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FAUSTO, Boris. História do Brasil. 8ª. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2000. P. 517-527; p. 553-556. Em termos políticos, para Boris Fausto, o Brasil vivia duas tensões no início do governo Sarney: a revogação das leis que vinham do regime militar e ainda emperravam o estabelecimento da democracia; a eleição da Assembléia Constituinte, que se encarregaria de elaborar a nova constituição. Em 1985 foram restabelecidas as eleições diretas para a presidência da República, aprovando-se o direito de voto aos analfabetos, e foram legalizados todos os partidos políticos. As eleições para a Assembléia Constituinte foram marcadas para novembro de 1986. No início do governo de Sarney o quadro econômico era um pouco melhor (menos grave) do que no início da década. “O grande impulso das exportações permitira a retomada do crescimento.” p. 520. Já em 1986, o País passava por um grande risco de hiperinflação, que já era discutida abertamente. Argumentava-se que a causa da inflação era a chamada “inflação inercial”. Com o Plano Cruzado, foi estabelecido o “gatilho salarial”, i.e., quando se atingi-se 20%, de inflação os salários seriam automaticamente reajustados. “O congelamento de preços teve um profundo eco na população, que não podia acompanhar os complicados meandros da economia e preferia acreditar nos atos de vontade de um dirigente visto agora como corajoso.” p. 522. “Passadas as eleições, os aumentos adiados de tarifas públicas e dos impostos indiretos contribuíram para que a inflação explodisse. A crise das contas externas levou o Brasil a declarar uma moratória em fevereiro de 1987.” p. 523. Nas eleições de 1986 o PMDB foi o grande partido vencedor. “O PMDB elegeu os governadores de todos os Estados, menos o de Sergipe, e conquistou a maioria

Fausto 2000

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Page 1: Fausto 2000

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 8ª. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fundação para o Desenvolvimento da Educação, 2000. P. 517-527; p. 553-556.

Em termos políticos, para Boris Fausto, o Brasil vivia duas tensões no início do governo Sarney: a revogação das leis que vinham do regime militar e ainda emperravam o estabelecimento da democracia; a eleição da Assembléia Constituinte, que se encarregaria de elaborar a nova constituição.

Em 1985 foram restabelecidas as eleições diretas para a presidência da República, aprovando-se o direito de voto aos analfabetos, e foram legalizados todos os partidos políticos.

As eleições para a Assembléia Constituinte foram marcadas para novembro de 1986.

No início do governo de Sarney o quadro econômico era um pouco melhor (menos grave) do que no início da década. “O grande impulso das exportações permitira a retomada do crescimento.” p. 520.

Já em 1986, o País passava por um grande risco de hiperinflação, que já era discutida abertamente.

Argumentava-se que a causa da inflação era a chamada “inflação inercial”. Com o Plano Cruzado, foi estabelecido o “gatilho salarial”, i.e., quando se

atingi-se 20%, de inflação os salários seriam automaticamente reajustados.

“O congelamento de preços teve um profundo eco na população, que não podia acompanhar os complicados meandros da economia e preferia acreditar nos atos de vontade de um dirigente visto agora como corajoso.” p. 522.

“Passadas as eleições, os aumentos adiados de tarifas públicas e dos impostos indiretos contribuíram para que a inflação explodisse. A crise das contas externas levou o Brasil a declarar uma moratória em fevereiro de 1987.” p. 523.

Nas eleições de 1986 o PMDB foi o grande partido vencedor. “O PMDB elegeu os governadores de todos os Estados, menos o de Sergipe, e conquistou a maioria absoluta das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado.” p. 524.

A Constituição foi promulgada em 5 de outubro de 1988. “O texto da Constituição, muito criticado por entrar em assuntos que tecnicamente não são de natureza constitucional, refletiu as pressões dos diferentes grupos da sociedade. [...] Em um país cujas leis valem pouco, os vários grupos trataram assim de fixar o máximo de regras no texto constitucional, como uma espécie de garantia de seu cumprimento.” p. 524-525.

“O texto constitucional é bastante abrangente, mas, mais do que em qualquer outro campo, há aqui uma enorme distância entre o que diz a lei e o que acontece na prática.” p. 525.

Para Fausto, alguns pontos da Constituição acabaram por dificultar a flexibilidade da máquina do Estado (como a estabilidade do funcionário público concursado e a manutenção da aposentadoria por idade, para qualquer profissão). “Esses preceitos e outros mais concorreram para agravar a crise do Estado Brasileiro, problema gritante dos últimos anos.” p. 525.

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“O fato de que tenha havido um aparente acordo geral pela democracia por parte de quase todos os atores políticos facilitou a continuidade de práticas contrárias a uma verdadeira democracia. Desse modo, o fim do autoritarismo levou o país mais a uma ‘situação democrática’ do que a um regime democrático consolidado.” p. 527.

“Nos últimos trinta anos, ocorreram no mundo transformações radicais cujos desdobramento ainda estão em curso.” p. 553.

“Em alguns casos, chega-se a vender a idéia de que a mão invisível do mercado, com um mínimo de intervenção estatal, seria capaz de superar desajustes econômicos e mesmo sociais.” p. 554.

“O Estado brasileiro, dilapidado por elites espertas e sob o peso burocrático, quebrou no final dos anos 80. Sua máquina apodreceu em várias partes.” p. 555. [Collor assumiria o país nessa condição, o que ampliava as dificuldades de seu governo]

“A adaptação a uma nova realidade, tanto no plano interno como das relações internacionais, vem sendo feita, ainda que com muitos percalços: a redução das tarifas de importação facilitou a abertura do Brasil ao mercado externo; o processo de privatização de empresas que representam um ônus para o Estado prossegue.” p. 556.