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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO TURMA - PDE/2012 · Segundo MAGILL, 2000, se a aprendizagem ocorre devido à prática, ela ... de aprendizagem motora, que é definido como mudanças em

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: EFEITOS DO TIPO DE PRÁTICA NA AQUISIÇÃO DE UMA HABILIDADE MOTORA GROSSA EM ESCOLARES

Autor LUIZ ALCEU DE SOUZA

Disciplina/Área EDUCAÇÃO FÍSICA

Escola de Implementação

do Projeto

COLÉGIO ESTADUAL SAGRADA FAMÍLIA – LONDRINA -

PR

Município da escola LONDRINA - PARANÁ

Núcleo Regional de

Educação

LONDRINA

Professor Orientador PROF. DR. ERNANI XAVIER FILHO

Instituição De Ensino

Superior

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Relação Interdisciplinar

Resumo

No dia a dia das aulas de Educação Física do ensino

médio observa-se uma dificuldade dos alunos em realizar

com sucesso algumas atividades relacionadas ao domínio

motor que estão contemplados nos conteúdos das

atividades da disciplina de Educação Física. Questionam-

se quais fatores podem afetar de maneira favorável a

aquisição dessas habilidades e como uma organização de

sessões de prática podem otimizar o aprendizado de uma

habilidade motora? O objetivo desta produção didático-

pedagógica será esclarecer questões sobre a

aprendizagem motora especificamente em relação a

organização da prática e apresentar um exemplo de

estruturação da prática em bloco e prática aleatória. Para

tanto optou se por apresentar uma conceituação didática

sobre organização da prática, sugestões de prática em

bloco e prática aleatória, indicação de um vídeo

explanatório e indicação de material bibliográfico para o

aprofundamento sobre o tema. Espera-se que a utilização

desse material possa contribuir nas atividades de ensino

utilizadas nas aulas de Educação Física dos professores

da rede pública do Estado do Paraná.

Palavras-chave

ESPORTE; APRENDIZAGEM MOTORA; INTERFERÊNCIA

CONTEXTUAL

Formato do Material

Didático

UNIDADE DIDÁTICA

Público Alvo PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DO

PARANÁ

APRESENTAÇÃO

A finalidade desta produção didático-pedagógica será apresentar uma

estrutura ou organização de prática de ensino de uma habilidade motora. Dentre

as várias formas de estruturação de uma prática optou-se pela prática em bloco e

aleatória, ou seja, a prática com interferência contextual (EIC). Portanto este

material tem como intuito contemplar estudos e estratégias pedagógicas no

ensino da Educação Física numa situação real de ensino.

Assim ao lermos as Diretrizes Curriculares da Secretaria de Estado da

Educação do Estado do Paraná, encontramos a Cultura Corporal – Técnicas e

Táticas como um elemento articulador dos conteúdos estruturantes para a

Educação básica no qual está incluído o Esporte como um dos seus conteúdos

(PARANÁ, 2008).

“Os aspectos técnicos e táticos são elementos que estão presentes nas mais diversas manifestações corporais, especificamente naquelas que constituem os conteúdos da Educação Física na escola. A técnica é, nesse sentido, fundamento central para pensar os diferentes conteúdos da Educação Física, fruto do rigor científico e do desejo humano em criar estratégias e métodos mais eficientes para educar e padronizar gestos das diversas práticas corporais. As técnicas e táticas compõem os elementos que constituem e identificam o legado cultural das diferentes práticas corporais, por isso, não se trata de negar a importância do aprendizado das diferentes técnicas e elementos táticos. Trata se, sim, de conceber que o conhecimento sobre estas práticas vai muito além dos elementos técnicos e táticos. Do contrário, corre se o risco de reduzir ainda mais as possibilidades de superar as velhas concepções sobre o corpo, baseadas em objetivos focados no desenvolvimento de habilidades motoras e no treinamento físico, por meio das conhecidas progressões pedagógicas”.

Com relação ao exposto, observamos que a técnica está inserida nas

manifestações esportivas e, portanto surgem vários questionamentos a respeito

de como organizar práticas de atividades físicas na escola e como deveríamos

proceder para que os alunos possam realizar certas habilidades que perpetuem

nos anos seguintes da sua vida escolar. Entretanto, devemos entender a

aprendizagem como alterações internas, relativamente permanentes que ocorrem

em função da prática. Assim a aprendizagem motora é definida como a alteração

de um indivíduo em desempenhar habilidades com melhorias relativamente

permanentes no desempenho, devido à prática ou a experiência. (MAGILL, 2000).

Segundo MAGILL, 2000, se a aprendizagem ocorre devido à prática, ela

depende de atos voluntários, o que não envolve movimentos realizados sem ter

um objetivo. Então se torna necessário entender a relação de movimento, ação e

habilidade.

Movimento é caracterizado pela relação espaço temporal, e não tem

objetivo. As ações têm como principal característica o objetivo, são atos

voluntários, e então podem ser aprendidos.

A habilidade é uma ação realizada de forma habilidosa, com proficiência.

Então um objetivo da aprendizagem motora, conforme citado anteriormente, é

entender como os sujeitos atingem esse estado habilidoso, e qual a estrutura que

permite executar tais atos motores.

Há diversas formas de classificar as habilidades motoras, mas a

abordagem mais aceita consiste em categorizar as habilidades motoras de acordo

com uma característica comum, e esta é subdivida em duas categorias, que

representam pontos extremos de um continuum em vez de categorias

dicotômicas.

Como exemplo podemos citar o “quente” e “frio”, como duas categorias

de temperaturas, mas estas representam um continuum porque há graus de

temperatura que não se enquadram exclusivamente em uma das categorias. O

mesmo acontece nas habilidades motoras.

Assim, MAGILL (2000), classifica as habilidades motoras em relação às:

DIMENSÕES DA MUSCULATURA ENVOLVIDA:

Habilidade Motora Grossa: As pessoas utilizam a musculatura grande para

produzir as ações. Essas habilidades requerem menor precisão de movimentos

do que as habilidades motoras finas. Como exemplo tem o caminhar, saltar,

arremessar, etc.

Habilidade Motora Fina: Situam-se na outra extremidade desse continuum de

classificação. As habilidades motoras finas requerem maior controle de músculos

pequenos, mais especificamente aqueles envolvidos na coordenação mãos-olhos,

e exigem um alto grau de precisão dos movimentos das mãos e dos dedos. Como

exemplo tem o digitar, pintar, etc.

DISTINGUIBILIDADE DE MOVIMENTOS:

Habilidades Motoras Discretas: Ação breve com início e fim bem definidos. Como

exemplo um chute em uma bola.

Habilidades Motoras Seriadas: Uma sequência de habilidades discretas em uma

ordem adequada. Como exemplo a mudança de marcha ao dirigir um carro.

Habilidades Motoras Contínuas: Ações repetidas sem identificação clara do

começo e do fim. Como exemplo o ciclo de uma pedalada.

ESTABILIDADE DO AMBIENTE:

Habilidades Motoras abertas: Uma habilidade executada em ambiente

imprevisível ou que está em movimento e que requer que as pessoas adaptem

seus movimentos em resposta às propriedades dinâmicas do ambiente. Com o

exemplo uma partida de futebol.

Habilidades Motoras Fechadas: Uma habilidade executada em um ambiente

previsível e parado e que permite que as pessoas planejem seus movimentos

com antecedência. Como exemplo uma série de ginástica.

Para complementar esta classificação SCHMIDT & WRISBERG (2001),

colocam ainda a habilidade pela importância relativa dos elementos motores e

cognitivos. Assim a habilidade motora é uma habilidade para o qual os principais

determinantes são o sucesso e a qualidade do movimento que o executante

produz. Como exemplo uma pessoa realizando o salto em altura em que ele sabe

exatamente o que fazer (saltar sobre o sarrafo). O desafio para esta pessoa é

produzir movimentos que maximizem a altura vertical. Por outro lado temos a

habilidade cognitiva que é uma habilidade para o qual o determinante principal do

sucesso é a qualidade da decisão do executante em relação ao que fazer. Como

exemplo um jogo de xadrez no qual pouco importa se a pessoa moverá a peça

devagar ou rapidamente, mas sim decidir qual peça deverá ser movido.

Ao pensar em habilidade motora, faz-se necessário enfatizar o processo

de aprendizagem motora, que é definido como mudanças em processos internos

que determinam a capacidade de um indivíduo para produzir uma tarefa motora,

no qual o nível dessa aprendizagem aumenta com a prática e é frequentemente

inferido pela observação de níveis relativamente estáveis da performance motora

da pessoa (SCHMIDT & WRISBERG, 2001).

Portanto a aprendizagem é interna, enquanto que a performance é

observável, ou seja, a aprendizagem é a mudança no comportamento motor

enquanto que a performance é o movimento realizado. Assim segundo SCHMIDT

& WRISBERG (2001), a performance motora de um indivíduo no estágio inicial de

aprendizagem se caracteriza pela inconsistência, rigidez e pela dominância de

processos cognitivos e verbais, após alguns fatores como a prática, motivação,

progressões na dificuldade da tarefa, entre outros, os indivíduos alcançam

estágios de aprendizagem que se caracterizam pela consistência, eficiência,

adaptabilidade, proporcionando ênfase maior nos aspectos motores da tarefa.

Portanto, a principal razão pela qual uma pessoa pratica uma habilidade

motora é adquiri-la ou aumentar a capacidade de executá-la em situações futuras

como em testes de habilidade, jogos, competições, apresentações e exibições.

Por isso, quem planeja ou organiza as condições de prática deve proporcionar

uma maior probabilidade de desempenho bem sucedido nas situações futuras em

que a habilidade que estão sendo aprendida será exigida (MEIRA, 1999).

Entretanto, o professor que atua no ensino de habilidades motoras

precisa mapear questões que permitam aperfeiçoar a sua prática, pensando nisso

são vários os fatores que interferem na aquisição de uma habilidade motora os

quais podem ser manipulados pelos professores de Educação Física, entre esses

se destacam: estabelecimento de metas, instrução verbal e demonstração,

feedback, distribuição e a organização da prática.

No que tange a organização da prática, SCHMIDT & WRISBERG, 2001,

coloca que a organização da prática é um meio importante para aumentar o

desempenho do sujeito em uma determinada habilidade, ou seja, a forma com

que a prática é organizada interfere na qualidade e quantidade de informações

recebidas, processadas e geradas.

Ainda em relação à organização da prática, TANI (2005), coloca que

existem diversas formas de organização da prática. Há a prática física e a mental,

a prática em todo e a em partes, a prática massificada e a prática distribuída, a

prática constante e a prática variada e a prática variada que está dividida em

blocos, aleatória e a seriada (prática com interferência contextual).

Sendo assim, a estruturação da prática como um fator que influencia a

aquisição das habilidades motoras tem também um papel importante na

organização do processo ensino aprendizagem, pois se trata de um aspecto que

os professores podem manipular durante as aulas. (UGRINOWITSCH &

MANOEL, 1999).

Devido a essas exigências de desempenho, os professores devem

programar e estabelecer condições de prática que proporcionarão a maior

probabilidade de desempenho bem sucedido em situações que requerem

habilidades que estão sendo aprendidas. Sendo assim, nas aulas de Educação

Física, talvez devêssemos buscar métodos de organização ou estruturação da

prática que otimizassem a aprendizagem motora, sendo a variabilidade da prática

um dos métodos para chegarmos a essa resposta que tanto nos afligem.

O objetivo desta unidade didática será apresentar e demonstrar como

estruturar uma prática em blocos e prática aleatória na aquisição de uma

habilidade motora grossa em escolares do ensino médio da rede estadual de

educação da cidade de Londrina – Pr.

MATERIAL DIDÁTICO

Seja quem for que tenha dito “prática leva à perfeição” sabia que a melhora

da habilidade requer repetição. Entretanto, a repetição por si só não garante a

melhoria do desempenho, mas somente um comportamento mais permanente.

Assim o velho ditado deveria ser mais precisamente escrito “a prática

eficientemente planejada leva à perfeição”. Diante disto, devemos reconhecer que

a prática de uma habilidade motora deverá ser planejada para que se obtenham

os resultados esperados.

Segundo TANI (2005), os fatores que influenciam a aquisição de

habilidades motoras como motivação, demonstração, estabelecimento de metas,

tipos de prática, estrutura de prática variada e conhecimento de resultados são,

em última análise, as variáveis manipuladas pelos profissionais que lidam com o

ensino de habilidades motoras numa situação real de prática profissional como

está exemplificado na figura 1.

Fig. 1 – Fatores que afetam a aquisição de habilidades motoras (TANI, 2005).

O mesmo autor coloca que a aquisição de habilidades motoras envolvendo

diferentes estruturas de prática tem sido desenvolvida com base na Teoria de

Esquema (Schmidt, 1975), especificamente supõe-se que a experiência variada

em movimentos da mesma classe resulta em um ESQUEMA fortalecido, que, por

sua vez, possibilita um melhor desempenho em tarefas novas da mesma classe.

Duas condições de prática são manipuladas nesses estudos: a prática sem

nenhuma variação – conhecida como prática constante, e a prática variada – com

variação aleatória de movimentos pertencentes a uma mesma classe. Espera-se

que indivíduos que realizem a prática sob condições variada apresentem melhor

desempenho em testes de transferência quando comparados com indivíduos que

praticaram sob forma constante.

Paralelamente à realização sobre os estudos sobre os efeitos da prática

variada na perspectiva da Teoria de Esquema, outra abordagem denominada de

EIC (Efeito da Interferência Contextual), vem sendo desenvolvida desde o final da

década de 1970, investigando os efeitos de diferentes estruturas da prática

variada na aquisição de habilidades motoras.

Duas principais estruturas de prática variada são manipuladas: aleatória e

por blocos. A prática aleatória ou randômica é aquela em que ocorre um nível alto

de interferência contextual, uma vez que várias tarefas são praticadas

conjuntamente, causando interferência umas nas outras.

Na prática por blocos, caracterizada por repetição e pouca interferência

das tarefas, ocorre um nível baixo de interferência contextual, pois se executam

todas as tentativas de uma determinada tarefa para depois passar para outra;

desse modo, há pouca interferência de uma tarefa nas outras.

Vários experimentos quase sempre apresentam um paradoxo com relação

ao desempenho dos grupos testados. Na fase de aquisição, o grupo de prática

em blocos executa as tarefas motoras com menos erros em comparação com o

grupo de prática aleatória.

Entretanto, nos testes de transferência e retenção há uma inversão no

comportamento dos grupos, ocorrendo um cruzamento das curvas de

desempenho (figura 2)

Fig. 2 – Ilustração do paradoxo causado pelo efeito da interferência contextual adaptado por MEIRA JUNIOR (1999).

Na tentativa de explicar o fenômeno da interferência contextual, duas

hipóteses explanativas foram elaboradas: a) a dos níveis de processamento

(Shea & Morgan, 1979, Shea & Zimny, 1983) e b) a do esquecimento (Lee &

Magill, 1983, 1985). Shea & Morgan (1979), argumentam que a razão da

superioridade da prática aleatória, em comparação com a prática em blocos, seria

a elaboração da representação na memória para cada habilidade motora (o

indivíduo elabora muitas e diferentes estratégias de informação e

processamento). Ademais, com a prática aleatória, a qual proporciona que mais

de uma habilidade motora esteja ativo na memória, o executante pode comparar e

contrastar cada variação, distinguindo uma da outra.

Lee & Magill (1983; 1985), na sua hipótese de reconstrução e

esquecimento, sugerem que condições de prática com alta interferência

contextual (randômica) aumentariam, sim, o esforço de processamento usado,

quando várias habilidades são praticadas juntas. Isso ocorre porque a informação

sobre uma determinada habilidade seria esquecida, ou seja, enviada a memória

de longo prazo, completa ou parcialmente, devido à intervenção de outra

habilidade. Consequentemente, o plano de ação responsável por aquela

habilidade seria recuperado ou reconstruído por ocasião da primeira tarefa. Este

esforço resulta em uma melhor representação da habilidade na memória e,

consequentemente, melhor retenção e transferência.

Após uma revisão sobre os estudos de interferência contextual, Magill &

Hall (1990), verificaram que o efeito da interferência contextual ocorreria quando

as variações da tarefa eram controladas por programas motores diferentes e a

partir daí, os pesquisadores preocuparam-se em controlar quais aspectos da

tarefa seriam manipulados, ou seja, variação de parâmetros ou variação de

programas motores.

Com base no que foi exposto acima, existem diversas maneiras de

organizar uma prática nas aulas de educação física, mas como saber qual a mais

eficiente. Optou-se pela estratégia de implementação de uma organização de

prática com interferência contextual na aprendizagem de uma tarefa motora

“saque por baixo” e “saque por cima” da modalidade esportiva voleibol.

O local de realização das atividades práticas poderá ser uma quadra

poliesportiva ou em qualquer espaço onde o professor possa estender uma rede

de voleibol ou outro equipamento que possa substituir a rede. Para a realização

da prática, escolha uma turma qualquer ou escolha duas turmas distintas. Separe

em dois grupos (A e B).

Os alunos do grupo A, realizarão a prática por blocos e os alunos do grupo

B, realizarão a prática aleatória. A quadra será dividida em duas zonas de saque:

zona 1 e zona 2.

Os alunos do grupo de prática por bloco deverão realizar os saques por

baixo e o saque por cima e tentar acertar um alvo do outro lado da quadra em um

local demarcado pelo professor sempre da posição 1, assim estaríamos mudando

os programas motores (diferentes ações motoras) e os alunos do grupo de prática

aleatória deverão sacar das posições 1 e 2, assim estariamos mudando os

programas motores (diferentes tipos de saques) e também os parâmetros

(distância e força), conforme está sendo representado na figura 3

2

1

Figura 3 – Representação do local de realização da prática

Estas tarefas motoras serão praticadas durante a fase de aquisição, ou

seja, durante 10 sessões de prática.

Os alunos do grupo de prática em bloco realizarão 20 tentativas no

primeiro dia do saque por baixo da posição 1, no segundo dia realizarão 20

tentativas do saque por baixo da posição 1 e assim sucessivamente até o quinto

dia. A partir do quinto dia, ou seja, do sexto dia até o décimo dia, os alunos

realizarão 20 tentativas do saque por cima da posição 1.

Serão utilizadas duas ou mais bolas de voleibol para que a espera não

seja demorada durante a realização das práticas.

O grupo de prática aleatória realizará 10 tentativas do saque por baixo e 10

tentativas do saque por cima, totalizando 20 saques por dia, sempre em uma

ordem aleatória, ou seja, as 20 tentativas de saque serão realizadas da seguinte

forma:

Definiremos o saque por baixo pela letra A e o saque por cima pela lera C.

A posição do saque será definida por 1 para a posição 1 e 2 para a posição 2.

Portanto teremos as seguintes configurações:

1º dia: C1B1C2C2B2B1C2B2C1B2C1B1C2B1B2C1C2B1C1B2

2°dia: C1C1B2B1C2C1B1C1C1CB2C2B1B2B1B1C2C2B2B2B2C2

e assim sucessivamente até o 10º dia. A sequência dos saques e as posições de

realização dos mesmos serão realizados de forma aleatória, ou seja, os alunos

realizarão as tarefas motoras alternadamente, mudando padrões motores

(diferentes tipos de saques) e mudando os parâmetros de ação (força e

distância), procurando atingir um alvo do outro lado da quadra definido pelo

professor.

Para verificar a aprendizagem da habilidade motora dos gestos esportivos

realize um pré-teste inicial com o grupo que fará as atividades da prática em bloco

e o grupo que realizará as atividades da prática aleatória.

Após a realização do pré-teste, realize as atividades propostas (fase de

aquisição), ao término desta fase realize um pós-teste e uma semana após, um

teste de retenção para verificar em qual grupo houve uma melhor aprendizagem.

Observar que para o grupo de prática aleatória a quantidade de prática, as

alternâncias, os locais de onde serão realizadas as tentativas e os locais onde os

alunos deverão lançar a bola serão sempre alteradas pelo professor visando à

alteração do programa motor e dos parâmetros da ação.

A seguir, apresento no quadro abaixo (quadro 1), um modelo de

organização de prática por bloco de como o professor poderá utilizar na escola

uma estruturação de prática por bloco.

Observar que as posições do saque permanecem inalteradas, mudando

apenas os tipos de saque (programas motores).

P

R B

Á L

T O

I C

C O

A

1º dia: 20 saques por baixo – posição 1

2º dia: 20 saques por baixo – posição 1

3º dia: 20 saques por baixo – posião 1

4 dia : 20 saques por baixo – posição 1

5 dia: 20 saques por baixo – posição 1

6 dia: 20 saques por cima – posição 1

7° dia: 20 saques por cima – posição 1

8 dia: 20 saques por cima – posição 1

9 dia: 20 saques por cima – posição 1

10 dia: 20 saques por cima – posição 1

Quadro 1 – Modelo de organização de prática por bloco

No quadro 2, abaixo, apresento uma sessão de prática aleatória com duas

tarefas motoras no qual os alunos estarão realizando enquanto na prática das

aulas de Educação Física.

O professor poderá também colocar duas ou mais tarefas motoras e

também poderá alterar os parâmetros. Considerar C (saque por cima), B (saque

por baixo), 1 (posição 1) e 2 (posição 2).

P

R

Á

T

I

C

A

A

L

E

A

T

Ó

R

I

A

1° dia: C1B1C2C2B2B1C2B2C1B2C1B1C2B1C2B1B2C1C1B2

2° dia: C1C1B2B1C2C1B1C1C1C2B2C2B1B2B1B1C2C2B2B2

3° dia: B2B2C1C2B1B2C1C2B2B1C2C1B2B1C2B1C1C1C2B1

4° dia: B1B1C1C1C2B2B2C2C1C2B2B1B1C1C2B2B1B2C2C1

5 dia: C2C2C2B1B2B2C1C1B1B1B2B1C1C2B1B2C1C1C2B2

6º dia: B1B2B1B2C2C1C2B1B2C1C2C1B1B1B2B2C2C1C2C1

7° dia: C1C2C2C1B1B1B2C1C2C2C1B2B2B1B2B1C2C1B1B2

8° dia: C2C2C2B1B2C2B1B2C1C2C1B1B2B2C1C1B2B1C1B1

9° dia: B2B2B1B2C1C1C2C2C1B1B1B2C2C2C1B2B1B1C2C1

10º dia: B2B1B2C2C2C1C1B2B2B1C1C1C2C1B1B1B2B1C2C2

Quadro 2 – Modelo de uma organização de prática aleatória

Para uma melhor visualização de como aplicar a prática em blocos e a prática

aleatória, sugiro uma visualização no seguinte endereço:

http://www.youtube.com/watch?v=LaouzceVlsc

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Uma pessoa pratica uma habilidade para aumentar sua capacidade de

desempenhá-la em situações futuras que possam solicitar a habilidade. Devido a

essa prática, os professores devem programar e estabelecer condições de prática

que proporcionarão a maior possibilidade de desempenho bem sucedido em

situações que requerem as habilidades que estão sendo aprendidas. (MAGILL,

2000). Existem variadas formas de estruturar ou organizar as sessões de prática

motora. A seguir apresento alguns dos padrões de organização mais debatidos e

investigados e também algumas repercussões no processo de aprendizagem.

(GODINHO, 2002).

Prática massiva x prática distribuída: O que distingue fundamentalmente estes

dois tipos de prática é o tipo de pausas que existem entra as diferentes repetições

da tarefa. A prática massiva caracteriza-se pela não existência de pausas muito

curtas entre as repetições enquanto que a prática distribuída considera a

ocorrência de pausas consideráveis entre as execuções.

Diversos fatores devem ser considerados quando se opta por um dos dois

tipos de prática. Por exemplo, a prática distribuída e, em princípio mais vantajosa

se o aluno é principiante, se mostra pouco motivado, quando o seu nível de

aptidão físico é baixo, quando a tarefa é muito complexa ou quando exige

elevados níveis de esforço.

Prática constante x prática variada: por prática constante entende-se a prática

da mesma tarefa conservando fixas as condições de realização como, por

exemplo, realizando uma única variação da tarefa motora.

A prática variada consiste na repetição de variantes da mesma tarefa em

que seus parâmetros como, por exemplo, à distância foram relativamente

alterados. É frequente verificar que a prática variada produz efeitos positivos na

retenção e na transferência de aprendizagem.

Prática global x prática analítica: A prática analítica ou em partes pode ser

estruturada a partir de três procedimentos: Segmentação que envolve a divisão

em partes distintas da tarefa a realizar, simplificação onde os aspectos do

envolvimento ou da tarefa são facilitados e o fracionamento que implica a prática

separada de diferentes componentes da mesma tarefa.

Como exemplo podemos citar uma aula de futebol de salão em que o

professor ensina aos alunos um fundamento por vez, ou seja, o domínio de bola,

depois a condução e depois o chute, em contrapartida temos a prática global que

seria a prática de uma habilidade na sua totalidade, ou seja, partindo dos

pequenos jogos esportivos e dos jogos simplificados até chegar aos grandes

jogos.

Não existe uma resposta definitiva quanto ao melhor tipo de prática. A

decisão por um dos dois tipos de prática deve atender às características de

complexidade e de organização da tarefa a ser realizada. A complexidade refere-

se à quantidade de partes ou componentes da tarefa e ao nível de solicitação de

processamento de informação e de memória exigido pela realização.

A organização da habilidade corresponde à natureza da relação entre os

diversos componentes da tarefa, sua sequência e sincronização. O processo de

aprendizagem de tarefas de baixa complexidade e alto nível de organização

parece ser beneficiado pela prática do tipo global. Por outro lado, a prática das

partes ou analítica é mais adequada na aprendizagem de habilidades com alto

grau de complexidade e baixo nível de organização.

Prática em bloco x prática aleatória (EIC-Prática com Interferência

Contextual): a prática por bloco caracteriza-se por um conjunto de repetições da

mesma tarefa seguida de outra variante e assim sucessivamente e a prática

aleatória ou randômica em que a distribuição das variantes da tarefa é feita ao

acaso ao longo da fase de aquisição.

Durante a fase de aquisição os indivíduos submetidos a uma prática

aleatória tendem a apresentar piores resultados em comparação aos indivíduos

que se utilizaram da prática por bloco. No entanto os efeitos em longo prazo são

vantajosos em relação à prática aleatória. Esta vantagem da prática aleatória nem

sempre se verifica, e parece muito dependente do tipo de tarefa e do nível de

desenvolvimento do aluno.

A prática é o principal fator de aprendizagem. A sua organização influencia

a performance e a aprendizagem. Não devemos no preocupar com a quantidade,

mas sim com a qualidade da prática e não existem organizações de prática

melhores que as outras, mas sim efeitos diferenciados que podem ser explorados

para facilitar a aprendizagem motora.

No que tange esta unidade didática e como foi proposto sobre o efeito da

prática em bloco e prática aleatória na aprendizagem devemos nos ater de como

o professor deve programar a prática dessas variações de prática na escola.

No conteúdo estruturante “Esporte”, no qual as modalidades esportivas:

Basquetebol, Voleibol, Handebol, Voleibol e Futebol de Salão são amplamente

difundidos pelos professores de Educação Física, ele poderá estruturar uma

prática por bloco e aleatória com todos os fundamentos dos esportes.

Assim cito como exemplo uma organização de prática por bloco e aleatória,

mas que podem ser modificas, ficando a critério dos professores de Educação

Física a melhor disposição da organização de suas práticas. Definimos então, três

tarefas motoras que fazem parte dos fundamentos esportivos da modalidade

Basquetebol. Escolheremos o arremesso parado, o arremesso com salto (jump) e

o arremesso com corrida (bandeja) para elaborarmos uma sequência de uma

organização de prática utilizando-se da prática em bloco e da prática aleatória.

Abaixo (quadro 3), segue um exemplo de uma prática por bloco utilizando-

se do conteúdo basquetebol.

P

R

Á

T

I

C

A

B

L

O

C

O

1° dia 10 a 30 minutos Arremesso parado

2º dia 10 a 30 minutos Arremesso parado

3° dia 10 a 30 minutos Arremesso parado

4° dia 10 a 30 minutos Arremesso com salto

5° dia 10 a 30 minutos Arremesso com salto

6° dia 10 a 30 minutos Arremesso com salto

7° dia 10 a 30 minutos Arremesso com corrida

8° dia 10 a 30 minutos Arremesso com corrida

9º dia 10 a 30 minutos Arremesso com corrida

Quadro 3 – Modelo de uma organização de prática por bloco

No quadro abaixo (quadro 4), apresento um modelo de organização de prática

aleatória do conteúdo basquetebol.

P R Á T I C A

A L E A T Ó R I A

1º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso parado Arremesso com salto Arremesso com corrida

2º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com salto Arremesso com corrida Arremesso parado

3º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com corrida Arremesso com salto Arremesso parado

4º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com salto Arremesso parado Arremesso com corrida

5º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com corrida Arremesso com salto Arremesso parado

6º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso parado Arremesso com corrida Arremesso com salto

7º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com corrida Arremesso parado Arremesso com salto

8º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso com salto Arremesso parado Arremesso com corrida

9º dia 10 minutos 10 minutos 10 minutos

Arremesso parado Arremesso com corrida Arremesso com salto

Quadro 4 – Modelo de uma organização de prática aleatória.

As possibilidades deste material didático poderão a critério dos professores

serem utilizadas nas aulas de educação física, com a possibilidade de serem

incluídas as habilidades motoras das várias atividades que estão contempladas

nos conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares da Secretaria de Estado

da Educação do Estado do Paraná.

Como foi mencionado anteriormente, existem inúmeras possibilidades de

planejamento de uma sessão de prática. Porém é preciso que haja uma

preocupação com os fatores que atuam diretamente sobre essa organização

levando em consideração os principais pontos: o que variar, como variar e com

quem variar. Com isso, apesar dos estudos sobre interferência contextual não

poderem demonstrar uma consistência suficiente para afirmar como deve ser a

prática de habilidades motoras, já existem resultados que dão subsídios e

direções de como o profissional da área pode obter melhores resultados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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