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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: A INTERVENÇÃO DO ESTADO NO ESPAÇO URBANO E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS: O CASO DO JARDIM DIAMANTE NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ – PR.
Autor Sonia Maria de Souza.
Escola de Atuação Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf – Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Maringá
Núcleo Regional de Educação Maringá
Orientador Prof. Dr. Elpidio Serra
Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá
Disciplina/Área Geografia
Produção Didático-pedagógica Unidade Didática
Relação Interdisciplinar História
Público Alvo Alunos da 8º série ou 9º ano do ensino fundamental
Localização Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf – Ensino fundamental e Médio.
Rua: Arlindo Marquezini, 654. Conjunto Hermann Morais de Barros. Maringá – PR.
Apresentação: A cidade é um espaço dinâmico, sempre em crescimento e precisando de novos equipamentos urbanos, como novos postos de saúde, novas escolas, praças, ruas, avenidas e viadutos que visam melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Essas
construções são de responsabilidade das prefeituras, órgãos Estaduais e Federais, porém muitas delas podem trazer conseqüências positivas e ao mesmo tempo negativas para a população e o meio ambiente. Na cidade de Maringá – PR, um desvio rodoviário ainda em fase de construção e que vai aliviar o transito urbano no interior da cidade atrapalha a circulação dos moradores de alguns bairros. A presente Unidade Didática tem por objetivo analisar os problemas ambientais, sociais e econômicos que a construção deste desvio pode acarretar, tomando como referencia o Jardim diamante, localizado no quadrante norte desta cidade. Para entender a problemática, causada pela construção do desvio rodoviário, proporcionaremos através de um processo interativo, professor, alunos e comunidade, com a utilização de textos e imagens, como fotos e mapas e partindo do conhecimento prévio do assunto, uma discussão e análise de todos os fatores envolvidos no processo, como os agentes envolvidos no planejamento e crescimento urbano da cidade de Maringá.
Palavras-chave Cidade; desvio rodoviário; crescimento urbano.
UNIDADE DIDÁTICA
APRESENTAÇÃO
Esta Unidade Didática é resultado do envolvimento e participação nos estudos
oferecidos pela política de formação continuada para professores da SEED. O
Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – Turma 2010.
O presente material tem por objetivo aprofundar estudos sobre a produção do
espaço urbano a partir do espaço de vivencia do aluno, pois é nele que se
estabelecem as relações sociais, econômicas e culturais, que são reflexos de uma
organização maior que pode ser municipal, estadual, nacional e global. Também
pretende estimular uma análise dos problemas ambientais, econômico e sociais em
decorrência da transformação do espaço, tomando como referência o Jardim
Diamante, localizado na região norte da cidade de Maringá, que é por onde passa
um desvio rodoviário que dificulta a circulação da população deste bairro.
Neste material, há uma preocupação em estabelecer uma linha de trabalho com
base nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, já que o espaço urbano pode
estar inserido como conteúdo específico dos seguintes eixos estruturantes:
Dimensão Sócio-ambiental, Dimensão Econômica e Dimensão Política. Para
elaboração deste material didático foram feitas pesquisas bibliográficas, Pesquisa
em acervos históricos e pesquisa de campo.
Os créditos de acertos da elaboração desta Unidade didática devem ser atribuídos a
atenta, disponível e insubstituível presença do amigo e orientador professor Dr.
Elpidio Serra, que apesar de todos os seus compromissos acadêmicos constituiu-se
em um interlocutor interativo e com seus questionamentos e apontamentos,
ofereceram a possibilidade da construção deste material capaz de subsidiar alunos e
professores.
A Unidade didática será aplicado com os alunos da 8º série ou 9º ano do Colégio
Estadual Alfredo Moisés Maluf – Ensino Fundamental e Médio situado ao norte da
cidade de Maringá.
Visando facilitar a interação dos alunos com o conteúdo apresentado neste trabalho,
assim como proporcionar uma maior compreensão do mesmo, a presente Unidade
Didática será dividida em três partes.
A Primeira Parte – o contorno Norte - tem por objetivo, mostrar a necessidade de
construir um desvio rodoviário na cidade de Maringá, onde esse contorno está sendo
construído e os problemas gerados pela sua construção. Através da proposta de um
trabalho de campo, será analisado os impactos ambientais que o construção do
mesmo pode acarretar.
A Segunda Parte – A Urbanização Brasileira – que possibilitará uma análise dos
fatores que determinaram a urbanização brasileira e as características comuns que
as cidades apresentam como a segregação do espaço para as camadas mais
pobres e a especulação imobiliária.
A Terceira Parte – O Crescimento Urbano da Cidade de Maringá – procura analisar
e discutir todo o processo histórico da ocupação e crescimento urbano de Maringá,
desde a sua fundação até os dias atuais, fazendo uma comparação com os fatores
em que ocorreu a urbanização mais intensa em todo o país. Destaca também o
papel que os agentes responsáveis pela urbanização, como o Estado, no caso, a
Prefeitura Municipal e as incorporadoras imobiliárias tiveram para transformá-la em
uma cidade planejada, porém com forte atuação da especulação imobiliária. Mais
uma vez, destaca a construção do Contorno Norte, já que sua construção dentro da
área urbana atrapalha circulação de moradores de vários bairros, entre eles o
Jardim Diamante. Novamente será proposto um trabalho de campo para analisar os
impactos sociais e econômicos que a construção deste desvio pode trazer para os
moradores deste bairro.
Espero que esta Unidade didática contribua de alguma forma, para despertar no
aluno o gosto e a sensibilidade pelas questões sociais e o desejo de ser participante
na construção de uma cidade melhor para todos e não apenas para alguns.
1.0 - INTRODUÇÃO
A cidade é um espaço dinâmico, sempre em crescimento e precisando de
novos equipamentos urbanos, como novos postos de saúde, novas escolas, praças,
ruas, avenidas e viadutos que visam melhorar a qualidade de vida de seus
habitantes. Essas construções são de responsabilidade das prefeituras, órgãos
Estaduais e Federais, porém muitas destas construções podem trazer
conseqüências positivas e ao mesmo tempo negativas para a população e o meio
ambiente. É o que propõe o presente trabalho, discutir os impactos sociais,
econômicos e ambientais provocadas pela intervenção do Estado no espaço urbano.
Atualmente, mais de 84% da população brasileira vivem em cidades, e elas
se tornaram espaço de conflitos de interesses distintos. Por predominar a sociedade
capitalista é claro que são os interesses da classe dominante é que prevalece e este
fato está presente no espaço urbano de praticamente todas as cidades brasileiras,
como a segregação do espaço e a especulação imobiliária, inclusive na cidade de
Maringá. Assim a cidade por si só se torna um conteúdo que pode ser explorado por
várias disciplinas e entre elas a geografia.
A presente Unidade Didática analisará os prejuízos e benefícios que a
construção de um desvio rodoviário pode trazer para os moradores do Jardim
Diamante, um bairro localizado no quadrante norte da cidade de Maringá – PR.
Este desvio rodoviário é também conhecido como Contorno Norte e fora
projetado há muitos anos atrás para ser construído no limite entre a zona urbana e a
zona rural do município, na sua porção norte. Na época do seu planejamento não
existia nenhum bairro próximo à área destinada a sua construção. No projeto original
constava o rebaixamento da pista, já que não haveria nenhum problema para a
circulação de pessoas e veículos motorizados, por não haver residências próximas a
esta via de transporte. Porém, demorou muito tempo para a sua construção e a
cidade cresceu ultrapassando o limite deste contorno.
5
Os alunos do ensino fundamental são capazes de fazer uma leitura sobre a
observação que fazem do espaço onde vivem, porém não têm maturidade e
conhecimento para interpretar as transformações que acontecem neste espaço.
Cabe, então ao professor de geografia, através de um conhecimento sistematizado
proporcionar que os mesmos se apropriem dos conceitos fundamentais da geografia
e compreenda o processo de produção e transformação do espaço. Para que isto
aconteça, é necessário que os conteúdos sejam trabalhados de uma forma crítica e
dinâmica, interligados com a realidade próxima e distante dos alunos.
Para entender a problemática, causada pela construção do desvio rodoviário
Contorno Norte, proporcionaremos através de um processo interativo, professor,
alunos e comunidade e com a utilização de textos e imagens, como fotos e mapas e
partindo do conhecimento prévio do assunto, uma discussão e análise de todos os
fatores envolvidos no processo, como os agentes envolvidos no planejamento e
crescimento urbano da cidade de Maringá, possibilitando assim, a compreensão de
que as transformações do espaço urbano não acontecem por acaso, e que faz parte
dos interesses políticos, econômicos e sociais dos habitantes da cidade.
2.0 - PRIMEIRA PARTE: O CONTORNO NORTE
6
Você sabe por que é necessária a construção de desvio rodoviário na cidade de Maringá?
Você sabe onde o desvio Contorno Norte está sendo construído?
Por que escolheu esta região para a construção do Contorno Norte?
Vamos descobrir juntos.
Dicionário
Mobilidade urbana: é a articulação das políticas de transportes, trânsito e acessibilidade, a fim de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço de forma segura e socialmente inclusiva
São comuns nas cidades as construções de prédios, viadutos, avenidas que
beneficia uma parcela da população e dificulta a mobilidade ou a circulação no
espaço urbano por parte de outra parcela da população.
Na cidade de Maringá vem ocorrendo restrições de mobilidade no espaço
para alguns moradores em decorrência da construção de um desvio rodoviário
conhecido como contorno norte. É nesta situação em que se encontram os
moradores do Jardim diamante, localizado ao norte da cidade.
Maringá está localizada na região centro norte do Paraná em uma área de
entroncamento de rodovias: BR376, BR317, BR369 e BR323, como podem ser
observadas na figura 1 da pág. 7. Essas rodovias passam pelo interior da zona
urbana, trazendo tráfico intenso de veículos pesado, provocando congestionamentos
nas principais avenidas da cidade. Para resolver estes problemas foi elaborado um
projeto para a construção de dois contornos: o contorno sul já construído há muitos
anos atrás e o contorno norte.
O contorno sul liga a BR317 até a BR369 e o contorno norte, ainda em fase
de construção e que ligará as quatro rodovias. Esse contorno parte da Avenida
Colombo na divisa com o município de Sarandi, à leste do centro da cidade,
contornando a porção norte até a BR323 à oeste do centro, como mostra fig. 2 da
pág.8 E fig. 3 da pág. 9.
7
Fig. 1 Localização do município de Maringá. Fonte: Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá - Codem
Figura 2. Vista aérea da cidade de Maringá. Fonte Google earth. Acesso dia 22/06/2011
8
A linha destacada em vermelho representa Contorno Norte
A construtora Sanches Tripolone é a responsável pela construção deste
desvio, com verba do PAC, (Programa de Aceleração do Crescimento), que tem
17Km de extensão e um custo inicial de R$143 milhões. Iniciou a construção no final
de 2008 e o prazo para o término é novembro de 2011. O objetivo da obra é dar
maior fluidez ao intenso tráfico de caminhões, que cruzam a cidade de Maringá,
deixando o trânsito da Av. Colombo e Morangueira livre desses veículos pesados.
Quando o projeto do desvio contorno norte foi elaborado, a área destinada à
sua construção era o limite entre a zona rural e a zona urbana do município.
9
Na internet:
Faça uma pesquisa sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento: o que é? Quais os objetivos?
Fig. 3. Mapa da cidade. Diretrizes de arruamento. Fonte : Prefeitura do município de Maringá. A linha vermelha em destaque representa o Contorno Norte.
Em uma rodovia, para facilitar o tráfico, é importante que se elimine alguns
obstáculos, como vertentes e cruzamentos, por esta razão no projeto do desvio
constam rebaixamento da pista e apenas três acessos até a área urbana. Desta
forma o projeto foi aplicado, sem nenhuma modificação ou readequação.
A partir do ano 2000 algumas regiões após a área destinada a construção do
desvio passou a ser urbana e atendendo os interesses do mercado imobiliário, a
prefeitura autorizou o loteamento deixando alguns bairros com dificuldades de
circulação.
Por que isto aconteceu? Para entender melhor precisamos analisar o
processo de urbanização brasileiro e maringaense que vem logo a seguir na
segunda e terceira parte desta Unidade Temática.
10
Fig. 4 movimento de veículos na av. Morangueira. Foto: Sonia M. Souza 2010.
11
Figura 5. Contorno Norte no cruzamento com av. Kakogawa. Foto aérea Google Earth . Acesso 27/06/2011
12
ATIVIDADE
TRABALHO DE CAMPO
Todas as construções de equipamentos urbanos provocam algum tipo de impacto, seja ele ambiental, social e econômico. O que vamos observar através deste trabalho de campo são os impactos ambientais provocados pela construção contorno norte, no trecho próximo ao Jardim Diamante.
O trabalho será dividido em etapas:
• Primeira etapa: conversa em sala de aula sobre os objetivos do trabalho e a divisão da turma em equipe, onde cada uma ficará responsável por uma parte do trabalho.
• Segunda etapa: Cada equipe, munidas de máquinas fotográficas deverá observar e se possível fotografar os seguintes aspectos da área onde está localizada a construção do contorno norte:
a)- como era o lugar antes da construção; b)- se existe e que cuidados foram tomados para evitar a erosão do solo;c)- se ocorreu degradação da vegetação; d)- que medidas foram tomadas com relação a hidrografia ou o fundo de vale.
• Terceira etapa: as equipes deverão produzir slids com as fotos tiradas no local da construção, no laboratório de informática.
• Quarta etapa: apresentação dos slids na sala de aula e discutir os seguintes aspectos:
α) O que existia na área antes da construção?
β) Há a presença de erosão na área da construção? O que estão fazendo para evitar ou resolver o problema?
χ) Houve degradação da vegetação do local? Por quê?δ) A construção do contorno norte passa pelo fundo de
vale? O que aconteceu na área?
3.0 - SEGUNDA PARTE: URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
A urbanização do Brasil é considerada tardia em
relação aos Estados Unidos, Japão e Países
desenvolvidos do continente europeu. Nestes países
a urbanização se intensificou a partir do final do
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Você sabia que atualmente 84% da população brasileira vivem em cidades, no entanto a nossa urbanização é considerado um fato recente? Vamos descobrir por quê?
CONCEITOS IMPORTANTES:
CIDADE: é uma aglomeração de pessoas (habitantes, visitantes) e de objetos (edifícios, casas, ruas).
Também pode ser definida como um lugar que possui um razoável número de habitantes, uma localização permanente e sua própria forma de organização.
ESPAÇO URBANO: não é apenas o espaço físico de uma cidade, mas também a sua organização política, social e econômica. O espaço urbano extrapola os limites de uma cidade.
URBANIZAÇÃO: é o aumento proporcional da população urbana em relação a população rural. Só ocorre urbanização quando o crescimento da população urbana é maior que a população rural.
CRESCIMENTO URBANO: Refere-se a expansão física da cidade, mediante ao número de ruas, praças, moradias, comércios, etc.
PLANEJAMENTO URBANO: é um processo de criação e desenvolvimento de programas que buscam melhorar ou revitalizar certos aspectos, como qualidade de vida da população dentro de uma dada área urbana.
Figura 6. Vista parcial da cidade do Rio de Janeiro. Foto: Sonia Maria de Souza. 2010.
século XVIII com Revolução Industrial. No Brasil
iniciou após 1930, quando começou processo de
industrialização. Durante muito tempo da sua história
o país foi tipicamente agrário exportador, ou seja, a
base da sua economia era a produção de produtos
agrícolas e a extração de recursos naturais voltada
para atender a necessidade o mercado externo,
mais precisamente, o mercado europeu. Essas
atividades não incentivavam o processo de
urbanização, por isso foi pequeno o número de vilas,
cidades e povoados que surgiram neste período.
Em 1532 foi fundada a primeira vila no Brasil, Vila de São Vicente, localizada
no atual Estado de São Paulo e em 1949 foi fundada a cidade de Salvador, atual
capital do Estado da Bahia e que durante muito tempo foi a capital da colônia.
Até o final do século XVII, período em que a cana-de-açúcar era a principal
atividade econômica, não houve um estímulo para o desenvolvimento de cidades, já
que todas as atividades eram realizadas no próprio engenho, como o beneficiamento
da cana-de-açúcar, (moenda), fabricação de ferramentas, confecção de tecidos, etc.
Até a igreja localizava-se próximo da casa grande.
A partir do final do século XVII e parte do século XVIII a extração do ouro no
Estado de Minas Gerais se transformou na principal atividade econômica do Brasil.
Por ser uma atividade localizada, possibilitaram o surgimento de vilas onde os
trabalhadores e as pessoas envolvidas na nova atividade viviam e também onde o
ouro era comercializado. Essas vilas mais tarde se transformaram em cidades. A
capital administrativa do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, que
passou a ser a cidade mais importante do país.
14
Curiosidade
Você sabia que as cidades existem desde a antiguidade e teriam surgido na Mesopotâmia, área compreendida entre os rios Tigres e Eufrates há 3.500 aC.
Em meados do Século XVIII, a produção do café passa a ser a atividade
econômica mais importante. Esta atividade alterou a organização do espaço e
estimulou o surgimento de cidades, principalmente na região sudeste. Vários fatores
contribuíram para essas mudanças:
o Foram construídas as ferrovias para levar o café até o porto de exportação.
Essas ferrovias possibilitaram a integração de diversas regiões,
principalmente no Estado de São Paulo.
o Os escravos foram libertados no final do século XIX e junto com os imigrantes
europeus, que vieram para trabalhar nas lavouras do café, fortaleceram
mercado consumidor.
o Os donos das fazendas produtoras de café, chamados de Barões do café,
moravam nas cidades.
o As cidades passaram a ser o centro econômico com comércio, bancos,
prestação de serviços, etc.
A cidade que mais se destacou nesta época foi São Paulo. No entanto, o
Brasil ainda era um país rural, já que até o final do século XIX apenas 9,4% da
população viviam nas áreas urbanas.
15
Na internet:
Pesquise o nome e características das cidades mineiras que surgiam na época da mineração
Fig. 7 cidade de Ouro Preto no Estado de Minas Gerais, fundada durante a extração do ouro com o nome de Vila Rica de Ouro Preto. Fonte: site WWW.brasilarqui.wordpress.com
A partir de 1930 o Governo Federal dá uma nova orientação para a economia
brasileira. Inicia o processo de industrialização e intensifica a urbanização. Entre os
períodos da década de 1950 a 1980 acelera ainda mais o processo de crescimento
das cidades. Nessas décadas ocorreu uma grande migração da população da zona
rural pra a zona urbana ou o êxodo rural. Alguns autores chamam esse período de
“explosão urbana”. Hoje, de cada 10 habitantes brasileiros 8 vivem em cidades.
Observe a tabela 1 na pág. 16 que mostra a evolução da população rural e urbana
nos últimos 60 anos.
TABELA 1 Evolução da população brasileira rural e urbana no período de 1950 à 2010
em Números absolutos e relativos (%).
PERÍODO
POPULAÇÃO RURAL
(números absolutos e
relativos)
POPULAÇÃO URANA
(números absolutos e
relativos)
TOTAL
1950 33.161.506 63,04% 18.782.891 36,16% 51.944.397
1960 38.987.526 54,92% 32.004.817 45,08% 70.992.343
1970 41.603.839 44,02% 52.904.744 55,98% 94.508.583
1980 39.137.198 32,30% 82.013.375 67,70% 121.150.573
1991 36.041.633 24,53% 110.875.826 75,47% 146.917.459
2000 31.835.143 18,77% 137.755.550 81,23% 169.590.693
2010 29.830.007 15,64% 160.925.792 84,36% 190.755,799
A industrialização não é o único responsável pela aceleração da urbanização
brasileira nos últimos anos. Outros fatores contribuíram como:
16
Fonte: IBGE. Censo demográfico de l950 à 2010.
• Elevado crescimento demográfico resultado dos progressos sanitários e da
melhoria da qualidade de vida nas cidades, o que provocou aumento da taxa
de natalidade e queda na taxa de mortalidade.
• A expansão das ferrovias e construção de rodovias, que possibilitou uma
maior integração entre as regiões brasileiras.
• A mecanização da agricultura, onde a mão-de-obra foi substituída por
máquinas e conseqüentemente provocando o desemprego no campo,
principalmente no complexo regional do Centro-Sul.
• A concentração fundiária decorrente da absorção das pequenas e medias
propriedades pelos grandes proprietários rurais.
• Estrutura fundiária atual, com minifúndios que não conseguem produzir o
suficiente para garantir a subsistência da família, estimulando a migração
para os centros urbanos.
• As alterações das relações de trabalho no campo, principalmente a partir o
Estatuto do Trabalhador Rural, em 1964, que estendeu ao trabalhador rural
os mesmos direitos dos trabalhadores urbanos. Em resposta aos benefícios
implantados pelo Estatuto, muitos proprietários rurais promoveram demissões
em massa de seus empregados, que foram para as periferias das cidades,
transformados em bóias-frias.
• A chegada da televisão no campo, mostrando o modo de vida nas grandes
cidades, em filmes, telenovelas, documentários, telejornais etc., despertaram
principalmente nos jovens, o desejo de viver a vida representada na televisão.
• A busca por melhores condições de vida. A proximidade da assistência
médica e hospitalar, das escolas de todos os níveis e a possibilidade de se
obter melhores rendimentos.
A intensa urbanização do país foi acompanhada pelo processo da
metropolização, decorrente da grande concentração populacional em um número
reduzido de grandes cidades. A expansão horizontal das cidades que vão se
17
encontrando, é chamado de conurbação. As cidades conurbadas enfrentam sérios
problemas como: enchentes, acúmulo de lixo, defasagem de transporte público e
construções irregulares (favelas). As cidades brasileiras, também não conseguem
absorver a grande quantidade de mão-de-obra que vem do campo, criando uma
massa de desempregados e subempregados.
ATIVIDADES
VERIFIQUE-SE DE TER COMPREENDIDO:
1)- A urbanização é mundial, porém ela ocorreu em todos os países na mesma época? Justifique.
2)- O que você entendeu por urbanização? Quando ocorreu a “explosão urbana” no Brasil e por quê?
3)- Sabemos que a industrialização não é a única causa da urbanização. Existem outros fatores que contribuíram. Cite e explique pelo menos dois desses fatores.
4) Analise a tabela 1 e aponte o período de maior urbanização.
18
FILME: OBA!
FILME: Cidade de Deus
GÊNERO: Drama
DURAÇÃO: 135 minutos
DIRETOR: Fernando Meirelles
ANO: 2002
ATIVIDADES:
1)- Assistir a parte do filme que mostra a formação do bairro Cidade de Deus na cidade do Rio de Janeiro – RJ.
2)- Após assistir o filme abrir um debate, relacionando a cena em questão com o conteúdo estudado.
Urbanização – cada vez mais longe
“A rápida urbanização pela qual passou a sociedade brasileira foi uma das principais questões sociais do país no séc. XX. [...] No início do séc. XXI, quando o processo de urbanização começa a perder velocidade, a desigualdade apresenta-se de várias formas: imensas diferenças entre as áreas centrais e periféricas das regiões metropolitanas; ocupação precária do mangue em contraposição à alta qualidade dos bairros da orla nas cidades [litorâneas]; a eterna linha divisória entre o morro e o asfalto.
Isso relaciona-se com outras várias formas de injustiça social. Em geral, a cidade divide-se entre uma porção legal, rica, provida de infraestrutura e de equipamentos públicos, e outra, ilegal, pobre, precária e desprovida de investimento público.[...] os mais pobres acabam tendo pouco acesso as oportunidades de trabalho, cultura e lazer [...] O mercado imobiliário reafirma essa divisão: pobres para um lado, ricos para outro. E s espaços de contato entre os diferentes grupos têm sido cada vez mais mediados por aparatos de vigilância e segurança.
Os próprios investimentos públicos causam impactos diferentes ao incidir sobre diferentes partes da cidade: nas áreas ricas acabam valorizando ainda mais o patrimônio daqueles que já detém o capitalismo imobiliário. Já nas parte pobres, quando o investimento chega – em geral, muitos anos depois da chegada da população – a valorização acaba expulsando os mais pobres para mais longe ainda. [...] O mais perverso é que essa valorização decorreu, muitas vezes, de anos de luta e reivindicações da população, que sofre durante anos para obter cada centavos de investimentos público.[...]
Cymbalista, Renato. Urbanização. In: ISA. Almanaque Brasil socioambiental: ISA, 2005 p.
310-311.
ATIVIDADES: leia o texto atentamente e responda:
1)- Explique o que ocorre quando o poder público investe na infraestrutura de áreas ricas e pobres da cidade.
2)- Por que a população pobre é prejudicada pela especulação imobiliária?
3)- Na sua opinião, o que acontecerá com a nova área, para onde foi a população pobre?
19
4.0 - TERCEIRA PARTE: CRESCIMENTO URBANO DA CIDADE MARINGÁ - PR
Conceitos importantes
Cidade espontânea ou natural: é a cidade que surgiu, cresceu e se expandiu sem qualquer plano prévio de urbanização. Caracteriza por ter ruas estreitas e tortuosas. Ex: Rio de Janeiro e São Paulo.
Cidade planejada: é a cidade construída segundo um plano previamente elaborado com certa ordenação interna e distribuição das atividades no espaço pro setores (Setor Militar, Setor Industrial, Setor Hoteleiro, etc). Exemplo: Brasília, capital do Brasil e Palmas
20
Fig.8 Favela da Rocinha – RJ. Foto: Sonia M. Souza. A favela é um exemplo de bairro espontâneo.
Fig. 9: Brasília – BR foto aérea Google earth. Ac.04/07/2011. Brasília é um exemplo de cidade planejada. Foi planejada por Oscar Niemayer e seu formato lembra um avião.
A partir de 1930 a Companhia de Terras Norte
do Paraná, que pertencia à um grupo de
empresários ingleses, iniciou a ocupação de
uma parte do Estado do Paraná, área
compreendida entre o vale da bacia do Rio
Pirapó ao vale da bacia do Rio Ivaí. No
projeto de ocupação da Cia de Terras,
constava também um projeto de urbanização
que era a fundação de pequenas cidades, na
distancia de 20Km entre elas e cidades
maiores, que se tornariam centros regionais,
com distância entre elas de 100Km e ao longo
da linha féria regional. Essas cidades maiores
eram Londrina, Maringá, Cianorte e
Umuarama.
O município de Maringá recebeu uma atenção especial, já que o lugar
escolhido para sua implantação ficava no centro da área destinada ao projeto de
ocupação da Cia de Terras do Norte do Paraná, como mostra a figura 10 da página
22. Desde o início a cidade deveria ser um importante centro econômico regional
21
Urbanização do Estado do Paraná
Os primeiros núcleos urbanos fundados no Estado do Paraná fora Paranaguá e Curitiba, ainda no período colonial, porém a urbanização se intensifica mesmo, como em todo o Brasil, a partir do final da II Guerra Mundial na década de 40 do século passado.
A cidade em que você mora é espontânea ou planejada?
Se ela é planejada, esse planejamento atente as expectativas de todos os seus habitantes? Ou só de uma minoria? Vamos descobrir juntos?
No lugar escolhido para a implantação da cidade de Maringá, a Cia. de Terras
implantou um pequeno povoado chamado “Maringá Velho com algumas estruturas
urbanas, como um hotel, armazéns etc”. A Cia de Terra esperou pela definição do
traçado da linha férrea, onde poderia aproveitar-se da madeira e água utilizada na
construção da ferrovia para a construção das cidades.
A cidade de Maringá foi planejada pelo engenheiro e urbanista paulista, Jorge
de Macedo Vieira (1884 – 1978) em meados dos anos de 1940 a pedido da
Companhia de Terras Norte do Paraná. Para elaborar o projeto da cidade o
engenheiro utilizou o conceito de “Cidade Jardim”, que era um conceito de cidade
muito utilizado na época, principalmente na Europa. Através deste conceito,
procurava-se uma integração entre os elementos urbanos e os elementos naturais
da região. Sendo assim, no plano inicial da cidade constavam largas avenidas
atravessando-a de ponta a ponta e com canteiros centrais ajardinados, com duas
áreas de preservação da mata nativa e grandes praças na área central, como
mostra a figura 11 a seguir. Outro detalhe importante, é que o povoado chamado
Maringá Velho foi incorporado ao projeto inicial da cidade.
22
Fig. 10. Arquivo: Prefeitura Municipal de Maringá.
Área em destaque é a região do norte do Paraná que pertencia a Cia. de Terras Norte do Paraná.
23
Fig. 11. Planta inicial da cidade de Maringá. Fonte: Museu da Bacia do Rio Paraná
Fig. 12. Foto da cidade de Maringá 1972. Fonte: Arquivo do Museu da Bacia do Rio Paraná .
Percebe-se a semelhança da foto com o projeto do engenho e urbanista Jorge de Macedo Vieira
Projeto da cidade de Maringá desenhado pelo urbanista e arquiteto Jorge de Macedo Vieira.
O local escolhido para a implantação
da cidade de Maringá oferecia as melhores
condições para o desenvolvimento de uma
cidade. Localizava-se no divisor de águas entre
as bacias do rio Ivaí e Rio Pirapó. Com relevo
suave e vários cursos d’água afluentes dos
dois principais rios que servem a região. Clima
subtropical úmido mesotérmico, com verão
quente e inverno frio e com chuvas bem
distribuídas o ano todo.
Em 1944 a Companhia de Terras Norte
do Paraná foi comprada por um grupo de
capitalistas paulistas e passou a se chamar
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná,
Este grupo, porém, continuou a colonização da
região nos mesmos moldes da Companhia
inglesa.
A pedra fundamental para a construção
da cidade foi lançada no dia 10 de maio de
1947, se emancipando para a condição de
município em 1951, pois até então, era distrito
do município de Mandaguari.
Desde o planejamento inicial, a cidade
de Maringá mostra um padrão de urbanização
excludente e desigual. No projeto inicial
elaborado pelo engenheiro Jorge de Macedo
Vieira já aparece um zoneamento definido, com
área central sendo ocupada pelo comércio e
centro administrativo, a zona industrial e zonas
residenciais de alto, médio e baixo padrão.
24
Conceitos importantes:
Segregação urbana: é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjunto de bairros da cidade.
Quanto maiores as diferenças de rendas entre grupos e classes sociais, maiores as desigualdades das condições de moradias e de acesso aos serviços públicos. A segregação pode ser reforçada pelo próprio poder público, quando prioriza investimentos nas áreas ocupadas pela população de mais alta renda, negligenciando ou simplesmente ignorando a parte ocupada pelos mais pobres.
Especulação imobiliária: é a compra ou aquisição de bens e imóveis com a finalidade de vendê-los ou alugá-los posteriormente, na expectativa de que seu valor de mercado aumente durante o lapso de tempo decorrido.
Desde sua fundação a cidade de
Maringá teve um crescimento urbano
extraordinário que foi realizada através das
ações dos agentes imobiliários aliado ao poder
administrativo. No início, era a própria
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
quem comercializava os terrenos da cidade.
Beneficiando-se da segregação do espaço
apresentada no projeto inicial da cidade, ela
podia comercializar os lotes por preços muito
maiores no decorrer do tempo. Desde a
emancipação do município, representantes da
Companhia faziam parte do governo municipal
através do Legislativo, onde elaboravam leis que
sempre a beneficiava.
Até a década de 1970, Maringá teve um grande crescimento urbano. Novos
loteamentos foram abertos e a população vinha para a cidade atraída pelo seu
planejamento, que era explorado com empenho pelas incorporadoras imobiliárias.
Este crescimento desordenado provocou algumas alterações no planejamento inicial
da cidade. Em 1968, através da lei nº621/68 foi instituído o primeiro Plano Diretor da
Cidade, onde um dos objetivos era controlar ou organizar o crescimento urbano da
cidade.
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Zoneamento urbano: é um tradicional instrumento de planejamento urbano, caracterizado pela aplicação de um sistema legislativo (normalmente em nível municipal), que procura regular o uso, ocupação e arrendamento da terra urbana por parte dos agentes produtores do espaço urbano, tais como a construtoras, incorporadoras e o próprio Estado.
Você sabe o que é um Plano Diretor?
Plano diretor é um documento que sintetiza e torna claros os objetivos decididos em consenso para o Município e estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base para que as decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano convirjam, tanto quanto possível, na direção desses objetivos.
Segundo o Estatuto da cidade, criado sob a Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001, o objetivo principal do Plano Diretor é definir o conteúdo da função social da cidade e da propriedade urbana, de forma garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada, o direito a moradia, ao saneamento básico, aos serviços urbanos a todos os cidadãos e implementar uma gestão democrática e participativa.
Segundo o mesmo Estatuto o Plano Diretor deve ser elaborado em todas as cidades com população acima de 20 mil habitantes. A elaboração deve ser democrática com a participação do poder público e da sociedade organizada.
Você sabe como foi elaborado o Plano Diretor da sua cidade? Foi democrático, com a participação popular?
Faça uma pesquisa em JORNAIS e na INTERNET e descubra a resposta.
O Plano diretor de 1968 conseguiu com certa eficiência controlar o
crescimento urbano de Maringá, como uma tentativa de não intervir com tanta
intensidade no projeto original da cidade. A urbanização nesse período se
caracterizou pela horizontalidade, ou seja, a construção de casas era maior que a
construção de prédios de apartamentos.
A partir da década de 1970, com a crise do café agravada pelas fortes
geadas, que ocorreram no Norte do Paraná, aliada a modernização da agricultura, a
introdução de novas culturas no espaço rural, como a soja e o trigo e o Estatuto do
Trabalhador Rural, que proporcionava aos trabalhadores rurais os mesmos direitos
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trabalhista do trabalhador urbano, como já vimos na segunda parte desta Unidade
Didática, provocou um intenso êxodo rural. Neste período o espaço urbano de
Maringá, passa a ser visto como uma mercadoria pelas incorporadoras imobiliárias e
a cidade tem um ritmo acelerado de crescimento, principalmente em direção ao
quadrante norte da cidade. No quadrante sul existia dois frigoríficos, a lagoa de
tratamento de esgoto e uma zona de prostituição, o que impedia a valorização
imobiliária da área. Já nesta época, o preço os lotes urbanos em Maringá eram
muito alto e impedia que a população de baixa renda se fixasse na cidade e esta se
deslocava para os municípios vizinhos, como Sarandi e Paiçandu.
Em 1977, foram implantadas as Diretrizes Viárias de Maringá. Essa nova lei
dava continuidade às grandes vias do projeto inicial. A partir da criação das
diretrizes viárias, os novos loteamentos deveria se submeter ao traçado viário, isto
para evitar que a cidade perdesse as suas características originais. Neste período foi
definido um novo zoneamento urbano e estabelecido o limite urbano para
crescimento da cidade. Neste mesmo período foram construídos os grandes
conjuntos habitacionais unifamiliares, destinado à classe mais pobre e financiados
pelo BNH (Banco Nacional da Habitação). Esses conjuntos foram construídos
distantes da área urbana ocupada, abrindo assim enormes espaços que seriam
amplamente explorados pela especulação imobiliária e deixando claro a segregação
do espaço que sempre existiu na cidade, onde os pobres são empurrados para
periferias bem distantes da área central da cidade, como pode ser observado na
figura 14 da pág. 28.
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Fig,13. Foto: Observatório das metrópoles de Maringá. Vista parcial da cidade de Maringá.
Na década de 1980, Maringá passa por um processo de verticalização,
principalmente nas áreas centrais da cidade e zona 7, tendo a Universidade
Estadual de Maringá como agente de valorização do espaço. O mercado imobiliário
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Figura 14. Mapa do perímetro urbano e sistema viário de Maringá. Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Maringá. 1979.
Neste mapa percebe-se a localização dos conjuntos habitacionais distantes da área urbana e já projetado os desvio rodoviário contorno sul e contorno Norte.
Pode ser observado no mapa as áreas destinadas para a construção do contorno sul e contorno norte.
Converse com seus familiares:
Pergunte quando e por que vieram morar na cidade de Maringá?
se aproveitou do capital proveniente da cultura cafeeira nas mãos de médios e
grandes fazendeiros para vender os novos apartamentos construídos.
Em 1991, o Plano diretor foi reformulado e acoplando a ele a expressão
metropolitana. Foi elaborada a lei de zoneamento 03/91 que visava minimizar a
especulação imobiliária, porém não conseguiu seu objetivo.
A partir da década de 1990, diminuiu a verticalização da cidade e intensificou
o crescimento horizontal, por causa do alto custo e a indisponibilidade de planos de
financiamento atraentes e que acabou dificultando a comercialização dos
apartamentos. As incorporadoras passaram a investir nos loteamentos com planos
de pagamentos maiores e prestações que varia de loteamento para loteamento.
Este fato provocou o deslocamento da população dos edifícios para os novos
loteamentos.
Atualmente não existem mais os impes ílios que impediam o crescimento da
cidade no quadrante sul e ela se expandem em todas as direções, ainda com mais
intensidade no quadrante norte. A área urbana foi ampliada a partir do ano 2000,
novo zoneamento foi definido e novos loteamentos foram abertos na periferia e
também novos condomínios horizontais para a classe alta. Observe a figura15.
Mapa de Maringá uso e ocupação do solo urbano a seguir.
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Desde que foi fundada, a cidade de Maringá perdeu um pouco as suas
características originais, mas a essência continua a mesma, como uma cidade
segregadora, que esconde os seus pobres em bairros distantes da região central ou
os expulsam para as cidades vizinhas. As grandes incorporadoras imobiliárias
através do apoio do poder público mantêm os preços dos solos elevados, mesmo
em loteamentos na periferia da cidade e a especulação imobiliária, como mostra a
figura 16 da página 31. Esses procedimentos foram adotados para manter o “status”
de cidade planejada, verde, que respeita o meio ambiente e oferece aos seus
habitantes, excelente qualidade de vida, como é amplamente explorado pelos meios
de comunicação, valorizando ainda mais o solo urbano da cidade.
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Fig. 15. Arquivo: Prefeitura do Município de Maringá. Mapa uso e ocupação do solo.
Na legenda as siglas significam: ZC – Zona Central; ZCS – zona de comércio e serviços setoriais; ZI –Zona Industrial (1,2,3); ZR – Zona Residencial; ZP – Zona de proteção Ambiental; ZE – Zonas especiais; ECS – Eixo de comércio e serviços.
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ATIVIDADES
Verifique se aprendeu:
1)- Por que após a década de 1970, a cidade de Maringá passou por um grande crescimento urbano?
2)- Este crescimento urbano está relacionado com a explosão urbana ocorrido no território brasileiro durante o período de 1960 à 1980? Justifique.
3)- A propaganda veiculada nos meios de comunicação a respeito do planejamento da cidade de Maringá reforça a especulação imobiliária? Justifique sua resposta.
4)- No lugar onde você mora existem indícios de especulação imobiliária e segregação do espaço? Por quê?
PESQUISE:
5) Pesquise na internet, site www.ibge.gov.br/cidade:
a)- Qual a população total do município onde você mora?
b)- Quantas dessas pessoas vivem na zona urbana?
c)- E na Zona rural?
d) Elabore um gráfico com a evolução da população rural e urbana da cidade nos últimos anos.
Fig. 16. Foto: Google earth. Acesso 22/07/2011
A imagem mostra áreas de especulação imobiliária. Uma que se estende do bairro Parque Avenida até o Jardim Grevilha e outra entre o Jardim Tóquio e o Jardim Dias.
JARDIM DIAMANTE
Na primeira parte desta
Unidade Didática, analisamos a
necessidade da construção de um
desvio rodoviário na cidade de
Maringá em decorrência das
rodovias que passam pelo interior
da área urbana, aumentando o
fluxo de veículos pesado. Esse
desvio foi projetado pra ser
construído no limite entre a zona
urbana e a zona rural, porém a
cidade cresceu e ultrapassou este
limite. A partir do ano 2000, a área
urbana sofreu uma expansão,
com a definição de novos
zoneamentos, e para atender aos
interesses do mercado imobiliário,
a Prefeitura Municipal autorizou a
abertura de novos loteamentos,
entre eles o Jardim Diamante.
O Jardim Diamante localiza-se nos lotes 145 e 146 da Gleba Ribeirão
Maringá e na zona 16 do Município. Limita-se ao Norte com Avenida Kakokawa, ao
sul ribeirão Mandacaru, a leste Jardim Kakogawa e a oeste com área agrícola, como
pode ser observado na figura 18 a seguir.
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Fig. 17. Foto Sonia Maria de Souza.Vista parcial do bairro Jardim Diamante. 2011
O bairro tem uma área total de 471.900m2, divididos em 36 quadras e 742
datas de aproximadamente 300m2. A área para equipamentos públicos é de
23.583,36m2, ocupados por um centro de educação infantil municipal e residências
construídas pela prefeitura municipal para abrigas ex-moradores do Jardim Santa
Felicidade. O bairro conta com mais uma área de uso público de 40.242,98m2 para
a edificação de praças e outros equipamentos urbanos. Este bairro conta também
com infraestrutura básica como, rede de água, rede de luz, rede de esgoto, coleta de
lixo e asfalto, porém a população necessita dos serviços de posto de saúde, escolas,
hospitais, comércio que estão localizados em outros bairros próximos.
Um trecho do desvio rodoviário Contorno Norte passa próximo a este bairro, e
pelo fato e ter a pista rebaixada atrapalha a circulação dos seus moradores.
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Fig.18. imagem Google earth. Acesso 22/07/2011 Vista aérea do Jardim Diamante.
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Fig. 19. Foto Sonia Maria de Souza.Contorno Norte, no cruzamento com Av. São Judas Tadeu, Bairro Parque das Bandeiras.
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Trabalho de campo:
Na primeira parte desta Unidade didática fizemos uma análise dos impactos Ambientais que a construção do desvio rodoviário trouxe para a área, neste momento vamos analisar os impactos sociais e econômicos que a construção pode trazer para os moradores do Jardim Diamante.
PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO:
Faremos uma pesquisa por amostragem com os moradores do bairro.
Na sala de aula:
Conversa com os alunos sobre o objetivo da pesquisa e como os moradores do bairro devem ser abordados. Em seguida a divisão da turma em equipe onde cada uma se responsabilizará pela entrevista em uma determinada quadra.
As questões devem abordar os seguintes aspectos:
Quantos são os membros da família;
Qual a renda familiar;
Quanto tempo mora no bairro;
Se os filhos estudam, onde?
Como vai até a escola?
Que vantagens e desvantagens o Contorno Norte trouxe para a família
Se acaso há problemas o que deve ser feito para resolver.
Em seguida, tabular as respostas e no ambiente informatizado, elaborar gráfico e se possível apresentar os resultados obtidos para a comunidade escolar.
5.0 - GLOSSÁRIO
Agrário exportador - è um estado que faz da exportação agrária como sua principal atividade econômica.
Conurbação - é a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico
Divisor de águas - Cumeeiras dos morros e serras, onde duas vertentes se encontram e a partir das quais o fluxo das águas superficiais se dá em sentidos opostos.
Horizontalização – É a expansão urbana por aglomeração residencial.
Metropolitana - Uma região metropolitana ou área metropolitana é um grande centro populacional, que consiste em uma (ou, às vezes, duas ou até mais) grande cidade central (uma metrópole), e sua zona adjacente de influência
Metropolização - É o processo em que as cidades de uma região metropolitana (ou exclusivamente uma cidade fora de região metropolitana) estão em via de se tornarem uma metrópole,
Subsistência - Conjunto de coisas necessárias para a manutenção da vida; sustento, alimentação, víveres: garantir a subsistência da família.
Unifamiliares - Relativo a uma só família; que serve ou se destina a uma só família.
Vertente - Declive de um dos lados do relevo por onde corre a água.
Verticalização - é um processo urbanístico que ocorre em metrópole consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios.
6.0 - REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Marivânia Conceição. O Município de Maringá: a Constituição de um Espaço Urbano Planejado e Segregado. In: Retratos da Região Metropolitana de Maringá: Subsídios para a Elaboração de Políticas Públicas Participativas. RODRIGUES, Ana L. e TONELLA, Celene. Maringá: Eduem, 2010.
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BELOTO, Gislaine Elizete. Indexadores urbanísticos e o retrato da exclusão territorial. In: Geografia urbana e temas transversais. MENDES, Cesar M. e TOWS, Ricardo L. (org.), Maringá: Eduem, 2009.
CASTELLAR, Sônia. VILHENA, Jerusa. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
CAVALCANTE, Lana de Souza. A Geografia Escolar e as Cidades. Ensaios sobre o ensino de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas: Papirus, 2008.
COMPANHIA Melhoramentos do Norte do Paraná. Colonização e Desenvolvimento do Norte do Paraná.
CONSELHO de Desenvolvimento Econômico de Maringá, CODEM.
CYMBALISTA, Renato. Urbanização. In: ISA. Almanaque Brasil socioambiental: ISA, 2005
ENDLICH, Angela Maria e MORO, Dalton Aureo. Maringá e a Produção do Espaço Regional. In: Maringá Espaço e Tempo. Ensaio de Geografia Urbana. MORO, Dalton Aureo. (Org.) Maringá: UEM, 2003.
FIGUEIREDO, Lauro C. A Espacialização de Maringá e o conjunto Sarandi e Marialva. In. A Dinâmica do Espaço Urbano-Regional: Pesquisa no Norte Central Paranaense. MENDES, Cesar M. e SCHMIDT, Lisandro P. (Org.) Guarapuava: Unicentro, 2006.
INSTITUTO Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE.
LUZ, France. Maringá: a Fase de Implantação. In: Maringá e o Norte do Paraná: Estudos de história regional. DIAS, Reginaldo Benedito e GONÇALVES, José Henrique Rollo. (Org.), Maringá: EDUEM, 1999
MENEGUETTI, Karin S. Cidade Jardim, Cidade Sustentável: a Estrutura Ecológica Urbana e a Cidade de Maringá: Maringá: EDUEM, 2009
MENDES, Cesar M. Regiões e cidades, cidades nas regiões: o aglomerado urbano de Maringá. In: a Dinâmica do Espaço Urbano Regional: Pesquisas no Norte Central Paranaense. Mendes, Cesar. M. e SCHMIDT, Lisandro P. (org.) Guarapuava: Unicentro, 2006.
MORO, Dalton Aureo. Maringá: Espaço e Tempo. In: Maringá Espaço e Tempo. Ensaio de Geografia Urbana. MORO, Dalton Aureo. (Org.) Maringá: UEM, 2003
PARANÁ, Secretaria do Estado da Educação do. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Geografia. Curitiba: Seed, 2008.
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PREFEITURA Municipal de Maringá, Secretaria de Planejamento Urbano.
RODRIGUES, Ana Lúcia. A Pobreza Mora ao Lado: Segregação Sócio Espacial na Região Metropolitana de Maringá. São Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004. (Tese de doutoramento defendido junto ao Programa de Estudo pós-graduados em Ciências Sociais).
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SCHMIDT, Lisandro Pezzi. O Mercado Imobiliário e (re) Produção Material: Estratégias e Ações em Maringá (1989/2000). In: A Dinâmica do Espaço Urbano-Regional: Pesquisas no Norte Central Paranaense. MENDES, Cesar M. e SCHMIDT, Lisandro P. (Org.) Guarapuava: Unicentro, 2006.
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SITE: www.brasilarqui.wordpress.com
SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e urbanização, 15.ed, São Paulo: Contexto, 2005.
UNIVERSIDADE Estadual de Maringá. Museu da Bacia do Paraná.
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