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E amanhã como será? Será que algum dia seremos recompensados? Página 5 UPTEC: o nutricionista das tuas ideias! Páginas 6 e 7 Interrompe o estudo e vem conhecer a grande Invicta Página 7 E depois do adeus Saída “limpa” ou programa cautelar? Páginas 8 e 9 Erasmus no Porto Entrevista a estudante romeno que escolheu a FEP como destino de mobilidade internacional. Páginas 14 e 15 Agenda Cultural Estreias de cinema em abril Páginas 16 e 17 A análise da FEP League e da FEP CUP Páginas 18 e 19 nº 8 • abril 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal http://livraria.vidaeconomica.pt Registe-se e acompanhe as novidades, lançamentos, campanhas e outras iniciativas Publicações especializadas • Edições técnicas • Formação DANIEL OLIVEIRA, O ROSTO DO “ALTA DEFINIÇÃO” , AFIRMA “Somos um país ainda à procura da nossa identidade” Páginas 10, 11 e 12

Fepiano (VIII)

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Page 1: Fepiano (VIII)

E amanhã como será? Será que algum dia seremos recompensados?

Página 5

UPTEC: o nutricionista das tuas ideias!

Páginas 6 e 7

Interrompe o estudo e vem conhecer a grande Invicta

Página 7

E depois do adeusSaída “limpa” ou programa cautelar?

Páginas 8 e 9

Erasmus no PortoEntrevista a estudante romeno que escolheu a FEP como destino de mobilidade internacional.

Páginas 14 e 15

Agenda Cultural Estreias de cinema em abril

Páginas 16 e 17

A análise da FEP League e da FEP CUP

Páginas 18 e 19

nº 8 • abril 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal

http://livraria.vidaeconomica.pt

Registe-se e acompanhe as novidades, lançamentos, campanhas e outras iniciativasPublicações especializadas • Edições técnicas • Formação

DANIEL OLIVEIRA, O ROSTO DO “ALTA DEFINIÇÃO”, AFIRMA

“Somos um paísainda à procurada nossa identidade”

Páginas 10, 11 e 12

Page 2: Fepiano (VIII)

2 Nº 8 - abril 2014

A PRIMEIRA PRIMAVERAMensagem de Aniver sário da Coordenação

E quem diria que, tão-somente há um ano, tudo isto começou? Certís-simo: 11 de Abril! Ao contrário do 11 de Março e do 11 de Setembro, este dia não vem em lembrança de qualquer atentado. Pelo menos, é o que desejamos. O Fepiano sur-ge, portanto, no mês da liberdade. Haveria melhor altura? Recordo--me bem das nossas primeiras con-versas – não há cá reuniões entre amigos – sobre o projecto. E o mais fenomenal de tudo é que, se tives-sem pedido, há um ano atrás, para cada um dos elementos fundado-res imaginar como estaria o Jornal daqui a 10 anos, acredito que ne-nhum apontasse a dimensão actual que o Fepiano hoje assume. Ainda a darmos os primeiros passos nesta (in)exacta ciência económica, ima-ginávamos que, por muito árduo que fosse o nosso trabalho, seria hoje uma utopia contar-vos os mil e um episódios que se sucederam, em cada mês, até ao culminar dos fechos de edição, concretizados no interior do Vida Económica, com a enorme Célia César a aturar-nos de forma incansável.

E, pelo meio de tanta história,

entramos neste mês especial de 1º aniversário em “Alta Definição”, após um Recrutamento que nos trouxe novos rostos que fazem jus a esta essência de se ser Fepiano. Eles são o sinónimo do espírito de empreendorismo, iniciativa e per-sistência e vêm garantir a continui-dade de um projecto que ficará en-tregue às mãos mais competentes. Tão ou mais importante do que fundar aquele que é, nos dias que correm, o Jornal Académico da FEP é esta necessidade de o perpetuar (no tempo e no espaço). Assim, na prossecução de 7 edições, onde houve oportunidade de nos sen-tarmos à conversa com professores catedráticos e académicos de exce-lência, de lancharmos com um dos maiores humoristas nacionais (em pleno Edifício da Alfândega) e de termos tido tempo, ainda, para “au-topsiar” Portugal com o auxílio de uma das mentes mais brilhantes do nosso país no campo da Medicina, vemo-nos agora – veja-se a ironia desta vida – a entrevistar quem já entrevistou mais de “meio mundo”: o (re)conhecido Daniel Oliveira.

Todavia, como uma conversa nunca vem só, este mês invertemos a situação e, ao invés de entrevistar alguém que tenha estado a estudar lá fora, damos-te a conhecer aquilo que pensa um estudante estrangeiro

que elegeu a nossa Casa enquanto destino de mobilidade internacio-nal. A pensar em ti, alargámos o nosso espectro cultural que, ago-ra, além de abranger os melhores espectáculos que abraçam a cidade portuense, conta também com as estreias mais marcantes da sétima arte. À semelhança do habitual, a análise dos artistas tanto da FEP League como da FEP Cup não po-deria faltar. Como se tudo isto fosse pouco, levamos-te ainda numa via-gem marcante por uma das melho-res empresas incubadoras de toda a Europa (a UPTEC) e, «depois do adeus» e de cravo na lapela, anali-sámos criticamente a utilidade dos esforços que têm sido feitos pelos portugueses, nos últimos anos.

Por fim, esperamos que, pelo meio de tamanha dose de leitura – do Fepiano, claro está, e das menos estimulantes sebentas –, tires um tempo para pôr em prática o nosso roteiro que te orientará pela magia de uma urbe (sempre) Invicta. Em todo o caso, se crês que já a conhe-ces bem e queres aventurar-te por novos ares, então, em breve, terás um voo para apanhar até Sevilha, a região onde há 11 anos o espírito da nossa cidade se elevou, com o er-guer de um título europeu, timbra-do pela chama de um dragão. 11 é, de facto, o nosso número da sorte!

GONÇALO SOBRAL MARTINS www.gsmartins.blogspot.pt

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3Nº 8 - abril 2014

A PRIMEIRA PRIMAVERAMensagem de Aniver sário da Coordenação

O Fepiano celebra, no próximo 11 de Abril, o seu primeiro aniversário, marcan-do, assim, o ano que nos separa do lança-mento da primeira edição – a tal que ficará recordada pelo destaque dado ao Professor Pedro Cosme. Mas, se a festa surgisse para assinalar um ano de esforços em nome da informação e do entretenimento na FEP, então já o teríamos feito no início de Feve-reiro, data em que surgiram os primeiros rascunhos do jornal e encontros a onze. Entretanto, depois desses momentos que catalisaram as oito edições, o Fepiano cresceu, e muito, com o tempo, mas so-bretudo com as suas gentes. E, porque a data requer agradecimentos, convém dar nome às pessoas e organizações que têm dado uma projeção fundamentada àquele que é hoje o jornal da FEP.

Não querendo estabelecer qualquer hierarquia neste gesto de gratidão, vou se-guir a ordem que a memória me impõe. Começo pelos nossos leitores, porque é, indubitavelmente, por eles que o Fepiano sai todos os meses. À Associação de Estu-dantes da FEP e à Reitoria da Universi-dade do Porto, por terem assumido, até agora, todos os gastos materializados em dinheiro deste projeto. O semanário Vida Económica (VE) exige-nos, também, um agradecimento muito especial, fazendo jus, esta parceria, à célebre frase: “por trás

de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. E a verdade é que só com o apadrinhamento do VE e com o acompanhamento dedicado e constante por parte da Célia César é que o Fepiano poderia transmitir ao leitor o profissio-nalismo que, desde muito cedo, tem ca-racterizado a nossa organização. Sinais de gratidão estendem-se a todos os que, por alguma razão, deixaram a sua marca no nosso projeto: entrevistados, organizações da FEP…

Para a equipa que representa, desde o início e todos os dias, o Fepiano, mostro que é justificável o orgulho que possam sentir, porque todo o projeto está envolto em coragem, persistência, trabalho e, so-bretudo, numa grande amizade. Recordo--me que, no início, sem apoio financeiro, o projecto poderia mesmo ter morrido antes ainda de nascer. E, numa altura de testes, o mais fácil seria mesmo abortar o embrião que já se tinha gerado no seio de uma equipa que se manteve intacta por muitos meses. No entanto, os quatro pi-lares supracitados resistiram e, no espaço de dois meses, o Fepiano já se lia na nossa faculdade. E passou a poder ser lido todos os meses – um compromisso que muitas vezes a equipa se “arrepende” de ter assi-nado com os leitores. Estes “meninos” de 1º ano que, no ano passado, puserem as mãos na massa são a prova clara que, na FEP, ainda se respira vontade e jeito para empreender, com contornos, ainda assim, de irreverência e imaturidade – o que não é necessariamente mau.

Num ano, são muitas as histórias que temos para partilhar convosco. E a ver-dade é que não as temos escondido. No nosso Open Day, a “primeira vez” que nos abrimos à FEP, alguns deliciaram-se com o lanche partilhado pela equipa de entre-vista com o Nilton no edifício da Alfânde-ga, ou com os esforços do Prof. Pinto da Costa para poder estar na Portucalense a responder às nossas questões. No entan-to, entre muitas páginas divertidas, a nota principal vai, invariavelmente, para os de-safios que, na cantina ou no bar, no VE ou nas nossas casas, este grupo de amigos supera.

Depois de garantir a existência do jor-nal, é necessário assegurar a sua continui-dade, o que, num curso de três anos e vira-do para os números, poderá não ser fácil. O processo de recrutamento do Fepiano concentrou os nossos esforços nesse sen-tido – continuar a fazer notícia. Assim, o mês de Março trouxe novas caras ao pro-jeto. E, com a novidade, ficamos numa posição confortável para assumir novo compromisso convosco: mais qualidade e mais diversidade. Tal será assegurado por membros que são espelho de isso mesmo. Os dezanove nomes que formam, hoje, a estrutura do jornal trazem input de mui-tas outras organizações da FEP que inte-gram igualmente: AIESEC, FJC, FFC, FICT, TAFEP, Coral, AEFEP, Praxe... Além disso, os dezanove elementos trarão a cada edição uma “vida paralela” marca-da não só pela forma como as várias face-tas do ser são privilegiadas mas, também, por um prezo óbvio pela licenciatura - o brilhantismo académico está patente na média de 15 valores, no grupo. Por fim, a diversidade na origem, com membros dos distritos do Porto, Braga, Vila Real, Beja, Leiria, Guarda, Aveiro e Lisboa é também sinal evidente da multiplicidade na equipa.

E é com agradecimentos e com um novo compromisso que a equipa do Fe-piano vos convida a continuar a fazer par-te da nossa festa, porque todos os dias são novidade e notícia.

JOSÉ GUILHERME SOUSA

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4 Nº 8 - abril 2014

INÊS VASCONCELOSPEDRO MALAQUIAS

Carro do CortejoTodos os anos, no início do mês

de Maio, ocorre um dos eventos académicos mais esperados pelos es-tudantes: a Queima das Fitas. Com a chegada da Queima, chega tam-bém o Cortejo Académico onde a FEP é sempre bem representada com um carro alegórico construído unicamente por alunos da sua insti-tuição. Este ano não será diferente!

A decoração e os desenhos do carro tendem sempre a passar uma mensagem sobre a atual situação do país de uma forma irreverente e “có-mica”, mantendo sempre presente, e em grande plano, as cores da nossa faculdade (vermelho e branco).

A construção do carro já começou e tu podes fazer parte dela! Os dois pontos de construção mais relevantes estão localizados nas varandas do 2º andar da FEP e no CACE Cultural do Porto e esta vai decorrer desde o início de Abril até ao dia do Cortejo.

35 Anos da AEFEPA AEFEP, este ano, irá comemo-

rar 35 anos de continuidade à fren-te da Associação de Estudantes da FEP. Desde 1979 que tem vindo a facilitar a integração e formação de todos os estudantes da faculdade, proporcionando eventos, festas, tor-neios, formações, jantares, etc. Ao longo destes 35 anos, certamente, deixou na memória de todos os alu-nos que por aqui passaram momen-tos de alegria inesquecíveis.

Este ano, para celebrar esta data, a AEFEP preparou uma semana fora do normal, cheia de surpresas e emoções para todos os gostos.

Tal como todas as semanas, esta

também irá ter a sua abertura. Será realizada a Night Cup, um torneiro noturno de Voleibol e Futsal cheio de música e animação, que terá ini-cio às 00h01 no Estádio Universitá-rio. Nesse mesmo dia, pela manhã, no átrio da FEP, será realizado um Porto de Honra que marcará o iní-cio das atividades. O dia irá encer-rar com o “Garden Sounds”, um evento organizado pela FEP Solidá-ria em parceria com o GRÃO, uma organização de voluntariado inter-nacional onde se irá assistir a vá-rias atuações de música em formato acústico, durante um churrasco nos jardins interiores de FEP. Uma par-te dos lucros deste evento reverterão para a concretização de missões de voluntariado em países africanos de expressão portuguesa.

Outra surpresa preparada para esta semana é a final do desafio “Nortada de Ideias”. Foi um desa-fio lançado este ano, pela AEFEP, às 19 organizações de estudantes da FEP e tem como principal objecti-vo a apresentação de ideias e proje-tos que potenciem a região Norte do país. O evento vai consistir na exposição das propostas das equipas finalistas do concurso para um pai-nel de jurados e, mais tarde, durante a Gala, será revelada a organização vencedora.

Na noite de 23 de Abril decor-rerão mais dois pontos altos desta semana. O Jantar de Gala dos 35 Anos, onde será apresentada, como já foi mencionado, a organização vencedora da “Nortada de Ideias”, e o “After Dinner”. Nestes dois even-tos irás ter a oportunidade de te jun-tares com os antigos presidentes da AEFEP, alguns empresários do nor-te do país, os Alumni da FEP e com alunos e ex-alunos desta faculdade

num jantar em que irás reviver mo-mentos emblemáticos que fizeram história ao longo dos anos na nossa Faculdade. Este será, também, um bom momento para alargares a tua rede de contactos, trocares informa-ções e partilhares experiências. Cla-ramente um bom momento de ne-tworking, num ambiente acolhedor e descontraído.

Para fechar esta semana, foi orga-nizada mais uma das melhores fes-tas da academia, a FEP Street. Mas esta será especial: apelida-se de FEP Street Gold Edition, onde, como o nome indica, suscita beleza e sensu-alidade. Certamente, um evento ao qual não quererás faltar!

Aniversário do Coral da Faculdade de Economia do Porto

O Grupo Coral da Faculdade de Economia comemora o seu 15º aniversário no dia 11 de Abril às 21h30, no Salão Nobre da Faculda-de de Economia do Porto.

Este espectáculo contará com as presenças da TFEP (Tuna Feminina da Faculdade de Economia do Por-to), da TAFEP (Tuna Académica da Faculdade de Economia do Porto), da eCOROmia (Coro da Faculda-de de Economia do Porto), do CI-CBAS (Coral de Biomédicas) e dos Flyers Desportus.

A entrada neste evento terá ape-nas um valor simbólico que reverte-rá na totalidade para a causa “Uma casa para a Rita”. Este projecto pro-cura ajudar uma menina chama-da Rita, que tem paralisia cerebral, na construção de uma casa que se adapte as suas necessidades.

O Coral da Faculdade de Econo-mia do Porto convida todos os alu-nos, familiares e docentes a compa-

recer neste espectáculo – não só pela música, mas também pelo apoio ao projecto de solidariedade social.

Lisbon Business Trip A Lisbon Business Trip é um

evento organizado pela FFC (FEP First Connection) e é conhecido não só pelo seu sucesso, mas tam-bém pela sua grandeza. Após o su-cesso da primeira edição, a FFC decidiu elevar a fasquia e apos-tar numa segunda edição com um maior ciclo de trabalhos, passando a haver dois dias de visitas a empresas com um jantar Networking.

As empresas que vão estar presen-tes neste evento serão a McKinsey, a Unilever, a L’Oreal, a Teleperfor-mance e, por fim, a Microsoft, que pelo seu reconhecimento interna-cional promete ser uma presença aliciante para os estudantes.

“A Lisbon Business Trip consiste num evento alargado (2 dias) de vi-sitas a empresas na capital do nosso país. Pretendemos, com isto, alargar o leque oferecido aos alunos, mos-trando-lhes que as oportunidades nas grandes sedes empresariais estão apenas a um passo de nós. Prome-te ser desafiante mas estamos certos de que estás à altura do que prepa-rámos para ti!” (Mariana Ribeiro, FFC)

FEP conquista 3º lugarA FEP, representada pelos alunos

Ângelo Teles, Francisco Alves, Inês Rocha e José Antunes, acompanha-dos pelas advisors Renata Blanc e Catarina Roseira, conquista o 3º lugar na Competição Internacional de Casos de Negócios em Belgrado, que teve as Universidades de Singa-pura (1º) e Queensland (2º) como vencedoras.

A agitação Fepiana

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5Nº 8 - abril 2014

CAROLINA REIS MANUEL LANÇA

Já alguma vez te per-guntaste se todos estes anos a trabalhar serão algum dia devidamen-te recompensados?

O prémio salarial é mais ele-vado consoante o nível de qua-lificações e as regalias são outras como te mostramos a seguir.

Assim, entende-se que o ven-cimento recebido deve ser pro-porcional ao investimento feito nos estudos e ao esforço realiza-dos durante estes anos. O factor sorte também influencia e saber agarrar as oportunidades é algo que nunca deves esquecer. For-mar uma diversificada rede de contactos (amigos, professores, colegas de curso, familiares, etc.) pode ser muito útil um dia mais tarde para conseguir aquele em-prego tão desejado.

Efectivamente, o desenvol-vimento de um país, em certa parte, também pode ser medi-do pela evolução dos salários re-ais e podemos afirmar que, nes-te âmbito, Portugal ainda tem um caminho a percorrer quan-do comparado com outros paí-

ses da União Europeia em que os salários são mais altos e o inves-timento feito nos estudos tam-bém.

Ainda assim, o acesso ao en-sino superior nos últimos anos tem aumentado ou não se ouça

tantas vezes nos mais diver-sos meios de comunicação que “nunca vivemos num país com tantos licenciados como agora”.

Será que o nosso país, da ma-neira como está estruturado, necessita assim de tantos licen-ciados, ou devíamos repensar o modo do ensino e formar mais e melhores técnicos, que escas-seiam e que cada vez obtêm re-munerações mais elevadas, com a falta de oferta e elevada procu-ra. A emigração dos jovens licen-ciados é bastante alta e isto de-verá ser um sinal de alerta para quem lidera este importante pi-lar de uma nação.

Será que o caminho certo é aumentar a escolaridade obriga-tória até ao 12º ano, mantendo assim jovens insatisfeitos e con-trariados que não têm vocação escolar, investindo recursos ne-les, ou será melhor dar-lhes for-mação de outra maneira para que contribuam para a produti-vidade e para o desenvolvimento do país?

Podemos concluir então que não estamos num mau cami-nho mas que ainda temos alguns ajustes a percorrer para alcançar uma melhor estrutura e reparti-ção da população activa e uma melhoria da educação.

E amanhã como será?

2006 2010

Ensino Secundário

Licenciatura Ensino Secundário

Licenciatura

União Europeia 27

2.083 3.331 2.083 3.182

Média 9* 2.692 4053 2.896 4255

Portugal 1.123 2.180 1.211 2.218

Tabela 1: Salário médio dos trabalhadores segundo o grau de habilitações académicas.

Fonte: Eurostat

*Média dos valores correspondentes aos seguintes países: Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, Suécia, Noruega, França, Holanda, Finlândia e Áustria.

Page 6: Fepiano (VIII)

6 Nº 8 - abril 2014

UPTEC: o nutricionista das tuas ideias ALICE MOREIRACAROLINA FERNANDES

Nesta edição, damos-te a conhecer a UPTEC, para que possas ir sonhando e limando as tuas ideias. Conheces o provérbio “A experiência é a mãe da sabedoria”? Nada melhor do que aprender com quem já se aventurou.

Fundado em 2007, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UP-TEC) é considerado uma das melhores incu-badoras da Europa e concentra as suas ener-gias em projetos de incubação e centros de inovação empresarial, conciliando os meios universitário e empresarial. O ponto-chave diferenciador deste projeto é apenas integrar empresas que incorporam conhecimento. No UPTEC trabalham cerca de 1400 pes-soas, altamente qualificadas, em 170 em-presas, tais como: Jornal Público, 3Deci-de, Douro Prime, Lusa, Bitmaker software, Blip, Rádio Nova, entre muitas outras. Para o cumprimento da sua missão divide-se em 4 grandes pólos situados em diferentes locais do Porto: Pólo Tecnológico, Pólo das In-dústrias Criativas, Pólo da Biotecnologia e Pólo do Mar—, este último situado em Ma-tosinhos. Em todos os pólos existem estru-turas de apoio às empresas.

Ora, a estratégia de empresas incubadas permitiu aos empreendedores encontrar o apoio e recursos que necessitavam para dar os primeiros passos nos seus negócios, ofere-cendo um ambiente propício ao desenvolvi-mento das novas empresas inovadoras. Com esta ajuda, a transformação das ideias em empresas é uma realidade e, para além disso,

o rápido potencial crescimento é um fator muito motivador. A realidade dos centros de inovação empresarial é diferente das da incubação, na medida em que as empresas já estão devidamente consolidadas e o apoio dado pelo UPTEC prende-se não com o nascimento do negócio, mas sim com o seu desenvolvimento ativo. Assim, procuram no UPTEC infra-estruturas, recursos e meca-nismos para poderem pôr em prática ideias, projetos e atividades.

Tivemos o prazer de ter uma conversa com um dos diretores do UPTEC, Carlos Brito, também Pró-Reitor da Universidade do Por-to e, curiosamente, o criador do Marketing na Faculdade de Economia do Porto! Duran-te a conversa salientou que o UPTEC não está isento de contexto, isto é, existe um pro-cesso longo, chamado de cadeia de valores, que passa pelo ensino, investigação e muitos outros, para que no fim faça sentido a exis-tência do UPTEC. Chega a dizer :“O UP-TEC é a cereja no topo do bolo”. O diretor Carlos Brito orgulha-se de puder dizer que ganhou o prémio “RegioStars2013”, concor-rendo com cerca de 200 projetos. Frisa que é graças à coexistência entre as pequenas e grandes empresas dentro da UPTEC que existe o ecossistema inovador característico, pois as pequenas precisam das grandes como apoio e as grandes precisam das pequenas como clientes. Para além disso, acredita que, daqui a 6 anos, em 2020, o UPTEC será um parque de ciência e tecnologia de referência mundial. Apesar de considerar que isso já é uma realidade hoje em dia, revela que o UP-TEC ainda sobre de alguma falta de notorie-dade. Para tal, pretende apostar em redes in-

ternacionais, relações públicas e meios como o Fepiano que ajudem a aumentar essa noto-riedade. Em relação à incubação, refere que o objetivo não é as empresas ficarem instaladas no UPTEC eternamente, mas apenas ser o arranque, comentando: “Não queremos lares de 3ª idade. As empresas pagam renda e lá fora há rendas mais baratas do que as que se pagam aqui”.

Terminamos o “café” com a questão: Qual o conselho que daria aos alunos da FEP interessados em entrar no mercado de trabalho brevemente? Curiosos com a res-posta? Nós também estavamos e foi a se-guinte: “É muito importante que proje-tos da UPTEC acolham conhecimento de topo, muito conhecimento da FEP pode incorporar áreas de negócio. Não basta ter competências técnicas na área, temos tam-bém de ter competências de gestão, essas a FEP é capaz de desenvolver, saber definir planos de negócio, temos que saber vender a nossa marca , conquistar os nossos clien-tes, porque o difícil é conseguir o primeiro cliente.” Saiu-lhe, por fim, este comentá-rio: “Não basta a ideia ser boa, há pessoas que não sabem conquistar, nem percebem de marketing e é aí que nós precisamos muito da vossa ajuda.”

Conseguimos falar também com o Diogo Maia que foi membro da UPTEC, não con-correu com uma ideia, mas apoiou-a, pois era necessário alguma técnica informática e nesse sentido contactaram-no. Contou--nos que o processo de recrutamento consis-te em explicar a ideia e candidatar-se a fun-do, existindo uma avaliação rigorosa sujeita a júri. O Diogo reconhece que o UPTEC

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7Nº 8 - abril 2014

apoia e fornece conhecimento a quem lá tra-balha. Lamenta porém, que não incluam os politécnicos, pois apenas se podem candida-tar pessoas da Universidade do Porto e refere as discrepâncias de conhecimentos de quem se candidata, a título de exemplo, alguém já inserido numa startup ou da área da ad-vocacia, sabe que se entrar com alguém do fundo de desemprego ou o projeto conter algum cariz social, tem mais chances de ob-ter a bolsa do que outros grupos não conhe-cedores dessas nuances que se candidatem. Terminou a conversa dando um conselho a quem gostaria de tentar a sua sorte: “Para conseguir abrir qualquer coisa, do pouco que explicamos da ideia, temos que conquis-tar as pessoas, fazer com que as pessoas vão atrás de nós e não nós atrás delas”.

Nesta edição, conheceste a grande empre-sa de incubação da Universidade do Porto. Estás preparado para, nas próximas edições,

conheceres startups associadas ao UPTEC? Vais ter a oportunidade de perceber melhor o funcionamento deste processo em cada

empresa, já que, como sabes, não há fórmu-las para o sucesso e, por isso, cada empresa tem a sua singularidade e a sua história!

Carlos Brito, Diretor da UPTEC e Pró-Reitor da Universidade do Porto

“As boas ideias fazem com que as pessoas venham atrás de nós e não nós atrás delas”.

CAROLINA SILVA MARIANA RIBEIRO

Sugerimos-te que comeces pela famosa Torre dos Clérigos, recen-temente restaurada, e subas os 240 degraus até ao topo… lá poderás vislumbrar uma magnífica vis-ta sobre a cidade do Porto (custo 2J).

De seguida, poderás visitar uma das ruas mais movimentadas da ci-dade. De noite a animação é certa. Porém, durante o dia, as galerias de Paris ganham outro encanto. Todas as semanas, dezenas de artesãos ex-põem os seus artigos em bancas ao longo de toda a rua. Aqui, encon-trarás o café Galeria de Paris, com uma decoração muito particular, encontrando-se repleto de objetos antigos e contando, ainda, com um carro suspenso na parede.

Numa pausa para almoço, o BUGO é paragem obrigatória. Personalizado com peças inovado-ras da Artista Catarina Machado, o BUGO Art Burgers caracteriza--se como sendo um espaço confor-tável, descontraído e sofisticado. Tendo o Hambúrguer como tema central, o menu é inspirado em gastronomia internacional, conju-

gando sempre com a essência da cozinha portuguesa.

Convidamos-te, agora, a visitar a recente reconstrução do Mercado do Bom Sucesso, situado na Boa-vista. Após as obras, tornou-se um espaço mais cosmopolita e atrativo. O novo conceito combina três áre-as distintas que se completam na perfeição: a restauração, o mercado dos frescos e a animação cultural. No Mercado do Bom Sucesso, as experiências em torno da comida são únicas já que podes “construir” o teu próprio prato, adquirindo di-ferentes produtos nas várias bancas existentes. São 44 à escolha e todas elas fazem “crescer água na boca”!

Para disfrutares de uma bele-za natural, podes fazer um passeio nos jardins de Serralves. Aqui po-derás ver uma magnífica coletânea de biodiversidade e vegetação. Res-pira-se ar puro e deambula-se pelo infindável jardim que nos conduz a recantos únicos. Por baixo de uma bela arcada, encontrarás a Casa de Chá de Serralves. Nesta poderás degustar diversos bolos caseiros, sendo o de chocolate o mais soli-citado.

Por fim, sugerimos-te que voltes à Baixa para que a possas apreciar

ao cair da noite. O Clérigos Vinhos e Petiscos é o novo espaço in des-ta zona. Um conceito distinto que proporciona um ambiente acolhe-dor e requintado. Das 17h às 20h poderás aproveitar a happy hour. Por apenas 3,50J, o menu inclui duas tapas e um copo de vinho.

Podes acabar a tua noite na Casa do Livro, na Rua Galeria de Paris. É um bar com decoração antiga e romântica que lhe confere um to-

que intimista. Música e bom am-biente não irão com certeza faltar.

Se, mesmo assim, achas que já conheces bem a tua cidade, podes sempre dirigir-te a um dos melho-res aeroportos da Europa, o aero-porto Francisco Sá Carneiro que este ano foi nomeado pelo Airports Council International (ACI) como o terceiro melhor aeroporto euro-peu. Faz as malas e parte em busca de um novo destino!

E se fizesses uma pausa no teu estudo e fosses conhecer a grande Invicta?

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8 Nº 8 - abril 2014

DANIEL SALAZARJOÃO PARREIRAMATILDE ROSA CARDOSO

A jovem Terceira República Portuguesa, com apenas 37 anos, recorreu, pela terceira vez, a um pedido de intervenção externa, na primavera de 2011. Com apenas 300 milhões de euros disponíveis para despesas correntes (não davam sequer para pagar um mês de sa-lário aos funcionários públicos - cerca de 950 milhões de euros), o Estado português viu-se na necessidade de recorrer à Troika para se fi-nanciar em 78 mil milhões de euros, elabo-rando um exigente programa de ajustamen-to e comprometendo-se com metas temporais para o défice orçamental e com reformas es-truturais na economia.

Cessa, já no próximo mês de maio, o pro-grama de ajustamento, iniciado há três anos, com significativas diminuições do défice públi-co e das taxas de juro a que o Estado se financia externamente, dois dos principais objetivos do programa. Não obstante, foram obtidos à custa de uma quebra significativa do rendimento dos portugueses e resultaram numa dívida maior (próxima dos 130% do PIB). Que fazer? Que caminho trilhar? Para onde vamos? Saída lim-pa ou programa cautelar? Intervenção do BCE? Estas são perguntas fulcrais, às quais não nos é permitido esquivar, se ambicionarmos um fu-turo risonho para este nosso “retângulo” à bei-ra-mar plantado.

O Governo de Portugal já deixou claro que a decisão final será tomada e comunica-da no mês de abril. São várias as alternativas ponderadas, que se podem agrupar em dois caminhos distintos. Por um lado, a designa-da saída limpa ou “à irlandesa”, pelo outro, uma saída com um novo mecanismo de as-sistência, conhecido como programa caute-lar. A diferenciação clara entre as duas pos-sibilidades reside no facto de, escolhendo a segunda opção, o país dispor de uma rede de apoio que permitirá fazer face a even-tuais imprevisibilidades dos mercados, en-quanto na primeira, estará mais vulnerável ao sentimento vivido nos mercados. Contu-do, dado ser uma decisão delicada, que terá grande impacto no futuro de Portugal, tor-na-se necessário realizar uma análise mais detalhada e concreta sobre as alternativas existentes.

O programa cautelar consiste num modelo de assistência financeira providenciado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), podendo assumir a forma de empréstimo ou compra de obrigações no mercado primá-rio. É possível agrupar as várias opções de programa cautelar em dois grupos. O PCCL (PrecautionaryConditionedCreditLine) que, como o nome indica, é uma linha de crédito precaucionária, e o ECCL (Enhanced Con-ditions Credit Line), que envolve condições reforçadas. Várias personalidades, incluindo Klaus Regling, Presidente do MEE, conside-

ram que Portugal, ao optar pelo cautelar, irá, provavelmente, ter um programa do segun-do grupo. Com este programa, o país terá de assinar um novo memorando com a Co-missão Europeia e estará sob vigilância refor-çada por parte das autoridades de supervi-são. O programa teria vigência de um ano, podendo ser renovado nos dois semestres se-guintes. Com esta solução, a nível de política interna, a oposição sairia mais beneficiada, pois poderia argumentar que o governo fa-

lhou os objetivos do programa e que o país continuaria tutelado, uma vez que o cautelar envolve metas e objetivos que serão mono-torizados. No que toca à proteção, o progra-ma cautelar seria mais seguro, pois aliviaria as consequências de eventuais flutuações do mercado. Desta forma, é a solução recomen-dada pela Comissão Europeia e Banco Cen-tral Europeu, sendo a mais aconselhável para economia real. Mesmo que a linha de crédito não seja usada, o país terá de pagar um “pré-mio de seguro” que não deve exceder os 34

milhões de euros. Contudo, favorecerá uma descida das taxas de juro para Portugal.

Por sua vez, a saída limpa, escolhida pela Ir-landa, não implicará um novo programa. No entanto, o país continuará a ser avaliado pela Troika até que reembolse 75% dos emprésti-mos. Além disso, Portugal será forçado a cum-prir o Tratado Orçamental, tendo de reduzir a dívida para 60% do PIB, e, para tal, terá de acumular sucessivos excedentes orçamentais. Ou seja, não haverá margem para flexibiliza-ção da austeridade. Para que Portugal consiga seguir o exemplo irlandês, deverá gerar uma reserva de liquidez que garanta as necessida-des de financiamento de 2014 e, pelo menos, metade de 2015. Isto corresponderá a cerca de 22 mil milhões de euros. Uma vez que o país estará entregue a si mesmo, é necessário que tenha margem de manobra que lhe per-mita estar menos vulnerável aos mercados. Dada a existência de vários fatores de risco, aos níveis interno e externo, a saída à irlan-desa envolve mais riscos. Se esta for a opção escolhida e se se verificar a necessidade de um novo resgate, Portugal estará numa posição muito delicada. A nível político, beneficiará o governo, numa primeira fase, que poderá anunciar a reconquista da confiança externa, mas, posteriormente, será mais difícil justifi-car a austeridade necessária sem a existência de um programa. Ou seja, poderá surgir uma ilusão de autonomia e de fim da austeridade que não corresponderá à verdade. Porém, o programa cautelar nunca foi testado e existe, também,a necessidade de ser aprovado em al-guns parlamentos nacionais, o que atrasará a sua aplicação. Estes foram dois motivos que levaram a Irlanda a dispensar este programa. À semelhança do que aconteceu com este país,

E depois do adeus...

“Que fazer? Que caminho trilhar? Para onde vamos? Saída limpa ou programa cautelar? Intervenção do BCE? Estas são perguntas fulcrais.”

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os mercados poderão aceitar bem a saída lim-pa para Portugal, o que se torna difícil, devi-do à incerteza relativamente às taxas de juro e à capacidade de gerar excedentes primários.

O maior partido da oposição vê a saída lim-pa como o cenário natural. Além de um pos-sível programa cautelar acarretar mais cortes de despesa, também seria indício de má gestão por parte do atual Governo sem, no entanto, descartar uma intervenção ativa por parte do BCE, através de taxas de juro artifi cialmente baixas. Por outro lado, há quem defenda o pro-grama cautelar, nomeadamente alguns comen-tadores políticos, como Camilo Lourenço, por exigir pressão externa na implementação das reformas e ser o garante da continuação dos re-sultados que se estão a verifi car.

Na sociedade civil, surgiram várias propos-tas, adoradas por uns, odiadas por outros, que visam melhorar a situação económica e so-cial em que estamos mergulhados. Uma das mais conhecidas é o recente “Manifesto dos 70” que aponta para a reestruturação da dívi-da acima de 60% do PIB e das respetivas taxas de juro. Parte signifi cativa do nosso quadrante político apoiou fervorosamente este Manifes-to, tendo amplo reconhecimento na comuni-cação social.

Por outro lado, surgiu, nas redes sociais, um outro manifesto, menos conhecido, é certo, mas igualmente interessante: apela a um orçamento equilibrado e à introdução da regra de ouro na Constituição, isto é, à introdução, na Consti-tuição, de regulamentos rígidos, no que diz res-peito aos limites, tanto da dívida (60% do PIB) como do défi ce público (3% do PIB), de forma a atuar na causa do problema e a evitar que en-tremos em situação de pré-bancarrota.

Na Europa, as vozes mais sonantes são con-vergentes: Portugal está no caminho certo e “reestruturação” não pode fazer parte do seu vocabulário no pós-Troika. Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, alerta para o facto de, em termos de mercados, esta deno-minação ser associada ao perdão da dívida, o que levaria a consequências graves ao nível da confi ança do exterior no país. Exemplo disso foi o nervosismo inicial nos mercados, com a apresentação do “Manifesto dos 70”, eviden-ciado pela subida dos juros, que só voltaram a baixar graças à reação muito clara das autori-dades portuguesas – Presidente da República e Governo –, que se afastaram daquela teo-ria. Num momento como o atual, afi rmar que Portugal não irá pagar a sua dívida na íntegra seria sugerir aos mercados, aos credores e aos

investidores que não vale a pena continuar a investir em Portugal. O Presiden-te da Comissão Europeia não descarta, contudo, a alternativa de um re-profi ling da dívida, que permitiria suavizar o pa-gamento. À semelhança de Angela Merkel, defende que o país alcan-çou uma opinião positiva na Euro-pa, condição cru-cial para garantir a capacidade de fi nanciamento e atrair condições para o crescimento. A chan-celer alemã diz que apoia qualquer deci-são de Portugal sobre o pós-Troika.

O Presidente do MEE sublinha que é pre-ciso mostrar aos mercados que Portugal vai continuar com as reformas estruturais após o fi m do atual programa. Avisa que, com saída limpa ou cautelar, a Europa vai sempre continuar a vigiar Portugal. Uma linha caute-lar teria menos condicionalismos que um programa normal, mas é impossível dizer exatamente quão mais suaves. Tudo dependeria, no entender de Klaus Re-gling, do momento em que fos-se pedida, cabendo à Comissão defi nir um plano. Contudo, tem que haver condiciona-lidade, uma vez que nun-ca há empréstimos do FEEF (Fundo Eu-ropeu Estabilização Financeira) ou do MEE sem condi-cionalidade.

A eurodeputada Elisa Ferreira, ape-sar de afi rmar que as instituições euro-peias estão interessa-das que Portugal tenha uma saída limpa, admite que a Irlanda tem vanta-gens em relação ao nosso país, nomeadamente os ratin-gs de dívida pública mais elevados do que os nossos. Revela que Mario Draghi considera Portugal o país mais arrisca-do, depois da Irlanda, que vai para o mercado e que, por isso, não tem uma receita acerca das intervenções para salvaguardar eventuais espe-culações sobre a dívida portuguesa. Acerca da “reestruturação”, explica que, a nível europeu, o termo tem sido utilizado para dizer que não se paga uma parte. Assim, teria assinado o Ma-nifesto se, em alternativa, referisse “renegocia-ção da dívida”.

Imensos rostos, diversas opiniões, mas ape-nas uma decisão. Depois do adeus,os portu-gueses quererão saber se os inúmeros esforços a que têm sido obrigados valeram a pena.

E depois do adeus...“Na Europa, as vozes mais sonantes são convergentes: Portugal está no caminho certo.”

investidores que não vale a pena continuar a investir em Portugal. O Presiden-te da Comissão Europeia não descarta, contudo, a alternativa de um re-profi ling da dívida, que permitiria suavizar o pa-gamento. À semelhança de Angela permitiria suavizar o pa-gamento. À semelhança de Angela permitiria suavizar o pa-

Merkel, defende que o país alcan-çou uma opinião positiva na Euro-pa, condição cru-cial para garantir a capacidade de fi nanciamento e atrair condições para o crescimento. A chan-celer alemã diz que apoia qualquer deci-são de Portugal sobre o pós-Troika.

O Presidente do MEE sublinha que é pre-ciso mostrar aos mercados que Portugal vai continuar com as reformas estruturais após o fi m do atual programa. Avisa que, com saída limpa ou cautelar, a Europa vai sempre continuar a vigiar Portugal. Uma linha caute-lar teria menos condicionalismos que um programa normal, mas é impossível dizer exatamente quão mais suaves. Tudo dependeria, no entender de Klaus Re-gling, do momento em que fos-se pedida, cabendo à Comissão defi nir um plano. Contudo, tem que haver condiciona-lidade, uma vez que nun-ca há empréstimos do FEEF (Fundo Eu-ropeu Estabilização Financeira) ou do MEE sem condi-

A eurodeputada Elisa Ferreira, ape-sar de afi rmar que as instituições euro-peias estão interessa-das que Portugal tenha uma saída limpa, admite que a Irlanda tem vanta-gens em relação ao nosso país, nomeadamente os ratin-gs de dívida pública mais elevados do que os nossos. Revela que Mario Draghi considera Portugal o país mais arrisca-do, depois da Irlanda, que vai para o mercado e que, por isso, não tem uma receita acerca das intervenções para salvaguardar eventuais espe-culações sobre a dívida portuguesa. Acerca da “reestruturação”, explica que, a nível europeu, o termo tem sido utilizado para dizer que não se paga uma parte. Assim, teria assinado o Ma-nifesto se, em alternativa, referisse “renegocia-

Imensos rostos, diversas opiniões, mas ape-nas uma decisão. Depois do adeus,os portu-gueses quererão saber se os inúmeros esforços a que têm sido obrigados valeram a pena.

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Depois de, no Alta Definição, ter entrevistado “meio mundo”, Daniel Oliveiraesteve à conversa connosco e, na posição contrária à habitual, partilhou aquilo que os seus olhos têm para dizer.

GONÇALO SOBRAL MARTINS JOSÉ GUILHERME SOUSA

Sendo o entrevistador mais conceitu-ado em Portugal, como é estar desse lado, enquanto entrevistado?

Com o passar dos anos, vou compreendendo o interesse que possa despoletar, junto de ou-tras pessoas, aquilo que eu faço e, como tal, é um papel que encaro com normalidade e pen-sando que o meu contributo, enquanto entre-vistado, poderá ser útil para quem me entre-vista.

E acredita que é mais fácil ser-se um bom entrevistador passando pelo lugar de entrevistado?

A preparação de uma entrevista é algo que me dá muito trabalho e gozo ao mesmo tem-po. E é nessa mesma preparação que reside um dos factores fundamentais para o progra-ma Alta Definição durar há tantos anos. Para ser entrevistado, não tenho de preparar nada.

É um exercício onde me sinto mais à vonta-de a determinar o tom da conversa e isso só se consegue, de forma mais objectiva, estan-do do lado de quem pergunta do que do lado de quem responde. Julgo que os dois lados se complementam.

Tem algum nome de referência no campo das entrevistas por o qual se guie?

Não, não tenho. O que procurei, desde mui-to novo, sem ainda ter consciência de que faria

da entrevista o meu meio referencial, foi ante-ver muitas delas, nos mercados português, bra-sileiro e americano. Vê-las por gozo. Sobretudo no Brasil, há muito a política de se perguntar objectivamente aquilo que se quer saber. Cá, nós temos menos criatividade e mais receio a questionar. Portanto, sempre encarei a entre-vista como um acto de perguntar aquilo que se quer, ainda que isso não seja muitas vezes feito de forma objectiva. A pessoa pode chegar à res-posta sem que, por vezes, haja uma pergunta para que ela chegue a essa resposta.

Porque é que aceitou conceder-nos esta entrevista?

Apesar de esta ser uma altura complicada, há alturas muitíssimo mais complicadas, em ter-mos de agenda. Posto isto, o facto de o convite ter surgido nesta fase e ter sido tão simpático fez com que eu o aceitasse.

Apesar de ter, apenas, 33 anos, como é que se gere o sucesso de se ser já director de um canal, ter um programa que é dos mais acarinhados em Portu-gal e ter já vários livros editados?

Não se faz de forma muito preocupada. Eu não estou a gerir o meu sucesso. Gosto da-quilo que faço e, portanto, obrigo-me a ser melhor daquilo que fui na entrevista e no programa anteriores. Procuro, também, cor-responder às minhas próprias expectativas em relação àquilo que executo, ao trabalho que tenho e às pessoas com quem trabalho. Jul-go que, com método e fazendo as coisas por gosto, o tempo despendido não é visto como uma obrigação mas sim como um prazer. É isso que eu procuro quando escrevo livros ou quando faço programas. Há uma dose de res-ponsabilidade profissional mas há, também, um gosto em fazer aquilo que faço. E sou um privilegiado nesse sentido.

Julga que ter esse gosto é fundamen-

tal para que se transpareça um bom trabalho?

Não, acredito que não seja fundamental. Na vida, nós não fazemos sempre aquilo que que-remos. E também na televisão assim acontece. No meu caso, faço aquilo que gosto mas não é obrigatório que assim seja para que o trabalho saia bem feito. Já fiz, noutras ocasiões, coisas

DIRECTOR DA SIC CARAS, EM ENTREVISTA

Cavaqueando com... Daniel Oliveira

“É na preparação que reside um dos factores fundamentais para o programa Alta Definição durar há tantos anos.”

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DIRECTOR DA SIC CARAS, EM ENTREVISTA

Cavaqueando com... Daniel Oliveira

com as quais não me revia tanto nem retirava tanto gozo. Em todo a caso, fazia-as manten-do o mesmo grau de comprometimento com o trabalho que tenho agora.

Já tendo realizado centenas de entre-vistas, qual aquela que mais o marcou e porquê?

Há várias que me marcaram por razões dife-rentes… por terem personalidades diferentes. Por exemplo, há uns dias marcou-me muito o Henrique Cymerman porque ele nos trou-xe uma perspectiva dele próprio e da vida que é muito particular e uma visão diferente do conflito no Médio Oriente. Mas também me marcaram o Manuel Forjaz, o António Feio, o Artur Agostinho, … São vários os exemplos. Uma das coisas que tenho sentido, ao longo destes últimos cinco anos, é que tenho apren-dido imenso com cada um dos convidados. E daí partir sempre com um interesse redobrado para cada entrevista porque sei que vou ter uma perspectiva diferente sobre a vida na esmagado-ra maioria dos casos.

Não consegue, portanto, salientar um nome que mais o marcou?

É difícil! Muitos marcaram-me de formas distintas: o António Feio pela coragem, pela sobriedade e pela dignidade daquele momen-to; o Artur Agostinho pela longevidade de ter 90 anos e ter um pensamento mais jovem do que se calhar todos os convidados que por aqui passaram. É muito difícil escolher só uma entrevista porque as pessoas são diferen-tes e os contextos também o são. Em analogia, se calhar, é como escolher o nosso melhor des-tino de férias: provavelmente não há só um, há vários.

Sendo complicado salientar o melhor entrevistado que já teve, pode-nos re-velar se há alguém que espera, no futu-ro, que receba esse “título”?

Não, por uma razão simples: a experiên-cia diz-me que o melhor entrevistado pode

não ser, e muitas vezes não o é, aquele que se espera que o seja. Por outras palavras, a dimensão de uma figura não é um factor in-diciador de nos conceder a melhor entrevis-ta. Às vezes, a melhor vem daquela pessoa da qual não o esperaríamos. Talvez para o pú-blico a expectativa seja muito superior de ver certos nomes a serem convidados, o que não quer dizer que isso seja uma garantia de al-guma coisa.

Há algum momento que recorde, numa entrevista, que saiu fora do con-trolo e o tenha deixado embaraçado?

Há muitas que saíram do que estava previsto e aí reside o fascínio da entrevista. Contudo, saem no sentido de serem concedidas mais in-formações e momentos mais intimistas. Para o contexto que a pergunta indica, não me recor-do de nada em particular, ao ponto de ter fica-do constrangido.

Não se torna complicado chegar a um nome, todas as semanas, para o progra-ma Alta Definição?

Depende, mas não podemos ficar circunscri-tos a uma só opção. Para dar um exemplo, já tenho todo o programa esquematizado até ao final deste ano, desde o ano passado. O que não quer dizer que eu saiba quem vou entrevis-tar em cada altura. Tenho vários nomes de pes-soas perfiladas para aquelas datas, por forma a ter várias opções para cada uma delas.

Em norma, essas pessoas estão re-ceptivas ao convite?

Depende, também, de caso para caso. Há pessoas que não se sentem à vontade para fa-lar num certo momento das suas vidas já que aquele pode não se revelar o momento oportu-no. E, muitas vezes, essa entrevista fica adiada. Já nos aconteceu, com muitas pessoas, não a darem numa altura e, posteriormente, conce-derem-na noutra fase. E é muito mais benéfico para o programa que a pessoa venha quando se sente preparada e motivada para o fazer e, aí, cada momento flui de uma forma muito di-ferente.

Apesar de ter começado a trabalhar em televisão com 16 anos e ter já mui-tos anos de carreira, tem, ainda, muitos mais anos pela frente. Quais os projec-tos que se seguem?

Fazer melhor aqueles que faço. Nós temos muito a ideia que precisamos de mais projec-tos para nos realizarmos. Eu estou, neste mo-mento, a gerir 4 programas e um canal, e, se eu os conseguir gerir da forma como pretendo, já fico muito satisfeito. O segredo está em saber renovar esses projectos, de forma a torná-los aliciantes para quem os faz e para quem os vê.

E no campo pessoal e familiar não é expectável que tenhamos novidades?

(Sorrindo.) Hum… Não.

Quais são os seus receios em relação ao futuro?

Que nós não tenhamos ferramentas necessá-rias para construir as nossas liberdades indivi-dual e colectiva. Julgo que esse é um dos pro-blemas da sociedade actual, não só pela crise, mas também pela própria evolução da socieda-de. Não podemos ficar reféns da perda de um emprego ou de um empréstimo bancário. E, portanto, temo que nós não consigamos gerir a nossa própria liberdade. A nossa felicidade está muito ligada à nossa liberdade.

Qual aponta como sendo a sua maior virtude? E o seu maior defeito?

A minha grande virtude é a capacidade de trabalho. Sei que a tenho, mas não tenho gran-de mérito nisso, porque me é natural. Em rela-ção aos defeitos, não tolero facilmente o erro, mas tenho vindo a melhorar, nesse aspecto, porque apercebo-me que o erro faz parte. As coisas têm que ser construídas em cima do erro.

Há uma proximidade óbvia entre aquilo que diz ser e a forma como os outros o vêem?

Julgo que sim, embora possam ser colocadas noutras palavras. Dirão que tenho pouca tole-rância ao erro, mas numa forma mais violenta. Quanto à capacidade de trabalho, parece-me consensual.

“Parto sempre com um interesse redobrado para cada entrevista porque sei que vou ter uma perspectiva diferente sobre a vida.”

Primeiro romance de Daniel Oliveira.

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E o Daniel Oliveira que vemos na te-levisão é semelhante ao que está em família e com os amigos?

A minha curiosidade é semelhante, mas quando estou na televisão tenho que estar sen-tado de determinada maneira, não como estou em casa no sofá. Agora, fora de brincadeira, acho que aquilo que eu sou está patente na-quilo que eu faço: tanto a minha curiosidade como o facto de não entrar com juízos de valor à partida em qualquer entrevista.

O que vale, realmente, a pena nesta vida?

Não perdermos muito tempo com as coi-sas mais pequenas. Acho que vale a pena es-tarmos próximos daqueles que nos são mais queridos e fazer alguma coisa para que es-sas pessoas que estão ao nosso lado tenham uma melhor condição de vida. Além disso, não deixar um livro por ler e não criticar se-não de forma fundamentada. Acho que vale a pena olharmos mais para o outro e para os nossos.

O que o move e comove? O que me move é aquilo que eu vejo como

útil, tanto para mim como para o receptor da-quilo que eu faço. Comove-me a forma como tratamos os mais velhos, como desprezamos o tanto que eles sabem. Nesta vida tão agita-da, perdemos muito pouco tempo a olharmos para os mais velhos. Eu vejo-o como um dever e dedico muito tempo àqueles que são os mais velhos da minha família.

Como é que vê o nosso país neste momento?

É uma imagem de um Portugal ainda à procura de um caminho que, ainda assim, já vê uma luz ao fundo do túnel – uma luz.

Apenas espero que não seja a de um com-boio em contramão! Julgo que o pior que já pode ter passado, neste contexto de crise, mas parece-me que somos um país ainda à procura da nossa identidade. Identidade no sentido de não lutarmos cada um por si e de aproveitarmos os recursos que nos são tão gratos. Num país tão pequeno e que nunca foi auto-sustentável, creio que nunca conse-guimos potencializar os nossos recursos: o turismo, por exemplo. Contudo, o que fará sempre a diferença será a forma como pen-samos, por isso a nossa capacidade criativa e criadora recai num investimento na edu-cação que nos poderia levar a ser grandes, mesmo neste pequeno país. Acho que ques-tionamos menos do que deveríamos questio-nar!

O que podem os estudantes esperar nos próximos anos, depois de termina-das as licenciaturas?

Há uma frase que diz que a melhor forma de prever o futuro é criá-lo. Eu acho que está nas vossas mãos muito do que é preciso fazer, sabendo que a vossa geração está muito mais bem preparada do que aquelas que vos ante-cederam. E, portanto, têm muitas mais ferra-mentas para mudar o curso das coisas. Acho que está muito nas vossas mãos a forma como o futuro vai ser e a forma como vão conseguir pe-gar naquilo que vos está a ser deixado ou não. Mas, claro, com outra perspectiva, com outro olhar, com juventude e com irreverência. No entanto, acho que o futuro vai ser essencial-mente bom! Saliento também que o futuro do país está também nas vossas mãos.

Não acredita que esta geração mais bem preparada não o é em termos teó-ricos e em detrimento de uma vertente mais técnica/prática?

Conhecer não é só o que se aprende na fa-culdade e na escola. Conhecer é viver! Quan-

tas mais perspectivas nós tivermos e não apenas as teóricas, mais facilidade teremos para reagir àquilo que nos possa acontecer. A experiência não se transmite a ninguém, apenas se apren-de passando por ela. Portanto, esse gap entre o sentido prático e o teórico está muitas vezes na percepção que nós temos da realidade, que poderá estar deformada pela teoria que nós é passada, ainda que a teoria seja fundamental. O saber comparar a teoria com a realidade é muito importante e a realidade tem muito a ver com o sentido prático das coisas.

Por fim, terminamos com a questão tão aguardada: «O que dizem os teus olhos», não valendo responder que «o melhor está para vir»?

Os meus olhos dizem que vale a pena que nós consigamos olhar para o futuro e vermos a linha do horizonte que lá está… corrermos atrás dela, mesmo que possamos não chegar até lá. A verdade é que se a vemos é porque a po-demos alcançar. Portanto, vale a pena não nos apoucarmos da nossa realidade e fazermos de cada problema uma oportunidade.

“Comove-me a forma como tratamos os mais velhos, como desprezamos o tanto que eles sabem.”

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14 Nº 8 - abril 2014

Este mês, o Fepiano esteve à conversa com um estudante Romeno que escolheu a Faculdade de Economia do Porto como o destino da sua experiência Erasmus. Vlad Togui partilha as suas inúmeras vivências e fala-nos dos seus objectivos. Rendido à cidade do Porto e à hospitalidade das suas gentes, revela-nos também pormenores sobre o seu país de origem, numa conversa em que não deixa escapar os principais acontecimentos da actualidade.

JOÃO SEQUEIRALARA QUEIROZ

Porquê a escolha de Portugal, em es-pecial do Porto? Qual a ideia prévia que tinhas e o que esperavas encontrar?

Na verdade eu não escolhi Portugal. (risos) Foi a minha segunda opção, e totalmente ale-atória. Eu queria inicialmente ir para a Holan-da, e sendo bom aluno tinha a certeza que con-seguiria. No entanto, nesse mesmo ano houve uma outra estudante com melhores notas que ficou com a única vaga existente para esse país. E eu fiquei na segunda opção, totalmente alea-tória. Escolhi Portugal por ser um país que des-conhecia completamente e assim teria oportu-nidade de descobrir. Não conhecia nada além de futebol. Agora penso que foi a melhor expe-riência que poderia ter tido. A cidade é interna-cional, milhares de estudantes Erasmus, muitas festas, muita vida nocturna, conhecem-se no-vas pessoas todos os dias. Diria que é a melhor cidade para se fazer Erasmus.

A experiência está a corresponder às expectativas?

As minhas expectativas eram de conhecer o máximo de pessoas possível. Tenho um grupo de amigos de diversas culturas e as nossas con-versas são sobre os mais variados temas. Cada um tem uma perspectiva bem diferente. Eu não tinha expectativas acerca do sistema de en-sino, e no meu país não estamos habituados a ver Portugal como um país de topo nessa ma-téria. Os estudantes romenos que pretendem estudar fora pensam ir para os Estados Unidos ou Inglaterra. Antes de vir pensava que a di-ferença entre as universidades na Roménia e em Portugal não era tão grande. Na verdade é enorme, a qualidade do ensino aqui é muito elevada.

Tens uma experiência bastante curio-sa. Sabemos que aquando da tua che-gada não foste contactado pelos tutores da FEP. Tiveste de superar as dificul-dades culturais e linguísticas por tua iniciativa e conta própria e no ano se-guinte, já em mestrado, inscreveste-te no programa de tutoria enquanto tutor. O teu objectivo foi ajudar os estudan-tes Erasmus para que não tivessem de passar pelas mesmas dificuldades com que te deparaste?

Sim, descobri o melhor do Porto - os me-lhores sítios para visitar e as melhores activi-dades para fazer - mas já após 3 ou 4 meses, sendo que poderia ter aproveitado antes caso alguém me tivesse indicado. Ou, por exem-plo, saberia que a região do Estádio do Dra-gão não seria a melhor escolha para morar, dado que não tem muita vida e fica longe do centro. No fundo, tudo aquilo que se desco-bre quando se vive no local, mas que seria útil conhecer o mais cedo possível para desfrutar mais da experiência.

Tu, mais que ninguém, conhecias os problemas com que eles se iriam depa-rar. Quais foram, na tua perspectiva, as principais dificuldades?

A diferença cultural é grande. Na minha cidade as pessoas não são tão abertas, perma-necem mais num grupo fechado de amigos. Aqui as pessoas são mais abertas e hospitalei-ras. Penso que a maior indiferença também po-derá ser uma característica de cidades grandes, visto ser de Bucareste, onde as pessoas vivem permanentemente em stress. Está relacionado também com o humor e a energia da cidade. A energia do Porto é muito boa.

Quais as principais diferenças cultu-rais que encontras entre Portugal e a Roménia?

As refeições são um pouco estranhas para mim. Vocês têm a refeição mais importante à noite. Lá normalmente as pessoas almoçam e ao jantar comem apenas algo mais leve. Não te-mos a cultura de marcar grandes jantares como aqui.

De facto, os jantares são muito típi-cos, as pessoas usam-nos como pretex-to para se encontrarem.

Completamente, lá não temos esse hábito. Na Roménia vamos a bares a partir das dez da noite. A noite acaba mais cedo e não bebemos na rua. É proibido por lei.

Outra diferença no comportamento verifica--se em situações como uma simples ida ao su-permercado. Na Roménia, se estiverem caixas fechadas e houver fila de espera, há logo um grande protesto por parte das pessoas. Aqui po-demos esperar meia hora numa fila e ninguém se manifesta. Penso que também é uma ques-tão de orgulho nacional, na Roménia as pesso-as não são muito orgulhosas do seu país e quei-xam-se bastante.

Noto que aqui o serviço é muito bom. Os empregados são educados e simpáticos, as pes-soas são muito amigáveis. Na Roménia tal não aconteceria.

Nós aqui também tendemos a criticar muito o país...

Sim, mas, por exemplo, as pessoas do Porto têm um orgulho muito grande na sua cidade, apesar de se poderem queixar acerca do país.

Há algumas diferenças culturais, mas anali-sando mais de perto não somos assim tão di-ferentes.

VLAD TOGUI, ESTUDANTE ROMENO EM ENTREVISTA

ERASMUS no Porto

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15Nº 8 - abril 2014

Encontras semelhanças a nível linguís-tico, uma vez que o romeno é também uma língua de origem latina? Isso trouxe--te alguma vantagem relativamente a um estudante polaco ou russo, por exemplo?

Definitivamente. Se vir um texto escrito em português entendo sem qualquer problema. Falado é mais difícil, falam bastante rápido e cortando algumas partes das palavras. Consigo manter uma conversa simples em português, mas acabo por não o usar, uma vez que a maio-ria das pessoas fala inglês.

O que pensas fazer quando terminares o mestrado? Pretendes ficar em Portu-gal, ou ir para outro país?

Definitivamente não está nos meus planos re-gressar à Roménia. Ou ficarei por aqui, se sur-gir uma boa oportunidade, ou seguirei para ou-tro país ou continente. O mestrado que estou a fazer, Master in Management, tem classificação de topo. Na Roménia não existe nenhum mes-trado nos rankings. Penso que me abrirá todo um conjunto de oportunidades. Na Roménia as pessoas deixam o país não só para trabalhar, mas também para estudar.

Consideras que a Roménia traz ainda consigo uma forte herança comunista e isso é visível face a países do ocidente europeu? Algo mudou com a adesão à União Europeia?

Estivemos durante muitos anos sobre a alçada comunista e isso é uma herança que se carrega. Temos marcas dos quase cinquenta anos de co-munismo. Não se podia falar livremente, tudo era centralizado, toda a gente tinha um emprego mesmo não produzindo nada. As empresas po-diam empregar metade ou um terço das pessoas, tudo era racionado, como a quantidade de pão ou carne que se podia comprar mensalmente. As pessoas não confiavam umas nas outras, dado que podiam ser denunciadas se fossem contra o regi-me. Permaneceu assim até 1989. O comunismo prometia casa e emprego para toda a gente. Não interessava que as pessoas não fossem produtivas.

Com a adesão à UE foram estabelecidos ob-jectivos, sobretudo económicos, como é o caso de investimento em infra-estruturas, que pro-vavelmente demoraríamos muito mais tempo a atingir, se não existissem essas exigências. Tor-nou o processo mais rápido. Na verdade recebí-amos fundos da UE que não eram gastos, eram simplesmente devolvidos. A falta de incentivos deixada pelo comunismo permanece ainda en-raizada e as pessoas preferem não fazer nada, ou simplesmente não têm competência para o fazer, após anos de baixa produtividade.

O que recomendarias a alguém que considere estudar ou trabalhar na Ro-ménia?

Eu diria para não ir.

Da perspectiva de um romeno, como é vista a recente questão na Crimeia, e

em que medida a independência de re-giões não é um problema já com alguns exemplos na Europa, nomeadamente a região da Transnístria, ou Pridnestróvia?

(Nota: região que integrava a Moldá-via, onde se fala uma variante de ro-meno, que se tornou independente em 1990, apesar de não ser reconhecido pelos moldavos.)

A Transnístria nunca foi território romeno, foi território pertencente à Ucrânia e à Rús-sia. Os russos moveram uma parte da popula-ção romena para a região, por forma a esbater a cultura e a identidade da mesma e se poderem movimentar livremente, enquanto cidadãos rus-sos também se movimentaram para a Roménia. Tratou-se na verdade de um plano russo para retirar identidade à população de Transnístria e torná-la seu território. Apesar de terem a língua romena, não têm nada de comum com a cultura e a história romena. Hoje em dia, as populações da Transnístria querem pertencer à Rússia. Tra-ta-se de uma região artificial, na verdade.

Como comparas essa situação com o que se está a passar na Crimeia?

A Crimeia era território pertencente à Rús-sia, historicamente russo, apropriado pela Ucrâ-nia. E agora foi recuperado. A Rússia não deseja membros fortes, quer membros para controlar, deseja controlar as suas fronteiras, politicamente e economicamente. Não pretende a União Eu-ropeia nas suas fronteiras.

A Roménia é um país com bastantes recursos, com petróleo, carvão, ferro, entre outros. É conhecido também por deter um património natural considerá-vel, e ser terra de figuras lendárias como o “Drácula”. Em que medida acreditas que há um potencial para exploração destes factores de atractividade, ao ní-

vel do turismo ou captação de investi-mento? Em que medida isso é feito, ou existe ainda um longo percurso a per-correr?

Produzimos 50% do petróleo que utilizamos, ainda assim o preço do petróleo é o mesmo para nós do que para países sem esse recurso, como Portugal. O governo assinou contratos ruino-sos e a Roménia não detém a exploração. A in-dústria metalúrgica encontra-se completamente estagnada e falida. Mesmo a exploração de mi-nério não é feita por falta de indústria transfor-madora e os trabalhadores vivem uma dramática situação de desemprego.

Relativamente ao turismo, a Roménia tem muitas e vastas áreas naturais, isto porque, até há cem anos atrás, as populações viviam ainda em comunhão com a natureza. Lá é possível ainda encontrar lobos e ursos. A diversidade paisagís-tica também é imensa. Temos mar, montanhas, planícies, catedrais góticas, castelos construídos por alemães na Transilvânia. Na região da Mol-dávia Romena encontramos mosteiros romenos únicos no mundo, diferentes dos russos ou gre-gos, existindo uma enorme diversidade arqui-tectónica. Isso não é explorado. Há, por assim dizer, uma falta de aposta no Marketing do país. No entanto, a falta de serviços e infra-estruturas torna impossível para os turistas uma deslocação fácil e o acesso a um atendimento de qualidade. A evolução e o caminho a tomar terão de pas-sar não só por uma melhor divulgação mas pela criação de infra-estruturas e pelo investimento no país.

Por falar em Drácula, sabias cer-tamente que o teu nome é também o nome do conde que inspirou a história, Vlad Dracul, as pessoas falam-te sobre isso?

Sei, claro. Lá? Ninguém. Aqui sim, algumas pessoas mencionam isso. Mas na Roménia é um nome comum.

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16 Nº 8 - abril 2014

Agenda Cultural

Carlos do Carmo “Fado é amor”

Coliseu do Porto, 12 de Abril, 21:30hPreço: a partir de 20 euros

Apresentação do mais recente disco de Carlos do Carmo, com participações de outras perso-nalidades marcantes do fado português, como Mariza, Camané e Carminho. Depois de, em 2013, ter comemorado 50 anos de carreira, o fadista lança assim o seu novo disco “Fado é amor” que inclui um conjunto de duetos com outros grandes fadistas portugueses. A ideia foi, segundo Carlos do Carlos e a sua editora (Universal Music), juntar em disco e em palco o passado e o futuro do fado português. É assim um espectáculo imperdível, uma vez que são raras as oportunidades de encontrar juntos num concerto os maiores fadistas portugueses, num Coliseu do Porto que se prevê cheio.

Resistência ao vivoCasa da Música, 15 de Abril, 21h

Preço: a partir de 20 euros

Este é o regresso aos palcos, 20 anos depois, de

um dos grupos mais marcantes da música portuguesa do início da década de 90. A oportunidade de ouvir temas como “Não sou o único” ou “Nasce Selvagem”, can-tados ao vivo, justifica por si só a compra do bilhete, mas as atracções não ficam por aqui. Alexandre Frazão, Tim, Olavo Bilac, Mi-guel Ângelo, entre outros, já promete-ram uma abordagem a novos temas, mas mantendo sempre o mesmo espírito que, segundo eles, foi o elemento decisivo para o seu sucesso.

Ser Humano 2014Hard Club, 19 de Abril, 22h

Preço: 10 euros

Evento de cariz solidário que conta com a atuação de alguns dos maiores nomes do Hip-Hop português da atualidade, além de artistas provenientes doutras vertentes da cultura urbano como o graffiti e o b-boying. Tudo isto numa sala de concertos como o Hardclub, tão significativa para artistas como os Barrako 27 que cresceram a ou-vir concertos e a escrever rimas no antigo edifício que dava pelo mesmo nome. Po-demos, pois, esperar uma noite onde se poderá apreciar o que de melhor esta cul-tura tem para nos oferecer, ainda por cima em prol duma causa solidária: “Ajudem o Gaspar”!

LX Comedy ClubFirst Classe Tour

Teatro Sá Da Bandeira, 24 de Abril, 22hPreço: 12 euros

É um stand-up comedy reconhecido nacional-mente, com Luís Franco Bastos, Salvador Marti-nha, entre outros comediantes portugueses. Com um humor irreverente, por vezes capaz de ferir susceptibilidades, já esgotaram várias salas de espectáculos um pouco por todo o país. Acon-selhado a quem tem um bom sentido de humor, mas sobretudo a quem não se importar com pia-das racistas, machistas ou homofóbicas, pois tal como estes humoristas dizem: “Neste espectá-culo não há regras. Só piadas.”

Luiz Caracol ao vivoPlano B, 26 de Abril, 22:30h

Preço: 10 euros

Luiz Caracol é músico, cantor e autor. Tem como base, na música que faz, a mistura entre uma lusofonia cada vez mais presente e emergente em si, e uma mescla social e cultural, caracte-rística da cidade de Lisboa, onde vive e se ins-pira. O seu disco de estreia a solo, “Devagar”, esteve nos lugares cimeiros da tabela nacional de vendas e é um registo surpreendente que traz melodias e palavras quentes que abraçam a lusofonia. Um disco alfacinha com sabor a Bra-sil e a África, para se fazer ouvir... Devagar. Mas é em palco que Luiz Caracol verdadeiramente se revela e surpreende. Depois do sucesso dos espectáculos de apresentação no Cinema São Jorge e na discoteca B.leza, em Lisboa, o músi-co leva agora “Devagar” para outras paragens.

EVENTOS A NÃO PERDER

ANDRÉ SILVAPAULO MARTINS

A próxima edição do Pitch Bootcamp aconte-ce nos dias 11 e 12 de Abril, na Universida-de Portucalense, e vai permitir-te aproximar de 80 empresas extraordinárias. Se estás à procura de trabalho ou a terminar o curso, esta oportunidade é especial!Em 2013, o Pitch Bootcamp ajudou a criar mais de 150 postos de trabalho. Neste link, podes ver as empresas que esti-veram na última edição no Porto: http://goo.gl/5kNuAH

São 2 dias super enérgicos em que vais de-senvolver novas ferramentas para procurar trabalho, perceber qual a melhor forma de abordar empresas, descobrir o que trazes ao mercado e conhecer 80 empresas extraordi-nárias. Podes sentir um pouco do ambiente aqui: http://goo.gl/v19kqKInscrições: www.sparkagency.pt/porto

Vemo-nos em breve?

PITCH BOOTCAMP

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17Nº 8 - abril 2014

ESTREIAS DE CINEMA EM ABRIL

EM ESTÚDIO

CAPITÃO AMÉRICA: O SOLDADO DO INVERNOCaptainAmerica: Thewintersoldier

Duração: 128 minutos Acção/AventuraRealização: Anthony e Joe RussoEstrelas: Chris Evans, Robert Redford, Scarlett JohanssonClassificação: 8/10

DEAD COMBO - BUNCH

OF MENINOS

Nota: 7,5/10

YOU CAN’T WIN, CHARLIE BROWN – DIFFRACTION/

REFRACTION

Nota: 8,2/10

NOÉNoahDuração: 138 minutos Aventura/Fantasia/DramaRealização: Darren AronofskyEstrelas: Russell Crowe, Jennifer Connelly, Antonhy HopkinsClassificação: 8.5/10

Mais um filme do universo Marvel e da personagem Capitão América, mas sem dúvida o melhor conseguido até hoje.Com uma forte realização, um bom argumento, um enredo complexo e com um excelente desenvolvimento das personagens, a segunda aventura deste super-herói nos cinemas prova que não é apenas mais um filme de acção, sendo recomendado como estreia de destaque este mês, principal-mente para quem for fã de bandas desenhadas.Existem grandes interpretações, sobretudo de Chris Evans que se encontra perfeitamente enquadrado na personagem de Steve Rogers. Já Robert Re-dford transporta para o filme toda a sua experiência e o seu charme. Com acção do início ao fim, onde os efeitos especiais foram consideravelmente reduzidos e substituídos por cenas mais realistas, “Capitão América: O Soldado do Inverno” assume-se como um dos mais excitantes filmes de acção/aventura dos últimos anos.

Depois de Lisboa Mulata em 2011, Tó Trips e Pedro Gonçalves apresen-tam-nos este novo álbum (Bunch of Meninos) que, embora fazendo uso das mesmas armas do antecedente, está tão cheio de ingredientes delicio-sos que nos absorvem na sua audição. O nome da longa duração surge numa conversa de circunstância com o seu manager, em que este, caracterizando o governo atual, solta eloquen-temente a frase: “Sabes o que é? É um bunch of meninos, é o que é!”. Título este que assenta que nem uma luva ao álbum que, desde o início, nos leva a imaginar um mariachi perdido em Lisboa errando por entre as vielas, em direção a um qualquer destino heróico que desconhecemos. Tudo isto num estilo que é tão nosso, num cozinhado onde ambos lan-çam pitadas de fado, rock, jazz, blues e tango. É realmente um grande número de estilos para caracterizar um álbum só, eu sei. Mas penso que até chego a pecar por defeito, pois a conversa entre estas duas guitarras, donde saem riffs ao estilo de Carlos Santana e rasgos de tango de lembrar Piazzolla, é isso e muito mais.Citando o Pedro Monteiro: “Isto é fado sem voz, que nos emociona e nos relembra o gosto pela estética das nossas raízes musicais.”

Darren Aronofsky é, sem dúvida, um dos maiores talentos do cinema ac-tual. Depois de êxitos como “Cisne Negro”, “Requiem for a Dream” e “O Wrestler”, o aclamado realizador pegou numa das mais primitivas histó-rias, a da arca de Noé, recriando-a de uma forma audaciosa.Apesar de não ser minimamente fiel à passagem da Bíblia que está na sua base, o que levou e continuará a levar a enormes críticas, esta recriação é visualmente bela e fascinante, assumindo-se como um épico da mitologia, assente em fortes interpretações (Crowe é brilhante) e com excelentes efeitos especiais (o dilúvio é assustadoramente impressionante). No entanto, o carácter sombrio que Aronofsky incute no seu filme irá ser, certamente, matéria para discussão, entre crentes e não crentes, uma vez que o realizador nunca se inibiu de contar a história à sua imagem, mesmo sendo o tema da religião algo ainda muito sensível, sobretudo em Portugal.

Neste segundo disco que nos é presenteado pela banda, é de notar a evolução relativamente ao prévio, com uma maior complexidade a nível dos arranjos e das composições. É neste segundo álbum que os YCWCB, a meu ver, se consagram como uma das bandas mais originais do panorama nacional português.É num ambiente folk que faz lembrar Bon Iver, com o falsetto a ser subs-tituído pela junção melodiosa das vozes de Afonso Cabral e Salvador Menezes, que vamos sendo surpreendidos por entre a genialidade dos temas que constituem a longa duração. E é por entre este ambiente que encontramos rasgos electrónicos dos drum pads e dos synthtisers que pre-enchem o ambiente e nos levam para outra atmosfera.O disco vive desta dualidade acústico/electrónico e à medida que vamos avançando encontramos em canções como “Shout” e “Natural Habitat” temas com maior tensão harmónica como numa subida que vamos percor-rendo com eles. O disco termina com uma balada acústica que quase que nos anestesia e prepara, quem sabe, para uma segunda audição.

PAULO MARTINS

ANDRÉ SILVA

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18 Nº 8 - abril 2014

FEP League: classificaçõesAFONSO VIEIRA XAVIER BRANDÃO

Muitos golos, emoção e equi-líbrio até à última jornada.

Encerrada a fase de grupos da FEP League, é altura de fazer um balanço daquilo que se passou.

No grupo A, os JAS apuraram--se de forma tranquila com o 1º lugar isolado, mostrando-se um forte candidato ao título. Foram ainda a equipa mais concretiza-dora, cedendo apenas 3 pontos perante os Prescritos. Na 2ª posi-ção, aparecem os Black Mambas. No seu ano de estreia, mostraram um excelente colectivo, surpreen-

dendo todos com excelentes exi-bições e resultados. Em igualdade pontual, surgem imediatamente de seguida os campeões em títu-lo, Prescritos. Após um arranque mais tremido, acabaram por re-cuperar, mantendo a tradição e apurando-se para a próxima fase. Já a última vaga de apuramento, permaneceu em aberto até à últi-ma jornada, tendo como candi-datos os atuais detentores da Fep Cup e Supertaça, Xerifes, e os Siga Maluco. Os primeiros aca-baram por levar a melhor, após a vitória sobre os Black Mambas na derradeira jornada.

No grupo B, destacou-se o

Atlético Atum, que apenas ce-deu 2 pontos na sua caminhada, perante os CTT. Assim, foram a única equipa invencível na fase de grupos, afigurando-se tam-bém como um forte candidato ao título. Já as restantes 3 vagas foram extremamente disputadas por 6 equipas. Apesar do equilí-brio, os Jocivalter acabaram por assegurar de forma isolada o 2º lugar, reservando como habitual uma vaga nos Quartos-de-final. Por fim, terminaram 2 históricos da Fep League, IPM e CTT, em 3º e 4º lugar respectivamente. No entanto, ambos só puderam festejar na última jornada, bene-

ficiando também da derrota dos A.R.M.A.

Já se encontram definidos os jogos das meias-finais. O equi-líbrio foi nota dominante nos Quartos-de-final, com 2 dos 4 jogos já realizados apenas a se-rem decididos nas grandes pena-lidades.

A final também já está mar-cada. Será no dia 23 de Abril, pelas 13h, no Pavilhão do IPP. Espera-se um jogo intenso, tra-dicional de uma final da FEP League, com um grande nú-mero de espetadores a fazer jus ao grande jogo que certamente será disputado.

Também na FEP CUP já são conhecidos os jogos referentes às meias-finais e os 4 sobreviventes.

FEP CUP: resultados

QUARTOS DE FINALJocivalter 2-2 (1-4) Prescritos

IPM 2-2 (3-2) Black Mambas

JAS 2-1 CTT

Atlético Atum 7-2 Xerifes

MEIAS FINAISJAS 2-1 Prescritos

IPM 1-2 Atlético Atum

A GRANDE FINAL

JAS vs Atlético Atum

QUARTOS DE FINALAtlético Atum 3-1 Prescritos

Xerifes 3-3 (5-4) Black Mambas

JAS 1-2 CTT

Zééé’s 3-1 TAFEP SMMM

MEIAS FINAISCTT vs Xerifes

Zééé’s vs Atlético Atum

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19Nº 8 - abril 2014

Num ano em que os CNU’s terão como anfitriã a cidade da Maia e, com a competição à porta, o Fepiano não poderia deixar de louvar a excepcional campanha das seleções da FEP. De entre um total de oito, quatro delas irão representar as cores da nossa faculdade neste evento. Entre estas encontram-se as equipas de basquetebol, futsal, andebol e voleibol, todas elas na categoria masculina. Os primeiros conseguiram mesmo sagrar-se vice-campeões regionais, após derro-tarem no último e decisivo confronto a selecção da FEUP, adversário direto na luta pelo lugar.

As restantes três, conseguiram o apuramento no 4º lugar, igual-mente gratificante e que premeia o excelente trabalho desenvolvido.

Com a nossa faculdade representada em peso e num ano em que jogamos em casa, não percas esta excelente oportunidade de acompanhar as nossas equipas e dar-lhes o teu apoio. Os dirigentes das seleções da AEFEP estão confiantes, prometen-do que, com um bom desempenho, por parte das suas sele-ções, os resultados poderão surpreender! Confere os jogos já agendados:

SELEÇÕES DA FEP

TERÇA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 20149h30 Andebol Pavilhão de Moreira da Maia AAUAv

14h Andebol Pavilhão Municipal da Maia AEISMAI

14h30 Voleibol Pavilhão de Gueifães II AAUM

15h30 Basquetebol Pavilhão de Nogueira AEIST

20h30 Voleibol Pavilhão de Gueifães II AEFMH

QUARTA-FEIRA, 9 DE ABRIL DE 201414h30 Futsal Pavilhão de Águas Santas II – Corim AEIST

17h30 Basquetebol Pavilhão de Nogueira AAUTAD

20h30 Futsal Pavilhão de Águas Santas II – Corim AAUM

JOÃO MACHADO*PRATIKASHOK

No passado dia 16 de Abril foi a votos na Crimeia um referendo que tinha por objetivo a anexação desta região a território Russo. O resultado (93% dos votos a favor) ditou que esta anexação se reali-zasse. Foi apenas um dos capítu-los mais recentes da atual crise na Ucrânia.

A recente crise começou em Fe-vereiro com o aumentar dos pro-testos contra Viktor Yanukovych, à data o presidente ucraniano. O descontentamento que levou mais tarde à revolução e à remoção de Yanukovych do poder começou com a sua recusa em assinar o pac-to de aproximação à União Euro-peia, motivada pelas pressões por parte da Rússia que se opunha ao

pacto, ameaçando a Ucrânia com um corte no fornecimento de gás natural.

Encontrando-se a Ucrânia numa situação de anarquia política, a Rússia invade a Crimeia, justifican-do que esta ocupação apenas teria por objetivo a proteção do povo desta região. Pouco tempo após este acontecimento não legitima-do pela lei internacional, a Rússia consegue a desanexação da região do território ucraniano, passando a mesma a fazer parte de território russo na prática.

Os países do Ocidente, em espe-cial os Estados Unidos, opondo-se a esta ocupação de território sobe-rano da Ucrânia por parte da Rús-sia, responderam com a ameaça da imposição de sanções económi-cas. Com este comunicado, a cri-se instalada passou a ter o poten-cial necessário para afetar não só o mercado europeu como também o mercado global, que se encontra a recuperar da também recente re-cessão.

A Rússia tem, atualmente, uma participação de extrema impor-

tância na economia global. Só no último ano, os países da União Europeia, a Turquia, a Suíça e os países dos Balcãs dependeram da Rússia para obter 30% do gás na-tural consumido. Em 2012, 84% das exportações de petróleo e quase 80% das exportações de gás natu-ral da Rússia tiveram como destino a União Europeia. Se o comércio entre a Rússia e a UE cessar devido às sanções de ambos os lados, será expectável uma séria crise energé-tica na Europa, sobretudo ao nível do gás natural. Contudo, para a Rússia prevê-se um maior impac-to, dado o enorme peso das expor-tações de petróleo e gás natural no PIB do país.

Os Estados Unidos, por sua vez, não estão dependentes da Rússia quer ao nível do petróleo (menos de 5% das importações de petróleo dos EUA têm origem na Rússia) quer do gás natural (sem importa-ções da Rússia), mas é importante não esquecer que os preços são de-finidos pelo mercado global.

Ao ser um dos principais produ-tores de petróleo do mundo (cerca

de 10 milhões de barris por dia), o embargo à Rússia causaria um aumento no preço da principal matéria-prima mundial. Transpor-tadoras e outras indústrias inten-sivas em petróleo e seus derivados seriam as mais atingidas pelos au-mentos de preços, contudo a ele-vada dependência do petróleo na generalidade do processo produti-vo teria impacto praticamente ge-neralizado.

A Rússia já provou, no passado, que é capaz de usar as suas expor-tações de energia para fins políti-cos, como se assistiu recentemen-te. Ainda assim, caso o Ocidente avance com os embargos, será in-teressante verificar se a Rússia esta-rá disposta a sacrificar uma das suas maiores fontes de receita em nome da proteção do povo da Crimeia. Ou, por outras palavras, se vale a pena sacrificar uma boa percenta-gem do seu PIB para manter a sua influência geopolítica.

* ANÁLISE PELOS ASSOCIADOS DA FEP FINANCE CLUB

A Rússia sempre ganhou guerras no Inverno, será que vai alimentar esta até ao próximo?

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20 Nº 8 - abril 2014

Coordenação: Gonçalo Sobral Martins e José Guilherme SousaRedação: Afonso Vieira, Alice Moreira, André Silva, Carolina Fernandes, Carolina Reis, Carolina Silva, Daniel Salazar, Inês Vasconcelos, João Parreira, João Sequeira, Lara Queiroz, Manuel Lança, Mariana Ribeiro, Matilde Rosa Cardoso, Paulo Martins, Pedro Malaquias e Xavier BrandãoPaginação: Célia César - Grupo Editorial Vida Económica, S.A.Impressão: PapelicópiaMorada: Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 (Porto, Portugal) Contacto: [email protected] Facebook: www.facebook.com/fepianojornal

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO:600

70 metros

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