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Fenómeno está a pegar Recuperar casas antigas A recuperação de casas antigas mantendo a traça tradicional pode ser um meio de combate ao declínio do parque habitacional da Castanheira. Há já muitos castanheirenses que, estando fora da aldeia, estão no entanto a recuperar as casas herdadas assegu- rando uma segunda habitação ou uma habitação de férias. Página 3 Associação da Juventude Activa da Castanheira Boletim Nº 26 Dezembro 2008 Recordar a Festa de Verão Recordar a Festa é lem- brar o projecto Banda 24 horas, a festa religiosa, toda a alegria de 3 dias de exaltação. imagens e textos nas páginas 6 e 7 Maria Dinis Teixeira, tecedeira Tem 77 anos e é talvez o nome da Castanheira mais projectado no exterior. Dá cartas no artesanato e continua a tecer linhos, mantas, passadeiras e a levá-los a feiras e exposições. Aprendeu com a mãe e entretanto já ensinou outros a tecer. Mas a ideia, que podia ter pegado, não pegou muito na nossa aldeia. Entrevista na página 4. PESSOAS ACDC: Futebol está a começar mal Uma série de derrotas sem par e muitos golos sofridos, para além de poucos joga- dores disponíveis são indí- cios de uma situação pouco agradável para a ACDC no Campeonato da II Divisão Distrital de Futebol. Há que animar. Página 9

Fenómeno está a pegar Recuperar casas antigas · Carreira, uma palavra que saiu torta e aí está o pau a vibrar no ar. Não me lembro das caras e dos nomes mas lembro-me da sombra

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Fenómeno está a pegar

Recuperar casas antigas

A recuperação de casas antigas mantendo a traça tradicional pode ser um meio de combate ao declínio do parque habitacional da Castanheira. Há já muitos castanheirenses que, estando fora da aldeia, estão no entanto a recuperar as casas herdadas assegu-rando uma segunda habitação ou uma habitação de férias.

Página 3

Associação da Juventude Act iva da CastanheiraBoletim Nº 26 Dezembro 2008

Recordar a Festa de Verão

Recordar a Festa é lem-brar o projecto Banda 24 horas, a festa religiosa, toda a alegria de 3 dias de exaltação.

imagens e textos

nas páginas 6 e 7

Maria Dinis Teixeira, tecedeiraTem 77 anos e é talvez o nome da Castanheira mais projectado no exterior. Dá cartas no

artesanato e continua a tecer linhos, mantas, passadeiras e a levá-los a feiras e exposições. Aprendeu com a mãe e entretanto já ensinou outros a tecer. Mas a ideia, que podia ter pegado, não pegou muito na nossa aldeia.

Entrevista na página 4.

PESSOAS

ACDC: Futebol está a começar mal

Uma série de derrotas sem par e muitos golos sofridos, para além de poucos joga-dores disponíveis são indí-cios de uma situação pouco agradável para a ACDC no Campeonato da II Divisão Distrital de Futebol.Há que animar.

Página 9

2Agosto 2008

Para o seu

NATAL

Aletria com Ovos Ingredientes (para 10 pessoas): 100g de aletria| 4dl de leite | 150g de açúcar | 50g de manteiga | 3 gemas | casca de limão |canela.Preparação: Coze-se a aletria em água durante 5 minutos e escorre-se. Em seguida, leva-se o leite ao lume juntamente com casca de limão, açúcar e a aletria e deixa-se cozer. Depois da aletria estar cozida, junta-se a manteiga e, fora do lume, misturam-se as gemas previamente batidas. Leva-se ao lume apenas para que as gemas cozam ligeiramente. Serve-se a aletria polvilhada com canela.

Mensagens de Natal: para reflectir ou enviar a um amigo. • Melhor do que todos os presentes, por baixo

da árvore de natal é a presença de uma família feliz. (Autor desconhecido)

• Se não sabes o que presentear aos teus seres mais queridos no Natal, presenteia-lhes o teu amor. (Autor desconhecido)

• O Natal não é uma data... É um estado da mente. (Mary Ellen Chase)

• Bendita seja a data que une todo mundo numa conspiração de amor. (Hamilton WrightMabi)

• Há mais, muito mais, para o Natal do que luz de vela e alegria. É o espírito de doce amizade que brilha todo o ano. É consideração e bondade, é a esperança renascida novamente, para paz, para entendimento e para benevolência dos homens. (Autor desconhecido)

• Sugestões de presentes para o Natal: para o seu inimigo, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, o seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda a criança, um exemplo bom. Para si, respeito. (Oren Arnold)

• A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio dos nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham na nossa caminhada pela vida. (Autor desconhecido)

• Natal! Esta é a estação para acender o fogo da hospitalidade no corredor, o cordial fogo da caridade no coração. (Washington Irving)

Desejo a todos um Feliz Natal 2008 e um 2009 recheado de tudo o que é BOM.

Agradeço as vossas MSG, continuo em [email protected]

DICAS PARA O DIA A DIA

por Dolores Carreirapor Joaquim Igreja

À sombra do olmo

CRÓNICAS

“A Junta de Freguesia de Castanheira vem por este meio comunicar que vai ser cortada esta árvore em virtude de as raízes danificarem os alicerces das casas envolventes e aquedutos. A fim de se evitar esta situação, vai esta Junta proceder ao corte e se possível substituir a árvore por uma espécie menos danosa.”

E cumpriram. Na última semana de Novembro o olmo do ti Zé Neto (no agora Largo de Nª Srª da Conceição) foi abaixo. Para mim, que o olhei durante anos da janela da cozinha da casa dos meus pais (era quase “nosso”), o olmo continua lá. Levanto-me da lareira, vou à janela e ele lá está. Até lá pus o carro a apanhar a sombra. Não, não é possível, já não está lá.

Olho para aquele olmo transparente e lembro uma zaragata de domingo nos anos 60, era eu garoto. Os ânimos aquecidos pelo vinho do ti Zé Neto somado ao da ti Balbina, do ti Alberto e do ti Carreira, uma palavra que saiu torta e aí está o pau a vibrar no ar. Não me lembro das caras e dos nomes mas lembro-me da sombra desse dia de Verão a convidar os homens a entenderem-se. Da sombra do olmo. Depois lá se meteram uns pelo meio: “Então que é isso?” e tudo acabou depois de uns murros e uns pontapés fora de sítio: “Agarrai-me, senão mato-o”.

A árvore criava o sentimento da praça, era o centro do encontro, de onde se irradiava para a taberna, para a igreja e para as casas ou as outras tabernas. Antes era ali a Fonte Soeiro, verdadeira mãe deste olmo, mama onde aquele tronco sempre chupou. A certa altura, com o chafariz ali ao lado, já não se justificava continuar aberta e era um perigo beber aquela água. Atulhou-se e o olmo toca de crescer. Apareceu ali ao lado um filho dele, junto à casa do ti Luís Abílio, um olmo que se inclinou também demasiado para a via e que foi sacrificado à circulação. Entretanto as raízes, fartas de água, foram-se estendendo para as casas vizinhas. Não dava realmente jeito. Ficou de repente “espécie danosa”.

A procissão também por ali passava e às vezes parava. Por acaso confesso que há pouco tempo, numa peça de teatro épico imaginada para a Castanheira e que dava a volta ao “povo”, visionei ali a paragem de uma carroça que transportava os actores. Estes batiam no olmo como se batessem a uma porta. Da ti Alice da quelha ao lado nem vislumbre; o ti Zé Neto também não respondia; o ti Manel Igreja já dera também às de vila Diogo. Então da árvore que agora ainda aqui está (acreditem que está lá) surgiam meia dúzia de anjos a responder à chamada. E anunciavam que o ti Zé Neto tinha ido com um carro de vacas a buscar um pipo ao Safurdão, a ti Alice fora simplesmente ao galinheiro, o ti Manuel Igreja estava ali para a casa de cima a esmagar os “gachos” na tina.

Por via das coisas vou continuar a pôr o carro à sombra do olmo.

Joaquim Martins Igreja [email protected]

3Agosto 2008

Dois testemunhos

Reconstruir casas antigas vale a pena

Joaquim ToméA reconstrução da casa

na Castanheira teve início no ano de 2001. A razão que nos levou a reconstruir foi o gosto e a forte ligação

à nossa terra natal e daí que surgiu também a ideia de reconstruir em estilo rústico para manter viva a ligação com as nossas raízes naturais daquela amável terra. Os maiores cuidados que tivemos em mente foi a escolha dos materiais certos para uma maior qualidade de trabalho e um ainda maior resultado nos acabamentos. As principais alterações que foram feitas na casa foi o aumento da corte, a transformação da casa antiga em cozinha e sala de estar e juntamente com isso anexámos de raiz um espaço de habitação com dois andares. Para além disso, tivemos que subir o chão do terreno em um metro devido ao estado degradado do mesmo. Obviamente mantivemos o estilo rústico da casa com as pedras para uma maior identificação com a nossa terra natal.

As maiores di f iculdades que encontrámos na reconstrução da casa na Castanheira não foi em si o trabalho da reconstrução mas sim a parte do registo na Conservatória da Guarda devido ao registo de apenas 15 metros quadrados que já estavam registados anteriormente, tendo o terreno realmente 200 metros quadrados. Essa diferença de área causou-nos ainda uma dor de cabeça mas com paciência resolveu-se tudo e lá conseguimos finalizar a reconstrução.

Joaquim António Dinis

Desde cedo gostei de casas típicas em pedra e em certa altura tentei

adquirir uma na Castanheira. Não o tendo conseguido, acabei mesmo por comprar casa (sem ser típica) na Sequeira (Guarda). Nunca abandonei a ideia de um dia adquirir a “tal” casa na Castanheira para reconstruir. Quando menos esperava eis que surgiu a oportunidade. Ia ser vendida uma

casa antiga que já tinha sido do avô da minha esposa e depressa a adquiri. “Além de rústica, ainda está ligada à história da família da minha esposa”, pensei. Depressa pus mãos à obra e comecei por colocar a casa da Guarda à venda. O facto desta ainda continuar à venda não foi o suficiente para me fazer parar. Iniciei a reconstrução da casa, na Castanheira. As paredes, em tão bom estado, e o alpendre eram o que mais me agradava. Mantive as linhas típicas da casa e aproveitei ao máximo os objectos originais como armários, persianas, etc. É claro que tive que fazer divisões novas mas mesmo assim, e

devido às medidas das paredes originais, a casa ficou pequena mas acolhedora. Tal e qual como eu queria.

CasasNovas oportunidades

na CastanheiraNuma sociedade onde cada vez

mais o stress contraria o bem-estar do ser humano e o descanso começa a ser mais um bem precioso, eis que surgem aldeias como pequenos oásis. É o caso da Castanheira. Se bem que existam já algumas casas recuperadas ou em recuperação, existem também algumas à espera que lhes seja “lavada” a cara. De uma época em que não havia sequer uma casa para vender ou alugar, tendo os casais novos que esperar a sua oportunidade até à actual época onde o sossego é agora o bem mais valioso, cada vez mais as pessoas procuram lugares para “carregar baterias” e é aqui que entra a Castanheira com algumas casas à espera que lhes seja dada uma “vida” nova.

Em vez de umas férias agitadas em grandes centros turísticos e numa época em que o poder de compra é cada vez menor, veja estas novas oportunidades e não hesite. Aposte na Castanheira para passar boas férias, bons fins-de-semana ou gozar a sua reforma num ambiente estreitamente familiar.

Leonel Abadesso, Presidente da Junta de Freguesia

4Agosto 2008

ENTREVISTA

Maria Dinis Teixeira, tecedeira

O que faz?Trabalho onde sempre trabalhei, na

tecelagem, por conta própria. Faço panos de linho, mantas, passadeiras, entre outros produtos. Em paralelo faço renda que depois aplico em panos de linho, cortinas, toalhas e panos.

Onde aprendeu esta profissão?Aprendi a tecer com a minha mãe,

Antónia Dinis Moita, num tear que esteve no actual “cabanal” onde meu pai, Joaquim Teixeira, teve também a oficina de sapateiro. Vendemos este tear à Ti Maria Joaquina e comprámos à Ti Mariana o tear onde trabalho actualmente, numa casa situada na rua do Forno.

Onde compra a matéria-prima?A matéria-prima das mantas (algodão

e farrapos) vem agora da Covilhã, ao contrário de antigamente, em que era recolhida na Castanheira. A matéria-prima é aproveitada sem exclusão de qualquer cor. Compro as estrigas de linho (linho para fiar) a um viajante. Depois de fiar o linho, faço então o pano para trabalhar ou para vender.

O q u e f a z a o s p r o d u t o s manufacturados?

Inicialmente o trabalho que fazíamos no tear (mantas, tapetes, passadeiras, panos de linho, etc.) vendíamo-lo, todos os meses, em Montalvão, Monte Claro, Nisa e Vila Velha de Ródão. Viajávamos

no comboio até ao Alentejo e muitas vezes vendíamos o linho a pessoas que não pagavam na altura, e que, depois de fazerem alguns panos de linho, nos devolviam, fazendo-se o acerto de contas. Embora actualmente muitos dos produtos que faço sejam vendidos na Castanheira, a maior parte deles são vendidas para fora. O desenho é da minha autoria e tenho inúmeras possibilidades de variar o molde.

Já ensinou esta profissão a outras pessoas?

Sim, já ensinei esta profissão a outras pessoas. Dei também um curso de formação aqui na Castanheira mas nenhuma formanda seguiu esta actividade.

O que gosta de fazer para além do trabalho?

Uma das coisas que gosto muito de fazer é viajar. Foram já 7 as vezes que viajei até ao Brasil para visitar minha irmã e família, de quem gosto muito e onde fui muito bem tratada.

Manuel Dinis

A Jun ta de Fregues ia da Castanheira em colaboração com a Câmara Municipal da Guarda, a ANEFA (Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente), a Toyota, a Quinta da Maúnça e a Escola da Castanheira real izou no passado dia 4 de Dezembro uma acção de reflorestação onde foram plantadas 3000 árvores, nomeadamente pinhos, cedros do Buçaco e Castanheiros, ao abrigo de um protocolo e no seguimento dos projectos “ProNatura” (ANEFA) e “Vamos Pintar o Cinza de Verde” (Quinta da Maúnça) em que a Toyota disponibilizou as referidas árvores. A actividade desenvolvida permitiu sensibilizar as crianças e os pais de que é necessário dar mais importância

à floresta , matas e espaços verdes que tantas vezes são esquecidos e mal tratados. A plantação foi efectuada num terreno cedido pela Freguesia da Castanheira e adquirido outrora com finalidade de ser um espaço para iniciativa empresarial, tendo esta entidade efectuado contactos com privados para loteamento deste

terreno, sendo todos eles infrutíferos. Com a actual situação e para que o terreno não ficasse estéril foi feita esta plantação que tanto dignifica o ambiente. No final houve um almoço-convívio com todas as entidades responsáveis pelo projecto.

Professores da Escola da Castanheira

Plantação de árvores na Castanheira

5Agosto 2008

Óbitos Rosa Alexandre Terras, 15-08-2008 | José Dias, 10-09-2008 José Albino Teixeira, 24-09-2008 | Rosa Marques Dinis, 27-10-2008 Alberto Marques, 14-11-2008

Palavras da nossa terra

(a partir do blogue castanheiranomundo.blogspot.com)

Anónimo disse...Tranbusinada – TrovoadaDe zorro – arrastandoDe cócoras ou amonado – agachado, Poldras - pedras sobre as quais se atravessava uma ribeira.Escangalhar – estragarEnfunado - de muchoFarrumbas - ?Farrã – ervaMarrã - carne entremeadaEspaparrar - cair desamparadamenteDar ao trambelo – dar à língua Pinchavelho - fechadura ou parte da...Gafas - óculosMalho – machadoEsguleimada - decotadaTosquia - corte de cabeloParanho - onde se guardava o fenoPortaleira - passagemAlbarda - selaBarrigueira – adereço da besta que segura a selaVelada - regoVágens - feijao secoChavelha - Chavelhão - Amachucado - Marmacho - Catar - buscarMourinhar - chuva leveRéssega - .....de solCabanal - Chancana ou chancavelha – alguém que está sempre a dar à língua e só diz coisas sem jeitoCuscuvelheira - gosta de ouvir tudofalabaratoEncangado - ?Apichar - acenderVasal - prateleirasCortelho - onde está o porcoLastilha - bofetadaContrifão - empurrãoChoclateira - que gosta de falarAferradoira - ?Cainada - um poucoCachimónia - cabecaCoquinada - cacetada na cabeçaChanca - salta!Enconchavar - engatar

E por agora “chega da bonda”!(mas continua… com a sua ajuda!...)

Isabel Pires Milheiro, 85 anos

Isabel Milheiro nasceu em 28 de Fevereiro de 1923 sendo a quarta filha de uma fratria de cinco irmãos, quatro raparigas e um rapaz, dos quais apenas Isabel Milheiro se encontra viva. Nunca foi à escola e com apenas seis anos foi para Almeidinha. “Fui tocar a burrinha à roda para casa dos Pontinhas” referiu Isabel. Era desta forma que se regavam as batatas. Isabel levantava-se ao nascer do sol e, enquanto a burrinha comia,

“carranjava água, com duas latinhas, para o resto do dia”. Passados uns anos e de regresso a casa, Isabel ajudava seu irmão Joaquim a “guardar” o gado de lã. As pastorícias não eram pertença da família de Isabel. Durante 15 anos guardaram o gado do Ti Manuel Martinho e depois guardaram o gado do Ti Terras. Em conta do trabalho de guardar o gado, ficavam com o leite, a estrumada e a lã a meias e os borregos a favor do patrão. “Nós só podíamos ter 6 ovelhas de forra, por nossa conta” comentou Isabel. A par desta tarefa também Isabel fazia todo o trabalho do campo. “Chegou a haver mais de 80 juntas de vacas na Castanheira” relembrou Isabel.

Como em muitas famílias da Castanheira, também o linho fez parte da vida de Isabel. Sendo a sua irmã mais velha tecedeira, era preciso preparar o linho e era neste trabalho, a par de suas irmãs, que Isabel entrava. ”Semeávamos o linho no chão da Marinela e íamos a metê-lo à ribeira” comentou Isabel. “Ainda o ano passado mandei tecer teias que eu fiei” retorquiu. Para ganharem algum dinheiro também teciam para outras pessoas, nomeadamente para pessoas da Rabaça e do Porto Mourisco. Aos 35 anos, Isabel casou com Manuel Augusto Milheiro. Confessa que na altura não foi fácil arranjar casa na Castanheira. “Num povo tão grande não havia um buraquinho de uma casa que pudéssemos arrendar. Estava tudo a servir”, referiu Isabel.

Passados dois ou três anos e sendo seu marido já emigrante, também Isabel seguiu para a Alemanha com sua irmã Ana, onde permaneceram 14 anos. O mais difícil foi deixar a única filha na Castanheira. Trabalhou para o Estado num Instituto Superior, em Frankfurt. Cada viagem demorava na altura três dias. Regressada a Portugal, juntamente com o seu marido, continuou a trabalhar no campo. Em 04 de Junho de 1991 faleceu o marido de Isabel. Sua irmã Ana continuou ao lado de Isabel, sendo que também ela já não se encontra entre nós. Hoje, Isabel tem a bonita idade de 85 anos, vive com a sua filha e os dois netos, tudo por culpa de alguns tombos que têm deixado Isabel um pouco debilitada.

Henrique Dinis

ACIMA DOS 80

Castanheiraem movimento

6Agosto 2008

Festa do Verão

Banda foi mesmo por um dia

25 a 27 de Julho 2008

Festas da Padroeira foram um sucesso

Após 13 anos de interregno as Festas voltaram à Castanheira e pode-se afirmar que foram um sucesso perante todos os Castanheirenses. Durante estes dias o desocupado largo do Outão esteve repleto de gente com alegria para participar em inúmeras actividades tais como, caminhada, paintball, garraiada, bailes, procissões, etc… Os objectivos propostos para a realização do evento foram concretizados com grande êxito.

As memórias são motivos de alegria para viver, pois os pedaços da vida não são feitos simplesmente dos tempos passados. Assim, quisemos que o auge da festa profana fosse o projecto original “Banda 24 horas”: relembrar e homenagear a Banda da Castanheira e todos os seus músicos. Foi um desafio exaustivo mas muito interessante.

Agora esperamos que a festa continue durante muitos e longos anos e não volte a acabar, porque é imprescindível haver uma festa nesta altura do ano. Desejamos também o maior sucesso aos novos mordomos e desde já as nossas felicitações por terem aceitado este desafio.

Uma pa lav ra e spec ia l de agradecimento às pessoas que nos ajudaram, pois foi graças ao trabalho anónimo de todos que foi possível fazer uma festa com visibilidade económica.

Bem Hajam! Sandrine Miguel

(mordoma da Festa em 2008)

O projecto da Banda da Castanheira, “Banda 24 horas”, que foi um êxito na Festa do verão passado, não deverá ter continuidade em próximos anos. Deve-se isto por um lado à dificuldade em recrutar músicos para formar uma Banda num período de tanta procura como é o Verão e por outro lado ao facto de aquele projecto ter sido uma realização excepcional a propósito da comemoração dos 40 anos da Música da Castanheira e de uma homenagem aos seus músicos ainda vivos. O que por sua vez significa que não se repete. Por outro lado, estes projectos ficam muito mais caros em cachê, transporte, alimentação e alojamento do que se se trouxer uma Banda para a Festa, como é tradicional.

A Comissão da Festa e o regente da Banda, Elmano Pereira, muito trabalharam em 26-27 de Julho para dar brilho àquela comemoração e, a avaliar pelas reacções de entusiasmo, valeu bem a pena. O que não significa que as vozes que logo se levantaram a pedir o ressurgimento da Banda da Castanheira possam ter algum eco. Em conversa com Joaquim António Miguel, elemento da Comissão de Festas 2008 e dinamizador do projecto “Banda 24 horas”, este foi claro na ideia de que não há recursos humanos suficientes na Castanheira para “alimentar” uma Banda, muito mais quando ali ao lado a 3 quilómetros está a Banda de Pínzio, que vive em parte também a partir de uma dúzia de músicos da Castanheira. Formar uma Banda seria destruir outra e ter que angariar ainda muitos músicos de fora, dar-lhes formação musical e ter em seguida toda a despesa de uma Banda: instrumental, fardamentos, pagamento de regente, etc. As bandas já não são o que eram antigamente.

Acresce ainda que a própria Fanfarra Sacabuxa, nascida há escassos anos para produzir música alternativa e de animação de rua, está com falta de solidez por depender da presença do maestro, Elmano, muito ocupado no Verão por vários projectos e ainda dos músicos da Banda de Pínzio, envolvida também em muitas festividades. A Fanfarra está no entanto disponível nos meses de menos procura. Mostra isto no entanto que as coisas não são o que se quer mas o que se pode.

O projecto “Banda 24 horas” inscreveu-se na Festa do Verão, dedicada a Nª Srª da Conceição, que decorreu de 25 a 27 de Julho. O Projecto incluiu uma Procissão de Velas, uma arruada, Missa e Procissão com tudo a culminar no concerto da tarde do dia 27 em que foi feita homenagem pública aos músicos ainda vivos da Banda da Castanheira. Para além do Projecto da Banda da Castanheira, houve ainda na Festa caminhadas, bailes, concertos, jogos e um almoço-convívio.

Joaquim Igreja

Banda da Castanheira: Correcções

Duas ou três desculpas por alguns lapsos no último número. Em primeiro lugar as maiores desculpas a António Martinho, de cuja fotografia só apareceu o ombro e que aparece aqui publicada. Era ele que faltava naquela composição de 13 fotografias. Quanto ao texto sobre os músicos, faltava referir os dados pessoais de Albertino Augusto Dias. Aqui vão: tem 73 anos e tocava requinta na Banda. Já depois da saída do jornal e do folheto da Banda distribuído na Festa do último fim de semana de Julho, alguém nos referiu que Júlio Martins também era da Banda. As nossas desculpas por não termos na altura recolhido os seus dados nem a sua fotografia.

7Agosto 2008

Folheto sobre Banda

É um pequeno opúsculo com 8 páginas sobre a Banda da Castanheira e a Homenagem que lhe foi feita entre 25 e 27 de Julho passado. Para além de um relembrar da história da associação e dos “casos” que davam sal à vida desta pequena comunidade, mostraram-se as caras dos músicos ainda vivos quarenta e tal anos depois. Esquecemo-nos do ti Júlio Martins (ninguém soprou aquele nome…) mas ele desculpa. Depois no final tomam a palavra as autoridades locais: presidente da Junta, pároco, líderes das duas associações. A pequena brochura foi distribuída gratuitamente durante a festa. Vale a pena ler. Com um pouco de sorte ainda encontram este opúsculo na AJAC.

Joaquim Igreja

DVD das Festas em Honra de N.ª Sr.ª da Conceição 2008

A comissão de FESTAS EM HONRA DE N.ª Sr.ª DA CONCEIÇÃO 2008, reuniu fotos, filmagens, e alguns testemunhos da Banda 24 h. Criou um DVD com um slide show das festas e com o concerto da Banda 24 h para que todos os Castanheirenses possam ficar com um registo da Festa 2008.

Preço: 5 euros mais portes de envio – Contacto Sandrine Miguel tlm: 967 676 803/913 515 880

25 a 27 de Julho de 2008

A Festa em Imagens

Banda 24 horas

Caminhada

Concerto de Homenagem

Homenagem

Insufláveis

Procissão

Paintball

8Agosto 2008

Miguel Ângelo Teixeira escreve da Alemanha

Trabalho num complexo de desportos de inverno com uma superfície de gelo de10.000 metros quadrados, o maior na Alemanha com. 2 campos de Hóquei no gelo, uma Pista de 400 metros e um Salão de 40 m x15 m. O complexo inclui um Estádio com lotação de 8.000 lugares onde semanalmente joga a equipa de

hóquei no gelo “ Frankfurt Lions “ campeão 2005 da DEL (primeira liga de Hóquei alemã).Neste complexo também são praticados outros desportos como por exemplo patinagem artística, curling, patinagem rápida, havendo 12 equipas destas modalidades a treinar ali. Este complexo pertence à Câmara de Desportos da cidade de Frankfurt. O complexo está aberto desde Setembro até Abril, diariamente, para todos os amigos da patinagem da zona metropolitana “Rhein-Main”: são cerca de 3.000 pessoas diárias. No verão é um pavilhão multiusos. A minha tarefa é a manutenção da maquinaria, do gelo e do estabelecimento como vários trabalhos logísticos de diversas características.

Um abraço para a malta porreira da Castanheira.

Vítor Manuel Dinis Gonçalves há 30 anos nos andaimes

Vítor Gonçalves nasceu em 13 de Maio de 1953 na Castanheira. Frequentou a escola da Castanheira, tendo ainda estudado na Guarda. A lavoura foi a ocupação principal até aos 16 anos. Durante cumpriu o dever militar onde esteve dois anos. Assentou praça em Leiria, de seguida foi para Viseu e depois para a Guarda. Sendo seu pai emigrante, também Vítor enveredou pela mesma vida, bem como os seus quatro irmãos. Vítor emigrou para França em Janeiro de 1971, onde se encontra actualmente. Esteve junto de seu pai durante 11 anos. Seus irmãos emigraram mais tarde e todos eles para a Alemanha, onde se encontram também actualmente.

Vítor, habituado ao trabalho, logo começou a trabalhar numa empresa de montagem de andaimes, onde esteve 5 anos. Vítor mudou de empresa mas não mudou de ramo. Permaneceu nesta empresa 23 anos sem qualquer falta. De há 9/10 anos a esta parte Vítor trabalha numa outra empresa e também aqui dentro do mesmo ramo. Mas foi em 13 de Julho de 2005 que Vítor vê a sua dedicação ao trabalho reconhecida pelo

Ministro do Emprego e do Trabalho. Foi-lhe oferecido um diploma bem como uma medalha pelo mérito no trabalho pelos seus 20 anos na faina dos andaimes. Parabéns, Vítor.

PROFISSÕESManuel Fernandes Fonseca, 43 anos,

motoristaO que faz?

Actualmente trabalho na empresa “Transportes Luís Simões, SA.” e faço transportes na Península Ibérica, ao contrário de algum tempo atrás em que fazia transportes por toda a Europa..

O que transporta?Transporto todo o tipo de mercadorias desde

papel para reciclar, bobines de papel para fazer cartão, ferro e muitos outros.

É boa a vida de motorista?Não, se dissesse que sim estaria a mentir. É ter

uma grande responsabilidade sobre mim próprio e sobre os outros. Lido com todo o tipo de pessoas desde o dia a dia na estrada até aos locais de cargas e descargas. Tenho que saber estar à altura para cada tipo de situação principalmente quando chego e permaneço nas empresas para carregar e descarregar, pois sou, no momento, a imagem da empresa que represento. Também tenho de ter gosto por aquilo que faço, principalmente a conduzir, conhecer novas estradas e novas localidades. Este serviço não é como algumas pessoas pensam, em especial um tal Sr. Ministro que disse sermos turistas pagos. Será que dormir dentro de um camião com as portas amarradas para não ser roubado, a 3.000 Kms de casa e com temperaturas de 28 graus negativos é ser turista pago? É claro que é muito bom chegar ao fim do mês e ter a sorte de receber. Sim, sorte, porque infelizmente muitos não recebem ou recebem mal ou tarde e não recebem por todas as horas que fazem.

Quais as maiores dificuldades? É muito difícil passar a maior parte do tempo

sozinho, longe da família e de muitas coisas que nos fariam sentir bem. Perdemos por vezes coisas que nunca mais recuperamos, como por exemplo acompanhar o crescimento dos filhos. Outra grande dificuldade é estar sempre perto de iniciar mais uma viagem que não sabemos se termina ou como termina. A cada quilómetro que percorremos há sempre um perigo à espreita e uma pequena distracção pode ser fatal.

CARTAS DE LONGE

9Agosto 2008

Dados da Escola e Jardim Infantil

Crianças da Escola do 1º C. E. B. - 6Crianças do Jardim de Infância - 6Educadora - Teresa Santos CruzProfessor - Luís António Teles TeixeiraEducadora - Ana Maria PintoProfessor de Apoio - Joaquim Pinharanda

As actividades de Enriquecimento Curricular são realizadas na Escola do 1º C. E. B. de Carpinteiro pelo facto de serem poucos alunos.

JORNAIS VIZINHOSNotícias

do Carvalhal

O Jornal Notícias do Carvalhal existe há alguns anos, tendo já publicado nove números, o último dos quais no passado mês de Junho. É uma edição da Associação Desportiva e Cultural “Os Amigos do Carvalhal”. Carvalhal é uma localidade da freguesia da Atalaia, concelho de Pinhel.

O número do passado mês de Junho relembra os 23 anos da Associação e trata ainda temas como o Jantar da Páscoa; a Festa de S. Sebastião; o Carvalho Grande da aldeia; as obras na aldeia; o levantamento de arte sacra; a Assembleia Geral da Associação e várias histórias encantadoras do antigamente.

Na capa e na contracapa é a natureza que impera: o carvalho g rande (que só t rê s homens conseguem abraçar) e as maias em pleno crescimento nos últimos meses a enfeitar tudo com as suas cores magníficas.

Continuem, amigos!

OPINIÃOUma história de encantar

Era uma vez um clube de futebol que participava há várias épocas no Campeonato Distrital da 2ª Divisão – Série A, no distrito da Guarda. Nesta equipa reinava a humildade a confiança e harmonia. Jogava-se com amor à camisola, dignificava-se o clube e a freguesia. Eis que um dia as coisas mudaram. Nunca mais o humilde clube teve sossego nos jogos. Começaram a surgir os castigos, as multas e … muito mais. Jogadores castigados com três jogos logo na primeira jornada e… na segunda…, não falando dos castigos aplicados ao delegado e ao treinador.

Em tempo de crise é cada vez mais difícil manter-se uma equipa num campeonato distrital, e desta forma muito mais. A crise parece que chegou também à Associação de Futebol da Guarda quando um tal árbitro (penso eu) proferiu que a Associação de Futebol da Guarda estava a precisar de dinheiro, advertindo o treinador deste humilde clube só porque este lhe disse que não podia entrar um jogador da equipa adversária em campo, após ter sido assistido pelo facto de ter sofrido uma falta, sem que essa mesma falta fosse marcada. Há quem não aceite verdades porque andam nisto há anos.

A crise é como uma bola de neve, pode começar em humildes clubes mas á medida que estes forem desistindo dos campeonatos também vai arrastando muita gente. A curto prazo vão certamente diminuir o número de jogos, logo nem todos terão a oportunidade de apitar. Na Associação de Futebol da Guarda, não é a quantidade de trabalho que vai influenciar, mas sim o dinheiro que não entra através das inscrições de clubes ou jogadores.

Tudo isto parece uma desculpa esfarrapada mas não é. Existe sim uma desculpa mas para os espectadores, ou melhor para os não espectadores. A não afluência aos jogos não tem, em minha opinião, a ver com a crise, ou com o gostar ou não de futebol, tem a ver com o calendário dos jogos. Para quê começar um campeonato a meio de Novembro e acabar a meio de Março (nos meses mais frios), com direito a uma paragem de um mês pelo meio? Se é para prolongar o campeonato porque não se joga mês sim mês não até final? Bastava apenas começar o campeonato em Janeiro ou Fevereiro para se prolongar até Abril ou Maio. Nestes meses finais o tempo é outro e os espectadores afluem. Talvez nem tudo seja pior, se deixamos de ocupar o tempo com estas tarefas a favor da comunidade. Restará mais tempo para estarmos com a família que certamente nos agradecerá.

Henrique Dinis

ACDC 2008/09

Início de época não foi bomA época da Associação Cultural e Desportiva da

Castanheira na II Divisão Distrital não começou muito bem. Três cartões vermelhos em dois jogos, 1 castigo de 2 jogos, 2 castigos de 3 jogos, suspensão de 20 dias para o delegado de jogo e multa de 50 euros, suspensão de 10 dias para o treinador e multa de 25 euros. No primeiro jogo, empate, com 4 derrotas a seguir e imensos golos sofridos. Mas as coisas vão melhorar. Em conversa com o treinador, José Manuel Marques Silva (na foto), este disse-nos que as

perspectivas em relação à época e aos jogadores são boas: “Penso que temos uma boa equipa, apenas contrastada pelo facto de 7 ou 8 jogadores não poderem treinar por motivos de emprego ou estudo. Na primeira e na segunda jornada tivemos três expulsões, o que nos prejudicou bastante nas saídas ao Soito e Guarda e em casa com o Vila Franca das Naves, onde apenas tínhamos 11 jogadores. A ideia que eu tenho é que, daqui em diante, as coisas vão ser diferentes. Ano novo, vida nova. Em relação à população e em especial aos jovens, deviam interessar-se mais pelo desporto, nomeadamente pelo futebol, não só para ajudarem nas tarefas mas para treinarem e quem sabe para jogarem na equipa principal.”

10Agosto 2008

CASTANHEIRAS POR TODO O LADO

FIGURAS

Balbina Tomé (Ti Balbina)D a t a d e

nascimento: 26 de Fevereiro de 1904

F i l h a d e António Joaquim Manuel, natural da Castanheira e de Maria Miquelina Tomé, natural de Valongo do Côa. Faleceu em: 12 de

Agosto de 1986.Começou a trabalhar desde muito

nova como taberneira numa taberna de seu avô materno, José Inácio, em Valongo do Côa. Com o falecimento súbito de seu avô e a emigração para a América de Sul de seu pai, a situação da sua família tornou-se muito difícil.

Na qualidade de filha mais velha, teve que trabalhar em tudo o que lhe era possível, num ambiente em que as pessoas dependiam de uma agricultura de sobrevivência e da pastorícia que marginalizava os “sem terra” como ela. Aprendeu a trabalhar o linho, fiar, a tecer, fazer renda, bordados, alpercatas,

mantas de farrapos e tudo o que fosse vendável nas feiras e nas aldeias vizinhas. Nunca foi à escola, como praticamente todas as raparigas da sua idade, mas conseguiu por iniciativa própria conhecer as letras e os números e mais tarde, com as campanhas de alfabetização, aprendeu a ler, escrever e contar. Quando o seu pai regressou da aventura além-mar e abriu uma taberna no largo do meio do povo, a Balbina voltou à sua actividade de taberneira até casar com o José Martinho em 1925 de quem teve oito filhos, dos quais três morreram em criança e cinco ainda estão vivos. (o António, o José, o Inácio, o Alberto e o Joaquim)

O casamento não foi bem aceite pela família do marido e com o aparecimento dos filhos a situação voltou a ser muito difícil, e a guerra civil de Espanha e a 2.ª guerra mundial tornaram-na quase dramática. Mas a Balbina era uma mulher aparentemente frágil mas dotada de uma grande fé, força de vontade e capacidade de luta (a sua devoção a Nossa Senhora levou-a a ir

a pé a Fátima 14 anos seguidos). Para criar os filhos, voltou a pôr em prática a sua criatividade. Em sociedade com a Maria Teixeira, mãe da Gracinda Teixeira (já falecida), e do António Teixeira (PSP reformado), vendiam vinho e petiscos nas feiras; sozinha ou acompanhada com um dos filhos mais velhos percorreu as aldeias próximas para comprar ovos que juntava para vender aos contrabandistas que, por sua vez, os vendiam em Espanha a “preço de ouro”. Em simultâneo com essa actividade, ajudava o marido, que era pedreiro mas nem sempre tinha trabalho, a amanhar as courelas herdadas dos sogros. Após a morte de seu pai em 1951, voltou a ser taberneira mas agora por conta própria e manteve essa actividade até aos anos 80 do século passado.

Em resumo a Tibalbina, como ficou conhecida, foi uma beirã corajosa e generosa, rija como o ferro e sempre disposta a defender a sua grande fé em Deus, a sua família e o seu povo.

Joaquim Martinho Gonçalves (filho de Balbina Tomé)

Castanheiro do Norte (Carrazeda de Ansiães)Castanheiro do Norte é o nome

por que é conhecida a freguesia do Castanheiro, pertencente ao concelho de Carrazeda de Ansiães, donde dista cerca de 9 km. Fica situado na margem esquerda do rio Tua e na direita do Douro, para oriente da sede de concelho, e tendo como anexos os seguintes lugares / aldeias: Foz-Tua, Fiolhal e Tralhariz. O seu orago é S. Brás. O vigário era da apresentação do reitor de S. Miguel de Unhares. Com um passado já multi-secular, aparece referenciada nos forais do antigo concelho de Ansiães a que pertencia e que ajudava a defender com valentia e dignidade. Aparecia então com o nome de “Castinheira”. A ocupação básica destas pessoas é a agricultura, difícil naquelas escarpadas encostas ou naqueles apertados vales, mas que, mesmo assim embelezam com plantações de vinha (o vinho do Porto) e de oliveiras principalmente. As encostas para o Tua, onde passa a linha de caminho de ferro, infelizmente desactivada, produzem

bom vinho generoso e de consumo com tradições seculares onde há vestígios de exploração romana. Indústrias quase nulas: Pirotécnico em Tralhariz que anima as festas, Ferreiro no Castanheiro, alguns Lagares de Azeite e Fornos de cozer o pão em toda a freguesia. Quanto ao comércio também pouco existe, com dois cafés, um deles é também restaurante, no Tua, dois cafés e mercearia em Castanheiro e pouco mais. Por isso preferem recorrer à Vila de Carrazeda de Ansiães para procurarem emprego que na sua terra rareia.

Possui várias quintas como a do Dr. Manuel, das Avoengas, da Ribeira, da Coveta. Pela sua situação geográfica, Castanheiro do Norte fica na estrada que vai para Alijó e passa pela estação ferroviária do Tua. A freguesia tem-se desenvolvido e apresenta-se-nos numa perfeita mistura de antigo e moderno: ao lado das casas de granito com largas varandas em ferro forjado ou em madeira, com patamares em cantaria e alpendres

de madeira, estão as casas de cimento armado com portas, varandas e janelas de alumínio. Tem Escola Pré Primária e também Primária, Associação Cultural que em 1989 não funcionava, Casa do Povo (nessa data em alargamento), Campo de Futebol, Fontanário, Fonte a que chamam Romana e, em Tralhariz há uma casa com Brasão. A Igreja fica entre Tralhariz e Castanheiro, na base do Monte do Souto, enquanto que lá no cimo a Capela da Sr.ª da Boa Morte convida a uma visita. Tem Torre sineira lateral direita com 4 sinos, o cemitério ao lado e, na parte frontal ostenta a data de 1767.

(a partir de vários sites da Internet).

11Agosto 2008

CRÓNICA

Barrocos são património?

A pergunta do título parece ingénua ou mesmo atrevida. Pois não serão os proprietários os legítimos decisores do que devem ou não fazer com os afloramentos graníticos que lhes “nasceram” nas suas propriedades? É claro que sim. É até engraçado como os donos foram utilizando os barrocos para apoiar as suas casas, fixar os seus alicerces ou evitarem mesmo a construção de paredes em vivendas e palheiras.

Mas numa ter ra como a Castanheira, com uma mole granítica enorme como são as Eiras, com uma memória de trabalho comunitário associado a esse espaço mítico, mal seria que ele se fosse degradando e sendo invadido pelas construções sem regra. Sendo as Eiras do domínio público, impõe-se pois limitar a construção sobre a rocha. Aliás deve dizer-se que as construções à volta da Eira dos últimos 40 anos já fizeram feridas suficientes para tornar algumas situações pouco agradáveis à vista.

Dir-me-ão: tudo é relativo e a Eira deixou de ser útil. É verdade: os fins tradicionais da malha e da instalação de palheiros nunca mais vão animar e ocupar a Eira mas a nossa obrigação para com ela está lá. Por outro lado, o objectivo de construir de novo cada vez menos se afigura como essencial: há muitas casas antigas no “centro histórico” da aldeia, que bastaria remodelar mantendo a traça tradicional (ver página 3). Temos pois de encorajar a ocupação dessa zona e os exemplos já existentes valem a pena.

Quanto aos barrocos enormes que, por exemplo, nos tapam as piscinas, não acham maravilhosos estes gigantes ou baleias ali ao lado e não concordam também que eles dão “grandeza” à nossa terra?

Nem só de pão vive o homem… Os olhos também comem.

Joaquim Martins [email protected]

Esclarecimentos

Danças com Barrocos

No último número publicámos algumas fotografias de casas da Castanheira encostadas a barrocos, série que continuamos neste número e iremos continuar em outros números. O objectivo era apenas mostrar que o homem precisa muitas vezes da natureza para arranjar as melhores soluções para as suas construções e que as soluções “com barrocos” até resultavam engraçadas e bonitas, embora às vezes estranhas. Fizemos isto tendo como ponto de partida que isto tinha interesse para a aldeia e para os nossos leitores. Mas em nenhum caso pretendíamos atingir quem quer que fosse apontando-lhe o dedo acusador. O objectivo era apenas mostrar o que o “engenho humano” pode às vezes descobrir, pedindo a ajuda da natureza. Pedimos pois desculpa pelos incómodos causados.

Joaquim Igreja

Alexandre Gonçalves 25,00Ana Maria Moita 27,50Anónimo 150,00Anónimo 10,00Anónimo 20,00António Gonçalves 50,00António Júlio 20,00António Pires Gonçalves 30,00Anunciação Santos 20,00Beatriz 10,00José Agostinho Lopes 40,00José Gomes 10,00José Gomes 20,00José Marques Abadesso 50,00

José Martinho 60,00Lurdes Dinis 50,00Manuel Inácio Tomé 10,00Manuel Joaquim M. Pires 26,00Maria da Conceição 30,00Mª. Nascimento P. Bráz 50,00Mª. Lisete Martins Teixeira 50,00Mª. Rosa T. Eugénia 100,00Michel de Brito 40,00Paulino Gonçalves 25,00Rogério Pereira Dinis 20,00Virgínia Santos 10,00Vitor Gonçalves 50,00

Aumento de quotasNas actividades desenvolvidas ao longo

dos anos tem havido uma preocupação da AJAC em fornecer aos associados descontos ou acesso a determinados serviços de forma gratuita. Tais actividades e serviços, como é lógico, acarretam custos para a associação, que aumentaram significativamente no último ano. Face a tal facto e de forma a manter as regalias dos associados, foi deliberado em assembleia-geral, sob proposta da direcção, proceder à actualização das quotas. Assim, a quota de 12euros teve um aumento de 4euros, cifrando-se actualmente em 16euros, com uma redução de 50% para os associados até aos 16 anos.

Donativos à AJAC

12Agosto 2008

Quer receber gratuitamente o jornal em casa?

Se é associado ou se já fez à AJAC algum donativo, vai continuar a receber o nosso jornal. Se não é associado nem deu nenhum contributo à AJAC, pode fazê-lo. Escreva para: Associação da Juventude Activa da Castanheira, 6.300-075 CASTANHEIRA GRD. A partir do número de Abril de 2009 só nestas condições poderá continuar a receber o jornal. O nosso obrigado a todos aqueles que acreditam no Castanheira Jovem.

Ficha Técnica

Boletim da Associação da Juventude Activa da Castanheira

6300-075 Castanheira, e-mail:[email protected]

ou [email protected] Director:Vitor Gonçalves Coordenador:Joaquim Martins Igreja Periodicidade:Quadrimestral Tiragem:1.000ex. Paginação:Elsa Fernandes Impressão: Marques e Pereira (Guarda)

PALAVRA DE PRESIDENTE

Tanto para fazerA AJAC celebrou no passado mês

de Outubro 10 anos de existência. Foram anos que ficaram assinalados por algumas obras que vão ficar para o futuro e inúmeras actividades que induziram auto-estima nos castanheirenses. Claro que reconhecemos que nem tudo foi bem feito. Mas o que realmente importa é termos provado que, com vontade e entreajuda, é possível fazer algo mais… Penso que estamos todos de parabéns.

No entanto, este ano que passou ficou visivelmente marcado por um decréscimo de iniciativas da associação e a Castanheira sentiu esse declínio. Não querendo desculpabilizar a nossa acção (ou falta dela) devemos uma explicação a todos aqueles que acreditam na associação. A explicação é simples, mas de complexa e dorida solução.

Neste momento a associação atravessa dificuldades financeiras que surgem na sequência do investimento que efectuámos na construção das piscinas (obra concluída, paga e em funcionamento), mas cujas transferências de verbas, ao contrário de compromissos assumidos, ainda não foram efectuadas na totalidade.

Mas as di f iculdades não nos esmorecem e, certamente com a ajuda de todos, vamos conseguir ultrapassá-las, para continuarmos o trabalho. E continuar, neste momento, é sinónimo de prolongar a contenção de custos e maximizar a receita. Sei que podemos contar, mais uma vez, com a Castanheira. Só dessa forma é possível criar as condições imprescindíveis para que, num futuro próximo, possamos estar preparados para novos investimentos e iniciativas. Porque há tanto para fazer…

Vitor Gonçalves

Reflexos da Crise Desde a primeira edição do Castanheira Jovem, enquanto elo de ligação

à Castanheira, sempre foi objectivo da AJAC que este pequeno boletim fosse colocado, de quatro e quatro meses, na caixa de correio do maior número possível de castanheirenses. Actualmente este pequeno jornal chega, de forma totalmente gratuita, a cerca de 400 lares de castanheirenses dispersos por todo o mundo. Esta “missão” só é possível graças ao apoio que ao longo dos anos esta iniciativa tem merecido. No entanto, este envio, para além das despesas de produção, acarreta custos consideráveis para a associação. Neste sentido, e no seguimento de outras medidas de contenção que estão a ser implementadas, foi decidido diminuir o envio de jornais. Assim, a partir da edição do mês de Abril do próximo ano, o boletim só será expedido para os sócios com as quotas actualizadas e para as pessoas que tenham dado o seu contributo para que este projecto seja uma realidade. O boletim “Castanheira Jovem” continuará disponível de forma gratuita nos pontos de distribuição na Castanheira e na página de internet (www.ajac.com.pt). Contamos com a compreensão de todos, pois esta é a forma de esta iniciativa da associação continuar a ser viável.

Igreja Paroquial da Castanheira, Domingo dia 28 de Dezembro de 2008

Concerto de Natal pela Banda Filarmónica de Pínzio

A Banda Filarmónica de Pínzio vai oferecer um concerto de Natal às gentes da Castanheira no dia 28 de Dezembro, na Igreja Paroquial pelas 15 h 30, realizando ainda um outro concerto no dia de Natal na Igreja Matriz de Pínzio. No dia 27 (sábado) pelas 20 h 30 horas na sede da Associação Social C. R. e Desportiva de Pínzio realiza-se

a audição de final de período dos alunos da Escola de Música nas classes de Oboé, Clarinete, Saxofone, Trompete e Bombardino, também composta por alunos da Castanheira.

Mordomos do Menino Jesus

Adelaide PereiraGabriel PinelaRui Carreira