FERREIRA&TEIXEIRA_2009_Leitura Em Sala de Aula

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leitura / enunciação

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    3 Leitura em sala de aula: um ato enunciativo

    Sabrina Ferreira 1

    Marlene Teixeira 2

    rESumoPartindo do pressuposto de que a leitura um ato enunciativo, fundamen-tado no referencial terico de Benveniste, Bakhtin e Ducrot, proposto o trabalho com a cano Subrbio, de Chico Buarque (Carioca, 2006). Conceber a leitura como um ato enunciativo pensar que esta se d quando o sujeito-leitor, aqui o aluno e o professor, estabelece uma relao com o texto para produzir sentido no momento da leitura. O leitor transforma-se em co-enunciador, pois produz sentidos a partir de sua histria de vida, seus valores, sua cultura. no ato da leitura, temos uma cena intersubjetiva: o enunciador que o autor da cano, abre a possibilidade ao leitor de ser co-enunciador, co-autor da cano. no dilogo autor/sujeito-leitor, o sen-tido produzido ativamente no aqui-agora em que se d a leitura. O texto, nessa perspectiva, abre a possibilidade para diferentes leituras, mas no para qualquer leitura. O papel do professor no o de encaminhar leituras em sala de aula, mas convidar o aluno a participar do dilogo enunciador/co-enunciador observando e analisando como o texto diz o que diz: o sentido dado pela estrutura da lngua, reitervel, e o sentido dado pela enunciao, sempre mutvel e adaptvel, porque o sujeito est a implicado. importante que o leitor apreenda os mecanismos lingusticos indicadores do lugar do enunciador, das posies assumidas por ele em relao ao tema e s outras vozes discursivas, dos objetivos e da orientao argumentativa articuladas ao texto e das particularidades do gnero em relao s coeres prprias da esfera de produo, circulao e recepo de enunciados. Convidando o aluno a ser co-enunciador, o professor est convidando-o a preencher as formas eu e tu, convidando-o a ser sujeito.

    1 Mestre em lingustica Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinOS). Professora de lngua Portuguesa na instituio evanglica de novo Hamburgo (ienH). e-mail: [email protected]

    2 Doutora em letras pela PUCRS. Professora no Programa de Ps-graduao em lingustica Aplicada e no Curso de letras da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinOS), So leopoldo, RS. Realiza pesquisa com o apoio da UniSinOS, FAPeRgS e CnPq.

    e-mail: [email protected]

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    PALAVrAS-CHAVEenunciao - gnero cano - sujeito.

    1 Consideraes iniciaiseste texto tem o objetivo de pensar o ato de ler em sala de aula.

    no pretendemos trazer respostas nem esgotar o assunto. Desejamos

    apenas trazer algumas ideias reflexo.

    Houve um tempo, em sala de aula, em que ler era buscar de

    maneira objetiva o significado contido nas palavras presentes no tex-

    to. Dascal (2006) denomina esse modelo de leitura de criptogrfico.

    independentemente de quo difcil ou prolongada seja a busca do

    significado, existe no fundo um fato que permite avaliar objetivamente

    o resultado: ou voc descobre o significado, ou no (ibid, p. 218). O

    sentido estava na decodificao do cdigo escrito.

    Com a descoberta de teorias da interao, o sentido passou

    a estar no leitor. Todo e qualquer sentido, desde que produzido pelo

    leitor, seria possvel. Dascal (2006) chama esse modelo de leitura de

    hermenutico: leitores diferentes, cada um com seus valores e his-

    tria de vida, construiriam, de maneiras diferentes, significados para

    o mesmo cdigo. O autor afirma que os dois modelos de leitura, por

    motivos completamente diferentes, tm uma consequncia similar:

    ambos negligenciam ou minimizam o papel do enunciador do texto

    (Dascal, 2006). Ao enfatizar somente o cdigo ou o leitor, o professor

    est esquecendo que o texto produzido com intenes comunica-

    tivas. nele, a linguagem posta em ato por um sujeito que tem algo

    a dizer.

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    Ao possibilitar a leitura em sala de aula, imprescindvel que

    o professor aponte marcas lingusticas que levem a pensar como o

    texto diz o que diz. A leitura no est no texto nem no aluno. O sen-

    tido em leitura produzido na ao de dirigir o olhar para o fato do

    enunciador ter dito o que disse.

    Fundamentamos nossa reflexo numa abordagem apoiada na

    lingustica da enunciao (cf. Flores e Teixeira, 2005).

    2 a lingustica da enunciaoFlores e Teixeira (2005) propem o sintagma lingustica da

    enunciao para nomear um domnio do saber constitudo por diversas

    teorias enunciativas voltadas linguagem em uso e ao sujeito.

    estas teorias tm em comum o fato de: (a) remeterem s ideias

    de Saussure, j que todos os autores, cada um a seu modo, discutem

    o pensamento de Saussure; e (b) contriburem para o estabelecimento

    de um pensamento sobre enunciao na linguagem.

    Cada autor recorre a campos diversos imprimindo um modo

    de ver a enunciao. Dentre eles, os linguistas Bally, Jakobson,

    Benveniste, Ducrot, Culioli, Kerbrat-Orecchioni, Authier-Revuz, e o

    pensador russo Bakhtin tm contribudo de diferentes formas

    para o avano dos estudos da linguagem.

    O objeto da lingustica da enunciao inclui o sujeito, portan-

    to, algo do campo da irrepetibilidade. A enunciao sempre nica

    e irrepetvel, porque a cada vez que a lngua enunciada, tem-se

    condies de tempo, espao e pessoa singulares.

    importante esclarecer que o objeto inclui o sujeito; porm, o

    sujeito no objeto de estudo da enunciao, mas sim, a represen-

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    tao que a enunciao d dele. Abordar o sujeito requer aspectos

    exteriores ao lingustico. A sua abordagem em lingustica exige que

    sejam convocados exteriores tericos.

    O objeto todo mecanismo lingstico [sinttico, morfolgico, fonolgico, etc.] cuja realizao integra o seu prprio sentido e que se auto-referencia no uso. A enunciao , pois, o que constitui esse processo (Flores e Teixeira, 2005, p. 106).

    Assim, todo e qualquer fenmeno lingustico carrega em si a

    potencialidade de um estudo em termos de enunciao, j que sua

    existncia depende do sujeito que o enuncia. O mtodo de anlise

    no pertence ao campo em si, mas a cada teoria em particular. A

    enunciao algo distinto para cada autor, assim cada teoria concebe

    sua forma de analisar os fenmenos circunscritos pela concepo de

    enunciao que tem.

    leitura, a partir da lingustica da enunciao, a ao de dirigir

    o olhar para o fato de o enunciador ter dito o que disse e no para

    o dito em si.

    3 Leitura como ato enunciativoA leitura um fenmeno complexo e, conforme Teixeira (2005),

    no se esgota em um olhar. Pensar a leitura a partir da lingustica da

    enunciao pensar uma possibilidade de leitura.

    Vista como ato enunciativo, a leitura produz uma relao in-

    tersubjetiva sempre indita: a pessoa que interpreta um enunciado

    reconstri seu sentido a partir de indicaes nele presentes, mas nada

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    garante que o que ela reconstri coincida com as representaes do

    enunciador (Flores e Teixeira, 2005, p. 8).

    Conceber a leitura como um fenmeno enunciativo conceb-la

    como um ato do sujeito-leitor, mediante o qual ele estabelece uma

    relao com o texto para produzir sentido no momento da leitura

    (Teixeira, 2005, p. 200). Os sujeitos-leitores, aqui o aluno e o professor,

    transformam-se em co-enunciadores, pois produzem sentidos a partir

    de suas histrias de vida, seus valores, sua cultura.

    no h um domnio absoluto sobre o sentido, pois o sentido no

    dado pelo texto, ele produzido por aquele que l, no aqui e agora

    em que se d a leitura e que um momento sempre novo, irrepetvel.

    A partir de tal perspectiva, segundo Teixeira (2005), devemos reco-

    nhecer que h algo de subjetivo nessa relao texto e sujeitos-leitores

    (aluno e professor).

    importante no confundirmos o fato de no haver uma leitura

    prevista para o texto com o fato de ser possvel produzir qualquer

    leitura a partir de um texto. Teixeira (2005, p. 201) afirma que a lei-

    tura est sujeita s convenes lingsticas, s restries de gnero,

    aos pontos de ancoragem discursiva que orientam a expectativa do

    leitor, delimitam a interpretao e a impedem de se perder em qual-

    quer direo.

    em enunciao, o sujeito-leitor est sempre em contato com

    o que da ordem da lngua enquanto estrutura, o repetvel, e o que

    da ordem da enunciao, o irrepetvel. Por exemplo, pensando o

    pronome eu, da ordem do repetvel o fato de sempre designar

    aquele que fala e da ordem do irrepetvel o fato de ter sempre

    uma referncia diferente a cada instncia em que enunciado. e

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    entre o repetvel e o irrepetvel que o sentido produzido em

    enunciao.

    no cabe aos sujeitos-leitores, o aluno e o professor, conforme

    Teixeira e Di Fanti (2006), descobrir o que o autor quis dizer, mas a

    partir da leitura de marcas lingusticas, atribuir respostas ou contra-

    palavras ao dizer do outro.

    Apresentaremos uma possibilidade de leitura para a cano

    Subrbio (2006), de Chico Buarque, a partir da concepo de leitura

    como ato enunciativo.

    4 a Cano popular como objeto de leitura A cano popular um gnero discursivo. importante no

    confundir gnero com tipologia textual. O gnero no pode ser defi-

    nido por caractersticas lingusticas: caracteriza-se enquanto atividade

    scio-discursiva. Quando denominamos um gnero, no denominamos

    uma forma lingustica e sim uma forma enunciativa que depende muito

    mais do contexto comunicativo e da cultura do que da prpria palavra

    (Marchuschi, 2002; Machado, 2005).

    Os gneros discursivos em Bakhtin so discutidos, segundo

    Flores e Teixeira (2005, p. 55), luz de uma concepo de enunciado

    como possibilidade de uso da lngua. A fuso do contedo temti-

    co, do estilo e da construo composicional do enunciado, em uma

    dada esfera, determina os gneros do discurso: tipos de enunciados,

    relativamente estveis, que esto vinculados a situaes tpicas da

    comunicao social (Bakhtin, 2003).

    A riqueza e a diversidade dos gneros discursivos so imensas:

    as possibilidades da atividade humana so inesgotveis e em cada

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    esfera da prxis existe todo um repertrio de gneros discursivos que

    se diferencia e cresce medida que se desenvolve e se complexifica

    a prpria esfera (Bakhtin, 2003).

    Trazendo aquilo que comum entre os gneros, o pensamento

    bakhtiniano opera uma distino entre gneros primrios (simples) e

    secundrios (complexos), com o propsito de dar conta do enunciado

    como constitutivo do gnero. Considera gnero secundrio aquele cujos

    enunciados so elaboraes da comunicao cultural mais complexa

    e organizada em sistemas especficos como o da cincia, da arte e da

    poltica (ex.: cano) e gnero primrio aquele cujos enunciados se

    constituem na comunicao discursiva imediata, no mbito da ideologia

    do cotidiano (as ideologias no formalizadas e sistematizadas) (ex.:

    fala cotidiana presente na cano em estudo) (Bakhtin, 2003).

    O que nos interessa nesta reflexo entender os gneros em

    correlao, em carter de complementaridade, pois o estudo de um

    gnero secundrio (a cano) nutre-se, tambm, de discursos prim-

    rios.

    A cano popular, gnero da esfera artstica, segundo Costa

    (2000), um gnero hbrido, de carter semitico, resultante de dois

    tipos de linguagem: a verbal e a musical (ritmo e melodia). A cano

    no exclusivamente texto verbal, nem pea meldica: , sim, uma

    juno das duas materialidades.

    A eficcia desse gnero est justamente na sntese perfeita

    entre a voz que fala e a voz que canta. A cano popular brasileira se

    caracteriza pelo malabarismo que equilibra canto e fala: a voz [...] d

    corpo melodia. e, se esta voz a voz da fala, o canto ganha contornos

    de coloquialidade altamente persuasivos (Costa, 2000, p. 110).

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    A cano um dispositivo enunciativo e devem-se levar em

    conta elementos relativos produo, circulao e recepo:

    H que se considerar a contribuio dos msicos e tcnicos, a existncia do arranjo e do acompanhamento vocal e instrumental, da produo discursiva perifrica (encarte), das linguagens que acompanham essa produo (pintura, desenho, artes plsticas, fotografia, etc.). H tambm que se observar a realidade do disco. A disposio das canes contidas ali (Costa, 2000, p. 120-21).

    O texto a ser analisado de autoria de Chico Buarque e foi

    escrito em 2006. Trata-se de Subrbio.

    1 l no tem brisa

    2 no tem verde-azuis

    3 no tem frescura nem

    4 atrevimento

    5 l no figura no mapa

    6 no avesso da montanha,

    7 labirinto

    8 contra-senha,

    9 cara a tapa

    10 Fala, Penha

    11 Fala, iraj

    12 Fala, Olaria

    13 Fala, Acari, Vigrio geral

    14 Fala, Piedade

    15 Casas sem cor

    16 Ruas de p, cidade

    17 Que no se pinta

    18 Que sem vaidade

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    19 Vai, faz ouvir os acordes

    20 do choro-cano

    21 Traz as cabrochas e a roda

    22 de samba

    23 Dana teu funk, o rock,

    24 forr, pagode, reggae

    25 Teu hip-hop

    26 Fala na lngua do rap

    27 Desbanca a outra

    28 A tal que abusa

    29 De ser to maravilhosa

    30 l no tem moas douradas

    31 expostas, andam nus

    32 Pelas quebradas teus exus

    33 no tem turistas

    34 no sai foto nas revistas

    35 l tem Jesus

    36 e est de costas

    37 Fala, Mar

    38 Fala, Madureira

    39 Fala, Pavuna

    40 Fala, inhama

    41 Cordovil, Pilares

    42 espalha a tua voz

    43 nos arredores

    44 Carrega a tua cruz

    45 e os teus tambores

    46 Vai, faz ouvir os acordes

    47 do choro-cano

    48 Traz as cabrochas e a roda

    49 de samba

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    50 Dana teu funk, o rock,

    51 forr, pagode, reggae

    52 Teu hip-hop

    53 Fala na lngua do rap

    54 Fala no p

    55 D uma idia

    56 naquela que te sombreia

    57 l no tem claro-escuro

    58 A luz dura

    59 A chapa quente

    60 Que futuro tem

    61 Aquela gente toda

    62 Perdido em ti

    63 eu ando em roda

    64 pau, pedra

    65 fim de linha

    66 lenha, fogo, foda

    67 Fala, Penha

    68 Fala, iraj

    69 Fala, encantado, Bangu

    70 Fala, Realengo...

    71 Fala, Mar

    72 Fala, Madureira

    73 Fala, Meriti, nova iguau

    74 Fala, Pacincia...

    Para a descrio e anlise da cano, no partimos de meto-

    dologias prontas, mas sim procuramos ver o que a cano apresenta,

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    dialogando dessa forma com o objeto e fazendo fluir dele a circulao

    dos sentidos.

    Organizamos a leitura em trs momentos complementares: (1)

    compreenso extralingustica: produo, circulao e recepo; (2)

    compreenso do gnero cano: composio e tema; e (3) compre-

    enso do estilo: marcas lingusticas.

    (1) Carioca (2006) a obra musical mais recente de Chico

    Buarque3. A capa que traz o compact disc (doravante cd) traz o

    nome do autor, sua foto e o ttulo Carioca. A foto colorida e

    compreende o rosto do autor. Sobreposto foto, h um mapa das

    ruas do Rio de Janeiro, mais especificamente, do centro da cidade.

    no verso, encontramos uma foto do trax do autor, o restante do

    mapa e os ttulos das doze canes do cd. Dentro da capa, en-

    contramos outro mapa do centro e outra foto do autor. este est

    cabisbaixo e parece estar saindo de um lugar. O encarte tambm

    contm mapas e fotos da equipe que participou da gravao de

    Carioca. Junto letra de Subrbio, encontramos uma foto de Chico

    Buarque de braos cruzados sob outro mapa do centro da cidade. A

    arte do encarte aponta para o dilogo proposto pelo disco: abordar

    o Rio de Janeiro.

    O produtor musical e o responsvel pelos arranjos e regncia

    de todas as faixas do cd luiz Cludio Ramos. Para Chico Buarque,

    a parceria com o produtor neste disco foi muito boa, pois como o

    produtor cria os arranjos a partir do violo, isso torna seu trabalho

    mais prximo ao meu (Desconstruo, 2006).

    3 O disco anterior As cidades, de 1998.

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    Segundo Chico Buarque (Desconstruo, 2006), mais fcil de

    discutir mincias e detalhes, harmonias e tal sendo o mesmo instrumento.

    Quando sai da harmonia4, da melodia5 e da letra6, os passos seguintes so

    do produtor. o produtor quem decide quem ser chamado para tocar

    a msica. Chico Buarque afirma que at pode dar alguns palpites, mas

    quem o responsvel pelo trabalho final da msica o produtor.

    luiz Cludio Ramos afirma que Chico Buarque tem o costume

    de apresentar uma ltima msica em cima da hora e em geral uma

    chave de ouro. e isso aconteceu com a cano Subrbio. A ltima

    produzida a primeira do cd. essa msica alinhavou a ideia do disco,

    mas, conforme Chico Buarque, no foi feita para amarrar o todo do

    disco, mas quando ficou pronta,

    fechou a idia toda do disco. e o Rio inteiro, n? Tem uma msica que eu passeio pelo centro, pela lagoa, em outra msica tu cita a esquina em ipanema, tem a moa saindo do mar, da entrou o subrbio e eu disse completou, fechou o game. a cidade, o Rio. O Rio est muito presente na maioria das msicas. e quando no a temtica da letra ... a coisa. A tem ela faz cinema uma bossa nova. uma msica que a cara do Rio. zona Sul. A outra, As atrizes um choro-cano, um pouco como essa [Subrbio]. A leve um bolero e lembra, assim, Copacabana, anos 50, sabe? Musicalmente ficou mesmo com a cara do Rio. Carioca, que uma homenagem a So Paulo porque eu morei l e meu apelido era Carioca, da quando eu fizer o show l eu digo que o disco em homenagem a vocs (Desconstruo, 2006).

    4 Conjunto de sons dispostos em ordem simultnea concepo vertical de msica. [...] a arte e a cincia dos acordes e suas combinaes [grifo do autor] (Med, 1996, p. 11 e 271).

    5 Conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva concepo horizontal de msica - [...] que obedece a um sentido lgico [grifo do autor] (Med, 1996, p. 11 e 271).

    6 Texto verbal da cano (Costa, 2002).

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    A msica tem a durao de trs minutos e vinte segundos e

    um choro-cano.

    O choro um gnero musical com mais de 130 anos de exis-

    tncia. Os primeiros conjuntos de choro surgiram por volta de 1880,

    no Rio de Janeiro, nascidos no bairro Cidade nova e nos quintais dos

    subrbios cariocas (Roschel, 2007).

    Segundo Diniz (2003), uma das principais discusses sobre o

    choro se deve ou no ter letra. Os chores tm opinies diver-

    sas, j que o gnero puramente instrumental, mas h exemplos de

    compositores passados e presentes que se atrevem a produzir letras

    para alguns choros, como o caso de Chico Buarque. Subrbio um

    exemplo de choro-cano: o gnero musical com letra.

    (2) em sua construo composicional, Subrbio apresenta

    enunciados que se repetem. essa uma caracterstica recorrente do

    gnero cano (cf. Teixeira e Di Fanti, 2006). l (linhas 1, 5, 30, 35

    e 57), no (linha 1, 2, 3, 5, 17, 30, 33, 34 e 57) e fala (linhas 10,

    11, 12, 13, 14, 26, 37, 38, 39, 40, 53, 54, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73 e

    74) aparecem em diferentes combinaes. A letra dividida em sete

    estrofes, sendo que em seis h uma intercalao entre l (linhas 1,

    30 e 57) e um verbo no imperativo (vai, linha 19, vai, linha 46 e

    fala, linha 67). na ltima estrofe, a stima, h novamente um verbo

    no imperativo, fala (linha 71). essa organizao introduz e recupera o

    tema da cano: h um lugar, o subrbio, de que se fala e uma ordem

    que se deseja dar: vai e fala.

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    Quanto ao gnero musical7, encontramos em Subrbio um

    compasso quaternrio. A instrumentao utilizada por luiz Cludio

    Ramos, tpica do choro, composta de violo, baixo acstico, pandeiro,

    piano acstico, clarinete, flauta e violoncelo.

    nas cinco primeiras estrofes, h intercalao entre frases8 mais

    meldicas e frases mais recitativas, onde o canto imita a fala. Quando

    da presena dos verbos fala e dana, as partes so recitadas.

    na primeira parte da letra, das linhas 6 a 9 e 15 a 18 h notas

    prximas, o que gera certa tenso na msica. Quando da palavra

    mapa (linha 5), temos uma acentuao musical que se caracteriza

    por um salto de intervalo9 ascendente na msica. em labirinto (linha

    7), a slaba la apresenta tambm uma entonao musical.

    na slaba de de vaidade (linha 18), h a nota mais grave da

    primeira parte. e na slaba cho de choro-cano (linha 20), a nota

    mais aguda da segunda parte. H entre o grave e o agudo, entre a

    primeira e a segunda partes, um acorde musical que tambm aparece

    na letra: Vai, faz ouvir os acordes do choro-cano (linha 19-20).

    Ao cantar choro-cano, entra o som de um clarinete, instrumento

    tpico do choro, pois seu som malandro e insinuante.

    na terceira parte, quando o cantor entoa moas, (linha65 30)

    entra o som de um violoncelo, instrumento que mais se aproxima da

    voz humana; seu som sensual. Quando da palavra turista, repete-se

    a acentuao musical. em res de tambores (linha 45), h a nota

    7 Para a anlise do gnero musical, contamos com a valiosa colaborao do msico Marcelo Felipe Vier, violinista da Orquestra Sinfnica da Universidade de Caxias do Sul.

    8 Frase uma unidade musical com sentido de concluso (Med, 1996, p. 335).9 intervalo a diferena de altura entre dois sons (Med, 1996, p. 60).

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    mais grave da terceira parte e em cho de choro-cano (linha 46),

    a nota mais aguda da quarta parte: h novamente um acorde, como

    no texto da letra (linha 46). em choro-cano, sai o clarinete e entra

    uma flauta. A flauta tambm um instrumento tpico do choro, seu

    som mais delicado.

    nas sexta e stima partes, h intervalos musicais repetidos

    insistentemente. H a presena simultnea do clarinete e da flauta.

    Os trechos so meldicos. Ao encerrar a stima parte, o cantor entoa

    um fal que no aparece na letra.

    A temtica, quanto letra, contempla aspectos relativos ao

    subrbio do Rio de Janeiro. Alguns itens lexicais orientam nessa dire-

    o: os nomes de bairros e de uma favela10 (Penha, iraj, Olaria, Acari,

    Vigrio geral, Piedade, Mar, Madureira, Pavuna, inhama, Cordovil,

    Pilares, Penha, iraj, encantado, Bangu, Realengo, Mar, Madureira,

    Meriti, nova iguau e Pacincia) e os estilos musicais (choro, funk,

    rock, forr, pagode, reggae, hip-hop, samba e rap). Quanto ao gnero

    musical, a escolha do choro tambm aponta para o subrbio do Rio de

    Janeiro, tendo em vista que foi a que surgiu esse gnero musical.

    Segundo Palleno (2005), etimologicamente a palavra subrbio

    significa o espao que cerca uma cidade, mas esse sentido tem sido

    deturpado, especialmente no Rio de Janeiro. A palavra subrbio, no

    Rio, muito mal resolvida e ganhou uma conotao muito forte de

    classe, at meio pejorativa (Fernandes, apud Palleno, 2005).

    Com relao ao estilo verbal, que, segundo Bakhtin (2003),

    organicamente se liga construo composicional e ao tema do g-

    10 Os bairros so do norte e oeste do Rio de Janeiro. A favela Mar.

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    nero, remetemo-nos s marcas lingusticas de Subrbio e que sero

    abordadas no prximo item.

    (3) Para a anlise do estilo, buscamos apoio nos estudos de

    Ducrot (1987) sobre enunciado negativo, Benveniste (1989, 1995)

    sobre a inversibilidade que assegura a intersubjetividade e Bakhtin

    (2003) sobre exotopia.

    Segundo Flores e Teixeira (2005), a semntica argumentativa de

    Ducrot est relacionada com a enunciao na medida em que considera

    tanto a presena de diferentes vozes (polifonia11) quanto a evocao

    de princpios argumentativos que numa situao x do a direo de

    como um dado enunciado deve ser lido.

    ler, a partir da teoria de Ducrot, observar como, no enuncia-

    do, configura-se o jogo polifnico, o entrecruzamento de diferentes

    perspectivas, pontos de vista, a partir dos quais o locutor fala, enuncia-

    se. Dentre as marcas lingusticas da cano, interessam-nos, aqui, os

    enunciados negativos.

    Segundo Ducrot (1987, p. 202), a maior parte dos enunciados

    negativos [...] faz aparecer em sua enunciao o choque de duas

    atitudes antagnicas, uma, positiva, imputada a um enunciador e1, a

    outra, que uma recusa da primeira, imputada a e212. Para o autor,

    em uma negao contm uma afirmao. Para comprovar tal afir-

    11 A noo de polifonia em Ducrot ancora-se no pressuposto de que o sentido de um enunciado constitudo pela superposio de vrios discursos, cujos supostos responsveis podem ser diferentes do responsvel pelo enunciado (Ducrot, 1987).

    12 Para Ducrot, h diferena entre sujeito falante, locutor e enunciador. Sujeito falante o elemento da experincia, ou seja, o ser emprico e responsvel pela realizao fsica do enunciado. O locutor aquele que se responsabiliza pela produo do enunciado, constituindo-se como um ser discursivo. O enunciador a fonte dos diferentes pontos de vista, s vezes opostos aos do locutor, presentes no enunciado (Ducrot, 1987).

  • 57

    mao, Ducrot (1987) sugere o emprego da expresso ao contrrio,

    encadeado a um enunciado negativo. Por exemplo, ao enunciado Pedro

    no gentil, podemos encadear ao contrrio, ele insuportvel.

    O segundo enunciado, como se pode perceber, contrrio ao ponto

    de vista positivo que o primeiro nega e veicula ao mesmo tempo. O

    autor salienta que essa possibilidade de encadeamento excluda se

    o primeiro enunciado positivo. no se ter nunca Pedro gentil.

    Ao contrrio, ele adorvel. O enunciador tem uma presena e um

    estatuto diferente no enunciado positivo e no enunciado negativo

    (Ducrot, 1987, p. 203).

    O lugar do enunciador j est marcado na frase13 no momento

    em que se interpreta o enunciado negativo: h uma oposio no a

    um locutor, mas a um enunciador, a um ponto de vista.

    O que afirmado pertence ao aqui; o que negado a l.

    encontramos marcas do enunciador na afirmao contida na

    negao, pois a negao aponta para a presena de uma outra voz, o

    ausente que afirmado. Para algum estar l, algum precisa estar

    aqui. Olhando para tu que est l, o enunciador marca o seu

    lugar, aqui.

    Podemos afirmar, a partir da anlise realizada at agora, que a

    cano coloca em oposio dois lugares distintos: l e aqui. e que

    lugares so esses?

    l e aqui so expresses diticas. Os diticos organizam o

    13 A teoria criada por Ducrot denomina frase a entidade lingstica abstrata, terica, uma sucesso de smbolos fora de qualquer situao de discurso, e enunciado o segmento do discurso, a ocorrncia particular da frase, o fenmeno emprico, observvel que no se repete (Barbisan, 2004, p. 73).

  • 58

    espao a partir de um ponto central (ego) (Benveniste, 1989). Uma

    vez que o ttulo aponta para o subrbio podemos produzir a seguinte

    leitura: o eu faz referncia a um aqui; logo, o eu est fora do

    subrbio, que l.

    e a quem eu e tu fazem referncia? nesse aspecto, recorremos

    ao estudo sobre a subjetividade na linguagem de Benveniste.

    Pensar a leitura como ato enunciativo, a partir da teoria de

    Benveniste, trabalhar o modo como se diz, ou seja, como o sujeito

    marca-se, representa-se no seu dizer. Dentre as marcas lingusticas

    da cano, interessa-nos, aqui, os pronomes pessoais.

    Segundo Benveniste (1995), os pronomes pessoais fora do

    discurso efetivo so formas vazias, que no podem ser ligadas nem a

    um objeto nem a um conceito. O pronome recebe sua realidade e sua

    substncia somente do discurso.

    A partir do pronome eu, o locutor enuncia sua posio no

    discurso, propondo-se como sujeito e revelando a subjetividade na

    linguagem. ego que diz ego. encontramos a o fundamento da

    subjetividade que se determina pelo status lingstico de pessoa

    [grifo do autor] (Benveniste, 1995, p. 286).

    na letra da cano, o locutor enuncia sua posio no discurso a

    partir do pronome pessoal na linha 63: eu ando em roda. A posio

    do eu marcada em contraste: Perdido em ti/ eu ando em roda

    (linhas 62 e 63). Segundo Benveniste,

    A conscincia de si mesmo s possvel se experimentada por contraste. eu no emprego eu a no ser dirigindo-me a algum, que ser na minha alocuo um tu. essa condio de dilogo que constitutiva da pessoa, pois implica em

  • 59

    reciprocidade que eu me torne tu na alocuo daquele que por sua vez se designa por eu [grifos do autor] (Benveniste, 1995, p. 286).

    A linguagem condio de existncia do homem e como tal ela

    sempre referida ao outro, ou seja, na linguagem se v a intersubje-

    tividade como condio da subjetividade.

    H um dilogo proposto por eu: dialogar com tu a respeito

    de ela, a tal que abusa/ de ser to maravilhosa (linhas 28 e 29).

    O que o enunciador deseja falar ao subrbio? Recorremos a

    Bakhtin para pensarmos esse dilogo.

    ler, a partir da teoria de Bahktin, compreender que a enun-

    ciao de natureza social (Bakhtin/Voloshinov, 2002) e que os

    eventos esto sempre correlacionados com a situao social mais

    imediata e com o meio social mais amplo, ambos se entrecruzando

    em cada evento e tendo a papel condicionador dos atos do dizer e

    de sua significao (Faraco, 2006, p. 106).

    Dentre os conceitos propostos por Bakhtin, o de exotopia aqui

    nos interessa.

    A exotopia diz respeito criao esttica e expressa a diferena

    e a tenso entre dois olhares, entre dois pontos de vista; na cano,

    o olhar do subrbio e o olhar do enunciador.

    Segundo Amorim (2006), a exotopia designa uma relao de

    tenso entre pelo menos dois lugares: o do sujeito que vive e olha de

    onde vive, e daquele que, estando de fora da experincia do primei-

    ro, tenta mostrar o que v do olhar do outro. O olhar deste ltimo

    consiste em dois movimentos: tentar captar o olhar do outro, tentar

    entender o que o outro v, como o outro v; e retornar ao seu lugar,

  • 60

    que , na cano, necessariamente exterior vivncia do subrbio,

    para sintetizar ou totalizar o que v, de acordo com seus valores, sua

    perspectiva, sua problemtica (Amorim, 2006).

    na cano, o retratado, o subrbio, aquele que vive cada

    instante de sua vida como inacabado, como devir incessante. Seu

    olhar est voltado para um horizonte sem fim. O sentido da vida para

    aquele que vive o prprio viver.

    no mbito da cultura, a exotopia o motor mais potente da compreenso. Uma cultura estrangeira no se revela em sua completude e em sua profundidade que atravs do olhar de uma outra cultura [e ela no se revela nunca em toda sua plenitude, pois outras culturas viro e podero ver e compreender mais ainda]. [...] Face a uma cultura estrangeira, colocamos perguntas novas que ela mesma no se colocava. Procuramos nelas uma resposta a essas questes que so as nossas, e a cultura estrangeira nos responde, nos desvelando seus aspectos novos, suas profundidades novas de sentido. Se no colocamos nossas prprias questes, nos desligamos de uma compreenso ativa de tudo que outro e estrangeiro [trata-se, bem entendido, de questes srias, verdadeiras] [grifo do autor] (Bakhtin, apud Amorim, 2006, p. 100).

    encontramos na cano um olhar exotpico: o enunciador

    tenta entender o ponto de vista do subrbio, mas no se funde com

    ele. Mais do que o objeto em si, o que se v so os mltiplos olhares

    possveis sobre um objeto: l apresentado de diversas maneiras

    a partir do que no tem (conforme leitura a partir de Ducrot) em

    relao ao centro urbano (a tal que abusa/ de ser to maravilhosa,

    linhas 28 e 29).

    O enunciador intercala o olhar exotpico com diversos verbos

    no imperativo: fala (linhas 10, 11, 12, 13, 14, 26, 37, 38, 39, 40,

  • 61

    53, 54, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73 e 74), vai (linhas 19 e 46), faz

    (linhas 19 e 46), traz (linhas 21 e 48), dana (linhas 23 e 50),

    desbanca (linha 27), espalha (linha 42), carrega (linha 44) e

    d (linha 55).

    Conforme Benveniste, o imperativo14 utilizado, de alguma

    forma, para influenciar o comportamento do alocutrio. Pensamos

    que alm de olhar o subrbio, o enunciador quer convoc-lo a uma

    posio, isto , ocupao de um lugar.

    Dentre os trinta e dois verbos no imperativo, fala aparece

    vinte vezes. Falar remete interao, e em lingustica da enunciao,

    remete inversibilidade de eu e tu.

    Ao usar fala, o enunciador est intimando o tu a falar, e

    quando tu falar, necessariamente precisar ocupar a casa vazia

    do eu. Falar consiste, inicialmente, em trocar, antes de mais nada,

    a capacidade de utilizar o eu [...]. Falar usar eu, e usar eu

    reconhecer-se mutuamente o direito fala [...] (Dufour, 2000, p.

    76).

    O que est em jogo na fala intersubjetiva uma troca, uma

    troca de posio entre dois protagonistas. Ocupar a posio eu no

    discurso reconhecer-se um direito no espao simblico (Teixeira,

    2005, p. 203).

    O enunciador alm de olhar o subrbio, intima o tu, que l

    est, a participar do espao simblico do Rio de Janeiro.

    14 O imperativo compe uma das formas que o autor denomina de intimao: ordens, apelos que implicam uma relao viva e imediata do enunciador ao outro (Benveniste, 1989).

  • 62

    5 Consideraes Finaisneste texto, buscamos refletir acerca da leitura em sala de

    aula como ato enunciativo. Com o exerccio de anlise da cano

    Subrbio de Chico Buarque, buscamos demonstrar que a partir de

    marcas lingusticas, tomadas na enunciao concreta, que se produz

    o sentido.

    no ato da leitura, temos uma cena intersubjetiva: o enun-

    ciador que o autor da cano abre a possibilidade ao leitor de ser

    co-enunciador, co-autor da cano. no dilogo autor/sujeito-leitor,

    o sentido produzido ativamente no aqui-agora em que se d a

    leitura.

    O papel do professor no o de encaminhar leituras em sala

    de aula, mas convidar o aluno a participar do dilogo enunciador/

    co-enunciador observando e analisando como o texto diz o que diz:

    o sentido dado pela estrutura da lngua, o repetvel, e o sentido dado

    pela enunciao, irrepetvel, porque o sujeito est a implicado.

    importante que o leitor apreenda os mecanismos lingusticos

    indicadores do lugar do enunciador, das posies assumidas por ele

    em relao ao tema e s outras vozes discursivas, dos objetivos e da

    orientao argumentativa articuladas ao texto e das particularidades

    do gnero em relao s coeres prprias da esfera de produo,

    circulao e recepo de enunciados (Teixeira, 2005).

    Convidando o aluno a ser co-enunciador, o professor est

    convidando-o a preencher as formas eu e tu, convidando-o a ser

    sujeito.

  • 63

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