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VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 2 · ABRIL- MAIO - JUNHO DE 2012 Vigo merece algo melhor Vigo é umha cidade importante, um encla- ve estratégico para o país. Controlar Vigo é poder manipular e jogar com um terço da economia nacional da Galiza. As forças políticas do sistema conhecem e sabem da sua enorme importância. Esta é umha das razons das permanentes pugnas que mantenhem por mais quota de poder. Caballero e Feijó jogam as suas cartas como bons batoteiros. O tapete é Vigo e as vizinhas e vizinhos somos as fichas. Mas também, Santi Dominguez quer jogar na primeira divisom da demagogia políti- ca. Desde finais do mês de março, as vigue- sas e vigueses contamos com um novo orçamento municipal para este ano. Che- gou com só três meses de atraso após o vergonhento pacto assinado polo BNG com o PSOE. Abel Caballero logrou umha vitória política ao conseguir in extremis um acordo com Santi Dominguez para sua aprovaçom. À margem de questons meramente se- cundárias e outras banalidades de mero marqueting político, o BNG respaldou uns orçamentos regressivos e lesivos para o povo trabalhador de Vigo. De que serve que Abel Caballero aceite empregar exclusivamente o logótipo da Cámara Municipal na publicidade das obras da cidade, algo obrigatório por lei-, e maquilhe algumha partida social em prol do emprego, quando ratifica os subsídios milionários a empresas privadas como AQUALIA ou VITRASA, companhias aére- as como Vueling ou esbanjamentos de re- cursos públicos na iluminaçom do natal? O governo de Caballero é um governo ne- gativo para a classe trabalhadora de Vigo. O apoio do BNG aos orçamentos conver- te-o em cúmplice da sua política neoliberal e antigalega. Ter mudado o destino de 8 milhons de euros num orçamento de mais de 220 milhons nom justifica dar oxigénio à prepotência de um alcaide que governa para a burguesia, para os interesses em- presariais, e despreza o sentir da maioria da populaçom. Contrariamente às declaraçons realizadas para justificar o injustificável, o BNG deu um cheque em branco ao PSOE para que siga aplicando políticas contrárias às ne- cessidades e prioridades do povo traba- lhador viguês. Obviamente, para o BNG este orçamen- to nom é nada alheio nem surpreendente pois estivérom governando em bipartido quatro anos com o PSOE, e daquela im- plemetavam similares políticas. Curiosa- mente, também tinham um logótipo pró- prio: “Tenência de alcaldia de Vigo”. Nas últimas semanas, promovida polo PP constituiu-se a grande área metropolitana, sem aprovaçom do povo, sem consulta prévia, sem nada, simplesmente é outra formula mais da burguesia para o controlo e a especulaçom, para poder reduzir des- pesas e aumentar o ganho. Umha área que poderia ser muito útil para tod@s, fazendo melhorar as comu- nicaçons entre as comarcas mediante um comboio de proximidade, ou partilhando recursos naturais para tentar melhorar as nossas condiçons de vida. Porém, cria-se umha área metropolitana para que o se- nhor Feijó e o seu partido poda controlar as maos do alcaide de Vigo. Sim, este é o panorama que temos em Vigo. Mas os vigueses e as viguesas nom nos merecemos esta casta política, pois nom somos umha mercadoria com a que podam jogar. Os velhos partidos políticos luitam polos seus interesses, que eviden- temente nom som os nossos. Nom podemos seguir comungando com rodas de muinho. Com unidade popular temos a suficiente força para poder mu- dar esta situaçom. Estamos fartas de cor- ruptos e especuladores que velem polos seus interesses. O povo trabalhador em geral, a classe obreira em particular, tem que colher o leme de um barco que esta a piques de afundir-se, temos que sair a rua, berrar, organizar-nos, reivindicar e construir alternativas: porque a luita é o único caminho. Entrevista Meli e Toñi de Voces polo Litoral de Teis Vigo adere maciçamente à Greve Geral Junta ameaça com instalar incineradora de lixo em Vigo Grave abandono dos serviços públicos Os nomes de Vigo Polícia Local contra feministas Conhecemos de primeira mao a sua experiência e perspetivas futu- ras após doze anos de luita. Sindicatos começárom já a se mo- bilizar em resposta à agressiva re- formal laboral que o governo espa- nhol acaba de aprovar seguindo as diretrizes da burguesia. Após a contestaçom social no Irijo, o nosso município figura entre as alternativas para instalar esta plan- ta contaminante. Vizinhança das paróquias e uten- tes dos hospitais públicos somam- -se à denúncia do deficiente esta- do dos serviços públicos geridos pola Junta e o Concelho. Artigo de opiniom de Xavier Mo- reda sobre a toponímia tradicional viguesa. Agentes municipais acossam mi- litantes feministas enquanto reali- zam propaganda na rua. Página 2 Página 2 Página 3 Página 3 Página 4 Página 3 1º DE MAIO: POR UMHA GREVE GERAL DE 48 HORAS SUMÁRIO

Faro Obreiro nº2

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Vozeiro comarcal de NÓS-UP em Vigo

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Page 1: Faro Obreiro nº2

VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 2 · ABRIL- MAIO - JUNHO DE 2012

Vigo merece algo melhorVigo é umha cidade importante, um encla-ve estratégico para o país. Controlar Vigo é poder manipular e jogar com um terço da economia nacional da Galiza. As forças políticas do sistema conhecem e sabem da sua enorme importância. Esta é umha das razons das permanentes pugnas que mantenhem por mais quota de poder.

Caballero e Feijó jogam as suas cartas como bons batoteiros. O tapete é Vigo e as vizinhas e vizinhos somos as fichas. Mas também, Santi Dominguez quer jogar na primeira divisom da demagogia políti-ca.

Desde finais do mês de março, as vigue-sas e vigueses contamos com um novo orçamento municipal para este ano. Che-gou com só três meses de atraso após o vergonhento pacto assinado polo BNG com o PSOE. Abel Caballero logrou umha vitória política ao conseguir in extremis um acordo com Santi Dominguez para sua aprovaçom.

À margem de questons meramente se-cundárias e outras banalidades de mero marqueting político, o BNG respaldou uns orçamentos regressivos e lesivos para o povo trabalhador de Vigo.

De que serve que Abel Caballero aceite empregar exclusivamente o logótipo da Cámara Municipal na publicidade das obras da cidade, algo obrigatório por lei-,

e maquilhe algumha partida social em prol do emprego, quando ratifica os subsídios milionários a empresas privadas como AQUALIA ou VITRASA, companhias aére-as como Vueling ou esbanjamentos de re-cursos públicos na iluminaçom do natal?

O governo de Caballero é um governo ne-gativo para a classe trabalhadora de Vigo. O apoio do BNG aos orçamentos conver-te-o em cúmplice da sua política neoliberal e antigalega. Ter mudado o destino de 8 milhons de euros num orçamento de mais de 220 milhons nom justifica dar oxigénio à prepotência de um alcaide que governa para a burguesia, para os interesses em-presariais, e despreza o sentir da maioria da populaçom.

Contrariamente às declaraçons realizadas para justificar o injustificável, o BNG deu um cheque em branco ao PSOE para que siga aplicando políticas contrárias às ne-cessidades e prioridades do povo traba-lhador viguês.

Obviamente, para o BNG este orçamen-to nom é nada alheio nem surpreendente pois estivérom governando em bipartido quatro anos com o PSOE, e daquela im-plemetavam similares políticas. Curiosa-mente, também tinham um logótipo pró-prio: “Tenência de alcaldia de Vigo”.

Nas últimas semanas, promovida polo PP constituiu-se a grande área metropolitana,

sem aprovaçom do povo, sem consulta prévia, sem nada, simplesmente é outra formula mais da burguesia para o controlo e a especulaçom, para poder reduzir des-pesas e aumentar o ganho.

Umha área que poderia ser muito útil para tod@s, fazendo melhorar as comu-nicaçons entre as comarcas mediante um comboio de proximidade, ou partilhando recursos naturais para tentar melhorar as nossas condiçons de vida. Porém, cria-se umha área metropolitana para que o se-nhor Feijó e o seu partido poda controlar as maos do alcaide de Vigo.

Sim, este é o panorama que temos em Vigo. Mas os vigueses e as viguesas nom nos merecemos esta casta política, pois nom somos umha mercadoria com a que podam jogar. Os velhos partidos políticos luitam polos seus interesses, que eviden-temente nom som os nossos.

Nom podemos seguir comungando com rodas de muinho. Com unidade popular temos a suficiente força para poder mu-dar esta situaçom. Estamos fartas de cor-ruptos e especuladores que velem polos seus interesses. O povo trabalhador em geral, a classe obreira em particular, tem que colher o leme de um barco que esta a piques de afundir-se, temos que sair a rua, berrar, organizar-nos, reivindicar e construir alternativas: porque a luita é o único caminho.

Entrevista Meli e Toñi de Voces polo Litoral de Teis

Vigo adere maciçamente à Greve Geral

Junta ameaça com instalar incineradorade lixo em Vigo

Grave abandono dos serviços públicos

Os nomes de Vigo

Polícia Local contra feministas

Conhecemos de primeira mao a sua experiência e perspetivas futu-ras após doze anos de luita.

Sindicatos começárom já a se mo-bilizar em resposta à agressiva re-formal laboral que o governo espa-nhol acaba de aprovar seguindo as diretrizes da burguesia.

Após a contestaçom social no Irijo, o nosso município figura entre as alternativas para instalar esta plan-ta contaminante.

Vizinhança das paróquias e uten-tes dos hospitais públicos somam--se à denúncia do deficiente esta-do dos serviços públicos geridos pola Junta e o Concelho.

Artigo de opiniom de Xavier Mo-reda sobre a toponímia tradicional viguesa.

Agentes municipais acossam mi-litantes feministas enquanto reali-zam propaganda na rua.

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1º DE MAIO: POR UMHA GREVE GERALDE 48 HORAS

SUMÁRIO

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ENTREVISTA

“O nosso objetivo final é recuperar todo o litoral de Teis”Meli Álvarez e Toñi Domínguez, deVoces polo Litoral de Teis, compatilham com nós a sua experiência e os seus projetos para o futuro.Conversamos com Meli Álvarez e Toñi DomÍnguez. For-mam parte da associaçom Voces polo Litoral de Teis, umha entidade vicinal contra toda forma de especulaçom imobiliária. Umha organizaçom popular para a recupera-çom e conservaçom das praias deste bairro.

Quais som as origens de Voces do litorial de Teis?

Vozes do litoral de Teis nasce com o anúncio da constru-çom de um porto desportivo na Lagoa. Nós pretendemos defender o litoral de Teis ante os recheios, as fábricas, os restaurantes… a especulaçom que se instalou a pé do mar. Nascimos no ano 2000 com a sensaçom de que se nom fazíamos algo íamos perder a nossa costa. Hoje em dia nom temos consciência da riqueza que significa-va toda essa costa para a vizinhança: há zamburinhas, ameijoas, navalhas... dérom de comer a muitas famílias.

Depois de 12 anos de existência, qual é o vosso tra-balho no dia-a-dia?

Criar consciência entre a vizinhança. Apresentamos nu-merosos recursos e denúncias contra todas as ilegalida-des que existem. À Direçom Geral de Costas – depen-dente do Ministério de Agricultura, Alimentaçom e Meio Ambiente - nom lhe interessa resolver o problema. Des-de há muitos anos reclamamos que venha algum técnico para medir as ilegalidades, mas até o dia de hoje nom enviárom a ninguém. Por isso, o nosso trabalho mais im-portante é consciêntizar de que é um problema que afeta a todo o mundo, o litoral é de tod@s. Com o trabalho de todas e de todos podemos mudar as cousas.

Atualmente já podes ir caminhando polo litoral desde Metalships até Vulcano. Esse foi um logro que leva a vossa assinatura. Mas quais som os objetivos ime-diatos de Vozes do litoral de Teis?

O nosso objetivo final é recuperar todo o litoral de Teis, mas é muito importante nom destruir mais. Temos que conservar o que ainda fica. Agora mesmo existe umha ordem judicial de derrubo para várias naves e um restau-rante na Lagoa, e temos que estar pendentes de que se execute o antes possível, já que se o nosso coletivo nom estivera atento essa ordem possivelmente ficaria arqui-vada numha gaveta.

Politicamente nunca interessou. Nengum partido político nos ajudou a proteger o litoral. Ninguém tinha o suficiente valor para denunciar todo o que estava acontecer. Existe umha ordenança, a número 14, de proteçom do litoral da Lagoa, mas foi incumprida conscientemente. A autorida-de portuária foi cúmplice dos atentados à nossa costa. Temos que recuperar a beira litoral.

Nos últimos meses voltou à atualidade a degradaçom das instalaçons da ETEA, uns terrenos muito atrati-vos para os especuladores. Qual é a situaçom?

A Junta da Galiza aprovou um plano setorial para os ter-renos da ETEA. Esse plano setorial divide-se em seto-res. Nós formamos parte de 14 coletivos que luitamos para conseguir o plano setorial número 5, o que pertence à Cámara Municipal de Vigo, para tentar que se utilize como terreno público para uso e desfrute da vizinhança, criar merendeiros e zonas de ócio. O concelho de Vigo di que nom tem dinheiro, mas retirar umha cerca e limpar a zona tem um custo quase zero. Nom o fam porque nom querem.

Os outros setores som destinados, por exemplo, a criar o campus do mar da Universidade de Vigo, campos de fútebol ou pavilhons para clubes desportivos.

Graças aos 14 coletivos paramos a aberraçom da cria-çom de outro porto desportivo, chalés de luxo ou algumha ideia especulativa de algum político.

FARO OBREIRO · Número 2 · Abril - Maio - Junho 2012

“A autoridade portuária foi cúmplice dos atentados à

nossa costa”

Tal e como confirmam todas as estimaçons, o profundo sucesso da Greve Geral do passado 29 de março está fora de toda dúvida.

Comparativamente, esta greve foi a de maior seguimento dos últimos 25 anos na nossa cidade. Com feches em todos os setores, especialmente os produtivos. Desde a reconversom do naval galego, nom se via tanta gente protestando ante um ataque aos direitos laborais da clas-se trabalhadora por parte do governo espanhol. Aliás, o clima de contestaçom atual é muito menor que o de 1984, polo que os números atuais devem ser analisados como um ponto positivo neste aspeto.

Mas em números absolutos esta convocatória também é salientável. Se sumamos as estimaçons de pessoas que juntárom as três convocatórias de manifestaçom da manhá do 29-M obtemos que 30 % da populaçom da co-marca de Vigo, estivo na rua reivindicando a retirada da reforma laboral. 150 000 pessoas, saírom à rua na ma-

nhá do 29M para protestar contra a reforma laboral do governo de Rajoi.

Aliás, o feche comercial e industrial foi quase total. Qual-quer viguês ou viguesa pudo comprovar a falta de ativida-de no dia 29 e o escasso tránsito durante toda a jornada. Se tiramos de novo das estatísticas, o consumo elétrico no Estado baixou 87,6 % (às 13h) no setor industrial e 14,84 % no consumo geral médio da jornada, frente a previssom da Red Eléctrica de España.

A polícia do lado dos patrons

Enquanto a atuaçom policial nada novo. As estimaçons de participaçom e seguimento na greve fôrom desta vez ridículas. Assim, é difícil acreditar que a CIG só juntou a 15 000 pessoas, quando as imagens mostram a Rua Urzaiz abarrotada de gente.

Mençom aparte merece a perseguiçom que por parte da

Polícia Local e Nacional recevérom militantes de diversas organizaçons nas semanas prévias e na própria jorna-da de greve, roubando material agitativo, identificando e retendo pessoas polo simples facto de colar cartazes. Como é habitual, as forças de segurança do Estado nom duvidárom em dizer e fazer o que lhe convêm ao sistema.

Greve Geral 29M: em Vigo param comércioe indústria, 150 000 pessoas na rua

Meli Álvarez (esquerda) e Toñi Domínguez (direita) durante a conversa.

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FARO OBREIRO · Número 2 · Abril - Maio - Junho 2012

Concelho envia à Polícia Local a perseguir militantes feministas

Vizinhança de Návia denúnciagraves deficiências em serviços públicos básicos

Hospitais de Vigo em progressivo abandono pola Junta da Galiza

Três mulheres, militantes de NÓS-Unida-de Popular, fôrom identificadas por agen-tes da Polícia Local quando realizavam um mural comemorando o 8 de Março, Dia da Mulher Trabalhadora.

As ativistas fôrom abordadas por um dis-positivo policial na rua Párroco José Otero e retidas por mais de umha hora apesar de terem sido já identificadas. Durante esse tempo fôrom interrogadas de forma intimi-datória e foi-lhes substraído ilegalmente o material que estavam a empregar. Poste-riormente, denunciam terem sido segui-das por várias patrulhas do mesmo corpo enquanto se retiravam do lugar.

A Unidade Popular exigiu num comuni-cado posterior o fim da perseguiçom por motivos políticos e o respeito ao direito à livre expressom.

Lixo sem recolher, zonas verdes abando-nadas, um centro de saúde já inaugurado mas sem abrir, locais e moradas desocu-padas e instalaçons culturais e desporti-vas paralisadas.Assim é a situaçom que denunciam as vizinhas e vizinhos de Ná-via sem que Junta da Galiza ou Concelho de Vigo se dignem a dar resposta algu-mha.

Lembremos que esta paróquia foi recen-temente urbanizada a toda velocidade para lucro duns poucos especuladores e empresários da construçom. Agora a vizinhança tem que alertar do absoluto abandono por parte das administraçons. No entanto a única resposta é o anúncio de novos planos de urbanizaçom na mes-ma paróquia para que os magnatas conti-nuem a enriquecer-se.

Acumulam-se as queixas polo lamentável estado dos hospitais vigueses. Os princi-pais centros públicos —Geral-Cies e Mei-xoeiro— acham-se colapsados devido à falta de pessoal e as instalaçons acusam gravíssimas deficiências: fendas nos mu-ros, humidades ou canalizaçons defetuo-sas, que se somam à massificaçom que enche os corredores de doentes.

Longe de oferecer qualquer soluçom, a Junta continua a subsidiar a sanidade pri-vada. Como exemplo, a construçom pri-vada do novo hospital que ademais será gerido por um grupo de empresas para o seu lucro particular.

Incineradora para Vigo? Nom o vamos permitir!

Desde há apenas uns meses vimos pre-senciando a exemplar mobilizaçom do povo galego em oposiçom ao assenta-mento da incineradora de resíduos do sul da Galiza no concelho do Irijo.

Estám a ser milhares as pessoas que saem à rua, numerosas as atividades e atos de protesto convocadas, assim como os coletivos, grupos e organizaçons que participam ou se posicionam. Lá conse-guiremo-lo e nom terám que respirar lite-ralmente a merda tóxica dumha péssima gestom dos resíduos.

O anúncio do projeto contra a saúde pú-blica veu acompanhado do de sempre: falsas promessas de postos de trabalho, falsas promessas de máximo respeito ao meio ambiente e à saúde, falsas promes-sas de claridom na informaçom e gestom do projeto e falsas promesas de acolhi-mento das propostas de todos os agentes sociais.

As propostas de tratamento dos resíduos por parte do governo da Junta distam, e muito, dumha democrática e benfeitora proposiçom. Como acontece na planta do norte em Cerzeda, a implantaçom dumha incineradora supom a destruiçom de nu-merosos postos de trabalho relacionados com os setores agro-pecuário, florestal e do turismo rural.

Acolher umha incineradora é acolher a continua emisom de gases contaminantes

tóxicos para a saúde humana, e a devas-taçom natural num raio de 30 quilómetros.

Desde o anúncio público deste projeto, vem sendo nula a sua transparência e informaçom em maos da empresa Estela Eólica, sem qualquer concurso público de aquisiçom.

O governo da Junta continua a ter ouvi-dos surdos às propostas atuais baseadas na reduçom, reciclagem e reutilizaçom de mais de 80% dos resíduos; propostas completamente viáveis em diferentes nú-cleos galegos e estrangeiros; e que con-tradim os alarmantes dados tirados baixo o insultante nome de “valorizaçom ener-gética”.

A modo de exemplo, a incineradora mais próxima, a planta de Cerzeda, “valoriza” menos energia da que consome, incine-ra mais do duplo da meia de resíduos europeia e recicla ou composta 40% me-nos. Esta jóia da tecnologia está a formar umha montanha de resíduos nom tratados de 47,3% do total que lhe vai chegando, e é ganhadora dum posto entre as empre-sas mais contaminantes da Galiza.

Perante a exemplar oposiçom popular à planta do Irijo, o PP já praticamente des-carta a sua construçom e está baralhando a possibilidade de instalar esta planta em Vigo. Nom o podemos permitir!

Centro de dia de Valadares segue fechado por falta de vontade políticaO centro de dia da paróquia de Valadares deveria estar em funcionamento desde o ano 2010 e prestar serviço a 80 pessoas, mas a falta de vontade e as pugnas por quotas de poder entre administraçons im-pedem a sua abertura.

A acometida de água, electricidade e co-municaçons, responsabilidade do Conce-lho, está congelada enquanto Caballero e Feijó disputam a titularidade do serviço.

No ano 2009 foi reclamada por primeira vez a instalaçom destes serviços, compro-metendo-se a Cámara Municipal a resol-ve-la num breve praço. Agora, três anos depois as obras continuam sem executar apesar de terem um custo aproximado de 97.000 €, umha quantidade ridícula se a comparamos com a inversom municipal em passeios e adornos para o centro da cidade, que supom milhons de euros cada ano para os petos da vizinhança.

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Os nomes de Vigo XAVIER MOREDA // Ativista da Memória e director da revista Tintimám

// Vozeiro da Assembleia Comarcal de Vigo de NÓS-Unidade Popular // Correio eletrónico: [email protected]ório Espino 55, rés-do-chao (36205 - VIGO) // Telefone: 637 18 78 51 // Encerramento da ediçom: 22 de abril de 2012 // Distribuiçom gratuitaFARO OBREIRO e NÓS-Unidade Popular nom partilham necessariamente a opiniom dos artigos assinados // Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos

Vigo possui, como toda a Galiza, umha toponí-mia que se repite, às ve-zes, em Portugal e toda a Lusofonia. Em cada paróquia há nomes so-terrados pola ignorância dos que desprezárom ou ignorárom a Memória e a língua.

Portanto, a toponímia tradicional imposta só polo uso e as caraterísticas geográficas que muitas vezes definem com um só nome a sua especificidade geomorfológica: nomes moldados e condicionados desde um ponto de vista socio-económico e cultural das populaçons que ao longo dos tempos ocupam o território.

Quando as cidades crescem, nom devem destruir a or-ganizaçom espacial construída com os nomes que som também homenagens ao próprio povo, que soubo fazer uso sustentável do território.

Os nomes de qualquer tipo de espaço, constituem umha referência associada à história da cidade. Na atribuiçom dos nomes há que respeitar as antigas designaçons e in-corporá-las nos novos arruamentos e nom colocar placas toponímicas como pagos das políticas clientelares parti-distas, como no caso do paquiderme franquista: Manuel Fraga. É sempre um atentado contra a Memória dos po-vos paralelo à degradaçom urbanística e ao crescimento do chamado feísmo baseados só em especulaçons de qualquer tipo; pois destrúe também os elos, as ligaçons de geraçons e geraçons que definiam especificamente a geografia, os usos dos espaços e, muitíssimas vezes, as intervençons ambientais naturais ou artificiais só deriva-das das necessidades vitais e coletivas tam arraigadas na nossa tradiçom comunal e das áreas de atividade co-

munitária como por exemplo: as Travessas, o Caminho da Seara (parte de um monte comunal que se aparce-la e cava para o cultivo de cereais, re-estabelecendo-se depois o aproveitamento comum, sem cultivo). Devera haver normativas que protegessem especificamente a to-ponímia dos lugares por pequenos que forem, os nomes “naturais” dos lugares, dos espaços que nomeadoras e nomeadores lográrom definir.

Explicar o que é e o que som com um nome que equivale em significado à atividade, à morfologia que designa qua-se sempre com umha só palavra.

Se eu digo que vou às Coutadas (couto, terreno que foi coutado) estou a dizer que vou a um lugar da paróquia

de Teis. E irei pola Calçada (início da rua Sanjurjo Badia) ao pé de Montecelo (monte de pouca elevaçom): bordeia Montecelo e fica a carom do bairro das Flores, polo que poderia chegar à Travessia. O conhecimento do signifi-cado dos nomes e da nomenclatura nos libertaria do uso do GPS!

Há casos como o de Peniche (parece vir do latim vul-gar pinniscula, derivado do céltico pen), ‘cabeço’ (cume, outeiro), zona agora indeterminada por estar mal urba-nizada, onde fôrom eliminadas belas casas como o an-tigo Colégio Alemám, ou casas mui caraterísticas como o chamado chalet Agarimo, projetado polo arquiteto Ma-nuel Gomez Romam (1876/1964), na atualidade trasla-dada a Beade como Centro Social.