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o boletim do que por cá se faz

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http://fazendofazendo.blogspot.com 03 a 17 MAR. 2011

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FICHA TÉCNICA: FAZENDO - Isento de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2 - DIRECÇÃO GERAL: Jácome Armas - DIRECÇÃO EDITORIAL: Pedro Lucas - COORDENAÇÃO GERAL: Aurora Ribeiro

COORDENADORES TEMÁTICOS: Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Catarina Azevedo, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Miguel Valente, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart - COLABORADORES: André Nogueira de Melo, Joël

Bried, Lídia Silva, Mariana Matos, PNF, Ruth Bartenschlager, Sara Soares, Sofia Matos, Tomás Melo - PROJECTO GRÁFICO: Nuno Brito e Cunha - PROPRIEDADE: Associação Cultural Fazendo SEDE: Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta -

PERIODICIDADE: Quinzenal TIRAGEM: 400 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica o Telégrapho CONTACTOS: [email protected]

2 03 a 17 MAR. 2011 http://fazendofazendo.blogspot.com

opinião Mercado de trocas:inédito?

Lídia Silva

crónica

APOIO:DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA

Lengalengas. f.Narração ou fala extensa e fastidiosa.

Esta lengalenga, de tradição oral, que evoca Homens e seus afazeres, animais e cereais, foi-me transmitida pela minha avó Urânia, nascida a 17 Setembro de 1927 na Ponta Garça, na

capa

Inédito disseram-me, quando expliquei a uma das pessoas o que era o mercado de trocas directas que vai ter lugar no Castelo de S. Sebastião dia 26 de Março. Estas coisas das trocas directas, tão comuns nas zonas rurais e no antigamente um pouco por todo o lado, foi/é uma forma encontrada de quem tinha/tem produtos em excesso poder obter outros de que necessitava. “Queres ovos?”, “Tenho plantio de…” E, penso, um novo ano, um novo ciclo se inicia… Porque não equilibrar?Desde 1998, quando cheguei ao Faial, tenho contactado com pessoas e hábitos curiosos. Muito me alegra ouvir este apego à Terra e à generosidade, quanto não se ganha ainda com a partilha?!... (Muitíssimo). É esse o grande objectivo deste mercado, partilha de saberes/experiências ligados à terra tendo por pano de fundo a troca directa. Neste dia e local, qualquer pessoa pode trocar certos produtos desde que não seja por dinheiro; não são necessárias inscrições, basta aparecer e trocar. O mercado de trocas está previsto apresentar-se nesse mesmo local em quatro épocas durante este ano, quase semelhante às estações: Março, Maio, Setembro e Novembro (últimos

sábados). Para além dos produtos da terra mais evidentes, podem trocar-se: estacas, sementes, plantios, compotas, plantas aromáticas e/ou ornamentais, f lores, pickles, rebuçados, mel… Abre--se ainda ao artesanato ou a quaisquer outros produtos feitos em casa (desde que pelos próprios ou por familiares): malhas, luvas, meias, cachecóis e tudo o que a imaginação e a habilidade forem capazes. Para trocar há que ter imaginação! Se quer participar e não tem a sorte de possuir nada do indicado pode experimentar fazer um bolo/pão e venha trocar. Mesmo que apareça só por curiosidade ou vontade de observar traga uma chávena para ser ofertado com um chá de boas vindas! A sustentabilidade deste evento é uma palavra de ordem por isso não há lugar a copos de plástico e semelhantes. Das 15h30 às 17h30 experimente dar outro valor às coisas… de igual para igual. Esta ideia está a ser concretizada por um grupo de amigos, contando com o apoio da Câmara Municipal da Horta (integrando a iniciativa Dias Verdes - ver caixa). Partilhe a sua curiosidade e venha espreitar e trocar no mercado de trocas de 26 de Março… inédito só para alguns!

Lengalenga

ilha de S. Miguel. Apesar da memória enfraquecida da minha avó, esta lengalenga (entre outras) mantém-se viva e enche os serões familiares. A sua origem exacta ninguém saberá contar, mas as lembranças remetem para os dias passados na lavoura, quando a pequena Urânia levava o almoço aos seus irmãos mais velhos.

A composição gráfica e recortes que ilustram esta “fala extensa” foram feitos por Margarida Fernandes, neta da avó Urânia. As frases projectam--se como o som, e a leitura confusa é ordenada pela grelha geométrica dos desenhos.

Neste dia e local, qualquer pessoa pode trocar certos produtos desde que não seja por dinheiro; não são necessárias inscrições, basta aparecer e trocar.

Água, Árvores!

Poderemos viver sem elas?

Porque são essenciais à vida, é importante pararmos para pensarmos nelas, percebermos como estamos a usar estes recursos no nosso dia-a- -dia ou apercebermo-nos de como os estamos a desperdiçar, para que assim os possamos preservar.

Em Março, comemora-se no 21º dia do mês, o Dia Mundial da Floresta/Dia da Árvore, seguindo-se o Dia Mundial da Água, assinalado no dia 22 e este ano, a semana de 21 a 27, também deste mês, é designada como a Semana da Primavera Biológica, pretendendo--se assim chamar a atenção para a importância da Natureza, a interacção e integração do Homem na mesma e a urgente necessidade de adopção de

estilos de vida mais sustentáveis.

Assim, no Dia Verde de Março, que se realizará no último sábado deste mês, dia 26, pretende-se observar estes recursos, interagindo, aprendendo e conversando sobre eles. Para isso, começaremos de manhã com um percurso pedestre, que percorrerá as levadas e seguindo o trilho da água, ladeado por vegetação, permite-nos

observar várias espécies vegetais e identificar e aprender sobre as espécies endémicas. Da parte da tarde, falar- -se-á sobre a água que corre nas nossas torneiras, qual a sua origem e o seu percurso até lá, qual a sua qualidade e como a podemos preservar.No entanto, este Dia Verde não ficará por aqui e para isso contamos com a Associação Raízes da Terra, que dinamizará o Mercado de Trocas…

Sofia Matos

câmara municipal da horta

Dias Verdes de Março

26 de Março_Castelo de São Sebastião

09h00 | Partida do Castelo para realização do percurso pedestre nas Levadas;12h00 | Chegada prevista ao Castelo.

Almoço Livre

14h00 | Café servido no Castelo aos participantes.14h30 | A Nossa Água da nascente à torneira. Visita a um reservatório de água.15h30 | Mercado de Trocas

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http://fazendofazendo.blogspot 3 a 17 MAR. 2011 3

música

Pedro Afonso

link

Tinha p’raí uns 11 anos quando fomos à Gulbenkian ver um concerto de um desconhecido grupo do Sahara Ocidental. Haviam uns homens a tocar guitarra eléctrica e a cantar, umas mulheres a tocar palmas e a cantar também. Todos sentados no chão do auditório, como se à volta da fogueira. Na expressão do Serginho, a exótica surpresa revelou-se o autêntico ‘Rock do Desért’ (lê-se à algarvia). A surpresa ficou-me na memória.

O concerto era organizado pelo Grupo de Apoio ao Povo Saharaui, uma ONG nacional muito activa que nos inícios de oitenta pôs no mapa nacional a questão do chamado Sahara Ocidental, a luta do seu povo e dos seus representantes, a Frente Polisário. Os músicos eram combatentes da Polisário.

Para quem não sabe, nem prestou atenção ao episódio da mulher saharaui que, no ano passado, vergou sozinha o ocupante à força de greve de fome, o Sahara Ocidental foi primeiro invadido

e colonizado pelos espanhóis. Quando estes saíram, nos anos setenta, foram os Marroquinos que, ilegalmente, ocuparam o país na célebre ‘marcha verde’, quando o rei comandou uma horda de populares e marchou para ocupar o território que havia de engordar a coroa árabe. Quem já foi a Marrocos e pôde sentir a diferença entre o norte árabe e o sul berbere talvez tenha uma pequena ideia do que estou a falar. Desde então, os saharauís em pequeno número (são meio milhão) lutam diariamente pela sua sobrevivência ao genocídio e a Frente Polisário luta no terreno pela inversão da situação, controlando a maior parte do interior desértico do território.

Nunca soube o nome do tal grupo, mas muito mais tarde começei a ouvir outro, em tudo parecido na descrição e na música, que se viria a tornar na voz tuaregue do deserto do Sahara mais ouvida e conhecida internacionalmente, uma das novas coqueluches do mercado da chamada world music. Na altura,

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A música portuguesa a gostar dela própria

“A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria” é um canal on-line criado pelo realizador português Tiago Pereira (conta também com a ajuda de Joana Barra Vaz) que pretende criar um acervo assinalável de vídeos de músicos portugueses. Há menos de dois meses a celebrar a variedade da música feita em Portugal, o canal conta já com 172 vídeos filmados propositadamente para o efeito. Dezenas e dezenas de músicos, dos mais aos menos conhecidos, trazidos para a rua e registados em HD. Tocam em formato acústico (por vezes aparecem amplificadores a pilhas ou outros gadgets mais elaborados) em lugares mais ou menos inóspitos - há telhados de prédios, ramos de árvores, quintais ou falésias - sem constrangimentos de

Pedro Lucas

sobretudo com o lançamento de Aman Iman (2007), foi a descoberta incrédula do rock do desért pelo tribunal de melómanos modernos, sempre ávido de novos actores, quais popstars, a quem possa catalogar e afixar umas etiquetas. É que o tal rock tem mesmo power. Um power hipnotizante, salgado na mistura de palmas e vocalizações tradicionais com as rasgadas guitarras eléctricas, como as serpentes ondulantes cavalgando as dunas do Sahara nos filmes do Attenborough. O power que nos electrizou naquela tarde da Gulbenkian. O power revolucionário, ou pelo menos guerreiro, destes povos do deserto. Os membros fundadores dos Tinariwen foram combatentes da guerrilha tuaregue que lutava no norte do Mali pela sobrevivência ao poder central.

Já agora aproveito para falar de Ali Farka Touré, outro revolucionário roqueiro do desért também proveniente desse centro da humanidade musical situado, o Mali. O ‘pai do blues africano’ e a sua

música dispensam apresentações, mas também o rótulo. A guitarra eléctrica tem tanto de blues como os blues têm da guitarra de Ali Farka Touré, e das suas melodias sincopadas e hipnóticas. Isso tratou-o Ali de mostrar desde os seus primeiros álbuns que atingiram a constelação internacional nos longínquos 70’s. Mais outra revolução: eleito e consagrado como o messias da world music, o homem chateou-se com os rótulos e teve o desplante de dizer que era tempo de voltar para casa, trabalhar a terra e cuidar da família, pois talvez já não durasse muito.

De facto, não durou mesmo muito, mas ainda assim o suficiente para gravar mais 2 ou 3 obras de puro rock, ou blues do deserto, com uns amigos que lhe iam aparecendo em casa, o último com o guineense Toumani Diabate, no delicioso In the Heart of the Moon. Sem rótulos, só com o revolucionário rock do deserto.

estilo e total democracia de meios: uma câmara e um microfone. Um excelente registo da diversidade da música portuguesa feita actualmente, capaz de mostrar interpretações inusitadas por artistas reconhecidos, dar a conhecer novos projectos ou revelar ilustres desconhecidos.

vimeo.com/channels/musicaportuguesawww.facebook.com/amusicaportuguesaagostardelapropria

Rock do deserto

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04O Rock como arma

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arquitectura e artes plásticas

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4 3 a 17 MAR. 2011 http://fazendofazendo.blogspot.com

Há algumas semanas, um turista perguntou-me se os faialenses ainda praticam a religião católica.

-Sim – disse eu.-Mas então levam as regras católicas pouco a sério – afirmou o turista.-Porque acha isso? – perguntei.-Bem, ter uma casa de alterne numa zona tão visível…! Isso não seria permitido no meu país! – exclamou ele, também vindo de um país católico.-Que casa?! Um bordel?! Aqui? Na Horta? Onde???-Ali – disse ele, apontando na direcção da Espalamaca.

O que vi foi Nossa Senhora da Conceição, os moinhos, o Império, umas casas e o “palácio” lá em cima, bem iluminado e visível a mais do 180º.

-Não, não. Aquilo é uma casa de habitação – contrapus. – Não é nada do que o senhor está a pensar. -Está a brincar comigo! – exclamou. –Aquilo é claramente um bar de meninas, quem não sabe isso é ingénuo, não reconhece o óbvio! Em todo o mundo, os estabelecimentos daquele género estão iluminados assim!-Mas não é...

E assim continuou a conversa durante alguns minutos. No fim, o turista não ficou completamente convencido e disse que eu não queria ver a realidade.

Arquitectura, natureza e amor

Ruth Bartenschlager

Duas respostas ao repto lançado na crónica com o mesmo título da edição anterior

André Nogueira de Melo

Tal como o arquitecto procura, através da linha, desenhar o tão essencial espaço de habitação, eu acredito que a viagem é, assim, o nosso traço.

Existe uma viga mestre, um telhado, que por norma não vai cair. Refiro-me à terra/cidade natal.Contudo, falta erguer paredes, criar jogos de luz, de espaço e não espaço.

Vamos de um lugar para o outro, passamos por não lugares, atravessamos o Pacífico, traçamos um rumo. Mais de mil milhas curvilíneas, moldam-nos um espaço/abrigo.

As estradas eram de terra no Laos, as casas, não mais que bambu. A história de Lijiang, património mundial da UNESCO, está marcada nas pedras seculares do chão das ruas, e os telhados, acabam com cada telha ornamentada por um selo.

O mundo é redondo, as casas quadradas, é pequeno e a nossa casa ainda o é mais. Aqui passa, quem sabe, um nativo/habitante de cada cultura.

Se eu já passei: Rússia, Dinamarca, Espanha, Açores, Alasca, Havai, Japão, Laos e mais alguns como Marrocos, imaginem o traço; a luz, cor e forma.O Hermitage, em São Petersburgo; São quadros colossais, triunfais exércitos russos, retratos a óleo. Pedro, o Grande, o Czar com dois metros de altura e as conquistas sangrentas.

Uma perspectiva; Como vês o mundo? Da janela do teu quarto? Do Atlas? Dos livros?Quantas imagens do mundo tens em tua casa? Couberam todas? Afinal ele era grande? De que tamanho?

Um círculo em torno da terra? Para onde vais? Faz uma casa, a tua casa.

Na semana seguinte, outro turista (!) dirigiu-se à recepção para perguntar se-O casino tem shuttle service?-O quê? Qual casino? (O único casino que temos fica em São Miguel e não está em funcionamento. Pelo contrário, é uma obra abandonada /parada com donos incertos e toda uma série de problemas, mas isso é outra história...)-O casino lá em cima! Pediu-me para ir até à rua e apontou para a Espalamaca. E novamente comecei a esclarecer a utilidade daquela casa.

Uma vez que trabalho com turistas, falo com muitos. Mas, lembrem-se, estamos na época baixa, como vai ser no Verão? Talvez seja melhor preparar uns panfletos…

Agora começo a imaginar os marinheiros, fatigados e famintos após semanas de solidão, a passar o Monte da Guia e a entrar no porto: a cidade da Horta emerge em frente e, a seguir, a desilusão ao descobrirem que a imagem nem sempre corresponde à realidade.

Nós, aqui, nas zonas mais baixas da Horta, sabemos muito bem que aquela casa não é um bordel, nem um casino, mas sim a obra de alguém orgulhoso do seu sucesso financeiro. Tanto melhor para ele, ter uma casa grande num sítio espectacular da ilha… mas, por amor de Deus, apague essas luzes!!!

Arquitectura e Viagem

Bordel

Neste artigo abordaremos duas constelações de uma só vez, porque em boa hora nos faltou falar do signo do Aquário e neste momento já os Peixes andam todos a fazer anos.

Se fôssemos chineses, nada estava em falta pois as nossas constelações de Sagitário, Capricórnio, Aquários e Peixes, compõem, no céu chinês, uma única constelação: Xuan Wu, a Tartaruga Preta do Norte. Na eclíptica chinesa existem quatro gigantes constelações, uma por estação do ano. Cada uma está dividida em 7 casas diferentes, perfazendo o total de 28 casas, que a lua percorre ao longo de um mês (lunar). A posição da lua em cada uma das casas permite-nos saber em que dia estamos.

Aquário situa-se na zona mais “marítima” do firmamento (onde ficam os Peixes, Capricórnio, Baleia, Peixe austral...). Uma das explicações para a origem desta constelação é

uma lenda gay friendly. Zeus, de quem são conhecidas inúmeras paixões incontroláveis, apaixonou-se certa vez pelo mais belo dos mortais: Ganimedes, pastor adolescente que guardava os rebanhos do pai. Zeus raptou-o tomando a forma de uma águia e levou o belo jovem para o Olimpo onde este assumiu o papel de copeiro. E é por isso que a imagem deste signo é a de um homem que entorna o conteúdo de uma vasilha. A imagem estende-se à leitura astrológica da personalidade dos Aquários: é um signo de corrente, f luidez, abundância. A água simboliza um fluxo de conhecimento, de energia, de comunicação, com uma visão global e orientada para o futuro, para uma boa transformação.

Quanto a Peixes, 12º (e último) signo do zodíaco, parece ter origem babilónica. Hoje em dia a constelação representa um par de peixes, atados por uma corda, mas originariamente mostrava dois peixes, cada um num de dois braços

de rio que se juntavam, numa clara alusão aos Rios Tigre e Eufrates. Foi também no Eufrates que se salvaram do horroroso Tífon, Afrodite e Eros, transformados em dois peixes, numa das mais aceites versões mitológicas para a constelação. Os peixes foram ainda um símbolo secreto de Cristo, utilizado no início do Cristianismo, quando este era condenado pelos Romanos. É um símbolo recorrente nas Catacumbas onde os cristãos eram sepultados. Diz-se dos nativos deste signo que gostam de evadir-se no seu oceano, numa realidade sua, profunda, espiritual. São extremamente sensíveis aos estados de espírito do que o rodeia, o que lhes permite uma visão quase intuitiva do mundo.

Importante matéria relativa a estes dois signos é a da Era em que vivemos. Devido à precessão dos equinócios (um movimento lento de rotação inversa da direcção do eixo da Terra), a cada 2000 anos o Sol estará num signo diferente

no dia do Equinócio da Primavera. Neste momento (entre aprox. 500 - 2500 d.C.) o Sol estará em Peixes, passando depois para a constelação de Aquário.

Parece que agora é que vai ser bom, porque segundo se diz, estamos já na madrugada dessa nova era, encerrando o capítulo da Era de Peixes (onde os oceanos foram o principal meio de comunicação) e começando aquilo que é carceterístico do Aquário: a globalização, a comunicação, as trocas e a fluidez entre os seres. Já se anunciou no filme “Hair”, em 1979:

Harmony and understandingSympathy and trust aboundingNo more falsehoods or derisionsGolden living dreams of visionsMystic crystal revelationAnd the mind’s true liberation(...)This is the dawning of the age of AquariusThe age of Aquarius, Aquarius!, Aquarius!

Aurora RibeiroAquário e Peixesauróscopo 22 de Jan. a 22 de Fev.

e 22 de Fev. a 22 de Mar.

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literatura

http://fazendofazendo.blogspot 3 a 17 MAR. 2011 5

Arquitectura, natureza e amor

À data em que escrevo este artigo vivem-se dias históricos no Médio Oriente. Fartas de injustiça social e da corrupção dos poderes políticos instalados, as populações de alguns países desta região manifestaram--se a fim de exigir a demissão dos seus dirigentes. Tendo começado na Tunísia, as manifestações rapidamente se alastraram a outros países como o Egipto e o Iémen. Como em todas as revoluções tudo está em aberto e não se sabe se este passo significa uma verdadeira democratização destes países, ou apenas mais uma oportunidade para a instalação de um regime teocrático.

Mas o Fazendo não é um jornal de politica mas sim de cultura, e esta é uma página dedicada à literatura, tendo esta pequena introdução servido apenas para lançar o mote deste artigo. Não vou falar sobre literatura árabe, seja por falta de espaço ou, mais ainda, de conhecimentos, mas somente de dois dos seus representantes, Kahlil Gibran (1883-1931) e Amin Maalouf (1949- ), ambos nascidos no que é hoje conhecido como Líbano.

O primeiro foi um poeta, filósofo e artista, sendo o terceiro poeta mais comercializado em todo o mundo. Escreveu vários livros em árabe e outros tantos em inglês. Sendo particularmente conhecido pelo seu livro “O Profeta” é no entanto de outro livro seu, “Areia e Espuma” (Alma Azul), que retiro estes exemplos:

“Deve haver algo de sagrado no sal.Encontra-se nas lágrimas e no mar”.“As árvores são poemas que a terra

escreve.São derrubadas e transformadas em papel para registar o nosso vazio.”

Muitos dos seus textos são tão belos quanto edificantes.

O segundo é um ensaísta e romancista nosso contemporâneo. Enquanto ensaísta, é principalmente conhecido pelo livro “As Cruzadas Vistas Pelos Árabes” (Difel). Enquanto romancista, de todos os seus romances destaco aqui “Samarcanda” (Difel), não por achar que é o seu melhor, mas somente devido à relação que tem com a restante parte deste artigo.

“Samarcanda” é um romance dividido em dois tempos, duas épocas e um país, a Pérsia.

A primeira parte (Livro Primeiro e Livro Segundo) passa-se entre 1072 e as invasões Mongóis. Começando pela chegada de Omar Khayyam, um brilhante e jovem poeta, matemático, filósofo e astrónomo, à cidade de Samarcanda durante o período de dominação da dinastia turcomana dos Seljúcidas, vamos seguindo a vida deste poeta até ao fim dos seus dias. Acompanhamos também a criação dos seus poemas, a sua magnífica forma de estar, os seus amores, a sua sabedoria, a sua influência

sobre eminentes figuras de estado, e a sua estranha relação de amizade com Hassan Sabbah, o criador da primeira seita fundamentalista islâmica, que utilizava soldados suicidas como forma de luta pela libertação da Pérsia do jugo estrangeiro e para a imposição do fanatismo religioso xiita como forma de governação.

A segunda parte (Livro Terceiro e Livro Quarto) passa-se no final do séc. XIX e início do séc. XX durante as primeiras tentativas de implantação da república

na Pérsia, então g o v e r n a d a pela dinastia absolutista dos Cajares, apoiada por potências o c i d e n t a i s como a Rússia e a Inglaterra. Esses actos revolucionários s ã o - n o s a p r e s e n t a d o s por um cidadão americano, que é igualmente o narrador de todo o romance, e que se encontrava em Samarcanda na altura destes eventos, em busca da poesia

e sabedoria oriental.

O fio condutor destes dois tempos é o “Manuscrito de Samarcanda”, obra de uma vida inteira de Khayyam, onde foram transcritos os seus poemas e pensamentos.

Algumas palavras sobre o médio orienteMiguel Valente

Apesar de ter sido escrito em francês, a forma narrativa de “Samarcanda” segue a linha dos

contos tradicionais orientais cuja

riqueza é tão grande como é belo o seu

alfabeto que me faz lembrar um mar encapelado ou, talvez, as dunas

dos desertos onde surgiu.

Escrever um texto. Pontuá-lo aqui e ali. Dar-lhe um título. Talvez experimentá--lo, lê-lo, circunscrevê-lo a uma ideia, quiçá promovê-lo, depois parti-lo a meio, traçar-lhe um rumo, pôr-lhe um chapéu. Puxá-lo. Dobrá-lo uma, duas, três, quatro vezes …

Escrever um texto e preenchê-lo. Quem o lerá? Terá leitores? Quem serão? Alguém? Ninguém? (Deus imune à passagem do meu tempo a vigiar-me lá de cima ou cá de baixo? Um Deus enorme ou pequeno? Um Deus canibal, angelical e outras palavras terminadas em – al. Um Deus “caseiro” como o de Lobo Antunes). Um? Nenhum?

De vez em quando parar. Parar e experimentar os pés. Parar e contemplar os dias de Outono e a passagem do tempo, em sentido figurativo, por

I just stop to say helloMariana Matos

lacuna

Apesar de ter sido escrito em francês, a forma narrativa de “Samarcanda” segue a linha dos contos tradicionais orientais cuja riqueza é tão grande como é belo o seu alfabeto que me faz lembrar um mar encapelado ou, talvez, as dunas dos desertos onde surgiu.

É, pois, com um Robaiyat do protagonista de “Samarcanda” que termino esta crónica:

“Que homem jamais transgrediu a Tua Lei, diz-me!Uma vida sem pecado, que gosto tem ela, diz-me!Se punes pelo mal o mal que eu fiz,Qual é a diferença entre Ti e mim, diz--me!” Omar Khayyam

entre os dedos. Escrever poucos textos. Desinteressar, mesmo de alguns poetas, esquecer alguns escritores, citações, nomes e pseudónimos.

Escrever um texto, pôr acentos nas palavras. Andar nelas. Conjugá-las como verbos. Pena. [Pena] é uma palavra nasalada. Não tanto como [pão] ou [cão] ou [trovão] ou mesmo [avião], mas é fanhosa. E depois teimosa, porque o “éne” palatal lhe dá cabo da vogal final e mesmo assim, toda partida, não desiste… Grego? Pois é.

Escrever um texto. Dar fios para a dança das palavras. Não dizer coisas difíceis, ser perceptível, não codificar as frases, não rebentar com os dogmas, não ultrapassar as linhas do papel (qual papel?), não baixar o pano, não subi-lo em demasia, não mostrar o

dedo, não espumar como o mar, não deixar ventar, não desanimar, não, não.Tudo na vida pode ser negativo. Os amigos que partem – sem que queiramos porque o tal Deus – al qualquer coisa ou qualquer coisa isso, assim quis. Chorar embrulhado.

Ter raízes no coração que não dobraram ainda a fase do luto e lutam e desmaiam, de bocadinho a bocadinho, desejando morrer também.

Ter outros seres a acompanhar-nos que de repente nos desiludem e olhar de espanto como se não fosse possível haver pessoas assim no mundo, no nosso mundo. Mas, perceber, enfim, que nada mudou. Só os truques. As habilidades, as manhas. As atitudes. E perguntar ao Deus al(môndega), al(mofada), al(ergia)

se ainda merecemos mais?

Receber da vida de quando em vez uns tabefes valentes e sacudir os ossos como se fossem tábuas de um barco a apodrecer no cais sem ninguém para acautelar os restos, saber da morte dos que amamos pelo telefone.

Sentir a dor como um telegrama. Ter de ser assim porque stop.

Tocar piano e escrever um texto ao computador. Sem ré ou dó. Sem mi, sem si.

Escrever um texto e ser só isto. Comê--lo. Engoli-lo e deixar pesar por dentro as palavras sem tradução possível ou fôlego que o faça vir a si (mesmo) com bomba de verdade.

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6 3 a 17 MAR. 2011 http://fazendofazendo.blogspot.com

cinema e teatro

cinema

Zeitgeist e o cinema libertário

Durante o processo de procura de contribuições para esta página, foi--me sugerido por uma amiga que se abordasse o tema do protesto “Geração à rasca” agendado para o próximo sábado, 12 de Março. Apesar de estar totalmente solidário com o referido evento, entendi que este não era o espaço mais indicado para falar do mesmo, uma vez que esta é uma página sobre teatro e cinema e é sobre cinema que se debruçará este artigo. Tendo, desde cedo, sido descoberto o incrível potencial do cinema como forma de propaganda ou mesmo de manipulação de massas, esta arte tem sido igualmente utilizada por grupos minoritários de intervenção como forma de protesto ou contrapoder. Uma pequena busca pela internet revela-nos uma quantidade impressionante de documentários e filmes sobre “as verdades escondidas” de diversos temas, ou mesmo sobre teorias da conspiração. Devido à falta de conhecimentos, não vou escrever aqui sobre o cinema libertário, mas somente apresentar a minha opinião sobre alguns exemplos deste tipo de cinema, em particular, sobre a trilogia Zeitgeist, que tem sido um fenómeno de popularidade no que se refere à desmontagem dos paradigmas sociais actuais, com realização a cargo de Peter Joseph (http://www.zeitgeistmovie.com/).

Antes de continuar, gostaria de fazer uma pequena advertência: o presente artigo é um artigo de opinião, sendo, como tal, o resultado de uma análise elaborada por uma única pessoa tendo como premissa pessoal, e por esta ordem, a liberdade de pensamento, a liberdade de escolha e a liberdade de expressão. Assim sendo, por muito esforço que tenha efectuado para manter a objectividade e isenção, os parágrafos que se seguem não deixam de ser o resultado da minha perspectiva pessoal.

Feita a advertência, comecemos pois pelo filme original:

Zeitgeist (2007) é um filme apresentado sob a forma de documentário dividido em três partes. A primeira parte é dedicada ao tema da religião e em particular aos mitos religiosos judaico--cristãos e as suas raízes nos mitos religiosos pagãos orientais, bem como nos mitos astrológicos. Neste capítulo são apresentados diversos elementos que desconstroem o mito de Jesus Cristo e apresentando interpretações alternativas da Bíblia. Para terminar este capítulo, os autores de Zeitgeist apresentam-nos a teoria de que os mitos religiosos são um mecanismo de controlo social, criados com o intuito de manter as sociedades ignorantes e facilmente manipuláveis. A segunda parte é dedicada à apresentação

de diversos testemunhos que ligam os ataques terroristas do 11 de Setembro ao próprio governo dos Estados Unidos e as relações pouco claras entre a família Bin Laden e o grupo Carlyle, do qual faz parte a família Bush. Os objectivos desses ataques, segundo este documentário, são criar condições para a invasão de países com grandes recursos petrolíferos e de produção de estupefacientes, como o Iraque e o Afeganistão, os quais poderão ser explorados por corporações ligadas ao grupo Carlyle. Simultaneamente, ao criar um inimigo externo, estão reunidas as condições para o desenvolvimento de identidade nacional e de insegurança pessoal, sendo mais fácil que a sociedade aceite a restrição de muitos dos seus direitos e liberdades. Os interesses de grupos privados em fomentar guerras e destabilização de regimes governativos em diversos pontos do mundo, de modo a criar condições para que as suas empresas prosperem, independentemente dos custos sociais e ambientais, são igualment e a b o r d a d o s n a terceira parte. Aqui apresentam-se vários testemunhos e elementos que ligam os sucessivos governos dos Estados Unidos à queda de diversos regimes na América Latina e no Médio Oriente, bem como à criação de condições para a entrada dos Estados Unidos nas I e II Guerras Mundiais e na Guerra do Vietname. É igualmente nesta parte que são apresentados diversos dados mostrando que o actual paradigma económico (economia de mercado) foi criado como instrumento de controlo social através de uma nova forma de escravatura, auto-imposta pela criação de dívidas, que abrange não só pessoas como países. Esta terceira e última parte termina com a teoria de tentativas de domínio global por parte de um pequeno grupo de pessoas que controlam diversas corporações, numa linha muito próxima das teorias da conspiração referentes aos “Protocolos dos Sábios do Sião”.

Zeitgeist Addendum (2008) vem no seguimento do primeiro filme. Está igualmente dividido em três partes, sendo as duas primeiras dedicadas ao desenvolvimento do tema do controlo social através do actual paradigma económico global, mostrando-nos igualmente os seus efeitos. A terceira parte, que ocupa mais de metade do filme, é dedicada a apresentar-nos a solução de todos os problemas, através de um novo paradigma económico

baseado num sistema não monetário e na exploração sustentável dos recursos existentes, sendo o mesmo desenvolvido pelos criadores do “Venus Project” e da trilogia Zeitgeist. Neste segundo filme existe, no entanto, uma importante mudança de discurso, uma vez que as teorias de controlo global por parte desse pequeno grupo de pessoas são abandonadas, passando a defender-se a tese de que todas as conspirações e manipulações executadas pelos grupos corporativistas têm um objectivo apenas, que é maximizar lucros, sendo os mesmos o resultado inevitável do actual paradigma económico.

O terceiro e, por enquanto, último filme Zeitgeist: Moving Forward (2011) apresenta uma mudança na abordagem dos temas e conteúdos. Neste terceiro filme são postas de parte as teorias da conspiração, apresentando-se a forma de funcionamento e consequências do actual paradigma económico global. Existe uma primeira parte destinada a abordar as questões da formação dos indivíduos, mostrando-nos que somos o resultado de factores biológicos, psicológicos e sociais e que, como tal, os problemas sociais, tais como a violência, tendências para o desenvolvimento de vícios e doenças, não são genéticos mas sim ambientais. Neste capítulo são apresentados testemunhos de diversos investigadores que trabalham nas áreas da genética e da psicologia que defendem que os principais problemas sociais são fruto de uma sociedade desigual e indiferente criada pelo sistema económico monetário e de economia de mercado. Na segunda parte desenvolve-se o tema das consequências perversas de um sistema baseado na maximização de lucros e na exploração de recursos como se os mesmos fossem infinitos. Este segundo capítulo termina com a constatação de que os comportamentos de quem alimenta este sistema não são fruto de uma necessidade de controlo social, mas somente sintomas de doenças derivadas do actual sistema económico. Depois do diagnóstico, as terceira e quarta partes são dedicadas à cura, nomeadamente através da apresentação do novo

paradigma económico (no anterior filme referido como “Venus Project”) e da administração do tratamento, com o incitamento a um levantamento popular global (supostamente pacífico) contra o actual paradigma social.

Quanto à análise dos filmes, coloquemos a seguinte questão: Podemos considerar a trilogia Zeitgeist como cinema libertário? Se considerarmos que tudo o que seja formas de expressão contrapoder é libertário, então Zeitgeist é claramente libertário. Mas se, por outro lado, considerarmos, como eu considero, que libertário é colocar questões, deixar que cada um pense por si e aja de acordo com as suas conclusões, então Zeitgeist não é cinema libertário, mas antes um filme de propaganda contrapoder, o que não é a mesma coisa. Considero que os filmes Zeitgeist são filmes propagandísticos muito bem feitos, que têm como propósito incutir nas massas o sentido de rejeição dos dogmas actuais e a aceitação de um novo dogma. Não ponho em causa a validade dos elementos apresentados nos três filmes, somente a forma como os mesmos são apresentados e as intenções subjacentes. Não nos podemos esquecer que os dados apresentados por alguns dos filmes libertários, como por exemplo os de Michael Moore, são geralmente apresentados fora do seu contexto original e com objectivos bem definidos, situações que podem gerar alguma manipulação da verdade.

Quer isto dizer que os filmes mencionados são deturpadores da realidade e, como tal, subversivos? De forma alguma. Creio que todos eles são filmes muito interessantes e com informações relevantes, mas, pessoalmente prefiro vê-los sempre com “um pé atrás” e não acreditar, sem questionar, em tudo o que me apresentam como verdades absolutas. Para terminar, gostaria de reforçar que esta é uma opinião pessoal, resultado de uma postura crítica e atenta relativamente a instituições evangelizadoras, sejam elas políticas, religiosas, económicas, sociais ou científicas.

Miguel Valente

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ciência e ambiente

Trilho da Levada

Apesar da maioria das espécies de aves serem socialmente monogâmicas, é normal ocorrerem cópulas fora do casal (EPCs, do inglês extra-pair copulation), que poderão eventualmente resultar em paternidades extra-conjugais (EPPs, do inglês extra-pair paternities). Este comportamento já foi observado em mais de 140 espécies.

Considera-se que as EPCs permitem às fêmeas ajustar a escolha do seu macho social (ou seja, o macho com quem vão formar casal, até à emancipação das crias) e aos machos, que não conseguiram um ninho, evitar perder um ano de reprodução. Esta é uma vantagem, principalmente quando a disponibilidade de locais de nidificação é baixa e as fêmeas estão constrangidas na escolha do parceiro social, já que qualquer macho que possua um ninho pode ser escolhido.

As pardelas são aves marinhas socialmente monogâmicas, que raramente se divorciam de um ano para o outro. Estes casais mantêm- -se mesmo que uma forte competição por ninhos, resultante da falta de habitat disponível, impeça a escolha do melhor parceiro social. No que concerne aos cagarros, Calonectris diomedea, não se registaram EPPs, em dois estudos efectuados em colónias do Mediterrâneo. Contudo, a disponibilidade de buracos (ninhos)

Pode a competição por ninhos afectar a monogamia genética dos cagarros?

Joël Bried

PNF

trilhos do parque natural do faial

nestas colónias era mais elevada do que no Ilhéu da Vila, na ilha de Santa Maria. Nesta colónia insular, os cagarros enfrentam uma competição intra-específica por ninhos muito forte. O efeito desta competição sobre a monogamia genética das aves marinhas nunca tinha sido avaliado até agora. A determinação da taxa de paternidades extra-conjugais (EPPs) na população de cagarros do Ilhéu da Vila, permitiu elucidar este aspecto menos conhecido

O percurso da Levada inicia-se junto a uma estrada secundária de bagacina e apresenta uma extensão de aproximadamente 3 km, com um grau de dificuldade baixo. As espécies faunísticas possíveis de observar são essencialmente aves dos Açores, como o melro-preto (Turdus merula azorensis), a estrelinha (Regulus regulus inermis) e o tentilhão (Fringilla coelebes moreletti). Antes de iniciar o trilho da Levada, é possível passar pelo Cabeço dos Trinta, o qual faz parte do Complexo Vulcânico do Capelo, e consiste num antigo cone vulcânico basáltico, cujo interior se pode aceder através de um túnel. Uma vez neste cone, observa-se vegetação natural, como a urze (Erica azorica), o azevinho (Ilex azorica), o queiró (Daboecia azorica), e a Tolpis azorica. Depois deste desvio, regressa-se ao

http://fazendofazendo.blogspot 3 a 17 MAR. 2011 7

da vida destas aves marinhas.

Para isso, fez-se um estudo de genética molecular (com marcadores microsatélites) em 69 famílias de cagarros (os dois progenitores sociais e a sua única cria, uma vez que todas as pardelas põem um ovo só em cada ano de reprodução) do Ilhéu da Vila, em 2002 e 2003. Este estudo revelou a existência de EPPs, com uma taxa global de 11.6% por ano. A integração dos dados

genéticos com a monitorização destes casais, entre 2002 e 2008, permitiu também concluir que:

-a incidência das EPPs é independente do grau de parentesco (consanguinidade) entre os parceiros sociais, da densidade de ninhos e da probabilidade do casal se divorciar no ano seguinte, no entanto era mais elevada quando o tamanho corporal do macho social era mais pequeno;- os machos demoram mais anos do que

as fêmeas para voltarem a reproduzir--se, quando mudam de ninho, depois de um divórcio ou da morte do antigo parceiro.

Finalmente, durante os acasalamentos, que geralmente acontecem fora dos buracos, observaram-se machos, que aparentemente não tinham fêmea, a tentar empurrar o macho que estava a copular, para ocupar o lugar dele.

Estes resultados mostram a existência de uma ligação entre a falta de ninhos e as cópulas fora do casal (EPCs) e confirmam que até as espécies onde os casais permanecem unidos durante vários anos (e até a vida inteira), mostram flexibilidade comportamental. Sugerem também que, antes dos Americanos rodarem Sex & the City, os cagarros já deviam fazer “Sexo na Vila”.

início do trilho junto de um tanque de armazenamento de água. Os canais da levada e os tanques nela existentes pertencem à melhor obra de engenharia hidroeléctrica do seu tempo nos Açores, tendo sido construída por volta de 1963. O trilho prossegue contornando este tanque pela esquerda. Poderá vislumbrar, a Oeste, o alinhamento de cones do Complexo Vulcânico do Capelo, um sistema fissural, instalado numa zona de fractura, com orientação aproximadamente Oeste-Este. Ao longo de todo o trilho é possível observar a flora Laurissilva, onde se destacam o louro (Laurus azorica), o sanguinho (Frangula azorica), a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), e o cedro-do- -mato (Juniperus brevifolia). Neste local existe ainda uma rica variedade de fetos, onde se diferencia o feto-do-cabelinho

(Culcita macrocarpa), por possuir um rizoma grosso com pêlos avermelhados e finos que outrora eram usados para o enchimento de almofadas. Ao longo do percurso é possível ainda contemplar o antigo escoamento lávico da erupção de 1672, mais conhecido por “Mistérios do Capelo” (escoadas de lava que, à sua passagem, queimam a vegetação). As cinzas destas plantas, com o tempo, são incorporadas no solo, aumentando o seu nível de nutrientes. Posteriormente, a recolonização vegetal destes espaços, é feita com um vigor muito superior ao da vegetação circundante, criando uma mancha arbórea distinta – o “Mistério”). O Percurso termina numa estrada de bagacina, onde, a Este, se pode aceder à Caldeira, e, a Oeste, à estrada regional.

dop / universidade dos açores

Foto

graf

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mag

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Sexo no Ilhéu da Vila

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Gatafunhos Tomás Melo

Gatafunhos Tomás Melo

a partir de 5 NOV.exposiçãoEVOLUÇÃOresposta a um planeta em mudançaCentro de Interpretação do Vulcão

até 26 NOVexposição temporáriaA REPÚBLICA - IDEIAS E VALORESBiblioteca PúblicaSeg. a Sex. - 10h às 17h30

até 31 DEZ.exposiçãoAPROXIMAÇÕESde Jorge BarrosBiblioteca Pública - 18h

SEX. 12 NOV.Biblioteca PúblicamostraLABJOVEMBiblioteca Pública - 18h

TER. 16 NOV.cinemaO FIM DA LINHAde Rupert MurrayAuditório do DOP - 21h30

QUI. 18 NOV.lançamento do livroVIDAS SEPARADAS PELO MARde Sheila CalgaroBiblioteca Pública - 19h

SÁB. 20 NOV.recitalFLAUTA E PIANOTeatro Faialense - 21h30

DOM. 21 NOVcinemaTOY STORY 3de Lee UnkrishTeatro Faialense - 17h

cinemaSALTde Philip NoyceTeatro Faialense - 21h30

fazendus

8 11 a 25 NOV. 2010

Ilust

raçã

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más

Silv

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faial

HortaLegenda

Serviços Públicos1 - Cais de Embarque2 - Hospital3 - Posto de Turismo4 - Biblioteca5 - Museu6 - Câmara Municipal7 - Correios8 - Mercado Municipal9 - Piscinas Municipais

Percursos Pedonais1 - Sra. da Guia2 - Miradouro dos Dabney3 - Praia de Porto Pim4 - Monte Queimado5 - Da ribeira à Torre do Relógio6 - Parque da Alagoa

Comércio1 - Ourivesaria Olímpio2- ZON Açores3- Alberg. Estrela do Atlântico

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Ourivesaria OlímpioLg. Dq. D’Ávila e Bolama, 11 9900-141 Horta

Tel. 292 292 311. [email protected]

Loja ZON AçoresRua de Jesus, Matriz, 9900 Horta

Segunda a Sexta, das 9h00-13h00 e 14h00-17h30

Calçada Santo António 1 9900-135 HortaTel. 292 943 003 [email protected] www.edatlantico.com

Agenda

8 3 FEV. a 3 MAR. 2011 http://fazendofazendo.blogspot.com

AgendaMarço

ATÉ 30 ABR.exposiçãoEVOLUÇÃO - resposta a um planeta em mudançaCentro de Interpretaçãodo Vulcão dos Capelinhos

TER. 8 MAR.festejos de carnavalBATALHA DE ÁGUAAvenida Unânime Praiense

festejos de carnavalBAILE DE CARNAVALCom o Conjunto Onda Jovem eum concurso aberto de chapéusPolivalente do Salão

QUI. 10 MAR.comemoraçãoDIA DA FREGUESIA DA MATRIZSociedade Amor da Pátria - 21h- Palestra «Horta, sete anos depois...considerações sobre urbanismo e arquitectura», pelo Arquitecto José Manuel Fernandes;- Concerto musical, a solo, por Manuel Francisco Costa Júnior, do Pico;- Lançamento do opúsculo “Manuel de Arriaga: um homem, múltiplos olhares», da autoria da Dra. Joana Gaspar de Freitas.

SEX. 11 MAR.cinemaPRECIOUSde Lee DanielsTeatro Faialense - 21h30

SEX. 11 e SÁB. 12 MAR.celebraçãoDIA INTERNACIONAL DA MULHERFábrica da Baleia - Centro do Mar

Dia 1114h00 - Inauguração da Feira/ Ex-posição de Actividades e Vivências - Mulheres na Pesca;14h30 - Apresentação Portfólio e Bo-letim (edição especial);17h00 - Fórum “ O Género e a Profissão”, com a participação e o testemunho de mulheres de diferentes sectores profissionais;19h00 - Encerramento da Feira;21h30 - Exibição do Filme “Precious” (Teatro Faialense), seguido de debate* Visitas organizadas de grupos esco-lares à feira (durante a tarde de dia 11) com dinâmicas/ jogos sobre Igualdade de Género

Dia 1210h30 - Visita ao Centro do Mar;14h00 - Visita ao Centro de Inter-pretação Ambiental do Vulcão dos Capelinhos;17h00- Teatro Fórum;19h00- Apresentação Documentário

sobre oficina de Teatro d@ Oprimid@, realizado na Ribeira Quente, seguido de conversa aberta.

SÁB. 12 MAR. feiraFEIRA DE OPORTUNIDADESQuinta do Lomelino - 13h às 18h

passeio a cavaloO PARQUE A CAVALO - Parque Natural do FaialJardim Botânico - 09h

SÁB. 12 e DOM. 13 MAR.cinemaNÃO HÁ FAMÍLIA PIORde Paul WeitzTeatro Failense 21h30

DOM. 13 MAR.circuitoCIRCUITO DA COSTA DO SALÃO E CEDROSContacto: [email protected]