87
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Fernando de Azevedo Alves Pereira COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS REFORÇADOS COM FIBRAS DE PET RECICLADAS E PARTÍCULAS DE SÍLICA São João Del Rei, 2016

Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Fernando de Azevedo Alves Pereira

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS REFORÇADOS

COM FIBRAS DE PET RECICLADAS E PARTÍCULAS DE

SÍLICA

São João Del Rei, 2016

Page 2: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Fernando de Azevedo Alves Pereira

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS REFORÇADOS

COM FIBRAS DE PET RECICLADAS E PARTÍCULAS DE

SÍLICA

São João Del Rei, 2016

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de São João del-Rei,

como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Engenharia Mecânica.

Área de Concentração: Materiais e

Processos de Fabricação

Orientador: Prof. Dr. Túlio Hallak Panzera

Page 3: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Biblioteca (DIBIB) e Núcleo de Tecnologia da Informação (NTINF) da UFSJ,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

P436cPereira, Fernando de Azevedo Alves. COMPÓSITOS POLIMÉRICOS HÍBRIDOS REFORÇADOS COMFIBRAS DE PET RECICLADAS E PARTÍCULAS DE SÍLICA /Fernando de Azevedo Alves Pereira ; orientador TúlioHallak Panzera; coorientadora Vânia Regina Velloso Silva. -- São João del-Rei, 2016. 86 p.

Dissertação (Mestrado - Mestrado em EngenhariaMecânica) -- Universidade Federal de São João delRei, 2016.

1. compósito híbrido. 2. resina poliéster. 3.fibras de PET. 4. partículas de sílica. I. Panzera,Túlio Hallak , orient. II. Silva, Vânia ReginaVelloso , co-orient. III. Título.

Page 4: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

São João del Rei, 16 de setembro de 2016

Page 5: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Dedico este a trabalho à minha família em especial a minha mãe Joana que sempre

me apoiou em todos os momentos.

Page 6: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Agradecimentos

Agradeço a Deus pela oportunidade dessa conquista, sem a sua ajuda não

seria possível superar as adversidades. Também sou grato por Ele me auxiliar e

proporcionar todas as ferramentas que preciso para conquistar os meus objetivos.

Agradeço a minha família, e a todos que me apoiaram durante essa etapa. Em

especial a minha mãe, por sempre me apoiar e acreditar no meu potencial e ao meu

pai por sempre que solicitado estava prontamente disposto a ajudar.

Um agradecimento especial a minha linda namorada, Luana por ter

compreendido a dificuldade e as demandas dessa conquista e ter sempre me

apoiado.

Ao amigo-irmão-facilitador que sempre esteve do meu lado desde o início da

minha jornada na engenharia: Carlos Augusto, obrigado por todo o apoio e suporte,

sem você o caminho teria sido muito mais árduo. Aos amigos Rodrigo Paraíba,

Bruno Hallak, Ohanys Santos e Márcio Carioca.

Agradeço ao meu aluno Luís Carlos, engenheiro, que sempre incentivou e me

apoiou para esta etapa. Aos amigos que ganhei durante o mestrado: Serginho, Lívia,

Kaio Lima, Ricardo Ferraz e Júlio. Obrigado pela cumplicidade e contribuições neste

trabalho.

A minha primeira orientadora, Prof.ª Dr.ªVânia Regina Velloso por ter me

incentivado e mostrado que era possível, por ter acreditado no meu potencial e por

todo suporte nos momentos decisivos no mestrado.

Ao meu orientador atual, Prof. Dr. Túlio Hallak Panzera, meu eterno

agradecimento, por ter acreditado no projeto e me auxiliado de forma exemplar em

todos os momentos. Por ter compreendido um momento profissional importante na

minha vida e ter dado todo o apoio e motivação

Aos amigos do Centro de Inovação e Tecnologia em Compósitos - CITeC, por

toda ajuda e experiências trocadas. Em especial ao Luciano, por todo o apoio crucial

nos momentos finais da dissertação, serei eternamente grato.

Aos professores que me passaram os conhecimentos para a elaboração do

trabalho: Prof. Dr. Márcio Eduardo Silveira, Prof.ª Dr.ª Vânia Regina Velloso, Prof.

Dr. Frederico Ozanan, Prof. Dr. Lincoln Cardoso e àquelas que sempre nos deram

todo o suporte necessário Mônica e Claudete.

Page 7: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

A comunidade terapêutica ELE CLAMA pela doação das fibras de PET, em

especial ao Valtair e Júlio, por terem dedicado o tempo e boa vontade no corte das

fibras.

Em suma, agradeço a todos que me apoiaram e sempre torceram por mim.

“Não possuo a certeza da vitória, mas tenho o

dever de buscá-la verdadeiramente. Não sou

obrigado a ter sucesso, mas tenho o dever de

batalhar com todas as alternativas que tenho

para alcançá-lo.”

Anônimo

Page 8: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Resumo

O avanço da tecnologia em materiais compósitos tem impulsionado diversos setores

industriais que se beneficiam de materiais estruturais, entre eles automotivo,

aeroespacial, biomédico, construção civil e esportivo. Os materiais compósitos, em

comparação aos materiais convencionais, podem ser projetados para uma

determinada aplicação com desempenho otimizado, especialmente os materiais

reforçados com fibras que exibem, em geral, resistência específica elevada. Devido

ao fato das fibras sintéticas não serem obtidas de fontes renováveis e nem

biodegradáveis, novas reflexões sobre o correto uso e descarte destes materiais têm

sido amplamente discutidas. Os compósitos híbridos constituídos de fibras e

partículas têm sido o foco de pesquisas recentes a fim de melhorar as propriedades

físico-mecânicas e durabilidade dos mesmos. O objetivo deste trabalho foi fabricar e

estudar as propriedades mecânicas de um compósito híbrido constituído de matriz

poliéster, fibras de PET e partículas de sílica. Um planejamento fatorial completo foi

conduzido a fim de identificar o efeito dos fatores (níveis) largura das fibras de

garrafa PET (0,5 mm e 0,75 mm), orientação das fibras (unidirecional e bidirecional)

e adição de sílica (0% e 10%) sobre as propriedades densidade aparente,

resistência e módulo à flexão e resistência ao impacto (Charpy). Os resultados

revelaram que o uso de fibra de PET em matriz poliéster promove um ganho

satisfatório na resistência à flexão e ao impacto, permitindo o uso deste material em

diversas aplicações da engenharia.

Palavras-chaves: Compósito híbrido; resina poliéster; fibras de PET; partículas de

sílica.

Page 9: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

Abstract

The advancement of technology in composite materials has driven many industries

that benefit from structural materials, including automotive, aerospace, biomedical,

construction and sports. Composite materials compared to conventional materials

can be designed for a particular application with optimized performance, especially

fibre reinforced materials, which generally exhibit high specific strength. Due the fact

that the synthetic fibres are not obtained from renewable and biodegradable sources,

new reflections on the proper use and disposal of these materials have been widely

dicussed in literature. Hybrid composites consisting of fibres and particles have been

the focus of recent research to improve their physicochemical properties and

mechanical durability. This work investigates the mechanical properties of a hybrid

composite consisting of polyester matrix, recycled PET fibres and silica particles. A

full factorial design was conducted to identify the effect of factors (levels) width of the

PET bottle fibres (0.5 mm to 0.75 mm), fibre orientation (unidirectional and

bidirectional) and silica inclusion (0 % and 10%) on the following properties: apparent

density, flexural strength and modulus and impact strength (Charpy). The findings

revealed the use of recycled PET fibres promotes a satisfactory gain in flexural

strength and impact, allowing the use of this material in many engineering

applications.

Keywords: Hybrid composite, polyester resin, PET fibers, silica particles.

Page 10: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

9

Lista de Figuras

Figura 1 - Gráfico percentual de reciclagem de PET em relação a novas

embalagens (Fonte: ABIPET, 2015). ......................................................................... 17

Figura 2 - Fases de um material compósito (Fonte: Adaptado de Daniel e Ishai

(1994). ....................................................................................................................... 20

Figura 3 - Esquema de classificação de compósitos segundo Callister (2014). ....... 22

Figura 4 - Classificação dos materiais compósitos segundo Daniel e Ishai (1994). . 23

Figura 5 - Classificação dos materiais compósitos segundo Agarwal (1990 apud

LIMA JÚNIOR, 2007). ............................................................................................... 24

Figura 6 - Representação química da resina poliéster (Fonte: LEVY NETO e

PARDINI, 2006). ........................................................................................................ 28

Figura 7 - Modelos de garrafas PET. ........................................................................ 34

Figura 8 - Formas características de grãos de areias silicosas (MUCHON, 1986). .. 35

Figura 9 -(a) Corte da fibra de PET (b) Fibras de PET e (c) Parte da PET utilizada. 45

Figura 10 - Microscopia Eletrônica de Varredura da fibra de PET: (a) aumento em

500x, (b) aumento em 1500x. .................................................................................... 45

Figura 11 - (a) Molde em madeira (b) Posicionamento das fibras (c) Fibras

unidirecionais e (d) Fibras bidirecionais. ................................................................... 46

Figura 12 - Ilustração do processo de fabricação utilizando o molde. ...................... 46

Figura 13 - Resina Poliéster e Catalisador MeK. ...................................................... 47

Figura 14 - Partículas de sílica 325 a 400 US Tyler (a) e mistura com a resina (b). . 48

Figura 15 - Corpos de prova para ensaio de compressão. ....................................... 48

Figura 16 - Fôrma de cano PVC para confecção dos corpos de prova (a-b) e ensaio

de compressão (c). .................................................................................................... 49

Figura 17 - Placas do compósito obtidas após a retirada do molde. ........................ 50

Figura 18 - Processo de corte (a) e corpos de prova (b). ......................................... 50

Figura 19 - Máquina de testes SHIMADZU, modelo AG-XPlus (a) e dispositivo para

ensaio de três pontos (b). .......................................................................................... 52

Figura 20 - Máquina para o ensaio mecânico de impacto Charpy (a) e corpo de

prova posicionado sem entalhe (b). .......................................................................... 53

Figura 21 - (a) Bomba de vácuo e (b) câmara de vácuo. ......................................... 53

Figura 22 - Ensaio de densidade aparente via princípio de Arquimedes. ................. 54

Page 11: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

10

Figura 23 - Gráfico de normalidade dos resíduos para a resistência à flexão. ......... 58

Figura 24 - Gráfico de interação dos fatores largura e orientação da fibra sobre a

média da resistência à flexão. ................................................................................... 59

Figura 25 - Gráfico de efeito de interação dos fatores partículas de sílica e largura

da fibra para a média da resistência à flexão. ........................................................... 60

Figura 26 - Efeitos médios da interação entre adição de partículas de sílica e

orientação das fibras. ................................................................................................ 61

Figura 27 - Gráfico de normalidade dos resíduos para o módulo à flexão. .............. 63

Figura 28 - Gráfico de interação dos fatores largura e orientação das fibras para a

média do módulo à flexão. ........................................................................................ 64

Figura 29 - Gráfico de interação dos fatores adição partículas de sílica e largura da

fibra sobre a média do módulo de elasticidade. ........................................................ 65

Figura 30 - Gráficos de resíduos para a média da densidade aparente. .................. 67

Figura 31 - Gráfico de interação dos fatores largura da fibra e adição de sílica sobre

a média da densidade aparente. ............................................................................... 68

Figura 32 - Gráfico de normalidade dos resíduos para a resistência ao impacto. .... 70

Figura 33 - Gráfico de interação dos fatores largura da fibra e orientação das fibras

para a média da resistência ao impacto. ................................................................... 71

Figura 34 - Gráfico de interação dos fatores adição de sílica e orientação das fibras

para a média da resistência ao impacto. ................................................................... 72

Figura 35 - Corpo de prova com fibras de 5 mm unidirecionais sem silica após teste

de flexão (a), e ampliação da região fraturada (b). .................................................... 73

Figura 36 - Imagem do corpo de prova C5 após teste de flexão. ............................. 73

Figura 37 - Comparação entre as condições (a) C2: 5 mm, unidirecional com sílica e

(b) C6: 7,5 mm, unidirecional com sílica. .................................................................. 74

Figura 38 - Comparação entre fratura de fibras bidirecionais (a) C7: 7,5 mm,

bidirecional sem sílica e (b) C3: 5 mm, bidirecional sem sílica. ................................. 75

Figura 39 - Fratura no impacto para condição C3 com 5mm bidirecionais sem sílica.

.................................................................................................................................. 76

Figura 40 - Fratura no impacto para condição C7 com 7,5 mm bidirecionais sem

sílica. ......................................................................................................................... 76

Figura 41 - Fratura no impacto para condição C8 7,5 mm bidirecionais com sílica. . 77

Page 12: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

11

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Principais características de polímeros termoplásticos e termorrígidos

(LEVY NETO E PARDINI, 2006). .............................................................................. 26

Tabela 2 -Tipos de Resinas, propriedades e principais aplicações. ......................... 27

Tabela 3 - Valores de resistência mecânica e módulo de elasticidade de diversos

tipos de fibra (BENTUR e MINDESS, 1990).............................................................. 30

Tabela 4 - Propriedades físico-mecânicas da partícula de sílica. ............................. 36

Tabela 5 - Fatores e nívels do experimento 23 ......................................................... 43

Tabela 6 - Condições experimentais ......................................................................... 43

Tabela 7 - Fração de Fibras (%) ............................................................................... 44

Tabela 8 - Variáveis resposta e tipos de ensaios. ..................................................... 51

Tabela 9 - Resultados obtidos para ensaio de compressão. .................................... 56

Tabela 10 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas. ................. 57

Tabela 11 - Resultados experimentais para resistência à flexão .............................. 57

Tabela 12 - ANOVA para a média da resistência à flexão ........................................ 58

Tabela 13 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas. ................. 62

Tabela 14 - Resultados experimentais para o módulo à flexão ................................ 62

Tabela 15 - ANOVA a média do Módulo de Flexão .................................................. 63

Tabela 16 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas. ................. 66

Tabela 17 - Estatística descritiva para ensaio de densidade aparente (g/cm3). ........ 66

Tabela 18 - ANOVA para média da densidade aparente. ......................................... 67

Tabela 19 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas. ................. 69

Tabela 20 - Estatística descritiva para resistência ao impacto dos compósitos (J). .. 69

Tabela 21 – ANOVA para a média da resistência ao impacto. ................................. 70

Page 13: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

12

Lista de Equações

Equação 1 – Equação „‟Regra da Mistura‟‟ ............................................................... 31

Equação 2 – Equação de resistência à flexão .......................................................... 52

Equação 3 – Equação de densidade aparente ......................................................... 54

Equação 4 – Equação de volume ............................................................................. 54

Page 14: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

13

Lista de abreviaturas e símbolos

PET - Politereftalato de etileno

PP - Polímero Poliéster

DOE - Planejamento de experimentos

ANOVA - Análise de variância

CES-4 - Cambridge Engineering Selector

Page 15: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

14

Sumário

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 16

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1 Comentários gerais ............................................................................................. 16

1.2 Justificativa .......................................................................................................... 18

1.3 Objetivos ............................................................................................................. 18

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 20

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 20

2.1 Materiais compósitos: definição e classificação .................................................. 20

2.2 Matrizes Poliméricas: termoplásticas e termorrígidas ......................................... 25

2.2.1 Tipos de Resinas ................................................................................... 26

2.2.2 Poliéster ................................................................................................. 27

2.3 Fases dispersas – reforços fibrosos e particulados ............................................. 29

2.3.1 Politereftalato de etileno (PET) .............................................................. 33

2.3.2 Sílica ...................................................................................................... 34

2.4 Compósitos Híbridos ........................................................................................... 36

2.5 Estudos realizados em compósitos com PET ..................................................... 38

2.6 Planejamento fatorial de experimentos ............................................................... 40

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 42

MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 42

3.1 Seleção das variáveis respostas ......................................................................... 42

3.2 Escolha dos fatores experimentais e seus níveis ................................................ 42

3.3 Materiais utilizados .............................................................................................. 44

3.3.1 Fibra de PET .......................................................................................... 44

Page 16: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

15

3.3.2 Molde ..................................................................................................... 45

3.3.3 Fase matriz ............................................................................................ 47

3.3.4 Adição de sílica ...................................................................................... 47

3.4 Estudo preliminar para obtenção da porcentagem de micro partículas de sílica na

fase matriz via ensaio de compressão ...................................................................... 48

3.5 Processo de fabricação – Compósito Híbrido ..................................................... 49

3.6 Seleção das variáveis de resposta ...................................................................... 50

3.6.1 Ensaio de flexão em três pontos ............................................................ 51

3.6.2 Ensaio de Resistência ao Impacto ......................................................... 52

3.6.3 Ensaios Físicos ...................................................................................... 53

3.6.4 Densidade aparente ............................................................................... 53

3.7 Análise da Fratura ............................................................................................... 55

CAPÍTULO 4 ............................................................................................................. 56

RESULTADOS .......................................................................................................... 56

4.1 Ensaio preliminar de compressão ....................................................................... 56

4.2 Ensaios de Flexão em Três Pontos ..................................................................... 56

4.3 Módulo à Flexão .................................................................................................. 61

4.4 Densidade aparente ............................................................................................ 65

4.5 Resistência ao Impacto ....................................................................................... 68

4.6 Análise da Fratura ............................................................................................... 72

4.6.1 Fraturas após ensaio de flexão .............................................................. 72

4.6.2 Fraturas após ensaio de Impacto........................................................... 75

CAPÍTULO 5 ............................................................................................................. 78

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 79

Page 17: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

16

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 Comentários gerais

Durante muito tempo a tecnologia em materiais compósitos foi restritamente

aplicada às indústrias aeronáutica e aeroespacial, devido principalmente ao seu

elevado desempenho mecânico específico, em comparação aos materiais

convencionais. O domínio das técnicas de manufatura tem impulsionado o uso de

materiais compósitos em outros setores industriais, como automotivo, esportivo e de

construção civil (PAIVA, 2006).

Os materiais compósitos são constituídos pela mistura ou combinação de dois

ou mais constituintes diferindo em forma e/ou composição química e que sejam

essencialmente insolúveis entre si. A caracterização individual de cada componente

permite a realização de uma análise micromecânica prevendo as propriedades

efetivas do compósito (DANIEL e ISHAI, 1994).

Existe um custo significativo para a manutenção e reparação apropriadas de

estruturas fabricadas não só de concreto armado como também metálicas e em

madeira. Além disso, a demanda porestruturas mais duráveis, leves e resistentes

tem incentivado o uso de materiais compósitos seja como reforço ou não (JOSEPH

et al., 2002).

Os compósitos poliméricos reforçados por fibras sintéticas, tais como fibras de

vidro, carbono e aramida são predominantemente utilizados na indústria. Entretanto,

discute-se o fato de não serem obtidos de fontes renováveis e não serem

biodegradáveis (SATAPHY, 2008). A preocupação com o meio ambiente e a

reciclagem de materiais têm motivado pesquisas recentes voltadas para a utilização

de fibras naturais e/ou reutilização de fibras sintéticas como reforços em polímeros

(ASKELAND e PHULÉ, 2008; FORLÍN, 2002).

O uso de fibras de politereftalato de etileno (PET) como fase reforçadora em

materiais compósitos tem sido investigado nos últimos anos (ÁVILA E DUARTE,

2002; SIDDIQUE et al., 2008; LEPORATE et al., 2012;). Segundo Forlín (2002) a

utilização da fibra de PET contribui e atende a uma necessidade social relevante.

Page 18: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

17

Atualmente os plásticos usados em embalagens industriais, principalmente em

garrafas e sacolas, representam um potêncial perigo ao meio ambiente devido a seu

longo período de biodegradabilidade. Outros pesquisadores têm utilizado o PET

como fase em compósitos laminados (OLIVEIRA, 2007) ou particulados (ALBANO et

al., 2009). A literatura relata o uso de resíduos plásticos em vários tipos de

aplicações, o que torna este material alternativo e ecológico (SILVA et al., 2012;

BATAYNEH e MARIE, 2007; KIM e YI, 2010).

A rentabilidade do mercado de reciclagem de embalagens plásticas no Brasil,

assim como em outros países desenvolvidos, mostra aspectos atraentes para

iniciativas empresariais do setor com reflexos socioeconômicos diretamente

relacionados com a melhoria da qualidade de vida da população, geração de renda,

economia de recursos naturais e atenuação de problemas ambientais (DIAS et al.,

2004). O Brasil ocupa a segunda colocação do ranking mundial de reciclagem de

PET, ficando atrás somente do Japão. De toda resina PET produzida no Brasil,

58,9% é reciclada, representando cerca de 331mil toneladas do montante produzido,

movimentando cerca de R$1,2 bilhão para o setor de indústria PET (CEMPRE,

2015). A Figura 1 mostra a evolução da reciclagem de PET no Brasil.

Figura 1 - Gráfico percentual de reciclagem de PET em relação a novas

embalagens (Fonte: ABIPET, 2015).

Page 19: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

18

Neste contexto, o desenvolvimento de um compósito híbrido de matriz poliéster

reforçado com fibras de PET reaproveitadas e partículas de sílica mostra-se uma

temática atual e contribui para o avanço de uma engenharia de materiais sustentável

e econômica.

1.2 Justificativa

A prática de atividades físicas é considerada de grande importância na vida

do ser humano, principalmente na infância e pré-adolescência (DE ROSE, 1992).

Em geral, a estrutura esportiva existente em colégios públicos, privados e clubes

não são ideais para a iniciação de atividades físicas (BOTELHO e SOUZA, 2007 e

FERREIRA, 2001).

Neste sentido, o desenvolvimento de materiais sustentáveis para uso em

artigos esportivos de baixo custo é de vital importância para contribuir com a

popularização do esporte em regiões brasileiras menos favorecidas. Difundir

também o conceito de responsabilidade ambiental com o reaproveitamento de

materiais.

Este projeto de pesquisa visa o desenvolvimento de um material compósito,

que seja sustentável, de baixa densidade e que resista aos impactos causados pela

bola em alguns esportes, como por exemplo, a tabela de basquete e a mesa de

tênis. Além da função estrutural, o material deverá resistir às intempéries climáticas.

O material leve, resistente e de baixo custo facilitará a retirada, transporte e

instalação dos mesmos, tornando-os mais acessíveis para as escolas, clubes e

espaços públicos de lazer.

1.3 Objetivos

Esta pesquisa tem por objetivo desenvolver e investigar as propriedades de um

material compósito de matriz poliéster reforçado por fibras de garrafas PET

recicladas e partículas de sílica.

A investigação do compósito híbrido sustentável de matriz poliéster será

conduzida por meio de um planejamento fatorial completo considerando os

seguintes fatores e níveis experimentais: largura da fibra de PET (5 mm e 7,5 mm),

Page 20: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

19

tipo de orientação das fibras (unidirecional e bidirecional) e inclusão de partículas de

sílica (0 wt% e 10 wt%).

As variáveis-respostas investigadas são: porosidade aparente, módulo de

elasticidade à flexão, resistência à flexão e ao impacto.

Page 21: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

20

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma breve revisão bibliográfica sobre os principais

tópicos abordados neste trabalho.

2.1 Materiais compósitos: definição e classificação

Daniel e Ishai (1994) definem os materiais compósitos como um sistema

constituído de duas ou mais fases em escala macroscópica com propriedades e

desempenho superiores às dos seus constituintes analisados independentemente.

Geralmente uma das fases é descontínua, mais resistente e forte, chamada de

reforçador ou fase dispersa, enquanto que a fase menos resistente, mais fraca e

contínua é chamada de matriz. A região existente entre a fase dispersa e matriz é

chamada de interface, sendo responsável pela adesão física e/ou química das

mesmas (Figura 2).

Figura 2- Fases de um material compósito (Fonte: Adaptado de Daniel e Ishai

1994).

Page 22: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

21

Daniel e Ishai (1994) definiram outros critérios para que o material possa ser

classificado como um compósito: ambas as fases devem estar presentes em

proporções mínimas de 5% e tanto a matriz, quanto a fase dispersa devem ter

propriedades diferentes. Ao contrário de Daniel e Ishai (1994) estudos recentes

demonstram que não se pode definir um percentual fixo para se classificar um

compósito, mas pode ser constituido de acordo com a necessidade de sua

demanda, com o percentual de fases na proporção ideal escolhida.

Segundo Kaw (2006), compósito é definido como um material estrutural

composto por dois ou mais constituintes não solúveis entre si, combinados em um

nível macroscópico, onde um dos constituintes é chamado de fase reforço, o qual se

apresenta geralmente em forma de fibras, partículas ou flocos, o outro, é disperso e

chamado de matriz, fase geralmente contínua. Callister (2014) define um compósito

como sendo qualquer material multifásico que exiba expressivamente as

propriedades das fases constituintes, tal que a resultante seja superior a estas.

Segundo Panzera (2012), um material compósito não deve necessariamente

apresentar todas as propriedades superiores às dos seus constituintes, pois outras

características de desempenho podem ser solicitadas como, por exemplo:

propriedades elétricas, térmicas, ópticas, químicas, magnéticas, físicas e mecânicas.

Os compósitos devem, portanto, serem projetados para uma determinada finalidade,

a fim de maximizar seu desempenho.

Redigir uma definição que abranja todos os tipos de compósitos é

extremamente complexa devido à grande quantidade de combinações possíveis

entre materiais de diferentes classes (metais, cerâmicas, polímeros etc). O

compósito estudado neste trabalho, por exemplo, apresenta algumas condições com

proporção inferior a 5% em uma das fases, característica que vai contra a definição

dada por Daniel e Ishai (1994).

Uma classificação universal oficial dos tipos de compósitos ainda é inexistente.

Alguns pesquisadores classificam os compósitos quanto a sua forma, processo, tipo

de matriz, tipo de reforço, dentre outros critérios (LIMA JÚNIOR, 2007). Segundo

Jones (1999) existem quatro tipos de materiais compósitos comumente aceitos:

1) Material compósito fibroso constituído por fibras em uma matriz;

2)Material compósito laminado formado por várias camadas de materiais;

3)Material compósito particulado composto por partículas em uma matriz;

Page 23: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

22

4)Material compósito híbrido formado pela combinação de dois ou mais tipos

de reforçadores.

Callister (2014) divide os materiais compósitos em três grupos principais e suas

subdivisões quanto ao tipo de matriz e ao tipo da fase dispersa. A Figura 3 exibe

esta classificação.

Figura 3- Esquema de classificação de compósitos segundo Callister (2014).

Daniel e Ishai (1994) classificam os compósitos constituídos de duas fases em

três amplas categorias (Figura 4), dependendo do tipo, geometria e orientação da

fase reforço, entre elas:

1)Compósitos particulados: Consiste de partículas de vários tamanhos e

formatos inseridas aleatoriamente em uma matriz.

2)Compósitos com fibras descontínuas ou Whiskers: contém pequenas fibras,

também chamadas whiskers, como fase reforçadora.

3)Compósitos com fibras contínuas: são reforçados por longas fibras e são

mais eficientes do ponto de vista de rigidez e resistência. As fibras contínuas

podem ser todas paralelas entre si (unidirecional), orientadas em certos

ângulos umas com as outras (crossply) e podem ser orientadas em variadas

direções (multidirecional).

Page 24: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

23

Figura 4 - Classificação dos materiais compósitos segundo Daniel e Ishai (1994).

Agarwal e Broutman (1990 apud LIMA JÚNIOR, 2007) classificaram os

materiais compósitos de acordo com o mecanismo de reforço, que depende

fortemente da geometria do mesmo (Figura 5). Dessa forma o autor agrupou

convenientemente os compósitos em dois grandes grupos: partícula e fibra, e seus

respectivos subgrupos, com diferentes mecanismos de reforço. Uma partícula pode

ser cúbica, esférica, tetragonal, escamada ou possuir qualquer outra forma regular

ou irregular. É possível fazer a aproximação dessas formas por abstrações

matemáticas, que se aproximam das formas citadas acima. Já a fibra é identificada

por seu comprimento ser muito maior que sua largura.

Page 25: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

24

Figura 5 - Classificação dos materiais compósitos segundo Agarwal e Broutman

(1990 apud LIMA JÚNIOR, 2007).

O processo de fabricação, o ângulo da fibra, a configuração do compósito, o

percentual de fibra, o tipo de resina, a presença de vazios, as formas de

carregamentos, o mecanismo de dano, a qualidade da interface, a presença de

condições adversas de umidade e temperatura e, principalmente, as propriedades

dos elementos constituintes são fatores que podem influenciar nas propriedades

mecânicas e no desempenho estrutural dos compósitos (MARGARIA e AQUINO,

1997; TAVARES e AQUINO, 1999; JOSEPH et al., 2002).

A interface fibra-matriz é responsável por transmitir os esforços de uma fase

para a outra. Por este motivo, uma forte adesão entre as fibras e a matriz é

desejada. Caso isso não ocorra, inevitavelmente o material ficará sujeito à

propagação de trincas em maiores escalas (SHACKELFORD, 1996; FU et al., 2008;

RATNA, 2009).

Page 26: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

25

Segundo Shackelford (1996), Fu et al. (2008) e Ratna (2009), a interação entre

os componentes na região interfacial depende efetivamente do grau de contato

(molhabilidade) das superfícies na interface e das forças coesivas (adesividade)

nesta região. A grande dificuldade é conseguir a combinação das diferentes

características químicas no processo de compatibilização entre os componentes do

compósito. Isto ocorre em razão das diferentes naturezas das ligações químicas

envolvidas e da diferença entre os coeficientes de expansão térmica. Portanto, a

qualidade da adesividade na interface acaba por se tornar um parâmetro bastante

complexo no desenvolvimento de compósitos.

De acordo com Ratna (2009), nos compósitos laminados, uma região de

interface adequada é aquela onde toda a região da extensão superficial da fibra é

devidamente “impregnada” ou “molhada” pela fase matriz.

2.2 Matrizes Poliméricas: termoplásticas e termorrígidas

Polímero é um composto químico de peso molecular elevado, formado por

muitas moléculas de tipos diferentes ou também por muitos monômeros que são

moléculas pequenas e iguais. Estas moléculas são unidas umas a outras por

ligações covalentes, resultantes de muitas reações de adição ou de condensação

(substituição) consecutivas (GUITIÁN, 1994; LEVY NETO e PARDINI, 2006).

Segundo Gorni (1995) a classificação conforme as características mecânicas

que decorre, na verdade, da configuração específica das moléculas do polímero,

talvez seja a mais importante. Sob este aspecto, os polímeros podem ser divididos

em termoplásticos e termorrígidos ou termofixos.

Segundo Ratna (2009) as matrizes poliméricas termoplásticas, como o nylon e

o polipropileno, se tornam dúcteis após o aquecimento, fundindo-se. Sob o efeito de

resfriamento se endurecem. Matrizes poliméricas termorrígidas, ou termofixas, são

aquelas em que a cura é uma reação irreversível, podendo ser feita pela ação do

calor e a utilização de catalisadores. O produto final sempre é um material infusível e

insolúvel. A Tabela 1 apresenta as principais características de polímeros

termoplásticos e termorrígidos.

Page 27: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

26

Tabela 1- Principais características de polímeros termoplásticos e termorrígidos

(LEVYNETO E PARDINI, 2006).

TERMOPLÁSTICOS TERMORRÍGIDOS

RECICLÁVEL MECANICAMENTE NÃO RECICLÁVEL MECANICAMENTE

TEMPO ILIMITADO DE ARMAZENAMENTO TEMPO LIMITADO DE ARMAZENAMENTO

ALTA VISCOSIDADE QUANDO FUNDIDO BAIXA VISCOSIDADE DURANTE O

PROCESSAMENTO

BAIXA RESISTÊNCIA À FLUÊNCIA ALTA RESISTÊNCIA À FLUÊNCIA

TEMPERATURA DE USO LIMITADA -----

ESTABILIDADE TÉRMICA E DIMENSIONAL ALTA RESISTÊNCIA TÉRMICA E DIMENSIONAL

2.2.1 Tipos de Resinas

As resinas são polímeros determinados segundo sua origem, podendo ser

naturais, semi-sintéticas e sintéticas. As resinas naturais são obtidas por meio de

fontes animais, vegetais e minerais, já as semi-sintéticas derivam de produtos

naturais, sofrendo modificação química. As resinas sintéticas são formadas através

de reações de adição e condensação. A resina epóxi, a poliuretana, e o poli (acetato

de vinila), são exemplos deste tipo de resina (MANO, 1999; RATNA, 2009).

Segundo Ratna (2009) as resinas termorrígidas mais usadas são os

poliésteres, poliuretanos, vinil-éster e resinas fenólicas; as quais são usadas

principalmente para formar compósitos reforçados com fibras. A Tabela 2 descreve

os tipos de resinas, propriedades e principais aplicações.

Page 28: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

27

Tabela 2-Tipos de Resinas, propriedades e principais aplicações.

Tipos de Resina Propriedades Aplicações

Resinas Fenólicas Boa resistência, estabilidade térmica, e resistência ao impacto, resistência

à corrosão de produtos químicos

Moldes, componentes elétricos,

cimentos adesivos

Resina Poliéster** Moldável e resistência ao calor Reparação de Skis e

pranchas de surf, Joalheria e acessórios decorativos

Alquidico, esmalte sintético

Resinas de baixo custo e com baixa resistência química. Excelentes

propriedades térmicas e elétricas

Isolamento térmico, componentes eletrónicos

Resinas Policarbonatos

Alto índice de refração, resistente a manchas e à infiltração

Capacetes de segurança, lentes, filme fotográfico,

isoladores

Resinas Poliamidas Fácil moldagem, forte e durável, boa

resistência à abrasão, boa resistência química

Pneus, pulseiras de relógio, Acondicionamento, suturas

Resina poliamida aromática

Resistência a alta temperatura Reforço de matrizes

orgânicas

Poliuretanos

Extrema versatilidade quando combinado com outras resinas, boas

propriedades físicas, químicas e elétricas

Isolamento, adesivos, revestimento de roupas

Resina Epóxi Excelente adesão

Utilizada em aplicações industriais, com excelentes

propriedades físicas e químicas

** Resina utilizada no trabalho

2.2.2 Poliéster

As resinas de poliéster fazem parte de um grupo de polímeros formados pela

reação de ácidos orgânicos dicarboxílicos e glicóis, que, quando reagem, dão

origem a moléculas de cadeias longas lineares (Figura 6). A resina é dita insaturada

se um ou ambos os constituintes são insaturados e a reação de síntese da resina é

uma reação de polimerização por condensação em etapas, formando um éster e

água (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

Page 29: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

28

Figura 6- Representação química da resina poliéster (Fonte: LEVY NETO e

PARDINI, 2006).

As resinas de poliéster são fornecidas ao moldador na forma de um líquido

viscoso e se transformam em um sólido infusível por meio de uma reação de

reticulação ou cura. Entretanto, essa cura se processaria muito lentamente, porque

as moléculas que constituem a resina de poliéster têm pequena mobilidade. De

forma a acelerar a cura, pode-se usar aquecimento da resina ou mesmo a adição de

um catalisador (peróxidode metil-etil-cetona + nafteno cobalto ou dimetilanilina)

quebrando as duplas ligações (insaturações).

Como há um grande número de ácidos e glicóis disponíveis, há possibilidade

desses obterem diferentes tipos de resinas. Os mais comuns são: ácidos saturados

(ácido ortoftálico e isoftálico), que são mais tenazes; ácidos insaturados (ácido

maléico), possuindo muitas ligações duplas; e glicóis (etileno-glicol e propileno-

glicol) que afetam a tenacidade do polímero curado (LEVY NETO e PARDINI, 2006).

Essas resinas são quimicamente compatíveis com a maioria dos substratos e

exibem boa molhabilidade superficial, justamente pelos grupos polares, o que

minimiza problemas relativos à interface resina/reforço (RUSHING, THOMPSON e

CASSIDY, 1994).

A resina poliéster líquida possui baixa viscosidade, o que facilita o manuseio.

Com agentes de cura apropriados rapidamente se convertem à fase termofixa.

Podem ser curadas rapidamente na faixa entre 5ºC a 150ºC, dependendo do agente

utilizado. Além disso, possuem baixa contração durante a cura (aproximadamente

3%) por não liberarem água. Depois de curadas, possuem boa resistência a

reagentes cáusticos. Este fato favorece a utilização em inúmeras aplicações

principalmente em compósitos fibrosos (NASCIMENTO, 2009).

Page 30: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

29

A aplicação das resinas é muito ampla, como na fabricação de pisos

industriais, pranchas de surfe, tintas anticorrosivas, pintura em pó, que a utilizam

como base, entre tantas outras (NASCIMENTO, 2009).

O custo da resina poliéster chega a ser quase 1/3 quando comparado à resina

epóxi. Neste contexto, a resina poliéster mostra-se adequada à busca de um

material compósito de baixo custo e sustentável, juntamente com a incorporação de

fibras de garrafas PET reutilizadas e partículas de sílica.

2.3 Fases dispersas – reforços fibrosos e particulados

A fibra pode ser qualquer estrutura filamentosa, geralmente sob a forma de

feixe, encontrada nos tecidos animais e vegetais ou em algumas substâncias

minerais. Elas também podem ser obtidas ou produzidas artificialmente por meio de

síntese química (ALBANO et a.l, 2009). São elementos filiformes que apresentam

elevado comprimento em relação à dimensão transversal máxima (GONÇALVES e

FORNARI, 2012).

Dentre as fibras sintéticas, as mais comuns e utilizadas em compósitos são as

fibras de vidro, aramida e fibra de carbono. Segundo Callister (2014) um dos

compósitos mais comuns é o de fibra de vidro, onde pequenas fibras de vidro são

envolvidas com materiais poliméricos, normalmente com epóxi ou poliéster.

Segundo o autor, as fibras de vidro são relativamente fortes e rígidas. Uma

desvantagem é sua fragilidade, o que é compensado pela flexibilidade da matriz

polimérica. Além disso, a fibra de vidro também apresenta baixa densidade.

As fibras de aramida (poliparafenileno de tereftalamida) foram primeiramente

desenvolvidas pela DuPontCo em 1968 sob o nome comercial Kevlar®, sendo

produzido comercialmente na década de 70 como um substituto ao aço em algumas

aplicações. Caracterizadas por possuírem uma elevada resistência mecânica, alta

estabilidade dimensional, módulo de elasticidade relativamente alto e uma baixa

densidade (em relação às fibras de carbono e vidro), é muito empregada atualmente

como reforço em compósitos de alto desempenho (NOSSA, 2011).

As fibras de carbono têm merecido destaque em muitos grupos de pesquisa

devido às suas características peculiares, entre elas, a baixa densidade associada a

uma alta resistência mecânica. Segundo Callister (2014) esses materiais são mais

resistentes e fortes que os materiais reforçados com fibra de vidro, mas também

Page 31: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

30

mais caros. Normalmente esses compósitos são usados em aplicações

aeroespaciais e em equipamentos esportivos de alta tecnologia. A Tabela 3 mostra

as características de alguns tipos de fibras.

Tabela 3 - Valores de resistência mecânica e módulo de elasticidade de diversos

tipos de fibra (BENTUR e MINDESS, 1990).

Material da

fibra

Diâmetro

(µm)

Densidade

(g/cm3)

Módulo de

elasticidade

(GPa)

Resistência à

tração (GPa)

Deformação na

Ruptura (%)

Carbono 9 1,9 230 2,6 1,0

Kevlar 10 1,45 65-133 3,6 2,1-4,0

Náilon 1,1 4,0 0,9 13-15

Poliéster** 11-28 1,4 8-17 0,8-1,1 10-30

Polietileno - 0,96 5,0 200-300 -

Polipropileno 20-200 0,9 5-7,7 0,5-0,75 8,0

Sisal 10-50 1-50 0,8 3,0

Vidro 9-15 2,60 70-80 2-4 2-3,5

**Fibra de PET

Segundo Matthews e Rawlings (1994) o fato de possuir comprimento muito

maior que a sua dimensão na secção transversal é o que caracteriza um reforço

fibroso. No entanto, a razão de aspecto (L/d), que nada mais é que a relação entre o

comprimento e o diâmetro, pode variar consideravelmente. Quando o objetivo

principal é o aumento da resistência, o reforço fibroso deve ter alta razão de

aspecto, possibilitando que a carga seja transferida através da interface, o reforço

deve ser o componente mais forte e consequentemente possuir módulo elástico

maior que o da matriz.

As fibras não impedem a formação de fissuras no compósito, mas são

capazes de aumentar a resistência à tração pelo controle da propagação das

fissuras (SPECHT, 2000). Acredita-se que as fibras mantêm as interfaces das

fissuras juntas, beneficiando as propriedades mecânicas no estado pós-fissuração,

ou seja, aumentando a ductilidade. As fibras que “atravessam” as fissuras

contribuem para o aumento da resistência, da deformação de ruptura e da

tenacidade dos compósitos.

Page 32: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

31

Specht (2000) sumariza os principais parâmetros relacionados com o

desempenho dos materiais compósitos:

Teor de fibra. Um alto teor de fibras confere maior resistência pós-fissuração e

menor dimensão das fissuras.

Módulo de elasticidade da fibra. Um alto valor do módulo de elasticidade

causaria um efeito similar ao teor de fibra, mas, na prática, quanto maior o

módulo, maior a probabilidade de haver o arrancamento das fibras.

Aderência entre a fibra e a matriz. As características de resistência, deformação

e padrões de ruptura de uma grande variedade de compósitos cimentados

reforçados com fibras dependem fundamentalmente da aderência fibra/matriz.

Uma alta aderência entre a fibra e a matriz reduz o tamanho das fissuras e

amplia sua distribuição pelo compósito.

Resistência da fibra. Aumentando a resistência das fibras, aumenta, também, a

ductilidade do compósito, assumindo que não ocorra o rompimento das ligações

de aderência. A resistência necessária para uma fibra dependerá, na prática,

das características pós-fissuração necessárias, bem como do teor de fibra e das

propriedades de aderência fibra-matriz.

Comprimento da fibra. Quanto maior for o comprimento das fibras, menor será a

possibilidade de elas serem arrancadas. Para uma dada tensão de

cisalhamento superficial aplicada à fibra, esta será mais bem utilizada se o seu

comprimento for suficientemente capaz de permitir que a tensão cisalhante

desenvolva uma tensão de tração igual à sua resistência à tração.

Para Daniel e Ishai (1994), o aumento do módulo de rigidez e da resistência

mecânica do polímero são os principais efeitos da incorporação de fibras de reforço

numa matriz polimérica. A “Regra da Mistura” é utilizada para fazer uma estimativa

aproximada do módulo elástico longitudinal do composto, quando se trabalha com

reforços de fibras longas ou contínuas, levando em conta a direção paralela às fibras

dadas, assim como expressa a Equação 1.

(1)

Onde , e são respectivamente os módulos do compósito, da fibra e da

matriz e é a fração volumétrica da fibra (CHAWLA, 1998 e JONES, 1999). Ainda

Page 33: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

32

de acordo com Chawla (1998) e Jones (1999), a equação acima é utilizada para

compósitos de fibras longas unidirecionais onde exista a perfeita adesão entre os

componentes que formam o compósito. As seções planas do compósito

permanecem iguais após a deformação, exibindo um comportamento elástico linear

até a ruptura.

Segundo Kleba e Zabold (2004), as fibras são flexíveis, macroscopicamente

homogêneas, com alta relação entre comprimento e seção transversal, podendo ser

sintéticas ou naturais, dispostas de forma continua ou descontinua, além de

apresentarem uma variedade de formas como tecidos e mantas de diferentes

arquiteturas. As propriedades físicas de uma fibra dependem de sua estrutura

química e cada uma tem seu próprio aspecto quando analisada e submetida ao

microscópio. Os compósitos reforçados por fibras contínuas normalmente

apresentam melhor resistência mecânica do que os compósitos reforçados por fibras

descontínuas e o critério decisivo para a escolha do tipo adequado de fibra é o seu

módulo de elasticidade.

Quanto às fibras, um tratamento superficial se torna essencial para prevenir a

abrasão entre os filamentos e reduzir o atrito estático, facilitando a junção dos

filamentos formando assim o fio (GAY, HOA e TSAI, 2003).

A melhoria do desempenho mecânico de compósitos poliméricos tem sido o

foco de inúmeras pesquisas que investigam a adição de partículas e minerais

cerâmicos na fase matriz. Há na literatura diversos estudos envolvendo a adição de

partículas em compósitos fabricados com resinas e fibras. Estes compósitos são

muito estudados devido à baixa viscosidade e ao estado líquido das resinas antes a

da adição do catalisador, facilitando o processo de mistura das partículas, além de

ter aplicação difundida nas indústrias aeronáutica e aeroespacial. Os compósitos

com fibra de vidro são largamente estudados pelo fato da fibra de vidro apresentar

melhor relação custo/resistência mecânica, em relação às fibras de carbono e

aramida.

Rosso et al. (2006) avaliaram a resistência mecânica da matriz ao adicionar

5% em volume de partículas de sílica. Foi observado que a adição de sílica foi capaz

de aumentar a rigidez e a tenacidade da fase matriz. O módulo de elasticidade

aumentou 20% e a tenacidade à fratura aumentou 70% com a adição de sílica.

Cao e Cameron (2006) investigaram a modificação da superfície da fibra de

vidro com a adição de partículas de sílica, avaliando a resistência ao impacto dos

Page 34: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

33

compósitos. O efeito significativo das partículas de sílica na resistência mecânica

final dos compósitos foi obtido por meio de um pré-tensionamento das fibras durante

o processo de cura.

Foi observado que a trinca é nucleada na matriz e se propaga tangenciando a

superfície da fibra, delaminando o compósito. Ao encontrar a partícula em seu

caminho a trinca não consegue rompê-la devido à resistência extremamente alta da

mesma. Um esforço adicional é então requerido para que a trinca possa se propagar

por meio da interface fibra/partícula ou da interface mais longa entre partícula/matriz.

Este esforço adicional resulta em menor velocidade de propagação da trinca e

aumento da resistência mecânica final do compósito.

2.3.1 Politereftalato de etileno (PET)

O Politereftalato de etileno, ou, simplesmente PET, é um polímero

termoplástico da família dos poliésteres. Embora seja muito conhecido hoje

atravésdas garrafas plásticas, o material iniciou sua trajetória na indústria têxtil. A

primeira amostra da resina foi desenvolvida pelos ingleses Whinfield e Dickson, em

1941.

Após a Segunda Grande Guerra, o desabastecimento afetou também a

Indústria têxtil da época, ainda baseada em fibras como algodão, linho, lã, entre

outras. Assim, as pesquisas que levaram à produção em larga escala do poliéster

começaram logo após a Segunda Grande Guerra nos EUA e Europa e baseavam-se

nas aplicações têxteis. A ideia era criar alternativas viáveis para as fibras até então

usadas, cujos campos estavam destruídos pela guerra. O poliéster apresentou-se

como um excelente substituto para o algodão, função que cumpre muito bem até

hoje, inclusive a partir das garrafas recicladas. O PET continuou a ser desenvolvido

e novas aplicações foram surgindo. Sua resistência mecânica foi comprovada

quando o poliéster passou a ser utilizado na indústria de pneus, em 1962 (ABIPET,

2015).

As garrafas de PET (Figura 7) só começaram a ser fabricadas na década de

1970, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio ambiente. No

começo dos anos 1980, EUA e Canadá iniciaram a coleta dessas garrafas,

reciclando-as inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Com a melhoria da

qualidade do PET reciclado, surgiram aplicações importantes, como tecidos, lâminas

Page 35: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

34

e garrafas para produtos não alimentícios. Mais tarde, na década de 1990, o

governo americano autorizou o uso deste material reciclado em embalagens de

alimentos (CEMPRE 2015).

Figura 7 - Modelos de garrafas PET.

O PET chegou ao Brasil em 1988 e seguiu uma trajetória semelhante ao resto

do mundo, sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil. Apenas a partir de 1993

passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, notadamente para os

refrigerantes (ABIPET, 2015).

O PET proporciona alta resistência mecânica (impacto) e química, suportando

o contato com agentes agressivos. Possui excelente barreira para gases e odores,

sendo capaz de conter os mais diversos produtos com total higiene e segurança

para o produto e para o consumidor. A embalagem de PET tem mostrado ser o

material ideal para recipientes na indústria de bebidas em todo o mundo,

reduzindocustos de transporte e produção, evitando desperdícios em todas as fases

de fabricação e distribuição (ABIPET, 2015).

2.3.2 Sílica

De acordo com Kulcsar et al. (1995), a sílica (SiO2) é um mineral muito duro e

abundante, pois é encontrada nas areias e na maioria das rochas. Encontra-se a

sílica na forma cristalina, tais como o quartzo, a tridimita, a cristobalita e a trípoli, ou

na forma amorfa como a sílica gel ou a sílica coloidal.

As rochas que dão origem às areias silicosas são os arenitos e quartzitos, que

são transformados ao longo dos tempos geológicos, originando os depósitos de

Page 36: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

35

areia ou formações de quartzito e o sílex, que possui estrutura amorfa e geralmente

possui menor pureza que os minerais anteriores (PANZERA et al., 2008).

De acordo com Muchon (1986), a forma, dimensão e distribuição

granulométrica da sílica são determinadas por características geométricas dos grãos

de areia por meio de exame via microscópio estereoscópio ou uma lupa. Quanto à

sua forma, os grãos de areia podem ser classificados como arredondados,

subangulares ou angulares, como ilustrado na Figura 8.

Figura 8 - Formas características de grãos de areias silicosas (MUCHON, 1986).

As propriedades físico-mecânicas da partícula de sílicaobtidas pelo programa

de seleção de materiais Cambridge Engineering Selector (CES-4) são apresentadas

na Tabela 4.

Arredondados Subangulares Angulares

Page 37: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

36

Tabela 4 - Propriedades físico-mecânicas da partícula de sílica.

Propriedades Gerais Unidades Limite Inferior Limite Superior

Densidade Mg/m³ 2,17 2,22

Conteúdo de Energia MJ/kg 38 45

Propriedades Mecânicas Unidades Limite Inferior Limite Superior

Módulo de Elasticidade GPa 56 74

Módulo de Cisalhamento GPa 27,9 32,3

Coeficiente de Poisson ------ 0,15 0,19

Limite de Elasticidade MPa 45 155

Resistência à Tração MPa 45 155

Resistência à Compressão MPa 1100 1600

Resistência à Fratura MPa/m² 0,6 0,8

Fonte: CES-4

2.4 Compósitos Híbridos

A partir do avanço tecnológico e necessidade social muitos autores, nos

ultimos anos, estão aprofundando os estudos sobre os compósitos híbridos. Os

compósitos são denominados híbridos quando são constituídos de combinações de

vários tipos de reforço, combinando fibras e partículas no mesmo material ou ainda

combinando mais de um tipo de fibra ou de partícula no mesmo material

(MATTHEWS e RAWLINGS, 1994; ZHENG, NING e ZHENG, 2005; CAO e

CAMERON, 2006; CALLISTER, 2007; OLIVEIRA, 2007; TSAI e CHENG, 2009).

De acordo com Cao e Cameron (2006), um compósito híbrido representa uma

alternativa para melhorar o desempenho dos compósitos. Segundo os autores,

diversos estudos têm sido reportados envolvendo a fabricação de compósitos

híbridos de matriz polimérica reforçada com fibras e nano/micro partículas de

minerais cerâmicos e esses compósitos vêm se tornando cada vez mais populares

devido à melhoria das propriedades mecânicas alcançadas.

Page 38: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

37

Vários trabalhos reportam que a fibra de vidro tem um bom efeito de reforço

quando associadas com outro reforço, seja particulado ou fibroso (MOHAN e

KISHORE, 1985).

A adição de partículas de elevada rigidez no polímero, permite que o mesmo

tenha um ganho nas propriedades mecânicas como: durabilidade, resistência à

fadiga, tração, flexão, compressão, aumento do módulo de elasticidade e rigidez do

compósito e algumas vezes aumento da tenacidade juntamente com a melhora da

resistência ao impacto do compósito (ZATTERA, 2004; FU et al., 2008; PETHRICK,

MILLER e RHONEY, 2009).

Segundo Abot et al. (2008), materiais compósitos são projetados para suportar

cargas no sentido longitudinal das fibras. Uma solicitação mecânica direta no

material faz surgir tensões interlaminares que provocam fissuras e se propagam ao

longo dos planos de cada camada, levando o material à fratura, sendo essas

tensões ocasionadas principalmente pela falha das fibras no sentido transversal ao

laminado, direção em que o polímero exibe baixa rigidez. Como solução, os autores

propuseram um material composto laminado de fibra de carbono reforçado com

nanotubos na região interlaminar exibindo uma resistência mecânica ao

cisalhamento superior ao compósito de fibra pura.

Entretanto, a inclusão de partículas se torna efetiva para outras fibras além da

fibra de carbono. Rosso et al. (2006) relataram que a inclusão de 11% em massa de

nanopartículas de sílica incrementam as propriedades mecânica dos compósitos de

fibra de vidro como módulo de elasticidade e resistência à fratura.

Manjunatha et al. (2008) evidenciam um aumento na resistência à fadiga de

laminados de fibra de vidro com adição de 10% em massa de nanopartículas de

sílica. As observações gerais dos autores são de que as matrizes modificadas são

as principais razões para o aumento observado da vida em fadiga.

Segundo Daud et al. (2009), compósitos de fibra de vidro com diferentes

frações em massa de silicatos em proporções inferiores a 5% em massa na matriz

polimérica demonstram melhorias de aproximadamente 30% sobre a resistência à

flexão bem como a resistência à compressão. Este ganho foi atribuído ao elevado

fator de rigidez dos silicatos nano estruturados.

Uddin e Sun (2008) reportaram melhorias nas propriedades de flexão e tração

de compósitos fibrosos de vidro com a adição de nanopartículas de sílica. Segundo

Page 39: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

38

Tsai e Cheng (2009), esta ligação pode ser associada à redução do início e

propagação de fraturas que levam o material à ruptura.

O fenômeno de incremento na propriedade mecânica de compressão de

compósitos de fibras de vidro foi atribuído por Tsai e Cheng (2009) ao aumento da

ligação interfacial entre as fibras e a matriz epóxi causado pela adição de

nanopartículas de sílica (40%). Ainda de acordo com os autores, o desempenho de

fadiga e fratura interlaminar é efetivamente incrementado com a adição de nano

sílica em compósitos epoxídicos de fibra de vidro, podendo-se aumentar de três a

quatro vezes a vida em fadiga do compósito de fibra de vidro com a adição de 10%

em massa de nanopartículas de sílica à fase matriz. A taxa de propagação de trincas

e ruptura da matriz é reduzida pelas nanopartículas, contribuindo para a maior vida e

resistência à fadiga dos compósitos (MANJUNATHA et al., 2010).

Não somente nanopartículas incrementam as propriedades dos laminados.

Como demonstrado por Silva et al. (2012) e Santos et al. (2012), micropartículas de

sílica e carbeto de silício promoveram um aumento das propriedades mecânicas de

flexão dos compósitos de fibra de sisal e vidro, respectivamente.

Como demonstrado nos trabalhos discriminados e confirmados pelas

especulações de Fu et al. (2008), para ganho de propriedades mecânicas dos

polímeros, basta adicionar partículas que possuam rigidez superior aos da própria

fase polimérica.

Contudo, a inclusão de partículas reforçadoras em compósitos laminados e seu

comportamento depende da interação física e química da fase dispersa com a fase

matriz. Esta adesão pode ser afetada pelas características físicas e químicas das

partículas, como por exemplo: tamanho, porosidade, rugosidade superficial e

afinidade química (SAVCHUK e KOSTORNOV, 2010).

2.5 Estudos realizados em compósitos com PET

Estudos para utilização de resíduos de PET como matéria-prima vêm sendo

desenvolvidos como solução para os problemas da escassez de agregados naturais

e destino dos resíduos não biodegradáveis em muitos países.

Soncim e Junior (2004) reportaram sobre o emprego do resíduo da reciclagem

de garrafas PET como agregado em reforço de subleitos de rodovias. Após correção

granulométrica de solos não recomendados para tais obras e acréscimo de 30% em

Page 40: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

39

peso de partículas de PET, a classificação dos solos estudados foi recomendada

para a execução de subleitos rodoviários, de acordo com o instituto que regulamenta

e classifica características de solos para obras rodoviárias. A construção civil tem

sido nos últimos anos, um importante mercado dentre todos os atendidos pela

indústria plástica (RODRIGUES et al., 2008).

Kim e YI (2010) investigaram a adição de resíduos de PET no concreto

estrutural. O trabalho comparou o desempenho do concreto reforçado com fibras de

PET e com fibras de polipropileno em fraçõesem volume de fibra de 0,5%, 0,75% e

1,0%. Testes foram realizados para medição das seguintes propriedades: resistência

à compressão e à flexão, módulo de elasticidade, deformação devido à retração de

secagem e tenacidade. Em relação ao desempenho do elemento estrutural, a

resistência máxima e a tenacidade relativa de vigas de concreto reforçado com

fibras de PET foram consideravelmente maiores do que o concreto sem reforço de

fibra.

Oliveira e Gomes (2011) investigaram a utilização de PET reciclado como

fibras de reforço em argamassa. A investigação foi realizada em amostras com

diferentes volumes de fibras (0%, 0,5%, 1,0% e 1,5%), sendo medidas as

propriedades mecânicas como flexão, resistência à compressão e tenacidade. Os

resultados indicaram que a incorporação de fibras de PET melhorou

significativamente a resistência à flexão. O volume máximo de fibra de PET para

uma trabalhabilidade desejada foi de 1,5%. Concluiu-se que a densidade da

argamassa endurecida não é significativamente alterada pela incorporação de fibras

de PET nos volumes e tamanhos estudados. A incorporação de fibras de PET não

alterou significativamente a magnitude da resistência à compressão. A incorporação

de fibra de PET na argamassa aumentou a resistência à flexão de cerca de 100%

em sete dias, 30% em 28 dias e da ordem de 50% em 63 dias. O volume de fibras

de PET de 1,5% é o volume ideal para o melhor desempenho da argamassa. Estes

resultados são indicativos do bom desempenho das fibras e promove, em parte, a

reciclagem de embalagens PET.

Leporate et al. (2012) investigaram o efeito da adição de fibras de garrafa PET

e partículas de sílica em compósitos poliméricos de matriz epóxi. O estudo teve a

comparação entre 30% e 50% de volume de fibra, largura da fibra entre 2 mm e 4

mm e adição de sílica. A condição experimental constituída de 30% de fibras de

Page 41: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

40

PET, com 4 mm de largura da fibra e adição de sílica exibiu melhor desempenho

mecânico.

Gonçalves e Fornari (2012) investigaram a adição de partículas de PET em

matriz poliéster, com 5 e 10% de PET nas granulometrias de 40, 60 e 80 mesh. O

comportamento mecânico dos compósitos foi avaliado por meio de testes de flexão

em três pontos. Os resultados mostraram um aumento gradual no módulo de

elasticidade com o aumento do percentual de PET nas menores granulometrias,

resultando na redução significativa da deformação em relação à fase matriz.

2.6 Planejamento fatorial de experimentos

Segundo Montgomery e Runger (2003), planejamentos fatoriais são

freqüentemente usados nos experimentos envolvendo vários fatores em que é

necessário estudar o efeito conjunto dos fatores sobre uma resposta, pois será a

única maneira de descobrir interações entre variáveis.

Em decorrência das necessidades da sociedade moderna, a pesquisa científica

tem promovido grandes avanços em todos os campos da ciência, gerando uma

gama crescente de dados e informações, sendo que para a devida exploração e o

correto entendimento, a aplicação de ferramentas estatísticas torna-se indispensável

(MONTGOMERY E RUNGER, 2003).

Dentre os diversos tipos de planejamento experimental, os sistemas de

planejamento fatorial destacam-se, pois permitem avaliar simultaneamente o efeito

de um grande número de variáveis, a partir de um número reduzido de ensaios

experimentais, quando comparados aos processos univariados (MONTGOMERY E

RUNGER, 2003).

O planejamento de experimentos, do inglês Design of Experiment (DOE),

representa um conjunto de ferramentas estatísticas que permite determinar a

influência de diversas variáveis nos resultados de um dado sistema ou processo.

Button (2005) destaca alguns benefícios da utilização das técnicas estatísticas de

planejamento experimental:

Redução do número de ensaios sem prejuízo da qualidade da informação;

Estudo simultâneo de diversas variáveis, separando seus efeitos;

Determinação da confiabilidade dos resultados;

Realização da pesquisa em etapas;

Page 42: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

41

Seleção das variáveis que influem num processo com número reduzido de

ensaios;

Representação do processo estudado através de expressões matemáticas;

Elaboração de conclusões a partir de resultados qualitativos.

Page 43: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

42

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo abordará os materiais e procedimentos experimentais adotados

neste trabalho.

3.1 Seleção das variáveis respostas

Os fatores experimentais investigados neste trabalho foram largura das fibras

de garrafa PET, orientação das fibras e adição de sílica. As variáveis respostas

foram: densidade aparente, resistência e módulo à flexão e resistência ao impacto.

3.2 Escolha dos fatores experimentais e seus níveis

Os fatores e níveis experimentais foram selecionados com base nos estudos

de artigos sobre o tema e nos objetivos deste projeto. Este trabalho identificou quais

fatores e níveis apresentam efeitos significativos sobre as variáveis respostas

selecionadas. Como fatores passíveis de serem controlados foram escolhidos:

largura da fibra, orientação das fibras e adição de sílica. Os fatores mantidos

constantes no experimento foram: tempo de mistura (5 min), tempo de vibração para

redução de bolhas (2 min) e tempo de cura (7 dias).

Os três fatores foram investigados em dois níveis cada, são eles: largura das

fibras (5 mm e 7,5 mm), orientação das fibras (unidirecional (0o) e bidirecional (90o))e

adição de partículas de sílica (0% e 10% em volume) (ver Tabela 5). O planejamento

fatorial completo foi adotado, isto é, os experimentos foram realizados em todas as

combinações dos níveis e fatores possíveis. O planejamento fatorial é o tipo 23

fornecendo oito (8) condições experimentais (Tabela 6).

Page 44: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

43

Tabela 5- Fatores e nívels do experimento23.

Fatores do experimento Níveis

Largura da Fibra (mm) 5

7,5

Orientação das fibras (o) 0

0/90

Adição de Sílica (% em

massa)

0

10

Tabela 6 - Condições experimentais.

Condições Largura da Fibra (mm)

Orientação da Fibra (o)

Adição de Sílica (wt%)

C1 5 0 0

C2 5 0 10

C3 5 0/90 0

C4 5 0/90 10

C5 7,5 0 0

C6 7,5 0 10

C7 7,5 0/90 0

C8 7,5 0/90 10

A fração volumétrica de fibra de PET em relação à fase matriz para cada

condição experimental está apresentada na Tabela 7. A adição de micro partículas

de sílica na resina foi realizada utilizando a fração volumétrica de 10%, determinada

pelos testes preliminares de compressão mecânica. Ensaios de flexão em três

pontos foram também realizados com amostras de poliéster contendo sílica.

Page 45: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

44

Tabela7 - Fração de Fibras (%).

Condições Experimentais

(vol%)

C1 2,58

C2 2,47

C3 5,02

C4 4,82

C5 3,23

C6 3,09

C7 6,25

C8 6,00

O software estatístico Minitab® (versão 17) foi utilizado para efetuar a análise

estatística dos resultados obtidos para os compósitos em estudo. As ferramentas

DOE e a Análise de variância (ANOVA) foram utilizadas para identificação dos

efeitos de fatores principais e interações sobre as variáveis respostas de interesse.

3.3 Materiais utilizados

3.3.1 Fibra de PET

As fibras de garrafa PET foram obtidas por meio de uma máquina de corte (ver

Figura 9ª )existente na Comunidade Terapêutica “ELE CLAMA” na cidade de

Contagem, Minas Gerais. Esta instituição trabalha com a recuperação de

dependentes químicos, os quais estão envolvidos com o processo de reciclagem de

garrafas PET para obtenção de renda e reintegração social. As fibras transparentes

foram obtidas a partir do mesmo modelo de garrafa PET (Figura 9b), neste caso

“Fanta”. Somente a parte central da garrafa foi utilizada (Figura 9c), pois a parte

superior apresenta ondulações que poderiam afetar a padronização dos testes, e o

fundo é descartado no corte. O material da garrafa PET possui a densidade de

aproximadamente 1,38 g/cm3 (DIAS et al., 2004).

Page 46: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

45

(a) (b) (c)

Figura 9-(a) Corte da fibra de PET (b) fibras de PET e (c) Parte da PET utilizada.

A Figura 10 mostra o aspecto superficial da fibra de PET observado pelo

microscópio eletrônico de varredura. O equipamento utilizado foi da marca Hitachi,

modelo TM 3000, com ampliações de 500x (Figura 10a) e 1500x (Figura 10b) em

uma fibra de 5 mm e tensão de aceleração de 20kV, utilizando modo de elétrons

retroespalhado. Este equipamento se encontra no laboratório de Engenharia

Mecânica do Centro Universitário Belo Horizonte (UNI-BH).

(a) (b)

Figura 10 - Microscopia Eletrônica de Varredura da fibra de PET de 5mm de

largura: (a) aumento em 500x, (b) aumento em 1500x.

3.3.2 Molde

Um molde em madeira foi desenvolvido (Figura 11a) para que as fibras de PET

pudessem ser trançadas de forma unidirecional e bidirecional (Figura 11b), e facilitar

o processo de laminação. As fibras foram pré-tensionadas e fixadas no molde

formando um tecido rígido (Figura 11c-d). O molde foi projetado para ter um espaço

de 2 mm entre o fundo e as fibras, de forma que as mesmas fiquem posicionadas na

linha neutra da viga (Figura 12) e o espaçamento entre as fibras foi constante em 2

mm (Figura 12), obtendo um compósito dinamicamente balanceado, ou seja, toda a

Page 47: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

46

distribuição de massa com o momento de inércia simétrico (PANZERA, 2012) . O

molde permite a fabricação de um compósito com4 mm de espessura, 200 mm de

largura e 200 mm de comprimento.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 11- (a) Molde em madeira (b) posicionamento das fibras (c) fibras

unidirecionais e (d) fibras bidirecionais.

Figura 12 - Ilustração do processo de fabricação utilizando o molde.

Page 48: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

47

3.3.3 Fase matriz

A fase matriz de poliéster insaturado e o agente de cura Catalisador MeK foram

fornecidos pela empresa Casa da Resina e do Silicone Comércio Ltda em Belo

Horizonte (Minas Gerais) (Figura 13). A proporção utilizada de resina/endurecedor

seguiu as recomendaçõesdo fabricante em proporção mássica de 100 partes de

resina para 1 parte de catalisador.

Figura 13 - Resina Poliéster e Catalisador MeK.

3.3.4Adição de sílica

As partículas de sílica cristalina foram fornecidas pela Empresa Moinhos Gerais

Ltda (Minas Gerais) em sacos de 50 kg. As partículas foram aquecidas para

secagem em estufa durante 72 horas em temperatura constante de 80ºC, resfriadas

em dissecador com silica gel, e posteriormente peneiradas nas faixas

granulométricas entre 325 e 400 US – Tyler (Figura 14a). Em seguida, as partículas

classificadas foram pesadas e adicionadas à fase matriz (Figura 14b).

Page 49: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

48

(a) (b)

Figura 14 - Partículas de sílica 325 a 400 US Tyler (a) e mistura com a resina (b).

3.4 Estudo preliminar para obtenção da porcentagem de micro partículas de

sílica na fase matriz via ensaio de compressão

A caracterização da fase matriz foi realizada via ensaio de compressão

contendo resina poliéstersem e com adição em massade 2,5%, 5%, 7,5%, 10%e

12,5% de micropartículas de sílica (ver Figura 15).

Figura 15 - Corpos de prova para ensaio de compressão.

Os corpos de prova cilíndricos de dimensões 40 mm de altura e 20 mm de

diâmetroforam preparados utilizando-se canos de PVC (Figura 16a-b). Os métodos

de ensaios bem como as dimensões e número dos corpos de prova para cada

condição (3) seguiram a norma ASTM 695a (2010). A cura do polímero foi realizada

à temperatura ambiente. Após o período de sete dias, os corpos de prova foram

desmoldados e cortados a fim de garantir o paralelismo necessário para o ensaio de

compressão (Figura 16c).

Page 50: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

49

(a) (b) (c)

Figura 16 - Fôrma de cano PVC para confecção dos corpos de prova (a-b) e ensaio

de compressão (c).

Os resultados revelaram que a adição de 10% em massa de partícula resultou

no melhor resultado no parâmetro módulo de elasticidade, sendo esta porcentagem

utilizada para a fabricação dos compósitos híbridos.

3.5 Processo de fabricação – Compósito Híbrido

O processo de fabricação utilizado para a confecção doscorpos de prova foi

baseado na moldagem manual HandLay-up (VISON e SIERAKOWSKI, 2002), com

as devidas adaptações. Após o vazamento da resina no molde, o conjunto foi

vibrado por 2 minutos para a redução de bolhas.

O compósito foi obtido no formato de placa (200 mm x 200 mm x 5mm),

constituída por uma (1) camada de fibras de PET quando unidirecionais e duas (2)

camadas quando bidirecionais, considerando a variação da largura da PET de 5 mm

e 7,5 mm, e a adição de 10% de sílica (Figura 17). O percentual de fibra em relação

à matriz foi exibido na Tabela 6. Cabe ressaltar, que os experimentos foram

replicados a fim de atender as exigências da análise estatística fatorial de

experimentos, totalizando 160 corpos de prova. As fibras de PET foram adicionadas

na linha neutra, contribuindo para suportar tensões cisalhantes nesta região.

Page 51: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

50

Figura 17 - Placas do compósito obtidas após a retirada do molde.

As placas ainda dentro do molde foram inicialmente curadas por 24 horas em

temperatura ambiente (23ºC), posteriormente os corpos de prova foram sacados e

mantidos em estufa a 50ºC por 48h. Em seguida, os corpos de prova foram mantidos

em temperatura ambiente por sete dias, conforme recomendações de Múcio,

Fonseca e Carvalho(2011).

Os corpos de prova foram cortados por meio de uma máquina de corte de

bancada (Figura 18a) obtendo as dimensões: 96 mm de comprimento, 2mm de

largura e 4 mm de espessura (Figura 18b), seguindo as diretrizes da norma ASTM

D790 (2010) para ensaio de flexão-em-três pontos.

(a) (b)

Figura 18- Processo de corte (a) e corpos de prova (b).

3.6Seleção das variáveis de resposta

As variáveis-respostas escolhidas a serem analisadas neste trabalho foram:

resistência à flexão, módulo de elasticidade à flexão, resistência ao impacto e

porosidade aparente. A Tabela 8 exibe as variáveis-resposta de interesse e as

respectivas normas. Cinco (5) corpos de prova para cada experimento e duasr

éplicas foram utilizadas em todos os ensaios mecânicos. Os ensaios mecânicos

Page 52: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

51

foram realizados no Centro de Inovação de Tecnologia em Compósitos (CITeC) do

departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São João Del

Rei.

Tabela 8 - Variáveis resposta e tipos de ensaios.

Variável resposta Tipo de ensaio (Norma)

Densidade aparente e volumétrica Princípio de Arquimedes (D792)

Resistência mecânica Flexão em três pontos (ASTM D790-10)

Resistência mecânica Impacto (ASTM D6110-10)

Módulo de elasticidade em flexão Flexão em três pontos (ASTM D790-10)

3.6.1 Ensaio de flexão em três pontos

O objetivo do ensaio de flexão-em-três-pontos é determinar a resistência à

flexão, rigidez (módulo de elasticidade) e de flexão máxima de um compósito. Este

ensaio foi realizado em uma máquina universal da marca SHIMADZU, modelo AG-

XPlus (Figura 19a), equipada com dispositivo para ensaio de flexão em três pontos

(Figura 19b), com célula de carga de 100 kN e uma velocidade de carregamento de

2 mm/min.

Cinco corpos de prova foram ensaiados por réplica, totalizando dez corpos de

prova para cada condição, sendo selecionados como ensaios válidos, aqueles que

romperam dentro do comprimento útil de acordo com as recomendações da norma

ASTM D790-10. Esses corpos de prova foram utilizados para os cálculos dos valores

médios da resistência máxima à flexão, módulo de elasticidade e deflexão da fratura.

Page 53: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

52

(a) (b)

Figura 19 - Máquina de testes SHIMADZU, modelo AG-XPlus(a) e dispositivo para

ensaio de três pontos (b).

A resistência à flexãoé obtida pela equação (3):

⁄ (3)

Onde P é a carga máxima de ruptura, L é a distância do suporte no ensaio, b é

a largura do corpo de prova e d a espessura do corpo de prova.

3.6.2 Ensaio de Resistência ao Impacto

O ensaio de resistência ao impacto consiste em teste de fratura em alta

velocidade que mede a energia para romper a amostra. Nos testes de impacto Izod

e Charpy (Figura 20a), um pêndulo com um peso é jogado contra a amostra (com

entalhe ou não) e a energia necessária para romper a amostra é determinada

através da perda de energia cinética do pêndulo (NIELSEN, 1974). O ensaio de

impacto de Charpy foi realizado neste estudo seguindo as recomendações da norma

ASTM D 6110 (2010). Os corpos de prova foram ensaiados sem entalhe, conforme

mostra a Figura 20b.

Page 54: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

53

(a)

Figura 20- Máquina para o ensaio mecânico de impacto Charpy (a) e corpo de prova

posicionado sem entalhe (b).

3.6.3 Ensaios Físicos

Os ensaios físicos para determinação da densidade aparente seguiram a

norma ASTM D792. Utilizou-se uma bomba a vácuo (Figura 21a) e um dissecador

para saturação das amostras (Figura 21b) com água. Este ensaio foi realizado no

laboratório de caracterização do CITeC.

(a) (b)

Figura 21- (a) Bomba de vácuo e (b) câmara de vácuo.

3.6.4 Densidade aparente

A densidade aparente considera o volume do material levando em conta os

poros abertos presentes, sendo inferior ao volume determinado pela medição

indireta das dimensões do corpo de prova no cálculo da densidade volumétrica. A

densidade aparente pode ser determinada por meio do princípio de Arquimedes

(Equação4). Este princípio afirma que um corpo imerso em um fluido sofre um

Page 55: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

54

empuxo igual ao peso do volume de fluido deslocado pelo corpo. A densidade

relativa do corpo é igual à razão entre seu peso e o empuxo do fluido sobre ele.

Desta forma, a densidade aparente pode ser calculada a partir da equação abaixo:

(4)

Em que:

ρa é a densidade aparente do material (g/cm3);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g);

V1 é o volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água (cm3).

O volume v1 (m3) é determinado pela Equação 5, considerando a densidade da

água como sendo 1000 kg/m3.

Em que:

m2 é a massa da amostra saturada com água (kg);

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (kg).

A medição da massa da amostra saturada e saturada submersa foi garantida

por meio de um dispositivo apropriado conforme mostra a Figura 22.

Figura 22 - Ensaio de densidade aparente via princípio de Arquimedes.

1

1

V

ma

(5)

3

321

/1000 mkg

mmV

Page 56: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

55

3.7 Análise da Fratura

Após a realização dos ensaios, alguns corpos de prova foram submetidos a um

estudo das características finais da fratura (dano) ocorridas. A partir da análise de

falha pode-se detectar o modo de fratura predominante na amostra. Um microscópio

óptico da marca Samsung com capacidade de ampliação em 60x foi utilizado. A

análise da fratura foi realizada no Laboratório de Ensaios de Materiais do

Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São João Del

Rei.

De acordo com Flamínio e Pardini (2006) as características da fratura nos

compósitos mostram que o processo de deformação e conseqüentemente o dano

nestes materiais é diferente do que acontece nos metais e nos polímeros; e, sofre

influência dos seguintes fatores:

a) Presença inicial de defeitos microscópicos como: vazios, áreas ricas em

resina, quebra de fibras, etc.

b) A diversificação de vários modos de falhas que podem acontecer na matriz

como: microtrincas, falhasindividuais nas fibras, delaminação, etc. Todos esses

processos podem acontecer simultânea ou separadamente.

c) Início da falha na fibra ou na matriz ou mesmo em ambas dependendo de

onde esteja aplicada acarga e a orientação das fibras.

d) A diferença entre os mecanismos de fratura que podem acontecer na fibra,

na matriz ou na interface fibra/matriz.

Ao longo dos anos, estudos mais aprimorados evidenciaram a influência dos

fatores acima mencionados na formação e propagação do dano nos materiais

compósitos, ademais de outros parâmetros, principalmente os relacionados com o

processo de fabricação, condições ambientais e geometria.

Page 57: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

56

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

4.1 Ensaio preliminar de compressão

O ensaio preliminar teve o objetivo de identificar a proporção matriz/sílica que

obtivesse a maior rigidez. A Tabela 9 apresenta os resultados de módulo de

elasticidade e resistência à compressãopara os seis percentuais (0%, 2,5%, 5%,

7,5%, 10% e 12,5%) de adição de sílica em relação à massa total de matriz

poliéster.

A proporção de maior resistência e módulo foi definido para a composição do

compósito híbrido utilizado neste trabalho. O poliéster reforçado com 10% de

partículas de sílica alcançou a maior resistência (165,84MPa) e módulo de

elasticidade (3,35GPa), ver Tabela 9.

Tabela 9 - Resultados obtidos para ensaio de compressão.

Reforço(massa%)

Módulo de Elasticidade (GPa)

Resistência à Compressão (MPa)

0%

2,5%

5%

7,5%

10%

12,5%

1,92 (±0,09)

2,05 (±0,11)

2,39 (±0,13)

2,96 (±0,14)

3,35 (±0,15)

2,47 (±0,26)

99,56 (±8,12)

126,36 (±5,48)

145,02 (±7,23)

157,75 (±3,83)

165,84 (±6,45)

82,87 (±2,69)

4.2 Ensaios de Flexão em Três Pontos

A Tabela 10 mostra as propriedades mecânicas do polímero poliéster "em

estado puro" e "modificado com inclusões de partículas de sílica". Foi observada

uma redução na resistência à flexão (± 14,53%) com a adição de partículas de sílica.

A presença de partículas de sílica contribui para endurecer o polímero, no entanto, a

Page 58: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

57

resistência à flexão é ligeiramente diminuída, o que pode ser atribuído a uma baixa

adesão na zona de interface.

Tabela 10 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas.

Material Resistência a Flexão

[MPa]

Polímero Poliéster - PP 88,05(±2,38)

PP + 10% de Sílica 75,25(±4,63)

A Tabela 11 apresenta a média e o desvio padrão das respostas para cada

condição experimental para ambas as repetições. A condição C1, constituída por

fibras de PET unidirecionais de 5 mm de largura e sem adição de partículas obteve a

maior resistência à flexão (±103MPa, Tabela 11). Este valor é cerca de 17% maior

que o obtido pelo polímero não reforçado (± 88MPa, Tabela 10), ou seja, poliéster

puro. Este resultado indica que a adição de fibras de PET em matriz de poliéster

permite aumentar a resistência à flexão e também reduzir o custo do material.

Tabela 11 - Resultados experimentais para resistência à flexão.

Condições Experimentais

Largura da Fibra (mm)

Orientação da Fibra

(o)

Adição de Sílica

(%massa)

Resistência a Flexão [MPa]

C1 5 0 0 103,47(±6,99)

C2 5 0 10 60,44(±5,58)

C3 5 0/90 0 81,94(±6,74)

C4 5 0/90 10 56,07(±7,14)

C5 7,5 0 0 87,65(±8,56)

C6 7,5 0 10 60,08(±6,09)

C7 7,5 0/90 0 79,41(±6,96)

C8 7,5 0/90 10 65,10(±4,68)

Os valores médios da resistência à flexão dos compósitos variaram de 56,07 a

103,47 MPa. A Tabela 12 mostra a análise de variância para as respostas

investigadas. Os P-valores inferiores ou iguais a 0,05 indicam que o respectivo fator

Page 59: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

58

afeta significativamente a resposta. Esses P-valores estão em negrito na Tabela 12,

que correspondem aos efeitos significativos, demonstrando interação de fatores de

segunda ordem. Quando interações de fatores de ordem superiores são

identificados, os efeitos individuais podem ser desconsiderados. Neste caso, apenas

os gráficos de efeitos de interação de segunda ordem serão analisados e discutidos.

O R² mede a proporção da variabilidade apresentada na equação de

regressão. Maiores valores de R², ou seja, mais próximo de 100%, indicam que os

dados estão bem ajustados no modelo. O resultado de R² de 99,52% pode ser

considerado bastante satisfatório para a validação ANOVA (ver Tabela 12). As

distribuições normais dos resíduos para as respostas também foram verificadas,

revelando que os dados estão bem distribuídos sem valores discrepantes,

apresentando um P-valor superior a 0,05 (ver Figura 23).

Tabela 12 - ANOVA para a média da resistência à flexão.

Fatores

P-valor

Prin

cip

ais

Largura da Fibra 0,002 Orientação da Fibra 0,000 Inclusão de Sílica 0,000

Inte

raçõ

es Largura da Fibra x Orientação da Fibra 0,000

Largura da Fibra x Inclusão de Sílica 0,000 Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,000 Largura da Fibra x Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica

0,116

R² 99,52%

Figura 23 - Gráfico de normalidade dos resíduos para a resistência à flexão.

Page 60: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

59

A Figura 24 exibe o gráfico de interação dos fatores “largura e orientação de

fibras” para a média da resistência à flexão. Os compósitos fabricados com fibras

unidirecionais atingiram uma resistência superior em relação às fibras bidirecionais,

porque as fibras orientadas a 90° nas condições bidirecionais estão na mesma

direção do carregamento e não reforçam o compósito.

As condições bidirecionais reduzem o volume da matriz no compósito, pois

possuem o dobro de fibras que as condições unidirecionais, prejudicando a ação da

mesma na resistência a flexão. Outro fator que pode ter prejudicado a resistência

final do compósito em condições bidirecionais seria a dobra transversal dificultar a

distribuição da matriz entre as fibras.

O fator largura da fibra afeta a resistência dos compósitos, fibras com 5 mm

de largura proporcionaram maior resistência que os compósitos unidirecionais com

fibras a 7,5 mm devido a proporção de quantidade de fibras com a matriz.

Os piores resultados ocorreram nos compósitos bidirecionais principalmente

com larguras de 5 mm, pois essas condições apresentam maior área de superfície

da fibra com a matriz, consequentemente, aumentando as áreas de interface,

aumentando as regiões de possíveis trincas, reduzindo a resistência do compósito.

Figura 24- Gráfico de interação dos fatores largura e orientação da fibra sobre a

média da resistência à flexão.

Page 61: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

60

A Figura 25 mostra o gráfico de efeito da interação dos fatores partículas de

sílica e largura da fibra.

Nota-se que os melhores resultados foram obtidos quando temos maior

volume de matriz pura, juntamente com fibras unidirecionais de 5 mm de largura ao

compósito, essa condição apresentou a proporção ideal fibra/matriz. Desta forma, a

incorporação da fase de fibras a matriz pode ser um reforçador interessante ao

material, aumentando em 17% a resistência final do compósito quando comparado a

resina pura.

A incorporação de sílica reduz a resistência à flexão dos compósitos, quando

um compósito sofre uma carga de flexão a parte inferior da viga sofre uma força de

tração e uma redução da largura do material, a adição de sílica prejudicou a

resistência do material sobre esse carregamento, ocorrendo um comportamento

similar aos testes preliminares da matriz com adição de sílica.

As piores condições quando incorporadas a sílica, são as condições com

largura da fibra a 5 mm, pois possuem maiores regiões de interface e quando

combinadas com o reforço particulado reduzem ainda mais a resistência a flexão do

material.

Figura 25- Gráfico de efeito de interação dos fatores partículas de sílica e largura da

fibra para a média da resistência à flexão.

Uma redução significativa da resistência (36,61%) foi observada quando os

compósitos unidirecionais foram reforçados com partículas de sílica (Figura 26), a

Page 62: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

61

sílica reduziu as propriedades em flexão devido a seu comportamento frágil. O fator

de orientação de fibra não afetou a resposta quando as partículas de sílica foram

incorporadas, a orientação da fibra foi indiferente nesse contexto.

Foi observardo que a resistência à flexão tem o predomínio das propriedades

da matriz, principalmente na parte inferior da viga sob tração e quanto maior a

inserção de fases (fibras e partículas) à matriz acarreta em uma redução do seu

predomínio, prejudicando a resistência final do compósito nesse carregamento.

O tecido bidirecional aumentou a quantidade de interfaces no material,

consequentemente reduzindo a adesão tal como anteriormente relatado. Observa-se

nas condições bidirecionais uma redução no volume da matriz (domínio da matriz),

em consequência um prejuizo a resistência final do material.

Em geral, as amostras fabricadas sem as partículas de sílica, com fibras de 5

mm de largura e orientação de fibras unidirecional alcançaram valores mais

elevados de resistência à flexão.

Figura 26 - Efeitos médios da interação entre adição de partículas de sílica e

orientação das fibras.

4.3 Módulo à Flexão

O módulo de elasticidade foi aumentado emmédia 16,95% quando as

partículas de sílica foram incorporadas (Tabela 13). Este comportamento pode ser

Page 63: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

62

atribuído à presença de uma fase mais rígida no interior do polímero. A Tabela 13

mostra o módulo à flexão da matriz „‟pura‟‟ e com o adicional de 10% de partículas

de sílica.

Tabela 13 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas.

Material Módulo de Flexão

[GPa]

Polímero Poliéster - PP 3,33(±0.27)

PP + 10% de Sílica 4,01(±0.39)

A média do módulo à flexão variou de 3,00 a 3,68 GPa. A Tabela 14 mostra a

média dos módulos de elasticidade para as condições experimentais investigadas

considerando as duas réplicas.

Tabela 14 - Resultados experimentais para o módulo à flexão.

Condições Experimentais

Largura da Fibra (mm)

Orientação da Fibra

(o)

Adição de Sílica (wt%)

Módulo à Flexão [GPa]

C1 5 0 0 3,29(±0,16)

C2 5 0 10 3,33(±0,45)

C3 5 0/90 0 3,14(±0,36)

C4 5 0/90 10 3,00(±0,52)

C5 7,5 0 0 3,02(±0,18)

C6 7,5 0 10 3,40(±0,33)

C7 7,5 0/90 0 3,14(±0,28)

C8 7,5 0/90 10 3,68 (±0,35)

A Tabela 15 apresenta os resultados dos P-Valores e o respectivo coeficiente

de determinação ajustado R2 (Adjunto) da ANOVA referente aos valores médios dos

módulos à flexão. Os P-valores (≤0,05) sublinhados na Tabela 15 indicam os fatores

significativos a um nível de confiabilidade de 95%. Considerando a existência de

interação de fatores de segunda ordem, o fator individual inclusão de sílica será

avaliado conjuntamente nos gráficos de interações.

Page 64: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

63

Tabela 15 - ANOVA a média do Módulo de Flexão.

Fatores

P-valor

Prin

cip

ais

Largura da Fibra 0,061

Orientação da Fibra 0,690 Inclusão de Sílica 0,006

Inte

raçõ

es Largura da Fibra x Orientação da Fibra 0,004

Largura da Fibra x Inclusão de Sílica 0,002 Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,915 Largura da Fibra x Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,168

R² 77,09%

A Figura 27 mostra o gráfico de normalidade dos resíduos da ANOVA sobre o

módulo à flexão,mostrando a normalidade dos resíduos por apresentar P-valor

superior a 0,05.

Figura 27 - Gráfico de normalidade dos resíduos para o módulo à flexão.

A Figura 28 apresenta o gráfico de efeito das interações dos fatores largura e

orientação das fibras. Os compósitos bidirecionais com largura da fibra de 7,5 mm

alcançaram maior módulo elástico, isso pode ser atribuído ao efeito reforçador

adicional na direção transversal proporcionado pelas fibras de PET em orientação

90º (domínio da fibra transversal).

Quando o compósito sofre uma flexão a parte inferior a linha neutra sofre uma

tração, essa tração reduz a largura do compósito e nesse momento as fibras

Page 65: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

64

orientadas a 90° ajudam a reforçar a resistência na fase elástica pois estão

transversais a redução.

Na ausência de fibras transversais as condições que possuem maior volume

de matriz (fibras com 5 mm) é predominante a resistência da fase matriz no modúlo

de elásticidade.

Figura 28 - Gráfico de interação dos fatores largura e orientação das fibras para a

média do módulo à flexão.

Compósitos unidirecionais constituídos de fibras com largura de 5 mm

obtiveram uma ligeira redução (2,93%) no módulo de elasticidade. A presença de

partículas de sílica proporcionou o aumento do módulo elástico apenas quando

adicionadas às fibras de 7,5 mm de largura. Pode ter ocorrido uma deposição de

sílica na superficie das fibras aumentando a rugosidade e consequentemente um

maior atrito. Desta forma, quando iria ocorrer um deslizamento fibra/matriz um efeito

de travamento mecânico pode ter ocorrido, aumentando o modúlo de elasticidade do

compósito.

A rigidez das partículas de sílica proporciona um maior modúlo no regime

elástico, porém quando o material atinge o regime plástico as falhas se inicia uma

maior propagação das trincas, pois a adição de sílica ao material tende a deixá-lo

com uma característica frágil, reduzindo a resistência final do compósito.

Page 66: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

65

A Figura 29 apresenta o efeito médio da interação entre adição de sílica e

largura de fibra para o módulo à flexão.

Figura 29 - Gráfico de interação dos fatores adição partículas de sílica e largura da

fibra sobre a média do módulo de elasticidade.

Ressalta-se que o módulo elástico médio de 3,55 GPa, obtido para

compósitos reforçados com partículas e fibras de 7,5 mm de largura, é superior à

rigidez da fase de matriz pura (±3,33 GPa), mas inferior à fase matriz reforçada

apenas com sílica (±4,01 GPa), como mostrado na Tabela 14. Em contraste, valores

de rigidez inferiores foram encontrados para compósitos “sem adição de partículas”

em comparação ao polímero poliéster puro. Desse modo, constata-se que a adição

de partículas foi capaz de aumentar o módulo de elasticidade efetivo dos

compósitos.

A largura de fibra 7,5 mm promoveu uma redução no módulo de elasticidade

quando os compósitos foram testados sem partículas. Este comportamento pode ser

atribuído à maior quantidade de fibras no sistema, aumentando as superfícies de

interface, e consequentemente, facilitando a propagação de trincas e surgimento de

falhas.

4.4 Densidade aparente

A Tabela 16 mostra a densidade aparente da matriz „‟pura‟‟ e com o adicional

de 10% de partículas de sílica. Adensidade aparente dos compósitos foi em média

Page 67: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

66

17,48% superior quando as partículas de sílica foram incorporadas. Este

comportamento está associado à presença das partículas no interior do polímero,

criando uma nova fase e aumentando a densidade do compósito.

Tabela 16 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas.

Material Densidade Aparente [g/cm3]

Polímero Poliéster - PP 0,1756(±0,009)

PP + 10% de Sílica 0,2128(±0,008)

A Tabela 17 apresenta os valores médios das estatísticas descritivas para o

ensaio de densidade aparente do material. Os valores médios para densidade

aparente dos compósitos laminados variaram de 0,1773 a 0,2284 g/cm3.

Tabela 17 - Estatística descritiva para ensaio de densidade aparente (g/cm3).

Condições Experimentais

Largura da Fibra (mm)

Orientação da Fibra

(o)

Adição de Sílica

(%massa)

Densidade Aparente [g/cm3]

C1 5 0 0 0,1773 (±0,006)

C2 5 0 10 0,2144 (±0,009)

C3 5 0/90 0 0,1865 (±0,005)

C4 5 0/90 10 0,2263 (±0,003)

C5 7,5 0 0 0,2118 (±0,006)

C6 7,5 0 10 0,2284 (±0,005)

C7 7,5 0/90 0 0,2107 (±0,008)

C8 7,5 0/90 10 0,2249 (±0,005)

A Tabela 18 apresenta o resultado da ANOVA exibindo os P-Valores e o

coeficiente de determinação R2 (Adjunto). Os P-valores sublinhados correspondem

àqueles inferiores a 0,05, sendo considerados significativos a um nível de

confiabilidade de 95%.

Page 68: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

67

Tabela 18 - ANOVA para média da densidade aparente.

Fatores

P-valor P

rin

cip

ais

Largura da Fibra 0,000 Orientação da Fibra 0,072 Inclusão de Sílica 0,000

Inte

raçõ

es Largura da Fibra x Orientação da Fibra 0,013

Largura da Fibra x Inclusão de Sílica 0,000 Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,915 Largura da Fibra x Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,534

R²95,26%

Figura 30 apresenta o gráfico de probabilidade normal para os resíduos da

densidade aparente, exibindo uma distribuição dos pontos próximo da reta e um P-

valor superior a 0,05, o que valida a ANOVA realizada.

Figura 30-Gráficos de resíduos para a média da densidade aparente.

A Figura 31 exibe o gráfico de interação dos fatores largura da fibra e adição de

sílica. Os compósitos fabricados com adição de partículas sílica e fibras de 7,5 mm

de largura apresentaram maior densidade aparente, o que pode ser atribuído às

densidades superiores das fases presentes. Entretanto as partículas de sílica

conferiram ao material um maior aumento na densidade aparente quando

comparado ao aumento da largura das fibras. Este comportamento pode ser

atribuído a maior densidade apresentada pelas partículas de sílica.

Page 69: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

68

Figura 31- Gráfico de interação dos fatores largura da fibra e adição de sílica sobre

a média da densidade aparente.

4.5 Resistência ao Impacto

Os resultados obtidos nos ensaios de resistência ao impacto dos compósitos e

da resina sem reforço revelaram que em todos os compósitos confeccionados com

fibras, a resistência ao impacto foi superior, se comparada com a resina pura. A

Tabela 19 mostra os compósitos em seu estado „‟puro‟‟ e com a adição de sílica em

10%, mostrando uma redução da resistência ao impacto de 1,7% quando a partícula

foi inserida.

Page 70: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

69

Tabela 19 - Propriedades das matrizes modificadas e não modificadas.

Material Resistência aoImpacto [J]

Polímero Poliéster - PP 4,88 (±0,88)

PP + 10% de Sílica 4,80 (±0,81)

A Tabela 20 apresenta os valores da estatística descritiva para a média da

resistência ao impacto considerando as duas réplicas.

Tabela 20 - Estatística descritiva para resistência ao impacto dos compósitos (J).

Condições

Experimentais

Largura da

Fibra

(mm)

Orientação

da Fibra

(o)

Adição de

Sílica (wt%)

Resistência ao

Impacto

[J]

C1 5 0 0 24,69 (±2,86)

C2 5 0 10 19,41 (±3,17)

C3 5 0/90 0 28,25 (±2,35)

C4 5 0/90 10 23,97 (±6,90)

C5 7,5 0 0 31,47 (±3,23)

C6 7,5 0 10 26,44 (±2,42)

C7 7,5 0/90 0 33,01 (±1,32)

C8 7,5 0/90 10 28,46 (±2,86)

Acondição C7, com fibras de PET com 7,5 mm de largura e orientação

bidirecional e sem adição de sílica, exibiu um aumento percentual de

aproximadamente 85,21% e 85,45% em comparação ao compósito em seu estado

„‟puro‟‟ e adicional de 10% de partículas de sílica, respectivamente.

A Tabela 21 fornece o resultado da ANOVA, baseada nas médias obtidas para

os ensaios de impacto das réplicas 1 e 2. Os P-valores menores ou iguais a 0,05

(sublinhados na Tabela 21) indicam que o fator principal e/ou a interação afetou

significativamente a variável-resposta. Os fatores principais e duas interações

exibiram efeito significativo sobre a resistência ao impacto.

Page 71: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

70

Tabela 21 – ANOVA para a média da resistência ao impacto.

Fatores P-valor

Prin

cip

ais

Largura da Fibra 0,000

Orientação da Fibra 0,000 Inclusão de Sílica 0,000

Inte

raçõ

es Largura da Fibra x Orientação da Fibra 0,000

Largura da Fibra x Inclusão de Sílica 0,976 Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,049 Largura da Fibra x Orientação da Fibra x Inclusão de Sílica 0,442

R²99,42%

Na figura 32, o gráfico de probabilidade normal dos resíduos para a resistência

ao impacto apresenta um comportamento adequado, com pontos distribuídos ao

longo da reta e um P-valor superior a 0,05. O R2 de 99,42% exibido na tabela 21

mostra que o ajuste do modelo aos dados experimentais foi satisfatório.

Figura 32-Gráfico de normalidade dos resíduos para a resistência ao impacto.

O gráfico exibido na Figura 33 apresenta a interação dos fatores largura e

orientação das fibras. A resistência ao impacto exibiu maior valor quando o

compósito foi fabricado com fibras bidirecionais de 7,5 mm, demonstrando a função,

principalmente, da fase reforçadora de fibras tornando o material mais dúctil e mais

eficaz na absorção de impacto.

Page 72: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

71

Ressalta-se que a largura da fibra promove um efeito relevante no aumento da

resistência ao impacto, por exemplo, para os compósitos bidirecionais, um

percentual de 15% foi acrescido quando as fibras passaram de 5 mm para 7,5 mm.

Figura 33 - Gráfico de interação dos fatores largura da fibra e orientação das fibras

para a média da resistência ao impacto.

A Figura 34 mostra o efeito de interação dos fatores orientação das fibras e

adição de partícula sobre a resistência ao impacto. Nota-se que a inclusão de sílica

no sistema acarretou em uma redução média de 14% nos compósitos em ambas

orientações de fibras. Isto pode ser atribuído ao aumento de rigidez da fase matriz, o

que reduz a tenacidade do compósito e consequentemente sua resistência ao

impacto. Como na interação anterior observa-se que quanto maior o volume de

fibras maior a resistência do compósitos aos carregamentos de impacto.

Page 73: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

72

Figura 34 - Gráfico de interação dos fatores adição de sílica e orientação das fibras

para a média da resistência ao impacto.

Finalmente, a resistência ao impacto dos compósitos aumenta com a presença

de fibras de PET, sendo superior aos valores encontrados para a fase matriz

„‟pura‟‟ou reforçada com partículas (ver Tabela 20).

4.6 Análise da Fratura

Imagens ópticas de corpos de prova fraturados por flexão e impacto foram

avaliadas e serão comentadas nos itens subsequentes.

4.6.1 Fraturas após ensaio de flexão

A imagem exibida na Figura 35 é referente à condição C1, compósitos

fabricados com fibras de 5 mm de largura, unidirecional e sem adição de partículas

de sílica. Esta condição mostrou maior resistência à flexão apresentando uma

fratura frágil com inicial quebra da matriz e delaminação na parte inferior do corpo de

prova e ruptura de uma das fibras de PET.

Page 74: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

73

(a)

(b)

Figura 35- Corpo de prova com fibras de 5mm unidirecionais sem silica após teste

de flexão (a), e ampliação da região fraturada (b).

A Figura 36 mostra o compósito C5, constituído de fibras unidirecionais de 7,5

mm sem adição de sílica. Em virtude do aumento da largura da fibra, nota-se um

aumento de região de trincas tanto longitudinal quanto transversalmente à direção

das fibras. Foi possível observar um maior dano nos corpos de prova desta

condição, exibindo maiores áreas de delaminação.

Figura 36- Imagem do corpo de prova C5 após teste de flexão.

A Figura 37(a) mostra a condição C6, com fibras de 7,5 mm unidirecionais

com sílica. Esta condição apresentou um dos maiores resultados de módulo à flexão

(3,40 GPa) e um dos menores valores para a resistência (60,08 MPa). Um menor

dano no corpo de prova e poucas delaminações foram observadas quando

comparado com acondição experimental sem sílica (C5). Entretanto, comparando-se

as imagens com fibras de 5 mm (C2) (ver Figura 37 (b)), observa-se uma maior

Trincas na direção da fibra

Trincas na região do apoio (Suporte)

Quebra da matriz

Page 75: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

74

delaminação devido à maior largura da fibra e consequente maior área de interface

fibra/matriz, ou seja, a adesão superficial das fibras de maior largura à fase matriz

pode ser inferior a adesão das fibras finas.

Figura 37- Comparação entre as condições (a) C2:5 mm, unidirecional com sílica e

(b) C6: 7,5 mm, unidirecional com sílica.

Zeng, Ning e Zheng (2005) afirmam que o material quando submetido a

cargas de flexão está sujeito a tensões de cisalhamento na região compressiva do

laminado. As partículas adicionadas contribuíram definitivamente para melhoria

desses efeitos, aumentando a resistência ao cisalhamento dos compósitos.

Nas condições com fibras dispostas bidirecionalmente as fraturas ocorreram

em múltiplas trincas na direção das fibras a 90° (ver Figura 38). Este comportamento

pode ter atribuído à baixa adesão na região de interface que induz a trinca na região

da orientação da fibra. Não foi observado nenhum caso de trincas na direção

longitudinal de fibras a 0°.

(b)

(a)

Áreas de delaminação

Trincas na região central e ausência de trincas na

região do suporte

Page 76: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

75

Figura 38- Comparação entre fratura de fibras bidirecionais (a) C7: 7,5 mm,

bidirecional sem sílica e (b) C3: 5 mm, bidirecional sem sílica.

4.6.2 Fraturas após ensaio de Impacto

Durante o teste de impacto Charpy as condições com fibras bidirecionais de 7,5

mm e sem adição de sílica absorveram maior energia ao impacto. A condição de

menor absorção de energia (C2), contendo fibras finas unidirecionais com silíca,

verificou-se a ruptura total do corpo de prova. As condições com maiores

porcentagens de fibra absorveram maior energia ao impacto.

A Figura 39 mostra a condição C3, com fibras de 5 mm bidirecionais sem sílica,

apresentando uma fratura similar a condição C7 (com fibras largas bidirecionais sem

adição de partículas) (ver Figura 40), sendo esta a condição que obteve a maior

absorção de energia.

(a)

(b)

Trincas na mesma direção de fibras a 90° e ausência de

trincas a 0°

Page 77: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

76

Figura 39- Fratura no impacto para condição C3 com 5 mm bidirecionais sem

sílica.

Figura 40 - Fratura no impacto para condição C7 com 7,5 mm bidirecionais sem

sílica.

A Figura 41 exibe a condição C8 contendo fibras de 7,5 mm bidirecional com

sílica, a qual obteve a melhor absorção ao impacto entre as condições com sílica

(28,46 J). Este comportamento pode ser atribuído ao efeito mútuo entre a presença

de fibras e a orientação bidirecional. As características gerais das fraturas pós-

impacto foram semelhantes.

Ruptura da matriz

Ponte de fibras

Ponte de fibras

Pull out de fibra

Ruptura da fibra

Quebra da matriz

Page 78: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

77

Figura 41 - Fratura no impacto para condição C8 7.5 mm bidirecionais com

sílica.

Page 79: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

78

CAPÍTULO 5

CONCLUSÃO

O estudo da adição de partículas de sílica no polímero poliéster, por meio da

realização do ensaio de compressão, revelou um maior módulo de rigidez quando 10

wt% de partículas de sílica foram incorporadas.

A condição C1, fabricada com fibras unidirecionais de PET com largura de 5

mme sem partículas de sílica, apresentou a maior resistência à flexão.

O compósito híbrido, C8, fabricado com fibras bidirecionais de PET com largura

de 7,5 mm e com adição de 10% de sílica obteve um maior módulo de elasticidade à

flexão.

O compósito híbrido, C6, fabricado com fibras unidirecionais de PET com

largura de 7,5 mm e com adição de 10% de sílica exibiu a maior densidade

aparente.

A inclusão de partículas de sílica promoveu alterações significativas na

densidade aparente e no módulo de flexão.

A condição C7,fabricada com fibras bidirecionais de PET com largura de 7,5

mm esem partículas de sílica, obteve a maior resistência ao impacto.

Concluiu-se que o compósito híbridode caráter sustentável reforçadocom fibras

de PET e partículas de sílica é bastante promissor para uso na engenharia, podendo

variar a sua composição em função das exigências estruturais demandadas no

projeto. Em geral, o uso de fibras de PET no polímero poliéster permitiu o aumento

da rigidez, resistência à flexão e ao impacto, além de reduzir os custos do material

matriz, neste caso o poliéster.

Pesquisas futuras serão conduzidas a fim de sistematizar o processo de

fabricação de uma tabela de basquete com este compósito sustentável, e a

verificação do seu desempenho in loco. A durabilidade do material e sua resposta

mediante a carregamentos cíclicos de fadiga serão o escopo de outras

investigações. Entende-se que o presente trabalho já colabora e motiva futuras

ações de investimento no desenvolvimento sustentável e social, seja em prol da

engenharia e/ou da prática esportiva.

Page 80: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIPET. Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens PET. Disponível em:

www.abipet.com.br. Acesso em: nov. 2015.

ABOT, J.L. Y. SONG, M.J. SCHULZ, V.N. SHANOV. Novel carbon nanotube array-

reinforced laminated composite materials with higher interlaminar elastic

properties.Composites Science and Technology, v. 68, n. 13, p. 2755–2760. 2008.

AGARWAL,B. D.; BROUTMAN, L. J. Analysis and Performance of Fiber Composites.

JohnWiley & Sons, ed. 1, New York, USA, 1990. apud LIMA JÚNIOR, U. M. Fibras

da Semente do Açaizeiro (Euterpe Oleracea Mart.): Avaliação quanto ao uso como

reforço de Compósitos fibrocimentícios. 2007. Dissertação (Mestrado). Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande Do Sul. Program

ALBANO, C., CAMACHO, N., HERNÁNDEZ, M., MATHEUS, A., GUTIÉRREZ, A.,

Influence of content and particle size of waste pet bottles on concrete behavior at

different w/c ratios, Waste Management 2009, v 29, n 10, p 2707-2716.

ASKELAND D. R., PHULÉ P.P., Ciência e Engenharia dos Materiais, p.p 35-37,

Cengage Learning, São Paulo, 2008.

ASTM- AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. (2010) D 6110 –

10: Standard b Test Method for Determining the Charpy Impact Resistance of

Notched Specimens of Plastics.

ASTM - AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS Standard D790,

2010, “Standard Test Methods for Flexural Properties of Unreinforced and

Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials1,” ASTM International, West

Conshohocken, PA 2010, DOI: 10.1520/ D39039/D790-10, 2010.

ASTM - AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS D792, 2008, West

Conshohocken, Philadelphia,1998, DOI: 10.1520/ D792-08, 2008.

ASTM - AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D695-a: Standard

Test Method for Compressive Properties of Rigid Plastics, 2002

ÁVILA A.F. DUARTE M.V., A mechanical analysis on recycled PET/HDPE

composites, Polymer Degradation and Stability, 80, pp.373-382, 2002.

Page 81: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

80

AQUINO, E. M. F. Identificação do modo de fratura de compósitos poliésteres –

Vidro-E.13° CBCIMAT.Vol. 1, Paraná, 1992.

BATAYNEH M, MARIE I. Use of selected waste materials in concrete mixes, .Waste

Manage 2007;27(12):1870–6.

BENTUR, A.; MINDESS, S. Fibre Reinforced Cementitious Composites. 1.ed.

England: Elsevier Science PublishersLtd, 1990. 449 p.

BOTELHO, R., G; SOUSA, Eduardo da C. Medidas e contribuições da equipe de

gestão educacional para as questões de infra-estrutura relativas à disciplina de

Educação Física na escola. 2007. Disponível na Internet:

http://www.efdeportes.com/efd98/gestao.htm. Visitado em 02 de setembro de 2015.

BUTTON, S. T. Metodologia para planejamento experimental e análise de

resultados. 2005. Disponível em: <http://www.fem.unicamp.br/~sergio1/pos-

graduacao/IM317/ im317.htm>. Acessoem: 10/2011.

CALLISTER, W. D. Materials Science and Engineering: An Introduction, ed. 4, John

Wiley & Sons, USA, 2007.

CALLISTER, W D. JR. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais.

AbordagemIntegrada (Em Portuguese do Brasil), 2014.

CAO Y., CAMERON J. Impact Properties of Silica Particle Modified Glass Fiber

Reinforced Epoxy Composite. Journal of Reinforced Plastics and Composites 2006

25: 761, 2006a.

CES EduPack 2005-Cambridge Engineering Selector: D. Cebon, M.F. Ashby and L.

Lee-Shotheman 2005 Granta Design Ltd.

CEMPRE, Compromisso Empresarial com a reciclagem, Disponível online em:

http://www.cempre.org.br/ fichas_técnicas.php?lnk=ft_pet.php [Consulta em 28 de

Janeiro de 2015], 2015.

CHAWLA, K. K. Composite materials science and engineering, ed. Springer-Verlag,

292 p. ISBN 0-387-96478-9, 1998.

DANIEL, I.M.; ISHAI, O. Engineering Mechanics of Composite Materials.Oxford

University Press, New York: 1994.

Page 82: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

81

DAUD, W. et al. Layered silicates nanocomposite matrix for improved fiber reinforced

composites properties. Composites Science and Technology, v. 69, n. 14, p.2285-

2292, 2009.

DE ROSE Jr, D. Considerações sobre a participação da criança no processo

competitivo. In: I Simpósio de psicologia do esporte, p. 27-33. 1992.

DIAS, Marcos L; PACHECO, Elen B.A.; NASCIMENTO, Christiane R.; SILVA. Uso

de aditivos para melhoria das propriedades físicas de PET. Rio de Janeiro: Instituto

deMacromoléculas Professora Eloisa Mano, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2004. [disponível em www.ufrj.br, acesso em 30.07.2015]

FERREIRA, H B. Iniciação esportiva: uma abordagem pedagógica sobre o processo

de ensino-aprendizagem no basquetebol. 2001. Monografia (graduação em

educação física bacharelado) – Faculdade de Educação Física da Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

FLAMÍNIO, L. N. & PARDINI, L. C. – Compósitos Estruturais: Ciência e Tecnologia –

1. ed. – São Paulo:

Edgard Blücher, 2006.

FORLÍN F.J.J., Considerações sobre a reciclagem, Polímeros: Ciência e Tecnologia,

12, pp. 1-10, 2002.

FU, S.Y., FENG X.Q., LAUKE, B., MAI Y.W.,Effects of particle size, particle/matrix

interface adhesion and particle loading on mechanical properties of particulate–

polymer composites.Composites Part B: Engineering, v. 39, n. 6, p. 933-961, set.

2008.

GAY D., HOA S. V., TSAI S. W. Composite Materials: Design and Applications.

Springer, 2003.

GONÇALVES E FORNARI, Avaliação Do Comportamento Mecânico Do Poliéster

Ortoftálicoreticulado Com Adição De Pet RecicladO v(6), nº 6, p. 975 – 982, 2012.

Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental

GORNI, A. A. Caracterização Topológica da Microestrutura Bifásica, Revista Escola

de Minas, 49:1, pp. 40-44, Janeiro-Março 1995.

GUITIÁN, R.Evolução dos conceitos de polímero e de polimerização, Plástico

Moderno, São Paulo, n° 246, agosto, p. 38-42 (1994), e n° 247, setembro, p. 28-32

Page 83: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

82

(1994) Química e Derivados, São Paulo, n° 321, outubro, p. 32-40 (1994)a de pós-

Graduação em engenharia e tecnologia de materiais. Porto Alegre.

JONES, Robert M. Machanics of Composite Materials. 2nd ed. Blacksburg, EUA,

1999.Taylor & Francis, Inc.

JOSEPH P.V. et al; Composites Science and Technology, 62, pp. 1357–1372, 2002.

KAW, A. K. Mechanics of Composite Materials. 2nd ed. Boca Raton, FL: Taylor &

Francis, 2006.

KIM S.B, YI N.H, Material and structural performance evaluation of recycled PET

fiber reinforced concrete. Cem ConcrCompos2010;32:232–40.

KLEBA, I.; ZABOLD, J. Poliuretano com fibras naturais ganha espaço na indústria

automotiva. Revista Plástico Industrial, São Paulo, n.75, p. 88-99, nov. 2004.

KULCSAR NETO F, GRONCHI CC, SAAD IFSD, CUNHA IA, POSSEBON J,

TEIXEIRA MM et al. Sílica - manual do trabalhador. São Paulo: FUNDACENTRO;

1995.

LEPORATE D. G. PANZERA T. H, SABARIZ A.L, PERSCH C.G, CHRISTOFORO,

A. L. Desenvolvimento de compósito laminado polimérico reforçado com fibra de

garrafas PET, ENGEVISTA, 14, n. 1. pp. 3-12, 2012.

LEVY NETO. F., PARDINI, L. C. Compósitos Estruturais: Ciência e Tecnologia,

Editora Edgard Blücher, 2006.

LIMA JÚNIOR, U. M. Fibras da Semente do Açaizeiro (Euterpe Oleracea Mart.):

Avaliação quanto ao uso como reforço de Compósitos fibrocimentícios. 2007.

Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul.

Programa de pós-Graduação em engenharia e tecnologia de materiais. Porto Alegre,

MANJUNATHA, C. M. et al.The effect of rubber micro-particles and silica nano-

particles on the tensile fatigue behaviour of a glass-fibre epoxy

composite.JournalofMaterials Science, v. 44, n. 1, p. 342-345, 2008.

MANO, E.B. Polímeros como materiais de engenharia, Editora Edgar BlücherLtda,

1999. p. 124-128.

MARGARIA, G., AQUINO, E. M. F. Influence of moisture on the mechanical

properties of polyester/fibre glass-E composite. Second International Congress on

Metallurgy and materials. Sao Paulo, 1997.

Page 84: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

83

MATTHEWS, F. L.; RAWLINGS, R. D. Composite materials: engenering and

science, Great Britain, Chapman & Hall, 470 p, 1994.

MOHAN, R., KISHORE, A. J., Reinforced Plastic Composites, v.4, pp. 186-194,

1985.

MONTGOMERY, D.C. e RUNGER, G C, Estatística Aplicada e Probabilidade para

Engenheiros. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

MUCHON, L. G. O. Analise de Areias para Fundição de Minas Gerais. Dissertação

de Mestrado, Departamento de Engenharia Metalúrgica, UFMG, 1986.

MÚCIO M.S., V.M. FONSECA, L.H. CARVALHO, The use of Macambira and Caroá

fibers in polyester matrix composites. 8º Congresso Brasileiro de polímeros, pp.

1351- 1352, 2011.

NASCIMENTO, D. C. O. Análise das propriedades de compósitos de fibras de

piaçava e matriz de resina epóxi. 2009, 121 p. Tese (Doutorado). Centro de Ciências

e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Universidade Estadual

do Norte Fluminense, Campos dos Goytacases - RJ.

NIELSEN, L.E., 1974, Mechanical properties of polymers and composites, vol. 1,

Marcel Dekker, New York. pp. 254 – 385.

NOSSA, T. S. Estudo comparativo das tensões na interface de compósitos de resina

epóxi reforçados com fibras de carbono, aramida e vidro. 2011, 62 p. Dissertação

(Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba - SP.

OLIVEIRA, L P, A., GOMES, J.P, C., Physical and mechanical behaviour of recycled

PET fibre reinforced mortar, Construction and Building Materials 2011, v 25, n 4, p

1712-1717.

OLIVEIRA J.F.S, Estudos da influência da Configuração em Compósitos Poliméricos

Híbridos, 2007. 118p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica )

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.

PAIVA, M.C. Estrutura e propriedade de polímeros. Dissertação (mestrado).

Departamento de Engenharia de Polímeros, Universidade do Minho, 2006.

PANZERA 2012, Notas de aula da disciplina Mecânica de Materiais Compósitos

ministrada no PPMEC/UFSJ.

Page 85: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

84

PANZERA T. H., RUBIO J. C., BOWEN C. R., VASCONCELOS W. L., STRECKER

K. Correlation between structure and pulse velocity of cementitious composites.

Advances in CementResearch, vol. 20, n. 3, July, p. 101-108. 2008.

PETHRICK, R. A.; MILLER, C.; RHONEY, I. Influence of nanosilica particles on the

cure and physical properties of an epoxy thermoset resin.WileyInterscience: 2009.

RATNA, D. Handbook of Thermoset Resins. iSmithers. Shawbury, Shrewsbury,

Shropshire, SY4 4NR, United Kingdom.2009.

RODRIGUES, L. S.; SÁ DA COSTA, K. J.; VASCONCELOS, R. P.; VIEIRA, R. K.;

SÁ, R. J. Utilização do resíduo sólido pet (polieti leno tereftalato) na fabricação de

blocos de concreto estrutural para pavimentos rígidos. In: 18º CBECiMat -

Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 2008, Porto de

Galinhas. Anais do 18º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais,

2008.

ROSSO, P, YE L FRIEDRICH K, SPRENGER S. A Toughened Epoxy Resin by Silica

Nanoparticle Reinforcement, Journal of Applied Polymer Science, 100(3),

p.849:1855, 2006.

RUSHING, R.A., THOMPSON, C., CASSIDY, P.E. Investigation of polyamine

quinones as hydrophobic curatives for epoxy resins. Journal of Applied Polymer

Science, v. 54, n. 9, p. 1211-1219, 1994.

SANTOS, J.C, TORRES R.B, VIEIRA L.M.G, MISSAGIA Z.M.V, CHRISTOFORO

A.L, PANZERA T. H,The Effect of Silicon Carbide Addition into Fibreglass Reinforced

Composites. International Journal of Composite Materials, v. 2, n. 5, p. 92-96, 1 dez.

2012.

SATAPHY, S.G.B. Mechanical Properties and Fracture Behavior of Short PET Fiber-

Waste Polyethylene Composites, Journal of Reinforced Plastics and Composites,

27, pp. 967-984, 2008.

SAVCHUK, P. P., KOSTORNOV, A. G. Structure and functional properties of epoxy

composites reinforced with superfine particles. Powder Metallurgy and Metal

Ceramics, v. 48, n. 9-10, p. 555-559, 2010.

SHACKELFORD, J.F. Introduction to materials science for engineers. 4th ed.

Prentice Hall, Inc., New Jersey, 1996.

Page 86: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

85

SIDDIQUE R., J. KHATIB, I. KAUR. Use of recycled plastic in concrete: a review,

Waste management, pp. 23-39, 2008

SILVA DA, BETIOLI AM, GLEIZE PJP, ROMAN HR, GOMEZ LA, RIBEIRO JLD.

Degradation of recycled PET fibers in Portland cement-based materials.CemConcr

Res 2012;35:1741–6.

SPECHT,L.P. Comportamento de Misturas Solo-Cimento_fibra Submetidas a

Carregamentos Estáticos e Dinâmicos Visando a Pavimentação. 2000. Dissertação

(Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da

Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS,

Porto Alegre.

SONCIM, S.P, JUNIOR G . B. O emprego do resíduo da reciclagem de garrafas PET

como agregado em reforços de subleito de rodovias. Congresso Brasileiro de

Ciência e Tecnologia e Resíduos e Desenvolvimento Sustentável – Livro Resumos.

Santa Catarina, 2004.

TAVARES, R. N.; AQUINO, E. M.. F. Controle da moldagem a vácuo melhora a

qualidade das peças de plásticos reforçado. Plástico Industrial. Vol 04/Dezembro,

1999.

TSAI,J.-L.; CHENG,Y.-L. Investigating Silica Nanoparticle Effect on Dynamic and

Quasi-static Compressive Strengths of Glass Fiber/Epoxy Nanocomposites. Journal

of Composite Materials, v. 43, n. 25, p. 3143-3155, 2009.

UDDIN, M.F.; SUN, C.T. Strength of Unidirectional Glass/Epoxy Composite with

Silica Nano particle-enhanced Matrix. Composites Science and Technology, 68:

1637_1643. 2008.

VISON,J. R., SIERAKOWSKI, R. L. The Behavior of Structures Composed of

Composite Materials. 2 ed. Nem York: KluwerAcademicPublishers, p. 16-17, ISBN 0-

306-48414-5, 2002.

ZATTERA, A. J. Caracterização de Misturas de Resíduos de EVA do Setor Coureiro-

Calçadista e de Polietileno Pós-consumo Preparadas com Misturados Tipo Drais,

Tese de Doutorado, Escola de Engenharia, PPGEM, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, 2004.

Page 87: Fernando de Azevedo Alves Pereira - ufsj.edu.br · compÓsitos polimÉricos hÍbridos reforÇados com fibras de pet recicladas e partÍculas de sÍlica. são joão del rei, 2016

86

ZHENG,Y.; NING, R.; YING,Z.Study of SiO2 Nanoparticles on the Improved

Performance of Epoxy and Fiber Composites.Journal of Reinforced Plasticsand

Composites, 24(3): 223233, 2005.