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Felizmente Ha Luar

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Page 1: Felizmente Ha Luar

Simbologia do textoAo longo do texto aparece vários símbolos que modifica o contexto do objeto

em relação a situação da peça.Os vários símbolos presentes nesta obra são: a saia verde, o título, a luz, a noite,

a lua, o luar, a fogueira, o fogo, a moeda de cinco reis e os tambores.A saia verde é associada à felicidade e como foi comprada numa terra de

liberdade (Paris), pelo general. O verde simboliza a esperança de que se faça justiça com o general e simboliza também a natureza, a força e a fertilidade.

O título “Felizmente há luar!” é mencionado duas vezes na peça pelas falas das personagens. A primeira vez é dito por D. Miguel num sentido literal, isto é, o luar ilumina o local da execução do general sendo assim possível que as pessoas vejam bem a morte do general Gomes Freire de Andrade, simbolizando assim a perda da esperança do povo. Na segunda vez o título é dito por Matilde que ao dizer “Felizmente há luar!”, acrescenta um sinal de esperança de que a morte do seu general não tenha sido em vão e sendo um estimulo para o povo e os espetadores que assistem à peça, para que se revoltem e façam a mudança.

A luz representa a esperança num momento trágico, é associada à vida, à saúde e à felicidade. Esta luz vem da fogueira e do luar, vencendo a escuridão da noite.

A noite é associada à opressão, à falta de liberdade, ao castigo, ao mal e à injustiça.

A lua como depende da luz do sol, representa dependência e por atravessar diversas fases representa a mudança. Representa a passagem da vida para a morte e vice-versa. A lua tem ciclos lunares e estes simbolizam a renovação.

O luar aparece também no titulo, tendo também o mesmo significado que este, em que: para os opressores mais pessoas ficarão avisadas por causa do luar e para os oprimidos um dia poderão seguir essa luz e lutar pela liberdade.

A fogueira pode significar a morte do general (a fogueira é utilizada para destruir o cadáver do general) e também pode significar, no caso de Matilde, que a chama mantém-se viva e a liberdade há-de chegar.

A Moeda de cinco reis é um símbolo de arrogância dos ricos e do seu desprezo para com os pobres.

A primeira vez que a moeda é dada a Matilde, é um símbolo de ironia/sarcasmo (gesto dos nobres para os pobres quando pediam auxilio). Manuel arrepende-se da atitude que tem com Matilde e o significado da moeda passa de um símbolo de ironia para uma medalha, símbolo de heroísmo.

Matilde ao lançar a mesma moeda ao pés do Principal de Sousa, por ter condenado um inocente, a moeda é associada às 30 moedas que deram a Judas quando traiu Jesus Cristo.

Os Tambores são símbolo de repressão sempre presente na vida do povo. A sua aproximação provoca medo nos populares e desencadeia a fuga. Os ruídos dos tambores fazem lembrar a marcha da tropa daí terem um medo acrescente.

O fogo é um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador e regenerador. A purificação pela água complementada pelo fogo. O fogo presente na fogueira relaciona-se com tristeza e escuridão, no futuro relaciona-se com a esperança e liberdade.

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Comparação do século XIX e século XX

Esta história ocorreu no século XIX, em 1817 e foi escrita no século XX, em 1961.

Em 1817, surgiu uma agitação social que levou a revolta liberal de 1820 havendo conspirações internas, revolta contra a presença da corte no Brasil e a influência do exército britânico. Esteve presente o regime absolutista e tirânico, as classes sociais eram fortemente hierarquizadas, as classes dominantes tinham medo de perder privilégios, o povo era oprimido e resignado, houve “miséria, medo e ignorância” (fala de Manuel), havendo luta contra a opressão do regime absolutista.

Eram feitas perseguições dos agentes de Beresford, devido a denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento.

Nesta época está presente também a censura, a severa repressão dos conspiradores, os processos sumários, a pena de morte e o fato verídico: a execução de general Gomes Freire de Andrade.

Sttau Monteiro escreveu a peça em 1961, em que ocorreu a agitação social dos anos 60 devido às conspirações internas, mas também pela principal irrupção da guerra colonial.

Portugal tem presente o regime ditatorial de Salazar.Há maior desigualdade entre os ricos e os pobres do que em 1817, as classes são

exploradas, de acordo com o poder que possuem, quanto menos poder tiverem mais explorada é essa classe.

O povo é reprimido e explorado enfrentando a miséria, o medo, a ignorância e analfabetismo (tal como em 1817) havendo esperança que haja mudanças no País.

Luta-se contra o regime totalitário e ditatorial.Há perseguições de parte da PIDE e denúncias dos chamados “bufos” que

surgem na sombra e se disfarçam para colher informações.Existe censura à imprensa, prisão e duras medidas de repressão e de tortura e por

fim a condenação em processos sem provas.

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O teatro épico na ObraNa obra “Felizmente há Luar!” temos presente o teatro épico, de Brecht.O teatro épico é fortemente narrativo, tem um narrador que tem como papel ser

um comentador, as peças têm um forte cariz político e ideológico, o cenário da peça de teatro é simples, obriga o espetador a distanciar-se da ação para não “sentir” mas sim pensar sobre a peça, tem uma função didática e o distanciamento do público.

Neste teatro a função didática que leva os espetadores a pensar sobre uma situação histórica, que ao ser colocada em paralelo com a altura em que a peça foi escrita ou quando é representada faz com que os espetadores tenham uma atitude crítica, é a execução do general Gomes Freire de Andrade, pois é acusado de ser líder de uma conspiração contra os governantes, quando na verdade é inocente.

Na linha do teatro de Brecht, exprime-se a revolta contra o poder e a convicção de que é necessário mostrar o Mundo que está em constante mudança.

O teatro épico é encarado como uma análise à sociedade, mostrando a realidade em vez de a representar no “Felizmente há Luar!”, observa-se isto pois evoca-se situações e personagens do passado (século XIX), usando-as como pretexto para falar do presentre (ditadura nos anos 60, século XX) e assim pôr em evidência a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, as injustiças e as perseguições.

Para provocar o distanciamento do público, utiliza-se as didascálias para que os atores consigam criar este distanciamento com o público.

Os recursos cénicos são também utilizados para criar esta distância entre o público e a peça, como por exemplo a intensa iluminação que vai anular a ilusão de que os acontecimentos encenados são reais, as estratégias de entrada e saída de personagens da cena, através dos poucos e simples adereços que têm uma função simbólica e os sons (os sinos, o rufar dos tambores) que se revestem também de uma dimensão simbólica.~

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As condições da injustiça das condenações do general

O general Gomes Freire de Andrade foi acusado devido às denúncias dos chamados “bufos” que se dirigiram aos 3 membros do Conselho de Regência que encaram o general como uma séria ameaça à ordem instituida, condenando-o à morte para que servi-se de exemplo para todos os que desejassem afrontar o poder.

Os três membros do Conselho de Regência são D.Miguel Forjaz que rpresenta a nobreza e primo do general Gomes Freire de Andrade, William Beresford que zela pelos seus próprios interesses e o Principal de Sousa que é o representante do clero no Conselho de Regência. Os membros do Conselho de Regência têm todos motivos pessoais contra o general que o levou a ser condenado.

D. Miguel Forjaz não hesitou ao condenar um inocente, mesmo sendo seu familiar. Os prinicpais motivos que o levaram concordar com a execução de Gomes Freire de Andrade foi o facto de que o general tinha jeito para falar com o povo, conseguia “manipular” melhor pois este só consegue controlar o povo através doo povo para o seu favor do que D. Miguel Forjaz, já que este só consegue controlar o povo através do horror. Observa-se um sentimento de inveja e mediocridade em rlação ao general.

William Beresford despreza Portugal e os portugueses e tem como único objetivo enriquecer, para poder voltar para Inglaterra. Para Beresford o facto de condenar o general Gomes Freire de Andrade não passa mais do que interesses pessoais, isto é, como tem consciência que não sabe comandar um exercito e o Gomes Freire de Andrade tem uma brilhante carreira militar, é mais corajoso e um bom combatente puderia ocupar o seu lugar, fazendo com que o seu salário anual diminui-se e não podendo assim voltar a Inglaterra.

O Principal de Sousa tem consciência que condena um homem inocente, concorda com a execução do general por vários motivos: para impedir a instauração em Portugal dos ideiais da Revolução francesa, desejava vingar-se de Gomes Freire por ele ter prejudicado o seu irmão e teme que haja uma revolta e que com o controlo da maçonaria, a igreja acabasse.