102
FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL RAPHAEL RABELLO REIS Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical (Sistemática e genética de organismos tropicais) Mestrado em Biodiversidade Tropical (Sistemática e genética de organismos tropicais) Centro Universitário Norte do Espírito Santo Universidade Federal do Espírito Santo São Mateus, abril de 2017

FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR

DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL,

LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL

RAPHAEL RABELLO REIS

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

(Sistemática e genética de organismos tropicais)

Mestrado em Biodiversidade Tropical

(Sistemática e genética de organismos tropicais)

Centro Universitário Norte do Espírito Santo

Universidade Federal do Espírito Santo

São Mateus, abril de 2017

Page 2: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR

DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL,

LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL

Raphael Rabello Reis

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-graduação em Biodiversidade

Tropical da Universidade Federal do

Espírito Santo como requisito para

obtenção do grau de Mestre em

Biodiversidade Tropical – Sistemática e

Genética de Organismos Tropicais

Orientador: Renato Silveira Bérnils

Centro Universitário Norte do Espírito Santo – CEUNES

Universidade Federal do Espírito Santo – UFES

São Mateus, abril de 2017

Page 3: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,
Page 4: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

II

Page 5: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

III

Deidico a todos que torceram por

mim e ajudaram de alguma forma a

alcançar minhas conquistas...

Page 6: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

IV

“Botei meu pé na estrada, entrei no mato.

Andei por mil caminhos,

Até me acostumar de vez com aquilo que só bem me fez e que até hoje ainda me faz é bom de mais eu vou...

Morar,

Junto com a Natureza

Me entregar,

Reconquistar meus sonhos com certeza

Eu vou morar...

O teu encanto me contagiou Natureza

Tudo que você planto ta lá

Teu encanto me contagiou Natureza

Tudo que você planto ta lá

O teu encanto me contagiou Natureza”

Macucos- A Roseira e o Sabiá

”Caminhando pelo mundo, eu tropeço na estrada,

Sempre não enxergo nada

Tudo aquilo que é meu, tudo aquilo que é seu,

Sempre em menos de um segundo,

Sem pensar a humanidade, fala em desenvolvimento

Sem pensar em quem nasceu / sem pensar em ninguém

Se hoje, tenho todo o ar que respiro

Graças ao meu pai, graças aos meus amigos

A velha história de ser, um menino que brincou

Sobre o verde que nós não sabemos conservar

Temos que aprender porque temos que lutar

Porque temos que saber onde tudo foi parar

Quando meu filho entender / Que não vê o azul do céu e não vê as águas do mar

Como pode desculpar alguém que tirou sua vida

E apagou uma história / hoje quando se lembra chora

Que podia ter evitado

Olhe pro futuro se lembre do passado

Vidas e sonhos dentro de um planeta que precisa de cuidado”

Casaca - Esperança

Page 7: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

V

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida, por ter me colocado neste caminho e nessa

profissão que só me da prazer e alegria. Agradeço pela oportunidade de fazer este mestrado e

pelas inúmeras amizades que fiz ao longo destes dois anos.

Agradeço a minha família pelo apoio incondicional que sempre me deram ao longo de toda

minha vida. Agradeço principalmente a minha mãe Regina e ao meu pai Whelligton por todo

o incentivo que sempre me deram, sempre me apoiando e nunca duvidando da minha

capacidade, agradeço especialmente pelo apoio financeiro rsrs, que sem este, esse trabalho

possivelmente não teria sido realizado.

Agradeço MUUITOO ao meu orientador Renato Silveira Bérnils, por ter aceitado me orientar,

por todo conhecimento que tem me passado ao longo destes quase sete anos de convivência,

obrigado pelo incentivo de sempre, pelos MUITOS puxões de orelha, pela MUITISSIMA

paciência, pela ajuda nos campos quando muitas vezes tirava dinheiro do bolso, sem

obrigação nenhuma para ajudar nas minhas despesas. Obrigado pelo grande carinho, pela

amizade, por muitas vezes ser um PAIZÃO, pelo exemplo de vida, de caráter, de profissional,

nada do que eu fizer vai ser suficiente para pagar por tudo que você me ensinou e fez por

mim. MUITO OBRIGADO MESMO...

Agradeço a Cecília Kierulff pelo carinho e amizade de sempre, pela confiança e oportunidade

maravilhosa de emprego que me deu antes de entrar nesse mestrado, quando eu não via outra

saída a não ser dar aulas. Foi uma experiência maravilhosa que me rendeu muito aprendizado.

Obrigado pelo exemplo de pesquisadora e humildade que vc é.

Agradeço imensamente a empresa Veracel por permitir que eu fizesse este estudo em sua

propriedade, agradeço pelo apoio dado durante os campos, como alojamento, alimentação,

suporte nos campos etc...

Agradeço aos grandes amigos que fiz na RPPN Estação Veracel ao longo destes 16 meses de

pesquisa, muito obrigado Virgínia pelo acolhimento, pela preocupação e carinho de sempre

em todos os meses que frequentei a estação. Obrigado minha “namorada” Priscilla Sales, por

não ter medido esforços pra me ajudar durante esses meses de pesquisa. Obrigado pela

preocupação, amizade, amor e carinho de sempre, você é uma pessoa maravilhosa que

pretendo levar em meu coração o resto da minha vida. Obrigado também “Pri” Priscila

Page 8: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

VI

Ribeiro, não fica com ciúmes da Sales rsrs, muito obrigado também pelo amor, carinho e

amizade de sempre, você também vou levar comigo pro resto da vida. Obrigado Luciléia

Barros (Leinha) pelo carinho e simpatia de sempre. Obrigado Regina Damascena (Rê),

também pelo amor, carinho e simpatiade sempre, sempre sendo um amor de pessoa. Obrigado

Gildevanio Pinheiro (Gil) pela amizade, preocupação, pelo senso de humor incrível, sempre

deixando todos os campos muuuuito divertidos. Obrigado Alexandro Ribeiro (Sandro)

também pela amizade, preocupação, atenção, por todo suporte dado durante a realização da

pesquisa, por varias vezes ter me socorrido nos momentos de apuros (que não foram poucos),

pelas inúmeras brincadeiras e palhaçadas, também sempre deixando os campos mais

divertidos. Obrigado Adeilda Benfica (Déía) e Carla Borges, pelo carinho e simpatia de

sempre, pela comida MARAVILHOSA feita com muuuito amor e carinho, que saudades que

vou sentir. Obrigado vigilante Robson Andrade, também pela simpatia de sempre, por sempre

se mostra disposto a me ajudar, por varias vezes ter capturado cobras que eu não havia

conseguido capturar durante minha pesquisa. Obrigado meu amigo e grande fotógrafo Jailson

Souza pela amizade e simpatia de sempre, sempre tentando agradar e me ajudar da melhor

forma possível. Obrigado meu grande amigo Gilson Amaral, pela amizade, carinho,

simplicidade e alegria de sempre, sempre de bom humor, deixando os campos sempre

divertidos. Obrigado Rosimeire Damasceno (Meire) e Elzimária Fernandes (Mara) pela

amizade, simpatia, alegria, pelo amor de pessoa que vocês são, por sempre deixarem o

alojamento limpinho e nunca reclamarem da nossa bagunça. Obrigado meus amigos Jaildo

Sampaio (Jai) Josenildo Santiago (Nildo), Sérgio Oliveira, Daniel Cerqueira, Antônio

Delgado (Delgado), Manoel Experidião (Manel), Valdemir Chaves (Mica), Ismite Lima,

Erisvaldo Barbosa, Lidiomar de Souza, Manoel Rodrigues, Jonas Pereira e João Batista,

obrigado pela amizade, por sempre me receberem bem, pelas histórias contadas durante os

cafés da manhã e almoços, obrigado pelas brincadeiras e alegrias transmitidas por cada um.

Um MUITO OBRIGADO á família Veracel, por TUDO TUDO TUDO que fizeram por mim,

palavara nenhuma vai conseguir expressar a alegria de ter trabalhado esses meses ai e a

gratidão por ter conhecido todos vocês. Me fizeram sentir como se realmente fosse da família.

Espero do fundo do coração Deus abençoe cada um de vocês e reserve o melhor para cada

um. Amo vocês eu vou leva-los no meu coração para sempre!!!

Obrigado às minhas cadelinhas Bina e Gabi, pelo amor incondicional, por cada lambida,

carinho, brincadeira, entraram por a caso em minha vida mas hoje não consigo me imaginar

sem vocês.

Page 9: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

VII

Obrigado a todos que foram a campo comigo (Acrísio Perini, Vinicius Martins, Marília Bautz,

Laisla, Diego Borges, Rafael Mathielo, Kariny Freire, Flora Ortiz, Arthur Abegg, Brener

Fabres, Marcela Camacho, Lucas Dias, Paulo cabeção, Adriano Ragel, Bianca Feller, Daniele

Vasconcelos, Lucas Sancio, Jadson Zampirollo e Basílio Cerri). Meu muito obrigado a cada

um de vocês, sem a ajuda de todos vocês, eu com certeza não teria conseguido realizar este

trabalho.

Obrigado a minha namorada importada linda e maravilhosa Marcela Camacho Montealegre,

obrigado pela ajuda na construção dessa dissertação, pela ajuda no campo. Obrigado amor por

ser compreensiva na minha falta, muitas vezes infelizmente não pude estar contigo por conta

deste trabalho. Obrigado por ser namorada, amiga e pessoa maravilhosa que é, sem seu apoio,

conselhos, carinhos, beijos e abraços, seria muuuuito mais difícil esses anos de fim de

graduação e mestrado. TE AMO MUCHARARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAÇO!!!

<3 S2

Agradeço a Renata Muniz, pela amizade, por ter me ajudado e ter preparado todos os mapas

de distribuição das armadilhas e dos registros de cada espécie durante o estudo, me salvou

muuuuito Nati, BRIGADÃO!

Agradeço ao meu grande amigo/irmão Adriano Ribeiro Rangel, por ter vencido seus medos e

ter embarcado comigo para a EVC quando não estava conseguindo ninguém para ir comigo,

obrigado Nano por ter me ajudado a construir todas as armadilhas de pitfal, sabemos que não

foi fácil, botou seu sange e suor em cada buraco cavado kkk. Obrigado mesmo Nano, sem vc

teria sido ainda mais difícil.

Obrigado ao Professor e amigo Luiz Weber e seus alunos Bruna, Alan, Lorrana e Caio por

todo suporte e ajuda nos campos, pela ajuda na construção dos pitfals e ajuda nas buscas

noturnas. Muito obrigado Luiz pela amizade e ensinamentos, companheirismo, você foi

importantíssimo para a concretização deste trabalho, espero que poçamos realizar outros

trabalhos juntos futuramente.

Page 10: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

VIII

Obrigado ao meus amigos de laboratório, Renan, Marília, Diego, Bianca, Renata, Dani, Paulo,

e Kariny, pela amizade, companheirismo, brincadeiras e resenhas de sempre. Estes anos de

UFES foi muito mais divertido ao lado de vocês.

Obrigado aos meus amigos de republica, Renan que me aguentou um ano nas bagunças e

cachaçãdas, Diego e Igor por me aguentarem até o final deste mestrado, pelo companheirismo

nos botecos, conselhos, palhaçadas, cachaçadas e me aturarem minha bagunça e

desorganização kkkk.

Obrigado a CAPES pela bolsa de pesquisa.

Obrigado ao meu Citroen Picasso, meu companheiro de campo, enfrentando as mais terríveis

estradas, quase nunca me deixando na mão, mas infelizmente partiu dessa pra melhor.

Saudades eternas...

Muito obrigado a todos os que torceram por mim e me ajudaram para que este trabalho

fosse um sucesso, que Deus abeçoe a cada um de vocês. Serei eternamente grato.

Muito obrigado!!!

Page 11: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

IX

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 MATERIAL E MÉTODOS 3

2.1 Área de estudo 3

2.2 Amostragem 6

2.3 Análise dos dados 9

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 11

3.1 Espécies inventariadas 11

3.2 Métodos amostrais X espécies inventariadas 20

3.3 História natural das espécies constatadas 22

3.4 Comparação da composição de Squamata da região estudada com áreas

similares 69

4 CONCLUSÕES 71

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72

Page 12: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

X

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Localização da região da RPPN Estação Veracel em relação ao Brasil e ao estado da Bahia. 4 Figura 2. Posição geográfica e delimitações da RPPN Estação Veracel. No canto superior esquerdo,

localização da imagem de satélite em relação ao estado da Bahia. 4

Figura 3. Distribuição das armadilhas de intercepção e queda (pitfall traps) na RPPN Estação

Veracel: sete no interior da mata (pontos pretos), três na borda da mata (pontos rosa) e um no

interior de muçununga (ponto amarelo). Feito a partir do Mapa de Contenção de Incêndio da

RPPN Estação Veracel.

7

Figura 4. Armadilha de interceptação e queda (pitfall trap) montada em área aberta de

muçununga. 7

Figura 5. Delimitação das áreas contínuas da Mata Atlântica no litoral do Brasil (verde) com

destaque para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (quadrado azul) e as demais 22

áreas selecionadas para comparação (círculos vermelhos). 10

Figura 6. Número de registros de 41 espécies de Squamata na RPPN Estação Veracel e seu

entorno. As abreviações representam os nomes científicos das espécies. Epi = Enyalius pictus,

Sam = Salvator merianae, Gyd = Gymnodactylus darwinii, Trt = Tropidurus torquatus, Cfu =

Chironius fuscus, Aam = Ameiva ameiva, Lsi = Leposoma cf. scincoides, Nfu = Norops

fuscoauratus, Dpu = Dactyloa punctata, Abr = Amerotyphlops brongersmianus, Oae =

Oxybelis aeneus, Ble = Bothrops leucurus, Cho = Corallus hortulanus, Ana = Ameivula nativo,

Dva = Dipsas variegata, Ssu = Spilotes sulphureus, Pma = Polychrus marmoratus, Plu =

Phyllopezus lutzae, Emi = Erythrolamprus miliaris, Kca = Kentropyx calcarata, Din = Dipsas

indica, Ogu = Oxyrhopus cf. guibei, Ope = Oxyrhopus petolarius, Pol = Philodryas olfersii,

Sco = Siphlophis compressus, Sto = Strobilurus torquatus, Psm = Psychosaura macrorhyncha,

Bco = Boa constrictor, Cfo = Chironius foveatus, Tme = Tantilla aff. melanocephala, Dca =

Dipsas catesbyi, Ere = Erythrolamprus reginae semilineatus, Lan = Leptodeira annulata, Xra =

Xenodon rabdocephalus, Mib = Micrurus ibiboboca, Epc = Epicrates cenchria, Cex =

Chironius cf. exoletus, Cla = Chironius laevicollis, Lah = Leptophis ahaetulla, Pni =

Pseudoboa nigra e Aal = Amphisbaena alba.

12

Tabela 1. Táxons de Squamata não-Serpentes registrados durante o presente estudo,

complementados com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel,

municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia.. 13

Tabela 2. Táxons de Squamata Serpentes registrados durante o presente estudo,

complementados com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel,

municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia. 14

Tabela 3. Squamata não-Serpentes registrados para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da

Bahia, no presente estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por

pitfall (CP), encontro de animal morto (EM), doação de terceiros (DT), registro visual (RV) e

registro fotográfico (RF).

15

Tabela 4. Serpentes registradas para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no presente

estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP),

encontro de animal morto (EM), doação de terceiros (DT) registro visual (RV) e registro

fotográfico (RF).

16

Figura 7. Curva de acumulação de espécies (curva do coletor) após 16 meses de amostragem

de Squamata na RPPN Estação Veracel. A linha vermelha mostra o aumento real das espécies

ao longo dos 16 meses e a linha preta aponta a tendência de crescimento do número estimado

de espécies.

20

Figura 8. Imagem de satélite (Google Earth) mostrando a distribuição de todos os registros de répteis

squamata feitos na RPPN Estação Veracel e em seu entorno, Bahia, durante o presente estudo. 22

Figura 9. Localização dos registros de Gymnodactylus darwinii (círculos vermelhos) e

Phyllopezus lutzae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo. 48

Figura 10: Localização dos registros de Dactyloa punctata (circulos vermelhos) e Norops

fuscoauratus (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 49

Figura 11. Localização dos registros de Enyalius pictus (circulos vermelhos), Polychrus 50

Page 13: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

XI

marmoratus (quadrados azuis) e Psychosaura macrorhyncha (cruzes amarelas) na RPPN

Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. Figura 12 Localização dos registros de Hemidactylus mabouia (circulos vermelhos), Leposoma cf.

scincoides (quadrados azuis), Strobilurus torquatus (cruzes amarelas) e Tropidurus torquatus (asteriscos

laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 51

Figura 13. Localização dos registros de Ameiva ameiva (circulos vermelhos) e Ameivula nativo

(quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 52

Figura 14 Localização dos registros de Kentropyx calcarata (circulos vermelhos) e Salvator

merianae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 53

Figura 15. Localização dos registros de Amphisbaena alba (circulos vermelhos), Leposternon

infraorbitale (quadrado azul) e Leposternon wuchereri (cruz amarela) na RPPN Estação

Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 54

Figura 16. Localização dos registros de Boa constrictor (círculos vermelhos), Corallus

hortulanus (quadrados azuis) e Epicrates cenchria (cruzes amarelas) na RPPN Estação Veracel,

Bahia, durante o presente estudo. 55

Figura 17. Localização dos registros de Chironius cf. exoletus (circulos vermelhos), C. foveatus

(quadrados azuis), C. fuscus (cruzes amarelas) e C. laevicollis (asteriscos laranja) na RPPN Estação

Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 56

Figura 18. Localização dos registros de Leptophis ahaetulla liocercus (círculo vermelho),

Oxybelis aeneus (quadrados azuis), Spilotes sulphureus poecilostoma (cruzes amarelas) e

Tantilla aff. melanocephala (asterisco laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo.

57

Figura 19. Localização dos registros de Atractus sp, (circulo vermelho), Dipsas catesbyi

(quadrados azuis), Dipsas indica indica (cruzes amarelas) e Dipsas variegata (asteriscos laranja) na

RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 58

Figura 20. Localização dos registros de Imantodes cenchoa (circulo vermelho), Leptodeira

annulata (quadrado azul), Oxyrhopus cf. guibei (cruzes amarelas) e Oxyrhopus petolarius

(asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 59

Figura 21. Localização dos registros de Erythrolamprus miliaris (círculos vermelhos),

Erythrolamprus poecilogyrus schotti (quadrado azul) e Erythrolamprus reginae semilineatus

(cruzes amarelas) na RPPN estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo. 60

Figura 22. Localização dos registros de Philodryas olfersii (círculos vermelhos), Pseudoboa

nigra (quadrados azuis), Sibynomorphus neuwiedi (cruz amarela), Siphlophis compressus

(asteriscos laranja), Xenodon rabdocephalus (triângulos verdes) e Xenopholis scalaris (losango

rosa) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

61

Figura 23. Localização dos registros de Amerotyphlops brongersmianus (círculos vermelhos),

Micrurus corallinus (asterisco laranja), Micrurus ibiboboca (triangulos verdes), Bothrops

jararaca (quadrado azul) e Bothrops leucurus (cruzes amarelas) na RPPN Estação Veracel,

Bahia, durante o presente estudo.

62

Figura 24. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo: Hemidactylus mabouia (A), Gymnodactylus darwinii (B), Phyllopezus lutzae (C),

Psychosaura machrorhynca (D), Dactyloa punctata (E), Norops fuscoauratus (F), Enyalius

pictus (G) e Polychrus marmoratus (H).

63

Figura 25. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo: Strobilurus torquatus (A), Tropidurus torquatus (B), Leposoma cf. scincoides (C),

Ameiva ameiva (D), Ameivula nativo (E), Kentropyx calcarata (F), Salvator merianae (G) e

Amphisbaena alba (H).

64

Figura 26. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo: Leposternon infraorbitale (A), foto de um exemplar com a procedência de Porto

Seguro tombado na coleção MZ UESC, Amerotyphlops brongersmianus (B), Boa constrictor

(C), foto de Jailson Souza, funcionário da RPPN, Corallus hortulanus (D), Epicrates cenchria

(E), Chironius foveatus (F), foto de funcionários da RPPN, Chironius fuscus (G) e Leptophis

ahaetula liocercus (H).

65

Figura 27. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo: Oxybelis aeneus (A), Spilotes sulphureus poecilostoma (B), Tantilla aff.

melanocephala (C), Atractus sp. (D), Dipsas catesbyi (E), Dipsas indica indca (F), Dipsas

66

Page 14: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

XII

variegata (G) e Imantodes cencha (H), foto de Renan Moysés, colaborador do estudo.

Figura 28. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo:. Leptodeira annulata (A), Philodryas olfersii (B), Oxyrhopus cf. guibei (C), Oxyrhopus

petolarius (D), Siphlophis compressus (E), Erythrolamprus miliaris ssp. (F), Erythrolamprus

reginae semilineatus (G) e Xenodon rabdocephalus (H).

67

Figura 29. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo: Xenopholis scalaris (A), Micrurus corallinus (B), Micrurus ibiboboca (C), Bothrops

jararaca (D) e Bohtrops leucurus (E).

68

Figura 30. Dendograma da análise de agrupamento de 23 localidades litorâneas de Mata

Atlântica a partir de 197 táxons de Squamata. 69

Tabela 5. Coeficiente de Duellman mostrando a similaridade da fauna de Squamata entre a

região de Porto Seguro e outras 22 áreas selecionadas da Mata Atlântica. 70

Page 15: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

XIII

RESUMO

Buscando conhecer melhor a composição herpetofaunística da Mata Atlântica, a Reserva

Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel foi estudada quanto aos répteis Squamata.

Para tanto, foram realizadas 16 fases de amostragem em 16 meses consecutivos, totalizando

108 dias e 1.870 horas/homem em campo, aplicando os seguintes métodos amostrais: coleta

manual por busca ativa, coleta por armadilha de intercepção e queda (pitfall traps),

recolhimento de animais encontrados mortos, doações de terceiros, registro visual e registro

fotográfico. Deste modo, obteve-se 403 registros de 51 táxons de Squamata – número que se

estima estar ainda distante da real composição herpetofaunística da RPPN, uma vez que a

curva de acumulação de espécies não atingiu sua assíntota. Ameivula nativo, Leposternon

infraorbitale, L. wuchereri, Amerotyphlops brongersmianus, Boa constrictor, Tantilla aff.

melanocephala, Dipsas catesbyi, D. i. indica, D. variegata, Sibynomorphus neuwiedii,

Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus poecylogyrus schotti e Xenopholis

scalaris, foram registrados para a RPPN pela primeira vez; também se destaca a coleta de um

exemplar de Atractus que não se assemelha nenhuma espécie do gênero, indicando ser uma

espécie nova. Uma análise de agrupamento e um coeficiente de semelhança foram

empregados para comparar a fauna de Squamata da região em que se insere a RPPN contra

outras 22 áreas da Mata Atlântica que possuem condições similares; concluiu-se que, num

nível mais estrito, a região estudada tem grande afinidade faunística com o extremo norte do

Espírito Santo, e num nível mais abrangente, forma um agrupamento que envolve também

áreas ao sul da Baía de Todos os Santos (Bahia) e outras áreas do centro e sul do Espírito

Santo. Esses dois agrupamentos reforçam a proposta que nomeia esse trecho da Mata

Atlântica de Hileia Baiana, por sua similaridade faunística e florística com a Amazônia.

Palavras-chave: Mata Atlântica, Hileia Baiana, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, inventário

herpetofaunístico, répteis.

Page 16: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

XIV

ABSTRACT

Seeking to know better the herpetofauna of the Atlantic Forest, the Squamata reptiles of the

Private Natural Heritage Reserve Estação Veracel (RPPN Estação Veracel, in Portuguese)

have been studied. So, sixteen (16) sampling phases were carried out in sixteen consecutive

months, resulting in 108 days and 1,870 hours/man in the field. The methods used were:

manual collection by active search, collection using pitfall traps, collection of dead animals,

third-party donations, visual registration and photographic records. Thus, there were 403

records of 51 Squamata taxa. Apparently, this number is still far from the actual

herpetofaunistic composition of the RPPN Estação Veracel, once the species accumulation

curve did not reach its asymptote. Among the taxa that deserve more attention are: Ameivula

nativo, Leposternon infraorbitale, L. wuchereri, Amerotyphlops brongersmianus, Boa

constrictor, Tantilla aff. melanocephala, Dipsas catesbyi, D. i. indica, D. variegata,

Sibynomorphus neuwiedii, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus

poecylogyrus schotti and Xenopholis scalaris, that had not yet been registered for the region,

and an Atractus specimen that does not resemble any species of the genus, indicating that it is

a new species. Cluster analysis and similarity coefficient were used to compare the Squamata

fauna of the region where the RPPN is inserted in relation to other 22 Atlantic forest areas

that have similar conditions. It was concluded that in a stricter level, the studied area has great

faunal affinity with the far North of the state of Espírito Santo. In a broader level, it is part of

a cluster that also includes areas in the south of the Baía de Todos os Santos (Bahia) and other

Central and southern areas of Espírito Santo. These two groups reinforce the proposal that

nominates this stretch of Atlantic forest of Bahia as Hileia Baiana, due to its faunistic and

floristic similarities with Amazon.

Key-words: Atlantic Forest, Hileia Baiana, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, herpetological

summary, reptiles.

Page 17: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

1 INTRODUÇÃO

A América do Sul é bastante conhecida pela sua grande biodiversidade e suas várias regiões

com grande número de espécies endêmicas (SIGRIST & CARVALHO, 2010). O Brasil é um

dos países de maior biodiversidade mundial (MMA et al., 2006), com cerca de 12% da

biodiversidade do mundo e 22% das espécies vegetais do planeta, sendo que muitas são

endêmicas do país (TRANCOSO et al., 2012); possui quase um terço dos remanescentes de

florestas tropicais do planeta, que são conhecidas como berço da diversidade biológica global

(MMA et al., 2006). Todo esse acúmulo de biodiversidade e riqueza de espécies e paisagens

naturais atrai grande interesse de inumeros pesquisadores de diversas áreas, gerando

informações que contribuem para o desenvolvimento e conservação dessas importantes

regiões.

A Mata Atlântica é uma das cinco áreas de biodiversidade mais importantes da Terra, sendo

considerada um hotspot da biodiversidade global (MYERS et al., 2000; XAVIER et al.,

2015), a maior reserva da biosfera designada pela Unesco, segundo a Fundação SOS Mata

Atlântica, e um patrimônio mundial absoluto que necessita de preservação e restauração. A

Mata Atlântica, originalmente, cobria 148.194,638 hectares, principalmente ao longo da costa

do Brasil, abrangendo 17 estados brasileiros, mas também extendendo-se por dois outros

países do sul da América do Sul, Paraguai e Argentina. Devido à sua degradação, da área total

mapeada, apenas 11,26% de floresta e 0,47% de restingas e manguezais ainda restam; assim

quase 90% da Mata Atlântica original foi destruída e apenas 11,73% ainda resistem. O que

sobrou deste hotspot de biodiversidade está distribuído em 245.173 fragmentos de floresta,

dos quais 17,7% são encontrados no estado da Bahia, sendo a maior parte pequenos

fragmentos com menos de 50 ha; os poucos fragmentos grandes que ainda restam estão em

terrenos íngremes, o que dificulta a ocupação humana. A porção norte da Mata Atlântica,

comparada com sua porção sul, está bastante degradada, exceto pela região do sul da Bahia

que possui grandes mosaicos de floresta (SILVA et al., 2004; CARNAVAL & MORITZ,

2008; RIBEIRO et al., 2009).

Diversas formações vegetais, grande variação de precipitação, topografia, clima e condições

ambientais extremamente heterogêneas, favoreceram o surgimento de grande número de

espécies endêmicas e alta diversidade na Mata Atlântica, incluindo mais de 20 mil espécies de

plantas, além de 261 mamíferos, 688 aves, 200 répteis, 472 anfíbios, 269 peixes e muitas

outras espécies ainda em fase de descrição. Juntas, a flora e a fauna da Mata Atlântica podem

conter ente 1% e 8% do total de espécies do mundo. Devido principalmente à sua

Page 18: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

2

fragmentação, grande parte dessa floresta sofre pressão e está sob ameaça de extinção - 70%

das 199 aves endêmicas da Mata Atlântica estão ameaçadas, assim como diversas espécies de

outros grupos (RIBEIRO et al., 2009; ABILHOA et al., 2011; HADDAD et al., 2013).

As condições climáticas (alta humidade e chuvas bem distribuídas) somadas a componentes

de flora e fauna compartilahdos com a Amazônia, presentes no sul da Bahia e norte do

Espírito Santo, fazem dessa região de Mata Atlântica uma das de maior biodiversidade do

mundo (SMMA, 2014), e a principal área de Mata de Tabuleiros do Corredor Central da Mata

Atlântica (MMA et al., 2006). Devido à grande semelhança com a Floresta Amazônica, esse

pequeno trecho da Mata Atlântica foi denominado de Hileia Baiana, compreendendo o litoral

norte do Espírito Santo e sul da Bahia até a divisa com Minas Gerais, entrando poucos

quilômetros nesse estado (NEMÉSIO, 2012).

A Veracel Celulose, empresa multinacional destinada à produção de celulose, desenvolve

vários projetos que visam proteger florestas sob sua responsabilidade, que hoje ocupam mais

de 114 mil ha, metade das terras da empresa. Cerca de 9 mil ha de matas preservadas pela

Veracel constituem áreas prioritárias para a conservação, incluindo a Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel (EVC) (VERACEL, 2014), que está situada na

mesorregião geográfica Sul Baiano, microrregião Porto Seguro, segundo a Superintendência

de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – (SEI), faz parte do território de identidade

denominado Costa do Descobrimento e da região econômica Extremo Sul da Bahia (SEI,

2014). A RPPN se localiza a 15 km do centro histórico de Porto Seguro, próxima à rodovia

BR-367, que liga esta cidade a Eunápolis, e ocupa 6.069 ha dos municípios de Porto Seguro e

Santa Cruz Cabrália. Este é um dos maiores patrimônios ecológicos da Bahia e a maior

reserva particular da Mata Atlântica (SCHIAVETTI et al., 2007).

Atualmente se reconhece a existência de pelo menos 773 espécies de répteis no Brasil, além

de 46 subspécies, totalizando 819 taxons divididos em Testudines (36 espécies), Crocodylia

(seis espécies) e Squamata (731 espécies, assim distribuídas: 392 serpentes, 266 lagartos e 73

anfisbenas) (COSTA & BÉRNILS, 2015). Mais de um quarto dessas espécies ocorre na Mata

Atlântica (MARTINS & MOLINA, 2008) e esse montante cresce à grandeza aproximada de

uma nova espécie de réptil descrita para o Brasil a cada 45 dias (PAGLIA et al., 2010). Essa

descoberta constante de novas espécies reforça a importância de inventários e estudos

ecológicos da herpetofauna de remanescentes de Mata Atlântica, para conhecer melhor sua

composição, diversidade e riqueza, bem como padrões de distribuição geográfica e de partilha

dos recursos disponíveis (SANTANA et al., 2008).

Page 19: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

3

Devido à quantidade de novas descobertas, a história pouco conhecida desse hotspot de

biodiversidade e o seu grande perigo de ameaça, faz com que estudos da diversidade biológica

na Mata Atlântica sejam de grande importância para a biologia da conservação deste bioma

(CARNAVAL & MORITZ, 2008).

Aproximadamente 94 espécies de Squamata possuem distribuição potencial na RPPN

Estação Veracel, mas apenas 51 foram registradas no único levantamento já feito na região,

20 anos atrás, publicado por FRANCO et al. (1998). Desses 94 Squamata, vários se

enquadram em categorias de ameaça ou de possível ameaça nas listas de fauna ameaçada do

Brasil e de estados como Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, e quase todos são de difícil

constatação na natureza, reforçando ainda mais a importância de inventários como este

(ALMEIDA et al., 2007; MARTINS, 2007; MARTINS & MOLINA, 2008).

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de estudo

Segundo SCHIAVETTI et al. (2007), a RPPN Estação Veracel (EVC) possui 6.069 hectares de

Mata Atlântica classificada como área de floresta ombrófila densa de terras baixas, localizada

entre os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, aproximadamente a 15 km do

centro de Porto seguro às margens da rodovia BR-367, entre as latitudes 16°17’20,37”S e

16°24’20,19”S e as longitudes 39°06’03,51”W e 39°10’49,09”W (Figuras 1 e 2).

A área foi reconhecida como RPPN pela portaria 149/98N do IBAMA. A EVC constitui parte

do Sítio do Patrimônio Natural Mundial – Sítio do Descobrimento, devido a suas

características físicas, biológicas e geológicas e seu elevado valor científico e de conservação.

Ela integra uma das zonas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Corredor

Central da Mata Atlântica no extremo sul da Bahia (SCHIAVETTI et al., 2007; MMA et al.,

2006) e é uma das maiores reservas particulares de Mata Atlântica em âmbito federal, tida

como área chave para a biodiversidade devido à sua importância como refúgio de espécies

ameaçadas de extinção (SCHIAVETTI et al., 2007).

A EVC se encontra em região de clima chuvoso com precipitação anual média de 1.300 a

1.600 mm, quente e úmido, sem estação seca, com temperaturas elevadas, variando entre

média máxima de 27,9°C e média mínima de 18,9°C; os meses mais quentes são de outubro a

abril e os mais frios de junho a agosto (ARGÔLO, 2004; SCHIAVETTI et al., 2007;

ÁLVARES et al., 2014).

Page 20: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

4

Figura 1. Localização da região da RPPN Estação Veracel em relação ao Brasil e ao estado da Bahia.

Figura 2. Posição geográfica e delimitações da RPPN Estação Veracel. No canto superior

esquerdo, localização da imagem de satélite em relação ao estado da Bahia.

Page 21: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

5

De acordo com SCHIAVETTI et al. (2007): “A RPPN EVC está localizada dentro da região

fitoecológica denominada Floresta Ombrófila Densa. Estrutural e fisionomicamente esta mata

muito se assemelha à Amazônica. Apresenta-se, via de regra, alta, densa, latifoliada, sempre-

verde, com poucas formas biológicas e muitas espécies, com estratificação bem definida e

com epífitos vasculares. A floresta apresenta-se com estrutura pluriestratificada, sendo o sub-

bosque e o estrato arbóreo os mais altos, com árvores altas frequentemente salientes”. Ainda

segundo aquele autor, essas árvores emergentes muitas vezes atingem mais de 30m de altura.

A EVC está inserida na região com o maior numero de espécies arbóreas do mundo. Uma

análise fitosociológica indicou que a RPPN está situada entre as vinte áreas com maior

número de indivíduos do mundo e com grande número de espécies. Comparando com outras

áreas no Brasil, a EVC está entre as primeiras dez áreas (SCHIAVETTI et al., 2007).

Na EVC ainda existe grande parte da biodiversidade original, apresar da forte pressão

antrópica que sofre. Já foram registradas 38 espécies de grandes e médios mamíferos na área,

dos quais 12 estão na lista de espécies ameaçadas e quatro são endêmicas da Mata Atlântica

(SCHIAVETTI et al., 2007).

A EVC se caracteriza por feições predominantemente conservadas e está inserida entre os

domínios de relevo representados pelas unidades geomorfológicas denominados de tabuleiros

costeiros e planícies litorâneas; sua biodiversidade é elevada, sendo uma das Florestas de

Tabuleiro mais preservadas do sul da Bahia (MMA et al., 2006; SCHIAVETTI et al., 2007;

(IBGE, 2016). Além disso, a EVC serve como importante refúgio para a fauna regional,

abrigando várias espécies ameaçadas ou regionalmente extintas, como o macaco-prego-de-

crista, Sapajus robustus (Kuhl, 1820), o beija-flor balança-rabo-canela, Glaucis dorhnii

(Bourcier & Mulsant, 1852), a anta, Tapirus terrestris Linnaeus, 1758, a onça-parda, Puma

concolor (Linnaeus, 1771), e o gavião-real, Harpia harpyja Linnaeus, 1758, que sofrem

pressão devido à caça predatória e ao isolamento da reserva (SCHIAVETTI et al., 2007).

A hidrografia da EVC é muito importante para a região, pois o rio Mutari, que deságua em

Coroa Vermelha, onde Pedro Alvares Cabral abasteceu suas caravelas com água doce, nasce

na EVC, e outros rios, como o Jardim, de suma importância para as comunidades locais,

também nascem no interior da EVC ou em áreas vizinhas, como o rio dos Mangues, o Ronca

Água e o Camuruji, entre outros, num total de 115 nascentes presentes no interior da RPPN

(SCHIAVETTI et al., 2007). Além dos diversos córregos presentes no interior da RPPN, várias

lagoas se localizam em áreas mais elevadas da unidade, formando grandes bacias de

Page 22: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

6

acumulação de água. Essas lagoas são formadas pelo acúmulo de água das chuvas que não

conseguem penetrar livremente o solo ali encontrado; muitas são periódicas e secam no

período de estiagem, mas outras permanecem cheias, dando características particulares ao

solo e à vegetação, estando, muitas vezes, relacionadas a áreas de muçununga (SCHIAVETTI

et al., 2007).

A muçununga constitui um importante e diferenciado ecossistema; é bastante distinta das

florestas ao seu redor e caracteriza-se por possuir componentes herbáceos predominantes e

arbóreos pouco densos, em solo arenoso e úmido; está floristicamente relacionada às restingas

e às florestas ombrófilas que a circundam (SCHIAVETTI et al., 2007). A muçununga é muito

importante para fauna local, pois é um habitat diferenciado e serve como refúgio para várias

espécies de répteis que preferem ambientes mais abertos e ensolarados.

A EVC abriga uma fauna de vertebrados rica e relativamente bem conhecida, mas ainda existe

um déficit de conhecimento sobre vários grupos, como invertebrados, morcegos, pequenos

mamíferos, peixes e lagartos arborícolas (SCHIAVETTI et al., 2007).

2.2 Amostragem

Realizei 16 fases de campo entre os anos de 2015 e 2016 por 16 meses consecutivos, com

cada fase de campo durando em média 6,7 dias, totalizando 108 dias de campo. Para a

amostragem de Squamata, segui métodos usuais em estudos herpetológicos, conforme as

indicações de CORN (1994), CECHIN & MARTINS (2000) e FRANCO & SALOMÃO

(2002), a saber:

(1) Coleta por pitfall (CP), feita a partir de 11 conjuntos de armadilhas de interceptação e

queda (pitfall traps), montadas em diferentes fitofisionomias presentes na EVC (Figura 3).

Cada conjunto contou com quatro baldes de 30 litros enterrados rente ao solo a uma distância

de 10 metros uns dos outros, dispostos em forma de Y; cercas-guia de lona plástica (fixadas

por hastes de madeira) ligavam os baldes um ao outro, formando barreiras, conforme

demonstrado na Figura 4. Esse método é particularmente eficiente no registro de Squamata

terrestres e fossoriais de pequeno e médio porte (como Amphisbaenidae, Typhlopidae,

Elapidae, Mabuyidae e Gymnophthalmidae), mas também semi-arborícolas que regularmente

frequentam o solo da floresta (como Polychrotidae, Leiosauridae e diversos Colubridae e

Dipsadidae). Em todas as fases de campo as armadilhas de interceptação e queda eram abertas

a intervalos variáveis, não controlados, e os baldes eram examinados uma vez ao dia.

Page 23: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

7

Figura 3. Distribuição das armadilhas de intercepção e queda (pitfall traps) na RPPN Estação

Veracel: sete no interior da mata (pontos pretos), três na borda da mata (pontos rosa) e um no

interior de muçununga (ponto amarelo). Feito a partir do Mapa de Contenção de Incêndio da

RPPN Estação Veracel (SCHIAVETTI et al., 2007).

Figura 4. Armadilha de interceptação e queda (pitfall trap) montada em área aberta de muçununga.

Page 24: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

8

(2) Coleta manual (CM), feita através de busca ativa, seguindo métodos de LEMA &

ARAÚJO (1985), MOURA-LEITE et al. (1993) e CURCIO et al. (2010); trata-se da procura

de répteis sob caules (vivos ou mortos), pedras ou cupinzeiros, rastelando folhiço, areia e

terra, vasculhando os mais variados habitats potenciais, como bromélias, ocos de árvores,

margens de cursos d’água, cursos d’água, construções abandonadas etc. Este método permite

o encontro fortuito de espécies com hábitos diversos, ou seja, arborícolas, aquáticas, terrestres

e fossoriais, e constitui processo bastante versátil e generalista de detecção e captura de

vertebrados em campo, permitindo o registro de muitas espécies raras e/ou crípticas que

dificilmente são constatadas em amostragens passivas (armadilhas) (CRUMP & SCOTT JR.,

1994). Outra vantagem deste método é a possibilidade de registrar animais em atividades de

forrageio, reprodução, territorialidade, uso do habitat, e repouso, fornecendo dados que

enriquecem o conhecimento de história natural das espécies (SAWAYA et al., 2008). As

procuras foram realizadas nos períodos diurno e noturno, mais concentradas no começo da

manhã (horário de revisar as armadilhas) e no começo da noite, sem o emprego de transectos

ou parcelas. O esforço empregado neste método foi contabilizado por unidade de tempo,

horas/homem;

(3) Animais encontrados mortos, método que se resume ao recolhimento de espécimes

eventualmente encontrados atropelados ou mortos por outros fatores;

(4) Doações de terceiros, espécimes encontrados mortos ou que foram mortos acidentalmente

por funcionários da RPPN durante suas atividades de trabalho;

(5) Registros visuais, referentes a répteis avistados, mas não capturados, por impossibilidade

ou por não considerar necessário (espécies ameaçadas), e;

(6) Registros fotográficos de animais que não foram capturados por impossibilidade de

captura ou que foram fotografados por outras pessoas em atividade na EVC.

Todos os registros visuais e fotográficos foram feitos por mim ou por minha equipe, com

algumas fotografias também de autoria de funcionários e de pesquisadores em visita à EVC.

Por meio do software ArcMap 10.2.2, elaborei figuras com a localização das armadilhas e

com os pontos de registro dos espécimes de cada táxon, feitos no interior da RPPN ou em seu

entorno (registros sem coordenada foram desconsiderados e não entraram nas figuras). Para a

elaboração das figuras utilizei shapefiles cedidos pela Veracel Celulose, georreferenciados

pelo software citado.

Ao longo dos 16 meses de inventário, percorri as estradas que dão acesso à RPPN e onze

trilhas, além de riachos, áreas não nomeadas ao longo da rodovia que corta a RPPN, seu

Page 25: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

9

entorno e áreas próximas à sede. A maior parte os exemplares coletados manualmente ou por

armadilhas de interceptação e queda, bem como os encontrados mortos ou doados por

terceiros, tiveram suas coordenadas anotadas para posterior mapeamento, foram fixados em

solução de álcool 80% ou formol a 10%, receberam número de campo e estão sob a guarda

provisória da Coleção Zoológica Norte Capixaba (CZNC), sediada no Centro Universitário

Norte do Espírito Santo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Posteriormente, esses

exemplares serão encaminhados para tombamento definitivo na coleção herpetológica da

Universidade Estadual de Santa Cruz (MZUESC), Ilhéus, Bahia, e no Museu Nacional, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, (MNRJ), Rio de Janeiro.

2.3 Análise dos dados

Para avaliar o esforço de coleta, desenhei uma curva de acumulação de espécies (curva do

coletor) para todos os registros feitos durante o estudo, através do software Microsoft Excel

2010, onde o eixo X mostra o número de espécies e o eixo Y os meses de coleta de dados.

A fim de caracterizar melhor a composição da herpetofauna de Squamata da RPPN Estação

Veracel, selecionei, para comparação, 197 táxons levantados em 23 áreas litorâneas

(incluindo a região estudada), das quais 21 estão inseridas na Mata Atlântica. As áreas se

estendem desde o Ceará até o Rio Grande do Sul (Figura 6) e apresentam posição geográfica

comparável com a EVC, ou seja, situam-se a uma distância máxima de 25 quilômetros do

litoral, são áreas de baixada com altitudes próximas ao nível do mar, de vegetação variando

entre cobertura florestal plena, ambiente de restingas e manguezais e entorno desmatado para

atividades agrícolas.

A seleção das áreas foi feita com base nas seguintes fontes: ALMEIDA-GOMES et al.

(2008), ARGÔLO (2004), BÉRNILS et al. (2004; 2015), CARVALHO & ARAÚJO (2004),

CARVALHO et al. (2007), CASTRO & SILVA-SOARES (2016), CASTRO et al. (2012),

DIAS & ROCHA (2005), ENTIAUSPE-NETO et al. (2016), FRANÇA et al. (2012),

FRANCO et al. (1998), FREIRE et al. (2010), FREITAS (2014), GASPARINI (2014),

MARQUES & SAZIMA (2004), MARQUES et al. (2011), MARQUES et al. (2016),

OLIVEIRA & OLIVEIRA (2014), PONTES et al. (2008), QUINTELA & LOEBMANN

(2009), QUINTELA et al. (2006; 2011), ROBERTO & LOEBMANN (2016); ROCHA

(1998; 2000), ROCHA & VAN SULYS (2006; 2007), ROCHA et al. (2000; 2008), ROCHA

et al., 2014; ROCHA-E-SILVA (1998); SALES & SILVA-SOARES (2010), SALES et al.

Page 26: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

10

(2009), SANTANA et al. (2008), SANTOS et al. (2008), SILVA et al. (2007), SILVA-

SOARES et al. (2011), TEIXEIRA (2001), TONINI et al. (2010), e VRCIBRADIC et al.

(2011). A fim de enriquecer a análise e preencher um importante hiato amostral, inclui dois

inventários inéditos realizados no litoral norte do Espírito Santo, dos quais participei entre os

anos de 2011 e 2016 (Parque Estadual de Itaúnas e Floresta Nacional do Rio Preto, ambos no

município de Conceição da Barra). Também colaboraram na composição da fauna de

Squamata de cada uma das 23 áreas comparadas, dados provenientes de publicações avulsas e

das coleções Alphonse Richard Hoge, Instituto Butantan (IBSP), em São Paulo, e Museu de

Zoologia da UESC (MZUESC), Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus.

As 23 áreas selecionadas são: CE_FORT, região de Fortaleza, RN_NATA, região de Natal,

PB_JPES, região de João Pessoa, SE_FSFR, região de Brejo Grande (foz do rio São

Francisco), BA_LITN, região de Conde (litoral norte da Bahia), BA_SALV, região de

Salvador, BA_JAGU, região de Jaguaripe, BA_ILHE, região de Ilhéus, BA_PSEG, região de

Figura 5. Delimitação das áreas contínuas da Mata Atlântica no litoral do Brasil (verde) com

destaque para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (quadrado azul) e as demais

áreas selecionadas para comparação (círculos vermelhos).

Page 27: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

11

Porto Seguro (área trabalhada no presente estudo), ES_ITAU, região de Conceição da Barra,

ES_RNVA, região de Linhares, ES_VITO, região de Vitória e ES_PPCV, região de

Guarapari, RJ_CASI, região de Casimiro de Abreu, RJ_DUQU, região de Duque de Caxias,

RJ_CIDA, região da cidade do Rio de Janeiro, RJ_ILGR, região de Angra dos Reis

(especialmente Ilha Grande), SP_JURE, região de Iguape, SP_DVPR, região de Cananeia,

PR_LITS, região de Guaratuba e SC_ITAJ, região de Itajaí, RS_PALU, região de Maquiné e

RS_TAIM, região de Rio Grande.

Através de uma análise de agrupamentos (cluster), utilizando o software Past 3 (HAMMER et

al., 2001), e do cálculo do Coeficiente de Duellman (DUELLMAN, 1989) foi possível

comparar a região em que se insere a EVC com as demais áreas de Mata Atlântica

selecionadas, permitiu identificar grupos formados por regiões com maior afinidade

faunística, considerando a composição dos táxons destas 23 áreas. O Coeficiente de Duellman

é dado pela função CD=2C/(N1+N2), onde C é o numero de espécies em comum em ambas

as regiões comparadas, N1 é o numero de espécies ocorrentes na região de interesse, e N2 é o

numero de espécies ocorrentes na região utilizada para comparação.

Várias espécies registradas no estudo apresentam nomes populares que foram baseados em

literatura e em nomes utilizados por trabalhadores da região durante o trabalho de campo; os

nomes utilizados na região foram marcados com asterisco.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Espécies inventariadas

Após 16 meses consecutivos, 108 dias de campo e 1.870 horas/homem de trabalho amostral,

foram obtidos 403 registros de 51 táxons de Squamata ocorrentes na RPPN Estação Veracel.

Destas, 18 são Squamata não-Serpentes (distribuídos em 10 famílias) e 33 são Serpentes

(distribuídas em seis famílias), conforme demonstrado nas Tabelas 1 e 2. Dos 403 registros,

299 se baseiam em exemplares capturados e encaminhados para tombamento em coleção, os

quais, divididos pelas fases de amostragem, renderam, respectivamente, média de 18,69

exemplares por fase de campo e 2,77 por dia.

Entre os 403 registros totais, a Figura 6 mostra a quantidade de exemplares para cada táxon

considerado durante o presente estudo, à exceção de Hemidactylus mabouia (Moreau de

Jonnès, 1818) (12 registros), por se tratar de espécie exótica invasora. Apenas os Squamata

que contaram com dois ou mais registros estão demonstrados no gráfico, o que deixou de fora

Page 28: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

12

nove espécies: Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859), L. wuchereri (Peters, 1879),

Atractus sp., Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837), Imantodes cenchoa

(Linnaeus, 1758), Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911), Xenopholis scalaris (Wucherer,

1861), Micrurus corallinus (Merrem, 1820) e Bothrops jararaca (Wied, 1824). Conforme

evidenciado nas Tabela 3 e 4, e na Figura 6, o lagarto Enyalius pictus (Schinz, 1822) foi a

espécie mais abundante, com 61 registros, seguido pelos também lagartos Salvator merianae

Duméril & Bibron, 1839 (39 registros), Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) (26),

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) (24) e pela serpente Chironius fuscus (Linnaeus, 1758)

(24).

Figura 6. Número de registros de 41 espécies de Squamata na RPPN Estação Veracel e seu entorno.

As abreviações representam os nomes científicos das espécies. Epi = Enyalius pictus, Sam = Salvator

merianae, Gyd = Gymnodactylus darwinii, Trt = Tropidurus torquatus, Cfu = Chironius fuscus, Aam

= Ameiva ameiva, Lsi = Leposoma cf. scincoides, Nfu = Norops fuscoauratus, Dpu = Dactyloa

punctata, Abr = Amerotyphlops brongersmianus, Oae = Oxybelis aeneus, Ble = Bothrops leucurus,

Cho = Corallus hortulanus, Ana = Ameivula nativo, Dva = Dipsas variegata, Ssu = Spilotes

sulphureus, Pma = Polychrus marmoratus, Plu = Phyllopezus lutzae, Emi = Erythrolamprus miliaris,

Kca = Kentropyx calcarata, Din = Dipsas indica, Ogu = Oxyrhopus cf. guibei, Ope = Oxyrhopus

petolarius, Pol = Philodryas olfersii, Sco = Siphlophis compressus, Sto = Strobilurus torquatus, Psm =

Psychosaura macrorhyncha, Bco = Boa constrictor, Cfo = Chironius foveatus, Tme = Tantilla aff.

melanocephala, Dca = Dipsas catesbyi, Ere = Erythrolamprus reginae semilineatus, Lan = Leptodeira

annulata, Xra = Xenodon rabdocephalus, Mib = Micrurus ibiboboca, Epc = Epicrates cenchria, Cex =

Chironius cf. exoletus, Cla = Chironius laevicollis, Lah = Leptophis ahaetulla, Pni = Pseudoboa nigra

e Aal = Amphisbaena alba.

Page 29: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

13

Tabela 1. Táxons de Squamata não-Serpentes registrados durante o presente estudo, complementados

com registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel, municípios de Porto Seguro e

Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia.

Táxons Franco et

al. (1998)

Presente

estudo

Gekkonidae

Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) X X

Phyllodactylidae

Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) X X

Phyllopezus lutzae (Loveridge, 1941) X X

Mabuyidae

Brasiliscincus heathi (Schmidt & Inger, 1951) X

Psychosaura macrorhyncha (Hoge, 1947) X X

Dactyloidae

Dactyloa punctata (Daudin, 1802) X X

Norops fuscoauratus (D'Orbigny in Duméril & Bibron, 1837) X X

Norops ortonii (Cope, 1868) X

Leiosauridae

Enyalius pictus (Schinz, 1822) X X

Polychrotidae

Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) X X

Tropiduridae

Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 X X

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) X X

Anguidae

Diploglossus fasciatus (Gray, 1831) X

Gymnophthalmidae

Leposoma cf. scincoides Spix, 1825 X X

Teiidae

Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) X X

Ameivula nativo (Rocha, Bergallo & Peccinini-Seale, 1997) X

Kentropyx calcarata Spix, 1825 X X

Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 X X

Amphisbaenidae

Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 X X

Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859) X

Leposternon microcephalum Wagler in Spix, 1824 X

Leposternon wuchereri (Peters, 1879) X

Page 30: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

14

Tabela 2. Táxons de Squamata Serpentes registrados durante o presente estudo, complementados com

registros de literatura para a região da RPPN Estação Veracel, municípios de Porto Seguro e Santa

Cruz Cabrália, estado da Bahia.

Táxons Franco et

al. (1998)

Presente

estudo

Typhlopidae

Amerotyphlops brongersmianus (Vanzolini, 1976) X

Boidae

Boa constrictor Linnaeus, 1758 X

Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) X X

Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) X X

Colubridae

Chironius bicarinatus (Wied, 1820) X

Chironius cf. exoletus (Linnaeus, 1758) X X

Chironius foveatus Bailey, 1955 X X

Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) X X

Chironius laevicollis (Wied, 1824) X X

Drymoluber dichrous (Peters, 1863) X

Leptophis ahaetulla liocercus (Wied, 1824) X X

Oxybelis aeneus (Wagler in Spix, 1824) X X

Spilotes sulphureus poecilostoma (Wied, 1824) X X

Tantilla aff. melanocephala (Linnaeus, 1758) X

Dipsadidae

Atractus sp. X X

Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796) X

Dipsas indica indica Laurenti, 1768 X

Dipsas variegata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) X X

Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911) X

Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) X

Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) X X

Philodryas olfersii (Liechtenstein, 1823) X X

Philodryas viridissima (Linnaeus, 1758) X

Clelia plumbea (Wied, 1820) X

Oxyrhopus cf. guibei Hoge & Romano, 1978 X

Oxyrhopus petolarius (Linnaeus, 1758) X X

Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) X X

Siphlophis compressus (Daudin, 1803) X X

Erythrolamprus miliaris (Linnaeus, 1758) X X

Erythrolamprus poecilogyrus poecilogyrus (Wied, 1824) X

Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837) X

Erythrolamprus reginae semilineatus (Wagler, 1824) X X

Erythrolamprus taeniogaster (Jan, 1863) X

Xenodon merremii (Wagler in Spix, 1824) X

Xenodon rabdocephalus (Wied, 1824) X X

Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861) X

Elapidae

Micrurus corallinus (Merrem, 1820) X X

Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) X X

Viperidae

Bothrops bilineatus (Wied, 1821) X

Bothrops jararaca (Wied, 1824) X X

Bothrops leucurus Wagler in Spix, 1824 X X

Lachesis muta (Linnaeus, 1766) X

Page 31: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

15

Tabela 3. Squamata não-Serpentes registrados para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no

presente estudo, através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP), encontro

de animal morto (EM), doação de terceiros (DT), registro visual (RV) e registro fotográfico (RF).

Família Táxon CM CP EM DT RV RF TOTAL

Gekkonidae

Hemidactylus mabouia 11 1 12

Phyllodactylidae

Gymnodactylus darwinii 4 21 1 26

Phyllopezus lutzae 6 6

Leiosauridae

Enyalius pictus 37 21 2 1 61

Polychrotidae

Polychrus marmoratus 5 1 1 7

Tropiduridae

Strobilurus toquatus 1 1 2 4

Tropidurus torquatus 3 1 17 3 24

Gymnophthalmidae

Leposoma cf. scincoides 4 9 13

Teiidae

Ameiva ameiva 1 12 3 16

Ameivula nativo 5 4 9

Kentropyx calcarata 1 2 1 1 5

Salvator merianae 1 5 31 2 39

Mabuyidae

Psychosaura macrorhyncha 3 1 4

Dactyloidae

Norops fuscoauratus 11 1 1 13

Dactyloa punctata 6 1 3 2 12

Amphisbaenidae

Amphisbaena alba 1 1 2

Leposternon infraorbitale 1 1

Leposternon wuchereri 1 1

Total 86 67 5 4 74 19 255

Page 32: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

16

Tabela 4. Serpentes registradas para a RPPN Estação Veracel, litoral sul da Bahia, no presente estudo,

através de sete métodos amostrais: coleta manual (CM), coleta por pitfall (CP), encontro de animal

morto (EM), doação de terceiros (DT) registro visual (RV) e registro fotográfico (RF).

Família Táxon CM CP EM DT RV RF TOTAL

Typhlopidae

Amerotyphlops brongersmianus 10 1 11

Boidae

Boa constrictor 3 3

Corallus hortulanus 7 1 1 9

Epicrates cenchria 2 2

Colubridae

Chironius cf. exoletus 1 1 2

Chironius foveatus 1 1 1 3

Chironius fuscus 19 3 2 24

Chironius laevicollis 1 1 2

Leptophis ahaetulla liocercus 1 1 2

Oxybelis aeneus 6 3 2 11

Spilotes sulphureus poecilostoma 4 1 2 7

Tantila aff. melanocephala 3 3

Dipsadidae

Atractus sp. 1 1

Dipsas catesbyi 2 1 3

Dipsas indica indica 5 5

Dipsas variegata 3 2 2 7

Erythrolamprus miliaris ssp. 4 1 1 6

Erythrolamprus poecilogyrus schotti 1 1

Erythrolamprus reginae semilineatus 2 1 3

Imantodes cenchoa 1 1

Leptodeira annulata 3 3

Oxyrhopus cf. guibei 2 1 1 4

Oxyrhopus petolarius 1 3 4

Philodryas olfersii 1 1 2 4

Pseudoboa nigra 2 2

Sibynomorphus neuwiedi 1 1

Siphlophis compressus 3 1 4

Xenodon rabdocephalus 1 2 3

Xenopholis scalaris 1 1

Elapidae

Micrurus ibiboboca 1 2 3

Micrurus corallinus 1 1

Viperidae

Bothrops jararaca 1 1

Bothrops leucurus 5 1 4 1 11

Total 73 17 24 23 2 9 148

Page 33: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

17

Para o estado da Bahia foram registrados 218 táxons de Squamata (COSTA & BÉRNILS no

prelo), dos quais 74 têm registro para a região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, sendo

64 estritamente para a EVC (Tabelas 1 e 2): 51 registrados no presente estudo e outros 13

citados por FRANCO et al. (1998).

Comparando meus resultados com os de FRANCO et al. (1998) (Tabelas 1 e 2), podemos

observar que 13 táxons não citados para a EVC por aqueles autores, foram registrados na

RPPN durante o presente estudo: Ameivula nativo, Leposternon infraorbitale, L. wuchereri,

Amerotyphlops brongersmianus, Boa constrictor, Tantilla aff. melanocephala, Dipsas

catesbyi, D. i. indica, Sibynomorphus neuwiedi, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus guibei,

Erythrolamprus poecilogyrus schotti e Xenopholis scalaris.

Por outro lado, 13 táxons citados por FRANCO et al. (1998) não foram registrados durante o

presente estudo: Brasiliscincus heathi, Norops ortonii, Diploglossus fasciatus, Leposternon

microcephalum, Chironius bicarinatus, Drymoluber dichrous, Philodryas viridissima, Clelia

plumbea, Erythrolamprus p. poecilogyrus, E. taeniogaster, Xenodon merremii, Bothrops

bilineatus e Lachesis muta. Em contato com o autor-sênior daquela publicação, Dr Francisco

L. Franco, do Instituto Butantan, São Paulo, descobri que pelo menos três espécies

consideradas raras na Mata Atlântica, Clelia plumbea, Lachesis muta e Bothrops bilineatus,

não foram registradas diretamente por eles durante seu inventário na EVC. Essas três espécies

foram incluídas na referida publicação a partir de material tombado em uma coleção antes

mantida pela Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) com

sede em Ilhéus, atualmente sob os cuidados da Universidade Estadual Santa Cruz (UESC),

também em Ilhéus. Os espécimes tinham como procedência apenas “Porto Seguro”, sem

informações adicionais de coleta, como o ponto exato ou a data, podendo ser até de áreas

distantes da EVC. Desse modo, não podemos afirmar a existência dessas espécies na RPPN, e

o fato delas não terem sido registradas durante o presente estudo pode significar que elas (a)

nunca ocorreram na RPPN, (b) foram regionalmente extintas, ou (c) são espécies de difícil

constatação em campo.

Pelo menos outros 30 táxons também podem ocorrer na área de estudo, pois foram registrados

em Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália ou em municípios vizinhos à região estudada: Enyalius

bibronii e E. catenatus (Leiosauridae), Brasiliscincus agilis (Mabuyidae), Ophiodes fragilis

(Anguidae), Ecpleopus gaudichaudii e Micrablepharus maximiliani (Gymnophthalmidae),

Trilepida salgueiroi (Leptotyphlopidae), Eunectes murinus (Boidae), Amphisbaena

nigricauda (Amphisbaenidae), Chironius quadricarinatus, Drymarchon corais e

Page 34: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

18

Mastigodryas bifossatus (Colubridae), D. indica petersi, D. sazimai, Caaeteboia amarali,

Coronelaps lepidus, Elapomorphus wuchereri, Helicops carinicaudus, Philodryas

patagoniensis, O. formosus, O. trigeminus, Siphlophis leucocephalus, S. pulcher,

Thamnodynastes hypoconia, T. nattereri, T. pallidus, Tropidodryas serra, Erythrolamprus

aesculapii venustissimus e Cercophis auratus (Dipsadidae) – dados obtidos após exame

minucioso da literatura herpetológica levantada e de coleções que encerram material sul

baiano em seus acervos. Diversos fatores podem explicar a falta de registros destas espécies

durante o presente estudo, como: (a) nunca ocorreram na RPPN; (b) foram regionalmente

extintas; (c) são espécies de difícil constatação em campo; (d) não foram constatadas pelos

métodos amostrais empregados; ou (e) ocupam, na EVC, apenas as áreas de acesso limitado,

que não foram visitadas durante o presente estudo.

Conforme apresentado em Material e Métodos, a EVC apresenta, basicamente, áreas com

vegetação primária e secundária de floresta ombrófila densa, entremeadas com áreas de

muçununga (vegetação mais rala e solo arenoso, mas, ainda assim, de caráter florestal),

cercadas por áreas desmatadas usadas para cultivos diversos, silvicultura, pastagens,

mineração (extração de areia) e circulação de veículos. Espécies especialistas de habitat,

como o lagarto Brasiliscincus agilis e as serpentes Chironius quadricarinatus e Caaeteboia

amarali, habitantes preferenciais de restingas, podem não ocorrer na EVC por conta da

inexistência, na RPPN, de ambientes que lhes sejam propícios (ARGÔLO, 1998; 2004;

ROCHA et al., 2004; MARQUES et al., 2010). O mesmo raciocínio vale para Eunectes

murinus, registrada para o rio Jequitinhonha (espécime MZUESC 8155), distante cerca de

30km da EVC, em linha reta; trata-se de uma serpente que ocupa apenas corpos d’água de

grandes dimensões (RIVAS, 2000), enquanto a EVC possui apenas córregos e riachos de

pequeno porte.

Algumas espécies podem ter sido localmente extintas na região de Porto Seguro, como ocorre

com médios e grandes mamíferos em vários remanescentes de Mata Atlântica (CANALE et

al., 2012). A fragmentação e degradação da Mata Atlântica, com ações de desmatamento,

queimadas e caça, são fortes fatores que contribuem para que espécies raras sejam cada vez

mais raras ou até extintas. A EVC, mesmo com seu tamanho significativo e toda a

preocupação em preservar e proteger os ecossistemas ali presentes, ainda sofre com a extração

ilegal de madeira e, principalmente, com a caça, que foi muito observada durante as fases de

campo do presente estudo; a falta de registro de determinadas espécies pode ter como causa

essas ações de empobrecimento faunístico. Além disso, outro fator de ameaça à biota da

Page 35: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

19

RPPN é a estrada que a corta longitudinalmente, pois ela apresenta tráfego intenso de

veículos, é muito utilizada por moradores locais e caçadores, e para transporte de areia por

caminhões e carretas pesadas. A estrada não possui pavimentação e liga a rodovia BR-367 ao

município de Santa Cruz Cabrália. As rodovias estão entre as principais causas de morte de

animais selvagens, além de representarem obstáculos para o deslocamento dos indivíduos,

dividindo suas populações, diminuindo e afetando assim a possibilidade de sobrevivência das

mesmas (CEIA-HASSE et al., 2017). Durante o estudo, pelo menos 29 répteis foram

encontrados mortos nessa estrada que corta a EVC e no trecho da BR-367 que se avizinha à

RPPN, fora espécies de pequenos mamíferos, aves e anfíbios.

Répteis Squamata naturalmente raras, de pequeno porte, atividade noturna, hábito arborícola,

aquático ou fossorial, e/ou com coloração camuflativa, são difíceis de localizar em campo.

Assim sendo, espécies como Philodryas viridissima e Bothrops bilineatus, que são verdes e

arborícolas, Helicops carinicaudus, aquática que se camufla com o leito dos córregos, ou

Trilepida salgueiroi, pequena serpente estritamente fossorial, podem não ter sido encontradas

durante o presente estudo exatamente por causa de suas características comportamentais e de

habitat, associadas à sua excassez natural (FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004;

MARQUES et al., 2004; COSTA et al., 2009).

Determinadas espécies podem não ter sido registradas na EVC durante o presente estudo em

função da ineficácia dos métodos utilizados, levando em consideração os hábitos e habitats de

cada lagarto ou serpente. As armadilhas de intercepção e queda, por exemplo, dificilmente

capturam espécies terrestres de grande porte ou espécies arborícolas que pouco frequentam o

solo, o que dificulta também sua captura na busca ativa; e espécies fossoriais, por outro lado,

são dificeis de constatar pelos métodos de busca ativa, pois vivem enterradas ou sob a

serrapilheira.

Por fim, vale frisar que nem todos os ambientes da RPPN puderam ser amostrados, e isso

também pode ter contribuído para a falta de registro de alguns destes táxons. Espécies mais

exigentes quanto à qualidade do ambiente, como Oxyrhopus formosus, Siphlophis pulcher,

Bothrops bilineatus e Lachesis muta, podem ocupar apenas as áreas melhor conservadas da

EVC, as quais são de difícil acesso e, portanto, não foram suficientemente exploradas durante

as atividades de campo do presente estudo.

Após 16 meses de amostragens, a curva de acumulação de espécies (curva do coletor) (Figura

7) não atingiu sua assíntota, ou seja, ainda não estabilizou, mostrando a provável ocorrência

Page 36: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

20

de muitas daquelas espécies que não foram registradas durante o presente estudo ou pelo

inventário anterior, de FRANCO et al. (1998). Esse gráfico indica a importância da

continuação dos estudos com Squamata na região, abrangendo principalmente as áreas acima

citadas como mais conservadas e de difícil acesso.

Figura 7. Curva de acumulação de espécies (curva do coletor) após 16 meses de amostragem de

Squamata na RPPN Estação Veracel. A linha vermelha mostra o aumento real das espécies ao

longo dos 16 meses e a linha preta aponta a tendência de crescimento do número estimado de

espécies.

3.2 Métodos amostrais X espécies inventariadas

Dos métodos de registros, a coleta manual foi o que obteve o maior número de capturas

(Tabelas 3 e 4), com um total de 159 registros de 21 espécies, das quais sete foram

encontradas exclusivamente por esse método: Phyllopezus lutzae, Epicrates cenchria, Dipsas

i. indica, Imantodes cenchoa, Leptodeira annulata, Xenopholis scalaris e Bothrops jararaca.

O sucesso desse método pode ser explicado pelo fato dele permitir a exploração de ambientes

do interior da mata, pouco frequentados por funcionários ou visitantes da RPPN, e em

horários variados; além disso, muitos destes animais não caem em armadilhas, pois são

grandes ou não se locomovem pelo solo, ou porque possuem preferência por ambientes mais

preservados.

O segundo método mais eficiente foi o de coleta por armadilhas de intercepção e queda

(pitfall traps): 84 registros de 15 espécies de Squamata, das quais duas foram encontradas

exclusivamente por este método, Tantilla aff. melanocephala e Micrurus corallinus.

0

10

20

30

40

50

60

Mês1

Mês2

Mês3

Mês4

Mês5

Mês6

Mês7

Mês8

Mês9

Mês10

Mês11

Mês12

Mês13

Mês14

Mês15

Mês16

Page 37: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

21

Outros dois métodos que se mostraram importantes durante o estudo foram os registros

visuais e fotográficos, que, juntos, obtiveram 104 registros de 19 espécies, das quais duas

foram constatadas exclusivamente por estes métodos: Ameivula nativo (visual e fotográfico) e

Boa constrictor (fotográfico).

O método que amostra animais encontrados mortos, especialmente aqueles atropelados em

rodovias ou estradas menores, revelou 29 registros de 21 espécies de Squamata, das quais três

foram amostradas exclusivamente por este método: Atractus sp., Pseudoboa nigra e

Erythrolamprus poecilogyrus schotti. A maioria dos registros foi feita na rodovia BR-367,

próximo à RPPN, e na estrada de chão que corta a EVC conectando aquela rodovia federal

(em Porto Seguro) à rodovia estadual BA-685 (em Santa Cruz Cabrália). Estes registros foram

fortuitos, feitos durante as atividades de campo ou em viagens entre a rodovia e a RPPN.

Outro recurso que se mostrou eficiente durante o estudo foi o de doação de terceiros, que

obteve 27 registros de 18 espécies, das quais três foram registradas exclusivamente por este

método: Leposternon infraorbitale, L. wuchereri e Sibynomorphus neuwiedi, salientando a

importância da comunicação contínua com moradores e trabalhadores locais durante estudos

herpetológicos, principalmente em inventários faunísticos de longa duração.

Assim, é possível afirmar que a complementação dos métodos utilizados (armadilhas, coleta

manual, registros fotográficos e visuais, recolhimento de animais mortos e doações de

terceiros) permitiu traçar com maior propriedade o perfil da fauna de Squamata da EVC, uma

vez que todos os métodos renderam resultados exclusivos, isto é, registraram espécies que,

pelos demais métodos, não foram encontradas.

Como se observa na Figura 8, os pontos com registro de répteis Squamata ao longo da RPPN

cobrem uma extensão pequena em comparação com a área total da EVC, expondo grandes

lacunas amostrais. Isso se explica pelo fato de que nem toda a EVC pôde ser explorada

durante o presente estudo, pois muitas áreas eram de difícil acesso em função do relevo

irregular, da inexistência de trilhas que dessem acesso a essas regiões, da dificuldade de

locomoção por terrenos encharcados ou escorregadios em períodos chuvosos, e de riscos no

contato com assentamentos vizinhos à RPPN, em tensão com a Veracel Celulose e outros

proprietários da região. Essas lacunas amostrais podem ter comprometido os resultados,

conforme exposto anteriormente, pois algumas das áreas mais conservadas da EVC se situam

em seu quadrante noroeste, justamente onde essas condições desfavoráveis de acesso são

maiores.

Page 38: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

22

Figura 8. Imagem de satélite (Google Earth) mostrando a distribuição de todos os registros de répteis

squamata feitos na RPPN Estação Veracel e em seu entorno, Bahia, durante o presente estudo.

3.3 História natural das espécies constatadas

Segue abaixo uma lista comentada de cada um dos 51 táxons registrados na EVC durante o

presente estudo, com informações sobre os ambientes em que foram encontrados e dados de

história natural colhidos em campo e obtidos na literatura herpetológica.

Gekkonidae

Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) (Figuras 12 e 24)

Briba*, lagartixa-de-parede*, bibra-de-casa, taruíra

Espécie de pequeno porte (comprimento rostro-cloacal médio de 63 mm), exótica (de origem

africana), introduzida com ampla distribuição no Brasil. Sua presença em áreas antropizadas e

periantropizadas é também muito comum, principalmente em edificações humanas. É

noturna, ovípara (dois ovos de cada vez) e se reproduz ao longo de todo o ano; é frequente

também em troncos de palmeiras e moitas de bromélias e sua dieta é composta basicamente

por artrópodes, predominantemente insetos, embora até o canibalismo tenha sido registrado

para H. mabouia (HOWARD et al., 2001; CARVALHO et al., 2005; ROCHA & ANJOS,

2007; ANJOS & ROCHA, 2008; FORLANI et al., 2010; ROCHA et al., 2011). No presente

Page 39: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

23

estudo foram registrados 12 indivíduos, sempre relacionados aos prédios existentes na sede da

EVC.

Phyllodactylidae

Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845) (Figuras 9 e 24)

Lagartixa*, taruíra

Gymnodactylus darwinii é pequeno, com tamanho máximo de 48 mm, comum na Mata

Atlântica do norte da Bahia até o litoral norte de São Paulo, mas com a crescente destruição

de seu habitat natural, sua população parece estar diminuindo em comparação com H.

mabouia, que é exótica invasora e sempre aparece em maior abundância, usando bromélias

terrestres como principal refúgio (TEIXEIRA, 2001; PELLEGRINO et al., 2005). No

presente estudo o número de G. darwinii foi maior do que o de H. mabouia, sendo registardos

26 exemplares, sempre relacionados ao ambiente florestal. Num desses registros a lagartixa

estava dentro de um tronco que virou cupinzeiro junto com dois ovos que não eclodiram;

outro foi avistado tomando sol sobre um tronco em área semiaberta.

Phyllopezus lutzae (Loveridge, 1941) (Figuras 9 e 24)

Lagartixa*, briba*

Esta espécie pode ocorrer em áreas de restinga com bromélias, ambientes florestais e até

habitações humanas; é ovípara e sua distribuição vai de Pernambuco até a Bahia, pela Mata

Atlântica. Possui hábito noturno e se alimenta de artrópodes através da caça de espera

(FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005). Foram obtidos seis registros desta espécie

durante o presente estudo: quatro encontrados nos prédios da sede da EVC (três durante a

noite e um durante a tarde) e dois em trilhas no interior da mata (um durante a manhã, sob

casca de árvore, e outro forrageando no tronco de uma árvore durante a noite).

Mabuyidae

Psychosaura macrorhyncha (Hoge, 1947) (Figuras 11 e 24)

Lagartixa*, bibra-brilhante, lagartixa-dourada

Espécie de pequeno porte, com 60 a 75 mm de comprimento entre o focinho e a abertura

cloacal, mas com dimorfismo sexual, sendo as fêmeas maiores do que os machos. Sua

distribuição abrange áreas litorâneas da Mata Atlântica da Paraíba até São Paulo. São lagartos

diurnos, vivíparos, com reprodução cíclica, produzindo uma só ninhada por ano após gestação

Page 40: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

24

de quase doze meses, algo muito incomum para lagartos, comumente encontrados sob troncos

caídos e serapilheira, dentro de bromélias, sobre arbustos, tufos de grama, árvores, cactos,

rochas e mesmo em habitações humanas. Alimentam-se de artrópodes em estratégia de

forrageio ativo do tipo senta-e-espera; eventualmente comem matéria vegetal e podem predar

pequenos anfíbios (BLACKBURN & VITT, 1992; STEVAUX, 1993; VRCIBRADIC &

ROCHA, 1995; VRCIBRADIC & ROCHA, 1996 VRCIBRADIC et al., 1998; 2007).

Durante o presente estudo obtivemos quatro registros desta espécie: um indivíduo fotografado

em trilha no interior da mata, na serapilheira, assoalhando, e três em armadilhas na borda ou

no interior da mata.

Dactyloidae

Dactyloa punctata (Daudin, 1802) (Figuras 10 e 24)

Camaleão*, anolis

Esta espécie se distribui pela Amazônia e pela Mata Atlântica, chegando até São Paulo. É

diurna, arborícola e, quando ameaçada, sobe para o alto das árvores; caça de senta-e-espera,

alimentando-se de pequenos artrópodes, e é ovípara, com um a dois ovos por fêmea, por

temporada (FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005). Foram obtidos 12 registros de

D. punctata durante o presente estudo: um atropelado na estrada que corta a EVC, três

observados forrageando no chão da mata (subiram em árvores com nossa aproximação), cinco

avistados subindo em árvores e três encontrados em galhos ou folhas no interior da mata.

Norops fuscoauratus (D'Orbigny, 1837 in Duméril & Bibron, 1837) (Figuras 10 e 24)

Camaleão*, anolis

Esta espécie ocorre em florestas primárias, secundárias e áreas antropizadas da Amazônia e da

Mata Atlântica. São lagartos diurnos e semi-arborícolas que se alimentam de pequenos

artrópodes e produzem dois ovos por temporada (FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al.,

2007; COSTA et al., 2009). Dos treze exemplares obtidos durante o presente estudo, onze

foram encontrados dormindo sobre a vegetação ou forrageando no chão ou sobre galhos, no

interior ou na borda da mata.

Leiosauridae

Enyalius pictus (Schinz, 1822) (Figuras 11 e 24)

Camaleão*

Page 41: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

25

O gênero Enyalius Wagler, 1830 é composto atualmente por nove espécies de leiosaurídeos

neotropicais com ampla distribuição na Mata Atlântica e em outros biomas. São lagartos

diurnos de hábito semi-arborícola e terrícola, cripticamente coloridos. Apresentam

dicromatismo sexual evidente e nítido dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos.

O polimorfismo cromático confere camuflagem em diferentes hábitats no interior da mata e,

ao que tudo indica, está relacionado a estratégias de predação e fuga de predadores. Sua dieta

é composta principalmente de artrópodes do solo; são lagatos ovíparos, com oviposição e

recrutamento ocorrendo principalmente nos meses mais quentes e úmidos (JACKSON, 1978;

VAN SLUYS et al., 2004; TEIXEIRA et al., 2005; LIOU, 2008). No presente estudo, esta

espécie foi a que obteve o maior número de registros, 61 indivíduos: 21 através de armadilhas

de pitfall, sempre no interior da mata, 37 através de coleta manual, a maioria durante a noite

enquanto dormiam sobre galhos, folhas e cipós, mas alguns poucos também coletados no chão

durante o dia. Ao sentirem a aproximação, tentavam fugir sempre subindo nas árvores ou nos

cipós. Alguns indivíduos foram coletados durante o dia se camuflando sobre troncos ou

galhos, inclusive um indivíduo foi observado subindo em uma árvore a aproximadamente dez

metros de altura. Uma fêmea de outubro de 2016 estava com o ventre cheio de ovos, mas não

foi aberta para preservar melhor o espécime para estudos específicos de reprodução da

espécie. Todos os indivíduos coletados tentaram morder, tanto jovens quanto adultos.

Polychrotidae

Polychrus marmoratus (Linnaeus, 1758) (Figuras 11 e 24)

Camaleão*, papa-vento

É uma espécie amplamente difundida pela Amazônia e Mata Atlântica, onde se distribui do

Ceará até São Paulo. São lagartos caracteristicamente arborícolas, com corpo comprimido

lateralmente e cauda longa e preênsil. É reconhecida como espécie diurna, ovípara, associada

a cursos d’água no interior de florestas tropicais e de hábito onívoro – termo muito amplo,

mas que pode ser aplicado a esta espécie por se alimentar de pequenos artrópodes e vegetais

(VANZOLINI, 1983; KAWASHITA-RIBEIRO & ÁVILA, 2008; ARAÚJO-NETO et al.,

2012). Durante o presente estudo foram feitos sete registro: dois na sede da EVC, um no solo

e outro no caule de uma palmeira, ambos de dia, e os demais pela noite, no interior da mata,

incluindo dois no solo e três dormindo em galhos (um a cerca de 7m de altura). Uma fêmea

em abril de 2016 estava com o ventre cheio de ovos, que não puderam ser contados. Todos os

indivíduos coletados demonstraram agressividade, tentando morder.

Page 42: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

26

Tropiduridae

Strobilurus torquatus Wiegmann, 1834 (Figuras 12 e 25)

Calango*, lagartixa*

Ocorre em áreas de Mata Atlântica do Ceará ao Espírito Santo e Minas Gerais. Esta espécie

tem tamanho médio, é diurno, semigregária e florestal, com reprodução ovípara; encontrada

forrageando na serapilheira, onde realiza caça de senta-e-espera (JACKSON, 1978;

RODRIGUES et al., 1989; FRANCO et al., 1998; CARVALHO et al., 2005; COSTA, 2011).

Quatro registros foram feitos durante o estudo: um em armadilha no interior da mata, outro

em trilha no interior da mata, o terceiro foi visto assoalhando na estrada que corta a EVC, e o

quarto foi capturado na sede da EVC, indicando que a espécie não se limita ao interior da

mata.

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) (Figuras 12 e 25)

Lagartixa*, calango, calango-preto

Durante muito tempo se considerou esta uma espécie amplamente distribuída pelo Brasil e

alguns países vizinhos, ocupando tanto a Mata Atlântica quanto o Cerrado e áreas de transição

entre estes e os biomas adjacentes (RODRIGUES, 1988). Porém, estudos recentes têm

indicado que, ao longo dessa vasta área, diversas espécies crípticas parecem estar envolvidas,

permitindo interpretar Tropidurus torquatus (stricto sensu) como sendo um táxon que talvez

ocupe apenas as restingas e outros ambientes estritamente litorâneos da Mata Atlântica, entre

os estados da Bahia e São Paulo (ÁLVAREZ et al., 2002; KUNZ & BORGES-MARTINS,

2013), ou com área ainda mais restrita (Renato S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito

Santo, com. pess. em 2016). Trata-se de espécie com tamanho médio de 130mm de

comprimento rostro-cloacal, terrícola e semi-arborícola, que se locomove tanto na vegetação

quanto em áreas pedregosas. É diurna, ativa nas horas mais quentes do dia, e possui hábito

onívoro, consumindo matéria vegetal, artrópodes e pequenos vertebrados. Possui dimorfismo

sexual, com machos maiores do que fêmeas (GANDOLFI & ROCHA, 1998; FIALHO et al.,

2000; VAN SLUYS et al., 2004; SENA et al., 2008; DUTRA et al., 2011; SIQUEIRA et al.,

2011; WINCK et al., 2011). Durante o presente estudo foram feitos 24 registros de T.

torquatus: onze foram obtidos em áreas de muçununga, vegetação relativamente aberta em

meio às áreas densamente florestadas, dois na estrada que corta a EVC, e os na sede da EVC,

próximos ou em habitações humanas: Todos os registros diretos (excluídas as armadilhas,

portanto) foram feitos durante o dia enquanto os indivíduos forrageavam ou termorregulavam.

Page 43: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

27

Gymnophthalmidae

Leposoma cf. scincoides Spix, 1825 (Figuras 12 e 25)

Lagartinho-de-folhiço

Na Mata Atlântica, Leposoma scincoides ocorre entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro. Ela é

uma espécie de pequeno porte, não ultrapassando 40mm de comprimento rostro-cloacal,

hábitos diurnos e ovípara (um ou dois ovos por temporada); vive na serapilheira do interior da

mata, onde se alimenta de pequenos artrópodes (FRANCO et al., 1998; TEIXEIRA &

FONSECA, 2003). Foram feitos 13 registros durante o presente estudo, dos quais um na

borda da mata, outro em ambiente de muçununga e um terceiro em trilha no interior da mata;

os outros dez foram coletados manualmente ou por armadilhas de intercepção e queda no

interior da mata. O status desta espécie é contestado por pesquisadores que a estão revisando,

e suas conclusões iniciais indicam que, ao longo da Mata Atlântica, diferentes populações do

que hoje se considera L. scincoides, constituem espécies distintas (Pedro M. Sales Nunes,

Universidade de São Paulo, São Paulo, com. pess. em 2016); como o holótipo do táxon é

amazônico, optei por tratar os exemplares da Bahia como Leposoma cf. scincoides.

Teiidae

Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) (Figuras 13 e 25)

Calango-verde, bico-doce, lagarto-víbora, bebe-ovo, tejubina

Este é um dos lagartos neotropicais mais amplamente distribuídos, habitando desde regiões

semiáridas até florestas úmidas de terras baixas. Segundo CARVALHO et al. (2005), é

também a espécie que mais rapidamente coloniza áreas desmatadas, o que explica sua

presença em muitas áreas da Mata Atlântica que eram originalmente cobertas por

floresta, mas hoje se encontram desmatadas. Ameiva ameiva caça ativamente sobre o

solo, onde se alimenta de artrópodes, gastrópodes, pequenos vertebrados, carniça e

matéria vegetal; ovíparo com reprodução contínua, põe de um a onze ovos, dependendo

do tamanho da fêmea, e apresenta dimorfismo sexual, com machos maiores que fêmeas

(COSTA et al., 2010b; SALES et al., 2010; MORATO, 2012; CASTRO & SILVA-

SOARES, 2016). Pode ser reservatório natural de Salmonella sp. (SARTORIUS et al., 1999).

Durante o presente estudo foram feitos 16 registros desta espécie, todos em áreas abertas da

EVC, como na sede, na borda ou em clareiras da mata, na estrada e em ambiente de

muçununga.

Page 44: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

28

Ameivula nativo (Rocha, Bergallo & Peccinini-Seale, 1997) (Figuras 13 e 25)

Lagartinho-de-Linhares

Essa espécie possui uma distribuição restrita, ocorrendo nas restingas e outros ambientes

abertos do sul da Bahia ao sudeste do Espírito Santo, especialmente aqueles com solo

arenoso. É uma espécie de pequeno porte, não ultrapassando 70mm de comprimento rostro-

cloacal, e paternogênica, produzindo de um a quatro ovos por vez, sem estação reprodutiva

definida; diurna, com atividades principalmente no período da manhã, e dieta baseada

principalmente em cupins, mas complementada com outros artrópodes (ROCHA et al., 1997;

1998; MENEZES et al., 2004; PELOSO et al., 2008; SILVA-SOARES et al., 2011;

CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Durante o presente estudo obtive nove registros desta

espécie: na borda da mata, em trilha no interior da mata, na estrada que corta a EVC e na área

aberta de muçununga, em comportamento de forrageio ou assoalhando. Nenhum exemplar de

Ameivula nativo foi coletado, em função de sua condição de espécie ameaçada de extinção,

incluída tanto na lista de fauna ameaçada do Brasil (ICMBIO, 2016), quanto do Espírito Santo

(ALMEIDA et al., 2007) e da Bahia (ainda inédita, mas pronta desde 2013; Antônio J. S.

Argôlo, Universidade Estadual Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, com. pess. em 2016).

Kentropyx calcarata Spix, 1825 (Figuras 14 e 25)

Calango

Esta espécie ocorre de forma disjunta na Amazônia e na Mata Atlântica, onde se estende do

Ceará e Rio Grande do Norte ao Espírito Santo e Minas Gerais. Pode ser encontrada em áreas

florestadas, onde frequenta ambientes associados a corpos d’água e lugares ensolarados, como

clareiras ou ambientes de borda; semi-arborícola, se alimenta de pequenos artrópodes e é

ovípara, com reprodução ao longo de todo o ano; seus ovos, entre três e dez por ninhada, são

depositados na areia, em cavidades de caules vivos e mortos ou em bromélias, e já foram

registrados ninhos comunais para K. calcarata (FRANCO et al., 1998; SOUZA & FREIRE,

2008; FILADELFO et al., 2013). Durante o presente estudo foram feitos cinco registros dessa

espécie: em corpos d’água perenes ou temporários, no interior da mata, na borda da mata e em

área aberta ao lado da estrada que corta a EVC.

Salvator merianae Duméril & Bibron, 1839 (Figuras 14 e 25)

Teú*, lagarto*, teiú, lagarto-do-papo-amarelo

Page 45: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

29

Ocorre em boa parte do Brasil ao sul da bacia amazônica, estendendo sua distribuição até

Uruguai, Paraguai, leste da Bolívia e norte da Argentina. É um teídeo de grande porte, o

maior presente na Mata Atlântica, podendo atingir mais de 600 mm do focinho à cloaca, com

cauda igualmente longa, e ultrapassar 1.500 mg. Possui atividade diurna e predominantemente

terrestre; é ovíparo, com registros de 13 a 29 ovos por ninhada, e onívoro, com dieta que

inclui desde matéria vegetal variada até cogumelos, moluscos, aranhas, insetos, lacraias,

peixes, pequenos vertebrados terrestres, ovos e carniça. Busca alimento ativamente sobre o

solo durante o dia, podendo atuar como dispersor de sementes. Apresenta atividade sazonal,

sendo mais raro seu encontro durante os quatro a cinco meses mais frios do ano, quando

permanece em dormência em abrigos naturais. Quando molestado, pode apresentar

comportamento de defesa característico, no qual ergue o corpo e as patas dianteiras, e enfrenta

o agressor nessa posição com a boca aberta; também pode morder e bater com a cauda para

intimidar potenciais agressores. Não apresenta especificidade de hábitat e pode ser encontrado

em ambientes florestados, de borda ou abertos, além de frequentar áreas antropizadas (LEMA,

1983; SAZIMA & HADDAD, 1992; ABE, 1995; VAN SLUYS & ROCHA, 1999; CASTRO

& GALETTI, 2004; TOLEDO et al., 2004; DIXO & VERDADE, 2006; BOVENDORP et al.,

2008; HARTMANN & GIASSON, 2008; WINCK & CECHIN, 2008; CONDEZ et al., 2009;

CHIARELLO et al., 2010; FORLANI et al., 2010; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016).

Durante o presente estudo foram feitos 39 registros desta espécie: cinco jovens foram

amostrados através de armadilhas de intercepção e queda no interior e na borda da mata,

enquanto os demais foram adultos, quase sempre registrados termorregulando em ambientes

abertos, como ao longo da estrada e na sede da EVC.

Amphisbaenidae

Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 (Figuras 15 e 25)

Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-da-terra*, cobra-cega

Esta é a espécie mais amplamente distribuída entre os Amphisbaenidae sulamericanos; ocorre

em praticamente todos os biomas presentes no Brasil, à exceção do Pampa, e parece ser mais

comum na Amazônia e no Cerrado; na Mata Atlântica, ocupa principalmente as áreas mais

baixas, tanto em ambientes florestados quanto abertos, inclusive em zonas antropizadas. Pode

ultrapassar 700 mm de comprimento total, e passa a maior parte da vida em galerias no

interior de solos desde arenosos até plenamente argilosos, mas após as chuvas costuma

aparecer na superfície. Alimenta-se principalmente de larvas e adultos de insetos, mas

Page 46: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

30

também de aracnídeos e anelídeos. É ovípara, com dois a seis ovos por ninhada. Para se

locomover, usa movimento retilíneo, sendo capaz de recuar com facilidade; quando se

defende de um agressor, A. alba soergue a cauda curta e rombuda, aumentando a similaridade

entre suas extremidades, e pode morder e rodopiar o corpo, causando lacerações no local da

mordida (VANZOLINI, 1955; SAZIMA, 2001; FREITAS & SILVA, 2007; CAMPOS et al.,

2014; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Durante o presente estudo foram feitos apenas

dois registros desta espécie: um indivíduo foi encontrado atropelado na rodovia BR-367, a

aproximadamente 3 km da entrada da EVC, e outro foi encontrado na sede da EVC, dentro da

cozinha do restaurante.

Leposternon infraorbitale (Berthold, 1859) (Figuras 15 e 26)

Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-cega.

O gênero Leposternon possui espécies caracterizadas por terem a cabeça achatada dorso-

ventralmente, com a abertura nasal na superficie ventral do focinho, que é arrebitado, dando à

cabeça desses animais uma forma de pá que os auxilia a cavar galerias no solo. Possuem

hábitos fossoriais e se alimentam principalmente de minhocas. Leposternon infraorbitale

possui registros confirmados para áreas de Cerrado dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso

e Goiás, e áreas de Mata Atlântica dos estados de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Rio de

Janeiro. Devido à vida fossorial e à raridade natural dessa espécie, pouco se conhece sobre sua

biologia (FRANCO et al., 1998; NAVAS et al., 2004; BARROS-FILHO et al., 2008; PEREZ

& RIBEIRO, 2008). Somente um registro de L. infraorbitale foi feito na EVC, através de um

indivíduo encontrado morto na abertura de uma galeria no solo, numa trilha no interior da

mata, próximo a uma área esporadicamente alágavel.

Leposternon wuchereri (Peters, 1879) (Figura 15)

Cobra-de-duas-cabeças*, cobra-cega.

O gênero Leposternon possui espécies caracterizadas por terem a cabeça achatada dorso-

ventralmente, com a abertura nassal na superficie ventral do focinho, que é arrebitado, dando

à cabeça desses animais uma forma de pá que os auxilia a cavar galerias no solo. Possuem

hábitos fossoriais e se alimentam principalmente de minhocas. Leposternon infraorbitale é

conhecida apenas para áreas de Mata Atlântica da Bahia ao Rio de Janeiro. Devido à vida

fossorial e à raridade natural dessa espécie, pouco se conhece sobre sua biologia (FRANCO et

al., 1998; NAVAS et al., 2004; BARROS-FILHO et al., 2008; PEREZ & RIBEIRO, 2008).

Page 47: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

31

Leposternon wuchereri foi registrado para a EVC a partir de um único espécime, morto

acidentalmente na sede da EVC por um funcionário da RPPN.

Typhlopidae

Amerotyphlops brongersmianus (Vanzolini, 1976) (Figuras 23 e 26)

Cobra-cega*, cobra-da-terra

Espécie de pequeno porte, com no máximo 330 mm de comprimento rostro-cloacal. É uma

das serpentes mais amplamente distribuídas pela América do Sul, ocorrendo em vários

biomas da Venezuela ao Uruguai. É relativamente abundante e suporta vários graus de

antropização, sendo encontrada inclusive em áreas desmatadas, terras agrícolas e áreas

urbanas. Apresenta hábito fossorial e é ovípara com reprodução é sazonal, ocorrendo no final

da estação seca. Alimenta-se de larvas, pupas e adultos de formigas (ARGÔLO, 2004;

ÁVILA et al., 2006; HARTMANN & GIASSON, 2008; MARTINS et al., 2010; ARRUDA et

al., 2011). Durante o presente estudo fora feitos 11 registros desta espécie: um indivíduo foi

encontrado atravessando a estrada que corta a EVC e os outros dez foram obtidos em

armadilhas de intercepção e queda, sete em ambientes de borda ou próximos a áreas abertas e

três no interior da mata.

Boidae

Boa constrictor Linnaeus, 1758 (Figuras 16 e 26)

Jiboia*, salamanta*

Trata-se do boídeo mais amplamente distribuído pela região Neotropical, ocorrendo em

florestas e áreas abertas dos mais diversos biomas da América do Sul cisandina, ausente

apenas das áreas mais meridionais, com clima subtropical e temperado. Na Mata Atlântica,

parece ser particularmente comum em áreas próximas ao litoral (restingas arbóreas e

arbustivas). Com comprimento máximo em torno de 4.000 mm, é comumente considerada

uma espécie terrestre que eventualmente sobe em árvores. Predominantemente noturna, mas

pode ser encontrada ativa durante o dia. Alimenta-se principalmente de mamíferos, aves e

lagartos, mas há relatos de Boa constrictor predando também anfíbios, ovos e outras

serpentes; é vivípara, parindo até 64 filhotes no inverno. Apresenta comportamento defensivo

de escancarar a boca desferindo botes, mas também realiza descargas cloacais e produz um

som sibilante intimidativo ao forçar a expulsão do ar dos pulmões (MARQUES et al.,

2001;ARGÔLO, 2004; PONTES & ROCHA, 2008; OLIVEIRA et al., 2015; CASTRO &

Page 48: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

32

SOARES-SILVA, 2016). Não foi incluída na lista nacional ou nas listas estaduais de fauna

ameaçada de extinção, mas demanda cuidado porque é vítima de captura para manutenção em

cativeiro e para consumo de sua carne e couro. Assim, durante o presente estudo nenhum

exemplar foi coletado. Foram feitos dois registros fotográficos, ambos na rodovia BR-376,

nas proximidades da EVC: um indivíduo encontrado atropelado e outro encontrado vivo (foi

solto na mata após as fotografias); um terceiro espécime foi registrado atravessando a estrada

que corta a EVC, a aproximadamente 100 m da sede. Não foi possível determinar subespécie

para esses exemplares, mas seu padrão de cor e desenhos indicam ser Boa c. constrictor.

Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) (Figuras 16 e 26)

Cobra-de-veado, suaçuboia

Esta espécie está amplamente distribuída pela América do Sul, especialmente concentrada na

Amazônia e na metade norte da Mata Atlântica (do Ceará até São Paulo), chegando à Costa

Rica e ao Panamá. É predominantemente florestal, mas pode ser encontrada em áreas com

formações vegetacionais abertas, onde aparece associada a matas de galeria ou a relictos

florestais isoaldos. Suporta diversos graus de alterações antrópicas, não sendo rara na periferia

das cidades ou em propriedades rurais. É arborícola, mas ocasionalmente desce ao solo, e

vivípara, podendo gerar entre três e 24 filhotes que nascem na estação chuvosa; noturna, se

alimenta de mamíferos, aves, anfíbios e lagartos, com dieta diferenciada conforme a idade;

possui grande variação na coloração das escamas, e quando ameaçada pode desferir botes

(FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; PALMUTI et al.

2009; COSTA et al., 2010). Nove indivíduos desta espécie foram registrados durante o

presente estudo: sete na sede da EVC, tanto nos edifícios (refeitório, alojamento, grade que

cerca o espaço e outros), quanto sobre árvores isoladas da mata ou atravessando a estrada que

corta a RPPN, e dois foram encontrados provavelmente em forrageio sobre árvores na borda

da mata, um a aproximadamente 1,50 m de altura e outro a aproximadamente 3m de altura.

Oito espécimes foram registrados no período noturno e um apresentava dois espinhos de

ouriço (Coendou insidiosus (Olfers, 1818); Rodentia, Erethizontidae) atravessando seu corpo

de dentro para fora, um na cabeça e outro no abdomen.

Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) (Figuras 16 e 26)

Jiboia*, salamanta*

Epicrates cenchria ocorre de forma disjunta na Amazônia e na metade norte da Mata

Atlântica, onde possui registros de Pernambuco até o Rio de Janeiro. É uma serpente que

Page 49: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

33

atinge até 2.000 mm de comprimento rostro-cloacal, e que ocorre preferencialmente em

florestas fechadas, pois não suporta bem os ambientes perturbados pelo homem. Diuturna,

vivípara, produz até 15 filhotes por vez, e tem dieta baseada em mamíferos, aves e ovos de

aves, além de alguns registros de anuros e lagartos. É terrícola, mas não encontra dificuldades

para subir em árvores (FRANCO et al., 1998; ARGÔLO, 2004; PALMUTI et al., 2009;

MARTÍN-SOLANO et al., 2016). Apenas dois indivíduos, ambos jovens, foram registrados

durante o presente estudo: um encontrado atravessando a estrada que corta a EVC e o outro

sobre uma folha grande, a mais ou menos 1,80m de altura, na beira de um riacho no interior

da mata; ambos no período noturno.

Colubridae

Chironius cf. exoletus (Linnaeus, 1758) (Figura 17)

Cobra-cipó*, caninana*

Sua distribuição se dá desde a Costa Rica até a Argentina, essencialmente em ambientes

florestais ou de mata de galeria. Possui registros para o Cerrado, mas ocorre principalmente

na região Amazônica e por quase toda a Mata Atlântica. Trata-se de espécie semi-arborícola

de grande porte, podendo atingir 1.200 mm de comprimento rostro-cloacal. É ovípara, com

reprodução sazonal, ovipositando de cinco a 12 ovos por temporada, isto é, no período

chuvoso do ano. Forrageia durante o dia e pela noite pode ser encontrada em repouso sobre

arbustos e árvores. Alimentam-se de anfíbios e ocasionalmente lagartos, principalmente

espécies arborícolas. Quando ameaçada, pode se achatar lateralmente, abrir a boca de forma

ameaçadora, desferir botes e soltar descarga cloacal (MARQUES et al., 2001; ARGÔLO,

2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; CONDEZ et al., 2009; HARTMANN et al., 2009;

COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011). Foram feitos apenas dois

registro durante o presente estudo, ambos a partir de espécimes encontrados atropelados na

rodovia BR-367 próximo à EVC; nenhum registro feito no interior da RPPN. O status desta

espécie está sendo questionado por taxônomos que estudam o gênero Chironius; ligado a um

espécime amazônico, o nome C. exoletus talvez não seja aplicável às formas encontradas na

Mata Atlântica; em função disso, optei por tratar os espécimes citados como Chironius cf.

exoletus (Felipe Curcio, Universidade Federal do Mato Grosso, com. pess. em 2016).

Chironius foveatus Bailey, 1955 (Figuras 17 e 26)

Cobra-verde, cobra-cipó, caninana*

Page 50: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

34

Possui uma coloração predominantemente verde, sua distribuição se da na mata atlântica dá

da Bahia até Santa Catarina. São áglifas, de grande porte, ovíparas, pondo de quatro a nove

ovos, e como outras espécies do gênero, se reproduzem no período chuvoso do ano. Ocorre

em florestas, é semi-arborícola, diurna e pode usar a vegetação para dormir durante a noite,

alimenta-se de aves e anfíbios. Quando ameaçadas podem se achatar lateralmente, abrir a

boca de forma ameaçadora, desferir botes e soltar descarga cloacal, é uma espécie restrita a

Mata Atlântica (FRANCO et al., 1998; FORLANI et al., 2010; MARQUES et al., 2001;

ARGOLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; HARTMANN et al., 2009). Apenas três

indivíduos foram registrados durante o presente estudo: um jovem encontrado durante a noite,

descansando sobre galho a menos de dois metros do solo, mais um indivíduo encontrado

atropelado na estrada que corta a EVC e outro capturado por funcionários da EVC – espécime

apenas com a metade traseira do corpo, pois estava sendo predado por um gavião-carcará,

Caracara plancus (Miller, 1717).

Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) (Figuras 17 e 26)

Cobra-cipó*, caninana*, espia-caminho*, cobra-cipó marrom, cobra-espada

Chironius fuscus é uma serpente áglifa, diurna, terrestre e arborícola que ocupa a Amazônia e

a Mata Atlântica, podendo incluir alguns ambientes abertos nesses biomas (DIXON et

al.,1993; HOLLIS, 2006). Sua dieta é composta de anuros, principalmente Leptodactylidae,

mas ocasionalmente caça outros anfíbios e também lagartos, e para capturar suas presas, os

indivíduos desta espécie movem-se ao longo do chão da floresta e na vegetação baixa

forrageando (MARQUES et al., 2001; MARQUES & SAZIMA 2003; HARTMANN et al.,

2009). Seu comprimento máximo chega a 1.400 mm (ARGÔLO, 2004; PONTES & ROCHA,

2008) e possui coloração que varia ontogeneticamente, sendo castanho-acinzentada com

faixas claras nos jovens, as quais desaparecem no adulto, que passa a uma coloração

castanho-ferruginosa. Defende-se erguendo e achatando lateralmente a parte anterior do

corpo, vibrando a cauda, desferindo botes, mordendo e, também, por contorção violenta do

corpo. É ovípara, com postura de três a sete ovos alongados na primavera e no fim do inverno

(PONTES & ROCHA, 2008). Chironius fuscus foi a serpente com o maior número de

registros durante o presente estudo, com 24 indivíduos no total. A maioria (19 registros) foi

obtida por coleta manual, principalmente de indivíduos encontrados pela noite, descansando

sobre a vegetação, de 10 até 3.500 mm de altura do solo, mas também indivíduos capturados

durante o dia enquanto tomavam sol ou forrageavam pelo chão ou sobre galhos; quatro

exemplares foram encontrados atropelados na estrada que corta a EVC ou na rodovia BR-367,

Page 51: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

35

e um foi encontrado na sede da RPPN. Um indivíduo foi capturado enquanto predava uma rã

Haddadus binotatus (Spix, 1824) (Anura, Craugastoridae). Todos os coletados vivos se

monstraram agressivos, batendo a cauda, soltando descarga cloacal, desferindo botes ou

mordendo.

Chironius laevicollis (Wied, 1824) (Figura 17)

Cobra-cipó preta, cobra-cipó verde, caninana, papa-pinto

Exclusiva da Mata Atlântica, esta é a mais robusta das espécies do gênero, com comprimento

rostro-cloacal chegando a 1.700 mm, o que parece refletir seu hábito preferencialmente

terrícola (DIXON et al., 1993; MARQUES, 1998; ARGÔLO, 2004). A espécie tem hábitos

diurnos e forrageia movendo-se sobre o chão da floresta ou sob a vegetação, procurando por

anuros (HARTMANN et al., 2009). Apresenta mudança ontogenética na coloração, com

juvenis de cor verde; conforme crescem, a parte posterior do corpo torna-se gradualmente

mais escura, e em grandes indivíduos a cor de fundo varia do preto ao marrom amarelado

(HARTMANN et al., 2009). MARQUES & SAZIMA (2003) sugerem que a cor verde da

descendência de C. laevicollis está relacionada ao hábito arborícola mais pronunciado nos

juvenis. A cor verde dos jovens de C. laevicollis pode também servir para imitar a serpente

peçonhenta Philodryas aestiva do sul da mata atlântica, pois Philodryas também possui

hábitos arborícolas. Sua alimentação é principalmente baseada em anuros Leptodactylidae,

mostrando as tendências tipicamente terrestres do gênero (MARQUES & SAZIMA, 2003), e

sua reprodução é sazonal (MARQUES, 1998). Apenas dois indivíduos foram registrados

durante o estudo, ambos na rodovia BR-367, próximo à EVC.

Leptophis ahaetulla liocercus (Wied, 1824) (Figuras 18 e 26)

Caninana*, cobra-cipó azulada, azulão-boia, boiubu

Esta subespécie é exclusiva da Mata Atlântica, com ocorrência da Paraíba ao Rio de Janeiro,

onde ocupa as florestas ombrófilas de baixada, mas também restingas e alguns ambientes

alterados (ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; ALBUQUERQUE et al., 2007). É

uma serpente semi-arborícola, diurna, comumente vista em arbustos e árvores, embora

também frequente o solo; possui tamanho moderado, com comprimento rostro-cloacal de até

1.300 mm; alimenta-se principalmente de anfíbios, mas também preda lagartos, aves e até

outras cobras (ARGÔLO, 2004; FRANÇA et al., 2012). Foram obtidos dois registro desta

espécie durante o estudo: um indivíduo fotografado próximo à sede, em trilha na mata, e outro

Page 52: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

36

encontrado atravessando a estrada que corta a EVC – este espécime estava bastante agressivo,

deu descarga cloacal, desferiu vários “botes” e mordeu.

Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) (Figuras 18 e 27)

Cobra-cipó*, Cobra-bicuda

Esta espécie ocorre desde o estado do Arizona, nos Estados Unidos, até o sudoeste do Brasil,

sendo uma das serpentes mais amplamente distribuídas pelas Américas (KEISER, 1982). É

arbórea, longa e delgada, mas também pode ser encontrada no solo; possui tamanho

moderado, com comprimento rostro-cloacal máximo de 1.700 mm; alimenta-se de lagartos,

anuros e pequenos pássaros (ARGÔLO, 2004; FREITAS & SILVA, 2007; MESQUITA et al.,

2010; FRANÇA et al., 2012). Oxybelis aeneus é principalmente diurna e, antes ou logo

depois de escurecer, recorre a poleiros para dormir. Sua coloração e comportamento ajudam a

se camuflar ente os galhos, fazendo com que se torne quase imperceptível. Quando contida,

assume posição em forma de "S" e abre a boca para mostrar a mucosa azul escura/preta que

pode parecer ameaçadora aos predadores (FRANCO et al., 1998; MARQUES et al., 2001;

ARGÔLO, 2004; HENDERSON, 1974). Durante o estudo foram obtidos 11 registros desta

espécie: três encontradas dormindo enroladas em galhos durante a noite, três atravessando a

estrada que corta a EVC, uma se movendo no galho de uma árvore a mais ou menos 1,70m de

altura, uma na sede da RPPN e três encontrados atropelados na estrada que corta a EVC.

Todos os indivíduos eram bastante agressivos, abriram a boca mostrando a mucosa preta,

desferiram “botes”, morderam e deram descarga cloacal.

Spilotes sulphureus poecilostoma (Wied, 1824) (Figuras 18 e 27)

Caninana*

Espécie de grande porte, semi-arborícola, que frequenta tanto a vegetação como o solo; é

diurna, ovípara, alimenta-se tanto de aves e mamíferos (ARGÔLO, 2004). Foram feitos sete

registros desta espécie durante o presente estudo: um registo foi feito na sede da EVC, três na

estrada que corta a EVC, dois em trilhas na borda da mata e um foi encontrado em descanso

sob tronco, no interior da mata. Todos os registros foram feitos durante o dia, na parte da

manhã.

Tantilla aff. melanocephala (Linnaeus, 1758) (Figuras 18 e 27)

Cabecinha-preta

Page 53: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

37

Sob o nome Tantilla melanocephala encontram-se várias formas muito semelhantes que,

aparentemente, compõem um complexo de espécies crípticas, provavelmente com parentesco

muito próximo (Adriano Silveira, Museu Nacional, Rio de Janeiro, com. pess. em 2012), mas

tal revisão taxonômica ainda não foi publicada. Se considerarmos essas formas em conjunto,

veremos que Tantilla cf. melanocephala encontra-se amplamente distribuída desde o sul da

Guatemala para o Peru, Bolívia, norte da Argentina, Brasil e Uruguai, ocorrendo em florestas

e também em áreas abertas (SAWAYA & SAZIMA, 2003). É uma serpente de pequeno porte,

com comprimento rostrocloacal máximo de 300 mm, tanto terrícola quando fossorial, e na

Amazônia é referida como diurna, porém tem sido registrada em atividade noturna no Cerrado

e em partes do sudeste do Brasil. Sua dieta é constituída principalmente de lacraias e insetos,

e sua reprodução é ovípara, com ciclo reprodutivo sazonal, com vitelogênese começando no

meio da estação chuvosa (ARGÔLO, 2004; BARBO et al., 2011). Três indivíduos (dois

machos e uma fêmea) desta espécie foram registrados durante o estudo, todos dentro de um

mesmo balde, em armadilha de pitfall armada no interior da mata.

Dipsadidae

Atractus sp. (Figuras 19 e 27)

Sem nome popular

Serpentes do gênero Atractus são fossoriais, ovíparas, diuturnas e se alimentam de minhocas e

artrópodes que encontram sob a serrapilheira ou em galerias no solo. Podem ser encontradas

sob troncos caídos ou pedras, e, quando ameaçadas, tentam fugir se escondendo sob a

vegetação ou em frestas, se enterrando, ou ainda se enrolar protegendo a cabeça, se achatar

dorso-ventralmente, realizar movimentos erráticos e soltar descarga cloacal (MARQUES et

al., 2001; ARGÔLO, 2004; HARTMANN & GIASSON, 2008; CONDEZ et al., 2009;

HARTMANN et al., 2009; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011). Apenas um registro

desse gênero foi realizado durante o presente estudo: um espécime encontrado atropelado na

estrada que corta a EVC. Apesar de encontrado morto por atropelamento, o espécime

apresenta boas condições e aparenta ser uma espécie nova, pois apresenta um conjunto de

caracteres não conhecido em outras espécies de Atractus (Renato S. Bérnils, Universidade

Federal do Espírito Santo, São Mateus; e Paulo Passos, Museu Nacional, Rio de Janeiro; com.

pess. em janeiro de 2017). A existência de outro exemplar com as mesmas características,

também encontrado atropelado na EVC pelo autor-sênior do estudo de FRANCO et al.

(1998), Dr. Francisco L. Franco, reforça a suspeita de se tratar de nova espécie.

Page 54: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

38

Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796) (Figuras 19 e 27)

Dormideira

É uma espécie de pequeno a médio porte, ovípara, que ocorre principalmente em florestas,

mas pode frequentar ambientes alterados; é semi-arborícola, podendo usar a vegetação e o

solo como substrato; noturna, alimenta-se principalmente de moluscos, mas também pode

comer larvas de insetos e lagartos (ARGÔLO, 2004). Foram obtidos três registros desta

espécie durante o presente estudo: um indivíduo foi encontrado morto na sede da EVC

(provavelmente predado por um dos gatos domésticos que a população abandona na RPPN) e

dois registros foram feitos em trilhas no interior da floresta, um encontrado em galhos secos

próximos ao chão e outro na serrapilheira.

Dipsas indica indica Laurenti, 1768 (Figuras 19 e 27)

Dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, pingo-de-ouro

Esta subespécie ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica, onde é encontrada apenas no

sudeste da Bahia e norte do Espírito Santo (ARGÔLO & ALVES, 2002; ARGÔLO, 2004;

obs. pess.). Dipsas i. indica é uma forma florestal, sendo encontrada tanto sobre a vegetação

como no solo; é noturna e alimenta-se de moluscos, com comprimento máximo em torno de

600 mm (ARGÔLO, 2004). O comportamento defensivo mais comum em cobras deste grupo

é o achatamento dorsoventral da cabeça para produzir uma forma triangular, quando assumem

posição similar à de ataque de cobras venenosas como Bothrops jararaca, das quais ainda

imitam a cor, o padrão e o movimento; também efetua descarga cloacal de fezes ou de

secreções da glândula anal (ROJAS & ESCOBAR, 2010). Cinco indivíduos foram registrados

durante o presente estudo, todos através de coleta manual em busca ativa noturna: três em

uma mesma trilha no interior da mata, próximo a um riacho, outro em outra trilha, também no

interior da mata, e um quinto espécime foi coletado atravessando a estrada que corta a EVC.

Alguns estavam enrolados sobre galhos e folhas e outros possivelmente em forrageio.

Dipsas variegata (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Figuras 19 e 27)

Jararaca*, dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, pingo-de-ouro

É uma espécie da Mata Atlântica que ocorre nas florestas ombrófilas densas da região

costeira, de Alagoas até Santa Catarina, mas habita também, ainda que marginalmente,

florestas semideciduais na Bahia e florestas ombrófilas mistas no Paraná (PORTO &

FERNANDES, 1996). Trata-se de serpente de tamanho moderado, com comprimento rostro-

Page 55: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

39

cloacal máximo de 800 mm, que pode ser encontrada em bromélias, sobre a vegetação ou no

solo; é noturna e alimenta-se exclusivamente de moluscos (PORTO & FERNANDES, 1996;

ARGÔLO, 2004). O tamanho da ninhada é relativamente pequeno entre os dipsadíneos,

ovipositando de três a cinco ovos, e a produção de espermatozoides ocorre durante todo o ano

(PIZZATTO et al., 2008). Sete indivíduos foram registrados durante este estudo: três na sede

da EVC, um em eucaliptal vizinho à RPPN, dois encontrados atropelados, e um individuo foi

encontrado no interior da mata sobre um tronco caído na beira de um riacho. Um dos

exemplares encontrados na sede estava enrolado no chão sobre folhas secas, e ao ser

manuseado assumiu posição de “bote” e triangulou a cabeça, lembrando o formato típico dos

Bothrops (gênero peçonhento, possível mimetismo).

Sibynomorphus newviedi (Ihering, 1910) (Figura 22)

Surucucu-do-brejo*, dormideira

Possuem de pequeno a médio porte, são ovíparas de reprodução sazonal, podendo colocar de

quatro a 12 ovos. Ativas no período crepuscular e noturno, alimentam-se de moluscos, como

lesmas e caramujos, e são terrestres ou semi-arborícolas. Ocorrem em florestas e áreas

perturbadas da Mata Atlântica. Quando ameaçadas, triangulam a cabeça, podem dar descarga

cloacal ou se enrolam escondendo a cabeça (ARGÔLO, 2004; MARQUES & SAZIMA,

2004; HARTMANN et al. 2009; COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al.

2011; CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Apenas um indivíduo desta espécie foi

registrado durante o estudo, encontrado atropelado na rodovia BR-367 a mais ou menos 2 km

da entrada da EVC.

Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 27)

Cobra-cipó*

Possuem corpo fino e achatado lateralmente, além de cauda muito longa; são arborícolas que

ocorrerem em florestas e ambientes antropizados, mas podem frequentar o solo

ocasionalmente. São noturnas e ovíparas que se alimentam de lagartos e anfíbios. Quando

ameaçadas, podem esconder a cabeça e soltar descarga cloacal (MARQUES et al., 2001;

ARGOLO, 2004; MARQUES & SAZIMA, 2004; HARTMANN et al., 2009). Apenas um

registro desta espécie foi feito durante o presente estudo: a coleta manual de um indivíduo que

parecia estar forrageando durante a noite, sobre galhos secos próximo a uma poça temporária

em área semiaberta.

Page 56: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

40

Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 28)

Jararaca*, dormideira, dorme-dorme, falsa-jararaca, malha-de-sapo

Leptodeira annulata é espécie de ampla distribuição geográfica, com registro para diversas

formações vegetacionais do México à Argentina; ocorre em florestas, mas pode ser

encontrada em ambientes alterados e áreas abertas, frequentando a superfície do solo, arbustos

e arvoretas (DUELLMAN, 1958). Esta serpente tem hábitos crepusculares e noturnos e é

confundida com espécies de Bothrops, sendo ambas popularmente conhecidas como malha-

de-sapo. Ovípara, com três a nove ovos por período, alimenta-se de lagartos e anuros adultos,

mas girinos também já foram registrados em sua dieta; possui dimorfismo sexual, com

machos menores que fêmeas; atinge 1.100 mm de comprimento rostro-cloacal (CARVALHO

et al., 2005; FREITAS & SILVA, 2007; PIZZATTO et al., 2008; PONTES & ROCHA,

2008). Apenas três indivíduos foram registrados durante o presente estudo, todos através de

coleta manual no período noturno, e notei que os três indivíduos apareceram após período

chuvoso, quando muitos anuros estavam ativos: um exemplar foi encontrado entrando em

tronco oco próximo a uma poça temporária, e outros dois sobre a vegetação, também em poça

temporária, em área de muçununga; um deles estava próximo a uma Phyllomedusa sp.

(Anura, Phyllomedusidae).

Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) (Figuras 22 e 28)

Cobra-cipó*, cobra-verde*

Esta espécie possui ampla distribuição na América do Sul cisandina, desde as Guianas até o

Uruguai. Possui porte médio, é ovípara e possui coloração predominante verde; é diurna, mais

ativa nas horas mais quentes do dia, e semi-arborícola. Pode ocorrer em florestas, ambientes

perturbados e áreas abertas, alimentam-se de anfíbios, lagartos, pequenos mamíferos, aves e

ovos de répteis. É ovípara, podendo colocar até 20 ovos por vez. Quando em repouso,

permanece sobre a vegetação em locais protegidos, sob troncos caídos ou em galerias no solo.

Para se defender, pode morder e soltar descarga cloacal. Acidentes com esta espécie podem

causar hematomas, edemas e dores, e podem ser considerados graves (FRANCO et al., 1998;

MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; CONDEZ et al., 2009;

HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010; FORLANI et al., 2010; BARBO et al., 2011;

CASTRO & SILVA-SOARES, 2016). Foram obtidos quatro registros desta espécie durante o

presente estudo: um foi capturado em estrada na borda da RPPN, e três foram encontrados

atropelados na rodovia BR-367, relativamente afastados da EVC.

Page 57: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

41

Oxyrhopus cf. guibei Hoge & Romano, 1978 (Figuras 20 e 28)

Coral*, falsa-coral

Oxyrhopus guibei ocorre nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, bem

como no leste da Bolívia e do Paraguai, e no nordeste da Argentina, principalmente em áreas

com vegetação aberta, como no Cerrado; sua presença na Mata Atlântica pode ser considerada

invasão, uma vez que ela vem sendo registrada apenas em áreas abertas antropizadas (Renato

S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito Santo, com. pess. em 2016). Sua dieta

(principalmente lagartos e pequenos roedores), baseada em animais que sobrevivem bem em

ambientes urbanos, é outro indício de que O. guibei é potencialmente adaptada a locais com

alteração antrópica. Trata-se de serpente de porte médio a grande, com comprimento rostro-

cloacal de até 815 mm; ovípara, se reproduz durante o ano todo e suas ninhadas têm de três a

20 ovos; as fêmeas, que não comem enquanto estão prenhes, são capazes de estocar

espermatozoides e apresentam dimorfismo sexual, sendo maiores que machos. Tem hábitos

terrícolas, predominantemente crepusculares e noturnos, podendo ser encontrada ativa durante

o dia. (MARQUES et al., 2001; PIZZATTO & MARQUES, 2003; ARGÔLO, 2004;

TOZETTI et al., 2004; CONDEZ et al., 2009; FORLANI et al., 2010; COSTA et al., 2010a;

BARBO et al., 2011; BRAZ & GRANVILLE, 2011; ALENCAR et al., 2012). Durante o

presente estudo foram obtidos quatro exemplares que podem ser identificados como O.

guibei, mas com dúvidas, pois, em relação àquela espécie, apresentam diferenças de

coloração, porte físico e preferência de habitat que podem indicar se tratar de outra espécie,

ainda não descrita e habitante exclusiva da Mata Atlântica litorânea do sul da Bahia e norte do

Espírito Santo (Renato S. Bérnils, Universidade Federal do Espírito Santo, com. pess. em

2016). Dois indivíduos de Oxyrhopus cf. guibei foram encontrados de noite, em trilha no

interior da mata, aparentemente forrageando; outro foi encontrado por um funcionário da

RPPN preso em uma armadilha de cola na qual havia pequenos ratos presos (provavelmente

tentava capturá-los); e um quarto foi encontrado atropelado no acostamento da rodovia BR-

367 próximo à reserva.

Oxyrhopus petolarius (Linnaeus, 1758) (Figuras 20 e 28)

Falsa-coral

Distribui-se do Panamá ao litoral brasileiro, passando pela Hileia Amazônica, parte do

Cerrado e, na Mata Atlântica, descendo até o norte do estado do Paraná e nordeste da

Argentina, ocorrendo em florestas, áreas perturbadas e áreas urbanas. Possui comprimento

Page 58: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

42

médio, é ovípara com ninhadas variando de três a dez ovos, e terrícola, podendo subir na

vegetação; noturna, alimenta-se de lagartos, roedores e ovos de aves, e quando ameaçada

pode realizar movimentos erráticos ou esconder sua cabeça como forma de defesa (FRANCO

et al., 1998; MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; COSTA et

al., 2010). Quatro registros foram obtidos durante o presente estudo: três foram encontrados

atropelados na rodovia BR-367, todos próximos à EVC, e um individuo parecia estar

forrageando no chão da sede da RPPN.

Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) (Figura 22)

Muçurana, cobra-preta, cobra-malhada

Pseudoboa nigra ocorre na Caatinga e no Cerrado do norte do Brasil até as regiões Sudeste e

Centro-Oeste, além de parte de Paraguai, Bolívia e Argentina; sua presença na Mata Atlântica

pode ser considerada secundária, ou seja, ligada à ocupação de áreas que perderam suas

florestas e hoje apresentam paisagens predominantemente abertas e ensolaradas, condizentes

com seus hábitos. É espécie terrícola, crepuscular e noturna, mas pode ser vista de dia. Possui

tamanho moderado, podendo chegar a 1.200 mm, e apresenta grande variação de coloração,

predominando três tipos: dorso preto liso, dorso preto com manchas brancas irregularmente

distribuídas e dorso róseo ou branco com manchas negras parcamente distribuídas; a

diversidade de padrões de cores e desenhos dorsais dessa espécie é encarada por alguns

pesquisadores como podendo representar táxons diferentes. É ovípara, com reprodução ao

longo de todo o ano, e apresenta dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos.

Alimenta-se preferencialmente de lagartos e ovos, mas também preda pequenos mamíferos

(ARGÔLO, 2004; CARVALHO et al., 2005; COSTA et al., 2010a; OROFINO et al., 2010;

MONDIN et al., 2011; FRANÇA et al., 2012). Durante o presente estudo foram obtidos dois

exemplares de P. nigra, ambos encontrados atropelados na rodovia BR-367, próximo à EVC.

Siphlophis compressus (Daudin, 1803) (Figuras 22 e 28)

Coral, falsa coral

Siphlophis compressus ocorre da Costa Rica até a Amazônia e, de forma disjunta, também na

Mata Atlântica do Ceará ao Rio de Janeiro. Os representantes desta espécie possuem tamanho

médio, ocorrem em florestas e áreas abertas, são semí-arborícolas, diuturnas e alientam-se

principalmente de lagartos, mas ocasionalmente predam serpentes, pequenos mamíferos,

anuros e ovos de lagartos (FRANCO et al., 1998; MARTINS & OLIVEIRA, 1998;

ARGÔLO, 2004; GUEDES et al., 2011; MOLLO NETO et al., 2013). Foram obtidos quatro

Page 59: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

43

registro desta espécie durante o presente estudo: um indivíduo foi capturado saindo de uma

armadilha de pitfall no interior da mata e três foram encontrados atravessando em estradas no

interior da mata (dois em área afastada da estrada principal, que corta a EVC).

Erythrolamprus miliaris ssp. (Linnaeus, 1758) (Figuras 21 e 28)

Cobra-d'água*, cobra-lisa

Erythrolamprus miliaris possui ampla distribuição pela América do Sul, da Amazônia à

Argentina, e se encontra repartida em pelo menos cinco subespécies; na Mata Atlântica, entre

o litoral nordestino e o Rio de Janeiro, ocorre a forma Erythrolamprus miliaris merremi

(GANS, 1964; DIXON, 1983; 1989; GIRAUDO et al., 2006). Trata-se de espécie de porte

médio, com cerca de 680 mm de comprimento rostro-cloacal máximo; ovípara, com ninhadas

entre um e 30 ovos, apresenta hábitos semi-aquáticos, podem ser encontrada à margem de

alagados, lagoas, córregos, manguezais e também no habitat marinho, sendo encontrada em

atividade tanto de dia quanto de noite. Alimenta-se de peixes, anfíbios, ovos de anuros,

lagartos, anfisbenas e mesmo de outras serpentes. Na região Sudeste do Brasil, sua

reprodução parece ser sazonal, concentrada no final do ano com recrutamento nos primeiros

meses do ano seguinte, mas há também registro de estoque de esperma por parte das fêmeas;

quando manuseada, pode utilizar-se de descarga cloacal como forma de defesa (MARQUES

& SOUZA, 1993; ARGÔLO, 2004; LINGNAU & DI BERNARDO, 2006; HARTMANN &

GIASSON, 2008; HARTMANN & GIASSON, 2008; CONDEZ et al., 2009; COSTA et al.,

2010a; FORLANI et al., 2010). Durante o presente estudo foram obtidos seis registros: três

durante a noite, sendo um em poça temporária entrando em uma espuma que parecia ser

desova de anuro, outro nadando em riacho dentro da mata e o terceiro aparentemente

forrageando na beira de poça temporária; um foi encontrado durante o dia descansando sob

tronco seco em área aberta alagável; e dois foram encontrados atropelados na estrada que

corta a EVC.

Erythrolamprus poecilogyrus schotti (Schlegel, 1837) (Figura 21)

Cobra-de-lixo, cobra-de-capim

Espécie de médio porte que ocorre predominantemente em áreas abertas e também em regiões

urbanas, do leste da Amazônia até o nordeste da Argentina, em diferentes biomas. Seus

exemplares são terrícolas, diuturnos e ovíparos, podendo se reproduzir ao longo de todo o

ano; alimentam-se se anfíbios anuros, lagartos e anfisbenas (ARGÔLO, 2004; FERNANDES,

Page 60: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

44

2006). Foi feito apenas um registro desta espécie durante o presente estudo, um indivíduo

encontrado atropelado no acostamento da rodovia BR-367, próximo à entrada da EVC.

Erythrolamprus reginae semilineatus (Wagler, 1824) (Figuras 21 e 28)

Jabotiboia, cobra-d’água, cobra-de-capim

Distribui-se pela bacia amazônica e pela Mata Atlântica, das regiões Nordeste e Sudeste do

Brasil, onde pode ocorrer em florestas, áreas abertas e ambientes antropizados. É espécie

terrícola, frequentando ocasionalmente a vegetação, diuturna, ovípara e com dieta baseada em

anfíbios e pequenos lagartos. Quando ameaçada pode apresnetar achatamento dorso-ventral e

soltar descarga cloacal (FRANCO et al., 1998; MARQUES et al., 2001; ARGÔLO, 2004).

Apenas três indivíduos foram registrados durante o presente estudo: dois através de

armadilhas de intercepção e queda (uma em ambiente de borda, outra no interior da mata) e

um espécime foi encontrado atropelado na estrada que corta a EVC, próximo à sede. Um dos

indivíduos das armadilhas regurgitou dois anfíbios anuros ao ser manuseado.

Xenodon rabdocephalus (Wied, 1824) (Figuras 22 e 28)

Jararacuçu*, boipeva, falsa-jararaca

Esta espécie é compartilhada entre a Amazônia e a Mata Atlântica, na qual ocorre do litoral

nordestino até o Espírito Santo, principalmente em florestas, mas também em áreas abertas. É

uma serpente de porte médio, com comprimento máximo em torno de 800 mm, com história

natural ainda pouco estudada; é terrícola, diurna e se alimenta de anfíbios anuros adultos, mas

ocasionalmente também de girinos (ARGÔLO, 2004). Durante o presente estudo foram

obtidos três registros desta espécie: um indivíduo foi capturado na sede da EVC, outro

atravessando a estrada que corta a EVC (ambos durante o dia, mas sem horário definido por

terem sido capturados por terceiros) e o terceiro foi encontrado atropelado na estrada que

corta a EVC, próximo à sede.

Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861) (Figuras 22 e 29)

Falsa-coral

Espécie de pequeno porte, com comprimento máximo de 300mm, que ocorre em florestas da

região amazônica e da Mata Atlântica. Seus representantes são terrícolas, mas podem subir na

vegetação ocasionalmente; diuturnos, ovíparos e com dieta baseada em anfíbios, ainda não

possuem estudos mais completos de história natural (ARGÔLO, 2004; CONDEZ et al.,

2009). Foi obtido apenas um registro desta espécie durante o presente estudo, um individuo

Page 61: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

45

encontrado provavelmente forrageando no interior da mata, que, ao ser iluminado por

lanterna, achatou o corpo dorso-ventralmente e desferiu descarga cloacal ao ser manuseado.

Elapidae

Micrurus corallinus (Merrem, 1820) (Figuras 23 e 29)

Coral*, coral-verdadeira, coral-comum

Ocorre por quase todo o domínio da Mata Atlântica, em áreas florestadas das baixadas

litorâneas e de parte do planalto, da Bahia até o Rio Grande do Sul e Misiones, na Argentina,

evitando apenas as serras e os planaltos mais frios. É uma espécie semifossorial, de médio

porte, com comprimento rostro-cloacal em torno de 1.000 mm. É ovípara de reprodução

sazonal, com nascimento de dois a 12 filhotes no final da estação chuvosa e início da seca; os

machos estocam espermatozoides na porção final dos dutos deferentes do outono à primavera,

quando ocorre a cópula. Tem hábito predominantemente diurno, mas pode ser encontrada

ativa durante a noite. Alimenta-se de outras serpentes e vertebrados alongados como cecílias e

alguns lagartos. A defesa é feita por movimentos erráticos do corpo, escondendo a cabeça e

levantando a cauda, mas também mordendo ou fugindo (MARQUES, 1996; MARQUES &

SAZIMA, 1997; 2004; DIXO & VERDADE, 2006; PONTES & ROCHA, 2008; CONDEZ et

al., 2009; HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010a; FORLANI et al., 2010; BARBO

et al., 2011). Foi obtido apenas um registro de M. corallinus durante o presente estudo, um

espécime que caiu numa armadilha de intercepção e queda na borda da mata, e aparentava

estar com conteúdo estomacal.

Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) (Figuras 23 e 29)

Coral*, coral-verdadeira

Ocorre na Caatinga e na Mata Atlântica da região Nordeste, do Maranhão à Bahia. Possui

comprimento máximo em torno de 1.400mm e pode ocorrer em florestas e ambientes

antropizados; diurna ou crepusculare, ovípara, com dieta baseada em répteis serpentiformes e

cecilídeos; semi-fossorial que, quando ameaçada, pode se achatar dorso-ventralmente, enrolar

a cauda, realizar movimentos erráticos e esconder a cabeça (FRANCO et al., 1998;

MARQUES et al., 2001; ARGOLO, 2004; CARVALHO et al., 2005). Três indivíduos foram

registrados durante o estudo: um indivíduo parecia estar forrageando próximo à borda da

mata, no final da manhã, outro foi capturado por um funcionário da RPPN na sede da EVC,

durante o dia, e o terceiro encontrado atropelado na estrada que corta a EVC, próximo à sede.

Page 62: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

46

Viperidae

Bothrops jararaca (Wied, 1824) (Figuras 23 e 29)

Surucucu*, jararacuçu*, boca-podre, jararaca, jararaca-do-rabo-branco

A distribuição desta espécie abrange áreas florestadas e algumas abertas, incluindo plantações

e ambientes urbanos, sendo endêmica da Mata Atlântica, da Bahia até o Rio Grande do Sul,

além de Paraguai e Argentina. É bastante comum e causa importante de acidentes ofídicos,

devido a sua abundância e irritabilidade. Trata-se de viperídeo de médio a grande porte,

podendo ultrapassar 1.000mm de comprimento rostro-cloacal. Sua reprodução é sazonal

(bienal), com cópula ocorrendo no início da estação seca e recrutamento no final da estação

chuvosa; as fêmeas podem estocar o esperma dos machos no útero posterior até o período de

fertilização, na primavera, e nascem de três a 36 filhotes da metade da estação chuvosa ao

início da estação seca. É predominantemente noturna e de hábito terrestre, mas também semi-

arborícola. Quando filhotes, as jararacas consomem principalmente quilópodes, anfíbios e

lagartos, mas na fase adulta comem pequenos mamíferos, e aves ocasionalmente (SAZIMA,

1992; MARQUES et al., 2001; DIXO & VERDADE, 2006; HARTMANN & GIASSON,

2008; CONDEZ et al., 2009; HARTMANN et al., 2009; COSTA et al., 2010a; FORLANI et

al., 2010; BARBO et al., 2011). Foi obtido apenas um registro desta espécie durante o

presente estudo, um indivíduo atravessando uma estrada secundária no interior da mata, no

período crepuscular.

Bothrops leucurus Wagler, 1824 (Figuras 23 e 29)

Surucucu*, jararacuçu*, malha-de-sapo*, boca podre, patrona, caiçaca, jararaca, jararaca-

preguiçosa, jararaca-do-rabo-branco, patrona

Esta espécie se distribui ao longo da costa atlântica do Ceará ao Espírito Santo, sendo mais

comum entre Sergipe e o litoral norte capixaba; habita desde matas úmidas até restingas e

áreas urbanas, sendo responsável pela maioria dos acidentes ofídicos nesse trecho da Mata

Atlântica. Trata-se de viperídeo terrícola, crepuscular a noturno, de médio a grande porte, com

até 1.500mm de comprimento rostro-cloacal. Bothrops leucurus é polimórfico e mostra

grande variedade de padrão de coloração, com variação geográfica, ontogenética e sexual;

quando jovem, caça de senta-e-espera, e sua alimentação inclui de preferência lagartos e

anuros, enquanto os adultos predam ativamente, principalmente mamíferos. Os juvenis

realizam movimento caudal para atrair suas presas para captura, e, para tanto, apresentam a

extremidade caudal branca, bege ou amarela; esse aspecto é perdido na medida em que os

Page 63: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

47

animais crescem, mas alguns machos sub-adultos e adultos ainda mantém esta coloração

visível na cauda. É vivípara e a reprodução ocorre entre setembro e outubro, com filhotes

nascendo entre janeiro e março. O período mínimo de gestação é de cinco meses, quando, em

média, 12 filhotes nascem por ninhada, em proporção sexual de 40% fêmeas e 60% machos

(ARGÔLO, 2004; VILAR et al., 2004; CARVALHO et al., 2005; LIRA-DA-SILVA, 2009;

FRANÇA et al., 2012). Foram obtidos 11 registros desta espécie durante o presente estudo:

três na rodovia BR-367, próximos à entrada da EVC, dois na estrada que corta a EVC, dois na

sede da RPPN, dois no interior da mata, sendo um na beira de riacho e outro em trilha, um na

borda, perto de poça temporária, e outro no campus da Universidade Federal do Sul da Bahia,

não muito distante da EVC. Todos os exemplares encontrados vivos foram registrados em

horário crepuscular ou noturno.

Page 64: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

48

Figura 9. Localização dos registros de Gymnodactylus darwinii (círculos vermelhos) e

Phyllopezus lutzae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo.

Page 65: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

49

Figura 10: Localização dos registros de Dactyloa punctata (circulos vermelhos) e

Norops fuscoauratus (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo.

Page 66: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

50

Figura 11. Localização dos registros de Enyalius pictus (circulos vermelhos), Polychrus

marmoratus (quadrados azuis) e Psychosaura macrorhyncha (cruzes amarelas) na RPPN

Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 67: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

51

Figura 12. Localização dos registros de Hemidactylus mabouia (circulos vermelhos),

Leposoma cf. scincoides (quadrados azuis), Strobilurus torquatus (cruzes amarelas) e

Tropidurus torquatus (asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo.

Page 68: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

52

Figura 13. Localização dos registros de Ameiva ameiva (circulos vermelhos) e Ameivula nativo

(quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 69: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

53

Figura 14. Localização dos registros de Kentropyx calcarata (circulos vermelhos) e

Salvator merianae (quadrados azuis) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo.

Page 70: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

54

Figura 15. Localização dos registros de Amphisbaena alba (circulos vermelhos),

Leposternon infraorbitale (quadrado azul) e Leposternon wuchereri (cruz amarela) na

RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 71: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

55

Figura 16. Localização dos registros de Boa constrictor (círculos vermelhos), Corallus

hortulanus (quadrados azuis) e Epicrates cenchria (cruzes amarelas) na RPPN Estação

Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 72: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

56

Figura 17. Localização dos registros de Chironius cf. exoletus (circulos vermelhos), C.

foveatus (quadrados azuis), C. fuscus (cruzes amarelas) e C. laevicollis (asteriscos laranja) na

RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 73: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

57

Figura 18. Localização dos registros de Leptophis ahaetulla liocercus (círculo

vermelho), Oxybelis aeneus (quadrados azuis), Spilotes sulphureus poecilostoma (cruzes

amarelas) e Tantilla aff. melanocephala (asterisco laranja) na RPPN Estação Veracel,

Bahia, durante o presente estudo.

Page 74: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

58

Figura 19. Localização dos registros de Atractus sp, (circulo vermelho), Dipsas catesbyi

(quadrados azuis), Dipsas indica indica (cruzes amarelas) e Dipsas variegata (asteriscos

laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 75: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

59

Figura 20. Localização dos registros de Imantodes cenchoa (circulo vermelho),

Leptodeira annulata (quadrado azul), Oxyrhopus cf. guibei (cruzes amarelas) e

Oxyrhopus petolarius (asteriscos laranja) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo.

Page 76: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

60

Figura 21. Localização dos registros de Erythrolamprus miliaris (círculos vermelhos),

Erythrolamprus poecilogyrus schotti (quadrado azul) e Erythrolamprus reginae

semilineatus (cruzes amarelas) na RPPN estação Veracel, Bahia, durante o presente

estudo.

Page 77: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

61

Figura 22. Localização dos registros de Philodryas olfersii (círculos vermelhos),

Pseudoboa nigra (quadrados azuis), Sibynomorphus neuwiedi (cruz amarela), Siphlophis

compressus (asteriscos laranja), Xenodon rabdocephalus (triângulos verdes) e Xenopholis

scalaris (losango rosa) na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 78: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

62

Figura 23. Localização dos registros de Amerotyphlops brongersmianus (círculos

vermelhos), Micrurus corallinus (asterisco laranja), Micrurus ibiboboca (triangulos

verdes), Bothrops jararaca (quadrado azul) e Bothrops leucurus (cruzes amarelas) na

RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo.

Page 79: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

63

Figura 24. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o presente estudo:

Hemidactylus mabouia (A), Gymnodactylus darwinii (B), Phyllopezus lutzae (C), Psychosaura machrorhynca

(D), Dactyloa punctata (E), Norops fuscoauratus (F), Enyalius pictus (G) e Polychrus marmoratus (H).

Page 80: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

64

Figura 25. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante

o presente estudo: Strobilurus torquatus (A), Tropidurus torquatus (B), Leposoma

cf. scincoides (C), Ameiva ameiva (D), Ameivula nativo (E), Kentropyx calcarata

(F), Salvator merianae (G) e Amphisbaena alba (H).

Page 81: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

65

Figura 26. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo: Leposternon infraorbitale (A), foto de um exemplar com a procedência

de Porto Seguro tombado na coleção MZ UESC, Amerotyphlops brongersmianus (B),

Boa constrictor (C), foto de Jailson Souza, funcionário da RPPN, Corallus hortulanus

(D), Epicrates cenchria (E), Chironius foveatus (F), foto de funcionários da RPPN,

Chironius fuscus (G) e Leptophis ahaetula liocercus (H).

Page 82: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

66

Figura 27. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo: Oxybelis aeneus (A), Spilotes sulphureus poecilostoma (B), Tantilla aff.

melanocephala (C), Atractus sp. (D), Dipsas catesbyi (E), Dipsas indica indca (F),

Dipsas variegata (G) e Imantodes cencha (H), foto de Renan Moysés, colaborador do

estudo.

Page 83: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

67

Figura 28. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo:. Leptodeira annulata (A), Philodryas olfersii (B), Oxyrhopus cf. guibei

(C), Oxyrhopus petolarius (D), Siphlophis compressus (E), Erythrolamprus miliaris ssp.

(F), Erythrolamprus reginae semilineatus (G) e Xenodon rabdocephalus (H).

Page 84: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

68

Figura 29. Algumas espécies registradas na RPPN Estação Veracel, Bahia, durante o

presente estudo: Xenopholis scalaris (A), Micrurus corallinus (B), Micrurus ibiboboca

(C), Bothrops jararaca (D) e Bohtrops leucurus (E).

Page 85: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

69

3.4 Comparação da composição de Squamata da região estudada com áreas similares

Na Figura 30, o dendograma de similaridade obtido pela análise de agrupamento (cluster)

mostra a formação de quatro grupos principais com maior semelhança. O primeiro agrupa

áreas da Bahia ao sul da Baía de Todos os Santos com áreas do Espírito Santo, a saber:

BA_JAGU, BA_ILHE, BA_PSEG, ES_ITAU, ES_RNVA, ES_VITO e ES_PPCV; o segundo

grupo reune parte das áreas localizadas ao norte de Salvador com áreas do Rio Grande do Sul,

a saber: SE_FSFR, BA_LITN, CE_FORT, RN_NATA, RS_PALU e RS_TAIM; o terceiro

grupo é formado por áreas localizadas nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e

Santa Catarina, a saber: RJ_CASI, RJ_DUQU, RJ_CIDA, RJ_ILGR, SP_JURE, SP_DVPR,

PR_LITS e SC_ITAJ; e o quarto agrupamento reuniu as áreas BA_SALV e PB_JPES.

Figura 30. Dendograma da análise de agrupamento de 23 localidades litorâneas de Mata Atlântica a

partir de 197 táxons de Squamata.

O Coeficiente de Duellman, proposto por DUELLMAN (1989), largamente utilizado em

estudos herpetofaunísticos por conta de sua simplicidade e resultados de fácil interpretação, é

dado pela função CD=2C/(N1+N2), onde C é o número de espécies em comum em ambas as

regiões comparadas, N1 é o numero de espécies ocorrentes na região de interesse, e N2 é o

numero de espécies ocorrentes da região utilizada para comparação.

Page 86: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

70

Tabela 5. Coeficiente de Duellman mostrando a similaridade da fauna de Squamata entre a região de

Porto Seguro e outras 22 áreas selecionadas da Mata Atlântica.

Área Coeficiente de

Duellman BA_ILHE 0.7647 ES_RNVA 0.7538 BA_JAGU 0.7096 ES_ITAU 0.7058 ES_VITO 0.6567 BA_SALV 0.5850 ES_PPCV 0.5840 RJ_DUQU 0.5210 PB_JPES 0.4480 RJ_CIDA 0.4242 RJ_CASI 0.4000

Área Coeficiente de

Duellman RJ_ILGR 0.3921 BA_LITN 0.3428 RN_NATA 0.2990 SC_ITAJ 0.2905 SP_JURE 0.2857 SP_DVPR 0.2692 CE_FORT 0.2522 PR_LITS 0.1978 SE_FSFR 0.1839 RS_TAIM 0.0612 RS_PALU 0.0246

Na análise de agrupamento podemos observar que o primeiro grupo na Figura 30 é composto

por áreas do sul da Bahia e do norte do Espirito Santo, o que indica alto grau de similaridade

entre essas regiões. Dentro deste grupo podemos ainda observar a formação de um subgrupo

composto pelas áreas BA_PSEG, ES_ITAU e ES_RNVA, que englobam o extremo sul da

Bahia e o extremo norte do Espírito Santo, sugerindo uma similaridade ainda maior entre

estas regiões. Esses dados, somados ao cálculo do Coeficiente de Duellman, que também

mostra grande similaridade entre essas regiões, ajudam a corroborar a idéia sugerida por

alguns autores (e.g. ANDRADE-LIMA, 1966; MORI et al., 1983; NEMÉSIO, 2012) de que

esta microrregião (definida mais ou menos pelo interflúvio Contas-Doce) possui um

ecossistema diferenciado, se assemelhando com regiões amazônicas por compartilhar muitos

elementos de fauna e flora não presentes em outras áreas da Mata Atlântica, e portanto

denominada de Hileia Baiana.

Apesar da grande pressão antrópica sofrida ao longo dos anos, a RPPN Estação Veracel se

esforça para proteger um dos principais remanescente de Mata Atlântica do sul da Bahia, que

serve de refúgio para inúmeras espécies de vários grupos faunísticos, e espécies raras e de

grande e médio porte, como a anta (Tapirus terrestris Linnaeus, 1758; Perissodactyla,

Tapiridae) e o jupará (Potos flavus Schreber, 1774; Carnivora, Procyonidae), ou espécies topo

de cadeia, como a suçuarana (Puma concolor (Linnaeus, 1771); Carnivora, Felidae) e o

gavião-real (Harpia harpyja Linnaeus, 1758; Accipitriformes, Accipitridae).

Além das espécies citadas, a RPPN é de fundamental importância para muitas espécies de

Squamata. Além das 51 espécies diretamente registradas no presente estudo, pelo menos

outros 13 táxons foram registrados há 20 anos por FRANCO et al. (1998), e levantei pelo

Page 87: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

71

menos outros 30 répteis Squamata com possibilidade de ocorrência na EVC. Espécies raras e

de difícil localização em campo, como Clelia plumbea, Bothrops bilineatus e Lachesis muta,

que possuem registros para Porto Seguro, ou Philodryas viridissima, registrada na RPPN por

FRANCO et al. (1998), MARQUES & FRANCO (1998) e MARQUES (1999), dependem da

proteção e refúgio que esta floresta pode oferecer.

4 CONCLUSÕES

Os métodos amostrais empregados no presente estudo se mostraram complementares e

forneceram, cada qual, registros exclusivos, isto é, que não foram obtidos pelos

demais métodos. Com 159 registros de 21 espécies, a Coleta Manual foi o mais

expressivo: sete espécies foram registradas exclusivamente por este método. Os

demais também renderam resultados significantes: Coleta por Pitfall, 84 registros de

15 espécies (duas exclusivas); Registros Visuais e Registros Fotográficos, juntos,

forneceram 104 registros de 19 espécies (duas exclusivas); Animais encontrados

Mortos, 29 registros de 21 espécies (duas exclusivas); e Doações de Terceiros, 27

registros de 18 espécies (três exclusivas).

Treze táxons inventariados no presente estudo representam registros inéditos para a

RPPN EVC: Ameivula nativo (Teiidae), Leposternon infraorbitale e L. wuchereri

(Amphisbaenidae), Amerotyphlops brongersmianus (Typhlopidae), Boa constrictor

(Boidae), Tantilla aff. melanocephala (Colubridae), Dipsas catesbyi, D. i. indica,

Sibynomorphus neuwiedi, Imantodes cenchoa, Oxyrhopus cf. guibei, Erythrolamprus

poecilogyrus schotti e Xenopholis scalaris (Dipsadidae).

O espécime de Atractus obtido no inventário se distingue de todas as espécies

conhecidas para o gênero, o que sugere se tratar de nova espécie; o estudo anterior

feito na EVC registrou a mesma espécie, também a partir de um único exemplar

encontrado morto, mas, à epoca, FRANCO et al. (1998) consideraram-no

provisoriamente como pertencente a Atractus maculatus (Günther, 1858).

O estudo de FRANCO et al. (1998) também registrou 51 espécies de répteis

Squamata, mas em composição distinta. Assim como 13 táxons foram aqui registrados

pela primeira vez para aquela Unidade de Conservação, o estudo anterior citou 13

répteis Squamata que o inventário atual não comprovou. Destes, vale salientar que

alguns não foram efetivamente registrados para a área da RPPN, mas sim inferidos

Page 88: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

72

pelos autores anteriores a partir de dados de coleção para os municípios de Porto

Seguro e Santa Cruz Cabrália.

A curva de acumulação de espécies não atingiu sua assíntota, mostrando que o

trabalho deveria ter continuidade na busca de um inventário mais completo. Para

tanto, será necessário investir na amostragem das áreas da EVC que não puderam ser

acessadas durante o presente estudo, pois além dos 64 táxons totais citados para a

RPPN, sabe-se que pelo menos 30 outras espécies ocorrem na região.

A análise de cluster somada aos cálculos do Coeficiente de Duellman, na comparação

entre a fauna de Squamata da RPPN Estação Veracel com outras áreas de Mata

Atlântica ao longo da costa oceânica brasileira, mostrou elevada similaridade entre a

região do presente estudo e o norte do Espírito Santo, acima do rio Doce, reforçando a

denominação Hileia Baiana usada por alguns autores para se referir a esse trecho

diferenciado da Mata Atlântica, que engloba o interflúvio Contas-Doce, isto é, o

extremo sul da Bahia e a metade norte do Espírito Santo.

A RPPN Estação Veracel é um importante refúgio para muitas espécies de Squamata,

destacando-se Clelia plumbea, Philodryas viridissima, Bothrops bilineatus e Lachesis

muta, serpentes essencialmente florestais e exigentes quanto à qualidade do habitat, e,

portanto, dependentes da proteção e refúgio que esta floresta pode oferecer.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABE, A. S. 1995. Estivation in South American amphibians and reptiles. Brazil. Brazilian Journal Of

Medical and Biololgical Research 28: 1241–1247.

ABILHOA V,; BRAGA, R. R.; BORNATOWSKI, H, & VITULE J. R. S. 2011 Fishes of the Atlantic

Rain Forest Streams: Ecological Patterns and Conservation. Pp. 259-282. In: Grillo O, & Venora G

(org.) Changing Diversity in Changing Environment. Rijeka, Intech,

ALBUQUERQUE, N. R.; GALATTI, U. & DI-BERNARDO, M. 2007. Diet and feeding behaviour of

the Neotropical parrot snake (Leptophis ahaetula) in northern Brazil. Journal of Natural

History 41(17-20): 1237-1243.

ALENCAR, L. R. V.; GALDINO, C. A. B & NASCIMENTO, L. B. 2012. Life History Aspects of

Oxyrhopus trigeminus (Serpentes: Dipsadidae) from Two Sites in Southeastern Brazil.

Journal of Herpetology 46(1): 9-13.

ALMEIDA, A. P.; GASPARINI, J. L.; ABE, A. S.; ARGÔLO, A. J. S.; BAPTISTOTTE, C.;

FERNANDES, R.; ROCHA, C. F D. & VAN SLUYS, M.. 2007. Os répteis ameaçados de extinção

no Estado do Espírito Santo. (Capítulo 5). Pp. 65-84. In: PASSAMANI, M. & MENDES, S. L.

2007. Espécies da fauna ameaçadas de extinção no estado do Espírito Santo. Vitória: Instituto de

Pesquisas da Mata Atlântica. 140p.

ALMEIDA-GOMES, M.; VRCIBRADIC, D.; SIQUEIRA, C. C.; KIEFER, M. C.; KLAION, T.;

ALMEIDA-SANTOS, P.; NASCIMENTO, D.; ARIANI, C. V.; BORGES-JR, V. N. T.;

Page 89: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

73

FREITAS-FILHO, R. F.; VAN SLUYS, M. & ROCHA, C. F. D. 2008. Herpetofauna of an

Atlantic Rainforest area (Morro São João) in Rio de Janeiro State, Brazil. Anais da Academia

Brasileira de Ciências 80(2): 291-300.

ÁLVAREZ, B. B.; AGUIRRE, R. H.; CÉSPEDEZ, J. A.; HERNANDO, A. B. & TEDESCO, M. E.

2002. Atlas de Anfibios y Reptiles de las provincias de Corrientes, Chaco y Formosa, Argentina.

Corrientes: Universidad Nacional del Nordeste, 160 p.

ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L. M. & SPAROVEK, G.

2014. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 22 (6): 711–728.

ANDRADE-LIMA, D. 1966. Vegetação. In: IBGE, Atlas Nacional do Brasil. Rio de Janeiro:

Conselho Nacional de Geografia.

ANJOS, L. A. & ROCHA, C. F. A. 2008. A Lagartixa Hemidactylus mabouia Moreau de Jonnes,

1818 (Gekkonidae): uma espécie exótica e invasora amplamente estabelecida no Brasil. Natureza

& Conservação 6(1): 78-89.

ARAÚJO-NETO, J. V.; TIBURCIO, I. C. S.; GALDINO, J. Y A.; GONÇALVES, U. & SILVA, S. T.

2012. Polychrus marmoratus Distribution, AL. Herpetological Review 43(1): 103-104

ARGÔLO, A. J. S. 2004. As serpentes dos cacauais do sudeste da Bahia. Ilhéus, BA: Editus, 260p.

ARGÔLO, A. J. S. & ALVES, F. Q.. 2002. Dipsas indica indica - Distribution. Bahia. Herpetological

Review 33(4): 323-324

ARRUDA, M. P.; ALMEIDA, C. H. L. N.; ROLIM, D. C. & MAFFEI, F. 2011. First record in

midwestern region of the state of São Paulo, Brazil of Typhlops brongersmianus Vanzolini,1976

(Squamata: Typhlopidae). Check List 7(4): 571-573

ÁVILA, R. W.; FERREIRA, V. L. & SOUZA, V. B. 2006. Biology of the blindsnake Typlhops

brongersmianus (Tiplhopidae) in a semideciduous forest from central Brazil. Herpetological

journal 16: 403-405

BARBO, F. E.; MARQUES, O. A. V. & SAWAIA, R. J. 2011. Diversity, natural history, adn

distribuition of snakes in the municipality of São Paulo. South American Journal of Herpetology,

6(3), 2011, 135-160.

BARROS-FILHO, J. D.; L. S. L. HOHL & O. ROCHA-BARBOSA. 2008. Excavatory cycle of

Leposternon microcephalum Wagler, 1824 (Reptilia, Amphisbaenia). International Journal of

Morphology 26(2): 411-414.

BÉRNILS, R. S.; ALMEIDA, A. P.; GASPARINI, J. L. R.; SRBEK-ARAUJO, A. C.; ROCHA, C. F.

D. & RODRIGUES, M. T. 2015. Répteis da Reserva Natural Vale, Linhares, Espírito Santo, Brasil.

Ciência & Ambiente 49: 193-210.

BÉRNILS, R. S.; BATISTA, M. A. & BERTELLI, P. W. 2001. Cobras e lagartos do Vale:

levantamento das espécies de Squamata (Reptilia, Lepidosauria) da Bacia do Rio Itajaí, Santa

Catarina, Brasil. Revista de Estudos Ambientais 3(1): 69-79.

BÉRNILS, R. S. & COSTA, H. C. (org.). 2015. Brazilian reptiles – List of species. Disponível em

http://www.sbherpetologia.org.br/. São Paulo: Sociedade Brasileira de Herpetologia. Consultado

em setembro de 2016.

BLACKBURN, D. G & VITT, L. J. 1992. Reproduction in viviparous South American Lizards of the

Genus Mabuya. Editor William C. Hamlett. Reproductive Biology of South American Vertebrates

92(1): 150-164

BOVENDORP, R. S.; ALVAREZ, D. A., & GALETTI, M. 2008 Densidade de teúis (Tupinambis

merianae) e seu papel como predador de ninhos na ilha Anchieta, Brasil. Neotropica Biology and

Conservation 3(1): 9-12

BRAZ, H. & GRANVILLE, D. D. M. 2011. Natural nests of the false-coral snake Oxyrhopus guibei

in southeastern Brazil. Herpetology Notes 4: 187-189.

Page 90: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

74

CAMPOS, V. A.; DÁTTILO, W.; ODA, F. H.; PIROSELI, L. E. & DARTORA, A. 2014. Detección y

uso de senderos de la hormiga cortadora de hojas Atta laevigata (Hymenoptera: Formicidae) por

Amphisbaena alba (Reptilia: Squamata). Acta Zoológica Mexicana (n. s.), 30(2): 403-407

CANALE, G. R.; PERES, C. A.; GUIDORIZZI, C. E.; GATTO; C. A. F. & KIERULFF, M. C. M.

2012. Pervasive Defaunation of Forest Remnants in a Tropical Biodiversity Hotspot. PLoSONE

7(8): e41671. doi:10.1371/journal.pone.0041671

CARNAVAL, A. C. & MORITZ, C. 2008. Historical climate modelling predicts patterns of current

biodiversity in the Brazilian Atlantic forest. Journal of Biogeography, doi:10.1111/j.1365-

2699.2007.01870.x.

CARVALHO, A. L. G. & ARAÚJO, A. F. B. 2004. Ecologia dos lagartos da Ilha da Marambaia, RJ.

Revista da Universidade Rural (Ciências da Vida) 24(2): 159-165.

CARVALHO, A. L. G.; ARAÚJO, A. F. B. & SILVA, H. R. 2007. Lagartos da Marambaia, um

remanescente insular de Restinga e Floresta Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Biota

Neotropica 7(2): 221-226.

CARVALHO, C. M.; VILAR, J. C. & OLIVEIRA, F. F. 2005. Répteis e Anfíbios; pp. 39-61. In: C.M.

CARVALHO & J. C. VILAR (coord.). Parque Nacional Serra de Itabaiana-Levantamento da

Biota. Aracaju: Ibama, Biologia Geral e Experimental - UFS.

CASTRO, E. R. & GALETTI, M. 2004. Frugivoria e dispersão de sementes pelo lagarto teu

Tupinambis merianae (Reptilia: Teiidae). Papéis Avulsos de Zoologia Museu de Zoologia da

Universidade de São Paulo. Volume 44(6):91-97.

CASTRO, J. O.; PINHO, M. S. & FREITAS, M. A. 2012. Biodiversidade da região de Busca

Vida/Abrantes: subsídio para a criação de uma unidade de conservação no litoral norte da Bahia.

Bahia Análise & Dados 22(3): 561-580.

CASTRO, T. M. & SILVA-SOARES, T. 2016. Répteis da restinga do Parque Estadual Paulo César

Vinha: Guarapari, Espírito Santo, Sudeste do Brasil. Cachoeiro de Itapemirim: Departamento de

Publicações Acadêmicas e Científicas, Centro Universitário São Camilo. 194 p.

CECHIN, S. T. Z. & MARTINS, M. 2000. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em

amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 17: 729-740.

CEIA-HASSE, A.; BORDA-DE-AGUA, L.; GRILO, C. & PEREIRA, H. M. 2017. Global expessure

of carnivores to roads. Global Ecology and Biogeography, (Global Ecol. Biogeogr.) doi:

10.1111/geb. 12564 http://wileyonlinelibrary.com/jornal/geb.

CHIARELLO, A. G.; SRBEK-ARAUJO, A. C.; DEL-DUQUE, JR.; HERMANO, J.; COELHO, E. R.

& ROCHA. 2010. Abundance of tegu lizards (Tupinambis merianae) in a remnant of the Brazilian

Atlantic forest. Amphibia-Reptilia 31(4): 563-570

CONDEZ, T. H.; SAWAYA, R. J. & DIXO, M. 2009. Herpetofauna of the Atlantic Forest remnants

of Tapiraí and Piedade region, São Paulo state, southeastern Brazil. Biota Neotropica 9(1):

http://www.biotaneotropica.org.br/v9n1/en/abstract?inventory+bn01809012009.

CORN, P. S. 1994. Standard techniques for inventory and monitoring - Straight-line drift fences and

pitfall traps; p.118-124, In: HEYER W. R., DONNELLY M. A., MCDIARMID R. W., HAYEK L.

C.; FOSTER M. S. (ed.). Measuring and monitoring biological diversity. Standard methods for

amphibians. Washington: Smithsonian Institution Press.

COSTA, H.C. 2011. Geographic Distribution: Strobilurus torquatus. Herpet. Ver. 42(4):570.

COSTA, H. C.; FERNANDES, V. D.; RODRIGUES A. C. & FEIO, R. N. 2009. Lizards and

Amphisbaenians, municipality of Viçosa, state of Minas Gerais, southeastern Brazil. Check List

5(3): 732–745. ISSN: 1809-127X

COSTA, H. C.; SILVA, E.T.; CAMPOS, P. S.; OLIVEIRA, M. P. C.; NUNES, A. V. & SANTOS, P.

S. 2010b. The Corpse Bride: a case of Davian Behaviour in the Green Ameiva (Ameiva ameiva) in

southeastern Brazil. Herpetology Notes, volume 3: 079-083 (published online on 23 March 2010).

Page 91: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

75

COSTA, H. C.; PANTOJA, D. L.; PONTES, J. L. & FEIO, R. N. 2010C. Snakes of the Municipality

of Viçosa, Atlantic Forest of Southeastern Brazil. Biota Neotropica 10(3): http://www.

biotaneotropica.org.br/v10n3/en/abstract?inventory+bn03610032010.

CRUMP, M. L. & SCOTT, N. J. 1994. Visual encounter surveys; p. 84-92, In: HEYER W. R.,

DONNELLY M. A., MCDIARMID R. W., HAYEK L. C.; FOSTER M. S. (ed.). Measuring and

monitoring biological diversity. Standard methods for amphibians. Washington: Smithsonian

Institution Press.

CURCIO, F. F.; VALDUJO, P. H.; DIXO M. & VERDADE, V. K. 2010. Considerações sobre

métodos e critérios empregados em estudos ambientais sobre a herpetofauna; p. 187-195, In:

SILVEIRA L. F., BEISIEGEL B. M., CURCIO F. F., VALDUJO P. H., DIXO M., VERDADE V.

K.; MATTOX G. M. T.; CUNNINGHAM P. T. M. (org.). Para que servem os inventários de

fauna? Estudos Avançados 24(68): 173-207.

DIAS, E. J. R. & ROCHA, C. F. D. 2005. Os répteis nas restingas do estado da Bahia: pesquisa e

ações para a sua conservação. Rio de Janeiro: Instituto Biomas. 36 p.

DIXO, M. & VERDADE, V. K. 2006. Leaf litter herpetofauna of the Reserva Florestal de Morro

Grande, Cotia (SP). Biota Neotropica 6(2), http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?

article+bn00806022006. ISSN 1676-0603

DIXON, J. A. 1983.Taxonomic Status of the South American snakes Liophis miliaris, L. amazonicus,

L. chrysostomus, L. mossoroensis, and L. purpurans (Colubridae: Serpentes). Copeia (3): 791-

802.

DIXON, J. A. 1989. A key and checklist to the Neotropical snakes genus Liophis with country list and

maps. Smithsonian Herpetological Information Service 79: 1-28.

DIXON, J. R.; WIEST, J. A. & CEI, J. M. 1993. Revision of the Neotropical snakes genus Chironius

Fitzinger (Serpentes, Colubridae). Monografie Museo Regionale di Scienze Naturali di Torino 13:

279 p.

DUELLMAN, W. E. 1958. A monographic study of the colubrid snake genus Leptodeira. Bulletin of

the American Museum of Natural History 114(1): 152 p.

DUELLMAN, W. E. 1989. Tropical herpetofaunal communities: Patterns of community structure in

neotropical rainforest; p 61-88in: HARMELIN-VIVIEN, M. L. & F. BOURLIERE. Ecological

studies, vol 69, Vertebrates in Complex Tropical Systems. New York:Springer-Verlag.

DUTRA, G. F.; SIQUEIRA, C. C.; VRCIBRADIC, D.; KIEFER, M. C. & ROCHA, C. F. D. 2011.

Plant Consumption of Insular and Mainland Populations of a Tropical Lizard. Herpetologica

67(1): 32–45.

ENTIAUSPE-NETO, O. M.; PERLEBERG, T. D. & FREITAS, M. A. 2016. Herpetofauna from an

urban Pampa fragment in southern Brazil: composition, structure and conservation. Check List

12(5): 1-15.

Espécies da fauna ameaçadas de extinção no Estado do Espírito Santo/ PASSAMANI, M. &

LUCENA, S. M., organizadores. - Vitória : Instituto de Pesquisas da Mata Altântica, 2007. 140

FIALHO, R. F.; ROCHA, C. F. D. & VRCIBRADIC, D. 2000. Feeding Ecology of Tropidurus

torquatus: Ontogenetic Shit Plant Consumption and Seasonal Trends in Diet. Journal of

Herpetology 34(2): 325-330.

FILADELFO, T., P. T. DANTA & R. M. D. LEDO. 2013. Evidence of a comunal nest of Kentropix

calcarata (Squaata: Teiidae) in the Atlantic Forest of northeastern Brazil. Phyllomedusa 12: 143-

146

FORLANI, M. C.; BERNARDO, P. H.; HADDAD, C. B. F. & ZAHER, H. 2010. Herpetofauna of the

Carlos Botelho State Park, São Paulo State, Brazil. Biota Neotropica 10(3): http://www.

biotaneotropica.org.br/v10n3/en/abstract?inventory+bn00210032010

Page 92: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

76

FRANCO, F. L. & SALOMÃO, M. G.. 2002. Coleta e preparação de répteis para coleções científicas:

considerações iniciais; p. 76-115, In: AURICCHIO P. E SALOMÃO M. G. (ed.). Técnicas de

coleta e preparação de vertebrados para fins científicos e didáticos. São Paulo: Terra Brasilis.

FRANCO, F. L.; SKUK, S. G. O.; PORTO, M. & MARQUES, O. A. V. 1998. Répteis na Estação

Veracruz (Porto Seguro, Bahia). Publicação Técnico-Científica No. 3. Eunápolis: Veracel Celulose

S.A. 41 p.

FRANÇA, R. C.; GERMANO, C. E. S. & FRANÇA, F. G. R. 2012. Composition of a snake

assemblage inhabiting an urbanized area in the Atlantic Forest of Paraíba State, Northeast Brazil.

Biota Neotropica 12(3): 1-13.

FREIRE, E. M. X.; LISBOA, C. M. C. A. & SILVA, U. G. 2010. Diagnóstico sobre a fauna de répteis

Squamata da Zona de Proteção Ambiental 1 (ZPA 1), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Revista

Nordestina de Zoologia 4(2): 39-45.

FREITAS, M. A. 2014. Squamate reptiles of the Atlantic Forest of northern Bahia, Brazil. Check List

10(5): 1020-1030.

FREITAS, M. A. & SILVA, T. F. 2007. Guia ilustrado: Herpetofauna das caatingas e Áreas de

altitudes do nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 388 p.

GANS, C. 1964. A redescription of, and geographic variation in, Liophis miliaris Linne, the common

water snake of southeastern South America. American Museum Novitates 2178: 64 p.

GANDOLFI, S. M. & ROCHA, C. F. D. 1998. Orientation of thermoregulating Tropidurus torquatus

(Sauria, Tropiduridae) on termite mounds in an open of south-eastern Brazil. Amphibia-Reptilia 19:

319-323.

GASPARINI, J. L. 2012. Anfíbios e répteis. Vitória e Grande Vitória, Espírito Santo. Vitória: GSA.

100 p.

GIRAUDO, A. R.; ARZAMENDIA, V. & CACCIALI, P. 2006. Geographic variation and taxonomic

status of the southernmost populations of Liophis miliaris (Linnaeus, 1758) (Serpentes:

Colubridae). Herpetological Journal 16: 213-220.

GUEDES, T. B.; SIQUEIRA, G. S. N.; PRUDENTE, A. L. C. & MARQUES, O. A. V. 2011.New

records and geografical distribuition of the Tropical Banded Treesnake Siphlophis compressus

(Dipsadidae) in Brazil. Herpetology Notes 4: 341-346

HADDAD, C.F.B., L.F. TOLEDO, C.P.A. PRADO, D. LOEBMANN, J.L. GASPARINI AND I.

SAZIMA. 2013. Guia dos anfíbios da Mata Atlântica – diversidade e biologia. São Paulo: Anolis

Books, 542

HAMMER, Ø., HARPER, D. A. T. & RYAN, P. D. 2001. PAST: Paleontological statistics software

package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4(1): 9 p.

HARTMANN, P. A. & GIASSON, L. O. M. 2008. Répteis da UHE Quebra Queixo em Santa

Catarina. Pp. 111-130 In: J. J. CHEREM & M. A. KAMMERS (ed.). A fauna das áreas de

influência da Usina Hidrelétrica Quebra Queixo. Florianópolis: Habilis.

HARTMANN, P. A.; HARTMANN, M. T. & MARTINS, M. 2009a. Ecology and natural history of a

snake assemblage at Núcleo Santa Virgínia, Parque Estadual da Serra do Mar, southeastern Brazil.

Biota Neotropica.9(3):173-184.

HARTMANN, P. A.; HARTMANN, M. T. & MARTINS, M. 2009b. Ecology of a snake assemblage

in the Atlantic Forest of southeastern Brazil. Papeis Avulsos de Zoologia 49(27):343-360

HENDERSON, R. W. 1974. Aspects of the ecology of the Neotropical vine snake, Oxybelis aeneus

(Wagler). Herpetologica 30(1):19-24.

HOWARD, K. G.; PARMERLLE, JR. & POWELL, R. 2001. Natural history of the Edificarian

Geckos Hemidactylus mabouia, Thecadactylus rapicauda, and Sphaerodactylus sputator on

Anguilla. Caribbean Journal of Science 37(3-4): 285-288.

Page 93: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

77

IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Disponível

em: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_unidades_de_relevo.pdf.

Consultado em setembro de 2016.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE, ICMBIO. 2016.

Sumário executivo: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília:

ICMBIO: 75p

JACKSON, J. F. 1978. Differentiation in the genera Enyalius and Strobilurus (Iguanidae):

implications for Pleistocene climatic changes in eastern Brazil. Arquivos de Zoologia 30(1):1-79.

KAWASHITA-RIBEIRO, R. A. & ÁVILA. R. W. 2008. Reptilia, Squamata, Polychrus spp.: New

record, range extensions, and distribution map in the state of Mato Grosso, Brazil. Check List 4(3):

362–365.

KUNZ, T. S. & BORGES-MARTINS, M. 2013. A new microendemic species of Tropidurus

(Squamata: Tropiduridae) from southern Brazil and revalidation of Tropidurus catalanensis

Gudynas & Skuk, 1983. Zootaxa 3681(4): 413-439.

LEMA, T. 1983. Bipedalia em Tupinambis teguxin (Linneaus, 1758) (Sauria, Teiidae). Iheringia,

Série Zoológica, 62: 89 - 119

LEMA, T. & ARAÚJO, M. L. 1985. Manual de técnicas de preparação de coleções zoológicas:

répteis. São Paulo: Sociedade Brasileira de Zoologia, 20 p.

LIOU, N. S. 2008. História natural de duas espécies simpátricas de Enyalius (Squamata, Leiosauridae)

na Mata Atlântica do sudeste paulista. Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências.

Dissertação de Mestrado em Zoologia. 107 p.

LINGNAU, R. & DI-BERNARDO, M. 2006. Predation on Foam Nests of two Leptodactylid Frogs

by Solenopsis sp. (Himenóptera, Formicidae) and Liophis miliaris (Serpentes, Colubridae).

Biociências 14(2): 223-224.

LIRA-DA-SILVA, R. M. 2009 Bothrops leucurus Wagler, 1824 (Serpentes: Viperidae) Natural

History, Venon and Envenomation. Gazeta Médica da Bahia 79(1): 56-65

MARQUES, O. A. V. 1996. Reproduction, seasonal activity and growth of the coral snake, Micrurus

corallinus (Elapidae), in the Southeastern Atlantic forest in Brazil. Amphibia-Reptilia 17: 277-285.

MARQUES, O. A. V. 1999. Defensive behavior of the green snake Philodryas viridissimus (Linnaeus)

(Colubridae, Reptilia) from the Atlantic Forest in Northeastern Brazil. Revista Brasileira de

Zoologia 16 (1): 265-269.

MARQUES, O. A. V.; ETEROVIC, A. & SAZIMA, I. 2001. Serpentes da Mata Atlântica. Guia

ilustrado para a serra do mar. Ribeirão Preto: Holos. 184 p.

MARQUES, O. A. V. & FRANCO, F. L. 1998. Philodryas viridissimus. Natural History Notes:

Herpetological Review 29 (1): 54.

MARQUES, O. A. V. & SAZIMA, I. 1997. Diet and feeding behavior of the coral snake, Micrurus

corallinus, from the Atlantic Forest of Brazil. Herpetological Natural History 5(1): 88-93.

MARQUES, O. A. V. & SAZIMA, I. 2003. Ontogenetic color changes may strengthen suggestion

about systematic affinities between two species of Chironius (Serpentes, Colubridae).

Phyllomedusa 2(1): 65-67.

MARQUES, O. A. V. & SAZIMA, I. 2004. História natural dos répteis da Estação Ecológica da

Juréia-Itatins. Pp. 257-277, In: O. A. V. MARQUES & W. DULEBA. (ed.) Estação Ecológica da

Juréia-Itatins, ambiente físico, flora e fauna. Ribeirão Preto: Holos. 205 p.

MARQUES, O. A. V. & SOUZA, V. C. 1993. Nota sobre a atividade alimentar de Liophis miliaris no

ambiente marinho (Serpentes, Colubridae). Revista Brasileira de Biologia 53(4): 645-648.

MARQUES, R.; MEBERT, K.; FONSECA, E.; RÖDDER, D.; SOLÉ, M. & TINÔCO, M. S. 2016.

Composition and natural history notes of the coastal snake assemblage from Northern Bahia,

Brazil. ZooKeys 611: 93-142.

Page 94: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

78

MARQUES, R.; TINÔCO, M. S.; COUTO-FERREIRA, D.; FAZOLATO, C. P.; BROWNE-

RIBEIRO, H. C.; TRAVASSOS, M. L. O.; DIAS, M. A. & MOTA, J. V. L. 2011. Reserva

Imbassaí Restinga: Inventory of snakes on the Northern coast of Bahia, Brazil. Journal of

Threatened Taxa 3(11): 2184-2191.

MARTÍN-SOLANO, S.; TOULKERIDIS, T.; ADDISON, A. & POZO-RIVERA. 2016. Predation of

Desmodus rotundus Geoffroy, 1810 (Phyllostomidae, Chiroptera) by Epicrates cenchria (Lineaus,

1758) (Boidae, Repitilia) in na Ecuadorian Cave. Subterranean Biology 19: 41-50.

MARTINS, A. R.; SILVEIRA, A. L. & BRUNO, S. F. 2010. New records of Typhlops

brongersmianus (Serpentes, Typhlopidae) in southeastern Brazil. Herpetology Notes 3: 247-248

MARTINS, M. 2007. Répteis. Pp. 111-112, In: DRUMMOND, G. M. Revisão das listas das espécies

da flora e da fauna ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação

Biodiversitas.

MARTINS, M. & MOLINA, F. B. 2008. Panorama Geral dos Répteis Ameaçados do Brasil; p.327-

334, In: MACHADO A. B. M. , DRUMMOND G. M. & PAGLIA A. P. (ed.). Livro Vermelho da

Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Brasília: MMA.

MARTINS, M. & OLIVEIRA, M. E. 1998: Natural history of snakes on forests in the Manaus region,

Central Amazonia, Brazil. Herpetological Natural History. 6(2): 78-150.

MYERS, N., MITTERMEIER, R. A., MITTERMEIER, C. G., DA FONSECA, G. A. B. & KENT, J.

2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403, 853- 858

MENEZES, V. A., VRCIBRADIC, D., VICENTE, J. J., DUTRA, G. F. & ROCHA, C. F. 2004.

Helminths infecting the parthenogenetic whiptail lizard Cnemidophorus nativo in a restinga habitat

of Bahia State, Brazil. Journal of Helminthology 78(4): 323-328.

http://dx.doi.org/10.1079/JOH2004247. PMid:15575989

MESQUITA, P. C. M.; BORGES-NOJOSA, D. M. & BEZERRA, C. H. 2010. Dimorfismo sexual na

cobra-cipó Oxybelis aeneus (Serpentes, Colubridae) no estado do Ceará, Brasil. Biotemas 23(4):

65-69.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL E FUNDAÇÃO SOS

MATA ATLÂNTICA. 2006. O corredor central da mata atlântica: uma nova escala de

conservação da biodiversidade. Brasília : Ministério do Meio Ambiente e Conservação

Internacional, 46 p.

MODIN, A. C.; SRBEK-ARAÚJO, A. C. & DUARTE, M. R. 2011 Pseudoboa nigra X Tropidurus

torquatos na RNV. Herpetological Review 42(4): 619

MOLLO-NETO, A.; SANCHES-MARTINEZ, P. M. & GAIGA, R. A. J. 2013. Predation on the lizard

Iguana iguana (Sauria: Iguanidae) by the snake Siphlophis compressus (Serpente: Dipsadidae) at

Rondônia state, Brazil. Herpetology Notes 6: 37-38

MORATO, S. A. A. 2012. Ameiva ameiva feeding behavior. Herpetological Review 43(2): 328.

MORI, S. A., B. M. BOOM, A. M. CARVALHO & T. S. SANTOS. (1983). Southern Bahia Moist

Forest. The Botanical Review 49(2), 155-232.

MOURA-LEITE, J. C.; BÉRNILS, R. S. & MORATO, S. A. A. 1993. Método para a caracterização

da herpetofauna em estudos ambientais; p. 3985-3990, In: Superintendência de Recursos Hídricos e

Meio Ambiente. (org.). MAIA, Manual de Avaliação de Impactos Ambientais. Curitiba:

Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Paraná

NAVAS, C. A.; ANTONIAZZI, M. M.; CARVALHO, J. E.; CHAUI-BERLINK, J. G.; JAMES, R.

S.; JARED, C.; KHOLSDORF, T.; PAI-SILVA, M. D.; WILSON, R. S. 2004. Morphological and

physiological specialization for dig- Morphological and physiological specialization for digging in

amphisbaenians, an ancient lineage of fossorial vertebrates. The Journal of Experimental Biology,

207: 2433-2441

Page 95: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

79

NEMÉSIO, A. 2012. The western limits of the “Hileia Baiana”for orchid bees, including seven new

records for the state of Minas Gerais, eastern Brazil (Hymenoptera, Apidae, Euglossina). Spixiana

35 (1): 109-116.

OLIVEIRA, A. K. C. & OLIVEIRA, I. S. 2014. Reptiles (Squamata) in Atlantic Forest in Southern

Brazil. Biharean Biologist 8(1): 32-37.

OLIVEIRA J.M.; SOUZA V.L.A., & MORATO S.A.A. 2015. Boa constrictor (Common Boa) feeds

on and regurgitates alive a lizard Iguana iguana (Green Iguana). The Herpetological Bulletin. 133:

33

OROFINO, R. P.; PIZZATTO, L. & MARQUES, O. A. V. 2010. Reproductive biology and food

habits of Pseudoboa nigra (Serpentes: Dipsadidae) from the Brazilian Cerrado. Phylomedusa 9(1):

53-61.

PAGLIA, A. P.; BÉRNILS, R. S. & DEVELEY, P. F. 2010. A luta pela proteção dos vertebrados

terrestres; p. 48-53 In: Scientific American Brasil, Edição Especial de junho de 2010.

PALMUTI, C. F. S.; CASSIMIRO, J. & BERTOLUCI, J. 2009. Food habits of snakes from the RPPN

Feliciano Miguel Abdala, an Atlantic Forest fragment of southeastern Brazil. Biota Neotropica,

9(1):http://www.biotaneotropica.org.br/v9n1/en/abstract?short-communication+bn02209012009

PELLEGRINO, K. C. M.; RODRIGUES, M. T.; WAITE, A. N.; MORANDO, M.; YASSUDA, Y. Y.

& SITES, J. W. 2005. Phylogeography and species limits in the Gymnodactylus darwinii complex

(Gekkonidae, Squamata): genetic structure coincides with river systems in the Brazilian Atlantic

Forest. Biological Journal of the Linnean Society 85: 13–26.

PELOSO, P.L.V.; ROCHA, C.F.D.; PAVAN, S.E. & MENDES, S.L. (2008): Activity and

microhabitat use by the endemic whiptail lizard, Cnemidophorus nativo (Teiidae), in a restinga

habitat (Setiba) in the State of Espírito Santo, Brazil. South American Journal of Herpetology 3:

89-95.

PEREZ, R. & RIBEIRO, S. L. B. 2008. Reptilia, Squamata, Amphisbaenidae, Leposternon spp.:

Distribution extension, new state record, and geographic distribution map. Check List 4(3): 291–

294. ISSN: 1809-127X

PIZZATO, L.; CANTOR, M.; OLIVEIRA, ,J. L.; MARQUES, O. A. V.; CAPOVILLA, V. &

MARTINS, M. 2008. Reproductive ecology of Dipsadine snakes, with emphasis on South

American species. Herpetologica 64(2): 168–179.

PIZZATTO, L. & MARQUES, O. A. V. 2003. Reproductive biology of the false coral snake

Oxyrhopus guibei (Colubridae) from southeastern Brazil. Amphibia-Reptilia 23: 495-504.

PONTES, J. A. L.; FIGUEREDO, J. P.; PONTES, R. C. & ROCHA, C. F. D. 2008. Snakes from the

Atlantic Rainforest area of Serra do Mendanha, in Rio de Janeiro State, Southeastern Brazil: a first

approximation to the taxocenosis composition. Brazilian Journal of Biology 68(3): 601-609.

PONTES, A. L. & ROCHA, C. F. D. 2008. Serpentes da Serra do Mendanha, Rio de Janeiro, RJ:

ecologia e conservação. Rio de Janeiro: Technical Books. 147p.

PORTO, M. & FERNANDES, R. 1996. Variation and Natural History of the Snail-eating Snake

Dipsas neivai (Colubridae: Xenodontinae). Journal of Herpetology 30(2): 269-271.

QUINTELA, F. M. & LOEBMANN, D. 2009. Os répteis da região costeira do extremo sul do Brasil.

Pelotas: USEB. 84 p.

QUINTELA, F. M.; LOEBMANN, D & GIANUCA, N. M. 2006. Répteis continentais do município

de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Biociências 14(2): 180-188.

QUINTELA, F. M.; PINHEIRO, R. M. & LOEBMANN, D. 2011. Composição e uso do habitat pela

herpetofauna em uma área de mata paludosa da planície costeira do Rio Grande do Sul, extremo sul

do Brasil. Revista Brasileira de Biociências 9:6-11.

Page 96: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

80

RIBEIRO, M. C.; METZGER, J. P.; MARTENSEN, A. C.; PONZONI, F. J. & HIROTA, M. M. 2009.

The brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?

Implications for conservation. Biological Conservation 142: 1141–1153.

ROCHA, C. F. D. 1998. Composição e organização da comunidade de répteis da área de Mata

Atlântica da região de Linhares, Espírito Santo. In: Seminário Regional de Ecologia, 8, 1998, São

Carlos. Resumos…, São Carlos, São Paulo, p. 869-881.

ROCHA, C. F. D. 2000. Biogeografia de répteis de restingas: distribuição, ocorrência e endemismos.

Pp. 99-116. In: F. A ESTEVES & L. D. LACERDA (ed.). Ecologia de restingas e lagoas

costeiras. Macaé: NUPEM/UFRJ.

ROCHA, C. F. D. & ANJOS, L. A. 2007. Feeding ecology of a nocturnal invasive alien lizard

species, Hemidactylus mabouia (Gekkonidae), living in an outcrops rocky area in southeastern

Brazil. Brazilian Journal of Biology 67(3): 631-637.

ROCHA, C. F. D.; ANJOS, A. L. & BERGALLO, H. G. 2011. Conquering Brazil: the invasion by the

exotic gekkonid lizard Hemidactylus mabouia (Squamata) in Brazilian natural environments.

Zoologia 28(6): 747–754.

ROCHA, C. F. D.; BERGALLO, H. G. & PECCININI-SEALE, D. 1997. Evidence of na unissexual

population of the Brazilian whiptail lizard genus Cnemidophorus (Teiidae), with description of a

new species. Herpetologica 53(3): 374-382

ROCHA, C. F. D.; BERGALLO, H. G.; VERA Y CONDE, C. F.; BITTENCOURT, E. B. &

SANTOS, H. C. 2008. Richness, abundance, and mass in snake assemblages from two Atlantic

Rainforest sites (Ilha do Cardoso, São Paulo) with differences in environmental productivity. Biota

Neotropica 8(3): 117-122.

ROCHA, C. F. D.; LACERDA, P.; SARMENTO, A. & MARQUES, A. M. 2000. Introduction to the

snake fauna of an area of Atlantic Rainforest in Southeastern Brazil (Casimiro de Abreu - RJ). In:

Simpósio de Ecossistemas Brasileiro e Conservação, 3, 2000, Vitória. Anais…, Vitória, Espírito

Santo, p. 139-146.

ROCHA, C. F. D. & VAN SLUYS, M. 2006. New Records of Reptiles from Ilha Grande Island in Rio

de Janeiro State, Brazil. Herpetological Review 37(1): 112-114.

ROCHA, C. F. D. & VAN SLUYS, M. 2007. Herpetofaunas de restingas. Pp. 44-65. In: L. B.

NASCIMENTO & M. E. OLIVEIRA (ed.). Herpetologia no Brasil II. Belo Horizonte: Sociedade

Brasileira de Herpetologia.

ROCHA, C. F. D.; VRCIBRADIC, D.; KIEFER, M. C.; MENEZES, V. A.; FONTES, A. F.;

HATANO, F. H.; GALDINO, C. A. B.; BERGALLO, H. G. & VAN SLUYS, M. 2014. Species

composition, richness and nestedness of lizard assemblages from Restinga habitats along the

Brazilian coast. Brazilian Journal of Biology 74(2): 349-354.

ROCHA-E-SILVA, R. 1995. Répteis da Reserva Florestal Estadual Vista Chinesa, Rio de Janeiro.

Albertoa 4(3): 17-28.

RODRIGUES, M.T. 1988. Distribution of lizards of the genus Tropidurus in Brazil (Sauria

Iguanidae); p. 305-315 In: W. R. HEYER & P. E. VANZOLINI (ed.). Proceedings of a Workshop

on Neotropical. Distribution Patterns. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

RODRIGUES, M.T.; Y. YONENAGA-YASSUDA & S. KASAHARA. 1989. Notes on the ecology

and karyotypic description of Strobilurus torquatus (Sauria, Iguanidae). Revista Brasileira de

Genética 12 (4): 747-759.

ROJAS, J. A. M & ESCOBAR, S. L. 2010. Defensive behavior of Dipsas sanctijoannis (Serpentes;

Dipsadidae). Phyllomedusa 9(2):147-150.

SALES, R. F. D.; CARDOSO, C. M.; LISBOA, A. & FREIRE, E. M. X. 2009. Répteis Squamata de

remanescentes florestais do campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN,

Brasil. Cuadernos de Herpetología 23(2): 77-88.

Page 97: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

81

SALES, R.; RIBEIRO, L. B.; ALMEIDA, H. W. B. & FREIRE, E. M. X. 2010. Ameiva ameiva,

saurophagy. Herpetological Review 41(1).

SALLES, R. O. L. & SILVA-SOARES, T. 2010. Répteis do município de Duque de Caxias, Baixada

Fluminense, Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil. Biotemas 23(2): 135-144.

SALLES, R. O. L.; WEBER, L. N. & SILVA-SOARES, T. 2010. Reptiles, Squamata, Parque Natural

Municipal da Taquara, municipality of Duque de Caxias, state of Rio de Janeiro, Southeastern

Brazil. Check List 6(2): 280-286.

SANTANA, G. G.; VIEIRA, W. L. S.; PEREIRA-FILHO, G. A.; DELFIM, F. R.; LIMA, Y. C. C. &

VIEIRA, K. 2008. Herpetofauna em um fragmento de Floresta Atlântica no estado da Paraíba,

Região Nordeste do Brasil. Biotemas 21(1): 75-84.

SANTOS, F. J. M.; PEÑA, A. P. & LUZ, V. L. F. 2008. Considerações biogeográficas sobre a

herpetofauna do submédio e da foz do rio São Francisco, Brasil. Estudos, Goiânia 35(1/2): 59-78.

SARTORIUS, S. S.; VITT, L. J. & COLLI, G. R. 1999. Use of naturally and anthropogenically

disturbed habitats in Amazonian rainforest by the teiid lizard Ameiva ameiva. Biological

Conservation 90: 91-101.

SAWAYA, R. J. & SAZIMA, I. 2003. A new species of Tantilla (Serpentes, Colubridae) from

southeastern Brazil. Herpetologica, 59(1): 119–126.

SAWAYA, R. J.; MARQUES, O. A. V. & MARTINS, M. 2008. Composition and natural history of a

Cerrado snake assemblage at Itirapina, São Paulo State, Southeastern Brazil. Biota Neotropica, 8:

129-151.

SAZIMA, I. 1992. Natural history of the jararaca pitviper, Bothrops jararaca, in southeastern Brazil.

Pp 199-216, In: CAMPBELL, J. A. & BRODIE, E. D. (ed.). Biology of the pitvipers. Tyler, Texas:

Selva Publishing.

SAZIMA, I. 2001. Répteis; p.146-157 In: FUNDAÇÃO FLORESTAL (org.). Intervales. São Paulo: A

Fundação.

SAZIMA, I. & HADDAD, C. F. B. 1992. Répteis da Serra do Japi. In: MORELLATO, L.P.C. (Ed.),

História Natural da Serra do Japi: ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do

Brasil. Universidade Estadual de Campinas/Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo, Campinas, SP. 212-235

SCHIAVETTI, A.; FONSECA M.; BEDÊ L. & PINTO L. P. 2007. Plano de Manejo: Reserva

Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel. Eunápolis, Belo Horizonte e Rio de Janeiro:

Veracel, Conservação Internacional & Instituto Bioatlântica. XIV, 293 p.

SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE DE PORTO SEGURO. 2014. Plano municipal

de conservação e recuperação da mata atlântica de Porto Seguro – Bahia. Porto Seguro: Prefeitura

Municipal de Porto Seguro, 95 p.

SENA, M. A.; CASSIMIRO, J.; DAVID, C. J.; SILVA, J. G. & RODRIGUES, M. T. 2008.

Tropidurus torquatus, distribution. Herpetological Review 39(3): 369.

SILVA, M. O.; OLIVEIRA, I. S.; CARDOSO M. W. & GRAF, V. 2007. Road kills impact over the

herpetofauna of Atlantic Forest (PR-340, Antonina, Paraná). Acta Biologica Paranaense 36(1-2):

103-112.

SILVA-SOARES, T.; FERREIRA, R.B.; SALLES, R.O.L. & ROCHA, C.F.D. 2011. Continental,

insular and coastal marine reptiles from the municipality of Vitória, state of Espírito Santo,

southeastern Brazil. Check list 7 (3): 290-298.

SIQUEIRA, C. C.; KIEFER, M. V.; VAN SLUYS, M. & ROCHA, C. F. D. 2011. Plant consumption

in coastal populations of the lizard Tropidurus torquatus (Reptilia: Squamata: Tropiduridae): how

do herbivory rates vary along their geographic range? Journal of Natural History 45(3–4): 171–

182.

Page 98: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

82

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA (SEI). 2014.

Cartogramas. Disponível em http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=

article&id=104&Itemid=95. Consultado em setembro de 2014.

SILVA, J. M. C.; SOUSA, M. C. & CASTELLETTI, C. H. M. 2004. Areas of endemism for passerine

birds in the Atlantic forest, South america. Global Ecology and Biogeography 13: 85-92.

SIGRIST, M. S. & CARVALHO, C. J. B. 2010. Historical relationships among areas of endemism in

the tropical South America using Brooks Parsimony Analysis (BPA). Biota Neotropica 9(4): 79-

90.

SOUSA, P. A. G. & FREIRE, E. M. X. 2008. Kentropyx calcarata: Geographic Distribution.

Herpetological Review 39: 238

STEVAUX, M. N. 1993. Estratégia reprodutiva de Mabuya sp. (Sauria: Scincidae): um padrão geral

de reprodução para o gênero na região neotropical. Revista Nordestina de Biologia 8(1): 61-86.

TEIXEIRA, R. L. 2001 Comunidade de lagartos da restinga de Guriri, São Mateus - ES, sudeste do

Brasil. Atlântica 23: 77-84.

TEIXEIRA, R. L. & F. R. FONSECA. 2003. Tópicos ecológicos de Leposoma scincoides (Sauria,

Gymnophthalmidae) da região de Mata Atlântica de Santa Teresa, Espírito Santo, sudeste do

Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão 15: 17 28.

THOMASSEN, H.; COSTA, H. C.; SILVEIRA, A. L.; GARCIA, P. C. A. & BÈRNILS, R. S. 2015.

Frist records of the snake Siphlophis leucocephalus (Günther, 1863) in Minas Gerais, Brazil, and a

review of the geographic distribuition of S. longicaudatus (Anderson, 1901) (Squamata:

Dipsadidae). Check List 11(3): 1637. doi: http://dx.doi.org/10.15560/11.3.1637

TONINI, J. F. R.; CARÃO, L. M.; PINTO, I. S.; GASPARINI, J. L.; LEITE, Y. L. R. & COSTA, L.

P. 2010. Non-volant tetrapods from Reserva Biológica de Duas Bocas, State of Espírito Santo,

Southeastern Brazil. Biota Neotropica 10(3): 339-351.

TOZZETI, A. M.; MARTINS, M.; MOTTA-JUNIOR, J. C. & SAWAYA, R. J. 2004. Oxyrhopus

guibei (False Coral Snake). Predation. Herpetological Review 35(2): 179.

TRANCOSO, D. G.; MOREIRA, K. F.; MIRANDA, T. M. F. & DIAS, H. M. 2012. Diversidade

vegetal e etnoconhecimento: a etnobotânica da aldeia trevo do parque, Itamaraju - BA. Bahia

análise e dados, 22(3): 551-560.

TOLEDO, L. F.; PRADO, C. P. A. & ANDRADE, D. V. 2004. Frugivory in Tupinambis.

Herpetological Review 35(2): 173-174.

VAN SLUYS, M.; FERREIRA V. M. & ROCHA, C. F. D. 2004. Natural History of the lizard

Enyalius brasiliensis (Lesson, 1828) (Leiosauridae) from an Atlantic Forest of Southeastern Brazil.

Brazilian Journal of Biology 64(2): 353-356.

VAN SLUYS, M.; ROCHA, C. F. D.; VRCIBRADIC, D.; GALDINO C. A. B. & FONTES, A. F.

2004. Diet, activity, and microhabitat use of two syntopic Tropidurus species (Lacertilia:

Tropiduridae) in Minas Gerais, Brazil. Journal of Herpetology 38(4): 606–611.

VANZOLINI, P. E. 1955. Contribuições ao conhecimento dos lagartos brasileiros da família

Amphisbaenidae Gray, 1825. Distribuição geográfica e biometria de Amphisbaena alba L.

Arquivos do Museu Nacional 42: 683-706.

VANZOLINI, P. E. 1983. Guiano-Brasilian Polychrus: Distribution and speciation (Sauria,

Iguanidae). Advances in Herpetology and Evolution Biology 50: 120-130.

VILAR, J. C.; CARVALHO, C. M. & FURTADO, M. F. D. 2004. Epidemiologia dos acidentes

ofídicos em Sergipe (1999-2002). Biologia Geral e Experimental 4(2): 3-13.

VERACEL. 2014. Meio ambiente. Disponível em http://www.veracel.com.br/pt/Responsabilidade

Socioambiental/MeioAmbiente.aspx. Consultado em setembro de 2014.

Page 99: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

83

VRCIBRADIC, D. & ROCHA, C. F. D. 1995. Variação sazonal na dieta de Mabuya macrorhyncha

(Sauria, Scincidae), na restinga da Barra de Maricá, RJ; p. 143-153 In: F. A. ESTEVES (ed.).

Oecologia Brasiliensis.

VRCIBRADIC, D. & ROCHA, C. F. D. 1996. Ecological Differences in Tropical Sympatric Skinks

(Mabuya macrorhyncha and Mabuya agilis) in Southeastern Brazil. Journal of Herpetology

30(1): 60-67.

VRCIBRADIC, D.; ROCHA, C. F. D.; KIEFER, M. C.; HATANO, F. H.; FONTES, A. F.;

ALMEIDA-GOMES, M.; SIQUEIRA, C. C.; PONTES, J. A. L.; BORGES-JR, V. N. T.; GIL, L.

O.; KLAION, T.; RUBIÃO, E. C. N. & VAN SLUYS, M. 2011. Herpetofauna, Estação Ecológica

Estadual do Paraíso, state of Rio de Janeiro, southeastern Brazil. Check List 7(6): 745-749.

VRCBRADIC, D.; ROCHA, C. F. D.; TELES, M. G. & VAN SLUYS, M. 1998. Dieta conservativa

em um ambiente sazonal: o caso da Mabuya frenata (Sauria; Scincidae) em Valinhos, SP. Anais do

VIII seminário regional de ecologia Vol. 8: 857-867.

VRCIBRADIC, D.; ROCHA, C. F. D. & ROCHA-BARBOSA, O. 2007. The relationship between

body mass and snout–vent length in three species of Mabuya from eastern Brazil.

Herpetological Journal 17: 43-47.

WINCK, G. R.; VRCIBRADIC, D.; TELLES, F. B. S.; BORGES-JR., V. N. T.; VAN SLUYS, M. &

ROCHA, C. F. D. 2011. Squamata, Iguania, Anolis punctatus Daudin, 1802 and Tropidurus

torquatus (Wied, 1820): Distribution extension and new records for Ilha Grande, state of Rio de

Janeiro, southeastern Brazil. Check List 7(3): 270-271.

XAVIER, A. L.; GUEDES, T. B. & NAPOLI, M. F. 2015. Biogeography of anurans from the poorly

known and threatened coastal sandplains of eastern Brazil. Plos One, doi:

10.1371/journal.pone.0128268.

Page 100: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

ANEXO I

Relação das espécies e das áreas utilizadas para a comparação da composição de Squamata da

região estudada com áreas similares pela análise de agrupamento (cluster) e pelo Coeficiente

de Duellman.

TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W

Amphisbaenidae Amphisbaena alba X X X

X X X

X X X X X

Amphisbaenidae Amphisbaena heathi

X

Amphisbaenidae Amphisbaena hogei

X

Amphisbaenidae Amphisbaena mertensii

X

Amphisbaenidae Amphisbaena nigricauda

X X X X

Amphisbaenidae Amphisbaena pretrei X

X

Amphisbaenidae Amphisbaena prunicolor

X

Amphisbaenidae Amphisbaena trachura

X X

Amphisbaenidae Amphisbaena vermicularis X

X

Amphisbaenidae Leposternon infraorbitale

X

Amphisbaenidae Leposternon microcephalum

X X

X X X X

X X

Amphisbaenidae Leposternon octostegum

X

Amphisbaenidae Leposternon polystegum X

X

Amphisbaenidae Leposternon wuchereri

X X X

X

Anomalepididae Liotyphlops trefauti

X

Boidae Boa constrictor X X X X X X X X X X X X X X X X

Boidae Corallus hortulanus

X X X X

X X X X X

X

Boidae Epicrates assisi X

X

X

Boidae Epicrates cenchria

X X X

X X X

X

X

Boidae Eunectes murinus X

X X X

X

Colubridae Chironius bicarinatus

X X X X X

X X X X X X X X X X X

Colubridae Chironius carinatus

X X X X

Colubridae Chironius exoletus

X

X X X X X X X X X

X X X X X X X

Colubridae Chironius foveatus

X X X

X X X

X X X X X X X

Colubridae Chironius fuscus

X X X X X X

X X X X

X X

Colubridae Chironius laevicollis

X X X X X X

X X

X

X

Colubridae Chironius quadricarinatus

X X

Colubridae Drymarchon corais X X X X

X X X

Colubridae Drymoluber dichrous)

X

X X X X X X

Colubridae Leptophis ahaetulla liocercus X X X

X X X X X X X X X X X

Colubridae Mastigodryas bifossatus X

X X X X

X

X X X

Colubridae Oxybelis aeneus X X X

X X X X X X X X X

X

Colubridae Spilotes pullatus X X X

X X X X

X X X X X X X X X X

Colubridae Spilotes sulphureus poecilostoma X

X

X X X X X X

X

X X

Dactyloidae Dactyloa punctata

X

X

X X X X X

X X

Dactyloidae Norops fuscoauratus

X X

X

X

X X

X

Dactyloidae Norops ortonii

X

X

X

X

Diploglossidae Diploglossus fasciatus

X X X X

X

X X

X

Diploglossidae Diploglossus lessonae

X

Diploglossidae Ophiodes fragilis

X

X X

X

Dipsadidae Apostolepis cearensis X X X

Dipsadidae Apostolepis cf. longicaudata

X

X

Dipsadidae Atractus potschi

X

Dipsadidae Atractus trihedrurus

X

Dipsadidae Boiruna maculata

X

Dipsadidae Boiruna sertaneja X

X

Dipsadidae Caaeteboia amarali

X

X

X

Dipsadidae Cercophis auratus

X

X

X

Dipsadidae Clelia plumbea

X X X X

X X X X

X

X

Dipsadidae Coronelaps lepidus

X

Dipsadidae Dipsas albifrons

X

X X

X X X

Dipsadidae Dipsas alternans

X

X

X

Dipsadidae Dipsas catesbyi

X X X

Dipsadidae Dipsas indica indica

X X X

Dipsadidae Dipsas indica petersi

X X

X X X X

X X

Dipsadidae Dipsas sazimai

X

Dipsadidae Dipsas variegata

X X X X

X

Dipsadidae Echinanthera cephalostriata

X X

X

Dipsadidae Echinanthera cyanopleura

X

X X

Dipsadidae Echinanthera melanostigma

X

Dipsadidae Echinanthera undulata

X

X

X

Dipsadidae Elapomorphus quinquelineatus

X

X X

Dipsadidae Elapomorphus wuchereri

X X X X

X

Dipsadidae Erythrolamprus aesculapii venustissimus

X

X

X X

X X

X X X

Dipsadidae Erythrolamprus almadensis

X

X X X

X

Dipsadidae Erythrolamprus jaegeri jaegeri

X X X

Dipsadidae Erythrolamprus miliaris

X X X X X X X X X X X X X X X X

Page 101: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

71

TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W

Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus poecilogyrus

X X X X X X X

X X X

Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus schotti X

X

X X X X

X

Dipsadidae Erythrolamprus poecilogyrus sublineatus

X X

Dipsadidae Erythrolamprus reginae acrosoma

X

X X

X X

X

Dipsadidae Erythrolamprus semiaureus

X X

Dipsadidae Erythrolamprus taeniogaster

X

X X X X X

Dipsadidae Erythrolamprus viridis

X

X X

Dipsadidae Helicops angulatus X

X

X X

Dipsadidae Helicops carinicaudus

X

X X X X X

X X

X

Dipsadidae Helicops infrataeniatus

X X X

Dipsadidae Helicops leopardinus X

X X X

Dipsadidae Imantodes cenchoa

X

X X X X

X

X X

X

Dipsadidae Leptodeira annulata X

X X X

X X X X X X X X X

X

Dipsadidae Lygophis anomalus

X

Dipsadidae Lygophis dilepis

X

Dipsadidae Lygophis flavifrenatus

X X

Dipsadidae Oxyrhopus clathratus

X X X X X

Dipsadidae Oxyrhopus formosus

X

X X

Dipsadidae Oxyrhopus guibei

X

X X X X

Dipsadidae Oxyrhopus petolarius digitalis

X

X X X X X X X X X X X

Dipsadidae Oxyrhopus rhombifer

X

Dipsadidae Oxyrhopus trigeminus X X X X X X X

X X

Dipsadidae Paraphimophis rusticus

X

Dipsadidae Phalotris lemniscatus

X

Dipsadidae Philodryas aestiva

X X X

Dipsadidae Philodryas nattereri

X X X X X

Dipsadidae Philodryas olfersii

X X

X X X X X X X X X X X X

X

X

Dipsadidae Philodryas patagoniensis

X X

X X

X

X X X X X

X

Dipsadidae Philodryas viridissima

X

X

Dipsadidae Phimophis guerini

X

X X

Dipsadidae Pseudoboa nigra X

X

X X X X X X X X X

Dipsadidae Psomophis joberti

X

Dipsadidae Sibon nebulatus

X

Dipsadidae Sibynomorphus mikanii

X

Dipsadidae Sibynomorphus neuwiedi

X

X X X X X X X X X

X

X X X X X

Dipsadidae Sibynomorphus ventrimaculatus

X

Dipsadidae Siphlophis compressus

X

X

X X

X X

X X X X

Dipsadidae Siphlophis leucocephalus

X X

Dipsadidae Siphlophis pulcher

X

X X X X

Dipsadidae Sordellina punctata

X X

Dipsadidae Taeniophallus affinis

X

X

X

X

Dipsadidae Taeniophallus bilineatus

X

X X

X

Dipsadidae Taeniophallus occipitalis

X X

X X

Dipsadidae Taeniophallus persimilis

X

X X

Dipsadidae Thamnodynastes hypoconia

X X X

X X

X X X

Dipsadidae Thamnodynastes nattereri

X X

X

Dipsadidae Thamnodynastes pallidus

X

X

Dipsadidae Tomodon dorsatus

X X

X X X

Dipsadidae Tropidodryas serra

X X

X

X X

X X X X

Dipsadidae Tropidodryas striaticeps

X

X X

X

X

Dipsadidae Xenodon dorbignyi

X

Dipsadidae Xenodon merremii

X

X X

X X X

X

X

X

Dipsadidae Xenodon neuwiedii

X X X X X X X X X X

Dipsadidae Xenodon rabdocephalus

X X X X X X X

Dipsadidae Xenopholis scalaris

X X X

X

Elapidae Bothrops alternatus

X

Elapidae Micrurus altirostris

X

Elapidae Micrurus cf. ibiboboca X X X X X X

X X

Elapidae Micrurus corallinus

X

X X X X X X X X X X X X X X X

Elapidae Micrurus frontalis

Elapidae Micrurus lemniscatus X

X

Gekkonidae Hemidactylus agrius X

Gekkonidae Hemidactylus brasilianus

X

X

Gekkonidae Lygodactylus klugei X

Gymnophthalmidae Alexandresaurus camacan

X

X

Gymnophthalmidae Cercosaura ocellata

X

Gymnophthalmidae Cercosaura schreibersii X X

Gymnophthalmidae Colobodactylus taunayi

X X

Gymnophthalmidae Colobosauroides cearensis X

Gymnophthalmidae Dryadosaura nordestina

X X

X

Gymnophthalmidae Ecpleopus gaudichaudii

X X X X X

X X X X

X

Gymnophthalmidae Heterodactylus imbricatus

X

X

Gymnophthalmidae Leposoma scincoides

X

X X

X

Gymnophthalmidae Micrablepharus maximiliani X X

X

X

Gymnophthalmidae Placosoma cordylinum

X

X

Gymnophthalmidae Placosoma glabellum

X X X X

X X

Page 102: FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO … · 2018. 8. 28. · FAUNA DE SQUAMATA DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ESTAÇÃO VERACEL, LITORAL SUL DO ESTADO DA BAHIA,

72

TÁXONS A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W

Gymnophthalmidae Vanzosaura rubricauda

X

Iguanidae Iguana iguana iguana X X

X X X

Leiosauridae Anisolepis grilli

X

Leiosauridae Enyalius bilineatus

X

Leiosauridae Enyalius brasiliensis

X X X X X X

Leiosauridae Enyalius catenatus

X

X X X X

X

X

Leiosauridae Enyalius iheringii

X X

X X X X X

Leiosauridae Enyalius perditus

X X X X X X

Leiosauridae Enyalius pictus

X X X

Leiosauridae Urostrophus vautieri

X

X

Leptotyphlopidae Epictia borapeliotes

X

Leptotyphlopidae Trilepida salgueiroi

X X X

Liolaemidae Liolaemus lutzae

X

X X

Liolaemidae Liolaemus occipitalis

X

Mabuyidae Aspronema dorsivittatum

X

X

X

Mabuyidae Brasiliscincus agilis

X

X X X X X X X X

X

Mabuyidae Brasiliscincus heathi X X

X

X

Mabuyidae Psychosaura macrorhyncha

X X

X X X X X X X X X X

X X

Mabuyidae Varzea bistriata

X

Phyllodactylidae Gymnodactylus darwinii

X X

X X X X X X X X X X X X

Phyllodactylidae Gymnodactylus geckoides X X

X

Phyllodactylidae Phyllopezus lutzae

X X

X X

Phyllodactylidae Phyllopezus pollicaris

X

Polychrotidae Polychrus acutirostris X X

X

Polychrotidae Polychrus marmoratus

X

X X

X X X X X

X

Sphaerodactylidae Coleodactylus meridionalis X

X

X X X X

Sphaerodactylidae Coleodactylus natalensis

X

Teiidae Ameiva ameiva X X X

X X X X X X X X X X

X

Teiidae Ameivula nativo

X X X X X X X

Teiidae Ameivula ocellifera X X X X X X X

Teiidae Glaucomastix abaetensis

X X

Teiidae Glaucomastix littoralis

X

X

Teiidae Kentropyx calcarata

X X

X X X X X X X

Teiidae Salvator merianae X X

X X X X

X X X X X X X X X X X X X X X

Teiidae Teius oculatus

X

Tropidophiidae Tropidophis paucisquamis

X

Tropiduridae Strobilurus torquatus

X

X X

X

X

Tropiduridae Tropidurus hispidus X X X X

X

X

Tropiduridae Tropidurus hygomi X X

Tropiduridae Tropidurus semitaeniatus X

X

Tropiduridae Tropidurus torquatus

X X X X X X X X X X X

Typhlopidae Amerotyphlops brongersmianus X

X X X X X X X X X X X

Typhlopidae Amerotyphlops paucisquamus X X X

Viperidae Bothrops bilineatus

X X X X X X

X

Viperidae Bothrops erythromelas X

X

Viperidae Bothrops jararaca

X X X X X X X X X X X X X X

Viperidae Bothrops jararacuçssu

X

X X X X X X

X

Viperidae Bothrops leucurus

X

X X X X X X X X

Viperidae Bothrops lutzi

X

Viperidae Bothrops pirajai

X

Viperidae Bothrops pubescens

X

Viperidae Crotalus durissus cascavella X

X X

Viperidae Crotalus durissus terrificus

X

Viperidae Lachesis muta

X

X X X

X X

Áreas consideradas: A = CE_FORT, B = RN_NATA, C = PB_JPES, D = SE_FSFR, E = BA_LITN, F =

BA_SALV, G = BA_JAGU, H = BA_ILHE, I = BA_PSEG, J = ES_ITAU, K = ES_RNVA, L = ES_VITO, M =

ES_PPCV, N = RJ_CASI, O = RJ_DUQU, P = RJ_CIDA, Q = RJ_ILGR, R = SP_JURE, S = SP_DVPR, T =

PR_LITS, U = SC_ITAJ, V = RS_PALU e W = RS_TAIM (ver texto para maiores explicações).