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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Departamento de Engenharia Naval e Oceânica POLI/UFRJ Fibra de Carbono em Equipamentos de Laboratório para Aplicações em Engenharia Naval e Oceânica Filipe Martins Pinheiro Projeto de Graduação apresentada ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval. Orientador: Antonio Carlos Fernandes, Ph.D. Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

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Universidade Federal

do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Departamento de Engenharia

Naval e Oceânica

POLI/UFRJ

Fibra de Carbono em Equipamentos de Laboratório para Aplicações em

Engenharia Naval e Oceânica

Filipe Martins Pinheiro

Projeto de Graduação apresentada ao

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica,

Escola Politécnica, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro

Naval.

Orientador: Antonio Carlos Fernandes, Ph.D.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2014

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FIBRA DE CARBONO EM EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO PARA APLICAÇÕES

EM ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA

Filipe Martins Pinheiro

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Antonio Carlos Fernandes, Ph. D.

________________________________________________ Prof. Luiz Vaz, D. Sc.

________________________________________________ Prof. Julio Cesar Ramalho Cyrino, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2014

Page 3: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

iii

Dedicatória

Dedico este trabalho à minha esposa Barbara

e às minhas filhas Maria Clara e Flora.

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iv

Agradecimentos

Sou grato à contribuição de inúmeros colegas e professores e é importante registrar

alguns em especial:

Ao meu Orientador Professor Antonio Carlos Fernandes pela acolhida neste projeto e

pela oportunidade de contribuir com a pesquisa fazendo uso da minha modesta

experiência em aplicações deste material dito “exótico”.

Ao meu Orientador Acadêmico Professor Luiz Vaz pelo voto de confiança e paciência.

Ao Engenheiro Walter Ebers pela reflexão objetiva em direção ao foco do problema.

Ao Professor Ramon Costa (COEP/Coppe-UFRJ) pelo suporte na compreensão dos

sistemas e equipamentos.

Ao amigo e companheiro diário, Técnico do Laboratório LOC, Luis Ferreira pela parceira

e por todas as soluções práticas em que me ajudou.

Ao Engenheiro Ivan Falcão pelo apoio na produção e estímulo à meta.

Ao Técnico Jorge Viletti, do LEDAV, a quem recorri inúmeras vezes por conselhos e

suporte técnico.

Ao Técnico Francisco de “Assis” Freitas, do LIOC pela parceria.

Ao colega Rubem Caetano pela amizade e pelos projetos em Solidworks.

Ao colega Fabio Coelho.

Aos demais alunos que passaram pelo LOC.

A minha mãe, Thereza.

E a minha esposa, Barbara, e minhas filhas, Maria Clara e Flora, pela inspiração.

Page 5: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

v

Resumo da Dissertação apresentada ao DENO/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências (B.Sc.)

FIBRA DE CARBONO EM EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO PARA APLICAÇÕES

EM ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA

Filipe Martins Pinheiro

Fevereiro/2014

Orientador: Antonio Carlos Fernandes

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica

Compósitos de Fibra de Carbono vêm sendo usados em diversas estruturas comerciais

favorecendo redução de peso e aumento de rigidez. Sua aplicação em equipamentos

de laboratório sugere maior controle da resistência de suportes e do peso de modelos,

induzindo melhor aquisição de dados experimentais e adequação do modelo ao caso

real.

Diversas estruturas com a aplicação deste material foram desenvolvidas no Laboratório

de Ondas e Correntes.

O Estudo aborda as alternativas mais comuns comparando as estruturas em fibra de

carbono com outros materiais tais como: aço, alumínio, fibra de vidro, plástico e

madeira, considerando viabilidade técnica, econômica e qualidade esperada de

resultados experimentais.

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Abstract of Dissertation presented to DENO/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Bachelor in Science (B.Sc.)

Carbon Fibers in Laboratory Equipment for Aplications in Naval and Offshore

Engineering

Filipe Martins Pinheiro

February/2014

Advisor: Antonio Carlos Fernandes

Departament of Naval and Offshore Engineering

Carbon Fiber Composites have been applied in many comercial structures favoring

weight reduction and stiffness. It’s application to laboratory equipment suggests greater

of the strength of supports and weight of models, inducing better experimental data

acquisition and adequacy of the model to the real case.

Several Structures with the application of such material have been developed at the

Laboratório de Ondas e Correntes (Waves and Currents Laboratory) and Laboratório de

Instrumentação Oceanográfica (Oceanographic Instrumentation Laboratory)

The Study addresses the most common alternatives comparing the structures made of

carbon fiber with other materials such as: steel, aluminum, fiberglass, plastic and wood,

considering technical and economic feasibility and expected quality of experimental

results.

Page 7: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

vii

SUMÁRIO

Dedicatória .......................................................................................................................... iii

Agradecimentos .................................................................................................................. iv

RESUMO .....................................................................................................................v

ABSTRACT ................................................................. Erro! Indicador não definido.

1. Introdução ................................................................................................................... 1

1.1. Materiais aplicados em equipamentos do LOC ................................................... 2

1.2. Cenário considerado de ensaios de laboratório .................................................. 2

1.3. Aplicações em outros laboratórios ....................................................................... 3

2. Metodologia ................................................................................................................. 7

3. Fibras e Compósitos - Propriedades mecânicas dos materiais .............................. 10

3.1. Fibra de Carbono ............................................................................................... 10

3.2. Fibra de Vidro ..................................................................................................... 12

3.3. Aramida .............................................................................................................. 13

3.4. Resina Epóxi X Resina Poliéster ....................................................................... 14

3.5. Funções da Fibra e da Matriz no Compósito ..................................................... 16

3.6. Vantagens dos compósitos ................................................................................ 18

3.7. Desvantagens dos compósitos .......................................................................... 19

3.8. Juntas Adesivas X Mecânicas em compósitos ................................................. 20

3.9. Plástico Reforçado de Fibra de Carbono .......................................................... 22

4. Processos de fabricação .......................................................................................... 25

4.1. Instalação requerida ........................................................................................... 25

4.2. Preparo e aplicação da resina ........................................................................... 25

4.3. Injeção de resina em moldes fechados ............................................................. 27

Page 8: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

viii

4.4. Laminação a Vácuo ........................................................................................... 27

5. Comparação da aplicação de outros materiais ........................................................ 30

6. Aplicação em Suporte para ensaios de VIV ............................................................. 33

7. Aplicação em Chassi de Robô ................................................................................. 38

8. Aplicação na Cyber-Semi ......................................................................................... 40

8.1. Objetivo .............................................................................................................. 40

8.2. Características Principais .................................................................................. 41

8.3. Geração da Forma ............................................................................................. 43

8.4. Equipamentos Embarcados ............................................................................... 46

8.5. Definição dos elementos estruturais .................................................................. 49

8.5.1. Flutuadores ................................................................................................. 49

8.5.2. Convés ........................................................................................................ 50

8.5.3. Pilares e Contraventamentos ..................................................................... 51

8.5.4. Flanges ....................................................................................................... 53

8.6. Fabricação e Montagem .................................................................................... 55

9. Aplicação no Tubulão do Propulsor Azimutal .......................................................... 59

10. Conclusão .............................................................................................................. 62

11. Bibliografia ............................................................................................................. 63

Page 9: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

1

1. Introdução

Compósitos de Fibra de Carbono vêm sendo usados em diversas estruturas

comerciais e industriais favorecendo redução de peso e aumento de rigidez. Com

relação à escala de aplicação destacam-se o uso nas pás de hélice de geradores de

energia eólica. Na aviação comercial é aplicada nas asas, principalmente e em flaps. Na

aviação militar é usada intensivamente. Na Engenharia Naval tem diversas aplicações:

em embarcações de esporte recreio, especialmente competições de alto desempenho;

em estruturas offshore como material de reparo temporário substituindo a solda em

ambientes voláteis. Além de inúmeras outras aplicações de menor destaque nesta

abordagem.

Esta dispersão na aplicação estimulou a criação de um mercado de fibra de

carbono com ganho de escala e redução do seu preço a patamares relativamente

atrativos, ou comercialmente viáveis.

Portanto, considerando os desafios tecnológicos a serem vencidos na área de

pesquisa Offshore e a importância econômica do produto final em questão, instalações

de produção de Petróleo e Gás, o eventual aumento nos custos da pesquisa pode ser

compensado pelo ganho na qualidade dos dados obtidos. E ainda, o que este estudo

pretende mostrar, pode permitir ensaios que com outros materiais não seriam possíveis

de outra forma na escala de laboratório.

Page 10: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

2

1.1. Materiais aplicados em equipamentos do LOC

Os Materiais mais frequentemente aplicados em equipamentos de ensaio no LOC e

no LIOC são: Plástico PVC (em placas e tubos), madeira, fibra de vidro, espuma de

poliuretano, espuma de poliestireno, aço, aço inoxidável, alumínio e latão.

Recentemente foi aplicada a fibra de carbono em alguns equipamentos, modelos e

protótipos. Este relatório pretende explicitar as vantagens de aplicação deste material

nestes casos e deixar aberta a oportunidade de aplicação em novos casos.

1.2. Cenário considerado de ensaios de laboratório

Ensaios de laboratório buscam, o melhor possível, restringir as variáveis do

problema da pesquisa, de forma a obter maior controle dos dados coletados procurando

reduzir a margem de erro e trabalhando em uma faixa de tolerância o mais estreita

possível. Especialmente dentro das limitações de uma instalação em escala reduzida.

Para tanto, estruturas de apoio do objeto do ensaio precisam ser concebidas de

forma a apresentar deflexões mínimas. O próprio objeto de ensaio deve apresentar

comportamento estrutural que atenda às necessidades da pesquisa, sem deformações

relevantes que influenciem nos dados coletados ou com deformações previsíveis e

controladas.

No âmbito das pesquisas aplicadas aos equipamentos Offshore a redução de escala

muitas vezes chega a ordem de cem, devido às grandes dimensões destes em relação

às instalações de laboratórios em operação. Os materiais comumente usados, mais

baratos, usados na maioria dos casos, oferecem restrições quanto à forma devido à

baixa resistência mecânica e muitas vezes exigindo modelos com geometria

Page 11: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

3

simplificada em relação à estrutura real representada. O uso de sensores igualmente

fica restrito. Isso compromete a qualidade da correlação entre os dados obtidos no

ensaio de laboratório e no caso real, exigindo maior tratamento dos dados o que pode

extrapolar os erros do ensaio e aumentar o tempo de trabalho.

1.3. Aplicações em outros laboratórios

NASA

Na literatura só foi obtido sucesso na identificação de um caso de aplicação de fibra

de carbono em equipamento de laboratório bem descrito. Trata-se da substituição das

pás da turbina do gerador de vento do Tunel de Vento do Laboratório “NASA Ames

Research Center”, na California, EUA. Conforme apresentado em [10] PETERS.

O projeto consistia em substituir pás feitas de alumínio por feitas de laminado em

sanduiche de fibra de carbono com núcleo de espuma rígida, para atuar num

compe=ressor com capacidade de até 711 rpm, conforme descrito adiante.

As pás substitutas ofereceram os seguintes benefícios:

Maior tolerância a avarias;

Maior ciclo de vida, maior resitencia a fadiga;

Maior amortecimento;

Maior segurança no caso de falha catastrófica

Menor peso de pá, reduzindo a 50% do peso original.

Maior eficiência da turbina com pás mais leves

Projeto de Protótipo de pá feita de Compósito em 1995:

Com 1067mm de comprimento e 406mm de largura na base com seção decrescente

até 241mm na extremidade

Page 12: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

4

Feita em estrutura sanduiche com núcleo de espuma sintática envolta com laminado

híbrido de fibra de vidro e carbono e resina epóxi em camadas orientadas a 0/+30/-30

graus.

Apesar de espumas sintáticas tipicamente pesarem de quatro a oito vezes mais que

espumas tradicionais, as propriedades mecânicas são superiores em várias ordens de

magnitude. Isso se deve à capacidade de absorção de energia das microesferas de

vidro no interior da espuma, o que também indica os pontos de avaria quando são

esmagadas. Ainda, regiões de falha local do laminado externo são claramente visíveis a

olho nu por uma impressão externa.

As camadas de fibra de carbono serviram de suporte estrutural fornecendo

resistência específica e rigidez elevadas, enquanto o núcleo de espuma apoiava o

laminado contra impactos.

As camadas de fibra de vidro atuavam como revestimento protetor de sacrifício e

aprimoramento visual de avarias por impacto durante avaliação da resistência residual.

O protótipo de pá foi testado com cargas combinadas de força centrífuga e pressão

do ar até sete vezes superior ao alumínio.

Fabricando a pá por processo de moldagem por transferencia de resina (RTM –

Resin Transfer Molding) poderia resultar numa pá com custo de aquisição competitivo

em relação ao alumínio enquanto reduziria o peso de forma significativa.

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5

Figura 10.1 – Pás da trubina de vento, carbono a esquerda e alumínio a direita

Page 14: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

6

MARIN

Questionando diretamente o Laboratório MARIN (Maritime Research Insitute

Netherlands), através do senhor Jan de Boer, gerente da equipe de Desenvolvimento,

apoio e Manutenção de Instrumentação, declara que de fato faz uso do material em

casos especiais quando resistência e/ou peso são fatores chave. E cita alguns casos

em que fizeram uso, com comentários, apresentados a seguir a partir da mensagem

traduzida pelo autor:

Estrutura de modelos segmentados (alta rigidez e baixo peso)

Eixo de propulsor com alta rigidez a flexão (infelizmente a desvantagem é uma

reduzida resistência a torção)

Quilha de embarcações a vela (alta rigidez e baixo peso)

Modelos de navios de espuma (a partir de uma espuma de poliestireno usinada

com a carena do modelo com uma redução de 10mm. Aplica-se uma camada de

laminado de fibra de carbono e epóxi para gerar rigidez e completa-se com

15mm de massa de modelagem que após a cura é usinada para a forma final da

carena. Aplicando a técnica para modelos de até 6m, a partir da qual reconhece

que a resistência a flexão e torção se reduzem muito para uso prático)

Page 15: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

7

2. Revisão da Literatura

3. Metodologia

Este estudo busca na Ciência e Engenharia de Materiais (CEM) o amparo para a

devida consideração a respeito da conveniência do uso da fibra de carbono em

equipamentos de laboratório. Na referencia “MATERIAIS DE ENGENHARIA

Microestrutura e Propriedades” de Angelo Fernando Padilha encontra-se a seguinte

definição atribuída a Morris Cohen, conceituado cientista de materiais do MIT:

“Ciência e Engenharia de Materiais (CEM) é a área da atividade humana associada

com a geração e com a aplicação de conhecimentos que relacionem composição,

estrutura e processamento às suas propriedades e usos.”

Um modelo conveniente para representar a CEM é apresentado na figura abaixo.

Cohen utiliza um tetraedro, no qual os quatro vértices representam: síntese e

processamento, estrutura e composição, propriedades e desempenho.

Figura 2.1 - Representação da CEM com auxílio de um tetraedro. [1]PADILHA

Page 16: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

8

No conceito proposto por Cohen, síntese e processamento estão relacionados com

a definição do material com foco na sua microestrutura:

“A microestrutura dos materiais é determinada basicamente pela sua composição e

pelo seu processamento. Por exemplo, a microestrutura de uma liga metálica (e grande

parte das suas propriedades) depende da sua composição química, do teor de

impurezas, das condições de solidificação (da tecnologia de fundição empregada), do

processo de conformação mecânica, dos tratamentos térmicos e assim por diante.”

(Padilha, página 30)

Considerado aqui a aplicação em equipamentos estamos abordando a

macroestrutura de materiais e este aspecto de síntese está definido adiante por

exemplo nos três tipos de fibra de carbono que se pode encontrar no mercado, entre os

quais determina-se o trabalho com o tipo alta resistência (HS – High Strangth). Não

cabe entrar em detalhes dessa natureza com as demais fibras e mesmo demais

materiais abordados neste estudo.

Na síntese e processamento vamos considerar: a definição do tipo, o custo de

aquisição, o processamento na aplicação e uso (tanto técnico como de custo).

Na composição e estrutura vamos considerar os elementos e sua aplicação em

estrutura, projeto estrutural com o material, adequação do projeto estrutural de acordo

com as possibilidades do material.

Nas propriedades vamos considerar as propriedades mecânicas do material ou da

composição de materiais quando houver mais de um, no caso dos compósitos.

Page 17: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

9

No desempenho vamos considerar o comportamento da estrutura ou equipamento

do ponto de vista das necessidades do experimento a ser aplicado.

A partir deste modelo se desenvolve este trabalho apresentando o material quanto

as suas propriedades, composição, desempenho e processamento. Em seguida

comparando com os demais materiais citados quanto a estes aspectos, considerando

alguns casos efetivos de aplicação para amparar as considerações do trabalho e

permitir uma referencia para futuras escolhas de material onde a Fibra de Carbono

possa ser aplicada com sucesso adequado.

Page 18: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

10

4. Fibras e Compósitos - Propriedades mecânicas dos

materiais

Nesta seção apresentamos detalhadamente a Fibra de Carbono em relação às

demais fibras estruturais além da resina epóxi e demais resinas estruturais e o

compósito Fibra+resina efetivamente.

4.1. Fibra de Carbono

A Fibra de Carbono é produzida pela oxidação, carbonização e grafitização

controlada de precursores orgânicos ricos em carbono que já estejam em forma de

fibra. O precursor mais comum é o poliacrilonitrila (PAN), porque é o que resulta em

fibra de carbono com as melhores propriedades, mas a fibra também pode ser feita a

partir de piche ou celulose. Variações no processo de grafitização produzem fibras de

variados módulos de tensão de escoamento. Uma vez formada, a fibra recebe

tratamento da superfície de modo a favorecer a adesão da matriz e tratamento químico

para proteção ao manuseio.

No início de sua fabricação, no final dos anos sessenta, o preço básico era da

ordem de 300 US$/Kg. Em 1996 a produção mundial chegou a cerca de 7.000

toneladas e o preço equivalente era de 25 a 60 US$/Kg, atualmente estes valores se

mantêm, dependendo da resistência da fibra e do volume a ser adquirido.

A Fibra de Carbono apresenta a maior rigidez específica de todas as fibras

comerciais, alta resistência à tração e compressão e alta resistência à corrosão, fluência

e fadiga. Por outro lado sua resistência ao impacto é inferior à de outras fibras como

Vidro e Aramida, com características de fratura frágil particularmente nas séries de alto

Page 19: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

11

módulo (HM) e ultra alto módulo (UHM). Neste trabalho estamos considerando a Fibra

de Carbono de Alta Resistência (HS – High Strength), processada a temperaturas

inferiores as HM e UHM apresenta maior disponibilidade no mercado e menor custo

entre as três.

Ainda, as fibras de carbono são as únicas em questão que podem ser consideradas

condutoras elétricas. Em muitos casos isso pode não ser relevante, mas pode ser crítico

em alguns casos. Por essa característica, pode ser necessário se considerar a

possibilidade de corrosão eletrolítica quando aplicada em conjunto com outros

materiais. O Carbono apresenta potencial eletrolítico elevado e tem comportamento de

material nobre em séries galvânicas. Não ocorre corrosão do próprio carbono, mas

pode provocar corrosão galvânica em outros materiais, particularmente o alumínio.

Page 20: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

12

Propriedades Básicas de Fibras e Outros Materiais de Engenharia

Tabela 3.1.1 - Propriedades mecânicas dos materiais em discussão [2] ROYLANCE

4.2. Fibra de Vidro

As Fibras de Vidro também apresentam três tipos: Tipo E, Especial e Quartzo, e

neste estudo estamos considerando a tipo E pelo mesmo motivo que restringimos o tipo

da fibra de carbono.

Fibra de Vidro tipo E apresenta modulo de tensão e rigidez inferior às outras fibras

sendo consideradas mas possui um custo consideravelmente menor. É uma fibra mais

densa do que as demais de forma que estruturas reforçadas com esta fibra terão peso

bastante superior do que outras reforçadas com fibras de desempenho superior.

Tipicamente uma estrutura desta fibra atinge mais do dobro do peso de uma estrutura

Page 21: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

13

de compósitos de fibra de Carbono ou Aramida, mesmo que seu peso ainda seja

bastante inferior do que estruturas convencionais em aço ou mesmo alumínio.

Comporta-se como isolante elétrico e oferece boa resistência a corrosão.

4.3. Aramida

Fibras de Aramida, sendo a mais conhecida o Kevlar (da DuPont), apresentam

elevada resistência à tração e relativamente elevado alongamento até a ruptura.

Resultando em excelente desempenho na absorção de grandes quantidades de energia

como, por exemplo, estruturas sujeitas a forças de impacto. A fibra possui densidade

muito reduzida e, portanto, resultam em estruturas extremamente leves. A maioria das

estruturas em PRFV apresentam Resistencia a compressão ligeiramente inferior a

resistência a tração, e isto também ocorre com as estruturas laminadas com fibras de

Aramida portanto qualquer seção da estrutura sujeita a tensões de compressão

significativas devem ser cuidadosamente consideradas. Fibras de Aramida apresentam

coeficiente de expansão térmica negativo.

Seu processamento é difícil tanto o corte do tecido como o acabamento de

superfícies exigindo camadas extras de outras fibras, seja de vidro ou de carbono, a fim

de se obter um bom acabamento.

Page 22: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

14

Tabela 3.3.1 - Propriedades mecânicas das fibras mais comuns [3] MAZUMDAR

4.4. Resina Epóxi X Resina Poliéster

O universo de resinas plásticas é vasto, suas aplicações são inúmeras, porém

devido o ambiente de laboratório exigir peças únicas, protótipos por excelência,

sistemas de resina de aplicação industrial que requeiram equipamentos para o

processamento não serão considerados. Ainda, pelo reduzido volume das peças, a fim

de obter o melhor acesso aos materiais necessários e controlar os custos, faz-se

necessário trabalhar com as resinas mais comuns, disponíveis comercialmente no

varejo. Considerando finalmente a manipulação e processamento podem-se restringir

as opções às resinas Epóxi e Poliéster, comparadas a seguir.

Resina Epóxi

As resinas epoxídicas são compatíveis com todas as fibras e são particularmente

empregadas em compósitos de estruturas de alto desempenho em função de sua alta

Page 23: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

15

capacidade de adesão/interface com as fibras além de alto módulo de elasticidade.

Transmitindo os esforços para as fibras de forma eficiente, proporcionando melhor

aproveitamento da resistência mecânica das fibras. É adotada como primeira opção em

laminados de Fibra de Carbono.

De manipulação simples, com diversos sistemas disponíveis comercialmente,

podendo ser processada a frio, sua estrutura cristalina apresenta baixa retração após a

cura, de forma que entre as resinas viáveis de serem processadas manualmente é a

que reproduz o molde com maior precisão e preserva a forma por mais tempo.

Resina Poliéster

A resina Poliéster possui módulo de elasticidade inferior ao do Epóxi, resistência à

tração também inferior e menor adesividade (ou capacidade de adesão), não transmite

os esforços da estrutura às fibras tão bem quanto à última. Desta forma não

proporciona o melhor aproveitamento das propriedades mecânicas das fibras.

De manipulação mais complexa, com aplicação de catalizadores e aceleradores na

mistura, exige maior curva de aprendizado do usuário. Apresenta retração durante seu

processo de cura gerando peças com menor precisão que podem comprometer a

montagem de peças de tamanho reduzido típicas de laboratório, ou podem exigir maior

tempo de trabalho de processamento e ajustes.

Tabela 3.4.1 - Propriedades mecânicas das Resinas [3] MAZUMDAR.

Page 24: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

16

A fim de explorar ao máximo as propriedades mecânicas da Fibra de Carbono, com

destaque para resistência a tração, a resina mais adequada, portanto, é a resina epóxi.

Com o melhor aproveitamento das fibras pode-se definir o projeto de uma peça mais

resistente ou mais leve conforme as necessidades do equipamento em questão, com

uso econômico da fibra. O principal consultor na área de estruturas em fibra de carbono

em atuação no país, Jorge Nasseh M. Sc., é categórico em afirmar a necessidade de se

aplicar resina epóxi.

4.5. Funções da Fibra e da Matriz no Compósito

O material compósito tratado aqui é formado por plástico reforçado com fibras. Para

uma boa compreensão do comportamento dessas estruturas se faz necessário

esclarecer de forma sucinta o papel das partes de fibra e da matriz no compósito, suas

funções principais estão apresentadas abaixo:

Fibras

As principais funções da fibra no compósito:

• Suportar a solicitação: Num compósito estrutural, de 70 a 90% do carregamento é

suportado pelas fibras.

• Proporcionar o compósito de características de rigidez, resistência, estabilidade

térmica e outras propriedades estruturais.

• Proporcionar condutividade elétrica quando necessário.

Page 25: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

17

O material da matriz preenche diversas funções na estrutura do compósito e na maioria

essenciais ao comportamento satisfatório da estrutura. A Fibra não é utilizada sem a

presença de um material matriz, ou ligante.

Matriz

As funções mais importantes do material matriz incluem:

• O material da matriz aglutina as fibras umas as outras e transfere o carregamento a

estas de forma a distribuir as cargas ao conjunto. Proporciona dureza e molda a

geometria da estrutura;

• A matriz isola as fibras de forma a atuarem separadamente. Isso impede ou dificulta a

propagação de trincas;

• A matriz permite uma superfície de acabamento de boa qualidade e produção de

peças acabadas ou semiacabadas;

• A matriz protege as fibras reforçadoras contra agentes químicos e desgaste;

• Também podem influenciar outras características mecânicas como ductilidade,

resistência ao impacto, etc.

• As condições de falha são fortemente afetadas pelo material da matriz, bem como pela

sua compatibilidade com a fibra.

• A matriz permite a incorporação de sensores no compósito para fins de monitoramento

de esforços. Algumas aeronaves apresentam sensores na sua estrutura a fim de

monitorar falhas devido à fadiga. Neste caso também são chamados de “materiais

inteligentes” pois permitem operação monitorada.

Page 26: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

18

4.6. Vantagens dos compósitos

“Uma das propriedades mais interessantes dos PRFV (Plástico Reforçado de Fibra

de Vidro), é a de poder orientar o esforço, segundo a direção mecanicamente mais

solicitada.” [4] FONSECA

O Compósito de Plástico Reforçado de Fibra apresenta uma série de características

que podem ser vantajosas na aplicação de estruturas comumente usadas em

laboratório.

Possuem alta rigidez específica (relação rigidez/densidade) permitindo se obter a

mesma rigidez do aço com peso de cinco a 15 vezes menor, ou do alumínio com peso

de duas a sete vezes menor.

A tensão específica também é elevada sendo de 3 a 10 vezes a do aço e alumínio

respectivamente. Daí resulta que peças de compósitos podem ser mais leves que as

comumente feitas de metal e oferecer a mesma resistência.

A resiliência, característica de resistência à fadiga, também é maior, pode atingir

90% da tensão estática em compósitos unidirecionais de carbono/epóxi, contra cerca de

50% da tensão estática apresentada pelo aço. No caso de carbono unidirecional temos

todas as fibras aplicadas na direção da solicitação dos esforços, otimizando a relação

peso/resistência.

A possibilidade de direcionamento de fibras e de moldagem plástica oferece maior

flexibilidade de projeto do objeto.

Com coeficiente de expansão térmica muito inferior, dependendo da seleção de

materiais do compósito pode-se obter maior estabilidade dimensional.

Page 27: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

19

Estruturas complexas difíceis de fabricar com metais, normalmente exigindo

usinagem especial e soldas de partes feitas separadamente podem ser moldadas

diretamente no plástico reforçado aumentando a confiabilidade e reduzindo o tempo de

fabricação. Possibilitando muitas vezes a redução nos custos finais.

4.7. Desvantagens dos compósitos

Custo

A principal desvantagem da Fibra de Carbono é seu custo elevado de aquisição que

será abordado em mais detalhe quando comparado com outros materiais adiante. Esta

característica tem maior relevância, sobretudo para produtos industrializados, feitos em

série, cujos custos de fabricação são reduzidos pelo ganho de escala e prevalece o

custo de material. Na aplicação proposta, de equipamentos de laboratório de pesquisa

offshore, pela natureza inovadora dos elementos a serem objeto de pesquisa, das

características únicas dos modelos, ou dos suportes, cada objeto a ser fabricado é um

protótipo feito exclusivamente para atender uma linha de pesquisa. Podem ser geradas

séries de modelos e que raramente passam de dez unidades e ainda na maior parte

das vezes são diferentes entre si, mesmo que em pequenos detalhes.

Desta forma o custo de fabricação destes equipamentos é parte importante do custo

total, materiais mais caros que ofereçam fabricação mais rápida, e barata, podem se

equiparar com outros mais baratos e de fabricação mais complexa como os metais.

Ainda, na pesquisa offshore é intensivo o uso de aço inoxidável, material que também

apresenta custo relativamente elevado na aquisição e no processamento.

Page 28: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

20

Com os metais soluções de projeto são mais rápidas de se desenvolver diante do

histórico de dados de soluções e aplicações possíveis. Devido ao histórico recente dos

compósitos não se dispõe de tal apoio neste caso e o projeto do elemento pode

consumir mais tempo reduzindo sua vantagem em relação à velocidade de

processamento o que deve ser considerado no prazo global da pesquisa quando da

escolha do material.

4.8. Juntas Adesivas X Mecânicas em compósitos

Trabalhando com compósitos é muito comum as partes serem unidas por colagem,

ou por adesivos, e a resina aplicada deve apresentar boas características de adesão.

Portanto aqui cabe um comentário sobre as vantagens e desvantagens entre uniões por

colagem com adesivos e uniões mecânicas. De forma a se observar em cada caso qual

a mais adequada ao produto em cada parte dele.

Entre os aspectos positivos da colagem o primeiro a se considerar é que com a

colagem obtém-se a distribuição dos esforços contra a carga concentrada típica de

juntas aparafusadas, ou com união mecânica, e com isso igualmente apresentam maior

resistência a cargas devidas a flexão, fadiga e vibrações. E também funcionam como

seladores, acomodando superfícies irregulares e vedando de forma mais eficaz a união.

Permitem contornos suaves com mínima influência nas dimensões o que pode ser

crucial em geometrias hidrodinâmicas. O aumento de peso é desprezível. E, finalmente,

na maioria dos casos o custo é menor.

Entre os aspectos negativos mais relevantes temos: a necessidade de tratamento

das superfícies sujeitas à colagem, o tempo de cura que pode ser demorado e

Page 29: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

21

aplicação de calor pode ser necessária. A inspeção de uma junta colada pode ser difícil

gerando incerteza quanto à integridade. Exige maior técnica e controle de processo. E,

principalmente, é permanente, não permitindo montagens e desmontagens sucessivas.

Em contrapartida juntas mecânicas permitem: montagens e desmontagens sem

prejuízo das partes, inspeção e controle de qualidade fácil. Requer mínima ou nenhuma

preparação das superfícies a serem unidas, exceto quando se faz necessária a vedação

da união.

Por adicionarem maior peso à estrutura as juntas mecânicas podem comprometer o

potencial de redução de peso de estruturas em compósitos.

A concentração de esforços causada pela presença de furos gera uma

descontinuidade do compósito porque interrompe as fibras reforçadoras, além de expô-

las ao ambiente removendo a camada isolante de resina, exigindo reprocessamento no

local com repasse de uma nova camada, como um anel de resina por dentro da

furação. A concentração de esforços não pode ser absorvida como em metais com

escoamento local e redistribuição das tensões típicas de materiais dúcteis. Em alguns

casos pode ser necessário prever o furo no projeto de orientação das fibras com

aplicação de camadas adicionais no local. Há ainda a possibilidade de corrosão

galvânica pela presença de materiais diferentes, exigindo o acréscimo de produtos

isolantes, tipicamente usa-se a borracha de silicone nestes casos.

Page 30: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

22

4.9. Plástico Reforçado de Fibra de Carbono

As propriedades mecânicas do compósito de fibra/resina são determinadas

principalmente pela contribuição da fibra ao compósito, onde compósito deve ser

entendido como um composto de dois elementos que não se misturam e que juntos

formam um terceiro elemento de novas propriedades, e que não podem ser separados.

Também denominado Compósito de Carbono, ou ainda Conjugado de Carbono/Epóxi

(considerando que a resina epóxi predomina nas aplicações).

Os quatro fatores principais que definem a contribuição da fibra são:

- As propriedades mecânicas da própria fibra;

- A interação da fibra com a resina (a interface);

- A quantidade de fibra no compósito (Fração Volumétrica de Fibra);

- A a gramatura e a quantidade de camadas de tecido;

- A orientação das fibras no compósito.

Page 31: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

23

Tabela 3.9.1 - tabela de propriedades mecânicas de laminados padronizados

[5] GERSTLE

A Fibra de carbono apresenta ainda grande resistência à fadiga, superando as

Fibras de Aramida e de Vidro. Fortalecendo sua adequação ao laboratório pela

capacidade de manter suas características por mais tempo, ou maior número de

ensaios. Como podemos ver no gráfico a seguir:

Page 32: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

24

Gráfico 3.9.1 - Tensão de escoamento x Carregamento estático [6] TEW

Page 33: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

25

5. Processos de fabricação

5.1. Instalação requerida

As propriedades do compósito apresentadas nas tabelas anteriores foram geradas a

partir de ensaios com corpos de prova fabricados em condições ambientais controladas.

Para a fabricação de objetos em fibra de carbono em conformidade com seu projeto,

com referencia as propriedades esperadas já citadas, é necessário que a temperatura e

a umidade ambientes estejam próximas daquelas da referência de projeto, basicamente

25°C e umidade relativa do ar abaixo de 75% e idealmente abaixo de 60%, portanto

condições semelhantes às necessárias à pintura profissional.

O local de trabalho deve oferecer uma bancada de trabalho com espaço suficiente

para aplicação da resina nas fibras além do molde do modelo e ferramentas. As

ferramentas necessárias são as mesmas usadas no processamento da fibra de vidro.

Uma balança de precisão moderada garante a correta mistura da resina.

5.2. Preparo e aplicação da resina

O preparo da resina epóxi é feito basicamente através da mistura de dois

componentes resinosos de alta viscosidade. A fim de se favorecer a melhor reação

entre os componentes e desta forma obter o plástico mais homogêneo é necessário que

a mistura seja bem feita. Nesse processo de mistura muitas bolhas de ar são

capturadas pela resina. Num ambiente úmido, acima de 75% de umidade relativa do ar,

Page 34: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

26

essas bolhas de ar contém vapor em quantidade não desprezível. Durante a

cristalização da resina ocorre exotermia, e essas bolhas de vapor aprisionadas na

resina se expandem criando microfissuras no laminado, comprometendo a

impermeabilidade e a resistência da matriz que suporta o reforçador.

Quanto à temperatura, em um ambiente abaixo de 30°C há maior tempo para

manipulação da resina antes que se inicie a cristalização, ou “Gel-Time”. Isso permite

que se possam aplicar as camadas de tecido corretamente, conforme projeto, e ainda

sobre tempo para que a resina se espalhe pelo molde, e eventualmente seja removido

seu excesso, de forma que o “Gel-Time” se dê com o laminado já em repouso.

Favorecendo a formação mais homogênea de cristais e assim um compósito mais

resistente.

Depois de encerrada a manipulação dos materiais podem ser aplicadas pressões

externas sobre o laminado contra o molde e/ou aumento da temperatura a fim de

acelerar o processo de cura. Existem diversos procedimentos e equipamentos para

isso. A necessidade de se aplicar pressão sobre o laminado depende da geometria da

peça e em alguns casos pode ser essencial para garantir a correta moldagem.

Considerando o laboratório de pesquisa Offshore com sua demanda bastante

reduzida, essencialmente não industrial, mas de prototipagem, não se encontra

justificativa econômica direta para empregar equipamentos muito elaborados tais como

fornos Autoclave, ou sistema de infusão de resina. O primeiro pelas suas dimensões e

complexidade de operação e manutenção. O segundo pelas características do método

que exige uma margem excedente de resina no laminado. Eventualmente partes

especiais podem ser processadas por prestadores de serviço que disponham destas

instalações.

Page 35: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

27

5.3. Injeção de resina em moldes fechados

A Injeção de resina pode ser feita por gravidade e/ou diferença de pressão. A

principal vantagem deste processo é a segurança de trabalho obtida pelo controle dos

gases voláteis devido a resina permanecer confinada, seja dentro do molde ou no

reservatório. As saídas de ar podem ser filtradas contra vapores orgânicos, inclusive a

exaustão da bomba de vácuo.

Aplicada em moldes fechados, na maioria das vezes em conjunto de molde e

contramolde, a injeção se presta muito bem à réplica de peças, favorecendo sua

reprodução de forma homogênea e rápida.

Por outro lado, para se garantir a completa impregnação das fibras se faz

necessário trabalhar com uma margem acima na proporção de resina/fibra, dai

resultando numa peça mais pesada daquela que se poderia obter num processo de

laminação manual com aplicação de vácuo.

Esse método favorece a confecção de modelos/corpos de prova seriados que

podem ter suas características mecânicas consideradas equivalentes para efeito de

comparação de resultados de ensaios.

5.4. Laminação a Vácuo

Na elaboração de Protótipos as alterações de projeto são inerentes ao processo

exigindo flexibilidade por parte do processo construtivo, e versatilidade por parte do

molde. Para moldes que precisem variar muito um processo eficiente de compressão do

laminado compósito é o processo de laminação a vácuo, onde uma bolsa envolve todo

Page 36: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

28

o molde e aplica-se vácuo à bolsa de forma que a pressão atmosférica atue distribuída

sobre a peça contra o molde.

Dentro da bolsa, sobre o laminado, camadas de tecido de náilon, plástico perfurado

e manta permitem além da compressão, absorção do excesso de resina no laminado,

resultando num laminado com uma matriz mínima dando suporte aos reforçadores, ou

seja um elemento compósito com a resistência projetada de fibra e peso final mínimo.

É por esse processo básico que se obtém peças mais leves e que leva a

interpretação de que a fibra de carbono é mais leve, quando na verdade é uma fibra

mais resistente cujo painel laminado vai apresentar menos fibras por seção do que um

painel equivalente em fibra de vidro, com a redução da proporção de resina a peça final

de carbono pode ter seu peso da ordem de até dez vezes menor do que uma peça

equivalente em fibra de vidro, dependendo da geometria.

Numa peça de fibra de vidro, mesmo que se aplique a compressão do laminado,

devido a quantidade de camadas ou quantidade de fibras por seção ser maior (a fim de

atender a mesma resistência) há maior empilhamento de fibras dificultando a

compactação do laminado sob pressão desta forma permitindo o surgimento de vazios

entre as fibras que serão preenchidos de resina resultando numa maior proporção de

resina/fibra e maior peso final e relativo da peça de fibra de vidro.

Forno Auto-clave

O forno Auto-clave, resumidamente, é uma câmera pressurizada com aquecimento

interno. No interior deste uma peça de carbono é processada dentro de uma bolsa de

vácuo. Desta forma a pressão exercida sobre o laminado é maior do que a atmosférica,

como no caso da bolsa de vácuo simples, e acrescenta-se a aplicação de calor para

acelerar o processo de cura da resina.

Page 37: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

29

O resultado é uma peça com menor percentual de resina, portanto mais leve. Melhor

acomodação das fibras, portanto mais próximo da acomodação teórica. E melhor cura

da resina, portanto com comportamento mecânico mais próximo do teórico.

O Auto-clave é essencial no caso de laminação com tecidos “Pré-preg”, ou pré

impregnados de resina. Esses tecidos precisam ser estocados em ambiente refrigerado

e a resina precisa de temperaturas mais altas, em geral 60 ou 80o, para atingirem seu

ponto de cura.

Peças de alto desempenho, tais como fuselagem de aviões ou de carros e

embarcações de competição são processadas desta forma.

O custo é extremamente elevado. Na cidade do Rio de Janeiro só se tem

conhecimento de uma instalação comercial, na área de manutenção de aeronaves do

Aeroporto Internacional.

É um processo importante quando se trata de uso da fibra de carbono mas está fora

do escopo deste trabalho e do cenário de laboratórios de pesquisa Naval e Oceânica.

Além disso na abordagem dos casos de aplicação deste trabalho mostra-se que mesmo

sem a aplicação desta técnica os resultados obtidos foram extremamente satisfatórios.

O que significa dizer que mesmo que o processo usado não permita o aproveitamento

máximo do desempenho deste material ainda assim mostra-se como uma alternativa

bem sucedida

Page 38: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

30

6. Comparação da aplicação de outros materiais

Nesta argumentação em favor do uso de compósitos de fibra de carbono em

equipamentos de laboratório é essencial sua comparação com outros materiais de

aplicação recorrente com o mesmo fim.

Em muitos casos a relação entre vantagens e desvantagens permitirá perceber na

aplicação da fibra de carbono perspectivas de melhores resultados.

Como já mencionado na Introdução os materiais estruturais mais frequentemente

aplicados em equipamentos de ensaio no LOC e no LIOC são: Plástico PVC (em placas

e tubos), madeira, fibra de vidro, aço, aço inoxidável, alumínio e latão.

Seguindo a linha de abordagem do estudo de materiais é feita a comparação nos

quatro aspectos essenciais: síntese e processamento, estrutura e composição,

propriedades e desempenho, como descrito na metodologia.

A comparação de Plásticos com outros materiais é favorecida se considerarmos

“stiffnes per unit mass”, ou o módulo de elasticidade dividido pela massa específica

como no gráfico 5.1. Como resultado da baixa densidade dos polímeros seus valores se

aproximam e os compósitos excedem amplamente ao aço. No Grafico 5.1 temos no

gráfico a esquerda o módulo de elasticidade dos materiais e a direita o módulo de

elasticidade por densidade.

Pelo gráfico podemos perceber que o desempenho do alumínio é equivalente ao do

aço, e reconhece-se que no ambiente de laboratório aplica-se com frequência o

alumínio sobretudo pela facilidade de trabalho, de processamento.

No item “hard thermoplastics” pode-se considerar que engloba o PVC rígido, de

tubos e placas, com uso extensivo em laboratórios pela grande facilidade de

processamento e baixo peso. Para cargas leves.

Page 39: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

31

O item “thermosets with glass reinforcements” trata dos compósitos em fibra de

vidro, material usado na maioria dos modelos de embarcações, na maioria dos

laboratórios.

Com desempenho semelhante à fibra de vidro encontramos a madeira, a escolha

entre um ou outro depende essencialmente da forma do objeto, das limitações de

processamento da madeira. Muitas estruturas simples podem ser feitas igualmente por

madeira ou fibra de vidro, geometrias mais complexas tornam a modelação da madeira

mais demorada e/ou exigindo maior técnica

Finalmente a fibra de carbono aparece destacada, fora da curva pode-se dizer. Nos

de aplicação apresentados neste trabalho pretende-se reforçar esta vantagem em

relação aos demais materiais.

Gráfico5.1 – Resistência a tração e resistência a tração por massa específica. [7] VEGT

Page 40: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

32

Na Tabela 5.1 além das propriedades mecânicas o custo médio dos materiais. Cabe

explicitar que o custo do primeiro item, CFRP (Carbon Fiber Reinforced Plastic –

Plástico Reforçado com Fibra de Carbono), é de fato muito acima dos demais. Nos

casos de aplicação citados adiante pode-se verificar que o custo do material pode ser

absorvido pelos demais custos de uma pesquisa, sobretudo porque as estruturas em

questão são de baixo peso, sendo o maior deles o peso da Cyber-Semi de 3,1kg.

Dentro de um projeto muito maior que benficia vários estudos. O Suporte para VIV além

da pesquisa original, que o motivou, faz parte agora dos equipamentos de uso

permanente do Laboratório de Ondas e Correntes, e neste caso pode-se considerar que

seu custo inicial, mesmo que elevado, vem sendo absorvido pelo sucessivo uso.

Portanto a discussão de custo mesmo que seja importante deve ser relativizada.

Tabea 5.1 – Propriedades mecânicas e custo de materiais[8]ROYLANCE

Page 41: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

33

7. Aplicação em Suporte para ensaios de VIV

Para estudos de Vibrações Induzidas por Vórtices com dois graus de liberdade foi

desenvolvido um aparato experimental com uma haste feita em laminado de fibra de

carbono com 25mm de diâmetro interno e comprimento de 3145mm. Os resultados

obtidos permitiram um estudo inovador.

Estruturas tubulares laminadas são geralmente fabricadas usando fibras envoltas

em dois ângulos. Fibras com ângulo de bobina próximo de 90 graus (medido a partir do

eixo longitudinal da peça) são chamadas de fibras em anéis. Fibras formando um

padrão helicoidal são tipicamente orientadas em ângulos entre 10 e 60 graus

dependendo da rigidez e resistência requeridas. Estas fibras proporcionam rigidez axial

e suportam as cargas axiais. As fibras em anéis suportam carreamentos

circunferenciais. As fibras envoltas em helicoides a grandes ângulos colaboram com

as fibras em anéis na resistência a cargas circunferenciais entretanto se o ângulo de

alinhamento da fibra for muito acentuado a resistência axial das fibras perde muita

eficácia. Camadas em anéis e helicoides costumam ser alternadas ao longo da

espessura do laminado. As fibras em anéis quando envoltas com pressão compactam

as demais camadas do laminado de forma eficiente além remover o excesso de resina,

reduzindo o peso final.

O tubo foi laminado seguindo conceitos de tubos estruturais comuns, com 3

camadas de fibra de carbono unidirecional (de 150 g/m2) sendo uma orientada ao longo

do tubo (0 graus) e em “X” (45 e 135 graus), com resina epóxi e processo de pressão

por fita de náilon esticada em espiral, para remoção do excesso de resina.

A seguir a descrição do aparato conforme apresentada por [9] COELHO:

Page 42: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

34

“APARATO EXPERIMENTAL PARA O ESTUDO COM DOIS GRAUS DE

LIBERDADE

O projeto do aparato para os ensaios com dois graus de liberdade é similar ao

projeto para um grau de liberdade. De forma a permitir movimentos somente em duas

direções e obter um baixo fator de amortecimento, uma torre foi utilizada conforme a

Figura 6.1. No topo da torre, um sistema de rolamentos lineares restringe, em dois

graus de liberdade somente, o movimento pendular de uma haste que se estende do

topo da torre à conexão com o modelo imerso no canal de correntes (Ver Figura 6.2).

Neste dispositivo, na medida em que se aumenta a força de arrasto com a

velocidade de corrente, o cilindro tende a encontrar uma posição neutra (na direção

alinhada com a corrente) a jusante da posição neutra da medição anterior. Para corrigir

este efeito e garantir que a posição neutra da haste esteja sempre na vertical, um

dispositivo de compensação foi adicionado ao aparato de forma a permitir um

deslocamento da haste pelo topo até o seu alinhamento com a vertical (Ver Figura 6.2).

O cilindro foi conectado a dois conjuntos de molas dispostas nas direções x e y

conforme destacado na Figura 6.3. A rigidez das molas é a mesma para as duas

direções e foram ajustadas de forma a se obter, via ensaio de decaimento, a mesma

freqüência natural para as direções x e y.

A haste possui um comprimento de 3,145 m e foi produzida com fibra de

carbono resultando em alta rigidez e massa reduzida. O comprimento total do sistema

incluindo o cilindro é de 3,91 m. Este comprimento foi dimensionado de forma a garantir

que o movimento de rotação do cilindro (movimento pendular) seja desprezível e que o

cilindro se comporte como se estivesse sofrendo pura translação. Um estudo desta

influência foi feito e constatou-se que o movimento de rotação do sistema como um todo

Page 43: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

35

é de aproximadamente 1,5º para o caso de maior translação observado nos resultados

experimentais obtidos.

O sistema projetado é original, uma vez que os sistemas que se utilizam de

torres em ensaios similares verificados na literatura não configuram o sistema em

comportamento pendular.

O sistema utilizado representou um ganho significativo em termos de redução do

fator de amortecimento estrutural medido por ensaio de decaimento (016,0=ζ), além de

permitir uma redução significativa da razão de massa em relação ao sistema utilizado

para o estudo de VIV com um grau de liberdade.”

O custo total de material ficou em R$900,00, muito elevado se comparado com

aço, alumínio, fibra de vidro ou mesmo PVC. Mas oferece um desempenho muito

superior que viabilizou o conceito da pesquisa e logo permitiu um estudo inédito.

Considerando seu valor em relação ao custo global da pesquisa deve-se admitir que

seu impacto no orçamento não é tão significativo. Acrescentando-se o fato que outras

pesquisas forma feitas e continuam sendo feitas com o aparato.

Page 44: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

36

Figura 6.1 – Foto ampliada do sistema de sustentação do modelo.

Figura 6.2 – Dispositivo de compensação para posição neutra da haste.

Page 45: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

37

Figura 6.3 – Molas para restauração do sistema.

Page 46: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

38

8. Aplicação em Chassi de Robô

Um Chassi para robô de inspeção por ultrassom foi desenvolvido para o LIOC.

Consistindo em um painel laminado em sanduiche com reforços localmente distribuídos,

substituindo uma placa maciça de alumínio.

O objetivo principal era redução de peso com preservação da resistência estrutural

do chassi original em alumínio. O robô apresentava dificuldade de locomoção ao subir

chapas na vertical, uma limitação do sistema de magnético de locomoção desenvolvido

pelo laboratório.

Constituindo originalmente de uma placa de alumínio com dimensões de 400mm de

comprimento, 250mm de largura e 8mm de espessura o chassi desenvolvido preservou

as dimensões e para tanto foi laminada uma placa em estrutura sanduiche com

camadas externas de laminado de fibra de carbono com 1mm de espessura e núcleo de

espuma de PVC de baixa densidade (60kg/m3). Nos pontos de fixação foi feito um

reforço para resistir às cargas de compressão local dos parafusos. O reforço foi feito de

uma mistura de resina epóxi com cargas de fibra de vidro moída.

Como resultado uma placa originalmente com 2,160kg foi substituída por uma placa

de 0,720kg com redução de mais de 60% no peso do elemento e que atende

igualmente as cargas de operação proporcionando um desempenho melhor do

equipamento com peso final menor.

O custo total de materiais ficou em R$ 420,00, muito superior aos R$ 20,00 da placa

de alumínio, mas muito baixo se comparado aos custos de desenvolvimento do robô

como um todo e de baixa relevância se considerado que permitiu superar um impasse

na capacidade de operação do mesmo. A perspectiva de revisão do sistema de

propulsão para capacitá-lo a suportar a carga extra da placa de alumínio tinha custos

Page 47: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

39

ainda não estimados mas que seguramente superariam o custo da peça de carbono,

incluindo aí o retrabalho e as prováveis perdas de material já empregado.

Figura 7.1 – arranjo da placa

Figura 7.2 – seção típica da placa

Page 48: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

40

9. Aplicação na Cyber-Semi

9.1. Objetivo

O objetivo da Cyber-Semi é contribuir para o seguinte projeto:

“Aproveitamento de Base Física Existente na COPPE/UFRJ para Análise de

Sistemas de Posicionamento Dinâmico de Plataformas Semissubmersíveis em Escala

Reduzida” (PENO8844) tem por objetivo último capacitar dois laboratórios da

COPPE/UFRJ na execução de projetos (Fernandes, 2006). Integrando os seguintes

estudos: “Projeto, Construção e Testes do Propulsor para o DP de Modelo 1:40 da

Plataforma P XIII para testes no LabOceano” (Mariana Coelho Pinto Torres, Janeiro de

2008); e “Sistema de Posicionamento Dinâmico: Modelação e Construção de Hélice em

Escala Reduzida através de Usinagem de Alta Precisão e Estudo Comparativo entre

Simuladores.” (Sara da Silva Jorge, Janeiro de 2006).

Objetivamente, função deste modelo de plataforma Semissubmersível é criar

condições para a avaliação de um conjunto de sistemas propostos para o

posicionamento dinâmico para sua subsequente aplicação na análise de um modelo

maior e mais complexo de uma Semissubmersível. Os sistemas propostos

compreendem: propulsores azimutais e placas de controle eletrônico dos motores

destes propulsores integradas a um sistema externo de rastreamento de posição

(Qualysis).

Page 49: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

41

9.2. Características Principais

A fim de se obter resultados mais confiáveis do controle considerou-se necessário

preservar semelhança geométrica e de equilíbrio estático. Isso implica em limitações ao

peso total do modelo de forma a permitir o controle do centro de gravidade e do calado

de operação.

O modelo foi dimensionado para poder manobrar dentro do Canal de Correntes do

LOC – Laboratório de Ondas e Correntes. As dimensões principais do canal e do

modelo são:

Tabela 8.2.1 – Dimensões do canal de correntes

Os propulsores estão dimensionados para o modelo maior, com seu diâmetro de

hélice, sistema de transmissão e motores elétricos adequados ao modelo maior tem-se

um conjunto relativamente pesado para o modelo Cyber-Semi, (somando cerca de

4,0Kg) concentrados à ré do modelo, restringindo o posicionamento das cargas

adicionais: baterias e das placas de controle. O modelo Cyber-Semi porta dois

propulsores, o modelo maior portará oito propulsores.

Page 50: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

42

As figuras 8.3.1, 8.3.2 e 8.3.3 apresentam as três escalas: A Plataforma

propriamente dita, o modelo 1:40 e o modelo 1:120, Cyber-Semi, no primeiro teste de

flutuação, ainda sem equipamentos.

Figura 8.3.1 - Plataforma P-XIII (atual “Olinda-Star”) na costa de Niterói

Figura 8.3.2 - O modelo P-13 (escala 1:40) no MARIN (Holanda)

Page 51: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

43

Figura 8.3.3 - Cyber-Semi (escala1:120) no Canal de Correntes no LOC

9.3. Geração da Forma

A Partir da definição da escala pode-se inserir o modelo no programa “Maxsurf”,

onde podemos analisar a distribuição de pesos em função do equilíbrio e podemos

estimar o calado de operação adequado ao problema.

A plataforma pode operar em vários calados, dependendo da sua condição de

operação, contudo é recomendado operar na região das colunas com maior área

transversal para favorecer a estabilidade a pequenos ângulos de inclinação e um

resultante amortecimento no movimento de jogo ou caturro.

Ainda, a fim de favorecer a semelhança de operação com o caso real e o

compromisso de ter capacidade de embarcar os equipamentos necessários à simulação

dos propulsores, alimentação e do controle é preciso admitir um calado maior que a

altura dos Flutuadores ou “Pontoons”. Desta forma o calado de projeto definido para o

modelo foi de 122,5 mm, de forma que a linha d’água se localize na região mais larga

da coluna e tenhamos um deslocamento de 15,1 Kg conforme obtido nas Tabelas

Page 52: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

44

Hidrostáticas geradas a partir do modelo definido no programa de computador “Maxsurf”

apresentadas a seguir:

Figura 8.3.4 - Modelo da Cyber-Semi gerado no “Maxsurf” com a área molhada destacada

Tabela 8.3.1 - Propriedades Hidrostáticas do Modelo Cyber-Semi

Uma vez definida a forma e a condição de flutuação faz-se necessário estudar os

materiais possíveis de aplicação na construção do modelo Cyber-Semi a fim de se

verificar quais seriam capazes de atender as características hidrostáticas acima com os

equipamentos necessários embarcados. A seguir apresenta-se a fibra de carbono como

alternativa e subsequentemente sua comparação com demais materiais passíveis de

aplicação com espessuras estimadas. As espessuras dos elementos de placa de cada

material apresentadas na tabela a seguir levam em conta a espessura mínima de

Page 53: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

45

trabalho factivel considerando as amostras disponíveis para aquisição no mercado, em

prateleira.

Figura 8.3.5 - Aspectos do arranjo da CYBER_SEMI; posição dos azimutais e lastro.

Tabela 8.3.1 - Estimativa de peso da Cyber-Semi em diferentes materiais

Aplicação de madeira dura e/ou balsa: apesenta baixo peso estimado mas é

reconhecido a dificuldade de se trabalhar este material em geometrias detalhadas e

complexas como a semi-sub. Pela dificuldade de se acomodar os sistemas embarcados

no modelo em fibra de carbono pode-se afirmar com segurança que o modelo em

Page 54: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

46

madeira não apresentaria espaço interno suficiente apenas considerando a maior

espessura, tomando de 35 a 47% do volume total do modelo.

Aplicação de alumínio e/ou aço inoxidável: o peso leve já compromete o projeto, de

qualquer forma a fabricação em metais com espessura tão fina exige expertise em

solda que poucos profissionais tem capacidade de executar.

Aplicação de fibra de vidro: o peso leve igualmente compromete o projeto. É fato

que a fibra de vidro foi aplicada no modelo em carbono como complemento em

laminados muito finos de forma auxiliar conforme descrito adiante.

9.4. Equipamentos Embarcados

Definido o volume deslocado podemos dimensionar a estrutura a partir dos

equipamentos embarcados listados a seguir:

Tabela 8.4.1 - Pesos embarcados e Deslocamento

Page 55: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

47

Figura 8.4.1 - Azimutais A e B

Cabe aqui registrar a presença de dois conjuntos propulsores, A e B, de

fornecedores diferentes para ser selecionado o mais eficiente. Os conjuntos são

semelhantes, mas apresentam detalhes diferentes quanto a montagem. Engrenagens

de latão ou aço respectivamente, diâmetro do eixo propulsor de 8 e 6 milímetros,

borrachas de vedação, sem boço do eixo do hélice e com boço do eixo. Além de

diferenças na qualidade da usinagem das peças.

O conjunto A usa um flange de alumínio, o conjunto B usa um flange de fibra de

carbono. Essa diferença permite variar o centro de gravidade e o calado de operação.

Resta confirmar em ensaio a resistência do flange de carbono contra o de alumínio que

se resume a uma placa de 2mm de espessura com adaptações ao encaixe de vedação,

enquanto o primeiro consiste de uma placa laminada com tecido biaxial de 400 g/m2

reforçada com tecido unidirecional de 150g/m2 em resina epóxi.

Page 56: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

48

Os lastros do conjunto B são suficientes para atingir o calado da condição de

equilíbrio de projeto e posicionados de forma que não haja ângulos significativos de

banda ou trim.

Page 57: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

49

9.5. Definição dos elementos estruturais

9.5.1. Flutuadores

Os flutuadores foram desenvolvidos com painéis em laminação tipo sanduiche, com

laminado em fibra de carbono (gramatura de 450g/m2) e resina epóxi, e núcleo de

espuma de PVC (de 100 kg/m3 e espessura de 6mm), desta forma as paredes ficaram

auto-estruturantes, dispensando reforçadores secundários, tais como cavernas e

longitudinais, e facilitando as montagens com os demais elementos estruturais, os

pilares e os flanges.

Dentro dos flutuadores foram definidos espaços para os equipamentos de propulsão

e lastro de correção do equilíbrio. Ver figura 8.5.1.1:

Figura 9.5.1.1 – Flutuadores em processo de fabricação

Page 58: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

50

9.5.2. Convés

A Plataforma do convés foi desenvolvida numa placa sanduiche do mesmo padrão

dos flutuadores porém com maior espessura do núcleo de espuma de PVC (15 mm) de

forma oferecer melhor resistência a torção. Apresentado duas aberturas para encaixe

de caixas, ou bandejas, feitas em laminado simples de fibra de carbono, para

acomodação de equipamentos tais como as placas de controle dos propulsores

azimutais. Ver figuras 9.5.2.1 e 9.5.2.2:

Figura 9.5.2.1 e 9.5.2.2 – Convés em processo de montagem

Caixa para os Equipamentos

A fim de se reduzir a altura do centro de gravidade e preservar a estabilidade

estática do modelo com comportamento mais próximo do projeto real e devido a

operação na água optou-se por instalação dos equipamentos eletrônicos em uma caixa

com tampa. As caixas forma laminadas em fibra de carbono e posicionam os

equipamentos 60mm abaixo do convés principal, são dotadas de tampa em plástico

transparente de forma a proteger os circuitos contra eventuais espirros e gotas

permitindo a visualização dos equipamentos.

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51

9.5.3. Pilares e Contraventamentos

Os Pilares foram laminados seguindo conceitos de tubos estruturais comuns, com 3

camadas, sendo duas camadas de fibra de vidro (de 300g/m2 e tecido 0/45/90/135),

uma por dentro e outra por fora do tubo para garantir estanqueidade, e uma camada

tripla de fibra de carbono unidirecional (de 150 g/m2) orientada ao longo do tubo (0

graus) e em “X” (45 e 135 graus) aplicadas em forma helicoidal.

Os contraventamentos não apresentam o laminado em fibra de vidro, somente a

camada tripla em fibra de carbono descrita acima, com aplicação de massa de

acabamento para garantir a vedação e preparo para pintura.

Os pilares das extremidades dos flutuadores apresentam uma base prismática,

geometricamente equivalente ao da Plataforma P-13 de referencia e que distribuem os

esforços na conexão entre os pilares e os flutuadores, além de, no âmbito de equilíbrio

dinâmico do modelo, favorecer no amortecimento do movimento de jogo.

Figura 9.5.3.1 – Pilares.

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52

Figura 9.5.3.2 e 9.5.3.3 – Contraventamentos.

Page 61: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

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9.5.4. Flanges

Os Flanges foram concebidos para a melhor instalação dos motores no modelo.

Com conjuntos de motores de pesos diferentes foi necessário desenvolver um flange

diferente para cada, sendo um conjunto de flanges de alumínio e outro de fibra de

carbono.

O material mais simples de trabalho neste caso seria o alumínio, mas os conjuntos

de propulsores apresentavam dimensões ligeiramente diferentes, e para um conjunto A

o flange em alumínio não permitia espaço adequado. E por isso um flange em fibra de

carbono foi desenvolvido

Para uma montagem mais rápida, para o conjunto de motores mais leve, optou-se

pelo flange em alumínio, nada mais que uma chapa de 4mm de espessura com furação

distribuída para a fixação de parafusos.

O Flange em carbono apresenta laminado simples de fibra de carbono com dupla

camada de fibra de vidro para estanqueidade, resultando em espessura máxima de

1,1mm com uma borda reforçada e adequada para ter os mesmos 4mm de espessura

do flange em alumínio permitindo alternância de sistemas na mesma montagem.

Figura 8.5.1 e 8.5.2 – Flange em alumínio preparado para teste de estanqueidade

Page 62: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

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Figura 8.5.3, 8.5.4 e 8.5.5 – Flange em carbono sendo modelado

Page 63: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

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9.6. Fabricação e Montagem

A montagem do modelo seguiu a seguinte sequência básica: definição dos

elementos estruturais confecção dos elementos estruturais por ordem de complexidade,

flutuadores, pilares de diâmetro menor, pilares de diâmetro maior, tubos dos

contraventamentos, convés principal, bandejas ou caixas de convés e flanges. As

imagens a seguir representam a sequencia de fabricação

Figura 8.6.1 – Laminação dos pilares e Flutuadores Figura 8.6.1 – Preparação dos Flutuadores.

Figura 8.6.3 – Montagem do convés Figura 8.6.4 – Montagem dos contraventamentos

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Figura 8.6.5 – colagem dos elementos Figura 8.6.6 – Preparação dos Flanges

Figura 8.6.7 – Montagem dos flanges Figura 8.6.8 – teste de estanqueidade

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Figura 8.6.9 – calado de 20mm verificado para o deslocamento do casco

Figura 8.6.10 e 8.6.11 – Modelo pronto para operação, com pintura final.

Figura 8.6.12– Modelo com flanges removidos Figura 8.6.13 – teste com lastro

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Figura 8.6.14 – Modelo com lastro distribuído no primeiro ensaio de equilíbrio monitorado pelo sistema Qualisys

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10. Aplicação no Tubulão do Propulsor Azimutal

No projeto da Cyber-Semi dois sistemas de propulsores foram desenvolvidos e o

conjunto A precisou ser adaptado com a substituição do tubulão do propulsor original,

em alumínio por uma cópia em fibra de carbono. O conjunto A apresentava um peso

excessivo que junto com o lastro necessário ao ajuste do trim do modelo ultrapassava o

deslocamento máximo permitido.

Com o tubulão original pesando 440g e o segundo 80g. a redução de 720g

embarcadas numa extremidade do modelo implicou na redução do lastro fixo em iguais

700g levando a uma redução de 1400g na carga total, de forma que o modelo pudesse

flutuar no calado de projeto.

O tubulão original serviu de “plugue” para a geração de um molde em quatro partes

para a laminação do equivalente em fibra de carbono. A solução em plástico também

permitiu a fabricação de um suporte ao tubulão com menor resistência ao escoamento,

seguindo referencias de aplicações semelhantes:

Figura 9.1 – Tubulão Montado – projeto em Solidworks

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Figura 9.2 e 9.3 – Tubulão e suporte do tubulão – projeto em Solidworks

Figura 9.4 e 9.5 – Tubulão montado e posicionado

Figura 9.6 – Suporte do Tubulão montado e posicionado

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Figura 9.5 – Tubulão de Carbono (80g) a esquerda e alumínio (440g) a direita

O suporte desenvolvido apresenta perfil afilado, e sua curvatura procura afastar a

estrutura do propulsor e desta forma reduzir a interferência no fluxo de agua de tomada

do propulsor, resultando em muito menor interferência do que as treliças da concepção

original.

O consumo de material foi muito baixo, da ordem de 150 gramas de fibra e próximo

de 500 gramas de resina, considerando as perdas e a confecção dos moldes em resina.

Portanto o custo final ficou na ordem de R$150,00. O tempo de estudo, definição,

projeto em Solidworks, confecção dos moldes, laminação e ajustes necessários foi

elevado, mas foi todo executado pela equipe do laboratório com diversas contribuições.

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11. Conclusão

A Fibra de Carbono se apresenta como alternativa viável aos materiais de aplicação

em equipamentos de laboratório de pesquisa oceânica, podendo substituir ou atuar em

conjunto com os demais materiais já utilizados. Seu processamento é acessível e

adequado às dependências disponíveis em praticamente qualquer oficina de modelos

que já trabalhem com outros materiais comuns como placas e tubos de PVC e

marcenaria em geral.

A técnica de manipulação apesar de específica se mostra próxima das atividades de

marcenaria no que diz respeito à habilidade manual e controle do ambiente.

Os benefícios oferecidos por estruturas em fibra de carbono permitem aumentar o

escopo de modelos, auxiliando o pesquisador ao oferecer um maior número de

soluções para modelos e aplicações diferentes. O controle das fibras permite ainda ao

pesquisador determinar o comportamento estrutural do modelo com a mesma precisão

do que outros materiais comuns de aplicação em pesquisa. Um mesmo experimento

pode, portanto, apresentar uma gama de modelos muito mais ampla, em muitos

aspectos, notadamente de peso total e de resistência estrutural, mas também de forma

e de montagens diferentes que favoreçam a pesquisa em questão.

Este relatório pretende estimular os laboratórios de pesquisa, e especialmente os

pesquisadores, a incluírem os materiais compósitos, sobretudo a fibra de carbono,

dentre as suas opções de material de fabricação de modelos e equipamentos de

laboratório. É possível que as pesquisas em andamento possam ter seu leque de

abordagem ampliado, com melhor seleção de aplicação do objeto de pesquisa,

permitindo restringir as variáveis de pesquisa com melhor controle dos elementos

estruturais.

Page 71: fibra de carbono em equipamentos de laboratório para aplicações

63

12. Bibliografia

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