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ECLESIOLOGIA
O significado da palavra Igreja (“ekkläsia”, do grego “ek-kalein” – “chamar
fora” - CAT. 751) expressa um sentido de “convocação”, designando a assembléia do
povo dentro de um caráter religioso. O Antigo Testamento utiliza esta terminologia para
designar o povo eleito por Deus no Sinai, onde Israel recebe a Lei e é constituído como
povo eleito. No Novo Testamento, os que crêem em Cristo se reconhecem como
continuadores desta assembléia iniciada no Sinai.
Para nós cristãos, a palavra Igreja significa a assembléia reunida para a liturgia
e também a comunidade local e universal dos crentes. Portanto, a Igreja é o Povo de
Deus reunido no mundo inteiro, vivendo da Palavra e do Corpo de Cristo.
Paulo, ao falar da Igreja, dirige-se a ela como “Corpo de Cristo” e corpo dos
cristãos, que fazem parte do “Corpo de Cristo” (Cf. 1Cor 6,12-20; 10,14-22; 12,12-31;
Rom 12,4-8). Paulo usa a imagem das núpcias para falar da Igreja. Assim como o
homem e a mulher tornam-se uma só carne, assim Cristo e os cristãos são um só e
mesmo espírito. A Igreja é Povo de Deus porque constitui uma só realidade com
Cristo.1
“A Igreja é a comunidade que, graças à assembléia visível do culto, confirma e
leva a cumprimento a sua essência invisível como Corpo de Cristo”.2
1. Povo de Deus
Por Povo de Deus podemos entender todos os que aceitam, temem e praticam a
justiça. Deus, em seu plano de salvação, não quer salvar-nos isoladamente, mas em
comunidade, em assembléia. Quer, por vontade própria, constituí-los como povo para
que o povo O conheça e O sirva (cf. CAT. 781). Desde o princípio da história da
salvação, Deus faz aliança com o povo e o vai preparando para que viva esta aliança
passo a passo. Esta preparação, porém, acontece em vista de uma Nova e Eterna Aliança
que será estabelecida por Jesus Cristo no seu sangue.
O povo que Deus escolhe para Si possui características diferentes dos demais
povos e agrupamentos religiosos: “Ele é o Povo de Deus” (CAT. 782), não que Deus
seja propriedade do povo, mas significa que Deus adquiriu para si um povo, “Uma raça
eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa” (1Pd 2,9); a pessoa se torna membro 1 Cf. RATZINGER, O novo povo de Deus. p. 80.2 Ibidem, p. 84.
1
deste povo mediante o “nascimento do alto”, “da água e do Espírito”, quer dizer, pela fé
em Cristo e pelo Batismo, e não mediante o nascimento físico; são guiados pela lei do
mandamento novo do amor; têm como missão ser sal da terra e luz do mundo (Cf. Mt 5,
13-16); têm como condição a dignidade da liberdade dos filhos de Deus, pois o Espírito
reside no coração deste povo; “finalmente, sua meta é o Reino de Deus, iniciado na terra
por Deus mesmo, Reino a ser estendido mais e mais, até que, no fim dos tempos, seja
consumado por Deus mesmo”3.
“Assim, este povo messiânico, embora não abranja todos os homens e por
vezes apareça como pequeno rebanho, é para todo o gênero humano germe fortíssimo
de unidade, esperança e salvação. Constituído por Cristo para a comunhão de vida,
caridade e verdade, é por Ele ainda assumido como instrumento de redenção de todos, e
é enviado ao mundo inteiro...” (LG 9).
Jesus Cristo é o ungido do Pai com o Espírito Santo, constituído como
Sacerdote, Profeta e Rei. Por ser o povo escolhido por Deus, os israelitas assumem
também estas prerrogativas atribuídas a Cristo como missão e serviço que delas
decorrem.
Ao ingressar no Povo de Deus, por meio da fé e do Batismo 4, a pessoa estará
participando da vocação sacerdotal que é única deste povo. Por meio desta vocação o
Povo de Deus tem condições de, através de suas obras, oferecer sacrifícios espirituais
anunciando o Cristo que nos chamou das trevas para a luz. “Por isto todos os discípulos
de Cristo, perseverando em oração e louvando juntos a Deus, oferecem-se como hóstia
viva, santa, agradável a Deus” (LG 10).
O Povo de Deus participa também da missão profética de Jesus. Não são
somente o Papa, os Bispos, os presbíteros e os religiosos que têm esta função (missão),
mas também todo o Povo de Deus, que foi constituído como testemunha. Dá-se a eles o
sentido da fé para que possam fazer resplandecer o Evangelho de Jesus Cristo (Palavra
do Pai) em suas vidas, tanto a nível familiar quanto a nível social.
Finalmente, o Povo de Deus participa da função régia de Cristo. Cristo, como
Rei e Senhor do universo, faz-se servidor de todos os homens, pois não veio “para ser
servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,28). Para o
cristão, “reinar é servir” (LG 36), particularmente “nos pobres e nos sofredores, nos 3 Ibidem.4 O Batismo é o primeiro e geral sacramento, mediante o qual todos os fiéis se incorporam a Cristo e se tornam partícipes do ofício sacerdotal dele, para serem capazes de realizar aquele culto da religião cristã a que são destinados exatamente pelo caráter batismal. Os cristãos são chamados a formar um templo espiritual e um sacerdócio santo, o que quer dizer, um corpo ou comunidade sacerdotal.
2
quais a Igreja reconhece a imagem de seu Fundador pobre e sofredor” (LG 8). O Povo
de Deus realiza sua vocação régia em conformidade com o servir de Cristo.
2. O Espírito Santo e o nascimento da Igreja
Estando os Apóstolos reunidos junto com Maria e algumas outras mulheres no
cenáculo, receberam o Espírito Santo (At 2) prometido por Cristo no dia de sua
ascensão ao céu. A vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, fez com que a Igreja
passasse a existir, que ela saísse do anonimato para ser conhecida por todos,
professando uma única e só fé, para que todos os povos fossem reunidos e se tornassem,
assim, o Povo de Deus.
Após Jesus Cristo terminar a obra da qual o Pai lhe tinha encarregado, é
enviado o Espírito Santo para continuamente santificar a Igreja. “Este é o Espírito que
dá a vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14; 7,38-39); por ele, o
Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até que um dia ressuscitem em Cristo os
seus corpos mortais (cf. Rm 8,15-16 e 26). Leva a Igreja ao conhecimento da verdade
total (Jo 16,13), unificando-a na comunhão e no mistério, dota-a com diversos dons
hierárquicos e carismáticos, com os quais a dirige e embeleza (cf. Ef 4,11-12; 1Cor
12,4; Gl 5,22)” (LG 4). O número do Documento Lumen Gentium é concluído com as
palavras de São Cipriano, onde nos diz que a Igreja é o povo reunido na unidade do Pai,
do Filho e do Espírito Santo.
A Igreja, portanto, nasce do Espírito Santo para dar continuidade ao mistério
de Jesus na história. Após a ascensão de Jesus ao céu, envia o Espírito Santo para que
dê continuidade à Igreja, animando-a e guiando-a até o fim dos tempos, até o retorno
glorioso do Senhor.
3. Prefiguração, continuidade e missão da Igreja
Desde o princípio dos tempos o Pai quis reunir todo o gênero humano em
Cristo, para formar, com Ele, uma só e Santa Igreja. Para isto elegeu um povo como
sendo seu, propriedade sua (propriedade não no sentido de escravidão, mas de
liberdade). “Deus criou o mundo em vista da comunhão com a sua vida divina,
comunhão esta que se realiza pela convocação dos homens em Cristo, e esta convocação
é a Igreja” (CAT. 760). A Igreja já vem prefigurada (preparada durante toda a história
do povo de Israel e na antiga aliança) no Antigo Testamento, iniciada com o chamado
de Abraão; Deus dá a esse povo um nome, uma lei e o constitui como raça. Mas este
3
povo, esta nação, se prostituiu com os deuses estrangeiros. Surgem então os profetas
que denunciam a idolatria, a prostituição, anunciando uma Nova Aliança para um novo
povo de Israel (aqui entende-se a Igreja instituída por Cristo).
Jesus vem dar pleno cumprimento ao plano de amor do Pai. Inicia a Igreja
pregando a Boa Nova do Reino que fora prometido nas Escrituras por meio dos
profetas. Cumprindo a vontade do Pai, Jesus Cristo inaugura o Reino de Deus na terra.
Costumamos dizer, hoje, que a Igreja é o Reino de Deus presente no mundo, é a
continuação do Reino Instaurado por Cristo, mesmo que de forma imperfeita. “A Igreja
nasceu primeiramente do dom total de Cristo para a nossa salvação, antecipado na
instituição da Eucaristia e realizado na Cruz” (CAT. 766). Do seu lado aberto pela lança
do soldado jorrou sangue e água, deste mistério profundo nasceu o sacramento de toda a
Igreja.
Para compreendermos a manifestação do Reino de Deus, basta-nos olhar para
as palavras, para as obras e para a presença de Cristo. Na medida em que vamos
acolhendo a Palavra de Jesus, acolhemos também o Reino de Deus. “O germe e o
começo do Reino são o ‘pequeno rebanho’ (Lc 12,32) dos que Jesus reuniu em torno de
si e dos quais ele mesmo é o pastor” (CAT. 764).
Jesus Cristo, após sofrer todo o tormento da cruz, estruturou sua comunidade
de tal forma que esta continue até o fim dos tempos, até a consumação plena do Reino.
Para que esta continuidade da Igreja fosse possível, o Senhor escolheu os Doze
(representado as doze tribos de Israel e são considerados como as doze colunas da
Igreja) tendo Pedro como seu chefe. Eles são as pedras que dão sustentação à Igreja,
também chamada de Nova Jerusalém.
A partir da missão recebida de Cristo, a Igreja tem a incumbência de anunciar e
instaurar em todos os povos o Reino de Cristo e de Deus, sendo ela, aqui na terra, germe
e início deste Reino. A Igreja, portanto, aspira ao Reino perfeito e ao encontro definitivo
com o Pai (cf. LG 5).
A exemplo de Jesus Cristo a Igreja deverá realizar sua missão de anunciadora
da Boa Nova a todas as nações em todos os tempos e lugares, batizando-as e fazendo
novos discípulos (Mc 16,13-19).
4. Símbolos da Igreja
Para melhor compreendermos a manifestação e natureza íntima da Igreja
utilizamos algumas imagens. A primeira imagem apontada pela Constituição Dogmática
4
Lumen Gentium é a do redil, onde a única porta de entrada é Cristo (Cf. Jo 10,1-10). Os
que ali entrarem fazem parte do rebanho onde o próprio Deus é o pastor. Estas ovelhas
são conduzidas às pastagens e alimentadas pelo próprio Cristo que se faz alimento, que
deu sua vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11-15). Todos os pastores humanos, visíveis e
frágeis, são derivados e dependentes de Cristo, o Príncipe dos Pastores. Só assim serão
verdadeiros pastores, caso contrário serão falsos pastores, ladrões e bandidos que
querem roubar, matar e destruir (cf. Jo 10,1; 8,10). 5
A Igreja é vista como a lavoura ou o campo de Deus (cf. 1Cor 3,9). Aqui
cresce a oliveira antiga que tem como raiz os patriarcas e “na qual se obteve e
completará a reconciliação dos judeus e dos gentios (Rm 11,13-16). Ela foi plantada
pelo Agricultor celeste como vinha eleita (cf. Mt 21,33-43 par.; Is 5,1ss)”6. Nesta
lavoura Jesus é a videira, o Pai é o Agricultor é nós somos os ramos. Todo o ramo que
não der bons frutos, será cortado e todo o ramo que der bons frutos o Pai o poda para
que dê ainda mais. Porém só podemos produzir se permanecermos ligados ao tronco que
é Jesus, sem Ele nada podemos fazer (cf. Jo 15,1-8).
Com mais freqüência a Igreja é chamada de Construção de Deus (cf. 1Cor 3,9).
Jesus Cristo se compara com a pedra que os pedreiros rejeitaram, mas que acabou se
tornando a pedra angular (Cf. Mt 21,42; At 4,11; 1Pd 2,7). É sobre este fundamento que
a Igreja é constituída pelos Apóstolos, recebendo dele estabilidade e coesão. A esta
construção podemos dar vários nomes: casa do Deus vivo, coluna e fundamento da
verdade (cf. 1Tm 3,15), morada de Deus onde habita sua família (cf. Ef 2,19-22). A
Igreja é a nova comunidade onde os seus participantes não são desconhecidos, não são
mais estrangeiros, mas concidadãos, portanto, são iguais e estão em pé de igualdade,
tanto rico como pobres. Tornam-se, assim, família de Deus e Deus faz morada no meio
de nós.7
A Igreja é também chamada de “Jerusalém do alto”, “nossa mãe” (Gl 4,26;
cf. Ap 12,17), “esposa imaculada do Cordeiro Imaculado” (cf. Ap 19,7; 21,2; 22,17).
Por ela Cristo amou e se entregou para que fosse santificada, unindo-a a si em uma
aliança indissolúvel. Encheu-a de bens celestes e imperecíveis para que compreenda a
caridade de Deus que ultrapassa qualquer entendimento humano. Olhando a santidade
de Maria e cumprindo a vontade do Pai a Igreja torna-se também Mãe. “Pela pregação e
pelo Batismo, ela gera para vida nova e imortal os filhos concebidos do Espírito Santo e 5 LG. 6.6 Ibidem.7 Cf. KLOPPENBURG, Minha Igreja. p. 29.
5
nascidos de Deus. Ela é também Virgem que íntegra e puramente guarda a palavra dada
ao Esposo”.8
5. Os fiéis de Cristo
Os fiéis de Cristo, são todos aqueles que incorporados a Cristo, cabeça da
Igreja, pelo Batismo formam o Povo de Deus. Mas, para dar continuidade à sua obra o
Senhor Jesus Cristo instituiu diversos ministérios que são destinados ao bem de todos.
As pessoas que recebem os ministérios são revestidas de poder para servirem aos
irmãos. Cada um, segundo sua condição e múnus próprio, coopera na construção do
Corpo de Cristo, a Igreja. As diferenças existentes entre o Povo de Deus servem para
manter a unidade na missão que Ele nos confia.
A hierarquia na Igreja é um serviço e uma missão, pois da mesma forma que
Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele envia os seus Apóstolos e os seus
sucessores, os Bispos.
5.1. Os Bispos
Os Bispos receberam dos próprios Apóstolos, o dever de servirem toda a
comunidade, presidindo em nome de Deus o rebanho a eles confiado. São pastores e
mestres da doutrina, sacerdotes por excelência do culto sagrado e ministros que têm a
função de governar a Igreja (cf. LG 20).
Cristo ao instituir o grupo dos doze Apóstolos como seus colaboradores, os
institui em torno de um colégio tendo Pedro como seu chefe. Cristo dando a Pedro o
poder de ligar e desligar (cf. Mt 16,19), o dá também ao colégio dos Apóstolos.
Portanto, todos os Bispos têm o poder de ligar e desligar em união com seu chefe, o
Papa, sucessor de Pedro.
“O Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, é o princípio e o fundamento
perpétuo e visível da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis” (LG 23).
Como representante legítimo de Cristo e exercendo o cargo de vigário de Cristo, possui
poder pleno e universal sobre a Igreja, podendo exercê-lo livremente. “Como o
Pontífice Romano governa a Igreja universal em virtude do direito divino do primado
apostólico, também ensinamos e declaramos que ele é o juiz supremo de todos os fiéis,
podendo-se, em todas as coisas pertencentes ao foro eclesiástico, recorrer ao seu juízo;
8 Ibidem.
6
declaramos ainda que a ninguém é lícito emitir juízo acerca do julgamento desta Santa
Sé, nem tocar neste julgamento, visto que não há autoridade acima da mesma Santa Sé.
Por isso estão fora do reto caminho da verdade os que afirmam ser lícito apelar da
sentença dos Pontífices Romanos para o Concílio Ecumênico, como sendo uma
autoridade acima do dele".9 Portanto, enquanto fala ex-cátedra, em Nome de Cristo, o
Papa, por causa de sua função de supremo Pastor e Doutor, ao definir uma doutrina em
matéria de fé e costumes, não precisa do consentimento de ninguém, pois está
defendendo a doutrina da fé católica. Nisto ele é infalível.
Juntamente com o Papa os Bispos representam a Igreja Universal e cada um
deles representa a Igreja particular ou local. Através desta união, os Bispos liderados
pelo Romano Pontífice e colaborando entre si, têm a função de fazer brilhar a luz da
verdade a todos os homens de boa vontade.
O Papa é o grande elo de unidade que tem como dever manter a Igreja unida
numa só fé, num só Senhor e num só Batismo. A ele cabe o dever de dirigir o colégio
dos Bispos. Todo o Bispo que não estiver unido a ele, como chefe, não possui
autoridade para legislar sobre a Igreja, é somente em união com o Papa que os Bispos
são infalíveis. É no Concílio Ecumênico que o Colégio dos Bispos exerce o poder sobre
a Igreja inteira, de forma solene. Todos os concílios que porventura acontecerem
deverão ser aprovados ou ao menos reconhecidos pelo Papa.
Os Bispos como legítimos representantes de Cristo, são, com Ele, sinal
sensível, vivo e eficaz. Os Bispos têm a missão de ensinar, santificar e conduzir, pois
fazem as vezes do próprio Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote. “Todas as suas iniciativas
de ensinar, santificar e dirigir devem partir não dele mesmo, de seus pensamentos e
ideais pessoais, do amor próprio, do interesse particular, mas de sua identificação com
Cristo, que é e continua sempre o verdadeiro e único Mestre, Sacerdote e Pastor”10.
Mesmo guiadas por pastores humanos as ovelhas são constantemente orientadas e
guiadas pelo Próprio Cristo.
5.2. Os Presbíteros
Os Presbíteros, embora não tendo a plenitude Episcopal, são verdadeiros
sacerdotes como os Bispos, participantes do mesmo e único sacerdócio e ministério de
Jesus Cristo. Os Presbíteros não existem separadamente dos Bispos, pois são fiéis 9 Cf. KLOPPENBURG, Minha Igreja. p. 125.
10 KLOPPENBURG, Minha Igreja. p. 138.
7
colaboradores da ordem episcopal e dependem do Bispo para exercer seu poder e junto
dele formam um único presbitério.
Dentre todos os fiéis que pelo Batismo são configurados a Cristo sacerdote, o
Senhor escolhe alguns para exercerem um sacerdócio ministerial, para oferecerem
sacrifícios e perdoarem os pecados, desempenhando em nome de Cristo o ofício
sacerdotal11. Estes agem in Persona Christi (na pessoa de Cristo) como ministros de
Deus a favor de todo o gênero humano. “O seu próprio ministério exige [...] que não se
conformem a este mundo; mas exige também que vivam entre os homens e, como bons
pastores, conheçam as suas ovelhas e procurem trazer a este redil aquelas que não lhe
pertencem, para que também elas ouçam a voz de Cristo e haja um só rebanho e um só
pastor - Jo, 10,14-16” (PO 3).
Os Presbíteros têm por obrigação cuidar para que os fiéis sejam levados no
Espírito Santo a cultivar a vocação a partir do Evangelho
5.3. Os Diáconos
Estes ocupam o primeiro grau do sacramento da ordem, estão numa esfera
inferior da hierarquia, embora sejam eles também membros da hierarquia constituída.
Estes recebem a imposição das mãos não para exercerem o sacerdócio, mas para
exercerem um ministério em favor do Povo de Deus, atuando na liturgia, na
proclamação da palavra e no exercício da caridade em união com o Bispo e seu
presbitério. A eles compete o dever de ministrar o Batismo, distribuir a Eucaristia,
assistir aos matrimônios dando a benção em nome da Igreja, levar a sagrada Eucaristia
(viático) aos enfermos e impossibilitados de participar da Sagrada Missa, ler a Palavra
de Deus e instruir os fiéis, presidir o culto e dirigir a oração dos fiéis, administrar aos
sacramentais e presidir os ritos funerais e da sepultura.
5.4. A vida consagrada
Os religiosos entregam-se totalmente a Deus por meio dos preceitos
evangélicos da obediência, pobreza e castidade ficando ao serviço e glória de Deus.
Embora não participem da hierarquia da Igreja, pertencem indiscutivelmente à sua vida
e santidade. “Pelo Batismo, o cristão já morreu para o pecado e ficou consagrado a
Deus; mas, para conseguir fruto mais abundante da graça batismal, procura, pela 11 “Exercem seu ministério sagrado principalmente na celebração da Eucaristia; nela, agindo na pessoa de Cristo e proclamando seu mistério, juntam as orações dos fiéis ao sacrifício de Cristo, sua Cabeça” (LG 28).
8
profissão dos conselhos evangélicos na Igreja, libertar-se dos impedimento que o
poderiam afastar do fervor da caridade e da perfeição do culto divino, e consagra-se
mais intimamente ao serviço de Deus” (LG 44).
Através da vida consagrada os fiéis se propõem a seguir Cristo mais de perto,
sob direção do Espírito Santo. Doam-se a Deus acima de tudo e procuram alcançar a
perfeição da caridade colocando-se a serviço do Reino de Deus.
5.5. Os fiéis leigos
O Concílio Vaticano II entende por leigos todos os fiéis que não receberam
ordem sacra ou que não entraram no estado religioso. Este conjunto de fiéis são
incorporados a Cristo cabeça mediante o Batismo e formam todos eles o Povo de Deus
realizando no mundo e na Igreja a missão que lhes é própria, pois, ao seu modo,
participam do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo.
Os leigos vivem no mundo e portanto Deus os chama do meio em que vivem
para serem fermento e para a santificação do mundo. São chamados (e guiados pelo
Espírito Santo) a manifestar Cristo aos outros, dando testemunho de vida, de esperança
e de caridade através de sua fé.
“É específico dos leigos, pela sua própria vocação, procurar o Reino de Deus
exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus [...]. A eles, portanto, cabe
de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais
estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo e
contribuam para louvor do Criador e Redentor”.12 A iniciativa dos leigos é necessária,
pois inventando meios, segundo a Doutrina da Igreja, penetram na vida social, política e
econômica, fazendo com que essas dimensões sejam mais justas e levem em conta a
dignidade dos filhos de Deus. Devem ajudar aos ministros ordenados na administração
dos bens paroquiais, na catequese, na pastoral e em outras frentes. Assim falamos que
os leigos vivem no mundo, em meio às coisas seculares.
Por fazerem parte do corpo de Cristo, através do Batismo, participam também
de seu múnus sacerdotal profético e real.
O sacerdócio dos leigos não é inferior ao sacerdócio ministerial, é sim diferente
quanto à essência, mas não em grau. Através de sua consagração a Cristo e da unção do
Espírito Santo, recebem a admirável vocação e os meios que possibilitam a ação do
Espírito Santo, ação esta que produz frutos abundantes. Tudo o que viverem e fizerem,
12 CAT, 897 e Lumen Gentium , 31.
9
se for realizado no Espírito Santo, será transformado em ofertas agradáveis a Deus por
Jesus (cf. 1Pd 2,5)13. “Na celebração da Eucaristia, tudo isso é oferecido piedosamente
ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor. [...] procedendo santamente
como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo” (LG 14).
Os leigos participam da missão profética quando dão testemunho da fé através
da evangelização realizada na vida do mundo. Esta evangelização é o testemunho de
Cristo que cada um é chamado a dar através do testemunho de vida e pela Palavra.
São os responsáveis para que a Palavra de Deus possa brilhar no meio social e familiar
(Cf. CAT, 904-905).
Toda a pessoa que for capaz de controlar suas paixões e desejos, pode ser
considerada rei, pois é capaz de reger a si mesma, não se deixando aprisionar pelo
pecado. Exercendo sua vocação real, sanam as instituições e condições do mundo
quando estas caem no pecado, conformando-as com a justiça e impregnando-as de valor
moral e cultural (cf. LG 36 e CAT. 908-911).
6. Carismas e Ministérios
A Igreja está acumulada de carismas que o Espírito Santo distribui a cada um
segundo as necessidades elementares da Igreja. Estes carismas vão desde os mais
simples e humildes até os mais extraordinários. Entende-se o carisma como graça para
uma pessoa específica (cada um recebe um carisma específico) e também graça para
todo Corpo de Cristo, na medida em que este carisma é colocado em função dos outros.
Os carismas são necessários para a santificação e para a edificação na verdade e na
caridade. “Não devemos pedir temerariamente estes dons extraordinários, nem esperar
deles com presunção os frutos das obras apostólicas; é aos que governam a Igreja que
pertence julgar da sua genuinidade e da conveniência do seu uso, e cuidar especialmente
de não extinguir o Espírito, mas tudo ponderar, e reter o que é bom (cf. 1Ts 5,12 e 19-
21)” (LG 12).
O ministério, por sua vez, é um serviço prestado a toda a Igreja. Jesus institui
os diversos ministérios para que estes cuidem do Povo de Deus. Os ministros são
revestidos do poder sagrado para serem fiéis servidores do Povo de Deus, levando-os à
salvação, pois quem conferiu-lhes este poder foi o próprio Cristo. Os ministros não
agem em nome próprio, mas em nome de Cristo cabeça da Igreja, e é dele que recebem
a graça de serem ministros.
13 Cf. Lumen Gentium, 34.
10
“A Tradição da Igreja chama de sacramento este ministério, através do qual os
enviados de Cristo fazem e dão, por dom de Deus, o que não podem fazer nem dar por
si mesmos. O ministério da Igreja é conferido por um específico sacramento” (CAT.
875).
Dentre os ministérios destacamos também os ministérios não ordenados14 que
não são recebidos mediante um sacramento, mas que exercem uma função específica
para o crescimento do Povo de Deus. Estes ministério podem ser: os leitores, os
acólitos, os ministros extraordinários da comunhão eucarística, ministério da Palavra, do
Batismo, de assistir matrimônios e outros, segundo as necessidades do local. Estes
ministérios podem ser conferidos a pessoas idôneas por um tempo determinado pois não
imprimem caráter sacramental.
7. As propriedades da Igreja
São quatro as propriedades atribuídas a Igreja: Una, Santa, Católica e
Apostólica.
No Credo do Povo de Deus, do Papa Paulo VI, professamos solenemente:
“Cremos que a Igreja, fundada por Jesus Cristo e pela qual Ele orou, é
indefectivelmente una na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica. No seio
desta Igreja, a rica variedade dos ritos litúrgicos e a diversidade legítima dos
patrimônios teológicos e espirituais e das disciplinas particulares, longe de
prejudicarem a sua unidade, manifestam-na grandemente”. 15
A Igreja que Jesus fundou é uma só com seus membros, unida pela sua fonte:
“Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na
Trindade de Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo” (UR 2); é unida por seu fundador :
“Pois o próprio Filho encarnado, príncipe da paz, com sua cruz reconciliou todos os
homens com Deus, restabelecendo a união de todos em um só povo, em um só Corpo”
(GS 78,3); é unida também por sua alma: “O Espírito Santo, que habita nos crentes,
penetra e rege toda a Igreja, realiza aquela maravilhosa comunhão dos fiéis e une a
todos tão intimamente em Cristo, que é o princípio da unidade da Igreja. Ele realiza a
14 Dentro dos ministérios não ordenados a Igreja reconhece três tipos: os reconhecidos, que estão ligados a um serviço significativo, mas que não são permanentes e podem ser extintos de acordo com as circunstâncias; ministérios confiados que são conferidos mediante um ato litúrgico simples ou alguma forma canônica; e por fim os ministérios instituídos, que são destinados a um serviço preciso e permanente, conferido por via de um rito litúrgico ao qual chamamos de instituição (cf. Doc. 62 da CNBB).15 Conforme se encontra transcrito em: KLOPPENBURG, Boaventura, Minha Igreja, p. 43.
11
distribuição das graças e dos ofícios, e enriquece a Igreja de Jesus Cristo com múltiplos
dons...” (UR 2).
Existem várias formas de unidade da Igreja: a primeira delas é a unidade de fé,
onde todos professam uma mesma e única fé recebida dos Apóstolos; a segunda é a
unidade no culto e pelos sacramentos: “todo exercício social do culto (e dos
sacramentos) é para o grupo que o realiza princípio de unidade”16; a terceira forma de
unidade é pela vida social orientada e governada pela caridade que é o amor ágape e
que por ela formamos um todo das pessoas que têm o mesmo bem final e total. 17
A Igreja é Santa aos olhos da fé, pois Cristo, o único santo, a amou como sua
esposa e a ela se entregou para santificá-la, unindo-a a si como sendo seu corpo e
dotando-a do Espírito Santo para a glória de Deus. Portanto, referindo-se a Cristo e ao
Espírito Santo a Igreja é santa, e esta santidade não provém do homem, mas provém do
próprio Filho de Deus.
“A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele; por Ele e nele torna-se também
santificante. Todas as obras da Igreja tendem, como a seu fim, à santificação dos
homens em Cristo e à glorificação de Deus. É na Igreja que está depositada a plenitude
dos meios de salvação. É nela que adquirimos a santidade pela graça de Deus” (CAT.
824).
Em sua peregrinação pela terra a Igreja é dotada de santidade, mesmo que esta
santidade se dê de forma imperfeita, pois estamos, enquanto Igreja, em busca da
santidade perfeita. Todo cristão é chamado à santidade perfeita e para isto Deus se
utiliza de uma metodologia diversificada, chama a cada um diferentemente. A alma da
santidade que todos nós somos chamados é a caridade que nos conduz a todos os meios
de santificação.
Apesar desta santidade a Igreja ainda é imperfeita por causa do pecado. Ela
reúne dentro de si os pecadores aos quais Cristo se destinou. É preciso incessantemente
buscar a purificação, a penitência e a renovação, pois o pecado continua mesclado ao
trigo do Evangelho até a plenitude dos tempos. “A Igreja é santa, mesmo
compreendendo pecadores no seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça: é
vivendo da sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que
caem nos pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade dela” (CAT.
827).
16 FEINER e LOEHRER. Mysterium Salutis. Vol. IV/3 (A Igreja), p. 25.17 Cf. ibidem.
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A Igreja é católica, que quer dizer universal, no sentido de totalidade e
integralidade. A palavra católica possui dois sentidos: 1) é católica porque Cristo se faz
presente nela e onde está Cristo está também a Igreja e nela a plenitude dos meios de
salvação: confissão da fé correta e completa, vida sacramental e integral e ministério
ordenado na sucessão apostólica; 2) é católica porque Cristo a enviou em missão a todo
gênero humano, pois todos são chamados a fazer parte do novo Povo de Deus, para que
todos sejam um em Cristo e para que se cumpra a vontade de Deus de reunir toda a
natureza humana.
As Igrejas Particulares também são católicas porque seus membros estão em
íntima união entre si e com os Bispos que por sua vez estão unidos ao Sumo Pontífice.
É nelas que existe a Igreja católica una e única, são elas que formam a Igreja católica
universal, sendo plenamente católicas porque estão unidas à Igreja de Roma.
Por fim a Igreja é também apostólica porque foi fundada sob os Apóstolos e
continua ainda hoje sendo fundada sob os Apóstolos (cf. Ef 2,20; At 21,14), que são as
testemunhas que Cristo escolheu para a Missão. A Igreja transmite com fidelidade, sob
direção do Espírito Santo, os ensinamentos deixados pelos Apóstolos e continua sendo
guiada, ensinada pelos Apóstolos através dos Bispos, auxiliados pelos Presbíteros, em
união com o Papa que é o pastor supremo da Igreja.
Vimos então que a Igreja em sua identidade é una, santa, católica e apostólica
porque nela já está presente o Reino de Deus que será consumado no fim dos tempos.
8. Vocação à santidade na Igreja
A Igreja é em sua essência santa, por isso todos os fiéis, leigos ou hierarquia,
são chamados à santidade e esta santidade deve manifestar-se nos frutos da graça que o
Espírito Santo produz em cada um. “Exprime-se de muitas maneiras com seu estado de
vida, tendem à perfeição da caridade, edificando os outros, mas de modo particular,
evidencia-se na prática dos conselhos que ordinariamente se chamam evangélicos. Esta
prática dos conselhos [...] produz e deve produzir no mundo esplêndido testemunho e
exemplo de santidade” (LG 39).
Jesus Cristo pregou a todos a santidade de vida da qual Ele é o autor e
consumador: “Sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5,48). Envia o
Espírito Santo para lhes dar direcionamento interior, para que amem a Deus de todo
coração, com toda alma e com todas as forças ( Cf. Mc 12,30) e para que se amem uns
aos outros como Cristo os amou e ama (cf. Jo 13,34; 15,12). Os seguidores de Cristo
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foram, mediante o Batismo, feitos filhos de Deus e participantes de sua divindade,
portanto são todos verdadeiramente santos. Ajudados por Deus são chamados a guardar
e aperfeiçoar a santidade em suas vidas.
Como seres humanos estamos contaminados pelo pecado e por isto
necessitamos da contínua misericórdia de Deus e devemos rezar todos os dias para que
Deus perdoe as nossas ofensas (Cf. Mt, 6,12).
“É, pois, bem claro que todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, são
chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade: por esta santidade se
promove, também na sociedade terrena, um teor de vida mais humano” (LG 40).
9. Maria na História da Aliança
Fazendo o que Eva não fez, Maria realiza toda vontade de Deus e torna-se a
mulher da nova criação, da Nova Aliança. Maria, a mãe do Salvador, aparece
profeticamente na promessa da vitória sobre a serpente, feita aos nossos primeiros pais
já em situação de pecado (cfr. Gn 3,15). Ela é a virgem, que irá conceber e dar à luz um
filho e será chamado de Emanuel (Deus conosco), anunciada por Isaías (cf. Is 7,14).
Com ela cumprem-se os tempos instaurando a nova história da salvação com a
encarnação do Verbo na natureza humana.
Diante da anunciação do anjo, Maria, com o seu sim, dá continuidade ao plano
de Deus para a humanidade, pois Deus quis que seu Filho se encarnasse mediante a
aceitação da Mãe predestinada desde o princípio. Assim como o pecado entrou no
mundo através de uma mulher, também, através de uma mulher, veio a salvação para
todo o gênero humano. Portanto, Maria, a mãe de Jesus, dá ao mundo a Luz, a Vida,
para que todas as coisas fossem renovadas a partir dela. Por este motivo os Santos
Padres a consideram como toda santa e livre de qualquer mancha do pecado.
Consentido com a Palavra de Deus, Maria torna-se a mãe do Senhor Jesus e
consagra-se totalmente como a escrava do Senhor, “à pessoa e obra de seu Filho,
servindo ao mistério da redenção sob a sua dependência e com ele, pela graça de Deus
onipotente” (LG 56). Maria não foi um instrumento passivo nas mãos de Deus, mas é
cooperadora na obra da salvação.
Após a morte de Jesus Maria não abandona esta missão (Estando Jesus na
Cruz fez de Maria a mãe de todos os Apóstolos e consequentemente mãe de todos os
cristãos – por isto é chamada de “Rainha dos Apóstolos”) e continua, com seu amor de
Mãe, cuidando dos irmãos de seu Filho que ainda estão peregrinando sobre a terra entre
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os perigos e angústias, até que cheguem à pátria celeste. Por este motivo, Maria é
invocada na Igreja como Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira. Todos estes
títulos dados a Maria estão subordinados a Cristo, para que apoiados na proteção
maternal, os fiéis unam-se mais intimamente ao Mediador único e Salvador Jesus
Cristo.
Maria está intimamente unida à Igreja de Cristo “pelo dom e cargo da
maternidade divina, que a une com seu Filho Redentor, e ainda pelas suas graças e
prerrogativas singulares; a Mãe de Deus é a figura da Igreja [...]. De fato, no mistério da
Igreja, a qual também se chama com razão virgem e mãe, à bem-aventurada Virgem
Maria pertence o exemplo de virgem e de Mãe. Pois, pela sua fé e obediência, gerou na
terra o próprio Filho de Deus Pai: [...] pelo poder do Espírito Santo, com fé não alterada
por nenhuma dúvida, acreditando, qual nova Eva, não na antiga serpente, mas no
mensageiro divino” (LG 63).
“Na beatíssima Virgem, a Igreja já atingiu a perfeição, pela qual existem sem
mácula e sem ruga, os cristãos, porém, ainda se esforçam por crescer em santidade,
vencendo o pecado” (LG 65). Em Maria, enquanto Igreja, somos santos e concidadãos
do céu.
9. Ecumenismo
O grande motivo pelo qual devemos ser ecumênicos é para atendermos ao
grande pedido de Jesus Cristo para que “todos sejam um”, que é tema de uma Encíclica
do Papa João Paulo II: “Ut Unum Sint” (Para que todos sejam um). “O ecumenismo [...]
não é só uma espécie de apêndice, que se vem juntar à atividade tradicional da Igreja.
Pelo contrário, pertence organicamente à sua vida e sua ação, devendo permeá-la no seu
todo...” (UUS 20).
O termo ecumenismo é originário do grego oikou-mene, que quer dizer o
espaço habitado; casa de família. Atualmente utilizamos este termo para tratarmos da
unidade dos cristãos divididos em diversas denominações diferentes. Estas divisões do
cristianismo são frutos do pecado. É preciso incessantemente buscar a unidade dos
Filhos de Deus para que todos sejam um. O ecumenismo quer visar uma rápida
superação dos obstáculos.
O decreto Unitatis Redintegratio declara que embora as demais igrejas
separadas contenham erros, elas não estão despojadas de sentido e de significação no
mistério da salvação, quer dizer, elas também participam do mistério da salvação. “Pois
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o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como de meios de salvação cuja virtude
deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja” (UR 3). É necessário
que os fiéis católicos reconheçam os bens cristãos, oriundos do patrimônio comum, que
se encontram nestas igrejas.
Apesar de estarem imbuídas do sentido de salvação, elas não gozam da plena
unidade que Jesus quis instaurar, pois estão separadas da Igreja Católica. É somente por
meio da Igreja Católica (onde Cristo confiou todos os bens da Nova Aliança ao colégio
apostólico que tem Pedro como seu chefe, a fim de constituir na terra um único povo de
Cristo) que se pode atingir toda a plenitude dos meios da salvação.
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