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U.C. - C ± Produzir textos informativos, reflexivos e persuasivos. A Formadora: Helena Tavares ESCOLA PROFISSIONAL DE CAPELAS Ano Lectivo 2010/2011 Reactivar ² Nível II ² 1º Ano ² L inguagem e Comunicação O Texto Poético Pedra Filosofal Manuel Gedeão Eles não sabem que o sonho É uma constante da vida Tão concreta e definida Como outra coisa qualquer Como esta pedra cinzenta Em que me sento e descanso Como este ribeiro manso Em serenos sobressaltos Como estes pinheiros altos Que em verde e oiro se agitam Como estas aves que gritam Em bebedeiras de azul Eles não sabem que sonho É vinho, é espuma, é fermento Bichinho alacre e sedento De focinho pontiagudo Em perpétuo movimento Eles não sabem que o sonho É tela, é cor, é pincel Base, fuste ou capitel Arco em ogiva, vitral, Pináculo de catedral, Contraponto, sinfonia, Máscara grega, magia, Que é retorta de alquimista Mapa do mundo distante Rosa dos ventos, infante Caravela quinhentista Que é Cabo da Boa-Esperança Ouro, canela, marfim Florete de espadachim Bastidor, passo de dança Columbina e arlequim Eles não sabem que sonho É vinho, é espuma, é fermento Bichinho alacre e sedento De focinho pontiagudo Em perpétuo movimento Passarola voadora Pára-raios, locomotiva Barco de proa festiva Alto-forno, geradora Cisão do átomo, radar Ultra-som, televisão Desembarque em foguetão Na superfície lunar Eles não sabem nem sonham Que o sonho comanda a vida E que sempre que o homem sonha O mundo pula e avança Como bola colorida Entre as mãos duma criança In Movimento Perpétuo, 1956

Ficha Informativa - Pedra Filosofal

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8/6/2019 Ficha Informativa - Pedra Filosofal

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U.C. - C ± Produzir textos informativos, reflexivos e persuasivos.

A Formadora: Helena Tavares

ESCOLA PROFISSIONAL DE CAPELAS

Ano Lectivo 2010/2011

Reactivar ² Nível II ² 1º Ano ² Linguagem e Comunicação

O Texto Poético 

Pedra Filosofal

Manuel Gedeão

Eles não sabem que o sonhoÉ uma constante da vidaTão concreta e definidaComo outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzentaEm que me sento e descansoComo este ribeiro mansoEm serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altosQue em verde e oiro se agitamComo estas aves que gritamEm bebedeiras de azul

Eles não sabem que sonho

É vinho, é espuma, é fermentoBichinho alacre e sedentoDe focinho pontiagudoEm perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonhoÉ tela, é cor, é pincelBase, fuste ou capitelArco em ogiva, vitral,Pináculo de catedral,Contraponto, sinfonia,Máscara grega, magia,

Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distanteRosa dos ventos, infanteCaravela quinhentistaQue é Cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfimFlorete de espadachimBastidor, passo de dançaColumbina e arlequim

Eles não sabem que sonhoÉ vinho, é espuma, é fermentoBichinho alacre e sedentoDe focinho pontiagudoEm perpétuo movimento

Passarola voadoraPára-raios, locomotivaBarco de proa festivaAlto-forno, geradora

Cisão do átomo, radarUltra-som, televisãoDesembarque em foguetãoNa superfície lunar

Eles não sabem nem sonhamQue o sonho comanda a vidaE que sempre que o homem sonhaO mundo pula e avançaComo bola coloridaEntre as mãos duma criança

In Movimento Perpétuo, 1956

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U.C. - C ± Produzir textos informativos, reflexivos e persuasivos.

A Formadora: Helena Tavares

Ser Poeta (Perdidamente), de Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dize-lo cantando a toda a gente!