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Fatores Edáficos e Fisiológicos que Afetam a Disponibilidade Hídrica para as Árvores
V Workshop em Melhoramento Florestal29 e 30 de setembro de 2009
José Leonardo de Moraes GonçalvesEsalq
Sumário
1. Causas da deficiência hídrica
2. Adaptação da planta à deficiência hídrica
3. Determinantes da capacidade genética de adaptação à seca
4. Amenização do estresse hídrico
5. Considerações finais
Causas da Deficiência Hídrica
Diferentes tipos
• de clima (distribuição irregular das chuvas)
• de solos
• de relevo
Lei do MínimoQuímico alemã Justus von Liebig
O crescimento da planta é limitado pelo fator (ou nutriente) mais limitante.
O nível de água dentro do barril representa o nível de produção da planta.
Águ
a
Potá
ssioLu
z
Fósf
oro
Aer
ação
sol
o
Nitr
ogên
ioTe
mpe
ratu
ra
Out
ros
nutr
ient
esB
oro
A água é um fator mais limitante ao crescimento do que os nutrientes.
veículo de transporte dos nutrientes
movimenta-se com o fluxo transpiratório
a limitação hídrica, comumente, é sazonal (no subtrópico associada
à deficiência térmica)
A resposta à adubação é diretamente proporcional à umidade do solo.
importante aplicar os adubos com o solo úmido
solo seco: os adubos aumentam o efeito salino
PROBLEMA
Ambiente Tropical e subtropical
Ampla área plantada sob estresse nutricional sazonal
24% chuvas bem distribuídas
49% de estiagem sazonal
27% de semi-árido e deserto
Sánchez (1976)
Aumento ou manutenção da produtividade tem relação estreita
com a eficiência de uso das chuvas e da fertilidade do solo (natural e modif.)
Diferentes tipos de clima
(distribuição irregular das chuvas)
PRECIPITAÇÃO ANUAL
Equador
Capricórnio
Fonte:
TEMPERATURA MÉDIA ANUAL
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600
Chuva (mm)
Bio
mas
sa d
e M
adei
ra (t
/ha)
Copener (2004)Plantios Monoclonais
Variabilidade associada àvariações do teor de argila
Atributos do solo e do relevo que determinam a disponibilidade de água
(NEOSSOLO) (ARGISSOLO)
mais profundo; maior capac. armazenar água; maior produtividade
Profundidade efetiva do solo;
Gava & Gonçalves (2005)
Nível crítico de argila
Mesmo clone e climaManejo florestal com alta tecnologia(sem limitação nutricional)
ΔA
15
30
Gava & Gonçalves (2005)
Áreas Acidentadas
Déficit hídrico mais acentuadopela rápida drenagem do terreno
baixo tempo de residência da águada chuva
ADAPTAÇÕES DA PLANTA À DEFICIÊNCIA HÍDRICA
(período de estiagem na estação mais quente)
Ex.: Veranico no verão
Baixa precipitação
Baixa umidade solo Diminui UR
Aumenta EPT
Aumento estressehídrico
Alta temp.planta
Alta temperaturado ar
Aumento da síntese de hormônios inibidores do crescimento (ABA)
Diminui a síntese de hormônios estimuladores do crescimento (Auxina)
Aumento da obstrução estomática
Diminui IAFAumento Resp.
Diminui FS líquida
Parte aérea
Diminui disponibilidade fotoassimilados
Diminui atividade cambial
Diminui síntese devasos xilemáticos e fibras
• menor quantidade holocelulose• elementos de vaso ou traqueídeos
mais finos
Aumenta síntese de lignina
lignificação da parede celular
Diminui o crescimento de lenho(anéis de crescimento mais finos)
Adaptações Iniciais à deficiência hídrica(em curto prazo, quando a disponibilidade
de água começa a diminuir)
Lambers, Chapin III & Pons (1998)
Baixa Umidade
> Síntese de Ácido ABA
Redução ExpansãoFoliar
FechamentoEstômatos
Xilema
Diminui perdade água
AumentoCrescimento Radicular e
potencial osmótico
Aumento ExportaçãoFotoassimilados
FS menos afetada que expansão foliar
Exploração de camadas profundas
Folhas diminuemtamanho
Aumenta absorçãode água
floema
Kerbauy (2004)
CélulaGuarda
CélulaSubsidiária
Ajuste do potencial osmótico das células da raiz
- Determina maior absorção de água (maior capacidade extrativa de água)
- Causa diminuição ou manutenção do potencial osmótico das células
Acúmulo de prolina em Eucalyptus camaldulensis sob deficiência hídrica após 20dias de cultivo in vitro.
Souza (1997)
Acúmulo de açúcares solúveis em Eucalyptus camaldulensis sob deficiênciahídrica após 20 dias de cultivo in vitro.
Souza (1997)
Sintomas de deficiência hídrica
Causados:
1. Estresse sazonal
2. Estresse permanentedeficiência hídrica contínuamá adaptação genética
Obs.:O estresse hídrico no verão é mais severo (temperaturas elevadas)do que no inverno.
Internódios Curtos
Causados por deficiência hídrica
Efeitos do internódios curtos
menor distância de deslocamentoda água
engrossamento do lenho
• maior armazenamento de água
Planta com Estresso hídricoperíodo de estiagem no verão
Deficiência de Btecido formadodurante período deestiagem(agravado pela baixatemperatura)
Ataque de ferrugemInvasor secundário
Lignificação da Parede Celular
Funções da lignificação da parede celular
Aumentar a condutividade hídrica do sistema condutor
Diminuir a elasticidade da parede celular(evitar crescimento; tornar a parede celular hidrofóbica)
diminui consumo de água
Reforçar a estrutura da árvore(proteção contra agentes externos: pragas, doenças)
(camada 0-20cm)Gava & Gonçalves (2005) Clone plástico de E. grandis6,5 e 7,0 anos
Gava & Gonçalves (2005)
Determinação Genética da Capacidade de Adaptação
à Deficiência Hídrica
Definições de Indicadores de Tolerância à Seca
Condutância estomática do vapor de água
Taxa de absorção de CO2
Pressão de Vapor
Lei de Dalton
e = pressão de vapor
pressão de saturação do vapor (kPa)
DPV = es - e
Uzunian, Castro & Sasson (2004)
clone A
clone C
gs = condutância estomática
mol de água / m2 terreno / s
clone A
clone C
A = taxa de FS
μmol de CO2 / m2 terreno / s
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
14/no
v28
/nov
15/de
z14
/jan
29/ja
n13
/fev
02/m
ar17
/mar
31/m
ar13
/0430
/4/07
16/5/
0730
/5/07
13/6/
0730
/6/07
13/7/
0730
/7/07
19/8/
0730
/8/07
14/9/
071/1
0/07
16/10
/07
DA
P (c
m)
A
B
C
E
I
N
V
ARABSCCOP
VERIPB
CEN
VCP
1 VER > 2 BSC > 3 ARA > 4 VCP > 5 IPB = 6 COP > 7 CEN
1 VCP > 2 VER = 3 COP > 4 CEN = 5 BSC > 6 IPB > 7 ARA
Obs.:O ritmo de crescimento dos clones variaram com a idade.Supõe-se que a condutância estomática e a taxa fotossintéticatambém variam com a idade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Índice Área Foliar
ICA
, 199
7
Clones
E.urograndis
Stape (1998)(m2 de folha / m2 área)
(m3
ha-1
ano-
1 )
Copener, BA
• maior produtividade dos clonespara um mesmo IAF
(seminais)
Adaptações Radiculares à Deficiência Hídrica
Baixa precipitação
Baixa umidade solo Diminui UR
Aumenta EPT
Aumento estressehídrico
Alta temp.planta
Alta temperaturado ar
Sistema radicular extenso e profundo
Adaptações ao Estresse Hídricono Sistema Radicular
Raiz de E. grandis (semente)6 anosLVA text. média
EXP(DAP2 H), m
2 4 6 8 10 12
BIO
MA
SSA
RA
ÍZES
FIN
AS
(kg/
árv.
)
0
2
4
6
8
10
Neossolo Quartzarênico (12% argila)r2 = 0,95; p<0,01Latossolo (30% argila)r2 = 0,92; p<0,01
Mello & Gonçalves (2004)
)
)
BIOMASSA RAIZ FINA (kg/árv.)
2 4 6 8 10
BIO
MA
SSA
FO
LHA
(kg/
árv.
)
0
2
4
6
8
10
12
14
16 Latossolor2 = 0.86; p<0,01Neossolo Quartzarênicor2 = 0.74; p<0,01
Mello & Gonçalves, 2004
1 2 3 4 5 6 7 8 90
10
20
30
50
100
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
INVERNO VERÃO
dms 0,05 = 1,09
DENSIDADE RAIZ FINA (cm cm-3)1 2 3 4 5 6 7 8 9
0
10
20
30
50
100
LATOSSOLOINVERNO VERÃO
dms0,05 = 0,58
Mello & Gonçalves, 2004
Prof
undi
dade
do
solo
(cm
)
DENSIDADE DE RAÍZES (cm cm-3)
0,5 1,0 1,5 2,0 2,50
20
40
60
80
100
120
140
clone superiorclone inferiorsemente
invernoDMS = 0,21 (P = 0,10)
Raízes finas (< 3 mm) aos 4,5 anos de idadeAmostradas com a sonda de 4 cm de diâmetro (Mello et al., 1998).
0
20
40
60
80
100
120
140
verãoDMS = 0,21 (P = 0,10)
Prof
undi
dade
do
solo
(cm
)
Atributo Tolerância à seca
Baixa Mediana Alta
Raiz pivotante < 1,5 m 1,5 – 2,5 m > 2,5 m
Raízes laterais grossas muitas médio poucas
Densidade de raízes finas alta média baixa
Exploração do horizonte A intensa mediana restrita
Exploração do horiz. B e/ou C mediana mediana a intensa intensa
Capacidade de absorção de água em camadas profundas
baixa mediana alta
Área foliar grande
(copa fechada)
grande pequena
(copa aberta)
Espécies E. grandis E. saligna E. dunii E. globulus
E. urophylla E. cloesiana E. pellita E. urophylla x grandis
E. camaldulensis E. tereticornis E. citriodora E. heliodora E. camaldulensis x grandis
Questões fundamentais
Que mecanismo é mais determinante para a adaptação genotípica:
a superfície radicular ou a área foliar?
Qual a relação de causa e efeito entre AR e SR?
Quais são os indicadores morfológicos e fisiológicos mais adequados para
avaliar a tolerância à seca?
Produtividadedo sítio(FENÓTIPO)
=Potencial biótico
(GENÓTIPO)
Potencial abiótico
(AMBIENTE)IGA+ +
ΔP ΔG ΔΑ IGΑ
PRODUTIVIDADE DO SÍTIO
INTERAÇÃO GENÓTIPO AMBIENTE
Indicador de estabilidade relativa do genótipo em diferentes ambientes.
Quanto maior a IGA, maior o grau de instabilidade.mais sensível às variações ambientais
Genótipo com baixa IGA genótipo rígidocom alta IGA genótipo plástico
Característica desejável do genótipo:
Boa produtividade em diferentes ambientes
IGA = 0 ou IGA > 0
Normalmente, quanto maior o grau de melhoramento, menor a IGA.menos plásticomotivo da dificuldade de selecionar clones
genótipo propagado por semente, de boa qualidade, é um bom genótipo-referência.
SítioBaixo estresse
1 2
IMA
(m3 ha
-1 a
no-1
)
10
20
30
40
50
Genótipo 1Genótipo 2
SítioAlto estresse
ΔΑ
ΔGSem IGA
ΔP
1 2
IMA
(m3 ha
-1 a
no-1
)
10
20
30
40
50
ΔIGA > 0
IGA simples
1 2
IMA
(m3 ha
-1 a
no-1
)
10
20
30
40
50
ΔIGA < 0
IGA simples
1 2
IMA
(m3 ha
-1 a
no-1
)
10
20
30
40
50
IGA complexa
Dados de Produtividade
Clones do híbrido E. grandis x urophyllaVCPCapão Bonito, SP
IMA
(m3
ha-1
ano-
1 )
Idade (anos)
LV2, 45% arg.
LVA, 30% arg.
LV1, 60% arg.
IMA
(m3
ha-1
ano-
1 )
Idade (anos)
Maiores diferenças nas idades mais jovens
Melhor qualidade de sítio
IMA
(m3
ha-1
ano-
1 )
Amenização do Estresse Hídrico por Meio de Práticas Silviculturais
1. Preparo de solo
Cultivo mínimo
maior infiltração
menor evaporação
Subsolagem
maior profundidade efetiva
maior volume efetivo
maior infiltração
Grade Bedding
Raízes concentradasnas camadas superficiais
mais sensível à seca
Alta evaporação
Sistema Conservacionista< 30% solo exposto
Ds = 1,6 g cm-3
Volume de solo por Árvore
• 1.5 m3/árv.• Espaçamento: 3 x 2m
Alta infiltração
Copas ajudamconduzir as chuvas
Baixa infiltração
EFEITOS• Maior exploração lateral e em profundidade das raízes• Maior infiltração e retenção dirigida de água
2. Adubação adequada
fator de adaptação ao local
melhora eficiência de uso da água
● melhor desenvolvimento radicular
● maior velocidade de crescimento nos períodos de boa
disponibilidade hídrica
adubação potássica é fundamental
E. grandis20 meses
Sem adubação potássica
Com adubação potássica
Nutrição, crescimento, eficiência de uso de água e de nutrientes em povoamentos de
Eucalyptus grandis fertilizados com potássio e sódio
Julio Cesar Raposo de Almeida(UNITAU)
Orientador: Prof. Dr José Leonardo de Moraes Gonçalves (ESALQ-USP)Co-Orientador: Dr Jean Paul Laclau (CIRAD-FORET)
Programa de Pós-graduação em Recursos FlorestaisSilvicultura e Manejo Florestal
Idade (mês)
0 6 12 18 24 30 36
IAF
(m2 m
-2)
0
1
2
3
4
5
6
7
TK3,0Na3,0
E. grandis (monoprogênie)Estação Experimental de Itatinga
, 2009
Sensores Datalogger
Resposta ao K (36 meses)
Consumo de água (de 11/06 a 03/07 - 151 dias)
Incremento, eficiência de uso e exigência de água
3. Controle de plantas invasoras
Controle de PlantasDaninhas em Faixa
Mais adequado:• em regiões com boa distribuição de chuvas;• sob espaçamento mais aberto.
4. Espaçamento de Plantio
Capacidade de campo
Ponto de murcha permanente
2 x 1 m
4 x 4 m
Um
idad
e do
sol
o (m
3m
-3)
MêsChuva (mm)
Eucalyptus grandis (dos 32 aos 38 meses de idade)
Profundidade: 0-165m
Leite et al. (1999)
Efeito do espaçamento no teor de umidade do solo
Necessidades de Pesquisa
● Avaliação do ganho genético, do efeito ambiental e da IGA nas
condições edafoclimáticas mais representativas.
necessário delineamentos experimentais especiais
avaliação do grau de estabilidade relativa dos genótipos
● Mecanismos de adaptação das espécies florestais à deficiência
hídrica.
sistema radicular
parte aérea
avaliar a eficiência de uso da água pelos diferentes genótipos
● Influência das condições macro e microedafoclimáticas no estado
fisiológico e na produtividade florestal.
Aplicações – Macro e microplanejamento silvicultural
alocação de genótipos
sincronização da suplementação nutricional com o estado fisiológico
espaçamento de plantio, controle de plantas invasoras ...)
● Estudos sobre seleção precoce de genótipos submetidos
à deficiência hídrica.
efeitos edáficos e fisiológicos
in vitro e em viveiro
Obrigado