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alimentação, informação e solidariedade Ano 1 - N º 2 Dezembro de 2011 A revista da Desperdício de Alimentos: Bancos de Alimentos: O problema começa no campo - Notícias da Rede - Captação: Sábado Solidário - Parceiro estratégico: Antinsect - Transformação: Escola Arco-íris Encantado 10 e 11 12 e 13 que gera segurança Cuidados com a alimentação na infância melhoram os índices de qualidade na vida adulta

Fazer Bem

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segunda edição da revista fazer bem

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Page 1: Fazer Bem

EDUCAÇÃOalimentação, informação e solidariedade

Ano 1 - N º 2Dezembro de 2011

A revista da

Desperdício de Alimentos:

Bancos de Alimentos:

O problema começa no campo

- Notícias da Rede- Captação: Sábado Solidário- Parceiro estratégico: Antinsect- Transformação: Escola Arco-íris Encantado

10 e 11

12 e 13

que gera segurançaCuidados com a alimentação na infância melhoram os índices de

qualidade na vida adulta

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Page 3: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade

A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul

Editorial

Opinião

Acontece na Rede

Captação

Segurança Alimentar e Nutricional

Combate ao Desperdício

Conhecendo os Beneficiários

Nossos Apoiadores

Rede

Qualidade e Capacitação

Perfil Social

Bancos Sociais

Especial: IV Encontro dos Bancos de Alimentos

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Conselho Editorial: Adir Fração, Paulo Renê Bernhard, Antônio Parissi, Sidnei Aragon dos Santos, Maria de Lourdes Giongo, Denise Zaffari, Adriana da Silva Lockmann, Sérgio Ricardo Sant’Anna, Paola Weiss Monti, Daniel dos Santos Kieling

Jornalista Responsável: Felipe Basso (Reg 11557)Projeto Gráfico e Diagramação: ME GUSTA PropagandaFotos: Fotos: Arquivos Banco de Alimentos, Antinsect, Tito Lívio Goron, José Carlos Silvano e Stock.xchngImpressão: Gráfica TrindadeTiragem: 3.000 exemplares Periodicidade: Bimestral

Fundação Gaúcha dos Bancos SociaisAv. Assis Brasil, 8.787, 3º andarBloco 10 - CEP 91140-001 Porto Alegre (RS)

Fale com a Redação da Fazer BemEscreva para:

[email protected]:

www.redebancodealimentos.org.br

Expediente

Jorge Luiz Buneder Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos Paulo Renê Bernhard Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul

Page 4: Fazer Bem

4 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulOpinião

Editorial

Expansão e consolidaçãoO ano de 2011 chegou ao fim, e mais uma vez registramos, satis-

feitos, um balanço positivo dos resultados frutos dos esforços da so-ciedade civil, voluntários e meio empresarial, empreendidos na ex-pansão e consolidação da nossa Rede de Bancos de Alimentos. Em mais essa jornada, abrimos caminhos para novos Bancos no estado do Rio Grande do Sul, e além dele; trabalhamos cada vez mais no fortalecimento e aplicação do projeto pioneiro dos Bancos Sociais em outras praças; e disseminamos as ideias de boa vontade e gestão sustentável que norteiam todos que atuam em prol desta causa.

Nesta segunda edição da revista Fazer Bem, que coincide com a chegada de um novo ano de possibilidades e perspectivas para nossas iniciativas, vamos tratar de temas de alta importância para qualquer sociedade que pretenda estar em dia com seus cidadãos. A questão do desperdício de alimentos, pauta vital para a Rede de Bancos de Alimentos, começará a ser destrinchada em uma série de reportagens sobre toda a cadeia das perdas de gêneros alimentícios, começando pelo princípio: o desperdício nas lavouras.

Outro aspecto abordado, e que sempre guiou os objetivos dos Bancos de Alimentos é a Educação Alimentar para gerar a Seguran-ça Alimentar. Falaremos sobre como a educação é transformadora de realidades no que tange à saúde de uma população, e como propostas muito simples de serem empregadas por escolas e famí-lias podem mudar hábitos alimentares cujos resultados acabam por impactar em diversas áreas da sociedade.

Esta edição da revista também começará a descrever, a partir de agora, como as entidades parceiras beneficiárias da Rede, e conse-quentemente todo o universo de pessoas atendidas por elas, têm nos Bancos de Alimentos e nos Bancos Sociais um apoio legítimo para mudarem seu panorama de qualidade. Estes são apenas alguns dos temas deste número, que retornará no princípio de 2012, amplifi-cando ainda mais o empenho e as conquistas de todos que fazem dos Bancos de Alimentos agentes transformadores da sociedade.

Esta edição da revista Fazer Bem

coincide com a chegada de um novo

ano de possibilidades e perspectivas

para nossas iniciativas.

Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Banco de Alimentos

Coordenador do Conselho de Cidadania FIERGSDiretor Presidente da STEMAC S/A Grupos Geradores

Jorge Luiz Buneder

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Responsabilidade Social e Sustentabi-lidade não são mais modismos ou ações isoladas de uma ou outra empresa, ou mesmo de uma entidade de classe.

O SETCERGS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul), entidade representativa de classe das empresas de logística e transportes de cargas do RS, há mais de 25 anos vem desen-volvendo ações sociais em prol da nossa coletividade.

Nessa esteira, o SETCERGS, jun-tamente com a FIERGS, empresas e pessoas abnegadas dotadas de in-comum senso social, foi instituidor deste excepcional programa, exem-plo de organização, de solidariedade e de ajuda aos necessitados que é o Banco de Alimentos. Compete ao SETCERGS, na organização do Banco de Alimen-tos, executar a logística de movimentação de cole-tas, transferências e entregas de alimentos ofereci-dos pelo setor empresarial conveniado e por pessoas envolvidas em campanhas como Sábado Solidário e Super Natal Banco de Alimentos.

O SETCERGS criou e incluiu em seu organo-grama uma coordenação social para facilitar suas ações sociais, integrando, assim, associados e par-ceiros, e facilitando a logística para retirada de alimentos. A entidade, em parceria com empre-sas de transporte conveniadas, disponibiliza ao Banco de Alimentos seus caminhões, motoristas e ajudantes, em sistema de rodízio, como apoia-dores deste importante programa social que não

tem qualquer envolvimento político ou de benefício material para quem dele participa.

Nestes novos tempos, o que move pessoas e empresas é o tripé Social, Ambiental e Econômico. Nenhum des-ses elementos progride sem o outro, e todos proporcionam a sustentabilidade necessária para que as ações das em-

presas (Econômico) possam dar me-lhores condições às pessoas (Social) e promover melhor qualidade de vida no ambiente em que vivemos, que deve ser preservado, renovado e mantido para a posteridade (Meio Ambiente). Assim, e considerando a sustentabilidade de suas ações, é que

o SETCERGS apoia e contribui para que desper-dícios de alimentos sejam evitados. Trabalhamos para que sobras de alimentos em boas condições sejam canalizadas diretamente ao setor de triagem e armazenagem do Banco de Alimentos, para que depois sejam transportadas até as entidades benefi-ciárias com maior rapidez, assertividade e qualida-de, e sem custos, possam ser consumidos.

Entendemos, assim, que estamos contribuindo para combater a fome, o maior flagelo que pode so-frer uma pessoa, e para que todos possam usufruir deste modelar instrumento de apoio social da classe empresarial gaúcha, o nosso Banco de Alimentos.

alimentação, informação e solidariedade5Opinião

A logística do Banco de Alimentos

Nestes novos tempos, o que

move pessoas e empresas é o tripé Social, Ambiental

e Econômico.

José Carlos SilvanoPresidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas

e Logística no Estado do Rio Grande do Sul - SETCERGS

Artigo

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6 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulAcontece na Rede

Inaugurado o Banco de Alimentos de Rio Grande

Cachoeirinha também inaugura seu Banco de Alimentos

Banco de Montenegro começa a tomar forma

Novos Bancos

No final de novembro, começou a operar o Banco de Alimentos da cidade de Rio Grande, passando a in-tegrar a Rede hoje formada por 18 Bancos. Na cerimô-nia, que reuniu importantes autoridades da sociedade, tomou posse como presidente da entidade a também presidente do Conselho de Segurança Alimentar de Rio Grande, Elsa Arrieche. ”A fome e o desperdício de alimentos é uma grave realidade da nossa sociedade. Por isso, a importância do trabalho de levar às pessoas carentes do município o alimento de qualidade, atra-vés do Banco de Alimentos”, afirmou. Paulo Renê Ber-nhard, Presidente da Rede de Bancos de Alimentos,

destacou o papel da sociedade, que assumiu a iniciativa de buscar a erradicação da fome em Rio Grande. “O volume de captação e distribuição de alimentos às instituições carentes depende do tamanho da solidariedade do povo, empresários e sociedade”. A Refinaria Rio Grandense, por intermédio de seu presidente Hamilton Romanato, foi a primeira a assinar como mantenedora do Banco de Alimentos de Rio Grande.

A Região Metropolitana de Porto Alegre passa a con-tar com mais uma fonte de auxílio à população. Agora Cachoeirinha junta-se à Rede de Bancos de Alimen-tos, e já inicia suas atividades com 20 mantenedores. Na ocasião da inauguração, o Banco de Cachoeirinha recebeu da Rede de Bancos a doação de 10 toneladas de alimentos para a entidade. O Banco da cidade é presidido por Tamara Kondak, que falou da luta contra o desperdício de alimentos, ressaltando exemplos de sua própria família. “Lembro que em casa era orienta-

da a comer tudo o que tinha no prato, não dei-xar sobrar nada”. Para 2012, está prevista a inau-guração de Bancos de Alimentos em Alvorada/RS, Montenegro, Bagé, São Gabriel e Bento Gonçalves/RS, Joinville, Florianópolis e Criciúma/SC, Cotia e Bragança Paulista/SP.

Estiveram reunidas em outubro lideranças de Montenegro para dar início à criação do Banco de Alimentos da cidade. O Coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS, Jorge Luiz Buneder (foto), e o Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS, Paulo Renê Bernhard (foto), apresentaram a metodologia para criação do Banco aos convidados. O evento também teve como objetivo unir as lideranças locais e escolher a Diretoria inicial. A iniciativa da reunião foi da Sra. Nilsa Maria Müller (foto), esposa do Pre-sidente da FIERGS, Sr. Heitor José Müller. Na oportunidade, ela foi eleita Presidente de Honra do Banco de Alimentos de Montenegro.

Porquato Pontes, vice-presidente regional da FIERGS e diretoria do Banco

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alimentação, informação e solidariedade7Acontece na Rede

Núcleos Bancos de Alimentos recolhemmais de 100 toneladas por mês

SOS Santa Catarina

Bons resultados

Doações

A Rede de Banco de Alimentos do RS destinou, em setembro, 45 toneladas de alimentos à Santa Catarina. A doação foi distribuída pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina-FIESC e pelo Sesi/SC às pessoas afetadas pela tragédia provocada pelas fortes chuvas que ocorreram este ano no estado. No primeiro semestre de 2011, a Rede de Bancos de Alimentos do RS ainda enviou mais de 500 toneladas de gêneros alimentícios para os Bancos de Alimentos associados do RS e RJ, além de localidades que sofreram com catás-trofes neste período.

Os 89 Núcleos Bancos de Alimentos – entida-des beneficentes certificadas pela Rede de Bancos de Alimentos para atuar como braços no geren-ciamento do combate ao desperdício – ultrapas-saram o recolhimento de 100 toneladas por mês de hortifrutigranjeiros nas lojas Walmart. Esses ali-mentos ‘descartados’ diariamente dos supermer-cados por não apresentarem aspectos estéticos e comerciais para a venda – porém em perfeitas condições para consumo humano – fornecem nutrientes essenciais para milhares de pessoas atendidas nas instituições assistenciais. Os Núcle-os devem fechar o ano de 2011 tendo recolhido e doado aproximadamente 1.200.000 quilos de frutas, hortaliças, artigos de mercearia e padaria.

Oficinas no Mês das Crianças Os Bancos Sociais e o Banco de Alimentos de Porto

Alegre realizaram em outubro, em prol das instituições beneficiárias atentidas pela Rede, divertidas atividades em comemoração do Dia da Criança. As ações ocorre-ram no Piquete dos Bancos Sociais, na capital, e inclu-íram oficinas culinárias, rodas literárias e outras ativida-des coordenadas pelos diversos Bancos Sociais.

Recreação

Rotary doa para Banco da Região Metropolitana

Em novembro, o Rotary Gravataí doou mais de 3.800 quilos de alimentos ao Banco de Alimentos da cidade. Os gêneros foram arrecadados na festa do consulado do Internacional e serão repassados às instituições assistenciais cadastradas ao Banco de Ali-mentos de Gravataí.

Gravataí

Banco de Cruz Alta na 32ª Exposição Agropecuária

Divulgação

O Banco de Alimentos de Cruz Alta divulgou suas ações, com estande próprio, durante a 32ª Exposição Agropecuária de Cruz Alta, em outubro. O evento reuniu mais de 150 expositores da área da indústria, comércio, agropecuária e serviços, e contou com 15 mil visitante. No local, o Banco exibiu seus projetos e ações, e cadastrou novos voluntários.

Rapidinhas

Banco de Canoas arrecada em eventos

Arrecadação

O Banco de Canoas parti-cipou, em outubro, de dois eventos para arrecadar ali-mentos. Em show musical no Pepsi on Stage, foram ar-recadados mais de 5 tone-ladas, e, na EXPOAER 2012 (foto), 3 toneladas.

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8 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulCaptação

O Sábado é SolidárioComo surgiu a mais importante fonte de arrecadação de alimentos da Rede

Quando um grupo de pessoas se mobiliza com o in-teresse legítimo de auxiliar o próximo, o resultado não pode ser outro senão o êxito. Doar tempo e energia, de forma consistente e constante, e em benefício de tercei-ros, é uma virtude em comum dos mais de 1.000 volun-tários que se dedicam à consagrada ação de captação de gêneros alimentícios da Rede de Bancos de Alimentos do RS, o Sábado Solidário.

O projeto, ainda sem este nome, surgiu antes mesmo do primeiro Banco de Alimentos do Estado e do Bra-sil, fundado em Porto Alegre, no ano 2000. Em datas especiais, membros dos Rotary Clubes de Porto Alegre reuniam-se para angariar alimentos, em uma dinâmica embrionária, mas semelhante a que atualmente é usada pelo Banco de Alimentos. O Rotary, à época, executava a ação por meio de parceria com as redes de supermer-cados Nacional e Big, do então grupo português Sonae, que posteriormente foi adquirido pelo Grupo Walmart. Nas lojas, voluntários faziam uma abordagem de sensi-bilização à população, convidando para a doação de ali-mentos a serem destinados às ações da entidade.

Expansão, voluntariado e sensibilização

Após a inauguração do Banco de Alimentos, o Sába-do Solidário foi instituído oficialmente como uma ação de captação pertencente ao calendário da instituição. Gradualmente, cidades de todo o Estado também co-meçaram a realizar a mobilização, e os propósitos da atividade ganhavam corpo junto à população.

O sucesso foi tão significativo que, em pouco tempo, a direção do Banco de Alimentos instituiu periodici-dade mensal para o projeto. Hoje, o Sábado Solidário acontece sempre no primeiro sábado de cada mês nas cidades gaúchas que possuem lojas do Grupo Walmart, das bandeiras Big, Nacional, Maxxi Atacado e Todo-Dia.

Os voluntários que trabalham junto aos supermerca-dos estimulando doações de gêneros e divulgando os Bancos de Alimentos passam de 1.000 em meses nor-mais, e de 1.500 em períodos com datas especiais. O

Page 9: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade9Captação

trabalho acontece em turnos de 12 horas, e os vo-luntários são divididos em grupos de 25 ou 30 por supermercado. Estas pessoas pertencem a clubes de Rotary e Lions, Diaconias, grupos de escotei-

ros, empresas como Puras, Gerdau, Stemac e Terra – os chamados voluntários corpora-tivos –, e ainda há os voluntários individuais, que manifestam seu interesse em participar e são cadastrados nos Bancos de Alimentos. Como explica Antônio Parissi, coordenador geral do Sábado Soli-dário e Presidente do Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul, a ação é extremamente simples, e por isso é tão bem sucedida. “Nossos voluntários recebem treinamento quanto à

abordagem ao cliente na chegada do supermerca-do. Para solicitar um quilo de alimento, é preciso apenas ser rápido, oportuno, simpático e estar com um sorriso no rosto. As pessoas são muito recep-tivas pelo simples fato de serem cumprimentadas com um ‘bom dia’. Há quem não doe, claro, mas muitos hoje vem à loja em dia de Sábado Solidário só para doar, e agradecem pela oportunidade de poder participar”, conta. Para auxiliar os voluntá-rios, a Rede de Bancos de Alimentos criou também um manual com os procedimentos que envolvem todo o processo da atividade.

Outra ação de captação dos Bancos, o Super Natal é realizado em dois fins de semana de dezembro nas lojas de todas as redes de supermercados do RS. O projeto conta com a participação de voluntários que, juntos, ajudam a alimentar o Natal de quem mais precisa. Na última edição do evento, em 2010, foram arrecadadas 22 toneladas de alimentos.

Ao fim do ano de 2010 foi realizado um grande encontro de voluntários do Sábado Solidário

Super Natal

Tag usada nos carrinhos de supermercado para

estimular a doação.

ResultadosEm 2010, o total arre-

cadado em dez edições do Sábado Solidário foi de 92 mil quilos de ali-mentos. Já em 2011, a previsão é fechar o ano com mais do que o do-bro: 240 mil quilos, a partir de uma média de 25 mil quilos arrecadados mensalmente.

Para participar do projeto, os interessados podem entrar em contato com qualquer um dos 18 Bancos de Alimento no RS, ou obter mais informações pelo site www.redebancodealimentos.org.br.

240 toneladas de alimentos arrecadadosem 2011

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10 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulSegurança Alimentar e Nutricional

Educação que gera segurança Por que é tão importante começar já na infância os cuidados com a alimentação

Está comprovado que o padrão de comportamento alimentar que temos na vida adulta é consequência direta dos estímulos, informações e orientações que recebemos na infância. As bases que direcionam os hábitos e as tendências de consumo alimentar de uma pessoa são fixadas ainda na tenra idade, trans-mitidas pela família e pelo meio, e sustentadas pelas tradições. Assim, a Educação Alimentar (EA) ganha importância fundamental para assegurar condições de saúde adequadas tanto na infância quanto ao lon-

go de toda a vida, e configurar um cenário de Segu-rança Alimentar.

No combate e prevenção das chamadas doenças crônicas – apontadas como a principal causa de mor-te na fase adulta – muitos países vêm desenvolven-do programas de Educação Alimentar para benefi-ciar crianças e adolescentes. Esses projetos prestam orientações quanto à correta ingestão energética e de micronutrientes que favorecem a saúde e a boa for-ma física, e a consequente redução da incidência dos

Page 11: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade11Segurança Alimentar e Nutricional

riscos de enfermidades que se manifestariam na ma-turidade por meio da mudança de comportamentos alimentares na infância. Desenvolvidos por escolas e entidades sociais, tais iniciativas capacitam e esti-mulam as crianças para atitudes, habilidades e para a conscientização de que a adoção de hábitos saudá-veis aumenta a qualidade de vida.

Metodologia e ludicidadeA Educação Alimentar utili-

za como princípios o respei-to à identidade cultural e ali-mentar da vida cotidiana das pessoas, suas preferências, valores e costumes sociais e religiosos, tabus e métodos de alimentação. É importan-te considerar o estilo de vida de cada indivíduo e o seu grau de conhecimento sobre alimentação saudável, bem como aspectos particulares da pessoa: atitudes em relação à vida, situação momentânea que atravessa, critérios de orçamento familiar, posturas durante as refeições, entre tantos outros. As orientações sobre alimentação saudável devem sempre se basear nas práticas alimentares, considerando o significado cul-tural e social dos alimentos.

A metodologia da EA inclui o resgate do valor das formas, do gosto, das cores, aroma e textura dos ali-mentos, assim como destaca o alimento como fonte de prazer por estar diretamente relacionado a aspec-tos emocionais. Na prática de EA, o lúdico também é muito aconselhado, pois desenvolve o lado cognitivo, afetivo e social da criança, e oportuniza um apren-dizado agradável ao oferecer situações significativas para facilitar o processo de fixação do conhecimento. Diversas atividades, incluindo o brincar, podem ser utilizadas como ferramentas de ensino, tais como o artesanato, desenhos e pinturas, colagens, jogos cog-nitivos e fantasias.

Jogos de EnsinarA Rede de Bancos de Alimentos do RS promove

uma série de projetos voltados à EA. Lançado em 2011, o livro Jogos de Ensinar: instrumentos de en-sino e aprendizagem na educação alimentar traz fer-ramentas de auxílio a nutricionistas, acadêmicos de nutrição e educadores em geral. A publicação é for-mada por atividades denominadas jogos de ensinar, utilizadas pela equipe de nutricionistas, professores

e alunos do Banco de Alimentos nos projetos da Rede junto às insti-tuições parceiras. A me-todologia dessas ações inclui teatro, música, brinquedos e brincadei-ras, e visa despertar nas crianças a utilização dos sentidos e a curiosidade sobre a origem dos ali-mentos.

Conforme a nutricionista coordenadora e respon-sável técnica do Banco de Alimentos do RS, e uma das organizadoras da publicação, Adriana Lockmann, é de responsabilidade de todos – escolas e famílias – educar crianças e jovens para a melhoria das con-dições alimentares da população e manutenção da saúde. E ela dá três sugestões básicas a serem ado-tadas nesse processo, e que fazem toda a diferença: incentivar o consumo de alimentos saudáveis e de uma refeição colorida, não utilizar recompensas para o consumo de alimentos saudáveis, e não ter à dispo-sição alimentos não saudáveis.

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12 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulCombate ao Desperdício

COmEçA NO CAmpOSérie de reportagens da Fazer Bem irá pontuar todas as etapas da cadeia do desperdício de alimentos

O desperdício

Em função dos altos investimentos em tecnologia de ponta realizados nas últimas décadas, o Brasil está entre os países mais competitivos do agronegócio no mercado internacional. Na safra 2010/2011, por exemplo, o país produziu 162 milhões de toneladas de grãos, 8,2% acima da safra anterior. Entretanto, um problema básico persiste: o desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva. A revista Fazer Bem irá trazer nesta e nas próximas edições uma séria de re-portagens descrevendo as perdas nas diferentes etapas do alimento: desde o plantio, passando pela colheita, armazenagem, transporte, chegada e comercialização no ponto de venda, até o consumo pela população.

O Brasil está entre os dez países que mais desper-diçam comida no mundo. Cerca de 35% de toda a produção agrícola vão para o lixo. Isso significa que mais de 10 milhões de toneladas de alimentos poderiam estar na mesa dos 54 milhões de brasileiros que vivem abaixo da li-nha da pobreza. Conforme dados do Serviço Social do Comércio (Sesc), R$ 12 bilhões em alimentos são

jogados fora diariamente, uma quantidade suficiente para garantir café da manhã, almoço e jantar para 39 milhões de pessoas. E o início de todo esse desperdí-cio começa muito cedo, já na lavoura, desde a seme-adura até a colheita dos grãos.

As causas das perdas

Em 2005, o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE) analisou os índices de perdas, do plantio à pré-colheita, dos principais grãos cultivados no país, entre 1996 e 2002, tais como arroz, feijão, milho, soja e trigo. Essa pesquisa aponta que a Companhia Na-cional de Abastecimento (Conab) estimava perdas de grãos em cerca de 10% da produção, o que corres-pondia a 9,8 milhões de toneladas. Ainda conforme o

estudo, as perdas na colheita são as mais significativas.

A falta de qua-lificação e tec-

nificação no campo foi

Page 13: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade13Combate ao Desperdício

sidades bióticas dizem respeito principalmente à incidência de doenças e pragas nas lavouras.

Entre os fatores de ordem econômica que po-dem determinar perdas no campo, destaca-se o aviltamento dos preços dos produtos no momen-to da colheita, que, em muitos casos, pode levar o produtor a destruir sua lavoura. No final, em fun-ção de tantas formas de desperdício, a alta conta gerada pelas perdas não fica diluída ao longo da cadeia. Segundo a Embrapa, agricultor e consu-midor são os mais prejudicados. Isso acontece porque o investimento para produzir, manipular e transportar o alimento já foi feito. “O agricultor recebe menos e o consumidor paga mais. É pre-ciso rever esse processo, porque o varejo dilui o prejuízo. Investir em produtividade significa tam-bém aumentar o volume do desperdício. Quanto mais produzimos, mais jogamos fora. É preciso pensar com mais seriedade em uma solução para as perdas’, explica o pesquisador da Embrapa, Antônio Gomes.

uma realidade apontada pela pesquisa do IBGE. O prejuízo começa muito antes da perda física, do produto que fica pelo caminho antes da co-mercialização. No plantio, foi verificado que o uso de sementes de baixa qualidade, a escolha de variedades não recomendadas para condições de clima de determinada região, o preparo inadequa-do do solo e a semeadura fora do tempo podem representar perdas nas lavouras antes e depois do momento de colher os produtos. Entretanto, pro-blemas técnicos (ver quadro) e equívocos na iden-tificação do grau de maturação das colheitadeiras são apontados como sendo os grandes geradores das perdas de grãos.

Clima e preço

As perdas na lavoura também podem ser pro-vocadas pelas chamadas adversidades abióticas e bióticas, e ainda passar por questões de ordem econômica. As adversidades abióticas são princi-palmente de ordem climática. Conforme a intensi-dade e a amplitude de ocorrência, os eventos cli-máticos adversos podem destruir lavouras inteiras, atrasar a colheita, acarretando a deiscência dos frutos, a queda das sementes e também a germi-nação das mesmas no próprio fruto. Já as adver-

Na próxima edição da Fazer Bem: o desperdício na armazenagem e transporte dos alimentos.

O entrave técnicoFalta de manutenção das colheitadeirasFalta de regulagem ou de ajuste fino das máquinasIdade ou obsolescência da frotaCapacitação dos operadores de colheitadeirasNão observância da velocidade ideal de operação das máquinas

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14 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulConhecendo os Beneficiários

Um trabalho pela transformaçãoA Escola Infantil Arco-íris Encantado mudou a sua realidade com o auxílio do Banco de Alimentos

A vocação da Rede de Bancos de Alimentos do RS não

se traduz apenas no repasse de gêneros alimentícios às

populações que necessitam. Muito além, a instituição

carrega no seu DNA um caráter assistencial legítimo,

e s t e n d e n d o

suas ações à

promoção do

ser humano,

do meio am-

biente, da sus-

tentabilidade,

das mudanças

sociais e da

melhoria da

qualidade de

vida das comunidades usuárias. Dessa forma, a Rede

acaba influenciando e contribuindo muito mais como

agente de transformação de suas entidades parceiras

beneficiárias cadastradas.

Um exemplo que bem ilustra essa realidade é a Es-

cola de Educação Infantil Arco-íris Encantado, locali-

zada no bairro Lomba do Pinheiro, na Zona Norte de

Porto Alegre. Comandada com mão firme pelas diri-

gentes Teresinha Medeiros e Denise da Rosa, a escola

atende em turno integral 104 crianças do berçário ao

jardim, e oferece cinco refeições por dia aos alunos. A

história da Arco-íris Encantado começou a mudar em

2008, quando as dirigentes assumiram a instituição,

que passava por crises administrativo financeiras. Aos

poucos, com muitas dificuldades, porém com enor-

me força de vontade, elas foram promovendo alte-

rações na estrutura do local e nos processos internos

educacionais e voltados à alimentação das crianças.

Por meio de parceria com o Banco de Alimentos da

capital e com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais

(FGBS), a escola recebeu o projeto Cozinha Nota 10

da Rede e melhorias importantes foram realizadas.

As funcionárias que trabalham na cozinha receberam

uniformes e instruções sobre higiene, refrigeração,

preparação e manipulação correta dos alimentos, e

aprenderam como extrair o melhor de cada gênero.

Agora, elas também passam por exames periódicos de

saúde, por recomendação da equipe do projeto. “Um

leque de conhecimentos se abriu para nós, e conse-

guimos aplicar os conceitos à realidade da escola. Os

pais dos alunos já percebem a diferença e estão mais

motivados a participar do nosso dia a dia”, conta Tere-

sinha. A escola também passou a dar prioridade para a

inclusão de frutas, legumes e verduras nas refeições, e

não permite que as crianças tragam de casa alimentos

industrializados como lanche. “Nossos alunos conso-

mem muito melhor, e os pais identificam os nossos

novos parâmetros de saúde”, afirma Denise.

Outra mudança implantada foi a partir da integra-

ção com os Bancos da FGBS. Teresinha participou de

curso promovido pelo Banco de Mobiliário, e Deni-

se de atividade no Banco de Vestuário. Lá, apren-

deram a reaproveitar e reformar móveis e tecidos, e

daí resultaram, por exemplo, prateleiras novas para

a cozinha e uma despensa de alimentos construída a

partir dos conhecimentos recebidos no curso. “Hoje,

sabemos avaliar melhor os materiais apropriados e a

qualidade dos mó-

veis adequados à

nossa necessidade”,

conta Teresinha. Ma-

ria de Lourdes Gion-

go, assistente social

da FGBS, elogia as

dirigentes: “Elas são

corajosas e criativas,

e estão realizando um belo trabalho em favor da

melhoria da qualidade de vida de quem necessita e

merece um olhar solidário”.

Page 15: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade15Nossos Apoiadores

Antinsect: parceira no controle da higienização dos Bancos

Atuando desde 2003 em prol da causa do Banco de

Alimentos, a Antinsect é uma apoiadora fundamental

no processo da manutenção da higiene e controle de

pragas nos galpões do Banco de Porto Alegre e tam-

bém dos Bancos Sociais, localizados na Zona Norte da

capital. O trabalho da empresa, se-

diada na cidade gaúcha de Canoas e

com 30 anos de atuação, é fornecido

sem ônus aos Bancos e constitui-se de

importância estratégica indispensável

em função da lida com alimentos.

A Antinsect emprega tecnologias

modernas no controle e prevenção

de infestações de insetos e ratos. Uti-

liza produtos registrados no Ministé-

rio da Saúde e aprovados pela AN-

VISA que visam eliminar a presença

pragas, não permitir a transmissão

de doenças, e proteger a saúde das

pessoas que manuseiam os alimen-

tos. Na parceria com os Bancos, a

empresa aplica o método mais con-

vencional nos pavilhões, que consiste

na colocação de porta iscas raticidas

chaveadas, afim de proteger pessoas e animais que

não são alvo do tratamento. Também presta orienta-

ções quanto à importância da vedação dos acessos dos

ambientes, tornando-os não propícios à presença de

animais indesejados. Para os Bancos, também é feita

a limpeza e desinfecção bacteriológica dos Reservató-

rios de Água, em que são removidas as sujidades que

se acumulam nos tanques, para garantir a ingestão de

água sem a presença de micro-organismos causadores

de doenças.

O empresário, engenheiro agrônomo e fundador

da Antinsect, Gustavo Ahlert, destaca a importância

do engajamento do meio empresarial privado nas

questões de responsabilidade social. “Acreditamos

que as empresas devem participar na sua comunida-

de ou região e ajudar dentro das suas possibilidades,

minimizando os problemas sociais

e tornando mais digna a vida dos

que necessitam de recursos”, diz.

Além do apoio ao Banco de Ali-

mentos de Porto Alegre e aos Ban-

cos Sociais, a empresa também

participa de outras inúmeras cau-

sas beneficentes com seus serviços

profissionais, minimizando o uso

de agentes agressivos ao homem e

ao meio ambiente.

A Antinsect é uma empresa filiada

à Associação Gaúcha de Empresas

Controladoras de Pragas do Estado

do Rio Grande do Sul (FEPRAG-RS)

e à Associação Nacional de Mane-

jo de Pragas (NPMA), dos Estados

Unidos, referência mundial no se-

tor de Controle de Pragas.Gustavo Ahlert

Diretor da Antinsect

Sentimo-nos orgulhosos de participar do projeto do Banco de Alimentos e dos Bancos Sociais, e

conscientes de que estamos fazendo a nossa parte.

Assim queremos continuar!

Page 16: Fazer Bem

16 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulRede - porto Alegre

O primeiro Banco de

Alimentosno Brasil

Os primeiros parceiros

Fruto do engajamento da sociedade civil, Banco de

Porto Alegre é modelo no país

No dia 6 de dezembro de 2011, um projeto pioneiro no Brasil completou 11 anos de uma trajetória que se tornou padrão de referência em responsabilidade so-cial e um modelo de gestão de eficiência no combate à fome e à pobreza. No ano de 2000, por meio da união sólida de diversas lideranças da sociedade gaú-cha, já em articulação desde 1996, tomava forma o primeiro Banco de Alimentos do Estado e do Brasil: o Banco de Alimentos do RS.

A criação do Banco da capital se deu em um contex-to em que os membros e instituições da sociedade já se organizavam localmente no decurso das últimas dé-cadas do século XX para enfrentar o desafio de combater a fome de forma compartilhada e solidária. Nesta época, atuavam fortemente no enfrentamento desta drástica si-tuação o Conselho de Cidadania da FIERGS, a Fundação dos Rotarianos de Porto Alegre, a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa, a Fundação Maurício Sirotsky Sobri-nho, UNISINOS, Parceiros Voluntários, entre tantos outros.

As lideranças, que vinham estruturando o projeto do Ban-co de Alimentos local desde 1996, assumiram o compromis-so de dar um impulso definitivo no combate à pobreza e à fome, e dar condições de vida a tantas pessoas que mor-riam todos os anos – a maioria crianças –, por não terem o que comer. Nesta época, por exemplo, somente em Porto Alegre jogava-se no lixo 40% dos alimentos produzidos.

Para atingir esse objetivo, primeiramente bus-caram a experiência de projetos semelhantes bem

sucedidos na Europa, e a partir daí partiram para a convocação de toda a sociedade civil organizada, principalmente dos agentes que tivessem algum en-volvimento com atividades ligadas à nutrição alimen-tar, engenharia de alimentos ou sua produção. Neste

início, 15 organizações civis constituíram-se como as instituidoras da iniciativa da criação do primeiro Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul. Poste-riormente, outras entidades também abraçaram a ideia, e em 6 de dezembro de 2000 foi fun-dado o Banco de Alimentos de Porto Alegre. Como primeiros mantenedores do projeto es-tavam Gerdau, Pierre Alexander, Ipiranga, Su-permercados BIG-Nacional, Goldsztein, Sin-metal, Stemac e Puras. “Essas empresas, que têm uma clara visão de que a destinação de recursos para empreendimentos sociais gera mais um valor à sua própria cadeia de valores e não uma incorporação de custos adicionais,

deram substantivo impulso aos primeiros passos do nosso Banco”, enfatiza o atual presidente do

Banco de Porto Alegre, Antônio Parissi.

Page 17: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade17Rede - porto Alegre

modelo para a RedeVencidos os primeiros desafios, o Banco da capital co-

meçou a desenvolver diversas atividades que impactam de maneira significativa na realidade da sociedade, e que se tornaram modelo para os demais Bancos da Rede pos-teriormente criados. Entre elas, está o Sábado Solidário, e projetos como o Cozinha Nota 10, Primeiros Passos e Nutrindo o Amanhã. Como fio condutor, o Banco uti-lizou os princípios da gestão empresarial, “verdadeira-mente a única estratégia capaz e sustentável de obter eficiência e vantagens de forma diferenciada na solução dos objetivos”, destaca o presidente Parissi.

Desde o início, a atuação de uma direção transparente apoiada pelo Conselho de Cidadania da FIERGS trou-xe a segurança de uma reputação empresarial positiva perante a sociedade. Com planejamento, estruturação adequada e efetiva gestão – incluindo gerenciamento es-tratégico logístico modelo em parceria com o SETCERGS –, o Banco buscou e conseguiu o emparceiramento com organizações que também aceitaram o desafio de gerar benefícios sociais de maneira prioritária e não periférica.

Hoje, o Banco de Porto Alegre é referência nacional em práticas e experiências bem sucedidas no combate à fome e ao desperdício de alimentos.

Banco de Alimentos de porto Alegre- Área instalada: 1.200 m²

- Capacidade de armazenar mais de 500 toneladas de alimentos/dia

- Atende 353 entidades ou 25.000 pessoas/mês

- Distribui 250 toneladas de alimentos perecíveis e não perecíveis/mês.

- Em 11 anos, arrecadou mais de 18 milhões de kg de alimentos.

Dados do BancoEndereço: Av. Francisco Silveira Bitencourt, 1.928Bairro Sarandi, Porto Alegre / RS.Para Correspondências: Av.Assis Brasil 8787, 3°andar - Bloco 10 Porto Alegre / RS - CEP 91140-001

Atendimento: Segunda a sexta feira. Das 08h30 às 12h e 13h às 17h30. Sábado Solidário: 1º sábado de cada mês.

Contatos:0800-5416000 / (51) 3026.8020 [email protected] www.bancodealimentosrs.org.br

Instituidores:Sistema FIERGS, Conselho de Cidadania FIERGS, ADCE, AGAS, Associação Leopoldina Juvenil, Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, McCaan Erickson, Parceiros Voluntários, Rotary Interna-cional, SESI, Setcergs, Sindicato das Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul, SENAI e UNISINOS.

Mantenedores: Sistema FIERGS, Walmart Brasil, Gerdau, GBO-EX, Goldsztein, SIARGS, Sodexo - PURAS, Terra, STEMAC, SINMETAL, Lucila Osório.

Dentro de um

novo

capitalismo,

criamos para

a sociedade um valor e com-

partilhamento entre as bases

produtivas empresariais e a

satisfação das necessidades

públicas mais prementes.

Antônio ParissiPresidente do Banco de Alimentos de Porto Alegre

Page 18: Fazer Bem

18 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulQualidade e Capacitação

Nutrindo o AmanhãEntre os diversos programas desenvolvidos pela

Rede de Bancos de Alimentos para qualificar e ca-pacitar as entidades parceiras beneficiárias quanto à Segurança Alimentar e Nutricional está o Nutrindo o Amanhã. Pelo projeto, criado em 2004, são plane-jadas, implantadas e monitoradas ações de interven-ção e educação, com o objetivo de contribuir para a promoção e preservação da saúde de crianças e ado-lescentes acolhidos pelas instituições cadastradas em Porto Alegre e região do Vale dos Sinos.

A equipe do Nutrindo o Amanhã é formada por professores da UNISINOS – que fazem a coordena-ção acadêmica do projeto –, nutricionistas do Banco de Alimentos e cerca de 20 alunos dos cursos de Nu-trição da UNISINOS, PUCRS, IPA Metodista, UFRGS, UFCSPA e Unilasalle. Eles trabalham identificando o perfil nutricional das crianças e adolescentes, de-finindo e executando estratégias de intervenção nu-tricional individualizadas e coletivas, e capacitando

os profissionais que atuam nas entidades (educadores, manipuladores de alimen-tos e coordenadores) nas diversas áreas da Nutrição e Saúde.

Apenas em 2010, o pro-jeto atendeu mais de 4.100 pessoas, sendo 2.700 crian-ças e adolescentes que tive-ram seu estado nutricional avaliado – representando 100% do contingente aten-dido nos Bancos de Porto Alegre e do Vale dos Sinos –, 230 cozinheiras das ins-tituições capacitadas em boas práticas para manipu-lação de alimentos, e 1.230

pessoas, entre crianças, adolescentes, pais e educa-dores, que participaram diretamente de atividades de educação alimentar, 122 palestras, e capacitações e oficinas relacionadas à educação em saúde e nutri-ção. O Nutrindo o Amanhã realiza ainda a identifica-ção de problemas gerais de saúde, considerando a hi-giene ambiental e pessoal, a saúde bucal, prevalência de infestações nas instituições e executa a avaliação dos pontos críticos e o planejamento e execução de propostas de intervenção.

Além do impacto sobre a transformação da realida-de das entidades atendidas pelos Bancos de Alimen-tos, outro ponto positivo é como o projeto reflete e auxilia no aprendizado dos acadêmicos que partici-pam. “É uma via de duas mãos. Eles nos ajudam no trabalho nas escolas, e também aprendem e agregam muito para a sua formação”, explica uma das coorde-nadoras técnicas do projeto, a nutricionista Mariana Lopes de Brito.

É por meio de projetos como Nutrindo o Amanhã, que também utiliza a ludicidade recreativa como fer-ramenta de educação, que inúmeras crianças, adoles-centes e a sociedade em geral estão se beneficiando e mudando o seu panorama social.

Conheça um dos projetos do Banco de Alimentos que promove a saúde de crianças e adolescentes

Page 19: Fazer Bem

Vanguarda nas práticas sociais na indústria

A carreira do gaúcho Tito Lívio Goron, engenheiro

mecânico eletricista e advogado de formação, é com-

posta por uma vasta e invejável lista de incursões pe-

las mais variadas áreas. Escutar o atual presidente do

Banco de Resíduos da Fundação Gaúcha dos Bancos

Sociais contar com paixão a sua multifacetada jorna-

da entusiasma e inspira qualquer ouvinte.

Com uma sólida experiência de 35 anos em ad-

ministração industrial, Tito Lívio Goron esteve ligado

à indústria automotiva até 1998 como Diretor Vice-

Presidente de Recursos Humanos, Finanças, Adminis-

tração, Qualidade e Educação da Dana-Albarus S/A,

onde iniciou carreira no ano de 1963. De perfil curio-

so e diversificado, percorreu várias áreas na empresa

e lá começou a traçar suas primeiras iniciativas ligadas

à responsabilidade social e trabalhista. “Junto com

empresas como a Gerdau e outras, a Dana-Albarus

foi uma das pioneiras no meio empresarial, a partir

de 1975, na implantação de práticas sociais voltadas

a seus colaboradores e à comunidade. Na época, co-

meçava a haver o amadurecimento do empresariado

quanto à percepção de que responsabilidade social

não era só dever do estado. O empreendedor estava

assumindo a sua parte”, conta. O internacionalismo da

Dana-Albarus por si só já gerava maior abertura para

novas concepções quanto aos problemas sociais e à

adoção de políticas que beneficiassem os trabalhado-

res da empresa. “Não tínhamos greve, por exemplo,

em função das boas relações que mantínhamos com

nossos funcionários e com os sindicatos. Recebíamos

os colaboradores para conversar, dialogar”, ele relem-

bra. Sua gestão também contemplava a operação de

projetos sociais, como os ligados a então comunidade

próxima à empresa, em Porto Alegre, onde auxilia-

vam escolas, creches, igrejas e outras entidades. Em

1999, Goron ainda

exerceu a função de

Vice-Presidente Cor-

porativo do Grupo

Medabil.

Membro de Di-

retoria da FIEGRS/

CIERGS por mais de

20 anos e Diretor e

Vice-Presidente do

SINMETAL no mes-

mo período (1998-

2000), Tito Lívio Go-

ron atuou fortemente

como agente de diá-

logo. Foi, e é até hoje, um articulador entre federa-

ções, sindicatos e o meio empresarial, com ênfase no

desenvolvimento da sociedade a partir do fomento

das frentes do trabalho, da educação e da tecnologia.

Em prol do desenvolvimento educacional, inclusive,

sempre manteve forte atuação. Presidiu o CIEE-RS e

foi membro do Conselho do Ensino e de Pesquisa da

UFRGS, representando a indústria. Em 1985, também

esteve à frente do Lyons Club Floresta, e desde 2000

é membro do GEELPA (Grupo de Empreendedores

Evangélicos Luteranos de Porto Alegre), presidindo a

entidade desde 2002.

Sempre movido a desafios, atualmente é sócio da

Regner & Goron Assessoria Empresarial e, como pre-

sidente do Banco de Resíduos da FGBS, lidera uma

equipe de voluntários que trabalha com o objetivo

de criar ações estratégicas para a redução, reutiliza-

ção e reciclagem dos resíduos industriais em benefí-

cio do meio ambiente, da geração de empregos e do

desenvolvimento sócio-econômico do RS.

Tito Lívio Goron

alimentação, informação e solidariedade19perfil Social

Page 20: Fazer Bem

20 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulBancos Sociais

Heitor José Müller é empossado Presidente do Conselho de Curadores da FGBS

Bancos Sociais são apresentados em Seminário no México

A Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais (FGBS) reuniu em dezembro, na FIERGS, o seu Conselho de Curadores para dar posse ao Presidente do Sistema FIERGS, Heitor José Müller, como Presidente do Conselho de Curadores da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais. O Presidente ressaltou a importância da transparência com que atua a FGBS, e elogiou o recente prêmio conquistado pelos Bancos Sociais, concedido pela Fundação Rio-Grandense de Fundações e Ministério Público, na Categoria Excelência em Gestão.

O Coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS, Jorge Luiz Buneder, e a Sra. Nilsa Maria Müller receberam, em setembro, a Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Sofia Cavedon, e vereadores que vieram conhecer as instalações e o trabalho realizado pelos 14 Bancos Sociais. Na ocasião, também foi discutida a criação do Banco de Alimentos de Montenegro, que contará com o apoio das forças locais, e clubes de Lions e Rotary.

Em outubro, o Diretor Superintendente da FGBS, Paulo Renê Bernhard, apresentou os Bancos Sociais no Seminário Responsabilidad Social y PYMES, pro-movido pelo Al-Invest, no México. Ele falou sobre a metodologia, as conquistas já alcançadas no Brasil e a possibilidade do projeto ser replicado na Comuni-dade Comum Européia e América Latina (AL). O Se-minário se apresentou como uma oportunidade de definir estratégias para alcançar, de forma conjunta, os objetivos da Al-Invest, programa de cooperação econômica de apoio à internacionalização de peque-nas e médias empresas da AL.

Posse

Internacional

Jorge Luiz Buneder e Nilsa maria müller recebem Sofia Cavedon nos Bancos Sociais

Encontro

Page 21: Fazer Bem

alimentação, informação e solidariedade21Bancos Sociais

Susepe e Banco de Livros firmam acordo para instalação de bibliotecas nos presídios

Cetrel é apresentada em reunião do Banco de Resíduos

FGBS em prol do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente

Sesi Nacional nos Bancos Sociais da FIERGS

A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Funda-ção Gaúcha de Bancos Sociais, através do Banco de Livros, firmaram termo de cooperação técnica que prevê a doação de livros e instalação de salas de leitura nas 96 unidades prisionais do RS. Pelo acordo, será implantado o projeto Passaporte para o Futuro, que tem como objetivo promover o acesso à informação e à leitura aos apenados. Conforme o presidente do Banco de Livros, Waldir da Silveira, está sendo elaborado um cronograma de at endimento a casas prisionais, e a distribuição do acervo será proporcional a cada população carcerária.

Em outubro, o Banco de Resíduos realizou reunião para apresentar o case da Cetrel, e mostrar o interes-se da empresa em implantar no Rio Grande do Sul uma indústria de pro-cessamento de resíduos eletrônicos. O presidente da organização, Ale-xandre Machado, palestrou sobre as soluções ambientais da empresa para o setor industrial brasileiro. Controlada pela BRASKEM, a Cetrel desenvolve produtos sustentáveis para viabilizar o reaproveitamento de resíduos da cadeia de produção de plástico.

A Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, por intermédio do Banco de Projetos Co-munitários, irá realizar reuniões mensais na FIERGS com a equipe do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre para organizar estratégias que contribuirão com os projetos do Fórum. O acerto foi definido em reunião entre o Diretor Superintendente dos Bancos Sociais, Paulo Renê Bernhard, a Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Sofia Cavedon, e o Presidente do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre, Joel Lovatto.

O Diretor Superintendente da Confederação Na-cional da Indústria (CNI), Carlos Henrique Ramos Fonseca, reuniu-se em outubro com o Coordena-dor do Conselho de Cidadania da FIERGS, Jorge Luiz Buneder, e o Diretor Superintende da FGBS,

Paulo Renê Bernhard, para iniciar a implantação dos Bancos Sociais nas 27 Federações de Indústrias do país. Na reunião, foram tratados diversos assun-tos com a finalidade de alinhar a sistemática de re-plicação do projeto.

Livros Resíduos

Contribuição

Expansão

Page 22: Fazer Bem

22 A revista da Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do SulEspecial

IV Encontro dos Bancos de Alimentos

A Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul realizou em outubro passado o IV Encontro de Bancos de Alimentos e o I Encontro Estadual de Núcle-os Bancos de Alimentos, na FIERGS, em Porto Alegre. Durante um dia, dirigentes de Bancos de Alimentos e Núcleos Bancos de Alimentos, empresários, Clubes de Serviços (Rotary e Lions), escoteiros, universitários e convidados assistiram às palestras da Rede de Bancos de Alimentos e trocaram experiências. O encontro teve o objetivo de alinhar as metodologias da Rede com os Bancos de Alimentos e Núcleos associados, além de disponibilizar informações para facilitar o dia a dia das instituições. De acordo com o Presidente do Sistema FIERGS, Heitor José Müller, que abriu oficialmente o evento, a quarta edição do encontro “consolida o êxito da visão de responsabilidade social da indústria gaú-cha, de criar estruturas que transformam o desperdício em benefício às comunidades carentes”. Nas palestras que ocorreram ao longo do dia, foram tratados temas como Normas e Procedimentos de Segurança Alimen-tar, Captação de Recursos, Mantenedores, Parceiros Estratégicos e Doadores, e a Logística dos Bancos de Alimentos, coordenada pelo SETCERGS. Também foi

apresentado o Projeto de Combate ao Desperdício e à Fome da Rede, em parceria com o Walmart Brasil. O Coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS, Jorge Luiz Buneder, descreveu as iniciativas da Rede de Bancos de Alimentos, as metas superadas com a distribuição de 16 milhões de quilos de alimentos, e a parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que levará a metodologia dos Bancos Sociais para todo o Brasil. O evento contou ainda com a apre-sentação dos cases dos Bancos de Caxias do Sul, Cruz Alta, Gravataí e Rio de Janeiro, realizadas pelos respec-tivos presidentes.

O Presidente da Rede de Bancos de Alimentos, Paulo Renê Bernhard, destacou a sinergia gerada pe-los Bancos de Alimentos. “Os objetivos dos Bancos de Alimentos de combater a fome e levar esperan-ça à população vêm arregimentando e integrando a sociedade em torno de um bem comum”, disse. No encontro, também ocorreu o lançamento da primeira edição da revista Fazer Bem, que tem a função de integrar os Bancos de Alimentos, Núcleos, comuni-dade empresarial e a sociedade em geral em prol da responsabilidade social.

Evento reuniu integrantes de toda a Rede em Porto Alegre

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