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Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
FERNANDA CLAUDIA AFONSO DOS SANTOS
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TECIDO ADIPOSO SOBRE O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA DE SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS CAPTADOS A PARTIR DE
CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS DO MÚSCULO VASTO LATERAL
CASCAVEL - PR2005
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
FERNANDA CLAUDIA AFONSO DOS SANTOS
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TECIDO ADIPOSO SOBRE O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA DE SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS CAPTADOS A PARTIR DE
CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS DO MÚSCULO VASTO LATERAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Cascavel como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia.
Orientador: Professor Fernando Amâncio AragãoCo-orientador: Alberito Rodrigo de Carvalho
CASCAVEL - PR2005
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Dedico este trabalho a Deus, aos meus
pais, irmã, avó, amigos e namorado que
como forma de agradecimento pela vida,
carinho, compreensão, apoio, confiança e
dedicação acreditaram que eu conseguiria
vencer mais uma etapa da minha vida
fazendo dessa maneira com que eu
crescesse interiormente e aprendesse a
ver que nem tudo é da maneira que eu
quero...
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente por estar todos os dias da minha vida ao meu lado, dando-me a mão nas horas de alegria e tristeza, não me deixando ficar no chão
quando eu caísse, dando força suficiente para me levantar e tocar o barco.
Ao meu pai Cecílio que tanto amo, que me ajudou a estar no fim de mais uma etapa de vida. Que mesmo sentindo minha falta e querendo me dizer “: então venha embora minha filha” se manteve duro e não deixou transparecer o que sentia.
Agradeço a ele por ter compreendido todos os dias de choro e mau humor quando era dia de voltar para Cascavel, pois sempre tinha uma palavra amiga para confortar
o que sentia.
Agradeço a minha irmã que esteve sempre do meu lado principalmente nesse ano, me ajudando, dando força e me deixando mais desesperada com sua calma. Mas
sendo sempre incentivo para eu continuar a viver e lutar por aquilo que quero.
Agradeço ao André por ter me ensinado a ver que o amor pode ser encontrado nas formas mais simples de vida mostrando isso na sua maneira de me amar. sendo um dos alicerces para que eu não me perdesse no meio dessa jornada, me agüentando
por todo esse ano.
Aos meus antigos amigos que foram embora, tanto para aqueles que se foram pra sempre viver uma jornada para junto de Deus quanto para aqueles que foram viver a
vida em outro lugar, mas que de uma maneira deixou uma lição de vida e uma marca no meu coração.
À Fernandinha, às Danis, à Lu, à Mi, à Jeh e à Mary, que participaram da minha luta desde os tempos de infância aprontando, vivendo e apoiando sempre nas horas
mais difíceis com as maiores palavras de consolo; o abraço.
A uma grande amiga que fiz em um ano por tudo que me fez e que agora precisa de mim. Obrigada Lu por estar do meu lado e trazer novas alegrias e sabedoria para mim. E claro a Brunex que me agüentou um monte pela net e sempre torceu por
mim.
Agradeço agora aos amigos que fiz na faculdade, que por mais desentendimentos que ocorreram fizeram parte da minha família durante quatros anos que se
passaram.
Agradeço a Carol e a Vanessa que sempre me ajudaram e que estiveram juntas comigo desde o primeiro ano da faculdade, me ensinando um pouco de tudo e
sendo mais importante honestas, amigas, sinceras e irmãs. Agora só a tristeza de ir embora, mas o que tenho a dizer que valeu muita a pena Deus ter colocado vocês
na minha vida e caminho, e que jamais esquecerei de vocês. Amo vocês!!!!!
Agradeço também as minhas amigas Yara, Ju, Carla e Talis e Ligia que me fizeram ver que cada pessoa tem uma forma de pensar e que precisam de seu espaço
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
próprio, mas que sempre estão prontas a ajudar em qualquer situação. Adoro vocês amigas.
Agradeço ao professores que fizeram minha vida acadêmica, principalmente aqueles que nos tornamos amigos. Ao Carlos que teve muita paciência e me ajudou muito
com meu trabalho e ao Alberito que perdeu parte de seu tempo buscando o material necessário para a realização deste estudo, pois sem ele não teria conseguido e
também ao Fernando que me ajudou muito na fase final. Ao Gladson por ter aceitado meu convite de julgar o que fiz.
Ao Gustavo por sempre trazer um bom astral a minha pessoa e a Aline por ter se tornado uma grande amiga querida e divertida, que sempre conversou e deu bons
conselhos.Torço muito ti gaucha.
Por último e muito importante agradeço a minha mãe, que enquanto esteve comigo me ensinou a ser o que sou, tentando me mostrar o melhor caminho e me educando
para que pudesse ser o que ela não foi na vida. Talvez não pudesse estar aqui se ela fosse viva, mas devo tudo a ela e onde quer que esteja sei que valeu a pena
tudo que passei; foi por você. Na memória e no coração fica o gosto de uma vitória conquistada a você. Te amo e não tive tempo pra dizer.
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“Estamos todos aqui neste planeta, por assim dizer, como turistas. Não podemos morar aqui para sempre. O maior tempo que podemos ficar são aproximadamente cem anos. Sendo assim, enquanto estamos aqui deveríamos procurar ter um bom coração e fazer de nossas vidas algo positivo e útil. Quer vivamos anos ou um século inteiro, seria lamentável e triste passarmos todo esse tempo agravando os problemas que afligem o mundo. O mais importante de tudo é ser uma boa pessoa. Se tivéssemos de escolher entre o conhecimento e a virtude, a última seria sem dúvida a melhor das escolhas, pois é a mais valiosa. O bom coração que é fruto da virtude é por si só um grande beneficio para a humanidade. O mero conhecimento não”.
Dalai-Lama
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TERMO DE APROVAÇÃO
FERNANDA CLAUDIA AFONSO DOS SANTOS
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TECIDO ADIPOSO SOBRE O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA DE SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS CAPTADOS A PARTIR DE
CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS DO MÚSCULO VASTO LATERAL
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
BANCA EXAMINADORA
........................................................................................Orientador: Professor Fernando Amâncio Aragão
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
..........................................................................................Professor Carlos Eduardo de Albuquerque
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
..........................................................................................Professor Gladson Ricardo Flor BertoliniColegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
Cascavel, 21 novembro de 2005.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
RESUMO
A pele é considerada a interface entre o ser humano e o meio ambiente cuja função é servir como revestimento protetor para o organismo. As camadas da pele, juntamente com seus anexos podem interferir nas informações dos sinais captados em eletromiografia (EMG). A EMG é uma técnica onde sinais elétricos provenientes das fibras musculares são captados, filtrados, amplificados e digitalizados em forma de ondas, de forma a tornar possível sua mensuração matemática. Assim, essa técnica pode contribuir para responder muitas questões de análise do movimento. Esse estudo teve como objetivo analisar os efeitos de interferência do tecido adiposo subcutâneo sobre o espectro de freqüência de sinais eletromiográficos captados durante contrações isométricas do músculo vasto lateral (VL). Foram avaliados 9 indivíduos normais (sem alterações neuro ou osteomusculares e dor) entre 18 e 30 anos que foram subdivididos em grupos de acordo com o seu Índice de Massa corpórea (IMC), Grupo 1 – indivíduos considerados eutróficos (n=4) Grupo 2 - indivíduos considerados obesos (n=5). Em seguida todos foram submetidos à avaliação antropométrica e a captações eletromiográficas no músculo VL. Foi encontrada diferença estatisticamente significante com relação à freqüência mediana dos sinais captados, demonstrando que esta parece estar deslocada para espectros de freqüência menores no Grupo 2.
PALAVRAS-CHAVE: Eletromiografia, Tecido adiposo, Antropometria.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ABSTRACT
The skin is considered to be the interface between the human being and the environment whose function is to serve as a protective covering for the organism. The layers of the skin, together with its annexes may interfere in the the signals caught during eletromiography (EMG). The EMG is a technique where electric signals from muscular staple fibres are caught, filtered, amplified and converted into wave forms, in order to be possible its mathematical evaluation. Thus, this technique can contribute to answer some questions of analysis of the movement The aim of this study was to verify the interference of the subcutaneous during electromiographic assessment on the muscle vastus lateralis (VL). 9 normal individuals (without any neuro or osteomuscular alterations) between 18 and 30 years had been evaluated and subdivided in groups in accordance with its Index of Corporal Mass (IMC) Group 1 – eutrophic subjects (n=4) and Group 2 – fat subjects (n=5), after that they were submitted to the antropometrIc and electromiographic evaluation of VL. There were significant differences only for the median frequency showing that the median frequency is dislocated in the way of short spectral frequencys in the Group 2.
Key-Words: Electromyography, Adipose Tissue, Anthropometry.
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SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... 12
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 13
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................... 14
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. 15
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 22
2.1 A Pele .............................................................................................................. 22 2.1.2 Epiderme .................................................................................................................. 24 2.1.3 Derme ...................................................................................................................... 27
2 .1. 3. 1 Anexos da Pele ...................................................................................... 28
2. 2 Tecido Subcutâneo ......................................................................................... 30 2.3 Vascularização ................................................................................................ 32 2. 4 Inervação ........................................................................................................ 33 2. 5 Impedância Tecidual ....................................................................................... 34 2.6 Tipos de Eletromiografia .................................................................................. 34 2.7 Eletromiografia de Superfície ........................................................................... 35 2.8 Fatores de Influência na Captação do Sinal Eletromiográfico ......................... 36 2.9 Funcionamento da Técnica Eletromiográfica ................................................... 37
2.9.1 Tratamento do Sinal Eletromiográfico .................................................................... 39 2.9.2 Normalização dos Dados ......................................................................................... 40
2.10 Aplicabilidade Eletromiográfica ...................................................................... 41 3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 45
3.1 Delineamento do Estudo .................................................................................. 45 3.2 Caracterização da Amostra ............................................................................. 45 3.3 Critérios de Inclusão e Exclusão ...................................................................... 45 3.4 Grupos Experimentais ..................................................................................... 46 3.5 Materiais .......................................................................................................... 47
3.5.1 Avaliação Antropométrica: ..................................................................................... 48 3.5.1.1 O Índice de Massa Corpórea (IMC) .......................................................... 48
3.5.1.2 Perimetria, Diâmetros Ósseos e Dobras Cutâneas ................................. 49
3.5.2 Avaliação Eletromiográfica ..................................................................................... 51 3.5.2.1 Posicionamento do Eletrodo ..................................................................... 52
3.5.2.2 Adequação do Ambiente ........................................................................... 54
3.5.2.3 Captação do Sinal Eletromiográfico de Força Máxima e Normalização da
Carga .................................................................................................................... 54
3.5.2.4 Isolamento do Sinal .................................................................................. 56
3.5.2.5 Tratamento do Sinal .................................................................................. 56
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3. 6 Análise Estatística ........................................................................................... 57 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 59
IMC Kg/m2 ................................................................................................................ 59
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 70
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 78
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 79
ANEXO A .................................................................................................................. 89
Anexo A .................................................................................................................... 90
Parecer 006/2005-CEP ............................................................................................. 90
Pesquisador: Fernando Amâncio Aragão ............................................................ 90
Projeto: Efeitos do tecido adiposo sobre a captação de sinais na eletromiografia de superfície .................................................................................. 90
Em atendimento á Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde , deverá ser encaminhado ao CEP o relatório final e/ou a publicação dos resultados do projeto, bem como a comunicação de qualquer intercorrência, mudança na metodologia ou na interrupção. ............................................................................. 90
ANEXO B ............................................................................................................. 91
Anexo B .................................................................................................................... 92
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................................... 92
ANEXO C ............................................................................................................. 93
Anexo C .................................................................................................................... 94
Avaliação Antropométrica ...................................................................................... 94
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
LISTA DE ABREVIATURAS
% - Porcento
mm – Milímetros
UV – Ultravioleta
g/cc – Gramas por centímetro cúbico
Hz - Hertz
RMS – Root Mean Square
EMG – Eletromiografia
IMC – Índice de Massa Corpórea
F½ - Freqüência mediana
F 95%- Freqüência 95 %
Ω - Ohms
VL - Vasto Lateral
Kg/m2 – Quilograma por metro quadrado
P/h2 – Peso pela altura ao quadrado
m – Metros
º - Graus
Kgf – Quilograma-força
µV – Microvolts
cm - Centímetros
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Foto ilustrativa das camadas da pele. A porção superior
indica o estrato córneo da epiderme, a intermediária a camada
germinativa da epiderme. e a porção final a derme.............................25
Figura 2: Eletromiográfo EMG 1000................................................... 50
Figura 3: Ilustração do local de posicionamento do eletrodo (ponto
amarelo)............................................................................................... 52
Figura 4: A - Posicionamento do indivíduo para a realização do estudo
em uma vista anterior
B - Posicionamento do indivíduo para a realização do estudo em uma vista
lateral
............................................................................................................. 54
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Média dos parâmetros captados no EMG.........................59
Gráfico 2 - Gordura total e específica (VL) dos grupos estudados..... 60
Gráfico 3 - Correlação entre freqüência mediana e porcentagens de
gordura do grupo 1.............................................................................. 61
Gráfico 4 - Correlação entre freqüência mediana e porcentagens de
gordura do grupo 2.............................................................................. 62
Gráfico 5 - SDF- Função de distribuição espectral (Grupo 1).............63
Gráfico 6 - Espectro de potência (Grupo 1)........................................ 64
Gráfico 7 - SDF- Função de distribuição espectral (Grupo 2).............65
Gráfico 8 - Espectro de potência (Grupo 2)........................................ 66
Gráfico 9 - Carga média sustentada pelos indivíduos (50% do Máximo)..........67
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: – Dados descritivos obtidos para os grupos estudados
(Média ± Erro Padrão)......................................................................... 58
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1 INTRODUÇÃO
A pele em si é considerada a interface entre o ser humano e o meio
ambiente cuja função é servir como revestimento protetor para o organismo, sendo
caracterizada como uma barreira ao meio ambiente, protegendo o organismo contra
agressões e altamente resistente à abrasão e infecção. Pode também funcionar
como reguladora da homeostase evitando a perda excessiva de água e conduzindo
informações sobre o que acontece no meio ambiente (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
1995).
É constituída por duas camadas principais: a epiderme (camada superficial
de células) e a derme (uma camada mais profunda de células do tecido conjuntivo
denso). Abaixo da derme existe ainda uma outra camada composta por tecido
conjuntivo frouxo, que contem células adiposas depositada entre fibras, denominada
hipoderme (YAMADA, 2002).
A Eletromiografia (EMG), é uma técnica onde sinais elétricos provenientes
das fibras musculares são captados, filtrados, amplificados e digitalizados em forma
de ondas, de forma a tornar possível sua mensuração matemática. Dessa forma, a
EMG é capaz de registrar os potenciais de ação que ocorrem através da ativação
voluntária do músculo ou através da resposta deste. Nesse contexto, portanto, as
respostas bioelétricas do tecido excitável, que se propagam através da membrana
de todas as fibras despolarizadas, vão constituir potenciais de ação captados, que
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podem, ainda, ser registrados em diferentes níveis de contração compondo uma
avaliação precisa do estado contrátil do músculo (O´SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993).
Segundo Amadio (1989), a eletromiografia pode contribuir para que se
responda algumas questões de análise do movimento e quais os fatores do próprio
organismo podem influenciar para a captação do sinal.
Como uma ferramenta importante para a investigação do esquema de
controle utilizado pelo sistema neuromuscular durante a modulação do movimento, a
EMG pode, por exemplo, determinar quais músculos ativam-se durante um
movimento e qual a relação temporal da tensão muscular entre o músculo
isoladamente, com grupo muscular em atividade, em outras palavras, através do
padrão de movimento no eletromiograma pode se investigar o que é de especial
importância para a prática do movimento.
Além disso, Basmajian e De Luca (1995), relatam que, a técnica tem sido
largamente utilizada para o estudo do movimento humano, uma vez que permite um
fácil acesso ao processo fisiológico que leva o músculo a gerar força e produzir
movimento.
Koh e Grabiner (1993), consideraram a EMG para relacionar a média da
velocidade de condução com o estado funcional do músculo. Segundo esses
autores pode-se obter ainda informações da morfologia da fibra com o uso desta
técnica.
Para De Luca (1997), a técnica de eletromiografia é notável e intrigante, na
medida que provê um fácil acesso aos poucos processos fisiológicos que levam o
músculo a gerar força, produzir movimentos e realizar funções incontáveis. Porém,
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apesar destas facilidades evidentes em sua aplicabilidade, existem algumas
considerações que devam ser entendidas, consideradas e eliminadas.
Dentre essas considerações, os fatores de primeira influência na captação
do sinal eletromiográfico são às barreiras naturais da pele, entre elas: pêlos,
substância fundamental amorfa, glândulas e principalmente a quantidade de tecido
subcutâneo, que se interpõem entre o eletrodo e o local de geração do potencial de
ação (KITCHEN e.BAZIN, 1998).
Como segundo fator de influência tem-se a chamada interferência de onda,
caracterizadas por atenuação, refração, reflexão e transmissão que são
propriedades sofridas pela própria onda quando se encontram com os tecidos
corpóreos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
Assim, as camadas da pele e seus anexos podem interferir nas informações
dos sinais captados pela eletromiografia de superfície, levando a alterações
importantes nos dados durante o emprego dessa técnica, principalmente a
atenuação do sinal pela camada superficial da epiderme, por resistir à passagem de
corrente elétrica e também pela hipoderme que funciona provavelmente como um
isolante (OCARINO et al., 2005; De LUCA, 1997; SODEBERG e KNUSTON, 2000).
Finalmente e não menos importante que os outros fatores, associam-se os
fatores intrínsecos como: o número de unidades motoras ativas, a composição do
tipo de fibra muscular que determina a mudança do pH do fluido intersticial durante a
contração, o fluxo sangüíneo local e a profundidade e a localização das fibras ativas
dentro do músculo com respeito ao eletrodo e a quantidade de tecido; e extrínsecos
como: a área do eletrodo de detecção, à distância entre os eletrodos, a localização
com relação ao ponto motor e a presença de um ruído dos músculos sinergistas
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denominado crosstalk. Esses fenômenos se relacionam com as características
fisiológicas, anatômicas e bioquímicas dos músculos e com as estruturas dos
eletrodos e sua colocação na superfície (De LUCA, 1997; SODERBERG e COOK,
1984).
Baseando-se nos dados descritos, esse estudo teve como objetivo analisar
os efeitos do tecido adiposo subcutâneo sobre o comportamento da freqüência
mediana e do espectro de 95% da freqüência de sinais eletromiográficos captados
durante contrações isométricas do músculo vasto lateral (VL).
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Na tentativa de revisar alguns dos assuntos relevantes para o entendimento
dessa pesquisa, buscou-se enumerar alguns tópicos considerados importantes.
2.1 A Pele
A pele é um sistema orgânico complexo que forma um revestimento protetor
sobre a superfície do organismo, isolando os componentes orgânicos do meio
exterior (MOORE e PERSAUD, 1994).
Diridollou et al. (1998); Noronha et al. (2000), afirmam que a pele é
composta por várias camadas de tecidos heterogêneos e anisotrópicos, onde cada
uma dessas camadas tem distintamente diferentes propriedades mecânicas e que
todos os constituintes da pele humana são derivados da ectoderme ou da
mesoderme. A ectoderme superficial origina as estruturas epiteliais, que
compreendem a epiderme, folículos pilosos, glândulas sebáceas, unidades écrinas,
apócrinas e ungueais. A neuroectoderme por sua vez é responsável pelo
aparecimento dos melanócitos, nervos e receptores sensoriais especializados da
pele. Outros elementos como células de Langerhans, macrófagos, fibroblastos,
vasos sangüíneos e linfáticos, músculos e adipócitos desenvolvem-se a partir do
mesoderma.
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A pele representa de 5,5% a 12% do todo o peso seco do corpo, pesando
aproximadamente de 4 a 4,5 quilos e é considerado o maior sistema de órgãos
exposto ao meio ambiente. Ela ainda possui um teor de água de aproximadamente
70% do peso da pele livre de tecido adiposo, contendo perto de 20% do conteúdo
total de água do organismo (GUIRRO e GUIRRO, 2000; EDWARDS e MARKS,
1995).
A espessura da pele situa-se entre 0,5 e 4 milímetros (mm), e essa variação
ocorre devido à grande extensão da pele não se apresentar regularmente em toda a
superfície corpórea, onde sua flexibilidade e elasticidade variam conforme o local em
que se encontram (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1981).
A cor da pele é determinada pela presença de alguns pigmentos dos quais o
mais importante é a melanina, produzida por células especializadas conhecidas
como melanócitos que migram para a epiderme e transferem o pigmento às células
da camada germinativa. Outros fatores associados para a determinação da
pigmentação da pele são de ordem individual, regional e mesmo sexual, como a
espessura de seus vários componentes e ainda o conteúdo sangüíneo dos seus
vasos (GUIRRO e GUIRRO, 2000; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1981).
Segundo Rubin e Faber (1990), as muitas funções da pele estão
relacionadas às células especializadas que possuem organização estrutural especial
e de organelas altamente diferenciadas, que compõe a característica das células
cutâneas. Além disso, a pele desempenha um papel importante na manutenção da
homeostase do corpo, assegurando a atividade das próprias células (SPENCER,
1991).
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Como outras funções destacam-se a proteção, representada pela barreira
física, resistência, flexibilidade, impermeabilidade, auto-reparação e síntese de
substâncias que serão usadas localmente ou à distância. A pele também é um
dispersor calórico com evaporação, sendo responsável pela termorregulação
(ESTEVES, BAPTISTA e RODRIGO, 1980).
Além disso, a pele constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, para a
recepção de estímulos táteis, térmicos e dolorosos, sendo nosso primeiro meio de
comunicação e o mais eficiente protetor, localizando-se nela a primeira e última linha
de defesa (GUIRRO e GUIRRO, 2000).
2.1.2 Epiderme
A epiderme é a camada mais exterior da pele e é fundamentalmente
composta por camadas de células justapostas, formando um epitélio
pluriestratificado (FONSECA e SOUZA, 1984). É ainda essencialmente constituída
por um epitélio pavimentoso queratinizado, onde a camada mais externa é composta
de células mortas queratinizadas (de extrato córneo ou camada córnea); e abaixo
desta, uma camada de células vivas (extrato Mulpighian) (GUIRRO e GUIRRO 2000;
MORAN, BUSH e BAMBER, 1995).
Outros três tipos de células estão presentes na epiderme: melanócitos
responsáveis por produzir melanina (pigmento castanho) que funciona como filtro
endógeno contra raios ultravioleta (UV) dando à coloração da pele; células de
Langerhans responsáveis por capturar e processar sinais antigênicos, comunicando
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estes sinais às células linfóides e por último as células de Merkel que formam
terminações sinápticas com terminações nervosas periféricas (NASCIMENTO,
2001).
De acordo com Sampaio, Castro e Rivitti (1981), a espessura desta camada
apresenta variações topográficas ao longo do organismo desde 0,75 a 1,5 mm, à
exceção das palmas das mãos e planta dos pés, onde sua espessura varia de
0,4mm até 1mm.
A epiderme é constituída por cinco camadas, são elas: a camada basal,
formada por células germinativas, compreendendo tanto células tronco quanto
células proliferativas, sendo estas responsáveis pela constante reposição de células
a epiderme. As células desta camada são colunares e dispostas
perpendicularmente à membrana basal, com núcleos volumosos situadas no centro
do pólo celular (NORONHA et al., 2000). Neste extrato basal unicelular, a irrigação
sangüínea é fornecida diretamente pelos capilares realizando desta forma a nutrição
tecidual (GREITHER, 1980).
Figura 1: Foto ilustrativa das camadas da pele. A porção superior indica o estrato córneo da epiderme, a intermediária a camada germinativa da epiderme e a porção final a derme.
Fonte: Science Library, 2005.
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Outra camada é a espinhosa ou de Malpighi, constituída por células
espinhosas ou escamosas, que possuem formato poliédrico achatando-se
progressivamente em direção à superfície (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1981).
Os queratinócitos espinhosos ou filamentosos que contém tonofibrilas são
resultantes de células basais e formam prolongamentos que vão até as células
vizinhas, deixando espaços livres entra as células permitindo dessa forma a
passagem do fluido nutritivo (GREITHER, 1980; FONSECA e SOUZA, 1984). Assim
as células dessa camada, têm como função a manutenção da coesão epidérmica e
conseqüentemente resistência ao atrito (GUIRRO e GUIRRO, 2000).
A terceira camada é conhecida como granulosa. Ela possui células também
poliédricas de diversos tamanhos que apresentam em seu citoplasma grânulos de
querato-hialina importantes para tornar a camada impermeável a água (FONSECA e
SOUZA, 1984).
Já a camada lúcida é constituída por várias camadas de células achatadas,
eosinófilas, hialina e intimamente ligadas que perdem suas inclusões citoplasmáticas
com exceção das fibrilas de queratina e de algumas gotículas de eleidina. É
encontrada na palma das mãos e planta dos pés e apresenta-se como uma linha
clara, brilhante e homogênea (GREITHER, 1980; GUIRRO e GUIRRO, 2000).
A quinta e última subdivisão da epiderme é conhecida como camada córnea
ou estrato córneo (porção mais superficial da epiderme). Essa camada não possui
mais células vivas e está intimamente unida. Seu citoplasma é substituído por uma
sustância fibrosa denominada queratina que lhes proporciona grande resistência.
Apresentam como principal componente lipídico as ceramidas que por sua vez tem
um papel importante na função protetora de barreira, desempenhando papel
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fundamental na retenção de água (FONSECA e SOUZA, 1984; GUIRRO e GUIRRO,
2000).
2.1.3 Derme
É uma camada espessa de tecido conjuntivo composto de fibras elásticas e
colágenas sobre a qual se apóia a epiderme, representando mais de 90% da
espessura total do tegumento. (AMÂNCIO, 2003).
Essa camada contém vasos sangüíneos e linfáticos assim como nervos, que
informam o organismo sobre sua interação com o ambiente (HUANG, REN e QIN,
1997). Apresenta ainda, apêndices como unha, pelos e glândulas; e ainda células
inflamatórias como linfócitos, histiócitos e mastócitos (NASCIMENTO, 2001).
Segundo Guirro e Guirro (2000), assim como a epiderme, a derme também
possui espessura variada conforme a região do corpo em que está presente, sendo
sua espessura média de aproximadamente 2 mm.
Na derme, distinguem-se duas camadas: a papilar que é constituída de
tecido conjuntivo frouxo contendo glândulas sebáceas e papilas dérmicas que são
responsáveis por aumentar a adesão e a superfície de contato entre a epiderme e a
derme. É responsável também por nutrir a epiderme devido seu rico leito vascular.
Já a segunda camada, a reticular, é mais profunda e espessa, sendo composta por
tecido conjuntivo denso e fibras elástica, possuindo irrigação precária (PEREIRA,
SILVEIRA e SILVEIRA, 2005; YAMADA, 2002).
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2 .1. 3. 1 Anexos da Pele
Como estruturas anexas considera-se pêlos, unhas e glândulas. Segundo
Fonseca e Souza (1984), os pêlos estão situados em invaginações profundas da
epiderme denominadas folículos pilosos. O folículo piloso é um dos poucos tecidos
humanos que contem células indiferenciadas (germinativas), responsáveis por
produzir o crescimento do pêlo. A visibilidade externa do pêlo se deve a haste. Essa
haste é constituída por células queratinizadas envolvidas por células escamosas
claras, com pigmentos e sem núcleos (GARTNER e HIATT, 1997).
Para Sampaio, Castro e Rivitti (1981), como segundo anexo temos as
unhas, que são formações laminares constituídas de queratina dura e constituídas
de três partes:
A raiz ou matriz ungueal que é uma área semilunar de células epiteliais
proliferativas que ficam parcialmente ocultas. Sua outra porção é visível e é
conhecida como lânula. A segunda parte da unha é a dobra ungueal, que é um
espessamento da camada córnea da epiderme que recobre a porção proximal da
unha. A última porção da unha é conhecida como corpo ou lâmina que repousa
sobre o leito ungueal, sendo abundantemente vascularizada e inervada.
Normalmente, a unha possui uma espessura que varia de 0,5 a 0,75 mm e ainda um
crescimento diário de 0,5 mm.
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Como terceiro e último anexo, têm-se as glândulas. Essas são divididas em
duas categorias: glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. As primeiras se
localizam na derme e apresentam-se em quase toda a superfície cutânea, exceto na
palma das mãos e planta dos pés e estão constantemente associadas aos folículos
pilosos. Sua secreção é o principal constituinte do filme lipídico superficial (mistura
complexa de lipídios) (ESTEVES, BAPTISTA e RODRIGO, 1980). Essa secreção
sebácea que se faz de modo imperceptível e constante, origina um filme lipídico com
elevado significado na flexibilidade da pele e valioso obstáculo à ação de bactérias e
fungos (FONSECA e SOUZA, 1984).
Já as glândulas sudoríparas, localizadas na derme ou tela subcutânea, tem
importante papel na regulação da temperatura corporal, seu número varia conforme
a porção do corpo, sendo mais abundante nas axilas, face, palma das mãos e planta
dos pés. Essas glândulas ainda são subdivididas em duas categorias conforme sua
forma de excretar o seu conteúdo: 1) écrinas que se abrem por um túbulo até sua
excreção chegar a pele e 2) apócrinas que são glândulas odoríferas e seu conteúdo
é despejado no infundíbulo do folículo sebáceo ou diretamente na pele (FONSECA e
SOUZA, 1984; MOORE e PERSAUD, 1994).
2. 2 Tecido Subcutâneo
O Tecido Subcutâneo é uma outra camada ou nível do tecido conectivo
abaixo da derme, especializado e responsável pela formação de gordura. É
altamente vascularizado e inervado por nervos cutâneos, funcionando como protetor
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para proeminências ósseas. A hipoderme, ou panículo adiposo é a camada mais
profunda cuja densidade varia de acordo com as proporções de seus constituintes,
sendo que a maioria de sua gordura armazenada possui uma densidade aproximada
de 0,9 g/cc (BÖHME, 2000).
Além disso, o tecido adiposo é um grande deposito de triglicérides e
conseqüentemente de ácidos graxos, uma vez que uma molécula de triglicerídeo
tem três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. Esse depósito permite ao
tecido realizar a sua principal função, exercer a liberação de energia. Outras células
como os adipócitos, fibras de colágeno e elastinas são encontradas neste tecido e
estão presentes para lhe dar suporte (LOPES, 2004).
Podemos encontrar ainda no tecido subcutâneo os lipídeos que estão
espalhados de forma não regular por todo o corpo, assim, a quantidade de tecido
adiposo varia nas diferentes partes do organismo. De forma geral, os lipídeos são
encontrados predominantemente na região subcutânea do corpo, em volta dos
órgãos, dentro de tecidos como o muscular (intersticial) e na medula óssea
(BÖHME, 2000).
Junqueira e Carneiro (1995), conceituam que a gordura se faz mais espessa
nas mulheres do que nos homens e sua distribuição é diferente nos dois sexos. Em
pessoas de peso normal o tecido adiposo corresponde de 20 a 25% no peso na
mulher e de 15 a 20% no homem. Essa tela subcutânea contribui para impedir a
perda de calor e constitui reserva de material nutritivo.
A hipoderme ou tecido subcutâneo é ainda dividido em dois tipos: o tecido
adiposo branco presente quase na totalidade do corpo humano e o marrom,
constituído de células gordurosas com grande quantidade de mitocôndrias e maior
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capacidade de produção de energia, encontrada principalmente em crianças
(COSTA, 2002). O primeiro é intensamente suprido com vasos sangüíneos, possui
receptores especiais em suas membranas para várias substâncias e hormônios
como: insulina, adrenalina, noradrenalina, hormônio de crescimento e
glicocorticóides, que facilitam a liberação dos ácidos graxos para o fornecimento de
energia (GARTNER e HIATT, 1997; BACELAR et al., 2005). Segundo Moore e
Dalley (2001), esse tipo de gordura é armazenada nos homens nas regiões do
pescoço, ombros, ao redor dos quadris e nádegas. Já nas mulheres é armazenada
nas mamas, nádegas, quadris e nas regiões laterais e superiores da coxa.
Já a segunda, gordura marrom, possui essa coloração devido a sua intensa
vascularização e seus citocromos presentes nas mitocôndrias e tem associação com
a intensa produção de calor (COSTA, 2002). Este tecido parece estar limitado no
adulto, localizando-se somente no mediastino, na porção interescapular, ao redor
dos rins, pescoço e abdômen (BACELAR et al., 2005).
2.3 Vascularização
Segundo Yamada (2002); Amâncio (2003), a rede sangüínea da pele está
localizada em nível de derme e hipoderme, compreendendo artérias, capilares e
veias. Os vasos arteriais do tegumento se dispõem em três plexos que se localizam
em diferentes planos. O mais profundo (subcutâneo), está localizado na camada
lamelar e irriga a tela subcutânea de onde ainda partem vasos que formam o
segundo plexo (subdermal). Esse plexo subdermal nutre a derme e dirige-se para as
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papilas dérmicas onde formam o terceiro plexo (subpapilar), que é responsável por
penetrar microvasos nas papilas para alimentar por difusão a epiderme (camada
avascular).
Os vasos linfáticos que também estão englobados dentro da porção
circulatória distribuem-se identicamente aos vasos sangüíneos e dessa forma
realizam sua função coletora e removedora de catabólitos (GREITHER, 1980).
2. 4 Inervação
A pele recolhe informações que transmite ao organismo acerca de variações
que ocorrem no meio exterior. Essas informações são captadas por vários
receptores especializados que estão presentes na epiderme (terminações nervosas
livres), derme e hipoderme (corpúsculos). Conforme sua profundidade na pele eles
tendem a ser mais ou menos mielinizados e com isso conduzir o estímulo com maior
ou menor rapidez (GARDNER, GRAY e O`RAHILLY, 1988).
Segundo Fonseca e Souza (1984), os receptores encontrados na pele são:
terminações nervosas livres que são localizados por baixo de células profundas da
epiderme e tem como função conduzir os estímulos dolorosos; receptores de
Ranvier, Paccini e Meissner localizados na camada basal, na camada
subepidérmica e no tecido subcutâneo respectivamente, sendo estes corpúsculos
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mais profundos e responsáveis por conduzir estímulos táteis e pressóricos, sendo
abundantemente encontrados nas palmas das mãos e planta dos pés.
Já os receptores que informam ao sistema nervoso central as sensações de
frio e calor são conhecidos como Krause e Ruffini e estão presentes na derme e
hipoderme (GUYTON, 2002).
2. 5 Impedância Tecidual
A impedância da pele é o termo designado a resistência imposta pela pele a
qualquer passagem de corrente. Esta impedância pode variar em função da
umidade, quantidade de óleo e da densidade da camada córnea, estudos tem
detectado valores acima de 20.000 Ω (ohms) (GUIRRO e GUIRRO, 2000).
2.6 Tipos de Eletromiografia
A eletromiografia se subdivide em dois tipos básicos: a eletromiografia de
profundidade e a de superfície que é mais comumente utilizada.
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Segundo Pullman et al. (2000), a eletromiografia de profundidade
juntamente com estudos de condução nervosa é uma técnica extremamente
sensível como metodologia de acesso às características das doenças
neuromusculares. Todavia, essa técnica é limitada, devido ao fato de ser invasiva e
dolorosa, dificultando seu uso quando a atividade de grupos muscular precisa ser
medidas simultaneamente.
Já a eletromiografia de superfície é uma técnica mais segura pelo fato de
mensurar a atividade muscular através de eletrodos posicionados na superfície da
pele. Esses eletrodos possuem a vantagem de gravar sinais de uma grande área
muscular ao contrário da eletromiografia de profundidade. Tem um grande uso em
biomecânica, pois funciona como indicador do inicio da ativação muscular, identifica
a relação de força produzida pelo músculo e ainda indica o índice do processo de
fadiga (DE LUCA, 1997).
2.7 Eletromiografia de Superfície
Galvani em 1791 realizou o primeiro relato sobre as propriedades elétricas
dos músculos e por mais de dois séculos os biólogos trabalharam com essas
revelações de que os músculos esqueléticos ao se contraírem por qualquer motivo
geravam uma corrente ou tensão perceptível. Porém, somente séculos mais tarde é
que se desenvolveu um método confiável e válido para o registro de tal atividade
(O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993; RODRIGUEZ-AÑEZ, 2000).
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A nova técnica responsável pela aquisição e conversão gráfica das
atividades elétricas musculares é conhecida como eletromiografia (EMG) e foi
primeiramente descrita pelos fisiologistas ingleses e norte-americanos Adrian Bronk
e Denny-Browne no século vinte (BASMAJIAN e DE LUCA, 1985; RODRIGUEZ-
AÑEZ, 2000).
Para Ocarino et al. (2005); Day (2001), a eletromiografia se preocupa em
registrar o sinal bioelétrico gerado pela despolarização das membranas celulares
durante as contrações musculares. Neste contexto, portanto, as captações dos
potenciais de ação em resposta a uma contração muscular podem ser registradas e
fornecer grandes informações sobre recrutamento muscular.
2.8 Fatores de Influência na Captação do Sinal Eletromiográfico
A eletromiografia de superfície leva a alguns aspectos frustrantes quando se
retificam os sinais. Esses aspectos frustrantes são conhecidos como crosstalks ou
ruídos e causam interferências no sinal estudado. Os fatores que influenciam o sinal
EMG podem ser agrupados nas seguintes categorias: fatores causais, intermediários
e determinantes (DE LUCA, 1997).
Os fatores causais são aqueles que tem um efeito básico ou elementar
sobre o sinal e ainda são divididos em dois grupos: intrínsecos e extrínsecos. Os
fatores extrínsecos são relacionados com a estrutura do eletrodo e sua colocação na
superfície e eles incluem: a área e forma do eletrodo de detecção que determina o
número de unidades motoras ativas, à distância entre os eletrodos de detecção que
determina a amplitude de faixa de configuração do eletrodo diferencial, a localização
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do eletrodo na superfície da pele com respeito ao ponto motor do músculo e a
orientação da superfície de detecção com relação as direção das fibras musculares
(DE LUCA, 1997).
Ainda para De Luca (1997), os fatores intrínsecos estão relacionados à:
número de unidades motoras ativas durante a contração, composição da fibra
muscular, fluxo sangüíneo do músculo, quantidade de tecido adiposo entre o
músculo e o eletrodo e a impedância gerada pela pele durante a passagem de
corrente.
Os fatores intermediários representam fenômenos fisiológicos e físicos.
Estes incluem: aspectos da filtragem do eletrodo band-pass, o volume de detecção
que determina o peso e o número dos potenciais de ação, a superposição dos
potenciais no sinal eletromiográfico e a velocidade de condução dos potenciais de
ação (DE LUCA, 2001; ERVILHA, DUARTE e AMADIO, 1998; DAY, 2005).
Por fim e não menos importante ainda há os fatores determinantes, isto é,
aqueles que tem ação direta sobre a informação do sinal e da força registrada. Neles
estão inclusos fatores como: número de unidades motoras ativas, força de contração
da unidade motora, taxa de disparo, quantidade de unidades motoras detectadas,
amplitude, duração e forma dos potenciais de ação e estabilização das unidades
motoras recrutadas (SODEBERG e KNUSTON, 2000).
2.9 Funcionamento da Técnica Eletromiográfica
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EMG tem como capacidade realizar uma leitura da atividade elétrica
(potencial de ação) gerada no momento da contração muscular. Portney (1993);
Ocarino et al. (2005), citam que a somatória desses potenciais de ação que atingem
os eletrodos sobre a área de captação são os dados registrados graficamente
através do eletromiógrafo.
Para que seja possível estabelecer um eletromiograma é necessário um
sistema que inclua eletrodos para a captação das atividades elétricas do músculo
em contração (imput sensorial); um amplificador, que processa sinal elétrico (fase de
processamento); e um decodificador, que permite a visualização dos sinais emitidos
para a análise dos dados gravados pelo monitor (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993).
Os eletrodos têm como função converter a corrente iônica bioelétrica em
corrente formada por elétrons, para isso é necessário que esses eletrodos tenham
um sistema reversível e não polarizado e que sejam confeccionados de um material
com baixo potencial, por exemplo, os compostos de prata. Existem eletrodos de dois
tipos básicos, os passivos e os pré-amplificados (SODEBERG e COOK, 1984; DE
LUCA, 1997).
Já o amplificador tem como propósito realizar o isolamento entre a origem do
sinal e o instrumento de coleta, converter a corrente para alta voltagem, reproduzir o
evento bioelétrico com menor distorção e reduzir os ruídos. Entretanto, a maior
função do amplificador é a sua propriedade de resistência ao fluxo de corrente
(impedância), que varia conforme a composição do eletrodo, dimensões,
comprimentos dos cabos e também da superfície que está em contato. Outra
característica importante de um amplificador é a banda de freqüência, visto que cada
sinal mioelétrico tem uma freqüência específica de ativação. Estudos de guias de
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passagem sugerem que a distribuição das freqüências esteja entre 10 e 1.000Hz
(ENOKA, 2000; DE LUCA, 2001; SODEBERG e KNUSTON, 2000).
Existe ainda um amplificador diferencial que possui terminais de entradas
independentes, onde cada um deles é ligado a um terminal comum, que é conhecido
como eletrodo de referência, que permite então eliminar ruídos preferencialmente na
faixa de 60 Hz necessária para o funcionamento de lâmpadas e outros
equipamentos elétricos (OCARINO et al., 2005; SENIAM, 2005).
Após a amplificação do sinal estes são decodificados ou processados, ou
seja, são transformados em sinais visuais ou audíveis resultando em valores
subjetivos de magnitude de sinal (DE LUCA, 1997). As formas mais comuns de
processamento de sinal são: as filtragens e retificação de ondas (OCARINO et al.,
2005).
2.9.1 Tratamento do Sinal Eletromiográfico
A amplitude da atividade muscular representa a quantidade de energia gasta
para a realização de uma determinada contração, e essa amplitude pode ser
quantificada em informações objetivas (SODEBERG e KNUSTON, 1998). O valor
Root Mean Square ou raiz quadrática da média (RMS), o valor médio, e o valor de
pico são formas de avaliar a amplitude do sinal (LOSS e ZARO, 1994).
Existem dois meios principais, através dos quais os valores de intensidade
do sinal são derivados: processamento no domínio temporal através da RMS,
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quando se está interessado na análise da amplitude do EMG com base no tempo, e
processamento no domínio da freqüência, quando se pretende, principalmente,
verificar questões específicas relativas à composição e característica do sinal (LOSS
e ZARO, 1994; OCARINO et al., 2005).
Para o processamento do sinal EMG com base no domínio do tempo, utiliza-
se um conjunto de processos de transformação de curva que visam caracterizar e
medir a intensidade do sinal durante o tempo de contração (ZABINI, 2004).
A transformação é caracterizada como retificação da curva, sendo esta uma
operação empregada de forma a permitir a posterior integração do sinal, já que
transforma uma curva com valores positivos e negativos de média igual a zero, em
uma curva de valores absolutos, todos positivos (LOSS e ZARO, 1994).
2.9.2 Normalização dos Dados
Normalização é o termo dado ao processo que referencia um dado
eletromiográfico a algum valor padrão. Esse processo foi desenvolvido para lidar
com os fatores que interferem no sinal eletromiográfico (ruídos ou crosstalks) e que
dificultam as comparações intra e interindivíduos (ORTOLAN, 2000).
Portanto, a normalização foi criada em função da necessidade constatada
pela grande variabilidade dos traços dos indivíduos como, tecido subcutâneo,
geometria muscular, quantidade de pêlos entre outras variáveis. Dessa forma,
normalizar é tentar reduzir as diferenças entre os diferentes registros de um sujeito
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ou de sujeitos diferentes de forma a tornar a interpretação dos dados reprodutível
(DE LUCA, 1997).
Existem vários valores que podem ser usados como referência e o mais
comumente utilizado é obtido durante uma contração voluntária máxima do músculo
avaliado que é posteriormente quantificado, o valor obtido é usado como referência
para normalizar o sinal gerado pelo músculo (MATHIASSEN et al., 1995).
2.10 Aplicabilidade Eletromiográfica
A EMG pode ter sua aplicabilidade dividida em clínica e cinesiológica. A
primeira tem como objetivo o diagnóstico de lesões nervosas ou musculares e
fornece prognóstico em termos de intervenção cirúrgica e reabilitação. Já a segunda
é mais comumente usada para o estudo da atividade muscular e do papel de
diversos músculos em atividades específicas da biomecânica (O’SULLIVAN e
SCHMITZ, 1993).
É uma técnica amplamente usada para diagnóstico neuromuscular, onde
permite investigar e diagnosticar afecções que afetam este sistema (CRESPO et al.,
2002 e STEGEMAN et al., 2000). Dentro dessa área, pesquisas destacam a
importância da eletromiografia na reeducação neuromuscular de pacientes que
possuam músculos hiperativos ou hipoativos (SARTORI, GONÇALVEZ e
VENEZIANO 2005).
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A EMG é um método útil para a investigação dos processos fisiológicos
musculares, pois permite a observação da ativação do músculo tanto em relação à
realização do movimento e à produção de força, quanto às disfunções e seus
processos fisiopatológicos (DE LUCA, 1997).
Nos últimos anos a eletromiografia vem se tornando uma técnica muito
difundida como instrumento de avaliação da atividade muscular. Isso fez com que
essa técnica fosse empregada, não apenas na avaliação física clássica, mas
também como forma de tratamento por meio de biofeedback e, principalmente,
auxiliando e impulsionando grandemente a pesquisa nas diversas áreas da
fisioterapia (KITCHEN e BAZIN, 1998).
O sinal eletromiográfico é utilizado em vários estudos, tais como o estudo da
função muscular normal, de fadiga muscular e de atividades musculares
relacionadas a estudos ergonômicos. A EMG, também pode ser utilizada na
detecção de esforço muscular durante atividades físicas, além de estudos e
acompanhamento do desenvolvimento muscular durante sessões de fisioterapia
(ORTOLAN, 2000).
Como uma ferramenta importante, a técnica eletromigráfica pode investigar
as possíveis sinergias existentes durante a ativação muscular e também dispor
tempo para estudar o predomínio muscular em padrões específicos do movimento
(O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993; AMADIO, 1999). Em relação à marcha humana a
eletromiografia está sendo amplamente aplicada para se entender quais os
músculos estão atuando durante as fases e os ciclos de marcha humana (LEE e
POLLO, 2005).
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Estudos ainda denotam a importância clinica da técnica na análise
quantitativa da co-contração muscular e na velocidade de condução do potencial de
ação (FONSECA et al., 2001 e STEGEMAN et al., 2000). A EMG tem sido utilizada
também no treinamento de músculos específicos. Essa técnica, denominada
biofeedback, preconiza fornecer ao indivíduo informações a respeito da atividade
muscular durante a realização de exercício e tem auxiliado os terapeutas na
reeducação muscular (OCARINO et al., 2005).
A aplicabilidade da EMG na área ginecológica também vem crescendo, pois
além de detectar as disfunções que ocorrem na musculatura perineal, esta pode
ainda promover um treinamento de força através do bioeedback (NAGIB et al.,
2005).
A cinesiologia clínica é outra área que desfruta das vantagens do
biofeedback através da EMG que permite o treinamento muscular tanto de atletas
quanto de pacientes que perderam força após uma lesão (ORTOLAN, 2000 e
JÚNIOR GARBELOTTI et al., 2004).
Estudos recentes mostram também que pacientes neurológicos com
traumatismos raqui-medulares e hemiplégicos usufruem o biofeedback na
manutenção da força dos músculos não acometidos e da readequação dos
acometidos (ORTOLAN, 2000; OCARINO et al., 2005).
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Delineamento do Estudo
Este trabalho caracterizou-se como um ensaio clínico transversal.
Anteriormente ao seu início, este estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – CEP/UNIOESTE.
3.2 Caracterização da Amostra
A amostra foi composta por 9 indivíduos, sendo cinco do sexo feminino e
quatro do masculino, residentes na cidade de Cascavel, com idades entre 18 e 30
anos.
3.3 Critérios de Inclusão e Exclusão
Os critérios de inclusão adotados para a pesquisa foram:
•Residir na cidade de Cascavel - PR.
•Assinar e concordar com o termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
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•Possuir entre 18 e 30anos.
•Possuir boa saúde física.
•Possuir Índice de Massa Corpórea acima de 18,5 kg/m2.
Os critérios de exclusão adotados foram:
•Não concordar com o termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
•Indivíduos portadores de qualquer tipo de afecção ou seqüela neurológica.
•Indivíduos portadores de qualquer lesão osteomuscular.
•Indivíduos que apresentassem qualquer tipo de dor (crônica ou aguda).
•Não apresentar qualquer tipo de lesão de pele.
•Após a captação foram excluídas ainda, amostras de sinais EMG que
possuíssem concentrações de freqüência mediana na banda de 60 Hz, a fim
de evitar viés de corrente elétrica da rede.
3.4 Grupos Experimentais
Nesse estudo a amostra foi dividida em dois grupos de acordo com o IMC
dos sujeitos.
Grupo 1 – Indivíduos que possuíam IMC entre 18,5 Kg/m2 a 24,9 Kg/m2
denominados eutróficos (n=4).
Grupo 2 – Indivíduos que possuíam IMC acima de 25 Kg/m2, denominados
obesos (n=5).
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3.5 Materiais
Foram utilizados os seguintes materiais para a realização do estudo:
•Eletromiógrafo EMG1000® (Lynx tecnologia);
•Eletrodo ativo (encapsulado) e um eletrodo referência (terra);
•Célula de carga (100Kgf);
•Microcomputador PC compatível com Microsoft Windows;
•Fita crepe, álcool e algodão e gel condutor;
•Lâmina para tricototomia;
•Paquímetro da marca Vonder;
•Fita métrica;
•Plicômetro clínico da marca Cescorf;
•Balança digital (Filizola 0 – 300Kg);
•Calculadora da marca Cassio;
•Avaliação antropométrica;
•Softwares Microsoft Word® e Excel®;
•Software Aqdanalisys®;
•Software Bioinspector®;
•Mesa de madeira;
•Dispositivo para fixação da articulação à célula de carga (velcro + cabo de
aço);
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•Goniômetro universal da marca Carci;
3.5.1 Avaliação Antropométrica:
A avaliação antropométrica é a medida dos componentes da constituição
corporal (MELO e SANTOS, 2000). Sendo assim, a constituição física pode ser
entendida como a reunião de três aspectos distintos e ao mesmo tempo
correlacionáveis. Os três aspectos são a estrutura, a composição corporal e as
dimensões (PETROSKI, 1999).
3.5.1.1 O Índice de Massa Corpórea (IMC)
Segundo Moreira, Melo e Alves (2005), o Índice de Massa Corpórea (IMC), é
uma ferramenta prática para a classificação de indivíduos em classes de massa
corpórea. Ela é obtida através da equação matemática (IMC= P/ h2), onde P é o
peso corpóreo do indivíduo em quilogramas e h sua altura em metros.
Sendo assim, os indivíduos foram submetidos à avaliação pelo IMC para a
obtenção da massa corporal, sendo, inicialmente, pesados em uma balança digital
da marca Filizola ID 1500 com precisão de 100 gramas (INMETRO). A pessoa a ser
avaliada era colocada na posição ortostática com peso dividido em ambos os pés no
centro sobre a balança. Após coletado o valor de seu peso corporal o indivíduo era
submetido à mensuração de estatura com uma fita métrica. Para essa medida foi
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solicitado ao participante que retirasse o sapato e recostasse na parede, onde foram
feitas marcas a lápis no ponto mais alto da cabeça, determinando o valor de sua
estatura.
Posteriormente, com o uso de uma calculadora era obtido o valor do IMC.
3.5.1.2 Perimetria, Diâmetros Ósseos e Dobras Cutâneas
Para Böhme (2000), as dimensões físicas são descritas como volumes,
massa, comprimentos e área de superfície conferindo informações de valores gerais
do indivíduo, tecidos e partes específicas. Já a estrutura permite avaliar dentro dos
estudos as proporções ósseas do corpo humano e a composição corporal refere-se
à quantidade e proporção dos vários constituintes do corpo relacionados com a
saúde, doença e qualidade de vida dos indivíduos.
Dessa forma, os participantes foram submetidos a um tipo de avaliação
antropométrica (Jack Pollockson), nela era possível obter a porcentagem de gordura
total, porcentagem de gordura livre, porcentagem de gordura excedente,
porcentagem de gordura ideal, massa gorda, massa magra, a quantidade específica
de gordura de vários locais e o peso ideal, interessando para o estudo somente o
percentual de gordura total, a quantidade de gordura específica da coxa e o peso
total do indivíduo.
Para analisar os diâmetros ósseos que são considerados a menor distância
entre duas proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos, usou-se
um paquímetro plástico de 15 centímetros (cm) graduado em 0,05 mm. Foram
mensurados as proeminências ósseas biestilóide (processo estilóide do rádio e da
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ulna), biepicondiliano do úmero (bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do
úmero) e biepicondiliano do fêmur (bordas externas dos epicôndilos medial e lateral
do fêmur).
Foram também mensuradas as dobras cutâneas que apresenta-se como
uma forma indireta de mensuração da adiposidade corporal (PETROSKI, 1999).
A medida dessas pregas estabelece relação com os pontos anatômicos
pinçados e a adiposidade corporal, isto é, a determinação absoluta da espessura do
tecido adiposo permite a estimativa da densidade e da quantidade de gordura
corporal.
Para a mensuração das dobras cutâneas foi utilizado um plicômetro
(Cescorf®), que permite a leitura em décimos de milímetros (mm) com precisão de
0,2 mm e graduado com valores de 0 a 80 mm.
Neste contexto, os participantes foram avaliados de acordo com o descrito
por Petroski (1999), em oito pontos específicos: 1) tríceps; 2) escapular; 3) peitoral;
4) torácica; 5) suprailíaca; 6) abdominal; 7) quadríceps e 8) panturrilha. Além disso,
os indivíduos eram orientados a comparecer a sessão de avaliação antropométrica
com o mínimo de vestimenta.
Houve ainda uma parte da avaliação antropométrica dedicada à mensuração
dos perímetros que correspondem às circunferências, ou seja, perímetro máximo de
um segmento corporal medido em relação ao maior eixo.
Os participantes do estudo tiveram mensurado seis perímetros: 1) braço; 2)
antebraço; 3) abdômen; 4) pelve; 5) coxa e 6) perna.
Todas as mensurações realizadas durante a avaliação antropométrica,
seguiram os critérios determinados por Petroski (1999).
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3.5.2 Avaliação Eletromiográfica
A avaliação eletromiográfica do músculo vasto lateral (VL), deu-se através
do equipamento EMG1000® da empresa LYNX-Biossistemas. A captação do sinal
foi realizada com uma freqüência de amostragem de 2000 Hz (Figura 2).
Figura 2: Eletromiógrafo EMG 1000
.
Fonte: LYNX TECNOLOGIA, 2005.
Para a captação do sinal digital foi utilizado o software Bioinspector® (v.2.0).
Foi aplicado filtro tipo passa-baixa de 500 Hz e passa-alta de 20 Hz, para isolamento
da amplitude do sinal de EMG. Além disso, o equipamento conta com uma filtragem
interna por hardware tipo Notch (rejeita banda) de 60Hz para minimizar as
interferências da rede elétrica.
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3.5.2.1 Posicionamento do Eletrodo
Durante as avaliações foi utilizado eletrodos encapsulados ativo com
disposição fixa (1cm) entre os pólos positivo e negativo.
Para captação do sinal do músculo VL, o eletrodo foi posicionado no
sentido da fibra muscular a 2/3 da espinha ilíaca ântero-superior e na face lateral da
coxa próximo a patela como mostrado na figura 3 (SENIAM, 2005).
Figura 3– Ilustração do local de posicionamento do eletrodo (ponto amarelo)
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Fonte: Seniam (2005).
Para a colocação do eletrodo foi realizada tricotomia e limpeza da pele com
álcool (70%), este procedimento é usual durante a captação de dados em EMG e
busca evitar possíveis alterações na captação decorrentes da concentração de
células mortas na pele. Em seguida, foi solicitado ao paciente que sentasse sobre
uma mesa de madeira (1,5 m de largura por 1m de altura) e que realizasse no
membro inferior direito uma flexão de quadril com extensão de joelho contra uma
resistência aplicada pelo avaliador, para certificar-se do ponto motor do músculo VL.
Dessa forma, o avaliador posicionou o eletrodo no ponto encontrado e fixou-o com
fita adesiva.
Um eletrodo de referência (terra) foi colocado no maléolo lateral do tornozelo
direito com um gel condutor em sua face metálica.
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3.5.2.2 Adequação do Ambiente
Na tentativa de minimizar os ruídos que pudessem interferir na captação do
sinal, o eletromiógrafo foi ligado a um estabilizador de voltagem e colocado sobre
uma mesa de madeira. Todos os fios que se conectam ao eletromiógrafo foram
retirados do chão e distanciados entre si e entre as fontes elétricas que se
localizavam ao redor.
3.5.2.3 Captação do Sinal Eletromiográfico de Força Máxima e Normalização da
Carga
Todos os dados foram coletados na Clínica de Fisioterapia da Unioeste
(Setor de Neurologia). Foi colocada uma mesa em frente ao espaldar sueco, e neste
foi fixada a célula de carga (dispositivo eletrônico, responsável por medir a força
gerada).
Foi solicitado ao participante que se sentasse-se à mesa de forma que este
ficasse de costas para o espaldar e de frente para o computador. Com o eletrodo já
posicionado no ponto motor do indivíduo, foi observado e garantido o ângulo do
joelho em uma posição de 60º de extensão e para assegurar que angulação
permanecesse fixa, foi acoplado um dispositivo de contenção da angulação ao pé. O
dispositivo de contenção foi elaborado a partir de uma alça de tecido (inelástico) e
um cabo de aço. O cabo era ligado ao pé pela alça de tecido e à célula de carga por
uma outra alça feita no próprio cabo de aço (Figura 4).
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Figura 4: A - Posicionamento do indivíduo para a realização do estudo em uma vista anterior.
B - Posicionamento do indivíduo para a realização do estudo em uma vista lateral
.
Fonte: o autor, 2005.
Com o indivíduo já posicionado foi solicitado a ele que realizasse três
contrações isométricas máximas, exercendo sua força máxima de quadríceps sobre
o sistema, assegurando que esse não rodasse seu tronco ou quadril. Essa prova foi
realizada para o conhecimento da média da carga máxima do VL de cada indivíduo
e posterior normalização do sinal em função de 50% dessa carga.
O sinal eletromiográfico foi realizado solicitando-se que o indivíduo
exercesse 50% de sua carga máxima, previamente calculada. Para assegurar que o
indivíduo permanecesse o maior tempo possível em uma contração muscular
correspondente a carga solicitada, foi utilizado um dispositivo de biofeedback
(presente no software Bioinspector®), onde os participantes visualizavam um relógio
de força na tela do computador buscando manter a força média durante os 6
segundos de captação. Nesse estágio foram feitas cinco captações por indivíduo.
A B
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3.5.2.4 Isolamento do Sinal
O isolamento do sinal eletromiográfico foi feito através do programa
Aqdanalisys, que permite a transformação e análise da forma bruta do sinal (RAW)
em formato RMS (raiz quadrada da média do sinal bruto). Dessa forma, foram
selecionados os valores de cada trecho a cada 6 segundos para este cálculo. Em
seguida foi possível a conversão os dados eletromiográficos em formato “txt” para
posterior análise no software MatLab®.
3.5.2.5 Tratamento do Sinal
Para o tratamento matemático do sinal foi utilizado software MatLab.
Os resultados matemáticos retornavam os seguintes valores:
•F½ (Freqüência Mediana) – Expressa o valor central da distribuição de
freqüência de uma amostra de sinal eletromiográfico. É expressa em Hertz
(Hz);
•F95% (Freqüência que comporta 95% do sinal) – Expressa os valores de
95% da distribuição espectral de uma amostra de sinal eletromiográfico. É
expressa em Hertz (Hz).
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•Carga média - 50% da força máxima obtida através de uma contração
isométrica máxima. É obtida quilogramas (Kg).
3. 6 Análise Estatística
A análise estatística foi realizada através do teste não paramétrico U de
Mann-Whitney (adotando-se p<0,05), para verificação da relação entre a gordura
corporal total e F½ e F95% e gordura específica de VL e F½ e F95%. Além disto, foi
utilizado o teste de correlação de Pearson adotando-se p<0, 01, para caracterização
da correlação (positiva ou negativa) entre os resultados das freqüências e gorduras
obtidas no estudo.
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4 RESULTADOS
Inicialmente são expostos todos os dados descritivos encontrados para os
pacientes avaliados (Tabela 1).
Tabela 1 – Dados descritivos obtidos para os grupos estudados (Média ± Erro Padrão)
Grupo 1 Grupo 2IMC Kg/m2 20,36 ± 0,88 28,57 ± 1,35Peso (Kg) 54,0 ± 0,71 78,6 ± 4,34Gordura total% 14,75 ± 1,13 21,76 ± 1,22 Quadríceps (mm) 35,25 ± 2,69 27,4 ± 4,78Fonte do autor
O gráfico 1 apresenta o comportamento da freqüência mediana (F½) e da
freqüência 95% (F95%) do sinal de EMG. Constatou-se que tanto a F½, quanto a
F95% são superiores no grupo 1. Entretanto, apenas a F½ apresentou diferença
estatisticamente significante entre os grupos analisados (p=0,0148).
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Gráfico 1: As barras representam as médias de F½ e F95% dos grupos estudados. O asterisco aponta a diferença estatisticamente significante encontrada (*p<0, 05, teste U de Mann-Whitney).
No gráfico 2, é encontrada a representação gráfica do percentual de gordura
total e específica do músculo vasto lateral (VL) entre os Grupos 1 e 2. Constatou-se
que o percentual médio de gordura total no Grupo 2 é superior (21,76%) em relação
Grupo 1 (14,75%). Entretanto, a média de gordura específica de VL foi menor no
Grupo 2 quando comparada ao Grupo 1, com valores de 27,40 mm e 35,25 mm,
respectivamente.
Média dos parâmetros captados na EMG
0
50
100
150
200
Freq. Mediana Freq. 95%
Her
tz (H
z)
Grupo 1Grupo 2
*
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Gordura total e específica (VL) dos grupos estudados
0
10
20
30
40
Gordura Total (%) Gord. Especifica VL (mm)
Grupo 1Grupo 2
Gráfico 2: Representação da média de gordura total e específicas (VL) encontradas nos grupos analisados.
Observando o gráfico 3, podemos constatar que existe forte correlação
negativa entre F½ e gordura específica (VL), assim como F½ e porcentagem de
gordura total no Grupo 1, com o coeficiente de correlação de Pearson r=-0,9949
para ambos os casos, ou seja, à medida que aumentam as quantidades de gordura
diminuem os valores da F½ .
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Correlação entre frequência medianae porcentagens de gordura do
Grupo 1
0 25 50 75 1000
15
30
45
60
Gordura total
Gord. VL
Freq mediana
Por
cent
agem
Gráfico 3: Representação em regressão linear do teste de correlação no Grupo 1 entre F½ e gordura corporal total e F½ e gordura específica do VL. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes (correlações) entre todas as variáveis testadas (***p<0,001, Teste de correlação de Pearson).
Observando o gráfico 4 podemos também constatar que existe correlação
negativa entre a F½ e gordura do músculo VL no Grupo 2 (Pearson r =-0,7409), ou
seja, à medida que aumenta a quantidade de gordura local, diminui a F½. No
entanto, neste grupo não foi encontrada correlação entre F½ e porcentagem de
gordura total.
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Correlação entre frequência medianae as porcentagens de gordura no
Grupo 2
0 25 50 75 1000
20
40
60
80
Gordura total Gord. VL
Freq Med
Por
cent
agem
Gráfico 4: Representação em regressão linear do teste de correlação no Grupo 2 entre F½ e gordura corporal total e F½ e gordura específica do VL. Foi encontrada diferença estatisticamente significante (correlação) entre F½ e gordura específica do VL (**p<0,01, Teste de correlação de Pearson).
O gráfico 5 é uma representação dos valores médios obtidos na captação
eletromiográfica para F95% entre os indivíduos do Grupo 1, onde o valor médio foi
de 172,09 Hz.
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Gráfico 5: Gráfico representativo da F95% para indivíduos do grupo 1.Fonte: Software MatLab
O gráfico 6 traz a representação dos valores médios da F½ obtidos na
captação eletromiográfica, entre os indivíduos presentes no Grupo 1, onde o valor
médio obtido foi 63,53 Hz.
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Gráfico 6: Gráfico representativo da F½ para os indivíduos do grupo 1.Fonte: Software MatLab.
O gráfico 7, é uma representação dos valores médios obtidos na captação
eletromiográfica para F95% entre os indivíduos do Grupo 2, onde o valor médio foi
de 154,13 Hz
63,53
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Gráfico 7: Gráfico representativo da F95% para indivíduos do grupo 2.Fonte: Software MatLab
O gráfico 8, também é uma representação dos valores médios da F½
obtidos na captação eletromiográfica entre os indivíduos do Grupo 2, onde o valor
médio obtido foi de 55,83 Hz.
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Gráfico 8: Gráfico representativo da F½ para os indivíduos do grupo 2.Fonte: Software MatLab.
O gráfico 9 está representando os valores da carga média, ou seja, 50% da
força máxima em quilos (Kg) que os indivíduos realizaram durante as captações
eletromiográficas. A carga média mantida pelos indivíduos do Grupo 1 (12,31 Kg) foi
menor do que a mantida pelo Grupo 2 (14,98 Kg).
55,83
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Carga Média Sustentada Pelos Indivíduos (50% do Máximo)
0
4
8
12
16
Grupo 1 Grupo 2
Kilo
gram
as
Gráfico 9: Representação gráfica dos valores médios obtidos através da carga média sustentada (50% da força máxima) pelos grupos.
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5 DISCUSSÃO
Ao estudar a influência do tecido subcutâneo sobre a captação do sinal
eletromiográfico, verificou-se pelos resultados obtidos que a F½, é estatisticamente
menor no Grupo 2 (obesos), em relação ao Grupo 1 (eutróficos). Entretanto,
nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada entre esses grupos
com relação à distribuição espectral para F 95%.
Também foi constatada a existência de correlação negativa entre F½ e
gordura específica (VL) em ambos os grupos estudados, sendo observado que
quanto maior era a quantidade de gordura especifica, menor era o valor de
freqüência mediana obtida.
De acordo com Farina e Rainoldi (1999); Sodeberg e Knuston (2000), em
estudos que abrangiam os efeitos de compensação da camada de tecido
subcutâneo em eletromiografia relataram que tecidos anisotrópicos entre si causam
atenuação e alargamento do sinal EMG e que os valores máximos de domínio das
freqüências podem ser reduzidos em diferentes densidades de tecido gorduroso.
Assim, indivíduos que possuam maiores quantidades de gordura subcutânea terão
seu sinal mais atenuado, mesmo que tenham produzido a mesma quantidade de
energia para a contração muscular que indivíduos com menores quantidades de
gordura subcutânea.
Os resultados aqui obtidos corroboram essa hipótese, sugerindo que a
quantidade de tecido adiposo existente no local mensurado tenha levado a redução
da distribuição das freqüências do sinal eletromiográfico nos indivíduos do Grupo 2.
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Os estudos realizados por Gootzen et al. (2000); Day (2005), ajudam a
compreender o fenômeno aqui identificado, na medida em postulam que a camada
de tecido subcutâneo é baixa condutora de energia e que isto acontece devido ao
fato das fibras musculares, gordura subcutânea e pele serem tecidos dotados de
propriedades diversas em diferentes sentidos, agindo em muitos casos como um
filtro de freqüências do tipo passa baixa.
Entre os grupos estudados a diferença essencial não esteve no tipo de fibra
estudada (VL) ou no tipo de pele, mas fundamentalmente na quantidade de gordura
dos sujeitos de cada grupo, levando a crer que esta foi a grande responsável pelas
alterações de freqüência encontradas.
Filtros de freqüência são ferramentas matemáticas normalmente utilizadas
no tratamento ou aquisição do sinal eletromiográfico que permitem a filtragem
(erradicação) de sinais indesejados. O filtro do tipo passa baixa funciona, portanto,
retendo sinais acima de um determinado valor e permitindo a passagem de sinais
com freqüências abaixo desse valor, deslocando, assim, o gráfico de distribuição de
freqüências no sentido de valores menores do que o adotado como referencia.
Porém, estudos mais recentes de Ocarino et al. (2005), mostraram que o
esse efeito da camada subcutânea só é representado adequadamente se também
considerarmos a presença da condutividade relativamente alta da pele. Isso porque
esta condutividade está relacionada com a função de barreira exercida entre os
potenciais de ação das unidades motoras e os eletrodos.
Sodeberg e Knuston (2000), referem ainda que valores da impedância da
pele entre 5.000 e 10.000 Ω (ohms) devem ser exigidos para que a medida
eletromiográfica seja adequada. No entanto, esse cuidado relacionado à impedância
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é normalmente adotado quando o eletrodo passivo de superfície é utilizado, uma vez
que os sinais captados são amplificados somente ao alcançarem o equipamento de
eletromiografia e, dessa forma, o sinal captado que se desloca pelo cabo do eletrodo
sofre influência do meio externo. Levando-se em consideração a magnitude do sinal
do eletromiógrafo (mensurado em µV), é natural que ocorram quantidades
importantes de ruído embutidas nesses valores. Por outro lado, isso não ocorre
quando eletrodos ativos são utilizados, já que sinal captado é pré-amplificado no
próprio eletrodo, minimizando a capacidade de inclusão de ruídos externos.
Entretanto, são escassos na literatura estudos comprovando que
impedâncias da pele entre 5.000 e 10.000 Ω ou mesmo inferiores a estas, são
absolutamente compatíveis e inofensivas a qualidade de captação de sinais de
EMG, tanto com eletrodos passivos como com a utilização dos pré-amplificados.
Apesar de serem dados pouco padronizados, identifica-se essas medidas de
impedância da pele, seriam muito válidas para o enriquecimento da análise aqui
efetuada, entretanto, a carência de equipamentos especializados impossibilitou esse
tipo de análise.
Um estudo em gestantes demonstrou a importância da mensuração da
impedância bioelétrica, como um dos primeiros processos rápidos, não-invasivos,
não ionizantes, e de confiabilidade aceitável para a quantificação dos
compartimentos corporais, principalmente os de natureza fluida. Nele tornou-se claro
que com a documentação da resistência (impedância), reactância corporal e suas
interpretações por meio de equações adequadas, poder-se-ia mediante um único
teste, fornecer o perfil dos principais componentes energéticos e hídricos do
organismo (MORAIS et al., 1997).
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Giannichi, Rigueira e Bedim (2000); McArdle, Katch e Katch (1998), afirmam
que a bioimpedância pode ser usada para a medida de composição corporal através
de três variáveis: peso, altura e a própria impedância elétrica. Assegurando, dessa
forma, que a passagem de corrente elétrica tem a ver com a quantidade de gordura
corporal pelo fato dos elétrons não atravessarem a barreira gordurosa.
Vários outros cuidados de fundamental importância podem ser tomados para
que haja uma maior fidelidade da técnica ao se realizar a captação eletromiográfica.
Em alguns estudos realizados foi relatado que as várias camadas de vários tecidos
entre o músculo e o eletrodo podem ser consideradas um modelo de alteração de
condução de potenciais de ação. Do mesmo modo, a amplitude do sinal bipolar de
EMG pode ser alterada com o aumento da distância entre os eletrodos de leitura
(DE LUCA, 1997; SODEBERG e COOK, 1984; OCARINO et al., 2005).
Hamill e Knutzen (1999), também citam fatores que podem influenciar na
captação, tais como diâmetro e tipo das fibras musculares, artefatos de movimentos
e outras fontes de ruídos como a interferência da rede elétrica. Essa interferência
costuma ser o efeito mais danoso à qualidade de captação do sinal mioelétrico, pois
está presente no cotidiano da maioria das situações de captação, além de ter
amplitude razoável se comparado às baixas amplitudes do sinal eletromiográfico
(ZHANG et al., 1997). Além disso, a freqüência da rede elétrica e suas harmônicas
(60 Hz, 120 Hz, 180 Hz e 240 Hz) estão dentro da faixa de maior concentração de
energia do sinal mioelétrico.
Por esta razão, apesar da utilização de várias técnicas preventivas na
tentativa de reduzir os ruídos de captação, sempre podemos estar expostos à
interferência de 60 Hz, em maior ou menor intensidade. Considerando fato da
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freqüência de 60 Hz estar dentro da banda de maior concentração de energia do
sinal, o filtro desenvolvido para cancelar o ruído de rede deve possuir uma banda de
corte estreita de forma a atenuar o ruído mas não alterar o sinal (ORTOLAN, 2000).
Foi constatado ainda que houve diferença na quantidade de gordura
encontrada nos indivíduos, tanto em quantidade total de gordura quanto em
quantidade específica de gordura do músculo VL. Esses achados podem ser
suportados por estudos como o de Junqueira e Carneiro (1995); Tritscheler (2003),
que reportam que as mulheres possuem consideravelmente mais gordura corporal
do que o homem, sendo que a gordura essencial das mulheres gira em torno de
12% e a dos homens 3%.
Contudo, em um estudo realizado com mulheres do Exército Brasileiro para
desenvolver e padronizar equações específicas para a determinação da densidade
corporal de militares, foram utilizadas variáveis antropométricas como dobras
cutâneas, perímetros e diâmetros corpóreos, que foram posteriormente
correlacionadas com a densidade corporal para que pudessem ser incluídas como
variáveis independentes (SALEM, FERNANDES FILHO e PIRES NETO, 2004). Isso
demonstrou a viabilidade da utilização dessas medidas com correlações de
densidade corporal geral e específica.
Outros estudos como o de Silva, Trindade e De Rose (2003); e Moreira,
Melo e Alves (2005), afirmam que homens atletas além de possuírem menor
porcentagem de gordura também conseguem desenvolver maior massa muscular,
gerando uma maior força de contração, no entanto, neste estudo não foram
confrontados dados eletromiográficos.
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Segundo Powers e Howley (2000), o IMC propicia uma fórmula simples de
avaliar a composição corporal, apesar disso, tem sido identificados algumas
contradições e problemas na sua utilização, a principal delas é que não existe uma
forma clara de diferenciar precisamente, quando a pessoa avaliada possui uma
grande massa muscular ou quando esta é, simplesmente, obesa, podendo desta
forma ocorrer resultados falso-positivos ou falso-negativos para indicar a
classificação dos indivíduos. Mesmo assim, o IMC é extensamente utilizado como
medida antropométrica confiável.
É aventada a hipótese de que a aparente contradição encontrada no Gráfico
2, onde, indivíduos do grupo eutrófico possuem mais gordura específica e menos
gordura total, deva-se à apresentação matemática das fórmulas utilizadas e de suas
variáveis, na medida em que esses resultados derivam de diversos valores, tais
como: perimetria, diâmetros ósseos, estatura e peso tratados de formas diferentes
para os resultados de gordura total e específica.
Alguns estudos já vêm demonstrando métodos de laboratório bem mais
sofisticados para a estimativa da gordura corporal, dentre eles figuram a
condutividade elétrica total do corpo, a absortometria radiológica de dupla energia
(DEXA), a bioimpedância elétrica, a densitometria e a pletismografia ou pesagem
hidrostática. Contudo, ainda trata-se de métodos pouco acessíveis na prática
(POWERS e HOWLEY, 2000).
Embora várias questões relacionadas aos cuidados durante a captação da
EMG e as formas de mensuração antropométricas adotadas possam ser discutidas,
os dados aqui apresentados permitiram comprovar o indício de que o tecido adiposo
pode mesmo influenciar na freqüência de captação do sinal eletromiográfico. Essas
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informações tornam-se cada vez mais relevantes na medida em que a EMG é
atualmente tida como uma técnica fidedigna adotada em estudos que visam a
análise de características biomecânicas do ser humano. Comprovando ainda, a
necessidade de estudos que considerem e padronizem a maior quantidade possível
de aspectos a serem seguidos visando o aprimoramento da técnica eletromiográfica,
que é inegavelmente, uma ferramenta bastante útil tanto nas pesquisas quanto para
o diagnóstico e tratamento das mais diversas afecções do sistema
musculoesquelético.
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6 CONCLUSÃO
Através dos resultados obtidos no presente estudo podemos concluir que
existe diferença estatisticamente significante na freqüência mediana dos sinais
eletromiográficos captados no músculo VL entre os grupos estudados, onde grupo
obeso possui menores valores em relação ao grupo eutrófico.
Em relação à distribuição de 95% do espectro de freqüência, não foi
possível identificar diferenças estatisticamente significantes entre os grupos.
Os resultados permitem concluir que o tecido adiposo subcutâneo atua,
provavelmente, como um filtro, deixando passar as freqüências mais baixas e
bloqueando as freqüências mais altas do sinal eletromiográfico.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
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Anexo A
Parecer 006/2005-CEP
Súmula: Aprovação de Proposta de Projeto de Pesquisa
O Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, reunido em sessão ordinária
no dia 03/03/05, Ata 002/05, APROVA o projeto abaixo especificado.
Protocolo: 014603/2005
Pesquisador: Fernando Amâncio Aragão
Projeto: Efeitos do tecido adiposo sobre a captação de sinais na eletromiografia de
superfície
Em atendimento á Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde ,
deverá ser encaminhado ao CEP o relatório final e/ou a publicação dos resultados
do projeto, bem como a comunicação de qualquer intercorrência, mudança na
metodologia ou na interrupção.
Cascavel, 09 de março de 2005.
Adriane de Castro Martinez Martins Coordenadora do CEP
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Anexo B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome da Pesquisa: ANÁLISE DOS EFEITOS DO TECIDO ADIPOSO SOBRE O ESPECTRO DE FREQÜÊNCIA DE SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS CAPTADOS A PARTIR DE CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS DO MÚSCULO VASTO LATERAL.
Coordenador ou Pesquisador: Fernando Amâncio Aragão.
Este estudo tem o objetivo: Analisar qual e a real interferência que o tecido adiposo subcutâneo para a captação dos sinais eletromiográficos durante a realização de uma contração muscular.
Para tanto será necessário realizar os seguintes procedimentos:Avaliação antropométrica composta pelos índices de massa corpórea, dados
perimétricos e dobras cutâneas e avaliação eletromiográficas do músculo pré-determinado.
Riscos: De acordo com a literatura atual, os procedimentos envolvidos no presente estudo não apresentam risco aos participantes, visto que, são simples avaliações físicas, realizadas de acordo com a capacidade e respeitando a individualidade de cada paciente.
Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, a ter meus direitos de:1-Receber resposta a qualquer pergunta esclarecimento sobre os procedimentos, benefícios e outros relacionados à pesquisa;2-Retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo;3-Não ser identificado e ser mantido a caráter confidencial das informações relacionadas à privacidade.4-Procurar esclarecimento com o Comitê de Ética e Pesquisa da UNIOESTE, através do telefone 220-3131, em caso de dúvidas ou notificação de acontecimentos não previstos.
Declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa.
Cascavel, ______de_________________2005.
Nome do sujeito: __________________________________________
Assinatura do sujeito ou responsável: ____________________________.
Eu, Fernando Amâncio Aragão, declaro que forneci todas as informações referentes ao estudo ao participante e/ou responsável, me coloco a disposição para quaisquer outros esclarecimentos que se façam necessários nos tels: 2203157 ou 2203236.___________________________________ Data: ____/______/______.
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Anexo C
Avaliação Antropométrica
Nome: Valores fornecidos automaticamente Idade: Peso:Altura: BD: % gordura % livre de gorduraDobras Cutâneas % ideal de gordura % gordura sobra
•Tríceps peso gordura•Escapular peso magro•Peitoral peso ideal•Torácica•Suprailíaca•Abdominal•Quadríceps•Panturrilha
Perímetros
•Perna•Coxa•Pelve•Abdominal•Antebraço•Braço
Diâmetros ósseos
•Punho•Epicôndilo do úmero
Epicôndilo do fêmur