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Fernando Neisser 29.06.2016

Fernando Neisser 29.06 - static.eventials.com · É permitida a propaganda eleitoral na Internet a partir do dia 16 de agosto de 2016 (Lei nº 9.504/1997, art. 57-A). § 1º A livre

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Fernando Neisser

29.06.2016

Nos últimos vinte anos o mundo viu osurgimento de inúmeras novas tecnologias decomunicação que impuseram desafios àstradicionais formas de resolução de conflitos noâmbito eleitoral: Sites e portais de internet;

E-mails;

Redes sociais (Facebook, Instagran, etc.);

Blogs, Web-logs, Web-TV e Web-radio;

Youtube, Vimeo e outros canais de vídeos;

SMS, WhatsApp e outros aplicativos de mensagens.

Ao menos desde meados dos anos 2000 as novastecnologias passaram a ser aplicadas nos processoseleitorais de diversos países: Debates ao vivo CNN/Youtube nas prévias democratas

norte-americanas – 2008;

Banners de apoio a candidatos em sites de empresas,ONGs e personalidades, nas eleições espanholas de 2008;

Voto eletrônico para eleições locais em 2005 epresidenciais em 2007 na Estônia (e-voting);

Referendos com votos captados por celular em cantões daSuíça;

Serviço de envio gratuito de SMS, pelo site do PartidoTrabalhista, no Reino Unido em 2006.

“Por maior que seja o fascínio exercido na maioria

das pessoas ao descobrir pela primeira vez a world

wide web e os demais meios de obtenção etransmissão de informações realizados através daInternet, não se deve esquecer que, ao navegar narede, continuamos no mundo real, utilizando ummicrocomputador e olhando para uma tela.”

LEONARDI, Marcel, “Responsabilidade Civil na Internet e nos

demais meios de comunicação”, Série GVlaw, Saraiva, 2007, p.67.

Os serviços na internet são oferecidos porprovedores de diversos tipos:

De backbone ou de infraestrutura (SRTT – Serviço deTransporte de Telecomunicações);

De acesso à rede (PSCI – provedor de serviço de conexão àinternet);

De correio eletrônico; De hospedagem; De conteúdo.

Meta-dados: informações necessárias paraidentificação, especificamente IP, data e hora deacesso.

Resolução 23.457/15 - TSE:

“Art. 21. É permitida a propaganda eleitoral na Internet a partirdo dia 16 de agosto de 2016 (Lei nº 9.504/1997, art. 57-A).

§ 1º A livre manifestação do pensamento do eleitor identificadona Internet somente é passível de limitação quando ocorrerofensa à honra de terceiros ou divulgação de fatos sabidamenteinverídicos.

§ 2º O disposto no § 1º se aplica, inclusive, às manifestaçõesocorridas antes da data prevista no caput, ainda que delas constemensagem de apoio ou crítica a partido político ou a candidato,próprias do debate político e democrático”.

Pode ser realizada em site do candidato, partido ou coligação, que deve serinformado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedorno Brasil (art. 57-B, I e II);

Res:

“Art. 22. [...] § 1º Para o fim desta resolução, considera-se:

I - sítio hospedado diretamente em provedor de Internet estabelecido no país é aquelecujo endereço (URL – Uniform Resource Locator) é registrado no organismo reguladorda Internet no Brasil e cujo conteúdo é mantido pelo provedor de hospedagem emservidor instalado em solo brasileiro;

II - sítio hospedado indiretamente em provedor de Internet estabelecido no país é aquelecujo endereço é registrado em organismos internacionais e cujo conteúdo é mantido porprovedor de hospedagem em equipamento servidor instalado em solo brasileiro;

§ 2º Tratando-se de empresa estrangeira, responde solidariamente pelo pagamento dasmultas eleitorais sua filial, sucursal, escritório ou estabelecimento situado no país.

Em blogs, redes sociais e serviços afins (art. 57-B, IV):

Há necessidade de comunicação?

Por mensagem eletrônica para endereçospreviamente cadastrados gratuitamente (art.57-B, III), com possibilidade dedescadastramento pelo eleitor.

Não pode ser realizada em sites de pessoas jurídicas (art.57-C, §1º, I) nem em sites públicos (art. 57-C, §1º, II);

Não pode haver publicidade eleitoral paga na internet (art.57-C): A questão dos links e posts patrocinados; As despesas com criação e manutenção de sites; O princípio da “meritocracia virtual”.

Res: “Art. 23. [...] § 3º A divulgação de propaganda e demensagens relativas ao processo eleitoral, inclusive quandoprovenientes de eleitor, não pode ser impulsionada pormecanismos ou serviços que, mediante remuneração paga aosprovedores de serviços, potencializem o alcance e a divulgaçãoda informação para atingir usuários que, normalmente, nãoteriam acesso ao seu conteúdo.

Não pode haver cessão, mesmo gratuita, decadastros de dados eletrônicos por parte dasfontes vedadas (art. 24 cc. 57-E);

A questão da vinda dos dados às candidaturas;

Uso de dados de fontes públicas.

A responsabilidade dos provedores de hospedagem apenas ocorre se,notificados pela Justiça Eleitoral, deixarem de dar cumprimento àsdecisões (art. 57-F): afastamento do “notice and take down”? e o art. 26, §2º da resolução?

Res: Art. 26. Aplicam-se ao provedor de conteúdo e de serviços multimídiaque hospeda a divulgação da propaganda eleitoral de candidato, de partidoou de coligação as penalidades previstas nesta resolução se, no prazodeterminado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da notificação de decisãosobre a existência de propaganda irregular, não tomar providências para acessação dessa divulgação (Lei nº 9.504/1997, art. 57-F, caput).§ 1º O provedor de conteúdo ou de serviços multimídia só será consideradoresponsável pela divulgação da propaganda se a publicação do material forcomprovadamente de seu prévio conhecimento (Lei nº 9.504/1997, art. 57-F,parágrafo único).§ 2º O prévio conhecimento de que trata o § 1º poderá, sem prejuízo dosdemais meios de prova, ser demonstrado por meio de cópia de notificação,diretamente encaminhada e entregue pelo interessado ao provedor deInternet, da qual deverão constar, de forma clara e detalhada, o local e o teorda propaganda por ele considerada irregular.

A publicidade anônima é proibida na internet,sendo crime a realização de propagandaatribuída a terceiros (arts. 57-D e 57-H);

Constitui também crime contratar ou sercontratado para realizar propaganda negativana internet (art. 57-H, §§1º e 2º);

A Justiça Eleitoral pode determinar a retiradado ar de site de internet, em caso dedescumprimento judicial (art. 57-I).

Realização de propaganda paga (links e postspatrocinados) ou, mesmo gratuita, em sites depessoas jurídicas;

Realização de propaganda em sites públicos;

Manutenção de sites de candidatos e partidossem informação à Justiça Eleitoral ouhospedados no exterior;

Propaganda anônima;

Propaganda ofensiva, agressões e ataques emtodas as suas vertentes;

Venda de cadastros eletrônicos ou sua cessão,mesmo gratuita, por fontes vedadas;

Envio de mensagens eletrônicas sem opção dedescadastramento ou sua continuidade apóspedido de retirada;

Contratar ou ser contratado para “emitirmensagens ou comentários na internet paraofender a honra ou denegrir a imagem decandidato, partido ou coligação”.

Representação Eleitoral: art. 96 da L. 9.504/97;

Pedido de direito de resposta: arts. 57-D, 58,§1º, IV e §3º, IV, todos da L. 9.504/97;

Ação de Investigação Judicial Eleitoral porabuso de poder político, econômico ou usoindevidos dos meios de comunicação social:art. 22 da LC 64/90;

Representação ao Ministério Público Eleitoralpara instauração de inquérito visandoajuizamento de Ação Penal.

Provedor de correio eletrônico: pode fornecer osmeta-dados necessários à identificação parcial dequem encaminhou e-mails;

Provedor de hospedagem: pode fornecer os meta-dados necessários à identificação parcial de quemencaminhou os e-mails e retirar o material ofensivodo ar;

Provedor de conteúdo: é responsável, juntamentecom os autores, do material que divulga, além depoder fornecer os meta-dados de quem lançacomentários na área própria: O provedor de conteúdo será responsável por

comentários de terceiros se fizer a moderação.

Provedor de backbone ou de infraestrutura:não se responsabiliza pelas informaçõestransitadas, nem tem como identificar suaorigem, mas pode bloquear acesso adeterminado IP do exterior;

Provedor de acesso à rede: tendo disponíveisos meta-dados, pode identificar precisamente oassinante ao qual se alocara, naqueladeterminada data e hora, o IP.

1) Ajuizamento contra “AUTOR DA OFENSA”,a ser identificado posteriormente;

2) Pedido de notificação ao provedor dehospedagem/correio eletrônico/conteúdo, paraque forneça os meta-dados;

2.1) Se o caso, pedido concomitante de retirada doconteúdo do ar;

3) Uso de serviços de localização de IP, demodo a descobrir qual provedor de acesso detémaquele IP e sua geolocalização;

4) Pedido de notificação ao provedor de acesso,com os meta-dados, para que informe o assinanteque dispunha daquele IP;

5) Aditamento à inicial para substituir“AUTOR DA OFENSA” pela pessoa identificadapelo provedor de acesso;

6) Pedido de notificação do requerido eprosseguimento da representação.

Ajuizamento contra autor desconhecido

Notificação ao provedor de

hospedagem/conteúdo/correio para

fornecimento dos meta-dados

Busca do IP em serviços de localização

na internet

Notificação ao provedor de acesso

para fornecimento dos dados do assinante

Aditamento à inicial com a substituição do autor desconhecido

pela pessoa identificada

Notificação do requerido e

prosseguimento da representação

Ofensa mantida em site no exterior ou em provedor de hospedagem/conteúdo/correio sem representação no Brasil

Identificação dos provedores de backbone que dão acesso à circunscrição eleitoral e pedido de bloqueio de acesso ao IP ou provedor de hospedagem respectivo

Uso de ferramentas de ocultação de IP ou localização (Tor Project, Deep Web, etc.)

Acionamento do Ministério Público Eleitoral e da Polícia Federal, para averiguação de crimes eleitorais e cibernéticos

Ofensas encaminhadas via aplicativo WhatsApp ou similar

Identificação do número de celular de origem das mensagens e prosseguimento da representação

Fernando Neisser

[email protected]