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António Zambujo - Barroco Tropical

Conteúdos:Competências culturais: Apresentação da música que se faz em Portugal

presentemente; biografia e discografia de António Zambujo; apresentação do escritor angolano José Eduardo Agualusa; a música cabo-verdiana: a morna; Luís de Camões e as metáforas do amor; reflexão sobre a lusofonia.

Competências linguísticas:-competência semântico-lexical: palavras homónimas-competência gramatical: Presente do Indicativo; Presente do Conjuntivo; léxico (formação de palavras, valor de alguns afixos); conjunções coordenadas copulativas e advérbios conectivos; orações concessivas; “logo” advérbio de tempo e conjunção conclusiva (diferenças PB / PE); posição dos clíticos

Competências sociolinguísticas: exprimir opiniões; interpretar valores metafóricos.Competências pragmático-discursivas: argumentar, persuadir.

Nível QECR: B1Tempo aproximado: 180 minutos

Antes de ouvir a nossa canção

I. Cultura – competência sociocultural1. Informação sobre António Zambujo e a canção «Barroco Tropical»

Nascido em Beja, em 1975, António Zambujo começou a estudar clarinete com 8 anos, estreando-se no Conservatório Regional do Baixo Alentejo. Cresceu a ouvir o cante alentejano. A harmonia das vozes, a cadência das frases e o tempo de cada andamento foram para sempre uma influência. Ainda pequeno, apaixonou-se pelo Fado e pelas vozes de Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro, João Ferreira Rosa,

Max, entre muitos outros. Estava habituado a cantar em família e entre amigos, e aos 16 anos, chegou mesmo a ganhar um concurso de fado. Com o curso de clarinete na bagagem, ruma a Lisboa, onde Mário Pacheco, intérprete e compositor de guitarra portuguesa, lhe abre a porta do conhecido Clube do Fado, no bairro de Alfama, onde passou a tocar. Pouco depois, integra o musical Amália, dirigido por Filipe La Féria. Durante os quatro anos em que o espetáculo esteve em cartaz – primeiro no Teatro Politeama, depois um pouco por todo o país –, Zambujo interpreta o papel de Francisco Cruz, o primeiro marido de Amália.

O mesmo fado, o seu primeiro trabalho é editado, em 2002. As influências musicais do Alentejo são marcantes e há alguns fados compostos por si. Outros são de conhecidos poetas do universo fadista como José Luís Gordo ou Mário Raínho. Na sequência do

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êxito de O mesmo fado, recebe o prémio de ‘Melhor Nova Voz do Fado’, já atribuído a intérpretes como Mariza, Camané ou Mafalda Arnauth. Em 2004, António Zambujo canta na Casa de Fado “Sr. Vinho”. E, além dos concertos em Portugal, apresenta-se com regularidade em cidades como Toronto, Paris, Santander, Sarajevo, Zagreb. Edita o seu segundo disco, Por meu cante, no qual aprofunda as raízes alentejanas, recuperando temas do Cancioneiro de Beja, fundindo-as com novas tendências do fado. Para este trabalho, conta com a colaboração dos músicos Paulo Parreira (guitarra portuguesa) e Ricardo Cruz (contrabaixo).

Em 2006, ganha o Prémio Amália Rodrigues (atribuído pela Fundação Amália Rodrigues) na categoria de "Melhor Intérprete Masculino de Fado". É convidado pela Fundação Calouste Gulbenkian para o Festival Atlantic Waves, em Londres. No mesmo ano, participa na Festa do Avante, na homenagem ao compositor Alain Oulman, grande responsável por alguns dos maiores sucessos de Amália Rodrigues.

Em Setembro de 2007, lança o seu terceiro álbum Outro Sentido, com a participação especial das Vozes Búlgaras Angelite. Este disco é editado, em 2008, na Europa e nos Estados Unidos, pela editora ‘Harmonia Mundi', sob a etiqueta da sua filiada ‘World Village'. Os concertos pela Europa continuam. O álbum é considerado pela revista Songlines Top of the World Album. Depois de atuar no Teatre de La Ville, em Paris, Outro Sentido sobe ao terceiro lugar de vendas da Fnac francesa. A Fundação Luso-Brasileira propõe-lhe um dueto com Roberta Sá para a sua gala anual de entrega de prémios, no Casino Estoril. A editora MPB edita Outro Sentido no Brasil. A chegada ao Brasil levou-o também aos ouvidos de Caetano Veloso que se rendeu à sua voz, escrevendo no seu blogue: «Quero ouvir mais, mais vezes, mais fundo (...) É de arrepiar e fazer chorar». Em dezembro,

António Zambujo esgotou dois concertos no Teatro São Luiz.

Em 2009, António Zambujo segue em tournée pela Europa, apresentando Outro Sentido em países como a Noruega, Suécia, França, Holanda e Áustria. Realiza, depois, uma série de concertos em Portugal, incluindo a apresentação, no Onda Jazz, da reedição de Outro Sentido. Em Pirenópolis, no Brasil, Zambujo dá o seu primeiro concerto a propósito da apresentação da Semana da Cultura Portuguesa, promovida pelo Instituto Camões. Apresenta-se no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro onde conta com as participações especiais de Roberta Sá, Marcelo Gonçalves, Ronaldo do Bandolim e Yamandú Costa. Na plateia, estiveram presentes Ney Matogroso, Caetano Veloso, Sandra de Sá, Paula Morelenbaum, entre outras figuras da cena artística brasileira. Zambujo apresenta-se no Cool Jazz Fest 09, num espetáculo que contou com a participação de Ivan Lins. E nesse Verão atua pela primeira vez na “Casa da Música”. Sobe a vários palcos portugueses e estrangeiros, mormente no Brasil. Neste país, integra a lista dos 10 Melhores Concertos Internacionais do Ano, selecionada pela Secção de Cultura do Jornal O GLOBO, ao lado de músicos como Elton John, Burt Bacharah, Terence Blanchard, Kiss, Youssou N'Dour e Angelique Kidjo. Fecha o ano com uma digressão nacional.

Em 2010, António Zambujo lança o seu quarto disco Guia, no Teatro São Luiz em Lisboa. São interpretados originais de compositores e letristas nacionais e brasileiros tais como Vinicius de Moraes, Márcio Faraco, Pierre Aderne, Rodrigo Maranhão, Ricardo Cruz, o próprio Zambujo, João Gil, João Monge, Aldina Duarte, José Agualusa, Maria do Rosário Pedreira, Pedro Luís entre outros. Zambujo apresenta-se em vários teatros nacionais e internacionais e recebe a aclamação do público e da crítica. Maio é a vez de António Zambujo e os Azeitonas abrirem a programação

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do Palco Sunset do Rock in Rio, numa atuação conjunta que é o culminar das parcerias musicais dos jovens músicos. Com a vinda de Roberta Sá ao nosso país, Zambujo sobe aos palcos da Aula Magna e da Casa da Música, no Porto para atuar com a artista brasileira.

Guia é depois lançado oficialmente em França e no Brasil, em concertos em São Paulo e Rio de Janeiro. O músico atua nas Comemorações do Centenário da República, nos Jardins do Palácio de Belém. É selecionado para se apresentar na Womex2010, o maior encontro profissional de músicas do mundo, a nível internacional. António Zambujo abre o leque de concertos da Womex subindo ao palco do prestigiado Estúdio 1 do Copenhagen Concert Center. Este concerto seria mais tarde transmitido no canal de televisão Mezzo. 2010 foi também o ano em que Zambujo esteve na Semana Cultural Portuguesa em Espanha, apresentando-se em cidades como Madrid, Barcelona e Valência. O Festival dedicado à Lusofonia, Cantos na Maré contou também com a presença de António Zambujo. A revista britânica Songlines escolhe Guia como Top of the World Album e pela segunda vez consecutiva, António Zambujo vê o seu trabalho distinguido por esta publicação especializada em World Music. Figura também nas mais importantes listas nacionais e internacionais dos melhores discos de 2010: 2º Melhor disco nacional – escolhas de Nuno Pacheco – Ípsilon Publico; 3º Melhor disco nacional – BLITZ; 3º Melhor Álbum - http://lusotunes.blogspot.com/ -

Divulgação de música Lusófona; 4º Melhor disco nacional – Jornal de Letras; Os 50 discos de 2010 – Revista Mondomix – França; Top of the World Album – Songlines – Inglaterra; Melhor Álbum de 2010 – Sopa de Pedra.

Em 2011, as atividades de António Zambujo multiplicam-se, em Portugal e, sobretudo, no estrangeiro, em países como França, Espanha e Brasil ou Azerbeijão, mas também com as primeiras visitas a países como Israel, Bulgária, Suécia, Alemanha e a primeira digressão nos EUA e no Canadá, bem como a primeira apresentação em Macau. Em outubro, António Zambujo vai pela primeira vez aos Estados Unidos e Canadá, numa série de seis concertos que passaram por salas de Vancouver, Seattle, Nova Iorque ou Ontário, entre outras cidades. Outubro foi também o mês em que Zambujo leva a sua música ao importante Tourcoming Jazz Festival, em França, para de seguida fechar o mês com a atuação no 25º Festival de Música de Macau. Participa na gala de Comemoração de elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade, no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Quinto, o quinto álbum de António Zambujo, foi editado no dia 2 de abril de 2012, pela editora Universal.http://www.antoniozambujo.com/home.asp?zona=1&template=7&precedencia=0&idioma=1 (texto adaptado; acedido em 18/05/2012)

COMPREENSÃO DA LEITURA

Atividade 1.Depois de ler as informações sobre António Zambujo, escolha as opções corretas para completar cada uma das afirmações transcritas:

1.1. António Zambujo foi influenciado...a) pela música brasileira.b) pelo cante alentejano.c) pelo fado de Coimbra.d) pela world music.

1.2. No musical Amália, o cantor...

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a) interpreta o papel de um cantor de fado.b) toca clarinete.c) toca guitarra clássica.d) interpreta o papel de marido de Amália Rodrigues.

1.3. A revista britânica Songlines escolhe, como Top of the World Album o álbum…a) Quintob) Apeloc) Outro sentidod) Zorro

1.4. Em 2009, integra a lista dos 10 Melhores Concertos Internacionais do Ano…a) na França.b) no Canadá.c) em Israel.d) no Brasil.

1.5. “É de arrepiar e fazer chorar” é uma apreciação de…a) Roberta Sá.b) Mariza.c) Caetano Veloso.d) José Eduardo Agualusa.

1.6. O concerto transmitido no canal de televisão Mezzo foi…a) No Tourcoming Jazz Festival, em França.b) No Teatro São Luiz, em Lisboa.c) No Estúdio 1, do Copenhagen Concert Center.d) Na Casa da Música, no Porto.

1.7. “Com o curso de clarinete na bagagem” significa que…a) O cantor levou consigo o clarinete.b) O curso de clarinete era um recurso a que podia lançar mão.c) O cantor iria dar um curso de clarinete.d) O diploma do curso ia na bagagem do cantor.

Informações sobre a canção “Barroco Tropical”

A letra: as palavras da canção são da autoria de José Eduardo Agualusa, consagrado escritor angolano e o título é

retomado de um seu romance homónimo. José Eduardo Agualusa ganhou diversos prémios, alguns deles internacionais, sendo um autor de grande talento e muita imaginação, que tem dado contributos decisivos, com os seus romances, para a construção da lusofonia, isto é, de um espaço cultural e linguístico que, embora muito variado, tem em comum a partilha do uso da língua portuguesa. Os seus enredos desenrolam-se, frequentemente, entre vários espaços onde se fala português, sobretudo Angola, Brasil e Portugal. Sobre José Eduardo Agualusa, escritor maior da lusofonia, vejam-se os seguintes sítios da net:http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Eduardo_Agualusa e http://www.agualusa.info/ . Do último sítio, retirámos a seguinte apresentação do romance Barroco Tropical: “Uma

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mulher cai do céu duranteuma tempestade tropical. As únicas testemunhas do acontecimento são Bartolomeu Falcato, escritor e cineasta, e a sua amante, Kianda, cantora com uma carreira internacional de grande sucesso.

Bartolomeu esforça-se por desvendar o mistério enquanto ao seu redor tudo parece ruir. Depressa compreende que ele será a próxima vítima. Um traficante de armas em busca do poder total, um

curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das Brigadas Vermelhas, um ex-sapador cego, que esconde a

ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro (ou a sua sombra) e dezenas de outros personagens cruzam-se com Bartolomeu, entre um crepúsculo e o seguinte, nas ruas de uma cidade em convulsão: Luanda, 2020.” Apesar de retomar o título do romance, a canção fala do amor, constituindo uma espécie de definição do amor que não esconde os seus paradoxos e contradições.A música: da autoria de Ricardo Cruz, esta canção é uma morna, música tradicional de Cabo Verde. Este tipo musical foi internacionalmente celebrizado pela cantora Cesária Évora e informações sobre ele podem ser lidas no sítio http://pt.wikipedia.org/wiki/Morna

Ao reunir, numa canção, as palavras de Agualusa e a música caboverdiana, Zambujo, um cantor português, ilustra, na prática, a riqueza e a variedade da lusofonia hoje.

Enquanto escuta a nossa canção…

Atividade 2: Ouça, agora, a canção “Barroco Tropical”, uma primeira vez:http://www.youtube.com/watch?v=zdgEqg3dzko

Atividade 3. Quando ouvir a canção uma segunda vez, preencha os espaços em branco com as palavras em falta:

O amor é inútil: luz das estrelasa ninguém _______ ou iluminae se nos chama, a chama delaslogo no céu _______ declina.

O amor é sem ________: clarãona tempestade, depressa se apagae é maior depois a ____________,noite sem fim, vaga após vaga.

O amor a ninguém serve, e __________a ele regressamos, dia após diacegos por seu ________, tontos de sedenos damos sem pudor em sua rede.

O amor é uma estação perigosa:rosa ___________ o espinho,espinho disfarçado de rosa,

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enganosa __________ do vinho.

Atividade 4: Volte a ouvir a canção, agora acompanhada da letra. Corrija o exercício da atividade 3.

O amor é inútil: luz das estrelasa ninguém aquece ou iluminae se nos chama, a chama delaslogo no céu lasso declina.

O amor é sem préstimo: clarãona tempestade, depressa se apagae é maior depois a escuridão,noite sem fim, vaga após vaga.

O amor a ninguém serve, e todaviaa ele regressamos, dia após diacegos por seu fulgor, tontos de sedenos damos sem pudor em sua rede.

O amor é uma estação perigosa:rosa ocultando o espinho,espinho disfarçado de rosa,enganosa euforia do vinho.

Depois de ouvir a nossa canção…

COMPREENSÃO DA LEITURA:Atividade 5:

1. Retire, do texto, três expressões que sugiram que o amor não vale nada;2. Explique, por palavras suas, o que significa cada uma das seis metáforas usadas

para definir o amor;3. Selecione três expressões que revelem o caráter enganador do amor;4. Diga por que razão se pode dizer que “o amor é uma estação perigosa”. 4.1. Justifique a sua opinião pessoal. 4.2. Dê a sua definição de amor, começando a frase com “O amor é…”.5. A fugacidade do amor é referida no poema. Selecione, do poema, duas expressões

que o testemunhem.6. Apesar dos aspetos negativos apontados, não desistimos do amor. Transcreva, do

poema, o excerto onde esta ideia está contida.

ÂMBITO LINGUÍSTICO GERALExercício 1 (léxico):

1. Escreva quatro palavras em que exista o mesmo prefixo de negação presente em “inútil”.

2. Retire, das segunda e terceira quadras do poema, expressões com o mesmo significado de “inútil”.

3. De um céu cheio de estrelas diz-se que está ___________________ .4. Indique o nome que significa cansaço e se relaciona com o adjetivo “lasso”5. De uma pessoa cheia de sede se diz que está ________________.

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6. Escreva cinco palavras da família de “clarão”: dois nomes; dois verbos; um advérbio.

7. Dê um sinónimo para cada uma das seguintes palavras do poema: fulgor, pudor, euforia, ocultar.

8. Uma coisa sem préstimo é uma coisa eu não__________.9. Substitua “sem fim” por um adjetivo com o mesmo sentido.

Exercício 2 (léxico - homonímia):

Lembrete gramatical São homónimas as palavras que têm a mesma grafia, que se pronunciam da mesma forma, mas têm diferentes significados.

1. “Chama” é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo chamar ou um nome comum feminino singular. No verso “e se nos chama, a chama delas”, diga a que classes gramaticais pertencem a primeira e a segunda ocorrências de “chama”.2. “Estação” pode ter vários significados diferentes: lugar onde se apanham transportes públicos (por exemplo comboios), época do ano, fase.

2.1.Diga qual destes significados a palavra tem no poema.2.2.Construa duas frases em que “estação” tenha significados diferentes dos do poema.

3. O cante alentejano é uma polifonia simples. Cante pode também ser uma forma do verbo cantar, no Presente do Conjuntivo. Escreva uma frase em que use a terceira pessoa do singular do verbo cantar, no Presente do Conjuntivo.4. “Estrelas” pode ser um nome feminino no plural, ou a 2ª pessoa do singular do Presente do Indicativo do verbo estrelar. Construa uma frase em que a palavra “estrelas” seja diferente da que aparece na letra da canção.5. Diga em qual das frases seguintes a palavra “rede” tem o mesmo significado do poema:a) A rede aqui é fraca. Não consigo usar o telemóvel.b) Deitou-se na rede, no pinhal, a ouvir o mar.c) Os pescadores puxaram uma rede cheia de sardinha.d) A rede viária de Portugal melhorou muito nas últimas décadas.

Exercício 3 (expressão de contraste):

Lembrete gramatical: O contraste é geralmente dado, em português, por meio de uma conjunção coordenativa adversativa, como mas, ou através de advérbios conectivos, como contudo, porém e todavia. Enquanto os advérbios podem ocorrer em várias posições na frase (entre o sujeito e o predicado ou no início da frase), as conjunções coordenadas adversativas não. Veja o exemplo do poema: “O amor a ninguém serve, e todavia / a ele regressamos, dia após dia”. Confronte com a ocorrência que se segue: “O poeta não acredita no amor, mas regressa a ele permanentemente”. Enquanto que “todavia” poderia ser movido (“a ele, todavia, regressamos, dia após dia”), mas não pode mudar de posição, sendo o exemplo que se segue agramatical: *O poeta não acredita no amor, regressa mas a ele permanentemente.

Utilizando a conjunção adversativa ou advérbios conectivos, construa frases, a partir dos elementos das duas colunas, variando, se for possível, a posição do elemento contrastivo:

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1) As estrelas têm luz a) Os seres humanos acreditam nele2) O amor pode ser perigoso b) Também tem espinhos3) O amor é belo como a rosa c) Não nos aquece4) O vinho deixa-nos alegres d) Não vou desistir de encontrar um

parceiro5) O amor é uma chama e) Não iluminam ninguém6) O amor é um clarão f) É fácil de compreender7) O poema tem muitas metáforas g) Essa euforia é aparente8) O amor acaba por vezes mal h) Depressa se apaga

Exercício 4 (expressão de contraste):

Lembrete gramatical: A ideia de contraste referida na atividade anterior pode também ser transmitida pelas conjunções subordinativas concessivas, como embora: Tem esperança de vir a ser feliz, embora não acredite no amor traduz o mesmo sentido contrastivo de Não acredita no amor, mas tem esperança de vir a ser feliz. Como se diz no Dicionário Terminológico, “A oração coordenada adversativa em (i) distingue-se da oração subordinada adverbial concessiva em (ii) por, apesar de terem o mesmo significado, apenas a subordinada permitir anteposição:” (i) Não acredita no amor, mas tem esperança de vir a ser feliz. Não é possível antepor a coordenada: *Mas tem esperança de vir a ser feliz, não acredita no amor. Já em (ii), Tem esperança de vir a ser feliz, embora não acredite no amor, é possível antepor a subordinada: Embora não acredite no amor, tem esperança de vir a ser feliz. Nota: nas orações subordinadas concessivas, o verbo vai para o modo Conjuntivo.

Outro meio linguísticos para transmitir a ideia de contraste, é, por exemplo, a locução prepositiva apesar de etc. que se usa seguida (i) de um nome ou (ii) de um infinitivo. Exemplos: (i) Apesar do frio, não vou perder o concerto do Zambujo. (ii) Apesar de ter muito trabalho, vou arranjar tempo para ir ao concerto.

1. Transforme as orações subordinadas concessivas em coordenadas adversativas e estas em subordinadas concessivas, fazendo os ajustamentos necessários:

a) As estrelas brilham no céu, mas não aquecem ninguém.b) Embora o amor não sirva a ninguém, voltamos a ele dia após dia.c) O amor é um clarão na tempestade, embora depressa se apague.d) Zambujo é português, mas aproveita o melhor da música cabo-verdiana.

2. Nas orações subordinadas concessivas das alíneas anteriores e nas que resultaram da transformação de adversativas por si feita, sublinhe as formas de Presente do Conjuntivo.

Exercício 5: “Logo” pode ser um advérbio de valor temporal ou uma conjunção coordenativa conclusiva. Nota: no Português do Brasil, “logo” significa “já”, “imediatamente”; por exemplo: PB –> “Como isso logo, menino!” significa coma imediatamente.“Não se aflija que eu volto logo” equivaleria a, em Português Europeu, “Não se aflija que eu já volto”. Em Português Europeu, “logo” remete para um tempo mais indefinido e não tão próximo do tempo da fala. Exemplo: em “Eu acabo o trabalho logo”, “logo” significa “mais tarde”.

Nas frases que se seguem, indique se o “logo” é um advérbio com valor temporal ou uma conjunção conclusiva:

a) Mal começamos a viver o amor, percebemos logo que nem tudo vão ser alegrias.b) O homem é um animal gregário logo, não gosta de estar só.

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c) Se te apaixonares, não vais contar logo a toda a gente, pois não?d) Não quero ficar sozinho, logo, vou procurar companhia.e) Pensas e preocupas-te demasiado, logo não te vais apaixonar.f) Quando a viu, pensou logo que era a rapariga mais bonita que conhecia.

Exercício 6 (posição dos clíticos):

Lembrete gramatical: Os clíticos são pronomes átonos, isto é, pronomes pessoais que não têm acentuação própria e dependem, portanto, do acento da palavra que vem antes ou depois (quase sempre, um verbo). São monossilábicos: me, te nos, lhe, o, se, etc. Em Português Europeu, os pronomes clíticos colocam-se, normalmente, depois do verbo. Exemplo: A canção é bonita e Zambujo canta-a muito expressivamente. (Em PB, seria: A canção é bonita e Zambujo a canta muito expressivamente. Pelo contrário, em Português do Brasil, a posição normal do pronome átono é antes do verbo. Exemplo: Caetano Veloso gostou de Zambujo e o elogiou em seu blogue. (Em PE, seria: Caetano Veloso gostou de Zambujo e elogiou-o no seu blogue). No entanto, em Português Europeus, há vários atratores de próclise, ou seja, vários elementos que fazem com que o pronome passe da sua posição normal (a ênclise) para uma posição pré-verbal (a próclise). Alguns atratores de próclise: 1. frases negativas. Exemplo: Não me trouxeste o disco do Zambujo que te emprestei! 2. frases introduzidas pelos indefinidos (alguém, ninguém, nada, tudo, qualquer). Exemplo: Ninguém lhe pediu para cantar, mas ela adora karaoke! 3. frases introduzidas por preposições e advérbios (apenas, também, até, mesmo, ainda, já, talvez, etc.). Exemplo: Também lhe queria oferecer o disco da Cesária Évora que lhe deste.4.  frases interrogativas introduzidas por onde, como, porque, quem, quando, etc. Exemplo: Quem lhe disse que o António Zambujo vinha cantar ao Porto?5. frases subordinadas, por exemplo as orações subordinadas condicionais, como acontece no seguinte exemplo da canção: “e se nos chama, a chama delas /logo no céu lasso declina”. Exemplo: O disco que me deste é o meu preferido.Tendo em conta o que ficou explicado, reescreva as frases seguintes, fazendo as transformações alterações necessárias. Comece a frase como indicado depois da seta:

a) Ele disse-me que gostava muito de ouvir Fado. –> Ele não…b) O meu pai prometeu dar-me uma guitarra. –> O meu pai prometeu que…c) Deste-me um disco. O disco é bonito. –> O disco que…d) Procurei muito o disco. Encontrei-o. –> Procurei o disco até….e) Vou visitá-la mal possa. –> Prometeu que...

COMPREENSÃO ORAL: Atividade 6: Ouça a apresentação que Carlos Vaz Marques faz de um dos romances de Agualusa, na rubrica “O livro do dia”, na estação de rádio TSF: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=2316097&audio_id=2517254

Atividade 7: Depois de ouvir duas vezes o documento oral, escolha a opção certa para cada questão:1. O novo livro de Agualusa chama-se:

a) Teoria geral do aquecimento.b) Teoria Geral do Esquecimento.c) Um homem com uma boa história.d) O romance de Ludo.

2. A personagem Ludo é:

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a) uma angolana viúva.b) uma portuguesa de Aveiro.c) uma amiga de Agualusa.d) uma criança de Luanda.

3. Para sobreviver, Ludo…a) foge de Luanda para Portugal.b) esconde-se no mato.c) ergue uma parede em frente à porta.d) foge para um país vizinho.

4. Ludo escreve…a) em cadernos.b) no computador.c) nas paredes.d) no quadro.

5. Agualusa usa a ironia para…a) divertir os leitores.b) parodiar os acontecimentos.c) servir de antídoto à tragédia angolana.d) tornar o seu romance mais variado.

PRODUÇÃO ORALAtividade 8:

1. Discussão em pares - Imaginem que cada um de vós representa um grupo de pessoas: o dos que pensam que o Português é uma língua que vale a pena ser aprendida e o dos que acham que o inglês resolve o essencial da comunicação atual. Elenquem argumentos para procurarem persuadir o interlocutor. Discutam com convicção, mas sem agressividade, procurando ouvir o outro e rebater os respetivos argumentos.

2. Faça uma pesquisa sobre a morna caboverdiana ou sobre o cante alentejano e apresente os resultados oralmente, num discurso formal, bem organizado (faça um plano prévio) que não ultrapasse os 5 minutos.

PRODUÇÃO ESCRITA:Atividade 9:

1. Produza um texto de opinião em que defenda, com três argumentos, o valor do amor. Introduza um contra argumento que vai desmontar (use, para tal, uma estrutura concessiva, não se esquecendo de que exige o verbo no modo Conjuntivo).

2. Escreva uma carta em que interrompa a sua relação amorosa com alguém. Explique os motivos que o levam a terminar a relação e procure ser gentil para a pessoa com quem está a acabar.

PÓS-LEITURA

Atividade 10: Leia o seguinte soneto de Luís de Camões. Pode voltar a lê-lo, agora acompanhado pela audição, disponível em

http://ia700208.us.archive.org/7/items/poemas_portugues_001_librivox/08_amorefogoqueardesemsever_08_camoes_64kb.mp3

Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;é um contentamento descontente,

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é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Atividade 11: Tento em conta que Agualusa é um autor atual e Camões escreveu no séc. XVI, confronte os dois poemas, quer quanto à forma, quer quanto ao conteúdo. Aponte, preenchendo o esquema abaixo, duas diferenças e duas semelhanças entre os textos.

Semelhanças DiferençasForma 1. 1.

2. 2.

Conteúdo 1. 1.

2. 2.

Atividade 12: agora pode cantar Barroco Tropical com António Zambujo, em versão karaoke:

http://www.vagalume.com.br/antonio-zambujo/barroco-tropical.html#play:zdgEqg3dzko:3ade68b6gdf48fda3

Para saber mais…

1. Pode ler, em pdf., o primeiro capítulo do romance de José Eduardo Agualusa, Barroco Tropical, disponível para ser descarregado no seguinte sítio da net http://www.agualusa.info/agualusa/texts/barroco_tropical_capitulo1.pdf

2. Ouça uma das mornas de Cesária Évora. Sugerimos-lhe a canção “Partida”, a que pode aceder em http://www.youtube.com/watch?v=I2JFelZF_SY

Irá, com certeza, compreender pelo menos algumas palavras da canção, que é cantada em crioulo cabo-verdiano, a língua materna dos habitantes de Cabo Verde, uma língua crioula de base lexical portuguesa. Eis mais um bom motivo para aprender Português!

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