23
FESTAS, TURISMO E IDENTIDADE IGUAÇUANA Elisa Paes Silva e Elis Regina Barbosa Angelo 1 Nova Iguaçu, localizada na baixada fluminense, possui riquezas culturais que identificam a cultura popular local. O diversificado meio produtor de símbolos, fornecidos pelas festas, configuram-se em comemorações ou ajuntamentos de pessoas, demonstrando criatividade, referências simbólicas e demais traços culturais das raízes migratórias, étnicas, entre outras. Nesta pesquisa, algumas das festas da cidade foram escolhidas, especialmente por favorecerem um elo de pertencimento com o passado, com a história e com a sociabilidade produzidas a partir de suas histórias singulares, formalizando-se como lutas sociais, religiosidade, e mesmo laços de sociabilidade, além de potenciais atrativos turísticos culturais da região. Dessa forma, pode-se dizer que, as festas identificam um povo, revelando características próprias da dinâmica cultural, evidenciando formas plurais de festejos, caracterizados enquanto processos que os identificam, seja no meio comunitário e nas coletividades que formam as diversas “sociedades”. Faz parte de “uma dinâmica de construção de identidade singular, com processos comunitários reveladores, que pressupõem estruturas antropológicas transculturais constantes de sua essência” (TEIXEIRA, 2010 p. 5). O meio cultural em que vivem as comunidades é refletido em seu conhecimento e experiência. Os simbolismos, os cultos, os rituais e tantas outras categorias que compõem o universo festivo, estão entrelaçados por muitas facetas que permeiam tanto o universo do sagrado quanto do profano. Eliade (2010) traça um minucioso debate sobre “as modalidades do sagrado e a situação do homem num mundo carregado de valores religiosos (...) independentemente de sua cultura” e, a partir daí, correlaciona as esferas do cotidiano, as ritualizações, as formas de celebrar e todas as suas vertentes, em especial a religiosidade e sua fundamentação. 1 Graduanda de Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - [email protected]; Professora orientadora do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato: [email protected]

FESTAS, TURISMO E IDENTIDADE IGUAÇUANA - XVII … · 1.3 A Festa dos Ciganos Incorporados: ... recebem um público visitante por volta de 1.500 pessoas e é feita através de cultos

Embed Size (px)

Citation preview

FESTAS, TURISMO E IDENTIDADE IGUAÇUANA

Elisa Paes Silva e

Elis Regina Barbosa Angelo1

Nova Iguaçu, localizada na baixada fluminense, possui riquezas culturais que

identificam a cultura popular local. O diversificado meio produtor de símbolos, fornecidos

pelas festas, configuram-se em comemorações ou ajuntamentos de pessoas, demonstrando

criatividade, referências simbólicas e demais traços culturais das raízes migratórias, étnicas,

entre outras. Nesta pesquisa, algumas das festas da cidade foram escolhidas, especialmente

por favorecerem um elo de pertencimento com o passado, com a história e com a

sociabilidade produzidas a partir de suas histórias singulares, formalizando-se como lutas

sociais, religiosidade, e mesmo laços de sociabilidade, além de potenciais atrativos turísticos

culturais da região.

Dessa forma, pode-se dizer que, as festas identificam um povo, revelando

características próprias da dinâmica cultural, evidenciando formas plurais de festejos,

caracterizados enquanto processos que os identificam, seja no meio comunitário e nas

coletividades que formam as diversas “sociedades”. Faz parte de “uma dinâmica de

construção de identidade singular, com processos comunitários reveladores, que pressupõem

estruturas antropológicas transculturais constantes de sua essência” (TEIXEIRA, 2010 p. 5).

O meio cultural em que vivem as comunidades é refletido em seu conhecimento e

experiência. Os simbolismos, os cultos, os rituais e tantas outras categorias que compõem o

universo festivo, estão entrelaçados por muitas facetas que permeiam tanto o universo do

sagrado quanto do profano. Eliade (2010) traça um minucioso debate sobre “as modalidades

do sagrado e a situação do homem num mundo carregado de valores religiosos (...)

independentemente de sua cultura” e, a partir daí, correlaciona as esferas do cotidiano, as

ritualizações, as formas de celebrar e todas as suas vertentes, em especial a religiosidade e sua

fundamentação.

1 Graduanda de Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - [email protected]; Professora

orientadora do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato:

[email protected]

Esse trabalho busca o reconhecimento das construções simbólicas contidas nas festas

iguaçuanas, considerando as identidades e sociabilidades presentes nos sentidos de formação,

com atenção ao seu status de construção popular.

As relações socioculturais vão se estabelecendo enquanto formações criativas nas mais

variadas realidades de sobrevivência da cultura local e ao mergulhar no universo da cultura,

percebe-se uma relação direta com o “imaterial” , formado especialmente pelos valores

atribuídos aos objetos e suas narrativas, seja por meio dos recursos de memória, dos

elementos constitutivos e da configuração ritualística ou dos sentidos para a comunidade e a

sociedade.

No sentido de apreensão dessas festas pelo turismo, há um sentido de colaboração que

se entende como primordial para que sua existência seja fortalecida enquanto patrimônio

imaterial da localidade e da região.

Ao serem transformadas em atrativos turísticos da região, pode-se correlacionar sua

efetiva interação, regulamentação e mesmo ampliação de qualidade de vida, que comporta

também as relações econômicas estabelecidas.

Dentre tantas festas elencadas nesse trabalho encontram-se: Festa da Banana de

Jaceruba, a Festa do Aipim, a Festa de Santo Antonio a Folia de Reis e a Festa Cigana, com

atenção às suas configurações, entendendo o processo de construção enquanto espaços de

transformação social, as formas de se organizarem, como constroem suas identidades e forjam

elementos da cultura imaterial. Dessa forma, optou-se pela descrição feita pelos portadores de

memórias das festas e suas relações com a comunidade que as produziu.

1. Caracterização das Festividades em Nova Iguaçu: Descrições Gerais

1.1 A Festa do Aipim de Tinguá:

A produção de Aipim cultivada no bairro de Tinguá , deu origem a uma das festas

mais conhecidas da Baixada Fluminense a Festa do Aipim de Tinguá.

O Município de Nova Iguaçu, tem uma produção de aipim estimada em cerca de 3.310

toneladas e possui cerca de 271 produtores (EMATER, 2007). O evento surge de uma

necessidade econômica de renda por parte da comunidade local por isso foi escolhido como

mote simbólico, por representar o trabalho dos produtores locais. Parte da produção local é

comercializada na Feira da Roça, uma alternativa que surge por parte dos próprios pequenos

produtores da Baixada Fluminense e recebe incentivo e treinamento por parte da Emater Rio.

A Festa iniciou-se em 2003, de caráter popular, consiste em um evento que

inicialmente reuniu cerca de 3.000 pessoas, que buscavam apreciar não somente a culinária

mas também sua programação diversificada.

1.2 A Festa da Banana de Jaceruba:

Distante da Cidade, cerca de 22 km, bairro pacato de vida simples e tranquila,

Jaceruba (antiga São Pedro – 1883) é um bairro de Nova Iguaçu com aproximadamente 1.800

habitantes, faz parte da Reserva Biológica do Tinguá instituída como APA Municipal e

considerada um dos paraísos ecológicos da Mata Atlântica.

A história da cultura da banana no Estado do Rio de Janeiro mostra que é uma cultura

de importância secundária, sendo cultivada em áreas em declive que não foram ocupadas por

culturas como a cana-de-açúcar, café, laranja. A região é caracteriza-se por pequenas

propriedades que cultivam a banana, favorecidas pelas condições climáticas apropriadas,

características marcantes que podem ser observar à medida que se aproximam das regiões de

serra do Rio de Janeiro.

A cultura da banana em Jareruba é extrativista, com poucos tratos culturais, com

sistema de colheita, seleção e beneficiamento quase não existem e quando há, são muito

deficientes. A cultura apresenta grandes dificuldades em relação à logística interna, sendo o

transporte feito ainda com o auxílio de animais para o transporte da carga.

A Festa da Banana é um evento de caráter popular, realizado pela Associação de

Moradores de Jaceruba (Amoja)e pela Associação de Produtores de Jaceruba (Assoja),

juntamente com o apoio da Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu e seus órgãos

representativos de incentivo e fomento. Institucionalizada pela Prefeitura Municipal de Nova

Iguaçu.

1.3 A Festa dos Ciganos Incorporados:

As Festas dos “ciganos Incorporados” é um misto de traços culturais, um sincretismo

religioso, mergulhado nos traços das religiões afro-brasileira, da cultura cigana e dos credos

católicos. São eventos em que os membros da Tzara Ramirez – tenda onde ocorrem os rituais

de incorporação -, se preparam com vestimentas ciganas, como preparo e apresentação de

grande fartura de alimentos e muita devoção. Os eventos mais importantes, comemorados

pela comunidade são, Festa em honra a Santa Sara Kali, comemorado em 25 de maio e Festa

em honra a Nossa Senhora de Aparecida, comemorada em 12 de outubro.

As Festas Ciganas, sem proteção legal, acontecem na Travessa Minas Gerais nº. 14 -

Santa Eugênia - Nova Iguaçu, onde está localizada a Tzara Ramirez. As comemorações a

Nossa Senhora de Aparecida e Santa Sara Kali, recebem um público visitante por volta de

1.500 pessoas e é feita através de cultos de adoração, onde os “Ciganos Incorporados”

louvam, cantam e dançam em homenagens às Santas e divindades. O maior ápice de

acontecimentos destes eventos se dá pela participação dos membros no ritual de purificação

pelo fogo, a Salamandra, onde as divindades ciganas incorporam nos membros da Tzara e

começam a cantar, dançar e a louvar. A indumentária cigana está presente em todos os

momentos lembrando ou remetendo as características dos povos ciganos pelo mundo.

1.4 Folia de Reis:

O bairro Caonze em Nova Iguaçu, promove o encontro dos demais grupos de folias

existentes na Baixada. Esta festa reúne os moradores do bairro, visitantes de toda a Baixada

Fluminense e pessoas de outros estados atraídas pela cultura da Folia de Reis.

No bairro Caonze, a Folia de Reis normalmente ocorre no 2º sábado do mês de janeiro,

com um público estimado em mais de 800 visitantes.

A iniciativa da execução da festa de Folia de Reis parte de um cidadão que atende pelo

nome de Edson Sigolo. Esta iniciativa encontra apoio na comunidade, nos comércios locais e

paulatinamente, ganha projeção e desperta a curiosidade de pessoas de outros municípios, que

prestigiam e apreciam o evento.

A Folia de Reis normalmente consiste num encontro de demais folias existentes da

Baixada Fluminense e é manifestação mais conhecida no município de Nova Iguaçu.

1.5 Santo Antonio de Jacutinga:

A Festa de Santo Antônio foi realizada pela primeira vez em 1863 quando o município

de Nova Iguaçu era ainda conhecido como Maxambomba. Esta festa realiza-se no centro de

Nova anualmente a partir dos três primeiros dias que antecedem o dia do Santo. São

celebradas missas duas vezes por dia, sendo encerradas somente no dia do padroeiro da

Cidade, treze de junho.

A iniciativa de promover a festa de Santo Antonio de Jacutinga sempre foi da Igreja

Católica, porém, com o passar do tempo, o poder público apropriou-se de parte da festa, a fim

de popularizar os festejos do padroeiro.

A festa de Santo Antonio de Jacutinga, enquanto parte integrante da história do

Município de Nova Iguaçu, foi institucionalizada e protegida pela Lei Municipal (5.995/1998)

que prevê em sua constituição a proteção total da celebração da festividade e o padroeiro do

município. Doces, salgados, bebidas em geral, artesanato, artigos religiosos do santo como

pulseiras, escapulários, velas e flores são comercializados dentro do pátio da Igreja Matriz de

Santo Antonio de Jacutinga.

Com todos os componentes que as constituem, as festas, longe de serem modelos

estagnados, possui simbologias únicas que as fazem tornarem-se aglomerações de pessoas por

mero divertimento, mas, antes é um fenômeno que pode ser considerado traço de identidades

e de culturas, considerando seus sentidos, tanto nas instâncias sagradas quanto nas profanas.

2. As relações entre as festas e a cidade: Sociabilidade e interação

Sobre as representações que as festas fundamentam se pode dizer que, a criatividade, a

religiosidade e a afetividade fazem parte de significativas, incluindo a imagem direcionada

aos gostos, às formas e mesmo aos sentidos no espaço/tempo.

É a imagem de uma vida que deve ser diferente daquilo que ela é. A festa religiosa

parece representar, por tanto um espaço imaginário diferente, onde o homem se

liberte do constrangimento das hierarquias econômicas e sociais, propondo seus

ideais ou fantasiando sobre o futuro. Os mistérios e dramas litúrgicos são aspectos

dessa imensa tentativa de impor ao mundo (desde o período feudal, pelo menos, e

nas sociedades ocidentais) uma igualdade mítica que contradiz a realidade

cotidiana: utopia viva, a festa supõe uma imagem do homem diferente daquela que

lhe impõe o sistema social. (AMARAL, 1998, p. 50).

Todas as vivências do cotidiano, inclusive dos contextos de organização festiva,

incluindo os encontros, as práticas e as formas de fazer, acontecem dentro de um espaço e de

um tempo específico. Estes são constituídos por um longo processo e derivam de uma

formação contínua, “são também fatores determinantes da constituição e do desenvolvimento

das aglomerações sociais. A esta evolução estão ligadas a produção de cultura e de civilização

e a constituição do meio ambiente” (FERNANDES, 1992, p. 1).

Os lugares em que se constrói a história individual ou coletiva, além de fortalecerem

os laços com a comunidade, incluem os atores sociais que fazem todo o processo de

configuração, ritualização e efetivação de cada festividade. A vivência em sociedade é

permeada de encontros e desencontros, de conversas leves ou ásperas, de sorrisos ou

gargalhadas, de reuniões com discussões calorosas (ou não), de comer em exagero, de beber

além da conta, de sair da rotina, ou seja, da vida em sociedade.

O conjunto de relações estabelecido em determinada sociedade, é o que dá sentido em

várias instâncias da vida, quer no trabalho diário, quer em momentos festivos. A vivência é,

“considerada como um sistema de ideias, hábitos, valores e costumes, que caracterizam

sociedades e constitui o seu patrimônio social, a cultura também é uma forma hegemônica de

poder e representa simploriamente o que se concebe por cultura na modernidade.” (ANGELO;

FOGAÇA, 2015, p. 2).

As festas enquanto manifestações da cultura fornecem elementos fundamentais de

sociabilidade e de tensões sociais, no modo de ser e como ser, na convivência com seu grupo,

as interações e conflitos em geral, ou seja, formatam a vida em sociedade. As interações

geradas no desenrolar dos festejos, demonstram a estética existencial e as bases de cada festa

em particular. Mostram ainda, as formas organizacionais, as lógicas, as lutas da comunidade

ou simplesmente a exaltação da alegria ou dá fé, quer individual quer coletivamente. Olhar

cada espaço de criação dos eventos, fornece elementos do mundo simbólico dos significados e

de (re)significações de cada celebração/festa/acontecimento.

A festa é sem dúvida em todas as culturas a manifestação de uma vida

diferente, de uma vida presenteada. Assim, as pessoas na celebração de suas próprias

festas reanimam suas próprias identidades. A festa instaura momentos de novas

temporalidades, extra-ordinários. Ela se opõe ao ritmo regular, rotineiro da vida.

(LUCENA, 2008, p. 1).

Considerando ainda que,

Todo o sistema de relações se inscreve num espaço em que se associam

estreitamente o lugar, o social e o cultural (...), o espaço social é entendido, nesta

perspectiva como um <<campo de forças>> onde os agentes sociais se definem

pelas suas posições relativas. O mundo torna-se um espaço de relações construído de

acordo com os posicionamentos mútuos (FERNANDES, 1992, p.2).

As formas de festejar, comemorar, brincar, orar, rezar, cultuar, comer, participar,

pensar, dançar, identificam o indivíduo e seu grupo, e seu espaço comunitário, onde acontece

no dia a dia, dificuldades e diversas lutas por melhores condições de vida.

Notadamente, nas festas do aipim e da banana, que acontecem em lugares distantes do

centro da cidade, onde o transporte, o saneamento básico, a mobilidade e até a educação são

carentes de ações e políticas públicas mais concretas, há um evidente acordo entre os grupos

que as representam em fomentar seu crescimento que trará melhorias ao local. Sobre estes,

alguns apontamentos relatam o cenário carente:

Então o que aconteceu, quando a gente fez a primeira festa da banana,

começou alguns jornalistas amigos, dá um certo tipo de cobertura. Então o que que

aconteceu, veio muito jornalista fazer entrevista, o povo indignado, logo os levou

pro colégio, entendeu, pra mostrar a situação do colégio, entendeu, nós tínhamos um

colégio com a estrutura boa, grande, e não funcionava. Devido a imprensa bater em

cima, aquela revolta do povo e a gente falando, a diretora falou que as mães tinham

tirado as crianças pra estudar lá fora por motivo de não acreditavam no colégio.

Nisso trocou-se a diretoria através da festa da banana, porque foi quando os

jornalistas bateram em cima, sobre o abandono que estava... melhorou, melhorou

depois que municipalizou. Mas só quando aconteceu porque, porque a festa da

banana aconteceu, veio-se os jornalistas, e foi acontecendo, aconteceu o que, o DER

assumiu a nossa estrada, porque hoje se você for daqui pra vila de cava tu tem

estrada antes não. (Dona Isis Felix, Jaceruba, 2013).

Já na festa do aipim percebe-se como a comunidade sentia necessidade de ter uma

alternativa econômica:

Bem, a primeira festa que aconteceu, os próprios moradores fizeram as

barraquinhas de tábua. Fizeram de tábua tá, até porque, foi uma coisa mesmo criada

pelos próprios moradores e não tinha apoio, criarum pra ter melhoria de dinheiro e

pra ter gente comprando no comércio local. É pelos moradores. Na época foi criada

para gerar renda para os moradores do Tinguá. Olha, a primeira festa como ela foi

muito bem divulgada, nós já tivemos ali mais de 1000 pessoas, que foi um espanto

né, pra todos que fizeram a festa. Aumentou o fluxo de pessoas no bairro não só no

período da festa, mas também a frequência de visitantes em Tinguá aumentou muito.

Só é preciso que os moradores, quem tem o seu comércio entenda, que não pode

fazer muito barulho que atrapalha os turista, já tentamos trabalhar isso, cada um quer

fazer um barulho maior. Os moradores não reclamam não da festa, quem reclama é

os visitantes que reclama da estrutura do acesso. É muito difícil das pessoas

chegarem e sair fica difícil, chegar chega bem, mas sair e pior ainda. (Dona

Raimunda de Landa, Moquetá, 2013).

Dentro dessas falas, percebe-se a mudança do cenário local, especialmente como estes

eventos mudaram a realidade e vida das pessoas, além de uni-los para o sucesso da criação

das festas e das vidas comuns do dia a dia.

Jaceruba teve significativa melhoria na infraestrutura, percebendo-se mudanças

positivas nos transportes, na educação, na economia e renda local. Foram os problemas

estruturais que os levou a agir em comunidade, “a responsabilidade pessoal é, em

consequência, diluída na responsabilidade do grupo, situado num dado espaço (...) A

comunidade assume assim, de forma natural, uma verdadeira dimensão espacial fundada na

consciência de uma continuidade” (FERNANDES, 1992, p. 4 - 5).

As práticas sociais estão em constantes mutações, quer seja por diversão, crendices ou

modos de passar o tempo, “a compreensão dos diversos significados das festas faz com que

sua concepção não se restrinja apenas às suas formas manifestas, como nas abordagens

folcloristas’ (LEONEL, 2001, p. 8). Trata-se, pois, de entender suas razões e seus motivos:

No município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, as

comemorações se identificam com a cultura popular e alimentar, reproduzindo não

somente um discurso de disputas, como também de formações da identidade coletiva

e do patrimônio cultural da região. As festas do milho, da banana e do aipim,

concentradas em bairros periféricos, pertencem às histórias de luta pela terra e o

direito sobre ela, pelo trabalho e também pela aceitação nas diversas áreas

periféricas, ligadas ou não à religião e, ao mesmo tempo, já cristalizadas pelo povo

como partícipe do seu calendário de eventos municipal. (ANGELO; FOGAÇA,

2015, p. 3).

Sob a perspectiva do convívio social, da (re)significação e da identidade, estão as

festas de caráter religioso, Festa de Santo Antonio, Festa do Milho, Encontro de Folia de Reis

e a Festa Cigana.

Essas festividades demonstram em sua configuração, evidências de caráter

comunitário, em termos de trabalho, organização, objetivos, concordâncias e sentidos comuns,

“como um processo cultural vivenciado no seio da sociedade, através de um conjunto de

práticas diversas e dispersas (PASSOS, 2002, apud LEONEL, 2011, p. 8).

Explicitando essas colocações, na Festa de Santo Antonio, a socialização está nos

preparativos que antecedem o evento. Padre Marcus relata sobre a dinâmica de organização

da festa:

A gente já desde o início da preparação da festa, todo ano isso acontece, a

gente faz um diálogo com o município né, nós temos um espaço interno, um

pequeno pátio na frente vocês conhecem e temos um espaço um pouco maior, mas

não é tão grande, ao lado e de fato é isso mesmo, as barracas que estão ao lado

nesse espaço que é o chamado espaço comunitário e as barracas de artigos

religiosos que ficam na frente aqui no pátio em frente da igreja são da nossa

paróquia, todos os paroquianos ajudam na organização e na logistica de comida, de

venda de montagem e ficam o tempo necessário ajudando. Agora desde o início há o

diálogo com a prefeitura, porque precisa se fechar a rua porque o espaço não é tão

grande. Alugam se as barracas, agora isso já não pertence a nossa Diocese de Nova

Iguaçu, é da prefeitura essa organização e também uma ajuda financeira vai pra

nossa Diocese por ser a festa, assim, da Diocese a prefeitura também tem uma festa

do padroeiro da cidade. Cede-nos também essa possibilidade de oferecer aquilo que

é arrecadado do lado de fora pro trabalho de conjunto de toda a nossa igreja como

Diocese de Nova Iguaçu, agora a nossa dentro, assim, é envolvimento maior e

organização maior aqui como catedral de Nova Iguaçu é do nosso espaço aqui

lateral, o espaço maior e também da frente da nossa igreja , mais tudo é feito, assim,

com comunhão com a prefeitura, porque se é muita gente tem que ter uma estrutura

boa, segurança num é, tem que ter uma estrutura pra acolher as pessoas bem, tem

que ter banheiros químicos, tem que ter um som né... e tem que ter um espaço

reservado pra que as pessoas possam né, agradecer as graças recebidas na igreja e

participar aqui fora no pátio nas barracas... então se fecha daqui até a praça da

liberdade como vocês sabem pra que haja uma... um lugar acolhedor, seguro

também pra todos aqueles que aqui chegam. (Padre Marcus Barbosa, 2013)

A religiosidade é constantemente percebida nos devotos de Santo Antonio, sendo

intensificada quando participam dos preparativos que antecedem os dias de festas. Nota-se

uma preocupação com os fiéis e com a população que frequenta os festejos, tentando

organizarem-se da melhor forma possível para o sucesso da festa em todos os seus momentos.

O poder público se faz presente por se tratar do padroeiro do município e por levar

inúmeras pessoas, entre católicos ou não, a participarem de formas diferentes do evento, quer

seja dentro dos limites da igreja – espaço sagrado-, quer fora dela, - espaço profano, on de se

comemora com a comensalidade e os votos de felicitação ao padroeiro da cidade. Dentro dos

moldes católicos, a preparação da festa envolve muitas pessoas na logística, na preparação dos

alimentos, inclusive dos famosos “pezinhos do Santo” – doces que homenageiam o Santo

Antonio-, ou nas barracas que comercializam produtos diversos ou vendem alimentos aos

visitantes. Nas reuniões do pré e pós evento, estão as marcas intrínsecas do ser social que age,

cria, recria e molda os sentidos ao seu redor. Nas barracas de venda, os sorrisos e as

lembranças dos eventos passados também se apresentam como meios de comemorar e

construir as imagens que os identificam, além de dar significados aos acontecimentos.

No encontro de Folia de Reis, é bem evidente o envolvimento dos personagens que

fazem a festa acontecer. À frente de sua organização, está o Sr. Edson, que no intuito de

resgatar um evento de grande importância, percebeu que podia fazer algo que não deixasse a

tradição sucumbir com o passar dos anos:

Os reiseros se foram, aí ficou os neto, as suas esposas, sabe, e daí se eu não

fizesse essa festa, jamais, não mais eles veriam mais Folia de Reis. Então, por ser

uma coisa tão religiosa que... e o quanto é bom hoje em dia a questão de estar

falando de Deus mediante a tanta violência, tanta coisa ruim, quando se agrupam e

venham a se reunir pra falar de Deus é uma coisa muito bacana e é uma coisa que

faz muito bem, ainda mais no instante que estamos de tanta violência. Daí eu fiz

(pausa) ta entendendo? Eu disse: não, todo ano eu vou fazer, nem que seja duas, três

folia de reis. Eu vou fazer o encontro cultural de Folia de Reis. Aí eu tô no oitavo

encontro cultural de folia de reis. As pessoas, elas gritam, elas aplaudem, sabe, elas

dançam junto com a folia de reis, que bacana isso, que bom isso, é uma periferia, né,

por um morro desse aqui, muito legal, a criançada tá de frente, vai lá no encontro

dela, quando ela começa a bater daqui que vai subindo em direção ao presépio, elas

descem, sobem juntinho com a folia de reis, sabe, aquele monte de gente... Lindo,

lindo, lindo ver o bailado dos palhaços e todo o resto! (Edson Sigolo, Caonze, 2013).

Ao analisar as falas de Sr. Edson, nota-se não só a felicidade recompensadora de ter

iniciado o Encontro das Folias de Reis, mas na satisfação proporcionada pela manutenção da

tradição na cidade. É uma tentativa de resgate da tradição de organizar a folia de reis, que o

impulsiona e o motiva a cada ano continuar (re)inventando o encontro de Folias.

Visivelmente, “a tradição é uma versão intencionalmente seletiva de um passado modelador,

[que] faz com que determinados temas sejam cultuados e rememorados nas novas gerações.”

(LUCENA, 2008, p. 98).

Esse encontro pode ser entendido como manutenção temporal das folias dos bairros e

o que representam às comunidades, à cidade e aos devotos da ritualização:

As folias representavam comemorações do período natalino com doações e

presentes a partir de cantorias e danças realizadas nas casas; posteriormente trazidas

pelos jesuítas, para o Brasil, como elemento catequizador dos gentios. A folia como

parte da festa conforme Arantes (1998), não pode ser cristalizada, pois é dinâmica,

sendo impossível evitar as mudanças subjetivas que ocorrem conforme o momento

histórico em que são produzidas. São as mudanças que asseguram a continuidade,

bem como a sobrevivência das tradições e dos costumes, portanto da festa, da folia,

da religiosidade e cultura popular. (D’ABADIA; BATISTA p.3).

Já a festa Cigana, traz em seu bojo, um universo surpreendentemente carregado de

subjetivismo sincrético, quer seja nos ritos, na adoração ou na organização do trabalho na

Tenda. Composta de mais de 60 membros a tenda Tzara, constitui-se um local de encontro e

(re)encontro com o sagrado, com os ritos, com as orações, com as pessoas com os objetos de

devoção, além das terapias alternativas (cromoterapia, cristais, heike, a chama violeta e

massoterapia). Muitos visitantes vão à tenda em busca de curas, incluindo as terapias,

ofertadas aos domingos pela manhã, como forma de dialogar com não adeptos, além de

ampliar seus conceitos que incluem ajuda ao próximo.

(...) num universo em construção e reconhecimento, acontece dentro de um

espaço denominado Tenda Tzara Ramirez, sendo um lugar que aparentemente

remete ao universo da cultura cigana conhecida mundialmente. Seus primeiros

aspectos de diferenciação começam a ser evidenciados no momento em que se

reconhece seu universo de construção, o que se dá ao simples fato de que esta

comunidade que se identifica como ciganos nasce dentro do segmento religioso

Afro-brasileiro, a umbanda. Os membros da Tenda Tzara denominam-se “ciganos

incorporados”, ou seja, são adeptos da umbanda e criaram o espaço para os

encontros do grupo. (SILVA; ANGELO, 2013. p. 9).

Sobre o espaço comum vivido, formado e ampliado está a forma de concepção do

fundador:

O cigano Juan Ramirez que fundou a Tenda Tzara em 1992, na Bairro

Chacrinha, mais com aumento dos adeptos, houve necessidade de um local mais

confortável e maior. Aí veio pra cá, no bairro de Santa Eugênhia, a direção é do

Médium Barô Marcelo conhecido como Anrez. Mas é sua irmã Arimar que cuida da

rsponsabilidade de tudo, porque o Marcelo, tem outros compromissos da umbanda.

A tenda funciona com encontros quinzenais para atendimento ao público, reunião e

adoração a Nossa Senhora de Aparecida e Santa Sara Kali. Os encontros são a cada

quinze dias e tem serviços gratuitos a comunidade pelos ciganos incorporados

evoluídos, a partir das 10h da manhã. Os ciganos chegam cedo nesse dia, para

limpar e preparar tudo no local, vão cantando, vão nos mantras e limpando o local

de tudo. Quem tem que fazer compras para as cerimônias, vai fazer, quem tem que

fazer bolos, vai fazer, quem limpa vai limpar. Os homens vão ficar auxiliando e

deles é encarregado a fogueira. (Tenda Tzara Ramirez, 2012).

Seja o sagrado, um universo específico e misterioso, para cada um que lida com sua fé

ou devoção, pode-se apreender enquanto sentido, um universo repleto de acontecimentos que

tem o intuito de aglomerar, conduzir e mesmo direcionar pessoas, mas ao mesmo tempo,

respeitando seus princípios e formas de pensar, no qual “a coerência de um habito cultural

somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence.” (LARAIA, 1986, p. 87).

A festa é o lugar privilegiado da reunião das diferenças, não importa se a

festa é profana ou religiosa, espaço de figurações sociais. Assim, o festejo funciona

como mecanismo de neutralização dos conflitos e diferenças, cria uma convivência

ilusória de que a sociedade é igualitária e solidária. (LUCENA, 2008, p. 3).

Logo, “é preciso considerar que a religiosidade popular não é mero artefato histórico-

cultural, mas expressão de sociabilidade, pois se trata de um reflexo da ação das pessoas e

encontra-se circunscrita no cotidiano, nas faltas e conflitos das realidades de um povo.”

(LEONEL, 2011, p. 9).

As festividades do iguaçuano, entre o sagrado e o profano, vão enriquecendo a

população com traços culturais significativos, identidades, símbolos e representações que,

acabam modelando as manifestações populares. Todos os acontecimentos de uma maneira

geral ficam conhecidos e reconhecidos pelos lugares ou por seus objetos representativos. As

festas ou celebrações, rituais de fé, penitências ou adoração, ocorrem em determinados locais,

e estes se tornam marcas culturais do seu povo.

3. As Festas e suas relações com a potencialização do turismo local

As festas têm todo um universo simbólico de construções, englobando as relações

sociais e o modo como procuram representá-la para o outro, ao homenagear, honrar, cultuar,

preservar e formar o seu modus operandi, que inclui hábitos, valores e costumes.

As práticas sociais iguaçuanas, suas formas de fazer, sua arquitetura, suas simbologias,

e sentidos, estão imbuídos de sociabilidade experienciada e vivida, pois, “a construção do

pertencimento coletivo ou grupal passa pela percepção de sua formação.” (ANGELO;

FOGAÇA, 2015, p.4).

Esse sentido de cada festa se dá por meio das relações populares incumbias de

perpetuar ou garantir a existência das mesmas. A festa não é apenas um mero espetáculo, é ,

antes de tudo, o espaço construído pela comunidade, como forma de se fazer ver, se fazer

sentir e ser. Sua existência pode ser pensada como forma de devoção, demonstração de forças

e lutas ou valorização do sagrado ou do profano, mas é esse diferencial que torna-se atrativo.

Independente de suas origens, as festas são verdadeiras encenações a céu

aberto que têm como cenário as ruas e praças públicas das cidades. As festas

possuem características únicas, por estarem associadas à civilidade, por reviverem

lutas, batalhas e conquistas, homenagearem heróis, personalidades e mitos. Podem

estar associadas à religiosidade como acontece com as festas litúrgicas ou em louvor

aos santos, principalmente em louvor aos santos padroeiros de cada localidade;

podem estar ligadas aos ciclos do calendário para comemorar os momentos

importantes da vida cotidiana, como no caso das festas de colheitas ou festas da

culinária; podem ser festas folclóricas que recriam algo que ficou na memória

coletiva; podem ser festas étnicas por expressarem a tradição cultural das

comunidades de imigrantes, sobretudo europeias ou podem, ainda, ser festas do

peão, tão difundidas no interior do país. (...) não existe sociedade humana sem festa.

A festa é um “espelho no qual o ser humano se reflete, buscando, respostas para sua

condição de precariedade frente à vida” (CAPONERO; LEITE, 2010, p. 3).

Qualquer que seja a festa, ela carrega em si o Patrimônio Cultural do local, pois é feita

pelo patrimônio humano, com seus símbolos, significados e sentimentos da comunidade que

justifica ou não sua existência. “Como momentos importantes para o exercício da

sociabilidade no contexto urbano, as festas e procissões religiosas ativam a memória dos

moradores da cidade, bem como reforçam as tradições culturais, o sentimento de identidade e

pertencimento coletivo.” (ARAGÃO; DE MACEDO, 2013, p. 3).

Em Nova Iguaçu, evidencia-se nas festas, a memória e as representações sociais na

construção dos sentidos das manifestações da cultura imaterial e do cenário cotidiano vivido e

carregado de histórias. Tal qual, a exemplo:

O bairro de Tinguá guarda em seu patrimônio material fragmentos da história

iguaçuana, traços significativos das memórias econômicas da região e da

religiosidade de seu povo, como a Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu

(1699), a Estrada Real do Comércio (1811), o Porto do Iguaçu (1830), a Fazenda

São Bernardino (1875) e a Estação Ferroviária de Tinguá (1876). Além da própria

Rebio do Tinguá (reserva biológica), de fauna e flora abundante e de valor

imensurável para a região em termos ambientais e culturais. A articulação do

patrimônio material com o imaterial se forma por meio de elos com cultivo da terra

e o modo de vida de seu povo, pois Tinguá representa sobremaneira a cidade de

Nova Iguaçu, seus tempos históricos organizados pela olaria, o café, a laranja e o

que sobrou desses períodos, seja nas ruínas atualmente relegadas à fazenda São

Bernardino e seu entorno e à configuração geográfica dos Patrimônios, seja na vida

cotidiana de seu povo e suas adversidades. (ANGELO; FOGAÇA, 2015).

As festas podem ser encaradas ainda, como fenômenos culturais permeados por

dimensões políticas, econômicas e sociais, estruturais e históricas. Dentro desse contexto, está

o Patrimônio Imaterial que pode ser visualizado na natureza e na cultura de um povo, por

meio de suas manifestações culturais, percebidos na música, na dança, na alimentação, nos

seus costumes e práticas cotidianas. Essa perspectiva é subjetivada no papel da memória e da

tradição numa forma de construção de identidades e também da legitimação desta.

As várias percepções acerca do universo festivo atraem pessoas de vários lugares, o

que possibilita vislumbrar a atividade turística para o local. Os aspectos que dão valor ao

diferencial são promotores de turismo cultural e também do lazer tanto da comunidade quanto

aos turistas e visitantes que procuram conhecer melhor esse universo simbólico. Pelas

diferenças buscam-se as diversas identidades alocadas em crenças e valores, diferenciados por

meio da cultura material e imaterial (ANGELO, 2012).

As festividades e suas mais diversas formas de fazê-las permeiam a vivência em

sociedade, cada um com sua forma específica de adorar, homenagear seus ídolos, dançar,

cantar, criar e recriar simbolismos com os quais tecem seu universo cultural e deste modo a

cultura acaba por ser também uma forma de inventar as tradições e assim se tornando um

elemento potencial para a apropriação turística.

O Turismo pode ser entendido como apropriador de formas, símbolos e espetáculos,

mas também transformador do ambiente físico, econômico e sociocultural. É uma atividade

que pode “gerar problemas sociais, degradar o meio físico ambiente, o meio cultural,

aumentar índices de criminalidade, prostituição e gerar conflitos na comunidade anfitriã”

(IGNARRA, 2003, p. 80-81), mas também é beneficiadora do espaço, território.

Pensar no turismo como benéfico para a população iguaçuana, é buscar entender que

ele é um fenômeno que pode transformar social, cultural e economicamente a cidade,

especialmente relevando seus contextos variados da realidade social (BENI, 2007).

Pensar Nova Iguaçu enquanto potencial atrativo turístico é remeter-se a todos os bens

de natureza material e imaterial que esta possui, e também enquanto possibilidade ao

desenvolvimento do turismo cultural, partindo da apropriação dos bens variados que a cidade

possui em especial ao imaterial como forma de ser e estar no espaços.

O Turismo Cultural se propõem a apropriação do universo simbólico construído

histórico e culturalmente pelo homem. Assim,

O turismo cultural pode ser entendido como a vinda de pessoas de fora da

comunidade receptora motivadas completamente ou em parte por interesses na

oferta histórica, artística, científica ou no estilo de vida, tradições da comunidade,

religião, grupo ou instituição. Dessa definição percebe-se que todo o conjunto de

bens tangíveis ou intangíveis pode compor o que se chama de turismo cultural.

(ANGELO, 2012, p. 9).

Em nova Iguaçu, neste sentido, percebe-se que as festas, uma vez garantidas no

cenário cultural, movimentam pessoas de seu entorno e de cidades vizinhas. A tradicional

Festa do Aipim e nomeadamente a pouco tempo, Festival Gastronômico de Tinguá,

movimentou em sua edição em 2013, aproximadamente 150 mil pessoas para apreciação do

evento:

‘Agora, sim, Nova Iguaçu ganhou um espaço que vai fazer da cidade

referência de megaeventos na região da Baixada Fluminense. O trânsito fluiu

normalmente, a segurança deu tranquilidade a todos, e a organização foi excelente.

A soma de tudo isto contribuiu para o sucesso de público. Não tivemos qualquer

problema para receber as multidões, que participaram ativamente da festança

durante cinco dias. Foi um evento fantástico. O povo da região de Tinguá está de

parabéns. Vamos cuidar das próximas festas e trazer melhorias urbanas e ambientais

a toda região para que em 2014 os dez anos da Festa do Aipim vire uma apoteose’,

exultou Bornier (JORNAL NOTÍCIAS DE NOVA IGUAÇU, 2014 apud ANGELO;

FOGAÇA, 2015. p. 5).

Percebe-se que, de seu nascimento em 2003 para a edição em 2013, a festa

transformou-se num evento que movimenta a cidade, pois, ao movimentar grande número de

visitantes vai sendo dinamicizada como mega evento, e isso requer cada vez mais atenção ao

planejamento da atividade.

Tanto a festa do Aipim quanto da Banana vem crescendo em número de visitação a

cada ano, aos poucos, as melhorias da estrada e das condições de vida de seus moradores. A

exemplo das edições, o evento que se consolida enquanto formação identitária local, de

referência ao bairro de Jaceruba vai sendo delineada a cada momento:

Antes Jaceruba era conhecida por ser um bairro distante da Cidade e pela

lama pra chegar aqui, e agora quando alguém me pergunta onde eu moro, eu digo,

Jaceruba. E aí, logo eles dizem: ‘é lá que acontece a festança da abanana né? Dizem

que tem tanta coisa gostosa de comer lá!’. (Dona Isis Felix, 2013.)

Pairando sob a cultura imaterial e o deslocamento de pessoas, num meio produzido

pelos indivíduos e em suas formas de demonstração de fé, penitências, credos e o respeito ao

sagrado de modo em geral, está o Turismo Cultural Religioso, configurando-se como um

aporte ao desenvolvimento local.

Caracteriza-se ser uma segmentação turística, como forma de auxiliar o setor,

objetivando o planejamento, a gestão e o mercado. De acordo com o Ministério do Turismo

(Brasil, 2008), o turismo religioso enquadra-se como um segmento de turismo cultural, visto

que ir a locais, santuários e igrejas representativas para qualquer religião, além dos aspectos

dogmáticos, é uma forma de conhecimento cultural.

Nesse sentido, podem ser as festas, trabalhadas a partir do rico universo religioso e

seus muitos sentidos. De acordo com (ARAGÃO; DE MACEDO, 2011), a

multifuncionalidade que envolve o sagrado, promove diversos sentidos em uma mesma

cultura, pois além de possibilitar a interação de pessoas de diferentes lugares, através de

romarias, peregrinações e os diversificados meios devocionais, é contudo um agente cultural

de transformação e identidade, que revela em si as facetas particulares em suas práticas e nas

diferentes formas de fazê-las.

As festas religiosas iguaçuanas, possuem certas características marcantes de

movimento de pessoas em nome do sagrado. A festa de Santo Antonio traz para suas práticas

devocionais sagrado-profanas, pessoas de todo o entorno:

A festa realizada aqui, aqui dentro da catedral, no espaço aqui ao lado, uma

festa que envolve a participação da comunidade e também das pessoas que chegam

de fora, muitos ainda não percebem que acontece uma festa aqui dentro, mais o

motivo dessa festa aqui dentro é a confraternização tanto da comunidade quanto das

pessoas que chegam e nessa confraternização nós prestamos a nossa devoção ao

santo; a festa lá fora eu é uma festa também que que também ela envolve muitas

pessoas, mas que eu acho que é organizada pela prefeitura de Nova Iguaçu e a gente

não diz , assim, não tem nada a ver, tem sim porque todas são feitas durante os

festejos do santo então são de grande importância , mas a festa realizada dentro da

catedral envolve a comunidade, a catedral e as pessoas que vem de fora que nos

visitam e que vem prestigiar também o santo que são muitas pessoas, o nosso espaço

realmente fica bem cheio e bem movimentado. (Tenda Tzara Ramirez, 2013).

Compreender os aspectos do comportamento, as necessidades e singularidades da

cultura em suas manifestações tanto de grandes ou de pequenas dimensões na sociedade local,

requerem um olhar mais minucioso e detalhista no conhecer o diferente e seus vários sentidos.

Não são simples acontecimentos, mas construções de universos distintos em constante

movimento.

Caracterizando-se, como resgate cultural, encontramos no Encontro de folia de Reis,

elementos de grande importância cultural para o desenvolvimento da atividade turística, e

para o turismo religioso. O evento em si, se constrói único enquanto insistente em permanecer

fazendo parte da cultura iguaçuana. Apesar das mudanças ao longo do tempo, quer pela não

valorização de seus descendentes, quer pela ausência de políticas públicas de cultura,

consolida-se a cada edição como representação de fé, devoção e manutenção das tradições

sagrado-profanas, além de atrativo a visitantes em geral.

Aqui a folia... Sempre Viva do Oriente, de Caxias, como ela vem ao bairro do

Caonze, ela acaba trazendo algumas pessoas também junto a ela. Aí tem a folia,...

tem a folia de Austin, sabe, tem a folia de Morro Agudo, tem a folia de Vassouras,

sabe, e assim a gente acaba aqui recebendo pessoas de todos, vários municípios do

estado do Rio de Janeiro e até mesmo pessoas (pausa)... como é que eu posso falar

aqui? Turistas de outros países... no evento passado um holandês que tava aqui. Foi

tão engraçado, da Holanda ele... não entendia nada (risos). Aí ele... aí tinha um

intérprete do lado, até falou “posso filmar?”, aí eu falei: “fica a vontade”, tudo ficha

limpa. Aqui é uma periferia mas é um lugarzinho de pessoas de muita cultura, assim,

fica muito a vontade. Ele saiu daqui muito feliz. É uma coisa muito bacana que

enriquece muito o bairro do Caonze. Quando eles (os Turistas) viram um grupo de

quarenta, cinquenta foliões, com seus instrumento, com, com dez, quinze pessoas

mascarada, com suas tira, com suas farda, eles falou: “puxa vida, o que que é isso?”

Sabe, a princípio quando o cara olha a imagem, parece um carnaval. Né? Um

carnaval, entende? Isso atraiu a curiosidade, né, do gringo. (Sr. Edson Sigolo,

Caonze, 2013).

De caráter sincrético, a Festa Cigana, também traz pessoas para suas comemorações.

Não são meros expectadores, são partícipes do contexto existencial, que fazem o acontecer da

festa:

Para as tendas quinzenais vem mais a população da cidade de Nova Iguaçu e

agora nas festas maiores, de Sara Kali e de Nossa Senhora Aparecida, vem pessoas

de todo o Rio de Janeiro e até de São Paulo. Aqui essa Tenda é referência de

encontro dessas pessoas que incorporam ciganos, sempre mesmo fora das grandes

festas. Porque tem cigano que incorpora em outros lugares e aí vem, vem pra aqui

para conhecer e se ajuntar aqui. Nas festas maiores, vem ônibus da região dos lagos,

vem de são Paulo, vem mais do Rio de Janeiro. Vem e fica uns três dias, fica na casa

de uns e de outros, fica alojado com o pessoal da tenda mesmo, até as festas

acontecerem e eles irem embora no outro dia. (Dona Raimunda, Santa Eugênia,

2013).

Notadamente, esta festa cigana, vem aos poucos aumentando não só seus adeptos, os

ciganos, mas outros indivíduos, à medida que vão sendo incorporados, também vão definindo

os sentidos religiosos. Percebe-se que, a população local, independente do credo, também se

faz presente nos eventos da tenda. Os rituais, as danças, os gritos de saudação, as barracas de

venda de produtos e souvenirs, trazem elementos novos para o visitante e para os adeptos que

chegam e se extasiam com o que vêem.

Por meio da constatação da diversidade festiva no seio iguaçuano, pode-se pensar que

a religiosidade é uma marca constante da cultura local. A cultura enquanto objeto, não é

estático, é feito de gentes que vivem e produzem significados e símbolos dentro da construção

do cotidiano.

Dessa forma, o Turismo cultural religioso, além de promover o encontro do visitante

com os atrativos, quer seja, culturar, penitenciar ou simplesmente divertir-se, promove a

correlação ao conhecimento cultural.

O enfoque na cultura local, impõem símbolos e mudanças nas formas de sociabilidade

e no que é considerado moderno e desenvolvido, contrapondo-se ao valores e padrões

tradicionais/conservadores. “Nesse contexto, os padrões e valores da cultura urbana tornam-se

mais atrativos aos olhos das gerações mais novas: a dinâmica da sociedade de consumo trata a

cultura, as suas expressões e as manifestações regionais e locais como se fossem objetos e

coisas descartáveis. (MORIGI, 2012, p. 8).

Nesse sentido, pensa-se na festa não apenas como um ritual passado, onde

são imprescindíveis não só a contextualização histórica e os principais aspectos

culturais da cidade, mas também o seu entrelaçamento com a história

contemporânea, com a cultura massificadora da modernidade globalizada e com o

turismo de massa que atraem milhares de pessoas interessadas na riqueza religiosa,

cultural ou histórica do país, ou apenas interessadas em divertimento. (CAPONERO,

2010, p. 3).

Nova Iguaçu, além do rico universo de patrimônio imaterial, também concentra um

vasto patrimônio material, herança dos tempos áureos do passado, são “heranças dos

momentos históricos pelos quais se influenciou e pelas diversas formas de representações

culturais que orientam, influenciam, caracterizam ou determinam os desdobramentos e

eventuais transformações que vivenciou. (ANGELO; FOGAÇA, 2015. p. 8).

No tocante a seu Patrimônio Material, a cidade guarda adormecida seus bens móveis

reconhecidamente tombados pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (Casa da Fazenda São Bernardino) e pelo INEPAC – Instituto Estadual do

Patrimônio Cultural/RJ (Conjunto Urbano da Extinta Vila de Iguaçu (atualmente chamada

Iguaçu Velha), Igreja de Santo Antônio de Jacutinga - atual Igreja da Prata, Capela da

Fazenda da Posse, Capela Nossa Senhora de Guadalupe (Igreja Velha), Instituto de Educação

Rangel Pestana, Lar de Joaquina e Galpão, Antiga Estação Ferroviária de Jaceruba, Antiga

Estação Ferroviária de Tinguá, Antiga Estação de Vila de Cava, Antiga Estação Ferroviária

de Rio d’Ouro, Igreja Nossa Senhora da Conceição de Marapicu, Serra do Mar e Mata

Atlântica e Reservatório de Rio D`Ouro).

De certa forma, percebe-se certo descaso e ausência de políticas culturais para com

tais bens que compõem o patrimônio material da cidade, culminando no atual estado de

deterioração de alguns e outros desaparecendo lentamente pela ação do tempo ou de vândalos.

Mesmo não sendo propósito pensar no descaso dos bens matérias histórico e culturais,

as questões de pertencimento, ação e preservação vão sendo formas de pensar sobre a história

da cidade enquanto elemento potencializador do turismo cultural.

O patrimônio cultural iguaçuano é formado pelos bens históricos de natureza material

e imaterial que vem reforçar a possibilidade de um desenvolvimento turístico histórico

cultural e religioso também para a cidade.

Tanto as festas que identificam a cultura alimentar, quanto as relacionadas à

religiosidade popular, possuem um elo com a formação do lugar e reconhecimento

do povo, trazendo com isso uma forma de expressão para as lutas coletivas, para o

fortalecimento político e para o benefício econômico da região. No município de

Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, as comemorações se identificam com

a cultura popular e alimentar, reproduzindo não somente um discurso de lutas, como

também de formações da identidade coletiva e do patrimônio cultural da região.

(ANGELO; FOGAÇA, p. 3).

Nesse sentido, percebe-se a forte identidade do povo iguaçuano através de suas festas,

seus bens materiais e suas formas de fazer. As várias percepções acerca do patrimônio

imaterial, o e do deslocamento de pessoas que se dispõem a ir e vir, consciente ou

inconscientemente, faz a atividade turística, ser vislumbrada. A característica intrínseca do

lugar o diferencia dos demais, e com, isso, cria a possibilidade de apropriação pelo turismo.

Considerações acerca da relação entre festa, identidade e turismo

Como legado histórico, heranças, tradições, construções do cotidiano de dificuldades e

lutas, invenções ou (re)invenções, estão estruturadas as Festas iguaçuanas. Com seus ricos

detalhes, sua imponência em tamanho ou ainda suas singularidades construtivas, elas vão

delineando e formatando espaços de sociabilidade local.

Ao analisar as festividades enquanto objetos identificadores das comunidades e meio

construtivo que consolidam referência a um determinado lugar ou grupo, também se partiu da

premissa de que corroboram para a transformação social da cidade.

Sobre esse aspecto, os variados momentos festivos, ao transforma-se em atos

celebrativos, apresentam-se como universos culturais constituídos a partir de singularidades,

especificidades e conceitos próprios construídos socialmente.

É notável o esforço e os meios que cada um dos atores sociais tem e usam para

construírem suas festas, de forma que esta os represente e sirva de referência identificadora.

Da festa da banana e do aipim pode-se apreender sua conceitualização a partir das

dificuldades que os indivíduos das localidades viviam. Ao escolherem um símbolo festivo que

os representasse em suas lutas e suas conquistas, esses elementos firmaram a celebração do

alimento e o viés gastronômico como atratividade.

A festa do milho, motivação pela fé, além de buscar adeptos ao segmento que os

motiva a cada edição, também uma forma de lazer, sociabilidade e comensalidade na região,

carente de atividades culturais e de recreação.

A festa do Divino é a herança e a tradição que sustenta e motiva sua organização ano a

ano. Pois, ao manter a fé, condiciona a participação dos adeptos da divindade ao ato de

acolher de Dona Antonia, que participante da comunidade, enseja a melhoria das condições de

vida da mesma pelo agradecimento diário e união na respectiva oferenda de ações rituais.

A festa cigana, se consolida cada vez mais, pois, condensa seu universo sincrético e

específico, festejando Santa Sara Kali e Nossa Senhora Aparecida sempre acompanhados

pelo calor da Salamandra, buscando purificação e união a seu povo.

A tradicional festa de Santo Antonio de Jacutinga, padroeiro da cidade é um marco

grandioso de referência histórica da Cidade de Nova Iguaçu e, em larga medida fomenta a

circulação de milhares de visitantes durante a semana dos festejos, questão essa que corrobora

com a religiosidade e o fomento ao turismo cultural.

Como resgate cultural das tradições, promessa da prefeitura de Nova Iguaçu, o

Encontro de Folia de Reis do Caonze, insiste em manter as tradições e, a cada nova edição,

compromete-se a não deixar-se extinguir através das gerações futuras.

Independentemente de qual seja a classificação festiva ou a sua tipologia, a

inquestionável forma de apreensão das realidades se dá na dinâmica cultural, apreendida por

meio das transformações temporais e espaciais.

Quer sagrada, quer profana, a festa reúne pessoas com objetivos diferentes, uns para a

devoção, agradecimentos e penitências, outros por mero divertimento. A festa tem seus

muitos significados que identificam ou separam grupos e pessoas. Pensar como elas vieram a

existir é trazer à tona as memórias de tempos passados, dos portadores de memórias e do

poder de (re)construção contínua.

Através desses discursos de rememorar é que foram se construído as características

primordiais de cada festividade. As memórias que relatam fatos, são as mesmas que contam

as lembranças que fornecem elementos que, talvez não retrate o ato fielmente, sendo elas

transformadas numa forma de manipulação no meio do grupo, também são passíveis de

direcionamentos.

De encontro a preservação, esse universo cultural possibilita a potencialização da

atividade turística.

Evidencia-se através de alguns depoimentos, a necessidade de melhorias que

fomentem a valorização desse espaço simbólico das festas enquanto potenciais atrativos

culturais da região. Através da apropriação de forma planejada dos recursos culturais podem-

se vislumbrar mais melhorias a comunidade iguaçuana, através a inserção dos moradores

locais nos serviços que são promovidos por meio do desenvolvimento do turismo.

Referências Bibliográficas:

ABDALA, Mônica Chaves. Saberes e sabores: tradições culturais populares do interior de

Minas e de Goiás. História: Questões & Debates, v. 54, n. 1, 2011.

ABREU, Martha. Cultura popular: um conceito e várias histórias. Ensino de história:

conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, p. 83-102, 2003.

ALBERTI, Verena. Tratamento das entrevistas de história oral no CPDOC. Rio de

Janeiro: CPDOC, 2005.

ALBERTO, Diana Priscila Sá; DE OLIVEIRA, Karla Cristina Damasceno. " É folia da ilha, é

folia do santo": turismo cultural e a festividade do glorioso São Sebastião de Cachoeira do

Arari-Ilha do Marajó/Pará. CULTUR: Revista de Cultura e Turismo, v. 3, n. 2, p. 53-65,

2009.

AMARAL, Rita de Cássia. Festa à brasileira: significados do festejar no país que não é

sério. São Paulo: USP, 1998.

AMARAL, Rita. Festas, festivais, festividades: algumas notas para a discussão de métodos e

técnicas de pesquisa sobre festejar no Brasil. Anais do II Colóquio Festas e Sociabilidades,

2008.

ANGELO, Elis Regina Barbosa. Memórias e identidades dos açorianos: a festa do Divino

Espírito Santo na Vila Carrão em São Paulo. ORALIDADES: REVISTA DE HISTÓRIA

ORAL/ Núcleo de Estudos em história Oral do departamento de História da FFLCH-USP-

Ano 3. n. 5. (jan./jun..2009). São Paulo: NEHO, 2009.

ANGELO, Elis Regina Barbosa; FOGAÇA, Isabela Fatima. Festas Populares: Representações

Culturais como estratégia de Resistência e de Melhorias Sociais, a Compreensão a partir de

Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brasil. [Archport] Antrope/ O Ideário Patrimonial. Centro de

Pré-História do Instituto Politécnico de Tomar, Campus da Quinta do Contador, Portugal.

Disponível em: http://ml.ci.uc.pt/mhonarchive/archport/msg20878.html. Acesso em:

05/06/2016.

ARAGÃO, Ivan Rêgo; DE MACEDO, Janete Ruiz. Festa, Memória e Turismo Cultural-

Religioso: A Procissão ao Nosso Senhor dos Passos em São Cristóvão-Sergipe. ROSA

DOS VENTOS-Turismo e Hospitalidade, v. 5, n. 1, 2013.

ARAGÃO, Ivan; DE MACEDO, Janete Ruiz. Turismo religioso, patrimônio e festa: Nosso

Senhor dos Passos na cidade sergipana de São Cristóvão. Caderno Virtual de Turismo, v. 11,

n. 3, 2011.

ARAGÃO, Ivan; DE MACEDO, Janete Ruiz. Turismo religioso, patrimônio e festa: Nosso

Senhor dos Passos na cidade sergipana de São Cristóvão. Caderno Virtual de Turismo, v. 11,

n. 3, 2011.

ARAUJO, Marcos Paulo Mendes. O atual cenário da preservação da memória na cidade de

Nova Iguaçu: uma preocupação com as gerações futuras. Eventos Pedagógicos, v. 2, n. 3, p.

92-100, 2011.

BARRETO Margarita. Turismo e Legado Cultural. São Paulo: Papirus, 2000.

BARRETO, Cristina. “Patrimônio Histórico”. In.: Turismo e Cultura. A história e os

atrativos regionais. Santo Ângelo, RS: Gráfica Venâncio Ayres, 2001. pp.99-104.

BATISTA, Cláudio Magalhães. Memória e identidade: aspectos relevantes para o

desenvolvimento do turismo cultural. Caderno virtual de turismo, v. 5, n. 3, 2006.

BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 12ª. ed. São Paulo: Editora Senac,

2007.

Bezerra, Amáli Cristina Alves. Festa e cidade: entrelaçamentos e proximidades. Espaço e

Cultura 23 (2012): 7-18.

BOSI, Ecléa. O Tempo Vivo da Memória: Ensaios de Psicologia Social. São Paulo: Ateliê

Editorial, 2003.

BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Memória do sagrado: estudos de religião e ritual. Edições

Paulinas, 1985.

CAPONERO, Maria Cristina; LEITE, Edson. Inter-Relações entre festas populares, políticas

públicas, patrimônio imaterial e turismo. Revista Eletrônica Patrimônio: Lazer &

Turismo, 2010.

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. GONÇALVES, José Reginaldo Santos. As

Festas e os Dias: Ritos de Sociabilidades Festivas. Rio de Janeiro, Contra Capa, 2009.

COUTO, Edilece Souza. Devoções, festas e ritos: algumas considerações. Revista Brasileira

de História das Religiões, v. 1, n. 1, 2008.

Depoentes:

Isis Felix do Rêgo, 52 anos, moradora do Bairro de Jaceruba desde que nasceu,

membro da comissão de organização da Festa da Banana de Jaceruba, desde a 1ª

Edição em Dezembro de 2007. Entrevista concedida em: 17/10/2012.

Raimunda Oliveira de Landa, 74 anos, nasceu em Minas Gerais, reside atualmente no

município de Nilópolis, foi membro da comissão de organização da 1ª Festa do Aipim

e convidada a fazer parte da Organização da 1ª da Banana de Jaceruba, edição de

2007. Entrevista concedida em 15/10/2012.

Edson Sigolo, 45 anos, nasceu em Mesquita, é a personalidade que encabeça os

encontros de Folia de Reis no Bairro K-11, em Nova Iguaçu. Entrevista concedida em

10/01/2013.

Padre Marcus Barbosa Guimarães, 51 anos, nasceu em Mesquita, é pároco da Igreja de

Santo Antonio de Jacutinga em Nova Iguaçu e um dos principais coordenadores dos

festejos em homenagem ao santo. Entrevista realizada em 06/06/2013.

Tenda Tzara Ramirez. Informações concedidas por D. Raimunda e Arimar. Entrevista

concedida em 17/09/2012. Arimar Ramirez, 45 anos, nasceu em Nova Iguaçu,

secretária da Tenda Tzara, situada na Trav. Minas Gerais nº. 14 - Santa Eugênia -

Nova Iguaçu - R.J. Entrevista concedida no dia 17/09/2012. Médium Marcelo de

Onira, 42 anos, foi iniciado na umbanda em 03 de Dezembro de 1978 e recebeu a

entidade Juan Ramirez em 01/01/1989. Entrevista dada por D. Raimunda e Arimar

Ramirez concedida em 17/09/2012