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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE RICARDO DE LIMA LACERDA FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES VOLTA REDONDA 2011

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

RICARDO DE LIMA LACERDA

FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES

VOLTA REDONDA

2011

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FUNDAÇÃO OWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do UniFOA, para a obtenção de título de Mestre.

Aluno:

Ricardo de Lima Lacerda

Orientador:

Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares

VOLTA REDONDA

2011

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno: Ricardo de Lima Lacerda

FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE

OPERÁRIOS DE CURTUMES

Orientadora:

Profa. Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares

Banca Examinadora:

_________________________________________________

Profa. Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares

_________________________________________________

Prof. Dr. Leonardo Baptista

_________________________________________________

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto

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Este trabalho é dedicado

A minha companheira e amiga Yanna,

pela compreensão e incentivo.

Aos meus queridos pais, por tudo.

E a Deus pela vida.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, Professora Rosana Ravaglia, que soube me levar

pelos caminhos dessa pesquisa.

Ao professor Mauro César Tavares, pelas orientações iniciais.

A todo o corpo docente do MECSMA, o qual admiro muito.

A toda a equipe do UniFOA, pelo espaço e tempo cedidos, que tornaram

possíveis esta dissertação.

A todos os amigos e colegas de jornada durante o mestrado, que direta ou

indiretamente contribuíram para a realização dessa dissertação.

A todos que me ajudaram e incentivaram a prosseguir e chegar ao final.

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RESUMO

O cenário produtivo atual traz novas exigências no que se refere à

qualificação do trabalhador. Nesse novo perfil de organização empresarial, é cada

vez mais importante ter funcionários pró-ativos, adaptados a nova realidade, e aptos

a lidar com imprevistos. Durante nove anos trabalhando na cadeia produtiva do

couro, observamos a necessidade do aperfeiçoamento dos profissionais do setor. O

presente trabalho tem por objetivo aplicar uma nova metodologia para auxiliar no

ensino de ciências do meio ambiente a operários de curtume. O experimento foi

realizado comparando a coloração dos banhos finais do curtimento com um kit

elaborado por nós contendo uma escala colorimétrica com o objetivo de transmitir

noções de educação ambiental aos operários de curtumes. Concluímos que o

ensino informal de operários de fábrica, baseado nos kits de escala colorimétrica,

pode ser muito útil tanto para o operário, que agrega mais conhecimentos a sua

formação, quanto para o empregador, que passa a dispor de operários mais

capacitados.

Palavras-chave: Ensino profissional, operários de curtume, meio

ambiente, redução de teor de cromo.

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ABSTRACT

The current production scenario brings new requirements regarding the

qualification of worker. In this new profile of corporation organization is more and

more important to have pro-active employees adapted to new realities, and able to

deal with unforeseen. During nine years working in the leather supply chain, we

observed the need for improvement of industry professionals. This study aims to

apply a new methodology to assist in environmental education for workers in tannery.

The experiment was performed comparing the coloration of the final tanning baths

with a kit prepared by us containing a colorimetric scale in order to transmit notions of

environmental education to workers in tanneries. We conclude that the informal

education of factory workers, based on the colorimetric scale kits can be very useful

both for the worker, that adds more knowledge to their formation, and for the

employer, which now has more skilled workers.

Keywords: Professional education, tannery workers, the environment,

reduction of chromium.

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2-ENSINO PROFISSIONAL ...................................................................................... 16

2.1-História ............................................................................................................................................ 16

2.2- A influência do Fordismo na Educação Profissional ................................................................ 19

2.3-Importância da Educação na Formação Profissional ................................................................ 22

2.4-Ensino informal .............................................................................................................................. 24

2.5-Educação ambiental ...................................................................................................................... 27

3-O CURTIMENTO DE COURO ............................................................................... 29

4-METODOLOGIA .................................................................................................... 32

4.1-A Prova química ............................................................................................................................. 32

4.2-Ensino aos operários ..................................................................................................................... 35

4.3-Elaboração dos kits ....................................................................................................................... 36

5-RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 38

5.1-Análises Laboratoriais ................................................................................................................... 38

5.2-Comparação com os Kits .............................................................................................................. 40

6-CONCLUSÃO ........................................................................................................ 41

7-REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 42

8 – ANEXOS ............................................................................................................. 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fórmula padrão do curtume. ..................................................................... 33

Tabela 2: Fórmula Proposta. .................................................................................... 34

Tabela 3: Resultados obtidos. ................................................................................... 38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura química do orto-ftalato de sódio. ................................................ 32

Figura 2: Esquema da escala colorimétrica formada por tubos de ensaio com

diferentes concentrações de efluente de curtimento ................................................. 36

Figura 3: Valores de concentração de cromo no banho final do curtimento. ............ 39

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LISTA DE ANEXOS

Fluxograma dos processos de curtimento e recurtimento ................................ 46

Fluxograma dos processos de pré acabamento e acabamento. ...................... 47

Foto do kit Fast chrom ...................................................................................... 48

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1-INTRODUÇÃO

O cenário produtivo atual tem incentivado, ao longo dos últimos anos,

uma intensa produção acadêmica, principalmente na área da sociologia do trabalho,

que procura esclarecer os novos vínculos entre as exigências da produção

reestruturada e o processo de qualificação do trabalhador. Nós educadores também

temos nos sentido desafiados pelas novas relações anunciadas entre trabalho e

educação (FERRETTI et al. 2003).

Observamos também um crescente interesse dos trabalhadores das

fábricas em se qualificar, pois entendem as mudanças no mercado e sabem que as

exigências em qualificação são cada vez maiores.

A realidade atual, em que estão presentes intensas mudanças, conhecimentos e avanços tecnológicos ocorridos nas duas últimas décadas, levam inevitavelmente à busca de alternativas mais humanas e equilibradas de viver em sociedade em harmonia com a natureza. Entre elas está o conceito e entendimento de sustentabilidade, que visa tratar equilibradamente economia, sociedade e meio ambiente (NEVES; BONIN, 2007, p.3).

A organização das empresas se dá agora de forma bastante distinta do

que costumava ser no passado (todo o século XX), que era fortemente hierarquizada

e verticalizada. As novas formas de organização empresarial tendem a transformar a

antiga organização em forma de pirâmide em modelos mais próximos a redes, que

trazem vantagens competitivas sobre as primeiras, principalmente quanto à

flexibilidade, pois elas podem ser reorganizadas, decompostas e redefinidas muito

mais facilmente (KOBER, 2002; PINHEIRO, 2001).

Nesse novo perfil de organização empresarial, é cada vez mais

importante ter funcionários pró-ativos, adaptados a nova realidade, e aptos a lidar

com imprevistos.

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Uma das qualidades mais importantes do “homem novo” e da “mulher

nova” é a certeza que têm de que não podem parar de aprender, e de que o novo

fica velho se não se renovar. A educação das crianças, jovens e adultos tem uma

importância muito grande na formação do “homem novo” e da “mulher nova”. Uma

educação pelo trabalho, que estimule a colaboração, que desenvolva espírito crítico,

criatividade, e que se fundamente na unidade entre a prática e a teoria. (FREIRE,

1989).

Essa afirmação é sustentada por Kober (2002, p.3):

Para que a flexibilização da produção e esse novo modo de organização e produção funcionem, é preciso um novo tipo de trabalhador. Não basta mais o trabalhador fordista que desempenha funções repetitivas, mecânicas e sem iniciativa. O trabalhador requerido hoje para dar conta da flexibilização dos processos de trabalho nas linhas de produção deve também ele ser flexível. Além de “fazer”, deve ser capaz de pensar, tem de dominar conhecimentos gerais relacionados ou não ao seu trabalho, ser capaz de interpretar textos, gráficos e tabelas, ter conhecimentos na área de computação, ter capacidade de interpretação de dados e de decisão, ter iniciativa e crítica e ser capaz de trabalhar em equipe. Em suma, as exigências foram ampliadas, não apenas no que se refere à educação formal, mas foram acrescidas em toda uma gama de habilidades relacionadas a novas tecnologias, bem como de atitudes e comportamentos

Durante nove anos trabalhando na cadeia produtiva do couro,

observamos a necessidade do aperfeiçoamento dos profissionais do setor, visando

esse aumento das exigências. Essa necessidade, apesar de ser comum a todas as

empresas do setor, é especialmente acentuada nos curtumes, onde se emprega

grande número de operários, e habitualmente não se oferece oportunidades de

aperfeiçoamento a essa classe de trabalhadores.

Kober (2002) atribui ao esforço exigido por trabalhar e estudar ao mesmo

tempo e as circunstâncias impostas pela vida adulta, uma das razões que acaba por

levar trabalhadores a não continuar os estudos. Assim, os operários de curtumes

que não recebem ensinamentos na empresa, acabam por não receber de nenhuma

fonte. Pensando nessa nova realidade, elaboramos um kit com escala colorimétrica,

de modo a facilitar com que eles possam entender os processos que estão

executando, e tenham capacidade de julgar o impacto ambiental causado pelos

processos produtivos, tendo assim melhor capacidade de ajudar no controle desses

poluentes.

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Existem momentos no processo de ensinar onde o objetivo é transmitir

informação de forma que o aprendiz possa refletir e entender, e outros, em que

certos automatismos devem ser fixados pelo aluno para a execução de sequências

rígidas de operações. Ambos os momentos são importantes, mas o que deve ser

priorizado é o objetivo fundamental da ação educativa, que consiste em desenvolver

a personalidade integral do aluno, sua capacidade de pensar e raciocinar, assim

como seus valores e hábitos de responsabilidade, cooperação, etc. (BORDENAVE,

1983). Assim, acreditamos que o treinamento “Fordista1” que até hoje se aplica em

muitas etapas do processo de produção de couros, deva ser associado a uma

metodologia de ensino que dê mais flexibilidade e autonomia aos operários,

colaborando para seu crescimento e formação.

Segundo Neves; Bonin (2007), para alterar a cultura específica de uma

organização é necessário um esforço contínuo para motivar as pessoas, que

precisam estar sempre aprendendo, aumentando os seus conhecimentos, se

reciclando e crescendo interiormente. É preciso que as próprias pessoas queiram se

modificar e, ao líder cabe motivá-las e conduzi-las nesse processo, e não modificá-

las.

Os mesmos autores acreditam que ao se compreender a qualidade como

um processo de adequação, pela lógica da melhoria contínua, o tema educação

surge como uma necessidade básica. A qualidade começa pela educação e acaba

na educação. Uma empresa que progride em qualidade é uma empresa que

aprende a aprender.

O aprendizado contínuo é especialmente positivo nas indústrias de

curtumes, visto que é um ramo de atividade industrial em processo constante de

mudanças, não apenas no que se refere a exigências contínuas de melhoria de

qualidade, para se adequar a parâmetros internacionais de exportações, como

também pela busca constante de melhorias ambientais, por se tratar de uma

indústria extremamente poluidora.

1 Falaremos sobre o Fordismo mais adiante no capítulo sobre ensino profissional.

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Maslow2 apresentou uma teoria da motivação segundo a qual as

necessidades humanas estão dispostas em níveis, como uma pirâmide, em uma

hierarquia de importância e influência. Na base da pirâmide estão as necessidades

mais baixas e no topo as necessidades mais elevadas. Segundo essa teoria, as

necessidades dos estratos superiores da pirâmide surgem quando as necessidades

mais baixas encontram-se relativamente satisfeitas (CHIAVENATO, 2003). Também

afirma que indivíduos motivados têm mais autoconfiança e se sentem mais úteis,

enquanto a desmotivação pode levar ao desânimo e baixa produtividade.

Tendo isso em base, acreditamos que com esse trabalho estamos

contribuindo com novas ferramentas para que a liderança possa motivar os

funcionários ao aprendizado contínuo, através de programas de capacitação e

processos que possam viabilizar o interesse dos trabalhadores pela melhoria

frequente.

Paralelamente, temos como objetivo que esses kits sirvam como método

para que eles possam avaliar as concentrações de cromo nos banhos de curtimento

de maneira rápida e confiável, sem precisar do laboratório de análises, o que levaria

a ganhos de produtividade.

Pinheiro (2001) afirma que os estudos de Mayo (1880-1949), concluíram

que quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior será a

disposição de produzir do trabalhador.

Parece óbvio que a educação de que precisamos, capaz de formar

pessoas críticas, de raciocínio rápido, com sentido do risco, curiosas indagadoras,

não pode ser a que executa a memorização mecânica. A que “treina” em lugar de

formar (FREIRE, 2000).

Acreditamos, portanto, que nosso trabalho ao reduzir as diferenças de

formação, incluir operários no entendimento de temas atuais como meio ambiente e

sustentabilidade e permitir aos operários se apropriarem das próprias funções,

poderá contribuir com um reflexo positivo na motivação dos trabalhadores, tendendo

a ter um desempenho mais adequado aos objetivos da empresa.

2 Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo americano conhecido pela proposta hierarquia de

necessidades de Maslow.

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2-ENSINO PROFISSIONAL

2.1-História

O ensino profissional no Brasil é relativamente recente. Surge no século

XIX, aliado ao progresso científico-tecnológico da época. Inicialmente, tinha por

objetivo transformar em força de trabalho produtivo os homens livres, escravos e

índios, para atender às necessidades imediatas dos núcleos populacionais

emergentes (RUBEGA; PACHECO, 2000).

Esta origem do ensino profissional mostra que era direcionado apenas

para homens sem estudo formal prévio, levando a supor que era voltado apenas a

atividades mecanizadas, repetitivas ou braçais, onde as capacidades de análise

crítica e tomada de decisão não eram necessárias. Leva a supor também que não

tinha o objetivo de engrandecimento pessoal ou de melhoria educacional da

população como um todo, e sim de atender a demandas pontuais.

Até dezembro de 1941, a organização do ensino industrial no Brasil era

bastante diferenciada e confusa no que se refere a objetivos. Havia a escola de

aprendizes artífices, mantidas pelo governo federal, ensinando ofícios a menores

que não trabalhavam, ao mesmo tempo em que ministravam o ensino primário. Não

se tinha um plano de metas ou objetivos claros. Seu rendimento era extremamente

baixo (CUNHA, 2005).

Vemos, portanto, que a pouca importância dada ao ensino industrial no

Brasil tem origens históricas, o que pode explicar a falta de preparo, de

metodologias e atraso na área, que perduram até hoje.

No intuito de padronizar o ensino de ofícios, o então ministro da Educação

Gustavo Capanema organizou uma comissão para elaborar um projeto das diretrizes

do ensino industrial em todo o país. Em fins de 1941, a comissão concluiu o

anteprojeto de “lei” orgânica do ensino industrial que foi submetido ao presidente da

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república, em princípios de janeiro, juntamente com o projeto que criava o SENAI

(CUNHA, 2005).

No Brasil, no que diz respeito às modalidades de educação para o

trabalho não vinculadas aos sistemas públicos de ensino, consolidou-se

historicamente o monopólio do ensino profissional pelo empresariado. O Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, instituição criada em 1942, constitui,

hoje, ao lado do treinamento nas empresas, a principal opção nacional para

trabalhadores jovens e adultos empregados. É também uma importante plataforma

para o primeiro emprego (MORAES, 2000).

Atualmente já se verificam nas instituições de ensino, inclusive no SENAI,

aulas sobre educação ambiental, conservação do meio ambiente, descarte de

dejetos originários da produção industrial etc. Porém de forma pontual e aleatória, de

forma desconexa e sem um enfoque que traga esses conhecimentos para dentro da

realidade do trabalhador.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96 alterou a Educação Profissional (Cap. III, Artigos 39 a 42) ao separar a educação geral da educação profissional, que deverá ser feita de forma concomitante ou sequencial à primeira. Essas alterações foram estabelecidas pelo Decreto no 2.208/97 que regulamentou o §2o do art. 36 e os art. 39 a 42 da referida lei (RUBEGA; PACHECO, 2000, p.151).

A emergência dos “novos modelos produtivos” suscitou acirrado debate

sobre os novos requisitos de qualificação para o trabalho, debate este que persiste

até hoje, provocou reformulações no conceito tradicional de formação profissional e

tem levado a tentativas de redefinição das atribuições sociais da educação escolar,

ao estabelecimento de “relações orgânicas” entre escola e empresa (TANGUY, 1986

apud MORAES, 2000).

Isto é extremamente positivo e consideramos um grande avanço para a

educação de trabalhadores, porém novas idéias e propostas devem ser

constantemente buscadas, visto que ainda é grande o desinteresse em geral por

ensino de operários.

As mudanças que afetaram o “chão de fábrica” nas últimas décadas,

advindas, principalmente dos sistemas informatizados e das mudanças

organizacionais introduzidas, não revelam um consenso no que se refere à maior

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facilidade ou dificuldade de se lidar com elas (FERRETTI et al., 2003). Porém

deixam claro que existem novas necessidades de habilidades por parte dos

trabalhadores, e, portanto novos desafios referentes ao ensino, em comparação com

a situação histórica inicial do século XIX.

Ao lado de transformações tecnológicas de base física, como maquinário

e informatização, houve introdução de profundas mudanças organizacionais e

ambas passaram a influenciar o processo, as relações e os conteúdos do trabalho. A

partir daí, as qualificações dos trabalhadores não deveriam responder tanto ao

trabalho prescrito, mas sim à imprevisibilidade (FERRETTI et al., 2003). Esta

observação ratifica a idéia de que mudanças em relação às exigências de

habilidades que devem ser desenvolvidas pelos trabalhadores são necessárias, já

que trabalhadores desqualificados, treinados apenas a executar tarefas pré-

estabelecidas, como máquinas, não são capazes de lidar com a imprevisibilidade.

Nas últimas décadas, em um contexto de crise econômica e globalização

dos mercados, de mudanças nos padrões tecnológicos e organizacionais, a

educação readquire importância central nas políticas governamentais e no discurso

do empresariado (MORAES, 2000). Porém na prática, essa importância dada à

educação não chega a todas as classes sociais, sendo que operários de “chão de

fábrica” ainda são treinados apenas para desempenharem suas funções, sendo os

ensinamentos mais abrangentes reservados aos funcionários posicionados nas

partes superiores do organograma.

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2.2- A influência do Fordismo na Educação Profissional

Podemos considerar 1914 como a data inicial simbólica do fordismo,

quando Henry Ford introduziu seu dia de oito horas e cinco dólares como

recompensa para os trabalhadores da linha automática de montagem de carros que

ele estabelecera no ano anterior em Dearbon, Michigan (HARVEY, 2007).

Para Botelho (2008), o Fordismo é uma associação de normas tayloristas3

do trabalho (produção em massa) e o consumo em massa, o que levou o modo

capitalista de produção a regular o valor para muito além do movimento espontâneo

do mercado. Ford não se limitou a aperfeiçoar a peça intercambiável, como também

aperfeiçoou o operário intercambiável. Assim, cada trabalhador, em seu posto de

trabalho fixo, realizaria apenas uma tarefa específica.

Acreditamos que esse modelo, por não incentivar a motivação para o

trabalho, seja inadequado para as necessidades atuais, tanto dos trabalhadores,

quanto das empresas.

Essa afirmação é realçada por Medina; Gallegos; Lara (2008) que citam

vários autores que tratam sobre motivação de pessoal, como Maslow, McGregor,

McCelland, entre outros, realçando que quando se conta com pessoal motivado,

existe maior possibilidade de incremento do valor econômico4.

O que havia de especial em Ford (e que, em última análise, distingue o

Fordismo do Taylorismo) era sua visão, seu reconhecimento explícito de que

produção em massa deveria andar junto com o consumo em massa, como um

processo retroalimentado, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada,

modernista e populista (HARVEY, 2007).

Essa mecanização do trabalhador proposta por Taylor e aplicada por Ford

na linha de produção é exatamente o contrário do que propomos nesse trabalho.

A compreensão do processo de trabalho, do ato produtivo em sua

complexidade, da maneira como se organiza e desenvolve a produção, a

3 Taylor estudou os tempos e movimentos nos processos fabris e antecedeu Ford na teoria clássica da

administração. 4 O conceito de valor econômico é amplo e complexo, porém, apesar de ser subjetivo, demonstra que aumento

deste valor traz benefícios tanto para trabalhadores quanto para empresas.

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necessidade de uma formação técnica do trabalhador, são temas fundamentais.

Essa formação, porém, não pode se esgotar em uma especialização estreita e

alienante (FREIRE, 1989).

Segundo Kober (2002), toda a gestão empresarial teve de ser

reformulada e novas estratégias foram incorporadas, especialmente as vindas do

modelo japonês. A antiga forma organizacional e gerencial do período fordista,

rígida, já não dava conta de produzir para um mercado crescentemente segmentado

e para a rápida ocupação de nichos especializados de consumo, numa velocidade

vertiginosa de inovações de produtos e de criação de novas necessidades.

Alguns elementos das propostas práticas de Taylor e Ford são: (a) destacados do conjunto de que historicamente faziam parte, bastando lembrar que Taylor nunca se interessou pelo ensino profissionalizante, ao passo que, no Brasil, nessa prática pedagógica se buscaram elementos para atribuir filiação “Taylorista” às iniciativas de Roberto Mange em seus cursos de formação de mão de obra ferroviária e que, para Ford, o processo de produção apresentava-se como indissociável da constituição da própria massa operária como mercado consumidor, elemento amplamente negligenciado nas menções a fordismo no Brasil [...]; (b) compatibilizados entre si, por meio de uma seleção de características que lhes retiram o que neles haveria de essencial; e (c) apresentados como um sistema coerente e coincidente com práticas de fato existentes nas relações de trabalho (ZANNETI; VARGAS 2007, p.12).

Segundo os mesmos autores, o taylorismo visa retirar do trabalhador o

domínio sobre seu ofício, ao mesmo tempo em que lhe subtrai aquela habilidade

específica adquirida no exercício de sua atividade, ou seja, sua qualificação.

O predomínio da produção fordista fortalecia, na época, os argumentos dos educadores, os quais, ao reivindicarem um distanciamento entre a educação escolar e as necessidades da produção, propunham para a escola uma função social abrangente, não apenas vinculada ao desempenho do indivíduo em um posto de trabalho, mas com ênfase na sua emancipação. Como se sabe, o modelo fordista, baseado “na fabricação em massa de bens padronizados através do uso de máquinas especializadas não flexíveis e com recurso a uma massa de trabalhadores semiqualificados” (HIRATA, 1994), requer do trabalhador simples conhecimentos técnicos, correspondentes a um determinado posto de trabalho, cabendo à gerência a tarefa de prescrever e controlar o modo concreto de execução de qualquer atividade. Nega, assim, outras potencialidades do trabalhador, tais como sua experiência e sua tradição (FERRETTI et. al., 2003, p.156).

Com base nesses princípios, pretendemos percorrer o caminho inverso,

ajudando operários agir proativamente, independente das diferenças de formação,

estando assim aptos para atuar em situações de imprevistos e até se relacionar

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melhor com colegas e superiores, uma vez que entendem os procedimentos que

estão realizando.

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2.3-Importância da Educação na Formação Profissional

Todos os processos educativos, assim como suas respectivas

metodologias e meios, têm por base uma determinada pedagogia, isto é, uma

concepção de como se consegue que as pessoas aprendam alguma coisa e, a partir

daí, modifiquem seu comportamento (BORDENAVE, 1983). Esta afirmação nos leva

a crer que operários que entendam o que estão fazendo, possam modificar seus

comportamentos, sendo mais colaborativos e atentos aos procedimentos e

processos que reduzam o impacto ambiental de suas atividades.

A história da humanidade confirma que toda grande mudança social

passa obrigatoriamente pelos caminhos do ensino e da aprendizagem, seja na rede

formal ou informal de educação (NEVES; BONIN, 2007). E a partir daí decidimos

formular um método de ensino informal, a ser aplicado em operários de fábrica que

não tiveram nenhuma base de ensino ambiental em seu ensino formal, visto que a

Política Nacional de Educação Ambiental é de 1998.

A observação cientifica mostra que as necessidades culturais são o produto da educação: a pesquisa estabelece que todas as políticas culturais [...] e as preferências [...] estão estreitamente associadas ao nível de instrução (avaliado pelo diploma escolar ou pelo número de anos de estudo) e, secundariamente, a origem social (BORDIEU, 2007, p.9).

Isso mostra a importância do ensino, do ponto de vista de elevar os níveis

de instrução (e incluímos ai os operários de fábrica e todos os outros trabalhadores

a que, anteriormente na era fordista, não se exigiam maiores habilidades), já que

este sobrepõe à origem social.

O ensino industrial-manufatureiro, destinado à formação de força de

trabalho diretamente ligada à produção (em diversos níveis funcionais), é um tema

que tem sido quase ignorado nos estudos sobre a gênese e as transformações da

educação brasileira (CUNHA, 2000).

Esta foi também uma das grandes dificuldades de nosso estudo, pois,

embora exista uma ampla base de dados, estudos, teses e dissertações acerca de

ensino de adultos, bem como sobre teorias de administração (e suas respectivas

relações com os operários), poucos são os trabalhos voltados ao ensino de

operários de “chão de fábrica”, menos ainda com o enfoque em meio ambiente.

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Cunha (2000) acredita que esse “vazio” se explica, pelo menos em parte,

pelo fato de que os historiadores da educação brasileira se preocupam,

principalmente, com o ensino que se destina às elites políticas e ao trabalho

intelectual, deixando o trabalho manual em segundo plano – atitude consistente,

aliás, com sua própria formação.

Acreditamos que isso seja um grande erro, pois o trabalho intelectual, por

melhor que seja em termos de novas idéias, novas práticas e novos métodos, jamais

terá resultados consistentes se não for bem executado, sendo, portanto, urgente que

se dê maior atenção ao ensino e treinamento de quem executa.

O investimento em educação geraria retornos, em termos de

produtividade para as empresas, de consequente desenvolvimento econômico e

bem-estar social para o país, através do aumento de renda e possibilidade de

inserção social para o indivíduo (KOBER, 2002).

Tanto cientistas sociais, quanto biólogos, políticos e economistas, entre

outros profissionais, estão convictos de que mudanças urgentes precisam ser

implementadas, e crêem na possibilidade única que passa pela educação. Reformas

no sistema de ensino formal e ampliação de acesso ao ensino informal. O meio

ambiente sofre as ações do homem na sociedade de massa, consumista, quer por

questões de ordem econômica ou de valores culturais, que requerem ações políticas

e econômicas que só se tornam viáveis pelo conhecimento através da educação

(NEVES; BONIN, 2007).

Assim, o presente estudo pretende, através da utilização do kit, auxiliar os

operários no entendimento sobre o descarte de poluentes (cromo) nos rios.

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2.4-Ensino informal

O objetivo essencial que está por detrás da abordagem pluralista não é o de substituir um conjunto de regras por outro conjunto do mesmo tipo, mas argumentar no sentido de que todos os modelos e metodologias, inclusive as mais óbvias, têm vantagens e restrições (LABURU; ARRUDA; NARDI, 2003, p.251).

O aprendizado ocorre não apenas em um lugar geográfico chamado

"escola", mas em todos os locais onde o indivíduo exerça alguma espécie de

participação, interação com o meio, através da construção de novos conhecimentos

(NEVES; BONIN, 2007).

Essa opinião é também observada em Freire (1989), que afirma que não

importa que o estudo seja feito no momento e no lugar do nosso trabalho, não

importa que o estudo seja feito em outro momento e em outro local. Em qualquer

caso, o estudo exige sempre esta atitude séria e curiosa na procura de compreender

as coisas e os fatos que observamos.

Acreditamos com isto, que nosso estudo realizado dentro de uma

empresa, orientando funcionários (todos operários), a avaliar concentrações de

poluentes e seu impacto ambiental, seja de grande aproveitamento pelos mesmos e

de grande importância para o meio ambiente, pois esses funcionários terão melhor

capacidade de controlar os níveis de resíduos industriais poluentes.

Todos os trabalhos listados indicam que os estudantes variam em suas motivações e preferências, no que se refere ao estilo ou ao modo de aprender, e mesmo na sua relação com o conhecimento. Isso sem mencionar as suas habilidades mentais específicas, ritmos de aprendizagem, nível de motivação e interesse para uma determinada disciplina, persistência dedicada a um problema, experiências vividas pelo grupo social a que pertencem. Esses fatores que podem vir a ser colocados numa sala de aula, certamente influenciam, entre outros, a qualidade e a profundidade da aprendizagem, como, também, a decisão do emprego da estratégia metodológica. Portanto, é questionável uma ação educacional baseada num único estilo didático, que só daria conta das necessidades de um tipo particular de aluno ou alunos e não de outros (LABURU; ARRUDA; NARDI, 2003, p.251).

Como os trabalhadores de qualquer fábrica tendem a ser heterogêneos,

com diferentes origens, níveis culturais e econômicos, podemos concluir que um

método de ensino baseado em sala de aula não seria o método ideal para todos.

Dessa forma desenvolvemos um método próprio, de fácil compreensão, que após

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ser explicado pode ser repetido por todos, e cujos ensinamentos podem ser

introduzidos na sua prática diária.

É importante observar a mudança de comportamento em relação àquele

que os estudantes têm em sala de aula. É possível que isso se deva a outras

habilidades que são estimuladas nesses eventos (LESTINGE; SORRENTINO,

2008).

Freire (1989) compartilha dessa mesma opinião, quando afirma que não

podemos duvidar de que a prática nos ensina, e que conhecemos muitas coisas por

causa de nossa prática, e isso é estimulante.

Isso também pode ser verificado por Maia e Justi (2008, p.432):

O processo de investigação na ciência merece especial atenção em sua abordagem no ensino, por se tratar do processo de construção da própria ciência. Os estudos conduzidos sobre o ensino do processo de investigação científica apontam para a necessidade de inserção do aluno em atividades que promovam o desenvolvimento desse conhecimento de maneira ativa, isto é, atividades em que o aluno conduza ativamente uma investigação. Isto pode permitir não só o desenvolvimento do conhecimento sobre como a ciência é construída, mas também pode proporcionar o desenvolvimento de habilidades durante a condução do processo. Identificar princípios da ciência e usá-los no processo de investigação são práticas científicas essenciais requeridas para a aprendizagem sobre a ciência.

Sabe-se que a formação mais completa do trabalhador, não será

desenvolvida pela empresa, pois contém elementos contraditórios aos interesses

patronais. Poderá, evidentemente, realizar-se na empresa. Também não será

completamente concretizada pela escola. No entanto, como educadores, nossa

preocupação nodal deve ser esclarecer qual o papel da instituição escolar na

construção da qualificação profissional (FERRETTI et al.2003).

É difícil precisar desde quando se realizam atividades de campo com

finalidade didática, mas seguramente esse tipo de atividade vem de muito tempo, de

décadas, e mesmo de séculos atrás. No entanto, ela é praticada em algumas

escolas ainda hoje, mesmo que aquém do desejado pelos estudantes, que em geral

se interessam por aulas em espaços diferenciados. Existe ai um desequilíbrio entre

a oferta, que é feita pelas escolas e educadores e a demanda dos educandos, por

um ensino melhor, mais contextualizado, que faça referência a uma realidade

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contemporânea, sobretudo aos temas ligados à questão ambiental (LESTINGE;

SORRENTINO, 2008).

A transmissão das propostas ambientais não pode ficar presa e restrita à

escola. Os meios e os instrumentos de divulgação precisam ser planejados em

conjunto com os diferentes agentes, adequando-se aos serviços prestados, aos

objetivos pretendidos e às características do público alvo, como faixa etária, nível

intelectual, interesses, etc. (NEVES; BONIN, 2007).

Sendo assim, acreditamos que o ensino de noções de ciências do meio

ambiente, através de metodologia própria, pode ser de grande valia para os

trabalhadores que participaram dessa pesquisa, bem como para as empresas em

que trabalham, sendo uma forma de somar competências as já desenvolvidas pelos

treinamentos prévios.

Esperamos que este trabalho seja uma valiosa contribuição nesse

aspecto, visto que o tema meio ambiente está demandando atenção cada vez maior

da comunidade científica, e o ensino de operários que executam funções cruciais em

indústrias poluidoras pode contribuir para a redução de emissão de poluentes.

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2.5-Educação ambiental

Conforme a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por educação

ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem

valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para

a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Artigo 1º). A educação ambiental é um

componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,

de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não-formal. (Artigo 2º). (BRASIL, 1999)

A Lei Federal Nº 9795/1999, conhecida também como Política Nacional

de Educação Ambiental, prevê a Educação Ambiental, obrigatória para todos os

níveis de ensino, mas não como disciplina à parte, e sim como um processo para

construir valores sociais, contextualizada na realidade contemporânea,

conhecimentos, atitudes e competências, visando à preservação ambiental (SILVA;

MACHADO, 2008).

Vemos mais uma vez a importância da educação ambiental, como um

valor intrínseco, que deve ser ensinado a todos, independente de origem social e

área de atuação.

A educação ambiental, nessa concepção é entendida como esforço para

que o homem busque formas de desenvolvimento contínuo que sejam compatíveis

com a natureza, sendo portanto sustentável, promovendo o menor impacto

ambiental possível. (ANDRADE; SOUZA; BROCHIER, 2004).

A relação entre educação ambiental e educação em saúde, deve ser alvo

de esforços por parte de entidades governamentais e não-governamentais que

visem ações educativas formais e informais relativas a tais temas. É necessário o

entendimento da relação existente entre ambiente e saúde e de se estabelecer uma

visão ecocêntrica em relação ao ambiente e uma ótica mais ampla em questões de

saúde coletiva. Em outras palavras, os esforços deveriam ser direcionados no

sentido de que seja compreendido que a educação ambiental é, de fato, uma sub-

área da educação em saúde (ANDRADE; SOUZA; BROCHIER, 2004).

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A persistência de um ensino básico tradicional, abstrato e

compartimentado, não tem encorajado a análise dos problemas locais

(contextualização). Além disso, a educação ambiental e a educação em saúde,

ainda continuam a ser consideradas, apesar das recomendações oficiais, da

responsabilidade dos professores de ciências (além de tratadas como áreas

distintas). O ensino formal, ao manter horários letivos sobrecarregados e grade

curricular organizada de forma disciplinar, não propicia experiências

interdisciplinares, como requerem a educação em saúde e a educação ambiental,

colaborando para que os problemas locais, ainda que conhecidos por boa parte dos

professores, não sejam vistos como questões a serem discutidas em sala de aula

(GRYNSZPAN, 2011).

A educação ambiental deve eliminar fronteiras entre escola e

comunidade, e tomar como eixo do trabalho pedagógico a problemática

socioambiental. Os espaços/tempos educativos que acontecem dentro e fora da

escola, são considerados como lócus privilegiado, integrado e essencial para a

criação de processos colaborativos de resolução de problemas locais, num

movimento essencial em sintonia com temas da contemporaneidade, associados

com a crise ambiental em escala planetária. A escolha e seleção de temáticas

ambientais e as identidades dos sujeitos locais envolvidos são componentes

pedagógicos fundamentais e fatores relevantes na construção de práticas

educativas e criação de situações de aprendizagens calcadas na experiência e na

vivência (JACOBI; TRISTAO; FRANCO, 2009).

Somente através do estabelecimento de um programa de educação

ambiental que mobilize todos os seus integrantes, e não apenas gestores, será

possível implantar uma política ambiental que estimule aos seus funcionários a

busca da melhoria contínua (NEVES; BONIN, 2007).

Pretendemos observar bem a diferença entre educação e treinamento,

pois consideramos o aprendizado como um processo ativo e colaborativo, diferente

dos treinamentos normalmente oferecidos pelas empresas onde o operário é apenas

“condicionado” a exercer a sua função.

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3-O CURTIMENTO DE COURO

O Brasil possui um relevante papel no segmento do couro, pois é o maior

produtor e exportador de couros do mundo, com processamento anual na faixa de

44 milhões de unidades e faturamento estimado em U$2,5 bilhões (CICB, 2007).

Todas essas peles passam por um processo industrial denominado

“curtimento”. O curtimento consiste na transformação das peles em material estável

e imputrescível. Com o curtimento ocorre o fenômeno de reticulação das proteínas,

que constituem a pele animal, por efeito dos diferentes agentes empregados. Pela

reticulação, resulta aumento da estabilidade de todo o sistema colágeno, o que pode

ser evidenciado pela determinação da temperatura de retração5 (HOINACKI;

GUTHEIL,1978).

As características mais importantes conferidas pelo curtimento são: O

aumento da temperatura de retração, a estabilização face às enzimas, a diminuição

da capacidade de intumescimento do colágeno, a transformação do substrato “pele”

em material imputrescível, bem como a estrutura revelada ao microscópio eletrônico.

Essas características são justificadas pela teoria da estabilização da proteína da

pele, através da formação de enlaces transversais6 (HOINACKI; GUTHEIL,1978).

Os produtos químicos utilizados nesse processo são denominados

“curtentes”. São vários os curtentes empregados na fabricação de couros, e podem

ser divididos em três grupos principais, de acordo com sua constituição química:

Curtentes poliaromáticos, curtentes minerais e curtentes alifáticos (BASF, 1995).

Curte-se atualmente entre 80% e 90% das peles para vestuário e para

sapato com produtos de cromo (pertencente ao grupo dos curtentes minerais). Os

5 Quanto mais alta a resistência a temperatura, mais estáveis estão as estruturas protéicas. Portanto o teste da

temperatura de retração é um dos critérios que atestam o grau sucesso de um processo de curtimento. 6 O colágeno é formado por três aminoácidos que em sequência formam três cadeias de polipeptídeos

entrelaçadas que se mantém unidas por potes de hidrogênio.

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couros ao cromo são fáceis de fabricar com um mínimo de tempo, leves e sólidos à

luz7, fáceis de tingir, de acabar e de trabalhar na indústria do calçado, além de terem

alta temperatura de retração, o que evidencia alto grau de estabilidade (BAYER,

1954).

Atualmente é grande o número de pesquisas na intenção de eliminar ou

minimizar o uso do cromo devido às dúvidas que esse composto ainda desperta

quanto à sua segurança.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996), a

presença de cromo no solo é frequentemente resultante da atividade humana. O

cromo de valência (VI) ou hexavalente, é mais extensamente absorvido pelo trato

gastrointestinal, penetra facilmente na membrana da célula, é teratogênico,

mutagênico e cancerígeno, enquanto o cromo de valência (III) ou trivalente, que é o

utilizado nas indústrias de curtumes, não apresenta tais características, embora seja

também cumulativo tanto quanto o hexavalente.

Atualmente, o uso dos sais de cromo para o curtimento de couros é cada

vez mais questionado, tendo em vista os possíveis efeitos danosos que pode

ocasionar à saúde e ao meio ambiente. A possibilidade da conversão do cromo (III)

presente no couro para o cromo (VI) faz com que todo material contendo esse metal,

tais como efluentes líquidos e produtos acabados, estejam sujeitos a uma rigorosa

legislação quanto ao seu tratamento e disposição final (GONÇALVES, 2007).

A princípio, devido aos efeitos na saúde serem determinados pela

valência do cromo, diretrizes diferentes para valores de cromo (III) e (VI) deveriam

ser tomadas. Entretanto, métodos analíticos atuais favorecem limites para o cromo

total, até que informações adicionais estejam disponíveis e o cromo possa ser

reavaliado (OMS, 1996).

A utilização dos sais de cromo no curtimento gera resíduos sólidos e

efluentes líquidos com presença de cromo trivalente. O efluente líquido consiste no

banho residual de curtimento. Para reduzir o teor de cromo no efluente, a otimização

do processo de curtimento em termo de oferta de óxido de cromo é uma

7 Solidez a luz é a capacidade do couro de manter suas características, principalmente cor, mesmo após

exposição a fontes luminosas.

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possibilidade, embora limitada, visto que as indústrias já utilizam o mínimo possível

de cromo. Além disso, existem no mercado alguns produtos que provocam a

modificação no sal de cromo ou na fibra de colágeno, aumentando a reatividade

entre eles, com isso melhorando a fixação e consequentemente o esgotamento dos

banhos8 (GONÇALVES, 2007).

Em nosso trabalho, realizamos uma prova química com um desses

produtos, o orto-ftalato de sódio, com a intenção de reduzir os teores de cromo no

banho final do curtimento. Desse modo, poderemos mostrar aos operários desse

processo essa redução, através de uma comparação da coloração dos líquidos com

mais ou menos poluentes, ilustrando assim as noções de educação ambiental.

Conforme a Resolução no 357 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio

Ambiente) de 17 de março de 2005 (Brasil, 2005), a concentração do elemento

Cromo (Cr) não pode ultrapassar 0,05 mg/L em efluentes a serem despejados em

águas doces. Portanto, quanto menos cromo residual nos banhos do processo de

curtimento, menor será a dificuldade da estação de tratamento de resíduos para

alcançar os parâmetros.

8 Esses produtos são conhecidos como mascarantes de cromo e seu princípio fundamental é o fato de que

quanto mais cromo se consiga fixar no couro, menos cromo vai sobrar no banho de curtimento.

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4-METODOLOGIA

4.1-A Prova química

Realizamos um teste com um produto químico, orto-ftalato de sódio, que

age como mascarante de cromo, melhorando a fixação de cromo no couro, assim

reduzindo as concentrações desse composto no banho final do curtimento, com

intuito de fazer com que os operários vissem na prática as reduções de

concentrações de poluentes.

A figura 1 mostra a estrutura química do orto-ftalato de sódio

Figura 1: Estrutura química do orto-ftalato de sódio.

O estudo foi realizado em uma indústria curtidora localizada no município

de Juazeiro-BA. A empresa é um curtume de porte médio, com 481 funcionários e

com produção diária de 1000 peles por dia (bovinos) e 8000 peles por dia (entre

caprinos e ovinos).

Os testes foram realizados no período de 29 de Junho a 24 de Julho de

2009 apenas em peles bovinas integrais9. Analisamos 20 partidas da produção, cada

partida contendo 400 peles, sendo que em 10 delas foi usado o processo normal do

Curtume e nas outras 10 partidas apenas adicionamos no final do processo o orto-

ftalato de sódio, sem qualquer outra alteração, de modo a minimizar vieses. Esse

teste químico serviu de base para o ensino dos trabalhadores.

9 Chama-se integral a pele que não passa pelo processo de divisão da camada dérmica em superior e inferior.

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Os operários foram instruídos sobre o teste, seus objetivos, a importância

para o meio ambiente (descrito no item 4.2) e a utilizar os kits de verificação

(descrito no item 4.3).

As fórmulas utilizadas tiveram suas porcentagens baseadas no peso em

tripa10, conforme as tabelas 1 e 2, onde a tabela 1 representa a fórmula padrão do

curtume e a tabela 2 a fórmula proposta.

Tabela 1: Fórmula padrão do curtume.

% Produto Tempo Observação

60 Água

6 Sal 20 min

0,4 Ácido Fórmico 20 min

0,7 Ácido Sulfúrico 1h pH 2,0

7 Sal Básico de Cromo 4h Corte atravessado

60 Água 45oC 5 min

0,7 Óxido de Magnésio 2h

+4h Aquecimento até 50oC

0,1 Fungicida 2h pH 3,8

Descarregar / Lavar

10

Antes do curtimento as peles passam por um processo denominado “caleiro” onde adquirem peso extra devido à grande absorção de cal e água. Nesse momento são chamadas de “tripa”.

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Tabela 2: Fórmula Proposta.

% Produto Tempo Observação

60 Água

6 Sal 20 min

0,4 Ácido Fórmico 20 min

0,7 Ácido Sulfúrico 1h pH 2,0

7 Sal Básico de Cromo 4h Corte atravessado

60 Água 45oC 5 min

0,7 Óxido de Magnésio 2h

+4h Aquecimento até 50oC

0,1 Fungicida

0,7 Orto-Ftalato de Sódio 2h pH 4,0

Descarregar / Lavar

Pela norma interna da empresa, toda partida finalizada na produção, tinha

uma amostra coletada e enviada para o laboratório de análises químicas, onde se

constatado uma concentração de cromo (Cr2O3) MENOR que 4,5 g/l, a partida era

descarregada (processo finalizado), e o banho seguia para a estação de tratamento

de efluentes (onde ainda passará por processos para se adequar a resolução

CONAMA 357 para despejo de efluentes nos rios). Caso a concentração de cromo

fosse MAIOR que 4,5 g/l, essa partida tinha que continuar em processamento até

atingir o padrão. Esse padrão da empresa é decidido internamente, pois não

depende de legislação, visto que se trata de banhos que vão seguir para tratamento

posterior na estação de tratamento de efluentes. Porém, vale lembrar, que quanto

menores forem os valores de concentração de poluentes alcançados nesse

processo, menores serão as dificuldades enfrentadas pela estação de tratamento

para adequar o efluente nos padrões legais definidos pela resolução CONAMA 357

(Brasil, 2005).

Para cada partida finalizada, eram realizadas as comparações com a

escala colorimétrica dos kits elaborados e os testes laboratoriais de determinação de

cromo.

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4.2-Ensino aos operários

Os operários, em sala de aula e com utilização de projetor, foram

introduzidos nos assuntos pertinentes ao trabalho em questão, tais como:

Noções básicas de educação ambiental

Concentrações de substâncias

Tratamento de efluentes

Custos operacionais

Metodologia do trabalho a realizar

Isso tudo de maneira rápida, simples e superficial, pois o objetivo era que

o aprendizado se desse através do uso dos kits e não por aulas convencionais.

Porém essa etapa foi necessária apenas para possibilitar o entendimento do

trabalho a realizar.

Nessa etapa já ficou bem claro o interesse dos funcionários pelo

entendimento do processo. Faziam muitas perguntas, se interessavam em questões

ambientais como um todo e questões específicas do processo de curtimento que

realizaríamos.

Além disso, explicamos como confeccionaríamos os kits e como os

mesmos seriam utilizados. Os operários foram convidados a participar da elaboração

dos kits.

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4.3-Elaboração dos kits

Os kits consistem em 6 tubos de ensaio translúcidos preenchidos da

seguinte maneira:

Tubo 1 - Água destilada

Tubo 2 - Banho de cromo a 1g/l

Tubo 3 - Banho de cromo a 2g/l

Tubo 4 - Banho de cromo a 3g/l

Tubo 5 - Banho de cromo a 4g/l

Tubo 6 - Banho de cromo a 5g/l

Desse modo formando uma escala colorimétrica como esquematizado na

figura 2:

Figura 2: Esquema da escala colorimétrica formada por tubos de ensaio com diferentes concentrações de efluente de curtimento

Denominamos posteriormente esses kits de “Fast Chrom”, devido a

possibilidade de determinar rapidamente a concentração de cromo no banho final do

curtimento.

Ao fim de cada partida, o próprio operário poderia julgar, sem precisar de

auxílio, se poderia descarregar (finalizar) a partida ou não, comparando a cor do

líquido efluente colhido com a escala confeccionada (Kit). Se o banho coletado

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estivesse mais claro que o tubo contendo 4g/l, a partida estava pronta para ser

descarregada (pois mesmo sem a análise laboratorial, se saberia que a

concentração estaria menor que o padrão da empresa que é de 4,5g/l), caso

estivesse entre 4g/l e 5g/l, ele deveria levar para o laboratório para a determinação

exata da concentração de cromo, e acima de 5g/l ele deixava a partida por mais

tempo em processo, e faria a comunicação ao químico responsável.

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5-RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1-Análises Laboratoriais

As análises das concentrações de cromo residual nos banhos de

curtimento foram feitas no próprio laboratório do Curtume e seguiram as normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2001).

A tabela 3 mostra os resultados dos testes.

Tabela 3: Resultados obtidos.

Data Fulão Identificação pH Cromo (Cr2O3) em g/l

29/06/2009 1 Padrão 4 5,63

30/06/2009 1 Teste 4,01 1,89

01/07/2009 3 Padrão 3,89 5,48

02/07/2009 1 Teste 3,92 2

03/07/2009 1 Padrão 3,83 4,77

06/07/2009 1 Teste 4,11 1,79

07/07/2009 2 Padrão 3,79 4,22

08/07/2009 5 Teste 4,04 1,84

09/07/2009 5 Padrão 4,38 2,85

10/07/2009 5 Teste 4,22 1,72

13/07/2009 5 Padrão 4,01 5,2

14/07/2009 1 Teste 3,94 1,92

15/07/2009 1 Padrão 4,05 4,41

16/07/2009 1 Teste 4,21 1,77

17/07/2009 1 Padrão 4,07 4,01

20/07/2009 4 Teste 4,12 1,75

21/07/2009 1 Padrão 4,01 4,95

22/07/2009 1 Teste 4,18 1,88

23/07/2009 1 Padrão 4,03 4,41

24/07/2009 1 Teste 4,01 2,11

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A análise dos dados mostra uma média de concentração de cromo de

4,59g/l no procedimento padrão, e de 1,87g/l no procedimento teste, o que significa

uma redução de 59,26%, ou seja, no processo testado, a concentração de poluentes

que ainda restou no final da produção foi bem menos que a metade.

A figura 3 mostra os mesmos valores da tabela 3, porém em forma de

gráfico, para facilitar a visualização dos operários, onde a concentração de cromo no

efluente (banho final de curtimento) do processo padrão da empresa aparece em

azul, e nosso teste com finalidade de baixar os teores de cromo no efluente aparece

em vermelho. A figura mostra os 10 testes comparativos, realçando uma

considerável redução de poluentes no fim do processo de curtimento.

Figura 3: Valores de concentração de cromo no banho final do curtimento.

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5.2-Comparação com os Kits

A proposta dos kits foi de ampliar o conhecimento dos operários, ao

proporcionar uma experiência prática de visualização da diminuição da concentração

dos poluentes, expressa pela diferença na escala colorimétrica, que facilita muito o

entendimento, quando comparada ao uso de tabelas numéricas e gráficos.

O uso dos kits de comparação colorimétrica não mede em valores exatos

a concentração de cromo em cada banho, portanto não é possível elaborar tabelas

ou gráficos comparando os testes com o procedimento padrão, como fizemos com

os resultados laboratoriais. Entretanto, seu uso como método de mensuração das

concentrações de cromo por visualização na escala colorimétrica (Kit) funciona, e os

operários, de acordo com nossas observações, entenderam pela primeira vez os

objetivos do trabalho que realizam há anos, sem saber exatamente o que e por que

estavam fazendo.

Além disso, os operários utilizando esse método puderam avaliar as

concentrações de cromo no resíduo (efluente), de maneira rápida e confiável, sem

precisar do laboratório de análises. Neste aspecto consideramos os kits plenamente

satisfatórios, pois, embora não medissem com precisão as concentrações, a

mensuração pelos kits, em todas as amostras coletadas, corresponderam aos

resultados das análises laboratoriais, dentro da graduação de 1g/l oferecida pelo kit.

Apenas as amostras onde o kit indicava concentrações entre 4g/l e 5g/l, as análises

laboratoriais eram indispensáveis para o seguimento da produção.

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6-CONCLUSÃO

Concluímos com esse trabalho que ao disponibilizarmos o kit Fast Chrom

aos operários de curtumes, facilitamos o entendimento do processo de curtimento de

uma maneira mais ampla e consequentemente a percepção da importância de

descartar ou não aquele efluente dentro dos parâmetros especificados.

Verificamos que a possibilidade do operário de se apropriar da própria

função (o ato dele mesmo conferir as concentrações denota aumento de

responsabilidade e autonomia), proporcionada pelo kit Fast Chrom, favoreceu um

aumento da motivação para o trabalho, fato que foi facilmente observado.

Observamos também que os operários disseminaram o conhecimento

entre si, visto que em visitas posteriores verificamos que operários que não

participaram do processo (por terem sido contratados posteriormente), estavam

realizando a comparação da coloração do efluente com o kit, procedimento que

aprendeu com os outros operários.

Verificamos também que o kit Fast Chrom, ao tornar mais dinâmico o

processo de avaliação das concentrações de cromo nos banhos finais do curtimento,

levou a um ganho de produtividade, pois diminuiu tempos de espera por análises

laboratoriais.

Não pudemos mensurar esses ganhos de produtividade devido à

sazonalidade da produção, tendo em vista que a produção de couros é dependente

da demanda e essa demanda faz com que os processos sejam direcionados para

diferentes artigos (sapatos, bolsas, acessórios etc). Apesar da impossibilidade de

quantificar os ganhos de produção, estes ficaram claros.

Acreditamos que o resultado final desse trabalho, bem como o produto

(kit) poderá ser utilizado para ampliar ou para ilustrar o ensino de operários de

curtumes.

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8 – Anexos

Fluxograma dos processos de curtimento e recurtimento

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Fluxograma dos processos de pré acabamento e acabamento.

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Fotos do kit Fast chrom

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