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O município de São Francisco está
localizado na região norte de Minas Gerais, há 81
km de Januária. Nesse município, um dos
grandes desafios enfrentados por agricultoras,
agricultores e artesãos do campo e da cidade tem
sido a dificuldade de vender sua produção, que é
abundante. Na tentativa de superar esses
desafios as famílias organizaram a feira livre de
São Francisco, demonstrando como a
organização local pode contribuir na melhoria
das condições de vida.
A feira livre teve início com a iniciativa do
Sr. Caca Espósio, que começou a organizar uma
feira no bairro Sagrada Família, no ano de 2003.
Dentre as famílias que aderiram a essa iniciativa
estavam quatro mulheres, Maria de Lurdes, Carminha, Silsia e Diva e que ficaram responsáveis por dar
continuidade à experiência.
A partir dos trabalhos da Cáritas Diocesana de Januária, essas quatro mulheres conheceram a
economia popular solidária (EPS) e lutaram para que a feira regional de EPS acontecesse em São
Francisco. A feira foi realizada em 2004 e
sensibilizou os representantes das comunidades
para a importância de fortalecer a feira da cidade.
Com doação de algumas barracas o grupo
procurou fortalecer e ampliar a feira, que passou
a ser realizada semanalmente na região central
da cidade. Aos poucos mais feirantes foram
aderindo levou a da Associação de Feirantes de
São Francisco, em novembro de 2004.
Após oito anos de história, a feira conta
hoje com mais de 70 associados/as, a maioria
mulheres, de diversas comunidades urbanas e
rurais, tendo gente das comunidades de Tabocal,
Novo Horizonte, Furadinho, Barreiro dos Índios,
Minas Gerais
Ano 6 | nº 914| Novembro | 2012São Francisco-Minas Gerais
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Feira Livre de São FranciscoDesafios e Conquistas
1
Feira de São Francisco
Biscoito e doces feito pelas mulheres de São Francisco
Sape, Barra do Acari, Retiro, Descansado, Bom
Jardim, Pereiros, entre outras.
A feira como processo de Geração de
renda das famílias de São Francisco
“Antes era um complemento da renda, hoje a
feira é minha renda” Maria de Lurdes ferreira-
Presidente da associação dos feirantes.
O principal benefício gerado pela feira foi o
acesso ao mercado. Muitos produtos produzidos
pelos camponeses e artesãos se perdiam porque
não havia onde comercializar. Com a feira esses
produtos se transformaram em renda para as
famílias que passaram a ter maior acesso a bens
e serviços, melhorando assim sua qualidade de vida. Alguns relatam, por exemplo, que com o dinheiro
da feira foi possível comprar carros e motos, como é o caso do Sr. Onorio Rodrigues da Silva. A feirante
Marta Leci Veloso se alegrou ao contar que paga com o dinheiro da feira a faculdade da sua filha. “Na
primeira vez que vim na feira eu vendi 30 reais. Hoje tem sábado que vendo até 300 reais!” assim conta
Pedrelina, moradora de São Francisco.
Outro benefício do acesso ao mercado é a ampliação na quantidade e qualidade dos produtos
gerados pelos feirantes. Como tem onde vender, os feirantes produzem mais, e desejando conquistar
os fregueses investem na melhoria da qualidade de seus produtos. Os produtos comercializado na feira
não são utilizados venenos (agrotóxicos). Como relata a feirante Marta Leci Veloso “ A feira é um lugar
de vender produtos saudáveis”.
A feira não é só um espaço de comercialização, mas também de mobilização social. É onde as
pessoas se encontram, conversam, se mobilizam. Ali ocorrem também apresentações musicais, rodas
de capoeira e outras manifestações culturais.
Além da feira algumas famílias buscam comercializar em outros mercados, como
Supermercados, lanchonetes, ou mesmo o consumidor através da venda direta. Outra importante
forma de comercialização para alguns feirantes é o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE),
que leva seus produtos para a merenda dos alunos das escolas do município.
A feira livre traz muito benefícios para o município, mas também tem enfrentado muitos
desafios: como a necessidade de melhorar a sua infraestrutura física, a logística de transporte,
condições das estradas o que dificulta o acesso dos feirantes na feira, a falta de apoio da prefeitura,
ausência da assistência técnica da Emater, distanciamento do sindicato dos trabalhadores rurais.
2
Barraca de artesanato da Dona Silzia
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Fonte Arial corpo 11
Minas Gerais
Apoio:
Programa Cisternas