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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - Operação de migração para ... · Título: Incentivo à leitura por meio do estudo dos elementos de análise no discurso das fábulas. ... gramática

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Incentivo à leitura por meio do estudo dos elementos de análise no

discurso das fábulas.

Autor Prof. Gilberto de Carvalho

Disciplina/Área (ingresso no

PDE)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Professor Doutor Heber Soares

Vargas – E.F.M

Município da escola Londrina

Núcleo Regional de Educação Londrina

Professor Orientador Prof. Dr. Vladimir Moreira - UEL

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as

diferentes disciplinas

compreendidas no trabalho)

A presente produção didático-pedagógica está

direcionada para a formação de leitores e a leitura

envolve todas as disciplinas por onde perpassa a

formação escolar, bem como fora da escola e durante

toda a vida dos cidadãos.

Resumo

(descrever a justificativa,

objetivos e metodologia

utilizada. A informação deverá

conter no máximo 1300

caracteres, ou 200 palavras,

fonte Arial ou Times New

Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

O incentivo à leitura é uma necessidade urgente, pois

a maioria dos nossos alunos, tanto do Ensino

Fundamental quanto do Ensino Médio, não possui o

hábito da leitura e apenas o livro didático, não é

suficiente para a formação de um aluno autônomo e

crítico. O principal desafio dos professores de língua

materna é o de apresentar mecanismos interessantes

que possam despertar nos alunos o gosto pela leitura

e o bom entendimento da mesma, utilizando a

gramática do discurso que, segundo Fiorin (2006, p.

10) pode “tornar explícitos mecanismos implícitos de

estruturação e de interpretação de textos” serão

analisadas algumas fábulas seguindo o percurso

gerativo de sentido apresentado pelo mesmo autor,

sendo eles: O Nível Fundamental, o Nível Narrativo e

o Discursivo, pois quando o leitor passa a entender

melhor esses mecanismos, mais rapidamente poderá

se transformar num leitor proficiente.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Contexto; Discurso; Leitura; Interpretação; Sentido.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo

(indicar o grupo para o qual o

material didático foi

desenvolvido: professores,

alunos, comunidade...)

Alunos do sexto ano do Ensino Fundamental.

1 APRESENTAÇÃO

A presente Unidade Didática é o fruto de inúmeras indagações que, a

princípio, surgiram no interior da escola e que depois amadureceram ainda mais

nos encontros de estudos que foram promovidos pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), acerca das dificuldades que os nossos

alunos têm em relação ao processo da leitura, bem como da compreensão

daquilo que eles leem. A constatação deste fato torna-se comprovada pelo baixo

desempenho nas avaliações oficiais como o IDEB e o ENEM.

Ao constatar este quadro, percebe-se que os professores de língua

materna estão com um grande desafio: encontrar mecanismos interessantes que

possam levar os alunos não só a gostar de ler, bem como compreender

efetivamente aquilo que leem. Portanto, o grande desafio é o de formar leitores

competentes que, além de decodificar os textos, possam compreendê-los

efetivamente e conhecendo os principais gêneros textuais, possam estabelecer

relações dialógicas entre eles.

De acordo com Geraldi (1999, p.37), “Se a escola tiver um projeto de

leitura, isso pressupõe que ele terá cada vez mais contato com a língua escrita,

na qual se usam as formas padrão que a escola quer que ele aprenda”. Faz-se

urgente a preocupação com o despertar do interesse pela leitura.

Sobre a urgente necessidade de se trabalhar com projetos de leitura nas

escolas, temos também o discurso de Silva, quando afirma:

Acredito que, modernamente, o único reduto onde a leitura ainda tem a chance de ser desenvolvida é a escola. O fracasso da escola nessa área significa a morte dos leitores através dos mecanismos de repetência, evasão, desgosto e/ou frustração. A qualificação e a capacitação contínua dos leitores ao longo das séries escolares colocam-se como uma garantia de acesso ao saber sistematizado, aos conteúdos do conhecimento que a escola tem de tornar disponível aos estudantes. (SILVA, 2005, p. 7)

Silva também chama a atenção para a necessidade urgente de se

investir, com muito mais qualidade, nas bibliotecas escolares, pois, afinal, é ali

que se enriquece o terreno da leitura.

Se a perspectiva buscada é incentivar a leitura, então as práticas de ensino e de uso consequente das bibliotecas deveriam ser complementares, levando os alunos a um convívio frequente e concreto com acervos diversificados. (SILVA, 2005, p. 21)

A Unidade Didática pretende trabalhar com a leitura e interpretação de

fábulas em sala de aula, objetivando que o aluno possa construir seus saberes,

conforme afirma Fernandes,

O gênero fábula, como tantos outros gêneros narrativos, registra as experiências e o modo de vida dos povos. É por meio das histórias que ouvimos, lidas ou contadas de boca em boca, que aprendemos boa parte do que precisamos saber para viver em sociedade. (2001, p. 7)

O tema surgiu de uma preocupação com a falta de interesse pela leitura,

tanto por parte dos professores quanto dos alunos, pois os mesmos são

reprodutores dos seus educadores e, para desfazer esta “cultura negativa”, iniciar

um trabalho no sentido de construir uma nova visão sobre a importância da leitura

como emancipadora para todos.

Após a constatação deste quadro, de pouca valorização da

leitura, como revertê-lo? Por que trabalhar as fábulas?

A pretensão deste trabalho será então a de desmistificar a leitura como

algo “romanticamente” definida como prazerosa, sendo que a sua maior

importância se justifica muito mais na necessidade do que no prazer, embora se

saiba que a união das duas seria muito mais edificante para o processo do

ensino-aprendizagem dos nossos educandos.

Com a presente Unidade Didática, pretende-se despertar o interesse dos

alunos do sexto ano para a necessidade da leitura, por meio de atividades de

leitura e de interpretação de fábulas, abordando o ponto de vista da análise dos

elementos da gramática do discurso, pois se sabe que é por meio dela que o

acesso aos outros saberes se torna cada vez mais possível e assim,

efetivamente, pode-se falar na construção de um aluno crítico e participante ativo

da sociedade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este trabalho é a exposição das atividades que serão desenvolvidas no

Colégio Estadual Professor Doutor Heber Soares Vargas EFM, com os alunos do

sexto ano, em conformidade com o projeto: “O incentivo à leitura por meio do

estudo dos elementos de análise no discurso das fábulas”, desenvolvido com

atividade do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE).

O projeto pretende trabalhar com a leitura e interpretação de fábulas,

abordando o ponto de vista da análise dos elementos da gramática do discurso,

pois se sabe que a mesma pode propiciar ao aluno um grande auxílio para

melhorar a sua interpretação, bem como a produção de textos.

Não basta apenas elaborar questionários e solicitar que o aluno leia

muitas vezes o mesmo texto, torna-se necessário apresentar ao aluno o que

realmente ele deve observar no texto, por meio dos elementos de análise da

gramática do discurso. Corroborando com este pensamento, Fiorin afirma que:

A aula de interpretação de texto consiste em responder a um questionário com perguntas que não representam nenhum desafio intelectual ao aluno e que não contribuem para o entendimento global do texto. (FIORIN, 2006, p.9)

Hoje, os estudiosos da língua estão desenvolvendo várias teorias do

discurso, em que se percebe a existência de uma gramática que, segundo Fiorin,

preside a construção do texto e afirma:

O texto pode ser abordado de dois pontos de vista complementares. De um lado, podem-se analisar os mecanismos sintáticos e semânticos responsáveis pela produção de sentido; de outro, pode-se compreender o discurso como objeto cultural, produzido a partir de certas condicionantes históricas, em relação dialógica com outros textos. (FIORIN, 2006, p.10)

Segundo Fiorin (2006), com esta análise é possível “tornar explícitos

mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação de textos”.

A presente Unidade Didática pretende trabalhar o percurso gerativo de

sentido observando os três níveis: o Nível Fundamental, o Narrativo e o

Discursivo.

2.1 A Situação do Ensino da Língua Materna

Apesar das DCEs terem assumido uma nova concepção de linguagem

que a considera como uma atividade de interação social, proporcionando aos

alunos uma utilização consciente, tanto na modalidade oral quanto na escrita,

ainda verifica-se que muitos alunos não gostam das aulas de língua portuguesa,

bem como os professores reclamam que seus alunos não sabem ler e nem

escrever.

O estudo da língua portuguesa, para a maioria dos nossos alunos,

continua sendo algo difícil e desinteressante. O fato é que a maioria dos

professores dá maior importância para o ensino da gramática normativa,

esquecendo que eles e seus alunos são falantes nativos desta mesma língua que

está sendo ensinada. Presos na gramática, acabam esquecendo que a maior

finalidade do ensino da língua materna é a de formar usuários competentes, fato

este que contribuirá fartamente para o desenvolvimento de seus alunos como

pessoas críticas e cidadãos. (PCNs, 1997/1998/1999)

2.2 O Ensino da Língua Materna

Tanto para Bakhtin/volochinov e Saussure (1986), a língua é um fato

social, que se apoia inevitavelmente na existência da comunicação. Bakhtin

assinala que na sua natureza social, não individual: “a fala está indissoluvelmente

ligada às condições da comunicação, que, por sua vez, estão sempre ligadas às

estruturas sociais”. (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1986, p.14).

A língua é considerada um produto social, pois varia de acordo com as

pessoas, as épocas, lugares e circunstâncias. Desse modo,

A língua é produzida socialmente. Sua produção e reprodução é fato cotidiano, localizado no tempo e no espaço da vida dos homens: uma questão dentro da vida e da morte, do prazer e do sofrer. Numa sociedade como a brasileira – que, por sua dinâmica econômica e política, divide e individualiza as pessoas, isola-as em grupos, distribui a miséria entre a maioria e concentra os privilégios nas mãos de poucos-, a língua não poderia deixar de ser, entre outras coisas, também a expressão dessa mesma situação. (ALMEIDA, 1999, p.14)

Assim, observamos que os autores privilegiam a linguagem como meio de

interação social. Aqui, no Brasil, isto é acentuado por Geraldi em seu livro O Texto

na Sala de Aula, que partiu dele para evidenciar a leitura, produção textual e

análise linguística, no ensino da língua materna. Ainda em seu artigo, propõe uma

questão prévia a respeito do processo de ensino-aprendizagem: “para que

ensinamos o que ensinamos? E a sua correlata: para que as crianças aprendem o

que aprendem?” (1999, p. 40)

2.3 Os Gêneros Discursivos

Segundo as DCEs (2006), que encaram o gênero muito mais como

uma prática social e não com a sua simples conceitualização, é importante que o

estudante tenha contato com o máximo possível de textos que são produzidos e

que circulam pela sociedade. Considerando a experiência com os gêneros

discursivos como muito mais importante que seus próprios conceitos, percebemos

que sua melhor definição ocorre dentro das práticas sociais. Temos:

Nessa concepção, o texto é visto como um lugar onde os participantes da interação dialógica se constroem e são construídos. Todo texto é, assim, articulação de discursos, vozes que se materializam, ato humano, é linguagem em uso efetivo. Acrescente-se a isso que as considerações de Bakhtin sobre o lugar da fala trazem para o âmbito da discursividade as relações sociais. (DCE, 2006, p.21)

Ao desenvolver suas atividades diárias, o ser humano realiza inúmeros

atos de comunicação, tanto de leitura quanto de produção dos mais variados

gêneros textuais.

Sobre essa diversidade de gêneros textuais, Koch e Elias (2007)

explicam:

E a lista é numerosa mesmo!!! Tanto que estudiosos que objetivaram o levantamento e a classificação de gêneros textuais desistiram de fazê-lo, em parte porque os gêneros, como práticas sociocomunicativas, são dinâmicos e sofrem variações na sua constituição, que, em muitas ocasiões, resultam em outros gêneros, novos gêneros. Basta pensarmos, por exemplo, no e-mail ou blog, práticas sociais e comunicativas decorrentes das variações (“transmutações”) da carta e do diário, respectivamente, propiciadas pelas recentes invenções tecnológicas. (KOCH/ELIAS, 2007, p. 101-102).

Uma grande ferramenta que possibilita produzir e compreender os

gêneros textuais, segundo Koch/Elias (2007), é a competência metagenérica “que

lhes possibilita interagir de forma conveniente, na medida em que se envolvem

nas diversas práticas sociais” (2007, p. 102).

A produção e a compreensão dos gêneros textuais ocorrem sempre

dentro das práticas de comunicação que, por sua vez, demonstram a principal

característica do ser humano que é a de ter relação social.

Além da grande quantidade de gêneros textuais, segundo Koch/Elias

(2007), existe também a intergenericidade, isto é, quando um determinado gênero

textual passa a assumir a forma de outro gênero, dependendo do que e de qual

forma se pretende comunicar algo.

O melhor caminho para fazer com que um aluno se torne um bom leitor

é dando-lhe o conhecimento dos mais variados gêneros com os quais convivemos

diariamente. Corroborando com esta afirmação, Koch e Elias (2007) comentam:

Como observamos, o estudo dos gêneros constitui-se, sem dúvida, numa contribuição das mais importantes para o ensino da leitura e redação. Para reforçar esse posicionamento, afirmamos que, somente quando dominarem os gêneros mais correntes na vida cotidiana, nossos alunos serão capazes de perceber o jogo que frequentemente se faz por meio de manobras discursivas que pressupõem esse domínio. (KOCH/ELIAS, 2007, p.122)

Os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição

de texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que

eles se destinam, por sua finalidade, por seu contexto de circulação, etc.

O que são os gêneros discursivos?

Segundo Perfeito (2005) “São enunciados relativamente estáveis que

circulam nas diferentes áreas de atividade humana, ou seja, formas de textos criados

pela sociedade, que funcionam como mediadores entre o enunciador e o destinatário”.

(PERFEITO, 2005, p. 828).

O uso da linguagem está relacionado aos diversos campos das

atividades humanas, por meio de enunciadores orais e escritos. E como já

escreveu Bakhtin, “cada enunciado particular é individual, mas cada campo de

utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os

quais denominam gêneros do discurso”. (2010, p. 262). Isto é, gêneros do

discurso são formas de textos criados pela sociedade, e funcionam como

intercessores/mediadores entre enunciador e o destinatário.

Bakhtin também classificou os gêneros discursivos em primários e

secundários e que, devido à heterogeneidade de ambos, não é fácil precisar a

natureza geral do enunciado. Os gêneros secundários são mais complexos por se

relacionarem à escrita (romances, receitas, pesquisas científicas, anúncios,

poemas...) e os gêneros primários, relacionados aos sentidos e também à

oralidade (conversas, discussões, debates, diálogos...). Isso demonstra como é

necessário um estudo mais preciso e universal do estado natural do enunciado e

de suas particularidades primárias ou secundárias, em outras palavras, dos

diferentes gêneros do discurso.

2.4 O Percurso Gerativo de Sentido

Segundo Fiorin (2006, p. 21-44) o percurso gerativo de sentido se

manifesta em três níveis:

a) O Nível Fundamental:

O nível fundamental abriga categorias semânticas que se

fundamentam em oposições, mantendo entre si uma ralação de contrariedade

que leva o leitor a estabelecer uma relação comum que as contrariedades

apontam. Cada oposição recebe o nome de Categoria Semântica e quando

possui em sua contrariedade um valor positivo, é chamada de Euforia e, quando

possui um valor negativo é chamada de Disforia. Tanto a Euforia quanto a Disforia

estão inscritas no texto e não dependem do julgamento do seu leitor.

b) O Nível Narrativo:

O nível narrativo trabalha com a narratividade que é um componente

de todos os textos, isto é, a transformação que ocorre a partir de um estado

inicial, objetivando um estado final. A sintaxe narrativa trabalha com dois tipos de

enunciados elementares: o enunciado “de estado” que aponta para a relação de

junção ou de injunção em relação ao sujeito e o objeto e o enunciado “de fazer”

que ocorre na transformação de um “estado inicial” para um “estado final”.

Normalmente, a narrativa é complexa e os sujeitos são manipuladores ou

manipulados. Existe uma sequência de enunciados “de fazer” e “de ser”: a

manipulação, a competência, a performance e a sanção. Muitas narrativas não

apresentam as quatro sequências arranjadas, podendo até ser incompletas, pois

não se realizam completamente. A narrativa também possui dois tipos de objetos:

os modais e os de valor, enquanto os modais constituem o querer, o dever, o

saber e o poder fazer, os objetos de valor entram em “conjunção” ou “disjunção”

na performance principal. O objeto modal é necessário para se obter outro objeto

e o objeto-valor é o fim último de um sujeito.

c) O Nível Discursivo:

O nível discursivo trabalha com as formas abstratas do nível narrativo,

porém substituindo-os por formas concretas. Enquanto que no nível narrativo

percebe-se uma conjunção com a riqueza, no nível discursivo o que temos é algo

bem concreto como, por exemplo, a descoberta de uma mina de ouro.

2.5 O Gênero Fábula1

Fábula é uma narrativa alegórica em prosa ou verso, cujos

personagens são geralmente animais, que conclui com uma lição moral. Sua

peculiaridade reside fundamentalmente na apresentação direta das virtudes e

defeitos do caráter humano, ilustrados pelo comportamento antropomórfico dos

animais. O espírito é realista e irônico e a temática é variada: a vitória da bondade

sobre a astúcia e da inteligência sobre a força, a derrota dos presunçosos,

sabichões e orgulhosos etc. A fábula comporta duas partes: a narrativa e a

moralidade. A primeira trabalha as imagens, que constituem a forma sensível, o

corpo dinâmico e figurativo da ação. A outra opera com conceitos ou noções

gerais, que pretendem ser a verdade "falando" aos homens.

Cabe salientar que o elemento dominante, para o gosto moderno,

costuma ser a narrativa. A moralidade ou significação alegórica, ainda que anime

o todo, jaz de preferência nas entrelinhas, de maneira velada. Os antigos tinham

ponto de vista diferente. Para eles, a parte filosófica era essencial. Para atingirem

de modo mais direto o alvo moral, sacrificavam a ação, a vivacidade das imagens

e o drama. Assim, a evolução da fábula pode ser cifrada na inversão do papel

desses dois elementos: quanto mais se avança na história, mais se vê decrescer

o tom sentencioso, em proveito da ação.

A presença da moral, no entanto, nunca desapareceu de todo da

fábula. Explicitada no começo ou no fim, ou implícita no corpo da narrativa, é a

moralidade que diferencia a fábula das formas narrativas próximas, como o mito,

a lenda e o canto popular. Situada por alguns entre o poema e o provérbio, a

fábula estaria a meio caminho na viagem do concreto para o abstrato.

A afinidade com o provérbio encontra-se no nível mediano - lugares-

comuns proverbiais - a que geralmente se reduz à lição extraída da narrativa. Sob

esse aspecto, a fábula também se distingue da parábola, que procura maior

elevação no plano ético, além de lidar com situações humanas mais reais.

1 O item 3.5 está baseado na seguinte bibliografia:

� BIBLIOTECA VIRTUAL / Levy Zambellini: Pesquisas Escolares

(www.lzcriacoes.com.br) – CD

O trabalho com as fábulas, além de apresentar aos alunos uma visão

de mundo, contribui também para o progresso nas relações éticas, políticas e

comportamentais dos alunos. Conforme:

Trabalhar com fábulas pode e deve ser um ponto de partida para a reflexão a respeito do próprio determinismo formulado acerca da sabedoria prática, questionando os padrões de comportamento e as relações de poder que transparecem nessas narrativas. Por esse motivo, numa pedagogia da leitura, quem trabalha com tal gênero de texto deve saber com clareza que questões colocar para o ouvinte ou leitor diante das fábulas. Pode-se, por exemplo, estabelecer um contraponto com textos mais contemporâneos, ou mesmo estimular a produção de fábulas em que o comportamento das personagens seja alterado. (CARVALHO/MENDONÇA, 2006, p.86)

A leitura das fábulas, além de ser crítica é também prazerosa e por se

tratar dos defeitos e das qualidades das pessoas, exerce uma grande influência

sobre a formação do caráter do seu leitor.

3 METODOLOGIA

A área de estudo será a importância da leitura na formação dos nossos

alunos.

A escolha do gênero textual fábulas deu-se pelo fato de serem textos

curtos e de fácil compreensão e também porque este projeto está destinado aos

alunos do sexto ano do ensino fundamental. Com este gênero, será mais fácil

mostrar para os alunos os padrões de composição, o contexto em que foi

produzido, por quem foi produzido, a que público ele se destina e qual a sua

finalidade.

Por meio da Pedagogia Histórico-Crítica de Gasparin (2003) a presente

unidade didática partirá dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o gênero

textual fábula, em seguida, por meio da pesquisa e troca de informações dar-se-á

a problematização e depois, como necessidade que brota, será feita a

instrumentalização com a apresentação do percurso gerativo de sentido e seus

desdobramentos, onde o aluno poderá, por meio de exercícios interessantes,

possa ampliar seu universo de conhecimentos sobre os mecanismos que facilitam

a melhor interpretação de um texto. Como resultado desses passos, teremos a

transformação da prática social dos nossos alunos com a ampliação dos seus

conhecimentos.

Para fundamentar esta prática, baseamo-nos em Gasparin (2003), que

afirma:

Uma das formas para motivar os alunos é conhecer sua prática social imediata a respeito do conteúdo curricular proposto. Como também ouvi-los sobre a prática social imediata, isto é, aquela prática que não depende diretamente do indivíduo, e sim das relações sociais como um todo. Conhecer essas duas dimensões do conteúdo constitui uma forma básica de criar interesse para uma aprendizagem significativa do aluno e uma prática docente também significativa. (GASPARIN, 2003, p. 15)

A Unidade Didática será dividida em atividades, num total de 9 . A saber:

Atividade 1 – A Importância que os Alunos dão para a leitura;

Atividade 2 – Resgate do contexto histórico do surgimento das fábulas;

Atividade 3 – A Silhueta do Gênero Textual Fábula;

Atividade 4 – Oficina de Leitura de Fábulas;

Atividade 5 – Trabalhando com o Percurso Gerativo de Sentido no Discurso da

Fábula “O Lobo e o Cordeiro”;

Atividade 6 – Trabalhando com as rimas, versos e estrofes;

Atividade 7 – De volta ao percurso gerativo de sentido com a fábula “A cigarra e

as formigas”;

Atividade 8 – Conhecendo outros aspectos das fábulas;

Atividade 9 – Questionário para diagnóstico e considerações finais.

4 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

ATIVIDADE Nº DE AULAS

Atividade 1 – A Importância que os

Alunos dão para a leitura

Total: 2 aulas

Atividade 2 – Resgate do contexto

histórico do surgimento das fábulas

Total: 5 aulas

2 aulas – pesquisa

1 aula – pesquisa complementar

2 aulas – socialização dos exercícios

Atividade 3 – A Silhueta do Gênero

Textual Fábula

Total: 3 aulas

1 aula – separação das fábulas

2 aulas – correção e socialização das

atividades

Atividade 4 – Oficina de Leitura de

Fábulas

Total: 4 aulas

2 aulas – leitura

2 aulas – exercícios e socialização

Atividade 5 – Trabalhando com o

Percurso Gerativo de Sentido no

Discurso da Fábula “O Lobo e o

Cordeiro”

Total: 6 aulas

2 aulas – explicação do professor

2 aulas – exercícios

2 aulas – correção e socialização

Atividade 6 – Trabalhando com as

rimas, versos e estrofes.

Total: 3 aulas

2 aulas – leitura e ensaio

1 aula – apresentação dos alunos

Atividade 7 – De volta ao percurso

gerativo de sentido com a fábula “A

cigarra e as formigas”

Total: 3 aulas

1 aula – explicação do professor

2 aulas – atividade com alunos

Atividade 8 – Conhecendo outros

aspectos das fábulas

Total: 4 aulas

1 aula – leitura e comentário

2 aulas – realização das atividades

1 aula – socialização

Atividade 9 – Questionário para

diagnóstico e considerações finais

Total: 2 aulas

5 ATIVIDADE 1

A importância que os alunos dão para a leitura.

OBJETIVOS

Verificar, por meio de um questionário, o interesse dos alunos pela leitura

e em seguida apresentar dois vídeos motivacionais.

MATERIAL

Questionário;

Vídeos;

Data Show.

ATIVIDADES

Responder o questionário/diagnóstico e assistir aos vídeos motivacionais:

“LER” que apresenta a mensagem “ler” do escritor Luís Fernando Veríssimo, com

o objetivo de incentivar a leitura e o vídeo “Ler devia ser proibido” que também

tem por objetivo despertar a vontade de ler nas pessoas. Após a apresentação de

cada vídeo, proporcionar momentos de interação com os alunos.

Vídeos/fonte:

www.educadores.diaadia.pr.gov.br

Professor (a):

Antes de iniciar esta atividade, faça uma conversa informal e bem

interativa com seus alunos sobre a importância da biblioteca de sua escola.

Procure saber um pouco sobre o acervo que a mesma possui, principalmente

sobre as fábulas e também da literatura infantil e infanto-juvenil como alguns

títulos e autores mais conhecidos. Caso a sua escola ainda não tenha uma

biblioteca, fale da necessidade da mesma e até, junto com seus alunos, procure a

Direção e Equipe Pedagógica para reivindicar uma!

6 ATIVIDADE 2

Resgate do contexto histórico do surgimento das fábulas

OBJETIVOS

Fazer com que todos os alunos, por meio da pesquisa e de sua respectiva

socialização, conheçam mais sobre o contexto histórico do surgimento das

fábulas.

MATERIAL

Biblioteca, conhecimento dos familiares e internet para aqueles que

tiverem acesso.

Os alunos também receberão uma folha de atividades com orientações

para a pesquisa e exercícios de fixação.

ATIVIDADES

Os alunos serão orientados para a realização de uma pesquisa que

ocorrerá durante as aulas e também no contra turno a fim de não prolongar o

andamento das atividades de sala de aula.

Professor (a):

Para o bom êxito da realização desta tarefa, converse antes com a

bibliotecária (o) de sua escola para ela selecionar antecipadamente os textos

informativos sobre o gênero textual fábula (dicionários, enciclopédias, livros, etc.),

e os seus alunos tenham facilidade para a realização da pesquisa.

6.1 COMPLEMENTO – ATIVIDADE 2

PARA COMPLEMENTAR A PESQUISA DO ALUNO:

Apresentamos, a seguir, um breve texto trazendo algumas informações

básicas sobre a sócio-história do gênero fábula. Porém, sugerimos que o aluno

busque outras fontes e aprofunde estas informações.

DE ONDE VEM A FÁBULA?

As fábulas são tão antigas quanto as conversas dos homens. Às vezes,

nem sabemos quem as criou, pois, pela oralidade, eram carregadas como vento

de um lado para outro, já que a própria palavra provém do latim FABULA= contar.

ESOPO

No século VIII a.C., já se tinha notícias dessas histórias, sendo que as

fábulas muito antigas do Oriente foram difundidas na Grécia, há 2600 anos, por

um escravo chamado Esopo.

Apesar de gago, corcunda, feio e miúdo, como diziam alguns, era

inteligente, esperto e de muito bom senso. Por esse motivo, conquistou a

liberdade e viajou por muitas terras dando conselhos através das fábulas.

O motivo de sua morte foi a vingança do povo de Delfos. Por eles, Esopo

foi condenado à morte e jogado do alto de um abismo. Mas as suas 600 fábulas

continuaram a ser contadas, escritas e reescritas por outros fabulistas.

FEDRO

Foi um fabulista romano nascido na Grécia por volta dos anos 30 a.C e

filho de escravos, que tentou enriquecer estilisticamente as fábulas de Esopo,

pois muitas ainda eram apenas transmitidas oralmente. Fedro redigia as fábulas

para tratar das injustiças de sua época como os males sociais e políticos.

Satirizou os costumes e personagens de seu tempo, o que lhe causou grandes

incômodos e até mesmo a expulsão de seu país.

Fedro foi o primeiro escritor latino a compor uma coletânea de fábulas,

tendo sido imitado e difundido várias vezes.

JEAN DE LA FONTAINE

O escritor francês Jean de La Fontaine (século XVII – 1601 – 1700) usava

fábula, em versos e em prosa, para denunciar as misérias e as injustiças de sua

época.

A partir dessa época, muitas histórias escritas inicialmente para adultos já

começaram a ser adaptadas para crianças, retirando delas os elementos violentos

e os aspectos nocivos à educação. Mas a fábula moderna preserva todo o vigor

que vem apresentando desde os tempos antigos.

MONTEIRO LOBATO

No Brasil, temos o grande fabulista, Lobato.

Além de recontar as fábulas de Esopo e La Fountaine, cria as suas

próprias com a turma do sítio, como mostra o seu livro “Fábulas”, no qual

Pedrinho diz: “As fábulas, mesmo quando não valem grande coisa, têm um

mérito: são curtinhas.” Narizinho acha as fábulas sabidíssimas e Emília as

considera uma indireta.

O escritor brasileiro usou fábulas para criticar e denunciar as injustiças,

tiranias, mostrando às crianças a vida como ela é.

Em suas fábulas, alerta que o melhor é ser esperto (inteligente) porque o

forte sempre vence e Visconde afirma que o único meio de derrotar a força é a

astúcia.

Até hoje esse gênero narrativo existe e, por ser curto, tem o poder de

prender a atenção, de entreter e deixar uma mensagem, um ensinamento.

Fonte: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros do

discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 20

7 ATIVIDADE 3

A silhueta do gênero textual fábula

OBJETIVOS

Realizar um diagnóstico com os alunos para verificar se percebem a

diferença da silhueta do gênero textual fábula dos demais gêneros textuais, visto

que temos muitos e também que cada um deles possui peculiaridades

específicas.

MATERIAL

Vários textos recortados de jornais, revistas, xerox de livros com gêneros

diversificados;

Um quadro de isopor;

Palitos de dentes.

ATIVIDADES

A sala será dividida em quatro grupos e para cada grupo será entregue

um pacote contendo vários textos de gêneros diferentes. Em seguida, cada grupo

deverá separar apenas as fábulas que lá encontrarem e num segundo momento,

com o auxílio dos palitos de dentes, fixá-los no painel para a verificação pelo

professor e colegas, se retiraram corretamente as fábulas do pacote de textos.

Assim que o painel estiver montado corretamente, com o auxilio do

professor, cada grupo fará, em voz alta, a leitura das fábulas que separaram ou

encontraram.

Obs. Caso algum grupo encontre dificuldades para a execução da

atividade, o professor deverá auxiliá-lo.

8 ATIVIDADE 4

Oficina de leitura de fábulas

OBJETIVOS

Encantar os alunos com a leitura e formar leitores

MATERIAL

Livros com textos ilustrados das seguintes fábulas:

O Rato do campo e o Rato da cidade;

O Corvo que quis imitar a Águia (02 títulos);

O Lobo e o Cabrito;

O Burro e a pele de Leão;

A Lebre e as Rãs;

A Assembleia dos Ratos (04 títulos);

O Jumento;

O Corvo e o Jarro;

O Pastor Brincalhão (02 títulos);

O Leão e o Rato;

A Lebre e a Raposa;

A Lebre e a Tartaruga (02 títulos);

A Galinha D’Angola;

O Lobo Disfarçado (03 títulos);

A Raposa e o Galo (02 títulos);

A Tartaruga e a perfeição;

O Leão e a mentira (02 títulos);

A Pomba e a Formiga;

A Formiga e a Cigarra;

O Galo e a Raposa;

A Raposa e as Uvas;

A Raposa e o Corvo.

ATIVIDADES

Os alunos farão a leitura, em silêncio, dos livrinhos de fábulas ilustradas e

assim que cada um terminar a sua leitura irá até a frente da sala, onde deixará o

livro lido disponível para o outro colega e assim acontecerá durante o tempo de

toda uma aula ou mais, se for necessário. Assim eles irão fazendo as trocas e

será possível conhecer várias fábulas.

Professor (a):

Para o sucesso desta atividade, é importante que antes, com a ajuda da

bibliotecária (o), você reúna o máximo de fábulas que encontrar à disposição na

escola e, numa caixa, leve-as para sua sala de aula e faça um ótimo proveito

delas!

9 ATIVIDADE 5

Trabalhando com o Percurso Gerativo de Sentido no Discurso da Fábula

“O Lobo e o Cordeiro”;

OBJETIVOS

Estudar os elementos de análise no discurso da fábula “O Lobo e o

Cordeiro”, abordando o nível fundamental, o narrativo e o discursivo.

MATERIAL

Cópia da fábula O Lobo e o Cordeiro

ATIVIDADES

Será apresentado aos alunos o texto da fábula “O Lobo e o Cordeiro”,

retirado do livro Fábulas de La Fontaine – ilustradas por Gustave Doré, 1985 e,

segundo Fiorin (2006), serão analisadas as categorias semânticas em seus três

níveis.

Em seu nível fundamental serão trabalhadas, no nível explícito do texto,

as oposições semânticas força x fraqueza e as qualificações semânticas de

euforia e de disforia. A força representada pelo Lobo e a fraqueza pelo Cordeiro.

As duas oposições estão relacionadas com o poder e é por esse motivo que a

diferença se estabelece. Nesta fábula temos duas qualificações semânticas: a

euforia que é considerada um valor positivo, no caso a inocência do cordeiro e a

disforia, um valor negativo, que nesta fábula é representada pela maldade do

lobo. As categorias semânticas de forte x fraco estão inscritas no texto da fábula

O Lobo e o Cordeiro, em nível explícito e não dependem do julgamento do seu

leitor.

No nível narrativo serão trabalhadas as transformações de estado inicial e

de estado final, o elemento manipulador e o manipulado, o processo da

manipulação, conjunção e disjunção, prêmio e castigo. Na fábula “O Lobo e o

Cordeiro”, em seu nível narrativo ocorre a transformação do estado inicial de que

o Cordeiro, apesar de não sujar a água do Lobo e este, devido a sua astúcia e

maldade, acaba devorando o Cordeiro e assim dando o desfecho do estado final

da transformação. O Lobo é o sujeito manipulador e o Cordeiro o manipulado. No

caso desta fábula a manipulação se dá pelo abuso de poder por parte do Lobo. O

mesmo manipula o Cordeiro por meio da intimidação e da provocação, utilizando

o seu poder por meio da força.

No início da narrativa, o Cordeiro está em conjunção com a vida, isto é,

simplesmente está com sede e procura o ribeiro para se saciar e no final o

mesmo entra em disjunção com ela, pois acaba sendo devorado pelo Lobo. O

Lobo, no início, está em disjunção com a fome e no final, ao devorar o inocente

Cordeiro, entra em conjunção com a mesma. Ainda no final da narrativa, o mal,

representado pelo Lobo, recebe o prêmio e o bom, representado pelo Cordeiro é

que recebe o castigo. Normalmente, nas fábulas, o bem se sobrepõe ao mal.

Segundo Fiorin (2006, p.31) “É, nesse ponto da narrativa, por exemplo, que os

falsos heróis são desmascarados e os verdadeiros são reconhecidos.” Como toda

narrativa implica numa dimensão polêmica, a conjunção do Lobo com o alimento,

no caso o Cordeiro, implicou na disjunção do Cordeiro para com a sua vida.

No nível discursivo será apresentado aos alunos que as conjunções e as

disjunções ocorrem bem no concreto. No caso da nossa fábula, a sabedoria e a

inocência do Cordeiro não foram suficientes para vencer a astúcia e a maldade do

lobo. Neste momento os alunos estarão mais preparados para fazer as

inferências sobre o texto.

Após esta análise, os alunos terão mais facilidade em transpor as ideias

apresentadas pela fábula para o nossa realidade, em que apesar de ser uma

grande injustiça, percebemos que ainda, como no tempo do Esopo, as injustiças

acontecem e os poderosos continuam oprimindo os mais fracos.

10 ATIVIDADE 6

Trabalhando com as rimas, versos e estrofes.

OBJETIVOS

Apresentar aos alunos a riqueza de um texto, inicialmente escrito em

prosa como é o caso das fábulas de Esopo e, posteriormente, escritas em versos

por La Fontaine;

Mostrar a sonoridade das rimas e a organização das estrofes em versos.

MATERIAL

O texto da fábula “O Lobo e o Cordeiro” já trabalhado na atividade anterior

e escrito por La Fontaine.

ATIVIDADES

Organizar a sala em nove grupos, conforme o número das estrofes da

fábula em questão.

Inicialmente, o professor fará uma leitura, observando bem a pontuação e

caprichando na entonação para que as equipes, em seguida, façam o ensaio e a

apresentação de suas estrofes em forma de jogral.

Professor (a):

Agora que os seus alunos já estão bem familiarizados com esta fábula,

inclusive conhecendo bem o seu vocabulário, então é a hora de mostrar a

importância e a beleza de uma leitura oral bem feita. Mãos a obra!

11 ATIVIDADE 7

De volta ao percurso gerativo de sentido com a fábula “A cigarra e as

formigas”.

OBJETIVOS

Estudar os elementos de análise no discurso da fábula “A cigarra e as

formigas”, abordando elementos do nível fundamental, narrativo e discursivo.

MATERIAL

A fábula “A cigarra e as formigas”.

ATIVIDADES

Será apresentado aos alunos o texto da fábula “A cigarra e as formigas”,

retirado do livro Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São

Paulo, Moderna, 1994.

Em sua estrutura fundamental, também conhecida como nível explícito do

texto, serão trabalhados os seguintes elementos: a significação por oposição

semântica, onde se verificará uma relação de contrariedade chamada de

conjunção e disjunção. Enquanto a cigarra estava em conjunção com a cantoria,

as formigas estavam em conjunção com o trabalho. Na relação de contrariedade,

temos a cigarra em disjunção com o trabalho e as formigas com a ociosidade.

Assim, a euforia da cigarra (a ociosidade) era, ao mesmo tempo, a disforia das

formigas que secavam os grãos molhados, fazendo suas provisões para o inverno

que chegava. A afirmação da cigarra, no início da narrativa (a ociosidade), acaba

se transformando, no final da mesma, em sua negação, isto é, a fome. A

afirmação das formigas no início era a negação do ócio e a aceitação do trabalho,

no final da narrativa, se transforma na negação do trabalho e o descanso justo

com a despensa cheia de provisões.

As categorias semânticas de ociosidade x trabalho estão inscritas no texto

da fábula em nível explícito e não dependem do julgamento do seu leitor.

No nível narrativo serão trabalhadas as transformações de estado inicial e

de estado final. Assim, a cigarra, de ociosa passa a faminta e as formigas, de

laboriosas passam a receber a recompensa justa pelo trabalho, ficando assim

claros os desfechos de prêmio e de castigo. O objeto modal da cigarra (a

cantoria) não foi capaz de garantir seu objeto-valor que seria sua sobrevivência,

enquanto o objeto modal das formigas (o trabalho) garantiu-lhes o objeto-valor

que foi a sobrevivência no inverno rigoroso.

Na estrutura discursiva desta fábula, temos os personagens narrativos

que são a cigarra e as formigas. A espacialização aparece de forma implícita no

enunciado da fábula do Esopo, dando a entender que a cena acontece no campo.

A temporalização, isto é, o tempo do enunciado é denunciado pelos verbos no

passado, o perfeito e o imperfeito.

Após esta análise, os alunos poderão transpor os ensinamentos

apresentados na fábula para suas vidas. Apesar de ser uma narrativa curta e

extremamente simples (características das fábulas), a presente fábula leva o seu

leitor a uma séria reflexão sobre a importância e a dignidade do trabalho. Pode-se

também ampliar a discussão para o trabalho dos artistas que hoje é mais

reconhecido que no tempo do Esopo.

12 ATIVIDADE 8

Conhecendo outros aspectos das fábulas

OBJETIVOS

Mostrar para os alunos que uma mesma fábula pode ser contada ou

escrita de muitos modos diferentes (versões);

Que os fabulistas podem contar a mesma história para pessoas

diferentes, tempos diferentes, modo diferente e também com intenções diferentes.

MATERIAL

As fábulas:

A cigarra e as formigas – na versão de Esopo;

A formiga boa- na versão de Monteiro Lobato;

A formiga má – na versão de Monteiro Lobato.

ATIVIDADES

Mostrar aos alunos versões diferentes de fábulas para que percebam a

riqueza deste gênero textual e também aprendam, na prática, a recriar as fábulas

nos contextos de suas vidas.

A primeira fábula é a versão original de Esopo, retirada do livro Esopo:

fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo, Moderna, 1994 e as

outras duas na versão de Monteiro Lobato foram retiradas do livro Monteiro

Lobato. Fábulas. São Paulo, Melhoramentos, 1994

Fonte desta atividade: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Succar. Trabalhando

com os gêneros do discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001.

13 ATIVIDADE 9

Diagnóstico e considerações finais

OBJETIVOS

Verificar, por meio de um questionário, se houve um despertar dos alunos

para a prática da leitura;

Fazer uma comparação com o diagnóstico inicial dos alunos sobre a

importância da leitura.

MATERIAL

Questionário;

Depoimentos dos alunos;

Depoimento do professor;

ATIVIDADES

Ao final da Unidade Didática, o professor aplicará novamente um

questionário para verificar se houve, por parte dos alunos, um maior interesse

pela leitura, visto que lhes foram oferecidas ferramentas importantes para facilitar

o processo de leitura e de interpretação. O professor também reforçará para os

alunos que as informações fornecidas pelo percurso gerativo de sentido na

análise das fábulas poderão ajudá-los na leitura e interpretação de qualquer

gênero textual, visto que todos eles possuem um discurso permeado de fatores

explítos que bem analisados poderão levá-los aos conhecimentos dos implícitos,

bem como fazer corretamente as inferências necessárias para ler com mais

proficiência.

14 ANEXO DAS ATIVIDADES

ANEXO – ATIVIDADE 1

1- De zero a dez, assinale abaixo o seu grau de interesse pela leitura:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2- Que “tipo” de textos você mais gosta de ler?

( ) História em

quadrinhos

( ) Crônicas

( ) Receitas

( ) Romances

( ) Notícias

esportivas

( ) Novelas

( ) Dicas de moda e

beleza

( ) Ficção

( ) Contos

( ) Reportagens

( ) Fábulas

( ) Cartas

( ) Nenhum

( )

Outro:......................

.

3- Durante a semana, quanto tempo você utiliza para a leitura?

( ) meia hora

( ) uma hora

( ) duas horas

( ) três horas

( ) quatro horas

( ) cinco horas

( ) seis horas

( ) sete horas

( ) mais horas/

Quantas..................

..

4- Durante a semana, quanto tempo você utiliza para assistir TV?

( ) meia hora

( ) uma hora

( ) duas horas

( ) três horas

( ) quatro horas

( ) cinco horas

( ) seis horas

( ) sete horas

( ) mais horas/

Quantas....................

5- Durante a semana, quanto tempo você utiliza para fazer suas tarefas

escolares?

( ) meia hora ( ) quatro horas

( ) uma hora ( ) cinco horas

( ) duas horas ( ) seis horas ( ) mais

( ) três horas ( ) sete horas horas/Quantas?......

6- Se neste natal você pudesse escolher três livros para ganhar, quais

seriam eles?

1: ..............................................................................................................

2: ..............................................................................................................

3: ..............................................................................................................

ANEXO – ATIVIDADE 2

ATIVIDADE PARA OS ALUNOS

1- Após realizar a sua pesquisa, você aprendeu um pouco mais sobre as

fábulas. Agora, com as suas próprias palavras, fale sobre o que é uma

fábula:

2- Copie, em seu caderno, uma fábula de seu gosto e na próxima aula

você fará a leitura para os seus colegas.

3- Agora que você já conhece mais sobre as fábulas, responda:

a- As fábulas são histórias curtas ou longas?

b- Circule os personagens que, em sua opinião, mais aparecem nas

fábulas:

Duendes Fadas Animais Mágicos Bruxas.

c- Justifique a resposta da questão anterior:

4- No final de uma fábula vem sempre uma frase em destaque que

chamamos de

________________________________________________

5- Da lista de títulos abaixo, assinale aqueles que você acha que são de

fábulas.

( ) O Gato de Botas ( ) O Veado e a Moita

( ) A Bela Adormecida ( ) Os crimes da Rua Morgue

( ) Tom e Jerry ( ) O Lobo e o Cordeiro

( ) A raposa e as uvas ( ) O caso da borboleta Atíria

( ) Confissões de um vira-lata ( ) O enigma da pirâmide

( ) Branca de Neve ( ) A Mula-sem-Cabeça

Fonte: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros

do discurso: narrar: fábula. São Paulo. FTD, 2001.

6- Faça agora uma lista com os nomes das fábulas que você já conhece:

ANEXO - ATIVIDADE 4

ATIVIDADE PARA OS ALUNOS

Agora que você já pesquisou sobre o gênero textual fábulas, conheceu a

época e a situação em que elas surgiram, quem as escrevia, para quem escrevia,

qual era a finalidade das mesmas e que a maioria dos seus personagens eram

animais e os mesmos eram utilizados com o propósito de apontar as qualidades e

os defeitos das pessoas, vamos relacionar a coluna da esquerda, onde estarão os

animais, isto é, os substantivos, com a coluna da direita, onde estarão as

qualidades, isto é, os adjetivos que correspondem a cada animal:

SUBASTANTIVOS ADJETIVOS

1. Rato ( ) forte, poderoso

2. Corvo ( ) generosa, dócil, pacífica

3. Águia ( ) vagarosa, lenta

4. Lobo ( ) ladrão, pequeno, roedor

5. Cabrito ( ) pulador, quadrúpede

6. Burro ( ) astuta, esperta, inteligente

7. Leão ( ) trabalhadeira, organizada

8. Lebre ( ) feio, agourento

9. Rãm ( ) estúpido, ingênuo, bobo

10. Jumento ( ) vaidoso, cantor

11. Tartaruga ( ) teimoso, pequeno, forte

12. Raposa ( ) mau, feroz

13. Galo ( ) barulhenta, preguiçosa

14. Pomba ( ) veloz, convencida

15. Formiga ( ) poderosa, forte, voadora

16. Cigarra ( ) escorregadia, aquática

ANEXO – ATIVIDADE 5

O LOBO E O CORDEIRO

De ardente sede obrigados,

Foram ao mesmo ribeiro,

A beber das frescas águas,

Um lobo e mais um cordeiro.

O lobo pôs-se da parte

Donde o regato nascia;

O cordeiro, mais abaixo,

Na veia d´água bebia.

A fera, que desavir-se

Com a mansa rês desejava,

Num severo e medonho,

Desta sorte lhe falava:

_ Por que motivo me turvas

A água que estou bebendo?

E o cordeirinho inocente

Assim respondeu, tremendo:

_ Qual seja a razão que tenhas

De enfadar-te, não percebo!

Tu não vês que de ti corre

A mim esta água que bebo?

Rebatida da verdade

Tornou-lhe a fera cerval:

_ Aqui, haverá seis meses,

Sei de mim disseste mal.

Respondeu-lhe o cordeirinho,

De frio medo oprimido:

_ Nesse tempo, certamente,

Inda eu não era nascido!

_ Que importa? Se tu não foste,

_Disse o lobo carniceiro _

Foi teu pai. E, por aleives,

Lacera o pobre cordeiro!

Uma fábula dá brados

Contra aqueles insolentes

Que, por delitos fingidos,

Oprimem os inocentes.

1- Com a ajuda do dicionário, procure o significado das seguintes palavras:

Substantivos

Ribeiro:................................................................................................................

Regato:................................................................................................................

Rês:.....................................................................................................................

Aleive:.................................................................................................................

Delito:.................................................................................................................

Incidente:............................................................................................................

Adjetivos

Ardente:...............................................................................................................

Cerval:.................................................................................................................

Oprimido:.............................................................................................................

Verbos

Desaviar:..............................................................................................................

Turvar:.................................................................................................................

Enfadar:...............................................................................................................

Lacerar:................................................................................................................

2- Nesta fábula, o relacionamento do Lobo com o Cordeiro não é de amizade. Então,

como é?

3- Nesta fábula, quem representa o bem?________________________e quem

representa o mal?__________________________.

Justifique sua resposta:

4- Os personagens desta fábula possuem qualidades boas e ruins que também

são conhecidas por adjetivos. Agora, procure no texto as qualidades (adjetivos)

para os seus personagens.

Lobo:_____________________________________________________________

_________________________________________________________________

Cordeiro:__________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5- Agora, encontrem no texto três palavras (verbos) que expressam ações dos

personagens:

Lobo: 1_________________2__________________3__________________

Cordeiro: 1__________________2__________________3_______________

6- Baseado na narrativa da fábula, descreva agora o modo ser dos personagens:

Lobo:_____________________________________________________________

_________________________________________________________________

Cordeiro:__________________________________________________________

_________________________________________________________________

7- Dar o significado das seguintes expressões:

a- Aquela pessoa é um “lobo vestido de cordeiro”

b- Aquela pessoa é um “cordeirinho”

8- No início da fábula ocorre uma discussão entre os personagens. Qual é o motivo

dela?

9- No final da fábula o Lobo muda de assunto e acontece uma tragédia. Conte com

suas palavras como isso se deu.

10- O Lobo provoca o Cordeiro porque tem razão ou porque está com fome?

Justifique sua resposta:______________________________________________

11- No final, o Cordeiro (bom) foi castigado com a morte e o Lobo (mau) foi premiado

com a suculenta carne do Cordeiro. Você acha isso justo? Por quê?

12- Para você, o que significa ser justo?

13- Nesta fábula, o Lobo e o Cordeiro queriam a mesma coisa?

( ) Sim ( )Não

Justifique sua resposta:

14- Onde e quando acontecem os fatos narrados nesta fábula? Não esqueça de que

onde é o espaço, local e quando é o tempo que aconteceu!

Onde:_________________________________________________________

Quando:_______________________________________________________

15- O que você aprendeu com essa fábula?

ANEXO – ATIVIDADE 7

.A cigarra e as formigas

No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando

uma cigarra, faminta, lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: “Por

que, no verão, não reservaste também o teu alimento?”. A cigarra respondeu:

“Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente”. E as formigas, rindo, disseram:

“Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno”.

A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho,

para evitar tristezas e perigos.

Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo.

Moderna, 1994.

1- Nesta fábula, a cigarra está fazendo o mesmo que as formigas? Responder

e justificar a sua resposta.

2- No texto, existem duas ideias contrárias: a da cigarra e a das formigas.

Agora você poderia dizer sobre qual assunto as personagens estão em

oposição?

3- Na fábula, quem representa o certo e quem representa o errado? Justifique

sua resposta.

4- As personagens desta fábula possuem qualidades boas e ruins que

também são conhecidas por adjetivos. Agora, procure no texto as

qualidades (adjetivos) para as personagens.

As formigas

___________________________________________________________

___________________________________________________________

A cigarra

____________________________________________________________

____________________________________________________________

5- Encontrem na fábula 03 palavras (verbos) que denunciam a época que

aconteceu o fato e depois digam se foi no presente, no passado ou no

futuro.

6- No final da narrativa, as personagens recebem prêmios e castigos por suas

atitudes. Quem foi premiado e quem foi castigado? Qual foi o prêmio e o

castigo?

7- Você acha que só porque a cigarra cantou o verão inteiro, merecia ser tão

cruelmente castigada pelas formigas?

8- O que você aprendeu com esta fábula?

9- Baseado em sua experiência de vida, qual o significado do trabalho na

vida das pessoas?

ANEXO – ATIVIDADE 8

Versão de Esopo

(A) A cigarra e as formigas

No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando

uma cigarra, faminta, lhes pediu algo para comer. As formigas lhe

disseram: “Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento?”. A

cigarra respondeu: “Não tinha tempo, pois cantava melodiosamente”. E as

formigas, rindo, disseram: “Pois bem, se cantavas no verão, dança agora

no inverno”.

A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho,

para evitar tristezas e perigos.

Esopo: fábulas completas. Tradução de Neide Smolka. São Paulo.

Moderna, 1994.

Qual era a intenção de Esopo ao contar esta fábula?

( ) Fazer as pessoas desistirem de cantar e dançar.

( ) Aconselhar as pessoas a fazer o que é importante para elas mesmas,

senão podem se ver em apuros depois.

( ) Convencer as pessoas de que não se deve ser egoísta.

Que trecho da fábula ajudou você a assinalar a resposta do exercício

acima?

Trecho das versões de Monteiro Lobato:

Monteiro Lobato reescreveu a fábula A cigarra e as formigas, dando a ela

dois finais diferentes. Os trechos a seguir iniciam-se com o interesse da

formiga em saber o que a cigarra fez antes do inverno.

(B) A formiga boa

_ E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?

A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois de um acesso de tosse:

_ Eu cantava, bem sabe...

_ Ah!... _ exclamou a formiga recordando-se. _ Era você então quem

cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?

_ Isso mesmo, era eu...

_ Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que

sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraia e aliviava o

trabalho. Dizíamos sempre: Que felicidade ter como vizinha tão gentil

cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau

tempo.

A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de

sol.

Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Melhoramentos, 1994.

Palavras menos conhecidas

Tulhas: lugares para armazenar alimentos, celeiros.

Labutávamos: trabalhávamos

(C) A Formiga má

/.../ a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa.

Como não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos

os seres.

_ Que fazia você durante o bom tempo?

_ Eu... eu cantava!...

_ Cantava? Pois dance agora, vagabunda! _ e fechou-lhe a porta no nariz:

a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera o mundo

apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o

som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga.

Mas se a usurária morresse, quem daria pela falta dela?

Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.

Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Melhoramentos, 1994.

Palavras menos conhecidas

Usurária: avarenta, mesquinha, pão-dura

Entanguidinha: encolhidinha

Entranhas: intestinos

Ao ler esses trechos, percebemos que o autor tinha uma intenção. Escolha entre

as opções abaixo aquela que você acha ser a intenção possível.

( ) Convencer o leitor de que cantar e dançar são coisas sem importância.

( ) Aconselhar o leitor para que não deixe de fazer o que é importante para ele

mesmo, para não se ver em apuros depois.

( ) Valorizar os artistas, mostrando que eles são importantes para a humanidade.

Comparando as versões B e C, que trechos ajudaram você a responder a questão

acima? Escreva com suas palavras.

Para alguns, o artista é visto como pessoa de “vida fácil”, que não precisa fazer

muito esforço para ganhar dinheiro.

Comparando a cigarra com os artistas, em qual das versões você acha que o

trabalho do artista é visto dessa maneira? Copie do texto as expressões que

justificam sua resposta.

O trabalho é algo importante e necessário... Veja só esta situação: sua professora

de ciências deu o prazo de uma semana para cada aluno escolher um tema e

apresentar uma pesquisa sobre ecologia. Marcou as apresentações para

segunda-feira. Você enrolou a semana inteira... No fim de semana, preferiu viajar

a fazer o trabalho.

Qual das versões da história da cigarra e da formiga ilustra melhor esta situação?

Em qual das versões o artista é respeitado e tem o seu trabalho reconhecido?

Copie do texto as expressões que justificam sua resposta.

Preencha os parênteses com as letras correspondentes às versões que você leu?

( ) Enfatiza a importância do trabalho em geral.

( ) Valoriza o trabalho dos artistas.

( ) Mostra que alguns não compreendem o trabalho dos artistas.

Fonte desta atividade: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Succar. Trabalhando

com os gêneros do discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Milton de. Ensinar português?. In: GERALDI, João Wanderley

(org.). O texto na sala de aula. Paraná: Assoeste, 1999.

BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem.

Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi. 3 ed. São Paulo: Hucitec, 1986.

BIBLIOTECA VIRTUAL / Levy Zambellini: Pesquisas Escolares

(www.lzcriacoes.com.br) – CD

CARVALHO, Maria Angelica Freire de; MENDONÇA, Rosa Helena (orgs).

Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.

FERNANDES, Mônica Teresinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros

do discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001.

FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. 14 ed. São Paulo:

Contexto, 2006.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 2 ed.

Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

GERALDI, João Wanderley (Org.) O texto na sala de aula. Paraná: Assoeste,

1999.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos

do texto. 2 ED. São Paulo: Contexto, 2007.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede

Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba, 2006.

PERFEITO, Alba Maria. Concepção de linguagem, teorias subjacentes e

ensino de língua portuguesa. In: RITTER, L.C.R; SANTOS, A.R. (org)

Concepções de linguagem e ensino de Língua Portuguesa. Coleção formação de

Professores EAD. nº 18. Maringá: EDUEM, 2005.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola: pesquisas x

propostas. 2 ed. São Paulo: Editora Ática, 2005.