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Federalismo e Federalismo e Gerenciamento de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Recursos Hídricos no Brasil Brasil Gilberto Valente Canali Gilberto Valente Canali Brasília, 9 de março de 2004 Brasília, 9 de março de 2004

Federalismo e Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil Gilberto Valente Canali Brasília, 9 de março de 2004

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Federalismo e Federalismo e Gerenciamento de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Recursos Hídricos no BrasilBrasil

Gilberto Valente CanaliGilberto Valente CanaliBrasília, 9 de março de 2004Brasília, 9 de março de 2004

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IntroduçãoIntrodução

- As Razões para o Debate- As Razões para o Debate Como descentralizar o gerenciamento dos recursos hídricos?Como descentralizar o gerenciamento dos recursos hídricos?

- A Natureza do Tema- A Natureza do Tema Aspectos sociológicos, políticos e jurídicosAspectos sociológicos, políticos e jurídicos

- As Dificuldades de Ordem Constitucional- As Dificuldades de Ordem Constitucional Os papéis da União, dos Estados, do DF e dos Municípios no Os papéis da União, dos Estados, do DF e dos Municípios no gerenciamento dos recursos hídricosgerenciamento dos recursos hídricos

- O “Clubinho”- O “Clubinho”

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Um pouco de HistóriaUm pouco de História– na Corte, em Lisboa, em 1614na Corte, em Lisboa, em 1614– as Câmaras Municipais, 1824as Câmaras Municipais, 1824– as Assembléias Provinciais, 1834 as Assembléias Provinciais, 1834 – a República e a Constituição de 1891a República e a Constituição de 1891

Federalismo dual: União e Estados, mas: Federalismo dual: União e Estados, mas:

““Os Estados organizar-se-ão de forma que Os Estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada a fique assegurada a autonomiaautonomia dos dos

municípios, em tudo quanto municípios, em tudo quanto respeite ao seu respeite ao seu peculiar interesse.”peculiar interesse.”

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo TrinoO Federalismo Trino

- - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,...:

- Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 A Cláusula PétreaA Cláusula Pétrea

- - Art. 60............

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado; .........

Um destaque, em linguagem modernaUm destaque, em linguagem moderna::

““Capital Social”Capital Social”

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

.......................

Será possível atingir um “desejável” Será possível atingir um “desejável” equilíbrio?equilíbrio?

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

- - Subsidiariedade

Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

..................................... VIII - promover, no que couber, adequado

ordenamento territorial, .....

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

- - Assimetrias

Competências exclusivas ............ Receitas públicas

.............. Águas, da União e dos Estados

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

ParêntesisParêntesis::

No que se refere ao domínio, a CF não está a No que se refere ao domínio, a CF não está a precisar, no mínimo, de uma revisão de redação precisar, no mínimo, de uma revisão de redação que aclare o sentido dos artigos que aclare o sentido dos artigos

20,III e 26,I?20,III e 26,I?

(Águas da União e dos Estados)

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A Constituição de 1988A Constituição de 1988 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

- S- Saídas

Art. 23.......................

Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

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A Lei 9.433/1997A Lei 9.433/1997 O Federalismo de CooperaçãoO Federalismo de Cooperação

Art. 4° A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum.

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Entretanto...Entretanto...

“ “ Desde o surgimento da República, a forma Desde o surgimento da República, a forma federativa é temida pela classe política. federativa é temida pela classe política.

A descentralização do poder nunca agradou A descentralização do poder nunca agradou nossos governantes, que vêem a autonomia nossos governantes, que vêem a autonomia dos Estados como instrumento político dos Estados como instrumento político nefasto, capaz de desafiar as decisões do nefasto, capaz de desafiar as decisões do governo federal...” Luiz Felipe D’Ávila, 1995governo federal...” Luiz Felipe D’Ávila, 1995

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Por que debater?Por que debater?““O federalismo é o princípio mais profundamente O federalismo é o princípio mais profundamente inovador da era contemporânea...”inovador da era contemporânea...”

“ “ Quando se diz que o federalismo marca o rumo da Quando se diz que o federalismo marca o rumo da história contemporânea, no sentido de uma maior história contemporânea, no sentido de uma maior efetivação da liberdade, significa dizer que o efetivação da liberdade, significa dizer que o federalismo executa, no âmbito da sociedade civil, o federalismo executa, no âmbito da sociedade civil, o acordo entre o poder central e os grupos periféricos, acordo entre o poder central e os grupos periféricos, com maior respeito ‘as autonomias das partes com maior respeito ‘as autonomias das partes individuais no que se refere ao todo e com um menor individuais no que se refere ao todo e com um menor fortalecimento do todo no que se refere ‘as partes.” fortalecimento do todo no que se refere ‘as partes.”

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Por que debater?Por que debater?““A federação é aquela forma de Estado que A federação é aquela forma de Estado que garante melhor do que qualquer outra a garante melhor do que qualquer outra a liberdade dos cidadãos, assegurando-lhes uma liberdade dos cidadãos, assegurando-lhes uma mais extensa e direta participação do poder, e mais extensa e direta participação do poder, e promove com maior zelo os seus interesses, promove com maior zelo os seus interesses, subtraindo, o máximo possível, o cuidado do subtraindo, o máximo possível, o cuidado do setor público a uma burocracia distante e setor público a uma burocracia distante e incompetente.”incompetente.”

Norberto Bobbio, 1996Norberto Bobbio, 1996

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Por que debater?Por que debater?“ “ O federalismo é a bússola que deve orientar O federalismo é a bússola que deve orientar

o processo de descentralização do Estado o processo de descentralização do Estado brasileiro.” Luiz Felipe D’Ávila, 1995brasileiro.” Luiz Felipe D’Ávila, 1995

“ “ A descentralização do Estado Brasileiro é A descentralização do Estado Brasileiro é indispensável e inadiável para o indispensável e inadiável para o redimensionamento do federalismo e para o redimensionamento do federalismo e para o resgate do princípio basilar do regime resgate do princípio basilar do regime republicano.” Celso Ribeiro Bastos, 1995republicano.” Celso Ribeiro Bastos, 1995

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O FuturoO Futuro

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

Aprimorar o Federalismo de CooperaçãoAprimorar o Federalismo de Cooperação

- Experiências exitosas e lições aprendidas

Reforçar papel dos municípios

Exemplo:

Projeto de Lei sobre Consórcios Públicos

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

- Leis Complementares Reforçar articulação da União com os Estados (Artigos 23, parágrafo único e 43, § 1°, I e II)

Exemplo: SISNAMA

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

- Instâncias intermediárias de coordenação e decisão. Seria viável, no Brasil, uma organização

federativa baseada em bacias hidrográficas?Exemplo:Nova Zelândia, 1987

Santa Catarina, 2003 (Art. 25, § 3°, CF)Oportunidade perdida?

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

Art 25Art 25

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

- Instâncias intermediárias de coordenação e decisão.

Por que não um novo e amplo Pacto?

Afinal, por exemplo, a PEC .... não será um novo Pacto, ainda que restrito ao domínio das águas subterrâneas?

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Alternativas para o SNGRHAlternativas para o SNGRH

- Mecanismos racionais de distribuição da receita da cobrança

Análise da composição e natureza jurídica da Cobrança

Exemplo: Colômbia

África do Sul

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A Tríplice Composição da Cobrança A Tríplice Composição da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricospelo Uso dos Recursos Hídricos

Lei 9.433/97:Lei 9.433/97:

Art. 19 Art. 19 A cobrança pelo uso da água A cobrança pelo uso da água objetiva:objetiva:

I- reconhecer a água como bem econômico e dar I- reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;ao usuário uma indicação de seu real valor;

Ref.: Código Civil, uso gratuito vs. uso onerosoRef.: Código Civil, uso gratuito vs. uso oneroso

II - incentivar a racionalização do uso da águaII - incentivar a racionalização do uso da água

Ref.: Redução de conflitos e ordenamento Ref.: Redução de conflitos e ordenamento territorial? IRUA?territorial? IRUA?

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A Tríplice Composição da Cobrança A Tríplice Composição da Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricospelo Uso dos Recursos Hídricos

Lei 9.433/97:Lei 9.433/97:

Art. 19 Art. 19 A cobrança pelo uso da água A cobrança pelo uso da água objetiva:objetiva:

III - obter recursos financeiros para o III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos contemplados nos planos de recursos hídricoshídricos

Ref.: “Taxa de condomínio”Ref.: “Taxa de condomínio”

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ConclusõesConclusões- O gerenciamento de recursos hídricos - O gerenciamento de recursos hídricos

requer aperfeiçoamento da Lei 9.433/97, requer aperfeiçoamento da Lei 9.433/97, eis que não se resume ‘a interpretação e eis que não se resume ‘a interpretação e aplicação de princípios da engenharia de aplicação de princípios da engenharia de recursos hídricos.recursos hídricos.

- O sucesso da PNRH envolve a compreensão - O sucesso da PNRH envolve a compreensão de aspectos de natureza sociológica, de aspectos de natureza sociológica, política e jurídica ainda não política e jurídica ainda não suficientemente esclarecidos.suficientemente esclarecidos.

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Plano de açãoPlano de ação

??????

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Muito Muito obrigado!obrigado!