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FILIAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO www.patriciafontanella.adv.br Direito Civil Contemporâneo

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FILIAÇÃO NO

DIREITO BRASILEIRO

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Direito Civil Contemporâneo

FILIAÇÃO NA PERSPECTIVA CIVIL-CONSTITUCIONAL

• Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); • solidariedade social e familiar (art. 3º, I); • pluralidade de entidades familiares (226 e par. 3º); • igualdade entre cônjuges (5º, I, 226, par. 5º); • igualdade entre filhos (227, par. 6º); • doutrina da proteção integral à criança e ao

adolescente e o princípio do melhor interesse (art. 227);

• afetividade (226 “caput”).

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PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CC

Segundo o prof. Miguel Reale: • Princípio da Socialidade (O Código busca superar o

caráter individualista do C.C. de 1916); • princípio da Eticidade (Procura superar o apego ao

formalismo jurídico, inserindo normas genéricas ou cláusulas gerais);

• princípio da Operabilidade (Pretende solucionar problemas de interpretação de Institutos do antigo Código).

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FILIAÇÃO

• Artigo 1596 e seguintes do CC. • Conceituação: “É a relação de parentesco,

em primeiro grau e em linha reta, ligando uma pessoa àquelas que a geraram ou a receberam como se a tivesse gerado.” (ROD

RIGUES, 2010). • Filiação sob três óticas: pai, mãe e do filho.

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BREVE HISTÓRICO

• Antes do CC de 1916, cfme as Ordenações Portuguesas: alcançava apenas os filhos “legítimos”.

• No CC de 1916: não se podia reconhecer filhos havidos for a do casamento, os chamados filhos ilegítimos.

• A Lei 883/49 permitiu o reconhecimento do filho for a do casamento pelo homem casado.

• A CF/88 terminou com toda e qualquer forma de discriminação, em seu parágrado 6o do art. 227.

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• A prova da filiação se dá através da certidão

de registro civil das pessoas naturais. • Todo nascimento deve ser registrado, a teor

dos arts. 50 a 56 da Lei 6.015/73, em especial art. 54.

• Existem outras formas de comprovação filiatória (art. 1605). Rol exemplificativo.

• Filiação (realidades) biológica, registral e socioafetiva.

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FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA

• A prova da filiação pode decorrer da reciprocidade de tratamento afetivo entre determinadas pessoas, comportando-se como pais e filhos e se apresentando como tal aos olhos de todos.

• Projeção da teoria da aparência (FARIAS, 2010).

• Filiação Socioafetiva: posse do estado de filho: “nomen”, “tractus” e “fama”.

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• “A posse do estado de filho constitui-se por um conjunto de circustâncias capazes de exteriorizar a condição de filho do casal que o cria e educa.” (GOMES, 2008).

• O papel fundamental da posse do estado de filho é conferir juridicidade a uma realidade social, pessoal e afetiva induvidosa.

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• “O estado de filiação é a qualificação jurídica da relação de parentesco entre pai e filho, que estabelece um complexo de direitos e deveres reciprocamente considerados. Constitui-se em decorrência da lei (arts. 1593,1596 e 1597) ou em razão da posse do estado de filho.” (TJRS, Ap. Cível n. 70021308515, Rel. Des. Claudir Fidelis Facccenda, j. em 13.12.2007).

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• Não é necessário ter-se o nome, o trato e a fama. Apenas com os dois últimos é possível o acolhimento da tese da posse do estado de filho.

• Precisam estar presentes por um mínimo, um prazo razoável. Dependerá de cada caso, consideradas as circunstâncias específicas.

• Vide enunciado 108 da JDC. www.patriciafontanella.adv.br

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STJ

• Resp. 709.608/MS do STJ: “(…) destarte, não dá ensejo à revogação do ato de registro da filiação, por força dos arts. 1609, 1610 do CC de 2002, o termo de nascimento fundado numa paternidade socioafetiva, sob posse do estado de filho, com proteção em recentes reformas do Direito contemporâneo, por denotar verdadeira filiação registral, portanto, jurídica, porquanto respaldada na livre e consciente intenção de reconhecimento voluntário. Precendente citado: Resp. 878.941/DF.” Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. em 2009.

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TJSC

• PATERNIDADE E MATERNIDADE SOCIOAFETIVA. AUTORA QUE, COM O ÓBITO DA MÃE BIOLÓGICA, CONTANDO COM APENAS QUATRO ANOS DE IDADE, FICOU SOB A GUARDA DE CASAL QUE POR MAIS DE DUAS DÉCADAS DISPENSOU A ELA O MESMO TRATAMENTO CONCEDIDO AOS FILHOS GENÉTICOS, SEM QUAISQUER DISTINÇÕES. PROVA ELOQUENTE DEMONSTRANDO QUE A DEMANDANTE ERA TRATADA COMO FILHA, TANTO QUE O NOME DOS PAIS AFETIVOS, CONTRA OS QUAIS É DIRECIONADA A AÇÃO, ENCONTRAM-SE TIMBRADOS NOS CONVITES DE DEBUTANTE, FORMATURA E CASAMENTO DA ACIONANTE. A GUARDA JUDICIAL REGULARMENTE OUTORGADA NÃO É ÓBICE QUE IMPEÇA A DECLARAÇÃO DA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA, SOBRETUDO QUANDO, MUITO ALÉM DAS OBRIGAÇÕES DERIVADAS DA GUARDA, A RELAÇÃO HAVIDA ENTRE OS LITIGANTES EVIDENCIA INEGÁVEL POSSE DE ESTADO DE FILHO. AÇÃO QUE ADEQUADAMENTE CONTOU COM A CITAÇÃO DO PAI BIOLÓGICO, JUSTO QUE A SUA CONDIÇÃO DE GENITOR GENÉTICO NÃO PODERIA SER AFRONTADA SEM A PARTICIPAÇÃO NA DEMANDA QUE REFLEXAMENTE IMPORTARÁ NA PERDA DAQUELA CONDIÇÃO OU NO ACRÉSCIMO DA PATERNIDADESOCIOAFETIVA NO ASSENTO DE NASCIMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

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• O estabelecimento da igualdade entre os filhos adotivos e os biológicos, calcada justamente na afeição que orienta as noções mais comezinhas de dignidade humana, soterrou definitivamente a ideia da filiação genética como modelo único que ainda insistia em repulsar a paternidade ou maternidade originadas unicamente do sentimento de amor sincero nutrido por alguém que chama outrem de filho e ao mesmo tempo aceita ser chamado de pai ou de mãe. Uma relação afetiva íntima e duradoura, remarcada pela ostensiva demonstração pública da relação paterno-materna-filial, merece a respectiva proteção legal, resguardando direitos que não podem ser afrontados por conta da cupidez oriunda de disputa hereditária (TJSC, Ap. Cível n. 2011.034517-3 (Acórdão), Rel. Jorge Luis da Costa Beber, j. em 18.10.2012).

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FILHOS NASCIDOS NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO

• Presunção de paternidade: “pater is est (…)” no artigo 1597.

• Reprodução assistida (gênero).

• Reprodução assistida homóloga e heteróloga.

• Disposições dos incisos III, IV E V.

• Ver Jornadas de Direito Civil. www.patriciafontanella.adv.br

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AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE

• Artigo 1601 do CC: ação personalíssima do marido e imprescritível.

• Visa a afastar a presunção de paternidade oriunda do casamento.

• Filiação socioafetiva? Se existir, atualmente os TJ’s tem mantido o registro.

• Casuística.

FILHOS HAVIDOS FORA DO CASAMENTO

• Necessário o reconhecimento, numa das formas do artigo 1609 do CC.

• É irrevogável (art. 1610), ainda que realizado em testamento.

• Revogação difere de anulação.

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ANULAÇÃO DE REGISTRO

• Aquele homem que reconheceu o filho como sendo seu, tendo em vista que a situação o levava a crer que assim o era, pode intentar ação de anulação de registro por vício de consentimento: Erro.

• Filiação socioafetiva? • Casuística.

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• APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. JUSTIÇA GRATUITA DEFERIDA. DESCONSTITUIÇÃO DA FILIAÇÃO PELA NULIDADE DO ASSENTO DE NASCIMENTO. RECONHECIMENTO ESPONTÂNEO E CONSCIENTE DA PATERNIDADE. VÍCIO DE CONSENTIMENTO INEXISTENTE. REALIZAÇÃO DE TESTE DE PATERNIDADE POR ANÁLISE DE DNA. EXCLUSÃO DA PATERNIDADE BIOLÓGICA.IRRELEVÂNCIA. EXISTÊNCIA DE SÓLIDO VÍNCULO AFETIVO POR MAIS DE 23 ANOS. FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA DEMONSTRADA. DESCONSTITUIÇÃO DA PATERNIDADE VEDADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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• É irrevogável e irretratável a paternidade espontaneamente reconhecida por aquele que tinha plena consciência de que poderia não ser o pai biológico da criança, mormente quando não comprova, estreme de dúvidas, vício de consentimento capaz de macular a vontade no momento da lavratura do assento de nascimento. A filiação socioafetiva, fundada na posse do estado de filho e consolidada no afeto e na convivência familiar, prevalece sobre a verdade biológica.” (Ap. Cív. n. 2011.005050-4, de Lages, rel. Des. Fernando Carioni, j. 10-5-2011)

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• NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. NULIDADE DE REGISTRO CIVIL. RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO DA PATERNIDADE AFIRMADO PELO PRÓPRIO APELANTE. DECLARAÇÃO DE VONTADE IRREVOGÁVEL (ART. 1.609 DO CCB/02). AUSÊNCIA DE VÍCIOS DE CONSENTIMENTO. PREVALÊNCIA DA REALIDADE SOCIOAFETIVA SOBRE A BIOLÓGICA. EXTINÇÃO DA AÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO (Ap. Cív. n. 2009.043459-0, de Chapecó, rel. Des. Edson Ubaldo, j. 10-6-2010).

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POST MORTEM?

• PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. APELO DO ESPÓLIO RÉU. AVENTADA NULIDADE PROCESSUAL DERIVADA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. EXEGESE DO ART. 249, § 2º, DO CPC. NULIDADE NÃO PRONUNCIADA. MÉRITO. PROVA DO VÍNCULO BIOLÓGICO FEITA EM LAUDO PERICIAL DE DNA. EXISTÊNCIA DE PRECEDENTE RELAÇÃO SOCIOAFETIVA, ENTRE O AUTOR E O PAI REGISTRAL FALECIDO, AO LONGO DE 23 ANOS. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA SOBRE A BIOLÓGICA PARA FINS PATRIMONIAIS E REGISTRAIS. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

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• RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE PARA MANTER A SENTENÇA, SOMENTE NO TOCANTE AO RECONHECIMENTO DO LIAME GENÉTICO, SEM REFLEXOS PATRIMONIAIS NEM REGISTRAIS. (TJSC, Apelação Cível n. 2012.058161-7, de Rio do Sul. Relator: Des. Luiz Carlos Freyesleben, j. em 15.10.2012).

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• Maiores apenas podem ser reconhecidos se o desejarem (art. 1614).

• Impugnação da paternidade pelo reconhecido (art. 1614).

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FORMAS DE RECONHECIMENTO

• Reconhecimento Voluntário: artigo 1609.

• Reconhecimento Judicial/ Forçado: artigo 1606 c/c Lei de Investigação de Paternidade.

• Investigação Oficiosa de Paternidade: previsão da Lei 8560/92.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

• DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5 ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: RT, 2010.

• FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 3 ed., Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011.

• MADALENO, Rolf. Manual de Direito de Família. São Paulo:Metodo, 2011.

• GOMES, Orlando.Direito de família. Rio de Janeiro: Forense, 2001.