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FICHAMENTOS E RESUMOS DUNN, James D. G. A nova perspectiva sobre Paulo; trad. Monika Ottermann. Santo André-SP/ São Paulo: Academia Cristã/ Paulus: 2011. 4. A nova perspectiva sobre Paulo: Paulo e a Lei (p. 215-229). Cf. E. P. Sanders. Paul and Palestinian Judaism. London: SCM, 1977. Aproximação qualitativamente nova a Paulo, particularmente à Carta aos Romanos apresentada por E. P. Sanders. Seu argumento consiste que a exegese protestante permitiu por muito tempo uma ênfase tipicamente luterana acerca da justificação pela fé, impondo ao texto da Epístola aos Romanos certo aprisionamento hermenêutico 1 . É uma ênfase importante afirmar que é Deus quem justifica os ímpios (Rm 4,5); é compreensível que esse insight tenha se tornado, com tremenda força, um enfoque integral da teologia luterana. O problema, contudo, reside no elemento em cuja oposição essa ênfase foi posta. A antítese à “justificação pela fé” – da qual Paulo fala – com a expressão “justificação pelas obras” – foi compreendida em termos de um sistema no qual a salvação era adquirida através do mérito de boas obras. Tal oposição baseava-se em parte na comparação que a Reforma dispensou a um sistema no qual as indulgências podiam ser compradas e os méritos, acumulados. O protesto era necessário e justificado, e teve sua importância duradoura. Sanders caracteriza tal atitude pela expressão “nomismo da aliança”, i.é., “a preservação do status” dentro do povo eleito de Deus pela observação da Lei dada por Deus como uma parte da relação da aliança. VOUGA, François. “O corpus paulino”. In. MARGUERAT, Daniel (org.). Novo Testamento: história, escritura e teologia; trad. Margarida Oliva. São Paulo: Loyola, 2009, p. 181-203. 1.2. O problema da pseudoepigrafia: cartas “autênticas” ou “protopaulinas”, “dêutero-paulinas” e “tritopaulinas” (p. 184-186). Segundo um certo consenso da pesquisa, sete cartas são consideradas “autênticas”, quer dizer, ditadas e enviadas pessoalmente pelo apóstolo: - a epístola aos Romanos; - as duas epístolas aos Coríntios; - a epístola aos Filipenses; - a primeira epístola aos Tessalonicenses; - a epístola a Filêmon. A utilização do adjetivo “autêntico” para designar as cartas nascidas da pena ou da voz do apóstolo se presta, todavia, a confusão. Com efeito, “autêntica” 1 Cf. a maneira como Günther Bornkamm. Paul. Londres: Hodder & Stoughton, 1971, p 137, organiza sua discussão do assunto.

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FICHAMENTOS E RESUMOSDUNN, James D. G. A nova perspectiva sobre Paulo; trad. Monika Ottermann. Santo Andr-SP/ So Paulo: Academia Crist/ Paulus: 2011.

4. A nova perspectiva sobre Paulo: Paulo e a Lei (p. 215-229).Cf. E. P. Sanders. Paul and Palestinian Judaism. London: SCM, 1977.

Aproximao qualitativamente nova a Paulo, particularmente Carta aos Romanos apresentada por E. P. Sanders. Seu argumento consiste que a exegese protestante permitiu por muito tempo uma nfase tipicamente luterana acerca da justificao pela f, impondo ao texto da Epstola aos Romanos certo aprisionamento hermenutico. uma nfase importante afirmar que Deus quem justifica os mpios (Rm 4,5); compreensvel que esse insight tenha se tornado, com tremenda fora, um enfoque integral da teologia luterana. O problema, contudo, reside no elemento em cuja oposio essa nfase foi posta. A anttese justificao pela f da qual Paulo fala com a expresso justificao pelas obras foi compreendida em termos de um sistema no qual a salvao era adquirida atravs do mrito de boas obras. Tal oposio baseava-se em parte na comparao que a Reforma dispensou a um sistema no qual as indulgncias podiam ser compradas e os mritos, acumulados. O protesto era necessrio e justificado, e teve sua importncia duradoura.

Sanders caracteriza tal atitude pela expresso nomismo da aliana, i.., a preservao do status dentro do povo eleito de Deus pela observao da Lei dada por Deus como uma parte da relao da aliana.VOUGA, Franois. O corpus paulino. In. MARGUERAT, Daniel (org.). Novo Testamento: histria, escritura e teologia; trad. Margarida Oliva. So Paulo: Loyola, 2009, p. 181-203.1.2. O problema da pseudoepigrafia: cartas autnticas ou protopaulinas, dutero-paulinas e tritopaulinas (p. 184-186).

Segundo um certo consenso da pesquisa, sete cartas so consideradas autnticas, quer dizer, ditadas e enviadas pessoalmente pelo apstolo:

- a epstola aos Romanos;

- as duas epstolas aos Corntios;

- a epstola aos Filipenses;

- a primeira epstola aos Tessalonicenses;

- a epstola a Filmon.

A utilizao do adjetivo autntico para designar as cartas nascidas da pena ou da voz do apstolo se presta, todavia, a confuso. Com efeito, autntica no afirma somente a identidade entre o signatrio da carta e se autor, mas implica um juzo de valor sobre os escritos: autntica significa, de fato, tanto escrita ou ditada pelo prprio Paulo como dando testemunho da verdade do Evangelho, ao passo que inautntico implica uma desqualificao do contedo das cartas pseudepigrficas. por essa razo que renunciamos, daqui em diante, a essa terminologia corrente. As sete cartas atribudas ao prprio Paulo sero chamadas protopaulinas, as que so obra de seus discpulos mais prximos (2 Tessalonicenses, Efsios e Colossenses): deuteropaulinas e as mais tardias (as epstolas ditas pastorais a Timteo e a Tito): tritopaulinas. Com essa nomenclatura, ressalta-se que todas as cartas do corpus paulino dependem de Paulo e situam-se tanto em sua esteira como em sua autoria.---. A epstola aos Romanos. Idem, p. 207-232.PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE SAO PAULO

Faculdade de Teologia.

Metodologia da Pesquisa.

Prof. Ney de Souza.

Aluno: Roberto Almeida da Paz.APRESENTAO DO PR-PROJETO DE PESQUISATtulo: Justia de Deus e justificao do homem pela f: Estudo exegtico-teolgico de Rm 1,16-17.

Introduo.

A pesquisa consiste em analisar, mediante a compreenso exegtica e teolgica, as expresses [] e em Rm 1,16-17.

No plano da Epstola, o tema da [] aparece claramente na primeira parte da mesma (1,1811,35). A aparece o Leitmotiv do evangelho paulino sob o ngulo especfico da justia divina. Os v. 16-17, do primeiro captulo assumem de pronto, um carter programtico, cujas teses teolgicas que a aparecem manifestam um sentido capital: o evangelho fora (), [...], salvao de Deus; no evangelho revela-se a justia divina, como se confirma na prova escriturstica (3,27-31). Desta sorte anunciado o tema da Epstola.A epstola aos Romanos exprime a maturidade da teologia paulina. Ela quase um balano ou seu testamento e mesmo uma sntese da teologia paulina. Entretanto, no se deve compreend-la como uma sntese sistemtica de seu pensamento, nem tampouco como uma Summa theologiae, mas, como uma aprofundada exposio do evangelho para justificar, entre outros assuntos, a importncia capital da comunho entre os judeus e gentios na nica Igreja de Cristo.

2. Objetivo.O objetivo da presente pesquisa visa compreender: [] e pela f na Epstola aos Romanos (1,16-17) sob a perspectiva exegtico-teolgica.

Antes de mais, tentaremos compreender bem a acepo que Paulo lhe confere. Em primeiro lugar, almeja-se mostrar seu sentido gentico-positivo, a saber: a manifestao da fidelidade de Deus, comumente entendida na literatura proftica. A segunda distino diz respeito linguagem usada pelo apstolo dos gentios ao se referir . Ela assinala a inteligibilidade capital do modo como ele a entende, mostrando que a Lei incapaz de justificar e que o momento da coexiste com todos os instantes da vida do ser humano justificado.

Na viso de Paulo, a justificao procede de Deus, totalmente gratuita; ele assinala que: todos pecaram e esto privados da glria de Deus (Rm 3,23) contudo, Deus, por puro amor e graa restituiu a justificao em Cristo, a fim de que o ser humano se tornasse justo diante de Dele. Portanto, justificao a nova condio do humano num estado de justia diante de Deus, mediante sua associao com a atividade salvadora de Cristo Jesus pela incorporao no Filho pelo Batismo na Igreja.

O objeto material do trabalho constitudo do texto de Rm 1,16-17. De suma importncia a compreenso de [] e como ncleo da dissertao que se almeja redigir. Os demais elementos literrios, sintticos e histricos do texto, entre outros, estaro a servio do seu objeto formal.

Uma inteno corolrio primeira compreender como o sentido de [] e tem alcance para a teologia ecumnica da Igreja hoje.

3. Justificativa.

Os motivos que motivam e legitimam a pesquisa so: a) a influncia que a Epstola de Paulo aos Romanos exerceu e, em certo sentido, continua a exercer sobre a compreenso da Boa Nova. At que ponto essa carta se erigiu como base dogmtica de confisses divergentes e controversas entre cristos, sobremaneira na poca da crise pelagiana (sc. V) e da Reforma luterana (sc. XVI)?; b) considerar a fecundidade teolgica da Epstola para o dilogo ecumnico, busca-se colher no texto o ponto de vista doutrinal de Paulo e cotej-lo com as posies de alguns estudiosos do texto paulino, entre os quais: Agostinho, Toms de Aquino, Marie-Joseph Lagrange e Joseph Fitzmyer (telogos e exegetas catlicos); Martin Luther e Karl Barth (telogos e exegetas protestantes).4. Hiptese (s).

Na consecuo e redao da dissertao almeja-se:

- verificar a originalidade da proposta paulina. Sob qual perspectiva Paulo apresenta sua tese da [] e da ?;

- demonstrar a compreenso exegtico-teolgica de [] e de nos textos examinados.

5. Metodologia.

1) Deter-nos-emos nos preliminares exegticos implicados na compreenso dos vocbulos e seus significados. Portanto, a anlise acurada do texto grego de Rm 1,16-17 na 27 edio crtica de E. Nestle e J. Aland ser fundamental. 2) Analisaremos os textos principais com os quais Paulo dialoga: Hab 2,4; Gn 15,6 e o Sl 143,1-2 em seu Sitz im Leben e o sentido semntico que apstolo dos gentios lhes confere.

Referencial terico: (Mtodo histrico crtico): elegendo o aspecto sincrnico para anlise dos textos estudados, haja vista ser necessrio compreender o texto como grandeza estruturada e coerente, integrada num processo mais amplo de comunicao.

3) A dissertao ter tambm seu aspecto hermenutico: a anlise do tema estudado para a vida eclesial hodierna, sua carga semntica e teolgica como diretrizes acadmicas e pastorais.

Do mesmo modo, faz-se necessrio o estudo e compreenso de textos cuja relevncia mostrou-se profcua para o dilogo ecumnico hoje. Analisaremos A Declarao Conjunta sobre a Doutrina da Justificao (DCDJ) de 31/10/1999.

4) O objetivo ser alcanado mediante a leitura das fontes primrias. No obstante, recorreremos aos textos de apoio entre os quais, os de: Agostinho, Toms de Aquino, Joseph-Marie Lagrange, Martin Luther, Karl Barth e Joseph Fitzmyer examinando a posio de cada intrprete com o intuito consolidar o carter crtico da pesquisa, porm, sem ultrapassar o limite proposto pelo tema/questo.

6. Desenvolvimento.

INTRODUO GERAL

(Status quaestionis).

CAPTULO I. APROXIMAO DO TEXTO DE RM 1,16-171.1. Delimitao do texto.

1.2. Definio do texto.

1.3. Segmentao do texto.

1.4. Estruturao e anlise do texto.

1.5. Anlise do Texto (1,16-17).

1.6. Consideraes sobre o captulo I.

CAPTULO II. JUSTIA DE DEUS PRINCPIO DA HISTRIA DE SALVAOTema da Epstola: o evangelho a fonte poderosa de salvao que revela a justia de Deus (1,16-17).

2. Explicao negativa do tema: sem o evangelho, a ira de Deus () se manifesta contra todos os homens (1,183,20).

2.1. Juzo de condenao do mundo pago (1,1832).

2.2. A desordem moral, seguida de castigo e erro religioso (1,24-32).

3. Manifestao da ira de Deus contra os judeus (2,13,20).

3.1. O homem que se arvora como juiz dos outros, no ser poupado, porque o julgamento ser o mesmo para todos (2,1-11).

3.2. No obstante a lei, o judeu ser condenado (2,12-24).

3.3. A verdadeira circunciso a circunciso do corao - - (2,25-29).

4. Deus condena o judeu, no obstante as prerrogativas histricas de Israel (3,1-8).

4.1. Prova capital de que os judeus no se encontram no caminho da salvao: os textos que os declaram pecadores e a impossibilidade de serem reconhecidos justos segundo as obras da lei (Rm 3,920).

5. Desenvolvimento positivo do tema: a justia de Deus se manifestou mediante Jesus cristo e participada pela f (3,2131).

5.1. Justia de Deus e justificao (3,21-26).

5.1.1. Jesus Cristo, instrumento de expiao (: 3,25).

5.2. Conseqncias prticas da manifestao da e funo de (3,27-31).

6. Ilustrao do tema: na antiga Aliana, Abrao foi justificado pela f (4,125).

6.1. Abrao em sua f, modelo do homem justo (4,1-8).

6.2. A f de Abrao e a circunciso (4,9-12).

6.3. A promessa, a justia da f e a lei (4,13-17a).

6.4. Abrao em sua f, primeiro esboo da f crist (4,17b-25).

6.5. F e obras depois da justificao.7. A graa da justificao no corao e na humanidade (5,121).

7.1. A justificao, penhor da salvao (5,111).

7.2. Todos pecaram em virtude do feito de Ado (5,12-14).

7.3. Cristo libertador, o oposto de Ado (5,1221).

7.4. Consideraes sobre o captulo II.CAPTULO III. PARA ALM DA COMPREENSO APORTICA DO TERMO JUSTIFICAO (Status Quaestionis)1. Toms de Aquino: Super Epistolam ad Romanos.

2. Posio do Conclio de Trento.

3. Martin Luther: Comentrio a Epstola aos Romanos.

4. Marie-Joseph Lagrange: Comentrio a Lptre aux Romains.5. Karl Barth: Noo fundamental da Rmerbrief.6. Declarao conjunta sobre a Doutrina da Justificao.7. Consideraes sobre o captulo III.CONCLUSOApndice.

Traduo do texto Note sur la justice de Dieu et la justification. In. LAGRANGE, Marie-Joseph. Saint Paul. ptre aux Romains. Paris: Lecoffre, 1950, p. 119-141.

I. Nota sobre a justia de Deus e a justificao.

1. Justia de Deus.

2. Ser justificado, justificar, justificao.

3. O sentido escatolgico de justificar, justificao.

4. Qual a contribuio da f na justificao.

7. Cronograma.1) Apresentao e entrega do pr-projeto: 04/11/2011.

2) Inscrio no curso de Ps-Graduao (Stricto Sensu): 07/11/ 2011.

3) Discusso do projeto modificao etc: abril de 2012.

4) Entrega definitiva do projeto de pesquisa; registro do tema: maio de 2012.

5) Entrega do primeiro captulo da monografia: agosto de 2012.

6) Apresentao do segundo captulo: novembro de 2012.

7) Apresentao do terceiro captulo: maro de 2013.

8) Proposta para realizar a qualificao: novembro de 2012.

9) Correo e entrega definitiva da dissertao: junho de 2013. Cf. a maneira como Gnther Bornkamm. Paul. Londres: Hodder & Stoughton, 1971, p 137, organiza sua discusso do assunto.

Hab 2,4; Sl 143,2; Sb 11,2-3; Is 48,1-4; 53,11; Mq 7,9.

O texto de 2Cor 5,17 elucida essa nova realidade: [...] o velho passou, fez-se um novo, e quem est em Cristo nova criatura. E ainda: A antiga aliana foi substituda pela nova aliana profetizada pelos profetas (Jr 31,33; Os 2,22; cf. 2Cor 3,6s), e o profetizado por Isaas se concretizou (Is 49,8; cf. 2Cor 6,2).

Cf. O pelagianismo. In. Jean DANILOU; Henri MARROU. Nova Histria da Igreja, I: Dos primrdios a So Gregrio Magno. Petrpolis: Vozes, 1966, p. 405-413. K. BAUS e E. EWIG. Pelagio y sus consecuencias. In. Hubert JEDIN. Manual de Histria de la Iglesa, II. Barcelona: Herder, 1980, p. 233-255. Ver o excelente estudo em Roque FRANGIOTTI. Histria das heresias: sculos I-VII conflitos ideolgicos dentro do cristianismo. So Paulo: Paulus, 1995, p. 113-121.

E. NESTLE; Kurt ALAND (eds.). Novum Testamentum Graece. 27 Auflage. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1993.

Wilhelm EGGER. Metodologia do Novo Testamento. Introduo aos mtodos lingusticos e histrico-crticos. So Paulo: Loyola, 1994, p. 71-72.

Cf. PONTIFCIA COMISSO BBLICA. A interpretao da Bblia na Igreja. In. Documentos sobre a Bblia e sua Interpretao. So Paulo: Paulus, p. 193.