30
Os Tupí em Rondônia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigação 1 Felipe Ferreira Vander Velden 2 Resumo A região do alto rio Madeira e seus formadores – que corresponde ao estado de Rondônia e às áreas vizinhas do noroeste do Mato Grosso, sul do Amazonas e oriente boliviano – apresenta uma notável diversidade de populações indígenas falantes de línguas de várias famílias do tronco Tupí (Tupí-Guaraní, Arikém, Ramaráma, Puruborá, Mondé, Mundurukú, Tuparí e Mawé). Esta riqueza foi apontada por vários autores que refletiram sobre essa região, tendo-a visitado ou não. As advertências destes pesquisadores, contudo, não garantiram uma continuidade no interesse pela etnologia indígena na bacia do alto Madeira, e não resultaram em uma produção consistente e integrada que buscasse desvendar as dinâmicas atuais e históricas dessa diversidade. Em resumo: nosso conhecimento das culturas Tupí em Rondônia e adjacências é pobre, disperso e pouco sistematizado. É tarefa necessária que a etnologia indígena dos Tupí na bacia do alto Madeira tome um rumo coeso, abrindo espaços de interlocução e integrando seus achados, com vistas a incrementar a produção antropológica e histórica acerca dessas populações e a refinar nosso conhecimento sobre cada uma de suas culturas, além dos cenários interétnicos e das trajetórias históricas locais, regionais e mesmo suprarregionais. Este artigo tem como objetivo mapear a produção etnológica sobre os grupos Tupí na região aqui definida como “Grande Rondônia”, e apontar algumas possibilidades e estratégias de pesquisa que poderão vir a incrementar o conhecimento sobre a riquíssima diversidade social, cultural e linguística da região. Palavras-chave: Antropologia, Etnologia, povos Tupí, Amazônia, Rondônia. Abstract The region of the Madeira river basin and its tributaries – which corresponds to the Brazilian state of Rondônia, and the adjacent regions of northwestern Mato Grosso, southern Amazonas, as well as the eastern Bolivian lowlands – shows a remarkable diversity of indigenous peoples speaking languages of several linguistic families belonging to the Tupian linguistic stock (Tupí-Guaraní, Arikém, Ramaráma, Puruborá, Mondé, Mundurukú, Tuparí, and Mawé). This linguistic and cultural wealth was pointed out by many travelers who have written on that region having been there or not. These researchers’ advises, notwithstanding, did not 1 Este texto foi apresentado no Simpósio X – Os Tupí no alto Madeira: avanços no conhecimento da etnologia de Rondônia, realizado no âmbito do III Encontro sobre Línguas e Culturas Tupí, ocorrido na Universidade de Brasília entre 20 e 22 de outubro de 2010. Agradeço a Ana Suelly A. Câmara Cabral a acolhida dessa mesa no evento Tupí, e a Estevão Rafael Fernandes, Edmundo Peggion, Giovana Tempesta, Edwin Reesink e Aryon Dall’Igna Rodrigues pelo apoio, comentários, críticas e sugestões. 2 Professor do Departamento de Antropologia – IFCH – UNICAMP. Endereço residencial: Rua Humberto Pescarini, 633, Centro, Vinhedo-SP, CEP: 13.280-000. Telefones: (19) 3826-2856 / (19) 8123-2608. Endereço eletrônico: [email protected]

Felipe Vander Velden - Os Tupi em Rondônia diversidade estado do conhecimento e propostas de investigação.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao1

    Felipe Ferreira Vander Velden2

    ResumoA regio do alto rio Madeira e seus formadores que corresponde ao estado de Rondnia e s reas vizinhas do noroeste do Mato Grosso, sul do Amazonas e oriente boliviano apresenta uma notvel diversidade de populaes indgenas falantes de lnguas de vrias famlias do tronco Tup (Tup-Guaran, Arikm, Ramarma, Purubor, Mond, Munduruk, Tupar e Maw). Esta riqueza foi apontada por vrios autores que refletiram sobre essa regio, tendo-a visitado ou no. As advertncias destes pesquisadores, contudo, no garantiram uma continuidade no interesse pela etnologia indgena na bacia do alto Madeira, e no resultaram em uma produo consistente e integrada que buscasse desvendar as dinmicas atuais e histricas dessa diversidade. Em resumo: nosso conhecimento das culturas Tup em Rondnia e adjacncias pobre, disperso e pouco sistematizado. tarefa necessria que a etnologia indgena dos Tup na bacia do alto Madeira tome um rumo coeso, abrindo espaos de interlocuo e integrando seus achados, com vistas a incrementar a produo antropolgica e histrica acerca dessas populaes e a refinar nosso conhecimento sobre cada uma de suas culturas, alm dos cenrios intertnicos e das trajetrias histricas locais, regionais e mesmo suprarregionais. Este artigo tem como objetivo mapear a produo etnolgica sobre os grupos Tup na regio aqui definida como Grande Rondnia, e apontar algumas possibilidades e estratgias de pesquisa que podero vir a incrementar o conhecimento sobre a riqussima diversidade social, cultural e lingustica da regio.

    Palavras-chave: Antropologia, Etnologia, povos Tup, Amaznia, Rondnia.

    AbstractThe region of the Madeira river basin and its tributaries which corresponds to the Brazilian state of Rondnia, and the adjacent regions of northwestern Mato Grosso, southern Amazonas, as well as the eastern Bolivian lowlands shows a remarkable diversity of indigenous peoples speaking languages of several linguistic families belonging to the Tupian linguistic stock (Tup-Guaran, Arikm, Ramarma, Purubor, Mond, Munduruk, Tupar, and Maw). This linguistic and cultural wealth was pointed out by many travelers who have written on that region having been there or not. These researchers advises, notwithstanding, did not

    1 Este texto foi apresentado no Simpsio X Os Tup no alto Madeira: avanos no conhecimento da etnologia de Rondnia, realizado no mbito do III Encontro sobre Lnguas e Culturas Tup, ocorrido na Universidade de Braslia entre 20 e 22 de outubro de 2010. Agradeo a Ana Suelly A. Cmara Cabral a acolhida dessa mesa no evento Tup, e a Estevo Rafael Fernandes, Edmundo Peggion, Giovana Tempesta, Edwin Reesink e Aryon DallIgna Rodrigues pelo apoio, comentrios, crticas e sugestes.2 Professor do Departamento de Antropologia IFCH UNICAMP. Endereo residencial: Rua Humberto Pescarini, 633, Centro, Vinhedo-SP, CEP: 13.280-000. Telefones: (19) 3826-2856 / (19) 8123-2608. Endereo eletrnico: [email protected]

  • 116 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    warranted a continuous interest on the ethnological understanding of the Madeira river basin, and did not produce a consistent attempt to understand the regions present and historical dynamics. In brief: knowledge about Tupian-speaking peoples in Rondnia and southwestern Amazonia is still poor, dispersed and low-systematized. To develop ethnological studies on the Tupian peoples of the Madeira river basin is therefore an urgent task, opening discussion efforts and integrating research findings to increase our anthropological and historical knowledge on such populations, including inter-ethnic settings and historical trajectories in local, regional, and supra-regional levels. This article aims to map ethnological knowledge on the Tup speaking peoples in the regions here called Great Rondnia and to suggest some new research strategies and objectives designed to develop our understanding of its extremely rich social, cultural, and linguistic diversity.

    Keywords: Anthropology, Ethnology, Tupian speaking peoples, Amazonia, Rondnia.

    Introduo: uma Grande RondniaEste trabalho pretende ser um convite para o incremento da investigao

    etnolgica entre os povos indgenas de lngua Tup localizados, histrica e atualmente, em Rondnia. Divide-se em trs sees: a primeira destaca a diversidade dos povos indgenas naquela regio, riqueza cultural, social e histrica, que por si s justifica a necessidade de mais pesquisas entre essas populaes; a segunda apresenta um balano da produo etnolgica acerca desses povos, buscando delinear minimamente o estado de nossos conhecimentos na etnologia dos povos indgenas da regio. Se no exaustivo, o levantamento aqui realizado buscou contemplar, em grandes linhas, a qualidade dos trabalhos at agora empreendidos e a relativamente extensa bibliografia existente;3 e a terceira, finalmente, apresenta uma justificativa terica que, parece-me, fundamenta a importncia e a centralidade do aprofundamento das pesquisas com as populaes nativas do sudoeste da Amaznia das vrias filiaes lingusticas para o desenvolvimento da etnologia sul-americana como um todo.

    Antes, porm, necessrio esclarecer o que estamos denominando por Rondnia. No tratamos aqui unicamente do estado de Rondnia, ainda que ele esteja no centro de nossos interesses. Em termos geogrficos, estamos nos referindo regio que compreende, alm de Rondnia, tambm o noroeste do Mato Grosso, o sudeste do Amazonas e ainda o nordeste do Oriente boliviano ou seja, grosso modo, a rea drenada pela bacia do alto rio Madeira e seus formadores Mamor, Guapor e Beni e afluentes. Em outros termos,

    3 Qualquer referncia que tenha escapado na bibliografia aqui apresentada ser considerada em levantamentos futuros.

  • 117Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    estamos considerando o territrio compreendido entre os rios Tapajs (a leste) e Madre de Dios (a oeste), o alto Madeira (ao norte) e o mdio-baixo Guapor (ao sul), zona que poderamos denominar de Grande Rondnia.

    Esta delimitao contrasta com outras propostas de definio de reas etnogrficas do Brasil. Por exemplo, ns propomos agrupar duas das reas culturais indgenas definidas por Eduardo Galvo (1979), a do Guapor (rea III) e a do Tapajs-Madeira (rea IV), esta, pelo menos, em sua poro meridional. O mesmo se diga quanto diviso empregada pelo Instituto Socioambiental (ISA 2006), que tambm mantm separadas as reas denominadas Rondnia (rea XI) e Tapajs-Madeira (rea VII), as quais propomos integrar, mas apenas parcialmente, o mdio-baixo Madeira como parte do que aqui chamamos Grande Rondnia, pela presena ali dos grupos Tup Tenharn, Diahi e Parintintn (alm dos Tor, no-Tup).

    Nossa proposta contrasta, ainda, com a de Jlio Czar Melatti (s. d.), que dividiu a regio que nos interessa em pelo menos quatro reas etnogrficas distintas, a saber: Mamor-Guapor, Aripuan, Amaznia Centro-Meridional e Mojos e Chiquitos. Os critrios utilizados pelo autor so slidos e bem fundamentados, e tm o mrito de considerar no apenas o territrio brasileiro, como fez Galvo e faz o Instituto Socioambiental. Entretanto, aqui estamos levando em conta sugestes a partir de Eduardo Viveiros de Castro e discutidas na terceira seo deste texto de que a zona de transio ecolgica entre Amaznia e Cerrado, que parece ser, como veremos, zona de transio de formas scio-cosmolgicas, e, portanto, pode ser boa para pensar as sociedades e culturas das terras baixas sul-americanas. Considerando a fragmentao interna que Melatti efetua da poro ocidental desta faixa de transio (que estamos denominando Grande Rondnia), optamos por uma outra proposta, visto que um dos objetivos de nossa pesquisa o de agregar os trabalhos que tratam de populaes que habitavam as calhas dos formadores do rio Madeira e, hoje, gravitam em torno da oferta de recursos e servios que se originam no estado de Rondnia. Mesmo esta delimitao do oeste da zona transicional no nos deve impedir de refletir sobre suas relaes com as populaes que ocupam o centro e o leste da mesma grande regio.

    Nossa proposta tambm difere daquela mais recente, de Marco Paulo Schettino (2003), destinada a dinamizar os trabalhos de reconhecimento dos territrios indgenas do Brasil a partir da caracterizao precisa de reas etnogrficas e da sistematizao dos conhecimentos histricos e antropolgicos

  • 118 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    acumulados para cada uma das 17 reas propostas conhecimentos que devem ser a base para a construo dos laudos tcnicos a partir dos dados j organizados regionalmente. O autor prope, como rea XVI, Rondnia, cuja superfcie engloba praticamente todo o estado de Rondnia e pequena faixa do noroeste do estado de Mato Grosso [e] caracteriza-se pela alta diversidade tnica (Schettino 2003:39-40). Nossa proposta aqui subscreve este territrio, mas busca incluir o extremo sul do que Schettino (2003, 32-33) denomina eixo Madeira da rea X Madeira-Tapajs, a saber, os povos Tenharn, Tor, Apurin, Diahi, Pirah, Parintintn e Mra localizados no alto Madeira, na fronteira entre os estados do Amazonas e Rondnia. As afinidades culturais entre alguns desses grupos e outros povos mais ao sul, em Rondnia (os Tup-Kawahwa), alm dos mltiplos vnculos histricos e polticos destes grupos com Rondnia (indgena e no-indgena) parecem autorizar essa sugesto.

    Nosso foco aqui, portanto, o imenso territrio que faz a transio entre os biomas da Amaznia (ao norte) e do Brasil Central (ao sul). Esta uma zona de transio ecolgica, que abriga numerosas sociedades que parecem combinar formas cosmolgicas e morfolgicas tanto amaznicas quanto centro-brasileiras, configurando, tambm no sentido etnolgico, uma espcie de zona-tampo transicional entre as scio-cosmologias Tup amaznicas e as Macro-J no Brasil Central. Esta ampla faixa de terra, orientada horizontalmente no sentido leste-oeste, vai aproximadamente dos Karaj e Tapirap, no vale do Araguaia (limite leste), at a fronteira Pano (a oeste), j nos limites entre os atuais estados de Rondnia e Acre; inclui, ainda, a regio de terras baixas nos limites entre Rondnia e a Repblica da Bolvia. O territrio etnogrfico que estamos denominando Grande Rondnia compreende, grosso modo, aos limites ocidentais desta zona de transio, deixando de lado o alto Xingu e o que h a leste, e sem adentrar nos domnios dos povos de lngua Pano e de seus estudiosos. Tal recorte se justifica no apenas porque os contatos (histricos e etnolgicos) entre nossa Rondnia e as reas Pano e Xinguana ainda precisam ser melhor compreendidos, mas tambm por se tratar das reas excepcionalmente bem caracterizadas do ponto de vista etnogrfico, dispondo de quantidade significativa de pesquisas, consolidado corpo de especialistas e um forte debate interno aos respectivos campos (panlogos e xinguanlogos, se assim posso me expressar).

    Uma delimitao mais recente, e em certo sentido coincidente com a que estamos sugerindo aqui, foi feita por Crevels e van der Voort (2008) em sua definio da regio do Guapor-Mamor como rea lingustica

  • 119Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    (linguistic area). Os dois autores consideram a imensa rea drenada pelos rios Mamor, Guapor, Beni e Madre de Dios (e seus afluentes), nos limites entre Bolvia, Brasil e (em menor medida) Peru (Crevels & van der Voort 2008:157). A proposta que se funda sobre extensa recenso das fontes lingusticas, histricas e etnogrficas existentes inclui os grupos de lngua Pano meridionais (Chacobo, Pacaguara, Yaminahua e Kaxarari) e alguns dos povos do leste mato-grossense (Rikbatsa, Pares e Enawene-Naw), mas deixa de fora, mais uma vez, os grupos Tup-Kawahwa do alto Madeira. Tendo-se em considerao que outros Tup-Kawahwa em Rondnia foram considerados (Jma, Uru-eu-uau-uu, Amondwa e Karipna), no vemos razo para separ-los. O mesmo se diga dos Tor, no-includos, e separados de outros Txapakra, que foram, no entanto, considerados (War, Migueleo e outros).

    A rea definida pelos dois linguistas corresponde, em linhas gerais (e consideradas as observaes acima feitas), que estamos considerando como Grande Rondnia, em funo das articulaes culturais e histricas que podem ser minimamente traadas entre as diferentes sociedades que ali vivem ou viviam articulaes que foram notadas mas no, lamentavelmente, descritas em profundidade por vrios autores que viajaram pela regio e que sobre ela escreveram, como Rondon (1916), Roquette-Pinto (1935), Caspar (1953a), Lvi-Strauss (1948a, 1948b, 1996) e Meireles (1984, 1989), entre outros. Tais relaes e articulaes culturais, sociais, polticas, econmicas e histricas entre distintas sociedades foram muito bem demonstradas por Miguel Menendez (1981-1982, 1984-1985, 1992)4 para os povos no mdio e baixo Madeira situados imediatamente ao norte de nossa rea de interesse , e no existem razes para negar que tal panorama tambm se verificava nos vales do alto Madeira, Guapor-Mamor e afluentes (de todo modo, as pesquisas, que pretendemos tenham origem nesta proposta, devem vir a aguar nossa compreenso das relaes entre os povos na regio, aumentando a preciso dos limites que ora apenas esboamos).

    evidente que esta nossa demarcao de limites arbitrria, posto que as relaes entre as populaes na regio no parecem estar totalmente ou majoritariamente voltadas para seu interior, como parece acontecer em certas reas etnogrficas nas terras baixas, como o alto Xingu ou o alto rio Negro (Franchetto & Heckenberger 2001; FOIRN & ISA 2000). No obstante, por um lado, mesmo para estas reas relativamente bem delimitadas h algum grau de arbitrariedade na definio de limites, como bem perceberam os 4 Ver tambm Cypriano (2007).

  • 120 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    prprios autores que se dedicam definio de reas etnogrficas ou culturais (Melatti s. d). Por outro lado, as poucas informaes disponveis sobre as populaes indgenas no sudoeste da Amaznia parecem indicar que elas partilham de certas experincias histricas pr- e ps-coloniais comuns, algo apontado pelos (poucos) estudos at agora realizados na regio. Assim, Denise Meireles (1989) indicou os intensos trnsitos de pessoas, mercadorias e animais atravs da fronteira luso-espanhola do Guapor no sculo XVIII. Assim, tambm, Gilio Brunelli (1989) destacou uma orientao para o oeste dos grupos Tup-Mond no Aripuan. Identidades lingusticas, culturais e histricas conectam os povos Tup-Kawahwa que se espalham pelo centro-norte de Rondnia, extremo norte do Mato Grosso e sul do Amazonas (Kracke 2007a; Sampaio 2001). Qualquer um que visite Porto Velho reconhece que, como maior centro urbano regional, a cidade polariza grande parte das demandas das populaes nativas desta grande rea, incluindo aquelas originadas fora do estado de Rondnia.

    Aqui estaremos, portanto, considerando esta Grande Rondnia mais ou menos no esprito daquela Rondnia de Roquette-Pinto (1935) como uma unidade, em funo das relaes mais ou menos permanentes, das trajetrias histrico-culturais comuns e dos alinhamentos polticos recentes todos afetados por macro-processos histricos, sociais e polticos semelhantes (cf. Santos-Granero & Barclay 1994) , alm das proposies tericas que destacam a importncia estratgica desta zona-tampo entre a floresta amaznica e o cerrado centro-brasileiro para o estudo das sociedades e culturas nativas da Amrica do Sul, tema ao qual voltaremos na ltima seo deste texto.

    Para o caso dos grupos Tup, a delimitao mais simples: trata-se do conjunto de grupos, pertencentes a vrias famlias lingusticas distintas no interior do tronco Tup, que se concentra na bacia dos formadores do rio Madeira, maior afluente do rio Amazonas, no sudoeste da Amaznia. Esto, assim, relativamente separados de outros agrupamentos de povos Tup ao norte, ao sul e a leste. Esta regio tambm se define por concentrar vrias famlias do tronco Tup (Tup-Guaran, Arikm, Mond, Ramarma, Tupar e Purubor), algumas exclusivamente localizadas ali (caso das cinco ltimas citadas: cf. Rodrigues 1964, 1986:42) sendo, por esta razo, apontada por Rodrigues (1999) como centro de origem do prprio tronco lingustico Tup e ponto de partida para sua posterior difuso dessas lnguas e culturas para outras reas do continente (Rodrigues 1964; Urban 1992; Noelli 1998)5.5 Vale advertir que, aqui, estamos conscientes de que os povos Tup-Guaran na Bolvia no esto

  • 121Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Nesse sentido, h de se considerar a proposio de Eurico Miller (2009) falando a partir da perspectiva da arqueologia sobre a origem do tronco Tup, e de diversas famlias em seu interior, no que denomina Mesopotmia Guapor-Madeira-Aripuan, grande rea que agrega a poro do territrio brasileiro que reclamamos na nossa definio de uma Grande Rondnia, embora deixe de fora as terras baixas da Bolvia. A questo, aqui, definir se o rio Guapor , de fato, uma fronteira suficientemente significativa para demarcar as trajetrias das populaes nas suas duas margens: mais pesquisas arqueolgicas, antropolgicas, histricas e lingusticas devero aprofundar-se neste ponto. Aqui estamos subscrevendo a proposta de Crevels & van der Voort (2008) de tratar conjuntamente ambos os lados da fronteira, alm de apostar nos trnsitos efetivamente existentes atravs desta fronteira, talvez por demais engessada pela historiografia que mantinha separadas e estanques a parte luso-brasileira e a parte hispano-boliviana do territrio (Meireles 1989). De mais a mais, uma definio mais abrangente permite ampliar o dilogo com diferentes pesquisadores, a partir do qual poderemos, paulatinamente, refinar estas primeiras sugestes6.

    Balano da produo etnolgica sobre os Tup na Grande Rondnia

    A regio que estamos denominando de Grande Rondnia apresenta uma notvel riqueza cultural e diversidade lingustica, especialmente no interior do tronco Tup. Ali encontramos representantes de seis das 10 famlias que compem este tronco: isto, aliado presena de lnguas de vrias outras famlias lingusticas, caracteriza a rea como uma das zonas de maior diversidade lingustica em todo o continente sul-americano (Rodrigues 1964; Urban 1992; Crevels & van der Voort 2008).

    diretamente relacionados aos grupos da mesma famlia lingustica na outra margem do Guapor, mas provm de antigas migraes provenientes do sul (Rodrigues 2007). No obstante, aqui estamos menos preocupados com as relaes genticas entre lnguas/culturas, mas com diferentes modalidades de relaes, incluindo as histricas (tambm ps-coloniais), comerciais e polticas.6 Ser preciso tambm, talvez, ampliar nossa rea de investigao no sentido leste, para incluir tambm os grupos Tup do centro-leste de Mato Grosso (os Apiak) e do sul do Amazonas e do Par (os Munduruk e os Sater-Maw, alm de outros grupos extintos). As relaes histricas destes ltimos com os Tup-Kawahwa, demonstradas em detalhes por Miguel Menndez (1981-1982, 1984-1985, 1992), apontam para a provvel proficuidade desta incluso, e aqui no estamos considerando estes povos porque a produo etnolgica sobre eles razoavelmente extensa e os dados disponveis sobre eles remontam, pelo menos, ao sculo XVII; no obstante, devero ser considerados futuramente, na paulatina ampliao do dilogo com territrios vizinhos da nossa Grande Rondnia. O caso Apiak tambm necessita apreciao: trata-se de um povo pouco estudado pela etnologia (Tempesta 2009) e, tendo em vista os limites apresentados aqui, fora das reas delimitadas por Crevels & van der Voort (2008) e por Miller (2009), que estamos considerando como definidores de nosso territrio. Contudo, o dilogo com o material (etnogrfico, histrico e lingustico) existente sobre este povo (e outros grupos Tup nas circunvizinhanas) poder vir a alterar nossas expectativas preliminares.

  • 122 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Esta notvel riqueza lingustica tambm se verifica quanto cultura e histria das sociedades indgenas dali. Com efeito, vrios autores destacaram a diversidade de culturas, e mesmo notaram o valor estratgico do estudo da regio para a compreenso das terras baixas sul-americanas em sua totalidade (Lvi-Strauss 1948a; Meireles 1989, 1991; Urban 1992; Crevels & van der Voort 2008). Atualmente, a regio que definimos como Rondnia abriga cerca de 60 povos e aproximadamente 50 lnguas nativas, muitos deles ainda pobremente conhecidos; povos falantes de lnguas Tup so pelo menos 22 nesta regio. Esta diversidade cultural se faz acompanhar, ainda, de uma variedade tambm significativa de situaes scio-histricas vividas atualmente por essas populaes: encontramos, ali, desde povos em isolamento voluntrio, sem contato (como o caso dos vrios pequenos grupos Tup-Kawahwa que perambulam pelo noroeste mato-grossense (Cartagenes & Lobato 1991) ou do grupo isolado na Reserva Biolgica do Guapor que se supe ser Sirion, de lngua Tup-Guaran), at povos que se pode dizer emergentes, que se julgava extintos, mas vm reaparecendo no cenrio tnico regional nos ltimos anos, como o caso dos Purubor em Rondnia (CIMI-RO 2002).

    Os estudos lingusticos, pois, avanam em ritmo acelerado, no apenas no tocante descrio de idiomas isoladamente, mas tambm no que se refere composio de um quadro regional e nas contribuies do conhecimento desta regio para a composio de um panorama continental. Lamentavelmente, o mesmo no se pode dizer da produo antropolgica sobre as populaes indgenas na rea, ainda muito incipiente, pouco sistematizada e com frgil dilogo interno e externo; embora conversando com as teorias antropolgicas mais recentes, a etnologia indgena na Grande Rondnia carece de um quadro regional minimamente estabelecido o que se percebe na nossa prpria dificuldade em delimitar esta regio e ainda no realizou um esforo concentrado de intercmbio de informaes com vistas configurao de um quadro cultural e histrico que permita estratgias comparativas ou uma reflexo detalhada dos processos macro-sociais que abarcam esses povos em conjunto. Ou seja, conhecemos pouco das sociedades indgenas na regio, e menos ainda das relaes entre elas, muito porque conhecemos mal ns mesmos, que estamos fazendo etnologia em Rondnia. Temos algumas monografias de flego e excelente qualidade, mas falta, ainda, a composio de um quadro regional, tal como existe para o alto Xingu e o alto rio Negro, reas etnogrficas que dispem de uma produo razoavelmente contnua ainda que variada em termos de sua qualidade

  • 123Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    de conhecimentos antropolgicos h pelo menos um sculo7. Para o caso da nossa Grande Rondnia, alguns poucos estudos oferecem vislumbres das mltiplas relaes entre populaes distintas em certos territrios restritos, como os de Gilio Brunelli (1989) para os grupos Tup-Mond, de Mauro Leonel (1996) para a fronteira Tup-Txapakra, e de Denise Meireles (1991) para os grupos do que ela denominou rea cultural do marico, nos rios Branco, Colorado e Mequns. No obstante, muito trabalho ainda resta por ser feito e pode-se bem reconhecer esta fragilidade no caso dos povos Tup, que nos interessam particularmente aqui.

    Procedamos, ento, a um breve balano da produo etnolgica regional. Desde j, vale a advertncia de que esta recenso no pretende ser completa, mas apenas indicar o que temos de mais substancial ou de acesso mais fcil no tenho, por exemplo, clareza da dimenso de uma produo local (na Universidade Federal de Rondnia e outras localizadas na rea em estudo), embora no acredite ser falso afirmar que ela ainda pequena; da mesma forma, ainda estamos tomando contato com os estudos realizados entre povos Tup no leste da Bolvia, sobretudo no que concerne a etnlogos bolivianos ou ao material publicado exclusivamente naquele pas, cujo acesso ainda , infelizmente, precrio.

    Dois conjuntos de povos Tup destacam-se entre os mais bem estudados pela etnologia regional, e isso nas duas extremidades latitudinais da rea em anlise. Ao norte, Lvi-Strauss (1948b, 1996[1955]), Curt Nimuendaj (1924, 1948) e Joaquim Gondim (2001[1924]) colocaram no mapa etnogrfico os Tup-Kawahwa (Tup-Guarani). Nunes Pereira (1980, 2007) tambm recolheu e organizou informaes preciosas sobre os Kawahwa-Parintintn. Depois desses pioneiros tivemos os estudos seminais de Waud Kracke (1978, 1984, 1990a, 1990b 1992, 2007), e as contribuies avanadas por Miguel Menndez

    7 O que quero dizer aqui que qualquer monografia sobre uma determinada populao indgena no alto Xingu e no alto rio Negro, e mesmo nas Guianas e no interior do conjunto Pano na fronteira Brasil-Peru-Bolvia, pode se utilizar de amplo material produzido por estudiosos trabalhando com vrios povos na mesma regio (ou da mesma famlia lingustica), alm de dispor de documentao histrica em razovel quantidade e qualidade; isso torna os trabalhos individuais espaos de discusso com a literatura colateral disponvel, ajudando a compor, deste modo, quadros regionais mais e mais refinados. Os estudos feitos at o momento com os povos indgenas na Grande Rondnia ainda dispem de pouco material com o qual dialogar, especialmente no tocante a trabalhos de flego realizados com o mesmo grupo ou com populaes vizinhas. Na minha tese de doutorado (Vander Velden 2010:46-59), por exemplo, busquei reconstituir a trajetria dos Karitina desde ao menos a segunda metade do sculo XIX. Tive, para tanto, que me contentar com a historiografia pobre disponvel para a regio e alguns poucos estudos sobre povos vizinhos (os Uru-eu-uau-uu e os War), ainda que os Karitina mencionassem frequentemente, na sua histria, os contatos (belicosos) com sociedades que viviam nas cercanias de seu territrio.

  • 124 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    (1987, 1989), incluindo seu trabalho acerca da histria das populaes indgenas no vale do Madeira (Menndez 1981-82, 1984-85) que, se no se limitaram rea aqui definida, trouxeram aportes significativos para a compreenso da articulao histrico-cultural das sociedades nativas imediatamente ao norte de nossa Rondnia. Edmundo Peggion (1995, 1996, 1998, 2004, 2005, 2007a, 2008, 2009), com seu trabalho entre os Tenharn, o principal continuador das pesquisas com os Tup-Kawahwa. Angela Kurovski (2005) defendeu dissertao de mestrado recente sobre os Kawahwa-Parintintn. Mauro Leonel (1996) investigou a trajetria do contato e das relaes inter-tnicas dos Uru-eu-uau-uu, mas este povo ainda continua muito pouco conhecido etnologicamente. Praticamente desconhecidos pela antropologia ainda esto os Amondwa uma breve coletnea de mitos foi publicada por Wany Sampaio et al. (2004), alm de um pequeno volume com dados etnogrficos (Silva 1997) e um artigo sobre onomstica (Peggion 2007b) , os Juma dos quais conhecemos alguma coisa da trgica histria do contato (Cornwall 2003) e os Karipna, povo cuja presena est fortemente marcada na histria de Rondnia, posto que estavam na rota de coliso da Estrada de Ferro Madeira-Mamor, e sobre os quais praticamente nada sabemos da perspectiva etnolgica. Iniciam-se no momento as pesquisas sobre os Piripkra, outro grupo Tup-Kawahwa no noroeste mato-grossense (podem existir outros povos aparentados na regio), e os dados aportados podero trazer novas perspectivas sobre as relaes internas ao conjunto Tup-Kawahwa e destes com grupos de lngua Tup mais a leste.

    Ao sul, temos um bom conjunto de trabalhos antropolgicos com os povos de lngua Tup-Mond. Betty Mindlin (1985) publicou sua j clssica monografia sobre os Suru-Paiter, fruto de sua pesquisa de doutorado (Mindlin 1984a), alm de muitos artigos (1981, 1984b, 1984-85, 1989, 1990, 1992, 1993a, 1994, 1995a) e de coletneas de mitos e conhecimentos dos Suru (1996, 2006a) e tambm dos Gavio-Ikolen (2001), alm de selees de mitos provenientes de diferentes povos Tup-Mond (Mindlin 1997, 1999, 2006b). Os Cinta-Larga foram estudados etnograficamente por Richard Chapelle (1982), Carmem Junqueira (s.d., 1984, 1984-85, 2002) e, anos depois, por Priscilla Ermel (1988), por Joo Dal Poz Neto (1991, 1993, 1998, 2004, 2010) e por Laura Freitas (1996). Gilio Brunelli publicou excelente tese (1989) e vrios artigos sobre os Zor (Brunelli 1985, 1987a, 1987b, 1988a, 1988b, 1990); os Zor tambm foram pesquisados por Sophie Cloutier (1987, 1988a, 1988b). Lars Lovold (1980, 1987) realizou pesquisas comparativas entre os Gavio-Ikolen (Gavio de Rondnia) e os Zor. Os Gavio-Ikolen vm sendo estudados recentemente por Ivaneide Cardozo

  • 125Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    (2006), e h alguns trabalhos que investigam a situao social e a trajetria dos dois grupos na rea Indgena Igarap Lourdes (os Gavio-Ikolen e os Arra Kro, estes Tup-Ramarma), focalizando sobretudo a relaes destes grupos com os projetos de barramento do rio Machado (Forseth & Lovold 1991; Nbrega 2008). Dos Aru temos to-somente alguns mitos coletados por Betty Mindlin (1995b), dispersos entre mitos de vrios outros povos, e as notas gerais de Denise Meireles (1991) sobre as distintas populaes no mdio vale do rio Guapor.

    Embora existam estudos monogrficos que permitem que conheamos razoavelmente os povos Tup-Kawahwa (Tup-Guaran) e Tup-Mond na Grande Rondnia, estamos distantes de uma descrio detalhada e exaustiva destas culturas, e ainda mais afastados de snteses que dem conta das inter-relaes histricas e culturais entre elas, no interior de cada um dos conjuntos lingusticos e entre estes e as populaes vizinhas, indgenas e no-indgenas.

    Os demais povos Tup em Rondnia esto, infelizmente, em estgios de investigao antropolgica ainda mais incipientes. Creio serem os Karitina os mais bem conhecidos. O casal de linguistas David e Rachel Landin produziu alguns trabalhos de interesse antropolgico (D.Landin 1979; R.Landin 1985, 1989), destacando-se a tese de Rachel sobre o parentesco neste grupo. Em seguida, os sistemas de classificao social Karitina foram retomados por Carlos Frederico Lcio (1996; ver tambm 1998) em dissertao de mestrado. Liliam Moser coletou material de qualidade para a anlise da histria, do conhecimento mtico e das relaes inter-tnicas dos Karitina (Moser 1993). Felipe Vander Velden (2004, 2005, 2007, 2008, 2010a, 2010b) vem trabalhando com diversos aspectos da relao entre os Karitiana e o mundo dos brancos, e aguarda-se ansiosamente a tese de doutorado de Andra Oliveira Castro sobre relaes de parentesco e substncia neste povo de lngua Tup-Arikm (ver Castro 1996).

    Os pequenos grupos Tup localizados na bacia do rio Guapor Tupar, Makurp, Wayur, Sakyrabit, Akunts (famlia Tupar) e Aru (famlia Mond)8 so ainda menos conhecidos pela etnologia. Franz Caspar nos legou preciosas descries dos Tupar nos anos de 1950 (Caspar 1952, 1953a), e uma monografia de grande relevncia para o conhecimento deste povo (Caspar 1975), alm de vrios artigos (Caspar 1953b, 1955a, 1955b, 1956-58, 1976[1957]) que, inclusive, fazem meno a outros povos vizinhos dos

    8 Naturalmente, h uma mirade de povos extintos, sobre os quais sabemos nada ou muito pouco.

  • 126 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Tupar. Emilia Snethlage (1937, 1939) tambm deixou uns poucos materiais sobre esses grupos, vrios deles de reduzida populao atualmente. Depois dela tivemos apenas mitos Tupar coletados por Betty Mindlin (1993b), que tambm organizou um volume de mitos recolhidos entre grupos Tup e no-Tup na regio do Guapor (Mindlin 1995b; ver tambm Mindlin 2006b, 2010); o artigo seminal de Denise Meireles (1991) a respeito do complexo do marico (um tipo de cesto) que inclui os povos no-Tup na regio; e a recente dissertao de mestrado de Nicole Pinto (2009) sobre os Wayur.

    Sobre as populaes de lngua do tronco Tup no oriente boliviano, apenas os Sirion contam com um estudo detalhado, a clssica e controversa monografia de Allan Holmberg (1969). Allyn Stearman reavaliou as concluses de Holmberg acerca dos Sirion (Stearman 1984, 1987) e vem trabalhando com os Yuqu, outro grupo Tup-Guaran nas terras baixas bolivianas (Stearman 1989, 2006). Jrgen Riester (1977) publicou breve trabalho sobre os Guarasuwe, outro povo Tup-Guaran da Bolvia. Embora no tenhamos um quadro mais completo da produo etnolgica a respeito dos povos de lngua Tup no leste da Bolvia, aparentemente muito trabalho ainda precisa ser feito nas terras Tup, na repblica vizinha.

    Devemos evocar, de passagem, as pesquisas de qualidade desenvol-vidas entre vrios grupos Tup em Rondnia notadamente entre os Karitina e os Tup-Mond por pesquisadores ligados antropologia da sade, bioantropologia, ecologia humana e a vrias cincias biomdicas. Esses trabalhos vm aguando nossa compreenso sobre os perfis atuais e histricos da sade e da enfermidade entre essas populaes, alm de aportarem importantes dados cujo interesse para a etnologia regional revela-se bastante significativo sobre sistemas mdico-teraputicos, etiolgicos e nosolgicos nativos, histrico do contato, migraes, prticas produtivas, conhecimento botnico, zoolgico e tcnico e formas de adaptao aos novos contextos trazidos com o estabelecimento das relaes intensivas e permanentes com os brancos. A produo dos pesquisadores vinculados a este campo enorme, e ele tem bastante fora no cenrio cientfico rondoniense haja vista a existncia do Centro de Estudos em Sade do ndio de Rondnia (CESIR), vinculado Universidade Federal de Rondnia (UNIR) e Fundao Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e sediado em Porto Velho. Impossibilitados, assim, de elencar aqui toda a produo das reas biomdica e bioantropolgica, sugerimos os trabalhos pioneiros de Carlos Coimbra Jr. (1989) e Ricardo Ventura Santos (1991) para uma boa introduo a estes campos de estudos.

  • 127Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Pesquisas comparativas, que busquem pensar as relaes entre cosmologias e organizaes sociais indgenas na Grande Rondnia, so ainda mais escassas, e a maioria delas extravasa os limites da regio que pretendemos circunscrever, buscando articular dados oriundos de outras populaes, com vistas no a consolidar uma regio etnograficamente especfica, mas a repensar conjuntos mais amplos, tais como a Amaznia e o Brasil Central (e a zona de transio entre eles), ou os grupos Tup e Macro-J, por exemplo; assim, Eduardo Viveiros de Castro (2002) emprega o material rondoniense (incluindo noroeste do Mato Grosso e Oriente boliviano) em suas reflexes gerais sobre as terras baixas sul-americanas. De modo menos ambicioso, Carolina Pucu Arajo (2002) esboou uma sistematizao das relaes entre sistemas de parentesco Tup, discutindo com mais vagar os dados Cinta Larga e Karitina. E Carmem Junqueira (2002) props uma comparao das relaes de gnero entre os Cinta Larga e os Kamayur no Xingu, extremidade leste da zona de transio amaznico-centro brasileira. Honrosas excees, ao buscar articular um universo de povos geograficamente prximos e intensamente relacionados histrica e culturalmente, so o livro de Brunelli (1989) sobre os Tup-Mond e o artigo isolado de Denise Maldi Meireles (1991) sobre os grupos das terras indgenas Rio Branco e Rio Guapor. Ou seja, falta-nos ainda uma boa viso do conjunto regional que buscamos definir aqui.

    A carncia deste panorama geral ainda mais acentuada pela fraqueza da historiografia de Rondnia, no geral uma regio ainda parcamente conhecida em termos histricos. Estamos ainda muito dependentes do monumental trabalho de Vitor Hugo (1959), publicado pela primeira vez em 1959! E as pesquisas atuais em larga medida falham em articular os processos e eventos histricos com a macia presena indgena, registrada em migalhas, em cada um deles. O fato histrico mais conhecido da histria regional a construo da Ferrovia Madeira-Mamor no incio do sculo XX teve crucial envolvimento, e mesmo participao direta, dos grupos conhecidos por Karipna e Arra, que viviam nos arredores da obra e que foram duramente atingidos por ela; no obstante os estudos sobre a EFMM raramente mencionem os ndios, e s Mauro Leonel (1996) tenha recolhido algumas dramticas histrias daqueles momentos no incio do sculo passado.

    Somente Denise Meireles (1984) buscou sistematizar, em grandes linhas, a histria indgena em Rondnia, com particular ateno ao vale do Guapor (1989). Essa autora buscou recolher tudo o que se sabia da histria dos povos indgenas na regio at o final dos anos de 1980. Desde ento,

  • 128 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    contudo, pouco foi acrescentado, sobretudo no tocante a investigaes que abordem as trajetrias de grupos especficos e suas relaes com populaes vizinhas (indgenas e no-indgenas), alm de suas prprias perspectivas sobre essa histria, mais ou menos como Mauro Leonel esboou para os Uru-eu-uau-uu (1996) e Aparecida Vilaa (2006) fez, recentemente, e de modo bastante detalhado, para os diversos subgrupos War (Txapakra).

    Da mesma forma, a arqueologia em terras rondonienses ainda quase totalmente ausente, a nica pesquisa de maior flego existente sendo o trabalho de Eurico Theofilo Miller (2007[1983]) na regio do Alto Mdio Guapor (Rondnia e Mato Grosso), e nas bacias do alto Madeira e do Ji-Paran (a bibliografia est sistematizada em Miller 2009, 109-111). Miller vem buscando integrar seus achados arqueolgicos com as pesquisas em etnologia, histria e lingustica na regio, sustentando as hipteses originalmente formuladas por Aryon Rodrigues acerca da origem dos Tup nesta zona (Miller 2009). Novos trabalhos em arqueologia devem aumentar nossa compreenso do passado remoto da regio do vale do rio Ji-Paran (Cruz 2008; Zimpel Neto, 2009). Entretanto, a quase completa ausncia de dados arqueolgicos para o restante da Grande Rondnia no permite conhecer muitos dos processos sociais e histricos anteriores ao contato, e nem integrar a regio s snteses arqueolgicas que foram e vm sendo elaboradas para a Amaznia em particular, e para o territrio brasileiro em geral (Roosevelt 1992; Fausto 2000). Da mesma forma, a integrao entre os dados lingusticos, arqueolgicos e antropolgicos que j est em andamento em outras regies das terras baixas, como no Xingu (Heckenberger 2005), com resultados intrigantes ainda est longe de poder ser efetuada em Rondnia.

    De fato, portanto, o que se deve ressaltar que o conhecimento antropolgico das populaes indgenas de lngua Tup em Rondnia depende, e muito, do trabalho que vem sendo realizado pelos linguistas no querendo dizer, evidentemente, que isso seja um problema. Penso, por exemplo, nas j citadas proposies de Aryon DallIgna Rodrigues a respeito das relaes historicamente verificveis entre diversas populaes a partir do estudo das lnguas indgenas, e que alteraram substantivamente a maneira de a etnologia olhar para esta regio etnogrfica (cf. Urban 1992). Em escala menor, penso, tambm, nos corpora mticos e histricos coletados e reunidos por vrios linguistas, como Ana Vilacy Galcio (2006) para os Mekem-Sakyrabiat, Wany Sampaio et al. (2004) para os Amondwa e Nilson Gabas Jr. (2002, 2009) para os Arra-Kro. Para as relaes histricas entre vrios grupos no interior de

  • 129Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    uma famlia lingustica tambm temos, basicamente, o trabalho de competentes linguistas, como a reconstruo das relaes entre as lnguas/povos da famlia Ramarma proposta por Nilson Gabas Jr. (2000), a sugesto, feita por Ana Suelly Cmara Cabral (2007) de uma possvel relao entre os Kokma e certos povos em Rondnia, como os Tupar e os Karitina (vnculo que merece estudos aprofundados), e o estudo de Wany Sampaio (2001) determinando as relaes entre lnguas/povos de lngua Tup-Kawahwa. O mesmo se diga da organizao de dicionrios enquanto snteses do conhecimento acumulado por determinada cultura caso do dicionrio Karitiana-Portugus-Ingls proposto por Luciana Storto (2002). Reafirmo que no estou, aqui, desqualificando o trabalho dos linguistas, que deve continuar e, sobretudo, crescer e adensar-se e, inclusive, seguir coletando e analisando mitos, histria, cultura. Apenas estou sugerindo que a interveno do conhecimento antropolgico dever diversificar as formas de coleta e anlise deste material, multiplicando os conhecimentos sobre cada um desses povos e das relaes entre eles.

    Dito tudo isso, ressaltamos um quadro de conhecimento etnolgico ainda muito incipiente e fragmentrio a respeito dos povos e culturas indgenas da regio que estamos denominando Grande Rondnia. chegada, ento, a hora das proposies.

    Por que pesquisar os Tup na Grande Rondnia?A fantstica diversidade dos povos, culturas e histrias indgenas na

    Grande Rondnia deve, por si s, ser motivo suficiente para o interesse antropolgico/etnolgico nesta regio em particular. Desvendar as origens desta diversidade e as dinmicas internas a ela incluindo suas relaes com blocos populacionais etnogrficos culturais vizinhos, indgenas e no-indgenas deve ser um estmulo bsico, que permita retirar da obscuridade essa imensa rea do mapa etnogrfico das terras baixas sul-americanas e integr-la ao panorama que vem sendo elaborado, com maior ou menor densidade, para outras partes da Amaznia e do continente. Desta forma, a carncia de estudos e pesquisas sobre as culturas na regio constitui-se como um segundo motivo para o incremento da interveno de antroplogos nos debates regionais. As sugestes apontadas pelos linguistas e arquelogos notadamente aquelas feitas por Aryon Rodrigues na lingustica e a discusso desses dados a partir da arqueologia por Eurico Miller constituem materiais importantes que destacam variadas linhas de investigao possveis e apontam para certas convergncias que no apenas

  • 130 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    podero enriquecer os dados provenientes das pesquisas etnolgicas, como estes devero iluminar aqueles.

    Haveria, ainda, por fim, uma razo terica mais precisa para o interesse nesta rea etnogrfica que delimitamos. Com efeito, no prefcio edio portuguesa do livro de Patrick Menget sobre os Ikpeng (Menget 2001), Eduardo Viveiros de Castro apontou para a importncia do estudo etnogrfico e etnolgico da imensa regio limtrofe entre a Amaznia e o Brasil Central grosso modo compreendida entre o alto Xingu, a leste, e o estado de Rondnia/norte do estado de Mato Grosso, a oeste, onde as sociedades como no caso dos Ikpeng (Txico) parecem combinar, de diferentes maneiras, aspectos sociolgicos e cosmolgicos de ambos os perfis tpicos encontrados entre os povos amaznicos e os centro-brasileiros. Esta combinao, segundo Viveiros de Castro (2001:10-11), parece ser, na verdade, efeito do largo desconhecimento que ainda pesa sobre as populaes nativas da rea, zona de transio entre as formaes sociais da Amaznia sul-oriental (de dominncia tupi-guarani) e as do Brasil Central (de dominncia macro-j):

    (...) A essa vasta regio da Amaznia meridional falta, certamente, a homogeneidade lingustica exibida pelos povos J ou pelos Tup-Guaran do Madeira e do Xingu-Tocantins; mas sua consistncia morfolgica e cosmolgica (para alm dos aspectos que podem ser ditos pan-amaznicos) parece-me digna de exame. A ideia de que ela constitui uma forma transicional ou um amontoado heterclito de formas transicionais possivelmente uma iluso de tica causada pela maior nitidez, nos quadros da etnologia atual, dos perfis amaznico tpico (...) e centro-brasileiro (ou mais propriamente, j e bororo) (...) (Viveiros de Castro 2001:11).

    O que leva Viveiros de Castro a concluir, pelo menos para o caso Ikpng, que talvez a rea que define as fronteiras entre a floresta e o cerrado seja habitada por populaes cujos sistemas sociais apresentariam a forma cannica da socialidade amaznica (Viveiros de Castro 2001, 11), casos-tipo a representar com perfeio os modos de organizao scio-cosmolgica nativos da Amaznia.

    Alguns anos antes, o mesmo Viveiros de Castro (1993) j destacara a possibilidade de se encontrar uma ponte entre as duas regies a saber, a Amaznia dravidiana e o Brasil Central (Viveiros de Castro 1993:149-150). Nesse artigo, o autor sinalizou a existncia de grupos da floresta tropical que mostram sistemas semelhantes aos centro-brasileiros, com trs exemplos

  • 131Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    extrados da rea cultural do Guapor (conforme Galvo 1979): Sirion, Tupar (ambos Tup) e Paka-Nova (Txapakra). Esta observao novamente aponta para o interesse estratgico na investigao das cosmologias nativas desta regio, e aqui poderamos adicionar os grupos Tup-Kawahwa, povos de lngua Tup habitantes da floresta amaznica que, no obstante, apresentam sistemas de metades exogmicas de feies tipicamente centro-brasileiras (cf. Peggion 2005).

    A importncia das pesquisas etnolgicas nesta rea que denominamos Grande Rondnia, pode, portanto, contribuir de modo decisivo para a constituio de um quadro compreensivo mais geral sobre as formaes scio-cosmolgicas nas terras baixas da Amrica do Sul, permitindo aguar o entendimento das articulaes entre as culturas Amaznicas e as Centro-Brasileiras, ou, em outros termos, entre os povos de lngua Tup e aqueles pertencentes ao tronco lingustico Macro-J. Nesse sentido, estamos sugerindo concentrar esforos nesta rea que o limite ocidental da rea transicional Cerrado-Amaznia9, uma vez que suas faixas ocidental os Karaj e Tapirap10 e o alto Xingu e central os Sater-Maw e os Munduruk apresentam boa quantidade e qualidade de pesquisas e possuem j um lugar consagrado na etnologia americanista.

    Rondnia a Grande Rondnia, melhor dizendo, abarcando os vales do Guapor/Mamor/Beni e alto Madeira representa, portanto, uma das zonas de crucial importncia nesse quadro, no s por ser o limite ocidental da rea transicional Cerrado-Amaznia, mas por apresentar, como j visto, uma notvel diversidade cultural e lingustica em um territrio relativamente restrito, fato destacado por muitos autores desde pelo menos Claude Lvi-Strauss (Lvi-Strauss 1948; Meireles 1984, 1989, 1991; Miller 2008 [1983]; Urban 1992; Crevels & van der Voort 2008). A existncia de dezenas de sociedades distintas, falando lnguas de vrias famlias lingusticas muito diversas, faz crer que o estudo antropolgico da regio dos afluentes meridionais do rio Madeira Rondnia e reas adjacentes se reveste de um valor particular, tanto mais para o caso 9 No mesmo texto que discutimos acima, em nota, Viveiros de Castro (1993:204, nota 22) sugere que os povos de lngua Pano fariam a transio entre as configuraes amaznicas e as centro-brasileiras, o que implicaria em estendermos para o oeste os limites de nossa rea de interesse at a fronteira do Brasil com o Peru. Como nosso foco aqui Rondnia, no tenho condies de discutir detalhadamente esta possibilidade, que merece melhor investigao. Destaco, novamente, que os Pno tambm esto servidos por copiosa literatura, e existe relativamente consolidada uma rede de pesquisadores destes povos.10 Nathalie Petesch (1993) sustenta que os Karaj tambm apresentam evidncias de transio entre formas sociais Tup e J; da mesma forma, Viveiros de Castro (1986:632) fala do estilo centro-brasileiro da estrutura social e cerimonial Tapirap (Tup).

  • 132 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Tup, uma vez que a regio concentra grande nmero de culturas e lnguas deste tronco, alguns estudos considerando Rondnia o centro mesmo de origem e disperso das diferentes famlias lingusticas Tup (Rodrigues 1964; Urban 1992). Tarefa urgente, uma vez que se trata de um conjunto de povos ainda parcamente conhecidos pela etnologia das terras baixas sul-americanas, muitos dos quais inclusive, e lamentavelmente, ameaados de desaparecimento pelo violento processo colonizador na regio, que ainda se faz sentir em mltiplos eventos e variados contextos.

    Referncias Arajo, Carolina Pucu. 2002. A dana dos possveis: o fazer de si e o fazer do

    outro em alguns grupos Tup. Dissertao de mestrado, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Brunelli, Gilio. 1985. Bebe! Bebe!... Jikkoi! Les Zors vont la chasse. Recherches amrindiennes au Qubec 15(3):45-57.

    Brunelli, Gilio. 1987a. Migrations, guerres et identits: faits ethno-historiques zor. Anthropologie et socits 11(3):149-172.

    Brunelli, Gilio. 1987b. La salud por medio de las plantas: etnobotnica zor, Amazona brasilea. Amrica Indgena 47(2):241-268.

    Brunelli, Gilio. 1988a. La sant passe par la bouche, mais les dieux nont pas de chair. Trabalho apresentado no 46me Congrs International dAmricanistes, Amsterdam, 4-7 julho.

    Brunelli, Gilio. 1988b. Matres de linvisible. Notes et rflexions sur le chamanisme tupi-mond. Recherches amrindiennes au Qubec 18 (1-2):127-43.

    Brunelli, Gilio. 1989. De los espiritus a los micrbios. Salud y cambio social entre los Zor de la Amazona brasilea. Quito/Roma: Abya-Yala/MLAL.

    Brunelli, Gilio. 1990. Crossing worlds in quest for answers: Zor indians explain illness. In Ethnobiology: implications and applications (2 vols), organizado por Darrel Posey & William Overal:141-146. Belm: Museu Paraense Emilio Goeldi.

    Cabral, Ana Suelly A. C. 2007. New observations on the structure of Kokma/Omgwa. In Language endangerment and endangered languages, edited by Leo Wetzels:365-379. Leiden: CNWS Publications.

    Cardozo, Ivaneide. 2006. TI Igarap Lourdes: etnozoneamento e gesto. In Povos Indgenas no Brasil 2001/2005:603-606. So Paulo: Instituto Socioambiental.

  • 133Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Cartagenes, Rosa & Lobato, Joo Carlos. 1991. espera do desastre. In Povos indgenas no Brasil 1987/88/89/90:445-446. So Paulo: Centro Ecumnico de Documentao e Informao.

    Caspar, Franz. 1952. Tupari: unter indios im urwald brasiliens. S.l.: Friedr. Vieweg & Sohn Braunschweig.

    Caspar, Franz. 1953a. Tupari: entre os ndios, nas florestas brasileiras. So Paulo: Melhoramentos.

    Caspar, Franz. 1953b. Some sex beliefs and practices of Tupari Indians (Western Brazil). Revista do Museu Paulista, Nova Srie, volume III:201-248.

    Caspar, Franz. 1955a. A expedio de P. H. Fawcett a tribo dos Maxubi em 1914. Anais do XXXI Congresso Internacional de Americanistas. So Paulo: Anhembi (volume 1).

    Caspar, Franz. 1955b. Um caso de desenvolvimento anormal da personalidade observado entre os Tupari. Anais do XXXI Congresso Internacional de Americanistas. So Paulo: Anhembi:121-126.

    Caspar, Franz. 1956-1958. Puberty rites among the Tupari Indians. Revista do Museu Paulista, Nova Srie, volume X:141-154.

    Caspar, Franz. 1975. Die Tupar, ein Indianerstamm in Westbrasilien. Berlin: Walter de Gruyter.

    Caspar, Franz. 1976 [1957] A aculturao dos Tuparis. In Leituras de Etnologia Brasileira, editado por Egon Schaden, 486-515. So Paulo: Companhia Editorial Nacional.

    Castro, Andra C. Oliveira. 1996. Morte e a simblica da reproduo social. Trabalho apresentado na 20. Reunio Brasileira de Antropologia, Salvador.

    Chapelle, Richard. 1982. Os ndios Cintas-Largas. So Paulo/Belo Horizonte: Edusp/Itatiaia.

    CIMI-RO. 2002. Panewa especial. Porto Velho: Conselho Indigenista Missionrio Regional Rondnia.

    Cloutier, Sophie. 1987. Sang et interdit chez les Zors dAmazonie brsilienne. Cahiers du GRAL 26.

    Cloutier, Sophie. 1988a. Les instruments musicaux des Indiens zor-pangueyen (Amazonie brsilienne). Recherches amrindiennes au Qubec XVIII (4):75-86.

  • 134 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Cloutier, Sophie. 1988b. Une nouvelle thique en rupture avec la tradition. La conversion des Indiens Zor lvanglisme de la Mission Nouvelles Tribus. Dissertao de mestrado, Universit de Montral.

    Coimbra Jr., Carlos. 1989. From shifting cultivation to coffee farming: the impact of change on the health and ecology of the Suru in the Brazilian Amazon. Ph.D. dissertation, Indiana University.

    Cornwall, Ricardo. 2003. Os Jumas: a continuao da violenta reduo dos Tup. Madalena/CE: R.Cornwall.

    Crevels, Mily & Hein van der Voort. 2008. The Guapor-Mamor region as a linguistic area. In From linguistic areas to areal linguistics, edited by P. Muysken, 151-179. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company.

    Cruz, Daniel G. da. 2008. Lar, doce lar? Arqueologia Tup na bacia do Ji-Paran (RO). Dissertao de mestrado, MAE-USP.

    Cypriano, Doris. 2007. Almas, corpos e especiarias: a expanso colonial nos rios Tapajs e Madeira. Pesquisas Antropologia 65:5-170.

    Dal Poz Neto, Joo. 1991. No pas dos Cinta Larga: uma etnologia do ritual. Dissertao de mestrado, Universidade de So Paulo.

    Dal Poz Neto, Joo. 1993. Homens, animais e inimigos: simetrias entre mito e rito nos Cinta Larga. Revista de Antropologia 36:177-206.

    Dal Poz Neto, Joo. 1998. Os ritos da identidade: um estudo das relaes tnicas nos Cinta Larga. In Modelos e processos: Ensaios de etnologia indgena, organizado por Edir Pina de Barros, 149-226. Cuiab: EdUFMT.

    Dal Poz Neto, Joo. 2004. Ddivas e dvidas entre os Cinta-Larga. Tese de doutorado, UNICAMP.

    Dal Poz Neto, Joo. 2010. Dinheiro e reciprocidade nos Cinta-Larga: notas para uma economia poltica na Amaznia meridional. Sociedade e Cultura 13(1):11-23.

    Ermel, Priscilla. 1988. O sentido mtico do som: ressonncias estticas da msica tribal dos ndios Cinta-Larga. Dissertao de mestrado, PUC-SP.

    Fausto, Carlos. 2000. Os ndios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

    FOIRN & ISA. 2000. Mapa-livro dos Povos Indgenas do alto e mdio rio Negro. So Gabriel da Cachoeira: FOIRN; So Paulo: Instituto Socioambiental; Braslia: MEC-SEF.

  • 135Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Forseth, Elisabeth & Lars Lovold. 1991. Os ndios e a hidreltrica Ji-Paran. In Povos indgenas no Brasil 1987/88/89/90:428-434. So Paulo: Centro Ecumnico de Documentao e Informao.

    Franchetto, Bruna & Michael Heckenberger (orgs.). 2001. Os povos do alto Xingu: histria e cultura. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ.

    Freitas, Laura Perez. 1996. Changement social et sant chez les Tupi-Monde de Rondonia (Brsil). Dissertao de mestrado, Universit de Paris X.

    Gabas Jr., Nilson. 2000. Genetic relationships within the Ramarma family of the Tup stock (Brazil). In: Ensayos sobre lenguas indgenas de las tierras bajas de Sudamrica. Contribuciones al 49 Congreso Internacional de Americanistas en Quito 1997, editado por Hein van der Voort & S. van de Kerke, 71-82. Leiden: Research School of Asian, African, and American Studies (CNWS).

    Gabas Jr., Nilson. (com narradores Arara, orgs.). 2002. My yamt Kan xet pg xawero mai kany mm Histria dos Arara no tempo do contato com os brancos. Belm: MPEG.

    Gabas Jr., Nilson. (com Sebastio Karay Pw Arara, orgs.). 2009. Mitos Arara. Belm: MPEG.

    Galucio, Ana Vilacy (org.). 2006. Narrativas tradicionais Sakurabiat Mayp Eb. Belm: MPEG.

    Galvo, Eduardo. 1979. reas culturais indgenas do Brasil:1900-1959. In Encontro de sociedades: ndios e brancos no Brasil, 193-228. Rio de Janeiro: Paz & Terra.

    Gondim, Joaquim. 2001 [1924]. A pacificao dos Parintintim: Kor de iuirap. Manaus: Edies do Governo do Estado.

    Heckenberger, Michael. 2005. The power of ecology: culture, place, and personhood in the Southern Amazon, A.D. 1000-2000. London: Routledge.

    Holmberg, Allan. 1969. Nomads of the long bow: the Siriono of Eastern Bolivia. Garden City: Natural History Press.

    ISA. 2006. Povos indgenas no Brasil 2001/2005. So Paulo: Instituto Socioambiental.

    Junqueira, Carmen. S/d. In the path of Polonoroeste: endangered peoples of Western Brazil - Os Cinta-Larga. Cultural Survival Occasional Papers 6:55-8.

  • 136 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Junqueira, Carmen. 1984-85. Os Cinta-Larga. Revista de Antropologia 27/28:213-232.

    Junqueira, Carmen. 1984. Sociedade e cultura: os Cinta-Larga e o exerccio do poder do Estado. Cincia e Cultura 36(8):1284-1287.

    Junqueira, Carmen. 2002. Sexo e desigualdade entre os Kamaiur e os Cinta Larga. So Paulo: Olho dgua/Capes.

    Kracke, Waud. 1978. Force and persuasion: leadership in an Amazonian society. Chicago: University of Chicago Press.

    Kracke, Waud. 1984. Kagwahiv moieties: form without function?. In: Marriage patterns in Lowland South America, edited by Ken Kensinger, 99-124. Urbana: University of Illinois Press.

    Kracke, Waud. 1990a. El sueo como vehculo del poder shamnico: interpretaciones culturales y significados personales de los sueos entre los Parintintin. In: Antropologa y experiencias del sueo, coordinado por Michel Perrin, 145-158. Quito/Roma: Abya-Yala/MLAL.

    Kracke, Waud. 1990b. Dont let the piranha bite your liver: Kagwahiv food taboos. In: The psychoanalytic study of society, edited by L.Boyer & S.Hillside, 205-246. New Jersey: The Analytic Press.

    Kracke, Waud. 1992. He who dreams: the nocturnal source of healing power in kagwahiv shamanism. In Portals of power: shamanism in South America, edited by J. Langdon & G.Baer, 127-148. Albuquerque: University of New Mexico Press.

    Kracke, Waud. 2007. A posio histrica dos Parintintn na evoluo das culturas Tup-Guarani. In Lnguas e culturas Tup, organizado por A. D. Rodrigues & A.S.C.Cabral, 23-35. Braslia: Editora Curt Nimuendaju/LALI-UnB.

    Kurovski, Angela. 2005. Anfitries guerreiros: um estudo sobre rivalidades e generosidade entre os Kagwahiwa Parintintim. Dissertao de mestrado, UFPR.

    Landin, David. 1979. Some aspects of Karitiana food economy. Separata dos Arquivos de Anatomia e Antropologia 4:227-241.

    Landin, Rachel. 1985. Nature and culture in four Karitiana legends. In Five Amazonian Studies on world view and culture change, edited by William Merrifield, 59-69. Dallas: International Museum of Cultures.

    Landin, Rachel. 1989. Kinship and naming among the Karitiana of Northwestern Brazil. Master thesis, University of Texas.

  • 137Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Leonel, Mauro. 1996. Etnodicia Uruu-au-au. So Paulo: Edusp/IAM/FAPESP.

    Lvi-Strauss, Claude. 1948a. The tribes of the right bank of the Guapor river. In Handbook of South American Indians, volume III, edited by Julian Steward, 370-379. Washington: Smithsonian Institution.

    Lvi-Strauss, Claude. 1948b. The Tup Cawahib. In Handbook of South American Indians, volume III, edited by Julian Steward, 299-305. Washington: Smithsonian Institution.

    Lvi-Strauss, Claude. 1996 [1955]. Tristes trpicos. So Paulo: Cia. das Letras.

    Lovold, Lars. 1980. Through mythical eyes: the traditional world view of the Gavio and the Zor Indians of Brazil. Oslo: Institute of Social Anthropology/ International Peace Research Institute.

    Lovold, Lars. 1987. First he locked them in: a creation myth among the Gavio and the Zor indians of Brazil. In Native and Neighbors in Indigenous South America, edited by H.Skar & F.Salomon, 417-442. Gothenburg: Gteborgs Etnografiska Museum.

    Lcio, Carlos Frederico. 1996. Sobre algumas formas de classificao social: etnografia sobre os Karitiana de Rondnia (Tupi-Arikm). Dissertao de mestrado, UNICAMP.

    Lovold, Lars. 1998. Heris civilizadores, demiurgos sociais: algumas consideraes sobre genealogia, mito e histria entre os Caritianas (tupi-ariqueme). Mosaico Revista de Cincias Sociais 1(1):39-67.

    Meireles, Denise Maldi. 1984. Populaes indgenas e a ocupao histrica de Rondnia. Monografia de concluso de curso, UFMT.

    Meireles, Denise Maldi. 1989. Guardies da fronteira. Rio Guapor, sculo XVIII. Petrpolis: Vozes.

    Meireles, Denise Maldi. 1991. O complexo cultural do marico: sociedades indgenas dos rios Branco, Colorado e Mequens, afluentes do mdio Guapor. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi Srie Antropologia 7(2):209-269.

    Melatti, Jlio Csar. S/d. ndios da Amrica do Sul reas etnogrficas. Acesso em set./2010. http://e-groups.unb.br/ics/dan/juliomelatti/ias.htm.

    Menndez, Miguel. 1981-82. Uma contribuio para a etno-histria da rea Tapajs-Madeira. Revista do Museu Paulista, N.S. XXVIII: 289-388.

  • 138 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Menndez, Miguel. 1984-85. Contribuio ao estudo das relaes tribais na rea Tapajs-Madeira. Revista de Antropologia 27-28:271-286.

    Menndez, Miguel. 1987. A presena do branco na mitologia Kawahiwa: histria e identidade de um povo Tupi. Studi e Materiali di Storia delle Religioni 53(1):75-97.

    Menndez, Miguel. 1989. Os Kawahiva: uma contribuio ao estudo dos Tupi Centrais. Tese de doutorado, Universidade de So Paulo.

    Menndez, Miguel. 1992. A rea Madeira-Tapajs: situao de contato e relao entre colonizador e indgenas. In Histria dos ndios no Brasil, organizado por M. Carneiro da Cunha, 281-296. So Paulo: FAPESP/SMC/Cia. das Letras.

    Menget, Patrick. 2001. Em nome dos outros: classificao das relaes sociais entre os Txico do Alto Xingu. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia/Assrio & Alvim.

    Miller, Eurico Thefilo. 2007 [1983]. Histria da cultura indgena do Alto Mdio-Guapor: Rondnia e Mato Grosso. Porto Velho: Edufro.

    Miller, Eurico Thefilo. 2009. A cultura cermica do tronco Tup no alto Ji-Paran, Rondnia Brasil. Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica 1(1):35-136.

    Mindlin, Betty. 1981. The Suru. Cultural Survival Occasional Papers 6: 53-4.

    Mindlin, Betty. 1984a Os Suru de Rondnia. Tese de doutorado, PUC-SP.Mindlin, Betty. 1984b. Comunitrio ou coletivo: um caso tribal. Revista

    de Administrao de Empresas 24(3):87-92.Mindlin, Betty. 1984-85. Os Suru de Rondnia: entre a floresta e a

    colheita. Revista de Antropologia 27-28:203-211.Mindlin, Betty. 1985. Ns Paiter: os Suru de Rondnia. Petrpolis: Vozes.Mindlin, Betty. 1989. Iabadai Surui will not forget how the lumbermen

    killed Iabner. IWGIA Newsletter 58:21-31.Mindlin, Betty. 1990. Peixot, a casa dos espritos. Bric a Brac, s.n:55-56.Mindlin, Betty. 1992. Amor e ruptura na aldeia indgena. In Amor,

    casamento e separao, organizado por I.Porchat. So Paulo: Brasiliense.

    Mindlin, Betty. 1993a. Medicina indgena e assistncia mdica: comentrio sobre o Projeto de Sade Suru de Rondnia. Boletim da ABA 14:9-11.

  • 139Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Mindlin, Betty. 1993b. Tuparis e Tarups: narrativas dos ndios Tuparis de Rondnia. So Paulo: Brasiliense/Edusp/IAM.

    Mindlin, Betty. 1994. O aprendiz de origens e novidades: o professor indgena, uma experincia de escola diferenciada. Estudos Avanados 8(20):233-253.

    Mindlin, Betty. 1995a. Unwritten stories of the Surui indians of Rondnia. Austin: Institute of Latin American Studies (Ilas Special Publication).

    Mindlin, Betty. 1995b. Antologia de mitos dos povos Ajuru, Arara, Arikapu, Aru, Kanoe, Jabuti e Makurap. So Paulo: IAM.

    Mindlin, Betty. 1996. Vozes da origem, estrias sem escrita: narrativas dos ndios Suru de Rondnia. So Paulo: tica/IAM.

    Mindlin, Betty. 1997. Moqueca de maridos: mitos erticos. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos.

    Mindlin, Betty. 1999. Terra grvida. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Ventos.Mindlin, Betty. 2001. O couro dos espritos: namoro, pajs e cura entre os

    ndios Gavio-Ikolen de Rondnia. So Paulo: SENAC/Terceiro Nome.Mindlin, Betty. 2006a. Dirios da floresta. So Paulo: Terceiro Nome.Mindlin, Betty. 2006b. Mitos indgenas. So Paulo: tica.Mindlin, Betty. 2010. A carne insacivel: um passeio por mitos tupi. In

    Lnguas e culturas Tup, volume 2, organizado por A.S.C. Cabral, A.D. Rodrigues & F.B. Duarte, 161-174. Campinas/Braslia: Editora Curt Nimuendaj/LALI-UnB.

    Moser, Liliam. 1993. Os Karitiana e a colonizao recente em Rondnia. Monografia de bacharelado, Universidade Federal de Rondnia.

    Nimuendaju, Curt. 1924. Os ndios Parintintin do rio Madeira. Journal de la Socit des Amricanistes 16 (n.s.):201-278.

    Nimuendaju, Curt. 1948. The Cawahib, Parintintin and their neighbors. In Handbook of South American Indians, volume III, edited by Julian Steward, 387-397. Washington: Smithsonian Institution.

    Nbrega, Renata da Silva. 2008. Contra as invases brbaras, a humanidade: a luta dos Arara (Karo) e dos Gavio (Iklehj) contra os projetos hidreltricos do rio Machado, em Rondnia. Dissertao de mestrado, UNICAMP.

    Noelli, Francisco. 1998. The Tupi: explaining origin and expansions in terms of archaeology and of historical linguistics. Antiquity 72 (277): 648-663.

  • 140 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Peggion, Edmundo. 1996. Forma e funo: uma etnografia do sistema de parentesco Tenharim (Kagwahv-AM). Dissertao de mestrado, UNICAMP.

    Peggion, Edmundo. 1996. Estratgia matrimonial e sociabilidade em um grupo Tupi: os Tenharim do Amazonas. In A temtica indgena na escola, organizado por Aracy Lopes da Silva & Luiz D.B. Grupioni. Braslia: MEC/MARI/Unesco.

    Peggion, Edmundo. 1998. Os procedimentos na identificao de terras indgenas: relato de uma experincia. Boletim da ABA 29:12-4.

    Peggion, Edmundo. 2004. Alianas e faces: a organizao poltica dos Kagwahiwa da Amaznia. Estudios Latinoamericanos Varsovia 22.

    Peggion, Edmundo. 2005. Relaes em perptuo desequilbrio: a organizao dualista dos Kaguahiwa da Amaznia. Tese de doutorado, Universidade de So Paulo.

    Peggion, Edmundo. 2007a. Ritual e vida cotidiana no sul do Amazonas: os Tenharim do rio Marmelos. Perspectivas (So Paulo) 29:149-168.

    Peggion, Edmundo. 2007b. A classe dos nomes: a onomstica Amondawa (Kagwahiva/RO). In Lnguas e culturas Tup, organizado por A.D. Rodrigues & A.S.C. Cabral, 123-130. Braslia: Editora Curt Nimuendaju/LALI-UnB.

    Peggion, Edmundo. 2008. La met esogamiche dei Tenharim del rio Marmelos: um sistema in perpetuo disequilibrio. In Amazzonia indgena 2007: resoconti di ricerca sul campo, editado por G. Bamonte & P. Bollettin, 159-169. Roma: Bulzoni Editore.

    Peggion, Edmundo. 2009. Uma etnografia dei popoli Kagwahiva dellAmazzonia. In Ricerca sul campo in Amazzonia 2008: resoconti di studio, editado por P. Bollettin & U.Mondini, 68-80. Roma: Bulzoni Editore.

    Pereira, Nunes. 1980. rea cultural Tapajs-Madeira, estado do Amazonas. In Moronguta: um decameron indgena (volume 2), 523-680. Braslia/Rio de Janeiro: INL/Civilizao Brasileira.

    Pereira, Nunes. 2007. Experincias e estrias de Bara o grande burlo. Manaus: Valer.

    Petesch, Nathalie. 1993. A trilogia Karaj: sua posio intermediria no continuum J-Tupi. In Amaznia: Etnologia e Histria Indgena, organizado por Eduardo Viveiros de Castro & Manuela Carneiro da Cunha, 365-382. So Paulo: NHII-USP/FAPESP.

  • 141Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Pinto, Nicole Soares. 2009. Do poder do sangue e da chicha: os Wajuru do Guapor (Rondnia). Dissertao de mestrado, UFPR.

    Riester, Jrgen. 1977. Los Guarasugwe: crnica de sus ltimos dias. Santa Cruz de la Sierra: APCOB.

    Rodrigues, Aryon DallIgna. 1964. A classificao do tronco lingustico Tup. Revista de Antropologia 12:99-104.

    Rodrigues, Aryon DallIgna. 1986. Lnguas brasileiras: para o conhecimento das lnguas indgenas. So Paulo: Edies Loyola.

    Rodrigues, Aryon DallIgna. 2007. Tup languages in Rondnia and in eastern Bolivia. In Language endangerment and endangered languages, edited by Leo Wetzels, 355-363. Leiden: CNWS Publications.

    Rondon, Cndido Mariano da Silva. 1916. Misso Rondon: apontamentos sobre os trabalhos realizados pela Commisso de Linhas Telegraphicas Estrategicas de Matto-Grosso ao Amazonas. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Commercio.

    Roosevelt, Anna. 1992. Arqueologia Amaznica. In Histria dos ndios no Brasil, organizado por Manuela Carneiro da Cunha, 53-86. So Paulo: FAPESP/SMC/Cia. das Letras.

    Roquette-Pinto, Edgar. 1935. Rondnia. So Paulo: Cia. Editora Nacional.Sampaio, Wany. 2001. As lnguas tupi-kawahib: um estudo sistemtico

    filogentico. Tese de doutorado, Universidade Federal de Rondnia.Sampaio, Wany; Silva, Vera da & Valdemir Miotello (orgs.). 2004. Mitos

    Amondawa. Porto Velho: Edufro.Santos, Ricardo Ventura. 1991. Coping with change in native Amazonia: a

    bioanthropological study of the Gavio, Suru, and Zor, Tup-Mond speaking societies from Brazil. Ph.D. dissertation, Indiana University.

    Santos-Granero, Fernando & Frederica Barclay (orgs.). 1994. Gua etnogrfica de la Alta Amazona (Volume I). Quito: FLACSO.

    Schettino, Marco P.. 2003. reas etnogrficas: proposta de reestruturao do Departamento de Identificao e Delimitao com base na atuao em reas etnogrficas. Terra dos ndios: revista eletrnica sobre questo fundiria indgena no Brasil, ano 1, n. 00, DAF-FUNAI, acesso em mai./2003. www.funai.gov.br/ultimas/e_revista/index.htm.

    Silva, Vera da. 1997. Amondava: uma histria de perdas. Ouro Preto dOeste: GAPI.

    Snethlage, Emilia. 1937. Atiko Y, meine Erlebnisse bei den Indianern des Guapor. Berlim: Klinkhardt & Biermann Verlag.

  • 142 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | Vol. 2 , n. 1 | Jul. 2010

    Os Tup em Rondnia: diversidade, estado do conhecimento e propostas de investigao

    Snethlage, Emilia. 1939. Musikinstrumente der Indianer des Guaporgebietes. Baesler-Archiv, Beitrge zur Vlkerkunde, Beiheft X. Berlin: Dietrich Reimer Andrews & Steiner.

    Snethlage, Emilia. 1987. No longer nomads: the Sirion revisited. Lanham/MD: Hamilton Press.

    Snethlage, Emilia. 1989. Yuqu: forest nomads in a changing world. Fort Worth: Holt, Rinehart and Winston.

    Snethlage, Emilia. 2006. One step forward, two steps back: the Sirion and Yuqu community forestry projects in the Bolivian Amazon. Human Organization 65(2):156-166.

    Storto, Luciana. 2002. Dicionrio preliminar Karitiana-Portugus-Ingls: um produto do processo de educao e manuteno da cultura entre os Karitiana. Lnguas indgenas brasileiras: fonologia, gramtica e histria. Atas do I Encontro Internacional do Grupo de Trabalho sobre Lnguas Indgenas da ANPOLL, tomo I. Belm: ANPOLL/EdUFPA.

    Stearman, Allyn. 1984. The Yuqu connection: another look at Sirion deculturation. American Anthropologist 86:3630-3650.

    Tempesta, Giovana. 2009. Travessia de banzeiros: historicidade e organizao sociopoltica apiak. Tese de Doutorado, Universidade de Braslia.

    Urban, Greg. 1992. A histria da cultura brasileira segundo as lnguas nativas. In Histria dos ndios no Brasil, organizado por Manuela Carneiro da Cunha, 87-102. So Paulo: FAPESP/SMC/Cia. das Letras.

    Vander Velden, Felipe. 2004. Por onde o sangue circula: os Karitiana e a interveno biomdica. Dissertao de mestrado, UNICAMP.

    Vander Velden, Felipe. 2005. Corpos que sofrem: uma interpretao Karitiana dos eventos de coleta de seu sangue. Documento de Trabalho CESIR/Unir/ENSP 12:3-42.

    Vander Velden, Felipe. 2007. Circuitos de sangue: corpo, pessoa e sociabilidade entre os Karitiana. Habitus 5:275-300.

    Vander Velden, Felipe. 2008. O gosto dos outros: o sal e a transformao dos corpos entre os Karitiana no sudoeste da Amaznia. Temticas 31:11-41.

    Vander Velden, Felipe. 2010a. Inquietas companhias: sobre os animais de criao entre os Karitiana. Tese de doutorado, UNICAMP.

    Vander Velden, Felipe. 2010b. De volta para o passado: territorializao e contraterritorializao na histria karitiana. Sociedade e Cultura 13: 55-65.

  • 143Jul. 2010 | Vol. 2 , n. 1 | Revista Brasileira de Lingustica Antropolgica | .

    Felipe Ferreira Vander Velden

    Vilaa, Aparecida. 2006. Quem somos ns: os Wari encontram os brancos. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

    Viveiros de Castro, Eduardo. 1986. Arawet: os deuses canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/Anpocs.

    Viveiros de Castro, Eduardo. 1993. Alguns aspectos da afinidade no dravidianato amaznico. In: Amaznia: Etnologia e Histria Indgena, organizado por Eduardo Viveiros de Castro & Manuela Carneiro da Cunha, 149-210. So Paulo: NHII-USP/FAPESP.

    Viveiros de Castro, Eduardo. 2001. Apresentao a Em nome dos outros: classificao das relaes sociais entre os Txico do Alto Xingu, de Patrick Menget, 7-13. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia/Assrio & Alvim.

    Zimpel Neto, Carlos. 2009. Na direo das periferias extremas da Amaznia: arqueologia na bacia do rio Jiparana, Rondnia. Dissertao de mestrado, MAE-USP.