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FÁBIO BARROS SILVA Fenologia, produtividade e reação de cultivares de soja a Antracnose (Colletotrichum truncatum) e Mancha alvo (Corynespora cassiicola) em Sinop/MT SINOP MATO GROSSO – BRASIL Novembro/2016

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FÁBIO BARROS SILVA

Fenologia, produtividade e reação de cultivares de soja a

Antracnose ( Colletotrichum truncatum) e Mancha alvo

(Corynespora cassiicola) em Sinop/MT

SINOP

MATO GROSSO – BRASIL

Novembro/2016

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FÁBIO BARROS SILVA

Fenologia, produtividade e reação de cultivares de soja a

Antracnose ( Colletotrichum truncatum) e Mancha alvo

(Corynespora cassiicola) em Sinop/MT

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado ao Curso de Agronomia do

ICAA/CUS/UFMT, como parte dasexigências

para a obtenção do Grau de Bacharel em

Agronomia.

SINOP

MATO GROSSO – BRASIL

Novembro/2016

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à Deus pela graça da vida.

A minha família por todo o apoio, paciência e incentivo nessa minha jornada.

À minha noiva Fabíola Duarte pela paciência, amor e carinho.

A todos os professores da Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT, Campus Sinop,

pela dedicação em ensinar; pelos esclarecimentos e conhecimentos ofertados ao longo do

curso.

Agradeço em especial à Prof ª. Dr ª. Solange Maria Bonaldo pela orientação, oportunidade,

paciência, incentivo, disponibilidade e profissionalismo.

Agradeço a parceria da Embrapa Agrossilvipastoril (EMBRAPA MT), pelo apoio na

realização do experimento.

Aos colegas Jhonathan Todescatto Marques de Oliveira, Morenci Elson Dos Santos Ecco,

Thiago Marchezini Lopes e Cristiano Itacir de Campos pela condução do experimento e

coleta dos dados.

Meus mais sinceros agradecimentos a todos. Obrigado!

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SUMÁRIO

RESUMO E PALAVRAS-CHAVES........................... .........................................7

ABSTRACT E KEYWORDS................................ ...............................................8

1. INTRODUÇÃO................................................................................................9

2. REFERENCIAL TEÓRICO............................. ...............................................11

2.1. A cultura da soja.........................................................................................11

2.2. Estádios fenológicos...................................................................................11

2.3. Produção de soja na região....................................................................................14

2.4. Doenças da cultura da soja.......................................................................15

2.4.1. Antracnose..............................................................................................17

2.4.2. Mancha alvo............................................................................................19

3. MATERIAIS E MÉTODOS............................. ............................................... 22

3.1. Local de realização do experimento..........................................................22

3.2. Tratamento de sementes ......................................................................... 23

3.2.1. Semeadura e cultivares utilizadas ..........................................................23

3.2.2. Manejo da cultura................................................................................... 23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................... ......................................... 28

4.1. Estádios fenológicos nas diferentes cultivares......................................... 28

4.2. Avaliação do desenvolvimento de doenças nas cultivares de soja

convencional..................................................................................................................31

4.3. Produtividade das cultivares......................................................................36

5. CONCLUSÕES.............................................................................................40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................... .......................................41

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RESUMO

Dentre as várias doenças da cultura da soja, algumas tem se destacado na região Norte do

estado do Mato Grosso, como a antracnose (Colletotrichum truncatum) e a mancha alvo

(Corynespora cassiicola). O trabalho avaliou o desenvolvimento de dezenove cultivares de

soja convencionais em diferentes épocas de semeadura, a severidade de antracnose e

mancha alvo, as principais características das cultivares e suas respectivas produtividades.

As cultivares de soja analisadas foram: BRS (217) Flora; BRSGO 7960; BRSMG Vencedora;

BRSMG 810 C; BRS 752 S; BRS 252 (Serena); BRS Jiripoca; BRSGO 8360; BRSGO

Chapadões; MG/BR-46 Conquista; BRS Raimunda; BRSGO Jataí; BRS Gralha; BRS Pétala;

BRS 7560; BRS Aurora; BRS 8660; BRSGO Luziânia e Msoy 8866. Todas foram plantadas

em duas épocas diferentes, (24/10 – 1° época, e 15/11 – 2° época). As cultivares menos

suscetíveis a mancha alvo foram BRS 252 (Serena); BRS Raimunda; MG/BR-46 Conquista;

BRS (217) Flora; BRSGO 8360; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; BRS Gralha; MSOY 8866;

BRSMG Vencedora; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560, plantadas em 1º época. Em 2°

época, as cultivares com maior resistência foram: BRS Pétala; BRSGO 7960; BRSMG 810

C; MSOY 8866; BRSMG Vencedora; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560. Em relação à

antracnose, as cultivares que apresentaram maior resistência foram: BRSMG 810C, BRS

752 S, MSOY 8866 e BRS (217) Flora, semeadas em 1° época; para a 2° época as

cultivares BRSGO Luziânia, BRS Raimunda e BRS 752 S, foram as que apresentaram

maior resistência. As cultivares BRSGO 7960, BRSGO 8660 e BRS Luziânia apresentaram

as maiores produtividades na 1° época de semeadura, sendo que na 2° época as cultivares

BRSGO 8360; BRSMG 752 S; BRS 252 (Serena); BRSGO Jataí; BRS Aurora e BRS Pétala,

foram as que mais produziram.

Palavras-chave: Avaliação, resistência, semeadura, severidade.

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ABSTRACT

Among the various diseases of soybean crop, some have been highlighted in the northern

region of the state of Mato Grosso, such as anthracnose (Colletotrichum truncatum) and the

target spot (Corynespora cassiicola). The work evaluate the development of 19 cultivars of

conventional soybean at different sowing dates, assess the severity of anthracnose and

target spot and present the main characteristics of the cultivars. The soybean cultivars were

analyzed: BRS (217) Flora; BRSGO 7960; BRSMG winner; BRSMG 810 C; BRS 752 S; BRS

252 (Serena); BRS Jiripoca; BRSGO 8360; BRSGO Chapadões; MG/BR-46 Conquest; BRS

Raimunda; BRSGO Jatai; BRS Gralha; BRS Petal; BRS 7560; BRS Aurora; BRS 8660;

BRSGO Luziânia and Msoy 8892. All were planted in two different seasons (24/10 – 1 st

season, and 15/11 – 2 st season). The cultivars less susceptible to target spot were BRS 252

(Serena); BRS Raimunda; MG/BR-46 Conquest; BRS (217) Flora; BRSGO 8360; BRSGO

7960; BRSMG 810 C; BRS Gralha; Msoy 8892; BRSMG winner; BRS Jiripoca; BRS 752 S

and BRS 7560, planted in 1st season. In 2 season, the cultivars with greater resistance were:

BRS Petal; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; Msoy 8892; BRSMG Conquista; BRS Jiripoca;

BRS 752 S and BRS 7560. In relation to anthracnose, the cultivars which presented the

greatest resistance were: BRSMG 810C, BRS 752 S, Msoy 8892 and BRS (217) Flora, sown

in 1 st season; for the 2 st season cultivars BRSGO Luziânia, BRS Raimunda and BRS 752

S, were the ones that showed greater resistance. The cultivars BRSGO 7960, Brsgo 8660

and BRS Luziânia presented the highest yield in 1° of sowing season, being that in 2 st

season cultivars BRSGO 8360; BRSMG 752 S; BRS 252 (Serena); BRSGO Jatai; BRS

Aurora and BRS Petal, were those that most produced.

Keywords: Evaluation, resistance, seeding, severity.

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1. INTRODUÇÃO

A soja (Glycine max L.), pertence à classe Magnoliopsida (dicotiledôneas), ordem

Fabales, família Fabaceae (leguminosa), subfamília Faboideae, e gênero Glycine, tem

como centro de origem a China e, deste país, se expandiu para outras partes da Ásia e

posteriormente, foi disseminada para a América do Norte, Europa e América do Sul

(SILVA, 2013).

É uma planta de metabolismo fotossintético C3, sua morfologia é caracterizada por

raiz pivotante, caule herbáceo e folha trifoliolada. Possui ciclo anual, apresentando grande

capacidade adaptativa e diversos ecossistemas, o que facilitou a sua disseminação de

cultivo para outras regiões agricultáveis do mundo (EMBRAPA, 2000; SILVA, 2013).

No Brasil a primeira referência de plantio da soja ocorreu no ano de 1882, na Bahia.

Com o passar do tempo, a cultura passou a adquirir importância econômica no país,

inicialmente na região Sul, sendo suas primeiras observações registradas por Gustavo

Dutra. Após anos, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), também observou o

promissor potencial da cultura não só para a região Sul, mas também, para outras regiões

do Brasil (GOMES, 1986).

O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de soja (G. max L.) em grãos,

farelo e óleo. Assim, a cultura da soja é de grande importância econômica para o país, pois

está entre as principais culturas plantadas (EMBRAPA, 2013).Em relação à economia

gerada, a produção de soja agrega valores, sendo a maioria, resultantes em exportação.

Desta forma, a cultura da soja é alvo de estudos que priorizem maximizar a quantidade e a

qualidade dos grãos (SAMORA, 2014).

Plantas de soja podem ter sua produtividade afetada por diversos microrganismos,

causando relevantes perdas se não houver um sistema de manejo adequado. Cerca de 40

doenças, constatadas no Brasil, são responsáveis por causarem danos à cultura da soja,

agregando agentes patogênicos tais como fungos, bactérias, vírus e nematoides

(EMBRAPA, 2004).

A maioria das doenças encontradas nas lavouras, normalmente são causadas por

fungos que geralmente vêm das sementes contaminadas. Não podemos esquecer também

da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) que tem um grande poder destrutivo em todo

o ciclo da planta. Porém, outras doenças fúngicas, como a antracnose (Colletotrichum

truncatum), o cancro da haste (Diaporthe phaseolorum var. meridionalis) a mancha olho-

de-rã (Cercospora sojina) e a mancha alvo (Corynespora cassiicola) merecem atenção,

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pois a ocorrência destas é cada vez mais frequente nos campos de produção, ocasionando

danos econômicos consideráveis (KIMATI et al., 2005).

Existem formas de controlar as doenças na cultura com aplicações de produtos

químicos e tratos culturais, sempre observandose a planta está bem nutrida, pois é um dos

fatores que colaboram com o seu bom desenvolvimento; sendo assim, mais tolerantes a

patógenos. A nutrição equilibrada pode contribuir para reduzir a severidade da doença e o

número de pulverizações com fungicidas (LIMA et al., 2010).

Para fornecer informações aos produtores de soja e identificar fontes de resistência,

faz-se necessário obter conhecimento sobre a reação das cultivares de soja a diversas

doenças que possam afetar diretamente a sua produtividade.

Portanto, o trabalho avaliou os estádios fenológicos de dezenove cultivares de soja

convencional, em diferentes épocas de semeadura; apresentou as principais características

das cultivares; avaliou a severidade de antracnose (Colletotrichum truncatum) e mancha

alvo (Corynespora cassiicola) em cultivares de soja na região de Sinop/MT e suas

respectivas produtividades.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. A cultura da Soja

A soja (G.max) é considerada por muitos como a rainha das leguminosas e teve sua

origem mais provável no sudeste asiático. No Brasil ao que tudo indica, foi introduzida pelo

engenheiro agrônomo Gustavo Dutra, professor da Escola de Agronomia da Bahia,

realizando os primeiros testes com cultivares advindas dos Estados Unidos (GOMES, 1986).

Sendo uma das principais culturas da atualidade, a soja apresenta uma excelente

capacidade de produzir grandes quantidades de proteínas que podem ser utilizadas na

alimentação animal e para o consumo humano na forma de óleo (FEDERIZZI, 2013).

A soja é uma planta de ciclo anual e, seu desenvolvimento se dá em clima quente e

úmido, a mesma pode variar em estatura dependendo das condições oferecidas pelo

ambiente, sendo que, para evitar acamamento, o ideal é uma estatura entre 60 e 110 cm. É

considerada, uma planta de dia curto, por responder a duração do dia, ou seja, ao

fotoperíodo (MONTEIRO et al., 2005).

Quanto ao seu hábito de crescimento, pode apresentar distintas características,

dependendo da variedade, onde o mesmo pode ser determinado, semi determinado e

indeterminado. O crescimento determinado tem por característica o crescimento

primeiramente vegetativo da planta para depois iniciar o período reprodutivo, com a floração

ocorrendo praticamente ao mesmo tempo em toda a planta, estabilizando o crescimento. O

ciclo indeterminado tem por característica o desenvolvimento de estruturas reprodutivas,

conjuntamente com estruturas vegetativas, ou seja, a floração ocorre quando a planta ainda

esta em crescimento, mas mesmo assim a maturação no final de ciclo é praticamente

uniforme. Plantas de ciclo sem determinado podem apresentar características dos dois

hábitos de crescimento citados anteriormente (BONATO, 2000).

De todos os fatores envolvidos na produção agrícola, o de mais difícil controle é o

clima, que pode ser decisivo na produtividade da soja. A cultura é fortemente afetada pelo

fotoperíodo, disponibilidade hídrica e temperatura. O estresse hídrico na germinação e

estabelecimento, bem como no enchimento de grãos da cultura, afeta negativamente a

produtividade. A faixa ideal para um bom desenvolvimento da cultura situa-se entre 20°C e

30°C. O fotoperíodo ideal fica próximo de 13 a 14 horas, mas deve-se considerar que há

variação entre cultivares (MONTEIRO et al., 2005).

2.2. Estádios fenológicos

As condições proporcionadas pela variação dos elementos meteorológicos são

dependentes da região, do tipo de solo, da época de semeadura e do ciclo da cultura.

Assim, a descrição da fenologia da soja permite identificar e agrupar os estádios de

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desenvolvimento da cultura e relacioná-los com suas necessidades específicas, no decorrer

do ciclo (FARIAS et al., 2007).

O uso de uma linguagem unificada na descrição dos estádios de desenvolvimento

agiliza o seu entendimento porque facilita a comunicação entre os diversos públicos

envolvidos com a soja. Portanto, a metodologia de descrição dos estádios de

desenvolvimento deve apresentar uma terminologia única, ser objetiva, precisa e universal,

ser capaz de descrever um único indivíduo ou uma lavoura inteira e ser capaz de descrever

qualquer cultivar. A descrição dos estádios de desenvolvimento de Fehr e Caviness (1977) é

a mais utilizada no mundo inteiro por apresentar todas essas características (FARIAS et al.,

2007).

A classificação dos estádios de desenvolvimento da soja, proposta por Fehr e

Caviness (1977), identifica precisamente o estádio de desenvolvimento em que se encontra

uma planta ou uma lavoura de soja. A exatidão na identificação dos estádios não só é útil,

mas absolutamente necessária para pesquisadores, agentes das assistências técnicas

públicas e privadas, extensionistas e produtores, pois facilita as comunicações orais e

escritas, uniformizando a linguagem e eliminando as interpretações subjetivas porventura

existentes entre esses públicos (FARIAS et al., 2007).

O sistema que representa o desenvolvimento da soja é dividido em duas fases: Os

estádios vegetativos são designados pela letra V (Tabela 1) e os reprodutivos pela letra R

(Tabela 2). As subdivisões da fase vegetativa são designadas numericamente como V1, V2,

V3, até Vn, menos os dois primeiros estádios que são designados como VE (emergência) e

VC (estádio de cotilédone). O último estádio vegetativo é designado como Vn, onde “n”

representa o número do último nó vegetativo formado por um cultivar específico. A fase

reprodutiva apresenta oito subdivisões ou estádios, cujas representações numéricas e

respectivos nomes são apresentados na Tabela 2 (NEUMAIER et al., 2007).

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Tabela 1. Descrição sumária dos estádios de desenvolvimento da soja.

Estádio Denominação Descrição

VE Emergência Cotilédones acima da superfície do solo.

VC Cotilédone Cotilédones completamente abertos.

V1 Primeiro nó Folhas unifolioladas completamente desenvolvidas.

V2 Segundo nó Primeira folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V3 Terceiro nó Segunda folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V4 Quarto nó Terceira folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V5 Quinto nó Quarta folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V6 Sexto nó Quinta folha trifoliolada completamente desenvolvida.

V... ... ...

Vn Enésimo nó Ante-enésima folha trifoliolada completamente desenvolvida.

FONTE: FARIAS et al. (2007).

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Tabela 2. Descrição sumária dos estádios reprodutivos da soja. Estádio Denominação Descrição

R1 Início do florescimento Uma flor aberta em qualquer nó do

caule (haste principal).

R2 Florescimento pleno

Uma flor aberta num dos 2 últimos nós do caule com folha completamente

desenvolvida.

R3 Início da formação da vagem

Vagem com 5 mm de comprimento num dos 4 últimos nós do caule com folha

completamente desenvolvida.

R4 Vagem completamente desenvolvida

Vagem com 2 cm de comprimento num dos 4 últimos nós do caule com folha

completamente desenvolvida.

R5 Início do enchimento do grão

Grão com 3 mm de comprimento em vagem num dos 4 últimos nós do caule, com

folha completamente desenvolvida.

R6 Grão cheio ou Completo

Vagem contendo grãos verdes preenchendo as cavidades da vagem de um

dos 4 últimos nós do caule, com folha completamente desenvolvida.

R7 Início da maturação Uma vagem normal no caule com

coloração de madura.

R8 Maturação plena 95% das vagens com coloração de madura.

FONTE: FARIAS et al. (2007). Obs: Caule significa a haste principal da planta; Últimos nós se referem aos últimos nós superiores; Uma folha é considerada completamente desenvolvida quando os bordos dos trifólios da folha seguinte (acima) não mais se tocam.

2.3. Produção de soja na região

Inserida na produção agrícola brasileira nos primeiros anos do século XX, através

das mãos de imigrantes japoneses, a soja adaptou-se perfeitamente às condições climáticas

e ao solo brasileiro. A expansão da produção desta oleaginosa se deu com o investimento

em pesquisas promovidas por empresas estatais e iniciativas privadas a partir da década de

1970, especialmente com a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) (SILVA et al., 2005).

Os solos da Região Centro-Oeste, até então considerados inadequados para o

cultivo, passaram então a atrair a atenção dos pesquisadores, vislumbrando a possibilidade

de expansão das fronteiras agrícolas para regiões ainda não aproveitadas em sua plenitude.

A partir destes estudos foram elaboradas novas práticas de cultivo, manejo do solo,

Page 15: FÁBIO BARROS SILVA

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aplicação de fertilizantes e defensivos e o melhoramento de cultivares buscando o aumento

da produtividade (SILVA et al., 2005).

A cultura da soja atingiu 134 anos de presença no Brasil em 2016. Segundo Freitas

(2011), a exploração da oleaginosa iniciou-se no sul do país e hoje, é encontrada nos mais

diferentes ambientes, retratado pelo avanço do cultivo em áreas de Cerrado. Nos anos 80, a

soja liderou a implantação de uma nova civilização no Brasil Central (principalmente nos

estados de Goiás e Mato Grosso), levando o progresso e o desenvolvimento para regiões

despovoadas e desvalorizadas.

A introdução da soja para além dos estados da região Sul só foi possível devido ao

desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima mais quente. A adoção da técnica do

plantio direto também contribuiu para a inserção do grão na agricultura das regiões Centro-

Oeste, Nordeste e Norte. O fato de que a soja permite a fixação no solo de nutrientes

essenciais para o plantio de outras culturas, como o feijão e o milho, foi um aspecto positivo

para sua expansão no Brasil, pois permitiu a adoção de uma entressafra produtiva

(FREITAS, 2011).

A cada ano que passa a produção de soja vem crescendo cada vez mais, segundo o

levantamento da safra brasileira de grãos 2015/16, divulgado pela Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB), as colheitas alcançaram a produção de 95,631 milhões de

toneladas em 33,177 milhões de hectares cultivados. A produtividade média da soja

brasileira na safra 15/16, foi de 2.882 kg por hectare. Na safra 2016/17 a soja pode vir a

bater um novo recorde de produção no Brasil, a projeção para a cultura é de crescimento de

6,5 a 8,5% na produção, podendo atingir 103,5 milhões de toneladas (CONAB, 2016).

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos EUA. Sendo

que, o estado do Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, e na safra 15/16

alcançou uma produção de 26,058 milhões de toneladas em 9,140 milhões de hectares

cultivados. Com uma produção média de 2,851 kg/ha (CONAB, 2016).

2.4. Doenças na cultura da soja

Dentre as diversas doenças capazes de acometer e comprometer a produção da

cultura da sojaestão aquelas causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus. Algumas

dessas doenças podem causar danos irreparáveis à cultura, comprometendo os resultados

de produção, qualidade de grãos e produtividade (EMBRAPA, 2004).

A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para

região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção

por doenças são estimadas em torno de 15% a 20%, sendo que algumas perdas podem

chegar a 100% (EMBRAPA, 2008).

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A maioria dos patógenos é transmitida, externa e/ou internamente, através da

semente. Portanto é importante, o uso de sementes certificadas, oriundas de lavouras

sadias e o tratamento adequadamente com fungicidas apropriados é essencial para a

prevenção e/ou redução de perdas por doenças (EMBRAPA, 2008).

Entre as doenças fúngicas que atacam a cultura da soja no centro-oeste destacam-

se: a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), a antracnose (Colletotrichum truncatum),

cancro da haste (Diaporthe phaseolorum sp. meridionalis), a podridão branca da haste

(Sclerotinia sclerotiorum), a podridão vermelha da raiz (Fusarium solani) e a mancha alvo

(Corynespora cassiicola) (VIDOR et al., 2003). No Mato Grosso a predominância de

elevadas temperaturas e umidade, vem chamando a atenção dos produtores com as

doenças mancha alvo (Corynespora cassiicola) e antracnose (Colletotrichum truncatum),

pois aqui é um cenário ideal para o seu desenvolvimento.

Outros exemplos de doenças que atacam a cultura da soja são:

- Pústula Bacteriana, causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis, pode ocorrer

em todas as regiões produtoras de soja. As condições ideais ao seu desenvolvimento são

alta umidade e alta temperatura, de 28 a 30°C.Os sintomas podem aparecer em toda parte

aérea, mas são mais comuns nas folhas, no período do florescimento. Sementes produzidas

por plantas afetadas por essa doença podem ser menores, mais leves e transmitir a

bactéria. A maioria das cultivares em uso apresenta resistência genética à bactéria. Assim,

não se tem relatos de grandes perdas por essa doença (FUMIKO, 2013).

- Mancha "Olho-de-Rã" – causada pelo fungo Cercospora sojina, ocorre

predominantemente em anos chuvosos e quentes, pois estas condições favorecem a

produção de esporos. O patógeno causa lesões em folhas, hastes, vagens e sementes. Os

sintomas primários são pontuações de até 5 mm de diâmetro, com um centro castanho-claro

e bordas amarronzadas na face adaxial das folhas. Na face abaxial as lesões apresentam

uma coloração acinzentada e com a evolução dos sintomas, pode haver a queda do tecido

no centro da lesão. Nas vagens, os sintomas observados são manchas circulares castanho-

escuras. Desenvolvem-se nas hastes manchas com formato elíptico ou alongado, de

coloração cinza com bordas castanho-avermelhadas (EMBRAPA, 2003).

- Oídio – causada pelo fungo Erysiphe difusa, é um parasita obrigatório que se

desenvolve em toda a parte aérea da soja, como folhas, hastes, pecíolos e vagens. O

sintoma é expresso pela presença do fungo nas partes atacadas e por uma cobertura

representada por uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que podem

ser pequenos pontos brancos ou cobrir toda a parte aérea da planta, com menor severidade

nas vagens. Nas folhas, com o passar dos dias, a coloração branca do fungo muda para

castanho-acinzentada. Sob condição de infecção severa, a cobertura de micélio e a

frutificação do fungo, além do dano direto ao tecido das plantas, diminui a fotossíntese. Nas

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folhas causam secas e a queda prematuramente destas. Na haste e nos pecíolos, as

estruturas do fungo adquirem coloração que varia de branca a bege, contrastando com a

epiderme da planta, que adquire coloração arroxeada a negra(EMBRAPA, 2010).

- Nematoide de Cisto – causada por Heterodera glycines é uma das principais pragas

da cultura pelos prejuízos que pode causar e pela facilidade de disseminação. Ele penetra

nas raízes da planta de soja e dificulta a absorção de água e nutrientes condicionando porte

e número de vagens reduzidas, clorose e baixa produtividade. Aparecem em reboleiras e,

em muitos casos, as plantas acabam morrendo. O sistema radicular fica reduzido e

infestado por minúsculas fêmeas do nematoide com formato de limão ligeiramente

alongado. Inicialmente de coloração branca, a fêmea, posteriormente, adquire a coloração

amarela. Após ser fertilizada pelo macho, cada fêmea produz de 100 a 250 ovos,

armazenando a maior parte deles em seu corpo. Quando a fêmea morre, seu corpo se

transforma em uma estrutura dura denominada cisto, de coloração marrom escura, cheia de

ovos, altamente resistente à deterioração e à dessecação e muito leve, que se desprende

da raiz e fica no solo (EMBRAPA, 2010).

-Nematoides de Galhas (Meloidogyne javanica), doença que se destaca pelos danos

causados a soja. Na região Central do Brasil o problema vem crescendo cada vez mais,

com severos danos em lavouras do Mato Grosso do Sul e Goiás. Nas áreas onde ocorrem,

observam-se manchas em reboleiras nas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas

e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas

ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha "carijó". Às vezes, pode não ocorrer

redução no tamanho das plantas, mas, por ocasião do florescimento, nota-se intenso

abortamento de vagens e amadurecimento prematuro das plantas atacadas. Em anos em

que acontecem "veranicos", na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a serem

maiores. Nas raízes das plantas atacadas observam-se galhas em números e tamanhos

variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da densidade populacional do

nematoide (EMBRAPA, 2010).

Dentre as várias doenças da cultura da soja, algumas tem se destacado na região

Norte do estado de Mato Grosso, dentre elas, a antracnose (Colletotrichum truncatum) e

Mancha alvo (Corynespora cassiicola), sendo estas, as que chamaram mais atenção no

trabalho realizado no campo. Portanto, foram monitoradas, quanto as suas reações nas

diferentes cultivares utilizadas nesse trabalho.

2.4.1. Antracnose (Colletotrichum truncatum)

A antracnose (Colletotrichum truncatum) está presente em todas as regiões onde

houve pelo menos um cultivo de soja. É uma das principais doenças na cultura em todas as

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18

fases de desenvolvimento, desde a fase de plântula até a fase inicial de formação das

vagens, constituindo-se em importante problema nos Cerrados (SOUZA, 2009).

De acordo com informações da Embrapa Soja (2004), a antracnose pode não só

causar alta redução do número de vagens e induzir a planta a retenção foliar e a haste

verde, mas, também infectar outras partes da planta, causando manchas castanho-escuras.

E em casos mais severos, a doença pode levar o agricultor a perda total da produção.

O fungo infecta ramos laterais, pecíolos e vagens em qualquer estádio de formação.

Nesses órgãos, os primeiros sintomas iniciam por um aspecto de encharcamento ou

anasarca. A parte afetada dobra-se, adquire uma coloração variando de cinza a negra,

devido ao desenvolvimento das estruturas de frutificação do fungo (acérvulos) e os trifólios

ficam pendentes ao longo da haste. Quando ataca as vagens, pode causar queda destas ou

deterioração dos grãos em colheitas atrasadas. As vagens infectadas nos estádios

fenológicos R3 a R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas.

Sementes infectadas apresentam manchas deprimidas de coloração castanho-escura. Em

períodos de alta umidade, as partes infectadas ficam cobertas por pontuações negras,

denominadas de acérvulos. A alta intensidade da antracnose nas lavouras dos Cerrados é

atribuída à maior precipitação e às altas temperaturas. Porém, outros fatores como o

excesso de população de plantas, cultivo contínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas

(35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e deficiências

nutricionais, principalmente de potássio, são também responsáveis pela maior incidência da

doença (GODOY et al., 2014).

Como combate a doença, medidas como rotação de culturas, aumento no

espaçamento entre linhas de produção (50 a 55 cm), números de plantas por hectare

correto (evitando a superpopulação), tratamento químico de sementes eficaz e manejo

adequado do solo devem ser adotadas (EMBRAPA, 2004).

Costa (2005) realizou um trabalho com o objetivo de determinar a reação de

cultivares de soja à antracnose, quando inoculadas nos estádios fenológicos V1/V2 e V5/V6.

As cultivares resistentes testadas foram “Anta 82” e “Msoy 8400”, as intermediárias

foram “BRS 154” e “CD 205” e, as suscetíveis foram “-Emgopa 316” e “Tabarana”. Três

isolados de C. truncatum foram obtidos a partir de plantas infectadas, coletadas em campo

nos municípios deJúlio de Castilhos e São Pedro do Sul, e o quarto isolado da Universidade

Federal de Pelotas no Rio Grande do Sul (COSTA, 2005).

Costa (2005) concluiu que para a reação genética de cultivares de soja, em função

da inoculação no estádio V5/V6, a análise da variância mostrou diferenças significativas

entre as cultivares, em função de cada isolado inoculado, mas, quando se levou em

consideração os diferentes isolados inoculados em cada cultivar, não houve diferença

significativa, ao nível de 5% de probabilidade. Estes resultados indicam que as cultivares

Page 19: FÁBIO BARROS SILVA

19

apresentaram diferentes graus de reação à infecção de cada isolado do fungo, sendo a

reação resistente maior naquelas cultivares que apresentaram resistência juvenil; porém,

todo o conjunto de cultivares apresentou reação resistente ou intermediária, de acordo com

a escala de avaliação. De uma maneira geral, os resultados mostraram que as cultivares

inoculadas em estádios fenológicos mais avançados apresentaram um índice de resistência

maior, não dependendo da condição da reação genética, quando inoculadas no estádio de

plântula.

Silva (2016) conduziu um experimento onde foi analisada a agressividade de 27

isolados de Colletotrichum ssp. em cultivares de soja, em duas etapas diferentes. Os

isolados foram inoculados em seis cultivares de soja: TMG 132 RR, TMG 1188 RR, TMG

1179 RR, MONSOY 9144 RR, MONSOY 8866 convencional e IPRO AGROESTE 3820 RR.

Todos os isolados foram coletados de plantas de soja que apresentavam sintomas de

antracnose, em diferentes cidades produtoras no estado de Mato Grosso.

Os resultados obtidos por Silva (2016), em relação à Área Abaixo da Curva de

Progresso da Severidade (AACPS), mostraram que houve diferença significativa entre os

isolados e as cultivares utilizadas.As cultivares 8866, 1179 e 9144 apresentaram elevada

AACPS. Para a cultivar 8866, dois dos 27 isolados utilizados não ocasionaram sintomas de

antracnose. Para a cultivar 1179, os sintomas não foram observados em quatro isolados. A

cultivar 9144 não apresentou sintomas da doença inoculada com três dos isolados

utilizados. A cultivar Agroeste 3820 IPRO apresentou maior resistência em relação as

demais cultivares utilizadas. As cultivares M-SOY 8866 convencional, TMG 1179 RR e M-

SOY 9144 RR apresentaram maiores sintomas da doença. Sendo essas cultivares as mais

utilizadas nos campos de produção, motivo pelo qual poderia explicar a diferença da

resistência das cultivares (SILVA, 2016).

2.4.2. Mancha Alvo (Corynespora cassiicola)

A mancha alvo da sojaé causada pelo fungo Corynespora cassiicola. O patógeno foi

identificado pela primeira vez nos EUA em 1945 com o nome de Helminthosporium vignae.

O fungo é amplamente encontrado no Brasil, em praticamente todas as áreas produtoras de

soja. É uma doença com vasta importância para a região do cerrado, onde sua presença é

muito frequente (HENNING et al., 2005).

A doença é caracterizada por lesões que se iniciam por pontuações pardas, com

halo amarelado, evoluindo para grandes manchas circulares, de coloração castanho claro a

castanho escuro, atingindo até 2 cm de diâmetro. Normalmente essas manchas apresentam

pontuações no centro e anéis concêntricos de coloração mais escura, advindo daí o nome

de mancha alvo. As variedades recomendadas apresentam boa resistência à infecção foliar

e a presença da doença só é notada nas folhas inferiores, ao final do ciclo da cultura.

Page 20: FÁBIO BARROS SILVA

20

Cultivares susceptíveis podem sofrer severas desfolhas com mancha na haste e nas vagens

(GODOY et al., 2014).

As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento desta doença são as altas

temperaturas e umidade. A podridão da raiz é favorecida em sistema de plantio direto, pois

o fungo sobrevive em restos culturais, sementes infectadas, ervas daninhas e em outros

hospedeiros suscetíveis. O fungo possui capacidade de produzir esporos nas duas faces

das folhas, mas são mais abundantes na face abaxial e o seu inóculo é disseminado pelo

vento, gotas de chuva e por sementes infectadas (GODOY et al., 2014).

Para o controle da doença recomenda-seo uso de cultivares resistentes, tratamento

de sementes, controle químico, rotação de culturas incluindo a adubação verde que pode

reduzir o potencial de inóculo de patógenos no solo, além de melhorar a estrutura do solo

(FUMIKO, 2013).

Segundo Teramoto (2013), cultivares de soja apresentam reações diferenciais frente

a isolados de C. cassiicola, quando observou maiores severidades de mancha alvo

nascultivares inoculadas com isolado SO03 proveniente de Sorriso, MT (2,80 a 11,57%),

Morrinhos (MO07) (2,10 a 6,70%) e de Rio Verde (RV01) (0,66 a 7,0%). A cultivar BRS 7960

dentre as cultivares, foi a mais resistente ao isolado RV01 e a cultivar M-SOY 8866 foi a

mais suscetível ao isolado SO03. Para isolado QU14, somente BRS Sambaíba foi menos

suscetível. Para isolado TF07, as cultivares BRS 8660, M-SOY 9144 RR, M-SOY 8866,

P98Y11, BRS 7960 e BRS Sambaíba foram consideradas resistentes. Para o isolado MA01,

todas as cultivares foram consideradas resistentes. Nas cultivares BRSGO 8360, M-SOY

9144 RR e a P98Y11 ocorreu maior severidade de mancha alvo quando inoculadas com o

isolado SO03 proveniente de Sorriso. A cultivar M-SOY 7908 RR apresentou alta severidade

quando inoculada com os isolados RV01 e SO03. A cultivar BMX Potência RR apresentou

alta severidade quando inoculada com os isolados provenientes de Sorriso (SO03), Tasso

Fragoso (TF07) e Morrinhos (MO07). De acordo com a classificação de resistência à

mancha-alvo apresentada pela Embrapa Soja, somente a cultivar M-SOY 7908 RR é

classificada como medianamente resistente (MR) e as demais são todas resistentes, quando

inoculadas com isolado RV01. Para isolado SO03, as cultivares M-SOY 7908 RR, M-SOY

9144 RR, P98Y11 e BMX Potência RR são medianamente resistentes. Todas as cultivares

inoculadas com isolados QU14 e MA01 foram classificadas como resistentes. Apenas a

cultivar BMX Potência RR foi considerada medianamente suscetível, quando inoculada com

isolados TF07 e MO07.

As cultivares mais suscetíveis em campo foram a BRSGO 8360 e a BRS Tracajá. As

cultivares medianamente suscetíveis foram a BRSGO 7960, BRSGO 8660, BRS Valiosa

RR, BRS Sambaíba, M-SOY 9144 RR, P98Y11 e a Anta 82 RR, e as menos suscetíveis a

M-SOY 8866, M-SOY 7908 RR e a BMX Potência RR (TERAMOTO, 2013).

Page 21: FÁBIO BARROS SILVA

21

Na região de Sorriso e Sinop (Estado do Mato Grosso) as cultivares Anta 82 RR, M–

SOY 7908 RR e BRS Valiosa RR comportaram-se como resistentes a C. cassiicola,

apresentando severidade inferior a 3%. Segundo os autores, as cultivares Anta 82 RR

apresentou severidade de 5,5% e a BRS Valiosa RR de 8%, ambas consideradas

medianamente resistentes (MIGUEL-WRUK et al., 2011).

Page 22: FÁBIO BARROS SILVA

22

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Local de realização do experimento

O presente trabalho foi desenvolvido na Vitrine Tecnológica da Embrapa

Agrossilvipastoril (EMBRAPA MT) (Figura 1).

Figura 1. Vista da Vitrine Tecnológica da Embrapa Agrossilvipastoril (EMBRAPA MT). Sinop/MT.

Page 23: FÁBIO BARROS SILVA

23

3.2. Tratamento de sementes

Para realização do tratamento de sementes, utilizaram-seos mesmos produtos tanto

para as cultivares que foram semeadas em 1o época e 2o época. As sementes foram

tratadas com Standak® Top (Piraclostrobina + Tiofanato Metílico + Fipronil) do grupo das

estrobilurinas, benzimidazol e pirazol (dose: 100mL p.c./ha), Cruiser® e CoMo, mais

Inoculante.

3.2.1. Semeadura e cultivares utilizadas

A semeadura das cultivares da 1o época foi realizada no dia 24 de Outubro de 2010, e

2o época realizada no dia 15 de Novembro de 2010.

Foi realizada adubação no sulco de plantio, com dosagem de 450 Kg/ha da

formulação 00-20-20 e a semeadura em plantio direto, com espaçamento de 0,50 m entre

linhas.

Foram utilizadas dezenove cultivares de soja convencionais, sendo elas: BRS (217)

Flora; BRSGO 7960; BRSMG Vencedora; BRSMG 810 C; BRS 752 S; BRS 252 (Serena);

BRS Jiripoca; BRSGO 8360; BRSGO Chapadões; MG/BR-46 Conquista; BRS Raimunda;

BRSGO Jataí; BRS Gralha; BRS Pétala; BRS 7560; BRS Aurora; BRS 8660; BRSGO

Luziânia e Msoy 8866. Sendo Msoy 8866, a única que não é material da Embrapa, sendo

utilizada apenas para comparação.

3.2.2. Manejo da cultura

O manejo adotado na área experimental foi realizado de acordo com o recomendado

para a cultura.

Iniciou-se com a dessecação da área no dia 22 (Vinte e dois) de Outubro, com

Roundup® WG (Glifosato – 120L/ha). Feita a semeadura das cultivares, vinte e um dias

após a semeadura foi aplicado Herbicida pós-emergente Pivot® (IMAZETAPIR - 0,8 a

1,0L/ha) e, ao longo do ciclo vegetativo aplicou-se inseticidas Imunit® (Benzoiluréia

(teflubenzuron) + piretróide (alfacipermetrina) - 150 a 200L/ha) e Nomolt® (Benzoiluréia -

100 a 200L/ha), graminicida Poast® (Setoxidim - 1,25L/ha) + Assist® (Óleo mineral – 1 a

1,5L/ha), adubação foliar com Manganês (UBYFOL) e também foram feitas aplicações de

fungicidas para o controle das principais doenças da cultura da soja como antracnose,

mancha alvo, e ferrugem asiática. Foram aplicados Comet® (Piraclostrobina – 0,3L/ha),

Ópera® (Piraclostrobina + Epoxiconazol – 0,5 a 0,6L/ha) e Assist® (Óleo Mineral – 1 a

1,5L/ha).

O mesmo manejo foi realizado nas cultivares semeadas na segunda época.

Page 24: FÁBIO BARROS SILVA

24

Na Tabela 3 estão detalhados os tratos culturais realizados e os produtos utilizados na

condução da área experimental na primeira época de plantio, bem como as datas em que

foram realizados.

Tabela 3. Tratos culturais realizados na condução das cultivares semeadas em primeira época. Trato cultural Data de

realização Produto/Principio ativo/Dosagem

Dessecação

22/10 Roundup® WG (Glifosato–120L/ha)

Tratamento de sementes

10/10 Standak® Top (Piraclostrobina+Tiofanatometílico+Fipronil– 100mLp.c/ha), Cruiser® (Thiamethoxam –

200mL/100kg de sementes) e CoMo, + Inoculante.

Herbicida pós-

emergente

13/11 Pivot® (Imazetapir – 0,8 a 1L/ha)

Inseticida 13/11 Imunit® (Benzoiluréia (teflubenzuron)+piretróide (alfacipermetrina)

- 150 a 200L/ha)

Graminicida 04/12 Poast®(Setoxidim - 1,25L/ha) + Assist®(Óleo mineral – 1 a 1,5L/ha)

Adubo foliar

07/12 Manganês

Fungicida

08/12 Comet® (Piraclostrobina – 0,3L/ha)

Fungicida

17/12 Comet®(Piraclostrobina – 0,3L/ha)

Inseticida 21/12 Imunit® (Benzoiluréia (teflubenzuron)+piretróide (alfacipermetrina)

- 150 a 200L/ha)

Fungicida 01/01 Ópera®(Piraclostrobina+Epoxiconazol 0,5 A 0,6L/ha)

Inseticida 01/01 Nomolt®(Benzoiluréia-100 a 200L/ha)

Na Tabela 4 estão detalhados os tratos culturais realizados e os produtos utilizados

na condução da área experimental na segunda época de plantio, bem como as datas em

que foram realizados.

Page 25: FÁBIO BARROS SILVA

25

Tabela 4. Tratos culturais realizados na condução das cultivares semeadas em segunda época. Trato cultural Data de realização Produto/Principio ativo/dosagem Dessecação 22/10 Roundup® WG (Glifosato–120L/ha)

Tratamento semente 10/10 Standak® Top

(Piraclostrobina+Tiofanatometílico+Fipronil–100mLp.c/ha), Cruiser® (Thiamethoxam –

200mL/100kg de sementes) e CoMo, + Inoculante.

Adubo foliar 07/12 Manganês(UBYFOL)

Graminicidapós-

emergente 08/12 Poast®(Setoxidim-1,25L/ha) + Assist®(Óleo

mineral – 1 a 1,5L/ha)

Herbicida Pós-emergente

10/12 Pivot® (Imazetapir)

Inseticida 21/12 Imunit®(Benzoiluréia (teflubenzuron)+piretróide (alfacipermetrina)

- 150 a 200L/ha)

Fungicida 01/01 Ópera®(Piraclostrobina+Epoxiconazol 0,5 A 0,6L/ha)e Assist® (Óleo Mineral)

Inseticida 01/01 Nomolt® (Benzoiluréia-100 a 200L/ha)

Fungicida 18/01 Ópera®(Piraclostrobina+Epoxiconazol 0,5

A 0,6L/ha)

Fungicida 01/02 Ópera®(Piraclostrobina+Epoxiconazol 0,5 A 0,6L/ha)

Fungicida 17/02 Ópera®(Piraclostrobina+Epoxiconazol 0,5

A 0,6L/ha)

Foi avaliado o estádio fenológico e a evolução das doenças (antracnose e mancha

alvo) em 19 (dezenove) cultivares de soja convencional: BRS Raimunda; BRSGO Jataí;

BRS Gralha; BRS Pétala; BRS 7560; BRS Aurora; BRS 8660; BRSGO Luziânia; Msoy 8866;

BRS (217) Flora; BRSGO 7960; BRSMG Vencedora; BRSMG 810C; BRS 752 S; BRS 252

(Serena); BRS Jiripoca; BRSGO 8360; MG/BR-46 Conquista, das quais apenas a Msoy

8866 não é material próprio da Embrapa e foi plantado com intuito de comparação.

Todas as cultivares foram plantadas em duas épocas diferentes, (primeira época

semeadura em 24 de outubro, e a segunda época semeada em 15 de Novembro),

totalizando 36 parcelas a serem avaliadas. Em cada parcela foi observado o estádio

fenológico da cultivar e foram feitas 10 (Dez) avaliações em cada cultivar 1o e 2o época.

Page 26: FÁBIO BARROS SILVA

26

Para a avaliação de doenças, em cada parcela foram selecionadas e identificadas

aleatoriamente 10 (dez) plantas, nas quatro linhas centrais de plantio, desconsiderando um

metro linear na borda de cada linha.

Periodicamente foram realizadas avaliações das doenças e os resultados anotados

para depois calcular-se a Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD). As

avaliações de mancha alvobasearam-se na escala diagramática proposta por Soares et al.

(2009) atribuindo-se valores em porcentagem de severidade, analisados visualmente, que

variam entre sete notas: 1, 2, 5, 9, 19, 33 e 52% (Figura 2).

Figura 2 . Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha alvo da soja. FONTE: Soares et al. (2009).

No caso da severidade de antracnose, utilizou-se escala de notas de severidades

com as seguintes atribuições:

Tabela 5. Escala de avaliação para severidade de antracnose (Colletotrichum truncatum) em plantas de soja (COSTA et al. 2005). ________________________________________________________________________

Nota Sintoma ________________________________________________________________________ 0 Sem sintomas visíveis 0,1-1,0 Pontos menores que 1 mm no pecíolo e/ou nervuras foliares 1,1-2,0 Poucas lesões menores que 3 mm limitadas ao pecíolo 2,1-3,0 Poucas lesões menores que 3 mm limitadas às nervuras foliares 3,1-4,0 Numerosas lesões menores que 3 mm limitadas às nervuras foliares e/ou pecíolos 4,1-5,0 Lesões no pecíolo e/ou nervuras foliares maiores que 3 mm e menos que 5 mm 5,1-6,0 Lesões no pecíolo e/ou nervuras foliares maiores que 5 mm e menores que 10mm 6,1-7,0 Lesões maiores que 10 mm no pecíolo e/ou nervuras foliares 7,1-8,0 Lesões maiores que 10 mm no pecíolo e/ou nervuras foliares, com esporulação 8,1-9,0 Folhas Mortas __________________________________________________________________________

Page 27: FÁBIO BARROS SILVA

27

Os dados da severidade foram utilizados para o cálculo da AACPD (CAMPBELL;

MADDEN, 1990), sendo que este cálculo é utilizado para descrever melhor a epidemia.

Neste caso, pode-se estabelecer uma curva da doença quantificada de acordo com o

tempo. A AACPD foi calculada por meio desta equação:

AACPD = Σ[(Xi + Xi+1) /2*(ti+1 – ti)]

Onde X é a intensidade da doença, t o tempo e n o número de avaliações no tempo

(CAMPBELL; MADDEN, 1990).

Page 28: FÁBIO BARROS SILVA

28

4. RESULTADOSE DISCUSSÃO

4.1. Estádios fenológicos nas diferentes cultivares

As variedades que foram plantadas no dia 24 (Vinte e quatro) de

Outubroapresentaram ciclos que variaram de 98 a 142 dias (Tabela 6). A variedade BRSGO

7960 é uma cultivar de ciclo curto e teve um ciclo na área de 98 dias, o grupo de maturação

desta cultivar é 7.4. As variedades BRS Raimunda, BRS Jataí, BRS Pétala, BRS Aurora e

BRS 252 (Serena), foram as cultivares que obtiveram os ciclos mais tardios, (com um ciclo

de 142 dias).

Dentre as cultivares que foram semeadas em 24 de Outubro, as que mais se

destacaram por ter seu ciclo médio completado foram: BRSGO 7560 que teve sua

maturação completada no dia 02 de Fevereiro, tendo um ciclo de 98 dias; BRSMG 752S

apresentou um ciclo na área de 100 dias como o recomendado para cultivar e BRS 8360

que teve seu ponto de maturação plena no dia 16 de fevereiro, tendo um ciclo de 113

dias.Dentre as cultivares que foram semeadas em 10 de novembro teve como destaque as

seguintes variedades: BRSMG 752S, obtendo um ciclo médio de 99 dias e BRSGO 7560,

também com ciclo médio de 99 dias (Tabela 7).

Page 29: FÁBIO BARROS SILVA

29

Tabela 6. Fenologia das cultivares na primeira época de semeadura, no período de dezembro a abril. Sinop/MT.

CULTIVAR 27/12 03/01 10/01 18/01 25/01 02/02 08/02 16/02 24/02 01/03 BRS (217) FLORA 4 R5. 2 5. 4 R5. 5 6 7. 1 8. 8 8. 8 9 R9

BRSGO 7960 5 R5. 2 5. 4 R5. 5 6 7. 1 8. 1 8. 2 9 R9 BRSMG VENCEDORA 5 R5. 2 5. 4 R5. 5 6 7. 1 7. 3 8. 2 9 R9

BRSMG 810 C 5 R5. 1 5. 4 R5. 5 7. 1 8. 1 8. 2 8. 2 9 R9 BRS 752 S 5 R5. 2 5. 4 R5. 5 7. 1 8. 2 9 9 9 R9 BRS 252 (Serena) 2 R3 5. 1 R5. 3 5. 3 5. 5 6 7. 1 7. 3 R8

BRS Jiripoca 4 R5. 2 5. 3 R5. 5 5. 5 6 7. 1 7. 3 8 R9 BRSGO 8360 R5 R5. 2 5. 3 R5. 5 6 7. 1 7. 2 9 9 R9 BRSGO Chapadões 1 R2 4 R5. 1 5. 2 5. 3 5. 4 5. 5 6 R7

MG/BR-46 Conquista 4 R5. 1 R5. 3 R5. 4 5. 5 6 7. 2 8. 2 9 R9

BRS Raimunda 2 R3 4 R5. 1 5. 4 5. 4 5. 5 5. 5 6 R7 BRSGO Jataí 5 R5. 2 5. 3 R5. 4 5. 5 6 7. 1 7. 2 7. 3 R8 BRS Gralha 4 R5. 1 5. 1 R5. 3 5. 5 6 7. 1 7. 2 8 R9 BRS Pétala 1 R4 4 R5. 1 5. 3 5. 5 6 6 6 R7 BRS 7560 6 R5. 4 5. 5 R7. 1 8. 2 9 9 9 9 R9 BRS Aurora 3 R5. 1 5. 1 R5. 3 5. 4 5. 4 6 7. 1 7. 2 R7. 3 BRS 8660 4 R5. 3 5. 2 R5. 5 5. 5 6 7. 1 7. 1 7. 3 R8 BRSGO Luziânia 3 R5. 2 5. 2 R5. 4 5. 5 6 7. 1 7. 3 7. 4 R8

Msoy 8866 3 R4 5. 2 R5. 3 5. 4 6 6 7 7. 1 R7. 2

Page 30: FÁBIO BARROS SILVA

30

Tabela 7. Fenologia das cultivares na segunda época de semeadura, no período de dezembro a abril. Sinop/MT.

CULTIVAR 7/12 03/01 10/01 18/01 25/01 02/02 08/02 16/02 24/02 0

01/03

BRS (217) FLORA 2 3 5. 1 5. 3 5. 5 6 7. 1 7. 3 7. 3 R

8. 2

BRSGO 7960 2 4 5. 1 5. 3 5. 4 5. 5 6 6 7 R

8 BRSMG

VENCEDORA 2 3 5. 1 5. 3 5. 4 5. 5 6 7. 1 7. 3 R

8

BRSMG 810 C 2 4 5. 1 5. 3 5. 5 5. 5 6 7. 2 7. 3 R

8

BRS 752 S 3 4 5. 2 5. 3 5. 5 6 7. 1 8. 2 9 R

9

BRS 252 (Serena) 1 2 2 3 5. 1 5. 3 5. 4 5. 5 6 R

7

BRS Jiripoca 2 3 5. 1 5. 2 5. 4 5. 4 6 6 7 R

7. 1

BRSGO 8360 2 3 4 5. 2 5. 4 5. 5 6 7. 1 7. 2 R

8

BRSGO Chapadões ** ** ** ** ** ** ** ** ** *

** MG/BR-46 Conquista 2 3 4 5. 1 5. 3 5. 5 6 7. 1 7. 2

R8. 2

BRS Raimunda 10 2 2 3 5. 1 5. 2 5. 3 5. 4 5. 5 R

6

BRSGO Jataí 1 3 5. 1 5. 1 5. 3 5. 4 6 6 6 R

7

BRS Gralha 2 2 4 5. 1 5. 3 5. 5 6 6 7 R

7. 1

BRS Pétala 11 2 3 4 5. 1 5. 2 5. 4 5. 5 6 R

6

BRS 7560 3 5. 2 5. 2 5. 5 6 7. 1 8. 2 8. 2 9 R

9

BRS Aurora 1 2 3 5. 1 5. 2 5. 5 5. 5 6 7 R

7

BRS 8660 2 3 4 5. 2 5. 3 5. 5 6 6 7 R

7

BRSGO Luziânia 2 2 4 5. 2 5. 3 5. 4 5. 5 6 7 R

7. 1

Msoy 8866 2 2 4 5. 2 5. 3 5. 4 5. 5 5. 5 6 R

7

No Mato Grosso o vazio sanitário inicia-se em cinco de maio e termina no dia quinze

de setembro, onde a época de plantio indicada é a partir do dia dezesseis de setembro. A

soja é uma planta sensível ao comprimento do dia, por isso a época de plantio afeta

drasticamente a sua produtividade. A recomendação de plantio varia conforme cada região

do país, sobretudo por causa das chuvas e do clima. Em alguns locais do estado do Mato

Grosso as primeiras chuvas ocorrem na primeira quinzena de setembroe com o final do

vazio sanitário, inicia-se o plantio (SILVA NETO et al., 2010).

Page 31: FÁBIO BARROS SILVA

31

Segundo Silva Neto (2010), em condições normais é recomendável que o produtor

espere a chuva alcançar o acúmulo de 80-100 mm para que o solo tenha um estoque

razoável de água para permitir a germinação das sementes, com menos risco de perda no

plantio no caso das chuvas não estabilizarem.

Provavelmente, nenhuma prática cultural isolada é mais importante para a soja do

que a época de semeadura. A época de semeadura é definida por um conjunto de fatores

ambientais que reagem entre si e interagem com a planta, promovendo variações no

rendimento e afetando outras características agronômicas. As condições que mais afetam o

desenvolvimento da soja são as que envolvem variações dos fatores meteorológicos:

temperatura, umidade do solo e principalmente fotoperíodo (PEIXOTO et al., 2000).

No presente trabalho todas as dezenove cultivares convencionais de soja tem

indicações para o estado de Mato Grosso. Dentre elas destacam-se: BRS217 Flora que é

uma cultivar de ciclo precoce com média de 115 dias e alta produtividade. Possui boa

resistência ao acamamento e resistência a doenças como mancha olho-de-rã, pústula

bacteriana, cancro da haste e é tolerante ao Oídio. Indicada para o Distrito Federal, para os

estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins (SOUZA et al., 2001). A cultivar

BRSGO 7960 é semi precoce com alto potencial produtivo e possui crescimento

determinado, com resistência ao acamamento e a deiscência de vagens. Possui uma

resistência ao Cancro da haste, mancha olho-de-rã e é moderadamente resistente ao oídio.

Tem indicações não somente para o estado de Mato Grosso, mas também para Minas

Gerais, Goiás e Tocantins (EMBRAPA, 2010).

A cultivar BRSMG 752S é de ciclo precoce em torno de 110 dias no estado de Mato

Grosso, possui período juvenil longo, crescimento indeterminado e resistência a pústula

bacteriana, cancro da haste, à mancha olho-de-rã e ao vírus do mosaico comum da soja, e

moderadamente resistente ao oídio e ao nematoide de galhas da espécie M. javanica

(FRONZA et al., 2011). A cultivar MONSOY 8866, é um material de ciclo médio e com

indicação para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e são suscetíveis a nematóides.

4.2 Avaliação do desenvolvimento de doenças nas cul tivares de soja convencional

Os dados de área abaixo da curva de progresso da antracnose (AACPA) nas

diferentes cultivares é apresentado na Figura 3.

Page 32: FÁBIO BARROS SILVA

32

Figura 3. Área abaixo da curva de progresso de antracnose (AACPA) em cultivares de soja convencional semeadas em diferentes épocas, na Vitrine Tecnológica da Embrapa Agrossilvipastoril (EMBRAPA MT), no período de dezembroa abril. Sinop/MT.

Observa-se que na segunda época de plantio houve maior incidência da doença por

conta de que existem outras fazendas nas redondezas de onde foi feito o presente trabalho

e com o plantio da soja mais adiantado nessas fazendas, o vento acaba disseminando ou

levando restos culturais infectados para áreas mais novas. Com isso, podem-se subdividir

as respostas das cultivares em três momentos: alta resistência, moderadamente e baixa

resistência à Antracnose.

• Alta resistência:

1ª época: As cultivares BRSMG 810 C, BRS 752 S, Msoy 8866 e BRS (217) Flora,

apresentaram baixa AACPA.

2ª época: As cultivares BRSGO Luziânia, BRS Raimunda e BRS 752 S, com plantio

em 15 de novembro apresentaram menor AACPA da doença.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

AA

CP

A

CULTIVARES

1ª Época

2ª Época

Page 33: FÁBIO BARROS SILVA

33

• Resistência moderada:

1ª época: Com plantio em 24 de outubro, as cultivares MG/BR-46 Conquista, BRS

Aurora, BRS Jiripoca, BRS 252 (Serena), BRS Raimunda, BRSGO 8360, BRSGO Luziânia,

BRSMG vencedora, BRS 8660, BRS Pétala, BRSGO 7960 e BRS 7560, apresentam valores

intermediários de AACPA.

2ª época: As cultivares BRSMG Vencedora, BRSMG 810 C, BRS 7560, BRSGO

Jataí, BRS 252 (Serena), BRSGO 8360, BRS Aurora, BRSGO 7960, Msoy 8866, BRS 8660,

BRS Pétala e BRS (217) Flora, mostraram moderada resistência à antracnose.

• Baixa resistência

1ª época: apresentaram alta AACPA as cultivares BRS Gralha e BRSGO Jataí.

2ª época: para o segundo momento de plantio, ocorreu alta AACPA nas cultivares

BRS Gralha, BRS Jiripoca e MG/BR-46 Conquista.

As cultivares que apresentaram maior resistência á antracnose foram BRSMG 810C,

BRS 752S, Msoy 8866 e BRS (217) Flora, em 1° época. Para 2° época, as cultivares com

maiorresistência á antracnose foram: BRSGO Luziânia, BRS Raimunda e BRS 752 S.

Poucos trabalhos têm sido realizados para determinar a resistência de cultivares de

soja à antracnose. Mesmo a recomendação oficial de controle não trata do uso de cultivares

resistentes, preferindo 37 métodos culturais, como a rotação de culturas, manejo do solo e

adubação potássica balanceada, maiores espaçamentos e menor densidade de plantas,

visando diminuir a pressão de inóculo (BALARDIN, 2002).

A importância crescente da antracnose da soja no Brasil pode ser explicada pela

suscetibilidade das cultivares e pelas condições de cultivo e manejo da soja. Especialmente

nos seus estádios iniciais, quando recebe o inóculo provindo das sementes e de restos

culturais, as plantas são mais suscetíveis, o que determina a introdução precoce do

patógeno na lavoura (BALARDIN, 2002).

Como a antracnose da soja pode ocorrer em diferentes estádios da planta, a partir da

sua emergência, é necessário conhecer a resistência ou suscetibilidade das cultivares em

diferentes estádios do seu crescimento.

Melhores resultados podem ser obtidos com aplicações preventivas de fungicidas,

que protegem as plantas por até 12 dias, porém isso requer a utilização de sistemas de

previsão ou monitoramento frequente, a fim de posicionar a aplicação do fungicida o mais

próximo possível do momento da infecção.

Com base neste trabalho, os controles químicos da antracnose mostraram-se

importantes, porém não o suficiente para o manejo da antracnose. Fica evidente que para

obter sucesso diante dessa doença, vai depender de outras medidas preventivas, como a

Page 34: FÁBIO BARROS SILVA

34

rotação de cultura, um adequado arranjo de plantas, o uso de adubação equilibrada e de

sementes com boa sanidade.

O progresso da mancha alvo (AACPMA) nas diferentes cultivares é apresentado na

Figura 4.

Figura 4. Área abaixo da curva de progresso de mancha alvo (AACPMA) em cultivares de soja convencional semeadas em diferentes épocas, na Vitrine Tecnológica da Embrapa Agrossilvipastoril (EMBRAPA MT), no período de dezembro a abril. Sinop/MT.

Observa-se que a segunda época de plantio, mais tardia do que a primeira, houve

maior incidência da doença. Podem-se subdividir as respostas das cultivares em três

momentos: alta, moderada e baixa resistência à mancha alvo.

• Alta resistência: (média de até 43,4 – 1ª época – e média de até 44,6 – 2ª

época):

1ª época: As cultivares BRS 252 (Serena); BRS Raimunda; MG/BR-46 Conquista;

BRS (217) FLORA; BRSGO 8360; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; BRS Gralha; Msoy 8866;

BRSMG VENCEDORA; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560, apresentaram médias de

AACPD de mancha alvo baixas, sendo que a média da última cultivar foi zero.

2ª época: As cultivares BRS Pétala; BRSGO Chapadões; Msoy 8866; BRSMG

Vencedora; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560, com plantio em 10 de novembro

apresentaram menores níveis de severidade da doença.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

AA

CP

MA

CULTIVARES

1a época

2a época

Page 35: FÁBIO BARROS SILVA

35

• Resistência moderada: (média de até 86,86 – 1ª época – e média de até 89,2

– 2ª época):

1ª época: Com plantio em 24 de outubro, as cultivares BRS Pétala; BRSGO Jataí;

BRS 8660; BRSGO Luziânia e Chapadões, apresentam-se com média resistência a mancha

alvo.

2ª época: As cultivares BRS Aurora; BRSGO 7960; BRSGO Jataí; BRSGO Luziânia;

BRS 252 (Serena); BRS Raimunda; MG/BR-46 Conquista; BRSMG 810C; BRS (217)

FLORA; BRSGO 8360 e BRS Gralha mostraram-se moderadamente resistente em campo a

incidência de mancha alvo.

• Baixa resistência: (média de até 130,2 – 1ª época – e média de até 133,8 – 2ª

época):

1ª época: A cultivar BRS Aurora apresentou alta taxa de infecção por mancha alvo.

2ª época: Para o segundo momento de plantio, ocorreu alta infestação para a cultivar

BRS 8660.

Portanto, para o plantio em 24 de outubro, ascultivares de soja convencionais com

menor susceptibilidade a mancha alvo foram: BRS 252 (Serena); BRS Raimunda; MG/BR-

46 Conquista; BRS (217) FLORA; BRSGO 8360; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; BRS

Gralha; Msoy 8866; BRSMG VENCEDORA; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560.

No plantio em segunda época, 10 de novembro, as cultivares com maior resistência

a mancha alvo foram: BRS Pétala; BRSGO Chapadões; Msoy 8866; BRSMG Vencedora;

BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560.

Com os resultados obtidos pela AACPMA, algumas cultivares se mostraram

interessantes para a região, como no caso da BRS 7560, uma cultivar de crescimento

determinado, resistente ao acamamento, com um ciclo médio de 98 dias. Por ser uma

cultivar precoce, possibilita a semeadura de cultura em sucessões, principalmente o cultivo

de milho safrinha. Cultivar essa, indicada para a região do Mato Grosso e que obteve a

menor AACPMA com valor igual a zero, para o plantio em primeira época. Dentre as

cultivares que foram resistentes á mancha alvo em primeira época, essa cultivar foi quem

mais chamou a atenção no trabalho.

Para a segunda época de plantio a cultivar que mais se destacou dentre todas

utilizadas, foi a BRSGO Chapadões, uma cultivar de crescimento determinado, ciclo médio

de 122 dias, resistente ás principais raças de nematoides de cisto, além de possuir um bom

desempenho em áreas de Pratylenchus e nematoides de galha. Uma cultivar que obteve

valor de AACPMA igual a zero e, foi a que mais chamou a atenção dentre as cultivares

resistentes á mancha alvo em segunda época.

Page 36: FÁBIO BARROS SILVA

36

O que provavelmente influenciou no grande número de cultivares com menor

suscetibilidade a mancha alvo além da época de plantio que teria começado juntamente

com os produtores vizinhos do local onde foi feito o trabalho, também tem a influência de

cultivares geneticamente modificadas, o que vem cada vez mais dando resultados positivos

no campo, diante de algumas doenças que são importantes para a cultura da soja.

4.3. Produtividade das cultivares

As cultivares que mais se destacaram em plantio de primeira época foram: BRSGO

7960, uma cultivar que foi testada no Mato Grosso no ano de 2004, e desde então vem

sendo utilizada na região, devido ao clima que favorece ao seu desenvolvimento, a fácil

adaptabilidade da cultivar, além, de responder com excelência em questão de produtividade.

No presente trabalho essa cultivar obteve uma produtividade de 82,9 sc/ha; a cultivar

BRSGO 8660, cultivar que foi campeã da Soja livre, porém não vêm sendo muito utilizada

pela desuniformidade de sementes, obteve mesmo assim, uma produtividade de 81,0 sc/ha,

e no caso da cultivar BRS Luziânia que é uma cultivar muito utilizada e plantada no estado,

destacou-se com uma produtividade de 76,5 sc/ha (Tabela 8). Mostrando assim que essas

cultivares semeadas em 24 de outubro foram as que mais se adaptaram ao ambiente.

Page 37: FÁBIO BARROS SILVA

37

Tabela 8. Produtividade das cultivares, em diferentes épocas de semeadura. Sinop/MT. Cultivar Época Kg/ha Sacas/ha

BRSGO 7960 1ª 4.976 82,9 BRSGO 7960 2ª 4.501 75,0 BRSMG 68

(Vencedora) 1ª 4.507 75,1

BRSMG 68 (Vencedora)

2ª 3.873 64,6

BRSGO 8360 1ª 3.797 63,3 BRSGO 8360 2ª 3.847 64,1

MG/BR-46 Conquista

1ª 4.052 67,5

MG/BR-46 Conquista

2ª 3.311 55,2

BRSMG 752 S 1ª 4.383 63,4 BRSMG 752 S 2ª 3.484 58,1

BRS 217 (Flora) 1ª 4.324 72,1 BRS 217 (Flora) 2ª 3.945 65,8 BRSMG 810 C 1ª 3.903 65,1 BRSMG 810 C 2ª 3.800 63,3 BRSGO 7560 1ª 3.814 57,0 BRSGO 7560 2ª 2.615 43,6 BRSGO 8660 1ª 4.860 81,0 BRSGO 8660 2ª 4.360 72,7 BRS Gralha 1ª 4.131 68,8 BRS Gralha 2ª 3.747 62,4

BRS 252 (Serena)

1ª 3.739 62,3

BRS 252 (Serena)

2ª 4.109 68,5

BRS Raimunda 1ª 4.373 72,9 BRS Raimunda 2ª 4.207 70,1 BRS Jiripoca 1ª 3.738 62,3 BRS Jiripoca 2ª 3.707 61,8 BRSGO Jataí 1ª 3.859 64,3 BRSGO Jataí 2ª 3.954 65,9 BRS Aurora 1ª 3.880 64,7 BRS Aurora 2ª 4.205 70,1 BRS Pétala 1ª 3.260 54,3 BRS Pétala 2ª 3.853 64,2

BRS Luziânia 1ª 4.589 76,5 BRS Luziânia 2ª 3.669 61,2

BRSGO Chapadões

Única* 3.189 53,2

Msoy 8866 1ª 3.119 52,0 Msoy 8866 2ª 4.067 67,8

*Semeada em uma única época.

Dentre as 18 (Dezoito) cultivares testadas da EMBRAPA, 6 (Seis) delas

apresentaram aumento da produtividade quando semeadas no dia 10 de Novembro,

demonstrando assim a adaptabilidade ao ambiente e a região, no qual se realizou o estudo.

As cultivares foram: BRSGO 8360; BRSMG 752 S; BRS 252 (Serena); BRSGO Jataí; BRS

Page 38: FÁBIO BARROS SILVA

38

Aurora e BRS Pétala. Destaca-se a cultivar BRS Aurora que obteve uma produção de 70,1

sc/ha.

A cultivar BRSGO 8360 foi lançada no ano de 2009 e possui um elevado potencial

produtivo e uma estabilidade na produção. Com um ciclo semi precoce ela é uma cultivar

indicada para ser plantada em Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Mato

Grosso do Sul (centro-norte). Possui um tipo de crescimento indeterminado e uma

arquitetura que favorece a penetração de defensivos, o que facilita o controle de pragas e

doenças.

Também indicada para o plantio no MT, a cultivar BRSMG 725S é ideal para

semeadura em solos de alta fertilidade, a partir do início de outubro, pois possui período

juvenil longo e tipo de crescimento indeterminado. Apresenta boa tolerância a chuvas na

colheita e possui resistência a ferrugem asiática (P. pachyrhizi).

A BRS 252 (Serena) é uma cultivar que foi lançada no ano de 2007, possui alto

poder produtivo, adaptabilidade e estabilidade produtiva. Apresenta um tipo de crescimento

determinado e possui resistência ao cancro da Haste (D. phaseolorum), à macha olho-de-rã

(C. sojina) e mosaico comum da soja (Soybean mosaic virus). É indicada para ser plantada

nas regiões de Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Roraima.

A cultivar BRSGO Jataí é recomendada para o estado do Mato Grosso, Goiás,

Bahia, Distrito Federal e Tocantins, possui alto potencial produtivo em solos corrigidos,

possui um tipo de crescimento determinado e resistência a algumas doenças como a

pústula Bacteriana (X. axonopodis), mancha olho-de-rã (C. sojina), e cancro da haste (D.

phaseolorum). Sendo moderadamente resistente ao oídio (E. difusa) e nematoide de galhas

M. javanica.

BRS Aurora é uma cultivar indicada para o Mato Grosso e Rondônia, possui alta

produtividade e adaptabilidade em regiões de baixa altitude, tem um bom comportamento

em semeaduras tardias e é indicada para áreas de alta fertilidade ou corrigida. Essa cultivar

possui um tipo de crescimento determinado e é resistente a algumas doenças como a

pústula bacteriana (X. axonopodis), mancha olho-de-rã (C. sojina), cancro da haste (D.

phaseolorum) e mosaico comum da soja (Soybean mosaic virus).

A cultivar BRS Pétala é indicada para os estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito

Federal, Tocantins e Mato Grosso. Tem tipo de crescimento determinado, é uma cultivar

com elevado potencial produtivo, grande adaptabilidade e estabilidade. É uma cultivar

resistente a pústula bacteriana (X. axonopodis), cancro da haste (D. phaseolorum) e

mosaico comum da soja (Soybean mosaic virus).

A cultivar MSOY 8866, apresentou uma produção em primeira época de 52,0 sc/ha e

segunda época 67,8 sc/ha. Essa cultivar é indicada para áreas de cultivo em Tocantins,

Piauí, Mato Grosso, Bahia e Maranhão. Possui resistência ao cancro da haste (D.

Page 39: FÁBIO BARROS SILVA

39

phaseolorum), mancha olho de rã (C. sojina), e a pústula bacteriana (X. axonopodis).

Moderada resistência ao míldio (Peronospora manshurica), porém é suscetível a

nematoides. As sementes MONSOY 8866 são materiais convencionais de ciclo médio, são

indicadas para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e são suscetíveis a nematoides.

Segundo a CONAB (2016), a produção média no estado de Mato Grosso é de 2,851

kg/ha. Com isso, pode-se concluir que dentre as dezenove cultivares de soja utilizadas no

presente trabalho, apenas a BRSGO 7560 não obteve produção igual ou superior á média

no estado, em segunda época de plantio. Os resultados obtidos no trabalho mostram que no

geral, as cultivares produziram bem acima da média do estado do Mato Grosso.

5. CONCLUSÕES

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40

Pode-se concluir, portanto, que as cultivares convencionais de soja plantadas no dia

24 de outubro, menos suscetíveis a mancha alvo foram BRS 252 (Serena); BRS Raimunda;

MG/BR-46 Conquista; BRS (217) Flora; BRSGO 8360; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; BRS

Gralha; MSOY 8866; BRSMG Vencedora; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560.

As que foram semeadas no dia 10 de novembro, com maior resistência a doença

foram as cultivares BRS Pétala; BRSGO 7960; BRSMG 810 C; MSOY 8866; BRSMG

Vencedora; BRS Jiripoca; BRS 752 S e BRS 7560.

As cultivares semeadas em 24 de outubro, que apresentaram maior resistência á

antracnose foram: BRSMG 810C, BRS 752S, MSOY 8866 e BRS (217) Flora e, para a

segunda época de plantio, que ocorreu no dia 15 de novembro, as cultivares que tiveram

maior resistência foram: BRSGO Luziânia, BRS Raimunda e BRS 752 S. Sendo que, dentre

as dezenove cultivares, apenas a BRS 752 S foi resistente as duas doenças na 2° época de

plantio.

As cultivares BRSGO 7960, BRSGO 8660 e BRS Luziânia apresentaram as maiores

produtividades na primeira época de semeadura, sendo que na segunda época, as

cultivares com maiores produtividades foram BRSGO 8360; BRSMG 752 S; BRS 252

(Serena); BRSGO Jataí; BRS Aurora e BRS Pétala.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 41: FÁBIO BARROS SILVA

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