aos meus pais,

por serem desde que existo os maiores exemplos de determinação e coragem que algum filho

pode ter. Por todos os sacríficos, por todas as lágrimas divididas, por todos os sorrisos de

orgulho, por tudo, por serem os meus maiores heróis e aqueles que, aconteça o que acontecer,

estarão sempre lá. Foi um orgulho ter dividido esta batalha convosco. Obrigada. Espero que

estejam orgulhosos. Ao meu outro herói, que tanto me ensinou desde o meu primeiro minuto de

vida. Por ter sido sempre o maior impulsionador do meu triunfo, nos estudos e na vida. Porque

sempre me ensinou que não há barreiras quando realmente se quer vencer. Por todos os minutos

de dedicação, de perdas e de vitórias partilhadas. Por seres o melhor irmão do mundo, o meu

maior exemplo de coragem. Tal como sempre me disseste, desistir nunca foi nem será opção.

Obrigada meu maior orgulho.À minha avó e padrinho, que sempre quiseram a sua menina

formada. Espero que continuem a apoiar e a seguir todos os meus passos, desde sempre e para

sempre. Por fim, há pessoa por quem nunca desisti. A ti, que sempre prometi ser o teu melhor

exemplo. Por ti consegui, obrigada pelo apoio que mesmo de muito longe sempre me deste. A

ti, dedico todos os sonhos que concretizei e todos os que irei concretizar. Obrigada por sempre

me teres guiado. Espero que estejas orgulhoso de mim. Obrigada por seres a minha inspiração.

Porque não importa as horas de sono perdidas, as pestanas queimadas a estudar ou todas

as lágrimas derramadas por impotência ou frustração. Porque, no fim, tudo vale a pena.

V

Índice DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE .................................................................................................... II

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................ III

ÍNDICE ...................................................................................................................................................... V

LISTA DE ACRÓNIMOS ..................................................................................................................... VII

PARTE 1: A FARMÁCIA ALIANÇA

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 1

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E FUNCIONAL .................................................................... 2

ZONA ENVOLVENTE E UTENTES ................................................................................................................ 2 ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ..................................................................... 2 ESPAÇO INTERIOR ..................................................................................................................................... 2 RECURSOS HUMANOS ............................................................................................................................... 3

PRODUTOS EXISTENTES NA FARMÁCIA ALIANÇA..................................................................... 4

MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ......................................................................................... 4 MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA .................................................................................. 4 PRODUTOS DE PROTOCOLO DA DIABETES ................................................................................................. 4 PRODUTOS COSMÉTICOS E DE HIGIENE CORPORAL .................................................................................... 5 MEDICAMENTOS MANIPULADOS............................................................................................................... 5 PRODUTOS E MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS ......................................................................................... 6 PRODUTOS FITOTERAPÊUTICOS ................................................................................................................. 6 SUPER-ALIMENTOS ................................................................................................................................... 6 PRODUTOS E MEDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO ................................................................................. 7 DISPOSITIVOS MÉDICOS ............................................................................................................................ 7 OUTROS PRODUTOS ................................................................................................................................... 7

DISPENSA DE MEDICAMENTOS ......................................................................................................... 8

PRESCRIÇÃO MÉDICA E SUA VALIDAÇÃO .................................................................................................. 8 INTERPRETAÇÃO, AVALIAÇÃO FARMACÊUTICA E ACONSELHAMENTO ...................................................... 9 MEDICAMENTOS GENÉRICOS E SISTEMA DE PREÇOS DE REFERÊNCIA ........................................................ 9 MEDICAMENTOS COMPARTICIPADOS ...................................................................................................... 10 CONFERÊNCIA DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO ....................................................................................... 11 PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES ...................................................................................................... 12

GESTÃO E CIRCUITO DO MEDICAMENTO ................................................................................... 13

SISTEMA INFORMÁTICO .......................................................................................................................... 13 GESTÃO DE STOCKS ................................................................................................................................ 13 SELEÇÃO DO FORNECEDOR ..................................................................................................................... 14 MARKETING NA FARMÁCIA .................................................................................................................... 14 REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS ............................................................................................................... 14 O CIRCUITO DO MEDICAMENTO.............................................................................................................. 15

SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA ......................................................................................... 18

FARMACOVIGILÂNCIA............................................................................................................................. 18 FARMÁCIA CLÍNICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICAS ................................................................................. 19 OUTROS SERVIÇOS .................................................................................................................................. 20

CONCLUSÃO

VI

PARTE 2: O FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO

O FARMACÊUTICO E A SOCIEDADE .............................................................................................. 21

INTERVENÇÃO SOCIAL ...................................................................................................................... 22

RASTREIOS .............................................................................................................................................. 22 PEQUENINOS E COMPANHIA .................................................................................................................... 22

CASO ESTUDO 1 - A HOMEOPATIA ................................................................................................. 23

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................................ 23 ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ............................................................................................................... 30 CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 30

CASO DE ESTUDO 2 - TIRÓIDE E ALIMENTAÇÃO ...................................................................... 31

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................................... 31 ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ............................................................................................................... 35 CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 35

CASO ESTUDO 3 – ENVELHECIMENTO ATIVO ............................................................................ 36

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................................... 36 ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO ............................................................................................................... 41 CONCLUSÃO/DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

VII

Listadeacronimos

CCR

CNP

CGD

DCI

DT

FA

FEFO

FIFO

IVA

MNSRM

MSRM

NETT

PVP

SAMS

SNS

SPR

ANF

ARS

COFANOR

COOPROFAR

PCHC

INFARMED

Centro de Conferência de Receitas

Código Nacional Português

Caixa Geral de Depósitos

Denominação comum internacional

Director técnico

FarmáciaAliança

First Expired, First Out

First In, First Out

Imposto sobre oValor Acrescentado

Medicamentos não sujeitos a receita médica

Medicamentos sujeitos a receita médica

Medicamentos e Produtos de Saúde Não Éticos

Preço venda ao público

Serviços de Assistência Médico-Social

Sistema Nacional de Saúde

Sistema de Preços de Referência

Associação Nacional de Farmácia

Administração Regional de Saúde Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte Cooperativa dos Proprietários Produtos Cosméticos e de Higiene

Autoridade Nacional do Medicamento

Parte1AFarmaciaAliança

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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Introduçao

“Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a

uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria

não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não

sabe nada dum assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama «teórico» a

quem sabe mais, e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é,

quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma maneira de não saber -, tem rancor a

quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o

homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva. Na vida

superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a outra.”

Fernando Pessoa

A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em cooperação com a Ordem do

Farmacêuticos, proporciona aos seus estudantes do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas a possibilidade de realização de um estágio, curricular e obrigatório, em

Farmácia Comunitária, no final do curso. Este estágio, obrigatório, dá a possibilidade ao

estudante de estudar, in loco, muitas das competências que adquirimos durante o curso e de

aprofundar muitas das matérias lecionadas e aprendidas ao longo dos 5 anos. Embora o seu

trabalho esteja estritamente relacionado com a dispensa de medicamentos, a noção de ato

farmacêutico tem vindo a alargar-se. Assim, hoje em dia, um farmacêutico tem como principal

função, antes do auxílio na cura/controlo da doença, a promoção da saúde, e a prevenção da

doença.

A componente prática é essencial para o futuro farmacêutico, porque sendo a nossa classe

muitas das vezes a primeira a intervir na comunidade em caso de doença ou patologia, temos de

saber como, quando e de que forma atuar. Aprender a ouvir, a compreender, a observa, a ajudar

e aconselhar o utente são as melhores estratégias para chegar aos utentes e conseguir suprir

todas as necessidades que possam eventualmente ter.

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Organizaçaodoespaçofısicoefuncional

Zona envolvente e utentes

A Farmácia Aliança (FA) é uma das farmácias que servem a freguesia da Vitória, pertencente ao

Concelho e Distrito do Porto. Situa-se na Rua Conceição, n.º 2 a 18, em pleno centro da cidade

pelo que a sua localização é de fácil acesso às populações. Tem um grupo bastante heterogéneo

de utentes, fidelizados, ocasionais, nacionais ou estrangeiros. A FA tem uma grande diversidade

de produtos e serviços, o que permite manter um contato mais próximo e uma relação de maior

confiança e lealdade entre os utentes e os profissionais da FA. Ao dispor dos seus utentes, a

farmácia presta ainda o serviço de entregas ao domicílio por todo o grande Porto.

Espaço físico exterior e Horário de Funcionamento

O exterior da FA rege-se pelo regime jurídico das farmácias de oficina (Decreto-Lei (DL) nº

307/2007, de 31 de Agosto1 e as subsequentes alterações a este, inscritas no DL n.º 171/2012, de

1 de agosto 2 e na Lei n.º 16/2013, de 8 de Fevereiro3).Esta farmácia possui dois espaços físicos

separados entre si, um dedicado à ortopedia e puericultura e outro para a dispensa de

medicamentos e serviços farmacêuticos. A farmácia tem uma porta de acesso ao público, de

acesso direto à farmácia. Possui outra porta de acesso à parte de ortopedia e bebé. Possui, por

fim, uma porta de entrega de mercadorias numa das laterais da farmácia, com acesso direto ao

armazém, de forma a não perturbar o funcionamento da farmácia. A parte exterior está

igualmente conforme o regime jurídico das farmácias de oficina (DL n.º 172/2012, de 1 de

agosto4, e a Portaria n.º 277/2012, de 12 de setembro5). A farmácia está aberta das 08:30 às

22:00 de Segunda a Sábado, encerrando ao Domingo. Integra ainda o plano de turnos de serviço

permanente, aprovados pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte). Nas suas

cinco montras há uma enorme preocupação com o marketing e com a imagem que o utente

recebe quando passa na rua. Aqui surgem produtos de venda sazonal, promoções e até

informação sobre serviços farmacêuticos.

Espaço interior

A FA está dividida em diversas áreas funcionais, tal como previsto no Decreto-Lei nº.

307/2007, de 31 de Agosto1 e no Decreto-Lei nº. 171/2012, de 1 de Agosto2.A zona de

atendimento geral ao público é caracterizada (segundo a deliberação n.º 2473/2007, de 28 de

novembro6) por um ambiente amplo, iluminado e acolhedor o que oferece um maior conforto ao

utente e ao pessoal da farmácia. É composto por três locais de atendimento, dois de atendimento

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geral e com localização mais central e outro mais recuado, destinado a aconselhamento em

dermocosmética. Existem ainda várias prateleiras, expositores e gavetas destinados aos mais

variados produtos, sempre separados por área de actuação: dermocosmética, veterinária,

homeopatia, suplementação alimentar, etc. Os medicamentos na FA são guardados em gavetas

próprias, organizadas a fim de permitir um acesso rápido por parte da equipa aquando do

atendimento: comprimidos ou cápsulas estão guardados por ordem alfabética de DCI, parte

deles numa zona mais recuada da parte de atendimento ao público e outra no armazém. No

armazém existem também guardados os medicamentos sob a forma de xaropes, ampolas,

colírios, semi-sólidos, granulados e ainda injetáveis, medicamentos de uso externo,

medicamentos de uso veterinário, produtos do protocolo de diabetes, dispositivos médicos e

produtos de higiene. Existe ainda uma gaveta exclusiva para psicotrópicos e estupefacientes.

Todos estes medicamentos têm espaços específicos estando organizados por nome comercial ou

por DCI no caso dos medicamentos genéricos. Nesta área existe ainda o frigorífico, com

higrómetro, para acondicionar produtos de frio (de 2-8ºC). Esta zona possui um semi-piso

superior, para armazenamento de produtos excedentes, de todos os produtos, exceto produtos de

dermocosmética (que são armazenados no armazém de dermocosmética, no 1º piso) ou produtos

naturais (que são armazenados em prateleiras no laboratório de medicamentos manipulados, no

primeiro piso). Próximo da área de atendimento ao público existe uma zona de atendimento

personalizado, para determinação de parâmetros bioquímicos, monitorização do peso e da

tensão arterial. Este local, resguardado do público, é ainda utilizado para tratamentos de

enfermagem, para aplicação de injeções, entre outros, sempre que haja necessidade de mais

privacidade. No primeiro andar existe o escritório do DT, um armazém de dermocosmética, um

gabinete de serviços especializados e um laboratório destinado à manipulação de medicamentos.

O laboratório segue as normas estipuladas pela Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho7,

encontrando-se equipado com todo o material necessário para a manipulação e respetivo

acondicionamento, seguindo também por isso o estabelecido pela Deliberação nº 1500/2004, de

7 de Dezembro8. Aqui ficam guardadas as matérias-primas e todo o equipamento necessário

para a manipulação para além de todas as informações destas e de toda a bibliografia obrigatória

da Farmácia.

Recursos Humanos

Respeitando o DL nº 307/2007, de 31 de Agosto1, equipa é constituída por: diretor técnico, e

também proprietário, o Dr. Carlos Cunha, farmacêuticos adjuntos: a Dra. Sónia Correia, a Dra.

Susana Castro e o Dr. Alexandre Faria ajudantes técnicos: a D.ª Paula Martinho, a D.ª Fátima

Sousa, o Sr. Eduardo Moreira e o Sr. João Pedro Jorge. Existem ainda prestadores de serviços

como Nutricionista, Naturopata, Podóloga, Enfermeiras, entre outros.

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ProdutosexistentesnaFarmaciaAliança

Medicamentos sujeitos a receita médica

De acordo com o Estatuto do Medicamento, os medicamentos sujeitos a receita médica devem

preencher uma das seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente,

direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam

utilizados sem vigilância médica; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde,

quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes

daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias,

cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; destinem-se a ser

administrados por via parentérica.

Medicamentos não sujeitos a receita médica

São todos aqueles que não preenchem qualquer uma das condições anteriormente referidas, não

sendo necessária a apresentação de receita médica para que sejam dispensados. Normalmente,

não são comparticipados pelo Estado, “salvo nos casos previstos na legislação que define o

regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos” (DL n.º 176/2006, de 30 de

Agosto9).Destinam-se normalmente ao alívio, tratamento ou simples prevenção de sintomas ou

síndromes menores, que não requeiram cuidados médicos. Uma vez que não existem

substâncias verdadeiramente inócuas deve-se combater o seu consumo indiscriminado. Estes

produtos, não requerendo receita médica para a sua dispensa, são muitas vezes usados em

automedicação. Esse fato exige uma atenção especial por parte do farmacêutico, e o

esclarecimento do utente, para que este não tenha qualquer dúvida em relação ao uso do

medicamento, incluindo o modo de administração, posologia, duração do tratamento, possíveis

efeitos adversos mais comuns, contraindicações e interações.

Produtos de protocolo da Diabetes

A Portaria n.º 364/2010, de 23 de Junho10, define os preços máximos de venda ao público das

tiras-teste para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria, das agulhas, seringas e

lancetas destinadas aos doentes com diabetes. A comparticipação do Estado nos custos de

aquisição das tiras-teste mantém nos 85% do preço de venda ao público e nos 100% do PVP das

agulhas, seringas e lancetas destinadas aos utentes do SNS e subsistemas públicos. Na Farmácia

Aliança, estes produtos encontram-se armazenados numa gaveta específica, separados dos

restantes produtos.

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Produtos cosméticos e de higiene corporal

Segundo o Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de Setembro11, com posteriores alterações pelos DL

n.º 115/2009, de 18 de maio12, n.º 113/2010, de 21 de outubro13, n.º 63/2012, de 15 de março14,

um produto cosmético e de higiene corporal é “qualquer substância ou preparação destinada a

ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, nomeadamente

epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e

as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar,

modificar o seu aspecto e ou proteger ou os manter em bom estado e ou de corrigir os odores

corporais”. Nesta gama de produtos, incluem-se preparações semissólidas para a pele, máscaras

de beleza, produtos de maquilhagem, sabonetes, desodorizantes, produtos capilares, perfumes,

preparações para banho, produtos depilatórios, produtos para a barba, buco-dentários, produtos

para as unhas, fotoprotectores, antirrugas, produtos para cuidados íntimos de higiene de uso

externo, etc. Atualmente, a diversidade de marcas e produtos, permite que o farmacêutico faça

um aconselhamento rigoroso e adequado nesta área, garantindo a qualidade e segurança na sua

utilização. Cada utente deve ser encarado como um caso específico, deve conhecer-se os

produtos e as necessidades de cada tipo de pele o mais aprofundadamente possível. A Farmácia

Aliança possui uma vasta gama e marcas deste tipo de produtos, expostos na área da cosmética.

Dentro de cada marca estão diferenciados por linhas, como por exemplo pele seca, pele acneica,

pele sensível e pele atópica, o que facilita a visualização por parte do utente e o aconselhamento

por parte do farmacêutico. Sendo esta a área em que me sentia menos preparada fiz varias

formações na área de dermocosmética, tais como ISDIN, SKINCEUTICALS e LIERAC.

Medicamentos Manipulados

Segundo o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de Abril15, “medicamento manipulado é qualquer

fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um

farmacêutico”. A Farmácia Aliança prepara medicamentos manipulados regularmente, quer

fórmulas magistrais quer preparados oficinais, especialmente para dermatologia. Quando se

prepara um manipulado, o operador tem que efetuar o registo de movimento da matéria-prima,

criar uma ficha de preparação e calcular o seu preço de venda ao público. Mensalmente tem de

se fazer a verificação dos prazos de validade. O registo dos preços e atualizar o registo de

matérias-primas, adicionando sempre que entra uma nova matéria-prima no stock da farmácia.

Foi ao nível dos manipulados que mais me desenvolvi a nível de independência de trabalho.

Durante o estágio temos muita facilidade de acesso à preparação de manipulados. Assim,

aproveitando a liberdade de movimento que a FA nos dá nesta área, fui eu que durante os seis

meses controlei entrada e saída de matérias-primas, prazos de validade e preços, tendo em

Dezembro de 2013 feito o balanço das saídas de matérias primas, atualizando as listagens de

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preços e de prazos de validade, deixando tudo preparado para o ano que se avizinhava. Todo

este trabalho foi controlado e verificado pela Farmacêutica Responsável.

Produtos e medicamentos homeopáticos

A homeopatia pretende tratar o indivíduo como um todo e não apenas a doença, já que tem

como premissa que o corpo humano está apto a curar-se a si próprio e que os sintomas de uma

doença são as manifestações das defesas naturais do corpo. A homeopatia tem como base uma

terapêutica natural e é utilizada como medicamento complementar aos medicamentos ditos

convencionais (medicina alopática), em situações como constipações; estados gripais; infeções

crónicas ou agudas de ouvidos, nariz e garganta; distúrbios do sistema digestivo; stress; insónia;

pequenos traumatismos, entre outras.

Produtos fitoterapêuticos

Fitoterapia consiste em usar a parte ativa da planta, baseando-se nas suas propriedades

profiláticas, curativas ou de alívio de sintomas. Não são os mais indicados para situações graves

nem manifestações agudas, mas podem ser usados como complemento do tratamento com

fármacos convencionais. Esta é portanto, uma área onde o farmacêutico deve intervir

ativamente, informando o utente e orientando na procura de um produto adequado à situação,

para além das precauções a ter no seu uso. A Farmácia Aliança é de facto muito procurada pela

grande variedade de produtos de fitoterapia e suplementos alimentares, tais como estimulantes

de memória, produtos de emagrecimento, entre outros.Durante o meu estágio, e tendo em conta

o enorme interesse que sempre tive por produtos naturais e de apoio a um estilo de vida

equilibrado, em parceria com outras colegas de estágio, fiz uma pesquisa sobre produtos de

fitoterapia usados no envelhecimento, cerebral e físico, e sobre produtos de suplementação a

usar em patologias da tiróide. Tentei aprender e apreender o máximo de informação sobre este

assunto porque na minha opinião é uma área com muito futuro a nível de farmácia comunitária e

de melhoria da qualidade de vida das populações.

Super-alimentos16

Superalimento é um termo utilizado para descrever, alimentos de alto teor em fitonutrientes com

elevados benefícios para a saúde. Estes alimentos são geralmente naturais, inteiros e

contêm altos teores de vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais ou

antioxidantes. A incorporação destes alimentos na alimentação diária melhora de um modo

geral a saúde física. Os superalimentos (chia, açaí, cânhamo, camu camu, clorela, entre muitos

outros) são uma ótima opção para todos aqueles que praticam um estilo de vida saudável e

querem preservar a saúde e prevenir a doença. A FA apostou muito nesta vertente de saúde e

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tem tido cada vez mais resultados. Foi uma área que muito me entusiasmou e que ainda me

fascinou mais por alimentação e dietética associadas a viver mais e melhor.

Produtos e medicamentos de uso veterinário

Segundo o Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de Julho17, “Medicamento Veterinário” é definido

como “todo o medicamento destinado a animais”. Este tipo de medicamentos é identificado pela

inscrição “USO VETERINÁRIO”. Estes produtos são adquiridos aos distribuidores

farmacêuticos e não têm preço marcado, tendo a farmácia de definir a margem que pretende e

realizar a marcação do PVP. O seu armazenamento deve ser feito em local distinto dos

medicamentos de uso humano, para que não sejam confundidos. Na FA os produtos mais

procurados são antiparasitários, parasiticidas de uso externo, produtos de higiene,

anticoncecionais e antibióticos. Embora a equipa técnica da Farmácia Aliança tenha formação

nesta área, podem sempre aparecer situações para a resolução das quais essa formação seja

insuficiente. Assim, surge o projeto GlobalVet, de modo a garantir uma boa intervenção e

aconselhamento no ato da dispensa. Assim, FA tem à disposição (via telefone), um veterinário,

ao qual se recorre para esclarecer alguma dúvida. No caso de MSRM, estes são prescritos com

receita médico-veterinária, regulada pela portaria n.º 1138/2008, de 10 de Outubro18, não sendo,

no entanto, comparticipados.

Dispositivos médicos

Podem ser separados em dois grandes grupos, os invasivos e os não invasivos, e são definidos e

regulamentados pelo DL nº 145/2009, de 17 de Junho19. Na FA podem ser encontrados

variadíssimos dispositivos especialmente na secção de ortopedia.

Outros produtos

Existem ainda outros produtos tanto na parte de ortopedia e puericultura como na outra parte da FA.

Produtos destinados a mamãs e bebés, crianças, artigos de puericultura, artigos ortopédicos, produtos

de alimentação especial, desde fórmulas para lactentes, até alimentos para dietas com restrição

calórica ou com necessidades energéticas especiais, entre outros, são exemplo desta enorme

variedade.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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Dispensademedicamentos

O farmacêutico tem um papel essencial no esclarecimento, educação e aconselhamento da população,

sendo o profissional de saúde mais próximo e acessível, e o último a contatar com o doente antes de

serem iniciadas as terapêuticas. Cabe-lhe zelar por uma utilização correta, racional e segura do

medicamento, sem esquecer os princípios éticos da profissão. A dispensa do medicamento e o

aconselhamento prestado variam, consoante se trate do aviamento de uma receita médica ou de um

pedido voluntário do doente em relação a algum produto. Todavia a grande necessidade de

informação para um bom aconselhamento não advém de todo o estudo realizado durante os cinco

anos de curso. Na faculdade sempre nos chamaram a atenção para a importância do farmacêutico no

ato da dispensa dos medicamentos. Sendo um papel de enorme responsabilidade, sempre que tinha

dúvidas não hesitava em pedir conselhos, opiniões e ajuda aos meus colegas. Enquanto estudantes e

futuros farmacêuticos, bem mais que a teoria apreendida, precisamos de muita mais prática e

experiência para conseguir o discernimento certo para lidar com situações imprevistas.

É importante não só saber dispensar como compreender e entender as necessidades de cada um.

Especialmente em algumas situações especiais ou faixas etárias que requerem mais atenção, o

farmacêutico tem que os conseguir ajudar não só na explicação da farmacoterapia (dos efeitos

terapêuticos, posologia, duração do tratamento, modo e via de administração, precauções especiais de

utilização, possíveis efeitos secundários, interações e contraindicações) como também na prevenção

do abuso medicamentoso ou até da automedicação.

Prescrição médica e sua validação

A prescrição médica constitui o meio de o médico comunicar ao farmacêutico a terapêutica instituída

no caso daquele utente em particular e corresponde a um ato de exclusiva responsabilidade médica.

O atual modelo de receita médica (renovável e não renovável) encontra-se em vigor desde 1 de

Janeiro de 2003 no que diz respeito ao SNS, segundo a Portaria n.º 1501/2002, de 12 de Dezembro20;

no caso da ADSE, encontra-se em vigor desde Março de 2004. A 02/2014 as normas relativas à

dispensa de medicação e à validação da prescrição médica foram revistas e as normas que sofreram

algumas alterações entraram em vigor a 1 de Março de 2014 (as prescrições são atualmente reguladas

pela Lei n.º 11/2012, de 8 de março21, e pela portaria n.º 137-10A/2012, de 11 de maio22, alterada pela

Portaria n.º 224-A/2013, de 9 de Julho23 e pelo despacho n.º 11254/2013, de 30 de agosto24).

Atualmente a receita manual está a entrar em desuso, sendo que, salvo raras exceções, as receitas

deverão estar em formato eletrónico. Para que seja manual tem de ser justificada com uma de quatro

exceções (Falência do sistema informático; Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente

confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; Prescrição ao domicílio; Outras

situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês). A partir do momento em que o

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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farmacêutico recebe a receita médica, este torna-se responsável pela verificação e validação da receita

médica.

Interpretação, avaliação farmacêutica e aconselhamento

Após validação da receita, o farmacêutico procede à análise do seu conteúdo, avaliando o

medicamento, a dose, a via e frequência de administração, a duração do tratamento indicadas

pelo prescritor. O farmacêutico deve verificar se existem possíveis incompatibilidades entre os

medicamentos prescritos (interações medicamentosas) e possíveis contraindicações que podem

interferir com a sua biodisponibilidade e com a adequação da terapêutica ao utente em questão.

O farmacêutico deve ter especial cuidado com alguns casos específicos como grávidas, crianças,

doentes polimedicados, doentes renais e/ou hepáticos, entre outros. No ato da dispensa o

farmacêutico tem que informar o utente se existirem medicamentos genéricos similares ou de

marca mais barata em alternativa aos prescritos, comparticipados também pelo SNS e qual o

mais barato. A decisão final de substituição ou não, após informação objetiva, pertence sempre

ao utente que tem que ser informado do seu direito de opção pelo farmacêutico.

Por fim, o utente tem que sair da farmácia totalmente esclarecido da forma de administração, da

posologia, da importância do cumprimento das regras de toma, e de todos os riscos que podem

advir de uma má utilização do medicamento em questão. Nestes casos temos que adaptar a

nossa comunicação e da forma mais acessível conseguir dar todas as informações pertinentes ao

utente. Só uma explicação cuidada dos medicamentos dispensados é que consegue potenciar a

boa adesão à terapêutica. Um bom aconselhamento constitui sem dúvida uma das tarefas de

maior responsabilidade do farmacêutico, porque daqui advém a confiança no técnico de saúde e

o bem-estar da pessoa.

Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Os medicamentos genéricos são definidos pelo Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto9,

como aquele que possui a “mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas,

a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha

sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” e, de acordo com a

legislação, devem ser identificados pela denominação comum internacional (DCI), seguido da

dosagem e da forma farmacêutica. Estes medicamentos surgem no mercado após terem

caducado os direitos de propriedade industrial das substâncias terapêuticas diferentes das

apresentadas pelo medicamento de referência já autorizado. Desta feita pode afirmar-se que o

medicamento genérico deve possuir a mesma qualidade, segurança e eficácia que qualquer outro

medicamento genérico do mesmo medicamento referência ou do próprio medicamento de

referência.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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Nos medicamentos genéricos, a eficácia e a segurança da substância ativa já foi demonstrada

pelos ensaios farmacológicos, clínicos e toxicológicos (exigidos no dossier de pedido de AIM

do medicamento de referência) e pelos dados resultantes da utilização por parte dos utentes após

a comercialização. É assim obrigatória a realização de ensaios de biodisponibilidade e

bioequivalência destes medicamentos para demonstrar a equivalência terapêutica entre os dois

produtos e para avaliar a qualidade. Assim os medicamentos genéricos surgem como uma mais-

valia para a adesão à terapêutica porque como apresentam preços mais baixos, habitualmente, as

pessoas conseguem adquiri-los mais facilmente e a menor custo.

Sistema de preços de referência

O sistema de preços de referência é aplicado a todos os medicamentos comparticipados que

contenham pelo menos um medicamento genérico autorizado e comercializado no mercado

português. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 270/2002, de 2 de Dezembro25, alterado pelo Decreto-

Lei n.º 81/2004, de 10 de Abril26, para medicamentos do mesmo grupo homogéneo o preço de

referência é determinado com base nos preços dos 5 medicamentos mais baratos desse mesmo

grupo. O SPR estabelece para cada grupo homogéneo uma comparticipação máxima,

correspondente ao escalão de comparticipação de cada medicamento, calculado sobre o preço de

referência ou igual ao Preço de Venda ao Publico (PVP) do medicamento, conforme o que for

inferior. Assim, estipula-se um valor máximo de comparticipação de modo a incentivar a

prescrição de medicamentos genéricos. Com a implementação do Preço de Referência, visa-se

atribuir um valor máximo de comparticipação de modo a incentivar a prescrição de

medicamentos genéricos. Se o médico não prescrever um genérico o utente tem de suportar a

diferença. Deste modo, o utente passa a ser o principal interessado na prescrição de

medicamentos com a mesma qualidade e menor custo. Além disso, o estabelecimento deste

limite de comparticipação provocou a diminuição do preço de muitos medicamentos de marca,

por existir uma grande diferença entre o PVP e o Preço de Referência.

Medicamentos Comparticipados

Determinados medicamentos são comparticipados, desde que o utente se faça acompanhar de receita

médica. Esta comparticipação torna-se realmente importante para o utente pois deste modo as suas

despesas diminuem.Existem várias entidades comparticipadoras, sendo que o SNS é o que abrange

maior parte dos beneficiários. O SNS tem vários escalões de comparticipação segundo o DL n.º 106-

A/2010, de 1 de outubro27: Escalão A (90%), B (69%), C (37%) e D (15%). No entanto existem

outras entidades que assumem uma certa quantia do medicamento: estas surgem em regimes especiais

de comparticipação, sendo esta efetuada em função do subsistema dos beneficiários: são exemplos o

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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sistemas de comparticipação da Caixa geral de depósitos (CGD), os serviços de assistência médico-

social (SAMS) ou Multicare. Os beneficiários podem usufruir de uma das entidades ou entrar num

regime de complementaridade quando são abrangidos por mais do que uma entidade. No caso do

SNS, os escalões de comparticipação e as respetivas percentagens de comparticipação são definidos

pelo Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de Maio28, alterado pelo Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de

Outubro27. Há algumas situações em que a percentagem de comparticipação está aumentada, no SNS:

beneficiários pensionistas, que estão isentos de taxas moderadoras, beneficiários com patologias

crónicas(nas receitas possuem junto da entidade a inscrição “R”, “RT” ou “RO”), e ainda

beneficiários abrangidos por despachos específicos relacionados com determinadas doenças como

lúpus, psoríase, Alzheimer, entre outras. Estes despachos devem estar mencionados na receita, junto

do medicamento com comparticipação especial.

Conferência de receituário e faturação

Aquando da dispensa dos medicamentos constantes de uma receita médica, depois da avaliação,

interpretação, recolha e validação do receituário, procede-se à sua venda, pela ordem em que se

encontram na receita, através da leitura ótica de cada um dos medicamentos prescritos. Nesta

fase, introduz-se o código do organismo de comparticipação de medicamentos referido na

receita, eventuais portarias ou despachos, dados do utente para emissão de fatura/recibo e

número de beneficiário quando necessário (o preenchimento deste campo depende do

organismo comparticipante). Nalguns casos a receita é abrangida por uma

complementaridade de dois sistemas de comparticipação, sendo introduzido o código

referente à junção de ambos e emitidos dois organismos (um imprime-se na receita

original e outro numa fotocópia da receita contendo o cartão).

Após o aviamento, procede-se à conferência do receituário. São vários os pontos a ter em

atenção: correto preenchimento da receita, correspondência entre os medicamentos prescritos e

os que foram dispensados, respetivos organismos, portarias e despachos legislativos, presença

do carimbo da farmácia, data da dispensa e rubrica de quem cedeu o medicamento.

No final de cada mês é feita a chamada faturação. Prossegue-se à separação do receituário por

organismos e ao fecho dos lotes. Dentro de cada regime de comparticipação, as receitas médicas

são agrupadas em lotes contendo, cada um, 30 receitas, sendo que o último lote de cada

organismo poderá ter menos. À medida que esses lotes vão sendo completos, imprime-se um

verbete de identificação que é anexo às receitas e onde figura um resumo dessas 30 receitas.

Nesse verbete consta a seguinte informação: nome e código ANF da farmácia, mês e ano,

identificação do organismo comparticipante, código-tipo e número sequencial do lote,

quantidade de receitas - número de receitas médicas existentes no lote, quantidade de etiquetas,

importância total do lote correspondente ao PVP, Importância total do lote a pagar pelo utente,

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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importância total do lote a pagar pela entidade comparticipante. Nesta altura, no fecho do mês,

são emitidos dois documentos: a fatura mensal dos medicamentos (em triplicado) e a relação de

resumo de lotes (duplicado). As receitas comparticipadas pelo SNS são recolhidas até ao quinto

dia do mês posterior. As receitas comparticipadas pelas restantes entidades são enviadas por

correio para a sede da ANF até ao décimo dia do mês seguinte juntamente com três relações de

resumo de lotes, respetiva fatura em triplicado para cada uma das entidades e ainda um resumo

de relação de lotes comparticipados pelo SNS, que é então enviado por fax ao cuidado da

Finanfarma. Há necessidade de se imprimir uma cópia extra do resumo mensal e da fatura

mensal para arquivar na farmácia. Ocasionalmente são devolvidas receitas que não estão

conforme, ou seja, não cumprem as exigências para se considerarem receitas válidas. São

exemplo: receitas aviadas fora do prazo, a falta de alguma vinheta ou número de utente, etc.

Essas receitas são devolvidas à farmácia acompanhadas do respetivo motivo de devolução. A

farmácia pode tentar corrigir o erro, reenviando as receitas ou assumindo o erro, tomando-o

como prejuízo. No caso de o erro ser passível de ser corrigido, é atribuído à receita não

conforme um novo número de lote e são faturadas no mês seguinte.

Psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes podem causar tolerância e dependência e,

portanto, torna-se necessário a aplicação de uma legislação específica e mais rigorosa (Decreto-

Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro29, alterado pela Lei 13/2012, de 26 de Março30) de forma a evitar

a sua comercialização generalizada e abusiva. Todos os meses os fornecedores enviam à

farmácia um resumo dos psicotrópicos vendidos à farmácia. As requisições destes

medicamentos devem ser conferidas, assinadas e carimbadas pelo DT que guarda o original na

farmácia e envia o duplicado ao fornecedor. Estas listagens devem permanecer nos arquivos da

farmácia por um período de três anos. Aquando da dispensa destes medicamentos é necessário

preencher uma série de campos que justifiquem a dispensa do medicamento, incluindo dados do

utente, do médico prescritor e do adquirente. Devem ser tiradas duas cópias da receita para

serem arquivadas com os documentos impressos pelo sistema informático com os dados

inseridos anteriormente. Trimestralmente é impresso um registo de entradas e saídas de

psicotrópicos e estupefacientes da farmácia, que deve ser conferido com as receitas e

documentos associados referentes a cada dispensa e guardado junto destas. O original da receita

é tratado como uma receita normal, sendo as cópias guardadas na farmácia, por um período de

três anos. No caso das receitas manuais uma das cópias é enviada para o INFARMED no final

de cada mês juntamente com uma cópia da listagem de entradas e saídas de psicotrópicos da

farmácia.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Gestaoecircuitodomedicamento

Para além de um local de prestação de cuidados de saúde, uma farmácia é também uma empresa.

Então, e de forma a se tirarem os maiores proveitos, garantindo um serviço farmacêutico de

qualidade, tem que haver uma gestão contínua, em constante modificação, de acordo com a variação

das conjunturas económica e legislativa. Para essa gestão ser mais eficaz recorrem-se a ferramentas,

hoje em dia essenciais numa farmácia.

Sistema Informático

Desde 2004 que na FA se usa o SIFARMA 2000 (Deliberação nº 292/2005, de 17 de Fevereiro31),

Sendo uma ferramenta indispensável ao atendimento, é também uma ferramenta imprescindível à

gestão, gestão de stocks, processo de venda, assim como um suporte informativo de última linha para

o farmacêutico (não só numa vertente mais comercial, mas também, e a meu ver muito mais

importante, numa vertente científica).

Gestão de stocks

Uma farmácia deve garantir a disponibilidade dos produtos. Cabe ao farmacêutico evitar duas

situações para o funcionamento racional e equilibrado da farmácia: stock demasiado grande que leva

a prazos de validade expirados e a capital imobilizado; stock demasiado pequeno que leva a rutura de

stocks impossibilitando vendas e levando à descredibilização da farmácia. Devem por isso, evitar-se

situações de rutura de stock mas ao mesmo tempo deve encomendar-se racionalmente, garantindo que

os produtos não fiquem tempo excessivo na farmácia (impedindo movimentação do capital) e acabem

por ter que se devolver por expiração do prazo de validade. Para se fazer uma boa gestão de stocks

têm que se considerar algumas variáveis fundamentais: as condições comerciais oferecidas; a

rotatividade, a sazonalidade e o prazo de validade do produto; a procura do produto; as bonificações

efetuadas pelo fornecedor/laboratório; o espaço disponível para o armazenamento; a existência de

campanhas publicitárias nos meios de comunicação social; as condições de pagamento; perfil de

vendas de cada produto com base na qual se estabelecem os stocks máximo e mínimo na respetiva

ficha; proximidade dos dias de serviço, entre outras.Na Farmácia Aliança cada profissional é

responsável pela gestão de stocks de um determinado tipo de produtos (a Dra. Susana pelos produtos

homeopáticos e matérias-primas, a Dr.ª Sónia pelos produtos naturais). Esta especialização e

responsabilização de cada funcionário e da equipa, juntamente com várias aulas de gestão dadas pelo

DT, fizeram-me ter nítida noção da enorme importância que uma boa gestão tem na sobrevivência de

uma farmácia. Em complementaridade, segundo a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio22, a

farmácia tem de ter em stock pelo menos três dos medicamentos do grupo dos cinco medicamentos

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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mais baratos de cada grupo homogéneo, com a mesma substância ativa, dosagem e forma

farmacêutica.

Seleção do fornecedor

As farmácias podem encomendar os produtos diretamente ao laboratório ou representante da marca,

mas fazem-no, por norma aos armazenistas/grossistas (pelo menos duas vezes por dia, no caso da FA,

é feita uma encomenda com os produtos que atingem o Ponto de Encomenda). O principal fornecedor

da FA é a COOPROFAR seguindo-se, a OCP Portugal, a AllianceHealthcare e a COFANOR. A

escolha criteriosa do fornecedor é feita com base em vários parâmetros, nomeadamente a garantia da

qualidade dos produtos fornecidos, rapidez e frequência de entrega, as vantagens económicas que

disponibiliza, as condições e meios de pagamento que oferece e a flexibilidade na devolução de

produtos, entre outros, que satisfaçam tanto os aspetos legais como as necessidades diárias da

farmácia.Compra-se diretamente ao laboratório quando as condições são vantajosas do ponto de vista

económico, nomeadamente a nível das bonificações, mas principalmente devido a campanhas

promocionais (indutores de compra por impulso). Suplementos alimentares, produtos de cosmética,

de puericultura, alimentação infantil e especial e produtos de grande rotação, são alguns exemplos de

produtos encomendados ocasionalmente por esta via (apenas quando se justifica a aquisição do

produto em alguma quantidade).

Marketing na Farmácia

As farmácias procuram a satisfação dos seus clientes, operando numa lógica permanente de

competitividade e de rentabilidade. Sendo a farmácia uma empresa, e estando sujeita à concorrência,

é cada vez mais importante (de modo a manter os utentes habituais, e a fidelizar novos) no âmbito da

gestão farmacêutica, a componente Marketing. O farmacêutico deve ter completo conhecimento do

mercado, e antecipar-se. Deve conseguir superar as expectativas para total satisfação do utente.Para

além das estratégias de marketing falado, que o farmacêutico deve ter noção (que lhe permitem fazer

vendas cruzadas, por exemplo), este tem a responsabilidade da constante renovação das montras, da

divulgação dos serviços prestados, da elaboração de campanhas promocionais. Na FA, toda a equipa

trabalha em prol da farmácia, existindo liberdade para proposição de ideias que visem a satisfação dos

utentes.

Realização de encomendas

Na FA é o ajudante técnico Eduardo Moreira, o responsável pela análise da proposta de encomenda.

Após análise e finalização da proposta de encomenda, esta é enviada ao armazenista (através da

ligação à Internet). Aproximadamente a meio do meu estágio a FA contratou um economista para o

ajudar a equilibrar as compras e vendas da farmácia. Assim, em cooperação com o Eduardo,

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conseguiram a pouco e pouco ir racionalizando e equilibrando a componente económico-financeira da

FA, sempre sob atenta e diária supervisão do Diretor Técnico.Relativamente às encomendas feitas

diretamente ao laboratório, preenche-se manual ou via informática, uma nota de encomenda, que

depois será usada para conferência da guia de remessa/ fatura que acompanha a encomenda. Tem

vantagens a nível económico mas a quantidade a adquirir é mais elevada, o que se torna muito

vantajoso para produtos que saem muito, como medicamentos genéricos, por exemplo. Na FA

recorre-se cada vez mais a laboratórios para encomendar genéricos, produtos sazonais, cosméticos,

entre outros.

O Circuito do Medicamento

1. Receção e verificação de encomendas

A receção e verificação das encomendas são fundamentais, já que erros neste processo implicam erros

de stock.Cada encomenda é acompanhada da fatura (original e duplicado), onde consta a identificação

do fornecedor e farmácia, deve estar descrito o número e data da fatura, o valor total a ser cobrado à

farmácia, assim como algumas informações relativas aos produtos que devem constar na fatura são: o

Código Nacional do Produto (CNP) de cada produto encomendado, o nome, forma farmacêutica,

dosagem e tamanho deste, a quantidade pedida e a quantidade enviada, informação sobre a falta de

produtos (esgotados, não comercializados, retirados do mercado), o Preço de Venda ao Público

(PVP), o Preço de Venda à Farmácia (PVF), IVA aplicado e o número do contentor na qual se

encontra. Sempre que são dadas bonificações à farmácia, vêm discriminadas à parte juntamente com

descontos financeiros e sempre que são encomendados medicamentos psicotrópicos e estupefacientes,

são enviadas, também em duplicado, as guias de psicotrópicos, anexadas à fatura. No início do mês, o

fornecedor envia um resumo das faturas do mês anterior e o valor total a pagar, que têm também que

ser verificados e confirmados. São especialmente os estagiários que fazem esta confirmação,

verificando se todas as faturas do mês em questão constam nesse resumo. Caso tal não aconteça eles

ficam responsáveis por avisar o Técnico responsável ou por ir reimprimir via internet ou por pedir

telefonicamente a fatura em falta. Através do menu “Encomendas” do SIFARMA 2000, procede-se à

receção, selecionando, de todas as encomendas efetuadas a que se pretende rececionar, em função do

fornecedor, data, hora, tipo e situação. É primeiro solicitada a introdução do número da fatura e

depois pode proceder-se ao ato de receção propriamente dito. Quando, sem razão aparente, alguns

produtos faturados não chegam com o resto de encomenda, tem que ser feita uma reclamação ao

distribuidor. Este ou envia o produto ou emite uma nota de crédito relativamente ao mesmo. Quando

é enviado um produto que não foi pedido ou que se encontra em mau estado de conservação, a

farmácia emite uma nota de devolução que envia ao distribuidor juntamente com o mesmo. Os

produtos encomendados, mas não recebidos, são novamente encomendados a outro fornecedor. A

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conferência de encomendas a fornecedores tem bases idênticas, destacando-se também a necessidade

de confirmar se o recebido equivale ao encomendado e faturado. É também muito importante

confirmar se os bónus enviados, equivalem aos acordados.

2. Marcação de preços

Numa fatura podem aparecer dois tipos de produtos: medicamentos e produtos de saúde éticos ou

medicamentos e produtos de saúde não-éticos (NETT). No primeiro caso, os produtos possuem PVP

estabelecidos pela legislação em vigor, enquanto que, no segundo caso, os produtos podem ser

comercializados com margens de lucro definidas pela própria farmácia. O preço dos medicamentos e

produtos de saúde éticos – que incluem todos os MSRM – é estabelecido estraves de margens fixas

determinadas pelo Decreto-Lei n.º 112/2011, de 29 de Novembro32 alterado pelo Decreto-Lei n.º

152/2012, de 12 de Julho33. Assim o PVP destes produtos é calculado utilizando a seguinte equação

geral, onde a taxa sobre a comercialização de medicamentos diminui com o aumento do valor dos

produtos (DL nº 48-A/2010 de 13 de Maio28):

PVP = PVA + margem de distribuição do grossista + margem de comercialização do retalhista + Taxa

sobre a comercialização de medicamentos + IVA

Na farmácia existem produtos sujeitos à taxa de IVA reduzida (6%) destacando-se a maioria dos

MSRM bem como sujeitos à taxa máxima de IVA (23%), destacando-se, nesta categoria os

cosméticos. Embora o maior volume de vendas se relacione com os MSRM comparticipados, faz

sentido neste ponto referir os medicamentos de venda livre (NETT), bem como outros produtos que

não têm uma margem de lucro estipulada por lei. Nestes produtos a margem de lucro é atribuída pela

farmácia, e o seu preço calculado em função dela (e do IVA a que estão sujeitos). Na FA elabora-se

todos os anos uma tabela que serve de auxílio na marcação dos preços destes produtos, onde constam

vários fatores multiplicativos, a aplicar sobre o preço de fatura de determinado produto, para obter o

PVP, que depende do tipo do produto, da margem que a farmácia pretende obter e do valor de IVA do

produto.

3. Armazenamento

Durante a receção de uma encomenda, os primeiros produtos a serem inseridos no sistema, e

imediatamente armazenados são os produtos do frio (aquelas cujas condições de conservação são a

temperatura superior a 2ºC e inferior a 8ºC). Todos os outros produtos vão sendo separados consoante

o sítio de arrumação. Destacam-se aqui os medicamentos psicotrópicos, que como já referido são

arrumados em gaveta própria, não identificada, nem facilmente acessível. O armazenamento segue o

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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processo FEFO, como já referido garantindo-se assim que os primeiros produtos a sair, são aqueles

cuja validade expiraria em primeiro lugar.

4. Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções

O dever de promoção e proteção da saúde pública que o farmacêutico tem (Decreto-Lei nº 288/2001

de 10 de Novembro34), tem a ver também com o controlo do prazo de validades, já que este é o

intervalo de tempo durante o qual há garantias que um medicamento apresenta estabilidade química e

física (desde que armazenado em condições adequadas).Mensalmente, com o auxílio do SIFARMA

2000, imprime-se uma listagem de todos os produtos cuja validade expira, dentro de 2 meses, para

todos os produtos existentes na farmácia. Os produtos dessa listagem são procurados e retirados do

local de exposição, para posterior devolução. Uma vez reagrupados num contentor próprio, procede-

se às devoluções dos produtos aos armazenistas ou aos laboratórios. É então impressa uma nota de

devolução em triplicado, e cada um dos exemplares, rubricado e carimbado, sendo dois deles

enviados ao fornecedor com os respetivos produtos. Como resultado da devolução, pode ser atribuída

uma Nota de Crédito à farmácia por parte do fornecedor, ou pode a devolução não ser aceite, voltando

os produtos para a farmácia que os põe no VALORMED (para serem devidamente processados e

destruídos). Neste último caso, há um prejuízo direto para a farmácia (quebras de

stock).Relativamente às matérias-primas usadas para a preparação de medicamentos manipulados,

faz-se também um controlo rigoroso do seu prazo de validade.

5. Dispensa

Idealmente a ultima etapa do circuito dos medicamentos e produtos existentes na farmácia será a

dispensa dos medicamentos ao utente. É essencial um bom conhecimento base de todos os

produtos e medicamentos existentes na farmácia de forma a colmatar as necessidades dos

utentes. O sistema informático é um enorme aliado do nosso trabalho individual e da nossa

contínua curiosidade. Este permite a realização de diversos tipos de dispensa – normal, com ou

sem comparticipações, suspensa (que deve ser posteriormente regularizada) – e emite

documentos de faturação, calcula automaticamente as comparticipações e permite aplicar

descontos aos produtos, possuindo também a ficha de cada produto que permite visualizar as

informações de stock, preços, e características importantes para um bom aconselhamento. A

legislação portuguesa permite a aplicação de descontos a todos os produtos, incluindo aqueles

abrangidos por comparticipações, tendo o desconto de ser aplicado, neste caso, apenas no total

não comparticipado.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Serviçosprestadosnafarmacia

Cada vez mais a farmácia se torna num espaço de saúde diversificado, com muitas áreas de

interesse e muitas possibilidades de ajudar nas mais variadas necessidades do dia-a-dia da

população. A farmácia de hoje já não é o mero estabelecimento de dispensa de medicamentos.

Segundo o regime jurídico da farmácia de oficina, previsto no DL n.º 307/2007, de 31 de

agosto1, consagra-se a possibilidade de as farmácias prestarem serviços farmacêuticos na

promoção da saúde e bem-estar dos utentes. A portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro35,

define então os serviços farmacêuticos que podem ser prestados, salvaguardando as

competências atribuídas por outros profissionais de saúde.

Na FA existe de fato muita responsabilidade pela equipa em ajudar os utentes e há uma

preocupação contínua em aprimorar os serviços a fim de dar uma resposta diversificada e de

levar os seus utentes a usufruir de inúmeras opções e ofertas para melhorar o seu bem-estar.

Farmacovigilância

Em relação à Farmacovigilância esta é entendida como a atividade de saúde pública que tem por

objetivo a identificação, quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados à utilização

dos medicamentos. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 242/2001, de 5 de Novembro36 o INFARMED

acompanha, coordena e deve garantir a aplicação do Sistema Nacional de Farmacovigilância.

Este programa tem como principal objetivo a identificação de reações adversas a medicamentos

e dispositivos médicos de forma a preveni-los em situações futuras. Desta forma é possível

maximizar os benefícios da medicação, minimizando os riscos e possíveis desvantagens a eles

associados. De forma a garantir um bom funcionamento do programa, todos os profissionais de

saúde deverão reportar à entidade competente possíveis reações adversas, preenchendo um

formulário próprio ou através do contato telefónico, fax ou software. Devido ao contato

frequente e próximo com o utente, o farmacêutico ocupa um lugar privilegiado para efetuar a

notificação de um efeito adverso, devendo fazê-lo pelo menos nas situações em que este não se

encontre descrito, quando é considerado grave ou quando a incidência do efeito parece

aumentar. É importante que médicos, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde

notifiquem qualquer suspeita de reação adversa ao medicamento, mesmo que posteriormente se

conclua que não existe uma relação de causalidade entre a utilização do medicamento e a reação

adversa verificada.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticas

A Farmácia Clínica tem três vertentes principais: a dispensa e aconselhamento, a prestação de

cuidados de saúde, o seguimento farmacoterapêutico e acompanhamento do estado de saúde do

doente. Em relação à prestação de cuidados de saúde na farmácia, estes são uma forma de

identificar indivíduos ainda não diagnosticados e não medicados, e referenciá-los à consulta

médica para prevenir eventuais complicações. Estes serviços servem também de suporte à

monitorização de doentes já diagnosticados e medicados, controlando assim a evolução da sua

doença. A FA tem uma área de farmácia clínica bastante desenvolvida. De facto muitos dos

utentes mais fiéis são monitorizados semanalmente ou diariamente no que diz respeito aos

parâmetros de saúde. Alguns dos serviços clínicos mais solicitados são medição da pressão

arterial, dos valores de colesterol e triglicerídeos, do índice glicémico, do valor de ácido úrico,

determinação do valor do PSA ou determinação do peso e índice de massa corporal. Para cada

um destes parâmetros é necessário ter em consideração os valores de referência para um

individuo saudável e para indivíduos com determinadas patologias. A determinação dos

parâmetros fisiológicos e bioquímicos é efetuada na área de atendimento personalizado. Nestas

curtas conversas é fulcral perceber a história clínica do doente e o porquê de querer fazer as

determinações: se é uma ato casual, por alguma suspeita ou monitorização de alguma patologia

ou da efetividade da medicação. Cabe ao farmacêutico conhecer e aconselhar o utente,

esclarecer as suas dúvidas, aconselhar uma ida ao médico caso ache pertinente. A cada utente é

fornecido um cartão de registo individual da farmácia, no qual se registam os resultados das

determinações bioquímicas, para que se possa acompanhar a sua evolução e controlar o perfil de

evolução do utente. Assim, consegue-se ter noção da evolução da patologia e da eficácia que

determinada farmacoterapia está ou não a ter e permite-nos, a nós, farmacêuticos, avaliar a

resposta do doente às medidas não farmacológicas e farmacológicas. É aqui que entra o conceito

de consulta farmacêutica em que é prestado ao doente um esclarecimento sobre todos os seus

medicamentos, o porquê da sua toma, a monotorização dos seus valores e um aconselhamento

mais direcionado e cuidado. O utente tem sempre de ser informado e aconselhado sobre o

resultado. Se estiver dentro dos parâmetros, deve ajudar-se o utente a fazer a manutenção desse

resultado. Caso não aconteça, cabe ao farmacêutico fornecer conselhos alimentares e de estilo

de vida (quando aplicável) para reverter valores específicos ou ainda tentar auxiliar o tratamento

com suplementos ou produtos naturais. Em caso de situações piores, valores demasiado

elevados por exemplo, o doente é encaminhado para o médico. Por fim existem muitas outras

determinações paramétricas feitas mais esporadicamente na FA: hemoglobina, creatinina, ureia,

tempo de protombrina (INR), despiste de infeções urinárias, despiste de drogas na urina,

determinação do pH, entre outras. Esta área das análises clínicas sempre, mesmo durante o

curso, me apaixonou. Sentir uma intervenção direta na vida da pessoa, sentir liberdade para

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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aconselhar com base em parâmetros concretos e fidedignos, é possivelmente uma das maiores

proximidades de intervenção na sociedade e no estilo de vida da pessoa em questão. Sendo que

eu, enquanto farmacêutica, sempre sonhei ajudar pessoas e fazê-las viver mais e melhor, é uma

das áreas que mais me cativa e onde mais reconhecimento temos por parte dos utentes. Na FA é

uma área que muito nos incentivam a praticar, são os estagiários que sempre, sob supervisão,

determinam quase todos os parâmetros, havendo desde muito cedo uma enorme aproximação

aos doentes que desde o primeiro dia nos adotam. Neste âmbito sái-se da FA para o mundo com

uma enorme formação: teórica e prática e com a certeza que formação tão abrangente e rica

como a que obtivemos lá, muito dificilmente obteríamos noutra farmácia.

Outros serviços

Na Farmácia Aliança realizam-se determinados tratamentos especializados com vista a

complementar o leque de serviços de saúde prestados. Estes serviços, realizados por

profissionais especializados (alguns deles farmacêuticos especializados) nas respetivas áreas,

incluem: nutricionismo, medicina natural, tricologia, enfermagem, etc.

A FA tem ainda ao dispor dos seus utentes a distribuição dos medicamentos feita de forma

gratuita, na zona do Grande Porto, sendo que são entregues grandes quantidades de

medicamentos para, por exemplo, o Centro Empresarial da Lionesa (na Maia) e lares com quem

a FA tem acordos. A Farmácia Aliança estabeleceu protocolos com estes centros que garantem a

venda de medicamentos às pessoas destes locais.

Para além disso, é efetuada a entrega de medicamentos e produtos ao domicílio, que permite

uma fácil aquisição a utentes com incapacidade de deslocação.

Este serviço realça, mais uma vez, a dinâmica que foi sendo desenvolvida nesta farmácia.

A qualidade destes serviços faz com que, e de forma complementar, os utentes se sintam

envolvidos nos cuidados de saúde e vejam a farmácia como um local de saúde por excelência.

Os hábitos mudam e agora as pessoas deslocam-se à farmácia, não só para compra de

medicamentos, como também para monitorizar o seu estado de saúde.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Conclusao

O acesso do doente ao médico é normalmente um acesso esporádico e difícil, ao passo que uma

farmácia é um estabelecimento de saúde de porta aberta em que qualquer utente lá entra, a

qualquer hora, sem marcar consulta e podendo pôr as suas dúvidas. Muitas vezes o farmacêutico

constitui o primeiro contato que o utente tem com um profissional de saúde. Assim, é

importante que o utente tenha conhecimento que o farmacêutico é um especialista em

medicamentos e, como tal, é capaz de determinar e informar sobre o uso de qualquer

medicamento ou produto existente na farmácia. Além dos medicamentos, o farmacêutico deve

conhecer todos os produtos vendidos na farmácia, sejam cosméticos, dietéticos, ortopédicos,

etc. Nestas áreas geralmente o utente pede aconselhamento numa situação específica e espera

que o farmacêutico seja capaz de lhe resolver o problema, rápida e eficazmente.

Após cinco longos anos do curso, teóricos acima de tudo, cheguei à FA convicta que nada sabia.

Sabia muito pouco para o que era exigido no dia-a-dia. Conhecimentos sobre tudo,

especificações e a exigência dos colegas e especialmente dos utentes. Porque “o Farmacêutico é

o profissional que mais sabe medicamentos, não é menina?” assolava-me a mente, dia e noite.

Até que, dia após dia, me fui revelando. Com muito trabalho, muita ajuda dos colegas, muitas

noites que amanheciam a estudar para o dia seguinte, muitas horas mal dormidas, mas, pouco a

pouco, fui ganhando coragem, perdendo anseios e conquistando pequenas grandes vitórias.

Hoje, sinto que ainda tenho um enorme trabalho pela frente. Porque enquanto não houver todas

as respostas sobre saúde o nosso trabalho nunca se dará por completo. Estudo, perseverança,

determinação, conquista… Porque ser Farmacêutico é um trabalho contínuo, árduo e muitas

vezes desesperante. Mas como todas as paixões, uma vez vivida, para sempre fica.

“Eu creio em mim mesmo. Creio nos que trabalham comigo, creio nos meus amigos e creio na

minha família. Creio que Deus me emprestará tudo que necessito para triunfar, contanto que eu

me esforce para alcançar com meios lícitos e honestos. (…) Creio que o triunfo é resultado de

esforço inteligente, que não depende da sorte, da magia, de amigos, companheiros duvidosos

(…). Creio que tirarei da vida exactamente o que nela colocar. Serei cauteloso quando tratar os

outros, como quero que eles sejam comigo (…). Prestarei o melhor serviço de que sou capaz,

porque jurei a mim mesmo triunfar na vida, e sei que o triunfo é sempre resultado do esforço

consciente e eficaz.” Mahatma Gandhi

Obrigada, por todas as horas e dias de ajuda e paciência incansável e interminável.

Porque só quem faz estágio e “vive” a Farmácia Aliança é que aprende a verdadeira essência de

se “Ser Farmacêutico”.

Parte2OFarmaceuticoComunitario

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OFARMACE) UTICOEASOCIEDADE

São diversos os desafios que pautam diariamente a atividade profissional do farmacêutico

comunitário, que se responsabiliza, não só pela dispensa correta e segura de medicamentos

mediante uma prescrição médica, mas também pelo aconselhamento que deve ser capaz de

fornecer, esclarecendo qualquer dúvida que o utente lhe coloque. Além disso, o farmacêutico

comunitário é o profissional de saúde que se encontra mais próximo da população, o que lhe

permite acompanhar e monitorizar problemas relacionados com os medicamentos e resultados

negativos da medicação, mas também ser confidente e conselheiro de muitas situações pessoais

dos utentes que são assíduos numa farmácia. É a conhecer os utentes que mais podemos fazer

por eles e melhor aconselhá-los. Numa farmácia comunitária encontram-se muitos produtos para

além de medicamentos, como os suplementos alimentares, produtos de dermocosmética,

puericutura? ou até produtos geriátricos. Cada vez mais o farmacêutico tem que ser um

profissional multidisciplinar, dinâmico e atento às necessidades da população e ao evoluir dos

tempos. A FA é uma empresa que luta e incentiva muito pela formação de cada funcionário. A

especialização, a procura de novas informações sobre os atuais e futuros nichos de mercado e a

curiosidade e atitude crítica são afincadamente incentivados por toda a equipa. Assim, ao longo

do meu estágio fui participando em diferentes ações de formação, internas e externas, para

farmacêuticos e profissionais da área, em áreas como dermocosmética, homeopatia, fitoterapia,

ortopedia, entre outras. Um dos meus maiores objetivos era obter o máximo de informação

possível nos mais variados assuntos e áreas de estudo. Só assim conseguiria obter mais

informações para melhor o meu aconselhamento e para assim melhor ajudar cada utente em

particular. Ao estagiar na Farmácia Aliança, deparei-me todos os dias com esta realidade. De

facto o DT ajuda-nos diariamente a ganhar noção sobre as realidades do mercado de trabalho. E

é por isso que todos os que estagiámos na Farmácia Aliança temos seis meses de intenso estudo

e um estágio que poucos se podem “gabar” de ter. Temos acesso a uma enorme panóplia de

assuntos, nos quais podemos e devemos tentar aprender o máximo possível. Para além disso,

estimulam-nos a atitude crítica, a curiosidade e o brio pessoal como ninguém. Incentivam o

contacto com os utentes, o aconselhamento e a atenção ao outro (quer na farmácia, quer fora,

em rastreios ou em ações de formação). Desta preocupação foram pedidos, ao longo do estágio,

vários trabalhos, a fim de nos ampliar o leque de valências adquiridas. Para além da

Homeopatia, a Fitoterapia e suplementação são assuntos de muito interesse na FA. Assim,

houve duas grandes valências que me cativaram, muito também por curiosidade proveniente

destes rastreios: Homeopatia e Alimentação e Suplementação.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Intervençaosocial

Rastreios

Realizei ainda outras pequenas pesquisas e tarefas, como verificação da legislação sobre

Segurança e Higiene no Trabalho e sobre a utilização de álcool para uso interno. A Farmácia

Aliança realiza ao longo do ano diversos rastreios e campanhas de informação, com o objetivo

último de educar para a saúde por intervenção direta na sociedade. Durante o meu estágio

participei em vários rastreios de avaliação do risco cardiovascular. Três em parceria com a

Ergovisão (Ergovisão de São Brás e Ergovisão dos Aliados) e um na Profitecla aquando do dia

da Alimentação. Nos rastreios de avaliação do risco cardiovascular, realizamos a medição da

pressão arterial, da glicemia, do colesterol total e a determinação do IMC. A informação

disponibilizada era personalizada a cada indivíduo, em conformidade com o estado fisiológico

apresentado, e para além do aconselhamento verbal com o objetivo de adoção de estilos de vida

saudáveis e prevenção de complicações futuras, fornecíamos também informação escrita. Para

além disso, dávamos a conhecer alguns produtos de venda livre da farmácia, especialmente

superalimentos e produtos naturais, que sendo de pouco conhecimento do público em geral, são

para nós na FA já indispensáveis para um bom estilo de vida e para uma vida maior e melhor.

Ainda no âmbito dos rastreios, foi realizado um rastreio de determinação da densidade óssea a

mulheres, no qual ajudei nas densitometrias.

Pequeninos e companhia

Considerando a existência de uma zona dedicada somente à área de ortopedia e puericultura, em

cooperação com a técnica responsável por esta área, criámos uma página de facebook dedicada

a ajudar especialmente pré e recém-mamãs. Assim, em cooperação com as restantes estagiárias,

realizei pesquisa sobre temas pertinentes, a fim de retirar duvidas, expor temas menos

conhecidos e ajudar as mamãs. Fiz, então, pesquisa sobre a importância da suplementação com

ácido fólico, a importância do uso da almofada Mimos e sobre a preparação dos mamilos antes,

durante e após a gravidez. Estas informações ficavam disponíveis posteriormente no facebook.

(ver anexo 1)

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Casoestudo1-AHomeopatia

A FA investe cada vez mais em áreas de atuação complementares. Todavia, uma das áreas que

carece, por enquanto, de investimento na FA é a homeopatia. A pedido do DT realizei uma

pesquisa a fim de preparar um laboratório de manipulados homeopáticos, aproveitando a

informação recolhida para informar a população. Por outro lado, esta curiosidade sobre a

Homeopatia cresceu durante um rasteio, quanto um utente fidelizado da farmácia ma introduziu.

Enquanto ele apresentava a maravilha da terapêutica, fui-me apercebendo que pouco sabia sobre

esta prática. Quis portanto inteirar-me deste assunto, tendo ido a formações da Raul Vieira

numa tentativa de poder melhorar enquanto farmacêutica. Deparei-me então na crescente

procura destes medicamentos, no desconhecimento da população sobre esta matéria e sobre os

efeitos que os utilizadores tanto comentavam. Deparei-me também com a atual disseminação da

terapia homeopática pelo mundo, existindo inclusive noutros países hospitais e profissionais de

saúde totalmente adeptos dela. Então começaram a surgir duvidas que urgiam resposta.

Revisão bibliográfica

A homeopatia é uma forma holística de medicina complementar, com o objetivo de tratar a

pessoa como um todo e não apenas os sintomas físicos. Esta trabalha com o princípio de que a

mente e o corpo estão tão intimamente ligados que os sintomas físicos não podem ser tratados

com sucesso sem que haja uma compreensão da constituição e do caráter da pessoa. Tudo

depende de um estudo aprofundado da pessoa, da enfermidade e dos sintomas de cada um.

Considerando que na medicina convencional, geralmente, às pessoas diagnosticadas com a

mesma condição é prescrito o mesmo medicamento, na homeopatia o remédio dado a um

paciente pode depender de uma série de outros fatores, tais como temperamento, estado de

espírito e estilo de vida. A chave para a prática da homeopatia é a capacidade de compreender e

interpretar sintomas - os sinais exteriores advém de um estado de desordem interna. Segundo a

abordagem homeopática, a terapêutica não deve fazer mal nenhum: as terapias servem para

curar e nunca para potenciar sintomas prévios ou fazer surgir nova sintomatologia. Muitas

doenças comuns do quotidiano podem ser tratadas com segurança e eficácia em casa usando

remédios homeopáticos; se a doença comum, uma constipação por exemplo, evoluir para algo

pior, por exemplo uma infeção respiratória – deve aconselhar-se a consulta por um médico

convencional40. Existem, porém muitos mitos e dúvidas ainda a ela associados. Mas, embora

careça de estudos concretos sobre o porquê da sua eficácia, cada vez mais são os adeptos desta

terapêutica.

A Homeopatia é uma terapêutica para todos. Grávidas, recém-nascidos e crianças, do adulto até

ao doente terminal: é, pois, uma grande ajuda em todos os momentos da vida da pessoa. Mas

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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para que tal se verifique o doente tem que ajudar: manter um estilo de vida saudável, com

alimentação equilibrada, exercício físico, hábitos de higiene, a fim de nunca criar desordem,

física ou emocional, que potencia as patologias. “Mente sana in corpore sano”. Sendo de venda

livre, habitualmente, facilmente se pensa em automedicação. Porém, mesmo não tendo

praticamente efeitos secundários e sendo uma terapia para todas as pessoas, o utente deve

sempre aconselhar-se com o homeopata ou farmacêutico. É por erros pessoais, por repetição ou

toma indevida, que por vezes aparecem efeitos tóxicos e indesejáveis, e portanto as dúvidas e

questões sobre a eficácia desta terapêutica. Por fim, deve sempre explicar-se ao utente que não

existem “curas milagrosas”. Todos os tratamentos requerem tempo, sendo a paciência e

confiança no profissional de saúde fulcrais.

Homeopatia: terapêutica do Passado

A história da Homeopatia começa com Christian Hahnemann (1755-1843). Segundo alguns

historiadores, as suas ideologias e a base da sua teoria homeopática vêm da antiga Grécia:

Hipócrates. Este criou e defendeu bases holísticas estabelecendo que na compreensão do

processo saúde/doença o paciente não deveria ser dividido em sistemas ou órgãos, mas sim

avaliado como um todo. Para além disso, também defendia que a função do médico seria

auxiliar as forças naturais do corpo para atingir a harmonia, ou seja, um estado de saúde pleno.

Deste modo, Hipócrates descreveu duas maneiras de abordar a terapêutica:

• Similia similibus curantur- “Semelhante cura semelhante” (princípio seguido pela

homeopatia);

• Contraria contrariis curantur- “Contrário cura contrário” (princípio seguido pela

alopatia).

Hahnemann era tradutor de obras literárias. Ao traduzir uma obra médica de um médico

escocês apercebeu-se de uma nota importante sobre a quina. O escritor afirmava que a

quina tinha efeito sobre febres intermitentes porque tinha propriedades amargas e

adstringentes que tinham efeito sobre o estômago. Ao aperceber-se disso, Hahnemann

decidiu tomar durante vários dias quina (enquanto individuo saudável) apercebendo-se

que após a toma ele ficava com os mesmos sintomas que acompanhavam habitualmente

a febre intermitente. Ele apontou todos os sintomas rigorosamente, chegando à

conclusão que a quina/quinina era um bom remédio para a febre porque conseguia

produzir os mesmos sintomas da febre em indivíduos saudáveis. Desta visão, surgiu a

ideia da “Cura pelo Semelhante”, já defendida por Hipócrates38. Por outro lado,

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Hahnemann constatou que praticamente todo o tipo de medicamentos apresentavam

efeitos tóxicos/secundários. Assim, decidiu que devia reduzir as doses para os evitar.

Foi assim que ele provou com êxito que doses cada vez mais pequenas, infinitesimais

como hoje em dia as conhecemos, continuavam a ter efeitos. Chamou-lhes, na época,

imateriais. Porém, Hahnemann apercebeu-se que só por diluição eles não iriam ter

exatamente os mesmos efeitos que só seriam potenciados através de agitação enérgica.

Assim, institui-se que todos os medicamentos homeopáticos deveriam passar por um

processo de “dinamização”, conhecido por potenciação, para se tornarem eficazes.

Hahnemann continuou os seus trabalhos em saúde e abandonou a tradução para dedicar-

se às suas próprias publicações. Em 1810 publicou a sua primeira obra, o “Organon del

arte de curar”. Nesta esboça-se os grandes princípios da Homeopatia, tendo sido uma

obra de alcance global, tendo na época tido grande impacto especialmente Europa e

América do Norte. Os três princípios base da Homeopatia, escritos por Hahnemann na

sua obra, o Organon são38,40:

• Similar cura similar - o medicamento capaz de provocar numa pessoa sã sintomas

idênticos aos que caracterizam determinada patologia, será eficaz na cura dos

mesmos sintomas numa pessoa que padeça dessa doença.

• Dose mínima;

• Um único remédio – também conhecido pelo princípio da individualização e da

globalidade dos sintomas. Cada doente com determinada patologia tem o seu

próprio e único remédio: porque cada pessoa tem o seu próprio conjunto de

sintomas. Basta um sintoma diferir entre duas pessoas com a mesma patologia,

que o remédio utilizado já não é o mesmo.

Por 1796 a Homeopatia teve uma enorme difusão, chegando em 1830 a estar totalmente

implantada na Europa e no Nono Mundo. A partir daí disseminou-se chegando à África, Índia e

China. Hahnemann, homem viajado e decidido a fazer as suas ideias voarem mundo fora, em

1835 instalou-se em Paris, Lyon, onde esta nova Terapêutica era já bem conhecida, e continuou

os seus estudos e a sua atividade médica e literária. Morre em 1843. Entretanto surgiam

discípulos, sendo um deles Benoit Mure, que levou a Homeopatia para Sicília, Portugal, Índia e

Egipto, concretizando-se o sonho de Hahnemann: a Homeopatia à escala global.

Durante o final do século XX houve um ressurgimento da popularidade da homeopatia,

possivelmente devido ao desencanto com os aspetos da medicina convencional. Em muitos

países, particularmente na Europa Central, a sua popularidade nunca diminuiu da mesma forma

como no Reino Unido e EUA, embora as diferenças na prática evoluíram. A prescrição de um

único medicamento é prevalente em todo o mundo, embora na Alemanha e na França surja cada

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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vez mais casos de homeopatia complexa ou polifarmácia (o uso de remédios combinadas ou

vários remédios) Na Austrália, há uma forte ligação com a naturopatia com remédios. Na Índia,

os homeopatas há muito tempo que trabalham com sucesso ao lado de medicina ayurvédica

tradicional e da medicina convencional. Na década de 1990, surgiu o curso pioneiro de

Homeopatia na Europa Oriental e na Rússia, continua a ser implementado e desenvolvido. Na

América do Sul, a homeopatia é ensinada nas escolas de medicina, enquanto que nos EUA ela

está passando por um grande ressurgimento da popularidade. De acordo com uma pesquisa de

1998 de norte-americanos e da sua saúde, ao longo dos últimos 12 meses, 6 milhões de

americanos tinham usado a homeopatia40. Atualmente, a Homeopatia tem sido integrada nos

sistemas nacionais de saúde de vários países, incluindo a Alemanha, o Reino Unido, Índia,

Paquistão, Sri Lanka e México.

Homeopatia VS Alopatia

Na Homeopatia, o objetivo é proporcionar uma resposta natural a determinada patologia, para

que caso ocorra recidiva o próprio organismo já obtenha uma resposta rápida e eficaz,

prevenindo o aparecimento dos sintomas que apareceram da primeira vez. A Homeopatia, sendo

usada também para tratamento, é pois Medicina Preventiva por excelência, evitando a

manifestação do mesmo desequilíbrio. Na Homeopatia não se procura a supressão dos sintomas,

visto que são eles os protagonistas desta terapêutica. Sem eles não se pode realizar o estudo

aprofundado do doente, não se conseguindo prescrever/aconselhar uma terapia eficaz. Quanto às

diferentes abordagens entre alopatia e homeopatia, na primeira curar é suprimir sintomas o mais

rapidamente possível, sendo que a patologia retorna habitualmente igual ou pior, usando

medicamentos que atuem diretamente no organismo. Quanto à Homeopatia a abordagem é

totalmente diferente. Nesta a cura baseia-se na procura da homeostasia pelo próprio organismo.

Cura-se a enfermidade, dependendo do estudo dedicado dos sintomas. O sintoma é pois um

indicador, que só se pretende suprimir em caso de risco extremo. Sendo que é uma terapia que

permite prevenir estádios de patologia e recidivas, torna-se mais barata que a alopatia. Isto

porque nesta última, sempre que a doença reaparece, há necessidade de farmacoterapia porque o

organismo não se encontra preparado para responder sozinho e de forma natural (como na

Homeopatia). Assim, cada vez mais a população opta pela utilização da terapêutica

homeopática. Cada vez mais os utentes comprovam a sua eficácia e veracidade, ficando

fidelizados a esta “nova” opção terapêutica. Assim, as pessoas evitam “sofrer” novamente com

as mesmas doenças e sintomas, optam por melhorar do interior para o exterior, de cima a baixo,

a fim de melhorando o espírito e aumentando a energia consigam por o processo de cura em

marcha. Poupam, assim, dinheiro e tempo e promovem o seu bem-estar físico e emocional.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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A Homeopatia em Portugal: Legislação

A homeopatia surgiu em Portugal em 1810 através do médico Lima Leitão, contudo o seu

desenvolvimento acabou por desvanecer-se até meados da década de 90 do século XX, por

opção dos médicos e utentes pela terapia alopática que estava em enorme e constante

crescimento. Na década de 90 a Homeopatia começa a ressurgir, tanto que em 1995 surge uma

lei (DL n.º 94/95, de 9 de maio41) que garantia a qualidade e a segurança de utilização dos

produtos homeopáticos – como salvaguarda da saúde pública e assegurando, também, aos seus

utilizadores o fornecimento de informações claras sobre o seu carácter homeopático e a sua

inocuidade. Esta procedia a lei de 1992 que preconizava para os produtos homeopáticos um

regime semelhante ao existente para os medicamentos, tendo em conta, no entanto, as suas

características específicas, designadamente o seu reduzido teor em princípios ativos e a

dificuldade de lhes aplicar a metodologia estatística convencional dos ensaios clínicos.

Entretanto surgiram duas novas deliberações: portaria n.º 693/97, de 14 de agosto42, e

Deliberação n.º 238/2002, de 8 de Outubro43. Estas três deliberações são as pedras armilares da

Homeopatia, da sua comercialização e implantação em Portuga40.

A Lei de 200243, por exemplo tem em consideração:

• A diversidade das matérias-primas que fazem parte da constituição dos produtos

farmacêuticos homeopáticos

• Que as plantas medicinais são uma das fontes de matéria-prima para a produção de

produtos farmacêuticos homeopáticos

• Que várias espécies de plantas contêm constituintes que são carcinogénicos e

mutagénicos, conforme lista apresentada em anexo à presente deliberação

• Os problemas de segurança de saúde pública relacionados com o uso de produtos

farmacêuticos homeopáticos contendo os constituintes referidos na lista

supramencionada

Por conseguinte, delibera não conceder autorização de introdução ou manutenção no mercado

de produtos farmacêuticos homeopáticos, contendo as designadas plantas, em diluições

inferiores a C12 ou D24.

A associar-se a esta surge uma deliberação de 2001 que permite aos consumidores o acesso e

livre escolha de produtos de qualidade, desde que seja fornecido prioritariamente indicações

muito claras quanto ao carácter homeopático e garantias bastantes quanto à sua qualidade e

inocuidade.

Em 2003 surge uma lei44 em Diário da República que reconhece sete medicinas

complementares, de entre as quais está a homeopatia. Assim, a partir desta altura passa ser

possível prescrever receitas homeopáticas. Atualmente, os medicamentos homeopáticos estão

sob a tutela da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed). Em 2004

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surge uma nova definição de Medicamento Homeopático: “Qualquer medicamento obtido a

partir de substâncias denominadas stocks homeopáticos, em conformidade com um

processo de fabrico homeopático descrito na Farmacopeia Europeia ou na falta de tal

descrição, nas farmacopeias atualmente utilizadas de modo oficial nos Estados-Membros.

Os medicamentos homeopáticos podem conter vários princípios ativos.” Atualmente existe

já um conjunto de monografias sobre produtos farmacêuticos homeopáticos na Farmacopeia

Portuguesa45. De facto, na FP9, surge descrição de como se preparam os medicamentos, as

macerações, as preparações das tinturas-mãe, os materiais necessários para a produção e ainda

monografias de alguns produtos homeopáticos

Figura 1 – Índice remissivo das preparações homeopáticas referidas na FP9

Como fazer preparações Homeopáticas

Uma preparação homeopática é uma forma farmacêutica preparada segundo o método

Hahnemaniano (diluição e dinamização) segundo o princípio do semelhante cura

semelhante37,38,40. Neste método de fabrico acredita-se que é a sucussão que permite uma

potencialização da preparação, uma vez que de acordo com a homeopatia é a diluição que

promove a eficácia.

Ao preparar-se um Medicamento Homeopático tem de se considerar dois princípios

fundamentais:

• Princípio da Infinitesimalidade

Um remédio é tanto mais eficaz quanto mais diluído se encontra até ao ponto de não conter

já nenhuma molécula do principio ativo. Assim, consegue-se evitar os efeitos secundários e

potencialmente tóxicos.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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• Princípio da Dinamização

Considerando que o Medicamento Homeopático não possui já nenhuma molécula do

princípio ativo, Hahnemann descobriu que entre cada diluição teria de existir uma

potenciação (agitação enérgica). Só assim o Medicamento se torna eficaz.

Este método de preparação pressupõe o uso de vários frascos, consoante o número de diluições

e é colocada 1 parte da tintura-mãe (caso seja a primeira diluição) ou da diluição anterior e

junta-se 99 partes ou 9 partes de álcool, consoante se trata de uma diluição centesimal ou

decimal respetivamente. Depois da diluição é realizada a sucussão, sequência de 100

batimentos, que inicialmente era feita manualmente batendo com o frasco no Organon, mas

agora existe um aparelho próprio de sucussão. Esta diluição é extremamente importante para

passar a energia de umas moléculas para as outras e é isso que os homeopatas acreditam que faz

com que os medicamentos mais diluídos sejam os mais potentes. Depois desta fase é realizada a

impregnação da forma farmacêutica. Nas preparações homeopáticas há uma substância ativa

que pode ser de origem animal, vegetal, mineral ou química e um solvente que pode ser a água,

o álcool ou uma mistura dos dois. Inicialmente, se se trata de uma matéria-prima solúvel é feita

uma tintura-mãe que não é mais do que uma “preparação líquida obtida por ação dissolvente de

um veículo apropriado sobre matérias-primas, geralmente frescas ou, por vezes, secas. Podem

igualmente ser obtidas a partir de sucos vegetais após a adição, ou não, de um veículo. Para

certas preparações, as matérias-primas a extrair podem ser submetidas a um tratamento prévio.”

Posteriormente, são impregnados os cristais, grânulos, glóbulos entre outras formas

farmacêuticas inertes constituídas por sacarose, lactose ou por ambas. Estudos demonstram que

a tripla impregnação é mais eficaz que a impregnação dupla ou simples, uma vez que na

primeira há uma melhor homogeneidade da distribuição do líquido a impregnar.

Métodos utilizados no fabrico de medicamentos homeopáticos

Existem três métodos oficiais que podem ser usados para o fabrico deste tipo de preparações,

são eles o método Hahnemenniano, o método de Korsakov e o método LM.

O método LM foi um método também desenvolvido por Samuel Hahnemann e consiste em

preparar diluições na proporção de 1:50000 em cada etapa de potencialização (diluição +

sucussão), em vez de se usar a proporção de 1:100 ou 1:10 (diluição centesimal e decimal,

respectivamente) como no método clássico de Hanhemann). O método de Korsakov foi

desenvolvido pelo russo Semion Korsakov, que, a seguir ao método Hahnemenniano é o mais

usado. Consiste em fazer uma primeira diluição centesimal, tal e qual como no método

Hahnemenniano, mas a segunda diluição e as seguintes fazem-se por inversão ou sucussão do

frasco que permite remover todo o líquido lá existente restando apenas algumas gotículas

aderidas à parede do frasco. De seguida volta-se a adicionar o diluente e o processo é realizado

de novo até à diluição pretendida. A grande vantagem deste método é o de se conseguir preparar

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

30

potências elevadas de uma maneira mais rápida e permitir reduzir os gastos em material. Na

pesquisa realizada no âmbito do estágio curricular, por curiosidade pessoal e do DT, preparei

um resumo sobre todo o equipamento e material necessário para introduzir um laboratório de

medicamentos homeopáticos na Farmácia. (ver anexo)

Estratégia de intervenção

Durante o meu estágio, enquanto me ia apercebendo da importância destes medicamentos e da

relativa afluência de utentes à FA em busca deles, decidi tentar descobrir o que eram

medicamentos homeopáticos para a população em geral. Pensei em fazer inquéritos, perguntar e

aferir. Mas, em conversa com os doentes descobri que não era a melhor opção. A terapêutica

homeopática é vista com desconfiança ainda, especialmente pelas pessoas mais idosas. Poucos

sabem quais são os seus ideais e objetivos, e muito menos as suas vantagens. Mitos e falsas

verdades continuam a assolar a cabeça de uma boa parte da população. Assim, decidi informar.

Realizei um folheto (anexo 2), informativo, para distribuir na FA, bem como uma folha de

generalidades sobre a matéria (anexo 3), para afastar algumas ideias erradamente associadas à

Homeopatia. Pensei também noutras formas de chegar à população, via Internet, como o

facebook da FA ou o site. Porém, sendo maioritariamente utentes fidelizados a frequentar todos

os dias a nossa farmácia, foquei-me neles. Eles que durante seis meses me acompanharam

diariamente, me ajudaram e me fizeram crescer. Por fim, disponibilizei um plano de

desenvolvimento de um laboratório de medicamentos manipulados homeopáticos, para o DT e a

pedido dele (anexo 4)

Conclusão/Discussão

Muito tem vindo a ser feito para provar a eficácia da homeopatia, mas até agora ainda não foram

encontradas respostas concretas, sendo a hipótese mais plausível a transmissão de energia ao

longo das diluições. Apesar disso, há resultados precisos do seu sucesso, sobretudo em crianças

e em animais, pelo que deve continuar-se a usar esta terapêutica em prol da melhoria da saúde

da população mesmo que as provas da sua eficácia ainda não existam46,47,48,49. É imperativo

informar a população, ensinar e remover dogmas que continuam na cabeça de muitos. Durante

esta intervenção notei por parte da população uma boa adesão, muitas perguntas surgiam sobre

o assunto e alguns dos medos foram postos de parte. Considero que a intervenção foi, portanto,

positiva, esperando que a longo prazo haja um aumento das vendas destes produtos na FA.

Quem experimenta, fideliza. Há que ensinar e continuar a fidelizar clientes. Curar e tratar as

pessoas passa por colmatar falhas, prevenir males, distúrbios e patologias. E um farmacêutico

não serve apenas para dispensar medicamentos ou tratamentos de recurso. Todo o farmacêutico

sonha ajudar o outro, melhorar a saúde e trabalhar todos os dias da sua vida para dar mais e

melhor qualidade de vida aos seus utentes. Nada melhor do que prevenir.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

31

Casodeestudo2-tiroideealimentaçao

A FA estabelece parceria com a ADTI, tentando periodicamente responder a perguntas de

utentes, médicos ou outros profissionais de saúde. Por isso, a pedido do DT, realizei uma

pesquisa sobre a importância da alimentação como auxiliar da medicação para a melhoria e

manutenção das disfunções tiróideas. Este trabalho e este interesse na associação entre

alimentação e disfunções da tiróide provém da grande percentagem de pessoas que possuem

disfunções da tiróide, sejam elas autoimunes, ou não, como hipotiroidismo ou hipertiroidismo.

Aquando do meu estágio apercebi-me da grande procura aos medicamentos para a tiróide e

resolvi procurar informação associando a farmacoterapia à alimentação.

Revisão Bibliográfica

Segundo a WHO, na década de 90 cerca de um bilião de indivíduos no mundo ingeria

quantidade insuficiente iodo, especialmente em África e na Ásia, que são zonas particularmente

afetadas. A deficiência de iodo, devido à sua importância na síntese das hormonas da tiróide,

promove o aparecimento e desenvolvimento de desordens e patologias: alterações cardíacas e

respiratórias, disfunções no crescimento e desenvolvimento físico e cognitivo, diminuição da

fertilidade, bócio, hipotiroidismo, e em alguns casos, e demência. Para colmatar este défice de

iodo, associado à medicação em caso de patologia, promove-se um rearranjo da alimentação,

aumentando assim o consumo de iodo e equilibrando os seus níveis no organismo.50,51,53,54,55 Já

desde a década de 90 que surgem estratégias a fim de colmatar os défices de iodo. A título de

exemplo, na África central, a áua de consumo começou a ser iodada a fim de se tornar mais fácil

o reforço de iodo para as populações. Estudos demonstram que estratégias neste âmbito fazem

diminuir o risco de doenças por défice de iodo nas populações em questão56.

Iodo e as Hormonas tiroideas

A primeira vez que se associou o iodo às funções da glândula da tiróide foi em 1896, por

Baumann. A partir daí muitos estudos foram feitos para aferir a sua efetiva atividade. O iodo é,

de facto, um componente essencial na produção das hormonas da tiróide. Este, após ingestão, é

facilmente absorvido (>90%) no estômago e no duodeno. Uma parte deste iodo é fixada pela

tiróide, entrando pelos capilares e passando para as células foliculares, ficando armazenado no

lúmen do folículo. As células foliculares sintetizam tiroglobulina, glicoproteína essencial para a

produção das hormonas tiróideas. Ao haver a oxidação do iodo pela tiróide peroxidase, ocorre a

ligação deste com a tirosina da tiroglobulina, originando formas mono (MIT) e diiodotirosina

(DIT). Por fim estas combinam-se originando as hormonas tiróideas, T3 (iodotironina) e T4

(tiroxina) (ref). Após a sua síntese, entram na corrente sanguínea alcançando os tecidos

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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periféricos. Esta capacidade de síntese não é exclusiva aos humanos (ver figura 2). Outros seres

vivos, como algas marinhas, vertebrados e alguns invertebrados tem também capacidade de

fixar e armazenar iodo. Estas hormonas atuam em recetores específicos existentes em vários

tecidos alvo: glândula pituitária, fígado, rins, coração, cérebro, entre outros. É por esta razão que

havendo desregulação tiróidea, muitos órgãos são afetados, surgindo portanto uma grande

quantidade e variabilidade de patologias e sintomas. Ao nível da glândula pituitária, por

exemplo, estas hormonas vão regular a síntese da hormona do crescimento por exacerbação da

transcrição do gene. No fígado, vão regular o metabolismo dos hidratos de carbono e a

lipogénese. No coração, condicionam a produção de miosina, controlando assim a contração

cardíaca e o uptake de cálcio. No cérebro, regulam o desenvolvimento e diferenciação das

células cerebrais, daí que défice de hormonas especialmente durante a gestação possa promover

aparecimento de demência e de cretinismo, onde ocorre retardação mental irreversível

combinada com hipotiroidismo e síndrome neurológica53,54.

Défice de iodo – incidência no mundo

Apenas alguns países, como por exemplo a

Suíça, alguns países escandinavos, Austrália,

EUA e Canadá foram completamente “iodo-

suficientes” antes de 1990. Desde então muitos

foram os esforços feitos para que este número

aumentasse, havendo um plano estruturado por

uma coligação informal entre o International

Council for Control of Iodine Deficiency

Figura 2 – pormenor do interior do folículo, produção de hormonas tiróideas. [50]

Tabela 1 – proporção de défice de iodo na população, por zona geográfica, no geral e em crianças dos 6 aos 12 anos. [51]

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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(ICCIDD), a OMS, a Micronutrient Initiative e a UNICEF. Em 2007, a OMS estimou que quase

2 bilhões de pessoas têm uma ingestão insuficiente de iodo, incluindo um terço de todas as

crianças em idade escolar. A tabela 1 mostra a proporção de população, no geral e em particular

em crianças dos 6 aos 12 anos, por zona geográfica com défice de iodo.

Na tabela demonstra-se que a Europa é o local com maior deficiência de iodo: entre 50 a 100

milhões de pessoas encontram-se em risco de desenvolver desordens por défice de iodo57.

Estratégias estão já a ser estudadas: como a utilização de formulas de leite em pó enriquecidas

com iodo55.

Défice de iodo e seus efeitos

O nosso organismo contém 15-20 mg de iodo, sendo que

destes cerca de 70-80% estão na tiróide. Em situações de

deficiência crónica de iodo, a quantidade existente na

tiróide pode alcançar valores de 20 µg. Em áreas

deficientes em iodo, um adulto consome cerca de 60µg

de iodo por dia51,53,54. (Tabela 2).

Sendo que as hormonas da tiróide têm actividade em

muitos orgãos alvo, o seu défice promove muitas

situações de patologia. Uma das situações mais graves

advém de défice de iodo durante a gravidez, podendo

desencadear bócio, disfunção autoimune da tiróide ou afetar o desenvolvimento físico e

psicomotor do recém

nascido53,54. Estudos recentes

demonstram que pessoas com

défices moderados a graves de

iodo podem apresentar uma

redução de QI de 12,5 a 13,5

pontos, em comparação com

indivíduos com níveis de iodo

normais51.

Alimentos e suplementos

proibidos

A deficiência de iodo por

advir do bócio endémico mas

também de substâncias

provenientes da dieta

3

Tabela 2 – quantidades recomendadas de iodo/por dia, por faixa etária ou grupo populacional [51]

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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(denominados goitrogénicos), visto que estes interferem no metabolismo da tiróide ao

interferirem com a captação do iodo59,63. Alimentos como mandioca, feijão, batata doce estão

proibidos porque contêm compostos cianogénicos62 que se metabolizam em tiocianato que inibe

o transporte de iodo. Vegetais crucíferos, como brócolos, couve-flor, repolho, entre outros,

devem evitar-se também porque contêm glucosinolatos que competem com a captação de iodo

na tiróide62. Plantas do género Brassica (mostarda, nabo, entre outros) estão também

desaconselhadas porque contêm tionamida que bloqueia a iodonação. Por fim, substâncias

excitantes e/ou ricas em açucares refinados, como café, álcool, chá, refrigerantes, chocolate,

devem evitar-se para que não haja agravamento de sintomas promovidos pela desregulação da

tiróide. Quanto à soja60,61 e às isoflavonas de soja, estão também proibidos, visto que os

flavonóides vão afetar a atividade da tiróide peroxidase e os fitoestrogénios (das isoflavonas)

vão diminuir a ação periférica das hormonas tiróideas levando ao aumento da predisposição de

hipotiroidismo e bócio.

Para além dos alimentos goitrogénicos, a deficiência em alguns micronutrientes (ferro, selénio,

vitamina A, zinco, magnésio, entre outros) promove também alterações no metabolismo da

tiróide. Quanto ao ferro52, em caso de anemia por deficiência em ferro, este diminui a

concentração plasmática de T3e T4 tal como a conversão periférica de T4 a T3. Alguns estudos

mostram ainda que pode aumentar a circulação de TSH. Quanto ao selénio52,64, este associa-se a

proteínas denominadas selenoproteinas. A selenocisteína, por exemplo, é componente de duas

enzimas essenciais na função tiroidea: a iodotironina desiodinase, que atua na conversão de T4 a

T3, e a glutationa peroxidase (GPX) que protege o organismo contra a acumulação de H2O2

produzido durante a produção das hormonas. Por fim, a vit.A52 afecta o metabolismo tiroideo,

tendo efeito sobre a TSH produzida pela glândula pituitária. Na tiróide, a deficiência causa

Alimentos e suplementos aconselhados

Tendo em conta as deficiências alimentares referidas anteriormente, todos os alimentos que

promovam a síntese das hormonas tiróideas, que colmatem a deficiência nos micronutrientes,

e/ou que sejam adjuvantes na sintomatologia das patologias tiroideas, são aconselhados. Duas

das grandes intervenções feitas a nível internacional é a intervenção do sal iodado na

alimentação e o enriquecimento da água e do solo com iodo e/ou selénio56, isto porque, de uma

forma ou outra, toda a população mundial tem acesso. Alimentos ricos em iodo, carotenóides,

cálcio, minerais e selénio são preferenciais.

IODO MICRONUTRIENTES SELÉNIO CAROTENÓIDES

Peixe agua salgada

Óleo de peixe

Marisco

Algas gema de ovo

Sementes de chia

Quinoa real

Sementes de abóbora

Sementes girassol

Carnes vermelhas Cenoura

abóbora

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

35

A nível de suplementação, existentes à venda na farmácia, para além dos super-alimentos, como

clorella e chia, aconselha-se Selenium ACE extra, Bioactivo selénio, Betacaroteno, Magnésio,

Zinco, Potássio e iodo.

Estratégia de intervenção

Relativamente à alimentação e suplementação, realizei um trabalho sobre os cuidados a ter com

a alimentação nos doentes com disfunção na tiróide. Em cooperação com o Dr. Alexandre, no

dia do Hipotiroidismo, distribuímos um folheto onde constavam todos os alimentos e

suplementos recomendados e os proibidos. (ver anexo 5). Como sempre o objetivo do folheto

seria informar a população, especialmente os utentes de disfunções tiróideas, sobre quais os

alimentos e suplementos alimentares permitidos e os proibidos ou a evitar. Tal como aconteceu

na Homeopatia, na Farmácia Aliança a forma mais usada para informar a população é o folheto.

Mais uma vez foi essa a estratégia de intervenção, tendo havido também uma alusão ao tema na

pagina de Facebook da FA.

Conclusão/Discussão

Para além de termos conseguido dar algumas informações sobre este tema conseguimos também

chamar a atenção dos nossos utentes para a importância de uma alimentação cuidada,

equilibrada e funcional. Especialmente utentes com patologia tiróidea foram-se mostrando

muito interessados sobre o assunto, pedindo ajuda e conselhos sobre como melhorar a sua saúde

tratando da alimentação. Na minha opinião foi uma boa intervenção no seio da comunidade,

especialmente porque a FA é muito desenvolvida e preocupada com alimentação dietética,

super-alimentos e suplementos de fitoterapia.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Casoestudo3–envelhecimentoativo

Os utentes da FA, como já referi anteriormente, são em grande número idosos, sendo essencial

saber como falar com eles e como os tratar da melhor forma. Alguns destes são pessoas com

formação e com muita curiosidade em aprender como envelhecer bem. Assim, a pedido da CGD

e do seu pessoal, em cooperação com uma estagiária, realizei um trabalho sobre o processo de

envelhecimento, em que consiste, e formas de conseguir fazê-lo de uma forma ativa. Por fim,

em Abril, apresentámos uma palestra com todos os dados recolhidos a fim de ajudar os nossos

utentes a envelhecer com qualidade de vida. Perante as proporções que o envelhecimento

populacional está a atingir, o principal desafio que se impõe hoje às sociedades consiste em

permitir que as pessoas não só morram o mais tardiamente possível, como também disfrutem de

uma velhice com qualidade de vida.

Revisão Bibliográfica

O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos

nossos grandes desafios. Ao entrarmos no século XXI, o envelhecimento global causará um

aumento das demandas sociais e econômicas em todo o mundo. No entanto, as pessoas da 3ª

idade são, geralmente, ignoradas como recurso quando, na verdade, constituem recurso

importante para a estrutura das nossas sociedades75. Segundo a OMS, idoso é todo o indivíduo

com idade igual ou superior a 60 anos. Durante o processo de envelhecimento, os idosos passam

por um processo de senescência – “processo contínuo e irreversível [que] traz consigo a

diminuição física, mental e social”69 podendo em alguns casos levar mesmo à senilidade, onde a

“degenerescência se associa a doenças crónicas, síndromes típicos da velhice e à desorganização

biológica que pode acometer os idosos”69. Assim, “se quisermos que o envelhecimento seja uma

experiência positiva, uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de

saúde, participação e segurança. A Organização Mundial da Saúde adotou o termo

“envelhecimento ativo” para expressar o processo de conquista dessa visão”75. Este é, segundo a

OMS (2002) um “processo de otimização de oportunidades para a saúde, participação e

segurança, no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento”. Existe uma

grande variabilidade de fatores que determinam o envelhecimento ativo, como fatores sociais,

pessoais, comportamentais, ambientais, económicos, de saúde e sociais. Assim, muitos são os

fatores que podem ser modelados para se viver melhor. Para além destes surge ainda um

essencial: estilo de vida e alimentação/suplementação.

“No contexto das consequências e desafios que a maior longevidade acarreta, a Organização

Mundial da Saúde adotou, no final dos anos 90 (século XX), o paradigma “Envelhecimento

Ativo”, entendido como processo de cidadania plena, em que se otimizam oportunidades de

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

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Figura 4 – progressão do envelhecimento populacional, por ano. Verifica-se que anualmente o numero de idosos aumenta, tendo tendência a continuar a aumentar. [71]

participação, segurança e uma maior qualidade de vida à medida que as pessoas vão

envelhecendo”68. Neste sentido, o envelhecimento ativo exige uma abordagem multidimensional

e constitui um desafio para toda a pessoa e para a sociedade. Permite que as pessoas percebam o

seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas

pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao

mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários74.

Assim, as pessoas mais velhas teriam que estar integrados como membros ativos na sociedade

onde vivem. A forma como se envelhece depende da forma como se prepara a velhice. Durante

toda a vida deve adotar-se comportamentos benéficos pois estes irão refletir-se na fase final da

vida. Sem saúde é mais difícil participar e a falta de participação, envolvimento e

reconhecimento social prejudicam a saúde e favorecem a depressão, o isolamento e a doença.

Tem que haver modulação do estilo de vida, quer ao nível biológico, intelectual e emocional. A

promoção da saúde – através da atividade física regular, de uma atividade mental estimulante,

de uma alimentação mais rica em fruta, legumes, fibras e peixe, com pouco sal e pouco açúcar,

sem abuso de bebidas alcoólicas ou outras substâncias nocivas e sem tabaco –, a par de uma

vida afetiva e de relações sociais equilibradas, fraternas, caridosas e satisfatórias, e de uma

adequada gestão do stresse, fazem ganhar anos à vida e qualidade de vida para os anos que se

ganham.

Idosos em Portugal

Segundo o Instituto Nacional de estatística70,71, o abrandamento do crescimento populacional no

nosso país mantém-se, assim como a tendência para o envelhecimento demográfico (como

resultado do declínio da fecundidade e do aumento da longevidade). Segundo a mesma fonte, a

população residente em Portugal

tenderá a diminuir até 2060,

passando de 10,5 milhões, em

2012, para 8,6 milhões, em 2060.

(projeções realizadas pelo INE).

Para além do declínio populacional,

esperam-se alterações da estrutura

etária da população, resultando

num continuado e forte

envelhecimento demográfico, como

já ocorreu até aqui. Assim, entre 2012 e

2060, o índice de envelhecimento aumenta de 131 para 307 idosos por cada 100 jovens.

Portugal, de acordo com os Censos 2011, apresenta um quadro de envelhecimento demográfico

bastante acentuado, com uma população idosa (pessoas com 65 e mais anos) de 19,15%, uma

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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população jovem (pessoas com ≤ 14 anos) de 14,89% e uma esperança média de vida à

nascença de 79,2 anos. Prevê-se que, em 2050, haja 35,72% de pessoas com ≥65 anos e 14,4%

de crianças e jovens, apontando a longevidade para os 81 anos. Dados publicados pela United

Nations, Word Population Ageing, 1950-2050 –Economic and Social Affairs, 2001 apontam,

ainda, para a existência, em Portugal, de 300 pessoas com 100 ou mais anos, prevendo-se que

em 2025 esse número ascenda aos 1.800 e, em 2050, atinja 6.400 pessoas.

O processo de envelhecimento

O envelhecimento saudável, como já referi anteriormente, implica manutenção da

funcionalidade fisiológica, da autonomia das atividades e do grau de independência do

indivíduo. Por outro lado, estas dependem das doenças físicas e/ou mentais, da associação de

duas ou mais patologias e/ou de pequenas dificuldades funcionais. Tendo em conta estes fatores,

um idoso pode ser física e psicologicamente ativo ou não. Quando o individuo se permite viver

no isolamento, em plena solidão e/ou em estado depressivo, por medo do envelhecimento ou do

que dele advém, torna-se um individuo isolado, incapaz de se relacionar com os seus iguais e de

viver em sociedade. Se por outro lado, o idoso promover a sua saúde e a dos que o rodeia,

continuar a praticar as suas atividades diárias e procurar passar tempo de qualidade com a sua

família e amigos, vai ser um idoso pró-ativo.

A “meia-idade” surge assim como uma etapa de preparação para o processo de envelhecimento.

Aqui, os indivíduos têm de começar a preparar a sua vida para conseguirem envelhecer com

qualidade. Assim, o envelhecimento ativo baseia-se numa intervenção multidisciplinar, com

rearranjos nos planos biológico, psicológico e social. No plano biológico, a chave é evitar as

doenças que habitualmente surgem com a idade: diabetes, dislipidémia, doenças cardíacas,

osteoporose, hipertensão arterial, depressão ou demência. Aconselha-se assim a que o idoso

promova um estilo de vida saudável, com exercício físico regular para combater a osteoporose o

excesso de peso e a perda de massa muscular, alimentação adequada, níveis de açúcar,

colesterol e tensão normais e diminuir o stress.

Recomenda-se assim aos idosos a vigiar a HTA, as doenças cardíacas e o colesterol; não comer

em excesso, com consumo limitado de sal; a comer frutos, vegetais e cereais integrais,

complementando a alimentação com a suplementação adequada às necessidades de cada um. A

prática de exercício físico regular e cumprimento das consultas e exames de rotina é essencial.

Envelhecimento celular – processo fisiológico

O processo de envelhecimento advém do stress oxidativo ao nível celular. Durante o

metabolismo celular, o organismo produz radicais livres que podem ser ou não danosos para o

próprio organismo. A maioria dos radicais livres provém do próprio metabolismo celular, outros

são gerados devido à exposição do corpo a agentes externos como fumo, poluição,

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

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medicamentos, radiação eletromagnética ou bebidas alcoólicas. Estes radicais livres são

substancias químicas muito reativas que podem danificar todo o tipo de molécula, inclusive o

DNA, ao qual se pode ligar e formar adutos, levando à morte celular.

A oxidação e dano oxidativo têm sido sugeridos na etiologia de diversas doenças, incluindo o

cancro e a doença cardiovascular, ou até no processo de envelhecimento, cutâneo, cerebral e/ou

cardiovascular. Vários estudos têm demonstrado que o corpo humano pode colmatar o stress

oxidativo utilizando substâncias antioxidantes exógenas, presentes na alimentação ou até em

suplementos alimentares76,77.

Antioxidantes - Alimentos e suplementos como fontes de antioxidantes

Os antioxidantes são a principal arma de combate contra os radicais livres: podem impedir a

formação dos radicais ou impedir o seu ataque, evitando o aparecimento de lesões nas células,

podendo ainda reparar as lesões causadas previamente pelos radicais. Os antioxidantes mais

referidos na literatura são a vitamina C, E e A (carotenóides), flavonóides, tocoferóis e ácidos

fenólicos72,73,78.

Quanto à vitamina E, sendo lipofílica, é um dos melhores antioxidantes para proteção das

membranas celulares. Protege as gorduras da oxidação, incluindo as presentes nas lipoproteínas

de baixa densidade (LDL)72,78. Esta está presente em grãos e sementes oleaginosas, como

gérmen de trigo, sementes de girassol, frutos secos e em alguns tipos de peixe. A vitamina C,

presente nas frutas cítricas, é solúvel em água, atuando no interior das células. Atua muitas

vezes sinergicamente com a vitamina E72. A Vitamina A, o β- caroteno e os carotenóides em

geral surgem na literatura como os melhores sequestradores de radicais de oxigénio72. Estes

compostos surgem em alimentos como mamão, cenoura, abóbora, manga e em vegetais de folha

escura, como espinafres, couves, chicória ou agrião. Os Flavonóides80, como o ácido cafeico,

ácido gálico, elágico, quercetina, entre outros. Estes existem no vinho tinto, nos frutos

vermelhos, em chá e café. Existem em grandes quantidades na maçã, nas uvas, morangos81 e

nozes. Estes podem inibir a peroxidação lipídica e inativar os radicais livres. Por fim, os ácidos

fenólicos81 surgem como

sequestradores de radicais

e, alguns vezes, como

quelantes de metais,

agindo tanto na etapa de

iniciação como na

propagação do processo

oxidativo. Surgem em

grande quantidade no alecrim e nos orégãos. Tabela 4 – frutas e plantas ricas em antioxidantes

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

40

Para além de toda a alteração na alimentação, surge ainda a importância da suplementação no

controlo do envelhecimento cardiovascular e cerebral. Quanto ao primeiro, as gorduras, como

os ómegas 3, 6 e ácido linolénico, são fulcrais no combate às patologias cardiovasculares. Estes

diminuem o mau colesterol, previnem eventos trombóticos, previnem a aterosclerose81 e

controlam a hipertensão. Os ácidos gordos ómega 3 e 6, respetivamente, estão presentes em

peixes gordos de água fria83,84 (salmão, cavala, atum, bacalhau) e em óleos vegetais (azeite,

nozes), e em sementes de soja, no óleo de sementes de abóbora. A suplementação de ómega 3

(DHA) tem também efeito sobre o envelhecimento cerebral, visto que melhora a comunicação

entre as células nervosas. No que ao envelhecimento cerebral diz respeito, aconselha-se a

suplementação com lecitina de soja, ginkgo biloba, fosfatidilserina e coenzima Q10.

Lecitina de soja – Ajuda a combater o envelhecimento celular prematuro, melhorando a

memoria e as capacidades cognitivas. Ajuda em alguns casos de fadiga mental. A lecitina, ou

fosfatidilcolina, é um fosfolípido presente na estrutura das membranas celulares e das células

cerebrais. É um percursor da acetilcolina. Assim, ao suplementar com lecitina, estamos a

estimular a produção de Ach, melhorando a comunicação entre as células neuronais85.

Fosfatidilserina88 – tal como a fosfatidilcolina, é um fosfolipido que existe em elevadas

concentrações no cérebro, aspecto que diminui com a idade. É também um precursor da Ach.

Permite ainda as células cebebrais metabolizarem a glucose e estimula a produção de dopamina.

É, pois, importante no processo de aprendizagem, em necessidades de estímulo da memória e

em estados depressivos.

Ginkgo biloba74 –Trata toda a isquemia, cerebral ou periférica, porque melhora o fluxo

sanguíneo. Usada para tratamento de microvarizes, úlceras varicosas, cansaço das pernas, artrite

dos membros inferiores. Usada em casos de vertigem, por baixo aporte de oxigénio ou relativo a

desordens no sistema vestibular e auditivo. Dados clínicos e experimentais mostram a eficácia

deste extrato no tratamento de zumbidos, vertigens, tonturas e outros sintomas de desordens

vestibulococleares. Tratamento nos processos vasculares degenerativos. Não indicado para

utentes com anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários na farmacoterapia.

Coenzima Q1085,86 – é um antioxidante endógeno, sendo uma enzima essencial na

metabolização da glucose para síntese de ATP. A concentração de coenzima Q10 diminui com a

idade, o que leva a fadiga física e mental. Ao suplementar com coenzima Q10 estamos a

colmatar o défice normal da idade, aumentando assim a energia do utente.

Importa referir que a suplementação tem que ser sempre muito estudada e planeada, a fim de

não surgirem incompatibilidades com a medicação crónica do utente em questão e/ou algumas

intolerâncias. Só assim conseguimos promover a adesão à terapêutica e fidelizar os utentes.

Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

2013/2014

41

Estratégia de intervenção

O processo de envelhecimento é algo inevitável, lento, previsível, geneticamente programado. É

um processo cronológico que ocorre progressivamente e pode ser determinado por factores

internos e externos, como poluentes, tabaco, ma alimentação ou até radiações. Assim, a única

forma de o contrariar é sabendo como e quando actuar. Antioxidantes para contrabalançar com

os radicais livres, boa alimentação e exercício físico, controlo de patologias crónicas, entre

outras, são estratégias para se conseguir viver mais e melhor.

Desta forma, e para ensinar a população a construir uma boa velhice, em cooperação com uma

colega estagiária, fizemos em Abril uma ação de formação (ver anexo 6) sobre “Envelhecimento

ativo” para o pessoal do CGD. Com a ajuda da Drª Sónia, realizámos um palestra onde

explicávamos o processo de envelhecimento e indicávamos estratégias para o contrariar. Esta

foi realizada num local cedido pelo banco e era destinada a todo o pessoal do CDG, em especial

na faixa etária dos 45-65 anos. A mais-valia deste trabalho foi estar muito bem explícito todos

os suplementos/produtos necessários para contrariar o envelhecimento ou pelo menos colmatá-

lo.

Ao dar-se a conhecer à população os riscos que correm nestas idades, o que fazer para colmatar

o processo de envelhecimento e como modelar as suas vidas a fim de minorar os efeitos do

envelhecimento, conseguimos não só ajudar a população mas também apelar à importância de

uma boa alimentação e estilo de vida adequado e à aquisição de suplementos alimentares. Mais

uma vez estes suplementos não são vendidos indiscriminadamente, fazendo o farmacêutico uma

analise multidisciplinar de toda a situação, patológica ou não, do utente.

Conclusão/Discussão

Tendo em linha de conta o contínuo envelhecimento da população e o interesse que as pessoas

têm de envelhecer bem e cada vez com mais qualidade de vida, era imperativo dar a conhecer

estratégias para o fazer. Assim, a meu ver, esta palestra foi uma ótima estratégia de intervenção,

especialmente para o grupo a quem foi direcionada, empregados bancários, ainda no activo e

com todo o interesse em aprender como colmatar o processo natural de envelhecimento.

Envelhecer não tem que significar perda de atividade, isolamento e solidão. Envelhecer é cada

vez mais a possibilidade que a vida dá de ser apreciada com toda a sabedoria que os anos

vividos trazem. Assim, foi gratificante, explicar e ajudar estes nossos utentes, a viver mais e

melhor.

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[30] Ministério da Justiça. Decreto-Lei nº 13/2012 - Regime jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos. Diário da República. 26 de março

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AnexosAnexo 1 - Facebook da Ortopedia Aliança – Pequeninos e Companhia

ALMOFADA MIMOS O seu filho tem a cabeça com formato irregular? Talvez esteja a desenvolver uma deformação craniana!

Deformação craniana é qualquer deformação ou alteração do crescimento da cabeça do bebé que se pode desenvolver durante os primeiros 6 meses de vida, por pressões externas (parto, excesso tempo deitado, etc) , flexibilidade do crânio ou até rápido crescimento. Estas deformações são consideradas normais e em muitos casos, os bebés recuperam rapidamente em poucas semanas mas, noutros casos, não é possível recuperar total ou parcialmente da deformação.

É essencial prevenir!

COMO PREVENIR?Atualmente, estão à venda no mercado, as Almofadas Mimos. Estas têm características muito especiais e tornam-se cada vez mais essenciais nos primeiros tempos de vida do bebé! A almofada Mimos oferece um bom suporte do crânio e nuca do bebé em situações em que o bebé se encontra deitado durante muito tempo.

MENOS PRESSÃO: A almofada tem uma cavidade no centro que permite um melhor ajuste à cabeça, aumentando a superfície de contacto desta. Assim, a pressão exercida sobre ela divide-se e torna-se menos prejudicial, podendo o cérebro e o crânio crescer normalmente.

MENOR RISCO DE ASFIXIA - A almofada tem uma estrutura tridimensional de poliéster, deixando 94% do espaço livre para a circulação do ar. Assim, caso o bebé se vire ou a almofada lhe cobrir a cara, o bebé consegue continuar a respirar através dela.

NÃO LIMITA MOVIMENTOS - Esta almofada permite liberdade total de movimentos ao bebé, reforçando assim a musculatura do pescoço.

A SUPLEMENTAÇÃO COM ÁCIDO FÓLICO?

No primeiro trimestre da gestação todas as necessidades da mãe se encontram aumentadas para nada faltar ao bebé. Suprir as necessidades do rebento e as suas é o mais importante. Ácido fólico, vitaminas D,C,E, do complexo B, como a B6 e a B12 assim como o zinco, ferro, selénio, cálcio, iodo são essenciais para que toda a gravidez corra sem sobressaltos.

Entre os dias 18 e 26 do período embrionário, o tubo neural fecha e dá origem à coluna vertebral. Para além disto, as necessidades de sangue aumentam e a capacidade de produção e reparação do DNA estão também aumentadas. É aqui que entra o Ácido Fólico, para prevenir malformações e anemias.

O ácido fólico está indicado especialmente na prevenção das malformações do tubo neural, como a anencefalopatia (ausência parcial do encéfalo ou do crânio) ou como a espinha bífida (espinal medula exposta que pode provocar danos nos nervos do sistema nervoso central).

Quando começar?

Alimentos ricos em ácido fólico – mulheres em idade reprodutiva devem começar o quanto antes para suprir as necessidades caso ocorra uma gravidez inesperada. Cereais integrais, leguminosas, vegetais de folha verde. Os vegetais devem ser consumidos crus para não perderem o nutriente. Exemplos: feijão, vagens, favas, lentilhas, espinafres, espargos, brócolos, abacate, abóbora, gema de ovo, germe de trigo, peixe e em sumos frescos de frutas cítricas como a laranja e limão.

Medicação com ácido fólico – 3 meses antes da concepção (no máximo 1 mês antes, 4 mg/dia durante o primeiro trimestre). Toma diária do medicamento com ácido fólico

MAMILOS GRETADOS: cuidados antes, durante e após – realizado em cooperação com a colega Drª Sofia (estagiária)

Anexo 2 -Folheto Homeopatia

Anexo 3

Homeopatia: verdade ou mentira?

Segurança - Todos podem tomar Homeopatia? Sim. Pessoas de todas as idades podem tomar medicamentos homeopáticos. Isto inclui recém-nascidos, crianças pequenas, grávidas e lactentes, idosos e pessoas a fazerem outro tipo de tratamentos em simultâneo. Os medicamentos homeopáticos não têm toxicidade química, contra-indicações, interações com outros medicamentos nem efeitos adversos conhecidos relacionados com a quantidade ou sobredosagem. Mesmo os animais podem ser tratados com homeopatia. Aplicações - Que doenças se podem tratar com homeopatia? A homeopatia oferece uma solução para as doenças mais comuns, tais como constipações, febre, estados gripais, dor de garganta, enjoos, má disposição ou o nascimento de um dente. Pode ser usada também para o tratamento de doenças crónicas ou recorrentes, tais como alergias, eczemas, asma ou distúrbios do sono. E ainda, como um tratamento complementar após lesões, cirurgias ou no pós-parto e para melhorar a tolerância à vacinação, aos antibióticos ou aos tratamentos de doenças graves, por exemplo, quimioterapia e radioterapia suprimindo alguns dos seus efeitos indesejáveis. Rapidez de actuação - Os medicamentos homeopáticos actuam rapidamente? Sim. Nas situações agudas ocasionais têm um efeito tanto mais rápido quanto mais cedo se iniciar o tratamento logo aos primeiros sintomas e quanto mais repetidas forem as tomas (por vezes o conselho pode ser tomar 2 ou 3 grânulos de hora a hora). Claro que nos quadros crónicos como asma, alergias ou enxaquecas o tratamento poderá ser mais demorado mas não menos eficaz. Prevenção - A homeopatia também é eficaz na prevenção? Sim. A homeopatia pode evitar a contracção de algumas doenças para as quais se está exposto ou mais predisposto. Um tratamento homeopático adequado pode limitar a ocorrência de algumas doenças típicas de inverno, como a gripe e as constipações ou de patologias de verão, como por exemplo, as alergias sazonais. No caso das situações crónicas ou recorrentes a homeopatia actua ao nível da prevenção através da redução da intensidade das crises bem como da frequência das recidivas limitando a gravidade destas condições crónicas. Interacções - Os tratamentos homeopáticos e alopáticos são compatíveis? Sim. Não há contra-indicações nem interacções medicamentosas que limitem o uso simultâneo de medicamentos homeopáticos e outros medicamentos. Diabetes - Os diabéticos podem usar homeopatia? Sim. Grânulos e glóbulos são fabricados com sacarose e lactose, no entanto, uma toma diária de, por exemplo, 20 grânulos (5 grânulos, 4 vezes por dia) contem 1 grama de açúcar, aproximadamente1/5 de um pacote de açúcar. Uma dose de glóbulos contém também, apenas, 1 grama de açúcar.

Anexo 4

O laboratório de Homeopatia [37]

Segundo o DL n.º 94/95, de 9 de maio, para que haja permissão para fabrico dos produtos farmacêuticos homeopáticos, é necessário os titulares de autorização de fabrico dos produtos farmacêuticos homeopáticos disponham de direcção técnica que, de forma permanente e contínua, assegure a qualidade do produto. Assim, qualquer Farmácia pode produzir produtos manipulados homeopáticos. É, inclusive, uma óptima opção para a subsistência das farmácias actuais. Sendo que poucos são as empresas farmacêuticas a produzir medicamentos homeopáticos, existe um nicho do mercado que os farmacêuticos de oficina podem colmatar. Nós, enquanto técnicos do medicamento, temos formação para realizar qualquer tipo de manipulados. E os homeopáticos não são exceção. O laboratório de Homeopáticos deve ser um local isento de odores fortes e com ventilação adequada.

1.1. MATERIAL 1.1.1. Equipamentos

Obrigatórios – alcoolómetro de Gay-Lussac, sistema de obtenção de água purificada, balança de precisão com duas casas decimais (de uso exclusivo) e uma estufa(ou autoclave) Deve existir ainda, para haver mais produtividade e eficácia na produção, um succionador/dinamizador, um empregnador e uma estufa (para evitar qualquer tipo de contaminação).

1.1.2. Excipientes e Veículos Os veículos são excipientes utilizados para preparar certas bases homeopáticas ou para realizar desconcentrações. Pode tratar-se, por exemplo, da água purificada, do etanol de título apropriado, da glicerina ou da lactose.

Os veículos satisfazem às exigências das monografias da Farmacopeia Portuguesa.

Água purificada. Apósitos inertes (gaze e outros). Bases ou insumos para linimentos. Bases ou insumos para cremes, géis, géis-creme, loções, pomadas e supositórios. Bases ou insumos para pós medicinais. Bases ou insumos para xaropes. Comprimidos inertes. Insumos ou adjuvantes farmacotécnicos para formas farmacêuticas sólidas. Etanol a 96% (v/v) e suas diluições. Glicerol (glicerina) e suas diluições. Glóbulos e microglóbulos inertes ou insumos para prepará-los. Lactose. Sacarose. Tabletes inertes.

1.1.3. Matérias primas As matérias-primas utilizadas no fabrico das preparações homeopáticas podem ser de origem natural ou sintética. No caso de matérias-primas de origem animal ou humana, são tomadas medidas apropriadas para reduzir o risco ligado à presença de agentes infecciosos, nomeadamente vírus, nas preparações homeopáticas.

As matérias-primas de origem vegetal, animal ou humana podem ser utilizadas no estado fresco ou secas.

Nos casos apropriados, as matérias-primas utilizadas no estado fresco podem ser conservadas congeladas. As matérias-primas de origem vegetal satisfazem às exigências da monografia «Fármacos vegetais para preparações homeopáticas».

Nos casos justificados e autorizados para o transporte ou para o armazenamento, as matérias-primas frescas vegetais podem ser conservadas em etanol a 96 por cento, desde que a totalidade da matéria prima e do etanol a 96 por cento seja utilizada no fabrico.

As matérias-primas satisfazem às exigências das monografias da Farmacopeia Portuguesa.

As matérias primas dão posteriormente origem às tinturas-mãe que vão posteriormente ser utilizadas nas diluições/dinamizações. Estas tinturas são habitualmente preparadas por maceração, em água, álcool ou glicerina, consoante a sua origem.

1.1.4. Material de acondicionamento e embalagem Preparação e armazenamento de medicamentos Vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (6.1) FB 5. Dispensação de medicamentos Vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (6.1) FB 5. Plástico: branco leitoso de polietileno, polipropileno (6.2.1) FB 5 e policarbonato. Papel: papel manteiga ou outro papel semitransparente com baixa permeabilidade a substâncias gordurosas. Blister. Sachê.

1.1.5. Acessórios Tampas: polietileno ou polipropileno. Batoques: polietileno ou polipropileno. Cânulas: vidro, polietileno, polipropileno ou policarbonato. Bulbos: látex, silicone atóxico ou polietileno. Gotejadores: polietileno ou polipropileno.

1.2. Lavagem e inactivação Frascos de vidro novos: 1. Lavar com água quente corrente para remover o desmoldante 2. Lavar com água destilada 3. Inativar para esterilizar (estufa ou autoclave)

Frascos de vidro usados: Tinturas: 1. Lavar individualmente com álcool a 70º com escovação 2. Enxaguar com água destilada 3. Inativar ou esterilizar 4. Voltar a usar apenas para tintura Medicamentos: 1. Lavar com água corrente 2. Enxaguar com água destilada

3. Inativar ou esterilizar Almofariz, espátula: Água corrente, ferver com água destilada (30’) e inactivar Tampas plásticas: 1. Água corrente, enxaguar em água destilada. 2. Imergir em álcool a 70º (2 horas) 3. Secar à TA ou em estufa a 36º.

Material Reutilizável: 1. Imergir em hipoclorito de sódio a 1% (2 horas) 2. Lavar com água corrente e enxaguar com água destilada 3. Esterilizar.

1.3. Rotulagem e folheto informativo O fabricante e o importador de produtos farmacêuticos homeopáticos são responsáveis pela inclusão na embalagem exterior, no recipiente e no folheto informativo de indicações escritas em língua portuguesa sobre as características e precauções a observar no uso do produto

A rotulagem e o folheto informativo dos produtos homeopáticos estão legislados no Decreto-Lei Nº 94/95, de 9 de Maio e obrigam a existência dos seguintes critérios:

• Denominação científica (em latim) das matérias-primas e grau de diluição; • Nome e endereço do responsável pela introdução do produto homeopático no mercado; • Modo de administração, prazo de validade e forma farmacêutica; • Precauções específicas de conservação; • Advertências especiais; • Número do lote e número de registo; • Caso se trate de um produto farmacêutico homeopático tem de dizer “Sem indicações

terapêuticas aprovadas”, uma vez que para um produto homeopático ser introduzido no mercado como produto farmacêutico homeopático uma das suas especificações é não ter indicações terapêuticas. Se pelo contrário for um medicamento homeopático deve seguir a mesma rotulagem que qualquer outro medicamento e como tal têm uma aplicação terapêutica específica;

• Aviso aconselhando a consultar um médico ou um farmacêutico caso os sintomas persistam.

Anexo 5 – Folheto do Dia do Hipotiroidismo

Anexo 6 - Ação de Formação – Envelhecimento ativo