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Fenilcetonúria ou PKU (abreviatura de Phenylketonuria, em inglês) como é mundialmente conhecida, é uma doença metabólica, transmitida geneticamente de forma autossómica recessiva. É um erro inato do metabolismo proteico. História Abjörn Fölling A fenilcetonúria foi inicialmente estudada na Alemanha por Abjörn Fölling em 1934, a partir da observação de dois irmãos com deficiência mental que apresentavam odor forte na urina. As amostras de urina foram estudadas e, em contacto com uma substância química (chamada cloreto férrico), tornavam-se verdes. Fölling provou que a substância eliminada na urina era derivada da fenilalanina (ácido fenilpirúvico). Mais testes foram feitos em outras crianças com deficiência mental. Com base nesses achados, Fölling publicou seu primeiro trabalho no qual sugeriu a existência de uma doença causada por defeito hereditário no metabolismo da fenilalanina associada a deficiência mental. Em 1937, Penrose e Quastel sugeriram o nome de fenilcetonúria. Em 1947, Jervis demonstrou que a doença ocorria por dificuldade de hidroxilação da fenilalanina em tirosina. Em 1953, Bickel e colaboradores estudaram os efeitos de uma dieta

Fenilcetonúria ou PKU

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Page 1: Fenilcetonúria ou PKU

Fenilcetonúria ou PKU (abreviatura de Phenylketonuria, em inglês) como é

mundialmente conhecida, é uma doença metabólica, transmitida

geneticamente de forma autossómica recessiva. É um erro inato do

metabolismo proteico.

História

Abjörn Fölling

A fenilcetonúria foi inicialmente estudada na Alemanha por Abjörn Fölling em

1934, a partir da observação de dois irmãos com deficiência mental que

apresentavam odor forte na urina.

As amostras de urina foram estudadas e, em contacto com uma substância

química (chamada cloreto férrico), tornavam-se verdes. Fölling provou que a

substância eliminada na urina era derivada da fenilalanina (ácido

fenilpirúvico).

Mais testes foram feitos em outras crianças com deficiência mental. Com

base nesses achados, Fölling publicou seu primeiro trabalho no qual sugeriu

a existência de uma doença causada por defeito hereditário no metabolismo

da fenilalanina associada a deficiência mental.

Em 1937, Penrose e Quastel sugeriram o nome de fenilcetonúria. Em 1947,

Jervis demonstrou que a doença ocorria por dificuldade de hidroxilação da

fenilalanina em tirosina.

Em 1953, Bickel e colaboradores estudaram os efeitos de uma dieta pobre

em fenilalanina em uma criança de 2 anos, portadora da doença. O

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tratamento de outros pacientes permitiu verificar que a restrição precoce

deste aminoácido (fenilalanina), evitava o retardo mental.

O diagnóstico precoce da fenilalanina só se tornou possível a partir dos

estudos de Robert Guthrie, um médico dedicado aos estudos do cancro, que

possuía um filho portador de deficiência mental, que desenvolveu em 1967

um método capaz de dosar fenilalanina em gotas de sangue coletadas em

papel filtro. Este procedimento facilitou a coleta e o transporte das amostras,

permitindo que mais tarde fosse implantada a triagem neo-natal para

diagnóstico e tratamento precoce da doença.

Robert Guthrie

Actualmente, um grande número de países realiza teste de triagem neo-natal

para fenilcetonúria, e os primeiros pacientes tratados desde o período neo-

natal, já atingiram a idade adulta. O tratamento dietético adequado permite

que os indivíduos afectados tenham um desenvolvimento normal.

Variações

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Existem 3 tipos de fenilcetonúria:

• Fenilcetonúria clássica: os níveis sanguíneos de fenilalanina são muito altos

(acima de 20mg/dl) – neste caso o tratamento é necessário.

• Fenilcetonúria leve: os níveis sanguíneos de fenilalanina são entre 10 e

20mg/dl) – neste caso o tratamento é necessário.

• Hiperfenilalaninemia permanente: os níveis sanguíneos de fenilalanina são

mais baixos, porém acima do normal (entre 4 e 10mg/dl) – neste caso,

geralmente, o tratamento não é necessário, a não ser que os níveis se

mantenham muito próximos de 10mg/dl e/ou o médico julgue importante

iniciar o tratamento. As únicas excepções são as mulheres com

hiperfenilalaninemia permanente que desejam engravidar que deverão iniciar

um tratamento rigoroso três meses antes de engravidar e mantê-lo durante

toda a gestação.

Causas

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Cromossoma 12

A causa genética desta doença reside numa mutação num gene pertencente

ao cromossoma 12 que codifica a fenilalanina hidroxilase. Esta enzima é

responsável por transformar o aminoácido fenilalanina noutro aminoácido

chamado tirosina. A tirosina, por sua vez, transforma-se em substâncias

importantes para o funcionamento cerebral chamadas neurotransmissores

(dopamina e noradrenalina).

Fenilalanina Hidroxilase

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Causa da Fenilcetonúria

Ou seja, a fenilcetonúria é uma doença resultante da dificuldade para

metabolização (“quebra”) do aminoácido fenilalanina.

Processo de actuação dos neurotrasmissores

Em consequência da não acção da enzima, a fenilalanina e os seus

catabólitos (na ausência de fenilalanina hidroxilase, a fenilalanina sofre

catalizações alternativas e menos eficientes que originam catabólitos, ou

seja, produtos) acumulam-se nos tecidos, em especial nos tecidos nervosos,

e são eliminados na forma de fenilcetonas.

Page 6: Fenilcetonúria ou PKU

A fenilalanina em excesso e os seus catabólitos têm um efeito tóxico nas

funções somáticas e no sistema nervoso central, interferem na síntese

proteica cerebral e mielinização (a mielina está presente na chamada bainha

de mielina (formada pelas células de Schwann), que rodeia algumas fibras

nervosas, fazendo com que tenham uma condução de impulsos nervosos

mais rápida) e diminuem a formação de serotonina (neurotransmissor). Estas

alterações determinam perdas de funções, especialmente da capacidade

intelectual do portador.

Sintomas

Os sintomas desta doença variam desde sintomas medianos até severos. A

forma mais severa desta doença é conhecida como Fenilcetonúria Clássica.

Crianças com esta forma mais severa parecem normais até atingirem poucos

meses de vida. Sem tratamento estas crianças desenvolvem problemas

comportamentais e atraso mental permanente. Convulsões, desenvolvimento

retardado e problemas de locomoção são também comuns. Muitas crianças

adquirem um cheiro a mofo como efeito secundário das grandes quantidades

de fenilalanina no corpo.

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As crianças com Fenilcetonúria Clássica tendem a ter pele e cabelo mais

claros que os restantes membros da família não afectados pela doença, uma

vez que a fenilalanina é importante para a pigmentação da pele. Crianças

com fenilcetonúria são também mais susceptíveis a desenvolverem doenças

da pele como eczemas.

Razão da importanância da fenilalanina na pigmentação (a mielina é uma

uma das principais substâncias responsáveis pela pigmentação)

Page 8: Fenilcetonúria ou PKU

Formas menos severas de fenilcetonúria possuem um risco mais pequeno de

danos cerebrais. As pessoas com estas variações podem nem precisar de

tratamento ou dietas especiais.

Bebés cujas mães possuam níveis elevados de fenilalanina têm um maior

risco de desenvolverem atraso mental visto que foram expostos a níveis

elevados de fenilalanina antes do nascimento. Estas crianças podem também

crescer mais lentamente do que as outras e podem desenvolver problemas

coronários, uma cabeça pequena e problemas comportamentais. Mulheres

com a doença e sem controlo sobre os níveis de fenilalanina têm também

maior risco de aborto espontâneo.

Hereditariedade Sendo um doença genética autossómica recessiva é necessário que ambos

os cromossomas do par de homólogos 12 apresente a mutação.

Assim, é necessário que ambos os pais apresentem a mutação num dos seus

cromossomas para que a doença tenha probabilidade de se transmitir

(podendo ser portadores da mutação e não apresentarem a doença ou serem

doentes – sendo que a probabilidade de transmissão da doença aumente

conforme os pais sejam portadores ou doentes).

A fenilcetonúria é encontrada, aproximadamente, em 1 em cada 10 000

recém-nascidos caucasianos (brancos). A doença ocorre muito menos

frequentemente nos japoneses, judeus, escandinavos e africanos. A

fenilcetonúria é mais frequente na Turquia, onde 1 em cada 2 600 recém-

nascidos têm a doença.

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O objectivo do tratamento é manter os níveis de fenilalanina no sangue

dentro do intervalo normal através de dietas específicas. Limitar a ingestão

de fenilalanina pela criança pode, contudo, ser perigoso uma vez que é um

aminoácido essencial. Um regime alimentar cuidadosamente equilibrado

pode prevenir o atraso mental e outras complicações.

O tratamento dietético tem que começar pouco tempo depois do nascimento

senão algum grau de atraso mental é espectável. A duração da terapia é

fonte de controvérsia, mas alguma restrição de fenilalanina na dieta

alimentar é sempre necessária.

Uma vez que a fenilalanina aparece em quase todas as proteínas naturais,

manter uma nutrição apropriada é difícil com base num regime de baixo nível

de fenilalanina. A ingestão de preparações especiais sem fenilalanina é,

portanto, essencial. Alimentos com poucas proteínas como fruta, vegetais, e

alguns cereais podem ser autorizados.

Prevenção

Mulheres com fenilcetonúria podem prevenir problemas nos seus bebés se

seguirem um regime alimentar sem fenilalanina antes da concepção e

tentando manter os níveis sanguíneo de fenilalanina baixos. Mesmo mulheres

com casos menos agressivos da doença podem colocar os filhos em risco se

não seguirem uma dieta apropriada.

> Teste do Pezinho

Este teste tem como principal objectivo a pesquisa sistemática de doenças

genéticas no recém-nascido, visando a obtenção de um diagnóstico que

possibilite a instituição dum tratamento eficaz e em tempo útil. Trata-se pois

de um programa de medicina tipicamente preventiva.

Uma das doenças rastreadas pelo teste é, precisamente, a fenilcetonúria. E

tendo em conta que, como já foi referido, a doença deve ser controlada

Page 12: Fenilcetonúria ou PKU

desde muito cedo, este doença assume uma importância vital para o

tratamento dos doentes.

In

http://www.medicinenet.com/phenylketonuria/article.htm

http://www.mayoclinic.com/health/phenylketonuria/DS00514/DSECTION=9

http://www.healthscout.com/ency/68/560/main.html

http://www.pkup.com.br/Pages/Institutional.aspx?id=content2

http://www.ufv.br/dbg/trab2002/DHG/DHG009.htm

http://ciadaescola.com.br/zoom/materia.asp?materia=249

Publicada por D.Quixote em 19:47