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Festa Da Lapinha 2
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1- INTRODUÇÃO
A festa tradicional, por possuir uma estrutura cíclica deve ser analisada
diacronicamente e sincronicamente, pois como é exposto por Macedo (1998) em “Os
Impérios da Festa”, a festa no decorrer dos anos modificam e ao mesmo tempo preservam a
sua estrutura através da incorporação de novos valores e a permanência de certas tradições,
ela dialoga, portanto com a historia e com elementos da ordem do dia, da moda que são
absorvidos pela mesma. A noção da festa tradicional está ligada a superação das distâncias
entre os indivíduos, a produção de um estado de "efervescência coletiva" e a transgressão das
normas coletivas e com os conceitos profano e sagrado, assim descrito por Durkheim (2003)
em “As formas elementares da vida religiosa”.
A festa tradicional possui uma estrutura especifica caracterizador de expressões
presente em toda cultura norte mineira ate mesmo elementos relacionados à cultura brasileira,
que é uma cultura sincrética, mista que envolve a aspectos da cultura européia, afro e
indígena. Para Macedo (1998), “o jogo do homem no jugo de Deus”, foi uma forma que nós
brasileiros encontramos para driblar o catolicismo trazido da Europa e adicionar a esse,\
elementos profanos da cultura afro e indígena, ou seja, um “catolicismo lírico”, na expressão
de Gilberto Freyre (1994, p. 22)1, “com muitas reminiscências fálicas e animistas das religiões
pagãs: os santos e anjos só faltando tornar se carne e descer dos altares nos dias de festa para
se divertirem com o povo”.
A estrutura barroca também foi um elemento muito importante para a formação das
festas religiosas tradicionais, por ser o homem barroco, um homem que vivia a agonizante
descontinuidade entre sua natureza e a divina, esta eterna e aquela perecível.Ou seja, no
tempo da festa, homens reverenciam a Deus, celebram sua glória, mas fazem também tudo
aquilo que a natureza ascética da divindade não pode gozar: os prazeres carnais e sensoriais, o
comer e o beber, o tocar e o dançar, o chorar e o rir; enfim, na festa se celebra também a
glória da humanidade. Os fogos de artifício e o luxo das procissões são exemplos
contundentes dessa relação de reverência e rivalidade entre os feitos divinos e humanos. Isso
seria como descreve Macedo (1998) no subtítulo “Deus e o diabo no Império das festas”,
1 Gilberto Freyre não interpreta as relações entre brancos e negros a partir da lógica do conflito, mas da complementaridade (que acabou se tornando senso comum sob o rótulo da “democracia racial”). Talvez a festa católica tenha um papel importante na formação desse mito do Brasil mestiço e cordial, pois nela ele se confirma e se questiona dialeticamente.
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elementos profanos e sagrados no mesmo espaço, o que deixava escandalizados os viajantes
protestantes quando vinham ao Brasil.
A festa é também sacrifício e destruição. Esta noção da festa é discutida por
Bataille(1993) para quem sacrificar é destruir e até matar, não necessariamente em seu sentido
literal. Sacrificar é abandonar, doar, consumir. Gastar o que não se tem, comer o que não
necessita, dançar mais do que a conta, etc. A festa é, portanto, à parte maldita da sociedade,
uma vez que é precedida da idéia de dispêndio, sacrifício, orgia, violência, consumo e
consumação.
Assim as festas religiosas que ainda preservam essa tradição fazem parte do
patrimônio histórico cultural brasileiro, o objetivo desse projeto é o tombamento da Festa da
Lapinha de Santo Antônio no distrito de Santana da Serra no município de Capitão Enéas,
como patrimônio cultural, uma vez que é um elemento de extrema importância para a
comunidade e por ter na estrutura festiva as características acima descritas.A constituição
Brasileira de 1998 atualizou o conceito de patrimônio cultural, sendo:
Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referencia à ação, à memória dos diferentes grupos fundadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações cientificas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artsticas-culturais; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico. (...)
A festa da Lapinha de Santo Antônio é uma expressão cultural comunitária, regional e
nacional, pois como é posto no IEPHA-MG, “Patrimônio Cultural é a soma dos Bens
Culturais de uma comunidade ou grupo”. Podendo então, esse patrimônio ser imaterial ou
material, no caso a festa é um patrimônio imaterial, pois caracteriza uma cultura a partir de
construções sociais, como modo de vida, as historias, a musica, entre outros. A festa
reconhecida como patrimônio cultural é uma forma de preservar essa estrutura festiva e de
valorização da cultura local, regional e nacional, que estar presente em todo tipo de festa
religiosa tradicional.
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2-JUSTIFICATIVA
A festa aqui analisada acontece todos os anos, não tendo por certo a dada de seu
começo, mais pela linguagem oral e por objetos que cotem grafados a data de 1885, pode – se
observar que se trata de uma festa centenária.A festa da Lapinha de Santo Antônio ou também
conhecida como a Lapinha dos Santos, está localizada no distrito Santana da Serra no
município de Capitão Enéas, no Norte de Minas Gerais. O local é uma gruta a
aproximadamente 3 km do distrito, e que todo ano entre o primeiro o segundo final de semana
precedente ou antecedente ao dia 13 de junho, acontece manifestações religiosas voltadas para
três santos, sendo o principal Santo Antônio, mais havendo o levantamento do mastro de São
João e São Pedro, os três santos do mês de junho.
Esta festa é um acontecimento importante na comunidade, pois é a segunda maior,
por possuir um lugar central na vida social Santanense, englobando todos os aspectos desta
sociedade, por isso pode ser considerada como um fato Social Total2, assim como descreveu
Mauss no Ensaio sobre a dádiva, ela conseguiu através do seu estudo mostrar toda a estrutura
social da comunidade, pois está relacionada com a economia local, a política, com as questões
sociais. Então a festividade é de grande importância social, pois evidencia as disputas
políticas e os seus jogos, uma vez que vários políticos usam da festa em tempo de eleições
para se promoverem. No campo econômico, a disputa entre comerciantes é bem evidenciada,
pois estes também pagam para venderem durante a festa. Enquanto que o social, é posto por
uma solidariedade mecânica3, por se tratar de uma comunidade tradicional, que está muito
pautada na moral em laços mais coesos, durante a festa a reciprocidade que é vista no
cotidiano da comunidade também é percebida.
Segundo os relatos orais, o mito que originou a festa da Lapinha de Santo Antônio,
tem inicio quando um grupo de pessoas, sendo estes descritos como baianos, pelos moradores
2 Partindo da concepção de fato social de Durkheim (fato social como “coisa”, objeto a ser estudado), Mauss (1974) introduz no conceito o aspecto simbólico, ultrapassando os limites do positivismo. Nos fatos sociais totais – como a troca nas tribos do noroeste americano – exprimem-se às instituições religiosas, jurídicas, morais, econômicas, bem como os fenômenos estéticos e morfológicos; enfim, toda a vida social se mistura e está presente ali. Certamente, o exemplo mais acabado da análise maussiana do “fato social total”encontra-se no “Ensaio sobre a dádiva”. 3 A solidariedade mecânica para Durkeim (1973) prevalece naquelas sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo, essa correspondência de valores assegura a coesão social.
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mais velhos da região, ao chegarem no local, que já era ponto de rezas, desacreditados em
Santos, sem fé , começaram a cantar, dançar, beber e depreciar o local, dizendo que “Santo
que nada”. De repente, o local se fechou, ficando os baianos trancados neste, no desespero
clamam por vários Santos, então uma mulher lembra e clama “valei-me Santo Antônio” e
abre-se uma porta, ao abrir desta, os baianos ajoelham-se e começam a rezar o terço, esses
viram devotos e o local torna-se uma gruta. A partir daí, esta se torna sagrada para a
comunidade, sendo palco de orações dos moradores da região a Santo Antônio e de
promessas.
Com isso, Santo Antônio torna –se o Santo Padroeiro da Lapinha, e todos os anos no
mês de junho e especialmente dia 13 que é o seu dia, os moradores da região, que hoje é o
distrito de Santana da Serra, deslocavam-se para o local caminhando ou de cavalo para rezar o
terço e cumprir promessa, seu Antônio Pereira Brandão, morador da região, soltava foguetes
de 5:00 h da manha as 9:00 h, pelas benções alcançadas. Ao passar dos anos cresce a
manifestação religiosa, além da reza do terço, começaram a ocorrer outras celebrações como
da missa, levantamento do mastro, leilão, profissões, entre outros. Há também a transferência
da coordenação ou a função de festeiro - o dono da festa - que durante gerações será
substituída, não havendo regras para essa transferência de cargo. A primeira festeira foi Ana
Rodrigues da Silva, depois esta passa para Eugenio Pereira Rocha, em seguida vem Mesias
Faustino de Souza que entrega a função a José Augusto Rocha, conhecido na comunidade
como Zé de Lita, esse durante muito tempo organizou a festa, transferindo-a para João Eles de
Souza, conhecido como Joelim, que esta há 7 anos na frente da organização da festa.
O que chama atenção em todo esse histórico da festa, são as mudanças estruturais
ocorridas durante aproximadamente esses 108 anos de tradição. No entorno da festa da
Lapinha dos Santos, se processou o agregamento de novos valores e fatores sociais, a
mudança não ocorreu só na estrutura ritual religiosa, mais também na estrutura física do local.
Começarei pelas mudanças na estrutura ritual, que era apenas a reza do terço o em
homenagem a Santo Antônio, e ao passar dos anos foram somando a essas outras
manifestações. O levantamento do mastro foi um ritual que somou – se à festa, tornando – se
este um dos acontecimentos mais importantes desta, junto a Santo Antônio, São Pedro e São
João que por serem Santos do mês de junho ou juninos, juntaram – se as comemorações
havendo o levantamento do mastro destes. Agregou – se também a essa festa, manifestações
profanas, como o baile, bebidas.Outra importante manifestação foi a do leilão que é realizado
depois do levantamento do mastro e antes do baile, há também a missa realizada no domingo
e a procissão logo após da missa. E no que se refere ao espaço físico, houve uma grande
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mudança, pois antigamente não havia luz no local, sendo a iluminação por velas e fogueiras,
aparecendo depois a emergia movida por gerador a óleo, a gruta não tinha lâmpadas, o que
significa que o acesso a ela, era só através de lanternas e vela. Hoje através do programa luz
para todos do governo Federal, já se tem emergia elétrica no local o que possibilitou a
colocada de lâmpadas na gruta. Há dois anos atrás a prefeitura implementou banheiros
químicos no local, que antes os participantes da festa utilizavam a vegetação ao redor, as
mulheres se agrupavam a procura de um local apropriado.
O tempo não trouxe só mudança, mais também à preservação de valores crenças, que
continuam fortes na estrutura festiva. Aqui será importante analise dessa tradição, mais não só
isso, a festa em si como a superação das distâncias entre os indivíduos, a produção de um
estado de "efervescência coletiva" e a transgressão das normas coletivas, da legitimação
social, moral da comunidade, se faz muito importante. Uma fez que, o espaço festivo é um
espaço de inteiração social, onde as diferenças desaparecem ou são reafirmadas. Mais aqui
darei enfoque na festa como estado coletivo, em que as diferenças desaparecem e dá lugar a
uma efervescência, em que os indivíduos se encontrão em relações de reciprocidade.
Na festa da lapinha esse estado de efervescência já começa no ponto do ônibus, onde
os moradores do distrito ficam esperando o transporte disponibilizado pela prefeitura para
deslocarem ao local que é um pouco distante da comunidade, esse momento se faz como um
espaço de confraternização, pois o ponto vira local de conversa e reencontros. Na festa, onde
se encontram pessoas da redondeza, como Montes Claros, Capitão Enéas, Janaúba, Caçarema
e outros, todo o pessoal reúne e vai até um ponto da estrada buscar as bandeiras que os
mordomos – donos da bandeira - vêm trazendo. Se encontram todos com uma vela na mão,
começam a entoar cantos acompanhados pela sanfona. Ao chegarem no local festivo todos se
dirigem para a gruta onde rezam o terço em homenagem aos santos, terminando o terço se da
três voltas em volta da fogueira. Por último coloca-se a bandeira nos mastros, e os levantam
entoando cantos, quando estes já em pé, acendem-se a giranda, os fogos de artifícios, então as
velas são postas nos pés dos mastros, acompanhadas de pedidos.
A festa, prossegue com a realização do leilão, que é posto como um ato de
reciprocidade, o ato de dar, retribuir e receber, teorizado por Mauss, pois os mesmos que
doam os objetos a serem leiloados, rematam - o, por uns valores superiores do que valem, não
só os que doam mais todos que arrematam, sempre pagam um valor, no que diz respeito ao
valor de mercado, maior do que vale o objeto. Lembrado, o que estar em jogo aqui não é um
valor capitalista, mais sim um valor sentimental de retribuição pelas bênçãos alcançadas, por
isso que, não tem importância um frango assado que custa R$ 2,00 ser rematado por R$30,00,
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o que importa é o sentimento que esse gesto simboliza. Ao final do leilão começa o baile, as
bebidas, as comilanças, tendo uma comida típica da festa que faz muito sucesso, a lingüiça de
Dona Piedade e o seu doce de mocotó, iguarias que não podem faltar. E ai vai até o sol nascer,
dançando, bebendo cachaça e comendo muito. No domingo, continua – se o festejo,
geralmente entre 10:00 a 11:00 horas da manhã há a realização da missa e depois a procissão
dos andores, após esse ritual o povo se deslocam para as barraquinhas para beber, dançar e
comer. Por fim a festa termina ao anoitecer, voltando todos para a casa.
Contudo, o que a festa da Lapinha produz é de grande importância para a sociedade, e
uma forma de fortalecer as redes culturais que ligam os indivíduos, como salientar Durkheim
(2003), a festa é uma forma de coerção social. Um local de confraternizar o social, a alegria,
havendo o sagrado e o profano junto e misturado. A estrutura da festa da lapinha tem por
característica essa união, divino unido com o mundano, ou seja, bebidas, danças, rezas, no
mesmo local. Mais atualmente essa festa estar sofrendo repressões por parte da igreja católica,
que há aproximadamente 10 anos separou todas as festas tradicionais do município de Capitão
Enéas em festa religiosa e a festa social, ou seja, separou-se o profano do sagrado, havendo
um racha na estrutura social em todas as comunidades do município, um conflito social
profundo.
Em Santana da Serra a Festa tradicional de Nossa Senhora Santana, no mês de julho
foi separada, num final de semana a festa religiosa (sagrada) e no outro a social (profana),
havendo uma separação na estrutura social, pois a festa é de extrema importância nessa
sociedade. O responsável por essa divisão foi o padre Marcos, que durante os cinco anos que
permaneceu na paróquia do município, bocoitou a celebração na festa da lapinha, sendo que
durante esse período o organizador da festa trazia padre de fora. Mesmo depois da saída do
Pe. Marcos ainda há resistência da paróquia com relação à festa da lapinha, o novo pároco
nesse ano relatou que não irá mais celebra a missa na festa.
Isso por causa das bebidas, dança , objetos profanos que se encontram na estrutura da
festa, há então pela comunidade uma luta pela permanência da festa nas suas bases
tradicionais. Esta festa é de extrema importância para a comunidade, pois expressa valores
que são passados de geração em geração, que fazem parte da memória coletiva do grupo, e
além disso trata-se de uma bela paisagem, que também deve ser preservado. A gruta e a serra
ao longo do tempo vêm sofrendo impactos ambientais muitos fortes, o uso e o manejo
irregular do território, faz com que as rochas corram um serio risco de desabamento. O local é
visto como um santuário, que durante o ano todo há a idas de pessoas a esse, em tempos que
não há a festa, um exemplo disso e dona Joana, que faz todo ano uma peregrinação, uma
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caminhada de mais ou menos 1:00 h, apesar dos seus quase 100 anos. Assim, há a necessidade
da preservação do local por ser um local sagrado e uma paisagem belíssima.
A proposta de tombamento é justamente uma forma de manutenção e preservação da
tradição festiva tipicamente norte mineira e brasileira e da reprodução social da comunidade
onde esta é realizada, uma vez que, é ponto de reencontros, de solidariedade, dádiva,
reafirmação social, coesão social, inteiração social, preservação de valores religiosos e
sociais. O projeto de tombamento da festa da lapinha em patrimônio cultural imaterial, será
enviado ao O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais –
IEPHA/MG –, criado pelo Governo do Estado em 30 de setembro de 1971, é uma fundação
sem fins lucrativos vinculada à Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. O
IEPHA/MG tem por finalidade pesquisar, proteger e promover os patrimônios cultural,
histórico, natural e científico, de natureza material ou imaterial, de interesse de preservação
no Estado de Minas Gerais, nos termos da legislação estadual que dispõe sobre a matéria.Ao
mesmo tempo o projeto será encaminhamento a prefeitura municipal de Capitão Enéas para o
tombamento local tal iniciativa ajudará na preservação local.
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3-OBJETIVO
3.1Geral:
• Propiciar o tombamento imaterial da festa da Lapinha de Santo Antonio com o
propósito de garantir a manutenção da cultura tradicional da festa e a conservação do
espaço físico, natural que se reproduz como um espaço social e cultural para a
comunidade de Santana da Serra/Capitão Enéas-MG .
3.2 Especifico:
• Promover a valorização dos elementos importantes, como a culinária tradicional,
instrumentos musicais e personalidades marcantes da festa;
• Incentivar através da preservação ambiental essa população na utilização correta do
desse território festivo;
• Valorizar a linguagem oral regional de tal forma que essas sejam formas de identificar
tanto a comunidade quanto à festa;
• Valorizar a linguagem oral regional de tal forma que essas sejam formas de identificar
tanto a comunidade quanto à festa;
• Elaborar material didático para a divulgação e preservação da festa;
• Organizar no espaço técnicas de preservação de maneira que a população local possa
fazer destas praticas corriqueiras de uso consciente dos recursos naturais e culturais.
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4- METODOLOGIA
No primeiro momento será necessária uma pesquisa bibliográfica sobre patrimônio
histórico cultural e de festas tradicionais, bem como junto aos órgãos que desenvolva projetos
relacionados ao tema em questão como o IEPHA e a secretaria municipal de cultura.
Através de uma etnografia mais densa e de um laudo ambiental será necessário à
formação de uma equipe com profissionais da área de antropologia, historia, meio ambiente e
geologia. Essa através de visitas a comunidade estabelecerá, com a contribuição de um
nativo, que servirá como informante, a criação dos laudos e do agrupamento da documentação
necessária para o processo de tombamento.
Os profissionais como o geólogo e o engenheiro ambiental trabalharão juntos para a
elaboração do laudo ambiental que descreverá as condições ambientais do local, como a
degradação do solo, vegetação e principalmente do desgaste das rochas, descrevendo o risco
que as ações antróficas ocasionaram à gruta e a serra. Já o antropólogo será responsável pelo
laudo antropológico que informará a relevância dessa festa a reprodução local e regional. O
historiador ficará responsável pelo processo de construção da historia oral festiva, que
constará também no laudo antropológico. Agora tanto o antropólogo, quando o historiador
será responsável pela busca de fotografias e vídeos relacionados à festa.
Esse processo de idas e vindas à comunidade tem o propósito de obter a documentação
necessária para o envio a órgão IEPHA, assim como está descrito sobre os procedimentos e
normas internas de instrução dos processos de registros de bens culturais imateriais,
divulgados na portaria n 47, de 28 de novembro de 2008, sendo descrito no art. 3º essa
documentação. Sendo:
Art. 3º O requerimento para instauração do processo de Registro, instruído com documentação pertinente, deverá ser enviado formalmente à Presidência do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA/MG.
SS 1º A documentação pertinente consiste em:
I - identificação do requerente;
II - justificativa do requerimento;
III - denominação e descrição sumária do bem proposto para Registro, com a indicação dos grupos sociais envolvidos, local, período e forma;
IV - informações históricas;
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V - documentação fotográfica e audiovisual disponível e adequada à natureza do bem;
VI - referências documentais e bibliográficas disponíveis;
VII - declaração formal de representante da comunidade produtora do bem ou de seus membros, expressando o interesse e anuência com a instauração do processo de Registro; e
VIII - informação sobre a existência (se houver) de proteção em nível federal ou municipal.
SS 2º Na hipótese de não observância do parágrafo anterior o requerente será oficiado para que complemente a documentação do requerimento no prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável mediante requerimento justificado, sob pena de arquivamento do pedido.
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5- CRONOGRAMA FÍSICO Período : Janeiro de 2010 a dezembro de 2010 Atividades/mês J F M A M J J A S O N D
Pesquisa bibliografia sobre patrimônio cultural, teoria e metodologia de pesquisa de campo, preservação ambiental e reuniões periódicas
X X X X X X X X X X X X
Visita a comunidade para a coleta de dados, através de entrevistas entre outros e análise das rochas, da serra, vegetação. Sendo que em junho a visita a campo será obrigatória no período da realização da festa
X X X X
Reunião semestral para a divulgação e análise dos laudos parciais e também para a busca de metas no processo de conscientização ambiental e cultural
X
Trabalho de campo não só para a coleta de dados, mas também para promover a conscientização da comunidade
X X X
Reunião para a revisão dos laudos finais e o encaminhamento ao IEPHA/MG e secretaria municipal de cultura, do projeto
X
Visita a comunidade para a realização de palestras de patrimônio cultural imaterial e ambiental e divulgação dos laudos, encerrando-se assim o projeto
X
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6-ACOMPANHAMENTO Os pesquisadores, através do trabalho de campo, levantarão dados sobre os elementos
festivos, comunitários e sobre o espaço físico da festa. A equipe será dividida de acordo com
a área de estudo, o geólogo e o engenheiro ambiental ficarão responsáveis pela análise do
espaço físico como gruta e serra, assim como risco de desabamento, estado de degradação do
mesmo, já o antropólogo e o historiador analisaram os elementos tradicionais tanto da festa
quanto da comunidade, registrarão os depoimentos dos sujeitos sociais, reunirão todo tipo de
documentação em relação a esta, como fotos, vídeos e outros para servirem como base no
laudo antropológico.Também serão feitas reuniões periódicas para elaboração de novas
estratégias e o repasse do dos resultados parciais.
7-AVALIAÇAO
Serão elaborados pela equipe dois laudos, um ambiental que registrará o estado físico
da gruta e da serra, os risco e as estratégias de preservação do lugar e o outro será um laudo
antropológico abordando elementos da estrutura social e festiva a importância da festa e o
simbolismo que esta recria nos modos de vida da comunidade.
8-CONTROLE
No período de doze meses para a execução dessa intervenção, que vai de janeiro de
2010 a dezembro de 2010, serão realizadas reuniões para entrega do relatório parcial no final
do segundo semestre, sendo convocadas reuniões de acordo com a necessidade dos
pesquisadores e do andamento da pesquisa, estas serão realizadas ao longo de todo o
processo. Sendo que:
No primeiro semestre serão realizadas reuniões para a discussão teórica e
metodológica do trabalho de campo e sobre patrimônio histórico, em seguida será feito o
primeiro contato com a comunidade em visitas periódicas, não sendo necessário à visita das
duplas ao mesmo tempo, podendo se alternar, mais sendo que os membros de cada dupla
devem ir a campo juntos. As reuniões também serão necessárias para a análise de um relatório
parcial entregue ao fim do primeiro semestre, onde se discutiram os dois relatórios, tentado
estabelecer um analogia entre os dois;
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No segundo semestre depois da entrega do laudo parcial, será discutido estratégias
para a conscientização comunitária da importância do patrimônio histórico e cultural e da
preservação ambiental, uma vez que essa festa se realiza em um ambiente natural. Através
disso as visitas a comunidade no segundo semestre serão voltadas não só ao trabalho de
campo mais também na divulgação e conscientização sobre patrimônio cultural e ambiental;
Ao final do segundo semestre será enviado ao IEPHA/MG e a secretaria municipal de
cultura todo documentação necessária o a processo de tombamento imaterial. E em seguida os
pesquisadores voltarão a comunidade para a realização de palestra e divulgação dos laudos,
assim como a utilização do patrimônio e preservação do mesmo. A palestra será feita pelas
duplas, uma será responsável pela discussão sobre meio ambiente e preservação ambiental e
também pela divulgação do laudo ambiental do local e as estratégias que devem ser
estabelecidas pelos indivíduos para a utilização sustentável da serra e da gruta e de outros
patrimônios ambientais da região.
A outra dupla realizarão uma palestra voltada para o esclarecimento de todo o
processo do tombamento, a utilização do patrimônio imaterial e sua importância para cultura e
historia local e regional, também serão divulgados os resultados do laudo antropológico. Por
fim será apresentada a comunidade a questão da verba que assim que terminado o processo de
tombamento, o município receberá para a manutenção do bem tombado, os pesquisadores
iram encaminhar aos moradores de como e que estratégias deveram ser feitas para isso, com
isso incentivaram os mesmo que juntos a prefeitura, a estabelecer na prática essas metas e da
importância da fiscalização dessa verba, para que ela seja aplicada no seu devido fim.
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9- ORÇAMENTO 9.1- Material Permanente Discriminação Quant. Valor Unit. R$ Valor Total Gravador 02 200,00 400,00 Pen Drive 2 GB 04 65,00 260,00 Máquina Fotográfica Digital
02 600,00 1.200,00
Computador 02 1.200,00 2.400,00 Impressora multifuncional
01 400,00 400,00
Cartucho 02 65,00 130,00 Sub-Total 4.790,00 9.2- Material de Consumo Discriminação Quant. Valor Unit. Valor Total CD RW 20 1,00 20,00 Papel A4 4 pcts 12,00 48,00 Caneta Esferográfica 01 cx 29,00 29,00 Lápis 01,00 cx 20,00 20,00 Sub-Total 117,00 9.3- Passagens Discriminação (Trecho)
Quant. Valor Unit. R$ Valor Total R$
MOC/COM/MOC 40 11,00 440,00 Sub-Total 440,00 9.4- Outros Serviços de Terceiros Discriminação Quant. Valor Unit. R$ Valor Total R$ Xérox 1000 und 0,10 100,00 Revelação de fotos digitais
200 und 0,60 120,00
Arte em panfletos 3 10,00 30,00 Impressão de panfletos
200 0,50 100,00
Transporte na comunidade
4 50,00 200,00
Sub-Total 550,00
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9.5 Recursos humanos Discriminação Quant. Valor Unit. R$ Valor Total Salário dos pesquisadores
4 mensais durante 12 meses
1.200,00 57.600,00
Salário do representada da comunidade
1 mensal durante 12 meses
465,00 5.530,00
Sub-Total 63.130,00
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10- FONTES DE RECURSOS Discriminação Total Material permanente 4.790,00 Material de Consumo 117,00
Passagens 440,00 Outros Serviços de Terceiros 550,00
Recursos humanos 63.130,00 Total geral 69.027,00
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11- METAS
• Realização de reuniões periódicas no dois primeiros meses para a leitura e discussão
sobre metodologia de pesquisa de campo e um estudo teórico sobre festas tradicionais.
Essas reuniões são de extrema importância para orientação dos pesquisadores em
relação às visitas há campo;
• visitas à comunidade no primeiro momento para a apresentação dos pesquisadores aos
moradores, através do contado posteriormente estabelecido com um morador local que
servirá como guia a esses, indicando as pessoas a serem entrevistadas e local onde se
realiza a festa.
• Elaboração de uma etnografia da festa no mês de junho, observando os fatores
simbólicos, culturais e sociais e as relações dos participantes desta com o meio
ambiente.Observando-se assim, a existência de lixeiras, o local apropriado para a
giranda, para que não se tenha o risco de queimada, entre outros fatores;
• Realização de reunião no mês de julho para a entrega dos laudos parciais e discussão
destes no intuído de se estabelecer uma conexão entres dois, observando os impactos
que a festa causa ao local. Para assim, desenvolver políticas de conscientização a
serem dirigidas aos moradores durante a festa;
• Realização da reunião final em novembro, para entrega dos laudos finais e o para o
encaminhamento do projeto ao IEPHA/MG e a prefeitura municipal de Capitão Enéas;
• Na ultima visita que será no mês de dezembro, serão realizadas palestras sobre
patrimônio cultural e imaterial e ambiental, sendo também divulgados os laudos finais.
A palestra será promovida em um dia, sendo que na parte da manha serão feitos
debates e a exposição dos laudos antropológico e ambiental . De 9h as 10 h será
proporcionada uma discussão sobre patrimônio cultural e imaterial e de 10 h as 11 h
sobre conservação ambiental. Na parte da tarde será feito uma visita à gruta com os
moradores, onde realizadas dinâmicas, como a plantação de mudas pelos mesmo e de
maneiras de se preservar esse patrimônio.
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REFERÊNCIAS
BATAILLE, Georges. Teoria da religião. São Paulo: Ática, 1993.
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