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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009Sumário

26 com todaS aS letraSASSISTA SEMPRE Ao jogo

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicooRIgINAIS do LIvRo - o MANdATo

MEdIúNICo

Zeloso guardião desse tesouro espiritual

14 capadUAS hoRAS CoM ChICo xAvIER

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

19 enSinamentoCARToMANTE

Dramas de um obsessor

6 eStudoCoMo é MoRRER?

Inseguranças em relação ao futuro

24 homenagemhoMENAgEM A CAIRbAR SChUTEL

Um Espírita convicto

ediçãoCentro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)projeto gráfico Fernanda berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

20 menSagemA Fé E o AMoR

A fé que salvou

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila Marieta

13042-010 Campinas/SPCNPj: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

aSSinaturaSAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

Fale [email protected] (19) 3233-5596

Fale conoSco on-line

CAdASTRE-SE No MSNE AdICIoNE o NoSSo ENdEREço:

[email protected]

10 conFiançao SoCoRRo dE bEzERRA

Cura espiritual

16 inStruçãobREvE RECoRdAção dA MEdIUNIdAdE

Recuperação de uma suicída

21 hiStóriaoS dozE APóSToLoS

Pregadores da doutrina cristã

22 eSclarecimentoINCREdULIdAdE

Dúvidas sobre a vida espiritual

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA editorial

Há 50 anos, por meio da inesquecível médium Yvonne A. Pereira, o espírito de Inácio Bittencourt oferece à humanidade poderosa advertência que, apesar do tempo, continua grave e atualíssima.

Transcrita pelo querido confrade Augusto Marques de Freitas em seu estupendo livro Yvonne do Amaral Pereira: O Voo de uma Alma pág. 125 - 127; convidamos você, amigo leitor, para conosco apreciar, refletir e meditar sobre a preocupação dos bons espíritos com a Doutrina Consoladora no mundo...

- 0 -

(...) Inácio Bittencourt, num desabafo doloroso, ele, que se tornava um tanto quanto “azedo, quando em jogo o bom nome do Espiritismo”, encontrou em Yvonne Pereira o médium ideal para confessar (e protestar) sua enorme decepção ante os espetáculos de arremedo teatral, pantomimas, etc.

Anotemos, aqui, algumas das valiosas linhas registradas pelo cérebro e lápis da médium de Rio das Flores, provindas do espírito de Inácio Bittencourt, em sua Resposta à consulta de um amigo, amigo esse que se tornara Orientador de Mocidade, e que agora lhe indagava se seria lícito fazer-se de uma Casa Espírita um auditório de teatro ou sala de concerto, etc.:

O que, porém, eu, como Espírito desencarnado hoje, e ontem como espírita que dedicou toda a sua vida a serviço da Causa, não creio seja lícito é consentires que quem quer que seja leve para o Centro que diriges a profanação das festas mundanas, dele fazendo não mais um receptáculo das inspirações divinas, como devem ser os Centros Espíritas bem orientados, mas uma platéia heterogênea onde a mediocridade de arte apresentada fará atrair os pândegos e paspalhos do invisível, em vez dos abnegados obreiros de Jesus, os quais, assim sendo, de forma alguma poderão descer das suas sublimes tarefas a prol da salvação da humanidade, para bater palmas aos desvirtuamentos de solenidades sérias, cuja abertura tem sempre como chave máxima o nome sacratíssimo do Todo-Poderoso e de Nosso Senhor Jesus Cristo!

PodERoSA AdvERTÊNCIA FAz 50 ANoS

O que, outrossim, não me parece ainda lícito é tu, que te confessas orientador de “Mocidades”, permitires futilidades no seio da Doutrina, a jovens inexperientes que deverão antes desejar a luz do saber e a sublimação do espírito!

O que não posso aplaudir em ti, meu filho, é consentires que os teus jovens, abastardando a Doutrina com festividades de mau gosto, abastardem também as Artes, pois que (perdoa-me a aspereza da expressão) não vejo artistas entre os teus pupilos, e sim, Espíritos que, ao reencarnarem, prometeram ao Divino Mestre Zelar pelo Consolador e engrandecê-lo com o devotamento inspirado no Evangelho.

Não, meu amigo, não faças do teu Centro Espírita um palco, uma ribalta, um ambiente confuso, onde se abrem trabalhos em nome de Deus e de Jesus, para depois se permitirem festanças e teatralices que nos entristecem, a nós outros, trabalhadores do lado de cá, pois que, ainda que apresentasses NOTURNOS do melodioso Chopin, SONATAS do erudito Beethoven e CONCERTOS do incomparável Mozart, ainda assim não te poderíamos aplaudir, porque a Humanidade precisa mais do amor do Cristo e da ciência de si mesma do que das peças de qualquer desses três gênios... e, em seguida, porque... a música, o teatro, as festas que o invisível nos proporciona, a nós desencarnados, são de tal ordem que até mesmo Chopin, Beethoven e Mozart pareceriam insípidos diante delas... e ainda porque, meu querido amigo, não será através dos já citados forrobodós, das “soirrés” e noitadas “artísticas” dentro dos Centros Espíritas que tu e todos os demais espíritas alcançarão um local feliz no Além-túmulo, mas com o verdadeiro Amor, o verdadeiro Trabalho e o verdadeiro Conhecimento em favor uns dos outros e pelo amor da Verdade!

Espera meu amigo... Lembrei-me de uma coisa:- Não tarda a volta do esposo... Relê, estudando, a parábola

das Virgens Loucas e das Virgens prudentes... Esse ensinamento é de muita atualidade... e vejo que tu precisas dele para ensinares os teus pupilos a obter o azeite para que tenham a candeia bem acesa...

Do teu velho amigo,Inácio Bittencourt

(Mensagem recebida pela médium Yvonne A. Pereira,em 28/05/1959)

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009chico

originais do livro -o Mandato Mediúnicopor Suely Caldas Schubert

7-12-1943

(Wantuil estava há pouco na Presidência, à qual ascendera em vista da sua escolha após a desen-carnação, a 26-10-1943, do Dr. Luiz Olímpio Guilion Ribeiro. Wantuil era o Gerente do “Reformador”. Chico Xavier dirige-lhe palavras de estímulo, referindo-se ao apoio que está dando o novo Presidente ao programa do Esperanto, a cargo de Ismael Gomes Braga, que, por isso, sente-se muito feliz. Chico agrade-ce, outrossim, o envio do primeiro número de “Reformador” da edição já sob a responsabilidade do novo Presidente e que contém palavras referentes à desencarnação de seu antecessor, cujo retrato foi estam-pado na primeira página. As refe-rências de Chico Xavier a Guillon são muito carinhosas: “generoso orientador que nos antecedeu na grande jornada.”)

“(...) Relativamente aos originais dos nossos humildes trabalhos mediúnicos, para mim será muito mais interessante que a Federação os guarde nos arquivos da Casa. Fico muito grato ao seu ca-rinho. Havia pedido a restituiçdo dos mesmos, porque tendo tido necessidade em 1942 de rever algumas páginas de

“Paulo e Estêvão”, pedi à Livraria me emprestasse o original do livro, crendo que estivessem sendo arquivados, mas fui informado de que os originais, após a publicação, eram inutilizados. Felizmen-te, ainda tínhamos aqui uma cópia que descobri, depois, por ter sido guardada por um companheiro de doutrina, que muito me ajuda no serviço de datilografia e pude, assim, fazer a consulta. Desde então, pedi ao nosso amigo ,Sr. Carvalho que me enviasse os originais de que não precisasse, porque ficariam guardados conosco. Tenho aqui apenas o original de “Renúncia”, porque os anteriores a esse livro não foram arquivados. O meu amigo daqui, porém, ao qual já me referi linhas acima, tem cópias a carbono e isso me alegra porque tinha receio de não ficarmos com cópia alguma dos trabalhos senão as publicações. Já que Você, porém, quer fazer o grande obséquio de arquivar aí os originais, creia, meu bom Wantuil, que isto me conforta e alegra muitíssimo. Não digo isto por mim, pois bem sei que de nada valho, mas é que a obra de Emmanuel costuma ser atacada, de vez em quando, pela ignorância de algumas criaturas sem a claridade do Evangelho e será sempre útil que tenhamos esses originais em mão para qualquer exame, não acha Você? (...)“

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA chico

O médium torna-se o representante dos Espíritos Benfeitores no plano terrestre

Fonte:

SCHUBERT. Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 23 – 26. Feb. 1998.

Chico Xavier não é apenas o mé-dium, o meio para a comunicação dos Benfeitores Espirituais, mas, também, o zeloso guardião desse tesouro espiritual, atento e vigilante em todos os instantes, para que a obra não seja atingida.

O mandato mediúnico e, no caso de Chico Xavier, o mediumato, é muito mais abrangente do que se poderia supor. O mediumato con-fere ao médium a responsabilidade de ser co-partícipe de toda uma planificação do Mundo Maior. Ele não será somente o instrumento, mas parte integrante de um progra-ma que a Espiritualidade Superior traçou, portanto, plenamente iden-tificado com os objetivos a serem alcançados e pelos quais labora de comum acordo e sintonia com os que, na esfera espiritual, também sejam partes dessa programação, O médium torna-se o representante dos Espíritos Benfeitores no plano terrestre. Assim, desde o instante em que os ensinamentos vertem do Mais Alto e pelos canais mediúnicos se expressem nas dimensões terre-nas, ele — o médium — torna-se-lhe o guardião, o depositário, que terá, a partir desse momento, de cuidar para que a obra projetada tenha o curso esperado.

Para que isto se dê, evidente-mente, outros companheiros são convocados à colaboração entre os encarnados, cada um deles com tarefas definidas e que somarão seus esforços para que o programa seja executado.

Essa é a primeira carta, sob nosso exame, da correspondência mantida entre Chico Xavier e Wantuil de Freitas, no decorrer dos anos em que este ocupou o cargo de Presiden-

te da Federação Espírita Brasileira. Quando Chico Xavier ende-

reçou-a a Wantuil de Freitas, este acabara de assumir a Presidência, Dirige-lhe então palavras de estí-mulo.

Na realidade, Chico está saudan-do em Wantuil de Freitas o compa-nheiro que assumira, juntamente com ele, a grandiosa tarefa de difun-dir o livro espírita em nosso país. A nobre tarefa do livro — a qual ambos se comprometeram, ainda no Plano Espiritual Maior, a desenvolver na Pátria do Evangelho.

Wantuil de Freitas chega na hora certa à Presidência da Casa de Isma-el. O trabalho mediúnico de Chico Xavier se ampliava. A partir daquela data, livros e mais livros sairiam de suas mãos abençoadas, transmitidos pelos Espíritos de Luz, para que a missão do Consolador Prometido por Jesus se estendesse e, sobretudo, se tornasse mais acessível a todas as criaturas.

O programa está traçado. Todos seriam atendidos e consolados, independentemente de seu nível sócio-econômico e cultural. Haveria consolo para todos os corações, far-se-ia luz para todas as consciências

e a palavra de Jesus prosseguiria ecoando em todos os quadrantes da Terra.

Para isto, a figura de Wantuil de Freitas é peça essencial nessa grandiosa programação. É o homem talhado para abrir o caminho e implantar definitivamente a estru-tura que os Altos Planos Espirituais requeriam.

É o programa de Ismael — o Guia Espiritual do Brasil — a se ampliar.

Atendendo ao seu chamado, vários obreiros disseram “presente” e colocaram mãos à charrua para a edificante tarefa da sementeira de luz.

Por certo que Chico Xavier se sente feliz e sossegado quando reco-nhece em Wantuil aquele coração amigo e companheiro do seu, ao qual poderia entregar o imensurável tesouro que Ismael lhe confiara. Sabe ele, Chico, que há agora uma equipe a postos, unindo esforços nos dois planos da vida, sob a tutela de Emmanuel, garantindo assim o êxito da tarefa do livro espírita no Brasil.

Chico Xavier fica profundamen-te feliz, pois entende que Wantuil de Freitas, ao pretender a guarda na Federação dos originais dos livros o está auxiliando a zelar por toda a obra. Em sua característica humildade diz ao final: “Não digo isto por mim, pois bem sei que de nada valho, mas é que a obra de Emmanuel costuma ser atacada, de vez em quando, pela ignorância de algumas criaturas sem a claridade do Evangelho (...)”.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

Como é Morrer?por Allan Kardec

A alma tem sensações próprias cuja fonte não reside na matéria tangível

eStudo

A certeza da vida futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta

para a outra vida. Há muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição.

Sofremos ou não nessa passa-gem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém foge à lei fatal dessa transição.

Podemos dispensar-nos de uma viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e, por dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.

2. Vendo-se a calma de alguns mo-ribundos e as convulsões terríveis de outros, pode-se previamente julgar que as sensações experimentadas nem sempre são as mesmas. Quem poderá no entanto esclarecer-nos a tal respeito? Quem nos descreverá o fenômeno fisiológico da separação entre a alma e o corpo? Quem nos contará as impressões desse instante supremo quando a Ciência e a Re-ligião se calam? E calam-se porque lhes falta o conhecimento das leis que regem as relações do Espírito e da matéria, parando uma nos umbrais da vida espiritual e a outra nos da vida material. O Espiritismo é o traço de união entre as duas, e

só ele pode dizer-nos como se opera a transição, quer pelas noções mais positivas da natureza da alma, quer pela descrição dos que deixaram este mundo. O conhecimento do laço fluídico que une a alma ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenômenos.

3. A insensibilidade da matéria inerte é um fato, e só a alma experi-menta sensações de dor e de prazer.

Durante a vida, toda a desagregação material repercute na alma, que por este motivo recebe uma impressão mais ou menos dolorosa.

É a alma e não o corpo quem sofre, pois este não é mais que instrumento da dor: — aquela é o paciente. Após a morte, separada a

alma, o corpo pode ser impunemen-te mutilado que nada sentirá; aque-la, por insulada, nada experimenta da destruição orgânica. A alma tem sensações próprias cuja fonte não reside na matéria tangível. O perispírito é o envoltório da alma e não se separa dela nem antes nem depois da morte. Ele não forma com ela mais que uma só entidade, e nem mesmo se pode conceber uma sem outro.

Durante a vida o fluido peris-pirítico penetra o corpo em todas as suas partes e serve de veículo às sensações físicas da alma, do mesmo modo como esta, por seu intermé-dio, atua sobre o corpo e dirige-lhe os movimentos.

4. A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma em con-seqüência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas essa separação nunca é brusca.

O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo. “A sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão dire-ta da soma dos pontos de contacto existentes entre o corpo e o peris-

o PASSAMENTo

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA eStudo

pírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento.” Não é preciso portanto dizer que, confor-me as circunstâncias, a morte pode ser mais ou menos penosa. Estas circunstâncias é que nos cumpre examinar.

5. Estabeleçamos em primeiro lugar, e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos re-putar situações extremas dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:

1º Se no momento em que se extingue a vida orgânica o des-prendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.

2º Se nesse momento a coesão dos dois elementos estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage do-lorosamente sobre a alma.

3º Se a coesão for fraca, a se-paração torna-se fácil e opera-se sem abalo.

4º Se após a cessação completa

da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contacto en-tre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço inteiramente se desfaça.

Daí resulta que o sofrimento, que acompanha a morte, está su-bordinado à força adesiva que une o corpo ao perispírito; que tudo o que puder atenuar essa força, e acelerar a rapidez do desprendimento, torna a passagem menos penosa; e, final-mente, que, se o desprendimento se operar sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento desagradável.

6. Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância ca-pital — a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. É como se disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o

derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca, porque há casos em que a alma pode contemplar conscien-temente o desprendimento, como em breve veremos. A perturbação pode, pois, ser considerada o esta-do normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono; as idéias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. Bem diverso é, contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensa-ções deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horren-do pesadelo.

7. O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinaria-mente ocorre em momento de in-consciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação.

Demo-nos pressa em afirmar que esse estado não é geral, porquanto a intensidade e duração do sofrimen-to estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito.

Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e pro-longados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o des-prendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma

eStudo

8. A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendi-mento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o pe-rispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações di-zem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais.

Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E desde que a lentidão e a dificuldade do desprendimento estão na razão do grau de pureza e desmaterialização da alma, de nós somente depende o tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento.

Posto isto, quer como teoria, quer como resultado de observa-ções, resta-nos examinar a influ-ência do gênero de morte sobre as sensações da alma nos últimos transes.

9. Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doen-ça, o desprendimento opera-se gradualmente; para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao passo que o corpo ainda tem vida orgânica, já o Espírito penetra a vida espiritual, apenas ligado por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração. Nesta contingência o Espírito pode ter já recuperado a sua lucidez, de molde a tornar-se testemunha consciente da extinção da vida do corpo, con-siderando-se feliz por tê-lo deixado. Para esse a perturbação é quase

nula, ou antes, não passa de ligeiro sono calmo, do qual desperta com indizível impressão de esperança e ventura.

No homem materializado e sen-sual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para o qual a vida es-piritual nada significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contri-bui para estreitar os laços materiais, e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se ope-re gradualmente também, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do

Espírito, que às vezes procura rom-per os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.

10. Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros.

Certo, nesse momento o Espíri-

to não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se an-tecipou à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha, e a incerteza do que lhe suce-derá, agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se material, se espiritu-almente, luta, e luta ainda, até que as últimas ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva, porém, não lhe sustou as conseqüências, e, enquanto existirem pontos de con-tacto do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões.

11. Quão diversa é a situação do Espírito desmaterializado, mes-mo nas enfermidades mais cruéis! Sendo frágeis os laços fluídicos que o prendem ao corpo, rompem-se suavemente; depois, a confiança do futuro entrevisto em pensamento ou na realidade, como sucede algu-mas vezes, fá-lo encarar a morte qual redenção e as suas conseqüências como prova, advindo-lhe daí uma calma resignada, que lhe ameniza o sofrimento.

Após a morte, rotos os laços, nem uma só reação dolorosa que o afete; o despertar é lépido, desem-baraçado; por sensações únicas: o alívio, a alegria!

12. Na morte violenta as sen-sações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial há começado previamente a separação do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de força é subitamente aniquilada.

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Págs. 166

– 174. Feb. 1992.

eStudo

Nestas condições, o desprendimen-to só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e sente, e pensa, e acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda o seu estado. Este estado intermedi-ário entre a vida corporal e a espi-ritual é dos mais interessantes para ser estudado, porque apresenta o espetáculo singular de um Espírito que julga material o seu corpo flu-ídico, experimentando ao mesmo tempo todas as sensações da vida orgânica.

Há, além disso, dentro desse caso, uma série infinita de moda-lidades que variam segundo os co-nhecimentos e progressos morais do Espírito. Para aqueles cuja alma está purificada, a situação pouco dura, porque já possuem em si como que um desprendimento antecipado, cujo termo a morte mais súbita não faz senão apressar. Outros há, para os quais a situação se prolonga por anos inteiros. É uma situação essa muito freqüente até nos casos de morte comum, que nada tendo de penosa para Espíritos adiantados, se torna horrível para os atrasados. No suicida, principalmente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispí-rito faz repercutir na alma todas as sensações daquele, com sofrimentos cruciantes.

13. O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofri-mento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento

moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo.

14. Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, preciso se faz que abdique das van-tagens imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e pre-ferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar essa vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom-senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus. Considerado deste ponto de vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas doutrinas filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência.

O espírita sério não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina; a vida futura é uma realidade que se desenrola incessantemente a seus olhos; uma realidade que ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo e de modo que a dúvida não pode empolgá-lo, ou ter guarida em sua alma. A vida corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual, da verdadeira vida. Que lhe importam os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das vicissitudes humanas, quando suportadas com resignação? A alma eleva-se-lhe nas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-

se, operando-se por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação conseqüente à transi-ção pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, antes compreendendo, a sua nova situação.

15. Com certeza não é só o Espiritismo que nos assegurarão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão de ser o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as almas.

Força é confessar, porém, que pelos conhecimentos que fornece, pelos sentimentos que inspira, como pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-lhe compreender a necessidade de melhorar-se, facilita enormemen-te a salvação. Ele dá a mais, e a cada um, os meios de auxiliar o desprendimento doutros Espíritos ao deixarem o invólucro material, abreviando-lhes a perturbação pela evocação e pela prece. Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida do fluido perispiritual; pela evocação conduzida com sabe-doria e prudência, com palavras de benevolência e conforto, combate-se o entorpecimento do Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo, e, se é sofredor, incute-se-lhe o arrependimento — único meio de abreviar seus sofrimentos.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

o Socorro de bezerrapor Ramiro gama

conFiança

Lembrando a lenda do co-elho que voltou à toca...

Não há ninguém que não tenha, em sua vida, um Caso Espírita, revelando um ato de mi-sericórdia de Deus.

Poucos, todavia, são aqueles que têm o desassombro de os reve-lar ou permitir que corram mundo nas asas da publicidade...

De muitos conhecidos nossos, que se dizem crentes e obsequiados pelo Espiritismo, ouvimos:

- Contamos-lhe isto, aqui, en-tre vós, em segredo... Mas não vá publicá-lo...

Temem, ainda, perder amigos, afrontar os preconceitos, contra-riar os parentes...

Querem ser servidos mas não querem Servir, testemunhar a Verdade e dar de si um exemplo de gratidão e humildade...

Também, agraciados, melho-rados no físico, não se dão pressa de lutar pela sua melhoria espiri-tual...

E quando menos esperam, visto que não entenderam a advertência

amorosa do Aguilhão Bendi-to, no dizer de Humberto de Campos, a enfermidade volta maior e mais grave para que traduzam a palavra de Vida do Divino Mestre, quando recomendava ao beneficiado pela sua Bondade:

— Vai e não peques mais... É por isto que sem o aguilhão

bendito seria impossível, ainda no dizer do inspirado e querido Irmão X., tanger o rebanho humano das lamas da Terra para as culminân-cias do Céu.

***

O nosso Irmão M., residente no Rio, há tempos que vinha re-cebendo graças preciosas através do Espiritismo.

Fazia-se mau entendedor para não extremar nas dádivas recebidas o chamado ao Bom Combate, ao caminho estreito e íngreme, à ne-cessidade de sua reforma moral...

E isto era dificílimo... Em 1943, num domingo de

maio, sua esposa adoece gravemen-te. Tratava-se de uma inflamação nos ovários, que se agravara e se complicara com outras enfer-midades antigas e que, no dizer dos Médicos, pedia intervenção cirúrgica imedita, urgentíssima, se bem que considerada melindrosís-sima e com poucas esperanças de êxito...

Dois dias correram. E na terça-feira, à tarde, depois

de tudo preparado para a operação

Uma melindrosa operação evitada pelo Espírito de Bezerra

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Bezerra de

Menezes. Págs. 111 – 114. LAKE. 1983.

Minha filha, tenha fé em Jesus. Em seu nome e por intercessão da Virgem, vamos medicá-la

conFiança

inevitável no dia seguinte e visto que a doente piorava, sofrendo dores alucinantes, o nosso Irmão M., em estado de desespero, sai de casa, deixando todos os familiares inquietos. E bate às portas da Casa de Ismael.

Eram 20 horas. A Sessão dou-trinária e pública havia começado. M. Quintão prelecionava sobre o tema da noite:

Doentes e Doenças à luz do Espiritismo, mostrando, com cla-reza e erudição e a uma assistência numerosa e homogênea, a Causa e os efeitos de nossas mazelas físicas e Espirituais.

Nosso Irmão M. é tocado no imo da alma.

Ajoelha, ali mesmo, o Espírito enfermo, aflito, desgovernado. E pede com fé, entre o pranto since-ro, que caroávei Bezerra, o Médico dos pobres, o Amigo dos desespera-dos e condenados pela Medicina da Terra, por misericórdia de Jesus, por intercessão da Virgem,

fosse ao seu lar e medicasse sua mulher e, se possível, que lhe evitasse a operação premeditada para a madrugada seguinte...

E assim fica, em Prece, até o fim da Sessão.

Somente sai de seu estado de profunda concentração e súpli-ca, quando alguém lhe toca no ombro.

Era M. Quintão, médium sen-sível, que lhe captou o pedido, que lhe sente o caso doloroso e lhe diz:

— Vá, meu Irmão, em Paz e agradeça a Jesus que, pelo Espírito de Bezerra de Menezes, como pe-diu, acaba de medicar sua esposa e evitar-lhe a operação melindro-sa... Procure ser digno da Graça recebida...

Nosso Irmão M., coração aos pulos, com o rosto banhado de lágrimas, agradece a M. Quintão e desce a escadaria da Federação e, daí a uma hora, chega ao lar. Encontra-o em silêncio profundo.. Surpreende-se amedronta-se. Pensa no desencarne da companheira. E entra, pé ante pé, suando, assusta-do. E, uma de suas cunhadas, vem-lhe ao encontro e sussurra-lhe:

— Silêncio, está dormindo des-de as 20 horas, depois que você saiu. Parece que houve algum mi-lagre porque deixou de gemer...

Horas depois a enferma acorda, já melhorada, e diz:

— Depois que meu marido saiu, momentos após, vi chegar à minha frente um velhinho simpático, vestido de branco com barbas grisalhas. Colocou as mãos à minha testa e diz: Minha filha,

tenha fé em Jesus. Em seu nome e por intercessão da Virgem, vamos medicá-la. Fui como que anestesia-da e não vi mais nada. E a verdade é que dormi e agora não sinto mais dores. Acho-me melhor. Graças a Deus!

No dia seguinte bem cedo, a ambulância e os Médicos do Gafree chegam à casa do Irmão M.

Os facultativos examinam a doente e surpreendem-se, entreo-lham-se, admirados, constatando sua melhora e a desnecessidade da operação.

E um, dentre eles, indaga ao Chefe da casa:

— Que houve em nossa ausên-cia, de ontem para cá?

Nosso Irmão sorri e silencia-se.

Teme afrontar preconceitos, contar a graça recebida...

Como o coelho da lenda, con-tada por Viriato Correia, depois do benefício recebido e chamado a um testemunho, entrou, de novo, na toca..., no clima das sombras, na vida sem Roteiro salvacionista, sem deveres libertadores e com a mente obnubilada pelas trevas do orgulho, à espera de outro toque, de uma outra chamada, de um outro empurrão maior, na pessoa do Aguilhão Bendito...

E quantos, por esse Mundo de Deus ainda assim procedem!...

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

64. pode-se dizer que a responsabilidade do doutrinador é do mesmo nível da dos demais médiuns participantes da sessão?

raul – é quase o mesmo que se indagar se a res-ponsabilidade do timoneiro é a mesma da tripulação de um navio.

o Livro dos Médiuns, no seu item 331 (capítulo 29º), na palavra esclarecida de Allan Kardec, assevera que “a reunião é um ser coletivo”. Em sendo assim, não poremos dúvida de que todos são grandemente importantes no desenrolar da sessão.

Sem laivos de dúvida, as responsabilidades se equiparam, sendo que cada qual estará atendendo as suas funções, mas todas são do mesmo modo importantes.

Se o timão estiver bem conduzido e a casa de máquinas mal cuidada ou relaxada, poderão decorrer

graves acidentes. o Contrário também ensejaria sé-rias conseqüências. Assim, médiuns, doutrinadores, aplicadores de passes precisarão estudar e renovar-se, para melhor atender aos seus deveres.

65. haverá necessidade de que, no início das sessões mediúnicas, todos os médiuns recebam seus mentores particulares, para garantirem suas presenças ou para deixar cada qual sua mensagem?

raul - Não, não há. As leituras e meditações feitas na abertura da sessão, seguidas pela oração contrita e objetiva, assim como a predisposição positiva dos participantes dão-nos a garantia da presença e da conseqüente assistência dos Espíritos-guias, sem necessidade de que cada médium receba o seu mentor em particular.

há circunstâncias em que o espírito responsável

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

Fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

pelo labor a desenrolar-se comunica-se, após a aber-tura da sessão, para alguma mensagem orientadora, comumente versando sobre as lides a se processa-rem, concitando à atenção, ao aproveitamento, etc. doutras vezes, vem ao final das tarefas para alguma explicação, conclamação ao encorajamento e à per-severança, desfazendo quaisquer temores em função de alguma comunicação mais preocupante. Contudo, a comunicação de todos os guias, no mínimo, é des-necessária e sem propósito.

66. o que pensar do médium que espera tudo do seu guia e do guia que faz tudo para o seu médium?

divaldo - Que esse médium não está informado pela doutrina Espírita. A mediunidade não é uma faculdade de que o Espiritismo se fez proprietário. A mediunidade, sendo uma faculdade do espírito, expressa na organização somática do homem, é uma função fisiopsicológica.

o Espiritismo possui a metodologia da boa condução da mediunidade. Por isso, há médiuns não-espíritas e espíritas não-médiuns.

o fato de alguém dizer-se médium não significa que esse alguém seja espírita. Quando se espera que os guias assumam as nossas responsabilidades, nós nos omitimos do processo de crescimento, de evo-

lução. Porque se os Espíritos Superiores devessem eqüacionar os nossos problemas, seria desnecessária a nossa reencarnação. Isto facultaria a esses espíritos o progresso e não a nós. Se o professor solucionar todos os problemas dos alunos, estes não adquirirão experiência nem conhecimento para um dia serem livres e lúcidos. A tarefa dos benfeitores é a de ins-pirar, guiar, de apontar os caminhos. E a do homem é a de reconquistar a Terra, vencer os empeços, discernir e de aprimorar-se cada vez mais.

Quando alguém diz que o seu guia lhe resolve os problemas, esses são guias que necessitam ser guia-dos. São entidades terra-a-terra, mais preocupadas com as soluções materiais, em detrimento das ques-tões relevantes, que são as questões do espírito.

Referiu-se Raul às lágrimas diárias de Chico xavier, demonstrando que os benfeitores não lhe resolvem os problemas. Ensinam-no a solucioná-los mediante sua autodoação, que lhe exige o patrimônio das lágrimas.

o médium que não haja chorado por amor, por solidariedade, que não haja padecido o escárnio da incompreensão e ainda não tenha sido crucificado no madeiro da infâmia é apenas candidato, ainda não tem as condecorações do Cristo, isto sem qualquer masoquismo de nossa parte, mas fruto de observa-ções e experiências.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

duas horas com Chico xavierpor Ary Lex

Ano de 1965. Fim de semana, com comemoração em Uberaba. Emílio Manso Vieira, mineiro de Alfenas,

grande expositor espírita e membro da diretoria da FEESP, convida-me para ir com ele, em seu carro, passar três dias em Uberaba e visitar o Chico.

Lá, ficamos em hotel, onde encontramos ou-tros espíritas paulistas, entre os quais o Dr. Luiz Francisco Giglio, orador espírita muito procura-do na época, então Juiz de Direito da cidade de Brotas, próxima a Bauru.

Fomos assistir à reunião habitual das sextas-feiras, na Comunhão Cristã, onde Chico Xavier trabalhava. Após a reunião, enquanto o Chico atendia as dezenas de visitantes, Manso Vieira falou com a auxiliar que programava as atividades do Chico e solicitou que ele atendesse a nós três (Manso Vieira, Dr. Giglio e eu), no sábado pela manhã, reservando-nos uns 20 ou 30 minutos, no que foi atendido. (Naquela época era possível)

No sábado, às 8h00, já chegávamos à casa do Chico. O Waldo Vieira estava presente e ambos nos receberam com muita gentileza, no próprio dormitório de ambos. De início, impressionou-nos profundamente a simplicidade do local: camas rudes, com colchão de capim, cadeiras cujo assento era de tábuas serradas. Sabíamos que o Chico tivera infância modesta, mas o Waldo,

médico recém-formado, jovem, bonito, com um mundo de atrações pela frente, morar com o Chi-co em condições tão simples! O ambiente espiri-tual era extremamente elevado e agradável, como não poderia deixar de ser. Os dois nos deixaram à vontade, estimulando-nos às perguntas.

Após algumas considerações sobre a Doutrina, tive a ousadia de me dirigir ao Chico, dizendo que, embora apreciasse muito suas obras psicogra-fadas, tinha encontrado dificuldades com o livro Nosso Lar, publicado alguns anos antes, havendo mesmo coisas com as quais eu não concordava. Ele pediu-me que citasse algumas e eu, com o atrevimento que hoje não teria,enumerei: coro das mil vozes, ônibus aéreo, barba que cresce, aves que devoram formas-pensamento e alguns aspectos do Umbral.

Logicamente, esperava algum protesto ou advertência por parte dos dois, acostumados que estavam a serem paparicados e quase endeusados pelos espíritas. Mas isso não aconteceu: o Chico parou, concentrou-se e disse-me: André Luiz está presente e não se sente magoado com a análise que você faz. A análise demonstra que a obra foi tomada na devida consideração e deve ser sempre bem recebida. O livro é fruto de um curso que eu e o Waldo fizemos, às noites, em desprendimen-to, com recursos áudio-visuais e clareza de ensino formidável. Para mim, que não sou um mestre,

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

mas simples repórter (e é assim que Herculano Pires o chamava), tor-nava-se difícil transmitir para vocês encarnados aqueles nobres ensinos, considerando as minhas limitações e as dificuldades relativas à linguagem humana imperfeita e as imagens di-fíceis de serem traduzidas. Entendi perfeitamente e pedi tolerância para minha ousadia. Chico continuou: André Luiz é totalmente fiel à codifi-cação e gosta que seus ensinos sejam confrontados com ela. Diz ele que se alguns de seus ensinos discordarem da Codificação, devem ser jogados no lixo e fiquemos com Kardec. Fi-quei simplesmente embevecido com aquela humildade e aquela fidelida-de à codificação. André Luiz subiu ainda mais no meu conceito.

Já em 1967, quando escrevi um capítulo para o livro de Roque Jacin-to: Chico Xavier, 40 anos no mundo da mediunidade (página 181), eu dizia: Para quem sente o problema, poderá André Luiz dar a impressão de que avança o sinal, de que faz afirmações fantasiosas. Nós, con-tudo, não endossamos semelhante juízo. Concordamos que ele se ar-roja no campo que apresenta, sem preocupação constante de fornecer a base científica de tudo. Mas se ele pretendesse se justificar cientifica-mente, na base de conceitos atuais, sua liberdade de informações ficaria restrita, sem possibilidade de trans-mitir-nos os ensinamentos como ele o faz, ensinos notadamente no campo moral. Ele tem a liberdade, portanto, de não ficar à espera de que a Ciência prove uma determi-nada ocorrência.

Com sua visão de tempo, faz afir-mações que no momento poderão chocar, mas que virão a ser compro-

vadas em detalhes no decorrer dos anos ou dos séculos.

Essa orientação é perfeitamente estribada dentro da codificação.

Voltemos à nossa conversa com Chico. Ele ainda se dispunha a nos trazer ensinos; entretanto, eu olhando o relógio lhe disse: Você nos concedeu meia hora: está cheio de gente lá fora o esperando e nós estamos aqui há quase duas horas! A resposta foi surpreendente: Vocês três têm graves problemas fami-liares e de doenças (Era verdade: minha mãe vivia seus últimos dias)

e nenhum veio aqui para solicitar que os Espíritos os livrassem das provas. Vocês vieram se esclarecer sobre Doutrina e, por isso, o Mundo Espiritual lhes concedeu todas essas explicações e todo esse tempo.

Magnífica lição que jamais esque-ci e que tenho divulgado.

A enorme maioria das pessoas que procura o Chico vai em busca de benefícios pessoais ou familia-res. Se se trata de doenças graves, muitas vezes depois de esgotados os tratamentos médicos e quiçá os recursos financeiros, esperam que os espíritos, por um golpe de mágica,

os curem rápida e completamente e diríamos ainda, sem despesas. Se se trata de problemas pessoais, discórdias de família, dificulda-des profissionais, geralmente em grande parte por falha de conduta ou descuidos morais, querem que os espíritos, contrariando a lei de causas e efeitos, os livrem imediata-mente dessas provas, apagando as faltas, e para isso eles se apresentam “humildezinhos”, de cabeça baixa e ares de santidade. Se se trata de entes queridos, que são os casos mais freqüentes, cuja ausência no plano físico os deprime muito, solicitam sua presença permanente a seu lado, esquecendo-se de que os Espíritos têm tarefas outras no Mundo Espiritual. De qualquer forma, solicitam benesses e mais benesses, e durante as entrevistas, sugam as energias magnéticas e es-pirituais do médium extraordinário. Supõem que os Espíritos nada têm a fazer senão resolver os problemas dos peregrinos. O apoio espiritual é realmente importante e os nossos irmãos desencarnados de certo grau evolutivo estão sempre prontos a dá-lo, mas não queiramos fazer os Espíritos de muletas, sem as quais não podemos caminhar. O ensino e o conforto que eles nos trazem são preciosos, mas não podem afastar as nossas provas, porque as merecemos.

Saímos da casa do Chico Xavier radiantes, bem dispostos, mais aptos a enfrentar as provas do dia-a-dia. Aquelas duas horas foram para mim duas das melhores da minha vida.

Fonte:

Jornal Espírita – Maio/2001

Fiquei simplesmente embevecido com aquela humildade e aquela fidelidade à codificação

capa

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

O melhor antídoto para a dor de um amor infeliz sempre foi, em toda parte, o advento de um outro amor

(...) Despertei, pela madrugada, vendo à beira do meu leito o Espí-rito de uma jovem a quem conheci bastante em minha mocidade, irmã de um amigo meu, já também fale-cido, chamada Carmelita. Pelo ano de 1938, essa moça suicidou-se por amor, em uma longínqua cidade de Minas Gerais, onde eu residia então.

Diante do meu leito, ouvi que ela me dizia, numa expressão dra-mática, mas visivelmente resignada e serena ante a própria situação:

- Yvonne, venho agradecer-lhe as preces que tão caridosamente você tem dirigido a Deus em minha intenção há quase quarenta anos. Ouvi-as sempre, assim como as leituras evangélicas para minha instrução. Consolaram-me muito e reanimaram-me, alguma coisa útil aprendi nessas leituras, as quais me ajudam. Venho despedir-me, pois vou reencarnar a fim de expiar e reparar meu pecado...

Com uma prece, agradeci a gentileza, enquanto ela pedia para não esquecê-la jamais em minhas orações, pois a sua nova existência será amarga, duríssima.

(...) Conforme dizia, a irmã do meu amigo chamava-se Carmelita, era gentil e mimosa, com aqueles

cabelos louros bem tratados e os olhos luminosos de um puro azul celeste.

Como toda jovem sonhadora, ao completar os vinte anos de idade, Carmelita desejou casar-se, mas foi infeliz na sua pretensão, porque o candidato não a amava: ele amava, sim, a uma sua irmã de nome Alice, a qual jamais se interessara por ele. Contudo, firmaram o contrato de

casamento e os preparativos para as bodas; em três meses, encontravam-se preparados, inclusive o vestido tradicional e até os doces para os convidados.

Na entrevéspera do casamento, porém, o noivo desapareceu de nos-sa cidade, fugindo para São Paulo, sem deixar sequer uma explicação, e nunca mais soube dele. O que Carmelita sofreu é fato que eu não saberia descrever aqui. Além de tudo, para maior martírio da pobre moça, cuja família lhe era um tanto hostil, seus irmãos a ridicularizavam com gracejos pesados e remoques irritantes, relembrando a fuga do noivo, que não a considerara nem mesmo com uma explicação do seu covarde gesto.

Não obstante, Carmelita recupe-rou-se. Passou a freqüentar sessões de estudos evangélicos em um Cen-tro Espírita onde encontrou amigos que a aconselharam e consolaram muito fraternalmente.

O melhor antídoto para a dor de um amor infeliz sempre foi, em toda parte, o advento de um outro amor, que então passa a ser considerado o mais querido. Outro candidato apareceu, e Carmelita, sentimental, dirigiu a esse segundo noivo as emoções mais puras do seu coração. Mas, assim entretida e feliz, não mais se lembrava das do-ces reuniões evangélicas no Centro Espírita que a confortara nos dias

breve Recordação daMediunidadepor Yvonne A. Pereira

inStrução

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

adversos. E três anos se passaram por entre dedicações, esperanças, carinhos edificantes, e também temores, ânsias, insônias.

Estavam noivos e finalmente iam se casar.

Um dia, porém, ao final de três anos de blandícias e ternuras, o noivo declarou-lhe que retirava a palavra empenhada. O pai, ca-pitalista soberbo, não aprovava a união e declarara que o deserdaria se teimasse em se unir àquela cria-tura tão inferior a ele em fortuna e posição social.

Então, Carmelita desesperou-se.

Após algumas vãs tentativas para a reconciliação, atormentada pelos irmãos, que lhe não perdoavam o novo fracasso, coberta de vergonha diante dos amigos, inconsolável ante o futuro, que se delineava som-brio, a pobre moça ingeriu terrível corrosivo: soda cáustica de mistura com iodo. Levou dois meses a morrer, durante os quais, imóvel sobre o leito, sofrendo dores incal-culáveis nas entranhas corroídas

pelo tóxico, desfazia-se em vômitos de envolta com os quais viam-se fragmentos do próprio estômago e da garganta, para desespero de sua pobre mãe.

E quando o féretro passou dian-te da vivenda do ex-noivo, por quem se desgraçara diante de Deus, com o ato do suicídio, este, que palestrava com um amigo, na porta da rua, não se virou sequer para, educada-mente, homenagear a morta, que seguia para o Campo Santo.

Creio inútil informar que nós, diretores do Centro Espírita que a acolhera quando do primeiro drama de sua vida, oramos por ela meses a fio, em lágrimas, suplicando ao Senhor misericórdia para o seu Espírito.

***

Cerca de seis meses após seu trágico decesso, despertei, pela ma-drugada, vendo em meu aposento o vulto venerável de Padre Vitor, um dos amados protetores do nosso núcleo espírita, que em vida fora

considerado apóstolo da caridade. Disse-me ele:

- Necessito, minha filha, do teu auxílio para Carmelita. Vem comi-go, por obséquio.

Caí em transe e segui, desdobra-da, o fiel discípulo da Caridade.

Reconheci-me, em seguida, no cemitério da cidade e percebi as cruzes que se elevavam aqui e ali, assinalando os túmulos. Absoluta-mente nenhum constrangimento me enervava. Era naturalmente que eu me conduzia junto àquele apóstolo.

Vi-me, então, diante de Car-melita: ela sentava-se ao lado do túmulo onde fora sepultado seu corpo, servindo-se de um banqui-nho, reprodução mental do que existia em sua casa paterna, e que lhe pertencera na infância. Pare-cia estranhamente traumatizada, tolhida nos movimentos, extática, olhando, para o vácuo sem sequer uma vibração que demonstrasse vida; os olhos, antes tão luminosos e expressivos, agora apagados, como que cegos. Seu dramático vulto espi-ritual mostrava-se trajado como fora o corpo sepultado: o traje nupcial acrescido de um manto azul e uma grinalda de rosas na fronte. Padre Vítor, que ela não destacava do nevoeiro dos seus olhos, disse-me, pois eu ali nada mais era do que o seu médium, como o era em nossas sessões mediúnicas:

- Fala-lhe por mim!Então, meu Deus! Coragem

estranha acionou-me e eu exclamei, dirigindo-me a ela, enquanto se destacavam uma pequena lata de soda cáustica e um vidro de iodo, que a infeliz entidade segurava com as mãos crispadas:

inStrução

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009inStrução

- Carmelita, minha amiga que-rida! Volta a ti, em nome de Deus! Vem conosco, atira de tua mente essa lata e esse vidro que te estigma-tizam! Não podes ficar aqui, eleva teu pensamento a Jesus, ora, minha filha, e levanta-te daí! Sabes que não possuis mais esse corpo, é preciso separar-te dele definitivamente! Deus é misericordioso, certamente que te ajudará!

Mas ela respondeu, como que automaticamente:

- Deus não existe. É mais uma ilusão que se desfez em minha vida. Tanto orei, pedi seu socorro para meus ideais! Fui esquecida também por ele!

- Desperta, Carmelita! Racioci-na, ora comigo! Levanta-te daí, vem conosco e sentirás alívio!

- Não posso despegar-me “dele”. “Ele” é meu, tenho que vigiá-lo até o fim para que o não profanem. Preciso reavê-lo para continuar a vida de outra forma!

- Isso acontecerá mais tarde, quando te reanimares. A miseri-córdia do eterno dar-te-á um novo ensejo com um novo corpo, esse que aí está não te servirá mais, está apodrecido, morto!

E eu via, com efeito, o corpo, decompondo-se no fundo da cova, pois, para a visão espiritual não exis-tem barreiras materiais. No entan-to, ela parecia não me compreender, tal era a sua perturbação.

Dez anos mais tarde, Carmelita apresentou-se em uma sessão do nosso núcleo espírita, acompanha-da de Padre Vítor, seu protetor em Além-Túmulo. Não chorava. Seu palavreado era grave, discreto, e disse, servindo-se de um caridoso instrumento mediúnico.

- Agradeço-vos o interesse pela minha sorte. Vossas preces, as leituras aqui ouvidas, fizeram-me imenso bem. Compreendo tudo. Eu desejava tornar à Terra a fim de expiar o meu erro. Foi lamentável o que fiz, porque o ser que me amava não estava na Terra e sim aqui, à mi-nha espera. Eu nascera para servir ao Bem, a fim de merecê-lo. Meu gesto infame, porém, separou-me

dele por mais um século.O pai Eterno, no entanto, per-

mitiu-me um estágio longo aqui, onde me encontro, a fim de, am-parada por meus anjos protetores, instruir-me acerca das leis divinas e fortalecer-me para resistir nos dias de expiação que viverei na Terra, os quais serão difíceis e decisivos. Reencarnarei bem longe dos cená-rios onde desgracei-me, na França, pátria essa que também foi minha em várias existências passadas, e serei cega de nascença, irremedia-velmente doente a vida inteira. Orai por mim. Necessito do auxílio dos corações caridosos.

Nosso presidente, interessado

nas instruções que o caso trazia sobre o suicídio, adveio:

- É, minha filha... Perdoaste aqueles que amarguraram a tua vida? É necessário perdoar...

- Nem sequer lembro-me deles. Não existem em minhas recorda-ções. Foram ingratos e covardes.

E, depois desse dia, trinta e oito anos se passaram, durante os quais ela permaneceu no mundo espiritu-al, preparando-se para o futuro.

Nos primeiros dias do mês de maio último, Carmelita apresentou-se à minha visão espiritual. Estava serena, confiante, fortalecida pela esperança.

- Adeus, minha boa amiga! Obrigada pelas suas preces tão per-severantes. Somente agora encon-tro-me em condições para resistir às provações que me esperam. Sofrerei intensamente. Mas é preciso que seja assim, a meu próprio benefício. Não me esqueça em suas orações. Outro corpo foi-me concedido pela bondade de Deus...

E lentamente desapareceu de minha vidência.

E assim foi, meu leitor. Não há condenação eterna, porque Deus não repeliria a sua própria criação. O que há é o cumprimento de uma lei. E, tal como ela é, precisaremos aceitá-la para nossa própria salva-ção.

Foi lamentável o que fiz, porque o ser que me amava não estava na Terra e sim aqui, à minha espera

Fonte:

PEREIRA, Yvonne A. Cânticos do coração. Cap.

IV. Págs. 43 - 50. Celd. RJ/RJ. 1994.

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA enSinamento

Não posso deixar de registrar aqui o caso de obsessão de encarnado

para desencarnado que acompanhei durante sete sessões mediúnicas apropriadas para desobsessão. Na primeira sessão, observei que a médium, D. Amyres de Maria Pin-to Ester, influenciada por alguma entidade, demonstrava uma ação psíquica, como se carteasse com um baralho. Suas mãos, com agilidade, pareciam jogar cartas sobre a mesa. Aproximei-me e perguntei à enti-dade que se manifestava o porquê de sua vinda até nosso ambiente. Respondeu-me:

- Quer saber o seu futuro? Posso ler o seu passado, seu presente e o seu futuro!

- Não, não... Estou aqui em nome de Deus para atender e ajudar a todos os que aqui vêm. Se você precisa de ajuda, aqui é o lugar certo. Não queremos os seus serviços, pode ficar tranqüilo. Mas, se você está precisando de alguma coisa, pode falar. A mediunidade aqui é útil e gratuita, nunca mera curiosidade. Entendeu?

A entidade relutou um pouco e disse que ia pensar. Na sessão se-guinte, através da mesma médium, o espírito jogador de cartas voltou e insisti que ele estava entre amigos e todos estávamos ali em preces por ele. Envolvi-o em sinceras vibrações

de amizade e desejo de ajudá-lo. Foi aí que ele parou de cartear e suplicou:

- Ajudem-me, então, já não agüento mais. Há vinte anos que estou preso a essa mulher que não me deixa partir.

Perguntei-lhe:- O que aconteceu, amigo?- Eu estava por aí, sem destino,

quando a encontrei e senti que ela podia perceber-me. Comecei, então, a ditar para ela coisas curiosas a res-peito das pessoas amigas e parentes dela. Sem que eu tomasse conta, ela começou a receber pessoas em sua casa para que eu esclarecesse sobre as questões dos consulentes. Cada vez mais sentia-me orgulhoso em demonstrar o quanto eu podia fazer através da clarividência dela. Por um bom tempo ficamos assim. Não havia hora, sempre que apare-cia alguém ele me chamava, jogava as cartas, e eu ia descrevendo os intrincados problemas alheios. Um dia, senti-me cansado de tudo aquilo e resolvi ir embora, aquelas coisas não mais me interessavam. Tomei novo rumo. No dia seguinte,

já estava longe, buscando outros in-teresses, quando fui violentamente arrastado e, aturdido, percebi que estava imantado à cartomante, que me evocava decidida a atender mais um cliente que queria respostas às suas dúvidas. Desde então, há vinte anos, estou preso a ela. É uma situ-ação infernal.

Diante de tal situação, pedi-lhe que tivesse calma, pois todos está-vamos ali, justamente para ajudá-lo. Disse-lhe que ele haveria de se libertar e comecei a evangelizá-lo. Apliquei-lhe passes e ensinei-o a recorrer a Deus e a buscar Sua aju-da. Isso prosseguiu por mais cinco sessões, até que ele disse não estar mais sendo atraído pelas evocações da cartomante. Pedi aos bons espí-ritos que o encaminhassem para refazimento e novas orientações em lugares apropriados do mundo espiritual.

Cartomantepor Lamartine Palhano jr.

Fonte:

PALHANO JR, Lamartine. Diário de um espírita.

Pág. 127. Lachatre. RJ/RJ. 1994.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009menSagem

A Fé e o Amorpor Cairbar Schutel

Sabedoria e santidade são os dois atributos para a aquisição da felicidade.

A Luz dá sabedoria, a Religião dá santidade, mas só o Amor resume toda a Lei e a Profecia.

A Esperança consola e anima; a Caridade robustece e ampara; a Fé salva; o Amor anima todas estas virtudes; o Amor é a Lei.

Os homens titubeiam; a Huma-nidade degrada; tudo parece perdi-do como a nau batida pela tempes-tade! Eis que aparece o Amor e faz ouvir sua voz convincente: tudo se acalma!

A bonança sucede à impetuosi-dade dos ventos e à fúria dos mares! a luz sucede às trevas como o dia sucede à noite!

Não há o que melhor manifeste a Lei de Deus do que o Amor. Seu nome, escrito unicamente com qua-tro letras, indica os quatro pontos

cardeais da felicidade espiritual; suas letras são luzes; sua luz brilha mais e aquece melhor que o Sol!

A Esperança está ligada à Imor-talidade; mas a Fé é inseparável do Amor.

A mulher enferma, cheia de fé, aproxima-se do Senhor, toca-lhe as vestes. “Assim fazendo, pensou, ficarei curada do mal que há muitos anos me aflige”. E o milagre efetuou-se!

Assim também sucederá a todos aqueles que tiverem fé e de Jesus se aproximarem: “O que me seguir não verá trevas.”

Todos os que tiverem Fé, e com Fé buscarem vencer as dificuldades, triunfarão porque o Amor coopera com a Fé para abater barreiras, destruir domínios, aniquilar empe-cilhos e suprimir dificuldades.

“Se tiveres fé, disse Jesus, dirás a este monte: passa-te para lá e ele passará.”

“Se tiveres fé, dirás a esta figueira: transplanta-te para além, e assim acontecerá.”

A missão exclusiva de Jesus foi reviver os corações na Fé, para que as almas cheguem às alturas do amor de Deus.

Em todas as suas excursões, o Mestre semeava Fé, para que as gen-tes, com o seu produto, granjeassem os tesouros do Amor.

É assim que, cultivando seus ensinos, nós alçaremos os mundos de luz que se movimentam no Éter acionados pela vontade de Deus.

A Luz dá Sabedoria e salva; Jesus é o Caminho a Verdade e a Vida; o Amor é a Lei.

“Uma mulher que havia doze anos padecia de uma hemorragia e que tinha sofrido bas-tante às mãos de muitos médicos e gastado tudo o que possuía, sem nada aproveitar, antes ficando cada vez pior, tendo ouvido falar a respeito de Jesus veio por detrás entre a multidão e tocou-lhe a capa; porque dizia: se eu tocar somente as suas vestes, ficarei curada. E no mesmo instante cessou sua hemorragia, e sentiu no seu corpo que estava curada do seu flagelo.

“E Jesus disse-lhe: Filha, a tua fé te curou; vai-te em paz, e fica livre de teu mal.” (Marcos, V. 25-34.)

Fonte:

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de

Jesus. Págs. 214 – 215. Casa Editora O Clarim.

1979.

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA hiStória

Jesus tinha muitos discípulos. Desses ele escolheu doze para serem seus fiéis amigos e ajudarem em seu trabalho.

Eram eles: Tiago e seu irmão João, Pedro, André, Mateus, Filipe, Simão (o Zelota), Bartolomeu, Tomé, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu e Judas Iscariotes.

Os doze apóstolos tinham diferentes meios de vida. Quatro deles – Tiago, João, Pedro e André – eram pescadores, e Mateus era um coletor de impostos. Todos deixaram seus trabalhos para seguir Jesus, porque foram inspirados por suas palavras e ações.

Quanto mais os apóstolos conheciam Je-sus, mais crescia a fé que tinham nele. Todos acreditavam que ele era o Messias e viram os muitos milagres que ele fez.

Certa noite, Pedro, Tiago e João viram Jesus, numa luz resplandecente, na companhia

os doze Apóstolospor Claire Llewellyn

dos grandes profetas Moisés e Elias. E ouviram a voz de Deus chamá-lo de “meu Filho”.

Na última semana da vida de Jesus, houve uma festa importante dos judeus, chamada Páscoa. Jesus comemorou a Páscoa comendo com seus apóstolos em Jerusalém. Seria a última ceia em que estariam juntos. Jesus revelou que um deles ia traí-lo e entregá-lo a seus inimigos. Ele disse: “Aquele a quem eu der este pão será o traidor”. E deu o pão para Judas.

No dia seguinte, Judas guiou os soldados romanos até um horto, onde Jesus rezava, e mostrou quem ele era dando-lhe um beijo. Os soldados levaram Jesus.

Os apóstolos ficaram profundamente tris-tes com a morte de Jesus, mas continuaram a pregar o que ele tinha ensinado e a falar sobre sua vida.

Fonte:

LLEWELLYN, Claire. 70 Personagens da Bíblia. Pág. 48 – 49. Larousse do Brasil. 2003.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009enSinamento

O problema da incre-dulidade do homem a respeito da vida es-

piritual resulta de muitos fatores que têm caráter imediatista. Pri-meiro, do engodo propiciado por algumas crenças religiosas que, pretendendo explicar a Divindade, lhe atribuíram natureza humana

com humanas paixões. Segundo, porque, despertando após a morte do corpo, no mundo da consciên-cia, os discípulos e fiéis de ditas crenças não encontraram o pro-clamado paraíso, derrapando em funda amargura ao constatarem a continuação da vida nos moldes em que fora plasmada no organismo

físico, sem o acumpliciamento de milagres transformadores das paisa-gens íntimas, a golpes de subornos emocionais. Ainda, também, em razão do atavismo animal, pela fi-xação nas manifestações sensoriais de que, somente através de esforços contínuos no sentido da elevação pessoal, se conseguirá libertar. Em suma, por injunção dos homens preconceituosos, que, se dizendo amantes da Ciência, mesmo quan-do animados de propósitos nobres, pesquisam e indagam, resolvendo-se, porém, por uma atitude sempre cética, mesmo após defrontarem as aneladas constatações que pro-curam, apressadamente, dar outro conteúdo explicativo, fugindo à realidade da sobrevivência do ser a destruição da tecelagem material.

Tão normal e exclusivo parece o mundo sensorial ao homem que, defrontado pela manifestação da realidade parafísica, se deixa fasci-nar pelo anelo de impor-lhe regras caprichosas e metodologia especial, malgrado reconheça viver numa expressão orgânica que é efeito de outra, mesmo não lhe sabendo explicar a causalidade.

Quando defrontado pelo fe-nômeno mediúnico ou anímico,

por viana de Carvalho / dIvaldo P. Franco

Incredulidade

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

É a vitória do homem sobre si mesmo que o faz valoroso, cheio de coragem e fé

eSclarecimento

paranormal em qualquer expressão, propõe especificidade de manifesta-ção, armando-se de ardis e suspeitas que chegam, não raro, ao absurdo, senão ao ridículo. Acautelam-se e propõem fórmulas, desconside-rando a possibilidade de que os agentes desses fenômenos sejam portadores de uma natureza espi-ritual, homens, portanto, apesar da ausência corporal, caprichosos uns, arrogantes outros, como os próprios examinadores... Todavia, quando constatam a legitimidade de uma informação mediúnica de ordem intelectual apelam ora para a telepatia, ora para a hiperestesia, asseverando que tal informe não é válido porque já conhecido por alguém. E se não o podem compro-var, ei-lo negado por ausência de sustentação probante da sua vali-dade. No que tange aos fenômenos de natureza objetiva, recorrem aos poderes psicocinéticos da mente, atribuindo-lhe caráter quase divino e força criadora absoluta, capazes de acionar, mediante mecanismos complexos e inexplicáveis, os cor-pos sólidos, interpenetrá-los, mate-rializá-los e desconectá-los...

Se defrontam uma forma espiri-tual materializada, recorrem desde à alucinação aos misteriosos ardis do subconsciente, sempre negando a causa. Quando registrados por aparelhagem sensível da eletrônica, filmados e medidos, reagem de início à possibilidade do princípio imortalista, recorrendo a sofismas bem armados e à presunção de que os fatos já observados, discutidos e catalogados não bastam.

Nunca, porém, conseguem uma forma de examinar o fenô-meno, senão afirmando sempre

tratar-se de uma burla da mente que, apesar disso, se obstina em confirmar a procedência espírita, embora a sistemática negação dos que o promovem ou dele se fazem instrumento. Os fatos, porém, são severos, e estes, a pouco e pouco, vão rompendo a vaidosa casca em que se refugiam os incrédulos que, espicaçados pela dor ou pela curio-sidade, vencidos pela sofreguidão das complexas engrenagens da alma

em aturdimento ou da pesquisa honesta, vão cedendo campo e reconhecendo a própria pequenez em que labutam diante da gran-diosidade da Vida na qual estão, inapelavelmente, engajados.

Criticados os mais audaciosos que se resolvem pela honestida-de das afirmações resultantes de laboriosos anos de investigação e estudos, fazem-se, todavia, pionei-ros fáceis de serem imitados pelos que os sucedem.

Médicos, genetas, biólogos, psi-quiatras, psicólogos, neurólogos, patologistas, parapsicólogos e tan-tos outros estudiosos das ciências da vida relatam suas experiências,

dão-se as mãos e superam as chu-las zombarias da empáfia como da acomodação, as vãs e ridículas agressões de periodistas mal in-formados, que vivem a soldo do escândalo e da aventura, somando e documentando fenômenos que se transformam em inamovíveis bases das suas afirmações. Caute-losos, vêm a público, a princípio em monografias, em conferências entre seus pares como a discreta madrugada sobre a noite dominan-te, e, por fim, superando barreiras, em livros, reportagens, congressos e conferências públicas.

É a vitória do homem sobre si mesmo que o faz valoroso, cheio de coragem e fé nas altas e nobres expressões da Humanidade.

Por fim, a morte soberana e fatalista, dominadora das funções transitórias do corpo somático, se aproxima e consome a todos, fa-cultando aos calcetas e renitentes a constatação, embora a longo prazo, da causalidade e sobrevivência, não raro, a pesado tributo de amargura, arrependimento tardio e sombra... Mesmo nesse caso, porque vigem o amor e a misericórdia de Deus, o futuro se abre promissor a todos, facultando-lhes recomeço para a ascensão e reinício de lutas para a liberdade, a fim de lograr as altas metas do existir.

Vianna de Carvalho

Fonte:

FRANCO, Divaldo P. Sementes de Vida Eterna.

Págs. 31 – 34. Livraria Espírita “Alvorada”

– Editora. 1978.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2009

homenagem

Foi no dia 30 de janeiro de 1938 que ele retor-nou à pátria espiritual.

Nascido no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1868, fixou-se posteriormente em Matão, onde plantou as sementes do bem, conforme registra a história do grande seareiro.

Mais que lembrar a data de desencarnação, vale destacar o esforço empreendido pelo notável Cairbar Schutel, em Matão, na divulgação do Espiritismo, o que deixou clara sua posição de grande comunicador.

Tomando conhecimento dos ensinos trazidos pelo Espiritis-mo, o moço que viera do Rio de Janeiro e se instalara no pequeno município paulista que ele mesmo auxiliara emancipar-se politica-mente, não teve dúvidas: lançou-se de corpo e alma para que tais

ensinos se tornassem conhecidos e pudessem beneficiar mais e mais pessoas.

A partir da fundação de um

centro espírita e de um jornal que já é centenário, sua atuação

extrapolou os limites da então pequena Matão, projetando-se através das décadas para o cenário internacional, principalmente após o surgimento de sua querida RIE, fundada em 1925.

Da distribuição avulsa pelas ruas da cidade, nos trens de pas-sageiros, na remessa a cidades vizinhas e na postagem que se ampliou gradativamente para todo o Brasil, o pequeno jornal foi um farol a despertar consciências adormecidas para a realidade da imortalidade da alma, da plura-lidade das existências e da comu-nicabilidade dos espíritos, entre outros princípios da Doutrina Espírita.

Vale acentuar que, em 1905, quando Schutel iniciou seu apos-tolado, sua idade era de apenas 36 anos. Durante os próximos 33 anos, de 1905 a 1938, dedicou sua

por orson Peter Carrara

homenagem aCairbar Schutel1

Durante os próximos 33 anos, de 1905 a 1938, dedicou sua vida completamente à divulgação e à vivência do Espiritismo

1. Adaptação do título original

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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

http://www.orsonpcarrara.k6.com.br/

homenagem

vida completamente à divulgação e à vivência do Espiritismo.

É importante destacar também o aspecto de vivência. Afinal ele foi um autêntico cristão, nunca desprezando ou ignorando quem quer que o buscasse. Jamais teve atitudes de indiferença ou dis-criminação quanto aos pobres e necessitados que o procuravam em busca de consolo moral ou em busca do socorro material.

Mas sua grande marca foi mesmo o de comunicador. Além dos periódicos que publicou, dos livros que escreveu, das palestras proferidas, do incentivo doutri-nário distribuído, ele igualmente influenciou expressivamente toda uma geração de espíritas. Seu exemplo, seu estímulo, a notável seqüência pioneira dos programas radiofônicos (depois transformada em livro), fizeram dele um comu-nicador por excelência.

Há que se destacar também que, mesmo após a desencarna-ção, seu trabalho continua. Ditou várias mensagens, por diferentes

médiuns, já foi identificado igual-mente mediunicamente em locais onde o assunto é divulgação espí-rita e, por relatos idôneos, pode-se afirmar que ele é um dos espíritos coordenadores da expansão do pensamento espírita, inclusive no âmbito internacional.

Cairbar percebeu de imediato a proposta do Espiritismo, exposta com clareza por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, obra que alcançou seus 150 anos de publi-cação em 2007, pois que lançada em 18 de abril de 1857.

Cairbar percebeu de imediato a proposta do Espiritismo, exposta com clareza por Allan Kardec

Fica claro perceber o alcance da comunicação espírita. Ela, a Doutrina Espírita, não é estanque, mas dinâmica. Sua própria índole cristã é comunicativa. Surgiu com a publicação de livros, projetou-se através de livros e comunicação verbal, alcançou respeito pela comunicação vivida na prática e atualmente vive a realidade de ver seus temas essenciais serem tratados abertamente pela mídia.

Ora, o trabalho iniciado pelos espíritos, percebido por Allan Kardec – que lhe organizou meto-dicamente os ensinos –, vitalizado pela marcante presença de Chico Xavier, mas igualmente estimula-do pelo trabalho de homens da fibra de Cairbar Schutel, entre tantos anônimos ou conhecidos, do presente ou do passado, é fator que nos convida à reflexão.

Que atuação estamos tendo para continuar referido empreen-dimento, cujo objetivo é espiri-tualizar o ser humano? Especial-mente na condição de dirigentes e coordenadores das instituições inspiradas pelo ideal espírita...

Exemplos não nos faltam. Entre eles, um comunicador por excelência: Cairbar de Souza Schu-tel (1868-1938).

Fachada antiga da redação do jornal o Clarim em Matão

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FidelidadESPÍRITA |Maio 2009

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

27. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo Martins

com todaS aS letraS

Assista sempre ao jogo

Saber se um verbo pede ou não preposição e, se pede, qual deve ser usada é uma das prin-cipais dificuldades de quem escreve ou gosta

de falar com correção o português. Até porque, em muitas ocasiões, a forma vernácula, correta, diverge da coloquial ou popular. Esse é o caso, por exemplo, do verbo assistir.

No seu sentido mais comum, o de ver ou estar presente, exige sempre a preposição a. Assim: O torcedor garantiu que vai assistir à final do campeonato. / Ninguém quis assistir ao show. / Os fiéis assistiram à missa. / Os amigos não pensavam que um dia iriam assistir à sua ruína.

Como não existe voz passiva com verbos transitivos indiretos (que pedem complemento com preposição), são erradas estas construções: O jogo “foi assistido” (presenciado) por 60 mil pessoas. / Era o telejornal mais “assistido” (visto) do País.

Ainda sobre um jogo ou espetáculo, não se pode dizer: Perdi o jogo, mas queria tanto “assisti-lo”. / Saiu para ir à missa, mas não pôde “assisti-la” por causa da chuva. Como se explicou, pelo fato de ser indireto, o verbo rejeita o o (ou sua variação lo) como complemento. O certo, então: Perdi o jogo, mas queria tanto assistir a ele. / Saiu para ir à missa, mas não pôde assistir a ela.

Nesse sentido, ainda, assistir é um dos verbos que, embora indiretos, não admitem o pronome lhe (outros são ajudar, recorrer, aspirar e presidir). Dessa forma, quem assiste a uma sessão ou a um espetáculo não pode dizer que “lhe assistiu”, embora o verbo se

construa com a preposição a, mas apenas que assistiu a ela ou a ele.

Assistir é transitivo direto e, portanto, dispensa o a quando é sinônimo de ajudar, socorrer: O governo assistiu os flagelados. / O hospital não assistia doentes sem recursos. Nesse caso é correto o uso da passiva: Os flagelados foram assistidos pelo governo. E também se pode recorrer à forma assisti-lo. Veja como: Garantiu ao amigo que iria assisti-lo no que fosse necessário. / Visitou os feridos porque queria assisti-los com roupas e alimentos.

O verbo pode ser indireto (com preposição) em outro de seus significados, o de caber (direito, razão) a alguém: Não assistia direito algum aos reclamantes. /Não lhes assistia razão no protesto. Repare: este é o único caso em que assistir admite lhe.

o ExEMPLo LITERáRIo

Um sentido muito pouco conhecido de assistir e presente praticamente na literatura, apenas, é o de morar, residir, habitar.

O gramático Celso Cunha cita dois exemplos.

Um de Guimarães Rosa: “Você então está assistindo por aqui, neste começo de Gerais?”

E outro de Afonso Arinos: “Dois daqueles assistiam no termo de Vila Nova da Rainha.”

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

“E não achavam meio de lhe fazerem mal, porque todo o povo pendia para ele, escutando-o.”

(Lucas, 19:48.)

O Povo e o Evangelho

A perseguição aos postulados do Cristia-nismo é de todos os tempos.

Nos próprios dias do Mestre Divino, nos círculos carnais, já se exteriorizavam hostilida-des de todos os matizes contra os movimentos da iluminação cristã.

Em todas as ocasiões, no entanto, tem sido possível observar a gravitação do povo para Jesus. Entre Ele e a multidão, nunca se extinguiu o poderoso magnetismo da virtude e do amor.

Debalde surgem medidas draconianas da ignorância e da crueldade, em vão aparecem os prejuízos eclesiásticos do sacerdócio, quan-do sem luz na missão sublime de orientar; cientistas presunçosos, demagogos subor-nados por interesses mesquinhos, clamam nas praças pela consagração de fantasias brilhantes.

O povo, porém, inclina-se para o Cristo, com a mesma fascinação do primeiro dia.

Indiscutivelmente, considerados num todo, achamo-nos ainda longe da união com Jesus, em sentido integral. De quando em quando, a turba experimenta pavorosos desastres. Tormentas de sangue e lágrimas varrem-lhe os caminhos.

A claridade do Mestre, contudo, acena-lhe a distância. Velhos e crianças identificam-lhe o brilho santificado.

Os políticos do mundo formulam mil pro-messas ao espírito das massas; raras pessoas, entretanto, se interessam por semelhantes plataformas.

Os enunciados do Senhor, todavia, em cada século se renovam, sempre mais altos para a mente popular, traduzindo consolações e apelos imortais.

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atiVidadeS para 2009cursos dias horários início 1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 09/02/2009

1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. duração1 ano com uma aula por semana. sábado 14h00 - 15h00 14/02/2009

1º ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 15/02/2009

2º ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 03/02/2009 Restrito

2º ano Sábado 16h00 – 18h00 07/02/2009 Restrito

2º ano domingo 09h00 – 11h00 01/02/2009 Restrito

3º ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 04/02/2009 Restrito

3º ano Sábado 16h00 – 18h00 07/02/2009 Restrito

evangelização da infância Sábado 14h00 – 15h00 Fev / Nov Aberto ao público

evangelização da infância Sábado 16h00 – 18h00 Fev / Nov Aberto ao público

evangelização da infância domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

mocidade espírita domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

Palestras Públicas domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público

Centro de Estudos Espíritas“nosso lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120vl. Marieta - Campinas/SP

(19) 3386-9019 / 3233-5596

aberto ao público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

Ônibus:vila Marieta nr. 348* Ponto da benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.