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Editora Revan Claudia Furiati UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA TOMO II - DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Fidel Castro Tomo II Parte VII

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Editora Revan

Claudia Furiati

UMA BIOGRAFIA CONSENTIDATOMO II - DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

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Editora Revan

Claudia Furiati

1ª Edição

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Copyright © 2001 by Claudia Furiati

Todos os direitos reservados no Brasil pela Editora Revan Ltda. Nenhumaparte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos,eletrônicos ou via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

Coordenação Geral

Nei Sroulevich

Projeto Gráfico e Capas

Fernando Pimenta

Revisão

Heloiza Gomes

Diagramação e Editoração

Domingos Sávio

Fotos e Ilustrações Gráficas

Todas as fotos e ilustrações gráficas da presente edição foram gentilmentecedidas pela Oficina de Assuntos Históricos do Conselho de Estado da

República de Cuba, incluindo as dos fotógrafos cubanos Alberto Korda,Libório Noval, Raúl Corrales e Osvaldo Salas; pelo jornal Juventud Rebelde,

de Havana; pela Agência Noticiosa Prensa Latina (PL); e pelos fotógrafos brasileiros:Magno Mesquita, Evandro Teixeira/AJB, Wilson Dias/Radiobrás, Luiz Antonio/

Agência O Globo, Acervo-AE; e divulgação do Palácio da Liberdade.

Fotolitos

Imagem & Texto Ltda.

CIP-Brasil, Catalogação-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

Furiati, Claudia, 1954 - Fidel Castro, Uma Biografia Consentida / BiografiaI Tomo: Do Menino ao Guerrilheiro - 576p.II Tomo: Do Subversivo ao Estadista - 480p.

ISBN

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A Jesús Montané Oropesa eManuel Piñeiro Losada,

chaves de realizaçãodesta obra que não

puderam ver concluída.

In memoriam

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SumárioT O M O I I

PREFÁCIO Fidel Castro: a formação da alma .......9Marcello Cerqueira

P A R T E V Na Mira de um Fuzil

CAPÍTULO 31 Ser Robespierre, Danton e Marat,eis a questão ....................................... 25

CAPÍTULO 32 Que revolução é essa? ........................ 45

CAPÍTULO 33 Rompe-se o acordo de Yalta .............. 63

CAPÍTULO 34 O olhar de Simone .............................. 81

CAPÍTULO 35 A invasão dos traídos ....................... 101

CAPÍTULO 36 A estabilidade impossível .................119

CAPÍTULO 37 Vítima de feitiço............................... 137

CAPÍTULO 38 Catarses e fissuras ............................ 157

CAPÍTULO 39 A fênix e o condor ............................ 177

P A R T E V I Meu Colete é Moral

CAPÍTULO 40 Domesticando o leão-marinho ......... 197

CAPÍTULO 41 Vôos cegos do Comandante ............. 215

CAPÍTULO 42 Face oculta: Nicarágua .................... 235

CAPÍTULO 43 Um cidadão do mundo ..................... 255

CAPÍTULO 44 Exílio & Bloqueio: os marielitos .... 269

CAPÍTULO 45 À cata das divisas ............................. 283

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P A R T E V I I Começaria Tudo Outra Vez

CAPÍTULO 46 Do dia em que ocapitalismo desaparecer ................... 295

CAPÍTULO 47 Atração fatal: narco-dólares ...............311

CAPÍTULO 48 URSS, o pai fracassado .................... 335

CAPÍTULO 49 O pêndulo de Fidel ........................... 349

CAPÍTULO 50 Pátria ou morte: os balseiros ........... 369

CAPÍTULO 51 Vou morrer de botas ......................... 389

CAPÍTULO 52 Lobos, renas e cordeiros .................. 405

CAPÍTULO 53 Alguém insubstituível? .................... 421

NOTAS .......................................................................................... 433

REFERÊNCIAS E FONTES ............................................................... 453

ÍNDICE ......................................................................................... 471

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Discursando em Havana

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P A R T E V I I

Começaria TudoOutra Vez

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Com o pintor equatoriano Oswaldo Guayasamín (à esquerda)

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Do dia em que ocapitalismo desaparecer

Gato difícil de agarrar, Fidel não pretendia, por enquanto,fazer outra corte às Nações Unidas. No campo dos orga-nismos internacionais, só sentira de fato um certo com-

promisso com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quereconhecia os méritos do regime cubano.

C A P Í T U L O 4 6

Com Mercedes e “Gabo” (Gabriel García Márquez), 1983

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A economia não funcionava, mas tal certeza era apenasuma suspeita até 1984. Fidel vinha experimentando formas parasalvá-la, com a única vantagem de operar em uma pista de obs-táculos já conhecida. Um novo ajuste entre os preços do açúcare do petróleo, entre Cuba e URSS, por motivo da forte queda deambos no mercado mundial, não pôde sequer suavizar o agrava-mento do quadro.

Cuba já devia a mais de cem bancos, em sua maioria porempréstimos de curto prazo. Fidel buscava se entender com oscredores, solicitando que não agregassem obstáculos à disposi-ção de negociar; mas, por força do bloqueio, era inevitável osEstados Unidos tentarem impugnar os prováveis acordos. O go-verno Reagan impediu a renegociação de Cuba com Japão,Inglaterra, França, Itália e a República Federal Alemã, com quemo país abria mercados para o níquel; além de haver acirrado proi-bições à importação de equipamentos que contivessem ferro ououtro componente de origem cubana. Os últimos pedidos pararefinanciamento – um fenômeno recente, sinal de insolvência –,haviam sido encaminhados por Cuba ao Clube de Paris e tam-bém diretamente aos governos que o integravam.

A fonte secou. Fidel continuava negando problemas com acomunidade socialista, dizendo que Cuba era imune à crise, masos créditos comerciais e de inversão que recebia da URSS serevelavam uma dívida acumulada, sobre o continuado desequilíbrioda balança comercial entre os dois países. Como garantir a pro-visão das 11 milhões de toneladas de combustível necessárias acada ano? Permanecia de pé, contudo, o pressuposto básico deFidel para resolver o que conceituava como subdesenvolvimentoe conformar a “sociedade revolucionária” – a formação educa-cional do povo.

Os problemas internos da sua Cuba, colados ao seu densoolhar humanista, arrastavam-no a se envolver com o mundo einsistir no tema de uma crise econômica universal. Como ex-pressou em metáfora, a dívida externa do mundo dos pobres vinha

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rolando “à velocidade máxima de uma bola de neve”, emboranão perdesse de vista que a maioria daqueles despossuídos vi-via penando sob um calor de mais de 30 graus, vários mesespor ano.

Afinal, era preciso garantir a sobrevivência, aqui e acolá.Ele, então, cingiu-se de conceitos complementares à sua tese “poruma nova ordem”, cuja semente se plantara no ano de 1971 quandoda reunião que mantivera com intelectuais e economistas daComissão Econômica para a América Latina (CEPAL), em San-tiago do Chile, e cujo principal fruto saltou em 1979, com suasformulações na Organização das Nações Unidas (ONU).

De um certo ângulo, ao inventar a campanha pela “anula-ção da dívida externa”, expressando um subversivo desejo, sabiaque provocaria a repreensão dos poderosos. Perigosa seria umaunidade em torno do tema:

“Não colocamos que um país isolado tome decisões, masconvocamos à ação conjunta de todos os países da América La-tina e do Terceiro Mundo, para lhes dizer a forma em que seeliminará a dívida”, considerava Fidel.

Lógica do argumento: se a dívida era efeito de fatores ex-ternos, era chegada a hora de inverter a iniciativa dos embates,simplesmente não entregando o dinheiro – uma mera deferênciaàs inúmeras riquezas sugadas das antigas colônias, instrumentodo desenvolvimento alheio. Acrescentava-se o quinhão das mal-versações financeiras, as contas excusas e o desperdício de recursos.Além do mais, elocubrava Fidel, uma fórmula de suspensão depagamentos poderia se desatar de qualquer maneira, quando odesespero de algumas nações a ela os conduzisse.

“Dez anos, 20, com as mãos estendidas pedindo! Isso can-sa, esgota. Então, planejamos pôr as mãos no bolso. Não daremosnada... Greve geral para com os devedores! Se não impusermos,não vão conversar! Não podem bloquear o Terceiro Mundo, por-que se autobloqueariam automaticamente; ficariam sem café, semchocolate, matérias-primas e combustível…”1

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Mesmo com toda essa radicalidade, Fidel, definitivamen-te, não considerava adequado, no momento, o projeto socialistapara países subdesenvolvidos. Políticos em um campo paraleloao seu interpretaram que ele até “atrevia-se” a propugnar umavariante de reprodução para o capitalismo. Em contrapartida àameaça de uma ruína dos bancos, dizia ele, por que não conver-ter uma parte dos bilhões – 30, até 40% – gastos na indústriaarmamentista, para estancar uma tão voraz dívida, ascendente a360 bilhões de dólares? Para Fidel, acionar as economias emfunção desse pagamento, significava danificar os processos de-mocráticos que se desenvolviam pela região sob uma ordemcapitalista, embora a própria consciência da crise contribuíssepara a “abertura”. As Forças Armadas, pela América Latina, es-tavam em retirada do comando das nações, como mais umadecorrente do processo. Espremido pela incompreensão, a raivaou a perplexidade dos outros, o que Fidel propunha era uma sa-ída no âmbito financeiro, sem revoluções nem nacionalizações.2

“Vou correr o risco de que me acusem de salvador do capi-talismo. E se tivermos que pagar esse preço para que prolonguesua vida por mais dez ou 20 anos, pagaremos com gosto…”,expressou.

No âmbito do Sistema Econômico Latino-Americano(SELA), uma iniciativa de agregação regional por parte do Pre-sidente mexicano Luis Echeverría, que incluía Cuba, havia sidodebatida a idéia de uma moratória parcial ou total. Em 1984,criou-se ainda o Grupo de Cartagena, que não contava com atotalidade dos países da região, mas defendera uma proposta si-milar, anuindo ao diálogo com os grandes credores, o BancoMundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Eram rarosos políticos que ousavam defender o calote, em aberto, até portemor de expressar o termo “moratória”, o que Fidel explicavacomo uma espécie de “respeito místico” aos países desenvolvi-dos industrializados. Não obstante, em benefício deles, escoavambilhões de dólares em cadência, apenas por parte da América

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Latina. Os canais eram a elevação das taxas de juros e royalties,a supervalorização do dólar, a fuga de divisas e as conseqüen-tes perdas nas relações de intercâmbio, que se concretizavamem artifícios para captação de dinheiro, cobrindo o déficit pú-blico nos Estados Unidos, que em cinco anos (1980 a 1985)atingia 200 bilhões de dólares. Em caso de recusa aos paga-mentos, por absoluta impossibilidade, o país era ameaçado desuspensão de créditos.

Como uma recomendação para encher o caixa, o FMI ad-vogava programas de austeridade financeira e comercial. Em 1985,incluía o adendo pela queda das barreiras alfandegárias a movi-mentar os mercados. De sua parte, o Banco Mundial anunciavaa iminente recessão global, a maior dos últimos 40 anos, frisan-do a conveniência dos grandes idealizarem melhorias para orelacionamento com o Terceiro Mundo. Em 4 de julho, quandochamada a um encontro com o governo norte-americano, a re-presentação latino-americana ouviu novos conselhos para

Com o Presidente López Portillo, do México

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neutralizar a crise, como abater os preços de importados, e umapromessa de decréscimo no valor das taxas de juros.

Em meados de julho, Fidel patrocinava em Havana a Con-ferência de Sindicatos da América Latina e do Caribe, com apresença de 330 dirigentes, a qual seria um prólogo ao seu reca-do maior. No final do mês, declarou aberta a discussão sobre adívida externa da América e do Caribe, sobre “a nova ordeminternacional e sua urgência”. Não excluía do direito a partici-par do fórum nem mesmo os generais Alfredo Stroessner e AugustoPinochet, respectivamente, governantes do Paraguai e do Chile,pois a conversa proposta não dizia respeito “apenas ao pai (Es-tados Unidos), mas igualmente aos seus filhos”.3 A essa grandereunião promovida em Havana, compareceram 1.200 represen-tantes de forças políticas de diferentes matizes no Continente emais 300 jornalistas. Na verdade, era esperada uma maior pre-sença de figuras de peso, entre governantes e líderes de oposição,se considerado o trabalho desenvolvido pelos emissários do go-verno cubano a vários países no decorrer do ano, para o que em siera um desafio conjuntural e um tema bem espinhoso. Para com-pletar, as companhias aéreas, por conta de expedientes do bloqueio,criaram muitas dificuldades para reserva e trâmite das passagens.

Usando de um apurado cálculo matemático, Fidel defen-deu que a dívida era definitivamente “impagável” – mesmo comuma significativa queda dos juros e o aumento das exportações.Ateve-se à hipótese de limitar o seu pagamento a 10% da rendaanual das exportações, segundo o defendido por Alan García,recém-eleito Presidente do Peru, em sua plataforma de governo.Também examinou uma variante com 20%, mas concluiu que,de qualquer modo, o problema seria apenas postergado. A dívi-da externa, nas suas palavras, era “um câncer que se multiplicava”e, se não extirpado, a América Latina ver-se-ia obrigada nos pró-ximos dez anos a entregar 400 bilhões de dólares só pela via dosdenominados “serviços” (juros e royalties da dívida). O bom sensoapontava a necessidade de selar o consenso geral sobre o seu

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cancelamento, antes que a crise atingisse o ápice. Fidel concluíasobre o perigo de o Primeiro Mundo cair “em sua própria arma-dilha”, ao haver erguido um “castelo de cartas” financeiro quedespencaria a um simples estalar de dedos. Na verdade, comosempre e desde antes, torcia pelo alvorecer do dia em que o ca-pitalismo desaparecesse, que poderia estar mais próximo:

“Se eles tratarem de impor a cobrança da dívida e aconscientização do problema tiver chegado às massas, então,estaremos na ante-sala das revoluções... Se bloquearem, darãocorda a um colossal movimento de libertação do Terceiro Mun-do. Desatarão uma solidariedade maior do que a ocorrida quandodo ataque inglês às Ilhas Malvinas...4

“Alguém, por aí, mostrou um artigo que afirmava ‘Castrokeynesiano’. Nem me lembrei que havia existido Keynes quan-do comecei a meditar sobre o assunto… Entre as duas teses podehaver uma certa coincidência, pelo fato de que o incremento dopoder aquisitivo da massa de necessitados impulsionará o co-mércio, as exportações e o emprego; mas não se vai salvar ocapitalismo. Pois o capitalismo não tem salvador possível!”5

O fenômeno da dívida externa, pelo verbo de Fidel, vira-va, em breve, um catalizador em todo o mundo, restando sóoperacionalizar sua meta da moratória – esta de sucesso bemmenos provável. Mas de seu ponto de vista, decidi-la era vital àsobrevivência e à condição de independência dos países6, o queimplicava o princípio de unidade, ou uma incipiente “integra-ção” regional, com a adoção de um projeto adverso ao fluxoneoliberal. Por outro lado, pela necessidade de combater umaperversa combinação de inflação com recessão, vários países daárea vinham aplicando uma estrita receita monetarista, de con-trole da circulação econômica e de redução dos gastos públicos,de acordo com a teoria do economista norte-americano MiltonFriedman, formulador da Escola de Chicago, que se incorporavacomo a ferramenta do neoliberalismo desde o seu alvorecer. Várioseram os crentes da doutrina, mas não todos. Alguns, ao abrirem-

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se às inversões das multinacionais, resguardavam certas ressal-vas, como os Presidentes José Sarney (Brasil) e Alan García (Peru),que se opunham aos programas recessivos do FMI.

Adiante nada se concretizou. Em outubro de 1985, os acordosdo Parlamento Latino-Americano (Parlatino), em Montevidéu,estabeleceram que a “impagável” dívida implicava “tratamentocoletivo”, enquanto o FMI inventava um atraente esquema de “con-versão da dívida”, uma cobrança com capitalização, em que algunsbens das nações devedoras terminavam passando à propriedadeestrangeira. Em sondagens realizadas em algumas regiões, umamaioria de cidadãos afirmava que pagar o que se deve é uma obri-gação. “Confundiam a dívida externa com a dívida ao quitandeiro…”,comentava Fidel, lastimando. Na sua opinião, perdia-se ali a grandeoportunidade de se exigir uma nova ordem internacional.

Simultaneamente ao capítulo da dívida externa que lança-ra na pauta internacional, Fidel não desviava a atenção da urgênciade respostas para dentro da Ilha. No III Congresso do PartidoComunista de Cuba (PCC), que se realizou de 4 a 7 de fevereirode 1986, foi criado o Comitê de Controle e Revisão7, que daria o

Com José Sarney, Presidente do Brasil

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início formal ao processo de “retificação” das “tendências nega-tivas”. Devia corrigir, em suma, os mesmos aspectos a que olíder cubano vinha se referindo antes de importar o Sistema deDireção e Planificação da Economia da URSS – a época em quese autocriticava e ao regime, por um exagerado idealismo. Ago-ra, com uma réstia de grave nostalgia, mais de dez anos apóshaver retificado as premissas caracterizadas como “guevaristas”.No fundo, Fidel nunca havia deixado de acalentar a utopia deum ser humano ideal, como o seu parceiro “Che”. E tambémpermanecia fiel à crença de agilizar o crescimento socioeconômicoa partir de relações comunistas, até porque as tendências errône-as se relacionavam, segundo ele, em algum ponto, às reminiscênciasdo passado capitalista.

Assim, devassou a sociedade de alto a baixo. À imprensade seu país, aconselhou adotar um espírito crítico, “que não de-via destruir, nem castigar”. Pediu a cada jornalista que lutassecontra a censura e a autocensura, sem, no entanto, esquecer “oseu papel de educador”8. Apontou os desvios do setor: poucavariedade, superficialidade, baixa capacidade de síntese e de re-flexão sobre os acontecimentos.9 Chamou os jornalistas deaborrecidos, medrosos e praticantes de uma linguagem apologética.

Converteu-se em um tipo ativo de liderança de oposição,identificando ineficiências, violações, desperdício, indolência,negligência, busca de privilégios e dinheiro fácil pela especula-ção e comércio ilegal, fazendo proselitismo pelo país afora.Dizia-se, à boca pequena, que Cuba não precisava de oposicio-nistas, porque o maior deles era o chefe do governo.

“Esta tem que ser uma luta de baixo para cima e de cimapara baixo, contra o parasitismo, essa tendência a receber, semcorresponder com trabalho à sociedade. Não queremos resolveros problemas com métodos extremistas, mas não podemos nosadaptar ao mal feito! (...) O sistema de direção pode ser um en-gano completo se as deficiências não forem superadas! Sei depintores que venderam quadros a organismos do Estado e que

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ganharam até mais de 200 mil pesos em um ano, mil vezes maisque os médicos!”10, alardeava Fidel.

Sobre tudo e todos observou. Viu o ganhar dinheiro con-verter-se em motivação de existência. Descobriu a contradiçãode o regime satisfazer-se com a “consciência social” de profes-sores e médicos, mas conferir “estímulos materiais” aos operáriosque se destacavam no cumprimento das metas.

“Poder lavar a roupa suja em público nos dá uma grandemoral. Melhor limpar já os trapos, antes que nos sepultem porestarem guardados. (...) Existe muito demagogo oportunista,populistas criando esse tremendo caos! (...) Vícios que a Revolu-ção criou, digamos com franqueza… Queríamos viver no paraísoe a idéia em si já parecia suficientemente atrativa...”, reconhecia.

No setor de construção, Fidel se decidiu a terminar as obrascujos prazos se dilatavam ao infinito, convocando trabalhadoresàs microbrigadas, constituídas de “excedentes”, dispensados emcaráter temporário das suas unidades de origem por interrupçãona produção, por carência de matérias-primas, mais aqueles que

Com o Presidente da Coréia do Norte, Kim II Sung, 1986

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desejassem aportar um “plus trabalho” – inspirado na antiga idéiado “trabalho voluntário” . O Estado permanecia como o fornece-dor dos materiais, além dos salários, priorizando as construções eas reformas de postos de saúde, institutos, creches e fábricas. Paraa iniciativa, em troca de bons resultados, os construtores de umabrigada adquiriam a oportunidade de ter a casa própria.11 Pouco apouco, todavia, de alguns núcleos reproduziu-se um negócio deespertos, que compravam e vendiam as moradias prontas ou osmateriais de construção, estes entregues pelo Estado.

“Retificar” para Fidel era ainda perseguir a superação in-terna, lançando mão de todos os meios disponíveis para forçar acapacidade produtiva, evitar a débâcle. As centrais termoelétricasforam concluídas e a energia pôde chegar a 90% da população.Em outubro de 1987, encontrava-se pronto o centro de estudosaplicados à energia nuclear, que foi inaugurado por Fidel e HansBlix, diretor geral da Organização Internacional de Energia Atô-mica (OIEA). Fidelito (Fidel Castro Díaz-Balart), já formadoem Física, assumiu a Secretaria Executiva da Comissão de EnergiaAtômica de Cuba.

A um olhar sensato, parecia irreal atestar os feitos e, maisainda, a intenção de Fidel de avançar, com os cofres ralos, “ti-rando leite das pedras”. Ao aproximar-se o fim da década, a safraaçucareira alcançaria mais de 8 milhões de toneladas, o que ar-rematava a aparência de milagre.

Em meados de 1986, Fidel resolveu suspender o pagamentodos juros da dívida de Cuba, reduziu as importações em 50% editou outras medidas de austeridade. No ano seguinte, falou cla-ro ao povo: não seria possível pedir nada mais aos países socialistas.Não havia dinheiro, nem créditos. E estabeleceu cortes em salá-rios de trabalhadores de empresas improdutivas. O momento oconduzia à hipótese de “importar” determinadas experiências deorganização e eficiência do capitalismo, conforme verbalizou:

“Ao contrário do que escreveu Marx, a vida nos obrigou ausar o caminho socialista para chegar ao desenvolvimento; e não

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o capitalista, então, temos realmente que esquecê-lo... O capita-lismo impulsionou extraordinariamente as forças produtivas, atéque se converteu em um freio delas. Ademais, com ele jamais sealcançará a justiça social... De qualquer maneira, é mais fácilorganizar a produção quando há uma reserva de trabalhadorescriada pelas leis do mercado (capitalista)...”

Para a América Latina em geral, pregava Fidel: concertara independência e depois o desenvolvimento. Mas casos como oda Nicarágua mereciam outro enfoque. A Frente Sandinista ga-nhou as eleições por larga maioria em novembro de 1984, masas condições econômicas e políticas eram muito delicadas paraque se pudesse pensar na execução de um pleno programa soci-alista. O agravamento da crise econômica era a ficha com que osEstados Unidos se habilitavam para apostar no fracasso da ex-periência nicaragüense.

Raúl Castro, ministro das Forças Armadas Revolucionári-as (FAR), logo após os sandinistas conquistarem o poder, quandose fazia iminente uma intervenção no Caribe, havia solicitado àURSS uma formulação: de que uma agressão a Cuba não seriatolerada – termos que nos remetem aos antecedentes da Crise dosMísseis. Mas a URSS, na nova oportunidade, disse não. O episó-dio foi enterrado como um segredo de que só Fidel e Raúl eramsabedores: a URSS abandonara o suporte militar a Cuba no iníciodos anos 80. Moscou e Havana “cobriram” com profissionalismoo caso, que internamente foi classificado como Pandora.

Contra os Estados Unidos, segundo as previsões de Raúl,Cuba poderia suster um conflito bélico “por mais de cem anos”,com a Ilha recheada de franco-atiradores, visto que as forçasterrestres seriam, no confronto, as decisivas. Uma vez que o ad-versário desembarcasse em terra, a guerra se faria com tiros defuzil, sendo a aviação em parte ineficaz. As FAR cubanas fabri-cavam todos os tipos de mina e seus soldados eram bem treinadosem emboscadas. Quilômetros de túneis subterrâneos haviam sidotambém construídos, centenas de covas labirínticas cruzando a

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ilha de ponta a ponta, que desembocavam em estruturas semi-urbanas, armazéns e depósitos com comidas, mantimentos,remédios, tanques, armamentos e munições. Raúl raciocinavaque se cada dois de seus soldados aniquilasse um invasor, difi-cilmente este, desprovido de vanguarda e retaguarda, poderiapersistir na agressão e seu patrono, o governo norte-americano,assumir a quantidade de baixas. Muito da técnica (militar) lhesfora ensinada pelos soviéticos, embora a doutrina de guerra fos-se um rebento autóctone. Já estudos do Pentágono, na época,estimavam que, para invadir Cuba, seriam necessários 30 mi-lhões de homens – uma cifra inviável – para os seis milhões decubanos em armas, entre tropas e milícias de civis com prestezae conhecimento do território.

Em abril de 1985, com Ronald Reagan reeleito nos Esta-dos Unidos, decretou-se o bloqueio à Nicarágua. De outra parte,o vice-Presidente norte-americano George Bush, juntamente comReagan, enfrentariam o escândalo Irã-Contras no ano seguinte.Em síntese, tratava-se de um mecanismo de venda de armas aoIrã, encoberta com a concessão de fundos para os “contra-nica-ragüenses”, através de contas na Suíça, que fora deslanchadodepois que o Congresso norte-americano começou a vetar as verbaspara a luta anti-sandinista.

No movimento da década, verificava-se o fato de que Fidel,Cuba e a América Latina mostravam transformações. Mais alémda neutralização dos militares da direita, a explosão das socie-dades – que tanto se almejou um dia – agora se via como umperigo dentro da portentosa crise econômica. Na candente ques-tão centro-americana, que lhe falava bem de perto, Fidel preservavao firme apoio ao Grupo de Contadora, que persistia na busca desoluções políticas para os conflitos regionais.

Por ocasião do encontro de Esquípulas (o nome da cidadeguatemalteca onde ocorreram as reuniões entre os cinco Presi-dentes centro-americanos, em agosto de 1987), Fidel conversoucom Daniel Ortega. O tema central era a realização de novas

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eleições na Nicarágua, o que, no íntimo, o cubano entendia comoo risco da fragilização ante o adversário – considerando que estemantinha uma luta armada –, mas não se permitia a estorvar adefinição dos sandinistas de “baixar a guarda”.

O plano de paz, denominado Esquipulas II, de Oscar Arias,o Presidente da Costa Rica, país que antes fora conduto para os“contras”, ampliou o espectro das conversações. Mais quatro países– Peru, Uruguai, Brasil e Argentina – uniam-se aos esforços.Para Fidel, o tratamento do plano pareceu enviesado, como se oproblema da região fosse um subproduto do conflito este-oeste;mas, enfim, granjeou o necessário consenso, com a deposiçãodas armas e o cancelamento da ajuda aos “contras”. Oscar Ariasacabou conquistando o Nobel da Paz, antes mesmo que esta sehouvesse sedimentado ao seu redor. O jornal La Prensa , de Vio-leta Chamorro, com financiamento de norte-americanos, voltoua circular na Nicarágua e os chefes dos “contras” anunciavam acontinuação das hostilidades. Já no vizinho El Salvador, Fidelpercebia como remota a chance do fim do confronto entre osguerrilheiros, a extrema direita e o governo democrata-cristão.Para saber se terminaria, disse ele, só quando, eventualmente,esvaísse a resistência de uma ou outra parte. Aquele era um tem-po em que muitos mutilados salvadorenhos ainda seguiam paraCuba para atendimento médico.

Girando o foco para o outro hemisfério, a aproximaçãocada vez mais estreita entre Cuba e Espanha animava expectati-vas. O vínculo entre Fidel e Felipe González não apenas recuperouos laços históricos como também pavimentou o caminho paraum melhor entendimento com a Comunidade Européia . Em 1986,63% dos artigos e produtos importados por Cuba eram de fabri-cação espanhola. Apesar da filiação socialista do espanhol, sabiaFidel que Felipe não se propunha a mudar o sistema, ao menosde imediato, até porque o país vivia uma engenhosa transição,com o embate de forças políticas internas. A pedido do governoespanhol, Fidel concedera asilo a membros do ETA, mas tanto

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ele como Felipe preservavam a elegância de não opinar sobreassuntos internos, salvo excepcionalmente.

Em uma visita surpresa a Madrid, Fidel, ante uma solicita-ção do premiê que se expressava duvidoso quanto ao ingressoda Espanha na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN),opinou que o melhor seria que permanecesse como um país neu-tro. À parte, em função dos vínculos, a Espanha concentravauma parcela expressiva de exilados cubanos e se tornara um es-coadouro natural da “questão cubana”. O premiê González vinhasendo pressionado a interceder pela libertação de presos políti-cos em Cuba, como Eloy Gutiérrez Menoyo. Rolando Cubela,ao se reduzir a sua pena, foi residir na Espanha.

A salvação de Cuba consistia em abrir searas contra o blo-queio. Não apenas uma boa quantidade de europeus, mas tambémempresários latino-americanos desembarcavam em Havana comdesenvoltura, para uma Feira Internacional dedicada a fazer ne-gócios. Em novembro de 1988, o número de empresas comerciaisrepresentadas no evento já seria de quase 400, de 23 países, ofere-cendo como resultado alguns contratos comerciais com Cuba. Fidelentusiasmava-se com a tendência à ampliação dos negócios.

Ao mesmo tempo, aprofundava as relações com os grupos epartidos que vinham agenciando os processos democráticos naAmérica.Esteve em Quito (Equador), em agosto de 1988, uma oca-sião em que consolidou a amizade com o pintor equatoriano OswaldoGuayasamín e formulou os primeiros votos pela virada do século:

“Oxalá o ano 2000 encontre uma América Latina maisunida!12 Penso que esta unidade deve ser uma das tarefas da atu-al geração. Não há romance mais real, não há história maisinteressante a contar do que a nossa própria...”

Em dezembro já estava no México para a posse de CarlosSalinas de Gortari. Em janeiro de 1989, em Caracas (Venezuela),para a de Carlos Andrés Pérez, sempre absorvendo a atenção damídia e defendendo a expansão de um modo de pensar próprio,latino-americano. Na seqüência dos contatos, promoveu encon-

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tros de intelectuais e se apresentou como colaborador do desen-volvimento da arte e da indústria do audiovisual na região.Cineastas e atores norte-americanos, como Jack Lemmon, Robertde Niro e Oliver Stone, foram a Cuba prestigiar o Festival doNovo Cinema Latino-Americano.

Bispos, congressistas, empresários e um coronel aviadornorte-americanos visitaram o país no mesmo período, coroandouma tendência dissonante à posição do establishment. De outraparte, a seção de interesses dos Estados Unidos em Cuba vinhasendo usada como um centro de inteligência, com equipamentossofisticados para a espionagem técnica.13 Provas desta e outrasforam reunidas por agentes cubanos infiltrados na CIA nas últi-mas décadas. No início de 1987, Fidel resolveu “desclassificar”uma grande parte desses arquivos, revelando os casos e os no-mes dos agentes.

De modo cabal, Fidel afirmava que jamais se legalizaria umaimprensa de oposição em Cuba para servir aos Estados Unidos eque em outros países a liberdade de informação era uma falácia– o que de fato existia eram proprietários dos veículos de comu-nicação usando-os livremente, em defesa dos seus interesses.Nas circunstâncias do regime, introduzia-se uma questão semântica:ser de oposição era igual a aliar-se ao poderoso inimigo.

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General Ochoa

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I nstigando a reflexão, García Márquez afirmou uma vez queFidel era um exemplo da “solidão do poder”. Depois se calou.O Comandante, no entanto, que a cada década menos se

pertencia, manifestou que não se sentia infeliz. Havia-se resig-nado, sim, a não concretizar desejos comuns humanos, como

C A P Í T U L O 4 7

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sentar na murada da Avenida do Malecón ou caminhar por umacalçada do centro havaneiro. Sem temor à disciplina, retinha asamarguras da condição que oprimia o seu lado amante do ar li-vre. Jogava-se, então, no meio do povo. Não encontrava “o tempode estar só” e, decerto, ainda desfruta o seu foro íntimo, duranteas pausas do ser público.

Mas a expressão do Nobel colombiano nos leva além. Fi-camos a cogitar se uma tamanha estatura não se esgota em si,margeando o total isolamento; se Fidel não é o general no labi-rinto ou o coronel a quem ninguém escreve, numa alusão aospersonagens do nosso mestre escritor. Assomam as perguntasante o estigma do poder revolucionário: ele recorre de fato ainterlocutores, compartilha decisões, afinal escuta outras vozesou acata apenas a sua?

Tal impressão de suficiência, resistente ao tempo, talvez te-nha sido captada por Tu, o cachorro chinês do embaixador brasileiroÍtalo Zappa. O animal ficou muito agressivo em Cuba e, particu-larmente, com Fidel, nas tantas vezes que aparecia na residência doembaixador. Zappa acabou encontrando uma solução para Tu como coronel Tony de La Guardia, chefe de um setor especial do Minis-tério do Interior (MININT), que o levou a uma pensão para animais,onde veio a falecer no mesmo ano do fuzilamento do coronel.

* * *

Fechando a década de 80, voltavam à arena os temas dospresos políticos e dos direitos humanos da ditadura cubana. Fidelrebatia:

“Onde está a liberdade dos negros e dos “chicanos” nosEstados Unidos? Vão me dizer que um milionário e um mendi-go têm os mesmos direitos? Quando não há igualdade, não podehaver liberdade; onde não há igualdade, não pode haver demo-cracia! Independência, dignidade, honra, direitos e a verdadeiraliberdade foram conquistadas com a Revolução!”

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Quanto aos presos da primeira etapa, dizia que haviam sidomilhares, restando “alguns batistianos esquecidos” pela mídia,1

com algumas exceções. Um era Armando Valladares, ex-polici-al de Batista, detido ao participar de sabotagens contra o regime.Valladares depois foi “fabricado” como um intelectual dissiden-te e alçado a chefe da delegação norte-americana para a 44a sessãoda Comissão dos Direitos Humanos da Organização das NaçõesUnidas (ONU), em fevereiro de 1988. Foi quando ele acusou oregime de Castro de torturas físicas a prisioneiros.

Fidel instou a que uma representação viesse visitar as pri-sões do país, sem qualquer objeção. A Comissão de DireitosHumanos aceitou o convite e os delegados foram recebidos peloComandante em setembro. Os presos, os funcionários da segu-rança e indivíduos de vários perfis foram entrevistados. O infor-me da comissão concluiu que não havia torturados, desaparecidos,nem “esquadrões da morte” em Cuba e que o trato nas peniten-ciárias era humano. Quanto aos detidos por delitos contra-revo-lucionários, que atuaram contra o regime, não havia 10 mil,conforme afirmara Valladares. Em 1987, o número era de 458 e,no ano seguinte, menos de cem. Na verdade, o total de presosera de 20 mil, a grande maioria por crimes comuns, que recebi-am educação e pagamento pelos trabalhos que realizavam, as-sim como seus familiares recebiam ajuda do Estado.

“Se aqui alguém quer jogar uma bomba, fazer terrorismoou sabotagens, se é um espião a serviço dos Estados Unidos, nãopodemos condená-lo? Por que não?”, acrescentou Fidel. “NaEspanha, condena-se os da ETA que lutam contra o Estado. NaItália, foram as Brigadas Vermelhas. Na Inglaterra, os irlandesescontra o domínio britânico... Em Cuba, jamais se viu a forçapública dissolvendo uma manifestação com gás lacrimogêneo,pancadas, cachorros ferozes e jatos de água...”

De resto, o bloco socialista caminhava sobre ovos. MikhailGorbachov chegara ao poder soviético em março de 1985, pla-nejando reformas domésticas, a reconciliação com o Ocidente e

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a autodeterminação dos povos que integravam a URSS e o LesteEuropeu.

A primeira vez que se encontrou com Fidel foi em Mos-cou, durante o XXVII Congresso do Partido Comunista da UniãoSoviética (PCUS), em 2 de janeiro de 1986. Na ocasião, os doispaíses acordaram em “elevar a eficiência da cooperação mútuaaté o ano 2000”. Ao líder cubano, sobreveio a desconfiança:Gorbachov defendia a suspensão de todas as provas nucleares ea redução de 50% dos armamentos estratégicos, para facilitar odiálogo com Reagan. De seu ponto, o norte-americano explicitoureservas, argumentando o direito natural dos países à independên-cia quanto a seus meios defensivos. Em abril de 1987, Gorbachovchegaria a propor aos Estados Unidos a destruição total dos mísseisde alcance médio plantados na Europa Ocidental, norte-ameri-canos ou soviéticos, no que esteve resolutamente amparado pelogoverno britânico. Com a primeira-ministra Margaret Thatcher,o líder soviético acordou uma ampla colaboração, em vários cam-pos, inaugurando uma comunicação corrente e direta entre oKremlin e Downing Street.

Foi em outubro, durante as comemorações do aniversárioda Revolução Russa, que Fidel expôs aos soviéticos o problemadas próximas Olimpíadas que se realizariam em Seúl. Disse quenão se podia deixar os norte-coreanos “em maus lençóis”, por-tanto, devia-se repetir a posição socialista de bloco, que nãocomparecera aos jogos anteriores em Los Angeles.

Fidel já tomara a iniciativa de se dirigir formalmente aoComitê Olímpico, reivindicando a divisão do evento entre asduas Coréias. Propunha que as Nações Unidas se incumbissemda gestão política da competição, cuja natureza harmônica foramaculada no transcurso dos anos, ao grifar, à sua maneira, oconflito entre as superpotências e a sua diferença com o Ter-ceiro Mundo. Sobre a proposta de Fidel, contudo, ninguém moveuuma palha. Com exceção dos norte-coreanos, todos os socia-listas viajaram a Seúl, inclusive Cuba, cuja ausência só interessava

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se não fosse um ato isolado. Em particular, o líder cubano jul-gou a atitude do bloco nada mais que “a declaração de debilidadee desespero”.

Em outra reunião com representantes dos países do mer-cado comum socialista, Fidel relatou a “retificação” que se levavaa cabo em Cuba e lhes aconselhou a brecar esquemas que perigavamfazê-los desabar no caos absoluto. Mas entusiasmou-se ao ouvirde Gorbachov a intenção de realizar uma “perestroika”, uma re-estruturação na URSS: do que pôde apreender, assemelhava-seao que se vinha executando em Cuba. O líder soviético expôs anecessidade de abandonar “estereótipos ideológicos” queobstaculizavam a plena revelação do socialismo, e de derrubar aidéia do “terror militar soviético”, alimentada pelo mundo. Tra-tando-se de uma espécie de retomada da “coexistência pacífica”,Fidel colocou a questão: como a URSS pensava configurar oansiado equilíbrio entre os dois sistemas sociais antagônicos,com um outro mundo desigual e de subdesenvolvimento intole-rável, em que se processavam “guerras sujas” contra Nicarágua,Angola e Moçambique, o descalabro do apartheid e a tragédiados palestinos? Os ouvintes apenas gravavam na mente a suafala, sem comentários. Ao sair dali, seria ele a ter o cuidado decalar sobre os problemas que afligiam o bloco.

Depois de demorada negociação, Gorbachov e Reagan as-sinaram o acordo que visava a liquidar os foguetes de pequeno emédio alcance. No final de 1988, o dirigente soviético já acu-mulava os cargos de secretário geral do PCUS e Presidente doSoviete Supremo, contando, para o diálogo com os Estados Uni-dos, com um novo mandatário, George Bush.

A perestroika e a glasnost (transparência) ganhavam espa-ços cativos na mídia e provocavam a revisão do pensamento deintelectuais e políticos que anteviam, assustados, o desapareci-mento do socialismo. Com uma pitada de desgosto ou de alívio,alguns afirmavam que Fidel não era um seguidor de Gorbachov,o paladino de drásticas reformas.

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Para desanuviar o clima de animosidade, o dirigente sovi-ético desembarcou em Cuba, em abril de 1989. Após a assinaturade novos convênios, Fidel saudou Gorbachov com galhardia, semlhe poupar elogios:

“Estamos hoje na presença de quem foi um verdadeirocruzado pela paz. (...) O cumprimento mais cabal daquela idéialuminosa de Lênin ao triunfar a Revolução de Outubro. (...)Existiu, existe e existirá uma grande colaboração entre nós,cada vez maior...”2

Aos cubanos, o soviético esclareceu:“Nossa solidariedade com vocês, queridos companheiros,

não está sujeita a flutuações conjunturais! Isto diz respeito, emparticular, aos vínculos econômicos. Têm que ser mais dinâmi-cos, mais eficientes e aportar maior rendimento aos nossospaíses...”3

Além de explicar a reorganização do aparato estatal na URSS,a reformulação das relações entre as nações do bloco socialista edos direitos das repúblicas federadas, Gorbachov franqueou ou-tras questões da crise corrente em seu país:

“Por que no cosmos fazemos milagres, se na vida cotidia-na não garantimos, em certas ocasiões, o imprescindível? Como,finalmente, surgiram na sociedade fenômenos de corrosão mo-ral, apatia e egoísmo, alheios ao socialismo?”

Já nessa fase Fidel via que os críticos não mais culpavamCuba como um satélite da URSS e que, ao contrário, desejavamque assim fosse; mas lembrava que seu país estava em uma ou-tra latitude, “a 90 milhas de Miami”, em uma problemáticaparticular.

Havia ainda alterações do sistema chinês, entendidas comouma abertura econômica com repressão política, esta melhordiagnosticada após os distúrbios na Praça Tian Amen, em junhode 1988, em Pequim. Recobrando a simpatia pelos chineses, Fidelfalou que não queria ser um cúmplice dos seus detratores e nemseu juiz, mas que eles haviam realizado o milagre: só com 100

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milhões de hectares de terra, que sofriam inundações colossais,alimentavam 1,143 bilhão de habitantes. E completou: “Jamaispensei que os chineses haviam renunciado aos seus objetivossocialistas, apesar da abertura ao Ocidente...”

De toda maneira, restava a Cuba o papel de subversiva nanascente ordem internacional, bem discorde da almejada por Fidel,o que lhe exigia uma dupla cautela:

“Não podemos cometer erros que nos debilitem ideologi-camente... E devemos dizer, de uma vez por todas: seguiremosapenas com um único partido, da mesma forma que Martí nãonecessitou de mais de um para levar a luta pela independênciano século passado...”

Naquele final de 1988, acometia-lhe à memória imagensda fase da Revolução Francesa intitulada o império da “lei deSaturno”. A mãe Revolução, como o deus Saturno, devorava ospróprios filhos, em uma espécie de defesa mórbida. Um dia ro-lava a cabeça de Danton, no outro a de Robespierre e daí pordiante, embora no processo da Revolução Cubana, nascida emum contexto de guerra fria, a capacidade de Fidel de se mover

Com Raúl Castro

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em distintas representações da autoridade, viesse livrando o paísde um desmonte. Ainda assim, não era à toa que as imagensresolviam se assomar às suas íntimas reflexões.

Fidel andava conturbado pelo mais grave caso de corrupçãonas entranhas do Estado, desde o alvorecer da Revolução: “ocaso Ochoa-de La Guardia”, como ficou conhecido. Até então,não se tornara visível, mas não eram poucos os que de algo sabi-am. As peças do caso, passo a passo reveladas, encaixavam-seem um tabuleiro de podres poderes, em momento que não podiaser mais delicado, por conta das crises interna e externa, dese-nhando um golpe à Revolução. Já em 1987, Fidel havia lidado,em seu gabinete, com casos de altos funcionários e militares depatente que adquiriam bens de modo irregular e os que tomaramaviões para abandonar o país.

Com 49 anos, charmoso e viril, ele era um dos oficiaismais condecorados e queridos em Cuba: Ochoa, o general dedivisão Arnaldo Ochoa Sánchez. Desde 1983, encontrava-seconstantemente fora do país, salvo em reduzidos períodos, de-sempenhando missões militares na Etiópia, Nicarágua e Angola.Desejoso de reunir capital, seu primeiro sinal de desvio sucedeua meados de 1986. Seu ajudante, o capitão Jorge Martínez Valdés,em viagem de trabalho ao Panamá, encontrou o ítalo-norte-ame-ricano Frank Morfa, que lhe sugeriu uma participação emoperações de “lavagem de dinheiro”. Ochoa, ao saber, abraçoua idéia, só não sabia como levá-la a cabo, mas instruiu o aju-dante a prosseguir alimentando contatos. No início de 1987,apareceu o colombiano Fabel Pareja, desejando estabelecer co-municação direta com aquele a quem o capitão devia obediência,para que se pudesse acertar o negócio. Em seguida, ofereceu-lheum passaporte colombiano. Pareja trabalhava para Pablo Escobar,o chefe do Cartel de Medellín.

Ao se informar da existência de um esquema de operaçõescom drogas a partir do departamento “MC” (Moeda Conversí-vel) do MININT – destinado a captar divisas e adquirir produtos,

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peças e equipamentos no exterior, escapando ao bloqueio –, ogeneral Ochoa pensou em alinhavar a colaboração.

Tony de La Guardia, o coronel que dirigia o departamentoMC, levava seus negócios com cautela. Exercia o privilegiadoposto desde 1982, após a aprovação da Lei nº 50 – que autoriza-va asssociações com empresas estrangeiras. Conquistara a simpatiae o apreço de Fidel desde 1961, quando o conheceu em umacompetição de regatas, na qual Fidel era o padrinho da equipePescadores, vencida pela equipe Caribe da Universidade de Ha-vana, composta por Rolando Cubela e os irmãos gêmeos de LaGuardia (Tony e Patricio).

Oficiais do MININT, entre os quais o coronel de La Guardia,e um grupo da corporação CIMEX (entidade cubano-paname-nha que servia ao MC) mantinham um padrão de vida burguês.Em meados dos anos 80, Fidel soube de atividades, festas quepromoviam, além de clínicas, restaurantes e clubes para atendi-mento exclusivo, e lhes fez chegar uma advertência: “Não tolerareiaproveitadores. Que isto não se repita”. E solicitou que os esta-belecimentos fossem entregues à administração do Poder Popular.Com a faculdade de importar aparelhos de telefonia, gravado-res, televisões a cores e outros bens de consumo ocidentais,inclusive iates, o grupo deles desfrutava ou os presenteava aosseus protegidos. Os beneficiários possuíam inclusive uma iden-tificação: relógios Rolex em aço acinzentado no pulso.

As atividades do departamento MC envolviam relações comestrangeiros que dispunham de meios navais e aéreos e detinhama autoridade para coordenar a guarda-fronteira e serviços afins.O primeiro elo entre o coronel e os narcotraficantes se concreti-zaria no Panamá, através do seu funcionário Miguel Ruiz Poo eum primo deste, também cubano (Reinaldo Ruiz), casado comuma colombiana. No início de 1987, acertaram que um aviãoprocedente da Colômbia aterrissaria em Cuba com caixas de com-putador IBM repletas de cocaína. Lanchas vindas de Miamirecolheriam a droga embalada em caixas de charuto cubano. A

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operação, realizada em abril, proporcionou ao grupo 320 mildólares. Em maio, um outro avião aterrissava na base militar dapraia de Varadero com o mesmo objetivo, completando-se, noano, cinco operações exitosas e uma que falhou porque o aviãonão chegou à base.

Na vertente de Ochoa com seu ajudante, corriam aquelesmeses sem novidade. Até que, em novembro de 1987, em umaviagem a serviço, alguém, em nome do colombiano Pareja, en-tregou ao capitão aquele passaporte prometido, com o nome deFidel Buitrago Martínez. Concomitantemente, com o avanço daguerra no sul de Angola, o ministro das Forças Armadas Revo-lucionárias (FAR), Raúl Castro, delegava ao general Ochoa aresponsabilidade integral à frente das tropas cubanas naquelepaís, para onde ele logo partiria, sem se desvencilhar da idéia donegócio do tráfico.

Na segunda quinzena de abril de 1988, Ochoa despachouo seu ajudante, de Angola a Havana, para uma reunião com ocoronel Tony de La Guardia e representantes de Pablo Escobar,que viajariam ao país como turistas. O capitão Martínez levavaconsigo uma mensagem de Patricio de La Guardia, que tambémestava em missão em Angola, para seu irmão gêmeo Tony, emque lhe requeria “o máximo de boa vontade” com quem repre-sentava o seu grande amigo Ochoa. No encontro, foi firmadoum pacto, em que cabia uma participação a alguns mexicanos.

O general planejava criar uma companhia panamenha paraconduzir as operações e abrir caminho para a “lavagem de di-nheiro” em Cuba. Já possuía uma conta no Panamá, aberta emnome do capitão Martínez. Parte do dinheiro ali depositado erapropriedade da Nicarágua e outra parcela de Cuba.4 Quanto àprimeira, sua origem se reportava aos primeiros meses de 1987,quando o major-general Joaquin Quadra Lacayo, o responsávelpelas finanças do Exército Sandinista, entregou ao general Ochoa– então o máximo representante das FAR de Cuba naquele país– um total de 161 mil dólares para compra de material bélico.

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Previamente, o general afirmara dispor de meios seguros para ofornecimento; mas, meses depois, seu ajudante Martínez expli-cou ao major Lacayo que a negociação estancara, porque osprovedores se deparavam com sérios obstáculos para colocar acarga em território nicaragüense.

A relação dos gêmeos de La Guardia fundamentava o vín-culo com Ochoa. Martínez, como emissário, viajaria ao exterioramparado por trâmites regulares. Em maio de 1988, partiu paraMedellín (Colômbia) a fim de negociar diretamente com PabloEscobar, como representante do governo cubano. No aeroporto,foi recebido por um irmão de Escobar. Pablo, ao encontrá-lo,concordou em pagar 1.200 dólares por quilo de cocaína, comorecompensa pela cooperação de Cuba.

Em uma primeira operação, envolvendo o general Ochoa,previa-se que uma embarcação de bandeira panamenha recolhe-ria, em alto-mar, duas toneladas de cocaína e navegaria até asproximidades de Cienfuegos, onde funcionários de Tony de LaGuardia levariam a carga até o porto de Mariel, à espera de serrecolhida pelas lanchas de Miami.

Mas o plano não se realizou, porque o piloto da embarca-ção original foi assassinado por traficantes concorrentes. Martíneze os representantes de Escobar conceberam, então, iniciá-la porar e de La Guardia aceitou dar cobertura, na seqüência, como sefossem encomendas de tabaco. No entanto, um novo imprevistosucedeu: a carga que se lançou de uma aeronave foi capturada.Escobar reclamou e o pessoal de Tony declarou ignorar o fato.Em dezembro de 1988, em Angola, Ochoa era informado de umsério problema: o chefão Escobar pretendia mandar um homema Cuba para se queixar às autoridades, supondo que as opera-ções eram autorizadas pelo mais alto nível do governo.

Em 20 de abril de 1989, entraram em cena dois mexicanosque queriam adquirir até duas toneladas de cocaína por mês. Tonyde La Guardia e Ochoa conversaram sobre a divisão dos lucros.Uma semana depois, o capitão Martínez viajava para conversar

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com um mensageiro de Escobar e comunicar-lhe o pedido dosmexicanos, assim como a viabilidade de ser usado um corredoraéreo, a ser devidamente pago. Afinal, a vertente de Ochoa (delee de seu ajudante) não teria êxito em qualquer dos planos detráfico em que se envolveu; ao contrário de Tony, cuja equipesoube manter o outro lado bem “compartimentado” sobre suaspróprias operações, quase todas bem-sucedidas.

O grupo de La Guardia montara um sistema profissionalde apoio, como sendo para atividades normais do MC. De janei-ro de 1987 à segunda quinzena de abril de 1989, conseguiu realizar15 operações: cinco em 1987 (em intervalos de dois ou três me-ses); duas em 1988 e oito em 1989, em quatro meses. Sentindo-seo dono da área e com as “costas quentes”, o grupo embalara naetapa final, em que adotou o método de “bombardear” a merca-doria. A cocaína, protegida e empacotada, era lançada ao mar aonorte de Varadero e, para evitar ser detectada pela polícia norte-americana, era “clavada” (enterrada em alguma ilhota ou submersaa pequena profundidade). Simultaneamente, Ochoa solicitava umadiantamento ou empréstimo a de La Guardia de 100 mil dóla-res, dos que recebeu 50, depositados na conta no Panamá. Enfim,em 1989, o saldo da conta panamenha de Ochoa era de 200 mildólares, contendo a sobra de uma quantia que lhe fora entreguepelos angolanos para aquisição de equipamentos de comunica-ção. De Angola, Ochoa havia enviado armamentos ao ExércitoSandinista – fuzis, baionetas, granadas e acessórios –, o que foientendido como uma compensação pelo negócio anterior parali-sado. Daqueles 161 mil dólares empenhados pelos sandinistas,o general havia usado só um pequeno montante.

Agravara-se, a essa altura, a suspeita sobre as atividades.Por agentes infiltrados nas redes da máfia e do exílio cubano, ainteligência norte-americana tinha ciência de que, desde o pri-meiro semestre de 1987, de modo esparso, aviões com drogasprocedentes da Colômbia vinham realizando aterrissagens na basede Varadero, com a cumplicidade da Segurança do país. Em 1988,

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circularam comentários de narcotraficantes que afirmavam ha-ver feito operações com Cuba e, em seguida, veicularam-se notíciasnos Estados Unidos, mencionando Varadero e o nome de RaúlCastro. Ainda que pudessem ser interpretados como expedien-tes da tradicional contrapropaganda – que, em etapa recente, incluírao tema da droga pelas relações com o general panamenho Noriega–, alguns detalhes que permeavam os fatos mexeram com a in-tuição de Fidel, que acionou a contra-inteligência cubana.

Investigação em curso, esta passou a se concentrar na apu-ração do tráfego aéreo e naval em Varadero. Logo, o grupo de LaGuardia se recolheu, desmontando esquemas e tentando apagaras impressões, o que explica a baixa intensidade das operaçõesem 1988. De seu lado, os federais norte-americanos já possuíamdois nomes de oficiais cubanos, mantidos ainda em discrição:Tony de La Guardia e Miguel Ruiz Poo, seu subordinado – eainda gravações de conversas mantidas no Panamá entre um deseus agentes e Ruiz Poo. A ruptura do “segredo” entre homensadestrados no hermetismo e na “dupla moral” dava-se na mesmarazão das relações nos interstícios da máfia internacional, cujasemente em Cuba se localizava na etapa anterior à Revolução.

Em 6 de março de 1989, um despacho da agência noticio-sa UPI assinalava:

“Dois narcotraficantes se declararam culpados de trans-portar mais de uma tonelada de cocaína através de Cuba, com asuposta ajuda de militares e funcionários desse país, informou-se hoje pelo escritório da Promotoria Federal de Miami. O grupofoi infiltrado por agentes secretos que se fizeram passar por com-pradores e conseguiram gravar os encontros em áudio e vídeo...”

Para Fidel, “era um desarmamento moral”. Convocou JoséAbrantes, o ministro do Interior, para executar uma pesquisa defundo, mais além dos aviões vindos da Flórida ou outras partesdo Caribe que costumavam violar o espaço aéreo de Cuba. Asrádios da contra-inteligência perseguiam e checavam todas ascomunicações de Miami ou da Colômbia, por qualquer meio.

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Um informe, finalmente, detectou que “a partir de 16 de marçode 1989, sinais reincidiam no indicativo ‘Gordo’, em rede a par-tir de Miami, e em embarcações circulando a noroeste de Havana,próximo às costas”, o que começaria a ser objeto de atenção

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priorizada. Em meados de abril, Fidel queria saber os nomes dosfuncionários implicados. Em seguida, descobriam-se contatosradiofônicos entre a província de Matanzas, onde se situa Varadero,e a Flórida, em 23 de abril, sobre fornecimento de drogas; e umpossível ponto de mensagens, o escritório de Amado Padrón, oassistente do coronel de La Guardia. Dia 27, em uma reunião docomando do MININT, de que participava Tony de La Guardia,resolvia-se a captura de algumas daquelas lanchas. No mesmodia, a propósito de despachar com o MC, um oficial da contra-inteligência fez a Tony perguntas sobre as comunicações dodepartamento, que ele respondeu com a habilidade suficiente paraamainar as suspeitas. Maio e junho transcorreriam sem aparen-tes novidades desse lado.

Nessa mesma etapa, Raúl Castro e o setor de contra-inteli-gência militar se dedicavam a uma outra investigação: sobre certoscomportamentos do general Ochoa, o que exigia adiar a sua de-signação como chefe da Divisão do Exército Ocidental, conformeanunciado ao seu regresso de Angola. Raúl esperava que, comuma conversa franca, tudo se resolvesse; mas, nos encontros comOchoa, percebeu simulações e evasivas. “Ochoa já não era o jo-vem soldado rebelde da coluna de Camilo, o internacionalistaque lutara nas montanhas da Venezuela, o chefe de nossas tropasna Etiópia...”, declarou Raúl.

As investigações atingiam provas de um tema sensível:comércio e enriquecimento ilegais por contrabando de marfim ediamantes a partir de Angola. Não restava outra alternativa se-não detê-lo, o que ocorreu no dia 14 de junho, a fim de possibilitarum maior aprofundamento dos fatos. Raúl comunicou a decisãoà sociedade cubana, tentando encontrar motivos para os desviosdo general, citando, entre esses, o grave abatimento ante as difi-culdades econômicas do país, unido ao desgaste de Ochoa porsuas sucessivas missões no exterior, mas frisou a razão moral:“Foi uma ética espartana, cimentada na unidade, que fez possí-vel a nossa resistência e a nossa obra.” 5

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Antonio de La Guardiafoi fuzilado...

e Patricio de La Guardia,condenado a 30 anos

Vista geral do Tribunal de Honra das FAR

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Jorge Martínez,fuzilado

Amado Padrón Trujillo,fuzilado

PROFERIDAS PELO TRIBUNAL MILITAR ESPECIAL, AS SENTENÇAS:Pena de morte para Ochoa, Martínez, Antonio de La Guardia e Amado Padrón.

30 anos de preisão para Patrício de La Guardia, Antonio Sanchéz Lima, EduardoDíaz Izquierdo, Aléxis Lago Arocha, Miguel Ruiz Poo e Rosa Maria Abierno Gobín.

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Outros detidos seriam os gêmeos Patricio e Tony de LaGuardia, por colaboração com Ochoa no contrabando, além deoutras violações, como de normas de entrada e saída do país.Mais adiante apareceram confirmações de envolvimento com onarcotráfico, depois de confissões de uma cubana que estiveraem Luanda, convivendo com os oficiais em tarefas administrati-vas, além de documentos – cartas e cartões – que apontavam aligação do capitão Martínez com o Cartel de Medellín.

Em 25 de junho, iniciou-se o julgamento do Tribunal deHonra das FAR sobre o general Ochoa, acusado de práticas imo-rais e corruptas, que recomendaria pô-lo à disposição de umTribunal Militar especial, para ser julgado por traição à pátria. Ojuízo da Causa 1, Conexão Cubana – envolvimento com o tráfi-co de drogas, marfim e diamantes, locupletação pessoal e de grupo– como ficou conhecida, começou às 20 horas do dia 30 de junho.O Tribunal Militar especial era integrado pelos generais de Divi-são Ramón Espinosa Martín, das FAR (como Presidente), JulioCasas Regueiro, também das FAR, e Fabián Escalante Font, doMININT (como juízes). Atuavam, como representante do Mi-nistério da Justiça, o general de Brigada Juan Escalona Reguerae nove oficiais como defensores dos 14 acusados. Durante o juízo,Ochoa alegou que, com o negócio que havia concebido, poderiaaliviar os problemas do país e do exército; que Cuba era demasi-ado honesta, pois desperdiçava oportunidades, como a de lavagemde dinheiro. Confirmava-se também, de acordo com os depoi-mentos, que o grupo de Tony ajudara a trafegar por Cuba seistoneladas de cocaína, pelas quais recebeu 3,4 milhões de dóla-res, aproximadamente, restando pagamentos pendentes, devidoà interrupção das operações. Os fundos apareceram em malas eesconderijos, em casas de amigos e familiares. Com o coronelde La Guardia foram encontrados 174.446 dólares.

Em 4 de julho, o promotor (general de Brigada Juan Escalona)solicitava a pena de morte para sete dos 14 oficiais das FAR e doMININT e 30 anos de prisão para Patricio de La Guardia. Na

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sentença do Tribunal Militar especial, ratificada pelo TribunalSupremo Popular, reduzia-se o número de sanções à pena capi-tal. Consultado o Comitê Central do Partido Comunista de Cuba(PCC), dez membros argumentaram contra o fuzilamento. Fideldecidiu a favor, junto com todo o Conselho de Estado:

“Tivemos que deixar tudo de lado para nos dedicarmosaos da ‘dolce vita’. Quem poderá voltar a crer na Revolução serealmente não se aplicarem, para faltas tão graves, as penas maisseveras que as leis do país estabelecem? Como poderemos ga-rantir a disciplina em nossas Forças Armadas e no Ministério doInterior, se um chefe de um Exército de dezenas de milhares dehomens em combate se dá ao luxo de reservar tempo para taisatividades, como alguém que se sente acima da lei, da moral, dopaís? Quem voltaria a falar de retificação?

“(...) Há muitos que pensam que sou eu quem decide sealgo deve ser feito ou não e digo com toda franqueza: se apenaseu tivesse que decidir, e não o Conselho de Estado em nome dosrepresentantes do povo, adotaria exatamente a mesma decisão.Hoje, a Revolução não pode ser generosa, sem fazer um profun-do dano a si mesma!”

Na mesma ocasião, acrescentou um curioso detalhe:“E não é que pretendamos jogar a culpa agora nos Estados

Unidos. Mas eles podiam, discretamente, haver-nos dito algo,antes de tudo vir a público: ‘há dois oficiais cubanos fazendoestas operações’ e não teriam que explicar como sabiam... Possocitar um fato que ocorreu não faz muito tempo. Através da inte-ligência, nos chegaram informações de que um grupo de elementosreacionários de um estado do Sul dos Estados Unidos falava emfazer um atentado ao Presidente Reagan. Os dados que tínha-mos não eram muito precisos, no entanto, dei instruções aoMinistério do Interior de informar confidencialmente às autori-dades norte-americanas o assunto...”

Setores da sociedade e do Estado julgaram exacerbada asentença. Fidel recebeu mensagens de personalidades do exteri-

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or apelando que se reconsiderasse a decisão. Sobre o julgamen-to do caso Ochoa-de La Guardia, os meios de comunicaçãopontificavam que o pano de fundo era a crise da Revolução e asgretas no poder em Cuba; que os réus em questão estavam ser-vindo como “bodes expiatórios”. Alguns declararam que era ahora final de Castro, pois fora derrubado o pilar dos militares,como um efeito em cadeia da ruína do socialismo. Por outrolado, grupos de opinião compreenderam a atitude como a clarademonstração ao mundo de que havia princípios inegociáveispara Fidel e a Revolução; ou que, nesse contexto, prepondera-vam as razões do Estado, acima do bem ou do mal, parceiras doinstinto de sobrevivência, sobre outras quaisquer.

Se analisados os casos mais significativos de “traidores”da Revolução, cujo drama os caracteriza como antagonistas deFidel, nem sempre a inclemência norteou os julgamentos, que

Na madrugada de hoje, 13 de julho, foi executada a sentença ditada pelo TribunalMilitar Especial sobre a Causa nº 1, contra os condenados Arnaldo Ochoa Sánchez,

Jorge Martínez Valdés, Antonio de la Guardia Font e Amado Padrón Trujillo

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dependeram do significado da ameaça. Para com Rolando Cubela,caso revelado em um tempo de “consolidação revolucionária”(1965/66), que pretendia assassinar o líder cubano, pode-se afir-mar que houve benevolência, porque ele não recebeu a penamáxima – o que, de maneira simbólica, aponta, uma vez mais, àinadvertência de Fidel para com a sua vida física, entregue àsbençãos da sorte. Também é verdade que o caso Ochoa-de LaGuardia evidenciava a mais vil tendência dentre as que determi-naram o difícil processo da “retificação”. Fuzilados ambos umasemana depois da sentença, Ochoa, minutos antes, apenas soli-citou a Fidel que lhe fosse tirada a venda dos olhos.

Decerto, o relatório da contra-inteligência do MININT quedetectara o esquema MC, transbordaria os marcos de seu objeti-vo. A partir dele, surgiu a mancha em toda a estrutura do “Minis-tério”, como se chamava o MININT entre o povo, por seu grau derelevância no Estado e penetração na sociedade. Nele, um gran-de grupo de elementos, se não estava envolvido nos esquemas,“tapava os olhos” ou “lavava as mãos”. Até o ministro Abrantes.

Esquema da conexão do tráfico

1. A cocaína proce-dente da Co lôm-bia era trans-portada por aviãoaté Varadero.

3. Lanchas rápidas transportavamas cargas de Varadero e daságuas territoriais cubanas até aFlórida.

2. Outra fórmula consistia em“bombardear” a droga protegidaem pacotes fosforescentes, emáguas territoriais.

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Outro informe narrava os comentários de círculos donarcotráfico envolvendo oficiais cubanos, como Tony de LaGuardia, o qual foi conhecido por Abrantes em 25 de fevereirode 1989. O ministro pediu que se colhessem mais detalhes, oque coincidiu com o momento em que se iniciava a fase derra-deira das operações com drogas, caracterizada pela retranca e oocultamento por parte dos responsáveis. Quando já o caso es-tourava, Fidel apurou que Abrantes “engavetara” os informes. Oministro foi, então, informado que seu destino seria o ostracis-mo ou, como diz o cubano sobre quem é demitido e mandadopara casa, partiria para o “plano pijama”. Sobre as advertênciasdo Comandante anos antes, pedindo providências ao ministropara o fim da “dolce vita”, algumas foram atendidas parcialmenteou no todo, outras foram ignoradas. Em 28 de junho, era desig-nado para o seu cargo de ministro do Interior o general AbelardoColomé Ibarra (Furry) das FAR.

“Destruíram moralmente o Ministério do Interior e é pre-ciso reconstruí-lo. A sua direção tem responsabilidade... por suainsensibilidade frente à conduta de alguns desses senhores quetodo o mundo sabia que eram uns potentados que gastavam, os-tentavam e viviam diferente dos demais”, justificou Fidel.

Pouco a pouco, oficiais do Ministério das Forças Armadas(MINFAR) assumiram as chefias de distintos departamentos doMININT. Abrantes foi enviado à prisão e dava-se início à Causanº 2, que redundaria em uma real devassa no “Ministério”.Conduzida pelo Tribunal Militar especial, ela concluía sua pri-meira sessão em 24 de agosto. Como acusados, o general de DivisãoJosé Abrantes e outros seis altos oficiais do MININT por “abusode cargo, negligência e uso indevido de recursos financeiros emateriais”. O ex-ministro admitiu haver autorizado operaçõesfinanceiras à margem do Estado, desleixo no traslado de infor-mação à alta direção do país e a existência de uma reserva milionáriaem divisas, manejada de modo oculto e ilegal, para a aquisiçãode bens ao organismo e para usufruto de particulares.

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Em articulação com a corporação CIMEX e outras empre-sas do país que negociavam em dólares, as reservas podiam serrapidamente movimentadas a partir do Banco do Estado. Dessesistema “paralelo”, quase corporativo, participavam funcionári-os do MININT, da Aduana Geral da República, de uma empresacomercial criada pelo ministro e do MC, através do qual se tece-ram relações com empresas estrangeiras, principalmente emAngola, Gana e Panamá. Tais atividades ilegais eram julgadaslegítimas em função da deformação do sistema, sobretudo noMC criado para burlar o bloqueio. O ministro, atrás das grades,perguntava-se do que, enfim, fora culpado, entre lembrançasdescontínuas, amargas e entrecortadas.

Apesar dos rumores dentro e fora do país, os réus das cau-sas de 1989 não estavam com um programa pronto para asubstituição do poder. Mas o Estado que os puniu, assim poderiahaver percebido, dada sua dimensão conspirativa. Naquelas cir-cunstâncias, era cabível supor que, se não extirpada na raiz, arede formada poderia se tornar uma base de manobra para inte-resses contra o regime.

A título de complemento, Abrantes havia preparado, a pedi-do de Fidel, um ano antes, um documento com propostas desuperação para a crise que acometeria o país na hipótese de quedada URSS. Alguns colaboradores do “Ministério” redigiram pau-tas, em que coincidiram os seguintes itens: descriminalização dodólar e liberação para o exercício de empresas privadas em Cuba.

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Na Espanha, com o Rei Juan Carlos e o premiê Felipe González

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URSS, o pai fracassado

Oplano do general Ochoa engatinhava, enquanto Cubasustentava um papel de proa nos processos da África eda América Central. A diferença é que, na região sul-

africana, encontrava-se distante a possibilidade de uma explosãosocial como na centro-americana, foi a reflexão de Fidel, embo-

C A P Í T U L O 4 8

Com o premiê soviético Mikhail Gorbachov

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ra não abandonasse a probabilidade de um estiramento da lutaem qualquer dos casos.

Ao longo de 1988, Cuba, no intuito de abrandar o desastreeconômico da Nicarágua, doava-lhe artigos, alimentos e, a cadaano, 90 mil toneladas de combustível ; mas já Daniel Ortega ex-pressava a firme decisão de negociar o fim do confronto. OCongresso norte-americano, não obstante, aprovou uma ajudaaos “contras” no valor de 40 milhões de dólares, que muito fa-voreceu o enraizamento da candidata de oposição à Presidênciana Nicarágua, Violeta Chamorro, em 1989. Quanto à guerrilhasalvadorenha, permanecia em combate, sem definição.

Pela guerra em Angola, em dez anos, calculava-se que ha-viam passado mais de 200 mil cubanos. Junto aos países da Linhade Frente – Botsuana, Tanzânia, Moçambique, Zâmbia e Zim-babwe –, o Movimento Popular para a Libertação de Angola(MPLA) apresentara uma fórmula para terminar as hostilidades,prevendo três anos para a retirada das tropas no sul (o maiorcontingente), no centro e no norte. Os sul-africanos a rejeitaram,exigindo a imediata saída dos cubanos, como prévia condição àefetivação da Resolução 435 da Organização das Nações Uni-das (ONU), de Independência da Namíbia1. Em fins de janeirode 1986, em uma reunião tripartite (soviético-angolano-cuba-na), elaborou-se a pauta que Gorbachov deveria expor aos EstadosUnidos – que também participaram da iniciativa de paz na África–, em uma tentativa de desobstruir a barreira posta pelos sul-africanos.Fidel, de sua parte, reduzia, gradativamente, o seu pessoal mili-tar em território angolano. Até 1983, ano em que a situaçãoeconômica angolana declinou, Cuba havia recebido, a cada ano,20 milhões de dólares pela colaboração civil e técnica dos gru-pos que para lá seguiam, mas nada pela colaboração militar.

Em fins de 1987, com o crescimento das tensões, partia paraAngola uma nova missão militar. De quando em vez, para círcu-los íntimos, o general Ochoa, o chefe da missão, reclamava que ohaviam despachado a uma guerra perdida. Tal estado de descrédi-

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to revelava-se em seu comportamento pouco receptivo às instru-ções emitidas de Cuba, preferindo utilizar uma estratégia própria.

Fidel reclamou da insubordinação, mais ainda quando in-formado da ausência de Ochoa de uma reunião no centro deoperações de Luanda, onde também participavam os assessoressoviéticos. Ochoa dispunha-se a deslocar tropas situadas no sul,em Cuito Cuanavale e em Menongue, em direção ao centro dopaís, onde a UNITA acentuara os ataques. Mas, baseando-se nosestudos que realizava sobre seus mapas, Fidel afirmava que nãose podia comprometer a resistência na frente sul, estando segurode que ali ocorreria o grosso do confronto que se avizinhava.

No dias 13 e 14 de janeiro de 1988, um ataque sul-africanoobrigou o deslocamento de um batalhão de tanques, que atra-vessou 200 quilômetros para chegar a Cuito Cuanavale. Umaorientação enviada por Fidel a Ochoa, em 17 de janeiro, relativaà defesa, não seria cumprida.

“Deve-se reduzir o perímetro da defesa no lado leste dorio (Cuito), estabelecendo as brigadas 59 e 25 em posições bemfortificadas mais próximas do mesmo... Estas devem cobrir adireção leste, de modo que a Brigada 8 recupere a sua missão detransporte de abastecimento...”

Fidel acabou mandando buscar o general para discutir, pes-soalmente, a urgente situação e convencê-lo do esquema de defesa,dando-lhe a tarefa de “vencer qualquer senão dos aliados ango-lanos ou de qualquer assessor soviético”. Resolveu reforçar aaviação em Angola com os seus melhores pilotos e enviou gru-pos especiais do Ministério do Interior (MININT) para o controleda zona da termoelétrica e como meio de desviar a pressão sul-africana sobre Cuito a leste. Reajustar as linhas tornava-seimprescindível, pois havia uma série de brigadas angolanas quedependiam de uma ponte que era constantemente atacada pelaartilharia adversária, de longo alcance. No dia 14 de fevereiro,produzia-se o grande ataque sul-africano, desde logo antevisto,cujas tropas poderiam haver chegado até a ponte e aniquilado as

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brigadas angolanas, o que só pôde ser evitado pelo contra-ata-que forte e desesperado de uma companhia de tanques.

Aproximadamente, um mês depois, Fidel escreveu a Ochoa:“Foi uma constante, por parte de vocês, menosprezar as possí-veis ações inimigas… Não te oculto que aqui estamos amarguradoscom o ocorrido, previsto e advertido em reiteradas ocasiões...”2

O reajuste ordenado ainda demorou, mas, por sorte, a For-ça Aérea cubana já assumia um papel decisivo. Em uma mensagemdo dia 20, Fidel ainda pressionava por agilidade no remanejodos tanques para resolver aquele perigo a leste. Dia 21, dizia:

“É realmente incompreensível a lentidão com que se proce-de em Cuito Cuanavale. Parece que só amanhã chegarão umascordas para a ponte.... Algo está falhando na transmissão das or-dens... Os que ali estão dirigindo ignoram as conseqüências militares,políticas e morais, verdadeiramente funestas, de um desastre comas forças a leste do rio, sem que sequer se disponha de uns botespara fazer como os ingleses com sua frota em Dunkerque...

“(...) Nestas condições, creio que ‘Pólo’ (referia-se ao ge-neral de divisão das FAR, Leopoldo Cintra Frías) deve permanecerem Cuito, até que este gravíssimo problema seja resolvido... Anosso juízo, deve-se, sem vacilação, manter um reduto bem for-tificado com não mais de uma brigada a leste do rio, com linhade defesa escalonada, e os tanques disponíveis na retaguarda...”

A partir desse momento, todos os ataques adversários es-barraram no reduto a leste do rio. Os contingentes que se aproxi-mavam caíam sob o fogo da artilharia, nos campos minados esob o ataque vindo dos Mig-23, em seus vôos rasantes. Sem quese alterasse o assédio principal do inimigo sobre Cuito Cuanavale,Fidel daria a ordem de avançar rumo ao sul em 6 de março, quandoo general Ochoa punha um acento nos seus negócios, diluídosem meio à circulação dos mantimentos para a guerra.

Em junho, as tropas cubanas se encontravam próximas àúltima linha da fronteira. Fidel resolvera construir um aeroportoem Cahama, com refúgios para aviões de combate; enviou regi-

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mentos completos de foguetes antiaéreos e outros equipamen-tos. Quanto à África do Sul, o progressivo desgaste militar, aspressões internacionais e a mobilização interna contra o apartheidobrigaram-na a iniciar negociações diplomáticas com o governodo MPLA, então presidido por José Eduardo dos Santos. Reali-zadas as primeiras conversações de paz além-fronteiras entre oscontendores, a inteligência cubana detectou o plano de um outroataque aéreo e maciço sul-africano. Fidel alertou suas tropas,em mensagem de Cuba:

“Tenham pronto o contragolpe com todos os meios aéreospossíveis para a destruição de pontos estratégicos do inimigo.(...) golpear fortemente as bases adversárias na Namíbia... Umponto, depois outro...”

O ataque ocorreria em 26 de junho, sobre forças cubanasem deslocamento. No dia seguinte, Fidel orientou o bombardeioaéreo sobre acampamentos e instalações sul-africanas. Pelos mesesseguintes, ocorreram combates conjuntos com a SWAPO e osangolanos, de que participaram, aproximadamente, 40 mil sol-dados cubanos. A cada dia, eram mais homens feridos e mortos,de lado a lado. O exército sul-africano, bem preparado, contavacom melhor armamento, além de bombas nucleares em sua re-serva estratégica; mas Fidel, concentrando o máximo de sua atençãona estratégia da guerra, conseguiria impor superioridade militar,especialmente na aviação.

As negociações caminharam por Londres, em seguida Cairoe Nova York, em julho. Pela parte cubana, Carlos Aldana assu-mia como chefe da delegação3, substituindo Jorge Risquet. Apartir de 22 de agosto, uma nova rodada quatripartite – Angola,Cuba, África do Sul e Estados Unidos, como país mediador –,em Genebra. Em outubro, um outro encontro foi realizado emNova York, quando a discussão congelou, posto que as exigên-cias sul-africanas pareceram inaceitáveis.

Dos angolanos, eles requeriam a definição de um calendá-rio para a deposição das armas, sem qualquer garantia clara, em

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troca, de que não mais sofreriam agressões. Os cubanos estavamdispostos à total retirada, em termos flexíveis, mediante umasolução global que implicasse o término de toda provocação aogoverno angolano.

Ponto em suspenso e impasse. Mas Fidel não acreditava,no momento, em um novo ataque adversário. Sua orientação foimanter as baterias antiaéreas preparadas para uma emergência,mas também desviar uma quantidade de pessoal dos destacamen-tos avançados, até pela dificuldade de abastecimento. Em dezembro,os acordos foram concluídos, estabelecendo-se o início do pro-cesso de Independência da Namíbia, garantido pela ONU. Doismil e dezesseis combatentes seriam o total de baixas cubanas.

Simultaneamente ao gosto de vitória, o golpe institucional.Na imprensa estadunidense, corriam a galope as denúncias so-bre o envolvimento dos oficiais de Cuba com traficantes. Comoeram fluentes os contatos entre os dois governos nas negocia-ções de paz, Fidel pediu que se argüíssem os representantes doDepartamento de Estado sobre a questão, mas estes afirmaramnão ser a matéria de sua alçada e, sim, da Secretaria de Justiça.

Como antes citado, uma base importante era o Panamá,onde o seu homem forte, o general Manuel Antonio Noriega, emfevereiro de 1988, era destituído da chefia das Forças de Defesapor um complô. Em março e abril, os Estados Unidos queriamseqüestrá-lo e enviaram quase dois mil soldados adicionais àzona do Canal. Noriega declarou a existência de um plano dedesestabilização, a fim de impedir o cumprimento do TratadoTorrijos-Carter. Cuba e Fidel eram, então, apontados como cúm-plices do grande traficante de drogas Noriega.

Fidel, em defesa, para evidenciar o combate ao tráfico emCuba, relacionava o montante de capturas feitas pela polícia cu-bana. De 1970 a 1988, 375 narcotraficantes, sendo 108norte-americanos e 267 de outras nacionalidades, todos julga-dos e detidos com penas elevadas; e mais embarcações e aeronavesque trafegavam as drogas e penetravam nos limites territoriais

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cubanos. As declarações eram feitas enquanto se iniciava a últi-ma fase das operações bem-sucedidas do grupo do coronel Tonyde La Guardia.

Em maio de 1989, ao se prenunciar no Panamá o triunfodo candidato torrijista à Presidência, ocorreram violentos con-frontos e foram anuladas as eleições. George Bush manteve emvigor as sanções econômicas ao Panamá e anunciou o envio demais dois mil soldados, a acrescentarem-se aos 10 mil acantonadosem suas bases. Já Noriega descartava qualquer negociação entreas Forças de Defesa e a oposição.

Em outubro, a intentona de um grupo de oficiais anti-Noriegafalhou. O governo Bush ameaçou intervir no país, se fossem reve-lados os segredos do plano – o apoio que o governo norte-americanodera ao grupo em troca da entrega de Noriega. Em fins de de-zembro, concretizava-se a invasão do Panamá, com bombardeiossimultâneos e conseqüentes mortes, delineando a maior operaçãomilitar dos Estados Unidos desde a guerra do Vietnã.

O general Noriega era a presa desejada. Todavia, andavapor locais não identificados, em função de sucessivas ameaçasde seqüestro. Dizia-se que se encontrava protegido na residên-cia do embaixador de Cuba, Lázaro Mora, mas, na verdade, aliestavam abrigados apenas os seus familiares diretos.4 Soldadosnorte-americanos estacionaram carros de combate em frente àcasa do embaixador e situaram-se nas açotéias de prédios vizi-nhos, com ordens de intensificar uma “guerra psicológica” até oabsoluto esgotamento.

Fidel escreveu ao secretário-geral da ONU, Javier Pérezde Cuellar, e ao presidente do Conselho de Segurança, EnriquePeñalosa, exigindo a condenação ao ato – cujo objetivo era “aretomada do canal de Panamá”5 – e a outorga de garantias àembaixada cubana, pelas provocações dos Estados Unidos aosseus funcionários diplomáticos. Ao saírem da casa, os diplomatascubanos foram detidos e interrogados por militares norte-ameri-canos; entre eles, o próprio embaixador. O local se manteve, por

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vários dias, sob cerco ostensivo e a mira de possantes armas,assim como a sede da Nunciatura Apostólica – um outro “prová-vel” esconderijo de Noriega, como se veiculou –, para onde defato o general se transferiu em 24 de dezembro. Em janeiro de1990, Noriega foi preso por agentes da DEA, a polícia norte-americana antinarcóticos.

No decorrer do processo realizado contra ele em Miami,representantes da Justiça norte-americana se precaveram, atra-vés de meios hábeis, de que saíssem à luz pública certos aspectosque perpassavam o caso, como os laços de agentes da CIA e doDepartamento de Estado com os narcotraficantes e o Cartel deMedellín, para financiamento dos “contra-nicaragüenses”. En-tretanto, confirmou-se a antiga relação de Noriega com a DEA ea CIA, que não lhe perdoara o fato de haver-se recusado acompactuar em operações anti-sandinistas.

No final de 1989, em Havana, Fidel viveu ainda um outroforte impacto que vinha do Continente europeu: a queda do Murode Berlim. Derrubou-se, de fato, à meia-noite de 9 de novembro,impelindo à dissolução de todo um sistema com suas idéias earejando a vocação intevencionista do seu principal opositor, osEstados Unidos.

Fidel, até então, cuidava para não danificar as relações coma URSS, pois seria “uma ingratidão, um oportunismo e uma es-tupidez”, como expressou. Em 26 de julho, sob uma perseverantechuva, dissera a uma multidão acomodada sob um largo teto deguarda-chuvas, quieta e circunspecta: “Imaginem vocês o queocorrerá no mundo se a comunidade socialista sumir! Nessa hi-pótese, que não creio possível, as potências imperialistaslançar-se-iam como feras sobre o Terceiro Mundo...”

Dois dias antes da queda do Muro, assinalou que Cuba en-contrava-se às vésperas de um “período especial”, que fora concebidopara uma eventualidade de guerra ou de bloqueio total ao país:

“No momento em que estamos avançando... não sabemosque conseqüências podem ter os fenômenos que hoje vemos em

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muitos países do campo socialista, que incidência direta terãoem nossos planos... Vai ver que um dia vamos ter que aplicar oespírito de contingente militar a todos os trabalhadores do país…Chamamos de ‘período especial’, porque ninguém sabe que tipode problemas de ordem prática poderão sobrevir...”6

Derrubado o Muro, empenhou o país na resistência, lem-brando a Doutrina Monroe:

“... Porque se amanhã, ou qualquer dia, despertarmos coma notícia de que se criou uma grande contenda civil na URSS, oucom a notícia de que a URSS se desintegrou – o que esperamosnão ocorra jamais –, ainda nessas circunstâncias, Cuba e a Re-volução Cubana continuariam lutando! Cuba não é um país ondeo socialismo chegou após os batalhões vitoriosos do Exército Verme-lho... Mas se houvesse regresso ao capitalismo... seríamos umprolongamento de Miami, o cumprimento da profecia de umPresidente dos Estados Unidos no século passado...”

A política de Gorbachov acelerara a queda do socialismo,que vinha em processo nos países do Leste Europeu. Despencavaem um, logo no outro, como uma seqüência irremediável e com oressurgimento de nacionalidades e etnias. Para melhor adaptarem-se ao sistema ocidental capitalista, organizou-se uma cordial recepçãoa emissários do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Or-ganização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Fidel já sesentiu à vontade para criticar as reformas implementadas na URSS:

“Impossível uma retificação verdadeiramente socialistadesprestigiando o Partido, liquidando a disciplina social, seme-ando o caos em toda parte... Não é a forma de superar osinquestionáveis erros cometidos em uma Revolução que nasceudas entranhas do autoritarismo czarista, em um país imenso, atra-sado e pobre. (...)”7

Não demorou a observar o quadro de aflição no Leste Eu-ropeu, a situação instável dos trabalhadores, com grupos revivendoo culto do germanismo. “Tal evolução pode reconduzir às cor-rentes fascistas…”, refletiu.

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O Conselho de Assistência Mútua Econômica (CAME) seriaem seguida extinto, com a prévia providência de abolir o trata-mento “companheiro”, substituído pelos formalistas “senhor” e“senhora”, que acabaram atacando o espontâneo linguajar emCuba. A este país, aportavam publicações soviéticas deman-dando a ruptura dos laços, assim como de toda ajuda à Nicaráguaou a El Salvador. Fidel ordenou que as fizessem “desaparecerde circulação”.

Cuba, antes um atraente aliado, tornara-se um ônus paraos soviéticos, o dado que, entretanto, não tomara Fidel de sur-presa. Vinha avisando, com insistência, que as dificuldades seriamcada vez maiores: “É preciso sacrificar tudo que não seja essen-cial. Não se trata de sobreviver, mas de continuar se desenvolvendo”.

* * *

O conturbado 1989 compelia a paralisar setores da vida dopaís, mas concluíam-se, ou adiantavam-se, mais de duas mil obras,incluindo-se as dos próximos Jogos Panamericanos, que se rea-lizariam em Havana. Com um fôlego e um batimento de pulsopouco crível, Fidel alertava o povo sobre as iminentes, severas eas mais adversas restrições, sobretudo de essenciais matérias-primas, alimentos e combustíveis. Logo Cuba perderia, de fato,75% de suas importações e mais de 95% do mercado externopara os seus produtos. Das 13 milhões de toneladas de petróleoque recebia a cada ano, a cifra baixava abruptamente a três mi-lhões. Deixaram de vir fertilizantes, herbicidas, ração para animais,madeira, peças para indústrias, meios de transporte, maquináriaagrícola, remédios, tecidos e um leque de recursos abrangendotodo o funcionamento da economia, sem contar o previsto nosconvênios militares com a URSS. Tal quadro de estrangulamen-to evidenciava a dissolução de relações quase filiais, que Fidelainda tentava desviar, quando questionado: “A nossa política nãoé buscar novos fornecedores, porque para isso teríamos que re-

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solver o problema de financiamento. Pensamos em manter osvínculos. Rompê-los não dependerá de nós…”8

O fim da URSS foi a resultante do processo de reformasgorbachovianas, ao mesmo tempo em que coroava o término daguerra fria. Na verdade, concluiu-se após uma tentativa de golpede setores mais resistentes do Partido Comunista da União So-viética (PCUS), em 19 de agosto de 1991. Logo, o Partido foidissolvido e os símbolos da Revolução Russa ultrajados, levan-do à separação de outras repúblicas. Boris Ieltsin, o Presidenteda Rússia, que chamara à desobediência civil e estabelecera-seno Parlamento rodeado de barricadas durante o frustado golpe,ascendeu como figura política.

“Quem poderia dizer que a URSS e o campo socialista se-riam liquidados sem que se disparasse um único tiro? Foi umfenômeno de suicídio, de autodestruição!”, comentou Fidel.“Morreu pela cumplicidade interna, por não ter sido capaz de sedefender, pela falta de visão de dirigentes e políticos”9, pontua-ria, arriscando-se à complexa análise do fenômeno.

Ainda em 14 de setembro de 1991, Fidel era informado dadecisão das autoridades russas de retirar o seu contingente mili-tar estacionado em Cuba, ao final de negociações com os EstadosUnidos. Era a denominada Brigada de Instrução (de infantariamotorizada), que se havia tornado o Centro de Estudos (nº 12).Fidel esbravejou ao ver repetindo-se a forma “desleal” do epílo-go da crise dos mísseis:

“Estaríamos dispostos a aceitar a retirada simultânea denosso país do pessoal militar soviético, se fosse recíproco com opessoal militar norte-americano... e também parte de um acordointernacional garantido ante as Nações Unidas.”

Um ano depois, subsistiam as conversações sobre o con-tingente, com Fidel solicitando, como um ponto a negociar comos Estados Unidos, a retirada da Base de Guantânamo; mas aRússia declinava de vinculá-lo. Recorde-se que, conforme umacordo de 1934, os Estados Unidos pagavam por ano o valor de

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dois mil dólares (que pela última década do século XX repre-sentavam 4.085 dólares) pelo arrendamento do território da Base;mas Fidel sempre se recusara a utilizar o dinheiro, depositadoem uma conta bancária que expira em 2.002. O tema deGuantânamo constava também da argumentação sobre a preser-vação de um centro de caráter distinto, montado pelos soviéticose denominado “Lourdes” pelos cubanos.

Tratava-se do maior núcleo construído para espionagemradioeletrônica fora do território da URSS, a partir do qual seobtinha a parcela mais significativa da informação estratégico-militar, sendo a restante por exploração via satélite ou outras. O“Lourdes” servia também para comunicações de natureza civilcom as frotas mercante e pesqueira soviéticas. Sobre o assunto,o ministro Raúl Castro declarou:

“Não representaria nenhum problema de consciência manterem nosso território um centro de exploração radioeletrônica de umpaís que não consideramos inimigo e que havia sido estabelecidopor meio de um convênio assinado sobre a base de vantagens recí-procas, quando temos uma base militar norte-americana instaladaem nosso território (...) e quando cada palmo deste é, permanente-mente, fotografado por satélites e outros meios norte-americanos,assim como são captadas todas as nossas comunicações...”

O ministro assinalaria, reservadamente, que, ante as cir-cunstâncias, cobrar-se-ia da Rússia um aluguel pelo espaço. Detodo modo, para Fidel, o relevante era exigir a supressão da Basede Guantânamo, porque o inverso equivalia à chancela para agres-sões ao país. Remexido pelos acontecimentos, não mais se continhae sublinhava as diferenças da sua Revolução para com a URSS eas “presas de guerra” do Leste Europeu: “Não tivemos stalinismo,abuso de autoridade, privilégios de dirigentes. Pensando empa-tar com os Estados Unidos, eles estimularam a mentalidade deconsumo sem que pudessem satisfazê-la...”

Na URSS, como a pequena propriedade não pudera abas-tecer a demanda, houve coletivização compulsória no campo,

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que causara profundos choques, ao contrário de Cuba. Fidel lem-brava ainda que, diferentemente da URSS, o Partido não intervinhana indicação de candidatos nas eleições primárias, apenas as re-presentações do Poder Popular e organizações de massa.

Na capital cubana, das marcas da amizade com os soviéti-cos, pouco restaria, salvo a grande torre da embaixada na QuintaAvenida, de inspiração stalinista e prepotência dissonante aoaconchego da arquitetura havaneira. Contudo, por uma oferta deFidel, quase 50 mil crianças, vítimas do acidente nuclear da usi-na de Chernobil, iriam a Cuba receber assistência médica gratuita.Do primeiro grupo de 140, que chegou em fins de março de 1990,a maioria regressou ao se completar o tratamento intensivo detrês meses, já a caminho da cura.

Em tempo de desilusão, Fidel enfrentaria mais uma nódoana cúpula do poder. Desta feita era Carlos Aldana, cuja projeçãopolítica se deu quando foi destacado à condução das negocia-ções de paz no sul-africano. Com um discurso moderno, bemarticulado, e uma forte personalidade, ele despontou, logo ocu-pando um crucial espaço, ao assumir a chefia dos departamentosIdeológico e de Relações Internacionais do Comitê Central (CC)do Partido Comunista de Cuba (PCC), os quais necessitavamde uma habilidosa expressão para o novo diálogo com o mun-do. Falava-se, entre as paredes e as mímicas, que Aldana era“o terceiro” – ou quem sabe o segundo – homem do governodepois do “da barba”.

Coberto pelo manto das amizades de Fidel e de Raúl, Aldanamanipulou por conta própria uma rede de “dependentes”, esparsapor vários departamentos da administração, criando um esque-ma de poder paralelo. Em anos anteriores, cruzara com as figurasdo coronel Tony de La Guardia e do ministro Abrantes – os réusdas Causas de 1989 –, para o acesso às vias especiais de capta-ção de recursos e produtos para Cuba, “furando o bloqueio”.

Aldana incrementou a corrupção a partir do seu gabinete, atravésda relação com o gerente geral da Audiovisuales Caribbean S.A,

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uma empresa cubana que representava firmas internacionais,principalmente a Sony do Japão, e instituições do país. Acusadode enriquecimento ilícito, com valores depositados em uma contano estrangeiro, foi dispensado das suas funções em setembro de1992, quando também foram encontrados cartões de crédito desua propriedade para uso internacional.

Para autoridades do Departamento de Estado, de quemangariou a simpatia durante as conversações sobre Angola, Aldanamostrou-se como a ponte segura para um acordo de “transição”em Cuba. Entre os seus alvos internos, barreiras da expansão desua influência, situavam-se alguns “históricos” da Revolução,cativos da estima de Fidel, como Manuel Piñeiro (Barba Roja) eJorge Risquet Valdés, uma personalidade exemplar na direçãopolítica do país.

Com Robert McNamara, Secretário de Defesa do governo JFK,no encontro sobre a Crise dos Mísseis em Havana, 1992

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Esfacelado o bloco socialista, Fidel seria, mais que todos,posto à prova, o que lhe aumentava a vontade de virar ojogo. Afinal, o que seria de Cuba? E ele, perduraria no

poder até quando?Pronto a um bombardeio de perguntas e cobranças, em uma

real maratona de reuniões e solenidades, Fidel aterrissou na ca-pital brasileira (Brasília) em março de 1990, para a posse do

C A P Í T U L O 4 9

Com Otto Rivero e Mírim Yanet, dirigentes estudantis de Cuba

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Presidente Fernando Collor de Mello. Exibia um apurado sensode humor, ferino, se necessário.

Um jornalista provocador lembrou-lhe que, para um polí-tico, era sempre preferível sair um minuto antes que um depoisdo fim da festa. Outros lhe perguntaram se não se julgava umretrógrado perdido no tempo, enquanto o mundo avançava namodernidade; se não estaria cansado do exercício do governo,ou decepcionado. “Fui obrigado a usar o cérebro tantas vezespor 30 anos, tanto ou mais que os campeões olímpicos, que mesinto enxuto”, respondeu.

Quanto à condição de ditador encastelado que não se pu-nha à prova das urnas, Fidel tentava explicar que, nos primeirosanos, só não houvera eleições porque a etapa se caracterizarapelo assentamento da Revolução, e reiterava que, no tipo de par-lamentarismo depois estabelecido pela Constituição cubana, elepoderia e foi reeleito chefe de Estado, de governo e do Partido, acada renovação periódica da Assembléia Nacional ou do Comi-tê Central (CC) do Partido Comunista de Cuba (PCC) – mas amatéria parecia pouco inteligível ou muito excêntrica à platéia.Sobre a alicerçada idéia de que era um ditador, recaía ainda amística do herói legendário.

“O povo me pôs ali e um revolucionário não deserta...”,argumentou. “A culpa não é minha, mas dos ianques. Tentaramme matar durante 30 anos e não puderam. Levaram 30 anos tra-tando de esmagar a Revolução, não puderam... Mas eu seria oprimeiro, no exato instante em que me desse conta de que metornei inútil e prejudicial, a lhes pedir – e exigir – liberação deminhas responsabilidades...”

Foi Fidel que, ao constatar a ineficácia da sua acrobaciaexplanatória, acabou interrogando os jornalistas: “Por que nãose aprofundam nos temas que lhes cabe ‘cobrir’, em vez de re-petirem as opiniões que vêm empacotadas pelas agências, comopapagaios?”. Entre uma e outra abordagem, soube que um grupoconsiderável de parlamentares brasileiros, da situação e da oposi-

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ção, havia assinado um documento pedindo eleições diretas emCuba. Sem perder o viço do argumento, mas quase a elegância,Fidel se irritou por “tanta cisma com a Revolução”, onde o mun-do todo se sentia o dono da casa e um corriqueiro item tornava-seuma hipérbole.

A caminho da solenidade de posse, as comitivas de DanQuayle, o vice-Presidente norte-americano, e de Fidel se esbar-raram na entrada do acesso ao edifício do Congresso Nacional,vindas de dois flancos opostos. Policiais motorizados se inter-puseram, dando a vez a Fidel, solicitando que Quayle aguardasse.Em outra circunstância, o protocolo palaciano quis passá-lo adi-ante da extensa fila de cumprimentos, mas ele se recusou, preferindopermanecer em seu posto à frente de Francisco Iglesias, o presi-dente do Banco Interamericano, a quem lembrou vigiar-lhe olugar, se necessário.

No decorrer do evento, o vice norte-americano comentousentir-se “chocado” por ver fardado um chefe de Estado. Fidelrevidou dizendo que a sua roupa não era “de um militarote, erada Sierra Maestra”, mas o traje do vice americano era “de umalmofadinha”. Logo também surgiriam as críticas à barba de Fidel,que alguns, com razão, apostavam ser pintada como o cabelo,mas foi o seu uniforme que acabou virando um mote, lançando apolêmica: já não seria tempo dele abandonar a farda?

De bom grado, o general Andrés Rodríguez, o mandatáriodo Paraguai que liderara o movimento de derrubada do ditadorAlfredo Strossner, veio a Fidel aconselhá-lo a trajar um terno, comofizera ele, para evitar problemas. Contudo, a questão era mesmomental. Ao findar um dos almoços para os convidados de honra,ao avistar o paraguaio caminhando à sua frente, o Comandante ochamou: “General!”. O militar virou prontamente a cabeça e Fidelse aproximou entabulando conversa: “Como o senhor vê, pode-selevar uma vestimenta por fora ou por dentro... O senhor não estáde farda, mas se ouvir general, reage rápido, hein...”

* * *

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Sócios de aflições comuns, uma espécie de clube de Presi-dentes e ex-governantes latino-americanos recém-saídos ourecém-chegados, ou que logo sairiam, formava-se de modo es-pontâneo naquela fase, foi o que Fidel pressentiu. Nunca haviamse reunido a propósito, embora houvesse sido tentado cinco anosantes, por ocasião da Conferência sobre a Dívida Externa – queacabou sendo negociada em separado com os Estados Unidos eos organismos financeiros. Na visão do líder cubano, certos pro-blemas de que tanto reclamavam, jamais se resolveriam sem umaestratégia coletiva:

“Reúnem-se grupos e excluem-se os demais. Fazem o Grupode Cartagena, o Grupo dos Oito e ninguém se atreve a dizer:Vamos nos reunir todos... Ao longo de décadas, de séculos, cri-amos o hábito da submissão... Não soubemos ousar. Falamos deintegração, unidade e estamos longe de alcançar esses objetivos.Temos hoje uma necessidade histórica de que nos compreendame nos ajudem. Não queremos ser os novos índios...”1

Do premiê espanhol Felipe González e do Presidentevenezuelano Carlos Andrés Pérez, que lhe chegaram após con-versas com autoridades norte-americanas, Fidel ouviu umarecomendação: abandonar a sua “estratégia da resistência”. OsEstados Unidos estariam dispostos a fornecer ajuda a Cuba, des-de que, antes, ela reduzisse o seu aparato militar, implantasseuma economia de mercado e realizasse eleições livres – comorecentemente, dentro da mesma linha, a Europa Oriental, a Ni-carágua e o Panamá. O cubano lamentou não poder atender asolicitação, dado que, do outro lado, a estratégia havia sido sem-pre – e era ainda – de agressão ou de asfixia econômica. Agregouque a primeira foi relaxada uns anos atrás, porque o preço a pa-gar – o número de mortos em uma guerra com Cuba – os freava.“Não existem fórmulas intermediárias: ou resiste-se ou se fazemconcessões...”, asseverou. “Se tivéssemos cedido uma única vezàs exigências imperialistas, a Revolução Cubana não existiria...”

* * *

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A amparar a dupla estratégia dos Estados Unidos, acontrapropaganda. Em abril de 1991, uma equipe técnica de uni-versitários conseguia cortar o sinal das primeiras transmissõesda TV Martí originadas nos Estados Unidos para Cuba, ainda quenovas tentativas de neutralizar as emissões da Rádio Martí (quehaviam se iniciado em 1985) não obtivessem êxito. Em julho, gruposde cubanos ingressavam nas embaixadas da República FederalChecoslovaca e da Espanha, solicitando asilo. O primeiro grupofoi arregimentado por um diplomata checo. Quanto a Madrid, anun-ciou que acolheria os refugiados e reforçaria a segurança de suaembaixada para evitar uma avalanche, mas Fidel não transigiu:

“É sabido que ninguém que penetre à força em uma em-baixada receberá autorização para sair do país. Nada temos contraa Espanha, nem contra o povo espanhol, nada inclusive contra ogoverno, mas, para nós, existem pontos inaceitáveis...”

O episódio esteve a ponto de estremecer as afáveis rela-ções entre os dois países, mas a representação espanhola decidiurespeitar os acordos migratórios.

No mesmo mês, com Fidel atiçando, previamente, os bas-tidores diplomáticos, realizava-se a I Cumbre Ibero-Americanana cidade mexicana de Guadalajara, com a presença de 23 che-fes de Estado e de governo. Para o primeiro encontro da comunidadede nações, México e Espanha haviam desempenhado o seu pa-pel em um arranjo com Fidel, que não apenas queria, mas, então,necessitava de um estreitamento com seus “naturais parceiros”.Dando uma prova disso, pronunciou-se apto a oferecer-lhes umtratamento preferencial para associações e investimentos em seupaís2; assim como a firmar o Tratado de Tlatelolco (de Não Pro-liferação de Armas Nucleares na América Latina), tão logofosse subscrito por todos os países da área:

“Fomos contra por muito tempo, porque seria uma renún-cia unilateral em relação às grandes potências. Uma parte daAmérica Latina também não o aceitava, mas agora há uma situ-ação nova: desapareceu a URSS e ficamos sós; desaparece também

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o bloqueio geral dos países latino-americanos contra Cuba e de-senvolvem-se as relações diplomáticas ou consulares com a maioriadeles. Ademais, soubemos da decisão do Brasil e da Argentinade somar-se ao Tratado...”3

Sendo a unidade a inspiradora do encontro, Fidel tambémprocurou desfazer uma incógnita no ar não manifesta: se a soci-alista Cuba poderia, ou deveria, integrar-se a um conjunto depaíses capitalistas. O anfitrião, o Presidente mexicano CarlosSalinas de Gortari, não demorou a esclarecer que, apesar do Tra-tado de Livre Comércio a ser negociado entre o seu país, os EstadosUnidos e o Canadá, cada país era soberano para o trato com osdemais. Naquele encontro, evidenciava-se a tendência recenteàs aglutinações parciais entre nações, com pactos regionais, comoa que igualmente se esboçava na parte sul-americana – com Bra-sil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Tal curso mais incentivouFidel a se declarar por uma integração total, “não apenas econô-mica, mas também política”4, para a qual não via como obstáculoa condição de ser socialista, ao contrário, esta a “favorecia pornatureza”. Soou subversivo, talvez ultrapassado ou idealista, aosapelos da modernidade; mas o impedimento residia em algo bemmais velho – a relação com os Estados Unidos:

“Ilusões. Sempre um novo canto de sereias. A Aliança parao Progresso, o Plano Baker, o Plano Brady e a última das fanta-sias, a Iniciativa para as Américas… Enquanto isso, a unidadeimprescindível brilhou sempre por sua ausência. Um Continen-te balcanizado não poderá sobreviver. As políticas das grandespotências econômicas e dos organismos financeiros internacio-nais sob seu controle não trouxeram o desenvolvimento, mas apobreza a mais de 250 milhões de pessoas... A região realizouuma transferência de recursos para o exterior no valor de 224bilhões de dólares em apenas oito anos. A dívida externa conti-nua superior aos 400 bilhões... ”

O projeto mais recente, a Iniciativa para as Américas, bus-cava vincular os países da área ao mercado norte-americano

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mediante acordos bilaterais. Enquanto isso, pregando uma totalabertura comercial, os Estados Unidos reforçavam o protecio-nismo para a entrada de produtos latino-americanos e os governantesdos países em questão reclamavam dos seus fardos e problemas,defendendo princípios de justiça social e redistribuição de ri-quezas. Fidel, então, propôs uma postura elementar de defesa:5 aAmérica Latina via-se impedida de fazer concessões comerci-ais, em razão da diferença dos níveis de desenvolvimento.

Todavia, circunscritos à doutrina do neoliberalismo – ao que,em geral, referiam-se como uma situação inevitável –, os latino-americanos abraçavam a tese da soberania limitada.Alguns paísesque conseguiam a redução da inflação e do déficit público anima-vam-se, embora saúde e educação em seus países permanecessemdebilitadas, com um maior incremento da violência social, carac-terizando um universo de “excluídos” da qualidade de vida. Fidelviu-se na obrigação de defender o vilipendiado Estado:

“Se não pode administrar uma fábrica, dificilmente pode-rá administrar um hospital. Muitos nos dizem que o socialismoé uma utopia irrealizável. Então, teríamos que nos perguntar,com toda razão, para que, demônios, nos trouxeram a este mun-do de egoísmo, individualismo e guerras de todos contra todospara sobreviver... A meu juízo, se não derrotarmos o neolibera-lismo na América Latina, desaparecemos como nações e seremosmais colônias que nunca...”

O pêndulo da História se inclinava irreversivelmente paraum lado, como sugeriu o peruano Alan García a Fidel. A metá-fora lhe agradou por seu contorno dialético: se o capitalismo secaracterizava como um sistema cíclico, com avanços e retroces-sos, pensou, com o socialismo haveria de passar igual e um dia,por certo, vingaria. No fundo, não se desfazia de seu jovem Marxque aguardava o desenvolvimento histórico da “grande consci-ência”. De qualquer modo, a conjuntura reforçava a sua aceitaçãode uma vantagem dos capitalistas: “a capacidade de oferecer res-postas rápidas a determinados problemas e possibilidades”.

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Restando como um marco para o diálogo informal entre ospaíses, nas próximas Cumbres, ou reuniões de cúpula, Fidel per-seguiria um pensamento univalente entre mutantes, emboraamáveis companheiros Presidentes. Em Madrid, no encontro de1992, levantou a cabeça e insistiu sobre a solidariedade:

“Nosso herói nacional José Martí, filho de espanhóis, es-creveu algo que parece concebido para esta reunião: ‘Cuba nãoanda de pedinte pelo mundo. Ao salvar-se, salva. Nossa Améri-ca não lhe falhará, porque ela não falha à América...’”6

* * *

Na Espanha, ainda passeou por Sevilha, cruzou a Galícia eassistiu à inauguração do XXV Jogos Olímpicos de Barcelona.Mente irrequieta, percebia a nuclear incongruência dos grandesencontros da diplomacia. Bem ajustado, no entanto, ao destinodo espetáculo, havendo-se adotado como o missionário das ques-tões impertinentes, compareceu à ECO-92 no Rio de Janeiro(Brasil). De Fidel, era o tento de ser um dos pioneiros na abor-dagem do tema da ecologia em tensão com o progresso, em 1979,na Organização das Nações Unidas (ONU). No acontecimentodo Rio de Janeiro, seria o ator principal da palavra. Breve, cor-tante, seu efeito sonoro editou em uma tela imaginária o fim demundo ao que se podia reagir:

“As sociedades de consumo envenenaram mares e rios,contaminaram o ar, debilitaram e perfuraram a camada de ozô-nio, saturaram a atmosfera de gases que alteram as condiçõesclimáticas... Os bosques desaparecem, desertos se estendem, bi-lhões de toneladas de terra fértil vão parar a cada ano ao mar…Numerosas espécies se extinguem...

“(...) Aplique-se uma ordem econômica internacional maisjusta. Utilize-se toda a ciência necessária para o desenvolvimentosustentado sem contaminação. Pague-se a dívida ecológica; nãoa dívida externa. Desapareça a fome; não o homem… Quando

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as supostas ameaças do comunismo desapareceram e já não res-tam pretextos para guerras frias, corridas armamentistas e gastosmilitares, o que impede dedicar de imediato esses recursos a pro-mover o desenvolvimento do Terceiro Mundo e combater a ameaçade destruição ecológica do planeta?

“(…) Cessem os egoísmos, os hegemonismos, cessem ainsensibilidade, a irresponsabilidade e o engano. Amanhã serádemasiado tarde para fazer o que devíamos ter feito há muitotempo. Obrigado!”7

Na platéia, George Bush aplaudiu-o educadamente.De volta ao Brasil, em julho de 1993, para a III Cumbre,

pediu solidariedade “para a Cuba que luta” e defendeu a ampli-ação do número de membros do Conselho de Segurança da ONU,com uma maior participação proporcional para América Latina,Caribe, África e Ásia. Não se podia permitir, defendia, que as

Com Fernando Collor de Melo, Presidente do Brasil

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Nações Unidas se consolidassem como o instrumento de hege-monismo mundial dos Estados Unidos. Ali, conversou com JeanBertrand Aristide, o Presidente deposto do Haiti que era apoia-do pela comunidade internacional. A questão era a faculdade deintervenção e de permanência de tropas estrangeiras no país haitianopara a garantia do retorno de Aristide e a normalização institucional.Fidel opinou que o princípio em si era insustentável, mas, à pri-meira vista, inexistiam meios para que os próprios haitianospudessem fazer valer a sua escolha.

Já em seu país, ao relatar as experiências das reuniões noexterior, extravasou à vontade:

“Há os que mencionam cifras de 30 milhões de criançassem lar pelas ruas da América Latina... Oitenta e quatro milhõesde indigentes. Milhões de crianças em idade escolar que traba-lham mais de oito horas... Como vêm agora com a teoria de quea receita é mais capitalismo para desenvolver os países?”8

* * *

Dentro de seus limites territoriais, mais que nunca, suapresença revelava liderança, com as rédeas nas mãos, frente àespiral de queda progressiva na economia. Em um “período es-pecial”, a hipótese de uma inviável reversão da crise tornava-sea vilã de Fidel, escorada pelos periódicos ciclones que assola-vam o país de dez milhões de habitantes.

“E se tivermos que escolher, em algum momento, entre ocombustível para os ônibus e o de preparar a terra e cortar a canaou mobilizar 300 mil pessoas para a colheita, mas tendo queprovidenciar acampamentos, roupa, sapatos, instrumentos de tra-balho e alimentos?” , perguntava ao povo.

A partir de 1990, iniciava-se o rol de medidas, leis e de-cretos referentes à redistribuição de produtos, combustível,eletricidade e transporte, para o setor estatal e particulares, emuma realidade de restrições e carestia. Obras fundamentais – re-

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finarias, fábricas, termoelétricas e a usina nuclear – tiveram deser paralisadas. Com uma grave falta de papel, os impressos ad-ministrativos, de imprensa e literatura, foram reduzidos ao máximo.Fidel só não renunciou à continuidade dos programas no campodas Ciências. “E que todo mundo investigue, experimente, raci-onalize, invente e inove!”, conclamava, captando a criatividadepopular, ante a ausência de peças e materiais.

Das metas para tentar refrear a queda em uma primeirafase, destacavam-se o programa alimentar, o impulso ao turismoe a ampliação de mercados para exportação. O país teria decomercializar seus produtos – como o açúcar e o níquel – aospreços do mercado mundial, bem mais reduzidos, com a ex-URSSinclusive. Neste quadro, manter os preços internos, o pleno em-prego e reduzir o excesso da moeda circulante, eram os outrosproblemas que requeriam solução.

Falava-se de uma “opção zero”. Como resposta, as organi-zações de jovens, a Federação dos Estudantes Universitários (FEU)e a União de Jovens Comunistas (UJC), mobilizavam seus mi-lhares de militantes para sustentar a Revolução e o seu condutor,preparando-se para enfrentar até o extremo. Roberto Robaina eFelipe Pérez Roque seriam as figuras ascendentes desse movi-mento maciço de estudantes, que provocou em Fidel a seguinteafirmação: “Somos um país em que, definitivamente, o povo podedizer: o Estado sou eu!”9.

A bicicleta foi instituída como um meio geral de locomo-ção, sendo distribuídas centenas de chinesas e algumas soviéticas,uma novidade social que determinou uma política especial e ur-gente de aprendizagem e adaptação ao trânsito. Aquele era omomento em que o preço do petróleo poderia elevar-se aindamais, em virtude da ameaça de confronto no Golfo Pérsico.

Estando Cuba, afinal, no Conselho de Segurança da ONU,em 7 de agosto de 1990, Fidel enviou uma mensagem aosgovernantes de países árabes, explicando o motivo da abstençãodo seu país na votação sobre o projeto de resolução de bloqueio

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econômico total ao Iraque, que invadia o Kuwait. Concebidopelos Estados Unidos, o projeto significava um aval para umaescalada bélica, mas não anulava a inconveniência da açãoiraquiana, pontuava o líder cubano, posto que daria lugar a que ogoverno norte-americano promovesse uma coalizão política emilitar de países árabes. E assim ocorreu.

Meses depois, a feroz ostentação do ataque anglo-norte-americano ao Iraque o faria recordar conversas com alguns políticosnorte-americanos que visitaram Cuba nos idos de 1970, que di-ziam que a URSS queria se apoderar do mundo. Fidel ironizava:

“Se vocês crêem que existe alguém tão louco neste mundoquerendo tomá-lo, por que não o presenteamos? Ora, o mundonão é Luxemburgo, está mais para a Índia, com milhões de seresvivendo na miséria, desemprego e fome crescentes...”

Sua idéia atrevida seria oferecer de uma vez o globo ter-restre aos Estados Unidos, excluindo Cuba, logicamente. Mas adúvida era se ela restaria a salvo. O general Colin Powell (co-mandante das tropas norte-americanas e chefe do Estado-Maiordo Exército), notabilizado na Guerra do Golfo, declarou a ne-cessidade de destruir Fidel, assim como a Kim Il Sung, da Coréiado Norte, depois do alvo priorizado: Saddam Hussein. Militaresda sua equipe exporiam, em 1992, ao Congresso dos EstadosUnidos, o esboço de um plano de “intervenção humanitária” emCuba, pois se observava a possibilidade de uma explosão socialno país, com emigração violenta e desordenada, sobretudo comdestino à Base Naval de Guantânamo. Exageravam sim, certa-mente animados pelo fim da guerra fria, mas seu ponto de vistanão era de todo cego. Um rincão da base se convertia ultima-mente em refúgio de haitianos; ou servia, no seu todo, para ocenário de supostas provocações de cubanos do lado de fora, nafalta de uma maior serventia. Quase um século depois de suacriação, calculava-se que abrigava quase sete mil soldados e 35funcionários cubanos em tarefas de saúde e comércio. Se, no pas-sado, a base chegara a funcionar como um centro de operações de

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suprimento e “infiltração” contra o regime cubano, atualmente era,na opinião de uma maioria, apenas um símbolo de agressão.

Mal-estar com os Estados Unidos à parte, garantir os ali-mentos à população de Cuba virava a prioridade número um paraFidel. Se a oferta havia sido sempre um problema agudo, agorase tornava definitivamente crônico: “Pergunto-me o que vamosfazer. Acaso voltaremos a estabelecer as tendinhas e camelôs do‘mercado livre camponês’ para que vendam a qualquer preço?”.

O “mercado livre camponês”, que fora abolido como agen-ciador de corrupção, havia sido também uma das cópias do modelosoviético. Com a carência, cresceu o “mercado negro”, com des-vio de recursos dos estabelecimentos estatais, em muitos casostolerado, embora poluísse o ideal da igualdade:

“O paternalismo foi o que agravou a desordem, porque fezcom que todos acreditassem ser imunes. Por exemplo, uma mu-lher, mãe de oito filhos, cada um de um pai diferente, o que faz?Vende para outrem a metade da sua cota de leite e uma parte dade arroz que lhe sobram e estimula o mercado negro... Quero serclaro: não fazemos restrições para se ter filhos e muito menosmarido. Nem estou fazendo a crítica moral da mulher, são coisasda vida... Agora, este problema se repete com as cotas de cigar-ros e de rum que um núcleo familiar tem direito, porque muitosnão fumam nem bebem.

“(...) Quem se acostumou a ter o máximo, não compreen-de quando começa a faltar. O frango que não chegou no mercadoacaba ofuscando o medicamento que pode salvar a vida ou ali-viar uma dor; ou o litro de leite garantido para cada criançaque se educa...10

“E quem não viveu os anos de abundância neste país? Sá-bado ou domingo, as estradas repletas, eu mesmo passava porelas e perguntava: ‘Vão ao trabalho voluntário?’ Diziam-me: ‘Não,a um jogo de beisebol...’ Fizeram também trabalhos voluntári-os, mas gastaram muito pneu e gasolina; era incontrolável. Conhecigente que ia ver a namorada em uma motoniveladora…”11

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O mais árduo era “socializar os prejuízos”. Levando o pro-grama alimentar, Fidel convocava o povo a dar a sua cota detrabalho na agricultura e incentivava o auto-abastecimento deempresas estatais e cooperativas.Pelas cidades plantaram-se hortasem terrenos subutilizados e criaram-se animais em pátios e quin-tais, para autoconsumo ou venda. No plano mais geral, oComandante propunha a remodelação do sistema político-eco-nômico para adaptá-lo ao período de desaparição da comunidadesocialista. Entre as propostas discutidas nas comissões popu-lares, para serem incorporadas à Constituição, as maistransformadoras referiam-se à relação com “empresas mistas eoutras modalidades de associação econômica”, direitos e deve-res de estrangeiros residentes e sobre a liberdade de religião e decrenças. A abertura ao investimento estrangeiro, em produçõescooperadas ou acordos de comercialização com o Estado, seriao destaque das posições tomadas pelo IV Congresso do PCC,em outubro de 1991. A Assembléia Nacional aprovou as refor-mas em julho de 1992.

Das áreas factíveis de inversão de capital estrangeiro, so-mente se excluíam os setores de educação, saúde e Forças Armadas,embora se admitisse sua participação no sistema empresarial dosmilitares.

“Meditamos sobre o que deve fazer o Estado. Se forem degrande importância estratégica e social, então, ele deve subsidi-ar as empresas deficitárias; ou outras que considere convenientemanter. Desde logo, há campos difíceis para serem manejadossó por ele”, admitiu Fidel.

Ao se incentivarem as empresas mistas, o setor de turismointernacional foi o maior beneficiado, o que significava privaros cubanos de serviços hoteleiros:

“Quando estabelecemos um hotel para o turismo estran-geiro, há quem pense que estamos lhe tirando algo, mas precisamosresolver outros problemas. E se há algum excedente, será paragente que se destaque em alguma atividade. Não podemos dizer:

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o hotel está aberto para qualquer ladrão, desses que especulam eque acumulam um montão de pesos...”12

Na questão religiosa, concluía-se o processo iniciado emfins de 1985, quando de um encontro entre Fidel e representan-tes de diversas igrejas de Cuba, no bojo do diálogo com religiososnorte-americanos e os da América Latina, particularmente osadeptos da Teologia da Libertação. Outras resoluções se referi-am ao estímulo às associações entre agricultores independentes– instituindo-se as cooperativas de produção agropecuária (CPA)e as de crédito e serviço (CCS) –, invertendo as antigas resistên-cias de Fidel para com as formas cooperativas. Na agricultura,não tardaria o regresso à tração animal, com juntas de bois e otransporte da colheita em carretas e mulas, em virtude da faltade combustível para operar os equipamentos.

Decidiu-se, ainda, a mudança no sistema eleitoral. A par-tir daquele momento, não apenas os representantes municipais(de “circunscrição”) seriam eleitos de forma direta, mas tam-bém os representantes às Assembléias Provinciais e os 500deputados da Assembléia Nacional. Quanto à postulação doscandidatos, na primeira instância era igualmente de forma di-reta, apenas com a participação das organizações populares debase. Delegava-se ao PCC um papel de “força dirigente superi-or”, sem qualquer interferência na execução das diversas políticas.Completava-se, assim, a divisão entre o Estado e o Partido noregime cubano.

O “voto da dignidade” seria o lema de Fidel nas eleiçõespara representantes e deputados em dezembro de 1992, quandovotaram 97,2% dos eleitores, a saber, mais de 7,8 milhões decidadãos. Nos meses anteriores, programas patrocinados por gruposno exílio e transmitidos para Cuba, conclamaram à anulação dovoto, como a organização Plataforma Democrática Cubana,encabeçada pelo escritor Carlos Alberto Montaner.

Nessa Cuba sem crianças abandonadas ou mendigos, apa-reciam meninos perto de hotéis pedindo chiclete ou moças ensaiando

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o retorno à prostituição. Em 1992, a situação era pior. No alvore-cer do ano, em janeiro, um grupo atacou uma base náutica nointento de seqüestrar um barco e partir para os Estados Unidos,assassinando três soldados. “Apagões” se intensificaram e a moedase desvalorizou sobremaneira, com um dólar chegando a valer150 pesos. O excesso de dinheiro circulante chegava ao máxi-mo, mas o governo preferia não liberar preços e nem aplicaruma política de ajuste, pela deficiência de oferta.

Nas cidades e nos campos, reproduziam-se as burlas dasnormas e grupos de enriquecidos. Nas instituições financeirasinternacionais, o governo não podia buscar nem um centavo. Oesforço por racionalizar recursos acabou compelindo à reduçãode pessoal militar. Das representações no exterior, retiravam-seadidos militares, até por se encontrar esgotada a época das mis-sões internacionalistas. Em atos de solidariedade, chegavam aCuba doações de materiais e alimentos, de governos e organiza-ções amigas. A “caravana da amizade” dos Pastores pela Paz,com o reverendo norte-americano Lucius Walker, foi recebidapor Fidel em 1992 e 1993, após haver percorrido várias cidadescom um carregamento de toneladas de comida e medicamentos,vivendo uma série de altercações com as autoridades federaisnorte-americanas. Em meados do ano, o Congresso dos EstadosUnidos aprovara uma lei que outorgava ao Presidente (George Bush)o direito de aplicar sanções econômicas aos países que mantives-sem relações comerciais com Cuba. A lei foi batizada de Torricelli,o sobrenome do deputado norte-americano que a propusera.

Apesar das reformas, com a perda de incentivo do traba-lhador para ganhar os pesos que nada compravam, a produtividadecontinuava despencando. Na segunda metade de 1993, foi apro-vada uma outra série de medidas de cunho radical. Primeiro, adescriminalização – ou a legalização – da posse e do uso dedólares norte-americanos, ou de outra moeda conversível. An-teriormente, além de ser considerado um crime, possuí-las erade pouca serventia dentro do país. Agora, em conseqüência da

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medida, autorizavam-se livres remessas em divisas de pessoasno exterior a familiares em Cuba. Em uma etapa anterior, divi-sas que entrassem no país por algum meio acabavam parandoem repartições estatais que as trocavam por ouro; ou por pesosnas instituições bancárias. Mas, em “período especial”, fazia-secorriqueiro o envio das divisas de forma clandestina.

“O propósito é, entre outros, evitar uma grande persegui-ção policial”, disse Fidel. “Nossa polícia não pode se dedicar aperseguir quantas divisas entram no país pela via do turismo,porque, nesse caso, não teremos turismo. Quem diria? Nós, tãodoutrinários, que combatemos o capital estrangeiro, vemo-lo agoracomo uma necessidade imperiosa...”13

Antes e depois de decidida, a “despenalização” desenca-deou as mais variadas posições. Uma parte da população opinavaque o dólar deveria ser trocado por uma “divisa conversível”,válida para circular dentro do país; outros defendiam uma espé-cie de “certificado” para compras em determinadas lojas deimportados, especiais para estrangeiros. Outros ainda, a permis-são do uso do dólar apenas em uma espécie de “mercado paralelo”.

Para a arrecadação dessa nova massa monetária, que tam-bém chegava às mãos de cubanos através dos turistas, o Estadomontou uma rede de lojas e serviços de freqüência franca, nãosem uma nova polêmica. Fidel foi à defesa:

“Não existem companhias norte-americanas com cadeiasde lojas? Por que não podemos tê-las e administrá-las bem? Qualé a diferença? Pode ser que tenhamos que aprender a forma comoadministram; mas, por razões objetivas, nem sempre poderemossuperar atrasos tecnológicos ou resolver certas necessidades.”

A afluência das remessas em dólares, principalmente dosEstados Unidos, conferiram aos seus beneficiários um padrãoeconômico desigual, ao lhes garantir o acesso às lojas de impor-tados, antes exclusivas de diplomatas e estrangeiros. Muitoscubanos optaram por abandonar postos de relevância social –caso de professores e técnicos qualificados – para tentar uma

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ocupação nas frentes de turismo, com boas chances para aquelesque dominavam línguas estrangeiras. Ao se introduzirem agen-tes capitalistas no sistema, surgiram, inevitavelmente, as distinçõessocioeconômicas.

Estabeleceu-se na economia, desse modo, um sistemamonetário dual que permitiu, até certo ponto, minorar a escas-sez e a retração econômica. Concomitantemente, uma nova levade representações de empresas de todo o mundo, inclusive dosEstados Unidos, visitavam Cuba para explorar possibilidades denegócios. No final de 1993, consolidavam-se 99 associações eco-nômicas com capital estrangeiro, entre produções cooperadas eempresas mistas, sendo 21 em turismo; e ainda 413 empresas es-trangeiras, provenientes de 40 países, representadas em Cuba atravésde entidades nacionais ou com escritórios independentes.

No campo, criaram-se as unidades básicas de produçãocooperativizada (UBPC), reformando as relações em uma partedas granjas e fazendas do Estado. Este preservava a condição dedotar os créditos e os meios de produção, mas os operários agrí-colas passavam a donos da produção e usufrutuários da terra,recebendo parcelas para a exploração em caráter familiar. A mesmadisposição, de entrega de terras em condições de usufruto, foiconferida a produtores de tabaco, café e cacau.

Os resultados na produção, entretanto, não corresponderiamàs intenções, observando-se a continuidade do baixo aproveita-mento ou insuficiência de força de trabalho. Já aos operáriosindustriais não se entregaram os meios de produção, porque,explicava Fidel, seria como lhes presentear perdas: unidadesinadimplentes ou insustentáveis.

Outra providência foi a ampliação do “trabalho por contaprópria”, sobretudo no setor terciário. Legalizaram-se ofícios pri-vados e pequenas empresas familiares, buscando-se alternativasde emprego e oferta adicional à população. Logo a medida rece-beria uma normatização especial. Em 1995, segundo dados oficiais,208 mil pessoas eram já “contapropristas”.

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A crise e as reformas foram profundas na primeira metadedos anos 90. Provocando o apelo ao consumo e alterando valo-res e gostos na população cubana, o aumento das relações comestrangeiros que vinham do mundo capitalista, era um mal in-dispensável. Ao contrário dos comunistas cubanos mais conser-vadores, Fidel incentivava os contatos com o mundo exterior:“Uma mulher não é pura por estar na cela de um convento!”,disse, em metáfora, e terminou ofendendo as freiras cubanas quese mostravam suas aliadas, conforme declarou.

Em sintonia com a nova fase, ascendia uma nova geraçãoao poder, impregnando-o de cara nova. Em novembro de 1992,Carlos Lage, um outro ex-dirigente estudantil e ajudante de Fidel,foi designado secretário do Comitê Executivo do Conselho deMinistros e vice-Presidente do Conselho de Estado, com atri-buições similares às de um primeiro-ministro.

Falando para um grupo de engenheiros

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Em visita à Muralha da China

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Pátria ou morte:os balseiros

Odrama de Cuba com a abertura econômica motivou asvertentes do exílio. Algumas se manifestavam cansa-das da condição de “reféns” do conflito Estados Uni-

dos x Cuba, desejando o fim do bloqueio e do “limbo jurídico” aque haviam sido condenadas.

C A P Í T U L O 5 0

Com Hugo Chávez, Presidente da Venezuela

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Após articulações com diplomatas cubanos, um grupo demais de 200 cubanos exilados, pertencentes a distintas tendênci-as, regressaria a Havana para participar de um encontro que seintitulou “A Nação e a Emigração”, em abril de 1994. Durante oencontro, produziram-se acordos, como a possibilidade de “re-patriação” dos exilados e uma maior flexibilidade para os prazose as condições para visitas ao país. Quanto à reivindicação deque as remessas em dinheiro a familiares pudessem servir decapital inicial para empresas e negócios, as autoridades esclare-ceram que a prioridade, nesse campo, era para o capital estrangeiroem produções destinadas à exportação e que não pretendiamdeliberar sobre alterações sensíveis na estrutura socioeconômica.

O grupo ainda reclamou o direito de participar na vida danação, fosse através das instituições vigentes ou de outros parti-dos a serem fundados. Fidel, que foi saudá-los, expressou satisfaçãopelo fato de terem vindo a Cuba, sem se deixar intimidar pelaspressões das vertentes opostas à reunião, mas esquivou-se decomentar a questão do pluripartidarismo. Uma das justificativaspara manter um partido único, esclareceu em outra oportunida-de, era a de que qualquer intento de organização política em Cubafora dos marcos oficiais, evidenciava, invariavelmente, víncu-los com elementos nos Estados Unidos.

Dentre aqueles com quem conversou em particular estavaEloy Gutiérrez Menoyo, que, no encontro, expôs sua agenda deoposição e pediu a abertura de escritórios do seu movimentoCambio Cubano, que adotava uma linha moderada, de mudan-ças no regime, mas com Fidel no poder. Entre os amigos dajuventude, participava Max Lesnick, com quem já retomara asrelações e a quem perguntou por Alfredo (Chino) Esquivel, es-tranhando sua ausência.

O Chino foi contatado e voltou à terra. Ao chegar, recebeuo aviso de manter-se localizável e a postos para o chamado, masnão foi dos mais sacrificados com o ritual da espera. Dois diasdepois, já cruzando o interior do Palácio Presidencial, viu Fidel

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sair ao corredor para recebê-lo e dar-lhe um grande abraço. To-mado de nostalgia e contentamento, disse-lhe que aquele era umdia muito especial e, portanto, pedira que fosse servida uma dasduas latas de caviar que sobravam de um presente da URSS euma garrafa de vinho argentino das que lhe enviava Carlos Menem– a quem retribuía com charutos. Chino encontrava-se aposenta-do e Fidel, ao saber que ganhava três mil dólares como pensão,comentou que, então, viveria como um nababo em Cuba.

Mas uma parte dos novos ricos de Cuba estava com o des-tino traçado. No início de maio de 1994, a Assembléia Nacionalaprovou uma legislação de controle: o confisco dos bens dosque enriqueceram por meios ilícitos e um programa de sanea-mento das finanças. Neste, estipulava-se o aumento dos preçosde produtos não essenciais e eliminavam-se serviços gratuitosno ensino, especialmente em níveis superiores e de extensão,inibindo o ingresso nas universidades:

“Quem enterrará os mortos neste país? Quem limpará asruas? Nosso problema, agora, até pode ser a quantidade de tra-balhadores intelectuais para poucos manuais. Se todo mundo éuniversitário, então, o gari terá que ganhar mais que o profissio-nal universitário”1, defendeu Fidel.

Completava-se um ciclo de decisões que abalavam princí-pios socialistas e mandamentos da igualdade, sob a batuta deFidel. Logo veio a matéria mais polêmica, que há dez anos ru-morejava-se como hipótese: o estabelecimento de impostos, emum povo acomodado a um Estado provedor. O Comandante pro-pôs que toda e qualquer renda, incluindo salários, fosse suscetívelde taxação. Tratava-se, em essência, de barrar a ação espontâneado mercado.

Para provocar a retração do “mercado negro” e, ao mes-mo tempo, estimular a oferta, sugeriu uma nova modalidade de“mercado agropecuário” que vinha concebendo; instaurado, fi-nalmente, em outubro. Na prática, eram feiras livres para a vendade excedentes horti-fruti-granjeiros, onde podiam concorrer vá-

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rias categorias do campesinato. Os estabelecimentos, muitas vezescom o formato de grandes pavilhões, ficaram sob a administra-ção do Poder Popular, que alugava os espaços aos agricultores elhes cobrava percentuais sobre os ganhos declarados. A únicaressalva era a de que membros das cooperativas só se habilita-vam aos pontos após haver cumprido seus compromissos de entregaao Estado. Todavia, enquanto a produção como um todo não cres-cesse, sabia Fidel, todas as iniciativas resultariam fugazes.

Enquanto alguns do exílio sonhavam com o regresso, muitoscubanos de dentro, por insatisfação e baixas perspectivas, viam-se compelidos ao êxodo. O movimento, intrínseco à história daIlha, entrava em alta, com vários casos de barcos pagos na Flóridaque fundeavam em praias cubanas para recolher suas encomendas(as pessoas). Em 1991, 2.203 fugitivos; em 1992, 2.557; e, em1993, 3.656. Em pleno ar pelo Caribe, reavivavam-se os seqües-tros de aeronaves.2 De janeiro a julho de 1994, seriam resgatados4.731 fugitivos nas águas do Estreito da Flórida.

O episódio do seqüestro de um velho rebocador de madei-ra acendeu o pavio do êxodo em massa. Apto apenas paranavegação curta em águas interiores, o rebocador partiu superlotadodo porto de Havana, na noite fechada de 13 de julho, para uminevitável naufrágio no mar revolto do Estreito. A seqüência dascenas do episódio revelava a polarização das posturas dos cuba-nos ante a crise que a todos afligia. Alguns se esforçaram porimpedir a saída da embarcação. Adiante, no ponto de cruzamen-to da baía, outro barco civil veio situar-se veloz, bem à sua frente,ao mesmo tempo em que outros se aproximavam pelo lado e portrás, tentando reter o rebocador, sendo que o último terminou cho-cando-se à sua popa, causando o afundamento. Das 63 pessoas abordo, só 31 puderam ser resgatadas com vida. Seguidamente,em dias posteriores, houve mais seqüestros de lanchas que fo-ram recolhidas pela guarda-costeira norte-americana.

Se a penúria reclamava a fuga, também embotava o ânimoe insuflava o medo. No início de agosto, Fidel e Raúl andavam

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pelo país inteiro em uma diligência a favor da audácia e da par-ticipação positiva, “contra os oportunistas, os burocratas e ossimuladores”. “É nas reuniões que se deve falar, não pelos cor-redores. Que todos os revolucionários exponham abertamenteas suas opiniões (...) no lugar adequado, no momento oportuno ecom a forma correta…”, dizia Raúl.

Em 5 de agosto, no dia em que saía a lei dos impostos, umgrupo tentou tomar uma lancha provocando manifestações deviolência na área do porto. A polícia pediu a ajuda dos núcleosdo Partido Comunista de Cuba (PCC) e do Poder Popular paratentar reprimir o movimento que tomava um vulto incontrolá-vel.3 No início da tarde, nas imediações do porto, nos bairros deCentro Havana e Havana Velha, sucedia um motim, com emba-tes entre grupos conformistas ou rebeldes à conjuntura.

Fidel se encontrava em seu gabinete acompanhando osacontecimentos por rádio, até que escutou que havia disparos,elementos lançando pedras contra a polícia, e decidiu partir aofoco da desordem. Ao saltar do carro, discretamente observou oquadro a distância: congelara-se, lá pelo início dos anos 60, aúltima imagem vista em seu país povoada por gente com aquelaatitude. Meteu-se naquela aglomeração revolvida, ladeado pelaescolta, a quem dera a expressa ordem de não atirar em nenhu-ma circunstância. Em questão de minutos, os manifestantes, aose darem conta da sua presença, foram silenciando os protestos.Não obstante, Fidel se arriscara em demasia, apresentando-secomo um possível alvo para agressão. “Esse é o meu papel. Pos-so morrer amanhã e o país será igual. Já sofri vários enfartes,frutos de boatos, e apesar dos sustos, por sorte, até agora, nãotive nenhum...”4

À desordem instalada, Fidel atribuía um grau de responsa-bilidade ao estímulo à imigração ilegal por parte dos governosnorte-americanos:

“Quanto mais difíceis as condições econômicas, mais seincrementam esses fenômenos... Se os Estados Unidos não to-

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Em 5 de agosto de 1994,no começo da crise dos balseiros

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marem medidas rápidas e eficientes para cessar o estímulo àssaídas ilegais, sentiremo-nos no dever de dar instruções aos nos-sos guarda-fronteiras de não obstaculizarem nenhuma embarcaçãoque deseje partir...”5

Alçava o fato àquela dimensão política que punha os Esta-dos Unidos em “sinuca de bico”, parecida com a do êxodo deMariel. Pelo acordo sobre imigração com os Estados Unidos,em 1984, 160 mil vistos deveriam haver sido concedidos paracubanos em um período de dez anos, posto que o estipulado eram20 mil anuais. Somente 11.222 foram liberados no total6, consi-derando-se que o trato foi suspendo em 1986 e 1987, em razãodo estabelecimento da Rádio Martí. No ano em questão, 1994,até o dia 22 de julho, registravam-se 544 vistos liberados.

A questão diferia para o caso de dissidentes ou crimino-sos, em que, proporcionalmente, o número de concessões de vistosnão se mostrava muito defasado do previsto.7 Também a acolhi-da a imigrantes sem a documentação requerida não apresentavaempecilhos, em virtude dos esquemas locais bem estruturados eorganizações para auxiliá-los. Em outros lugares, como na Espanha,também havia incentivo à imigração de cubanos, com oferta deemprego, dinheiro ou contas bancárias,8 mediante a influênciamantida por setores anticastristas no exílio.

A vaga de lanchas ou balsas, muitas improvisadas ou arte-sanalmente construídas, ou seqüestros de embarcações comocorrência de mortes, tentando cruzar o Caribe ao azar, cresciade modo alarmante, apresentada em show pela mídia. Relaxan-do a patrulha do litoral cubano, Fidel buscava repor a discussãodo tema migratório na sua abrangência, o que implicaria apre-sentar sobre a mesa a questão do bloqueio.

Em 11 de agosto, os balseiros já chegavam a 5.435, a mai-oria jovens em idade de trabalhar, sem alternativas em Cuba. Nomesmo dia, a Casa Branca afirmava, em tom de represália, quequalquer cubano que abandonasse o país, pelo motivo que fosse,poderia adquirir cidadania estadunidense. O jornal The New York

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Times , cotejando outra linha, no mesmo 11 de agosto, analisouque os Estados Unidos encontravam-se paralisados ante um di-lema de que eram os autores.

Oito dias depois, ante o fluxo de balsas batendo às costasnorte-americanas, o Presidente Clinton resolvia não mais admi-tir as entradas ilegais, dando por extinto o asilo político automático.Os resgatados em alto-mar deveriam ser recolhidos à Base deGuantânamo pela guarda-costeira, unindo-se, assim, aos 15 milrefugiados haitianos que ali se encontravam. Mas sensível à pressãodireta do setor mais conservador do exílio, que se recusava aodiálogo com Fidel, ditou também a proibição das remessas dedólares para Cuba, restrições ao tráfego aéreo entre os países, eavalizou as transmissões radiofônicas contra a Revolução, queserviam como um mecanismo de persuasão ao êxodo. Até essedia, calculava-se que 33 mil cubanos haviam tomado o destinoda Flórida na vaga dos balseiros.

Em 9 de setembro, chegou-se a um novo acordo migrató-rio em Nova York. Os Estados Unidos comprometiam-se, maisuma vez, com 20 mil vistos anuais a Cuba, que de sua partetomaria medidas para deter os refugiados. Aos milhares que seencontravam na base, couberam apenas promessas de um des-fecho. Fidel pontificava que não aceitaria, sob nenhum pretexto,a armadilha de se concederem vistos aos concentrados emGuantânamo, preservando a dúvida aos que aguardavam emCuba por documentos legais; que os Estados Unidos teriamque “resolver o problema sem estimular novamente o caos”. Guan-tânamo estava prestes a se tornar um campo permanente derefugiados, o que custaria ao país norte-americano milhões dedólares em manutenção.

Uma noite, soldados da base descuidaram da vigilância euns 700 refugiados conseguiram escapar, atravessando camposminados em direção ao país, registrando acidentes com mortos eferidos. A Administração norte-americana ofereceu uma solu-ção em 1995: liberavam-se todos que lá estavam, podendo ou

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não iniciar os trâmites legais para ingressar nos Estados Unidos,se assim desejassem.

* * *

Com um olhar no resto do mundo, Fidel observava a cir-cunstância especial da decolagem econômica dos “tigres asiáticos”– principalmente Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul – e aprofundavauma longa e densa reflexão sobre os fenômenos do neoliberalis-mo e da globalização. Os asiáticos, com grande disponibilidadede capital e de mercados, atingiram um rápido e pujante desen-volvimento com alto nível técnico, conformando os exemplosque as grandes instituições financeiras recomendavam seguir,omitindo porventura o fato de constituírem regimes fortes comorientações protecionistas. Fidel conjeturava:

“Como é que o Haiti pode imitar o exemplo de Taiwan? Eos países da África? À Somália, foram levar alimentos à pontade canhões... A população do planeta cresce a um ritmo de, apro-ximadamente, 100 milhões de habitantes por ano... O capitalismoestá condenado ao crescimento ou a devorar-se a si mesmo, por-que parar significaria uma catástrofe para os Estados Unidos,Japão e Europa. Para uns se desenvolverem, outros teriam queparar de crescer...9 Trata-se, para os pobres e pequenos, de sabercomo vamos sobreviver nas próximas décadas; da nossa exis-tência como nações.”10

Países do Caribe não podiam prescindir da integração.A tentativa desenhou-se em 5 de maio de 1994, em Barbados,na Conferência dos Pequenos Estados Insulares, da qual Fidelparticipou. Mas seria em Cartagena, na IV Cumbre Ibero-Ame-ricana, que se formaria a Associação de Estados do Caribe,integrada por 25 países, incluindo os centro-americanos, maisColômbia e Venezuela. Em uma próxima reunião, propugnar-se-ia a formação de um fundo de desenvolvimento para ospaíses membros.

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A grande sensação de Cartagena foi Fidel, que surgiu ves-tido de “guayabera” – camisa típica caribenha que, com mangacomprida, considera-se um traje protocolar – de cor branca euma calça comprida escura, ambas impecáveis, confeccionadaspor seu alfaiate particular. O abandono do uniforme, antes criti-cado, do qual afirmara não se desprender, gerava o enorme susto,uma sensação de estranheza ou de nostalgia que percorreu o mundo.E seria para sempre? Em compensação, uma boa vista d’olhospoderia detectar que ele não se despegou das botas (tamanho45), por insubstituíveis ao seu interminável caminho.

Na ocasião, um grupo de terroristas projetava disparar emFidel, quando ele estivesse percorrendo pontos da cidade emcompanhia do seu amigo Gabriel García Márquez, que tem umaresidência em Cartagena. Os executores eram vinculados à Fun-dação Cubano-Americana, sendo chefiados pelo exilado cubanoLuis Posada Carriles. Este fora um dos autores da sabotagem do

Com Itamar Franco, Presidente do Brasil

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avião em Barbados, em 1976 – e viria a tentar um novo atentadoem 17 de novembro de 2000, na Cidade do Panamá, durante a XCumbre Ibero-Americana. O fato foi denunciado por Fidel inloco, visando inclusive a prevenir sobre a provável ocorrênciade explosões em locais do evento. Posada Carriles, portando iden-tidade falsa e passaporte salvadorenho, foi, em seguida, detidona capital panamenha.

Em Cartagena, Fidel ainda quis fazer um desabafo, apósos pronunciamentos do último dia:

“Sei que, às vezes, quando falo, alguns não movem a mão.Correto, eu os respeito. Cada qual deve fazer o que estime perti-nente. Aplaudi todos, alguns com mais entusiasmo... Apreciotanto, por isso, o gesto do Presidente Itamar Franco, do Brasil,surpreso de que não se tenha mencionado uma só palavra sobreo bloqueio injusto, criminoso, desumano, que há mais de 30 anosse impôs ao nosso país... Ficamos sozinhos e muito, quando fi-cam sós, se rendem. Nós não nos rendemos, seguimos lutando,porque entendemos que defendemos a dignidade, a soberania ea independência de nossos povos de América Latina... Não sedisse que Cuba foi o país que mais avançou na área do social naHistória deste hemisfério. Fizemos tanto, que penso que maisdo que teríamos podido… Chama-me a atenção que não se te-nha dito também uma só palavra sobre a posição comum quedeveríamos levar à Cumbre de Miami, algo tão importante e tãovital, que está bem próximo... Por último, digo que respeito asidéias de vocês e as respeito com muita sinceridade. Haveriaque realizar uma Cumbre para discutir o que é a democracia, oque é a participação do povo e o que significa que milhões depessoas morram neste hemisfério todos os anos, por doenças,fome, podendo se salvar… É nosso dever, se somos democratas,se somos humanos, de pensar em tudo isso. Temos nossas idéi-as, nossas concepções sobre a democracia e não nos sentimosenvergonhados disso… Peço respeito também para os nossoscritérios, da mesma forma que respeitamos os seus...”

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Outro assunto na oportunidade, de menor repercussão, foraa convocação a uma Cumbre em Miami, promovida por Clintonpara o final do ano. Desde logo, um encontro em Miami, apre-goando o livre movimento dos capitais, tinha a intenção de dividire neutralizar os acordos entre os latino-americanos. Fidel, au-sente da lista de convidados, ironizou, expressando que teria sidomais inteligente da parte dos Estados Unidos haver convocado areunião em um país da área:

“Covardia, mediocridade e miséria política se refletem naexclusão de Cuba. No entanto, não nos opomos à reunião... Oque não se aceita é que os Estados Unidos pretendam converter-se em modelo e juiz supremo dos ordenamentos políticoslatino-americanos...”11

Com Cuba, era outra a circunstância. O Presidente norte-americano Bill Clinton revia o status da China, atribuindo-lhe ode nação mais favorecida no comércio com os Estados Unidos;abriu-se ao Vietnã e assinou acordos com a Coréia do Norte. AÁsia, em ascensão, povoava também a cabeça de Fidel, que, comoindutor de reformas, desejava melhor compreender o processona região e assimilar experiências. Além do que, os chinesesdemonstravam empenho em colaborar com Cuba nesta etapa dedificuldades. “Há muitos anos os chineses introduzem mudan-ças, mas não destruíram a sua história, nem o Partido, nem oEstado… e avançam com uma velocidade extraordinária, comotambém começam a fazer os vietnamitas…”, analisou Fidel.

Cruzando o meio de seu mandato, a preocupação com a fu-tura influência eleitoral da Flórida, onde não detivera maioria devotos para a Presidência, levava Clinton a condescender com olobby da linha dura do exílio cubano. Carlos Menem, o Presidenteargentino, ali, criticou o regime de Fidel, mas este preferiu se mantercalado sem contraditar, certamente por sua extensa relação comos peronistas. Também, no âmbito pessoal, os dois se entendiam.

Em dezembro, vestido com a farda que havia dispensadoem Cartagena, Fidel chegou à Cidade do México para a posse de

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Ernesto Zedillo, quando também eclodia a crise financeira me-xicana, precipitando o colapso do mercado de ações. O fato punhaem questão o modelo de liberalização imposto pelo Fundo Mo-netário Internacional (FMI), com o “efeito tequila” em outraseconomias regionais, o que dava razão às formulações do cubano.

Uma questão que se comentava era a do muro metálicoque os Estados Unidos pretendiam erguer na fronteira com oMéxico, como um meio de conter as invasões, com previsão dese iniciar em março de 1995. Muitos mexicanos que se introdu-ziam pelos desertos morriam, ou eram mortos. Fidel lembrouque os territórios onde se aventuravam eram os mesmos que lheshaviam sido tomados no século passado, embora, no presente, oimpulso de êxodo fosse econômico. Só no Arizona, o muro teriaa extensão de 6,43 quilômetros, composto de pranchas de mate-rial bélico utilizado na Guerra do Golfo. Com os equipamentossofisticados que se utilizaram, o de Berlim que ficara para a me-mória, parecia um brinquedo.

Coincidindo com a Cumbre de Miami, chegava a Cuba,para estar com Fidel, o coronel venezuelano Hugo Chávez, olíder do Movimento Bolivariano Revolucionário (MBR), recém-libertado da prisão. Chávez havia encabeçado, mais de dois anosantes, uma rebelião militar inspirada nos ideais de Simón Bolívar,o general Libertador da metade norte do subcontinente no iníciodo século XIX.

Fidel, que o recebeu em 13 de dezembro, declarou afinida-de com a ideologia do grupo, que o remetia a outros movimentosmilitares de conteúdo nacionalista na região, expressos nas fi-guras de Omar Torrijos (Panamá), Juan Velazco Alvarado (Peru)e Francisco Caamaño (República Dominicana). O coronel Chávezafirmou que pretendia candidatar-se à Presidência, compondouma frente nacional e, se eleito, convocaria uma AssembléiaNacional Constituinte. O apoio popular a Chávez na Venezuelaera crescente. Fidel o aconselhou, no entanto, a ser discreto nasua simpatia por Cuba, porque poderia prejudicá-lo em seus ob-

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jetivos. “O destino das lideranças que se afeiçoam por Cuba nãoé dos mais promissores”, confessou.

* * *

Entrando no ano de 1995, o eixo da desavença cubano-norte-americana parecia inverter-se rapidamente, mostrando umaestratégia dupla. O subsecretário de Estado norte-americano PeterTarnoff conversou secretamente com Ricardo Alarcón, o presi-dente da Assembléia Nacional de Cuba – e o maior especialistano tema –, em Toronto (Canadá), no intuito de explorar possibi-lidades de relaxamento das tensões. Delegações de executivosnorte-americanos visitaram Cuba, sendo que mais de cem assi-navam cartas de intenção com o governo cubano para explorarnegócios, assim que a Casa Branca os liberasse. A permissãopara investimento de capitais por parte de cubanos no exílio tambémsairia no mesmo ano.

Por outro lado, Richard Nuccio, o responsável pelos As-suntos Cubanos do Departamento de Estado, mostrava-se ativo,por variados canais, nos contatos com intelectuais cubanos e asOrganizações Não-Governamentais (ONGs) estabelecidas emCuba. Como pano de fundo, um estudo produzido pelo Pentágono,coordenado por um oficial de inteligência, o cubano-americanoNestor Sánchez, com quem contribuíram especialistas russos,concluía que o melhor caminho para resolver o impasse era mesmoencorajar uma liberalização gradual em Cuba, favorecendo “umatransição leve”. O estudo frisava que a adoção, pelo país de Fidel,de uma variante dos modelos chinês e vietnamita – de aberturaeconômica com partido único – significava o início; e que asONGs em Cuba, além de representarem uma base independentede recursos, insinuavam a cisão entre interesses da sociedadecivil e do Estado.

A permanência de Fidel Castro à frente do governo era atéconsiderada conveniente aos Estados Unidos, uma vez que, sob

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a sua direção, o país passaria por modificações graduais, maisseguras e pacíficas, com o apoio das Forças Armadas cubanas,na trilha de uma economia mais capitalista. As autoridades nor-te-americanas reconheciam que não havia transição possível emCuba que pudesse prescindir de Fidel, aproximando-se, assim,das linhas moderadas do exílio presentes ao encontro de 1994 edesdenhando esquemas tradicionais do anticastrismo e seus ali-ados no establishment.

Fidel, ao tomar conhecimento da formulação, deduziu como seu viés: “Esta concepção é a de penetrar e tentar debilitar, me-diante os intercâmbios e a concessão de favores a setores queconsideram permeáveis – sociólogos, filósofos, historiadores e outrosacadêmicos –, deslumbrando-os com as suas instituições milioná-rias e altas tecnologias...”. Raúl Castro a batizou de “trilha dois”da Lei Torricelli, dedicada às operações internas, como antes, deoutra forma, ocorrera nos anos 60, na intenção de cooptar intelec-tuais, funcionários de alto escalão e militares para a contra-revolução.

Ao completar um ano da onda aguda dos balseiros, obser-vavam-se várias incursões de embarcações e avionetas, no espaçomarítimo e aéreo de Cuba. Em uma delas, atiraram-se milharesde panfletos sobre a capital. Fidel acompanhou o episódio com“sangue frio”, mas alertou que a paciência de Cuba teria um li-mite. O Departamento de Estado depois informou-o de que começavauma investigação sobre as atividades do grupo Irmãos para oResgate, por serem os responsáveis pelas incursões, ao desvia-rem seus aviões dos planos de vôo previamente apresentados. Apedido de Warren Christopher, o secretário de Estado norte-ame-ricano, em outubro, o governo cubano enviou relatórios sobre asviolações do espaço aéreo e marítimo, indicando as omissões dostripulantes em conectar os seus códigos de identificação. Simulta-neamente, confundidos na dinâmica do tráfego aéreo, vôos fretadosMiami-Havana eram usados por cerca de 100 mil pessoas.

Em julho de 1995, ao Congresso norte-americano haviasido apresentado o projeto da Lei Helms-Burton – uma versão

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corrigida e aumentada da Lei Torricelli –, patrocinado pelo se-nador Jesse Helms e pelo deputado Daniel Burton.

Canadá e União Européia protestaram contra a naturezaextraterritorial do projeto de lei. Não era de se estranhar a posi-ção canadense, visto que a aproximação com Cuba amparava-sebem na relação entre Fidel e Pierre Trudeau, ex-primeiro-minis-tro e eminência do Partido Liberal do Canadá, que não romperarelações com Cuba e sempre havia rejeitado o bloqueio. O Mé-xico, que fazia parte da ALCA (Acordo de Livre Comércionorte-americano) e quase todos os países latino-americanos tambémsaíram a condenar o projeto.

O Presidente Clinton vetou o projeto da lei. Em outubro,revogou as restrições de viagens de norte-americanos a Cuba(especialmente acadêmicos, artistas e representantes de organis-mos) e autorizou agências de notícias a abrirem burôs no país.Observando a estratégia dupla, Fidel julgou o assunto suspeito:

“Que sentido tem criar burôs aqui e lá? Bobagem. Cente-nas de jornalistas apareceram, todo mundo filmou os balseirose mais o que quiseram. Não temos recursos. Seria um inter-câmbio desigual de informação!” Posteriormente, apenas a redeCNN receberia a permissão do governo cubano para estabele-cer a representação.

Alternando a farda de gala com o terno sob medida, emmarço, viajou a Copenhague para a Conferência Mundial para oDesenvolvimento, onde reincidiu na crítica ao neoliberalismo:

“Se os ianques fossem capazes de aceitar um conselho deum adversário leal, eu lhes diria: desembolsem e ajudem, cola-borem e apóiem, que será a única segurança para os EstadosUnidos... Onde falta humanidade, não pode haver direitos hu-manos. O neoliberalismo, doutrina de moda imposta ao mundode hoje, sacrifica impiedosamente, nos países subdesenvolvidos,os gastos para saúde, educação, cultura, esportes, previdênciasocial, moradias, água potável e outras necessidades elementa-res. O crescimento incontido das drogas, a xenofobia e a violência

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mostram a sua decadência moral... Repartam-se melhor as ri-quezas do mundo entre as nações e dentro delas!”12

Depois seguiu para Paris, atendendo um convite de FedericoMayor, o diretor geral da Unesco. Encontrou-se com FrançoisMitterand, que acabava de deixar o poder por motivo de doença,e empresários franceses. Esteve na terra do vinho, na Borgonha,levado por Gerard Bourgoin, e passou por Chablis, uma cidadede origem medieval, onde elegeram-no membro da Irmandadedos Pilares de Chablis. Adentrou caves onde se armazenam asgarrafas de vinho branco produzido na região, o melhor do mundo,e ganhou um copo de prata dos provadores. Gostou especial-mente de uns versos gravados em uma peça de madeira: “O vinhoChablis alegra o coração, estira as pernas e aviva o espírito!”.Ao sul de Paris, em Champigny, foi rever George Marchais, oex-secretário do Partido Comunista Francês (PCF).

Na V Cumbre Ibero-Americana, realizada em Bariloche(Argentina), em 1995, Fidel assistiu ao grupo de países latino-americanos expressar uma formal condenação ao embargonorte-americano a Cuba. Por outro lado, afirmava-se que CarlosMenem, o anfitrião do encontro, comprometera-se com uma es-pécie de aliança estratégica extra-Organização do Tratado doAtlântico Norte (OTAN). “O objetivo é a divisão entre os paíseslatino-americanos, evitar no possível a integração econômica in-dependente, sabotar o Mercosul”13, disse Fidel.

Depois partiu para a Colômbia, à 11a Reunião dos Não-Alinhados, e logo para Nova York, para o 50o aniversário daONU. Como de costume, não foi convidado para as recepções,mas insistiu em um recado: “Até quando se terá que esperar paraque se faça realidade a democratização das Nações Unidas e averdadeira cooperação internacional?”14.

Com bastante fôlego, ainda foi à China no fim do ano, de-pois ao Vietnã e ao Japão. Quinze minutos bastaram para queFidel escalasse cerca de 500 metros de uma empinada encostada Grande Muralha. Na China, com a qual em velhos tempos

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digladiara-se como Gengis Khan, andou a gosto, visitou as zo-nas agrícolas e de desenvolvimento industrial, além da Bolsa deValores, a primeira de um país socialista.

Na tarde de 2 de dezembro, tomou o rumo da capital daprovíncia central de Shaanxi, de nome Xian, em um começo dejornada pelo interior. Passou por Shangai, Shengzhen e Gangzhou,os pólos de desenvolvimento da “economia socialista de mer-cado”, ouvindo com interesse todas as explicações. Pudong,em frente a Shanghai, era o ponto priorizado para a conversãoda zona em uma “cabeça de dragão” da decolagem econômicado delta do Rio Yangtzé, compondo o corredor econômico asi-ático. Testemunhava a colocação em prática da tese de DengXiao Ping: golpear com as duas mãos, da mesma forma e coma mesma força, isto é, pujança econômica mais fortalecimentodo Partido.15 Para concluir, Fidel selou vários acordos com aChina e avaliou:

“Estão tratando de fazer o seu traje sob medida. Nós, onosso... É uma Pequim que não se pode tomar, em uma nação de1,25 bilhão de habitantes, com um Partido Comunista e idéias

Com Jiang Zemin, Presidente da China

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revolucionárias com as mesmas origens das nossas – Marx, Engelse Lênin –, que se complementaram com as de Mao Tsé-tung eDeng Xiao Ping...”

No Palácio da Reunificação, na cidade Ho Chi Minh, noVietnã, Fidel viajaria em emocionadas e gratas imagens de 22anos antes, quando ficara garantida a vitória da Frente de Liber-tação Nacional, conhecida como Vietcong. No Japão, em 12 dedezembro, reuniu-se com a representação da Conferência Eco-nômica Japão-Cuba.

Já de regresso à sua terra, reelaborava a análise sobre asdiferenças: a China e o Vietnã acumulavam riquezas provenien-tes de suas exportações, galgando os patamares da auto-suficiênciaagrícola e industrial. Não era o caso de Cuba, muito menos deoutros países de uma área que Fidel, quase sozinho, ainda cha-mava de Terceiro Mundo.

Em visita ao Vietnã

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Vou morrer de botas

Se Fidel encontra tempo, é provável que entre na cozinhado Palácio do Governo para palpitar sobre receitas e artesculinárias; ou a cruze em direção ao refeitório anexo para

almoçar com os trabalhadores, obedecendo ao instinto cultivadona infância da fazenda em Birán, época do cozinheiro García edos patrícios de D. Angel, os galegos imigrantes.

C A P Í T U L O 5 1

Em seu 70º aniversário, visitando a fazenda de Birán, agosto de 1996

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Por natureza, Fidel é glutão, salvo apenas dos sortilégiospor seu senso “jesuíta” de controle. Entre os pratos de predile-ção, alguns de uma lista para seduzir os mais ascéticos: lagostasassadas no espeto ou grelhadas, postas de bacalhau douradas emcaçarola de ferro e um bom bife de filé, quando há carne. Aindalistam-se uns especiais de forno: o pilaf à grega (arroz com cal-do de galinha, manteiga, amêndoas, pimentões, azeitonas e cenourapicados) e o peixe grand meunier com vinho, preparados even-tualmente. Mas Fidel diz que, no cotidiano, adora mesmo osgrelhados, de peixes, mariscos ou de carneiro, com saladas vari-adas, em parte por disciplina às recomendações de seu médicoEugenio Sellmam, um personagem misterioso que aparece aoseu lado, invariavelmente, dentro ou fora do país.

O competente Sellmam prescreveu zero de gorduras paraFidel, até para que se previna de má digestão, por serem incertosos seus horários de refeição. Como sobremesa, permite os sor-vetes de frutas, unidos com gelatina sem leite. Maioneses e aquelespecados de spaghettis que, assim como o bacalhau, ele mesmopreparou tantas vezes à sua moda, devorando-os com gosto, an-dam de retiro, confere em relato Pepe.

José Vela Gómez (Pepe) é um velhinho afável, de memó-ria bem articulada para os seus 88 anos, que, embora já aposentado,ainda atua na coordenação do Departamento de Gastronomia doPalácio. Fidel não desejou deixá-lo inativo, uma atitude que, emgeral, tem com os funcionários das equipes que o rodeiam. PepeVela começou a atendê-lo em 1961, depois de haver passado poruma larga experiência como maître em restaurantes de luxo dosanos 50, como os dos Cabarets Montmartre e Tropicana.1

Pelos anos 90, mesmo em período de aperto e estritos gas-tos, em uma ou outra ocasião, ainda é preciso providenciarrecepções nos salões oficiais. Um imenso fogão, aquecido à basede carvão vegetal, introduzido na cozinha há anos por Pepe, é abase do desfrute. Os menus para convidados foram consagradosna prática, com serviços à francesa, russa, espanhola e comida

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criolla (cubana), com entradas frias de lagosta ou camarão, co-quetéis de ostras e sobremesas com doces de fabricação própria.A gerência da cozinha também procura se ajustar a um gostoexpresso pelo convidado ou aos seus costumes. Se é um muçul-mano, descartam-se os pratos com carne de porco. Aos que,informa-se, são abstêmios, tampouco se oferecem os drinquescom bebidas alcoólicas; caso contrário, serve-se o rum cubanoIsla del Tesoro, envelhecido há 30 anos em barris de carvalho,cujas garrafas os visitantes levam depois das recepções, mesmovazias, como recordação. Pepe contou que ele e Fidel, em umbreve bate-papo na copa, comentando sobre a velhice, o avançarda idade, decidiram que iriam “morrer de botas calçadas”, mes-mo com todos os problemas de uma sociedade em mutação.

* * *

Crescia a tendência dos provincianos do interior chega-rem a Havana para tentar fixar residência e encontrar um trabalhovantajoso que manejasse divisas, agravando, assim, a situaçãohabitacional e de serviços públicos. As atividades associadas aocapital estrangeiro contavam com estímulos à mão-de-obra, do-ação de roupas, calçados, artigos de higiene, limpeza e alimentação– posto que não se autorizavam pagamentos de salário em dóla-res –, quando não maior conforto nas próprias instalações detrabalho. No entanto, declarado aberto, na teoria, o acesso à mo-eda estrangeira ou aos “pesos conversíveis”, que significavampoder de compra, mais moças e rapazes se viam tentados ao“jineterismo” – a acepção local de prostituição, vinculada à ex-pansão do turismo –, assim chamado, em uma primeira fase, porse associar à possibilidade de adquirir calças jeans.

De maneira informal, instituía-se uma “economia da per-muta”, com compra e aluguel de quartos, apartamentos e até fraçõesde uma casa. Oferecendo preços em dólares, bem mais em contaque os vigentes nos restaurantes administrados pelo Estado, pro-

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liferavam os restaurantes paladares (outro apelido popular, esteinspirado nos afazeres da personagem de uma telenovela brasi-leira que passava na tevê).

A produção açucareira, a mola das exportações, descia entãoa 3,3 milhões de toneladas, a mais baixa de todo o período daRevolução. As UPBC açucareiras não eram rentáveis, detectan-do-se como motivo o descompromisso com as normas de trabalhoou a irracionalidade no uso dos recursos, em resumo, a baixavinculação do homem à atividade. Independentemente da capa-cidade produtiva de cada unidade, o Estado pagava ao núcleo detrabalhadores da UBPC uma antecipação em dinheiro e recur-sos, sobre um patamar predeterminado de produção, o qual quasesempre era descumprido. Para deter o acelerado declive, conce-deram-se os incentivos em bens de consumo e foi preciso recorrera empréstimos no exterior – com juros de 30% acima dos termosdo mercado financeiro, referentes a uma “taxa de risco”, poisCuba não possuía crédito internacional, nem uma grande insti-tuição bancária como avalista. Dois anos depois, Fidel concordariaem realizar uma grande reestruturação do setor açucareiro, comaumento de autonomia das UBPC e com financiamento de capi-tal estrangeiro, como o canadense, para tentar frear a tendênciaà estagnação da capacidade das usinas.

Fidel atormentava-se com o advento de diferenças sociais,devotado a um cotidiano de angústia para administrar a escas-sez. Desdobrava-se em criar e discutir fórmulas para soerguer opaís de um fenômeno original, nunca dantes vivenciado, nemsequer imaginado ou ditado por algum manual2.

As reformas decididas compunham uma experiência semfisionomia definida, sem se orientar por um projeto, por se situ-arem sobre uma crise móvel e contra a corrente dominante naeconomia mundial. Imperioso era, então, que as novas organiza-ções associadas com estrangeiros, vinculadas ao setor externo,começassem a render. Quem nada compreendia, entre o povo,ficava perplexo ou se assustava com a seqüência de leis e outras

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providências, acusando o poder de produzir o caos; enquantoaquele centrava o seu ataque numa parcela dos produtores“contapropistas” ou nos “franco-atiradores do mercado”, comoFidel chegou a expressar, pois adquiriam dólares de modo furti-vo, desorganizando a economia, embora tudo fosse proclamadoe observado a olho nu. Assim, ao lado dos enriquecidos, surgiauma categoria original de “subempregados” – dedicados a umtrabalho informal e não licenciado, o qual, por sua mobilidade,ofuscava a aferição de uma cifra exata3 – e um percentual de 7%de desempregados no país. Um daqueles autônomos podia ga-nhar, em um dia, o que um professor ou um médico percebia doEstado por todo um mês de trabalho. “Possivelmente o que osestrangeiros oferecem como estímulo aos que trabalham em suasrepresentações, seja quatro ou cinco vezes mais do que ganhaaqui um ministro...”, observou Fidel.

Insegurança e descrença de que o sistema pudesse funcio-nar, levavam pessoas à busca de uma salvação pessoal. Comomeio de debelar os problemas, em janeiro de 1996 foi lançada ahipótese de um “imposto em escala progressiva”. As taxascorresponderiam a percentuais sobre os montantes ganhos peloindivíduo ou a unidade produtora. Eram, em princípio, altas aosque alugavam um quarto ou montavam paladares em pontos decirculação de turistas, o que acabaria provocando a inibição dasatividades. Em seguida, com os níveis de evasão e de subdeclaraçãoao fisco, tornou-se inviável fazer as estimativas e as cobranças,mesmo com o aumento de funcionários inspetores. Determina-ram-se, então, as taxas fixas para a série de autonômos legais,isto é, registrados, além de uma ofensiva do aparato policial,para recuperação da ordem. Mais de sete mil “jineteras”, chega-das de cidades do interior, foram expulsas do balneário de Varadero.Centenas de pessoas que alugavam casas ou quartos para ativi-dades ilegais foram processadas, assim como motoristas queprestavam serviços de apoio. Por outro lado, como formas deocupação, o governo estimulou a montagem das feiras de artesãos

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e o comércio ambulante em determinados locais das cidades maisfreqüentados por turistas.

A grande surpresa, em todo esse quadro, foi que, no cursode 1996, observou-se um processo de recuperação econômica,com um crescimento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Apolítica de saneamento monetário também apresentou resulta-dos: dos mais de 150 pesos que haviam chegado a valer um dólar,a relação decrescia a 35 por um. Fidel assumiu, no entanto, quea recuperação não se expressava no plano do consumo, uma vezque se conferia pela área de comércio exterior, particularmentenaquelas atividades associadas ao capital estrangeiro.

Entre 1995 e 1997, 200 associações entre o Estado cubanoe empresas de 40 países resultariam em um ingresso na ordemde mais de 1,5 bilhão de dólares4. A Espanha liderava as partici-pações no turismo e o Canadá e a França, entre outros, nos setoresde energia, telecomunicações e petróleo. O número poderia sermaior, mas, na prática, não era fácil concluir as licenças paraoperar, visto que passavam por exames cuidadosos ou eram manti-das em ritmo socialista, dizia-se, como demoradas promessas.Pela morosidade, certas firmas, ansiosas por respostas, operan-do ou não, acudiam a oferecer comissões aos membros dasempresas estatais, alguns se deixando subornar.

* * *

A aparente onda de relaxamento das tensões entre EstadosUnidos e Cuba atiçava o ímpeto dos grupos radicais do exílio –como sucedera no passado –, enraivecidos com o recente estudodo Pentágono que afirmava que “Cuba não mais representa umperigo à Segurança dos Estados Unidos; não é, em si, uma ame-aça militar”. Fidel comentou o tema:

“Deveria ser igual, não? Pergunto-me por que eles têmdireito a se fazer essa pergunta e nós não. E a resposta queencontro é que partem da hipótese de que poderiam usar o seu

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grande poder contra o nosso país... Mas nós somos, em todocaso, um perigo moral – e real, se nos atacarem aqui dentro denosso território –, embora não tenhamos o poderio militar dosEstados Unidos....”

As incursões de aeronaves piratas em volteios pelos céusde Cuba, procedentes da Flórida, aceleravam-se nos primeirosdias do ano de 1996. Fidel declarou o risco de um incidente seos vôos não fossem resolutamente impedidos, enquanto embarca-va rumo a Paris, para o enterro do amigo e ex-Presidente da França,François Mitterand, falecido em 8 de janeiro daquele ano.

Na segunda semana do mês, um dos aviões lançou materi-al de propaganda em bairros de Havana, na mesma ocasião emque um grupo de ativistas dissidentes era detido por haver anun-

Com François Mitterand,Presidente da França, em Paris

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ciado uma concentração pública. Na tarde de 24 de janeiro, doisde quatro Cessnas que haviam decolado da Base de Opalocka(Flórida) foram derrubados ao penetrarem no espaço aéreo deCuba, provocando a morte de seus quatro tripulantes. Pertenci-am à organização Hermanos al Rescate (Irmãos para o Resgate),que se dedicava ao negócio do traslado de cubanos para a Flórida,possuindo uma frota de cinco aviões, pilotos e um orçamento de1,2 milhão de dólares, por conta de seu elo com a Fundação Naci-onal Cubano-Americana (FNCA), o grande lobby do exílio cubano.

Horas antes da derrubada dos Cessnas sucedera a invasãode três aeronaves do mesmo tipo, em uma outra zona do país.Foram advertidas, assim como foi pedido seu registro à centralde tráfego aéreo norte-americana, a qual respondeu ignorar osdados. Posteriormente, notificou que a partir do meio-dia, nosetor ao norte do porto de Mariel, realizar-se-iam vôos. Poucodepois das 15 horas, a vigilância cubana ainda tentava conven-cer os aviões Cessnas a se afastarem, mas ao penetrarem dois noespaço aérreo, deu-se a ordem para que Migs os abatessem.

Em nota oficial do dia 25, Cuba declarava que os Cessnashaviam entrado no limite territorial das 12 milhas náuticas, en-tre cinco e oito (milhas) ao norte da praia de Baracoa. Um informeda Casa Branca confirmava a assertiva, mas outros membros dogoverno diriam o contrário. O fato e sua grande repercussão fi-zeram a organização do exílio anticastrista, com seus aliadoscongressistas, republicanos na maioria, sentir-se potente para exigirdo Presidente Clinton uma intervenção militar. Em Cuba, o re-gime convocava à resistência, rememorando a vitória na Baíados Porcos. Em seguida, os Estados Unidos pediriam uma reu-nião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas(ONU) para discutir o ataque da Força Aérea cubana; e, enfim,recomendou-se à Organização da Aviação Civil Internacional(OACI) formar uma comissão para investigar o incidente.

Clinton havia-se oposto à Lei Helms-Burton até o episó-dio do abate das avionetas. O texto da lei instava o impedimento

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do ingresso de Cuba em organizações internacionais, da conces-são de empréstimo por parte dos institutos multilaterais definanciamento e de vistos a pessoas ou representantes de firmasque lá tivessem se estabelecido; e prescrevia o direito de qual-quer cidadão, nativo ou naturalizado, demandar, nas cortesestadunidenses, um ressarcimento de um valor mínimo de 50mil dólares a qualquer pessoa ou entidade beneficiada por umadas quase seis mil propriedades confiscadas de norte-america-nos no início da Revolução (avaliadas, no geral, em cerca de umbilhão de dólares).

Não tardaram a surgir as ameaças sobre empresas ou indi-víduos com negócios em Cuba. A União Européia, capitaneadaa princípio, em grande parte, pelos interesses da Espanha, mani-festava-se contrária à lei com veemência, propondo levar o assuntoà Organização Mundial do Comércio (OMC), como um atenta-do ao princípio do livre comércio. Todavia, com José Maria Aznar,político de centro-direita, eleito primeiro-ministro espanhol, oapoio explícito passou a ser condicionado a uma abertura políti-ca em Cuba. O chanceler espanhol Abel Matutes veio a públicoconfirmar a nova política, assim como outros representantes dogoverno, expressando a necessidade de se buscar uma “transi-ção democrática” para Cuba. Foram seguidos pela maioria dospaíses da União Européia que, entretanto, em tese, continuavadesaprovando as medidas coercitivas. “Seguiremos pobres comgrande dignidade. Não importa quanto dure o período especial”,retrucou Fidel.

Fidel acrescentou que a reivindicação de Aznar, “um alia-do da extrema-direita do exílio”, encontrava-se fora de eixo, poisCuba já havia realizado as reformas políticas e econômicas quelhe cabiam. Em 30 de outubro, retirou o beneplácito do embai-xador da Espanha, Jose Coderch Planas, que, em declarações àimprensa, dissera considerar uma obrigação receber dissidentescubanos na sede diplomática, o que Cuba afirmava ser uma vio-lação da Convenção de Viena. Em uma rara decisão, em agosto,

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a Organização dos Estados Americanos (OEA) votou, por una-nimidade, uma resolução condenando a Lei Helms-Burton. Apóstransitar no Congresso dos Estados Unidos, Clinton a assinou,mas suspendeu a aplicação do tópico que propunha que os cidadãosnorte-americanos impetrassem os processos acusatórios. Note-se que, considerando as normas do Direito Internacional, tampoucopodia alegar-se inconstitucionalidade às nacionalizações.

O relatório da OACI, concluído em meados de junho de1996, afirmava que a derrubada dos Cessnas havia ocorrido emáguas internacionais. O governo cubano apelou, justificando queseus testemunhos e documentos não haviam sido examinados.Já o conflito conjuntural com os Estados Unidos encaminhava-se para um ajuste: Clinton se comprometia a tomar medidas contraaviões de matrícula estadunidense que entrassem no espaço aé-reo cubano sem autorização, enquanto assumia atitudes ao gostodo lobby cubano-americano. Como principal efeito: probabili-dade de aumentar a sua votação na Flórida para um segundomandato. Quanto a Fidel, preferia ver Clinton reeleito, a ter pelafrente a animosidade dos republicanos. De qualquer maneira,uma sensação de “meio inexplicável” havia perpassado o casodo abate dos Cessnas.

Ao Núncio Apostólico de Cuba, que desejou apurar deta-lhes, Fidel comentou sobre a derrubada: “Inoportuna... masinevitável...”. E acrescentou: “O caso podia ter sido evitado pe-los norte-americanos. Há umas verdades que, às vezes, temosque guardar e nos fazem perguntar até onde o decoro pode con-viver com a paciência...”

Pensando a fábula de La Fontaine, O lobo e o cordeiro,onde o segundo era, desde logo, a anunciada vítima, apesar dalógica de seu argumento, Fidel se debatia com a mesma sina,mantendo-se eqüidistante do seu maior adversário. Comentouque, quando Cuba resolvia se entender com um Presidente nor-te-americano, cedo ou tarde, acabava “estragando tudo” (metendoa pata , como diz o cubano), de alguma forma.

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Após ter garantido o novo mandato, Clinton apareceriaprefaciando o Plano de Apoio para uma Transição Democráticaem Cuba, em janeiro de 1997. O documento, de 24 páginas, ela-borado pela Agência para o Desenvolvimento Internacional,recomendava que as instituições financeiras e os organismosinternacionais aportassem de quatro a oito bilhões de dólarespara inversões em “uma Cuba pós-revolucionária”. Para tanto,não impunha a saída de Fidel do poder; mas a ajuda econômica,assim como a renegociação do acordo sobre a Base Militar deGuantânamo, dependeria do avanço do regime para o pluralismopolítico, à adequação às receitas do Fundo Monetário Internaci-onal (FMI), à libertação de presos políticos e outros ítens. Sobreo assunto, apreciou o líder cubano:

“Veja... Nós não discutimos se na Europa há monarquiasou repúblicas, se no poder há conservadores ou social-democra-tas, defensores ou adversários de uma idílica ‘terceira via’,apologistas ou detratores do chamado estado de ‘bem-estar’, como qual se tenta disfarçar o incurável mal do desemprego... Nem

Em entrevista no programade televisão “Hoy mismo”

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palpitamos sobre os ‘cabeças raspadas’ das tendências neonazistasque ressurgem...”5

Por outro lado, em Cuba, sim, existia um embrião de opo-sição. Não seria, pois, a hora de se instaurar um pluralismo? Àquestão, Fidel replicou: “Não vejo razão em cooperar com aestratégia dos Estados Unidos. As dissidências, tanto internaquanto externa, são gêmeas em origem e direção: ambas sãoanexionistas – desejam que Cuba se incorpore aos Estados Unidos– e anti-socialistas...”

Desde o episódio dos Cessnas, processara-se uma conflu-ência de linhas retesadas em lados opostos, no bloqueio e noexílio. Internamente, Fidel vinha providenciando as injeções dereforço institucional, com um tático recato. Durante uma reu-nião do Comitê Central (CC) do Partido Comunista de Cuba (PCC),em 1996, falaram Raúl Castro e Carlos Lage, mas ele permane-ceu em silêncio; só aplaudiu formalmente. Em um extenso informe,Raúl realizou uma solene ultradefesa do sistema, prometendoliquidar a incipiente variante de “glasnost” em meios de imprensa,produção artística e intelectual, e em núcleos ligados ao Partido,admitindo, por outro lado, que certas premissas comunistas, comoa do igualitarismo, a pureza ética, o pleno emprego e o Estadoprovedor, encontravam-se lesadas. O ideário comunista se res-sentia de sustentação.

“É decisivo evitar que nos desunam e nos afundem... A efi-ciência da economia faz parte da batalha ideológica… O inimigonão oculta o seu propósito de utilizar uma parte das chamadasOrganizações Não-Governamentais (ONGs)...”, argumentou Raúl.

Tomando o exemplo do ocorrido na URSS, quando, emfins da década de 80, havia milhares de clubes e associações, feza crítica das ONGs. Antes consideradas de utilidade, pois incor-poravam recursos e estimulavam contatos, resultavam agorasuspeitas, por perseguirem interesses diversos do Estado. As-sim, censurou centros de produção intelectual e cultural criadospara assessorar o Partido e que haviam absorvido mecanismos

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de funcionamento das ONGs, como o Centro de Estudos deAmérica (CEA) e o Centro de Estudos Europeus (CEE). Seuscomponentes foram acusados de “ingenuidade com pedantismo”,seduzidos pelas oportunidades de viagens e edição de textos noexterior, “ao gosto de quem pudesse financiá-los”, servindo comofomento de uma “quinta-coluna”. O ministro das Forças Arma-das Revolucionárias (FAR) chamou a atenção para a série de tesese livros editados nos Estados Unidos, que, concomitantemente,mostravam a separação entre sociedade civil e Estado em Cuba,validando os motivos para que os indivíduos se organizassem emgrupos independentes. Raúl citou o Pax World Service como umadas instituições norte-americanas que buscavam interferir na or-dem interna, através da seção de interesses norte-americanos.

Não obstante, nem todos os que, direta ou indiretamente,se viram atingidos pela crítica, serviam de instrumento para o“inimigo”. Membros das organizações atingidas comentaram que,com conhecimento oficial, grande parte de seus orçamentos jávinha sendo preenchida por recursos externos, em sintonia coma política de abertura aos intercâmbios com estrangeiros. Ex-pressavam-se como artistas e intelectuais que se organizavampara poder viabilizar as suas atividades.

Paralelamente às ondulações do governo de Clinton comrelação a Cuba, a linha dura do exílio se mantinha ofensiva. Nodecorrer de 1997, em junho e setembro, hotéis da capital havaneira(Capri, Nacional, Copacabana, Chateau e Tritón) sofreram aten-tados – um deles provocando a morte de um turista italiano. Oobjetivo era desarticular o setor que vinha granjeando recursosao país. O autor, um salvadorenho recrutado por uma rede vin-culada à Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), tambémentrara no país como turista.

Outro atentado, este contra a vida de Fidel, foi preparadopreviamente à VII Cumbre Ibero-Americana, que se realizariana Ilha de Margarita (Venezuela) no mesmo ano; mas policiaisfederais norte-americanos capturaram, em Porto Rico, o iate, as

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armas e os tripulantes vinculados à FNCA. Pouco depois, em no-vembro, quem veio a falecer, de morte natural, foi o máximo dirigenteda fundação, Jorge Más Canosa, dono de empresas de comunica-ção e de construção civil nos Estados Unidos. Nos bastidores daquestão Cuba-Estados Unidos, previa-se o crescente predomíniode alas moderadas do exílio e um vazio no lobby institucional.

Brincando com os microfones, com voz vagarosa, Fidelcurou ânimos ao final do 17º Congresso da Central de Trabalha-dores de Cuba (CTC), dirigindo-se precisamente aos representantesda maioria trabalhadora. Entre o Estado e os indivíduos, conclamouà consciência em torno dos interesses da nação. Ao dialogar comum produtor rural que reclamava de seus parceiros na categoria,que aumentavam preços no mercado agropecuário, afirmou queos problemas deviam ser resolvidos pela sociedade organizada.

Poucas palavras e abatimento. No Palácio do Governo,patrocinou-se um grande ato contra a corrupção. O conjunto dealtos funcionários das empresas e instituições do Estado foi con-vocado a assinar um Código de Ética dos Quadros do EstadoCubano, que normatizava a conduta que deviam seguir. Fidel,em uma frase, reclamou por não haver sido incluído na lista deassinantes, como também Raúl, e fez questão de fazê-lo.

A reserva de Fidel, por esquisita e incomum, dava chancea uma série de especulações sobre seu estado de saúde. Não apa-recia em público desde 9 de agosto – quando encerrou o congressosindical – e não proferia discursos desde 4 de abril. Crescenteseram os comentários além-fronteiras de que estaria gravementeenfermo, com câncer, enfizema pulmonar ou mal de Parkinson;que lhe restavam poucos meses de vida e pensava em suicídio.

Revelando-se capenga a política de bloqueio, havia aindaquem esperasse uma solução biológica para a Revolução. Emfins de 1997, uma emissora de Miami, ouvida em Cuba, anun-ciou “a morte de Castro”. Interpretou-se, prontamente, que eraFidel. Duas horas depois se saberia que o morto era um cidadãocomum, de nome René Orley Castro Sánchez. Tanta mística le-

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vava a pensar: o dia em que de fato algo de muito grave ocorrera Fidel, já ninguém acreditará...

O boato ganhara efeito em cadeia também pela demora emser desmentido. Entre a desconfiança fundada e os artifícios deanticastristas, a verdade é que o líder cubano passara realmentedoente um período, acometido de diverticulite. Além de um tra-tamento com remédios, precisou de repouso, zero de gordura edieta com muitas fibras, por exigência do Dr. Sellmam.

Com o reverendo Lucius Walker, dos Pastores pela Paz,em Nova York

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Com o menino Elián González

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Volantes em frente à embaixada cubana em Santiago doChile pediam o fim do ditador Castro, mas Eduardo Frei,o Presidente do país anfitrião da VI Cumbre Ibero-Ameri-

cana, em novembro de 1996, defendera previamente o direito àsua presença. Observava-se a face de um Fidel grave e recolhido,mesmo fora do seu país, embora ali não abdicasse da palavra:

C A P Í T U L O 5 2

Recebendo o Papa em Havana, 1998

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“Vão se apoderando dos centros de produção de bens eservicos mais estratégicos, enquanto a nossa cultura é esquartejada!O que ficará de nossa independência? Que possibilidade haveráde se alcançar uma verdadeira ‘governabilidade democrática’ –este, o tema do encontro?”1

Assim havia sido em junho, quando participara, em Is-tambul (Turquia), da Habitat II, conferência internacional sobreAssentamentos Humanos. Em novembro, foi ainda a Roma parao Encontro Mundial sobre Alimentação promovido pela FAO,ocasião em que esteve no Vaticano para encontrar-se com oPapa João Paulo II. Nos fóruns do mundo, Fidel defendia,cada vez mais solitariamente, aquelas mesmas causas dos po-bres e do Terceiro Mundo, expressão em desuso, mas que paraa Revolução Cubana preservavam-se como a réplica aos ru-mos que lhe queriam impor. Do passado, sobreviviam todas asmarcas, como a da conexão cubana com as guerrilhas, que des-gastava o país, mas o Comandante não se eximia de encarar oassunto, se preciso.

Já em julho fora chamado a interceder no caso do seqües-tro do arquiteto Juan Gaviria (irmão do ex-Presidente colombianoCésar Gaviria), para que os guerrrilheiros o libertassem e desis-tissem da pressão para a renúncia do Presidente Ernesto Samper– que vinha tratando de se proteger de escândalos que o envolvi-am com o narcotráfico. Quase um ano depois, Alberto Fujimori,o Presidente do Peru, foi a Havana consultar Fidel: gostaria desaber se ele poderia acolher o comando do Movimento Revolu-cionário Tupac Amaru, que tomara a embaixada japonesa emLima, quando ali se encontravam dezenas de autoridades. O cu-bano respondeu que acederia à solicitação, desde que esta viesseigualmente do governo japonês. Na seqüência do tema, em ja-neiro de 1999, com Andrés Pastrana, o Presidente colombiano,e Hugo Chávez, recém-eleito para a Presidência da Venezuela,reuniu-se para discutir a situação de confronto na Colômbia. Mesesdepois, em Havana, Pastrana ensaiava entendimentos com re-

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presentantes de um dos grupos guerrilheiros, o Exército de Li-beração Nacional (ELN).

A relação de Chávez com Fidel preocupava o grupo demilitares fiéis ao Presidente venezuelano. Para eles, a influênciade Cuba contribuía a pô-lo em mãos da esquerda radical. Menci-onando Fidel com freqüência, apesar das constantes advertênciasdeste para não o fazer, Hugo Chávez estimulava a desconfiança.Dos dirigentes latino-americanos com quem manteve afinidade,o único ao qual Castro nunca recomendou nada nesse sentidofoi a Salvador Allende, mas fora em virtude do transe esfogueadode outros tempos.

Sob a avalanche da crise financeira internacional, sendocredor do mérito de dirigir um país que ocupava um dos primei-ros lugares no que se refere à educação e à saúde, durante a VIICumbre, na Ilha de Margarita (Venezuela), Fidel seria menosespezinhado pelos eufóricos do neoliberalismo, por se recusar apromover a abertura total de Cuba.

Com Fernando Henrique Cardoso, Presidente do Brasil, eHugo Chávez, Presidente da Venezuela

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“Estou farto de ver isso. Não podem falar. Enfim agrade-cem a Cuba, por dizer aquilo que eles se vêem impossibilitados,visto que têm sempre um crédito pendente com o Fundo Mone-tário Internacional (FMI), com o Banco Mundial, o Banco Inter-americano de Desenvolvimento e por aí vai...”, desabafou.

Quando o Presidente brasileiro, Fernando Henrique Car-doso, defendeu, em pronunciamento, a adoção de regras inter-nacionais para o controle do capital especulativo, proporcionou-lhea oportunidade de reacender a antiga utopia: já que os EstadosUnidos não desejavam sucesso ao Mercosul, nem a qualquer outratentativa de integração regional, a estratégia latino-americanadeveria ser, antes de tudo, unir-se. Impraticável, todavia, eraconvencer, pelo entrelaçamento geral das economias e a própriaameaça de internacionalização do caos financeiro, abordadas nasCumbres de Oporto (Portugal) e Havana (Cuba), respectivamenteem 1998 e 1999. Fidel, como cicerone, retomaria a inspiração:

“... Senhores, estou interessadíssimo em ler as notícias so-bre a questão sugerida pelo Brasil, quando ela for colocada aoGrupo dos Sete (Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra,Japão, Canadá, Itália)... Vão ter que dar uma voltinha e procuraro livro de Karl Marx, O Capital, para refrescar um pouco asidéias. Vão ter que ressuscitar as análises da formação do capi-talismo e do socialismo...” , ironizou.

Com o desconforto de ter que organizar “discursos-tele-grama”, como os definiu, viajou às reuniões da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comér-cio (OMC), em 1998. À OMC, fora discutir um acordo multilateralde inversões, em pé de igualdade – estando parcialmente neutra-lizada a ameaça de aplicação da Lei Helms-Burton na Europa –,e observou a consagração de fórmulas cada vez mais distantesdas necessidades da maioria dos povos, junto às sugestões delarga franquia para os mercados.

“Que produções industriais nos reservarão? As de baixatecnologia, elevado trabalho humano e altamente poluentes?

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Pretende-se, por acaso, converter grande parte do Terceiro Mun-do em uma imensa zona franca, sem impostos?

“(...) Por que a mais poderosa potência econômica do mundoobstrui o ingresso da China na OMC? Por que não se mencionao injusto intercâmbio desigual? Por que não se fala mais do pesoinsuportável da dívida externa? Do que vamos viver? Os paísesem desenvolvimento não podem permitir que os dividam!”2

Contou com a companhia de Nelson Mandela, o Presiden-te da África do Sul, parceiro de aflições de longa data, que tambémviera às sessões da OMC. Ao despedir-se, Fidel elogiou os suí-ços, “especialistas em política”, que conseguiam se entender dentreos seus 26 cantões e parlamentos, em um território eleito paraabrigar reuniões sobre os problemas do mundo, só faltando mesmo“adotar as Nações Unidas”. 3

Em Havana, promoveu o Economia 98, um debate com aAssociação de Economistas da América Latina e o Caribe (AEALC),sobre a crise globalizada: se uma grande crise eclodir, seria a últi-

Com Nelson Mandela

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ma? Poderia o sistema responder? Qual o caminho mais racional:acordos regionais ou multilaterais? Estas eram algumas das ques-tões propostas. No intercâmbio com a categoria, deduziu a grandeimpotência, teórica e prática, ante os ditames dos grandes orga-nismos financeiros internacionais. De outro modo, realinhava aelaboração do pensamento que nele se gestara por conta da ascen-são e da queda dos chamados “tigres asiáticos”, “unidas ao fenômenodos bilhões de dólares que transitam a cada dia pelo mundo, comoem um enorme cassino”. Fidel dispunha-se a romper a fatalidadedo descalabro, “uma espécie de Frankestein incontrolável”, “umabomba atômica”, o campo ideal para os lobos da especulaçãoque, “assim como nos bosques árticos, saltam sobre as renas quese atrasam no galope”. Sentia-se vigoroso no argumento como ocordeiro da fábula de La Fontaine. Da crise do México à russa eà asiática, o desastre desabou sobre a América Latina.

Com Felipe Pérez Roque,Ministro de Relações Exteriores, 1998

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“Todos podem se arruinar em questão de horas. Um dia, opróprio banco do FMI quebrará, porque não alcançarão os bi-lhões para fazer face a todas as crises, os quais nem sequer asresolvem, e nada se faz para preveni-las. O mundo precisa demétodos de gerenciamento e exige a globalização do pensamen-to político e econômico”, considerou.

Na reunião do Grupo dos 77, em Havana, em abril de 2000,advogou o cancelamento da dívida externa dos países menosdesenvolvidos e a supressão do FMI, “incapaz de assegurar aestabilidade da economia mundial”. Solicitou aos países expor-tadores de petróleo a concessão de preços preferenciais aos maisatrasados do grupo. Alertava para o perigo da “iugoslavização”da Rússia, afogada em problemas. Se a sua inflexão pôde pare-cer a alguns como a de um profeta do Apocalipse, seu ensejo erao revés: subverter o tabuleiro internacional. Ao mesmo tempo,uma antecipada homenagem pela proximidade das comemora-ções dos 150 anos da criação do Manifesto Comunista:

“Marx foi o primeiro a conceber o mundo globalizado, comodecorrência de uma capacidade de produção de bens que logras-se satisfazer as necessidades materiais e espirituais de todos osseres humanos. Era o prefácio para um mundo socialista...”

Fiel ao marxismo-leninismo, ao recordar que Lênin persegui-ra “o socialismo em um só país”, apressou-se a integrá-lo, de algumaforma, à idéia. Fidel justificou que foram as circunstâncias posteri-ores à Revolução de 1917 que o obrigaram a atuar de modo diverso.

O contexto das megafusões de grandes empresas produziao efeito em mão dupla: sua ótima reprodução dependeria de umamaior socialização da renda, ao mesmo tempo em que o poder iase transferindo às mãos dos que concentravam os principais meiosprodutivos, a notar-se, em especial, o fenômeno corrente na in-dústria das Comunicações. A essa reflexão, Fidel agregou dadosdo continente esquecido: “Na África, há vários países com umalinha de telefone para cada cem famílias. E mais da metade dosafricanos nunca viu um aparelho telefônico”.

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A globalização era irreversível, mas não o neoliberalismo,pontuou Fidel, sedimentando as convicções dos pensadores re-volucionários, que nem sequer imaginaram que o progresso, aqualquer preço, pudesse provocar a deterioração ambiental, ouque os recursos naturais atingiriam o seu limite. Bem ao estilodo jovem Marx que nele habitava, afirmou enfático:

“O sistema capitalista marcha para a própria destruição,como outras sociedades de classe ao longo da História. É umalei e um processo que se aceleram.

“(...) E se quiserem falar de educação e saúde, de um mun-do humano e justo, verdadeiramente democrático, simplesmenterenunciem aos seus sistemas!”4

Como uma seqüela inevitável desse mundo globalizado eunipolar, desapareceriam os Estados nacionais, dentro de umcenário de “desintegrações, reintegrações, guerras econômicas,ferozes competições pelos escassos recursos”:

“O apartheid no mundo... Bilhões de seres desprovidosdos elementares direitos humanos, vida, saúde, educação, águapotável, alimentos, moradia, emprego, esperanças... No passoem que vamos, com a cegueira, a superficialidade e a irrespon-sabilidade das chamadas classes políticas, logo não nos restaránem o ar...”, visualizou.

* * *

Final da História? Uma filosofia de fim de século. Em se-tembro de 2000, Fidel ia à Cúpula do Milênio na Organizaçãodas Nações Unidas (ONU), um fórum para traçar os rumos dofuturo. Aproveitou para chamar a instituição de velha, decrépitade credibilidade, por se eximir durante décadas de sua mais im-portante função: manter a paz e a segurança para a humanidade.Melhor seria “cancelar o teatro”, concluiu. Em uma ocasião paraos cumprimentos, ele apertou a mão de Bill Clinton, em umapromissora cordialidade.

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O gesto não podia ser por acaso. Há alguns meses, haviase encerrado o caso do menino Elián, que obtivera uma amplarepercussão internacional. O menino havia partido de Cuba acom-panhado de sua mãe, em 22 de novembro de 1999, em umaembarcação rumo à Flórida. Uma patrulha cubana a abordou etratou de persuadir os ocupantes a não prosseguirem viagem,mas sem resultado. Logo depois, o desfecho: a mãe do meninomorreria afogada e ele se agarrou a um pneu, assim como maisdois adultos, boiando nas águas do mar. Passados dias, após serresgatado pela vigilância da fronteira da Flórida, o menino foirecolhido por parentes por parte da mãe, residentes em Miami,os quais requisitaram e obtiveram, em seguida, a custódia tem-porária, sem a anuência do pai, que permanecera em Havana.

Marchas e concentrações pelo regresso do menino Eliánsuceder-se-iam na capital cubana, onde os palanques eram ocu-pados por estudantes de vários níveis. Na Flórida, apesar dasrecomendações do Departamento de Justiça de que Elián deve-ria ser entregue ao pai, os advogados dos parentes, membros daFundação Nacional Cubano-Americana (FNCA) e da estação localdo FBI (cujo chefe era irmão do advogado que defendera um dosparticipantes do plano de atentado contra Fidel na Ilha de Margarita)conseguiam retardar indefinidamente o julgamento final. Dias antesda audiência marcada, surgia um escândalo: acusaram de espio-nagem um funcionário da seção de interesses cubanos nos EstadosUnidos, manchando ainda outras autoridades relacionadas ao caso.

Fidel evitava se pronunciar e inclusive comparecer à “tri-buna aberta” que se montara na praça em frente à representaçãonorte-americana em Havana. “Já não é preciso que eu fale...”,comentou entre os íntimos.

Em 22 de abril de 2000, em uma operação de policiais fe-derais norte-americanos, Elián foi retirado da casa em que seencontrava. Fidel se surpreendeu ao conhecer o fato, embora lem-brasse que o governo norte-americano vinha buscando atuar nosmarcos da Justiça, e considerou:

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“O problema geral, no entanto, não está solucionado. En-quanto a Lei do Ajuste Cubano não for removida, outros casospoderão ocorrer... Se ao resto da América Latina e do Caribeofertassem os mesmos beneplácitos para a imigração, mais dametade dos Estados Unidos estaria hoje ocupada por gente detodas as partes. O mesmo ocorreria com a Europa, que se enche-ria de habitantes do norte e do sul do Sahara...”

A crise que assolara Cuba, com o posterior ensaio de recu-peração econômica, levara Fidel a fixar a atenção para o campoda ideologia e dos valores. Muitos cubanos foram procurar umabússola moral nas religiões, encontrando-a em ritos africanos,no espiritismo ou no catolicismo. Ele mesmo resolveu promo-ver uma injeção à fé, ao anunciar a visita do Papa João Paulo IIa Cuba no início de 1998, dinamizando ainda mais o diálogo doregime com o exterior. Para preparar a atmosfera da visita, fo-ram permitidas celebrações de missas ao ar livre e vários locaisda cidade foram preenchidos com posters do Papa e da Virgemde la Caridad del Cobre, a santa padroeira de Havana.

Recebendo o Papa, no aeroporto José Martí, em Havana

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Por conta de um acordo prévio, foram soltos 106 prisio-neiros cubanos, cujos nomes constavam de uma lista de 270entregue a Fidel em 22 de janeiro, pelo cardeal e secretário deEstado do Vaticano, Ângelo Sodano, em nome do Papa. Em umarelação final, após alguns nomes excluídos ou acrescentados,ficaram pendentes de decisão vários casos, entre os que partici-param de atentados, infiltrações e sabotagens, como o salvadorenhoque colocara bombas em hotéis de Havana – que acabou conde-nado à morte e fuzilado em fevereiro de 1999.

Fidel fez o seu papel de atrair a multidão para receber SuaSantidade, o ilustre visitante. Desejava as praças cheias de crentes enão-crentes, sem uma única palavra de ordem, nem qualquer refu-tação a eventuais provocações. “Com orgulho de ser o que somose como somos, sei que podemos conseguir. Assim será”, disse.

Estranhavam alguns, pensando que Fidel guardava umaestratégia não declarada. Outros pressagiavam o fim do regime,às expensas de suas intenções. Ele retrucou:

“O Papa não pode ser considerado o anjo exterminador desocialismos, comunismos e revoluções. Ele é um permanentecrítico da globalização neoliberal, um implacável adversário doneoliberalismo. E muito nos alegramos com isso”.

No dia 21 de janeiro, Fidel caminhou até a escada do aviãopara recebê-lo. Preocupado com que nada lhe ocorresse, ia aoseu lado ajustando o passo como a resguardá-lo. Em uma bande-ja levada por crianças, João Paulo II beijou mostras da terra detodos os rincões da Ilha. Fidel, em breve discurso em um palan-que erguido no aeroporto, resgatou o tempo da primitiva Igreja ea esta associou a Revolução:

“Somos um povo que se nega a submeter-se ao império damais poderosa potência econômica, política e militar da Histó-ria, muito mais que a antiga Roma. Como aqueles cristãosatrozmente caluniados para justificar crimes, nós, tão calunia-dos como eles, preferiremos mil vezes a morte a renunciar àsnossas convicções.

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“(...) Que podemos oferecer-lhe em Cuba, Santidade? Umpovo com menos desigualdades, menos cidadãos sem amparo...um povo instruído a quem o senhor pode falar com toda a liber-dade que desejar... Não haverá nenhum país mais preparado paracompreender a sua feliz idéia: de que a distribuição eqüitativadas riquezas e a solidariedade entre os homens e os povos de-vem ser globalizadas... Bem-vindo a Cuba!”

O Papa também se manifestou:“(...) Acompanho, com a oração, os meus melhores votos

para que esta terra possa oferecer a todos uma atmosfera de li-berdade, confiança recíproca, justiça social e paz duradoura. QueCuba se abra para o mundo e que o mundo se abra para Cuba.”

Cento e sessenta e seis cadeias de televisão, mais 3.501jornalistas estrangeiros, credenciaram-se para o evento. Entre asaglomerações, não se viam soldados ou policiais armados, con-forme relataram vários observadores. No todo ou em parte, aovivo ou pelos jornais, centenas de milhões de pessoas acompa-nharam a passagem do Papa por Cuba e o que se revelava eramcenas mágicas, desmontando as pré-noções. Não haveria mo-mento mais oportuno para manifestações contra o regime, nãohavia nenhum constrangimento. Apenas se assistiu a momentosde paz e harmonia, com Fidel na primeira fila, como anfitriãodigno e respeitoso.

Ele se colocou à esquerda do Papa na missa da capital.Terminada a celebração, João Paulo II fez questão de saudá-lo.Nas quatro homilías das missas campais e em seus pronuncia-mentos, verbalizou preceitos da Igreja, como a condenação aoaborto e ao divórcio, que em Cuba são considerados livres. Umúnico percalço entre a hierarquia eclesiástica e o governo cuba-no se originou na posição expressa pelo arcebispo de Santiago(de Cuba), Pedro Meurice Estiù, em suas palavras introdutórias.Estando perto de Raúl Castro, criticou o marxismo-leninismo e“os cubanos que confundem a pátria com um partido, a culturacom uma ideologia”. O Papa percebeu o mal-estar e, ao ler o

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CAPÍTULO 52 – Lobos, renas e cordeiros

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texto de sua homilía, a esta altura já distribuído, omitiu comhabilidade o termo “direitos humanos”, assim como uma frasedo general Antonio Maceo, herói da Independência de Cuba:“Quem não ama a Deus, não ama a pátria” – para não acentuar apolarização.

Quem polemizou foi Fidel, mas em âmbito interno, comos responsáveis por filmes e livros que exploravam o desalento

Em seu gabinete no Palácio da Revolução, em Havana

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e os problemas sociais cubanos e ganhavam honras no exterior.Parte dos intelectuais reclamou de sintomas de uma nova “caçaàs bruxas”. Na União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba(UNEAC), que representava o coletivo da categoria, agrupavam-se os que tentavam neutralizar o surto, negando qualquer ameaçade retrocesso ao “realismo socialista”. Fidel foi à sede do orga-nismo para conversar: o desejável era buscar o “socialismo real”,disse, com uma produção cultural de identidade, não condicio-nada pelas necessidades mercadológicas. Seus interlocutores nãonegavam a tese, mas entendiam a antinomia: a realidade compe-lia a uma criatividade competitiva, como nos países capitalistas,mais ainda nesses tempos de globalização.

Em 2000, Fidel se dedicaria à reestruturação da políticacultural, como uma prioridade. A “tribuna aberta” instauradadurante o caso Elián tornou-se permanente, com os amplifica-dores voltados para dentro. Fidel promoveu a diversificação detodas as formas de criação, das escolas às ruas e nos centrosespecializados, como requisito básico para uma “globalizaçãoqualitativa”, sem padrões uniformes, sem vulgarização da cul-tura. O olhar de Fidel fixava-se nos jovens. Por essa lente, podia-seenxergar várias décadas atrás: Fidel também havia sido um sig-nificativo fruto de uma geração.

“Nossa juventude precisa de educação abrangente; umaprofunda cultura política, nem dogmática nem sectária. José Martídisse: ‘Ser culto para ser livre’; e há que acrescentar a apóstrofe:‘Sem cultura não há liberdade possível’.

“(...) A ordem econômica e a globalização neoliberal es-tão órfãs e indefesas de ética e idéias. Nesse campo se decidirá aluta principal do novo tempo...

“(...)... porque o próprio desenvolvimento humano, da ci-ência e da técnica, converteu o mundo em uma aldeia onde nãocabem fronteiras...

“(...) Tenho a esperança de que muita gente compreenderáou irá descobrir por si mesma: Podemos salvar a espécie huma-

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na! Marx criticou os utópicos. Sinto-me entre os criticados commotivo, sim ou não? ”

Líder de estratégia mediante contextos reais, Fidel já pu-sera a certa distância – embora ao alcance da mão –, o seu seridealista. Pelo fim do milênio, cruzado o século, convencera-seda impossibilidade de um socialismo imaculado. Ante as desi-gualdades, a tarefa era elaborar o modo de neutralizá-las.

Com Carlos Laje, secretário do Conselho de Estado de Cuba

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Marchando no Malecón, acompanhado de Hojjatoleslam Hajj Seyed Hassan Khomeini,sobrinho do Aiatolá. Logo atrás, de boné branco, Fidel Castro Díaz-Balar t. Havana, 2001

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Alguém insubstituível?

Ocultivo do silêncio por Fidel coincidira com a chegada“oficial” dos seus 70 anos, em 1996.Ao aparecer na província interiorana de Las Villas, onde

o povo comemorava o término da construcão de uma estrada,sua figura plácida, o olhar cabisbaixo na fisionomia cansada,induziam a acreditar que o enérgico estadista envelhecera. Sen-

C A P Í T U L O 5 3

Com Ricardo Alarcón, observando a estátua de John Lennon,recém-inaugurada em Havana, 2001

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tado sobre um pequeno palanque armado sobre um campo, elese entretinha observando as falas dos populares, batucando asunhas das mãos, fortes e pontiagudas, umas contra as outras,dando-lhes certa trégua apenas ao puxar os fios da barba. Toda-via, chegada a vez de se pronunciar, levantou-se resoluto. Como movimento, recobrou a vivacidade e, ao escutar o ruído doprimeiro trovão, moveu a cabeça para o alto. Via-se o céu pre-nhe de vapor negro, a chuva retesada. Fidel fez pausa e começoucom uma brincadeira: “Há quem pense que tenho a faculdade deespantar as chuvas. Vamos ver...”

O aguaceiro caiu minutos depois; mas logo abrandou, en-quanto ele falava mais de uma hora, em uma contagem fora doestilo ou, quem sabe, desejando poupar desnecessários sacrifíci-os aos milhares que não arredaram pé, nem se moveram. Depois,durante encontro com as milhares de crianças e adolescentes quese reuniram para felicitá-lo previamente à data de 13 de agosto,a do seu aniversário, confessou: “Não é fácil adaptar-se mental-mente à idéia da velhice. Tendemos a encarar o que ficou paratrás e entende-se que a vida tem um limite...”

A proximidade de pessoas sempre o deliciava. Destino oucastigo, disse ele, era a labuta de gabinete. Ultimamente fugia oquanto possível das reuniões executivas, comparecendo apenasàs fundamentais. Por estarem mais bem distribuídas as respon-sabilidades de governo, era necessário apenas continuar preparandofuturos quadros de direção. Fidel já podia “até tirar férias” sequisesse, empreender longas viagens, “a eterna talvez”, dandocorda à confidência e atiçando suspeitas.

Perceber Fidel na seara dos 70 reeditava a grande incógni-ta sobre a sobrevivência de uma Cuba revolucionária no seudesaparecimento. Adviria a aterradora frustração, o imenso oco,um desmoronamento social, a instabilidade do poder? Nos bas-tidores da diplomacia, um diagnóstico: deslanchara a “sucessãode Fidel”. Com a cena política aberta aos seus mais próximoscolaboradores, perfazia-se uma espécie de instável “dança de

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cadeiras” entre o seu irmão Raúl e as figuras jovens ascenden-tes: Carlos Lage, Abel Prieto, logo também Felipe Pérez Roque;incluindo-se, na alternância, o Presidente da Assembléia Nacio-nal, Ricardo Alarcón, este um “histórico” como exceção. Porconta do pernicioso “boca a boca” sobre o seu estado de saúde,ele pontuava: “Estejam tranquilos. Venho reconquistando a mi-nha liberdade, pouco a pouco. É só”.

A ressalva seria “concederem-lhe uma licença para se au-sentar de vez e escrever as suas memórias”, o que “por certo nãoocorreria”, como afirmou. Apesar de contumaz conspirador, Fidelpôs os segredos à luz, na hora e no modo que julgou certos, nes-te livro, afirmando que, de importante, nada mais havia a revelar.Na verdade, sendo ele um eterno rebelde, refratário aos enqua-dramentos, nem sequer a liderança, a condição de estadista enem mesmo a sua equipe de escoltas, haviam-no impedido dedesfrutar da vida por completo, ainda que a intimidade fossemfugazes intervalos. A curva da velhice o obrigava a poupar-se,mas no cotidiano, se não há compromissos, permanece ainda

Com Raúl e Ramón (Mongo), os três irmãos

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noites inteiras em seu gabinete, lendo ou trabalhando, ou praticaos seus exercícios, indo deitar-se pela madrugada. Caso contrá-rio, conversa com algum visitante à Ilha, entre taças de vinho,até o raiar do sol.

Foi em outubro de 1997, durante o V Congresso do Parti-do Comunista de Cuba (PCC), que Fidel assustou os ouvintes,ao insistir em grifar a pessoa de Raúl como a do seu grande subs-tituto, de acordo com um dos seus primeiros pronunciamentosem 1959. O irmão é o chefe organizado e experiente, mas nemtão “duro” como deixa transparecer – embora seja rodeado degente desse tipo, todos combatentes “históricos” – e compõe aponta matriz de um triângulo, sabendo-se compartilhadas a áreaeconômica com Carlos Lage (hoje um amadurecido dirigente,prático, modesto e circunspecto) e a política, com Ricardo Alarcón,mais teórico e discursivo. A possibilidade de uma substituição,deixou claro Fidel, seria algo a decidir-se pelo PCC e pela As-sembléia Nacional no momento dado. Ao abordar, entretanto, otema da sua retirada ou sucessão, seus ouvintes visualizaram apossibilidade da despedida. A alguns companheiros, em parti-cular, ironizou com o jeito cortante: “Cuidem mais de Raúl. Seeu fosse o imperialismo, não estaria tratando de liquidar Fidel...”

Mas já haviam se incorporado à praxe medidas para evitaro risco de uma dupla perda. No que concerne a Fidel, a contra-inteligência cubana chegou a computar em 637 o número detentativas de assassinato, entre projetos e operações desenvolvi-das e abortadas, até 1997. Em parte dessas, o Comandante escaparacom vida por proteção da entidade da sorte, das estrelas ou pelainadvertência dos conspiradores.

Sair ileso, uma sina. Percorrer a tênue interseção entre vidae morte, o que o movia? Com o que conta ele, afinal, para livrar-se dos desastres?

Águas revoltas, uma constante. Na adolescência e na ju-ventude, ao projetar-se de um trampolim sobre um litoral rochosoou salvando a turma de escoteiros em um rio enervado. Na flor

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da idade, aos 20 anos, quando todos dormiam em um navio, sal-tou pela borda agarrando a metralhadora Thompson em uma mão,com a malfadada esperança de que ainda lhe servisse. Se ficas-se, sabia, certamente seria alcançado por agentes da repressão.Mergulhou resoluto, com estilo, nas águas da Baía de Nipe, alfi-netando a morte. Um tubarão, que por ali circulava, poderia havê-lotragado, mas talvez por instinto nem apareceu naquele dia, libe-

Em Santiago do Chile,ante o túmulo de Salvador Allende

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rando o território à tentadora presa. Assim, Fidel vivia mais uma,entre tantas “situações-limite”, mas não a tornara um dilema. Oimpulso não foi deslocado do cálculo – e chegou a nado, até acosta. Incrivelmente salvo.

“Se aprendi uma lição, em todos esses anos que tive dedesafiar a morte, desarmado muitas vezes, é que o inimigo res-peita os que não o temem, os que o desafiam”, contou.

Principal figura da “geração do centenário” do nascimentode José Martí, à semelhança do patrono libertador, em sua vida,Fidel conjugou o pensamento, a palavra e a ação. Reúne os ex-tremos, do ideal à prática. Reflete para atuar, mas decide porrompantes, sem estudada determinação.

Quando assaltou o quartel Moncada, ele não contava comperspectivas. Ao ser enviado ao presídio, vislumbrava a mortecerta. Desembarcando do Granma, atolado em um pântano, eraum náufrago. A subversão o empurrava, mas jamais se negava àdisciplina. Atirado e louco, embrenhou-se na Sierra Maestra evenceu uma guerra impossível contra um exército de 80 mil ho-mens. A façanha valeu-lhe o apelido El Caballo, mas foi com ovigor da mente que aplicou princípios, controlou resultados ereelaborou a experiência. Se o acaso influiu, nem foi demais.

Martí, Bolívar ou San Martín, Frei Caneca ou Tiradentes,libertadores latino-americanos, todos foram derrotados antes deverem ativa a sua cria ou assistido o seu engano. Exceto Fidel. Afrustrada Independência de Cuba veio, com ele, completar-sequase um século depois. Como o general dominicano MáximoGómez, praticou as formas de combate irregular em dadas con-dições geográficas. Como o general Antonio Maceo, desejouautonomia ao comando militar na Sierra, dispondo em segundoplano a problemática civil. Ao negar-se a compor com o poderdurante a Junta de Liberação (dezembro de 1957), era o heróiMaceo quem lhe indicava o caminho. Como um maestro, com-binou propostas e situou cada grupo em seu lugar, sendo abrangentee restrito. O triunfo o arremessou sobre o mundo: “Fidel era en-

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tão o foguete lançado ao espaço que... ou chegaria ao destino oupereceria no empenho” 1 .

Fez História no exercício do poder, e fora dele; intimidouos opositores ou os fez vacilar, angariando simpatias por cimadas diferenças. Como outros que também fundaram revoluções,adquiriu a enorme autoridade, ofuscante, avassaladora, consti-tuindo-se em um mito vivo – que viria a ser o último do milênio.

Meditando sobre o destino da Revolução

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Reforçado pela natural associação com o acontecimento históri-co que o fez nascer, a “revolução de Castro” seria bem utilizadapela contrapropaganda.

De sua parte, desde o início, procurou combater o “culto àpersonalidade” e o abuso de poder. Fidel era o Estado e não oera. Em certa oportunidade, o Conselho (de Estado) pensou emcondecorá-lo “herói de Cuba”, ao que resistiu obstinado, postoque se assemelharia a “uma autocondecoração”. Enquanto ocu-passe cargos, declarou, jamais poderia receber uma tal homenagem,em acatamento à idéia da direção coletiva, herdada desde a fun-dação do Movimento 26 de Julho.2 Preserva-se como chefe deEstado postulado e eleito, em primeira instância, como deputa-do pelo município oriental de Santiago de Cuba. “Quem sou eu?Um político no melhor sentido da palavra”, respondeu.

Com relação ao seu maior desafeto, os Estados Unidos, obloqueio acabaria se convertendo no maior culpado das agrurasde Cuba, absolvendo-a de seus próprios erros de política econô-mica. Desenredar o tema se tornaria complexo, atualizando-seuma relativa acomodação do conflito cubano-norte-americanoem uma margem de tempo imprevisível. Fidel opinou: “Nemme alegra, nem me entristece: mantém-me sereno. O reatamentonão é para nós algo desesperadamente necessário. Normalizaras relações não depende de nós, repito”.

Tópicos como os nexos entre familiares separados, atra-vés das visitas ou das dotações de recursos, pouco a pouco serestauraram. Legisladores norte-americanos advogaram pela li-beração da venda de remédios, equipamentos médicos e alimentospara Cuba, com o crivo da Câmara de Comércio. Em outubro de1999, Fidel recebeu pela primeira vez, em Havana, um governa-dor de um estado estadunidense, George Ryan, de Illinois. Gruposse mobilizavam pela concessão de uma “ajuda humanitária” aopaís, mas o cubano repudiou a proposta por “cínica”. Até calçouum tênis feito em Cuba e compôs a vanguarda de uma passeatapelas ruas da capital, “em recusa de migalhas”.

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“Que nos tratem igual à China, ao Vietnã e outros países!Por que querem nos impor critérios? Obrigam-nos a constatar:Cavalheiros, quem são os principais defensores do socialismoem Cuba? Eles mesmos.”

Na quietude do avançar da idade, prefere se dedicar à re-flexão, para reavivar a Revolução e achar o caminho para umestágio superior de consciência política.

“Pode se seguir impondo ao mundo padrões de consumo?Não poderíamos inculcar um pouco mais de ânsia de cultura eriqueza espiritual? Sem esquemas, dogmas ou palavras de or-dem?”, questionou.

Fidel não pensava sobreviver muito tempo, quando assu-miu na juventude a rebeldia. Hoje, sente a saudade do meninoque escalava montes e cruzava rios; mas avista o futuro, comono cume do Pico Turquino. Deixou de ser o afoito dono da ver-dade: conheceu a contenção de quem viu grandes expectativasse desmoronarem. Com passos largos, aprendeu a paciência, ediz que começaria tudo de novo, com a meta de um atleta olím-pico, sonhando “combater até o último dia, como um soldado defila”. “Na montanha, sofre-se mais de sede quando o cantil estávazio. Adquiri o hábito de não tomar água até poder reabastecê-lo...”, recordou.

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N O T A S

Capítulo 31

1 Castro, Fidel – Discurso, 8 de janeiro de 1959.2 Idem.3 Castro, Fidel – Coletiva à imprensa, 10 de janeiro de 1959.4 Estado (Relações Exteriores) – Roberto Agramonte; Fazenda – Raúl Chibás;

Justiça – Angel Fernández; Saúde – Julio Martínez Páez; Comércio – RaúlCepero Bonilla; Trabalho – Manuel Fernández; Presidência (Secretaria) –Luis Buch; Obras Públicas – Manuel Ray Rivero; Recuperação (de BensMalversados) – Faustino Pérez; Exército – coronel Rego Rubido; Marinha– Gaspar Bruch; Força Aérea – Pedro Luíz Díaz Lanz; Polícia – EfigenioAlmejeiras; Supremo Tribunal – Emilio Menéndez; Fiscal do Supremo(Procurador Geral) – Felipe L. Luaces; Delegado Geral do Presidente pe-rante os organismos armados – Fidel Castro Ruz. Obs.: O ministro do Exército(coronel Rego Rubido) exercia o posto de comandante militar de Santiagoe unira-se ao Exército Rebelde ao conhecer a trama do golpe militar.

5 Emma Castro logo se casaria com um engenheiro naval mexicano, VíctorLomeli.

6 Castro, Fidel – Discurso no Palácio dos Esportes, 22 de janeiro de 1959.7 Castro, Fidel – Palestra no Lions de Havana, 13 de janeiro de 1959.8 Pelo Tratado de Assistência de 1934, a Emenda Platt havia sido abolida,

fixando-se um novo acordo para o aluguel da Base de Caimanera (ouNaval de Guantânamo) por quatro mil dólares, que só poderia ser rescin-dido por ambas partes ou por disposição do locatário USA.

9 Listam-se, entre as primeiras intervençôes: um truste fosforeiro, o con-sórcio petroleiro RECA, a Companhia Cubana de Aviação, o Aeroportode Rancho Boyeros, 14 usinas açucareiras, as empresas de transporteOnibus Aliados e Onibus Metropolitanos e a Cuban Telephone Company.

10 Fora em 11 de fevereiro de 1958. Previa a formação de “corte marcial”para responsáveis de crimes e torturas, com poderes para decretação depena de morte.

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11 Castro, Fidel – Pronunciamento ante o túmulo de Eduardo Chibás, 16 dejaneiro de 1959.

12 Jesús Sosa Blanco.13 Castro, Fidel – Discurso no Palácio dos Esportes, 22 de janeiro de 1959.14 Fonte: Entrevista Antonio Llibre. Oficiosamente, na nova ordem em ela-

boração naqueles dias, o exército rebelde já se organizava em chefias,entre as quais a de Ramiro Valdéz Menéndez, G2 (inteligência militar);Belarmino Castilla, da G1 (pessoal); Antonio E. Lussón, G3 (operações);Sergio del Valle, G4 (logística); William Gálvez, G5. Enyo Leyva foi de-signado chefe da segurança de Fidel.

15 Castro, Fidel – Memória da Venezuela, 13 de março de 1967.16 Teses do PSP, Arquivo do PSP, janeiro de 1959.17 Entrevista Faure Chomón.18 Castro, Fidel – Entrevista do Hotel Havana Riviera, 22 de janeiro de 1959.19 Entrevistas Jorge Risquet e José Antonio Tabares del Real.20 Entrevistas Lionel Soto e Alfredo Guevara.21 Proeminente advogado, bem relacionado ao Departamento de Estado e a

magnatas do petróleo norte-americanos, Miró Cardona mantinha uma relaçãopessoal com Fidel desde quando fora seu professor na Universidade deHavana. A razão da sua retirada eram disputas com Urrútia. A seguir,seria enviado à Espanha como embaixador; e posteriormente aos EstadosUnidos, proposto por Fidel em maio de 1960.

22 Castro, Fidel – Programa de tevê Ante la Prensa, 19 de fevereiro de 1959.23 Castro, Fidel – Entrevista, 20 de fevereiro de 1959.24 Entrevista Lionel Soto.25 Castro, Fidel – Entrevista, 6 de março de 1959.

Capítulo 32

1 Castro, Fidel – Entrevista em Nova York, 23 de abril de 1959.2 Castro, Fidel – Entrevista aos diretores de Imprensa norte-americana, 17

de abril de 1959.3 Castro, Fidel – na Esplanada Municipal de Montevidéu, 5 de maio de 1959.4 Castro, Fidel – Entrevista ao programa de tevê Ante la Prensa, 9 de maio

de 1959.5 Castro, Fidel – Em Ante la Prensa, 21 de maio de 1959.6 Em geral, essa dimensão correspondia às plantações de cana-de-açúcar

que utilizavam força de trabalho assalariada, que foram nacionalizadas,

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Notas

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e mantiveram-se como grandes unidades de produção (“granjas do povo”)estatais.

7 Conversações com Manuel Piñeiro.8 Idem.9 O coronel Gamal Abdel Nasser organizou o movimento dos oficiais que

depuseram a monarquia egípcia em 1952. Obteve o controle do territó-rio, substituiu os partidos políticos, unificando-os, e destruiu o poder doslatifundiários. Ao nacionalizar o Canal de Suez, em 1956, a Inglaterra,junto com França e Israel, invadiu o Egito, retirando-se após pressãointernacional. Em seguida à proclamação da República, Nasser presidiuo Egito de 1954 a 1970.

10 Líbia (1951); Sudão, Tunísia e Marrocos (1956); Gana (1957).11 Entrevista Eloy Gutiérrez Menoyo.12 Entrevista Max Lesnick.13 Idem.14 Realizar-se-ia no dia 27 de julho de 1959 em Santiago do Chile.15 Causa no 3, Tribunais Revolucionários de Havana, 12 de janeiro de 1960.16 Em novembro de 1960, dez meses depois, Morgan foi detido ao fomen-

tar, por instrução da CIA, um “bando” na Sierra do Escambray. Em janeirode 1961, Gutiérrez Menoyo partiu aos Estados Unidos para unir-se aogrupo de figuras que formariam o governo de Cuba após a invasão daBaía dos Porcos. Seria detido em Cuba em 1964, ao vir em uma expedi-ção da República Dominicana, como um dos chefes do grupocontra-revolucionário Alpha 66.

17 Além do grupo de cubanos, integraram-na também venezuelanos,portorriquenhos, norte-americanos e espanhóis.

18 O comandante Délio Gómez Ochoa e o Dr. Francisco Pividal19 Na conjuntura, foi fundado o Partido Social Cristão, liderado por Jose

Ignacio Rasco, professor da Universidade Católica de Villanueva e ex-colega de Fidel no Colégio Belén.

20 Padula Jr. , Alfred A. – The Fall of the Bourgeoisie: Cuba, 1959-1961,PHD dissertation, University of New Mexico, 1974.

21 Carlos Prío, Manuel Antonio de Varona e Aureliano Sánchez Arango.22 O Movimento de Recuperação Revolucionária (MRR) contava com uma

base na ACU (Associação Católica Universitária). O Movimento Revo-lucionário do Povo (MRP) apoiava-se na Juventude Operária Católica(JOC) e outros setores dissidentes. Havia ainda o DRE (versão capciosado extinto Diretório), procedente da Juventude Estudantil Católica (JEC)e o MDC. Do MRP, participaria Raúl Chibás, que partiu ao exílio em 10de agosto de 1960.

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Capítulo 33

1 Entrevista Emílio Aragonés.2 Entrevista Chino Esquivel.3 Em um julgamento público em dezembro, Húber Mattos foi condenado a

20 anos de prisão.4 Entrevista José Rebellón.5 A relação entre a chamada “direita” do 26 de Julho e militantes católicos

consolidara-se desde os preparativos da fracassada greve de abril de 1958.6 Castro, Raúl – Palavras no X Congresso Nacional Operário, 18 de no-

vembro de 1959.7 Castro, Fidel – Palavras no X Congresso Nacional Operário, 18 de no-

vembro de 1959.8 Conrado Béquer, dos açucareiros, foi eleito Presidente, tendo como vices:

Conrado Rodríguez, da Segunda Frente do Escambray, e o oriental, ecomunista, Juan Taquechel. Como secretário do Executivo, ficava DavidSalvador.

9 Entrevista Emílio Aragonés.10 Castro, Fidel – Encerramento do 24º Congresso Nacional da CTC, 15 de

setembro de 1959.11 Castro, Fidel – Ante la Prensa, 17 de setembro de 1959.12 Ministério das Relações Exteriores (MINREX) de Cuba, Nota Diplomá-

tica, 18 de novembro de 1959.13 CIA, The Caribbean Republics, National Intelligence Estimate 80-54, 24

de agosto de 1954, CIA Records, FOIA.14 A Conferência de Yalta realizou-se em fevereiro de 1945, sendo precedi-

da pela de Teerã, em dezembro de 1943, ao esboçar-se a vitória dos Aliados.As principais decisões tomadas em Yalta foram: o desmembramento daAlemanha, o reconhecimento do governo iugoslavo sob a chefia do Ma-rechal Tito e do governo polonês pró-soviético, a definição das fronteirasda Polônia, a supervisão dos países que haviam sido satélites do “Eixo”,a divisão da Coréia em duas zonas (o Norte com a URSS e o Sul com osEstados Unidos) e a subtração da Indochina à França para entregá-la àChina. A URSS devia ainda ajudar a liquidar a guerra com o Japão, rece-bendo como compensação alguns territórios na Ásia. As Américas eram,desde logo, as zonas de interesse norte-americano.

15 Entrevista Alfredo Guevara.16 Em 1955, Nasser foi um dos organizadores e líderes da Conferência de

Bandung, onde surgiu o movimento “neutralista” afro-asiático, o precur-

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

437

sor do Movimento dos Países Não-Alinhados. Na ocasião, 29 países afro-asiáticos condenaram o colonialismo, a discriminação racial e o armamentoatômico. A reunião em Bandung era decorrente do encontro, ocorridoem agosto de 1954, entre os líderes Pandiet Nehru (Índia), Mohamed Ali(Paquistão), Bandaranaike (Ceilão), Sastroamidjojo (Indonésia) e U Nu(Myanma).

17 Hemingway, Prêmio Nobel em 1954, suicidou-se em 2 de julho de 1961,vítima de um disparo de seu rifle de caça em Idaho. Em seu testamento,deixava o sítio para o governo de Cuba para que o utilizassem comodesejassem.

18 As Milícias Nacionais Revolucionárias (MNR) foram criadas em 26 deoutubro de 1959.

19 Informe do Comitê Especial do Senado dos Estados Unidos: “Investiga-ção do Senado dos Estados Unidos sobre planos para a eliminação físicade dirigentes políticos estrangeiros” – conhecido como Informe Church,coordenado pelo Senador Frank Church, 1975.

20 Idem.21 Informe do general Maxwell Taylor, Comissão de Estudos sobre Cuba,

Estados Unidos, 1961.22 Informe sobre planos de atentado a Fidel Castro, 23 de maio de 1967, do

inspetor geral da CIA (J. S. Earman), por solicitação do diretor da CIA(Richard Helms). O documento foi enviado para arquivo secreto, haven-do sido desclassificado em 1994, com fragmentos censurados. De acordocom as investigações cubanas, o projeto se traçava desde 1959. Um nor-te-americano (Allen Robert Mayer), que foi introduzido ilegalmente noterritório para atentar contra a vida de Fidel, foi detido pela polícia em 2de fevereiro de 1959. No mês seguinte, no dia 26 de março, foi descober-to outro plano de assassinato, sendo um dos seus mentores RolandoMasferrer, antigo antagonista de Fidel, desde os tempos da universidade.

23 New York Times, 7 de março de 1967. A fonte principal dos autores teriasido o mafioso John Roselli ou o seu advogado Edward Morgan.

Capítulo 34

1 Beauvoir, Simone de – Sur Fidel, Arquivo Fidel Castro, ref. cit.2 Na delegação, Afonso Arinos de Mello Franco, José Aparecido de Oli-

veira, Fernando Sabino, Augusto Marzagäo, Villas-Boas Corrêa, CarlosCastelo Branco, Helio Fernandes, Marcio Moreira Alves, Milton Santos,

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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438

Paulo de Tarso, Castelo Branco, Raimundo Eirado, Rubem Braga, MonizBandeira, Murilo Melo Filho e Francisco Juliäo, entre outros.

3 Testemunho de José Aparecido de Oliveira.4 VII Reunião de Chanceleres da OEA, Costa Rica, 29 de agosto de 1960.5 O nome de Schreider aparece constantemente censurado no texto do ins-

petor geral da CIA. Ver ainda, sobre o atentado: Wise, David & Ross,Thomas – The Invisible Government, NY, Random House, 1964.

6 Sekou Touré lutava pela unidade africana contra o tribalismo. Foi um dospropulsores da idéia dos “Estados Unidos da África”, na conferência dospovos africanos celebrada em Accra, capital de Gana, em fins de 1958.Também um aliado do líder Patrice Lumumba no Congo e dos chineses.Em seu país, Touré foi o organizador do movimento sindical, agrupando700 mil trabalhadores em um país de apenas 2,5 milhões de habitantes.

7 Informe Church, Congresso dos Estados Unidos, 1975. ref. cit.8 Entrevista Jorge (Papito) Serguera.9 Informe do inspetor geral da CIA, ref. cit.10 Idem.11 HSCA (House Select Comitee on Assassinations), JFK Exhbit F-602 –

Investigador: Gaetón Fonzi, parcialmente publicado em Washington Post ,por Georges Crile III, 16 de maio de 1976.

12 Warren Comission files, declassified testimony from the British journalistJohn Wilson, (também retido no establecimento de Triscornia, no mesmoperíodo de Santos Trafficante). Wilson testemunhou que Trafficante re-cebeu, na ocasião, a visita de Jack Ruby (o assassino de Lee H. Oswald).

13 HSCA, JFK Exhibit F-410, “Statement of the Cuban Government”.14 Informe do inspetor geral da CIA, ref. cit.15 Os componentes da Frente Revolucionária Democrática (FRD) eram o

ex-senador Manuel Antonio de Varona, Manuel Artime (chefe do MRR),Justo Carrillo, Aureliano Sánchez Arango e José Ignacio Rivero. Em março,após conflitos internos, da FRD formou-se o Conselho RevolucionárioCubano (CRC), sob a presidência de José Miró Cardona (ex-primeiro-ministro de Cuba), abrigando inicialmente Manuel Ray Rivero (chefe daorganização MRP e ex-ministro de Obras Públicas).

16 Entrevista Alfredo Guevara.17 Entrevista Eloy Gutiérrez Menoyo.18 Entrevista Fernández Varela.19 Entrevista Max Lesnick.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

439

Capítulo 35

1 Conversações com Manuel Piñeiro.2 Castro, Fidel – Plenária da ANAP, 17 de maio de 1962.3 Castro, Fidel – Palavras na graduação de alunos do centro de inseminação

artificial, 12 de dezembro de 1961.4 Castro, Fidel – Graduação de alunas das escolas de Corte e Costura, 11

de dezembro de 1961.5 Castro, Fidel – Discurso, 26 de julho de 1961, El Caney de las Mercedes,

Santiago de Cuba.6 Castro, Fidel – Coletiva de imprensa, fevereiro de 1962.7 A independência argelina formalizou-se em 27 de junho de 1961.8 O atirador seria o cubano Antonio Veciana Blanc, depois fundador do

grupo Alpha 66.9 Castro, Fidel – Plenárias estudantis, 21 de outubro de 1961.10 Ernesto (“Che” ) Guevara, Emílio Aragonés e Osmani Cienfiegos.11 Fundaram-se também a Associação de Jovens Rebeldes (AJR), englo-

bando os universitários; a União dos Pioneiros de Cuba (UPC), as criançase adolescentes; e a Associação Nacional dos Pequenos Agricultores (ANAP).

12 Carlos Rafael Rodríguez, Aníbal e Cézar Escalante, Ramiro Valdés, Flá-vio Bravo, Joaquin Ordóqui, Lázaro Peña, Manuel Luzardo e SeveroAguirre.

13 Castro, Fidel – Palavras aos intelectuais, 30 de junho de 1961.14 Castro, Fidel – Encerramento do Primeiro Congresso Nacional de Escri-

tores e Artistas, 22 de agosto de 1961.15 Participavam de “Mangosta”: o Departamento de Estado, as secretarias

de Comércio e de Defesa, o Pentágono, a CIA e a USIA (U.S. InformationAgency), entre outros.

16 Documentos da Operação Mangosta, “desclassificação” pelo Grupo deRevisão de Registros de Assassinatos (GRRA), 18 de novembro de 1997.

17 O embargo total sobre o comércio entre Estados Unidos e Cuba foiimplantado pela Ordem Executiva Presidencial nº 3447, de 7 de feve-reiro de 1962, válida “até que Cuba devolvesse 50% das propriedadesnorte-americanas nacionalizadas, a partir de ll de janeiro de 1959, ouabonasse uma compensação equivalente a 50% do valor das proprieda-des afetadas”.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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440

Capítulo 36

1 Depoimento prestado por Frank Sturgis ao Comitê de Assassinatos daCâmara, Estados Unidos, 1978.

2 Castro, Fidel – Plenária açucareira, 14 de maio de 1962.3 Entrevista Lionel Soto.4 Conversações com Manuel Piñeiro.5 Entrevista Bilito Castellanos.6 José Abrantes, Raúl Curvelo, Armando Hart, Haydée Santamaría, Faure

Chomón, Osmani Cienfuegos, Juan Almeida e Sergio del Valle.7 Alexeiev, Alexandr – Artigo escrito para ser publicado em 12 e 18 de

novembro de 1988, arquivo do escritor e embaixador cubano Carlos Lechuga8 Entrevista Emílio Aragonés.9 Kennedy, John, F. – Conferência de Imprensa, 31 de agosto de 1962,

JFKL, ref. cit.10 Declarações de Krushov, Agência Tass,12 de setembro de 1962.11 Castro, Fidel – Aniversário dos CDR, 28 de setembro de 1962.12 Em 3 de julho de 1962, após quase sete anos de guerra, a Argélia tornou-

se independente. Em 26 de setembro, Ben Bella era nomeadoprimeiro-ministro pela Assembléia Nacional.

13 JFKL John F. Kennedy Library, Arquivo Central, box 41.14 Castro, Fidel – Mensagem a Krushov, 26 de outubro de 1962.15 Idem, 27 de outubro de 1962.16 Castro, Fidel – Entrevista a Maria Schriver, NBC, Estados Unidos, 24 de

fevereiro de 1988.

Capítulo 37

1 Entrevista Jorge (Papito) Serguera.2 Idem.3 A mencionar: Osvaldo Barreto e Pedro Lugo, que se encontravam em Argel.4 Conversações com Manuel Piñeiro.5 Idem.6 Depoimentos de Ulisses Estrada, Víctor Dreke e Dario Urra, agentes de

Piñeiro no Departamento “Liberação”, MININT, Arquivo das FAR.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

441

7 Abelardo Colomé Ibarra (Furry), hoje ministro do Interior e general deCorpo de Exército, e José Maria Martínez Tamayo (Papi), portando pas-saporte argelino em 1962.

8 O grupo era dirigido por Alain Elías. Entre os integrantes, Javier Heraude Abraham Lamas.

9 Foram os bolivianos irmãos Peredo e Rodolfo Saldaña.10 Do MIR, o dirigente Luis de la Puente Uceda morreu em novembro de

1965 e Guillermo Lobatón, em janeiro de 1966. Héctor Béjar do ELN foidetido em 1965 e destruída a coluna que dirigia.

11 Pedrito refere-e a Pedro Miret, que então a divisão de artilharia das FAR.12 Arquivo das FAR – Mensagens de Raúl Castro a Flávio Bravo e Jorge

Serguera, 20 de outubro de 1963.13 Informe de Flávio Bravo a Raúl Castro, Argel, 21 de outubro de 1963.14 Nome dado aos locais de descanso das autoridades soviéticas.15 Castro, Fidel – Pronunciamento, 27 de junho de 1963.16 Castro, Fidel – Encerramento do Congresso da ANAP, 9 de agosto de 1963.17 Castro, Fidel – Graduação de alunos das Escolas de Auxiliares de Admi-

nistração, 2 de outubro de 1963.18 Castro, Fidel – Em recepção na embaixada do Canadá, UPI, 2 de julho

de 1964.19 Castro, Fidel – Um dia com Castro, reportagem da tevê francesa, julho

de 196420 Outras conferências extraordinárias dos chefes do Exército do Continen-

te se realizariam nessa etapa, na base do Panamá, na escola de oficiais deWest Point e em Buenos Aires, para tratar do tema. A terceira ocorreu emfins de outubro de 1967, após a morte de “Che” Guevara na Bolívia.

21 Castro, Fidel – Conselho do Plano de Ensino Tecnológico de Solos, Fer-tilizantes e Gado, 18 de dezembro de 1966.

22 Castro, Fidel – V Plenária Nacional da Federação de Mulheres Cubanas,9 de dezembro de 1966.

23 Hughes (INR) to SecState, ‘“Che” Guevara’s African Venture’,19 apr.1965,pp.1-2, NSFCF: Cuba, box 20, LBJL

24 Conversações com Manuel Piñeiro.25 Entrevista Jorge Serguera.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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442

Capítulo 38

1 Gutiérrez Menoyo seria libertado 20 anos depois, em 1985, a pedido dopremiê espanhol Felipe González. Nove anos depois voltaria a conversarcom Fidel em Havana, como presidente do grupo Câmbio Cubano, de-fensor de uma negociação pacífica com o regime.

2 Marquito, no início dos anos 50, trabalhara como servente na revista cul-tural Nuestro Tiempo, ligada ao partido comunista e supervisionada porAlfredo Guevara. Adiante, acabou sendo deslocado para servir ao núcleoda Juventude Comunista na universidade, onde passaria a relacionar-secom estudantes que se incorporaram ao Diretório Revolucionário (DR).Próximo ao assalto ao Palácio, em 1957, Marquito relatou à direção doDR que os comunistas discordavam do plano, alarmados com a possibi-lidade de um confronto armado com a polícia. Percebido como um“infiltrado”, dirigentes do Diretório decidiram marginalizá-lo paulatina-mente. Em seguida veio o assalto ao Palácio e a cerrada perseguição,quando Marquito ainda mantinha-se informado dos passos dos dirigentesdo DR procurados pela polícia de Batista. Quando estes se encontravamna casa da Rua Humboldt, ele os delatou.

3 Depoimento de Marquito, Juízo Oral da Causa nº 72, 1964.4 Entrevista Alfredo Guevara.5 Sentença nº 4, 1964, Supremo Tribunal de Justiça de Cuba.6 CIA, Directorate of Intelligence, weekly reports, ‘The Situation in the Congo’,

10 mar.1965, 31 mar.1965, 4 and 14, apr.1965 & CIA, Office of CurrentIntelligence, ‘Tanzanian Support for the Congo Rebels’, 7 apr. 1965.

7 Risquet Valdés, Jorge – A Segunda Frente de “Che” em terra congolesa ,História da Coluna 2.

8 Castro, Fidel – Palavras aos delegados ao IX Festival da Juventude e dosEstudantes realizado em Argel, 26 de junho de 1965.

9 Castro, Raúl – Pronunciamento no XX Aniversário... das missões no CongoBrazzaville (República Popular do Congo) e Congo Leopoldville (Repú-blica do Zaire), 7 novembro de 1985.

10 Conversações com Manuel Piñeiro.11 Castro, Fidel – Mensagem a Jorge Risquet, 1 de julho de 1966.12 Mensagem de Rafael (Oscar Fernández Padilla) para “Tatu” (“Che”

Guevara), Arq do CC do PCC, 4 nov.1965 & Guevara, Ernesto - “Passa-gens da guerra revolucionaria (Congo)”, 1965

13 Villegas, Harry (“Pombo”) – Com a arma da autoridade moral , revistaTri-Continental, julho de 1997.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

443

14 Castro, Fidel – Palavras em Santiago do Chile, 3 de dezembro de 1971.15 Memorandum do governo dos Estados Unidos ao governo de Cuba, atra-

vés da embaixada da Suíça, 6 de novembro de 1965.16 Conversações com Manuel Piñeiro.17 Castro, Fidel – Palavras ao ser condecorado com a Ordem Amílcar Cabral

da República de Cabo Verde, pelo Presidente Antonio Manuel Mascarenhas,14 de abril de 1988.

18 Protocolo de assistência técnica entre o Partido Comunista de Cuba e oPartido Africano para a Independência da Guiné Bissau e Cabo Verde,Conakry, 27 maio 1972, CID-FAR). Ver ainda a respeito: Davidson –“No Fist Is Big Enough to Hide the Sky: The Liberation of Guinea andCape Verde”, London, 1981.

19 “Policy Planning Memorandum Nº I”, Departamento de Estado dos Esta-dos Unidos, 2 de dezembro de 1971, FOIA 1982/0426.

20 Castro, Fidel – Resposta ao governo chinês, 5 de fevereiro de 1966.21 Castro, Fidel – Discurso, 13 de março de 1966.22 Idem, 26 de julho de 1966.

Capítulo 39

1 Informe do inspetor geral da CIA, 1967, ref. cit. Ver ainda Informe daComissão Church, 1975, ref. cit.

2 O superagente com quem esteve era David Atlee Phillips. O contato foipreparado por Carlos Tepedino (agente AM-WHIP), um amigo de Cubela,ex-dono de uma joalheria no Hotel Havana Hilton.

3 HSCA (Comitê de Assassinatos da Câmara dos EUA), JFK Exhibit F-603, 1978.

4 Indiciados: Rolando Cubela Secades, Ramón Guín Díaz, J.L. GonzálezGallarreta, Alberto Blanco Romáriz, Juan Alsina Navarro, Guillermo CunillAlvarez e Angel Herrero Véliz.

5 Castro, Fidel – Carta ao promotor Jorge Serguera, sobre a Causa nº 108,Tribunal Revolucionário nº.1, relativa ao juízo celebrado de 7 a 9 demarço de 1966.

6 Acordo do Burô Político, PCC, abril de 1966.7 O cadáver de Julio Iribarren Borges for encontrado a 24 quilômetros de

Caracas, com três balas nas costas.8 Castro, Fidel – Discurso, 13 de março de 1967.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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444

9 Reportagem de Murray Sale, London Times, 10 de abril de 1967.10 Castro, Fidel – Encerramento do Congresso da OLAS, 10 de agosto de 1967.11 Conversações com Manuel Piñeiro.12 Castro, Fidel – Pronunciamento, 24 de julho de 1968.13 Castro, Raúl – Informe da Comissão das Forças Armadas e da Segurança

do estado sobre atividades do grupo fracional, 29 de janeiro de 1968.14 Castro, Fidel – Discurso sobre os acontecimentos de Praga, 23 de agosto

de 1968.15 Castro, Fidel – III Congresso da ANAP, 18 de maio de 1967.

Capítulo 40

1 A pedido do primeiro governo de Carlos Menem na Argentina, uma par-cela do montante do dinheiro permanece retida em Cuba.

2 Conversações com Manuel Piñeiro.3 O grupo era composto por Maria Augusta Carneiro Ribeiro, Gregório

Bezerra, Luis Travassos, Wladimir Palmeira, José Ibrahim, Rolando Frati,José Dirceu de Oliveira, Mário Roberto Zanconatti, Ricardo Zaratini,Ivens Marchetti, João Leonardo da Silva Rocha, Onofre Pinto (ex-sar-gento) e Argonalta Pacheco da Silva.

4 Castro, Fidel – XIII Congresso da CTC, 15 de novembro de 1973.5 Informe sobre atividades de inteligência, Comissão Church, Congresso

dos Estados Unidos, 1975.6 Idem.7 Castro, Fidel – Encerramento do Primeiro Congresso Nacional de Edu-

cação e Cultura, 30 de abril de 1971.8 Entrevista Jorge Risquet & Relações Guiné-Cuba, Instituto Superior de

Relações Internacionais, Havana, Cuba & Sec. State, ‘Focus on PortugueseGuinea’, 16 Aug.1963, box WH-1,JFKL.

9 Tung Thiem, Phan – Porque Fidel chorou , Vietnã, 1996.

Capítulo 41

1 Schorr, Daniel – Oliver Stone’s Nixon: the book of the film, Hyperion,Nova York, 1995.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

445

2 Castro, Fidel – Entrevista com o Presidente do México, Luis Echeverría,Havana, 21 de agosto de 1975.

3 Kornbluh, Peter&Blight, James G. – Dialogue with Castro: a hidden history,1994.

4 Entrevista Ramón Sánchez Parodi.5 State Depart: “Memorandum of Conversation on Cuba Policy: Tactics

Before and After San José”, 9 de junho de 1975.6 Castro, Fidel – Entrevista a Mankiewicz e Jones, 1974.7 NSDM, “Termination of US Restrictions on Third Country Trading with

Cuba”, 19 de agosto de 1975.8 “Normalizing Relations with Cuba”, Informe do subsecretário de Estado

Rogers, março de 1975.9 Barbados, Trinidad-Tobago, Jamaica e Guiana (inglesa) haviam norma-

lizado suas relações com Cuba desde 1972.10 Castro, Fidel – Discurso no enterro das vítimas do crime de Barbados, 15

de outubro de 1976.11 Idem.12 Freddy Lugo e Hernán Ricardo.13 Orlando Bosch (chefe da CORU) e Luis Posada Carriles (ex-inspetor

policial na época de Fulgêncio Batista e então inspetor do DISIP, a polí-cia secreta da Venezuela).

14 Composta por Frente de Liberação Nacional de Cuba (FLNC), Ação Cu-bana, Movimento Nacionalista Cubano, Brigada 2506 e F-14, entre outros.

15 Arquivo do MINFAR, Realização da Operação Amílcar Cabral, 1974,CID-FAR.

16 Conversações com Manuel Piñeiro.17 Testemunho de Anatoly Dobrinin, ex-embaixador soviético nos Estados

Unidos, em “Confidence: Moscow’s Ambassador in six cold war presidents”,Nova York, 1995.

18 Castro, Fidel – Discurso, XV Aniversário de Girón, 19 de abril de 1976.

Capítulo 42

1 Castro, Fidel – Conversa com o congressista norte-americano MervinDymally e com o acadêmico Jeffrey Elliot, 29 de março de 1985.

2 Entrevista Humberto Pérez.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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446

3 Entrevista Tomás Borge.4 Idem.5 Comunicado conjunto Michael Manley e Fidel Castro, Visita de Fidel à

Jamaica, outubro de 1977.6 Castro, Fidel – Entrevista coletiva na Jamaica, outubro de 1977.7 Castro, Fidel – Reunião com representantes das igrejas na Jamaica, outu-

bro de 1977.8 Após a independência de Moçambique, a luta de guerrilhas se intensifi-

cou pela região e o regime de Yan Smith, primeiro-ministro da Rodésia,bombardeou Zâmbia e Moçambique. Juntamente com Angola, Botsuanae Tanzânia, estes países constituíram o grupo da Linha de Frente paralutar contra o racismo. Grupos ativistas africanos se uniram em uma FrentePatriótica, co-presidida por Joshua Nkomo e Robert Mugabe – este maisum dirigente africano de orientação marxista que ascenderia à Presidên-cia no Zimbabwe nas eleições realizadas em 1980, depois de entendimentoscom Londres e com a população branca da antiga Rodésia.

9 Entrevista José Arbesú.10 Castro, Fidel – Entrevista ao jornalista brasileiro Fernando Morais, 1976.11 Castro, Fidel – Entrevista aos jornalistas norte-americanos R. Valariani

(NBC), Rabel (CBS) e Bárbara Walters (ABC), 16 de junho de 1978,cópia do Arquivo do CC do PCC.

12 República Democrática do Congo.13 Castro, Fidel – Entrevista aos jornalistas norte-americanos R. Valariani

(NBC), Rabel (CBS) e Bárbara Walters (ABC), ref. Cit.14 Entrevista José Arbesú.15 Castro, Fidel – Entrevista a Dan Rather, CBS, 30 de setembro de 1979.16 Castro, Fidel – Entrevista a jornalistas norte-americanos e correspon-

dentes estrangeiros, 28 de setembro de 1979.17 Pastor para Brzezinski, White House, box CO-21, Jimmy Carter Library,

21 de setembro de 1979.

Capítulo 43

1 Castro, Fidel – Abertura da VI Reunião dos Não-Alinhados, Havana, 3de setembro de 1979.

2 Castro, Fidel – Entrevista aos jornalistas Jou Alpert e Karen Ranuci, du-rante o vôo a Nova York, 10 de outubro de 1979.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

447

3 Entrevista Tomás Borge.4 Castro, Fidel – Entrevista a Maria Schriver, NBC, 24 de fevereiro de 1988.5 Castro, Fidel – II Congresso de Economistas do Terceiro Mundo, 26 de

abril de 1981.6 Castro, Fidel – Em conversa com parlamentares brasileiros, julho de 1980.7 Relatório do Comitê permanente do Primeiro Encontro de Intelectuais

pela soberania dos povos de Nossa América, setembro de 1981. Compo-sição: Mario Benedetti, Juan Bosch, Ernesto Cardenal, Suzy Castor, GabrielGarcia Márquez, Pablo Gonzalez Casanova, George Lamming, MarianoRodríguez e Chico Buarque de Hollanda.

Capítulo 44

1 Entre estes, os ex-dirigentes de organizações estudantis Carlos Lage D’Ávilae Felipe Pérez Roque, atualmente secretário do Conselho de Ministros eMinistro de Relações Exteriores, respectivamente.

2 Em 1981, houve dois seqüestros de aeronaves, sendo condenados os au-tores a dez anos de prisão. Em 1982, foram cinco seqüestros, com penade até 20 anos aos autores; em 1983, 11 seqüestros, dez de aeronavesprocedentes dos Estados Unidos; e em 1984, quatro seqüestros – paraBrasil, Colômbia e Estados Unidos, havendo um grupo pendente de jul-gamento e outros punidos com penas de até 20 anos.

3 Como exemplos, o atentado ao líder oposicionista Walter Rodney emGuiana, o golpe militar na Jamaica, a tentativa de invasão no Suriname,sabotagens com explosivos em Granada e planos contra a vida dos diri-gentes do Movimento Nueva Joya.

Capítulo 45

1 Castro, Fidel – Primeiro Período de Sessões da Assembléia Nacional doPoder Popular, 5 de julho de 1979.

2 No campo do controle de enfermidades, Cuba obteria importantes êxitoscontra as hepatites B e aguda, a esclerose múltipla, a dengue hemorrágica,a meningite meningocócica tipo B. No fim da década de 80, foramerradicadas a tuberculose, a poliomielite, a difteria, o tétano, o sarampo,o tifo e a rubéola.

3 Castro, Fidel – III Congresso da FMC, 8 de março de 1980.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

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448

Capítulo 46

1 Castro, Fidel – Encerramento do Encontro sobre a situação da mulher naAmérica Latina e Caribe, 7 de junho de 1985.

2 Castro, Fidel – Entrevista ao jornal mexicano Excelsior, 21 de março de1985.

3 Castro, Fidel – Coletiva com jornalistas, 4 de agosto de 1985.4 Castro, Fidel – IV Congresso da FELAP, 7 de julho de 1985.5 Castro, Fidel – Encerramento do Encontro sobre a Dívida, Havana, 4 de

agosto de 1985.6 Castro, Fidel – Entrevista ao jornal El Dia, México, 8 de junho de 1985.7 Para coordenar o referido Comitê, foi indicado o comandante Juan Almeida

Bosque.8 Castro, Fidel – Congresso de Jornalistas de Cuba, 26 de outubro de 1986.9 Castro, Fidel – II Pleno do Comitê Nacional da União dos Periodistas de

Cuba (UPEC), julho de 1987.10 Castro, Fidel – Pronunciamento, 19 de abril de 1986.11 Castro, Fidel – Reunião sobre a gestão de empresas da Cidade de Hava-

na, 26 de junho de 1986.12 Castro, Fidel – Em visita a Quito, Equador, 13 de agosto de 1988.13 Castro, Fidel – Entrevistas ao jornal The Washington Post (jornalistas:

Leonard Downie, Jimmie Hoagland e Karen de Young), 30 de janeiro de1985. Ainda: Nota de Fidel Castro a Curtis W. Kamman, chefe da oficinade interesses dos Estados Unidos, em Cuba, 29 de janeiro de 1987.

Capítulo 47

1 Castro, Fidel – Debate com juristas, 17 de setembro de 1987.2 Castro, Fidel – Discurso na Assembléia Nacional, por ocasião da visita

de Gorbachov, 4 de abril de 1989.3 Gorbachov, Mikhail – Discurso em Havana, 3 de abril de 1989.4 Ochoa, Arnaldo Sánchez – Em depoimento ao Tribunal Militar, junho de

1989.5 Castro, Raúl – No 28º Aniversário do Exército Ocidental, 14 de junho de

1989.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

449

Capítulo 48

1 A 16 de dezembro de 1968 a ONU afirmara o direito da Namíbia à auto-determinação. Seguidamente dominado o país por alemães, ingleses esul-africanos, estando canceladas as possibilidades de uma luta política,a SWAPO passou a dirigir a luta armada.

2 Castro, Fidel – Mensagem ao general Ochoa, 15 de fevereiro de 1988.3 Era integrada pelo general de Divisão das FAR Ulisses Rosales del Toro,

do vice-chanceler Ricardo Alarcón, Rodolfo Puente Ferro (Departamen-to África do PCC), José Arbesú Fraga (Departamento América do PCC)e do coronel Eduardo Morejón Estévez.

4 Entrevista Lázaro Mora.5 Castro, Fidel – Cartas ao secretário-geral da ONU e ao Conselho da Se-

gurança da ONU, 21 de dezembro de 1989.6 Castro, Fidel – Inauguração de um combinado de materiais de constru-

ção, San Miguel de Padrón, Havana, 7 de novembro de 1989.7 Castro, Fidel – No ato de sepultamento de combatentes mortos em guer-

ras na Africa, 7 de dezembro de 1989.8 Castro, Fidel – Em Cozumel, México, 23 de outubro de 1991.9 Castro, Fidel – Discurso, 19 de abril de 1992.

Capítulo 49

1 Castro, Fidel – Na entrega do Prêmio Estado de São Paulo ao etnólogoOrlando Villas Boas, Brasil, 17 de março de 1991.

2 Castro, Fidel – Em encontro com os Presidentes do México, Venezuela eColômbia, México, 22 de outubro de 1991.

3 Castro, Fidel – Entrevista a Mario Vazquez Raña, publicada em El Sol,México, 19 de janeiro de 1995.

4 Castro, Fidel – Na I Cumbre Ibero-Americana, Guadalajara, México, 18de julho de 1991.

5 Castro, Fidel – Entrevista à jornalista mexicana Beatriz Pagés Rebollar,9 de maio de 1991.

6 Castro, Fidel – Na II Cumbre Ibero-Americana, Madrid, 23 de julho de1992.

7 Castro, Fidel – Na ECO-92, Rio de Janeiro, 12 de junho de 1992.8 Castro, Fidel – Discurso, 26 de julho de 1991.

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FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

450

9 Castro, Fidel – No IV Congresso da FEU, novembro de 1990.10 Castro, Fidel – I Congresso Pioneiril, 1 de novembro de 1991.11 Castro, Fidel – Em Assembléia da CTC, 7 de novembro de 1993.12 Castro, Fidel – No IV Congresso do PCC, 10 de outubro de 1991.13 Castro, Fidel – Discurso, 26 de julho de 1993.

Capítulo 50

1 Castro, Fidel – Entrevista a Mário Vazquez Raña, publicada em El Sol ,México, 19 de janeiro de 1995.

2 A Nota Diplomática 723, do MINREX ao governo dos Estados Unidos,de 29 de junho de 1994, protestava contra a impunidade do cubano se-qüestrador de um AN – 24, em um vôo Havana-Nassau.

3 Entrevista Jorge Lezcano.4 Castro, Fidel – Declaração em 5 de agosto de 1994.5 Idem.6 Sobre o número de vistos concedidos na vigência do Acordo: em 1985,

1.227; em 1988, 3.472; em 1989, 1631; em 1990, 1.098; em 1991, 1376;em 1992, 910; em 1993, 964.

7 O acordo estabelecia três mil vistos anuais, à parte, para essa categoria.Em dez anos autorizaram-se 17.210.

8 Castro, Fidel – Mensagem à Divisão de Assuntos Cubanos do Departa-mento de Estado norte-americano, 5 de fevereiro de 1985.

9 Castro, Fidel – No IV Encontro Latino-Americano e do Caribe, janeirode 1994.

10 Castro, Fidel – Na Conferência dos Pequenos Estados Insulares, Bridgetown,Barbados, 5 de maio de 1994.

11 Castro, Fidel – Na IV Cumbre, Cartagena, Colômbia, 14 de junho de 1994.12 Castro, Fidel – Na Conferência Mundial para o Desenvolvimento, Co-

penhague, março de 1995.13 Castro, Fidel – Na V Cumbre, San Carlos de Bariloche, Argentina, 16 de

outubro de 1995.14 Castro, Fidel – No 50º aniversário da ONU, Nova York, 22 de outubro de

1995.15 O anúncio de radicais reformas econômicas, com a reabilitação da figura

de Deng Xiao Ping, data de dezembro de 1978, quando da terceira plená-ria da 11ª reunião do Comitê Central do Partido Comunista Chinês.

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Notas

451

Capítulo 51

1 Entrevista José Vela Gómez.2 Castro, Fidel – No Primeiro Encontro Nacional de Presidentes das Coo-

perativas de Créditos e Serviços, 3 de junho de 1998.3 Entrevista Osvaldo Martinez.4 Lage D’Ávila, Carlos (vice-Presidente do Conselho de Estado e secretá-

rio do Comitê Executivo do Conselho de Ministros de Cuba) –Pronunciamento no Forum Econômico Mundial, Davos, Suíça, janeirode 1997.

5 Castro, Fidel – Em entrevista a Federico Mayor, ex-diretor da UNESCO,março de 2.000.

Capítulo 52

1 Castro, Fidel – Na VI Cumbre, Santiago do Chile, 10 de novembro de1996.

2 Castro, Fidel – Por ocasião da reunião da OMC, Genebra, 19 de maio de1998.

3 Castro, Fidel – Na conferência do Club Suíço, Genebra, maio de 1998.4 Castro, Fidel – No II Encontro Mundial de Educação Especial, 20 de

junho de 1998.

Capítulo 53

1 Entrevista Max Lesnick.2 Castro, Fidel – Na Condecoração de Raúl Castro e Juan Almeida como

heróis da República de Cuba, março de 1998.

Page 168: Fidel Castro Tomo II Parte VII

453

B I B L I O G R A F I AE F O N T E S

A massa documental desta biografia foi extraída, em primeiro plano, defichas e pastas reservadas e confidenciais do Arquivo Fidel Castro, naOficina de Assuntos Históricos do Conselho de Estado da República deCuba. Consultas também foram realizadas ao Arquivo do Comitê Centraldo Partido Comunista de Cuba e ao Arquivo do Ministério das RelaçõesExteriores de Cuba (MINREX).

Discursos:

Foram lidos, analisados e fichados todos os discursos de Fidel Castro, desdeos seus anos de juventude.

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Relatos da viagem e do desembarque do Granma por participantes: RobertoRoque; Calixto García; René Rodríguez; Faustino Pérez; Pedro L. Sánchez;Pablo Díaz; Ernesto “Che” Guevara de La Serna; Universo Sánchez;Mario Hidalgo; Efigenio Ameijeiras; Raúl Castro; Norberto Collado;Jesús Reyes; Arsenio Garcia, documentos, Conselho de Estado da Re-pública de Cuba.

Relatos de acciones del Directorio Revolucionario: Dentro del Palacio (LuisGoicochea); El Chequeo de Batista (Armando Pérez Pintó); Rescate delCamión de Daytona (Domingo Portela); Asalto a Radio Reloj (Julio GarcíaOlivera); Perseguidos y Asesinados – El Crimen de Humboldt 7 (Enri-que Rodríguez Loeches), apostilas, arquivo pessoal.

Relatos do Assalto ao Moncada e Presídio por participantes: Jesús Montané;Oscar Alcalde; Abelardo Crespo; Haydée Santamaría; Manuel Hernández;Melba Hernández, documentos, Conselho de Estado da República de Cuba.

Relatos sobre a formação do Movimento 26 de Julho (M-26.7) por partici-pantes: Ramón Alvarez; Gloria Cuadras; María Antonia Figueroa; CamiloCienfiegos; Manuel Hernández, documentos, Conselho de Estado daRepública de Cuba.

Relatos sobre ações de apoio ao Desembarque do Granma por participantes:Frank País, Célia Sánchez, Vilma Espín e Léster Rodríguez, documen-tos, Conselho de Estado da República de Cuba.

Page 182: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Bibliografia e Fontes

467

Relatos sobre o exílio no México por participantes:

María Antonia González; Ernesto “Che” Guevara de La Serna; Alberto Bayo;Arsenio García; Pablo Díaz; Calixto García; Esperanza Olazábal; Uni-verso Sánchez, documentos, Conselho de Estado da República de Cuba.

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Page 183: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

468

Entrevistas

Familiares de Fidel:Alejandro Ruz GonzalezAna Rosa SotoAngelita CastroEnrique SotoMariela CastroRamón CastroRaúl CastroTania Fraga CastroVilma Espín de Castro

Sobre Birán, Terra Natal:Angel Fernández Varela, professor de Fidel no Colégio BelénBenito RizoCándido MartínezCarlos FalcónJose Heribaldo Gómez Reyes, funcionário do Colégio BelénJuan e Tino CortiñasJuan Pedro BatistaJuan Socarrás

Sobre a Etapa da Universidade:Alfredo EsquivelAlfredo GuevaraAntonio Medina FernándezBaudilio CastellanosEnrique OvaresLionel SotoMax Lesnick

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Bibliografia e Fontes

469

Sobre Fases da Revolução:Armando e Emir, da escolta de FidelAngel Fernández VillaAntonio LlibreAntonio Pérez HerreroArmando Hart DávalosArnol RodríguezEmílio AragonesEloy Gutiérrez MenoyoFaure Chomón MediavillaHumberto PérezIgnacio Dominguez ChambombiantIsidoro MalmiercaIsmael González Y GonzálezJesús Montané OropesaJesús SotoJorge Lezcano PerezJorge Risquet ValdésJorge SergueraJosé ArbesúJosé Antonio Tabares del RealJosé LlanusaJosé QuevedoJosé RebellonJosé Vela Gomez, chefe de cozinha do Palácio da RevoluçãoJuan Almeida BosqueJulio Martínez PáezLuis BuchLuis BáezManuel Piñeiro LosadaMaria Antonia FigueroaOsvaldo MartínezPhilip AgeeRamón Sánchez ParodiRaúl ChibásSantiago Alvarez, documentarista de FidelSergio MontanéTomás BorgeeFidel Castro

Page 185: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

470

Consultas:

Abel PrietoArmando CamposBenigno IglesiasCarlos TabladaElza Montero MaldonadoEstela BravoFelipe Pérez RoqueFrancisca Lopez CiveiraFrancisco PadrónGabriel García MárquezHeberto NormanIroel SánchezJorge FerreraJorge SolísJulio García EspinosaKatiuska BlancoLázaro MoraManuel RodriguezMarta HarneckerMarta RojasMirta MunizNatalia RevueltaOmar GonzálezOtto HernándezPaula OrtizPedro Álvarez TabíoRamón SuárezReinaldo CaviacRogelio MontenegroRogelio PolancoSergio CervantesWilliam Gálvez

Page 186: Fidel Castro Tomo II Parte VII

471

Í N D I C E

Agramonte, Roberto, T.I: 169, 211, 221,224, 227, 291; T.II: 32, 59

Agrupação Católica Universitária, T.I: 146Aguiar, Raúl de, T.I: 212, 225, 260Aguilera, Pedro Celestino, T.I: 244, 313Aiatolá Khomeini, T.II: 257, 264Alarcón, Ricardo, T.II: 66, 276, 383,

423-424Albizu Campos, D. Pedro, T.I: 347Albizu Campos, Laurita, T.I: 347ALCA, ver Acordo de Livre Comércio

Norte-AmericanoAlcalde, Oscar, T.I: 248-249, 263Aldama, Héctor, T.I: 357Aldana, Carlos, T.II: 339, 347-348Alemán Gutiérrez, José, T.II: 178-179Alemán, José Manuel, T.I: 130, 134, 154-

156, 162; T.II: 178Alexeiev, Alexandr, T.II: 72, 85-87, 124-

126, 142Aliança Libertadora Nacional, T.II: 198Aliança para o Progresso, T.II: 110, 354Al-Khadafi, cel. Muammar, T.II: 211, 241Allen, Richard, T.II: 275Allende, Salvador, T.II: 54, 60, 174, 202-

203, 225, 407Almeida, Juan, T.I: 284, 308, 350, 384,

397, 408, 456, 463Almeida, T.I: 70ALN, ver Aliança Libertadora NacionalAlpha 66, T.II: 99, 129, 158, 191Alvarez, José, T.I: 200Alvarez, Ramón, T.I: 314Alvarez, T.I: 125Amado, Jorge, T.I: 282

11a Reunião dos Não-Alinhados, T.II: 38617º Congresso da Central de Trabalha-

dores de Cuba, T.II: 40226 de Julho, ver Movimento 26 de Julho30 de Setembro, ver Comitê 30 de Se-

tembro

AABC Radical, T.I: 118, 255Abrantes, gal. José, T.II: 323, 331-333, 347Academia Ideológica Abel Santamaría,

T.I: 276, 283, 285Ação Armada Autêntica, T.I: 239-241,

250, 277, 361, 434Ação Cívica Cubana, T.I: 335Ação Democrática, T.I: 170; T.II: 57, 75Ação Libertadora, T.I: 331, 347Ação Revolucionária Guiteras, T.I: 110, 302Ação Revolucionária Oriental, T.I: 246,

314, 347Acosta, Pablo, T.I: 171ACTL, ver Administração Civil do Ter-

ritório LivreACU, ver Agrupação Católica Univer-

sitáriaAD, ver Ação DemocráticaAdministração Civil do Território Livre,

T.I: 489-490, 494AEALC, ver Associação de Economis-

tas da América Latina e o CaribeAgostinho Neto, T.II: 154, 223, 227,

230, 250

Page 187: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

472

Amat, Carlos, T.I: 477Ameijeiras, Efigênio, T.II: 181Ameijeiras, Gustavo, T.I: 316Anderson, Jack, T.II: 79Andréz Pérez, Carlos, 226, 239, 309, 352Anillo, René, T.I: 316, 363Apartheid, T.II: 154, 240, 251, 265, 315,

339, 412Aquino, Fernando de, T.II: 56Arafat, Yasser, T.II: 264Aragonés, Emílio (“Totico”), T.I: 434;

T.II: 64, 113, 124, 128, 165, 192, 197Aranda, Reinaldo, T.I: 184Araújo, Cayita, T.I: 398Arbenz, Jacobo, T.II: 37Arbesú, José, T.II: 248Arcos, Gustavo, T.I: 245-246, 256, 258-

259, 378, 461-462, 470Arenas, Valentín, T.I: 123, 128Arévalo, Juan José, T.I: 290ARG, ver Ação Revolucionária GuiterasArgota Reyes, María Luisa, T.I: 40, 44-

45, 48Arguedas, Antonio, T.II: 188Arias, Oscar, T.II: 308Arismendi, Rodney, T.II: 54, 144, 153Aristide, Jean Bertrand, T.II: 358ARO, ver Ação Revolucionária OrientalARO/ANR, T.I: 314Artime, Manuel, T.II: 61, 65, 180Arturo (“El Jarocho”), T.I: 353Aspiazo, Jorge, T.I: 200, 248, 258, 307,

316Assef, Jose, T.II: 160Associações — Associação Católica

Universitária, T.II: 65; Associação deEconomistas da América Latina e oCaribe, T.II: 409; Associação de Es-tados do Caribe, T.II: 378; Associaçãode Estudantes da Escola de CiênciasSociais, T.I: 201; Associação de Es-tudantes de Direito, T.I: 130, 134;Associação de Fazendeiros, T.II: 99;Associação dos Pecuaristas, T.I: 494;

Associação dos Secundaristas deHavana, T.I: 147, 201

Astudillo, Augusto Alfonso, T.I: 129, 164Astúrias, Miguel Angel, T.II: 75Attwood, William, T.II: 148Aznar, José Maria, T.II: 397

BBAGA, ver Bloco Alemán-Grau-AlcinaBalbino, T.I: 102Balzac, T.I: 283, 307Bancos — Banco do Estado, T.II: 333;

Banco Interamericano de Desenvol-vimento, T.II: 351, 408; BancoInternacional de Reconstrução eDesenvolvimento, T.I: 208, 223; Ban-co Mundial, T.II: 298-299, 408;Banco Nacional de Cuba, T.I: 407;T.II: 47, 106, 146

Barba, Alvaro, T.I: 210, 224, 237Barbon, T.I: 212Barc,Dieguito, T.I: 76Barquín, cel. Ramón, T.I: 346, 362, 434,

499, 505-506; T.II: 33Barreto, Osvaldo, T.II: 182Barrientos, gal., T.II: 183Barrios, Jaime, T.II: 54Bartolo, T.I: 107Batista, Fulgêncio, T.I: 55, 63, 78-79, 89-

90, 95, 110, 145, 147, 165, 211,221-227, 229, 235, 238, 240, 243,250, 258-259, 265, 268, 277, 284,292-293, 298, 305, 307, 311, 313-315, 319, 328, 330, 337-341,343-344, 346, 352, 356-358, 361-362,365, 369-370, 373, 380, 394-396, 402-403, 405, 409-411, 416-417, 420, 422,425, 428-431, 441, 446, 448, 450-451,457-460, 465, 469, 472, 476-477, 479,481-484, 486-487, 491, 497, 499-

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TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

473

505; T.II: 25-26, 35-37, 47, 55, 68,74, 93, 96, 98, 159-160, 178, 313

Batista, Rubén, T.I: 237, 249Bayo, gal. Alberto, T.I: 322, 333, 348-

350, 356Bazán, Josefa, T.I: 248Beauvoir, Simone de, T.II: 75, 81-83,

85, 97Béjar, Héctor, T.II: 54Ben Barka, Mahdi, T.II: 138, 170Ben Bella, Ahmed, T.II: 92, 109, 130,

138, 140, 154, 164Bender, Frank, T.II: 55Benítez, Ramón, T.II: 184Benítez, Reinaldo, T.I: 256Berlinguer,Enrico, T.II: 263Besada, Benito (“Benny”), T.I: 204-205Betancourt, Rômulo, T.II: 57, 74BIRD, ver Banco Internacional de Re-

construção e DesenvolvimentoBiryuzov, mal. (“Engenheiro Petrov”),

T.II: 125Bishop, Maurice, T.II: 256, 259, 278-281Bissell, Richard, T.II: 95Blanco Rico, cel. Antonio, T.I: 343, 370-

371Blas Roca, T.I: 78, 358; T.II: 87, 113Blijov, gal., T.II: 132Blix, Hans, T.II: 305Bloco Alemán-Grau-Alcina, T.I: 154, 162Bloco Cubano de Imprensa, T.I: 292Boan Acosta, Angel, T.I: 337Boitel, Pedro Luis, T.II: 65Bolívar, Simón, T.I: 282, 410; T.II: 382,

426Bonito Milián, Luis, T.I: 313Bonsal, Phillip W., T.II: 45Borbonet, Enrique, T.I: 346, 492, 499Borge,Tomás, T.II: 53, 238Bóris, Cristóbal, T.I: 87Bóris, Cristobita, T.I: 87Borrego, Orlando, T.II: 200Bosch, Juan, T.I: 154-155, 170Bosch, Orlando, T.I: 194; T.II: 225

Boumedienne, cel. Houari, T.II: 138, 164,211-212

Bourgoin, Gerard, T.II: 386Boutros-Gali, T.II: 138Brandt, Willy, T.II: 263Bravo, Flávio, T.I: 188, 372Brejnev, Leonid, T.II: 143, 152Breton, André, T.II: 75Brickey, John J., T.I: 192Brigada 2506, T.II: 103Brigada de Instrução, T.II: 345Brigadas Vermelhas, T.II: 313Brizola, Leonel, T.II: 171Brooke, gal. John R., T.I: 39Browder, Earl, T.I: 96Broz, mal. Josip (“Tito”), T.II: 55, 75,

90, 231, 255Brzezinski, Zbgniew, T.II: 251, 253Buch, Antonio(“Tony”), T.I: 469Buch, Luis, T.I: 443-444, 463, 468-470,

482-483, 501Burton, Daniel, T.II: 385Bush, George, T.II: 280, 307, 315, 341,

357, 364Bustos, Ciro, T.II: 187Butler, Robert, T.I: 196, 209

CCaamaño, Francisco, T.II: 382Cabell, Charles, T.II: 95Cabo Ancelmo, T.II: 198Cabo Piloto, T.I: 262Cabo Pistolita, T.I: 284Cabo Tejeda, T.I: 219, 216Cabral, Amílcar, T.II: 154, 171-172,

206, 226Cabrales, Mario, T.I: 129Cáceres, Julio (“Patojo”), T.I: 378; T.II: 53Caffiero, Antonio, T.I: 170Calderón, gal. Manuel, T.I: 155Callois, Roger, T.II: 75

Page 189: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

474

Camacho Aguilera, Julio, T.I: 434Cámara Pérez, Enrique, T.I: 308Cambio Cubano, T.II: 370CAME, ver Conselho de Assistência

Mútua EconômicaCampañat, Delfín, T.I: 500Campuzano, Capi, T.I: 115Cancio Peña, Javier, T.I: 322Canterbury, Dean de, T.I: 282Cantillo, gal. Eulogio, T.I: 477, 483, 499-

503, 505-506; T.II: 26Capablanca, T.I: 39Capote, Juan M., T.I: 130, 290, 294Carbó Serviá, Juan Pedro, T.I: 343, 420Carbonell, Walterio, T.I: 128, 160, 189Cardeal Silva Henríquez, T.II: 205Cardenal, padre Ernesto, T.II: 205Cárdenas, Lázaro, T.I: 319, 341, 357;

T.II: 60Cárdenas, Orlando de, T.I: 357Cardoso, Fernando Henrique, T.II: 408Cardoza Aragón, T.I: 290Carpentier, Alejo, T.I: 57Carraico Herreras, Miguel (“El Mocho”),

T.I: 203Carrasco, Cel., T.I: 492Carrera, Umberto, T.II: 74Carrillo, Justo, T.I: 331, 428Carrión, Benjamin, T.II: 75Carte, Frank, T.II: 50Carter, James, T.II: 223, 226, 248-252,

263, 272, 275Caruso, T.I: 80Carvalho, gal. Otelo Saraiva de, T.II: 231Casals, Rafael, T.I: 210Casan, Rosita, T.I: 477Casanova, T.I: 130Casas Regueiro, Julio, T.II: 328Casey, William, T.II: 261Casillas, Joaquín, T.I: 406Castellanos, Baudilio (“Bilito”), T.I: 132-

133, 142, 147, 150, 161, 189-190,194-196, 264-266, 268, 271, 304,314; T.II: 175

Castellanos, T.I: 49Castelo Branco, mal., T.II: 174Castillo, gal.Demétrio, T.I: 42Castro Argiz, D. Angel, T.I: 37-46, 48-

51, 53-54, 58, 60-66, 70-73, 75-76,80, 85, 87, 89-90, 93-94, 96-98, 100-102, 105-108, 124-125, 132, 149,154, 158, 183, 192, 194, 198, 200,207, 212, 261, 270, 302-303, 366-367; T.II: 48, 108, 247, 389

Castro Argiz, Gonzalo, T.I: 89; T.II: 48Castro Argota, Maria Lídia, T.I: 40, 45,

168, 224, 249, 275, 291, 295-296,302, 306, 309, 315-316, 332; T.II:29, 34

Castro Argota, Pedro Emílio, T.I: 40, 45,61, 93-94

Castro Díaz-Balart, Fidel (“Fidelito”), T.I:197, 220, 233, 239, 258, 270, 275,290, 295, 316, 338, 366, 375, 395,491; T.II: 29-30, 34, 50, 121, 305

Castro Porta,Carmen, T.I: 316Castro Ruz, Agustina, T.I: 110, 127, 309,

366; T.II: 34Castro Ruz, Angela Maria (“Angelita”),

T.I: 51, 54, 64-65, 67, 74-75, 86,90-91, 124, 127, 158, 262, 270, 276-277, 303

Castro Ruz, Emma, T.I: 75, 96, 99, 127,275, 302, 306, 309, 316, 366; T.II:34, 149

Castro Ruz, Juana, T.I: 89, 127, 309, 367;T.II: 93, 149

Castro Ruz, Ramón (“Mongo”), T.I: 51,55, 60, 62, 64-65, 67, 71, 73-74, 77,85-86, 88, 90-91, 96, 100-101, 103-104, 108, 124-126, 183, 192, 243,260, 267, 270, 275-276, 287, 315,366-367, 395, 398, 500-501

Castro Ruz, Raúl, T.I: 55, 60, 67, 69, 72-73, 85-90, 99, 102-103, 106, 124-125,197-198, 208, 221, 237, 245, 248,251, 253, 257-258, 262, 264-265,275, 288, 302-303, 306, 308, 313-

Page 190: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

475

314, 318, 321, 323, 325, 335, 343,356-357, 367, 372, 379, 384-385,391, 394-397, 408, 411, 421, 433,452, 456, 460, 463, 474, 481-482,484, 489, 492-493, 498, 501; T.II:37, 40, 46-47, 50, 52, 57, 59, 61, 64,67-68, 77, 79, 97, 108, 111-112,113,120, 126-127, 138, 141, 155, 184, 191,306-307, 320, 323, 325, 346-347, 372-373, 384, 400-402, 416, 423-424

Castro Sánchez, René Orley, T.II: 402Castro, Alejandro, T.II: 121Castro, Alex, T.II: 121Castro, Alexis, T.II:121Castro, Angel, T.II: 121Castro, Antônio, T.II: 121Castro, Jorge Angel, T.II: 121-122Castro, Manolo, T.I: 135, 141, 148-151,

154-155, 165, 171Casuso, Teresa (“Teté”), T.I: 355CCS, ver Cooperativa de Crédito e Ser-

viçoCDR, ver Comitê de Defesa da RevoluçãoCEA, Centro de Estudos de AméricaCeausescu, Nicolau, T.II: 207CEE, Centro de Estudos EuropeusCentral dos Trabalhadores de Cuba, T.I:

95, 183, 464, 498; T.II: 67, 70, 402Centro de Estudos (nº 12), T.II: 345Centro de Estudos de América, T.II: 401Centro de Estudos Europeus, T.II: 401Cervantes, T.II: 190Céspedes, Carlos Manuel de, T.I: 163,

169, 397Chamorro, Violeta, T.II: 308, 336Chanderli, T.II: 90Chang, Chino, T.I: 438-439Cháves de Armas, Mario, T.I: 308Chávez, Hugo, T.II: 382, 406-407Chenard, Fernando, T.I: 216, 242, 249,Chibás, Eduardo, T.I: 56-57, 78, 95, 142,

146, 148-149, 154, 162, 173, 181-183, 188, 191, 194, 206, 208-209,212, 217, 219, 221, 225, 238-239,

282, 302, 315, 328, 331, 429; T.II:32, 36, 40, 68, 84

Chibás, Raúl, T.I: 221, 224, 227, 309,331, 345, 411, 413, 428-429, 442-443, 489, 501; T.II: 32

Chomón, Faure, T.I: 241, 363, 444, 448-450, 459, 497; T.II: 26-27, 31-32,87, 159

Church, Frank, T.II: 219Churchill, Winston, T.II: 73CIA, T.I: 227, 442, 450, 496; T.II: 46,

55, 58, 78-79, 90, 92, 94-95, 97-99,103, 111, 116, 123, 135, 140, 148,154, 165, 170, 178-180, 182, 187-188, 191, 201, 203, 212, 216-217,220-222, 224-227, 249, 252, 256,261, 264, 281, 310, 342

Cícero, T.I: 122, 125Cienfuegos, Camilo, T.I: 422-424, 438,

453, 463, 474, 486, 489, 493, 502,506; T.II: 27, 30-31, 40, 56, 65-67,325

Cienfuegos, Osmani, T.II: 66, 127CIMEX, T.II: 319, 333Cintra Frias, gal. Leopoldo (“Pólo”),

T.II: 338Clinton, Bill, T.II: 377, 381, 385, 396,

398-399, 401, 412Clube de Miami, T.I: 338CNOC, ver Confederação Nacional Ope-

rária de CubaCocteau, Jean, T.II: 75Coderch Planas, Jose, T.II: 397Collado, Norberto, T.I: 379Colomé Ibarra, gal. Abelardo (“Furry”),

T.II: 332Comando de Organizações Revolucioná-

rias Reunidas, T.II: 225-226Comecon, ver Mercado comum dos paí-

ses socialistasComellas, Guillermo, T.I: 190Comitê 30 de Setembro, T.I: 189-190,

194, 197, 207, 236Comitê 5412, T.II: 79

Page 191: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

476

Comitê de Assassinatos da Câmara dosEstados Unidos, T.II: 178

Comitê de Familiares dos Presos Políti-cos, T.I: 294

Comitê de Defesa da Revolução, T.II: 93,159

Compay Segundo (Francisco Repilado),T.I: 97

Conde, Antonio (“El Cuate”) del, T.I: 349,357, 366, 378

Condor, T.II: 225Confederação Nacional Operária de Cuba,

T.I: 57Congresso Unitário Martí, T.I: 241Conselho de Assistência Mútua Econô-

mica, T.II: 285, 289-290, 344Conte Agüero, Luis, T.I: 134, 182, 252,

282-283, 295-296, 304, 318, 345;T.II: 60, 78

Cooke, William, T.II: 54, 139Cooperativa de Crédito e Serviço, T.II:

363Cooperativa de Produção Agropecuária,

T.II 363Coreano, T.I: 343Corrales, Manolo (“Corraloff”), T.I: 167,

189Cortés, Orlando, T.I: 308CORU, ver Comando de Organizações

Revolucionárias ReunidasCosita, T.I: 64Cotrera, Enrique, T.I: 155Cowley, cel. Fermín, T.I: 398, 439Coy, ten.,T.I: 219CPA, ver Cooperativa de Produção Agro-

pecuáriaCrespo, Abelardo, T.I: 256, 259, 271,

275, 386Cronin, A.J., T.I: 282Cruz Caso, Alberto, T.II: 96Cruz, Manuel, T.I: 165CTC, ver Central dos Trabalhadores de

CubaCuadras, Gloria, T.I: 267, 314

Cubela, Rolando, T.I: 370; T.II: 26-28,30-31, 65-66, 175, 177-182, 306,316, 328

Cuervo Castillo, Teobaldo, T.I: 435Cueto, Fernandes del, T.I: 210Cunha, Vasco Leitão da, T.II: 26, 84, 160Cunhal, Álvaro, T.II: 231Curvelo, Raúl, T.II: 127

DDanger Armiñán, Emiliana, T.I: 90-91Danton, T.II: 42, 317Darías, Haydée, T.I: 129Darío, T.I: 45De Gaulle, Charles, T.II: 83Debray, Régis, T.II: 182, 187Deisy, T.I: 96Demóstenes, T.I: 122, 125Díaz Cartaya, Agustin, T.I: 308Díaz Lanz, Pedro Luís, T.I: 462, 472, 496;

T.II: 58, 65Díaz Tamayo, gal. Martín, T.I: 262, 483Díaz, Epifanio, T.I: 407Díaz, Julito, T.I: 243Díaz, Pablo, T.I: 383Díaz, Salvador, T.I: 222Díaz-Balart y Gutiérres, Mirta, T.I: 159,

192, 194, 197, 220, 224, 233, 258,270, 275-276, 283, 285-286, 289,291, 295, 299, 316, 491; T.II: 35,120-122

Díaz-Balart y Gutiérres, Rafael, T.I: 159,166, 192-193, 221, 225, 250, 258,295-296, 298-299

Díaz-Balart y Gutiérres, Waldo, T.I: 295Diderot, T.I: 125DINA, T.II: 225Diretório Operário Revolucionário, T.I: 442Diretório, T.I: 445; T.II: 26-27, 63, 66,

159-160, 178; Diretório Estudantil,T.I: 57; T.II: 26; Diretório Revolu-

Page 192: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

477

cionário 13 de Março, T.I: 442; T.II:66, 113, 159; Diretório Revolucio-nário, T.I: 342, 362-365, 369-370,373, 380, 383, 412, 416, 420, 444,450, 459, 461, 488, 497, 502, 504;T.II: 66, 113, 159;

Dobrinin, A., T.II: 129Don, Arturo, T.I: 129Donovan, James, T.II: 111Dorticós Torrado, Osvaldo, T.II: 60, 106,

113, 161, 237DR, ver DiretórioDreke, Victor, T.II: 162Droller, Gerry, T.II: 55Dubcek, T.II: 192Dulles, Allen, T.I: 442; T.II: 46, 95Dulles, John Foster, T.II: 47Dumois, Concepción (Conchita), T.II: 172Duque de Estrada, Arturo, T.I: 379Duque, Carbonell, T.I: 315Dysis, T.II: 161

EEagleburger, Lawrence, T.II: 218, 220Earman, J.S., T.II: 79Echeverría, José Antonio, T.I: 311, 316,

342-343, 362-363, 370, 380, 383,415-417, 420

Echeverría, Luis, T.II: 231, 239, 298Echevit (“Tambor”), T.I: 148Eguren, Alicia, T.II: 54, 139Eisenhower, Dwight, T.I: 430, 441, 482;

T.II: 46-47, 70, 72, 77, 79, 85, 87,98, 230

El Colorado, T.I: 110Elbrick, Charles, T.II: 198Elmuza, Félix, T.I: 483ELN, ver Exército de Liberação NacionalEngels, T.I: 188; T.II: 388Enrique, T.I: 500Erickson, T.I: 366

Escalante Font, Fabián, T.II: 328Escalante, Aníbal, T.I: 460; T.II: 114, 124,

190-191Escalona Reguera, gal. Juan, T.II: 328Escalona, Víctor, T.I: 254Escobar, Pablo, T.II: 318, 320-321Esmérida, T.I: 65-67Espín, Vilma, T.I: 387, 408, 411, 468,

501; T.II: 40, 108, 120, 184Espinosa Martín, gal. Ramón, T.II: 328Esquipulas II, T.II: 308Esquivel, Alfredo (“Chino”), T.I: 128-

130, 134, 142-143, 146-148, 154-155,159-160, 163-164, 171, 182, 190,192, 197, 206, 210, 258, 299; T.II:64, 370-371

Estiù, arcebispo Pedro Meurice, T.II: 416Estrada Palma, Tomás, T.I: 38Estrada, Ulises, T.II: 184ETA, T.II: 308, 313Exército de Liberação Nacional, T.II: 139-

140, 402, 407Exército Guerrilheiro dos Pobres, T.II: 139Exército Libertador, T.I: 38, 41, 432Exército mambí, T.I: 239Exército Rebelde, T.I: 181, 361, 451,

469, 477, 482, 484, 487-488, 490,492, 503-505; T.II: 27, 42, 65, 67,83, 140, 252

Exército Sandinista, 258, 318, 320, 322Exército Vermelho, T.II: 343

FFalcón, Carlos (“Carlito”), T.I: 58-59,

104-105FALN, ver Frente Armada de Liberação

NacionalFangio, Juan Manuel, T.I: 458FAO, T.II: 199, 258, 406FAR, ver Forças Armadas RevolucionáriasFarabundo Martí, T.II: 259

Page 193: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

478

Faustina, T.I: 51FBI, T.I: 374, 423, 472; T.II: 27, 65, 89,

95, 179, 225, 413FCMM, ver Frente Cívica das Mulheres

MartianasFeliu, Emerenciana (“Belén”), T.I: 65-

66, 68, 74-77Feliu, Eufrasia (“Eufrasita”), T.I: 58, 63-

67, 70, 73-75Feliu, Nestor, T.I: 64-66, 68, 74Feltrinelli, T.II: 189FEN, ver Frente Estudantil NacionalFernández Carral, Oscar, T.I: 183Fernández León, Florentino, T.I: 242Fernández Varela, Angel, T.I: 116, 122-

123, 499; T.II: 99Fernández, Conchita, T.I: 302, 429; T.II: 32Fernández, Eufemio, T.I: 149, 165, 168Fernández, Joaquín, T.I: 70Fernández, Marcelo (“Zoilo”), T.I: 237,

422, 465, 468, 492Ferrer, Nilda, T.I: 271Fidalgo, T.I: 242, 317Figueres, José, T.I: 462; T.II: 46Figueroa, Maria Antonia, T.I: 271, 314, 428Fleitas, Gildo, T.I: 118, 131, 182, 211-

213, 216-217, 248, 252FLN, ver Frente de Liberação NacionalFNCA, ver Fundação Nacional Cubano-

AmericanaFNLA, ver Frente Nacional de Liberta-

ção de AngolaFON, ver Frente Operária NacionalFonseca, Carlos, T.II: 53FONU, ver Frente Operária Nacional UnidaForças Armadas Revolucionárias, T.II:

64, 76-77, 102, 124, 141, 147, 161,181, 207, 229, 237, 306, 320, 328,332, 338, 401

Ford, Gerald, T.II: 221-223, 230-231Francisco Julião, T.II: 54, 85, 171Franco, Francisco, T.I: 80, 323, 363;

T.II: 105Franco, Itamar, T.II: 380

Franco, T.II: 54Franqui,Carlos, T.I: 472Frei Caneca, T.II: 426Frei, Eduardo, T.II: 174, 202, 405, 426Frelimo, ver Frente de Libertação de

MoçambiqueFrente Armada de Liberação Nacional,

T.II: 138, 171, 185Frente Cívica de Mulheres Martianas, T.I:

237, 316, 327Frente de Liberação Nacional, T.II: 83,

91-92, 150, 171, 185, 213, 388Frente de Libertação de Moçambique,

T.II: 163, 226Frente Estudantil Nacional, T.I: 457, 460Frente Nacional de Libertação de Angola,

T.II: 222, 227Frente Operária Nacional Unida, T.I: 498Frente Operária Nacional, T.I: 436, 457,

460-461, 468Frente Patriótica do Zimbabwe, T.II: 241Frente Sandinista de Libertação Nacio-

nal, T.II: 238, 260, 306Freud, Sigmund, T.I: 286Friedman, Milton, T.II: 301FSLN, ver Frente Sandinista de Liber-

tação NacionalFuentes, Idígora, T.II: 37Fuentes, Justo, T.I: 163, 167, 185, 196Fujimori, Alberto, T.II: 406Fulbright, William, T.II: 216Fundação Nacional Cubano-Americana,

T.II: 275-276, 379, 396, 401-402, 413

GG-2, T.II: 56, 61, 95, 98, 179-180Gable, Clark, T.I: 141Gadea, Hilda, T.I: 325, 355Gagarin, Yuri, T.II: 143Gaitán, Jorge Eliecer, T.I: 173-176, 178, 180

Page 194: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

479

Gallegos, Romulo, T.I: 171Gálvez, William, T.I: 496; T.II: 147Gandhi, Indira, T.II: 267Garayta, Rogelio, T.I: 129García Agüero, T.I: 195García Bárcenas, Rafael, T.I: 246-247,

292, 294, 311, 347García Buchaca, Edith, T.II: 114, 160-161García Espinosa, Julio, T.II: 189García Incháustegui, Mario, T.I: 168García Inclán, Guido, T.I: 316García Márquez, Gabriel, T.II: 39, 267,

311, 379García Peláez, Raúl, T.I: 380García Tuñon, Jorge, T.I: 222, 226, 443García, Alan, T.II: 300, 302, 355García, Calixto, T.I: 304, 350, 358, 361,

381, 503García, Guillermo, T.I: 379, 396, 405, 452García, Manolo, T.I: 70-71, 80, 98, 107,

110; T.II: 247, 389García, Nestor, T.II: 219-220, 223Gardner, Arthur, T.I: 430Gaviria, César, T.II: 406Gaviria, Juan, T.II: 406GEI, ver Grupo Especial de InstruçãoGiap, gal. Vo Nguyen, T.II: 186, 231Gimenez, Ricardo, T.II: 286Gisper, T.I: 167Godoy Loret de Mola, Gastón, T.I: 296Gómez García, Raúl (“El Ciudadano”),

T.I: 234, 254Gómez Ochoa, Délio, T.I: 493; T.II: 57Gómez Reyes, Brígida, T.I: 182Gómez Reyes, José Heribaldo (“Bebo”),

T.I: 109-110, 118, 182Gómez Reyes, Manuel T.I: 109, 118, 251Gómez Reyes, Oscar, T.I: 109Gómez Reyes, Virginio, T.I: 109, 117-

118, 182, 251Gómez, Arturo, T.I: 128Gómez, César, T.I: 383Gómez, gal. Máximo, T.I: 157, 169; T.II:

29, 426

Gómez, Leonel, T.I: 142-143González Calderín, Francisco, T.I: 263González Cartas, Jesús, T.I: 110González, Cândido, T.I: 383González, Carlos, T.I: 256González, Elián, T.II: 413, 418González, Felipe, T.II: 231, 263, 308-

309, 352González, Maria Antonia, T.I: 318, 322,

327, 335, 347-348, 355, 365; T.II:29, 166

Gonzalez, Virgilio, T.II: 216Gorbachov, Mikhail, T.II: 313-316, 336,

343Goyo, T.I: 104Granados, Raúl, T.I: 194Grau San Martín, Ramón, T.I: 63, 78, 110,

118, 131, 134,142, 156-157, 163-165,182, 189, 223, 227, 277, 305

Grupo de Cartagena, T.II: 298, 352Grupo de Contadora, T.II: 262, 307Grupo de La Ceiba, T.I: 211, 216-217, 251Grupo dos 40, T.II: 79Grupo dos 77, T.II: 266, 411Grupo Especial de Instrução, T.II: 141-142Guardia, cel. Tony de la, T.II: 312, 318-

323, 325, 328, 330-332, 341, 347Guardia, Patricio de la, T.II: 319-320, 328Guayasamín, Oswaldo, T.II: 309Guerra, Eutimio, T.I: 399, 403-406Guerras — Primeira Guerra Mundial, T.I:

42, 44; Guerra Civil Espanhola, T.I:80, 476; Segunda Guerra Mundial,T.I: 98, 111, 166; T.II: 55, 73, 112;Guerra de Independência de Cuba,T.I: 163-164, 487; Guerra da Coréia,T.I: 223; Guerra dos Seis Dias, T.II:186; Guerra do Yom Kippur, T.II:207; Guerra angolana, T.II: 223, 231,246, 320, 336; Guerra do Vietnã, T.II:217, 284, 341; Guerra do Golfo, T.II:360, 382

Guevara, Aleida, T.II: 184, 188Guevara, Aleidita, T.II: 184

Page 195: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

480

Guevara, Alfredo, T.I: 140-141, 147, 149-151, 163-165, 168, 171, 174, 176, 185,189, 192, 196-197, 237, 245-246, 251,258, 443, 462; T.II: 39-40, 201

Guevara, Angel, T.I: 58Guevara, Ernesto “Che” (“Tatu”), T.I:

323-325, 348-350, 355-356, 358-361,378-379, 381, 383, 385, 391-392,396-397, 404-405, 414, 420, 423,431-434, 438-439, 444, 447, 451-453, 465, 468, 470-471, 474,486-487, 489, 497, 500, 502, 504;T.II: 27, 36, 39-40, 46, 52-55, 59,67, 69, 75, 79, 82, 85, 106, 108, 113-114, 124, 128, 138-140, 142,145-146, 151, 153-155, 162-166, 168,170, 182-191, 193, 200, 229, 236,238, 290-291, 303

Guevara, Hildita, T.I: 348Guevara, Pedro, T.I: 58Guillén, Nicolas, T.I: 57; T.II: 115Guitart, Renato, T.I: 249, 252, 255-256,

305Guitart, René, T.I: 305Guiteras, Antonio, T.I: 56-57, 63, 77-78,

239, 373, 459Gutiérrez Alea, Tomás, T.II: 189Gutiérrez Barrios, T.I: 358Gutiérrez Menoyo, Eloy, T.I: 450, 487-

488, 496-497; T.II: 56-57, 99, 158,309, 370

Gutiérrez, Alfonso, T.I: 327, 339, 375,378

Gutiérrez, Jose Manuel, T.I: 303

HHabana Campo, T.I: 228Haig, Alexander, T.II: 261Hailé Mariam, cel. Mengistu, T.II: 241, 246Hank, Carlos, 3 T.I: 47

Hart Dávalos, Armando, T.I: 311, 313,411, 436, 442-444, 506

Harvey, William, T.II: 116Helms, Jesse, T.II: 385Helms, Richard, T.II: 203Hemingway, Ernest, T.II: 76, 291Heraud, Javier, T.II: 54Hermida Antorcha, Ramón, T.I: 294,

296, 298Hernández, Isidro, T.I: 163Hernández, Melba (“Doutora”), T.I: 228-

229, 240, 247-248, 251-253, 266,269-270, 289, 291-294, 302, 309,313-314, 319-320, 325, 327, 332,351-352, 361, 372, 375, 378

Hevia, Carlos, T.I: 42Hevia, T.I: 185Hilbert, Luís Alcides, T.I: 75, 77Hitler, T.I: 78, 134Hoffman, Wendell, T.I: 421Huerta, Enrique, T.I: 210Hunt, Howard, T.II: 216Huoap, Armando, T.I: 383Hussein, Saddam, T.II: 264, 360

IIbárruri, Dolores, T.II: 144Idígoras, Miguel, T.II: 105Ieltsin, Boris, T.II: 345Iglesias Mónica, T.I: 170, 180Iglesias, Aracelio, T.I: 166Iglesias, Carlos (“Nicarágua”), T.I: 422,

493Iglesias, Francisco, 351Inclán, T.I: 198Infante, Enzo, T.I: 468Irmão Bernardo, T.I: 77, 88-89Irmão Enrique, T.I: 86Irmão Fernández, T.I: 85Irmãos para o Resgate, T.II: 384, 396

Page 196: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

481

JJackson, Jesse, T.II: 276Jacquier, Pierre, T.I: 479Jaliana, Ramón, T.I: 325JC, ver Juventude ComunistaJean Daniel, T.II: 148, 179Jiménez, Eva, T.I: 225, 323Jiménez, Graciela, T.I: 323JO, ver Juventude OrtodoxaJOC, ver Juventude Operária CatólicaJohnson, Lyndon, T.II: 149, 191, 230Jones, Kirby, T.II: 218, 222Josefa, T.I: 48Jovem Cuba, T.I: 78, 255Juancito (“Juan La Noche”), T.I: 105Juarbe, Juan, T.I: 322, 347Julio César, T.I: 82Julita, T.I: 58Junta de Liberação Cubana, ver Pacto de

MiamiJuventude Autêntica, T.I: 165Juventude Católica, T.I: 458Juventude Comunista, T.I: 150, 184-

185, 197Juventude Operária Católica, T.I: 461Juventude Ortodoxa, T.I: 168, 184-185,

191, 228, 314, 327, 331-332, 342-343Juventude Socialista, T.I: 147, 188, 211

KKant, T.I: 281Kennedy, John Fitzgerald (“JFK”), T.II:

98, 104, 109-112, 115, 126, 128, 130-132, 135, 143-144, 148-150,179-180, 203, 230

Kennedy, Robert, T.II: 218Keynes, T.II: 301KGB, T.II: 126, 190Khmer Vermelho, T.II: 256

Kim Il Sung, T.II: 360King, cel. J. C., T.II: 79Kirkpatrick, Lyman, T.I: 483Kissinger, Henry, T.II: 207, 218-223,

231, 263Knight, Eric, T.I: 282Kolle, Jorge, T.II: 185Kossiguin, Alexei, T.II: 152Krushov, Nikita, T.I: 347; T.II: 72, 86,

88, 90, 93, 112-113, 125-133, 135,143-144, 152

Kubitschek, Juscelino (“JK”), T.II: 48-49

LLa Fontaine, T.II: 398, 410Laborde, María, T.I: 316; T.II: 121Labrador, Fidel, T.I: 257, 259, 270Laferté, ten., T.I: 492Lage, Carlos, T.II: 367, 400, 423-424Lago, Pedro, T.I: 73Lalo, T.I: 158Lamar, T.I: 143Lamarca, T.II: 198Landau, Saúl, T.II: 218Lane, Ibrahín, T.II:249Larrazábal, Wolfgang, T.I: 469, 497, 499;

T.II: 38Lasser, Curt, T.II: 76Laurent Kabila, T.II: 154, 162, 166Lavalle Fuentes, T.I: 357Lea, Douglas, T.I: 91Leal, Haydée, T.I: 380Lebrija, Rafael, T.I: 332, 357Lebrón,Lolita, T.II: 251Lechuga, Carlos, T.II: 148Lemmon, Jack, T.II: 310Lemus Mendoza, Bernardo, T.I: 248Lênin, T.I: 188, 240, 268, 281; T.II: 316,

388, 411León, Antonio (“Leoncito”), T.II: 50Leon, padre Julián, T.I: 92

Page 197: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

482

Leôncio, T.I: 90Lesnick, Max, T.I: 149, 184, 189-192,

227, 235, 258, 311-312, 342-343;T.II: 56, 60, 99, 252, 370

Letelier, Orlando, T.II: 225Liga dos Comunistas Iugoslavos, T.II: 174Ligas Camponesas do Brasil, T.II: 84, 171Lima, Primitivo, T.I: 380Lima, Turcios, T.II: 53, 171Lincoln, T.I: 196Littín, Miguel, T.II: 271Llane, T.I: 107Llanes Pelletier, Jesús, T.I: 265-266,

269-270Llanusa, José, T.I: 469, 483; T.II: 26Llibre, Antonio, T.I: 487, 491-492Llorente, padre Armando, T.I: 116-117,

120, 124Lolobrigida, Gina, T.II: 231López Blanco, Marino, T.I: 296López Portillo, T.II: 239, 262, 266López, Antonio (“Ñico”), T.I: 211, 217,

236, 251, 304, 313-314, 316, 323,327, 349, 383

López, Elsa, T.I: 129Lorenz, Maria, T.II: 122-123Lorenzo, Manuel, T.I: 254Lorié, Ricardo, T.I: 462Los Manicatos, T.I: 128-129Lott, gal. Henrique Duffles Batista Teixeira,

T.II: 49, 84Luaces, Felipe, T.I: 128Lumumba, Patrice, T.II: 92, 154

MM-26, ver Movimento 26 de JulhoM-26-7, ver Movimento 26 de JulhoMaceo, gal. Antonio, T.I: 169; T.II: 29,

417, 426Machado, gal., T.I: 57, 59, 62-63, 118,

145, 165, 363, 373

Machado, José, T.I: 315, 420Madre Superiora Elizabeth Therèse, T.I:

127Maheu, Robert, T.II: 95Makarios, T.II: 264Malasarte, T.I: 286Malinovski, mal., T.II: 128Malmierca, Isidoro, T.II: 229, 246-247,

264Malmierca, Maria Elena, T.II: 247Mañach, Jorge, T.I: 283, 291, 311, 485Mandela, Nelson, T.II: 409Mankiewicz, Frank, T.II: 218-219, 248Manley, Michael, T.II: 232, 239-240Mannheim, Karl, T.I: 290Manuelita, T.I: 103Manzanillo, T.I: 110Mao Tsé-tung, T.II: 113-114, 172, 207, 388Maquiavel, T.I: 470Marat, T.II: 42Marchais, George, T.II: 231, 264, 386Marcos, Imelda, T.II: 231Mariátegui, T.I: 290Marighella, Carlos, T.II: 187, 198Marín, Federico, T.I: 144-145Marinello, Juan, T.I: 57, 95, 123Maristany Sánchez, Carlos, T.I: 364, 442Márquez, Juan Manuel, T.I: 182, 333-

334, 338, 341, 346, 357, 359-360,364, 379, 383, 386, 392

Márquez, Pompeyo, T.II: 171Marrero, Pedro, T.I: 249Marshall, Frank, T.I: 462Marshall, gal. George, T.I: 172, 174Martí, José, T.I: 111, 129, 134, 141-142,

166, 188, 191, 195, 204, 237, 240-241, 252, 254, 268, 282, 324, 329,333, 340, 372-373, 422; T.II: 29, 205,317, 356, 418, 426

Martín Conde, T.I: 96Martín Pérez, ten-cel., T.I: 237Martín Sánchez, Raúl, T.I: 294Martínez Junco, Carlos, T.I: 162Martínez Páez, Julio, T.I: 431, 437, 491

Page 198: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

483

Martínez Tamayo, José María (“Papi”),T.II: 162

Martínez Tinguao, Juan (“D. Tin”), T.I:211, 234

Martínez Valdés, cap. Jorge, T.II: 318,320-321, 328

Martínez Villena, Rubén, T.I: 56-57, 59Martinez, Alejandro, T.II: 53Martinez, Harold, T.II: 53Martínez, Raúl, T.I: 238, 243-244, 251, 292Martínez, Rolando (“El Musculito”),

T.I: 146Martínez, T.I: 102Marx, Karl, T.I: 188, 191, 280-283, 286,

289; T.II: 107, 305, 388, 408, 411, 419Más Canosa, Jorge, T.II: 275, 402Más Martín, Luis, T.I: 185Masengo, Idelfonso, T.II: 154Masetti, Jorge Ricardo, T.II: 39, 109, 138-

140, 172, 187Masferrer, Rolando, T.I: 110, 134, 141,

157, 160, 164-165, 167, 183, 185,190, 196, 226, 425

Maspero, François, T.II: 189Massemba-Debat, Alphonse, T.II: 154, 164Mastrapa, T.I: 102Matthews, Herbert, T.I: 407, 409-410Matthews, Nacie, T.I: 407Mattos, Húber, T.I: 462, 503; T.II: 61,

64-65, 252Matutes, Abel, T.II: 397Mayor, Federico, T.II: 386Mazorra, Carmem, T.I: 91Mazorra, Riset, T.I: 90Mazorra, T.I: 90McGovern, George, T.II: 216, 220, 249McKinley, T.I: 38Medina Fernández, Antonio, T.I: 110Mejía (“Pichirilo”), T.I: 378-379, 396Mejías, Irma, T.I: 274Mella, Julio Antonio, T.I: 56-57, 128,

149, 194, 237Mello, Fernando Collor de, T.II: 350Mendigutía, T.I: 215, 217

Menem, Carlos, T.II: 371, 381, 386Menéndez, Jesús, T.I: 166Meneses, Laura, T.I: 322Menz, Elizabeth, T.II: 271Mercado comum dos países socialistas,

T.II: 211Mestre Martínez, Armando, T.I: 308Mexicano, T.I: 101Miguelito (“Niño”, “Hienita”), T.I: 212Mikoyan, Anastas, T.II: 86-87Milanés, Lucila, T.I: 203Mingueli, T.I: 125MIR, ver Movimento de Esquerda Re-

volucionáriaMirabeau, T.I: 122Mirassou, Pedro, T.I: 167Miret, Pedro (“Chicho”, “Fouché”, “Jú-

lio”), T.I: 236-237, 241, 245-246,256-259, 305, 313, 321, 331-333,346, 349, 374, 443, 461-462, 503;T.II: 59, 140

Miró Cardona, José, T.I: 288, 291, 411;T.II: 40

Mitchell, Teodulio, T.I: 251-252Mitterand, François, T.II: 262-263, 386,

395Miyar, José (“Chomy”), T.II: 271MNR, ver Movimento Nacional Revo-

lucionárioMobutu, gal., T.II: 168, 251Molinari, gal., T.I: 353Molinary, Diego, T.I: 171Mondale, Walter, T.II: 276Monje, Mario, T.II: 144, 183-185Monsenhor Pérez Serantes, T.I: 260, 458Montanals, Pedro, T.I: 203Montané Oropesa, Jesús (“Canino”), T.I:

228, 233-236, 264, 275, 288, 307,309, 313, 327, 331-332, 335, 347,372, 398; T.II: 272

Montané, Sergio, T.I: 492Montaner, Carlos Alberto, T.II: 363Montesinos, ten., T.I: 289Montoneros, T.II: 197

Page 199: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

484

Monzanto, Pablo, T.II: 53Mora, Lázaro, T.II: 341Morales, Calixto, T.I: 349Moreno, Carlos, T.I: 171Morfa, Frank, T.II: 318Morgan, William Alexander, T.I: 450;

T.II: 55-57Movimento 26 de Julho, T.I: 229, 238-

239, 241-243, 246, 249-250, 253,266, 268, 282, 289, 292-293, 313-314, 316, 325, 327-328, 330-332,335, 338, 340-342, 344-347, 352-353,355-356, 358-364, 371-374, 379-380,383, 386, 396-398, 411, 413, 416, 422,425, 428, 431, 434-436, 439, 442-444,446-448, 450, 452, 456-464, 468-469,472, 477, 482-485, 487-489, 496-497, 499, 504; T.II: 26-27, 32-33, 37,58, 60, 64-68, 93, 113-114, 121, 269,423, 428

Movimento de Esquerda Revolucioná-ria, T.II: 75, 138-140, 171

Movimento de Recuperação Revolucio-nária, T.II: 61

Movimento de Resistência Cívica, T.I:411, 428, 447, 457

Movimento dos Países Não-Alinhados,T.II: 75, 92, 211, 257, 264, 267

Movimento Estudantil Ação Caribe,T.I: 146

Movimento Nacional Revolucionário, T.I:246, 294, 311, 347

Movimento Nueva Joya, T.II: 259, 278Movimento Popular para a Libertação de

Angola, T.II: 154, 164, 207, 222, 225,227-228, 250, 336, 339

Movimento Radical Revolucionário,T.I: 311

Movimento Revolucionário 26 de Julho,ver Movimento 26 de Julho

Movimento Revolucionário 8 de Outu-bro, T.II: 198

Movimento Revolucionário do Povo,T.II: 61

Movimento Revolucionário Tupac Ama-ru, T.II: 406

Movimento Socialista Revolucionário,T.I: 131, 135, 141

Movimento, ver Movimento 26 de Ju-lho

MPLA, ver Movimento Popular para aLibertação de Angola

MR-8, ver Movimento Revolucionário8 de Outubro

MRP, ver Movimento Revolucionário doPovo

MRR, ver Movimento de RecuperaçãoRevolucionária

MRR, ver Movimento Radical Revolu-cionário

MSR, ver Movimento Socialista Revo-lucionário

Mujal, Eusebio, T.I: 183, 195, 464Mulele, T.II: 154Muñoz Marin, T.II: 105Muñoz, Freddy, T.II: 171Muñoz, Mario, T.I: 234, 242, 252-253

NN’Bumba, gal. Nathanael, T.II: 250N’Khrumah, T.II: 90Nabuco, José, T.II: 49Nabuco, Maria do Carmo (“Nininha”),

T.II: 49, 84Nápoles, Gilberto, T.I: 422Nasser, Gamal Abdel, T.II: 55, 75, 90,

113Nathingale, Florence, T.I: 271Nehru, Pandhiet, T.II: 55, 75, 90, 113Nelson, Fred, T.II: 55Nemésio, T.I: 41Nené Sánchez, T.I: 49Neruda, Pablo, T.II: 76Niro, Robert de, T.II: 310

Page 200: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

485

Nixon, Richard, T.I: 441; T.II: 47, 52,203, 207, 216, 221, 230

Nkomo, Joshua, T.II: 241Noelia, T.I: 295Nolan, Richard, T.II: 249Noriega, Luis Carlos, T.I: 172Noriega, Manuel Antônio, T.II: 263, 280,

289, 323, 340-342Norma, T.I: 132North, Oliver, T.II: 261Nuccio, Richard, T.II: 383Nuiry, Juan, T.I: 316Nujoma, Sam, T.II: 241Nuñez Castillo, Armando, T.I: 89, 102Nuñez Jiménez, Antonio, T.I: 189; T.II:

40, 53Nuñez, Pastorita, T.I: 316Nyerere, Julius, T.II: 91

OO’Connell, James, T.II: 95OA, ver Organização AutênticaOchoa Sánchez, gal. Arnaldo, T.II: 318-

322, 325, 328, 330, 335-338Ochoa, Emílio (“Millo”), T.I: 211, 227OEA, ver Organização dos Estados

AmericanosOIEA, ver Organização Internacional de

Energia AtômicaOjeda, Fabrício, T.I: 469; T.II: 54, 74, 171OLAS, ver Organização Latino-Ameri-

cana de SolidariedadeOLP, ver Organização de Libertação da

PalestinaOMC, ver Organização Mundial do Co-

mércioOMS, ver Organização Mundial de SaúdeONU, ver Organização das Nações Uni-

dasOPA, ver Operação Pan-AmericanaOperação 40, T.II: 79

Operação AM-LASH, T.II: 178-179, 182Operação Condor, T.II: 224Operação Liborio, T.II: 111Operação Mangosta, T.II: 116, 128-129,

135Operação Pan-Americana, T.II: 48Operação Patty, T.II: 111Operação Peter Pan, T.II: 111Operação Pluto, T.II: 98Operação Sindicato do Jogo, T.II: 94, 116Operação Track II, T.II: 203Operação Verdade, T.II: 36Ordaz, T.I: 128Ordóñez, T.I: 114Ordóqui, Joaquín, T.II: 160-161Orfila, Arnaldo, T.II: 189Organização Autêntica, T.I: 292, 434, 442Organização das Nações Unidas, T.I: 443;

T.II: 70, 89-90, 92-93, 97, 127, 132,134-135, 148, 173, 199, 219, 240,256-258, 261, 265-266, 276, 295,297, 313-314, 336, 340-341, 345,356-357, 359, 386, 396, 409, 412

Organização de Libertação da Palestina,T.II: 264

Organização do Povo do Sudeste Afri-cano, T.II: 241, 339

Organização do Tratado do AtlânticoNorte, T.II: 72, 110, 154, 253, 264,309, 343, 386

Organização dos Estados Americanos, T.I:170-175, 180-181, 443; T.II: 57, 88,116, 149-150, 152, 212, 217, 220-221, 225, 398; T.II: 47, 57, 88, 116,149-150, 152, 212, 217, 220-221,225, 398

Organização Internacional de EnergiaAtômica, T.II: 305

Organização Latino-Americana de Soli-dariedade, T.II: 186, 190, 197

Organização Mundial de Saúde, T.II: 213,291, 295, 408

Organização Mundial do Comércio, T.II:397, 408-409

Page 201: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

486

Organizações Revolucionárias Integra-das, T.II: 113, 124

ORI, ver Organizações RevolucionáriasIntegradas

Orosia, T.I: 64Orta, Juan, T.I: 338; T.II: 96, 178Ortega, Daniel, T.II: 238, 261, 263, 307,

336Ortega, Humberto, T.II: 238Ortega, Luis, T.I: 258Ortiz, Fernando, T.I: 123Ortiz, Gabriela, T.I: 341, 355Osorio, Chicho, T.I: 402-403Ostrvski, Nikolai, T.I: 282Oswald, Lee, T.II: 203OTAN, Organização do Tratado do Atlân-

tico NorteOtorga, Miguel, T.I: 42OUA, T.II 246Oufkir, gal., T.II: 170Ovares, Enrique, T.I: 109, 150-151, 155,

163, 165,171, 174-176, 180, 190,194; T.II: 98

PPacto Andino, T.II: 260, 275Pacto de Caracas, T.I: 485, 497Pacto de Miami, T.I: 442, 448, 450, 459,

485; T.II: 426Pacto de Montréal, T.I: 293Pacto de Pedreiro, T.I: 497Pacto de Varsóvia, T.I: 347; T.II: 152, 192Pacto do México, T.I: 459Pacto Molotov-Ribbentrop, T.I: 78Padilla, T.I: 106Padre ‘Lloviznita’, T.I: 124Padre Barbei, T.I: 113Padre Domínguez, T.I: 92Padre García, T.I: 93Padre Guzmán, T.I: 499, 501Padre Salgueiro, T.I: 93

Padre Sílvio, T.I: 110Padre Velazco, T.II: 56Padrón, Amado, T.II: 325Padrón, José Luis, T.II: 248Pagliere, Jorge, T.I: 266-267PAIGC, ver Partido Africano para a In-

dependência de Guiné e Cabo VerdePaís, Frank (“David”), T.I: 246, 314, 346-

347, 360-361, 371, 379, 382,386-387, 397-398, 411, 420, 424-425,428-429, 432-433, 435-436, 442

País, Josué, T.I: 425Palau, Gabriel, T.I: 65, 74, 76Palau, Gabrielito, T.I: 74, 76Palme, Olof, T.II: 231, 263Panchito, T.I: 76Papa João Paulo II, T.II: 406, 414-416Pardo Llada, T.I: 182, 193, 206, 227, 304Pareja, Fabel, T.II: 318, 320Park Wollan, T.I: 425Partido Africano para a Independência

de Guiné e Cabo Verde, T.II: 154,163, 172, 206, 226

Partido Autêntico, T.I: 78, 93, 95, 110,162, 183, 239

Partido Comunista Boliviano, T.II: 140, 183Partido Comunista da União Soviética,

T.I: 347; T.II: 39, 72, 126, 152, 190,314, 345

Partido Comunista da Venezuela, T.II:171, 191

Partido Comunista de Cuba, T.I: 57-58,62, 78, 95, 147, 167,180, 194, 240,246, 258, 266, 358, 373; T.II: 39, 138,160, 166, 182, 201, 229, 236, 270,285, 302, 329, 343, 345, 347, 350,363, 373, 381, 387, 400, 424

Partido Comunista Mexicano, T.I: 57Partido do Povo Cubano (Ortodoxo), T.I:

148, 182, 188, 211-212, 224, 228,235, 237, 248, 255, 283, 311, 343-345, 411, 442

Partido Socialista Popular, T.I: 122, 181-182, 188, 195-197, 218, 221, 268,

Page 202: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

487

270, 277, 372-373, 436, 459-461,486, 497; T.II: 39-40, 64, 74, 87, 106,113-114, 124, 159-160, 164

Partido Unido da Revolução Socialistade Cuba, T.II: 68, 113, 124, 126, 161,166

Pastor, Robert, T.II: 248, 253Pastora, Eden, T.II: 239Pastrana, Andrés, T.II: 406Patterson, Bill, T.I: 482-483Pawley, William, T.I: 459Paz Estenssoro, Victor, T.I: 324; T.II: 183Pazos, Felipe, T.I: 407, 428-429, 442-

444; T.II: 47Pazos, Javier, T.I: 407-408PCB, ver Partido Comunista BolivianoPCC, ver Partido Comunista de CubaPCUS, ver Partido Comunista da União

SoviéticaPearson, Drew, T.II: 79Pelayo Cuervo, T.I: 303, 311Pelayo, Aída, T.I: 237Pelón, T.I: 109Peña, Lázaro, T.I: 358, 372Peñalosa, Enrique, T.II: 341Peñalver García, Fabio, T.I: 210Pepito, T.I: 106Perdomo, T.I: 247-248Pérez Borroto Marrero, Manuel, T.I: 205Pérez Chaumont, T.I: 259, 264Pérez de Cuellar, Javier, T.II: 341Pérez Díaz, Roger, T.I: 294, 309Pérez Font, Pedro, T.I: 318, 326, 380Pérez Hernández, Faustino (“Médico”),

T.I: 311, 313, 319, 325, 332, 364,379, 392, 397-398, 407, 412, 425,442, 456-457, 459-460, 463, 465,468-469, 489

Pérez Jiménez, Marcos, T.I: 451, 457;T.II: 38, 74

Pérez Roque, Felipe, T.II: 359, 423Pérez Rosabal, Angel, T.I: 386, 389Pérez, Crescencio, T.I: 379, 396, 399,

405, 456, 471

Pérez, Elda, T.I: 228Pérez, Genovevo, T.I: 156Pérez, Humberto, T.II: 201Pérez, Julián (“Santaclareiro”), T.I: 469Pérez, Primitivo, T.I: 396Pérez, Ramón (“Mongo”), T.I: 379, 396,

398Pérez, Raúl, T.I: 333Perón, Juan Domingo, T.I: 170, 173Petkoff, Teodoro, T.II: 171Phillips, David Atlee, T.II: 99, 112, 178Phillips, Ruby Hart, T.I: 407Pi Gonzalez, Haida, T.I: 326Piedra, Carlos M., T.I: 503Piñeiro Losada, Manuel (“Barba Roja”),

T.I: 431; T.II: 51, 53, 109, 139-140,162, 171, 182, 184, 188, 192, 198,218, 346, 348

Pino Santos, Fidel, T.I: 44-45, 53, 75-76, 94, 183, 192

Pino, Cossio del, T.I: 166Pino, Ondina, T.I: 327Pino, Onelio, T.I: 327, 380, 383-384Pino, Orquidea, T.I: 327, 332, 339, 357,

375Pino, Rafael Del, T.I: 164, 166, 171-172,

175-176, 180, 184, 338, 364, 373;T.II: 98

Pinochet, Augusto, T.II: 225, 300Podgorny, Nicolai, T.II: 152Pogés, Pedro, T.I: 203Pol Pot, T.II: 256Poll Cabrera, Gerardo, T.I: 270, 271, 275Ponce, Jose, T.I: 259Poo, T.I: 339Posada Carriles, Luis, T.II: 379-380Posada, T.I: 259Pose, Alfred, T.I: 290Potaje, T.I: 158Powell, gal. Colin, T.II: 360Poza Abisambra, Felipe, T.I: 173PPC (O), ver Partido do Povo CubanoPrada, T.I: 102PRC (autêntico), T.I: 442

Page 203: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

488

Prestes, Luís Carlos, T.II: 54Prieto, Abel, T.II: 423Primavera de Praga, T.II: 191, 193Prío Socarrás, Carlos, T.I: 183, 189, 191,

196, 208-209, 215-220, 223-224,227, 239, 268, 292-293, 315, 326,338, 344, 359, 362, 364-365, 370,413, 416, 442-443, 445-446, 448,450, 483, 488, 497

Prío, Francisco, T.I: 219Projeto Andino, T.II: 139-140, 168Protesto dos 13, T.I: 57PSP, ver Partido Socialista PopularPuebla, Tetê, T.I: 437Puente Uceda, Luis de la, T.II: 53Puente, Orlando, T.I: 190Pupo, T.I: 492PURSC, ver Partido Unido da Revolu-

ção Socialista de Cuba

QQuadra Lacayo, Joaquin, T.II: 320-321Quadros, Jânio, T.II: 84-85Quayle,Dan, T.II: 351Quevedo, José, T.I: 447, 478-479, 491-

492, 501Quevedo, Miguel, T.I: 283, 295, 304Quirós, Odúber, T.II: 239

RRamírez León, Ricardo, T.I: 248Ramírez, Rolando, T.II: 53Ramón Fernández, José, T.I: 505-506;

T.II: 33-34Ramos Latour, René (“Daniel”), T.I: 435,

443, 447, 463-464, 468Ramos, Juan, T.I: 109Rasco, José Ignacio, T.I: 123, 128Rashidov, Sharaf R., T.II: 125

Ravelo, Rosa, T.I: 295Ray, Manolo, T.II: 61Reagan, Ronald, T.II: 222, 224, 260-261,

263-264, 272, 278, 280, 296, 307,314-315, 329

Rebellón, José, T.II: 66Redondo, Ciro, T.I: 284Rei Hassan II, T.II: 140, 142Remedios, Carlos, T.I: 109Remedios, Jorge, T.I: 109Reña, Mário Vazquez, T.II: 291René Cid, T.I: 43René, T.I: 102Resende, Rafael, T.I: 200, 248, 307Resgate, T.II: 96, 116Revoluções — Revolução Chinesa, T.II:

55; Revolução de 1917, T.II: 411;Revolução de 1933, T.I: 194, 459;Revolução dos Cravos, T.II: 172, 231;Revolução Francesa, T.I: 80, 124,191; T.II: 42, 317; Revolução Popu-lar Islâmica, T.II: 257; RevoluçãoRussa, T.I: 57; T.II: 314, 345

Revuelta, Alina, T.II: 121-122Revuelta, Natalia (“Natty”), T.I: 236-237,

251, 266, 279-280, 282, 287, 299,316; T.II: 121-122

Reyes, Jesús (“Chuchú”), T.I: 347, 357, 378Reyes, Manuel, T.I: 182Reynaldo, T.I: 86Richelieu, T.I: 151Richmond, Fredrich, T.II: 249Riera Medina, Waldo, T.I: 184, 289Río Chaviano, cel. Alberto del, T.I: 259,

264, 265, 269, 270, 499, 500Risquet Valdés, Jorge, T.II: 152, 164-165,

339, 348Rivera, Erasmo, T.I: 356Roa, Raúl, T.II: 59, 97Robaina, Roberto, T.II: 359Robespierre, T.I: 286; T.II: 42, 317Roblete, Jesús, T.I: 132Rocha, Glauber, T.II: 198Rockfeller, Nelson, T.I: 223

Page 204: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

489

Rodríguez Lazo, Miguel, T.I: 236Rodríguez Loeches, Enrique, T.I: 380Rodríguez Peralta, cap. Pedro, T.II: 172Rodríguez, Andrés, T.II: 351Rodríguez, Carlos Rafael, T.I: 95, 151,

188, 436, 487; T.II: 106Rodríguez, Fructuoso, 3 T.I: 16, 420Rodríguez, Juan, T.I: 154, 157Rodríguez, Léster, T.I: 237, 241, 245, 258,

292, 314, 443-445, 461,Rodríguez, Luiz Orlando, T.I: 276, 293,

312, 344Rodríguez, Marcos (“Marquito”), T.I:

420; T.II: 159-161Rodríguez, René, T.I: 213, 224, 385, 407,

470Roig, Emilio, T.I: 123Rojas, T.I: 243Rolando Martinez, Eugenio

(“Musculito”), T.II: 216Rolland, T.I: 280Romero, arcebispo Oscar, T.II: 261Roosevelt, Franklin Delano, T.I: 62, 79,

96, 101; T.II: 73Roosevelt, Theodore, T.I: 39Roque, Roberto, T.I: 379, 383-384Rosa Branca, T.II: 55, 78Rosell Levya, Cel., T.I: 499-500Roselli, John, T.II: 95, 97, 116Rosi, Francesco, T.II: 189Rothman, Norman, T.II: 179Rousseau, Jean Jacques, T.I: 125, 274Ruiz del Viso, Hortencia, T.I: 128Ruiz Leiro, T.I: 148, 150-151Ruiz Poo, Miguel, T.II: 319, 323Ruiz, Fábio, T.I: 131, 166Ruiz, Reinaldo, T.II: 319Ruz Gonzalez de Castro, Lina, T.I: 40-

41, 45, 47-48, 50-51, 53-56, 58, 60-62,64, 67-70, 72-74, 90, 93, 96, 99, 103,105, 107-108, 124,192, 262, 270, 275,303, 367, 395, 398, 500-501; T.II: 50

Ruz Gonzalez, Alejandro Fidel T.I: 40-41, 43-44, 56, 367

Ruz Gonzalez, Antonia, T.I: 41, 45, 58,62, 72

Ruz Gonzalez, Dominga, T.I: 41, 44-45,48, 51, 58, 72

Ruz Gonzalez, Enrique, T.I: 41, 43, 367Ruz Gonzalez, Francisca (“Panchita”),

T.I: 41, 45Ruz Gonzalez, Francisco (“D. Pancho”),

T.I: 40-41, 43-45, 58, 62, 207Ruz Gonzalez, Francisco (“Panchito”),

T.I: 41, 43Ruz Gonzalez, Maria Isabel (“Belita”),

T.I: 41, 58, 62, 501Ruz Gonzalez, Maria Júlia, T.I: 41, 58,

62, 73, 96Ryan, Chuk, T.I: 423Ryan, George, T.II: 428

SSaint George, Andrew, T.I: 423Salabarría, Mario, T.I: 110, 131, 141, 144,

148-150, 156, 164-167Salão dos Mártires, T.I: 236, 241-242, 246Salas Cañizares, ten., T.I: 210, 225, 361Salinas de Gortari, Carlos, T.II: 309, 354Salvador, David, T.I: 460, 468-469; T.II:

67-68,Sam Momo Giancana, T.II: 95Samaranch, Juan Antonio, T.II: 291Samora Machel, T.II: 226, 256Samper, Ernesto, T.II: 406San Ignacio de Loyola, 32San Martín, T.II: 426San Román, Dionisio, T.I: 434San Román, Roland, T.I: 253Sánchez Arango, Aureliano, T.I: 209, 227,

239Sánchez García, Alfonso, T.I: 347Sánchez Mosquera, ten., T.I: 403, 412,

431, 475, 477

Page 205: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

490

Sánchez Parodi, Ramón, T.II: 192, 218-220, 248-249

Sánchez, Agustín, T.I: 103Sánchez, Célia, T.I: 346, 371-372, 386,

396, 411-412, 420, 422-423, 429,437, 468, 470-472, 474, 476, 491-492, 503; T.II: 32, 50, 74, 83,120-121, 188, 270-271

Sánchez, Nestor, T.II: 261, 383Sánchez, Osvaldo, T.I: 372Sánchez, Pepin, T.I: 315Sánchez, Universo, T.I: 354, 378, 392-

393, 402, 405Sandino, Augusto, T.II: 238Sanjenís, Sergio, T.I: 464Santacoloma, Boris Luis, T.I: 266Santamaría Cuadrado, Haydée (“Yeyé”),

T.I: 228-229, 248, 250, 252-253, 266-267, 270, 289, 291, 294, 301, 309,313, 333, 411, 422, 468-469, 472,496; T.II: 26

Santamaría, Abel, T.I: 228-229, 234-236,238-239, 241-242, 249-254, 257, 266,268, 276, 283

Santamaría, Aldo, T.I: 380Santana, Ricardo, T.I: 257Santander, gal., T.I: 172Santiago Alvarez, T.II: 88Santiago Carrillo, T.II: 263Santiago Rey, T.I: 315Santiago, Tony, T.I: 165-166Santos de la Caridad, T.II: 116-117Santos Trafficante Jr., T.II: 95-97, 178-179Santos, Enrique Benavides, T.I: 201-202,

204-205Santos, José Eduardo dos, T.II: 339Santos, René de los, T.I: 503Sardiñas, Lalo, T.I: 422, 438, 492Sardiñas, padre Guillermo, T.I: 439, 471Sarney, José, T.II: 302Sarría, Pedro, T.I: 263-265, 270Sartre, Jean Paul, T.II: 75, 81-85Schneider, gal. René, T.II: 202-203Schreider, Joseph, T.II: 90

Schultz, Miguel, T.I: 354Sekou Touré, T.II: 91, 138, 172, 206Selles, Conrado, T.I: 302, 309Sellmam, Eugenio, T.II: 390, 403Serguera, Jorge (“Papito”), T.II: 138, 140,

164, 182Serviço de Inteligência Militar, T.I: 207,

222, 224, 235, 264, 266-267, 285,299, 343, 370

Serviço Secreto (cubano), ver G-2Shakespeare, T.I: 283; T.II: 190Sheffield Edwards, T.II: 95Sierra, D. Manuel Justo, T.I: 333Siles Zuazo, Hernán, T.I: 324Silva, T.I: 49SIM, ver Serviço de Inteligência MilitarSimón Reyes, T.II: 185SIP, ver Sociedade Interamericana de

ImprensaSmith Comas, cap. José, T.I: 383Smith, Earl E., T.I: 430, 442, 483, 499,

504; T.II: 28Smith, Wayne, T.II: 248Socarrás, Juan, T.I: 8, 398Sociedade de Amigos da República, T.I:

292, 330, 362Sociedade Interamericana de Imprensa,

T.I: 442; T.II: 46Sodano, Ângelo, T.II: 415Solís, Piedad, T.I: 378Somoza, Anastacio, T.II: 37, 53, 238Somoza, Luis, T.II: 105Sorí-Marín, Humberto, T.II: 59, 61, 98Sosa, Elpidio, T.I: 164, 249, 252Sosa, Isidro, T.I: 129Sosa, John, T.II: 53Soto, Ana Rosa, T.I: 58, 501Soto, Clara, T.I: 58Soto, Dalia (“Lala”), T.II: 121, 270-271Soto, Jesús, T.I: 195Soto, Lionel, T.I: 147, 151, 164, 185, 188-

189, 195, 197-198, 207; T.II: 40, 87Soto, Luis, T.I: 58Soto, Maria Antonia, T.I: 58

Page 206: Fidel Castro Tomo II Parte VII

TOMO II – DO SUBVERSIVO AO ESTADISTA

Índice

491

Soto, T.I: 45, 72Sotús, Jorge, T.I: 442-443, 448; T.II: 98Soumaliot, Gastón, T.II: 154, 165-166Sparkman, John, T.II: 216Spiritto, John Maples, T.I: 450Stálin, Josef, T.I: 78-79, 96, 286; T.II:

73, 113Stone, Oliver, T.II: 310Strom, T.I: 51Strossner, Alfredo, T.II: 300, 351Sturgis, Frank (“Frank Fiorini”), T.I: 496;

T.II: 58, 65, 123Suárez, Gilberto, T.I: 103-104Suárez, Jose (“Pepe”), T.I: 228, 243, 255,

263, 313, 332, 383Sukarno, Ahmed, T.II: 55, 113Suñol, Eddy, T.II: 184SWAPO, ver Organização do Povo do

Sudeste Africano

TTaber, Robert, T.I: 421; T.II: 71Taboada, Aramís, T.I: 142, 144, 171, 210,

258, 316Tambo, Oliver, T.II: 241Tápanes, Israel, T.I: 256Tapias, Sebastián, T.I: 172Tarnoff, Peter, T.II: 248, 383Tassende, José Luis, T.I: 118, 131, 143,

216, 243,Taylor, gal. Maxwel, T.II: 109, 111Teresa, T.I: 191Testa, Jose, T.I: 253Thackeray, William, T.I: 281Thatcher, Margaret, T.II: 314Thompson, T.I: 42Tiradentes, T.II: 426Tito, T.I: 76Tizol, Ernesto, T.I: 243, 249-251Todman,Terence, T.II: 249Toledano,Lombardo, T.I: 358

Tolstoi, T.I: 283Torre, Candido de la, T.I: 359-360Torres Romero, Adolfo (“Adolfito bar-

beiro”), T.I: 212Torres, Ñico, T.I: 468Torriente, D. Cosme de la, T.I: 330, 338,

340Torrijos Herrera, Omar, T.II: 232, 239,

256, 263, 382Trejo, Rafael, T.I: 197Trigo, Pedro, T.I: 215-216, 239, 242, 252Triple A, ver Ação Armada AutênticaTro, Emílio, T.I: 110, 131, 143, 145, 149,

156, 168Trotsky, Leon, T.I: 78, 286; T.II: 114Trudeau, Pierre, T.II: 231, 385Trujillo, Rafael Leonidas, T.I: 154, 156-

157, 172, 226, 344, 361-362; T.II:37, 47, 55-58

Truman, Harry, T.I: 157, 173, 192Truslow, Francis Adams, T.I: 208Tshombe, Moises, T.II: 154Turguenev, Iván, T.I: 282

UU Thant, T.II: 134-135UBPC, ver Unidade Básica de Produção

CooperativizadaUIE, ver União Internacional de Estu-

dantesUIR, União Insurrecional RevolucionáriaUJC, ver União de Jovens ComunistasUNEAC, ver União Nacional de Escri-

tores e Artistas de CubaUnião de Jovens Comunistas, T.II: 359União Insurrecional Revolucionária, T.I:

131, 142-143, 145, 149, 155-157,164, 167-168, 185, 190, 248

União Internacional de Estudantes, T.I: 150União Nacional de Escritores e Artistas

de Cuba, T.II: 114, 418

Page 207: Fidel Castro Tomo II Parte VII

FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA

Claudia Furiati

492

Unidade Básica de Produção Coopera-tivizada, T.II: 366, 392

Uría, gal., T.I: 201Urrútia Lleó, Manuel, T.I: 444, 447, 457,

485, 497, 499, 505; T.II: 28, 30, 35,40, 59-61, 99

VValdés Daussa, Ramiro, T.I: 149Valdés, Andrés, T.I: 260Valdés, Ramiro, T.I: 255, 284, 354, 471;

T.II: 40, 127Valeriano, T.I: 104-105Valladares, Armando, T.II: 313Valladares, Ricardo (“El que habla”), T.I:

234Valle, Armando del, T.I: 260Valle, Enrique del, T.I: 184Valle, Sergio del, T.I: 453Vance, Cyrus, T.II: 251Vanegas, Ansacio (“Kid”), T.I: 318Vanguarda Popular Revolucionária, T.II:

198Varona, Manuel Antonio de, T.I: 448, 485;

T.II: 96-97Vasconcelos, T.I: 225Vázquez, Fabio, T.II: 54Vega, César, T.I: 132Vega, Tato, T.I: 391Vegas Leon, T.I: 347Vela Gómez, José (“Pepe”), T.II: 390-391Velazco Alvarado, Juan, T.II: 206, 382Velazco, Julio, T.I: 411Veneréo, Evaristo, T.I: 353, 355Ventura, Cel. , T.II: 160Verdaguer, Roberto, T.I: 462Vergara, Alejandro, T.II: 116Viaux, gal. Roberto, T.II: 202-203Victor Hugo, T.I: 283Vieira, Gilberto, T.II: 54Viera Linares, José, T.II: 218

Vilar, César, T.I: 266VPR, ver Vanguarda Popular Revolucio-

nária

WWaldheim, Kurt, T.II: 256Walker, reverendo Lucius, T.II: 364Warren, Christopher, T.II: 384Washington, George, T.I: 196Watson, Robert, T.II: 76Weber, Max, T.I: 290Welles, Benjamín Summer, T.I: 62-63Westbrook, Joe, T.I: 420; T.II: 161Wiecha, Robert, T.I: 425, 442Wilde, Oscar, T.I: 283Williams Rogers, T.II: 220, 223Winston Lord, T.II: 218Winston, Henry, T.II: 105Wright, Herb, T.II: 76

XXiao Ping, Deng, T.II: 387-388

YYamamoto, Satsuo, T.II: 189

ZZappa, Ítalo, T.II: 312Zedillo, Ernesto, T.II: 382Zirgado Ross, Nicolas (“Noel”, “Zafiro”),

T.II: 224Zola, Emile, T.I: 204Zweig, Stefan, T.I: 283

Page 208: Fidel Castro Tomo II Parte VII

Um caminho que se impõeOscar Niemeyer

Fidel é, sem dúvida, uma das figuras mais importantes do século XX. Um dia quem sabe teremos que segui-lo. A Revolução Cubana é um exemplo. É o caminho que se impõe, quando a vida se degrada e a esperança foge do coração dos homens. A última vez que encontrei Fidel foi em Niterói, no Rio de Janeiro, quando ele visitava o museu que projetei lá. Tenho um vídeo sobre essa visita. Como me

honra e agrada vê-lo me abraçar afetuosamente e ouvir as palavras generosas que disse a meu respeito!Certo dia, ele me pediu que projetasse um monumento de protesto contra o bloqueio norte-americano a Cuba. Diante do projeto que fiz e lhe apresentei, numa de suas visitas ao Brasil, ele, satisfeito, exclamou: “Vou construí-lo na praça em frente à embaixada dos Estados Unidos em

Havana!”. Nesta biografia, a que dedicou nove anos de trabalho em pesquisas e entrevistas, Claudia Furiati se empenhou a fundo para deixar à posteridade a história mais completa e precisa possível da vida deste grande homem.

No MAC (Museu de Arte Contemporânea), com Niemeyer e o prefeito de Niterói,

Jorge Roberto Silveira, quando da inauguração da exposição

“40 anos da Revolução Cubana”